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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS MG Instituto de Ciências da Natureza Campus de Alfenas CURSO DE GEOGRAFIA LICENCIATURA Trabalho de Conclusão de Curso HENRIQUE FARIA DOS SANTOS A OUTRA FACE DO AGRONEGÓCIO GLOBALIZADO E AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS: ESTUDO DE CASO COM A CAFEICULTURA MODERNA NO MUNICÍPIO DE ALFENAS - MG Alfenas MG 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG Instituto de Ciências da Natureza

Campus de Alfenas

CURSO DE GEOGRAFIA LICENCIATURA Trabalho de Conclusão de Curso

HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

A OUTRA FACE DO AGRONEGÓCIO GLOBALIZADO E AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS: ESTUDO DE CASO

COM A CAFEICULTURA MODERNA NO MUNICÍPIO DE ALFENAS - MG

Alfenas – MG 2011

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HENRIQUE FARIA DOS SANTOS

A OUTRA FACE DO AGRONEGÓCIO GLOBALIZADO E AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS: ESTUDO DE CASO COM A CAFEICULTURA MODERNA NO

MUNICÍPIO DE ALFENAS - MG Orientadora: Profa. Dra. Ana Rute do Vale

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de graduado no curso de Geografia modalidade licenciatura pela Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG. Área de concentração: Geografia Agrária.

Alfenas – MG 2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelas bênçãos concedidas em vida e pelas

conquistas alcançadas até aqui, o qual me deu muitas forças para realizar um

grande sonho em minha vida, o de cursar o ensino superior.

Agradeço também a minha família, que muito torceu por minhas vitórias e me

apoiou nos objetivos a qual tenho prezado. Em especial, minha mãe Maria Rosa,

meu pai Oswaldo e meus irmãos Wilhiam, Leandro e Ricardo. Não deixando de

lembrar dos meus avós paternos Lindaura e Benjamim e meus avós maternos

Ângelo e Carmelita, que muito me ensinam sobre a humildade e sobre as coisas

simples da vida.

Este trabalho é obra maior e especial também do meu amor, Sidnea Batista,

que muito me apoiou e com sua humildade e carisma, me acompanhou nas etapas

fáceis e difíceis desta trajetória. Obrigado linda, pelo seu amor!

Não posso deixar de mencionar também a contribuição e companheirismo

dos meus colegas de sala, que muitas lembranças irei guardar, em especial da

Michele Renzo, ValdeliceMezavila, Fábio Vieira, Diógenes Aparecido, Fabiene

Pereira e Rômulo José. Valeu galera!

Mas nada teria acontecido sem o auxílio e orientação de meus professores e

mestres que me acompanharam neste curso, em especial a Profa. Dra. Ana Rute do

Vale, que me acolheu com muita dedicação e competência, a dar continuidade a

realização do meu sonho. Agradeço também as contribuições do Prof. Dr. Samuel

Frederico, pelos conhecimentos compartilhados. Importante não deixar de destacar

a importância da minha banca examinadora, os Profs. Drs. Evânio Branquinho e

Marcelo Rezende, pela confiança.

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RESUMO

O presente trabalho dispõe de uma análise geral sobre os principais impactos

causados pelo agronegócio globalizado do café associado à modernização do

campo no município de Alfenas – MG. A cafeicultura se expressa como uma das

atividades econômicas mais tradicionais do município e hoje é considerada de longe

a principal cultura agrícola da região, estando localizada na dinâmica espacial do Sul

de Minas, maior região produtora de café do Brasil.

Tal atividade provocou nos últimos anos a intensificação das novas relações

campo-cidade e conseqüências socioespaciais inerentes à difusão cada vez maior

da agricultura tecnificada, com a marginalização de grupos sociais vulneráveis ao

processo. A modernização da agricultura tem desencadeado mudanças

significativas nos modos de produção e nas relações de trabalho, nos quais muitos

produtores e trabalhadores agrícolas, devido as suas plenas dificuldades inerentes a

recursos e capitais, têm sido excluídos do novo modelo de produção agrícola. Além

disso, muitas empresas e instituições instaladas no município tem se apresentado

funcionais as novas necessidades do campo moderno, tornando o meio urbano

como “cidade do agronegócio”.

Nem todos os agentes do circuito espacial produtivo do café tiveram ou tem

acesso eficiente à modernidade do agronegócio. A concentração fundiária e a

mecanização agrícola ocasionaram desde a década de 1970 o aumento do êxodo

rural e da população urbana no município, em decorrência da inviabilidade produtiva

de pequenos produtores e do desemprego no campo. A desigualdade presenciada

no campo torna a se reproduzir na cidade com as condições sociais insatisfatórias

de famílias de origem camponesa e das lavouras cafeeiras que moram na periferia

de Alfenas, enquanto muitos cafeicultores, em geral pequenos proprietários

agrícolas, lutam para vencer as dificuldades produtivas e permanecer no campo.

Realidade que revela a outra face do agronegócio globalizado de cafeicultura

moderna.

Palavras chaves: modernização da cafeicultura; cidade do agronegócio; circuito

espacial de produção; relações campo-cidade; desigualdades socioespaciais.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de vias de acesso ao município de Alfenas por várias

cidades importantes ......................................................................................... 27

Figura 2 - Mapa da região de Alfenas e municípios de entorno ....................... 27

Figura 3 - Evolução das áreas (em hectares) de lavouras das principais

culturas agrícolas no município de Alfenas ...................................................... 29

Figura 4 - Evolução na participação (percentual) da lavoura cafeeira no

total das lavouras agrícolas do município de Alfenas ....................................... 29

Figura 5 - Vista da empresa Outspan Brasil Importação e Exportação

Ltda. (A) e Casa Nobre Comércio e Armazenagem de Grãos Ltda. (B) ........... 36

Figura 6 - Vistas de algumas empresas vinculadas ao ramo do

agronegócio cafeeiro na cidade de Alfenas – MG ............................................ 37

Figura 7 - Percentual de produtores entrevistados que possuem

maquinários e/ou implementos agrícolas utilizadas na cafeicultura ................. 43

Figura 8 - Colheitadeiras de café na lavoura agrícola ...................................... 44

Figura 9 - Principais dificuldades de manutenção de lavoura e/ou negócio

do café.............................................................................................................. 48

Figura 10 - Percentual da área dos estabelecimentos agropecuários em

geral e o de lavouras permanentes de Alfenas por grupos de área total em

2006 ................................................................................................................. 51

Figura 11 - Participação (%) da população urbana e da rural em Alfenas,

de 1970 a 2010 ................................................................................................ 52

Figura 12 - Crescimento populacional de Alfenas ............................................ 53

Figura 13 - Saldo de empregos no setor cafeeiro nos meses de 2010 em

Alfenas ............................................................................................................. 54

Figura 14 - Imagens dos bairros Santa Clara e Campos Elíseos na cidade

de Alfenas (MG) ............................................................................................... 55

Figura 15 - Grau de escolarização de todos os membros das famílias

moradoras entrevistas na periferia de Alfenas ................................................. 56

Figura 16 - Renda familiar mensal, antes (no campo) e atual (na cidade) ....... 56

Figura 17 - Principais motivos do êxodo rural das famílias .............................. 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - PIB por setor de atividade econômica em Alfenas e em Minas

Gerais em 2008 ................................................................................................ 27

Tabela 2 - Ranking dos 20 maiores municípios produtores de café do

estado de Minas Gerais em 2009 ..................................................................... 30

Tabela 3 - Ranking dos 20 maiores municípios produtores de café da

região Sul/Sudoeste de Minas em 2009 ........................................................... 31

Tabela 4 - Caracterização dos estabelecimentos rurais pesquisados .............. 42

Tabela 5 - Número de estabelecimentos e área dos estabelecimentos

agropecuários de Alfenas por grupos de área total em 2006 ........................... 50

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 08

2. A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO DO CAFÉ NO BRASIL.............. 10

3. A ESPECIALIZAÇÃO PRODUTIVA REGIONAL NO ATUAL

PERÍODO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL ............................ 13

3.1 A outra face do agronegócio globalizado e as desigualdades

socioespacais ........................................................................................ 16

3.2 As regiões competitivas no circuito espacial produtivo de café: a

importância do Sul de Minas Gerais ...................................................... 21

3.3 A constituição de cidades funcionais à produção cafeeira ................... 23

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................... 26

4.1 A constituição de Alfenas como cidade funcional à produção

cafeeira no Sul de Minas ....................................................................... 26

4.1.1 Impactos do agronegócio e as novas relações campo-cidade .... 31

4.1.2 Rede de serviços e infraestruturas funcionais ao campo

moderno ...................................................................................... 33

4.2 As desigualdades socioespaciais no agronegócio de cafeicultura

moderna ................................................................................................ 40

4.2.1 Condição socioeconômica e capacidade produtiva dos

grandes e pequenos produtores de café .................................... 41

4.2.2 Marginalização no campo e movimento do êxodo rural .............. 50

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 61

APÊNDICES .................................................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise geral sobre os

principais impactos positivos e negativos causados pelo agronegócio globalizado do

café associado à modernização do campo no município de Alfenas – MG. A

cafeicultura se expressa como uma das atividades econômicas mais tradicionais do

município e hoje é considerada de longe a principal cultura agrícola da região,

estando localizada na dinâmica espacial do Sul de Minas, maior região produtora de

café do Brasil. Para análise de tais conseqüências dessa atividade, a pesquisa se

pautou em identificar alguns aspectos importantes sobre a intensificação das novas

relações campo-cidade e das conseqüências socioespaciais inerentes a difusão

cada vez maior da agricultura tecnificada, com a marginalização de grupos sociais

vulneráveis ao processo, tendo como estudo de caso, a produção de café em

Alfenas e região.

A modernização da agricultura tem provocado, não só na região, mas em todo

o país, mudanças significativas nos modos de produção e nas relações de trabalho.

Em razão da maior competitividade do mercado quanto à qualidade e rentabilidade

dos produtos de exportações agrícolas, como o café, vários cafeicultores são

levados a introduzir em seus processos produtivos melhores técnicas de cultivos e

de beneficiamento, dispondo de capital para a geração de uma agricultura altamente

moderna. Neste processo, muitos produtores não possuem condições e capitais

necessários para realizar tais investimentos, enfrentando várias dificuldades para se

manter no mercado em decorrência da baixa capacidade de produção e obtenção de

um produto de qualidade. Além disso, a mecanização das lavouras de café,

principalmente nas etapas da colheita, tem ajudado a aumentar o desemprego no

campo, através da substituição cada vez maior do trabalho realizado pela mão de

obra valorizada.

Tal realidade do campo influenciou, desde a década de 1970, no aumento do

fluxo do êxodo rural e o conseqüente aumento da população urbana, aliado em parte

com a dinamização da economia do município quanto ao desenvolvimento das

atividades do agronegócio. Muitos profissionais qualificados vieram de outras

cidades para trabalharem nas novas empresas do ramo que surgem no município.

Enquanto que muitas famílias em geral, de baixa renda e vítimas do desemprego no

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campo, se mudaram para se alocar nos bairros periféricos da cidade, reproduzindo

neste meio as mesmas desigualdades inerentes a sua marginalização socioespacial.

A primeira parte de nossa análise de pauta em algumas considerações acerca

da importância do agronegócio no Brasil e do processo de modernização agrária a

partir da especialização produtiva regional no atual período técnico-científico-

informacional; as causas e conseqüências das desigualdades socioespaciais

inerentes da modernização agrícola; e a constituição da região competitiva do Sul de

Minas e das cidades funcionais à produção cafeeira. Na segunda parte, o trabalho

contempla os resultados e discussões alcançados com as pesquisas realizadas no

município de Alfenas - MG, expondo os principais impactos do agronegócio e das

novas relações campo-cidade, assim como a refuncionalização das atividades

urbanas e da intensificação das desigualdades socioespaciais associados à

modernização da cafeicultura.

A metodologia empregada para a elaboração do trabalho consistiu na

realização de pesquisa e revisão bibliográfica de textos (livros, artigos, dissertações

e teses) relacionados a teorias da geografia agrária e regional, ao agronegócio do

café, as desigualdades no espaço agrário, as cidades do agronegócio e as relações

campo-cidade; pesquisas na internet em sites governamentais para obtenção de

dados relacionados à produção e comércio do café; e trabalhos a campo a fim de

realizar levantamentos de dados e informações a respeito de empresas e

instituições associados ao agronegócio do café, bem como entrevistas a 5 grandes e

5 pequenos produtores de café no município e a 10 moradores de bairros periféricos

de Alfenas (Santa Clara e Campos Elíseos) que antes vieram do campo e eram

trabalhadores ou proprietários de lavouras de café, com aplicação de questionários

específicos, dispostos no Apêndice. As amostras pequena de cada grupo foi

representativa e meramente serviram para ilustrar a dimensão dos principais

impactos que se podem identificar com o agronegócio globalizado

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2. A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO DO CAFÉ NO BRASIL

O agronegócio é um setor de atividades econômicas que a muito tempo se

estabeleceu como base da economia brasileira, desenvolvendo-se em meio a

fatores econômicos e naturais favoráveis a inserção do país como especialista na

produção agropecuária na Divisão Internacional do Trabalho. Moderno, eficiente e

competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável.

Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase

13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de

hectaresde terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões

ainda não foramexplorados. (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E

ABASTECIMENTO, 2006 citado por CESARIO, 2008, p. 1).

Esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural para a agropecuária

e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a

principal locomotiva da economia brasileira e responde por 25,4% do PIB (Produto

Interno Bruto) do país, gerando em 2008 um capital de quase 765 bilhões de reais.

Sua participação nas exportações brasileiras bate os 36,3% e contribui para 37% da

geração de emprego nacional (SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA,

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS, 2008).

Estudando o conceito de agronegócio, percebe-se que deriva de uma

atividade de grande complexidade e que envolve diversos agentes, que atuam em

vários setores econômicos. Segundo Pizzolatti (2004, p.1), “agribusiness é um

sistema integrado; uma cadeia de negócios, pesquisa, estudos, ciência, tecnologia,

etc., desde a origem vegetal/animal até produtos finais com valor agregado, no setor

de alimentos, fibras, energia, têxtil, bebidas, couro e outros”. Sobre a origem do

termo agribusiness, Rogério da Silveira (2007, p. 218) explica que:

uma primeira formulação conceitual é a ideia de agribusiness (ou agronegócio) elaborada pelos norte americanos Davis e Goldberg em 1957, no qual seria a totalidade das atividades referentes o processamento e distribuição de insumos agrícolas, à produção agrícola realizada nas propriedades rurais e ao armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e seus derivados.

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Segundo o autor (2007) o sistema agroindustrial é constituído por quatro

segmentos: o segmento de produção de insumos e serviços à montante da atividade

agropecuária (crédito, assistência técnica, máquinas e equipamentos, insumos); de

produção agropecuária das matérias primas; de beneficiamento e de transformação

industrial das matérias primas a jusante da sua produção; e o de comercialização e

distribuição dos produtos finais.

As atividades do agronegócio têm permitido a produção e comercialização de

commodities por todo o mundo, envolvendo muitos produtos agrícolas que

geralmente são produzidos e exportados por vários países especializados neste

ramo de atividade econômica.

O Brasil é destaque por ser um dos maiores produtores e exportadores de

alimentos no mundo. E dentre os produtos agrícolas, é líder na produção de café,

cujo produto sempre fez parte da história econômica do país. Desde o século XVI,

quando os primeiros pés de café foram plantados em território brasileiro, o país vem

ampliando a sua capacidade produtiva com a ajuda de solos e clima favorável para o

cultivo da lavoura. Assim, o café passou a se constituir no século XIX como principal

produto do cenário agro-mercantil e responsável por impulsionar a industrialização

do país no início do século XX. Diversos investimentos viabilizariam a expansão

agrícola cafeeira, principalmente no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, tornando

o país cada vez mais especializado na produção (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2009).

A expansão mundial do consumo de café exigiu, ao longo dos tempos, uma

tomada importante para que diversos lugares propícios para a sua produção se

tornassem especializados em tal atividade, para atender a um mercado que só fez

crescer desde então. Assim, o Brasil entra em cena com a vocação de possuir todas

as características e viabilidades necessárias para se tornar grande produtor cafeeiro,

favorecido principalmente por uma economia de base agroexportadora.

O Brasil participa no mercado mundial como o maior produtor e exportador de

café. Sua produção corresponde em média a 30% da produção mundial, produzindo

anualmente pouco mais de 30 milhões de sacas de 60 Kg. Desse montante, 80%

dos grãos são destinados à exportação, sendo o país responsável por 30% das

exportações mundiais. Os maiores importadores do café brasileiro são

principalmente os países desenvolvidos, como a Alemanha, EUA, Itália e Japão,

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respectivamente (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E

ABASTECIMENTO, 2009).

