A meio da ponte - agencia.ecclesia.pt · da imprensa de inspiração cristã noutros tempos, ......

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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Incêndios Nota Pastoral do Bispo daGuarda22 - Semana de... Sónia Neves24 - Dossier 50 anos da assistência religiosa organizada no meio militar26 - Entrevista Padre José Sanches Pires

54 - Multimédia56 - Estante58 - Agenda60 - Por estes dias62 - Programação Religiosa63 - Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Fundação AIS68 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Mosteiro demonjas trapistasem Bragança[ver+]

Papa assinalou 50anos da Católica[ver+]

Assistênciareligiosaorganizada emmeio militar[ver+] Paulo Rocha | D. Manuel FelícioCarlos Borges | Manuel BarbosaTony Neves | Paulo Aido

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A meio da ponte

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Parar é a pior opção para quem está a meio deuma ponte. Percebe-se a turbulência, acentuam-se os ventos, percebe-se o abismo. E sobretudocresce a incerteza, o pânico mesmo.Esta imagem serve de horizonte ao debate sobrea imprensa, nomeadamente a de inspiraçãocristã, proposta pelo X Congresso da AIC,Associação de Imprensa de Inspiração Cristã,quando está a celebrar 25 anos de história.Há décadas ou mesmo há um século, o contextopolítico e social declaradamente adverso fezsurgir muitos títulos, deu criatividade edinamismo aos seus promotores e colaboradorese criou um setor relevante na comunicação,nomeadamente na imprensa: os jornais locais.Neles também se inscrevem muitos projetoseditoriais ligados a instituições da Igreja Católica,agora a celebrar 100 anos de história. Sãojornais centenários que confirmam a importânciada imprensa de inspiração cristã noutros tempos,tanta que provoca nostalgia naqueles que vêmprojetos editoriais a perder relevância diante daemergência de um novo modo de comunicar:estão a meio da ponte.O novo ambiente mediático não vem, no entanto,ditar o fim de boas ideias do passado, antesdesafia à reconfiguração de muitas delas, emsintonia com o contexto comunicacional destetempo. Como em tudo na vida, também nestesetor não é possível ficar parado, à espera dopânico provocado pelo precipício. Há que andar,de uma margem para a outra, com ousadia erealismo.

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Em todo este processo, aacentuação foi colocada comfrequência nas dinâmicasempresariais em mudança, que afastam as receitas seguras deoutros tempos e geram novosgastos. Certos de que essatransformação está a acontecer, écada vez mais urgente colocar ofoco na reconfiguração editorial, arespeito da produção

e distribuição de conteúdos, queafaste desencontros com lugares ehábitos dos públicos de hoje, maisfornecedores do que consumidoresde comunicação. E num estilo novo.O X Congresso da AIC, que assinalaos 25 anos da Associação, podemarcar um ponto de viragem. Hajavontade para não permanecer nomeio da ponte…

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Conselho de ministros extraordinário para aprovação de medidas

para o combate aos incêndios Foto: João Porfírio, Observador

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“Cada um de nós vive as emoções de modopróprio e quem é primeiro-ministro deve procurardiferenciar as emoções que sente enquantopessoa da forma como as exterioriza no exercíciodas suas funções. Admito ter errado na formacomo contive essas emoções, gostava muito maisse alguém tivesse dito que eu tinha abusado dasminhas emoções”, António Costa no final doConselho de Ministros extraordináriorespondendo às críticas à forma como reagiuperante as notícias dos incêndios, 21.10.2017,Renascença “Neste caso em que há uso incorreto ouincompleto [da Bíblia], pois no episódio doencontro de Jesus com a mulher adúltera, elepede àqueles que não têm pecados para atirarema primeira pedra. Eles acabam por se afastar,simplesmente”, Padre Manuel Barbosa, secretárioda Conferência Episcopal portuguesa, reagindoao acórdão do juiz Joaquim Neto de Moura ondese socorre da Bíblia para dizer que uma mulheradúltera deve ser punida com a morte,24.10.2017, Agência Ecclesia “A oposição venezuelana é um exemplo paratodos nós. São pessoas corajosas, que assumemo risco de poder ser agredidos ou detidos e nãodesistem da sua luta pela liberdade e tambémpela dignidade”, espanhol José IgnacioSalafranca reagindo à atribuição do prémioSakharov, atribuído pelo Parlamento europeu, àOposição venezuelana, 26.10.2017, Público

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Diocese de Bragança-Miranda vaiacolher mosteiro de monjas trapistas

A Diocese de Bragança-Mirandaoficializou a chegada à região deuma comunidade de monjastrapistas, da Ordem Cisterciense daEstrita Observância, ligada aoMosteiro de Vitorchiano, em Itália,“um momento e um marco únicos”para a comunidade local e para aIgreja Católica no país

A ordem religiosa define-se por um“estilo de vida contemplativo”, declausura, pela “oração” e pela “paz”,que assim “testemunha à sociedadee a toda a Igreja, os valoresautênticos da vida”, daquilo “que atorna melhor e mais bela, na relaçãocom Deus, com o outro, na partilhahumana, como por exemplo notrabalho”.

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A apresentação do projeto esteve acargo do bispo de Bragança-Miranda que, em conferência deimprensa, adiantou os pormenoresacerca do acolhimento às irmãstrapistas.D. José Cordeiro disse aosjornalistas que a proposta "nasceuhá mais de um ano", estudandodiversas propostas para continuar a"tradição beneditina" no territóriotransmontano."Para nós, este momento reveste-sede grande importância, o voltarmosa ter um mosteiro beneditino, 472anos do encerramento do mosteirode Castro de Avelãs", assinala.O bispo de Bragança-Mirandadestaca a importância cultural destainiciativa, esperando que apresença das monjas contribua paradar "centralidade ao Interior", atécom "uma nova rota de turismo",com o previsível aumento devisitantes, atraídos pela"espiritualidade trapista".O responsável fala num "pequenomilagre", explicando que foi possívelencontrar 25 famílias queprestassem apoio a este projeto,que se liga também ao Centenáriodas Aparições de Fátima, até pelonome escolhido.O mosteiro desta comunidadecontemplativa vai ser construído

na localidade de Palaçoulo, emMiranda do Douro, e terá comonome “Mosteiro Trapista de SantaMaria, Mãe da Igreja”.A fundação desta estrutura, queterá capacidade para acolher cercade 40 pessoas, ficou aprovada nodia 21 de setembro deste ano, nasequência de um capítulo geral daOrdem Cisterciense da EstritaObservância, que decorreu nalocalidade italiana de Assis.A Madre Abadessa do Mosteiro deVitorchiano (Itália), irmã RosariaSpreafico que também estevepresente na apresentação, disseaos jornalistas que na base dadecisão estiveram "sinais de Deus"e que a diocese transmontana foiescolhida entre "várias opções", apartir do convite de D. JoséCordeiro.O início da construção do mosteiroestá previsto para 2018, emterrenos doados pela Paróquia deSão Miguel de Palaçoulo, emcolaboração com a comunidade e ajunta de freguesia local.

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Incêndios: Comissão NacionalJustiça e Paz defende «açãoconcertada» e imediata

A Comissão Nacional Justiça e Paz(CNJP) defendeu que chegou aaltura de uma “ação concertada”sobre os incêndios, que abranja nãosó o Estado mas todas as estruturassociais, e permita definitivamenteacabar com esta “calamidade”.Numa nota intitulada “Recomeçar apartir das Cinzas”, enviada àAgência ECCLESIA, aqueleorganismo da Igreja Católicasalienta que a tragédia maisrecente, ocorrida no centro do país,é sinónimo que o trabalho produzidodepois de Pedrogão Grande nãoteve o seu efeito.“É óbvio que o Estado falhou, masserá que o Estado não abrangetambém todos nós, mulheres ehomens de boa vontade, bem como

a sociedade civil e suasorganizações numa clara dimensãocoletiva?”, questiona a CNJP, queapela a um “pacto nacional” contraos fogos e deixa várias propostaspara reverter o cenário atual.Um contexto feito por inúmerosfocos de incêndio que, entre junho eoutubro, já causaram mais de 100mortos e um prejuízo material eambiental ainda por contabilizar.Para a Comissão, é em primeirolugar “urgente repensar todas asestruturas de suporte a calamidadescomo esta ou outras, implicando oEstado e os responsáveis políticos anível central, regional e local, numaestratégia de concertação”.

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Secretário da Conferência Episcopallamenta recurso à Bíblia parafundamento de decisão sobreviolência doméstica

O secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP)lamentou hoje o recurso à Bíblia nafundamentação de um acórdão doTribunal da Relação do Porto, sobreviolência doméstica, divulgado estedomingo pelo JN.“Neste caso em que há usoincorreto ou incompleto [da Bíblia],pois no episódio do encontro deJesus com a mulher adúltera, elepede àqueles que não têm pecadospara atirarem a primeira pedra. Elesacabam por se afastar,simplesmente”, realça o padreManuel Barbosa, em declarações àAgência ECCLESIA.Em causa, acrescenta o secretárioda CEP, está a necessidade de -sem que isso represente "aceitar oadultério" - “respeitar a dignidadeda mulher e

de se colocar numa perspetiva deperdão e misericórdia”, como temacentuado o Papa Francisco.“Não se pode atenuar ou justificarqualquer tipo de violência, no caso aviolência doméstica, mesmo emcaso de adultério”, declara.O acórdão do Tribunal da Relaçãodo Porto justificou a manutenção dapena suspensa para um homem queagrediu a sua mulher, considerandoque a conduta desta, ao manteruma relação extraconjugal,representaria uma atenuante vistacom “alguma compreensão” pelasociedade.“Na Bíblia, podemos ler que amulher adúltera deve ser punidacom a morte”, refere aargumentação do acórdão.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Primeiros capelães militares foram homenageados em Lisboa

Lisboa: Jornal diocesano assinala ano da Palavra com o «desafio da Bíblia»

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Papa assinalou 50 anos daUniversidade Católica Portuguesa

O Papa recebeu esta quinta-feirauma delegação da UniversidadeCatólica Portuguesa, por ocasião do50.º aniversário desta instituição, edestacou o seu papel na “formaçãosuperior dos guias e líderes que asociedade precisa”.Na sua intervenção, publicada pelasala de imprensa da Santa Sé,Francisco enalteceu os “50 anos deserviço” da UCP ao “serviço docrescimento da pessoa e da

comunidade humana”, distribuídospor inúmeras áreas do saberincluindo a Teologia, na preparaçãode sacerdotes, religiosos e leigos.“Por desígnio e graça de Deus, soiscatólica, uma qualificação que emnada mortifica a universidade, antesvaloriza-a ao máximo”, apontou oPapa argentino, para quem “umainstituição académica católicadistingue-se pela inspiração cristãdos indivíduos e das própriascomunidades”.

