A Narcose Causada Pela Tecnologia

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O Amante de “GADGETS” Narciso como Narcose Como dito no capítulo 4 (McLUHAN, 1974, p. 59-67), O Amante de “Gadgets” – Narciso como Narcose, Narciso é o personagem de um mito grego e seu nome deriva da palavra narcosis, que significa entorpecimento. Narciso, ao ver o seu próprio reflexo na água, não reconhecendo que era seu, se apaixonou. A extensão dele no reflexo enfraqueceu os seus sentidos e o deixou em uma espécie de transe causada pela sua própria imagem prolongada ou repetida. Ele se adaptou à extensão de si mesmo e “travou” os outros sentidos. Os homens se fascinam por qualquer extensão deles mesmo em qualquer material que não seja o deles. Porém, Narciso só se apaixonou pela imagem refletida por que ele não a reconheceu como parte dele, se ele soubesse que aquela imagem era só uma repetição dele mesmo ele não teria se apaixonado, ao contrario do que a nossa cultura sugere, dizendo que a historia de Narciso, foi apenas uma historia de auto-amor. Estudos médicos afirmam que as extensões de nós mesmos, são tentativas do corpo de se manter em equilíbrio. Essa extensão é chamada de “auto amputação”, mas na língua cotidiana há expressões equivalentes como: “Ficar fora de si” e “Nem piscou”. O homem é obrigado a prolongar várias partes de seu corpo. Sob o efeito de estímulos físicos, o sistema nervoso central tenta se proteger, isolando o órgão, sentido ou função atingida. Podemos dizer que o que estimula uma nova invenção são a velocidade com que a tecnologia anda e o aumento da carga. Quando uma função isolada é ampliada o sistema nervoso bloqueia a função ou percepção envolvida. A imagem refletida de Narciso é uma extensão provocada por

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Analise do quarto capitulo do livro de McLuhan sobre as extensões do homem e suas consequências

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O Amante de GADGETSNarciso como NarcoseComo dito no captulo 4 (McLUHAN, 1974, p. 59-67), O Amante de Gadgets Narciso como Narcose, Narciso o personagem de um mito grego e seu nome deriva da palavra narcosis, que significa entorpecimento. Narciso, ao ver o seu prprio reflexo na gua, no reconhecendo que era seu, se apaixonou. A extenso dele no reflexo enfraqueceu os seus sentidos e o deixou em uma espcie de transe causada pela sua prpria imagem prolongada ou repetida. Ele se adaptou extenso de si mesmo e travou os outros sentidos. Os homens se fascinam por qualquer extenso deles mesmo em qualquer material que no seja o deles.

Porm, Narciso s se apaixonou pela imagem refletida por que ele no a reconheceu como parte dele, se ele soubesse que aquela imagem era s uma repetio dele mesmo ele no teria se apaixonado, ao contrario do que a nossa cultura sugere, dizendo que a historia de Narciso, foi apenas uma historia de auto-amor. Estudos mdicos afirmam que as extenses de ns mesmos, so tentativas do corpo de se manter em equilbrio. Essa extenso chamada de auto amputao, mas na lngua cotidiana h expresses equivalentes como: Ficar fora de si e Nem piscou.

O homem obrigado a prolongar vrias partes de seu corpo. Sob o efeito de estmulos fsicos, o sistema nervoso central tenta se proteger, isolando o rgo, sentido ou funo atingida. Podemos dizer que o que estimula uma nova inveno so a velocidade com que a tecnologia anda e o aumento da carga. Quando uma funo isolada ampliada o sistema nervoso bloqueia a funo ou percepo envolvida. A imagem refletida de Narciso uma extenso provocada por presses exteriores, e ela provoca um retardo sensorial o que impede o reconhecimento daquela imagem como parte de si mesmo, pode-se concluir que a extenso impede o auto-reconhecimento.A auto-amputao como alivio imediato da presso externa, vem desde as origens dos meios de comunicao. O sistema nervoso central obrigado a conter coisa que ameace o seu funcionamento, mesmo que para isso o rgo ofendido seja extrado. O corpo atua como um amortecedor para mudanas sociais e fsicas, ele utiliza o prazer e o confortopara equilibrar o sistema nervoso central. Com o avano da tecnologia o homem se entendeu tanto, que o sistema nervoso no consegue mais contar com os rgos pra se equilibrar, e em casos extremos amputa o prprio ser, e entorpece totalmente a pessoa fazendo com que ela, aparentemente, seja imune a dor e outros estmulos, isso acontece porque o sistema nervoso central tenta se proteger dos golpes violentos das sensaes. Sendo assim, quando um sentido isolado estimulado prolongadamente, ele entorpece os outros, ou seja, o sistema nervoso central entorpece todo o corpo por uma irritao localizada, e desse jeito que a tecnologia funciona. Qualquer inveno tecnolgica uma extenso humana e essa extenso exige que a configurao de equilbrio entre os rgos e as outras extenses seja modificada. Desta forma no podemos nos recusar as novas relaes entre os sentidos, porm a forma como as novas extenses so apropriadas pelas pessoas varia de cultura para cultura.Como diz o salmista no Salmo 113: Quem os fez ser como eles assim que a tecnologia afeta as pessoas, deixando-os desprovidos de sentidos. Para utilizarmos uma tecnologia como extenso, necessrio adot-la, ou seja, aceita-l e sofrer os fechamentos como consequncias, virando servos dessa tecnologia. O homem modificado pela tecnologia, mas tambm a modifica, fazendo com que ela se estenda a novas formas, e o prprio homem usa essas novas formas como entorpecentes.O temor da guerra e a guerra so os grandes incentivadores do avano tecnolgico, mas o perodo ps guerra o maior incentivador, pois a cultura tem que ser readaptada pela a cultura dos invasores, e nessa luta de idias que nasce as mais avanadas tecnologias.Com a energia eltrica, o nosso sistema nervoso central exposto, sendo projetado para fora, e para no perecermos, entorpecemos o sistema. Quanto mais tecnologia, mais temos que entorpecer o nosso sistema, e com o sistema entorpecido, as tarefas que ele fazia so puxadas para a vida fsica e assim tomamos conscincia de que a tecnologia uma extenso de nosso corpo fsico. Com essa descoberta, a vida privada e social descoberta resultando na conscincia social como causa da culpa. O existencialismo nos d uma filosofia de estruturas que toma o envolvimento social total em vez do isolamento individual e do ponto de vista. Na era da eletricidade, usamos a humanidade como nossa pele.