Em 2009, o Brasil colheu 34.470.000 sacas de 60 Kg (32,7% da produção

mundial) e exportou mais de 30 milhões de sacas (31,9% das exportações mundiais

do produto), ficando bem a frente da participação do segundo maior produtor e

exportador do planeta, o Vietnã, que participou com aproximadamente 15% da

produção e 17,9% do total das exportações mundiais de café. Além disso,

agronegócio cafeeiro participa com 6,6% das exportações totais de produtos

agropecuários do país, sendo responsável pela geração de 7 milhões de empregos

nacionais diretos e indiretos, e por uma riqueza anual de 10 bilhões de reais (cerca

de 3 bilhões de dólares). Há 11 regiões e 1.850 municípios envolvidos na

cafeicultura brasileira, que ocupa 2,7 milhões de hectares plantados, com aproxima-

damente 6 bilhões de pés – pouco mais da metade só no Estado de Minas Gerais

(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2009).

O desempenho da economia cafeeira pode ser medido através da expansão

da produção e da produtividade de café no país e do aumento da participação das

exportações brasileiras no mercado mundial nos últimos 9 anos. Em 2000, o Brasil

produziu 31,1 milhões de toneladas de café, com uma produtividade de 15,7 sacas

por hectare. Já em 2009, este número subiu para 39,4 toneladas e 18,9 sacas por

hectare, respectivamente. No primeiro ano, o país participou 20,3% do total das

exportações mundiais de café, passando a responder em 2009 por 31,7% deste

comércio. Parte deste crescimento se deve, principalmente, pelo aumento do

repasse de recursos oriundos do Funcafé (Fundação Nacional do Café) para custear

despesas como o de financiamentos, pesquisas, publicidade e promoção dos cafés

pelo país. O orçamento aprovado para este fim passou de 746 milhões de reais em

2000 para 2,8 bilhões em 2009, contribuindo, assim, para a expansão dos processos

produtivos (plantação e manutenção de lavouras, colheitas, beneficiamentos,

armazenamento e transporte); do comércio cafeeiro, das pesquisas e

desenvolvimento do setor, entre outras atividades (MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2009).

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3. A ESPECIALIZAÇÃO PRODUTIVA REGIONAL NO ATUAL PERÍODO

TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL

O processo de especialização dos lugares ou dos espaços tem se

intensificado nos últimos anos devido às conseqüências do fenômeno da

globalização, cujos atores desta nova época ocupam, usam e transformam os

diversos espaços geográficos, principalmente em detrimento dos interesses do

capital aplicado. Segundo Milton Santos e Maria Silveira (2001, p. 105), “graças aos

progressos da ciência e da técnica e à circulação de informações, geram-se as

condições materiais e imateriais para aumentar a especialização do trabalho nos

lugares. Cada ponto do território modernizado é chamado a oferecer aptidões

específicas à produção”.

Essa nova condição dos espaços está inserida dentro da época na qual Milton

Santos (2008, p. 45) chama de período técnico-científico-informacional, a qual se

“caracteriza pela presença constante dos sistemas técnicos de produção, da ciência,

que aprimoram as técnicas, e da informação, responsável pelo avanço das técnicas

e da ciência e da maior fluidez e controle dos territórios por meio das ações”. Tal fato

precede na facilidade e necessidade de especializar territórios para a produção a fim

de atender mais eficientemente as demandas do mercado mundial, ao mesmo

tempo que determinadas regiões se tornam espaços internacionalizados.

A natureza deste espaço funcional se baseia em elementos materiais e

imateriais, que capacitam estes lugares a desenvolverem e a realizarem de forma

eficiente os processos produtivos. Santos (1996, p. 63) nos explica que “o espaço é

formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas

de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o

quadro único no qual a história se dá”. Os objetos como sendo parte dos elementos

materiais, ou seja, objetos criados e fabricados pelo homem, fixados em cada lugar;

enquanto ações como parte dos elementos imateriais, ou seja, o conjunto de

normatizações e leis que controlam e criam novos objetos, através de fluxos

materiais e informacionais diversos.

Tal realidade é bem vista nos espaços que desenvolvem a atividade do

agronegócio, onde os objetos ou fixos são todos os meios de produção envolvidos,

como as fazendas, armazéns, beneficiadoras, maquinários, implementos, insumos,

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sistemas de transportes e comunicação, sistema de eletrificação, empresas de

assistência técnica e financeira, instituições de pesquisa, cidades adaptadas ao

ramo agrícola, etc.; enquanto as ações dizem respeito a todo aporte normativo e

regulatório desses meios de produção, constituídos por conteúdo informacional e

científico existente, envolvendo os modos de produção, as atividades de

comercialização e logística, as operações bancárias, as exigências e apoios de

governos, empresas e consumidores, etc.

Assim, na medida em que se intensificam as ocorrências destas dinâmicas,

mais estes espaços vão se tornando fluídos e tecnicamente artificializados, dotados

de grande potencial produtivo e comumente competitivo. E esta fluidez espacial é

um dos fatores mais importantes para gerar competitividade a um lugar, pois como

diz Milton Santos (1996, p. 275), “não basta, pois, produzir. É indispensável pôr a

produção em movimento. Em realidade, não mais a produção que preside à

circulação, mas é esta que conforma a produção”.

Neste sentido, Müller(1989, p. 27) nos revela a importância e os efeitos desta

condição dos lugares para a revolução do espaço agrícola ou rural:

A circulação em geral, o comércio e as comunicações, revolucionadas pela acumulação de capital, aumentam a dependência da agricultura. A aplicação das conquistas da ciência moderna na agricultura provoca uma revolução na organização rural, suprimindo o divórcio entre agricultura e indústria. Em outras palavras, o capital se apodera da agricultura, inicialmente, pelas vias de circulação, e, posteriormente, revolucionando seu modo de produzir.

Esses novos espaços, qualificados ou requalificados, se constituem, segundo

Ricardo Castilho (2008, p. 8) como “regiões competitivas”. Apoiado em Santos

(1994), o autor nos menciona que “o conceito de região competitiva deriva

diretamente da idéia de coesão regional decorrente de vetores externos e

fundamentados em arranjos organizacionais”. Trata-se de um compartimento

geográfico caracterizado pela especialização produtiva obediente a parâmetros

externos (em geral internacionais) de qualidade e custos. Assim, a competitividade

se estabelece na região por ser esta funcional aos mercados internacionais, na

forma como bem explica Castilho (2008, p. 8):

A competitividade deixa de ser apenas um atributo das empresas e passa também a se expressar em frações do espaço (através de

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intervenções materiais e densidades normativas), organizadas para produzir de forma obediente aos parâmetros de qualidade e custos estabelecidos pelos mercados internacionais. Essas regiões, preferencialmente, são as que atraem os investimentos públicos e privados, transformando grandes porções do território em áreas de exclusão.

Desta forma, as regiões competitivas são dotadas de fatores e condições

especiais que conferem às atividades produtivas, engajadas na modernidade, uma

maior eficiência nas formas de produção e de circulação, por meio da inserção de

atores que transformam os espaços com a aplicação de capital e seus respectivos

produtos de desenvolvimento: técnica, ciência e informação. Com a existência

desses novos fatores, ocorre uma intensa estruturação de áreas recentemente

ocupadas e utilizadas ou uma reestruturação de áreas que há algum tempo já

desenvolvem alguma forma de uso.

Este processo, então, ocorre nas regiões competitivas de agricultura

moderna, tanto no meio rural, com a entrada de sofisticadas técnicas de produção,

como maquinários, insumos e implementos agrícolas, tecnologia em produção de

sementes e nas diversas etapas de plantio, colheita e beneficiamento, etc.; quanto

no meio urbano, com a presença de uma rede de serviços e sistemas de

armazenagem, de comercialização, de assistência técnica, de produção e vendas de

insumos e implementos agrícolas, de financiamentos, etc. Características que

beneficiam o arranjo produtivo local e que oferecem vantagens e maior eficiência à

região a qual determinada atividade produtiva esta instalada. Assim, as relações que

mais se alteram com a agricultura moderna são os vínculos, as funções e o uso do

espaço urbano e do campo. Sobre isto, Santos nos menciona que:

Ciência, tecnologia e informação fazem parte dos afazeres cotidianos do campo modernizado, através das sementes especializadas, da correção e fertilização do solo, da proteção das plantas pelos inseticidas, da superimposição de um calendário agrícola inteiramente novo, fundado na informação, o que leva para as cidades médias do interior um coeficiente de modernidade. Não raro,

maior que o da metrópole (SANTOS, 1994, p. 41).

Estas mudanças são afirmadas também, de modo contundente, por Silveira

(2007, p. 215) dentro do âmbito da agricultura no país, quando diz que a agricultura

brasileira tem experimentado, nas últimas três décadas, um intenso processo de

transformação, a partir da globalização da economia. Este fato tem sido um vetor

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importante de mudanças, na medida em que tem levado à reestruturação produtiva,

especialmente daqueles cultivos direcionados à exportação. Sobre estas

transformações, o autor (2007, p. 215) nos menciona que:

Essa reestruturação tem significado a fragmentação e a crescente especialização dos espaços agrícolas, a promoção de inúmeras inovações no processo produtivo e de alterações nas relações sociais de produção, bem como a adoção de um crescente e seletivo conteúdo técnico-científico, informacional e normativa nas atividades do setor. Essas mudanças têm sido possibilitadas, principalmente, por meio da ampliação da industrialização da agricultura e da integração de capitais (agrário, comercial, industrial e financeiro), através da criação e consolidação, nesse período, dos chamados complexos agroindustriais (CAIs)1.

3.1 A outra face do agronegócio globalizado e as desigualdades

socioespaciais

As grandes transformações ocorridas no campo brasileiro inerente a sua

modernização e a sua subordinação ao capital industrial, comercial e financeiro,

promoveram mudanças profundas nas formas de se produzir e nas relações de

trabalho. Este fato está aliado aos resultados do aumento das exigências do

mercado quanto a qualidade e a rentabilidade dos produtos e dos modos de

produção, o que ocasionou uma incapacidade de muitos agentes e produtores em

se aderirem ao novo padrão agrário de se produzir. As modernas técnicas de

produção e as novas formas de organização empresarial no campo se tornaram

fatores inacessíveis para muitos grupos sociais vulneráveis e fadados ao atraso

tecnológico. Ao mesmo tempo, muitos produtores e trabalhadores foram excluídos

dessa modernidade, em decorrência da falta de recursos e capitais necessários para

se aderirem ao “novo padrão agrário”.

1 De acordo com Müller (1989, p. 45), o conceito de CAI é semelhante ao do agronegócio (ou

agribusiness) e, portanto, possui as mesmas atividades. Segundo ele, “o complexo agroindustrial, CAI, pode ser definido como um conjunto formado pela sucessão de atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais. Atividades tais como: a geração destes produtos, seu beneficiamento/transformação e a produção de bens de capital e de insumos industriais para as atividades agrícolas; ainda: a coleta, a armazenagem, o transporte, a distribuição dos produtos industriais e agrícolas; e ainda mais: o financiamento, pesquisa e a tecnologia, e a assistência técnica.

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Para Müller (1989), existem muitos interesses dominantes de empresas e

grupos econômicos ligados a subsetores industriais que se expandem ou são

atraídos a se instalarem no país devido a expansão – afetiva ou potencial – dos

mercados agrícolas, como detratores agrícolas; máquinas e implementos agrícolas;

inseticidas, fungicidas e pesticidas; adubos, fertilizantes e corretivos; produtos

farmacêuticos, e rações e alimentos para animais. Além desses interesses, há

aqueles das agroindústrias, que se modernizam técnico-economicamente e

pressionam a agricultura em termos de financiamento de matérias primas. E há

também os interesses de médios e grandes produtores do próprio setor agrícola

que, em termos de empresas e grupos econômicos, praticamente surgem e se

multiplicam no processo mesmo de integração indústria e agricultura.

Neste contexto, a presença de grandes empresas e/ou corporações de

segmentos agrícolas participam ativamente na transformação da agricultura

brasileira, na forma em defender seus interesses através da olipolização ou

monopolização do mercado. Isto reflete diretamente nos preços dos produtos de

consumo agrícolas (como os insumos, maquinários e implementos), influenciando

diretamente nos custos altos de produção e inviabilizando as atividades de

produtores que não possuem rendimento ou produção em escala suficiente para

cobrir as despesas e manter as suas lavouras. Os que não se modernizam não

obtêm um produto de qualidade exigida pelo mercado e conseqüentemente, vendem

a produção a um preço que lhe proporciona pouca ou nenhuma lucratividade. A

partir disto, esses não conseguem realizar nem se quer investimentos de melhorias

em sua propriedade, entrando em falência e se entregando aos ditames do mercado

fundiário.

Este quadro é representado principalmente pelos pequenos produtores, que

constitui em sua maioria a classe do campo denominada de “agricultura familiar”2, a

grande maioria de proprietários rurais do país (84,4% do número de

estabelecimentos rurais, ocupando 24,3% das terras no país, segundo o Censo

Agropecuário do IBGE 2006).

No caso da cafeicultura, as desigualdades são marcantes entre os produtores

quando analisamos a realidade sobre as perspectivas de custos de produção e

2 A agricultura familiar é, enquanto definição conceitual universalizável, uma determinada forma social

de produção na agropecuária que se notabiliza para a família, simultaneamente, deter o controle dos meios de produção (em propriedade ou não) e executar as atividades produtivas (CAUME, 2009, p. 36).

18

comercialização do café, ou seja, sobre os fatores da competitividade, explicitada

por Castilho (2008). A modernização agrícola presenciada desde meados de 1970 e

a forte presença de um mercado empresarial bastante concentrado e monopolizado,

provocou um grande pressionamento dos produtores agrícolas por exigências de

qualidade, produtividade e rentabilidade, o que influenciou na introdução das novas

tecnologias de produção. Mas essas novas técnicas passaram a representar custos

cada vez maiores de produção. Isto se soma ainda com o monopólio dos preços

desses produtos, que passaram a ser controlados no mercado por um número

pequeno de empresas corporativas de cunho transnacional.

Sobre isto, Rollo (2009) nos coloca que depois da desregulamentação estatal

do mercado do café (no que concerne a tarifas, impostos, cotas, financiamentos,

etc.) a partir dos anos de 1990, as empresas multinacionais aqui instaladas (tanto as

de capital internacional, quanto as de capital nacional), que já gozavam de certo

poder político e econômico, passam a ter muito mais poder.

Impondo suas lógicas a outras empresas (fornecedoras, compradoras ou distribuidoras) e influenciando as políticas de Estado, essas grandes empresas concentram cada vez mais poder econômico e político, tornando o território nacional eficiente às suas necessidades de maior competitividade em relação ao mercado nacional e internacional (ROLLO, 2009, p.56).

Com ganho de barganha e poder político-econômico, essas grandes

empresas passam então a determinar sem controle os preços de seus produtos,

repassando para outras cadeias de produção e comercialização, valores

sobrelevados, em defesa de seus altos lucros. Além disso, com a maior presença

autônoma do setor financeiro sobre o mercado agrícola, os preços do café ficam

vulneráveis as oscilações nas Bolsas de valores internacionais, muitas vezes de

forma desfavoráveis a muitos produtores, cuja cotação baixa reduzem a

lucratividade e a capacidade de produção de muitos agricultores.

A exemplo do funcionamento do mercado de consumo agrícola, temos os

insumos que, como inovações técnicas e por serem exigentes de alto grau de

ciência, tecnologia e informação, são oferecidas na maior parte das vezes por

grandes corporaçõesmundiais – muitas das quais detêm as patentes dessas

inovações. Segundo Rollo (2009, p. 49), “82% do total das vendas de fertilizantes

formulados no Brasil são realizados por apenas 4 empresas: Grupo Bunge, Yara,

19

Mosaic e Heringer ”fato que concede a esses grupos a capacidade de influir tanto

nos preços da matéria-prima para fabricação de fertilizantes como os preços finais

desse mercado. Já o mercado de defensivos agrícolas, 52,5% das vendas são

controlados por apenas 4 empresas: Syngenta, Bayer, Basf e Monsanto (Fonte:

ROLLO, 2009, p. 53).