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Um espaço onde professores ealunos são encorajados a “incluir adimensão moral, espiritual ereligiosa na sua investigação e aavaliar as conquistas da ciência eda técnica na perspetiva datotalidade da pessoa humana”.Neste prisma, Francisco deixou umainterrogação e ao mesmo tempo umdesafio: Como ajudar os alunos aencararem a sua formação superiornão como um “sinónimo de maiorposição”, de “mais dinheiro ouprestígio social”, mas sim como um“sinal de maior responsabilidade”social, em áreas como “a pobreza eo meio ambiente?”.“Não basta realizar análises,descrições da realidade; énecessário

gerar espaços de verdadeirapesquisa, debates que geremalternativas para as problemáticasde hoje”, frisou.A comitiva portuguesa que seguiupara Roma integrou o cardeal-patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente, magno chanceler da UCP,e a reitora da instituição católica,Isabel Capeloa Gil.No final da sua intervenção, o PapaFrancisco enalteceu o “sinal deesperança” que a UCP constituipara Portugal, enquanto “instituiçãocultural que, tendo como objetivo oaperfeiçoamento cristão do homem,é chamada precisamente a servir acausa do homem”, em todas as suasvertentes, de acordo com os valoresde Cristo.

Na bagagem da comitiva portuguesa que viajou para Roma seguiu umprojeto para ser apresentado a Francisco, a criação do fundo ‘PapaFrancisco’.De acordo com a reitora da UCP, esta iniciativa surgiu na sequência de umdesafio feito em Fátima por Francisco, aquando das celebrações de 12 e 13de maio, e relacionado com o “compromisso da universidade para com ocuidado da casa comum” que é a Terra e toda a sociedade.A partir de verbas “da universidade e dos seus benfeitores” vai ser possível“apoiar financeiramente estudantes carenciados ou em situações defragilidade social, refugiados e migrantes, a frequentar os cursos daUniversidade Católica Portuguesa”, salientou.Este “presente” foi entregue ao Papa acompanhado por uma cruz peitoral daautoria da portuguesa Carolina Curado, uma jovem “bióloga de formação edesigner por vocação”.

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«Futuro da Europa» debatido noVaticanoA Comissão dos Episcopados daComunidade Europeia (COMECE)promove a partir desta sexta-feira,em Roma, o congresso “Repensar aEuropa: contribuição cristã para ofuturo da União Europeia”.A iniciativa decorre no Vaticano, naSala Nova do Sínodo, com aparticipação do Papa Francisco,integrada no 60.º aniversário daassinatura dos tratados queestiveram na origem da atual UE.Em representação de Portugalparticipam no evento o arcebispo deBraga e delegado da ConferênciaEpiscopal Portuguesa na COMECE,D. Jorge Ortiga; também Pedro VazPatto, presidente da ComissãoNacional Justiça e Paz; o antigoministro António Bagão Félix; e oeurodeputado José ManuelFernandes. Destaque ainda para a presença nacomitiva de outros representantesnacionais, como a antiga deputadaMaria Rosário Carneiro; o deputadoJoão Poças Santos; e o padreManuel Augusto Ferreira, superiorgeral dos MissionáriosCombonianos do Coração de Jesus.Também Sofia Salgado Pinto,diretora da Faculdade de Economiae Gestão

da UCP Porto; José Veiga deMacedo, vice-presidente daFederação Europeia dasAssociações de Famílias Católicas;e o padre Duarte da Cunha,secretário-geral do Conselho dasConferências Episcopais da Europa(CCEE).Em entrevista à Rádio Vaticano, opresidente da COMECE, cardealReinhard Marx, salienta aimportância da Igreja Católica darum sinal de “coragem” e de“confiança” ao projeto europeu,numa altura em que este enfrentagrandes desafios.“A Europa deve continuar em suaevolução, inclusive e propriamentepor causa das crises do passado.Não podemos voltar para trás. Éclaro que é preciso muita coragem,a Europa já não é mais aquele lugarsolarengo de há anos atrás. Hámenos otimismo, menos vontade deuma vida em comum; pelo contrário,os sinais indicam uma tendênciapara a divisão”, salienta aqueleresponsável.O arcebispo alemão refere-seimplicitamente a situações como obrexit, a vontade do Reino Unido emsair da UE, ou a crise de refugiadosque fez repensar a questão dasfronteiras no Velho Continente, e oslaços entre os países.

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As perguntas de Francisco aosastronautas da Estação EspacialInternacionalO Papa Francisco falou na quinta-feira acerca do “lugar do Homem nouniverso” com um grupo de seisastronautas da Estação EspecialInternacional.Na emissão que foi transmitida emdireto pelo Centro Televisivo doVaticano, o Papa argentino mostrou-se curioso em perceber como é quequem está lá em cima, no espaço,encara questões que têm sidofundamentais para a humanidade:“De onde vimos, para onde vamos?”.A resposta foi assumida peloastronauta italiano Paolo Nespoli,que destacou a possibilidade quequem trabalha na Estação EspacialInternacional tem para contribuirpara esse “conhecimento”, apesardas muitas dúvidas que aindaexistem.“Quando penso nestas questões,fico perplexo. Quanto maisconhecemos, mais nos damos contade que sabemos pouco”, disseaquele responsável, que devolveudepois o desafio ao Papa.“Gostava muito que pessoas comovocê, não só engenheiros ou físicosmas teólogos, filósofos, poetas eescritores possam vir ao espaço – eeste será certamente o futuro – epartilharem o que é que vos diz vero Homem no espaço”, salientou.

Durante o diálogo, Francisco quis saber o que motivou aqueleshomens a seguirem a carreira deastronautas.Do outro lado da linha, aqueleshomens agradeceram aoportunidade concedida pelo Papapara “deixar um pouco a rotina dodia-a-dia e pensar nas coisasmaiores da vida”.O norte-americano Randi Bresnikexplicou a sua vocação com o gostopelo contacto com a transcendênciae com a “indescritível beleza donosso planeta”.“Quando vemos a paz e aserenidade do nosso planeta,enquanto roda a 10 quilómetros porsegundo, não há fronteiras, não háconflito, tudo é paz”, frisou o mesmoastronauta, que considera que amissão daquele grupo no espaço,constituído por homens das maisvariadas nacionalidades, “deveriaservir como exemplo para ahumanidade”.“Para que, à medida que vamosexplorando mais o espaço, o futuroda humanidade possa ser melhor doque é atualmente”, acrescentou.Outro dos elementos da equipa, JoeAcaba, de ascendência porto-riquenha, pegou nesta deixa pararealçar o trabalho conjunto que éfeito na Estação e que simboliza oque poderia ser feito na Terra, setodas as nações colaborassementre si.

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Papa na audiência pública no meio de um mar de gente e de cor

Papa ligou para o espaço

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Incêndios- Nota Pastoral do Bispo da Guarda a toda a Diocese

D. Manuel FelícioBispo da Guarda

Às comunidades cristãs da diocese da GuardaEstimados irmãos e irmãs em Nosso SenhorJesus Cristo:A vaga de incêndios do último domingo deixoumuito sofrimento espalhado pelas nossas terras.Perderam a vida quatro pessoas residentesdentro da nossa Diocese e pelo menos mais umatambém morreu, quando fugia do fogo, a partirde uma das nossas paróquias. Rezamos peloeterno descanso destas cinco pessoas, duas dasquais (marido e esposa que deixaram filhosmenores) já acompanhei ao cemitério, depois depresidir à missa de corpo presente.Mas os dramas não se ficam por aqui.Contactei pessoas que perderam a casa epraticamente tudo o que tinham lá dentro. Outraque perdeu o ganha pão – o tractor com quetrabalhava. Sei de outras que perderam osanimais que eram o seu sustento; outras aindaficaram com alguns animais, mas agora, comtudo ardido, não têm que lhes dar a comer.É de facto muito o sofrimento gerado pelo dramados incêndios.Queremos agora ajudar as pessoas,respondendo para já às suas necessidadesimediatas, com o é o caso de falta de roupa paravestir, de alimentos indispensáveis, de fogão egás para os cozinhar ou alguma ração para osanimais.Peço, por isso, à nossa Caritas Diocesana para,em

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colaboração com os párocos,identificar este tipo de necessidadesimediatas e lhes responderno imediato. Para isso e para já,dispõe de um fundo de maneio, novalor de cinco mil euros.Esta importância obviamente nãochega para responder àsnecessidades e, por isso, peço agenerosidade das pessoas em geralpara, com os seus donativos,poderem engrossar este fundo emordem a podermos

responder a todas as necessidadesmais urgentes.Os donativos devem ser dirigidos aCaritas Diocesana da Guarda,quinta de Nossa senhora do Mileu,6300-586 Guarda.Em nome de quantos sofrem asconsequências do drama dosincêndios, agradeço a generosidadedos donativos. Guarda, 19.10.2017

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Seattle, we have a problem!!