No caso dos maquinários e implementos agrícolas destinadas a cafeicultura,

os dados do autor nos mostram que as maiores corporações que controlam a

produção, as vendas internas e exportações de tratores e colheitadeiras fabricados

no Brasil são a AGCO (no qual fazem parte as marcas Massey Ferguson, Valtra,

AGCO Allis, Challenger), CNH Global N. V. (que congregam as marcas CNH Case e

CNH New Holland) e a John Deere. Já no seguimento de máquinas voltadas ao

processo de pós-colheita do café (máquinas de recebimento, lavagem,

despolpamento, secagem, armazenagem e benefício de café), lideram as nacionais

Pinhalense S.A. Máquinas Agrícolas (equipam oito em cada dez exportadores de

café do país)e D’Andréa Agrimport (ROLLO, 2009, p. 56 a 59).

Sobre esta nova realidade do campo, Caume (2009) nos contribui

argumentando que no Brasil o agronegócio, por opção política, privilegiou a

produção de grande escala, a grande propriedade e a agricultura capitalista, onde,

ao longo de nossa história, grande parte de nosso campesinato foi marginalizado do

acesso à propriedade da terra e às possibilidades de modernização dos processos

de produção3. Segundo ele (2009, p. 39-40),

Números delineiam um perfil de desenvolvimento do agronegócio altamente excludente do ponto de vista social, na medida em que grande parte da produção agropecuária é de responsabilidade de um número muito pequeno de estabelecimentos; em contrapartida, um número expressivo de agricultores familiares, incapazes de se inserir nas cadeias de integração agroindustrial e com baixa participação na produção agropecuária do país, se reproduzem em condições precárias (CAUME, 2009, p. 39-40).

3 Segundo o autor, esse bloqueio ao desenvolvimento da agricultura familiar brasileira pode ser

simbolicamente representado por dois momentos históricos: em meados do século XIX, em plena crise do escravismo, a promulgação da Lei de Terras restringiu a possibilidade do acesso à propriedade fundiária a trabalhadores livres nacionais, aos escravos que estavam sendo libertos e aos imigrantes estrangeiros que vinham para suprir a mão de obra demandada pela economia cafeeira em expansão; em meados do século XX, o golpe militar de 1964 determinou a derrota política da reforma agrária e o impulso estatal ao projeto de “modernização conservadora da agricultura brasileira” (CAUME, 2009, p. 39-40).

20

Percebemos que Müller (1989, p. 48) também defende a mesma idéia,

expressa em suas causas:

Há, sem sombra a dúvidas, uma desigualdade na difusão do progresso técnico na agricultura brasileira tomada em seu conjunto, assim como desigualdade nas formas de organização da produção, no acesso ao financiamento, na organização institucional dos interesses sociais associados às atividades agrícolas.

Além disso, os trabalhadores que não possuem um nível maior de instrução

ou escolaridade para se adaptar as novas ferramentas de trabalho, agora dotadas

de maior tecnologia e conteúdo informacional, são dispensados e substituídos por

outros mais qualificados, ficando estes desempregados e obrigando a migrar para as

cidades em busca de novas oportunidades de trabalho e renda. Os que conseguem

permanecer, em pouco tempo vão sendo substituídos pelo trabalho das máquinas

do campo moderno, gerando assim, uma massa de trabalhadores rurais

desempregados que não tendo outras alternativas, acabam escolhendo as cidades

para se refugiarem e buscar a sobrevivência em família, participando assim do fluxo

do êxodo rural.

A desigualdade ao acesso à modernidade capitalista de produção na

agropecuária tem se tornado, em conjunto a uma política desfavorável aos

pequenos proprietários e trabalhadores do campo e vantajosa para os grandes

latifundiários e organizações comercias agrícolas, enfim, os principais motivos que

emperram o desenvolvimento social no meio rural e a formação de uma classe de

miseráveis e de baixa renda alojados em periferias e favelas nas médias e grandes

cidades, oriundos da migração do campo. Em 1960, Caio Prado Júnior em sua

publicação à Revista Brasiliense intitulada “Contribuição para a análise da questão

agrária no Brasil”, já denunciava esta realidade, quando dizia que a grande

propriedade e a exploração comercial em larga escala dos grandes latifundiários e a

desigualdade ao acesso ao amparo financeiro, comercial e tecnológica, seriam os

grandes responsáveis pelos obstáculos ao progresso social no campo. O autor

completa afirmando:

No que se refere às atividades agropecuárias, o aparelhamento comercial, financeiro, bem como o de fomento e amparo tecnológico, se acha a seu serviço (ao grande latifundiário). Quanto à pequena propriedade, quando não é espoliada pelo comércio intermediário,

21

resta-lhe vegetar completamente à margem da vida econômica do País, lutando por uma sobrevivência miserável e precária(PRADO JÚNIOR, 1979, p. 75-76).

Nesta nova dinâmica do espaço agrário brasileiro, percebe-se desde muito

tempo que sempre existiu a grande desigualdade social e econômica presente entre

os que desenvolvem na terra a sua atividade de renda. Tal quadro tende a se repetir

e se intensificar cada vez mais nos dias de hoje, com o fenômeno da modernização

do campo, encampada pelas novas tecnologias de produção e por um mercado

agropecuário cada vez mais exigente e competitivo, onde os pequenos produtores

descapitalizados e os trabalhadores desqualificados não possuem apoio nem

condições para se manter neste espaço.

3.2 As regiões competitivas no circuito espacial produtivo de café: a

importância do Sul de Minas Gerais

Nas regiões de produção especializada, “a competitividade é possível por

meio de uma eficiência imprescindível da logística, que passou a ser um dos pontos

centrais do ordenamento dos movimentos que perpassam os diversos circuitos

espaciais produtivos” (FREDERICO, 2009, p. 5). A logística, neste viés, é

denominada por Castilho (2008, p. 9) como:

o conjunto de competências infra-estruturais (transportes, armazéns, terminais intermodais, portos secos, centros de distribuição, etc.), institucionais (normas, tributação, etc.) e estratégicas/operacionais (conhecimento especializado detido por prestadoras de serviços ou operadores logísticos), que reunidas numa dada região, conferem competitividade aos agentes econômicos e aos circuitos espaciais produtivos.

No Brasil, são várias as regiões especializadas na produção e exportação de

café e, por tanto, competitivas no mercado. São áreas onde prevalecem fatores

como o domínio de uma agricultura moderna e de um sistema logístico altamente

eficiente, complementadas por um conjunto de fatores produtivos que são

responsáveis pela constituição do agronegócio globalizado. De acordo com

Frederico (2009, p. 5):

22

no território brasileiro existem diversos exemplos de constituição de regiões competitivas. Os casos mais emblemáticos são as grandes regiões produtoras de commodities agrícolas e minerais. O destino à exportação da maioria da produção, a presença de firmas transnacionais, a criação de sistemas técnicos e normativos com o intuito de viabilizar a produção, a especialização funcional das cidades locais são características comuns presentes na maioria

dessas regiões.

No caso do café, várias regiões do Brasil são competitivas por serem

altamente especializadas neste ramo de produção, contando desde a qualidade das

lavouras, as formas de colheitas e beneficiamentos até as formas de escoamento,

comercialização e melhoramento dos aportes que constituem o circuito produtivo,

como é o caso da região do Sul de Minas.

O seu potencial produtivo é justificado pela concentração de diversos

sistemas técnicos e normativos com o intuito de tornar eficiente a produção e a

logística do segmento cafeeiro, constituído de várias competências infraestruturais

(sistemas de transporte, de armazenamento e de comunicação), institucionais

(criação de Estações Aduaneiras do Interior, Recintos Exportadores, associações de

produtores, selos de denominação de origem, cooperativas, incentivos fiscais, leis

de desoneração das exportações, incentivos governamentais para produção,

acordos e realização de pesquisas em instituições e empresas) e estratégico-

operacionais (conhecimento técnico sobre a produção, presença de operadores

logísticos e transportadores especializados no transporte do café) que dão

competitividade ao circuito espacial produtivo do café e, conseqüentemente, aos

seus principais agentes econômicos (FREDERICO, 2009, p. 2).Além dessa reunião

de fatores importantes, as condições naturais para plantio da lavoura, relacionados

ao clima, aos solos e ao relevo propício, se torna extremamente importante para

determinar a especialização do Sul de Minas como a maior produtora de café do

país.

Desde a década de 1970, com a decadência da produção de café no estado

de São Paulo e Paraná, o estado de Minas Gerais passou a produzir a maior

quantidade de café no Brasil, respondendo por mais de 50% de toda a produção e

do parque cafeeiro nacional. O Sul de Minas se tornou a principal região brasileira

produtora de café, representado a metade da produção mineira e um quarto da

produção nacional, e responsável por 70% da renda agrícola regional. (ABIC, 2009).

Em 2010, a região produziu 12.626.000 sacas de café de 60 Kg, ou seja, mais da

23

metade da produção do estado de Minas Gerais (25.155.000 sacas) e mais do que

toda a produção do segundo maior estado produtor do país (Espírito Santo, com

10.147.000 sacas). O Sul de Minas conta também com a maior área de produção de

café, cujo parque cafeeiro totaliza 509.687 ha de lavouras (1.688.557 ha total no

país). Portanto, a região respondeu por uma participação de 26,2% de toda a

produção brasileira de café e de 24,5% na constituição de todo o parque cafeeiro do

país. Tal potencial tem refletido na participação das exportações mineiras de café no

país, saltando de 62,2% em 2003 para 71,8% em 2009 (o café sendo o produto mais

importante para exportações do agronegócio mineiro, 51,5% do total) (SECRETARIA

DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS

GERAIS, 2010).

A partir desta competitividade da região do Sul de Minas na produção de café,

é que se pode analisar os efeitos do agronegócio sobre o espaço do campo e das

cidades.

[...] nas regiões competitivas onde o meio técnico-científico-informacional se faz presente, tanto as ações quanto os objetos possuem um grande conteúdo em ciência e informação, o que conduz à proliferação de serviços com múltiplas especializações. Este fato é o principal responsável pelo fenômeno da urbanização nessas áreas, pois é nas cidades que o consumo dos serviços acontece e é nelas também que a informação oriunda das diversas partes do globo é tratada e retransmitida (SANTOS, 1996, p. 54).

Portanto, a cidade tornou-se o centro da realização da produção agrícola

moderna, passando a se especializar para atender as demandas do campo e das

demais atividades do agronegócio. As cidades se constituem, dotadas de objetos e

fluxos integrados, como meios funcionais para atender as demandas dos atores que

transformam o território através do arranjo produtivo local. Com a alocação de

diversas atividades e serviços responsáveis por esta função no meio urbano, as

cidades tendem a crescer com o aumento da população e se tornar uma rede mais

complexa, muitas vezes polarizando áreas e fazendo-se destacar em toda região à

qual a agricultura predomina como motor da economia.

24

3.3 A constituição de cidades funcionais à produção cafeeira

No Brasil, a reestruturação produtiva da agropecuária tem promovido

profundos impactos socioespaciais, quer no campo, quer nas cidades. Isto explica

em parte a reestruturação do território e a organização de um novo sistema urbano,

muito mais complexo, resultado da difusão da agricultura científica e do agronegócio

globalizado, que têm poder de impor especializações produtivas ao território.

Neste contexto, Denise Elias (2007) nos explica que o agronegócio

globalizado promove o processo de urbanização e de crescimento das áreas

urbanas, principalmente das cidades médias e locais, cujos vínculos principais se

devem às inter-relações cada vez maiores entre o campo e a cidade, fortalecendo-

as seja em termos demográficos ou econômicos. Assim, “é na cidade que se

realizam a regulação, a gestão e a normatização das transformações verificadas nos

pontos luminosos do espaço agrícola” (ELIAS, 2007, p. 115).

A partir disto, Frederico (2009, p. 4) nos aponta que “quanto maior a

especialização produtiva do campo e seu respectivo conteúdo em ciência e

informação, maior serão a urbanização e a inter-relação entre o campo e a cidade.”

Os núcleos urbanos surgidos ou adaptados à demanda do campo moderno são

denominados, por Denise Elias (2007, p.120), de “cidades do agronegócio”. Estas

são aquelas “cujas funções de atendimento às demandas do agronegócio

globalizado são hegemônicas sobre as demais funções”. Sobre a constituição das

cidades do agronegócio, a autora nos explica que:

A produção agrícola e agroindustrial intensiva exige que as cidades próximas ao campo se adaptem para atender às suas principais demandas, convertendo-as no seu laboratório, em virtude de fornecerem a grande maioria dos aportes técnicos, financeiros, jurídicos, de mão-de-obra e de todos os demais produtos e serviços necessários à sua realização. Quanto mais modernas se tornam essas atividades, mais urbana se torna sua regulação (ELIAS, 2007, p. 118).

Esta realidade é bem observada com a cafeicultura do Sul de Minas, onde a

agricultura moderna e o agronegócio globalizado, baseada em tecnologia, ciência e

informação para a produção de uma commodity agrícola, impõem uma grande

reestruturação do território da região e a organização de sistemas urbanos

adaptadas às demandas do campo. A instalação e o funcionamento de diversas

25

empresas e objetos associados ao ramo produtivo local, muitas delas de vínculo

internacional, realiza uma intensa especialização do território para a atividade

produtiva, resultando em profundos impactos socioeconômicos em vários

municípios.

Tal mudança é capaz de tornar a economia desses lugares extremamente

dependentes ao arranjo produtivo do café, o que causa uma grande vulnerabilidade

regional quanto ao presente e o futuro, determinadas pelo desempenho do mercado

internacional do café. Além disso, percebemos profundas desigualdades

sócioespaciais em razão de um agronegócio associado à agricultura moderna que

se materializa no território da região de forma excludente, o qual, como já foi exporto

anteriormente, tem marginalizado várias classes sociais, principalmente os de baixa

renda. No caso da cafeicultura, é contundente a existência de concentração

fundiária na produção agrícola e o desemprego de trabalhadores do campo e de

pequenos produtores por conta da falta de recursos e capitais necessários para se

manterem nas lavouras e participarem dos processos produtivos.

No intuito de analisar melhor essas mudanças espaciais e socioeconômicas

nas cidades funcionais a cafeicultura moderna do Sul de Minas, este trabalho visa

analisar os principais impactos sociais e econômicos do agronegócio cafeeiro em um

dos municípios mais importantes da região do Sul de Minas na produção de café,

servindo de grande funcionalidade ao arranjo produtivo regional: Alfenas. O

município concentra desenvolvidas atividades ligadas à produção e serviços

vinculados ao café, como várias propriedades agrícolas, armazéns, empresas de

exportação, cooperativas especializadas (Cooxupé), revendedores de insumos e

implementos agrícolas, centros de assistência técnica e de apoio aos pequenos

produtores (Emater-MG), instituições de crédito e financiamentos, etc. Ao mesmo

tempo, percebe-se uma profunda desigualdade socioespacial inerente os efeitos

mais perversos da modernização do campo e os ditames do mercado agropecuário

capitalista, que tem o poder de marginalizar os agentes menos favorecidos por esta

nova condição produtiva.

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 A constituição de Alfenas como cidade funcional à produção cafeeira

no Sul de Minas

O município de Alfenas possui uma área de 850 Km2, uma população de

73.722 habitantes e uma densidade demográfica de 86,7 hab/Km2. Situa-se nas

coordenadas geográficas de latitude 21º25”44’S e de longitude 45º56”49’W e possui

como municípios limítrofes: ao Norte - Alterosa, Carmo do Rio Claro Campos Gerais

e Campo do Meio; a Leste - Paraguaçu e Fama; ao Sul - Machado e Serrania e a

Oeste - Divisa Nova e Areado (IBGE 2010). Encontra-se localizada nos vales dos

rios Sapucaí, Machado e Verde. Apresenta uma localização privilegiada, não só por

estar inserida em uma rede urbana formada por prósperas cidades de porte médio,

mas também devido à sua localização estratégica em relação aos grandes centros

de produção e de consumo: Belo Horizonte (365km), São Paulo (300km) e Rio de

Janeiro (470km) (Figura 1) (Fonte: Plano Diretor de Alfenas – Leitura Técnica, 2006).

O PIB4 em 2008 é avaliado em mais de 1 bilhão de reais, tendo a

agropecuária contribuído com 11,8% deste valor, mais do que a participação deste

setor no estado de Minas Gerais (8,2%), totalizando em 118 milhões de reais (tabela

1). Este dado denota a especialização do município quanto a agricultura moderna,

atividade predominante no setor agropecuário, representado principalmente pela

cafeicultura.

4PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os serviços e bens produzidos num período (mês,

semestre, ano) numa determinada região (país, estado e município), sendo expresso em valores monetários e considerado um importante indicador da atividade econômica de uma região, representando o crescimento econômico (PNUD 2011).