Carlos Borges Agência ECCLESIA

Será antes América, we have a problem!! Bem,posso estar a exagerar um bocado, mas só umbocadinho, com o início desta “semana de…”. Enão, não estou a falar do presidente deles e dosseus (possíveis nossos) problemas.Voltado ao início: Seattle, we have a problem!!Devo estar mesmo a ser exagerado e o maiscerto é o “problema” ser numa escola específica,ou várias, da cidade norte-americana.Neste caso são dois problemas: one big problemand one small problem…Concordo com o grande problema. Não se podeempurrar os outros meninos, nunca, nem na pré-primária, mesmo que em legítima defesa… e é sóisso que ela faz. Tem mãos e braços velozespara abraçar mas também para defender-se. Elaé assim com os seus cinco aninhos. Tem osolhos bem abertos, um sorriso rasgado e umcoração grande. Ups, entusiasmei-me e salteipara o small problem…Aquela texuguinha pequenina que está acomeçar a aprender o inglês da américa já temdois problemas na escolinha. Ai a vida!! E sóagora regressou ao contacto em massa comoutros seres como ela depois de um ano emcasa, após ter emigrado para a terra dasoportunidades. Oportunidade mas com poucocontacto humano para não ter problemas.Portanto, o small problem é não poder darbeijinhos nem abracinhos, ou seja, relacionar-separa além da simples saudação. Basicamente,ser ela com os seus afetos e sorriso alegre. Com

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avanços extraordinários eminteligência artificial há quem queriacriar seres sem inteligênciaemocional.Seattle, we have two problems!!Neste caso, aquela pequenina éque tem. Confesso que ainda nãosei o motivo de tais regras, talvezseja para preservar aindividualidade de cada um e nãoultrapassar fronteiras socias, desaúde/higiénicas, religiosas ououtras.Sou assim, um tio emprestado (sou

filho único) babado porque tenhoex-sobrinhos maravilhosos.Em Portugal vai começar a SemanaNacional de Educação Cristã: “Aalegria do encontro - É, antes demais, a alegria de nos sentirmosamados, de modo pleno eincondicional”, lê-se na NotaPastoral ‘A Alegria do Encontro comJesus Cristo’, da ComissãoEpiscopal da Educação Cristã eDoutrina da Fé.

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A Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança assinalou50 anos de assistência religiosa organizada no meio militar emPortugal. O Semanário ECCLESIA recorda, nesta edição, os primeiroscapelães militares, que concluíram o curso em 1967, em entrevistae com o registo de vários testemunhos.D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e das Forças deSegurança,fala deste aniversário, em que fomos ao encontro da atividade sociale do trabalho de evangelização dos jovens militares.

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19 funerais em Angolae muitas lições da vida militar O padre José Sanches Pires foi capelão militar no Quitexe, Angola, integradono Batalhão de Cavalaria 1917 - de 1967 a 1969, como alferes miliciano.José Sanches Pires nasceu a 5 de abril de 1937, em Fóios (Sabugal,Guarda). Frequentou o Seminário Menor Redentorista de Cristo-Rei, em VilaNova de Gaia, durante 6 anos, e, em 1955 partiu, para a Espanha, onde fezo noviciado e o seminário maior. Foi ordenado sacerdote em Valladolid, nodia 9 de setembro de 1962.Aos 80 anos, é hoje presidente do Centro Social dos Padres Redentoristasem Castelo Branco.

Entrevista conduzida por Henrique Matos

Agência ECCLESIA (AE) - Em 1967,vivia na Academia Militar umaexperiência inédita paraeclesiásticos, assentando praça…Padre José Sanches Pires (JSP) -Em 67, já estava eu em CasteloBranco, quando fui mobilizado, ounomeado, para vir para capelãomilitar. Recebi a notícia com muitasurpresa: primeiro, eu tinha a ideiade que para ser militar havia umaaltura mínima, e eu era pequeno.‘Eu capelão? Mas eu não tenho aaltura de que um soldado precisapara ser apurado?’.Em segundo lugar, sabia que seriapara ir para o Ultramar e eu não

concordava com guerra. Portanto,foi com muita admiração que recebia notícia, os superiores indicaram-me e como tenho voto deobediência, aceitei. Foi com muitasurpresa, mas aceitei. AE - O que é que recorda dessesdias?JSP - Fiz aqui [Academia Militar,Lisboa], durante três ou cincosemanas, não me lembro,uma mini-recruta, e daquifui mobilizado para Angola,no Batalhão de Cavalaria 1917.Saímos da Ajuda, fomos parao Quitexe, pertinho deCarmona, hoje chamada Uíge.

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AE - Tinham de correr, saltar,rastejar…JSP - Aqui, na Academia Militar,correr, saltar, tudo. Eu erapequenino e aqui mandavam-nosformar filas, por estaturas, pelo queeu e outro, o candidato Pires,éramos sempre os primeiros. Ogrupo tinha 54, por fim eliminaram 4.Um dia, íamos ali na parada adesfilar - esquerda, direita -,comandados pelo CapitãoQueimado, e ele dá uma voz decomando para virar à esquerda e eunão ouvi, segui em frente, para aí 8ou 10 metros, até que ele grita: “Àesquerda, senhor Pires, porra!”. Eficou essa a minha alcunha. Aindahoje, quando nós encontrámos aquios três que éramos condiscípulos, éesse o cumprimento (risos). AE - Como é que era ser capelãomilitar?JSP - Era uma zona de guerra, azona do café, de mata, que erafavorável ao terrorismo. Eu fiz 19funerais, era uma zona dura, mesmoa valer. Para mim, foi umaexperiência excecional, porque eutinha ideias completamentediferentes do que fui encontrar,longe do que a gente estudava namoral.

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Já se passaram 50 anos e todos osanos continuamos a ter um convíviocom os do Batalhão. Foi a melhorescola que tive - português,geografia, teologia, moral, etc. foi oseminário, mas para aprender osvalores humanos, de convivência,de compreender as pessoas, foi aescola militar. Não tenho qualquerdúvida.A vida militar custou, eu não queria,mas valeu a pena, foi umaexperiência inesquecível,enriquecedora.

AE - Qual era o papel do capelãonum contexto de guerra?JSP - Quanto ao papel do capelãona vida militar, sobretudo naqueleambiente de guerra e isolamento,costumo dizer que há três papéisimprescindíveis: o comandante, paranos organizar, não é? Estávamosnum batalhão, ainda tínhamos duascompanhias adidas, o comandantetinha de estar.Depois, o médico. Ali havia

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muitas doenças, ele não podiafaltar. E o capelão.Independentemente da práticareligiosa - nunca obriguei ninguém air à Missa ou ao terço -, mas iamtodos. Eu fazia o papel de mãe, depai, de confidente, até de banco.Quando eles não tinham dinheiro, lávinham ter comigo a ver seemprestava 20 escudos ou assim.Quem quisesse ser verdadeiro

capelão, como atualmente acontececom o ser padre, era imprescindível.Eu era tudo e posso dizer que emcada um deles, do comandante aobásico, como nós dizíamos, eu tinhaum amigo e eles tinham um amigo. Éuma recordação que nãoesquecerei.

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Capelania Militar é lugar de«primeiro anuncio» mesmo comfalta de sacerdotes

O bispo das Forças Armadas e dasForças de Segurança explica que“cada vez mais” a Capelania Militaré local de primeiro anúncio e mesmocom poucos sacerdotes para arealidade nacional as pessoas“interrogam-se” pelo capelão que“não pega em armas”.“Isso gera muitas vezes curiosidadepela missão do padre e quando àcuriosidade há atração e ai lança asemente da Palavra de Deus queacaba por ser, muitas vezes, bomfruto porque muitos pedem os

sacramentos de iniciação cristã”,disse D. Manuel Linda.Em declarações à AgênciaECCLESIA afirmou que estava“longe de imaginar” que na sua vidaepiscopal iria “administrar “tantossacramentos de iniciação cristãcomo está a acontecer.“Quando as pessoas ouvem falarnum capelão ou naquela pessoaestranha que não pega em armas,que não faz o ritmo de vida habitualdentro de uma instituição militar oupolicial interrogam-se”, assinala.O bispo do Ordinariato Castrenserefere que os capelães não são

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suficientes mas “não pode pedirmuitos mais” olhando para a“realidade” da Igreja em Portugal.Neste contexto, exemplifica que ocapelão da Brigada de Coimbra é o mesmo do Regimento de Infantariade Viseu e essa “deslocação não éfácil”, ou o capelão da Ota queserve também Alverca e a Baseaérea de Monte Real.Por isso, existe falta na capacidadede tempo e até a “despesa querepresenta para as Forças Armadasé grande”. Contudo, existempedidos para mais capelães como aMarinha onde “pedemcontinuamente para acompanhar aPolícia Marítima” e na Policia deSegurança Pública o bispo quer“dotar de corpo de capelõesmínimo” em três regiões - norte,centro e Lisboa e sul - porque “háapenas um” para todo o país.As declarações foram feitas àmargem da homenagem aosprimeiros capelães militares. OOrdinariato Castrense está acelebrar 50 anos de assistênciaespiritual nas Forças Armadas.A Diocese das Forças Armadas edas Forças de Segurança convidouos sacerdotes que concluíram ocurso em 1967 e “não fazia sentidocomemorar” sem não fosse nadimensão pastoral”.Ao longo de 50 anos a IgrejaCatólica procura “acompanhar aspessoas na

realidade que viviam”, explica D.Manuel Linda, realçando que oshomens e as mulheres que servemas forças armadas e as forças desegurança “também são sujeitos desalvação”.A assistência religiosa começou notempo da Guerra Colonial.Continuou nos “tempos belos, semdúvida, mas conturbados” do 25 deabril e, agora, com “a restauraçãoda democracia, com a plenitude dapaz”, pelo menos em Portugal.“Procuramos estar como pessoascreditadas para as ajudar, paracaminharmos todos em conjuntonesta via da salvação”, afirmou D.Manuel Linda.O prelado explicou ainda quais sãoas características que um bomcapelão militar deve ter e começoupor assinala o “sentido da empatia”,tem também de “saber conviver”,por isso, não pode ser isolado.“Tem de estar com os seus homense mulheres, jogar com eles, futebolou outros desportos. Tem departicipar nas suas conversas,saber estabelecer diálogo e, quandoassim é, o coração dos homens edas mulheres que servem as forçasarmadas e de segurança derrete”,destacou o bispo que acompanha oOrdinariato Castrense.

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Capelão militar recorda «muitasaudade» inicio de serviço a «umagrande instituição»O padre Delmar Barreiros regressouà Academia Militar onde há 50 anosassentou praça para o primeirocurso de capelães militares erecorda que lhe fez “muito bem comdisciplina, marchando, caminhando”.“Passando 50 anos de andar aqui amarchar recordo isto com muitasaudade”, revela em declarações àAgência ECCLESIA.O padre Delmar Barreirosapreciando a formação militar realçaque as Forças Armadas portuguesa“ainda são um pouco da reservamoral” do país.“As Forças Armadas são umagrande instituição”, afirma, àmargem da sessão de homenagemaos 58 sacerdotes que fizeram aformação na Academia Militar emLisboa, entre 21 de agosto e 17 desetembro de 1967 - 50 foramdestinados para o Exército, 4 para aForça Aérea e 4 para a Marinha.O sacerdote do Patriarcado deLisboa contextualiza que o curso em1967 “foi o começo da orgânica daassistência religiosa nas forçasarmadas” uma vez que antes os

capelães eram pedidos às dioceses.O diretor espiritual e capelão-mor foiD. António dos Reis Rodrigues,bispo titular de Madarsuma e bispo-auxiliar do Patriarcado, que faleceua 03 de fevereiro de 2009.O padre Delmar Barreiros conta foi“acolhido de uma maneira especial”,foi uma festa, com brincadeiras pelofacto de estar na Marinha.Foi o primeiro e único capelão daMarinha em Moçambique ondeesteve dois anos e meio e a área deação era “todo o país”. O sacerdoterecorda que esteve “em todas asunidades da Marinha” onde Portugalestava presente – Goa, Macau,Timor, Guiné – e que percorreu na‘Briosa’ da Armada Portuguesa e noNavio Escola SagresNa Guiné colaborou “muito” noaspeto militar e civil com o GeneralAntónio de Spínola que eracomandante-chefe das ForçasArmadas e Governador do país.Nessa altura, ao padre DelmarBarreiros foram também entreguesUnidades do Exército: Batalhão deserviço material; policia militar,deposito bar da Intendência,

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a AMURA – zona do comando chefe.O atual Hospital da Cumura, recordao sacerdote, começou a nascernaquela época com a construção depavilhões para assistirem osleprosos que eram auxiliados “nastabancas” (aldeias) que “era umador de alma”.Do tempo passado na Guiné opadre Delmar Barreiros lembraainda que recebeu uma alcunha dogeneral Spínola que “não gostavamuito” que os soldados mexessemno ar condicionado.

No Dia da Marinha, numa visita àsinstalações o capelão tinha o arcondicionado ligado: “Ele (GeneralAntónio de Spínola) olha paraaquilo, olha para mim, e diz que onome completo do capelão é‘Capelão Delmar, del terra e del arcondicionado.”“Foi uma gargalhada tremenda e atélhe caiu o monóculo”, relembra osacerdote com “muita saudade ecerta nostalgia” que participou nacelebração festiva.

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Dehonianos, 50 anos ao serviço daCapelania Militar

A Província Portuguesa daCongregação dos Sacerdotes deCoração de Jesus (Dehonianos)continua hoje, como há 50 anos,disponível para servir a Igreja e aCapelania Militar com os seussacerdotes. Na parada da academiamiliar juntaram-se duas gerações depresbíteros da congregação.O padre Jorge Gonçalves, ordenadoem julho deste ano, é o maisrecente

sacerdote dos Dehonianos commandato para servir a capelania dasForças Armadas e de Segurança.Esta segunda-feira ao seu ladotinha o padre Manuel Martins quenoutro tempo e realidade tambémdisse sim e assentou praça.“Era novidade para todos. Recordoa nossa preparação muito exigente,tínhamos oito horas de aulas pordia, mais exercícios físicos, echegávamos

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à noite estoirados”, lembra emdeclarações à Agência ECCLESIA.A formação intensiva teve a duraçãode cinco semanas e segundo opadre Manuel Martins à medida queiam avançando o “exercício ajudavaà parte teórica”.“Andamos a rastejar no chão, comuma espingarda. A subir muros edescer muros”, recorda do primeirocurso de capelães, realizado entre21 de agosto e 17 de setembro de1967.Neste contexto, o religioso lembratambém que os sacerdotes foramlevados para a zona de Mafra com ocapitão atrás deles “com umametralhadora”, e disse: “Vocêslevantam a cabeça e ficam ai. Comose fosse já na guerra. Foiinteressante.”Foram 58 sacerdotes com o postode Aspirante a Oficial - 50 para oExército, 4 para a Força Aérea e 4para a Marinha - que tiveram uma“preparação igual à dos soldados”. Moçambique: «A minhaG3 era o Terço»Depois da formação o padre ManuelMartins foi enviado para o norte deMoçambique, mais concretamentepara Niassa, entre Nova Freixo ondechegava o comboio de Nampula, atéo rio Rovuma, no fim já com aTanzânia.O sacerdote Dehoniano dava

assistência às quatro companhiasdo seu batalhão, o 1935, e tinhamais cinco para assistir. “Todos osmeses visitava todas”, assegura,recordando que no final recebeu umlouvor do comandante porque “era ooficial com mais quilómetros” nonorte de Moçambique.“Era tudo picadas no meio do mato.Às vezes a berliet (camião) ficavaatascada e ficava-se ali a noite, nomeio do mato, com a espingarda aver o que acontecia”, acrescenta.Neste âmbito, recorda que todos“tinham grande respeito pelocapelão” e até criou-se “quase ummito” que quando andava não haviaemboscadas e não rebentavamminas.Contudo, o padre Manuel Martinsnão usava armas convencionais eG3 que recebeu, quando ametralhadora foi “distribuída portoda a malta”, meteu-a “debaixo dacama”.“A minha G3 era o terço”, assegura.Para o capelão militar o seumandato na guerra colonial foi,“simplesmente”, o de ajudar cristãosque “foram obrigados a ir para aguerra”. Essa era a sua função e foialgo que o “deixou surpreendido”.“Fui uma presença de Igreja muitosignificativa sobretudo no ambientede medo, saudade da família paraos soldados e oficiais”, desenvolve.

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Neste contexto, lembra que noprimeiro Natal, no meio do mato,quando pegou no acordeão ecomeçou a “tocar e cantar ascanções” próprias da época, “muitosnão conseguiram aguentar, tiveramde sair a chorar porque a saudadeera tanta”. Uma memória que aindafoi avivada no último sábado, numalmoço de camaradas de armas emChave e onde o sacerdote tambémparticipou.No final da entrevista, o padre

Manuel Martins realçou, mais umavez, que “foi interessante” aexperiência na Capelania Militar. Dehonianos, uma novageração na tropaportuguesaO padre Jorge Manuel Gonçalvestermina hoje o curso “abreviado mascondensado” para servir as ForçasArmadas e de Segurançaportuguesas.Ordenado em julho deste ano,

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o jovem sacerdote “disse queestava ao dispor do meu provincial”e ele apresentou a proposta:“Nunca tinha pensado vir mas nuncatinha pensado não vir.”“Está a ser bastante bom”, assinalado curso que começou dia 4 deoutubro, destacando as “diversasformas de pensamento” queencontrou.Nas Forças Armadas há “muitocampo de ação”, como catequeses,Eucaristias, formações, e O para opadre Jorge Manuel Gonçalves anova missão “é uma forma decomplementar serviço de sacerdote”.A proximidade, para o entrevistado,“é parte essencial” porque se oscapelães forem próximos dosmilitares, “eles serão próximos”.Para o sacerdote “é bastantecurioso” o dia passado com osprimeiros capelães militares porque“eles estiveram numa épocabastante diferente”.“É bastante bonito contar histórias,brincadeiras do tempo em que oserviço militar era obrigatório. Èextremamente engraçado vermostudo o que está para trás”,desenvolve.Para o padre Jorge ManuelGonçalves que está a começar oseu ministério

sacerdotal e o seu serviço decapelão o contacto com os primeirospresbíteros “dá sentido”. “Temos sempre presente o passadopara melhorar e caminhar rumo aofuturo”, conclui o mais recentesacerdote da Província Portuguesada Congregação dos Sacerdotes deCoração de Jesus a assentar praça.

“Fui uma presença deIgreja muito significativa

sobretudo no ambiente demedo, saudade da família

para os soldados eoficiais”.