27

Figura 1 (esquerda) - Mapa de vias de acesso ao município de Alfenas por várias cidades

importantes Fonte: Plano Diretor de Alfenas – Leitura Técnica, 2006, p. 11. Figura 2 (direita) - Mapa da região de Alfenas e municípios de entorno Fonte: IBGE, 2010.

Tabela 1 - PIB por setor de atividade econômica em Alfenas e em Minas Gerais em 2008

Setor de atividade econômica

Alfenas - MG Minas Gerais

Valor adicionado bruto a preços correntes (mil R$)

Participação em % do PIB municipal

Valor adicionado bruto a preços correntes (milhões R$)

Participação em % do PIB estadual

Serviços 605.005 60,4% 143.168 50,7%

Indústrias 174.606 17,4% 78.924 27,9%

Agropecuária 118.291 11,8% 23.233 8,2%

Impostos sobre produtos líquidos de subsídios

103.114 10,3% 37.197 13,2%

Total 1.001.016 100% 282.522 100% Fonte: IBGE, 2010.

Alfenas possui também grande importância regional, concentrando serviços

que atendem a vários municípios de seu entorno, sendo sede de uma microrregião

geográfica que contém, segundo classificação do IBGE, os seguintes 12 municípios:

28

Alfenas, Alterosa, Areado, Carmo do Rio Claro, Carvalhópolis, Conceição da

Aparecida, Divisa Nova, Fama, Machado, Paraguaçu, Poço Fundo e Serrania. Como

muitos desses municípios são também produtores de café, Alfenas possui grande

controle técnico e normativo sobre o agronegócio regional.

Em 2010, Alfenas produziu 21.225 toneladas de café, o equivalente à

aproximadamente 353.736 sacas de 60 kg. A maior parte da produção destina-se à

exportação através das cooperativas, armazéns e empresas de exportação

espalhados pela cidade, sendo o restante submetido às torrefadoras do município e

região, para atender a demanda do mercado interno. Dos 22.252 hectares de terras

agrícolas de Alfenas, 10.444 são plantadas em café, com uma produtividade média

de 33,8 sacas/ha em 2010 (IBGE, 2011). O café participou de 95% de todas as

exportações do município no mesmo ano, resultando num valor agregado de US$

35.886.226 (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO,

2011).

Quanto à área das lavouras, observa-se um aumento significativo das áreas

de café no município, passando de 9.000 ha em 1990 para de 10.444 ha em 2010,

sendo que em anos anteriores a este, o valor era bem maior, como pode ser visto no

gráfico da figura 3. Essa área atual corresponde a 47% do total das lavouras

agrícolas presente no município, mais do que na década de 1990, que só

representava 33% do total das lavouras (figura 4). A participação percentual da

cafeicultura sobre as outras culturas tem aumentado cada vez mais nos últimos

anos, ganhando destaque como principal atividade agrícola presente no município,

seguido pela produção de milho, que em 2009, chegou a uma área de 5.000

hectares de terras plantadas, pelo feijão, com 3.900 ha e pela cana-de-açúcar, com

2.208 ha (IBGE, 2011).

29

Figura 3 - Evolução das áreas (em hectares) de lavouras das principais culturas agrícolas

no município de Alfenas Fonte: SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática, 2011.

Figura 4 - Evolução na participação (percentual) da lavoura cafeeira no total das lavouras

agrícolas do município de Alfenas Fonte: SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática, 2011.

30

Atualmente, o município de Alfenas possui grande destaque regional na

produção de café e como importante centro de logística e de serviços ligados ao

agronegócio. De acordo com dados do IBGE sobre Produção Agrícola Municipal de

2009, o município produziu 16.380 toneladas de café, o equivalente à

aproximadamente 273.000 sacas de 60 Kg, o que posiciona Alfenas como o 10º

maior produtor de café do estado de Minas Gerais e o 3º maior produtor da região do

Sul/Sudoeste5 de Minas (tabelas 2 e 3).

Tabela 2 - Ranking dos 20 maiores municípios produtores de café do estado de Minas

Gerais em 2009

Posição Município Produção em toneladas

1 Patrocínio 31.428

2 Três Pontas 30.360

3 Monte Carmelo 24.660

4 Nepomuceno 20.400

5 Manhuaçu 20.235

6 Campos Gerais 18.444

7 Rio Paranaíba 17.976

8 Araguari 17.160

9 Carmo do Paranaíba 16.767

10 Alfenas 16.380

11 Coromandel 14.647

12 Boa Esperança 14.304

13 Piumhi 13.668

14 Carmo do Rio Claro 13.380

15 Alto Jequitibá 12.928

16 Nova Resende 12.758

17 Campos Altos 12.144

18 Serra do Salitre 11.877

19 Machado 11.856

20 Santa Margarida 11.373

Fonte: SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática, 2011.

5 Mesorregião geográfica definida pelo IBGE no qual possui 146 municípios no total.

31

Tabela 3 - Ranking dos 20 maiores municípios produtores de café da região Sul/Sudoeste

de Minas em 2009

Posição Município Produção em toneladas

1 Três Pontas 30.360

2 Campos Gerais 18.444

3 Alfenas 16.380

4 Boa Esperança 14.304

5 Carmo do Rio Claro 13.380

6 Nova Resende 12.758

7 Machado 11.856

8 Elói Mendes 11.340

9 Conceição da Aparecida 10.795

10 Carmo da Cachoeira 10.560

11 Cabo Verde 10.388

12 Três Corações 10.057

13 São Sebastião do Paraíso 9.048

14 Campestre 9.000

15 Ibiraci 8.550

16 Monte Santo de Minas 8.416

17 Andradas 8.400

18 Varginha 8.262

19 São Gonçalo do Sapucaí 8.208

20 Botelhos 7.812

Fonte: SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática, 2011.

4.1.1 Impactos do agronegócio e as novas relações campo-cidade

Desde meados de 1970, quando a cafeicultura tomou expansão no município

de Alfenas, têm ocorrido profundas transformações no meio rural e no meio urbano,

através da modernização da agricultura. Esta expansão se deu numa época em que

o aparelho estatal procurava modernizar a agricultura brasileira por meio do projeto

chamado de “Revolução Verde”, com a finalidade de introduzir maior tecnologia em

sementes, fertilizantes, agrotóxicos e demais insumos, sem falar nos diversos

incentivos de aquisição de maquinários e implementos agrícolas, incentivando o

consumo de produtos fabricados pelas transnacionais. Nesta perspectiva, foi se

aglomerando no município vários produtores de café, induzidos por esta nova

condição, sob a égide de um mercado já competitivo. Podemos afirmar que já

existiam muitas propriedades rurais que cultivavam o café em Alfenas, mas muitas

32

se expandiram e outras, que ainda não possuíam a atividade, aderiram ao cultivo e à

nova realidade do agronegócio.

Com a expansão e modernização das lavouras agrícolas em geral, houve um

aumento das demandas e necessidades de produtos e serviços diversos, o que

influenciou no aumento significativo das instalações de diversas empresas do ramo

na cidade para atender o mercado de consumo em ascensão. Desta maneira, o

meio urbano se transforma em um espaço mais adaptado e funcional as novas

exigências do campo. Estas novas atividades vão dinamizando aos poucos a

economia da cidade, com a maior geração de empregos, renda e infraestruturas, o

que contribui de modo contundente para o aumento da população, urbanização e a

maior complexificação do meio urbano, em decorrência da atração de outras

diversas atividades econômicas que complementam as já existentes.

Logo, tanto a cidade depende das atividades do campo moderno, como a

cafeicultura, para a manutenção das oportunidades trazidas pelas novas empresas e

a geração de capital comercial e industrial; como o campo depende das atividades

da cidade, para poder adquirir os produtos e serviços necessários a produção,

industrialização, distribuição e comercialização do café. Nesta interdependência, há

uma maior intensificação das relações campo-cidade e, consequentemente, um

maior fluxo de trocas e circulações de pessoas, mercadorias, capital e informação.

As novas relações campo-cidade são bem afirmadas por Elias (2007, p. 116),

quando nos menciona que “as novas relações campo-cidade, impostas pela difusão

da agricultura moderna e do agronegócio globalizado, deriva do intercâmbio de

serviços técnicos, financeiros, jurídicos, de mão-de-obra e de todos os demais

produtos, entre o campo moderno e a cidade”. Exemplos de agentes presentes no

circuito espacial de produção que intensificam essa relação são expostos pela

autora:

Empresas agrícolas, fornecedores de insumos químicos e implementos mecânicos, laboratórios de pesquisa biotecnológica, prestadoras de serviços (escritórios de marketing e de consultoria contábil), empresas de assistência técnica e de transportes, agroindústrias, cadeias de supermercados, de distribuição comercial, de pesquisa agropecuária, de marketing, etc., evidenciam um setor terciário dinâmico que se torna funcional a atividade agrícola presente no campo ao realizar a regulação, a gestão e a normatização do agronegócio (ELIAS, 2007, p.116)

33

4.1.2 Rede de serviços e infraestruturas funcionais ao campo moderno

O município de Alfenas concentra desenvolvidas atividades ligadas à

produção e serviços vinculados ao café, como grandes e modernas propriedades

agrícolas, grandes beneficiadoras e torrefadoras de café, vários armazéns,

transportadoras e cooperativas especializadas, produtores e revendedores de

insumos agrícolas, casas de maquinários e implementos agrícolas, centros de

assistência técnica especializada e de apoio aos pequenos produtores, instituições

de crédito e financiamentos, etc. Estas atividades fazem intensificar então, a

interdependência e as novas relações entre o campo e a cidade.

A partir de pesquisas a campo e dados levantados por meio da consulta à

lista telefônica Guiatel 2011, de Alfenas e Região, foram identificadas várias

empresas e instituições que se enquadram na rede de serviços relacionadas direta

ou indiretamente ao agronegócio do café, podendo ser classificadas de acordo com

a função a que exercem no sistema terciário:

1) Sistemas de fornecimento de insumos e implementos agrícolas:

Estabelecimentos de produção e venda de insumos agrícolas - Proflora

Indústria, Comércio e Representações ltda., Geraesvet Distribuidora de Produtos

Agropecuários ltda., Casa Renan e Vieira, Casa do Fazendeiro, Grão de Ouro

Comércio de Insumos Agrícolas.

Estabelecimentos específicos em produção, distribuição e venda de fertilizantes

- Bunge Distribuidora de Fertilizantes, Cereale Insumos Agrícolas Ltda.,

Fertilizantes Minas Indústria e Comércio de Fertilizantes Foliares Ltda., Mosaic

Indústria de Fertilizantes Brasil AS.

Estabelecimentos específicos em produção e venda de fertilizantes foliares para

café - Café Brasil Insumos Agrícolas Ltda.

Estabelecimentos de revenda e manutenção de maquinários e implementos

agrícolas - Pimenta Agrosul (Case IHAgriculture), Trama Tratores e Máquinas

Agrícolas Ltda (New Holland), Dimatra Ltda. (Valtra tratores e implementos

agrícolas), Só Massey (Massey Ferguson), Brechó Tratores, RS Parceria

(aluguéis de colhedeiras de café e serviços de colheita), Bambam Ltda.

(Manutenção de tratores e implementos agrícolas), Lander Pulverizadores e

Equipamentos Agrícolas.

34

Estabelecimentos de produção, venda e manutenção de Pulverizadores - Coagril

Comercial e Industrial Agrícola Ltda., Tropical Comércio e Manutenção de

Pulverizadores e Equipamentos Agrícolas (Coagril), Casa do Pulverizador de

Alfenas (Venda e manutenção de equipamentos e pulverizadores).

Estabelecimentos de instalação e manutenção de equipamentos para irrigação -

Gota Fértil Irrigação e Projetos, Netasul – Sistemas de Irrigação Ltda.

2) Sistemas de assessoria técnica e administrativa: Acessoria técnica (Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater– MG); escritórios de contabilidade

(26 escritórios); cooperativa de produtores (Cooperativa Regional de Cafeicultores

de Guaxupé Ltda – Cooxupé).

3) Sistemas de comercialização e logística: empresas de exportação (Outspan Brasil

Importação e Exportação Ltda., Casa Nobre Comércio e Armazenagem de Grãos

Ltda.); acessoria de comércio exterior (Representação de Produto Alimentício – Café

Di Primeira); armazéns (16 estabelecimentos); supermercados (28

estabelecimentos).

4) Sistemas de beneficiamento e processamento agroindustrial: indústrias de

torrefação e moagem de café (Massare Comércio e Indústria de Torrefação, Café

Campinho Comércio e Indústria de Torrefação, Fino Sabor Comércio e Indústria).

5) Sistema financeiro: bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal);

bancos privados (Banco ABN Amro Real, Banco Bradesco, Banco Itaú, Banco

Mercantil do Brasil, Credfenas, HSBC Bank Brasil AS); cooperativas de crédito

(Cooperativa de Crédito Rural Cafeice, Cooxupé, Coopecred); instituições

financeiras específicas (Banco BMG AS, Nova Cred, Banco Bonsucesso).

A partir destes trabalhos, percebemos uma significativa quantidade de

empresas recém instaladas na cidade que fazem parte do circuito espacial produtivo

do café. Essas, em sua maioria, possuem grande vínculo com o mercado

internacional, através de suas atividades de exportação e comercialização de

produtos agrícolas com marcas estrangeiras. Tal fato nos comprova o quanto o

agronegócio globalizado tem se expandido no município e na região inerentes a

modernização cada vez maior das atividades agrícolas em geral e, principalmente,

da cafeicultura.

Alguns exemplos são representativos neste caso, como as empresas de

exportação Outspan Brasil Importação e Exportação Ltda., instalada desde 2006

35

(figura 5A); a Casa Nobre Comércio e Armazenagem de Grãos Ltda. (que além de

compra e exportação, trabalha com armazenagem, preparação e certificação de

café), instalada desde 2010 (figura 5B); e as empresas de revendas e manutenção

de maquinários e implementos agrícolas, Pimenta Agrosul (Case IH Agriculture),

instalada em 2011 (figura 6A); a Só Massey (Massey Ferguson), instalada em 2011

(figura 6B); e a Dimatra Ltda. (Valtra Tratores e implementos agrícolas), instalada

também em 2011 (figura 6C).

Além dessas, existem outras empresas de referência que já alguns anos

muito tem desenvolvido suas atividades funcionais ao campo moderno, como a

Cooxupé (Cooperativa dos Produtores de Café de Guaxupé-MG) (figuras6E e 6F),

que desde 1985 vem contribuindo para a assistência técnica, financeira, de

beneficiamento, armazenagem e comercialização (além de exportação) do café de

vários, senão a maioria, dos produtores de café em Alfenas e região (desde

pequenos até grandes cafeicultores);a Proflora Indústria, Comércio e

Representações ltda, que industrializa e revende fertilizantes e adubos da marca

Bunge; Cereale Insumos Agrícolas Ltda. (figura 6G); Trama Tratores e Máquinas

Agrícolas Ltda (New Holland) (figura 6D); a Coagril Comercial e Industrial Agrícola

Ltda., que fabrica e comercializa vários tipos de pulverizadores agrícolas; Fino Sabor

Comércio e Indústria (que também possui a marca de café torrado e moído “Fino

Sabor”, vendido na região) (figura 6H); Ipanema Comercial e Exportadora S/A (torra

e vende o conhecido café “Fazenda de Minas” pela região); Green Coffee Armazéns

Gerais (figura 6I); e Café Mil Armazéns Gerais Ltda. (figura 6J).

Tratam-se de empresas que no geral beneficiam em muito grandes

produtores e comerciantes de café e ao mesmo tempo, trabalham em prol da maior

circulação de capital, mercadorias e informação, proporcionando maior

competitividade a região por meio de fluxos mais intensos e diversos de vínculos

internacionais.

36

A B

Figura 5 - Vista da empresa Outspan Brasil Importação e Exportação Ltda. (A) e Casa

Nobre Comércio e Armazenagem de Grãos Ltda. (B) Fonte: (A) Trabalho de campo (setembro de 2011), (B), site da Secretaria de

Desenvolvimento Econômico e Ação Social de Alfenas (Acesso em 20 de out. 2011).

A B

C D

37

E F

G H

I J Figura 6 - Vistas de algumas empresas vinculadas ao ramo do agronegócio cafeeiro na

cidade de Alfenas – MG: A) Pimenta Agrosul (Case IH Agriculture), B)Só Massey (Massey Ferguson), C) Trama Tratores e Máquinas Agrícolas Ltda (New Holland), D)Dimatra Ltda. (Valtra Tratores e implementos agrícolas), E)Cooxupé (Cooperativa dos Produtores de Café de Guaxupé-MG), F)Cooxupé (Cooperativa dos Produtores de Café de Guaxupé-MG) (galpões), G)Cereale Insumos Agrícolas Ltda., H)Fino Sabor Comércio e Indústria, I)Green Coffee Armazéns Gerais, J)Café Mil Armazéns Gerais Ltda. Fonte: Trabalho de campo (setembro de 2011).

Dentre os serviços funcionais para o agronegócio do café presente no

município, estão àqueles relacionados aos fluxos financeiros, que podem ser

38

considerados os mais importantes por anteceder e serem fundamentais à produção.

Além dos créditos tradicionais ofertados pelo Estado, por meio dos bancos públicos,

existe também o financiamento feito pelos bancos, cooperativas de crédito e

empresas privadas. O município contraiu em 2010, segundo dados do Anuário

Estatístico do Crédito Rural do Banco Central, 654 contratos de financiamentos a

produtores e cooperativas para custeio, investimento e comercialização na atividade

agrícola, resultando num valor total de R$ 73.403.361,80. Ao longo dos últimos 5

anos, percebemos um aumento expressivo na concessão de recursos voltados para

a atividade agrícola, passando de mais de 9 milhões em recursos disponibilizados

no ano de 2005 para mais de 73 milhões de reais em 2010 (BANCO CENTRAL DO

BRASIL, 2011).

Tais dados denotam uma intensa expansão e modernização do campo e do

agronegócio em geral, fruto de grandes investimentos aplicados para melhorias das

condições da agricultura moderna, principalmente no custeio de produção e

comercialização. Existem diversas políticas agrícolas que atendem a esses

interesses e servem de grande auxílio para facilitar o desenvolvimento das

atividades agrícolas, de industrialização, de logística e comercialização; por meio de

financiamentos e seguros disponibilizados pelo Governo Federal, junto ao Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Um dos programas mais importantes e bastante atuante na contribuição para a

modernização do campo, principalmente de pequenos e médios produtores de café

em Alfenas, é o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar), que só em 2010, liberou 592 contratos de financiamento em todos os

segmentos agrícolas do município, totalizando em R$ 7.992.920,00 em recursos, no

qual 112 contratos (18,9% do total) foram destinados ao segmento cafeeiro,

resultando num total de R$ 1.221.508,00 em recursos financiados (15,3% do total),

de acordo com o Banco do Brasil de Alfenas (2011).

Uma das instituições governamentais que detém grande importância para o

desenvolvimento da agricultura familiar e de pequenos produtores, assim como no

planejamento dos financiamentos do PRONAF, é a EMATER (Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural). Esta empresa atua como um dos principais

instrumentos do governo para a ação operacional e de planejamento no setor

agrícola, especialmente para desenvolver ações de extensão rural junto aos

produtores de agricultura familiar. Para tanto, desenvolve atividades voltadas para a

39

assistência técnica e financeira aos produtores vinculados a aquisição de insumos e

venda da produção; a sua participação em programas e projetos de

desenvolvimento social e econômico, como o Pronaf; elaboração de planos e

projetos para propriedades e comunidades rurais na área de plantio, irrigação,

preservação ambiental, colheita, beneficiamento e comercialização; entre outros

(Site Emater-MG, 2011). Alfenas possui uma unidade da Emater e o escritório da

Unidade Regional da Emater (que abrange 24 municípios da região) está localizada

no município.

Outro serviço imprescindível à produção, ofertado pelas cidades do

agronegócio, é a qualificação da mão-de-obra por meio de cursos de formação

técnica superior voltada à agropecuária moderna. A crescente necessidade de

informação para que a produção se realize faz proliferar cursos especializados em

instituições públicas e privadas de ensino (FREDERICO, 2008, p. 79). Assim,

Alfenas oferece alguns cursos de apoio a agricultura moderna e de suporte para o

desenvolvimento do agronegócio. Dentre os cursos vinculados direta e indiretamente

ao agronegócio destacam-se: Administração, Agronomia, mestrado profissional em

Sistemas de Produção na Agropecuária, especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho e Meio Ambiente e Engenharia Sanitária, pela UNIFENAS

(Universidade José do Rosário Vellano); e Biotecnologia, Biologia e Química, pela

UNIFAL-MG (Universidade Federal de Alfenas).

Além disso tudo, o município oferece também uma rede de infraestruturas

necessárias para a viabilização de uma logística mais eficiente, que assumem a

função de escoar, armazenar e distribuir a produção do café. O sistema viário do

município possui 7 importantes rodovias, que atravessam e possibilitam o

escoamento da produção, sendo 3 estradas federais (a BR-491, BR-267 e BR-369)

e 4 estaduais (a MG-179, MG-184, MG-453 e MG-879), além de diversas vias

municipais (Prefeitura Municipal de Alfenas). O município de Alfenas conta também

com uma considerável capacidade de armazenagem, como as que estão

cadastradas pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), somando ao

todo 14 armazéns.

40

4.2 As desigualdades socioespaciais no agronegócio de cafeicultura

moderna

Como já exposto anteriormente, são várias as dificuldades encontradas por

muitos agricultores e trabalhadores agrícolas para permanecerem no campo. A

desigualdade ao acesso eficiente de meios técnicos de produção (insumos,

maquinários e implementos agrícolas) devido aos preços monopolizados no

mercado a valores desfavoráveis ao consumo necessário a muitos produtores, e as

baixas cotações nos preços do café, têm se tornado principais obstáculos para a

maior modernização de propriedades agrícolas, especialmente as pequenas, de

reduzida produção em escala. Somados a esses problemas, existe ainda o aumento

dos custos de mão de obra associado à elevação do valor dos salários e dos direitos

trabalhistas (Seguro desemprego, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS,

férias, décimo terceiro salário, etc.).

Esta situação de baixa cotação de café, cuja saca era cotada em média a um

preço de R$ 250,00 a R$ 300,00, perdurou por muitos anos, desde a década de

1990. Além do baixo preço no mercado, os agricultores sempre tiveram de conviver

com o aumento dos custos de produção, que em média, atingia R$ 200,00 a R$

250,00 reais a saca de café (ROLLO, 2009, p. 65).Esta elevação dos custos é

motivada principalmente, então, pelo aumento dos preços de produtos de consumo

agrícola, representada por marcas de corporações nacionais e multinacionais que

muito se presencia entre as empresas de revendas de insumos, maquinários e

implementos agrícolas de Alfenas, já citadas anteriormente. E com isso, comprova-

se a afirmação sobre o fato da monopolização dos preços de mercado desses

produtos agrícolas em nosso contexto de estudo.

A conseqüência desses fatores todos é a incapacidade de muitos produtores

em bancar essas despesas, principalmente os pequenos, que não geram produção

em escala suficiente e que, finalmente, ficam dependentes das dívidas contraídas

aos bancos e cooperativas. Então eles se vêem obrigados a continuar cultivando

café sem muita lucratividade, com reduzida possibilidade de expandir seus negócios,

ou acabam substituindo as lavouras por outras culturas, ou ainda, acabam entrando

em falência, em decorrência dos sucessivos prejuízos. Estes são os grandes

ditames da cafeicultura brasileira e principalmente, a do Sul de Minas, pois é uma

região de agravante devido ao predomínio de lavouras de café tipo arábica, que em

41

anos alternados geram safras de baixa produtividade, prejudicando em muito os

cafeicultores endividados.

Além disso, a mecanização agrícola ocorrida principalmente nas grandes

propriedades promove uma grande expulsão da mão de obra rural, através da

substituição de força de trabalho humana pela mecânica. Sem alternativas de

trabalho e renda, esses trabalhadores tendem também a se mudar para as cidades

em busca de melhores condições de vida. Esse contingente populacional, como será

abordado neste trabalho, geralmente se instalam em áreas periféricas das cidades,

muitas vezes destituídos de condições sociais básicas, como moradia adequada e

regularizada, saneamento básico, saúde, educação, energia elétrica, etc.

4.2.1 Desigualdade na condição socioeconômica e produtiva dos grandes

e pequenos produtores de café

Os impactos desse conjunto de fatos abordados até agora são bem expostos

nos resultados das entrevistas realizadas com os grandes e os pequenos produtores

de café (agricultores familiares). Estas entrevistas tiveram como finalidade a

realização de pesquisas e análises referentes as condições socioeconômicas e as

capacidades produtivas desses grupos sociais frente a realidade da cafeicultura da

região e os significativos impactos causados com a expansão dos últimos anos da

agricultura moderna e do agronegócio globalizado, cujo mercado tem efetivado

várias mudanças nos modos de produzir e nas relações de trabalho no campo.

Conforme já ressaltado na introdução, para caracterizarmos a situação dos

grandes e pequenos produtores de café no município de Alfenas, realizamos

entrevistas em 10 propriedades rurais, sendo 5 de estabelecimentos rurais acima de

100 ha e 5 menores de 100 há (tabela 4).

42

Tabela 4 - Caracterização dos estabelecimentos rurais pesquisados

Nome da fazenda Tamanho da propriedade

(ha)

Área de lavoura de café (ha)

Quantidade de pés de cafés plantados

Grandes produtores

Santo Antônio da Estiva 203 40 100.000 Novo Horizonte 530 330 1.300.000 Vargem Alegre 164 124 600.000 Samambaia 290 230 1.000.000 Monte Alegre 18.000 3.200 7.000.000

Pequenos produtores

Santa Terezinha 85 8 150.000 Cambuí 33 3,5 6.000 Jacarandá 7 0,6 2.560 Cambaia 8 7 48.000 Pontinha 96 15 47.164

Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

O quadro socioeconômico observado ao longo das entrevistas com os

grandes produtores de café se apresenta, no geral, em uma situação confortável. A

partir das conversas com administradores ou responsáveis pela gestão das

propriedades, foi possível notar comentários de boas perspectivas de negócios

quanto à produção de café e boa adaptação dos estabelecimentos as condições do

mercado. A produção é realizada sobre ganhos de produtividade em larga escala,

propiciada por extensas faixas de terras com lavouras bem tratadas e submetidas a

processos produtivos altamente mecanizados, nas etapas de manutenção, colheitas,

transporte, beneficiamento, armazenamento e logística do café. Esses fatores

conferem maior rentabilidade aos cafeicultores e a disposição de cafés de melhor

qualidade para o mercado, de maior valor e destinados à exportação.

Constata-se também que a variedade e a quantidade de implementos e/ou

maquinários agrícolas destinados a cafeicultura existentes nas propriedades são

maiores nos estabelecimentos dos grandes produtores do que os dos pequenos

produtores. A existência de colheitadeiras em 80% das grandes propriedades

entrevistadas (9 equipamentos contabilizados) revelam que estes cafeicultores tem

buscado, nos últimos anos, modernizar ainda mais as suas lavouras agrícolas em

favor da redução de custos de produção, encarecidas principalmente na etapa da

colheita.

43

Figura 7 - Percentual de produtores entrevistados que possuem maquinários e/ou

implementos agrícolas utilizadas na cafeicultura Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

A razão por esta escolha está no argumento que as despesas com mão de

obra têm encarecido muito os custos de produção, em decorrência dos aumentos

salariais e dos encargos e direitos trabalhistas, que muitas vezes inviabilizam a

produção. Esses produtores afirmam que, com a substituição de máquinas por força

de trabalho humano, as despesas com colheita se reduz a pelo menos 50%, além da

maior velocidade que esses equipamentos desempenham neste processo. Nas

grandes fazendas visitadas, o índice de colheita realizada de forma mecanizada

ultrapassa os 70% do total da lavoura colhida.

Esta substituição tem promovido um movimento de desemprego cada vez

maior no campo, afetando muitas famílias que vivem na zona rural e que dependem

desta atividade como forma de maior renda anual, forçando-as a se mudarem para a

cidade em busca de outras formas de trabalho.

44

Figura 8 - Colheitadeiras de café na lavoura agrícola Fonte: http://www.caseih.com/brazil/Products/Colhedoras-Colheitadeiras/Pages/Product.aspx - acesso em 23/11/2011.

Em relação aos pequenos produtores, nenhum dos entrevistados possui

colheitadeira, caminhão ou abanadora mecânica. A não existência de colheitadeira

na maioria dessas propriedades, em geral, revela que a colheita do café fica

dependente do trabalho familiar, ou de parceiros de outras fazendas, ou da

contratação de mão de obra ou do aluguel de uma máquina de uma empresa

terceirizada para fazê-lo (geralmente compartilhado por um grupo de produtores de

uma mesma região). Nos dois últimos casos, os custos de produção acabam sendo

mais altos, devido a disposição maior de capital para o arrendamento da máquina e

os elevados encargos trabalhistas.

No caso da não existência do caminhão, tal dado nos permite aferir que todos

dependem de uma empresa (geralmente para onde vendem sua produção) para

realizar o transporte do café, cujo frete é descontado no valor total das vendas do

produto, fazendo diminuir seus lucros. Já entre os grandes cafeicultores, 40%

responderam possuir caminhões, o restante também contratam empresas

terceirizadas ou a cooperativa (no qual geralmente vendem maior parte de sua

produção) para fazer o transporte. Já no caso dos tratores, observamos que tanto os

grandes quanto os pequenos possuem pelo menos um veículo, o que nos dá a

noção do quanto esta máquina tem sido importante e indispensável às lavouras

cafeeiras.

Com relação aos equipamentos de beneficiamento (descascador e

despolpador mecânico, secador, beneficiadora e ensacador de café), percebe-se

que poucos cafeicultores de baixo porte responderam possuí-los em suas

propriedades, o que evidencia que a maioria deles não possui condições de

beneficiar o café. Assim, ou vendem o produto por um valor muito baixo no mercado

45

ou contratam empresas terceirizadas para a realização do processo, o que encarece

ainda mais os custos de produção.

Durante as entrevistas foi possível constatar que a maioria dos pequenos

produtores (80%) utilizam o financiamento para custear a produção agrícola, sendo

que a maior parte é buscada em bancos públicos (60%) e na cooperativa (20%). Já

para os grandes, a maioria também recorre aos financiamentos (60%), mas a origem

deles vem principalmente da cooperativa (40%) e de bancos privados (20%).

A partir destes dados, observa-se que os pequenos realizam mais operações

de aquisição de capital para bancar suas despesas produtivas do que os grandes

cafeicultores, evidenciando que estes possuem maiores condições de produção do

que os proprietários de baixo porte. Os pequenos cafeicultores, em geral, são

dependentes dos empréstimos para continuar produzindo café como forma de

manutenção de renda, no qual em muitos casos, a lucratividade além de ser baixa, é

insuficiente para pagar os empréstimos adquiridos, principalmente em épocas de

baixas safras, de baixa cotação de café no mercado ou em anos que ocorreram

fortes variações climáticas que comprometem as plantações, como geadas ou

estiagem prolongada (pouca floração dos pés de café). Endividados, muitos

produtores não resistem às dificuldades e acabam desistindo da atividade,

substituindo por outros cultivos ou atividade (como pecuária) ou mesmo vendendo a

propriedade e se mudando para a cidade.

No âmbito das atividades desenvolvidas em todo o processo produtivo,

percebemos que todos os grandes cafeicultores realizam o beneficiamento em sua

propriedade com maquinários próprios (o que lhe confere maior lucratividade na

venda final dos produtos, por ficar livre do pagamento desta despesa para uma outra

empresa realizar). Já os pequenos realizam na sua propriedade com seus próprios

maquinários (40%) ou terceirizam o serviço (40%), em decorrência da falta de

condições destes em possuir seus próprios maquinários de beneficiamento. 20%

dos pequenos restantes responderam não beneficiar o café na propriedade,

vendendo o café em coco.

No que se refere ao armazenamento, as condições se encontram bem

distribuídas, onde os grandes, em sua maioria, armazenam o café no barracão da

cooperativa (os que são cooperados) (80%) ou do armazém geral (20%), em

detrimento da segurança contra roubos da mercadoria na propriedade. Já os

pequenos, em razão da pouca quantidade de mercadoria, ou armazenam no

46

barracão da própria propriedade (forma de reduzir custos com armazenamento)

(40%) ou no barracão da cooperativa (os que também são cooperados) (60%).

O transporte da mercadoria para os destinos de venda é feita, entre os

grandes produtores, com seus próprios caminhões (60%) ou por empresas

terceirizadas (40%); e entre os pequenos produtores, em sua maioria (80%) por

meio de empresas terceirizadas, como cooperativas e armazéns gerais, em

decorrência de não possuírem veículos próprios.