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Um regresso a Angolana visita à Capelania MilitarO padre Agostinho Brígido, daCongregação dos Missionários doEspírito Santo (Espiritanos),regressou à Capelania Militar emLisboa, para a sessão dehomenagem, numa visita que olevou “outra vez para Angola”.“Hoje faz lembrar os que jáfaleceram e recordar tudo. Fazlembrar todos esses e faz-me iroutra vez para Angola”, revela omissionário Espiritano.Segundo o padre Agostinho Brígidoa experiência “foi interessante” eque o “valorizou também do pontode vista no ministério sacerdotal”.Neste âmbito, recorda a realidadeda guerra colonial com as “pessoasque fugiam da mata” e era preciso“ajudá-los”.“Ainda me lembro de umaassociação que fizemos. Os oficiaisdescontavam livremente ecomprávamos roupas para vestiraquelas crianças que vinham domato”, exemplifica.Aos 83 anos, o sacerdote recordaque já “estava em Angola” quandofoi “apanhado”. Era “colaborador doseminário” e regressou para sercapelão militar, de 1967 a 1975,

desta vez com guia de marcha paraa zona leste.O padre Agostinho Brígido contaque quando foi chamado estava naantiga cidade Sá da Bandeira, “hojeLubango”, onde havia quartel quetinha um capelão e com quem osEspiritanos tinham contacto. Nestecontexto, recorda que “aos colegasvestiram-lhes a farda e enfiaram-noslá na tropa sem saberem nada”.No curso de capelães, o primeiro emPortugal, começaram “a entrar” emtodo o “esquema que era a tropa” e,“claro que, não foi fácil”. Se lhetivessem perguntado se queria fazerda formaçãoQuando lhe perguntaram se queriair respondeu com “não” masobedecia e hoje recorda que “foiuma experiência interessante” pelo“contacto com muita gente”.“Antes via a juventude e agora anossa sociedade. Faz refletir”,assinala.O missionário Espiritano explica queagora quando se encontram, etodos os anos os militares têm a suareunião, é “interessante que dá maisprazer

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falar são os momentos difíceis”.“Vir aqui, rever a parada, o que eraduro, e lembrar-me o que diziam osdiretores do curso: Vocês sofrerammas nós também sofremos”, recordaainda sobre o primeiro curso decapelães onde “lidar com tantopadre não foi fácil”.

O padre Agostinho Brígidolembra que quando foi oencerramento um coronel disse quena celebração final é que viu “aforça” deles.“Foi uma celebração que nuncatinha visto, tanto padre a celebraraqui”, recorda dessas palavras.

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Base Naval de Lisboa tem espaçodedicado ao apoio a pessoas maiscarenciadasNa Base Naval de Lisboa, há umespaço dedicado à ação social e àsolidariedade, que apoia atualmentemilitares mais carenciados mastambém situações de emergênciadas mais variadas proveniências.“Ainda há algum tempo foi muitomaterial daqui para PedrogãoGrande, roupas, cobertores,edredons, coisas prontas para serutilizadas pelas pessoas que tinhamperdido os seus haveres”, conta àAgência ECCLESIA o padre Licínioda Silva, recordando a tragédia dosincêndios que continua bempresente.De acordo com o sacerdote ecapelão da Base Naval de Lisboa,os dias desta valência ligada aosetor de Assistência Religiosa sãode um permanente vaivém depessoas e de bens.“Estão sempre a chegar e a ir, querpara pessoal nosso, militar, querpara outras pessoas e instituiçõesque sabemos que necessitam”,salienta.Este projeto de ação socialcomeçou a ganhar forma ainda notempo do padre Manuel da CostaAmorim, antigo capelão Chefe doServiço de Assistência Religiosa dasForças

Armadas e das Forças deSegurança.“Isto era utilizado para a catequese,para as crianças filhas dos militarese dos civis que pertenciam aqui àbase. E o padre Amorim transferiu acatequese para outro lado, abrindoaqui espaço para uma a açãosocial”, recorda o capelão Licínio daSilva.Em stock estão também móveis,utensílios para a casa, livros ebrinquedos para as crianças, quevão chegando à medida da caridadede cada um.A distribuição é depois feita àmedida das solicitações, sendo quehá casos que já estão devidamenteidentificados. “As pessoas aproximam-se, vamossabendo também das situaçõesmesmo no exterior, algumasespecíficas inclusive para Fátima,instituições que já temos sinalizadase enviamos”, explica o padre Licínioda Silva.A organização deste projeto contacom o apoio de diversos voluntários,que selecionam os bens eorganizam os objetos para aexpedição, por idades e tamanhosno caso das roupas ou dosbrinquedos.

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O Ordinariato Castrense está aassinalar 50 anos de assistênciareligiosa organizada em Portugal, nasequência do primeiro curso paracapelães militares que teve lugar em1967.Durante uma sessão comemorativadeste aniversário, o bispo dasForças Armadas e das Forças deSegurança, D. Manuel Linda, frisoua missão dos

militares em “servir a vida e o bemdas pessoas”.Aquele responsável destacouparticularmente o contributo doExército no âmbito do combate aosincêndios, uma “hecatombenacional” que entre os meses dejunho e outubro já custou a vida amais de uma centena de pessoas ecausou elevados prejuízos materiaise ambientais.

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Capelania ajuda Cadetes adescobrirem a fé e encontrar e a vozde comandoA Capelania Religiosa da EscolaNaval é uma proposta para além doprograma preenchido dos Cadetesonde vivem um “ambiente” próprioque os ajuda, por exemplo, aencontrar a “voz de comando” e adescobrirem a religião onde queremser batizados.“Não fui batizada antes porque osmeus pais quiseram que escolhessea religião. Com a ajuda do capelãopercebi que era a religião cristã quequeria para o meu batismo”, contaAna Ribeiral, que fora da escolatinha contacto com a religião “porcausa da família”.A cadete que está no curso deAdministração Naval revela que naCapelania são “sempre bemrecebidos” e essa “boa energia”consegue “captar bastantescadetes” que no primeiro anosentem a falta de algo queencontram na assistência religiosa.“Aqui acabam por encontrar essafonte de energia”, sublinha.Neste contexto, refere que mesmocom uma carga horária preenchidacom a “motivação que o capelão dá”o tempo não é perdido.“É um tempo que temos para nós,

que acaba por interligar os espaçosque não temos. Faz com que asnossas segundas-feiras à noite, quandonos reunimos para a Eucaristia,acaba por ser um momentozinhoque dá para toda a semana”,desenvolve.Ana Ribeiral explica que o capelãona escola naval, principalmente, noprimeiro ano em que os cadetes têmuma vida “bastante atarefada”proporciona a experiência de iremver como funciona a capelania parasaberem se gostam e se integram.“Explica um pouco a vida religiosaque tentamos interligar com a nossavida militar e é bastanteinteressante”, acrescenta.A cadete do curso de AdministraçãoNaval explica ainda que criam umgrupo que pode receber oSacramento do Crisma, nasreuniões tentam “conviver umbocadinho mais e, até aos fins desemana, são dinamizadas“atividades diferentes que reúnam ogrupo”.Já o cadete do 4.º ano RodriguesMarante, Classe Marinha, levava aexperiência de um ano passado naAcademia Militar onde estavaintegrado no coro.

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O conhecimento com o capelão foi aligação para começar a frequentartambém o coro da Escola Naval.“Temos um ambiente próprio. É ummomento em que os cadetestêm uma hora para estarem à sualivre vontade e cantar”, exemplifica. Quanto ao tempo para participarnestas atividades extras assinalaque “é complicado” mas “comesforço arranja-se”.

Para Rodrigues Marante asiniciativas da Capelania são “umaboa experiência” mesmo para nofuturo “comandar homens” onde “avoz é bastante importante”.“Numa entrada em qualquer porto énecessário haver comunicação e sehouver voz de comando sempre alipresente e ser ouvida por todos dájeito para não haver situações destress e embaraço”, desenvolve

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o cadete que faz parte do coro ondetreina “o grau de voz”.“A voz de um oficial é tudo, amaioria dos comandos damos todospor voz”, assinala.A dimensão humana também éaperfeiçoada na Capelania e, nesteâmbito, o cadete do 4.º ano ClasseMarinha comenta que são “todoshumanos” e têm de ter “sempre umequilíbrio”.“Não somos máquinas e tambémnão somos perfeitos, todoscometemos

erros e temos sempre que estar comisso presente”, acrescenta.Já sobre o capelão realça que “estásempre disponível”, para “qualquerdúvida” que possam ter, e tambémestá “sempre preocupado” com obem-estar dos cadetes.Rodrigues Marante assinala tambémque pessoas que entraram para ocoro da capelania da Escola Navaldecidiram ser batizados e depoiscontinuaram a caminhar na “sua fé”.De recordar ainda que oOrdinariato

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Castrense colocou ‘os jovens e afé’ no centro do projetopastoral 2017/2018, em sintoniacom o Sínodo dos Bispos sobre ‘osjovens, a fé e o discernimentovocacional’, que se vai realizar emoutubro de 2018. integrado no coro. O conhecimentocom o capelão foi a ligação paracomeçar a frequentar também ocoro da Escola Naval.“Temos um ambiente próprio. É ummomento em que os cadetes têmuma hora para estarem à sua livrevontade e cantar”, exemplifica.Quanto ao tempo para participarnestas atividades extras assinalaque “é complicado” mas “comesforço arranja-se”.Para Rodrigues Marante asiniciativas da Capelania são “umaboa experiência” mesmo para nofuturo “comandar homens” onde “avoz é bastante importante”.“Numa entrada em qualquer porto énecessário haver comunicação e sehouver voz de comando sempre alipresente e ser ouvida por todos dájeito para não haver situações destress e embaraço”, desenvolve ocadete que faz parte do coro ondetreina “o grau de voz”.“A voz de um oficial é tudo,

a maioria dos comandos damostodos por voz”, assinala.A dimensão humana também éaperfeiçoada na Capelania e, nesteâmbito, o cadete do 4.º ano ClasseMarinha comenta que são “todoshumanos” e têm de ter “sempre umequilíbrio”.“Não somos máquinas e tambémnão somos perfeitos, todoscometemos erros e temos sempreque estar com isso presente”,acrescenta.Já sobre o capelão realça que “estásempre disponível”, para “qualquerdúvida” que possam ter, e tambémestá “sempre preocupado” com obem-estar dos cadetes.Rodrigues Marante assinala tambémque pessoas que entraram para ocoro da capelania da Escola Navaldecidiram ser batizados e depoiscontinuaram a caminhar na “sua fé”.De recordar ainda que o OrdinariatoCastrense colocou ‘os jovens e a fé’no centro do projetopastoral 2017/2018, em sintoniacom o Sínodo dos Bispos sobre ‘osjovens, a fé e o discernimentovocacional’, que se vai realizar emoutubro de 2018.