A maioria das vendas da produção de café é feita, tanto pelos grandes quanto

pelos pequenos produtores, para a cooperativa Cooxupé e para os armazéns gerais

espalhados pelo município. Entre os grandes, 40% responderam comercializar com

as empresas exportadoras Ouspame Casa Nobre, enquanto nenhum dos pequenos

entrevistados afirmou comercializar com as mesmas.

As diferenças socioeconômicas são marcantes também quando se analisam

as condições de contrato e manutenção de trabalhadores nas atividades produtivas

do café. Em todas as grandes propriedades de café, constatou-se a presença de

trabalhadores permanentes na fazenda, ou seja, que moram nas terras e trabalham

o ano todo para cuidar do estabelecimento, dos equipamentos e das lavouras de

café. Já entre os pequenos estabelecimentos pesquisados, somente 40% possuíam

trabalhadores permanentes.

Em épocas de safra, todos os produtores entrevistados (pequenos e grandes)

contratam trabalhadores temporários, mas a forma de transportá-los até as fazendas

é feita de forma diferente entre os estabelecimentos pesquisados. Todas as grandes

propriedades oferecem ônibus próprio para transporte diário desses trabalhadores,

enquanto que os pequenos não possuem tal recurso, cuja mão de obra contratada e

desloca até a fazenda a pé ou utilizam transporte próprio, como bicicletas ou motos.

Um fenômeno que vem ocorrendo recentemente nas épocas de safra, tanto

nas grandes propriedades agrícolas quanto nas pequenas, é a preferência pela

contratação de trabalhadores originados somente da região ou do próprio município,

em decorrência da extinção das antigas colônias temporárias6 de trabalhadores de

café. O que os entrevistados nos alegam é que com as maiores exigências do

Ministério do Trabalho com relação às condições de trabalho e moradia desses

trabalhadores, como alimentação, utensílios domésticos e outros benefícios, tornou-

6 As colônias de trabalhadores são agrupamentos de pequenos dormitórios simples que, antigamente,

em épocas de colheitas de café, ficavam lotados de trabalhadores, até o fim da safra.

47

se praticamente inviável a alocação temporária desses em épocas de safras. Por

isso que nas colheitas, os grandes produtores preferem realizar o transporte diário

desses trabalhadores em áreas próximas (os chamados também de bóias-frias7) do

que contratar trabalhadores para morarem temporariamente em suas propriedades.

A partir de todos esses fatores analisados, os quais foram os resultados mais

importantes e relevantes de nossa pesquisa, nos esbarramos então em análises

finais e de algumas considerações acercadas potencialidades e dificuldades

produtivas dos pequenos e dos grandes produtores de café.

Quando foi perguntado aos entrevistados se a venda do café a preços do

mercado tem lhe proporcionado bons lucros, todos os pequenos produtores

responderam que não, enquanto que 80% dos grandes cafeicultores disseram que

sim. Isto evidencia a grande disparidade existente entre as potencialidades

produtivas entre os dois grupos, o que nos revela que a cafeicultura tende a ser

desenvolvida somente por grandes proprietários agrícolas, dadas as grandes

dificuldades enfrentadas pelos pequenos para manter de forma rentável as lavouras

e demais etapas do processo produtivo.

Quanto à questão das atividades possíveis de se fazer com a renda obtida na

lavoura de café, todos os pequenos e grandes produtores responderam que é

possível pagar todas as despesas com a lavoura e colheita de café, mas somente os

grandes produtores (60%) disseram que é possível realizar investimentos na

propriedade, como comprar novos maquinários e/ou expandir a área de produção.

Neste ultimo quesito, nenhum dos pequenos produtores afirmaram conseguir

realizar novos investimentos, devido à baixa lucratividade em suas lavouras.

A partir destas opiniões, foi perguntado também quais seriam as principais

dificuldades encontradas pelos produtores na manutenção e/ou negócio do café.

Todos destacaram a questão do baixo valor da cotação do café no mercado. Outra

dificuldade apontada por 80% dos produtores, tanto grandes quanto pequenos, foi

os custos altos de produção em geral, sendo que todos os pequenos agricultores

reclamaram das altas despesas com insumos agrícolas (fertilizantes, agrotóxicos,

etc.), enquanto que 80% dos grandes cafeicultores assinaram esta mesma

dificuldade. 60% dos pequenos ainda apontaram os custos altos com maquinários e

implementos agrícolas, contra 40% entre os grandes. No que se refere à dificuldade

7 Trabalhadores temporários que nas épocas de colheita, geralmente moradores localizados nas

periferias das cidades, vão e voltam todos os dias para o trabalho nas lavouras.

48

de obter créditos agrícolas, 60% dos pequenos cafeicultores responderam possuir

este quesito, enquanto 40% dos grandes dizem o mesmo.

Além disso, todos os pequenos assinalaram ter dificuldades com a mão de

obra valorizada e o rigor das leis trabalhistas, que muito tem encarecido os custos e

inviabilizado cada vez mais a contratação deles para as atividades de colheita. Logo,

muitos tentam também se mecanizar, mesmo com a pouca disponibilidade de

capital. A maioria dos grandes produtores entrevistados (60%) também assinalaram

ser esta uma das grandes dificuldades que passam ao manter a lavoura de café.

A grande exigência do mercado pela qualidade do café também é um ponto

que ficou em destaque entre os pequenos produtores na pesquisa. Esta dificuldade

está associada à reduzida capacidade que esses possuem em manter uma lavoura

bem tratada e que gerem grande produtividade, devido a pouca quantidade de

insumos que conseguem utilizar; além dos demais processos técnicos precários de

produção que comprometem a qualidade do café, de baixo valor no mercado. Já

entre os grandes produtores, este fator nem se quer foi mencionada, pois a

realidade produtiva deste grupo é outra. Esses obtém produtos de excelente

qualidade (possuem várias certificações, como a da fazenda Monte Alegre: UTZ

Certified, BSA e Rainforest Alliance) e cuja maior parte é destinada à exportação.

Figura 9 - Principais dificuldades de manutenção de lavoura e/ou negócio do café

Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

49

Foi questionado também aos entrevistados sobre a opinião dos mesmos

quanto à existência da dificuldade em continuar produzindo o café. Todos os

pequenos proprietários disseram que sim e todos os grandes cafeicultores

responderam que não. Lembrando que, este último grupo destacam essa afirmativa

de acordo com o preço atual do café, que tem lhes proporcionados muitas

vantagens. Caso contrário, alegam que muitas dificuldades ameaçam o bom

desempenho de suas atividades.

Sobre a questão dos proprietários em continuar produzindo café pelos

próximos anos, praticamente todos responderam que sim, mesmos os pequenos,

pois estes vêem boas perspectivas do negócio no futuro em razão do aumento dos

preços no mercado e a possibilidade de maior lucratividade e melhor desempenho

de suas atividades. Assim, a maioria dos grandes cafeicultores afirmou a

possibilidade de estarem ampliando suas áreas de produção ou já estão em

processo de ampliação, enquanto que somente 40% dos pequenos produtores

visam este objetivo.

É inevitável concluir que a situação socioeconômica dos grandes produtores

de café se mostra muito mais favorável do que a dos pequenos. No entanto, todos

os pequenos cafeicultores alegaram possuir boas condições de vida, ou seja,

gostam de viver no campo e que ainda sobrevivem com as atividades que

desenvolvem. Embora denunciem a falta de coleta de lixo, de boas estradas de

rodagem, de atendimento médico e da existência de furtos na zona rural, afirmam

que as condições de vida se encontram satisfatórias. Mas muitos passam por sérias

dificuldades, pois além de tudo que foi exposto, são vítimas de um mercado

competitivo e ao mesmo tempo excludente, que não oferece vantagens e nem

chances para os menos capitalizados poderem desenvolver seus negócios. O

PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar) não tem sido suficiente para

gerar maiores rendas entre esses agricultores, pois existe grande burocracia do

estado para adquiri-lo e a lucratividade dos produtores é baixa. Há, portanto,

necessidade de uma maior proteção destes produtores pelo governo no mercado

competitivo, visando assegurar preços mais justos e regulamentação mais eficiente

quanto o valor dos insumos e implementos agrícolas.

50

4.2.2 Marginalização no campo e movimento do êxodo rural

A estrutura fundiária no município de Alfenas se mostra, sobremaneira, bem

desigual no que concerne às propriedades que possuem lavouras de café. Dos

estabelecimentos agropecuários voltados para a produção em geral, percebe-se que

existe uma melhor distribuição de terras em propriedades de pequena, média e

grande extensão (tabela 6) do que os estabelecimentos específicos em lavouras

permanentes, cuja principal atividade agrícola é a plantação de café (99,1%) (IBGE,

2006).

Analisando dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2006, conclui-se que

Alfenas possui maior distribuição de terras de uso geral do que aquelas destinadas a

cafeicultura, se mostrando mais concentrada principalmente em grandes

propriedades (32,8%) (Figura 11). Tal realidade nos comprova que a produção de

café está mais voltada para atividades em grandes fazendas, geralmente

caracterizadas por intensa utilização de técnicas modernas de produção, do que em

pequenos estabelecimentos rurais, constituídos basicamente de agricultura familiar e

pequenos agricultores. Esta informação nos revela a grande ineficiência dos

pequenos produtores em se manterem neste ramo de atividade, em detrimento das

dificuldades encontradas na cafeicultura.

Tabela 5 - Número de estabelecimentos e área dos estabelecimentos agropecuários de

Alfenas por grupos de área total em 2006

Grupo de área total

Número de unidades

Percentual Área (ha) Percentual

Menos de 10 506 46,13% 1.873 33,02%

10 a menos de 100 464 42,30% 16.591 42,21%

100 a menos de 1000 100 9,12% 21.208 21,04%

1000 e mais 7 0,64% 10.570 3,73%

Produtor sem área 20 1,82% 0 0%

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006.

51

Figura 10 - Percentual da área dos estabelecimentos agropecuários em geral e o de lavouras permanentes de Alfenas por grupos de área total em 2006 Fonte: Censo Agropecuário do IBGE 2006.

A grande desvantagem de agricultores familiares e a alta mecanização dos

campos modernos tem promovido uma marginalização cada vez maior da população

de baixa renda. Pequenos agricultores perdem sua capacidade produtiva, vendendo

suas propriedades e mudando para as cidades, e os trabalhadores rurais, agora

desempregados e sem alternativas rentáveis de trabalho, acabam também

escolhendo a cidade para a busca de novas oportunidades.

Tais processos tiveram como conseqüência a intensificação nos últimos anos

do movimento de êxodo rural, caracterizada pela saída de pessoas que moravam no

campo para se abrigarem nas cidades. Com isso, o município assiste uma redução

drástica do percentual de população rural e a um aumento significativo da população

urbana. Segundo dados do IBGE, a taxa de urbanização de Alfenas cresceu

significativamente, passando de 74,3% em 1970 para 93,7% em 2010 (figura 12). A

taxa de urbanização de Alfenas em 2010 é superior do que a do estado de Minas

Gerais (85,2%), e do que a do país (84,3%), característica marcante na maioria das

cidades do agronegócio. Tal indicador demonstra que o crescimento urbano

promovido por uma dinamização econômica relacionado principalmente pelas

atividades tradicionais, como o café, tem intensificado a migração ascendente

52

(caracterizado pelo êxodo rural) e descendente (exemplificado por profissionais

qualificados de cidades maiores para cidades do agronegócio)8.

Estes movimentos de migração ao longo dos anos contribuíram, então, para o

significativo crescimento geométrico da população (figura 13). Em 1970, o município

contava com uma população de 28.331 habitantes. Já em 2010, esse número saltou

para 73.722, quase o triplo de habitantes que havia a 40 anos atrás. A taxa média

anual de crescimento do município de Alfenas neste período considerado foi de 4%,

bem acima do que a do estado de Minas Gerais, que ficou em torno de 1,8%, e do

que do Brasil que teve cerca de 2,6 % de crescimento, o que confirma a elevada

taxa geométrica de crescimento da população e a rápida urbanização decorrente

(IBGE, 2011).

Figura 11 - Participação (%) da população urbana e da rural em Alfenas, de 1970 a 2010 Fonte: IBGE, 2011.

8Esta dinâmica demográfica se deve ao fenômeno conceituado por Milton Santos (1996) e utilizado

por Denise Elias (2007, p. 128) nos estudos sobre as cidades do campo, com relação a movimentação de trabalhadores nessas cidades, chamada de migração ascendente e descendente. De acordo com Frederico (2008, p. 87), as novas cidades do campo moderno passam também a atrair todo tipo de migrante, desde os profissionais liberais qualificados, necessários à realização da produção, até uma massa de trabalhadores desqualificados, também essenciais à produção, pois irão compor o exército de reserva de mão-de-obra.

53

Figura 12 - Crescimento populacional de Alfenas Fonte: IBGE, 2011.

No caso dos ex-proprietários de terras, estes conseguem maiores

oportunidades na cidade, com a venda de suas terras e o investimento do capital

obtido em outras atividades produtivas ou em melhores casas. Já os trabalhadores

do campo, sem capital e sem renda, acabam se alocando nas zonas periféricas da

cidade, passando a conviver com uma série de dificuldades que, mesmo na zona

urbana, continuam sendo marginalizados socialmente. Muitos desses acabam,

ainda, continuando a trabalhar no campo, principalmente nas épocas de safra,

ajudando a constituir, junto com os migrantes sazonais (trabalhadores de várias

regiões do país em busca de melhores condições de renda e trabalho nas colheitas

de lavouras da região, fixando-se temporariamente ou permanentemente no

município), uma massa de trabalhadores do café, como pode ser observado no

gráfico sobre a dinâmica do mercado de trabalho durante os meses no setor.

54

Figura 13 - Saldo de empregos no setor cafeeiro nos meses de 2010 em Alfenas Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2010.

Para melhor analisar este contexto, foram entrevistadas 10 famílias

moradoras em 2 bairros periféricos da cidade (Santa Clara e Campos Elíseos) o qual

já foram pequenos proprietários e/ou trabalhadores da lavoura de café no campo. A

escolha dos bairros teve como sentido a sua importância quanto à amostra na

pesquisa, em vista que existem muitos moradores deste perfil, considerando a

grande dificuldade que foi em localizar tais moradores em outros bairros. No caso

especial do bairro Santa Clara, estruturada sobre uma única rua, constata-se que a

grande maioria dos moradores provém da zona rural da região, ex-trabalhadores ou

ainda em atividade nas lavouras de café. A partir dos dados coletados e

interpretados, foi possível traçar o perfil socioeconômico destas famílias e constatar

os principais efeitos causados pela modernização da agricultura para este grupo que

antes foram marginalizados no campo.

55

Figura 14 - Imagens dos bairros Santa Clara e Campos Elíseos na cidade de Alfenas (MG) Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

Nota-se em primeira mão que, a soma do grau de escolarização de todos os

indivíduos das famílias entrevistadas nos revela que a grande maioria não possuem

ensino médio completo (figura 16). Há ocorrência de muitos indivíduos analfabetos

nas famílias. A renda familiar mensal no campo não passava de três salários

mínimos e na cidade não passam de cinco. Embora situando-se em faixas de renda

ainda baixos, podemos notar que a renda dessas famílias melhoraram (figura 17),

em decorrência de alguns indivíduos estarem empregados em serviços urbanos.

Nas 10 casas visitadas, todas eram próprias, mas muito ainda sem regularização

pela prefeitura, principalmente no bairro Santa Clara.

56

Figura 15 - Grau de escolarização de todos os membros das famílias moradoras entrevistas

na periferia de Alfenas Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

Figura 16 - Renda familiar mensal, antes (no campo) e atual (na cidade) Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

57

De acordo com os principais resultados da pesquisa, metade das famílias

considerava que possuíam boas condições de vida no campo. Mas de acordo com

os motivos que os levaram a mudar do campo para a cidade (figura 18), observa-se

que estão associados à questão deque um dos membros da família começou a

estudar (30%) ou a trabalhar na cidade (10%). Somente 10% das famílias

responderam que era por causa da falta de condições de se viver no campo. A partir

destes fatos, mesmo a maioria das famílias não terem afirmado a última opção, é

possível observar pelas falas dos entrevistados que as condições de trabalho e

estudos no campo se mostravam desfavoráveis, havendo então a preocupação

maior destes indivíduos na busca por alternativas de trabalho e qualificação

profissional na cidade.