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Um Exército de salvaguarda dapessoae sua dignidade

Mesmo que não sejam os textosbíblicos mais conhecidos ou fáceisde fixar, são curiosas estas leiturasque escutamos. Farei uma pequenasíntese que enquadre o sentidodaquilo que aqui celebramos: o Diado Exército.A primeira leitura refere um factoacontecido no ano 539 a.C.: Ciro,rei da Pérsia, com uma muito bem

sucedida campanha militar, fez cair oimpério babilónico, aquele que tinhaescravizado o povo judeu, e permitiua este o regresso a Israel, areconstrução do templo deJerusalém e o restauro do culto aoDeus vivo. Permitiu, pois, que oshebreus voltassem a ser um povo egozassem de uma identidade e umapátria. Para a mente do profeta quenos conta isto, Deus usa Ciro,

Fotos: www.guimaraesdigital.com

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um pagão e estrangeiro, comoinstrumento da sua misericórdia,pois só Deus é Senhor da história. Eesta, mesmo que o não saiba,encaminha-se sempre para aedificação daquela plenitude eâmbito de valores a que chamamos«Reino de Deus».Por outro lado, o Evangelhoapresenta-nos uma passagemdeterminante para a compreensãoda relação da fé com o mundo. Apergunta sobre se era ou nãolegítimo pagar o tributo de vencidosa um César usurpador daindependência e identidade a queIsrael aspirava,

é tudo menos ingénua. De facto, asociedade do tempo dividia-se entreos que poderíamos chamar os«objectores de consciência fiscal» eos colaboracionistas, fosse porconvicção, fosse por nãodescobrirem alternativas viáveis.Jesus, porém, coloca a questão numnível superior. O César de Roma eraadorado como um deus, o «divalis»ou divino. E como era de carne eosso, bem visível e com poder devida e de morte, na prática, para osromanos, era o único deus efectivo.Júpiter, Mercúrio, Marte, etc. eramapenas

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ficções. A imagem e a inscrição quefiguravam nas moedas do tributofuncionavam como instrumento deadoração a esta divindade.Obviamente, esta mistificaçãocolidia frontalmente com apercepção humanista de Jesus: oschefes ou governantes não sãodeuses, mas simplesmente aquelesa quem o povo delega o poder querecebe de Deus para a edificaçãodo bem comum, numa atençãoprivilegiada aos mais débeis.Encontramos nesta passagem,portanto, o suporte do nosso

entendimento da relação entre a fée o poder, que se poderia sintetizarno seguinte: autonomia dasrealidades terrestres no que à formade organização social diz respeito;independência total entre sociedadecivil e sociedade religiosa;entretanto, é no serviço concreto àpessoa concreta que essassociedades se encontram e serelacionam; daqui o princípio dacolaboração que deve reger arelação entre as duas; o cristão,definido como a «alma do mundo»,tem a obrigação de usar osinstrumentos sociais à sua

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mão –voto, comunicação social,sindicatos, associações de todo ogénero…- para desmascarar acontínua tentação da divinização dopoder e o «obrigar» a servirefectivamente aqueles que nãoconseguem caminhar ao ritmo dasociedade, cada vez maiscompetitiva.E no meio disto tudo, que dizer sobre o Exército? Não sendo uminstrumento religioso, embora nelehaja muitíssimos crentes, também émais qualquer coisa que um simplesproduto social. Pelo menos, nuncapoderá ser um instrumento do poderou da conservação do poder peloscorruptos e pelos ditadores. Equando olhamos para a realidadede alguns países, lá para asAméricas ou para o ExtremoOriente, interrogamo-nos se todosos Exércitos do mundo têm as mãoslimpas.Tem-nas o nosso, graças a Deus, ete-las-à sempre mais porque sabeque nem existe para se servir a simesmonem para servir poderes: asua função é servir a vida e o bemdas pessoas, assegurando-lhescondições de defesa, de liberdade,de paz e até colaborando nassituações de extrema gravidade eperigo como, por exemplo, nasbuscas, salvamentos, situações decatástrofes, incêndios, etc. Dentro efora do país. É preciso que todossaibam que há militares

portugueses em várias partes domundo, em tarefas de alto risco, quetêm prestigiado o nome de Portugale têm salvo inúmeras vidashumanas e assegurado condiçõesde dignidade e de segurança amilhões de pessoas. Penso, porexemplo, na República CentroAfricana.Estas tarefas da actuação do bemque o nosso Exército faz –e faz comtanto empenho!- são designadaspor «missões de paz» ousimplesmente «missões».Curiosamente, a Igreja que está emPortugal celebra hoje o Dia Mundialdas Missões. É uma jornada, todosos anos repetida, para tomarmosconsciência de que quem tem fésente necessidade de a transmitir e,assim, fazer com que muitosreconheçam que o único Salvadorse chama Jesus Cristo e adiram aoseu estilo de vida.Antigamente, nesta «missão», talveztenhamos usado um métodoimpositivo. Hoje, é o contrário:favorecer a promoção integral dapessoa humana, ir de encontro àssuas carências e necessidade epromover os seus direitos. É umatarefa, portanto, globalmenteintegradora e não dualista: nãoprega, apenas, uma doutrina, masserve a pessoa em situação. E,quase sempre, começa mesmo poresta dimensão fundamental do pão,do

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alojamento, da saúde, da educaçãoe cultura, da promoção da mulher,etc. Tudo isto feito no clima da maisabsoluta gratuidade e com acolaboração económica e de oraçãodos outros membros da comunidadeeclesial.Caros militares do Exército, evidentemente, não vou colocar asmissões católicas como o exemplodo que deve ser a vossa actuaçãonas missões de paz e no vossoserviço à sociedade em geral. Seinterligo os

dois âmbitos é apenas paraacentuar este ponto em que nospodemos e devemos encontrar: vóse nós, Igreja, só temos razão deexistir para o serviço. Não o serviçodo poder –insisto-, masassegurando o bem comum,particularmente dos mais débeis edos simples. Fundamentalmente,pela via da prevenção e dadissuasão perante as forças do mal,aquelas que, em nome da ideologiaprofessada, sacrificam ferozmentemilhares ou milhões de

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inocentes. Para além,evidentemente, do contributo dadoà sociedade civil em tempo de paz.Nesta linha, quero dar os parabénsao Exército pelo seu brilhantecontributo por alturas destacalamidade e hecatombe nacionalque têm sido os incêndios: mesmoque a comunicação social o nãotenha referido muito, sei que fizeramum esforço notável, tanto mais derealçar numa altura em que osvossos quadros escasseiam.Celebramos este Dia do Exército emGuimarães, aqui onde “nasceuPortugal”. Nasceu fruto de umavontade do povo, acarinhada epromovida pela Igreja, e queencontrou nas armas a forma

de defender essa determinaçãocolectiva de liberdade. Povo, Igrejae Exército constituem, portanto, umtripé onde assenta o ideal da Pátria,onde repousa a ideia deportugalidade. Que ela se mantenhatendo como sublime objectivo o bemcomum nacional e mesmo mundial.Isto peço a Deus por intermédio deum santo dos nossos dias, santo dasimpatia e do serviço efectivo aobem comum universal: o Papa SãoJoão Paulo II, cuja memória litúrgicahoje mesmo se celebra. Guimarães, 22 de outubro de 2017

D. Manuel Linda

Devido ao luto nacional pelas vítimas dos incêndios, o Exército canceloutodas as celebrações agendadas, no contexto do seu «Dia», comexceção da Missa. A Missa de sufrágio pelos já caídos e de ação degraças pelo cumprimento das missões atribuídas ao Exército foicelebrada na igreja de São Francisco, em Guimarães.