Ainda é possível aferir que mesmo estando morando na cidade, muitos não

conseguem se inserir no mercado de trabalho urbano, tendo a dependência ainda

dos trabalhos do campo como fonte de renda, principalmente em épocas da colheita

do café. Inclusive esse foi o motivo apontado por 40% das famílias como um dos

motivos que contribuíram para a sua migração (melhorar as condições materiais e

sociais na cidade e depender da renda do campo obtida principalmente na lavoura

de café). 60% das famílias possuíam algum membro que ainda trabalhava no

campo, todos com carteira registrada. Este fato é reforçado ainda, quando metade

dos indivíduos da amostra disse que tiveram dificuldades para encontrar empregos

na cidade, cujos motivos foram, principalmente, a falta de escolarização e de

qualificação profissional.

58

Figura 17 - Principais motivos do êxodo rural das famílias

Fonte: Trabalho de campo (outubro de 2011).

Embora houvesse uma significativa melhora na situação socioeconômica

dessas famílias com a mudança para a cidade, muitos problemas sociais a qual

essas pessoas convivem em seus bairros foram apontadas na pesquisa. Foi

questionado sobre a quais condições sociais faltavam quando se mudaram para o

bairro e quais deles ainda faltam atualmente. Os problemas mais apontados nas

épocas de migração foram à falta de água potável, de rede de esgoto, de coleta de

lixo, de asfaltamento de ruas, de energia elétrica, de moradia adequada, de

transportes coletivos, de segurança, de postos de saúde, de empregos e de áreas

de lazer.

Vale à pena lembrar que a maioria desses moradores se instalaram nesses

bairros a aproximadamente 20 a 30 anos atrás (décadas de 1980 e 1990), época em

que muitos bairros de Alfenas eram desprovidos de infraestrutura básica para à

atendimento a população, levando a crer que essas áreas antigamente podiam ser

comparadas a áreas de favelas, de ocupação irregular de terrenos. Atualmente,

observa-se que ocorreram muitas melhorias, mas ainda se queixam da existência de

falta de segurança e de áreas de lazer.

59

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A especialização produtiva regional no atual período técnico-científico-

informacional tem constituído a região do Sul de Minas como um dos espaços mais

competitivos do país em meio ao circuito espacial produtivo do café. Nesta dinâmica

territorial de modernização agrária, se constituiu também cidades ou municípios

funcionais à produção e logística cafeeira, como o município de Alfenas, cujo recorte

espacial contribuiu, em grande êxito, como estudo de caso para análise dos

principais impactos causados pelo agronegócio globalizado frente à modernização

do campo e as novas relações campo-cidade. Tal realidade tem proporcionado não

só a refuncionalização urbana para atender as demandas do campo, mas também a

intensificação das desigualdades socioespaciais inerentes a marginalização de

grupos sociais no campo com a modernização das atividades agrícolas.

No estudo sobre estes impactos, através de revisão bibliográfica, pesquisas e

trabalhos a campo (visitas técnicas e entrevistas), foi possível constatar que além da

rede de serviços e infraestrutura já existentes, novas atividades e empresas se

expandem ou se instalam no meio urbano para sustentar o pleno desenvolvimento

da cafeicultura moderna da região, como empresas exportadoras, de beneficiamento

e armazenagem, revendedoras de insumos e implementos agrícolas, etc., com

grande vínculo com o mercado internacional.

Porém, não são todos os agentes do circuito espacial produtivo do café que

possuem acesso a essa modernidade, em decorrência da sua pouca condição em

capital e de capacidade produtiva para usufruir desses serviços com eficiência. De

acordo com as entrevistas realizadas com os grandes e pequenos cafeicultores, foi

constatado que os grandes proprietários agrícolas, dotados de maior disponibilidade

de capital e produção em larga escala, possuem muito mais vantagens produtivas e

comerciais do que os demais agricultores.

A inviabilidade produtiva de pequenos proprietários agrícolas configura uma

estrutura fundiária no município altamente concentrado, no qual os grandes

cafeicultores passam a dominar o ramo de produção cafeeiro e cada vez mais sua

modernização serve de “expulsão” desses produtores do campo para a cidade ou a

obrigação deles de substituírem suas lavouras por outras culturas agrícolas e/ou

atividades rurais. Assim, pequenos produtores descapitalizados e uma massa de

60

trabalhadores rurais (famílias inteiras), estes substituídos em grande parte pelo

trabalho das máquinas, foram e tem sido alvos de dificuldades encontradas para

permanecerem no campo.

A concentração fundiária combinada com a mecanização das lavouras

cafeeiras eleva o fluxo de migração associado ao êxodo rural e configura também

desigualdades socioespaciais na cidade, uma vez que principalmente trabalhadores

rurais desempregados e desprovidos de capital se alojam nos bairros periféricos

urbanos, em busca de alternativas de trabalho e renda. Este movimento

populacional pode explicar, em parte, a redução drástica da população rural e o

aumento exacerbado da população urbana nos últimos 40 anos, além do

crescimento da população em geral no município com a dinamização da cidade,

contribuída pela expansão do agronegócio globalizado.

A outra face do agronegócio é, portanto, a realidade escondida atrás da plena

modernização do campo. O progresso social neste meio é pouco discutida e

abrangida pela iniciativa pública e privada e seu baixo avanço representa uma das

problemáticas mais contundentes da questão agrária brasileira. Isto porque a

agricultura capitalista tem a força de utilizar o espaço como reprodução dos

interesses hegemônicos das empresas multinacionais e dos grandes latifundiários,

ao mesmo tempo em que marginaliza outros atores desprovidos de condições

necessárias para fazer o uso da modernidade estendida neste período técnico-

cientítico-informacional.

61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Anuário Estatístico do Crédito Rural: Financiamentos Concedidos a Produtores e Cooperativas, 2010.

CAUME, D. J. Agricultura Familiar e Agronegócio: falsas antinomias. REDES,

Santa Cruz do Sul, v. 14, n. 1, p. 26 - 44, jan./abr. 2009. CASTILLO, R. A. “Região competitiva e logística: expressões geográficas da produção e da circulação no período atual”. In: IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2008. Anais... Santa Cruz do Sul - RS: Unisc, v. 1., 2008 ELIAS, D. Agricultura e produção de espaços urbanos não metropolitanos: notas teórico-metodológicas. In: SPOSITO, Maria Encarnação B. (Org.) Cidades médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

FREDERICO, S. Montanhas do café: a constituição de uma região competitiva no Sul de Minas. Projeto de pesquisa. 19f. Universidade Federal de Alfenas. Alfenas – MG, 2009. ______. O novo tempo do cerrado: Expansão dos fronts agrícolas e controle do sistema de armazenamento de grãos. 2009. 273f. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo, 2009. FREDERICO, S.; CASTILLO, R. Circuito espacial produtivo do café e competitividade territorial no Brasil. Revista Ciência Geográfica, Bauru, vol. X,

Set./Dez, 2004. p. 236-241. LISTA TELEFÔNICA GUIATEL. Região do Rio Verde. Belo Horizonte: Guiatel S/A – Editores de Guias Telefônicos, 2011. MÜLLER, G. Complexo Agroindustrial e Modernização Agrária. São Paulo:

Hucitec,1989. PRADO JÚNIOR, C. A Questão Agrária. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. PREFEITURA DE ALFENAS. Plano Diretor Participativo Municipal: Leitura Técnica. Minas Gerais, 2006.

PIZZOLATTI, I. J. Visão e conceito de agribusiness. Monografia. 16f. 2004.

Universidade do Oeste Catarinense. Tangará – SC. 2004. SANTOS, M. A natureza do espaço, técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. ________. A urbanização brasileira. 2ª ed. São Paulo: Ed. Hucitec, 1996.

________. Espaço e método. 3ª ed. São Paulo: Hucitec, 1997.

62

________. Técnica, espaço, tempo. 5ª ed. São Paulo: Ed. Edusp, 1994. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil, território e sociedade no inicio do século XXI. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2001.

SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS. Anuário Brasileiro do Café 2008. Minas Gerais, 2008. SILVEIRA, Rogério, L.L. Complexo Agroindustrial, rede e território. In: DIAS, Leila; SILVEIRA, Rogério, L.L. Redes, Sociedades e Territórios. 2º ed. Santa Cruz do

Sul: EDUNISC. 2007. P. 215-253. ROLLO, M. A. P. As novas dinâmicas do território brasileiro no período Técnico-científico-informacional: O circuito espacial de produção do café e o respectivo círculo de cooperação no sul de minas. 2009. 129f. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista. Rio Claro – SP, 2009.

63

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GRANDES PRODUTORES DE CAFÉ EM ALFENAS - MG

Questionário Nº: Data: ____/____/____ Nome da fazenda:____________________________________________________ Nome do Entrevistado:________________________________________________

1. Qual o tamanho da propriedade rural?_______________________________ 2. Qual o tamanho da área destinada à lavoura de café?___________________ 3. Quantos pés de café existem aproximadamente?_______________________ 4. Há quantos anos existe a propriedade rural?__________________________ 5. Há quantos anos possuem lavouras de café?__________________________ 6. Quantas sacas de café foram colhidas em 2011?_______________________ 7. Qual foi a produtividade média neste ano (em sacas/hectare)?____________

8. Que tipos e quantos trabalhadores são contratados na propriedade para a lavoura de

café? a) ( ) trabalhador rural permanentes (formal). Quantos?_______________ b) ( ) trabalhador rural temporário (formal). Quantos?_________________ c) ( ) trabalhador rural temporário (informal). Quantos?________________

9. Os trabalhadores permanentes, na sua maioria?

9.1 Têm origem: a) ( ) do município de Alfenas b) ( ) de outros (s) município (s)

9.2 Moram: a) ( ) na propriedade b) ( ) em outra propriedade c) ( ) na cidade

9.3 Dos trabalhadores que não moram na propriedade, que tipo de transporte utilizam para chegar à fazenda?

a) ( ) ônibus da prefeitura b) ( ) ônibus da fazenda c) ( ) carro ou outro veículo d) ( ) bicicleta ou a pé

9.4 Dos trabalhadores que moram na fazenda, quais desses benefícios possuem? a) ( ) moradia b) ( ) atendimento médico c) ( ) proximidade de escola e transportes para crianças e jovens d) ( ) terras para plantar hortaliças e outros cultivos e) ( ) terras para criar animais

f) ( ) outros

64

10. Os trabalhadores temporários, na sua maioria? 8.1 Têm origem:

c) ( ) do município de Alfenas d) ( ) de outros (s) município (s)

8.2 Moram: d) ( ) na propriedade e) ( ) em outra propriedade f) ( ) na cidade

8.3 Que tipo de transporte utilizam para chegar à fazenda? a) ( ) ônibus da prefeitura b) ( ) ônibus da fazenda c) ( ) carro ou outro veículo d) ( ) bicicleta ou a pé

11. Sobre os profissionais agrícolas, como os agrônomos:

a) ( ) São contratados pela própria fazenda. Quantos? ________________ b) ( ) São terceirizados de outra empresa. Quantos? _________________

12. Na época da colheita do café, quantos trabalhadores foram contratados?____

13. Utilizam maquinários agrícolas nas colheitas de café? a) ( ) Não b) ( ) Sim. Qual a porcentagem aproximada de café que é colhido de forma

mecanizada?_____________

14. Quais e quantos maquinários e/ou implementos agrícolas existem na propriedade? a) ( ) tratores___________________________________________ b) ( ) caminhões________________________________________ c) ( ) colheitadeiras______________________________________ d) ( ) roçadeiras_________________________________________ e) ( ) adubadeiras e/ou distribuidoras de calcário_______________ f) ( ) grades e/ou enxadas rotativas__________________________ g) ( ) pulverizadores e/ou atomizadores_______________________ h) ( ) derriçadeira manual motorizada_________________________ i) ( ) abanadora mecânica_________________________________ j) ( ) lavador-separador mecânico___________________________ k) ( ) descascador e despolpador mecânico____________________ l) ( ) secador de café______________________________________ m) ( ) beneficiadora de café__________________________________ n) ( ) ensacador de café____________________________________ o) ( ) outros

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Além do café, quais outras atividades rurais são desenvolvidas na propriedade?

( ) Agrícola. Quais?_______________________________________ ( ) Pecuária. Quais?______________________________________

16. Possuem terreiros para secagem do café? a) ( ) Não b) ( ) Sim. Quantos______________________________________

65

17. O beneficiamento do café é feito: a) ( ) na propriedade com maquinários próprios b) ( ) na propriedade com serviços terceirizados c) ( ) na cooperativa d) ( ) outra forma. ______________________________________ e) ( ) não faz beneficiamento (vende café em coco)

18. O armazenamento do café é feito: a) ( ) no barracão existente na propriedade b) ( ) no barracão em outra propriedade rural c) ( ) no barracão do armazém geral d) ( ) no barracão da cooperativa e) ( ) outra forma. _____________________________________

19. Possuem torrefadora própria?

( ) Não ( ) Sim. Quantas sacas ou porcentagem do café produzido são destinadas para este fim?

20. O café é vendido sob alguma marca conhecida na região?

______________________________________________________________

21. O café é vendido para: a) ( ) armazéns gerais b) ( ) cooperativas c) ( ) armazéns exportadoras e transportadoras (Ex: Outspam, Casa Nobre, etc.) d) ( ) outro fazendeiro e) ( ) torrefadoras da região f) ( ) outro. ________________________________________________

22. O transporte do café é feita por caminhões:

a) ( ) da própria fazenda b) ( ) alugados c) ( ) de uma empresa transportadora d) ( ) do armazém geral e) ( ) da cooperativa f) ( ) da empresa exportadora g) ( ) outro._______________________________________________

23. Quanto do café produzido foi ou será exportado este ano? (Se não for possível,

dados de 2010). _________________________________________________________

24. Qual a qualidade do café exportado? ___________________________ 25. Para quais países chega a ser exportado o café produzido na fazenda?

__________________________________________________________

26. A fazenda possui alguma certificação de qualidade do café? a) ( ) Não b) ( ) Sim. Qual (is)? ______________________________________

27. O proprietário é cooperado? ( ) sim ( ) não

66

28. De qual cooperativa? ( ) Cooxupé ( ) outra________________________________________________

29. A cooperativa tem oferecido boa assistência técnica e/ou financeira? a) ( ) sim b) ( ) não. Em quais aspectos?

( ) falta de agrônomos e/ou profissionais da agricultura para assistência técnica ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para a compra de insumos agrícolas (adubos, fertilizantes, agrotóxicos, etc.) ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para a compra de implementos e/ou maquinários agrícolas ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para custeio de produção ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para custeio de colheita ( ) serviços de beneficiamento ( ) serviços de transporte ( ) serviços de armazenamento ( ) preço inviável para venda do café

30. Adquirem créditos para financiar os custos da produção de café? ( ) sim ( ) não

31. Estão inscritos em algum programa governamental de ajuda financeira que auxilia no desenvolvimento da atividade cafeeira? a) ( ) não b) ( ) sim. Qual (is)?

______________________________________________________________________________________________________________________

32. Adquirem outras formas de financiamento por meio de:

a) ( ) banco privado (Bradesco, Itáu, BMG, etc.) b) ( ) banco público (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc.) c) ( ) cooperativa d) ( ) outra instituição ou empresa. ____________________________

33. Você acha que está muito difícil cultivar café?

( ) não ( ) sim. Por quê? _____________________________________________

34. Quais as principais dificuldades para manter a lavoura e/ou negócio do café? a) ( ) custos altos de produção em geral b) ( ) custos altos de insumos agrícolas (fertilizantes, agrotóxicos, etc.) c) ( ) custos altos de maquinários e implementos agrícolas d) ( ) dificuldades de obter créditos agrícolas e) ( ) rigor das leis trabalhistas f) ( ) muita exigência do mercado pela qualidade de produto g) ( ) preço baixo da cotação de café

35. A venda do café a preços do mercado tem proporcionado bons lucros? ( ) sim ( ) não

36. Com a renda obtida na lavoura de café, o proprietário consegue: a) ( ) pagar todas as despesas com a lavoura e colheita do café. b) ( ) realizar investimentos em sua propriedade, tais como modernizar sua

atividade agrícola e/ou aumentar sua área de produção.

67

37. Pensam em continuar produzindo café pelos próximos anos? ( ) sim ( ) não

38. Se sim, pretendem expandir a área de produção? ( ) Não ( ) Sim. Quanto em área (há)? ______________________________

39. Se não, o que pensam em fazer? a) ( ) cultivar outra lavoura agrícola no lugar.

Qual?_______________________________________________ b) ( ) substituir a plantação por pastagem para criação de gado c) ( ) vender a propriedade d) ( ) não pensaram a respeito

40. O proprietário já comprou outras propriedades rurais de menor tamanho, tipo

familiar? ( ) sim ( ) não

41. O proprietário pensa em adquirir novas terras para ampliar os negócios da fazenda? ( ) sim ( ) não

42. O proprietário já arrendou ou arrenda outras propriedades rurais? ( ) sim ( ) não

43. Avaliando o mercado cafeeiro, você acha que a produção de café é favorável pelos próximos anos? ( ) sim ( ) não. Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________

68

APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO APLICADOAOS PEQUENOS PRODUTORES DE CAFÉ EM ALFENAS - MG

Questionário Nº: Data: ____/____/____ Nome da fazenda:____________________________________________________ Nome do Entrevistado:________________________________________________

1. Qual o tamanho da propriedade rural?_______________________________ 2. Qual o tamanho da área destinada à lavoura de café?___________________ 3. Quantos pés de café existem aproximadamente?_______________________ 4. Há quantos anos existe a propriedade rural?__________________________ 5. Há quantos anos possuem lavouras de café?__________________________ 6. Quantas sacas de café foram colhidas em 2011?_______________________ 7. Qual foi a produtividade média neste ano (em sacas/hectare)?____________

8. Quantos membros existem na família?_______________________________ 9. Todos os membros da família se dedicam à agricultura? 10. ( ) sim 11. ( ) não. Quantos?______ 12. Em que tipo de ocupação?___________________________________________

13. Se algum membro da família trabalha na cidade, a maior parte da renda familiar é obtida com: 14. ( ) atividade agropecuária. Valor?____________________________________ 15. ( ) atividade urbana. Valor?_________________________________________

16. Qual a sua condição em relação às terras:

a) ( ) proprietário b) ( ) assentado sem titulação definitiva c) ( ) arrendatário d) ( ) parceiro e) ( ) ocupante f) ( ) produtor sem área g) ( ) outro_____________________________________________________

17. Qual é a renda familiar mensal?_____________________________________

( ) menos de 1 SM ( ) até 1 SM ( ) de 1 a 3 SM ( ) de 3 a 5 SM ( ) de 5 a 10 SM ( ) mais de 10 SM

18. A família considera que possui boas condições de vida? a) ( ) sim b) ( ) não, porque?______________________________________________

19. Na lavoura de café trabalham:

a) ( ) somente os membros da família b) ( ) membros da família e trabalhadores contratados c) ( ) somente trabalhadores contratados

20. Que tipos e quantos trabalhadores são contratados na propriedade para a lavoura de café? a) ( ) trabalhador rural permanentes (formal). Quantos?_______________ b) ( ) trabalhador rural temporário (formal). Quantos?_________________ c) ( ) trabalhador rural temporário (informal). Quantos?________________

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21. Os trabalhadores permanentes, na sua maioria? 21.1 Têm origem:

a) ( ) do município de Alfenas b) ( ) de outros (s) município (s)

21.2 Moram: a) ( ) na propriedade b) ( ) em outra propriedade c) ( ) na cidade

21.3 Dos trabalhadores que não moram na propriedade, que tipo de transporte utilizam para chegar à fazenda?

a) ( ) ônibus da prefeitura b) ( ) ônibus da fazenda c) ( ) carro ou outro veículo d) ( ) bicicleta ou a pé

21.4 Dos trabalhadores que moram na fazenda, quais desses benefícios possuem? a) ( ) moradia b) ( ) atendimento médico c) ( ) proximidade de escola e transportes para crianças e jovens d) ( ) terras para plantar hortaliças e outros cultivos e) ( ) terras para criar animais f) ( ) outros

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________

22. Os trabalhadores temporários, na sua maioria? 22.1 Têm origem:

a) ( ) do município de Alfenas b) ( ) de outros (s) município (s)

22.2 Moram: a) ( ) na propriedade b) ( ) em outra propriedade c) ( ) na cidade

22.3 Que tipo de transporte utilizam para chegar à fazenda? a) ( ) ônibus da prefeitura b) ( ) ônibus da fazenda c) ( ) carro ou outro veículo d) ( ) bicicleta ou a pé

23. Quais e quantos maquinários e/ou implementos agrícolas existem na propriedade? a) ( ) tratores___________________________________________ b) ( ) caminhões________________________________________ c) ( ) colheitadeiras______________________________________ d) ( ) roçadeiras_________________________________________ e) ( ) adubadeiras e/ou distribuidoras de calcário_______________ f) ( ) grades e/ou enxadas rotativas__________________________ g) ( ) pulverizadores e/ou atomizadores_______________________ h) ( ) derriçadeira manual motorizada_________________________ i) ( ) abanadora mecânica_________________________________ j) ( ) lavador-separador mecânico___________________________ k) ( ) descascador e despolpador mecânico____________________ l) ( ) secador de café______________________________________ m) ( ) beneficiadora de café__________________________________ n) ( ) ensacador de café____________________________________ o) ( ) outros_________________________________________________

24. Além do café, quais outras atividades rurais são desenvolvidas na propriedade? ( ) Agrícola. Quais?_________________________________________________ ( ) Pecuária. Quais?_________________________________________________

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25. Possuem terreiros para secagem do café? ( ) sim ( ) não

26. O beneficiamento do café é feito: a) ( ) na propriedade com maquinários próprios b) ( ) na propriedade com serviço terceirizado c) ( ) na cooperativa d) ( ) outra forma. _______________________________________________ e) ( ) não faz beneficiamento (vende café em coco)

27. O armazenamento do café é feito: a) ( ) no barracão existente na propriedade b) ( ) no barracão em outra propriedade rural c) ( ) no barracão do armazém geral d) ( ) no barracão da cooperativa e) ( ) outra forma. ______________________________________________

28. O café é vendido para:

a) ( ) armazéns gerais b) ( ) cooperativas c) ( ) outro fazendeiro d) ( ) outro. __________________________________________________

29. O transporte do café é feita por caminhões:

a) ( ) do próprio agricultor b) ( ) alugados c) ( ) de uma empresa transportadora d) ( ) do armazém geral e) ( ) da cooperativa f) ( ) outro._________________________________________________

30. O proprietário é cooperado?

( ) sim ( ) não

31. De qual cooperativa? ( ) Cooxupé ( ) outra_____________________________________________________

32. A cooperativa tem oferecido boa assistência técnica e/ou financeira? a) ( ) sim b) ( ) não. Em quais aspectos?

( ) falta de agrônomos e/ou profissionais da agricultura para assistência técnica ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para a compra de insumos agrícolas (adubos, fertilizantes, agrotóxicos, etc.) ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para a compra de implementos e/ou maquinários agrícolas ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para custeio de produção ( ) dificuldades de aquisição de financiamentos para custeio de colheita ( ) serviços de beneficiamento ( ) serviços de transporte ( ) serviços de armazenamento ( ) preço inviável para venda do café

33. Adquire créditos para financiar os custos de sua produção de café? ( ) sim ( ) não

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34. Está inscrito em algum programa governamental de ajuda financeira que auxilia no desenvolvimento da atividade cafeeira? a) ( ) não b) ( ) sim. Qual (is)?

( ) Pronaf ( ) outro. ___________________________________________________

35. Adquire outras formas de financiamento por meio de:

a) ( ) banco privado (Bradesco, Itáu, BMG, etc.) b) ( ) banco público (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc.) c) ( ) cooperativa d) ( ) outra instituição ou empresa. ___________________________________

36. Possuiu dificuldades em adquirir créditos para financiar a sua produção de café? ( ) sim ( ) não

37. Você acha que está muito difícil cultivar café? ( ) não ( ) sim. Porque?__________________________________________________

38. Quais as principais dificuldades para manter a lavoura e/ou negócio do café? a) ( ) custos altos de produção b) ( ) dificuldades de obter créditos agrícolas c) ( ) dificuldades no acesso a insumos agrícolas (fertilizantes, agrotóxicos, etc.) d) ( ) falta de maquinários e implementos agrícolas e) ( ) rigor das leis trabalhistas f) ( ) muita exigência do mercado pela qualidade de produto g) ( ) preço baixo da cotação de café

39. A venda do café a preços do mercado tem lhe proporcionado bons lucros? ( ) sim ( ) não

40. Com a renda obtida na lavoura de café, o proprietário consegue: a) ( ) pagar todas as despesas com a lavoura e colheita do café. b) ( ) cobrir as despesas básicas da família, como energia elétrica, alimentação, higiene,

limpeza, etc. c) ( ) proporcionar maior conforto doméstico a família, tais como comprar móveis e

eletrodomésticos novos e demais necessidades. d) ( ) realizar investimentos em sua propriedade, tais como modernizar sua atividade agrícola

e/ou aumentar sua área de produção.

41. Pensa em continuar produzindo café pelos próximos anos? ( ) sim ( ) não

42. Se não, o que pensa em fazer? a) ( ) cultivar outra lavoura agrícola no lugar.

Qual?_____________________________________________ b) ( ) substituir a plantação por pastagem para criação de gado c) ( ) não pensou a respeito d) ( ) vender a propriedade. Para quem?

( ) Outro proprietário de terras ( ) Para um trabalhador rural ( ) Pessoa que antes morava na cidade e se mudou para o campo ( ) Pessoa que continua morando na cidade ( ) Outro _______________________________________

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43. Ao vender a propriedade, a família pretende se mudar: 43.1 ( ) para outra propriedade rural. Com qual objetivo:

a) ( ) Comprar, arrendar ou se tornar parceiro de uma outra propriedade e continuar a cultivar café.

b) ( ) Comprar, arrendar ou se tornar parceiro de uma outra propriedade e desenvolver outra atividade agropecuária diferente do café.

c) ( ) Se tornar trabalhador de um produtor de café maior d) ( ) Se tornar trabalhador de um produtor de outro cultivo agrícola diferente do café

43.2 ( ) para a cidade. 40.2.1 Para onde?

a) ( ) Alfenas b) ( ) outra cidade

43.2.2 Por qual motivo principal? a) ( ) Vontade própria b) ( ) Falta de condições para viver no campo c) ( ) Um dos membros da família começou a trabalhar na cidade d) ( ) Um dos membros da família começou a estudar na cidade e) ( ) Para morar na cidade e continuar a trabalhar no campo

44. Avaliando a zona rural onde residem, quais dessas condições sociais faltavam quando se

mudaram para a propriedade e ainda faltam atualmente? a) Antes ( ) Falta de energia elétrica ( ) Falta de água potável ( ) Falta de coleta de lixo ( ) Falta de boas estradas de rodagem ( ) Falta de moradia adequada ( ) Falta de transportes (não possui veículos como carro, moto ou caminhão) ( ) Falta de escolas ( ) Falta de atendimento médico ( ) Falta de empregos

b) Atual ( ) Falta de energia elétrica ( ) Falta de água potável ( ) Falta de coleta de lixo ( ) Falta de boas estradas de rodagem ( ) Falta de moradia adequada ( ) Falta de transportes (não possui veículos como carro, moto ou caminhão) ( ) Falta de escolas ( ) Falta de atendimento médico ( ) Falta de empregos

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APÊNDICE C

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA A MORADORES QUE VIERAM DO CAMPO NA PERIFERIA DE ALFENAS - MG

Questionário Nº: Data: ____/____/____ Nome do Entrevistado:________________________________________________________ Endereço: Rua_______________________________________________________________,

Nº______________ Bairro: _____________________________________________________

1. Qual o grau de escolarização da família:

Membros Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto (1º ao 9º

ano)

Ensino Fundamental

Completo

Ensino Médio

Incompleto

Ensino Médio

Completo

Ensino Superior

Incompleto

Ensino Superior Completo

Pai Mãe Filho 1 Filho 2 Filho 3 Filho 4 Filho 5 Filho 6 Filho 7

2. Você e sua família vieram do campo para a cidade? Qual município?____________________________________________________

3. Na propriedade rural, eram produtores e/ou trabalhadores de lavouras de café?

4. Quando morava no campo, qual era sua condição em relação às terras (segundo as classificações do Censo Agropecuário do IBGE): a) ( ) proprietário b) ( ) assentado sem titulação definitiva c) ( ) arrendatário d) ( ) parceiro e) ( ) ocupante f) ( ) produtor sem área g) ( ) trabalhador rural permanentes (formal) h) ( ) trabalhador rural permanentes (informal) i) ( ) trabalhador rural temporário (formal) j) ( ) trabalhador rural temporário (informal) k) ( ) trabalhador rural parceiro l) ( ) outro_____________________________________________________

5. Se era proprietário de terras, qual era o tamanho da propriedade (ha)?_____________ ( ) Menos de 10 ( ) 10 a menos de 100 ( ) 100 a menos de 1000 ( ) 1000 e mais 6. Quando mudou-se para a cidade, vendeu sua propriedade rural?

( ) sim ( ) não

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7. Se vendeu, quem foi o comprador? a) ( ) Outro proprietário de terras. Sabe qual era o tamanho da propriedade que o comprador já

possuía (ha)?________________________________________ b) ( ) Para um trabalhador rural c) ( ) Pessoa que antes morava na cidade e se mudou para o campo d) ( ) Pessoa que continua morando na cidade d) ( ) Outro ______________________________________________________

8. Se era trabalhador rural, considerava que possuía boas condições de trabalho?

a) ( ) sim b) ( ) não, porque?_______________________________________________

9. Quantos eram membros da família que residiam no campo?________.

10. Todos os membros se dedicavam à agricultura?

( ) sim ( ) não. Quantos?______ Em que tipo de ocupação?_____________________

11. Quando moravam no campo, a família considerava que possuía boas condições de vida?

a) ( ) sim b) ( ) não, porque?_______________________________________________

12. Qual ou quais foram os motivos pela mudança da família do campo para a cidade?

a) ( ) Vontade própria b) ( ) Falta de condições para viver no campo c) ( ) Um dos membros da família começou a trabalhar na cidade d) ( ) Um dos membros da família começou a estudar na cidade e) ( ) Para morar na cidade e continuar a trabalhar no campo

13. Há quantos anos a família mora na cidade?_____________________________

14. A casa em que moram é:

( ) própria ( ) alugada ( ) outro________________________________________________________

15. Qual sua ocupação atual? ( ) atividade agropecuária. Qual?____________________________________

( ) atividade urbana. Qual?________________________________________

16. Qual a ocupação atual dos demais membros da família? ( ) atividade agropecuária. Quantos?_______Qual?____________________ ( ) atividade urbana. Quantos?_______Quais?________________________

17. Quando moravam no campo, qual era a renda familiar mensal?________________ ( ) menos de 1 SM ( ) até 1 SM ( ) de 1 a 3 SM ( ) de 3 a 5 SM ( ) de 5 a 10 SM ( ) mais de 10 SM

18. Qual é a renda mensal atual da família? ( ) menos de 1 SM ( ) até 1 SM ( ) de 1 a 3 SM ( ) de 3 a 5 SM ( ) de 5 a 10 SM ( ) mais de 10 SM

19. A maior parte da renda familiar é obtida com:

( ) atividade agropecuária. Valor?______________________________ ( ) atividade urbana. Valor?___________________________________

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20. Os membros que atualmente trabalham na agropecuária possuem carteira de trabalho registrada? ( ) sim ( ) não

21. Que tipo de transporte utiliza(m) para chegar à roça:

( ) ônibus da prefeitura ( ) ônibus da fazenda ( ) carro ou outro veículo ( ) bicicleta ou a pé

22. Quando se mudaram para a cidade, sua família teve dificuldades para encontrar empregos?

a) ( ) Não b) ( ) Sim. Porque?

( ) Pouca oferta de trabalho ( ) Falta de escolarização ( ) outro __________________________________________________

23. Considera que a vida da família melhorou após terem se mudado para a cidade? a) ( ) sim b) ( ) não, porque?__________________________________________________ 24. Avaliando o seu bairro, quais dessas condições sociais faltavam quando se mudaram para ele e

ainda faltam atualmente? a) Antes ( ) Falta de água potável ( ) Falta de rede de esgoto sanitário ( ) Falta de coleta de lixo ( ) Falta de asfaltamento de ruas ( ) Falta de energia elétrica ( ) Falta de moradia adequada ( ) Falta de transportes coletivos ( ) Falta de segurança ( ) Falta de escolas ( ) Falta de postos de saúde ( ) Falta de empregos ( ) Falta de áreas de lazer

b) Atual ( ) Falta de água potável ( ) Falta de rede de esgoto sanitário ( ) Falta de coleta de lixo ( ) Falta de asfaltamento de ruas ( ) Falta de energia elétrica ( ) Falta de moradia adequada ( ) Falta de transportes coletivos ( ) Falta de segurança ( ) Falta de escolas ( ) Falta de postos de saúde ( ) Falta de empregos ( ) Falta de áreas de lazer

25. Você ou sua família pensam em voltar para o campo?

a) ( ) Não b) ( ) Sim. Porquê?_________________________________________