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Igreja Luterana de Portugalhttp://igreja-luterana.pt A 31 de Outubro de 1517 um jovemmonge, teólogo e professor enviouao seu bispo 95 teses sobrequestões teológicas que desejavadebater abertamente na cidadeAlemã de Wittenberg. Nessedocumento ele criticava“determinadas práticas abusivaspromovidas pela ou em nome daIgreja, principalmente, o comérciode indulgências por membros doclero”.É notório que “o impacto das tesesfoi elevado, causando umarevolução religiosa, iniciada naAlemanha, que se estendeu para aSuíça, França, Países Baixos, ReinoUnido, Escandinávia e algumaspartes do Leste Europeu,principalmente os Países Bálticos ea Hungria. Abalou ainda asestruturas do catolicismo, originou oprotestantismo e contribuiu para onascimento de outras religiões”. Éfruto dessa ação de Martinho Luteroque este ano celebramos os 500anos da reforma protestante.Assim esta semana a minhasugestão passa pela visita ao sítioda Igreja Luterana de Portugal. Aodigitarmos o endereço igreja-luterana.pt

encontramos um espaço simples ecom uma distribuição dos conteúdosharmoniosa, apesar de necessitarde alguma atualização.Na página inicial além dos artigosem destaque chamo a atenção paraos “sermões em linha”. Aí podemosassistir aos sermões e estudosbíblicos que vão sendo colocadosno canal do youtube e na página dofacebook desta Igreja Cristã.Caso pretenda saber onde seencontram localizados os espaçosde culto, basta que aceda ao itemvisite-nos. Aí encontra o endereçoparóquia Luterana da SantíssimaTrindade (Porto) e da paróquiaLuterana do Salvador (Lisboa).Na opção “conheça-nos” dispomosde uma área onde podemosaprofundar o conhecimento acercadesta igreja. Logo para começar éapresentada, de uma formaestruturada, uma resposta àquestão “quem são os luteranos”.Depois é discutida a temática acercada confissão de Fé. Em “Lutero –ontem e hoje” somos convidados aconhecer mais pormenorizadamentea história daquele que nasceu emEisleben, na Saxónia, a 10 deNovembro de 1843. Por último emLuteranismo em Português

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somos presenteados com umconjunto enorme de ligações uteisque nos ajudam a explorar melhortudo aquilo que se relaciona comesta temática.O grande objetivo de propor estesítio online passa precisamente porchamar a atenção do estimado leitorpara um acontecimento que temos

a graça de estar a viver neste ano.Principalmente durante este final deano são vários os eventos queestão ou que irão decorrer noterritório nacional relacionados comos 500 anos da ReformaProtestante.

Fernando Cassola [email protected]

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As maravilhas de Deus na vidae no apostolado de Sílvia Cardoso

A obra «As maravilhas de Deus navida e no apostolado de SílviaCardoso (1882-1950)» da autoriade Ângelo Alves foi lançada estasemana no Auditório CarvalhoGuerra, na Faculdade de Teologia –Porto.A apresentação deste livro esteve acargo de José Eduardo Borges dePinho, professor da Faculdade deTeologia da Universidade CatólicaPortuguesa em Lisboa. A sessão

contou também com a presença eintervenção de D. António Taipa,administrador diocesano.Esta é uma iniciativa da Faculdadede Teologia, da Postulação de SílviaCardoso e da Paulinas Editora, quepretende homenagear o autor,Ângelo Alves, professor daFaculdade de Teologia no Porto evice-postulador da causa decanonização de Sílvia Cardoso,falecido em março passado.

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A escritora brasileira Nélida Piñon esteve na Capela do Rato, em Lisboa,para apresentar o seu mais recente livro «Filhos da América».A obra, com a chancela da «Temas e Debates» foi apresentada pelo padre epoeta José Tolentino Mendonça.A autora, de 80 anos, faz parte da Academia Brasileira de Letras e já ganhouo prémio Princesa das Astúrias de Literatura.

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outubro 201728 de outubro. Lisboa - Encontro de Voluntáriosda Comunidade Vida e Paz . Coimbra - Salão de São José -Colóquio sobre o Padre Américocom duas conferências sobre«Causa de Canonização do Servode Deus Padre Américo» pormonsenhor Arnaldo Pinto Cardoso e«Padre Américo: Artista da Palavra edas Palavras» por Henrique ManuelPereira. . Fátima - Peregrinação da Legiãode Maria ao Santuário de Fátimapresidida por D. Nuno Brás, bispode Lisboa – até 29 de outubro . Fátima, 10h00 - A Diocese deSetúbal vai peregrinar ao Santuáriode Fátima, no dia 28 de outubro, edo programa destaca-se a o painel‘Fátima e Família’, a partir das15h00, na Basílica da SantíssimaTrindade. . Aveiro – CUFC, 10h30 - Sessão deesclarecimento sobre voluntariadomissionário . Lisboa – Bicesse, 15h00 - Missado cinquentenário das Aldeias SOSpresidida por D. Joaquim Mendes,bispo auxiliar de Lisboa.

. Lisboa - Faculdade de Direito,16h00 - O II encontro dos núcleosde estudantes católicos de Lisboarealiza-se a 28 deste mês e temcomo mote «Da Palavra nasce aFé». . Fátima - Auditório do CentroMissionário Allamano, 18h00 - Lançamento da obra «Quando osSinos Tocam o Céu – Irmã Lúcia,Pastorinha – a Fiel Depositária daMensagem de Fátima» de LeonorLeitão-Cadete com apresentação deD. José Traquina. 29 de outubro. Lisboa - Patriarcado deLisboa promove domingo dedicadoà palavra . Viana do Castelo - Caminha(Museu Municipal) - Encerramentoda exposição «Rostos da Mãe deDeus» com imagens da VirgemMaria das Paróquias doArciprestado de Caminha (Diocesede Viana do Castelo). . Semana Nacional da EducaçãoCristã como tema «A Alegria doEncontro com Jesus Cristo» -termina a 05 de novembro 2017

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. Aveiro - Estarreja (Igreja Paroquialde São Tiago de Beduído) - Encerramento da exposição comimagens de Nossa Senhora . Viana do Castelo - Semana daDiocese de Viana do Castelo –termina a 05 de novembro de 2017. Aveiro - Seminário de Santa Joana,15h00 - Formação para visitadoresde doentes . Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos,17h30 - Concerto de Órgão naIgreja dos Jerónimos 01 de novembro. Itália – Roma - Encontro daFederação Internacional dasUniversidades Católicas para refletirsobre a questão dos refugiados naEuropa. (termina a 04 de novembro) . Açores - Ilha Terceira - Ordenação presbiteral de Nelson Pereira naIlha Terceira. 02 de novembro. Fátima - Conferência de imprensade balanço das celebrações doCentenário das Aparições

. Eslovénia - Assembleia do ComitéEuropeu das Escolas Católicas – até5 de novembro . Lisboa, 21h00 - A organizaçãoLeigos para o Desenvolvimentorealiza sessão sobre voluntariado 03 de novembro. Lisboa - O Centro Social ParoquialSão Romão de Carnaxide (Lisboa)organiza o I Seminário Escola deCuidadores que visa debaterquestões relacionadas com oenvelhecimento e a sua promoçãopositiva. . Viana do Castelo - Abertura daPorta Santa na Sé de Viana doCastelo integrada na celebraçãodos 40 anos da diocese. . Fátima - As jornadas nacionais decatequistas, a realizar em Fátima, de3 a 5 de novembro, vão refletirsobre carta pastoral para o setor«Catequese: A alegria do encontrocom Jesus Cristo». A formaçãodecorre no Centro Pastoral Paulo VIe destina-se a catequistas de todo opaís.

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A Obra Nacional da Pastoral do Turismo, emcolaboração com o Serviço de Pastoral do Turismo daDiocese de Bragança-Miranda, realiza as suasjornadas nacionais, a 27 e 28 de outubro, com o tema«Turismo e Sustentabilidade - Economia, Sociedade eAmbiente». Entre hoje e domingo decorre no Vaticano o encontro«Repensar a Europa», com a participação do PapaFrancisco e uma iniciativa da Comissão dosEpiscopados da Comunidade Europeia por ocasiãodos 60 anos do Tratado de Roma. O Santuário de Fátima vai promover uma nova ediçãodo Curso sobre a Mensagem de Fátima, o último nascelebrações do Centenário das Aparições, entre 27 e29 de outubro, na Casa de Retiros de Nossa Senhorado Carmo. De 29 de outubro a 5 de novembro de 2017 realiza-sea Semana Nacional da Educação Cristã. A ComissãoEpiscopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé(CEECDF) publicou a Nota Pastoral para esta semana,subordinada ao tema «A Alegria do Encontro comJesus Cristo».

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

70x7 - RTP2. 13h00,domingo, 29 de outubro -Dramas humanos entrecinzas. Os incêndios nazona centro de Portugal ECCLESIASegunda-feira, dia 30outubro, 15h00 - SemanaNacional da Educação Cristã. Entrevista a FernandoMagalhães e João FialhoTerça-feira, dia 31 de outubro, 15h00 - Informaçãoe entrevista Joana Figueiredo sobre a Escola deCuidadores, em CarnaxideQuarta-feira, dia 01 de novembro, 15h00 -Informção e entrevista José Luís Nunes Martins sobrea vida e a morteQuinta-feira, dia 02 de novembro, 15h00 -Informação e entrevista António Pinheiro Torres sobrea Caminhada pela VidaSexta-feira, dia 03 de novembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com airmã Luísa Almendra e frei José Nunes Antena 1Domingo, 29 de outubro, 06h00 - Incêndios.Releitura do documento da Conferência EpiscopalPortuguesa a partir dos acontecimentos em Portugal Segunda a sexta, 29 de outubro a 03 denovembro, 22h45 - Semana da Educação Cristã, "aalegria do encontro" - projetos concretos: Olimpíadasde EMRC; Escola da Guiné apadrinhada; Escola deOração para catequistas; 70 anos do ExternatoMarista de Lisboa e Catequese Familiar

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Ano A – 30.º Domingo do TempoComum Amar Deus,amar opróximo

A liturgia do 30.º Domingo do Tempo Comum diz-nos,de forma clara, que o amor está no centro daexperiência cristã. Toda a revelação de Deus seresume no amor: amor a Deus e amor aos irmãos. Osdois mandamentos não podem separar-se, sãosemelhantes.Mais de dois mil anos de cristianismo criaram umapesada herança de mandamentos, de leis, depreceitos, de proibições, de exigências, de opiniões,de pecados e de virtudes, que arrastamospesadamente pela história. Ao longo do caminho,misturámos tudo e perdemos a noção do que éverdadeiramente a essência que dá sentido à vida.Hoje, gastamos tempo e energias a discutir certasquestões que até são importantes, mas continuamos ater dificuldade em discernir o essencial da proposta deJesus.O Evangelho deste domingo põe as coisas de formatotalmente clara. Jesus diz o essencial ao doutor daLei: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teucoração, com toda a tua alma e com todo o teuespírito… Amarás o teu próximo como a ti mesmo».O que é amar a Deus? Em Jesus e como Jesus, oamor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da suaPalavra, pelo acolhimento das suas propostas e pelaobediência total aos seus projetos, para mim próprio,para a Igreja, para a minha comunidade e para omundo.Isso implica a escuta atenta das propostas de Deus,mantendo um diálogo pessoal com Ele, procurandorefletir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretaros sinais com que Ele me interpela na vida de cadadia.Isso exige ter o coração centrado em Deus e ser umatestemunha profética que interpela o mundo, sem

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construir uma vida à margem deDeus ou contra Deus nem meinstalar num cantinho cómodo derenúncia ao compromisso com Deuse com o Reino.O que é amar os irmãos? Em Jesuse como Jesus, o amor aos irmãospassa por prestar atenção a cadahomem ou mulher com quem mecruzo pelos caminhos da vida, porsentir-me solidário com as alegrias esofrimentos de cada pessoa, porpartilhar as desilusões eesperanças do meu próximo, porfazer da minha vida um dom total atodos. O mundo em que vivemosprecisa de redescobrir o amor, asolidariedade,

o serviço, a partilha, o dom da vida.O Evangelho deste domingocompromete-nos seriamente asermos concretos no amor. E jáagora, a primeira leitura do Êxodoestá cheia de indicações muitoprecisas para que o amor aopróximo não fique no abstrato.Importa levá-la também para a vidadesta semana, juntamente com aentoação do Salmo: «Eu Vos amo,Senhor, vós sois a minha força». Sóno amor podemos servir o Deus vivoe verdadeiro, ressuscitado emJesus, como afirma São Paulo nasegunda leitura.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Egipto: Padre copta assassinado à facada numa rua doCairo

Indiferença que mataEstava na cidade do Cairo, acapital do Egipto, para recolherajuda humanitária para ospobres da sua paróquia, quandofoi esfaqueado em plena ruadurante o dia. No entanto,ninguém fez nada para o ajudar.Esvaiu-se perante a indiferençados que passavam. Era apenasum padre cristão… Aconteceu há duas semanas, nomesmo dia em que a Fundação AISapresentou em diversas capitaiseuropeias – incluindo Lisboa – omais recente relatório sobre aperseguição aos Cristãos nomundo. O Padre Samaan Shehatacaminhava na rua, sozinho, noCairo, a capital do Egipto, quandoum homem se aproximou e, armadocom uma faca, e desferiu diversosgolpes no sacerdote. Foi durante odia, mas não houve ninguém quetivesse parado por um instantesequer para ajudar aquele homemque jazia no chão, esvaindo-se emsangue. Ninguém. Talvez por serpadre, talvez por ser cristão. Aindiferença de todos os quepassaram pela rua e nãoestenderam a mão junto daquelemoribundo parece ferir mais aindado que os golpes de

faca que acabariam por tirar a vidaao Padre Samaan. Ninguém oajudou e a ambulância demoroumais de uma hora a aparecer e osparamédicos pouco ou nada fizerampara o reanimar. Os polícias forammais rápidos, é verdade, e atéconseguiram deter o homem queesfaqueou o sacerdote. Mas não oprenderam. Os agentes daautoridade consideraram-nomentalmente doente e, por isso,libertaram-no. Ninguém avaliou oseu estado. Nem médicos, nempsicólogos. Ninguém. Nem foisequer presente a um juiz. Foilibertado ali mesmo, mandado empaz, de regresso a casa, deregresso à sua vida. Ser cristão no EgiptoO Padre Samaan Shehata morreu jáno hospital, depois de ninguém lheter prestado socorro durante maisde 60 minutos. Morreu no mesmodia, sensivelmente até à mesmahora em que a Fundação AISapresentava em Lisboa o maisrecente relatório sobre aperseguição aos Cristãos no mundo.Nem de propósito: um relatório queidentifica o Egipto como um dospaíses em que a opressão aosCristãos

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é considerada como “mais elevada”.O Padre Samaan foi assassinadopor ser cristão. Apenas por isso.Nada mais. Para a polícia, tratou-sede um ato cometido por um louco.Por essa razão, o autor do crime foiabsolvido de imediato. Para aspessoas que passavam pela ruaonde o Padre Samaan foiassassinado, seria apenas umcristão. Apenas isso explica comoninguém teve misericórdia, ninguémsoube ser samaritano daquelehomem em sofrimento. Durante maisde uma hora, ninguém se mexeu,ninguém se comoveu, ninguém feznada. Para todos os que passavam,indiferentes ao corpo a sangrar deSamaan Shehata, a vida de umpadre copta no Egipto parece nãovaler nada. Infelizmente, este é,apenas, o mais recente caso de umataque deliberado contra acomunidade cristã. Os sangrentosatentados no Domingo de Ramos,em abril, em duas igrejas no Egipto,provocaram cerca de meia

centena de mortos. Foi um ataquecom um alvo bem determinado. Ummês depois, em maio, terroristasatacaram um grupo de cristãos quese dirigiam em três autocarros, emperegrinação, para um mosteiro nodeserto e obrigaram-nos a sair dosveículos. Os que se confessaramcristãos, mesmo com as armasapontadas às suas cabeças, foramassassinados de imediato. Nem ascrianças escaparam. Mais uma vez,o alvo do ataque estava bemdeterminado. A morte do PadreSamaan é só o mais recenteepisódio da profunda violência quetem atingido a comunidade cristã noEgipto. Este padre estava no Cairoa pedir ajuda para os mais pobresda sua paróquia. Foi morto àfacada. Esvaiu-se perante aindiferença dos que passavam. Era,apenas, um padre cristão...

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Com os guaranis do Paraguai

Tony Neves Espiritano

Domingo foi Dia Mundial das Missões em todo omundo e, por isso mesmo, também aqui noParaguai. Tive a alegria imensa de participar nojubileu de ouro da chegada dos primeirosMissionários Espiritanos ao mundo guarani. Sim,a opção não foi a de instalar-se na capital, masde andar 300 kms de terra batida e parar nocoração das terras guaranis, lá em Lima onde ossenhores caciques tinham tudo e ‘quase’escravizavam o povo simples de raiz indígena.Os Espiritanos nestes 50 anos têm sido vozdeste povo sem voz – como tão bem o referiu oBispo, D. Pedro Juvinbile, um Espiritanocanadiano que cá veio parar e por aqui ficarápara sempre – afirmou-o! Ele veio em primeiranomeação e deixou marca no coração destepovo. Uma das iniciativas que lançou e que eupude um dia acompanhar e viver foi o projeto‘gotas de amor’ para apoiar crianças de rua noenorme mercador abastecedor de Fernando laMora, nas periferias da capital. Todos ossábados, um grupo de voluntários acompanha osEspiritanos na distribuição de uma refeiçãoquente às muitas crianças que enchem as ruasdo mercado à procura de algo para sobreviver.E, como é fácil de deduzir, elas são presagarantida para todo o tipo de abusos e tráficos.O dia que vivi nesta missão das ‘gotas de amor’encheu-me de dor porque falei com muitasdestas crianças durante a refeição e percebi bema tragédia que é a sua vida quotidiana. Sentitambém a alegria de pertencer a umaCongregação que olha com predilecção para osmais pequeninos e pobres.

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A celebração oficial dos 50 anos dachegada dos Espiritanos aoParaguai teve lugar em Lima, commais de 500 pessoas a participarem festa e com a ‘municipalidad’ adeclarar dia de interesse municipal,dando todos os apoios aoacontecimento. Foram convidadosde todas as paróquias onde osEspiritanos trabalham. Estiveram láos 12 heróis, ou seja, os 12 PadresEspiritanos que se mantêm depedra e cal numa missão difícil, a deestar com os paraguaios maispobres. Estivemos lá convidados dePortugal, Espanha, México, PortoRico, Estados Unidos, Canadá ePolónia, países que muito têminvestido neste projecto missionário.O futuro é incerto e as dificuldadesque se apresentam diante dosEspiritanos são enormes. Mas háalegria e esperança, sendo o grupomuito jovem e promissor, compadres da Nigéria, Portugal, CaboVerde,

Polónia, México, Angola e Espanha.Mais internacionalidade é difícil!Os últimos dias foram por mimpassados no Noviciado de toda aAmérica Latina, em San Lorenzo,nas periferias de Assunção. OsEspiritanos animam a Paróquia daSenhora do Rosário com umaquinzena de Comunidades, numaárea grande onde está o famosohospital pediátrico visitado pelopapa Francisco no ano passado.Pude visitar e celebrar em algumasdestas comunidades onde saberguarani é quase uma exigênciapastoral. São periferias pobres ebastante inseguras, mas com umpovo simples, simpático e sempre areceber de braços abertos quemvisita.O futuro a Deus pertence, masquero crer que a presençaEspiritana no Paraguai terá mais‘investimento’ e, assim, mais emelhor compromisso com os pobresque têm direito a um futuro melhor.

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