A REVITALIZAÇÃO URBANA PRACA DAS PALMEIRAS PARANÁ

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A REVITALIZAO URBANA EM UM PEQUENO MUNICPIO: O CASO DA PRAA DAS PALMEIRAS EM SANTA IZABEL DO OESTE, PARANRoberto Luiz de Carli Ps-Graduando do Curso de Especializao Lato Sensu em Planejamento Urbano e Desenvolvimento Regional, UNICENTRO, 2008. Lisandro Pezzi Schmidt Orientador, Docente do Departamento de Geografia da UNICENTRO, Guarapuava. www.unicentro.br

RESUMO O presente trabalho versa sobre a revitalizao da Praa das Palmeiras, no municpio de Santa Izabel do Oeste, Paran. Trata-se de um estudo baseado na necessidade de implantar um centro mais urbanizado, com uma viso urbanstica de cidades maiores, criando-se um centro comercial e de lazer melhor estruturado, potencializando, desta forma, a sua representatividade no intuito de privilegiar a populao local. Palavras-chave: Revitalizao urbana, praa, pequeno municpio.

ABSTRACT The present work turns about the revitalization of the Palm-trees square in Santa Izabel do Oeste town, Paran. It treat about a study based on the need of implanting a more urbanized center, with a town planning vision of larger city, growing up a commercial center and better leisure structured in potentiating this way its representativity the intention of to provilege the local population. Key words: Urban revitalization, square, small municipal town.

Ed. 6 Ano: 2008

Revista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO

ISSN: 1980-6116

A REVITALIZAO URBANA EM UM PEQUENO MUNICPIO: O CASO DA PRAA DAS PALMEIRAS EM SANTA IZABEL DO OESTE, PARAN

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INTRODUO

O espao urbano pode ser abordado sob diversos ngulos, tais como o do urbanismo (planejamento e "paisagismo" do espao), da percepo (sentimentos, valores e atitudes dos habitantes em relao ao espao vivenciado), ou por meio do estudo das conexes entre a forma espacial e a estrutura social, as funes urbanas e seus processos de realizao (CORRA, 1981). Assim, o presente trabalho versa sobre a revitalizao da Praa das Palmeiras, localizada no municpio de Santa Izabel do Oeste, Paran, local importante para a cidade, que hoje se encontra sem atrativos e urbanstica empobrecido. A pesquisa tem como intuito, o resgate arquitetnico e histrico das estruturas urbanas por meio de uma proposta de revitalizao, demonstrando a sua importncia para a evoluo da cidade de Santa Izabel do Oeste. Para tanto, apresenta diretrizes para uma estratgia de revitalizao baseada na pedestrianizao progressiva do centro da cidade. Este estudo tem como finalidade apresentar uma proposta fomentada em aes projetuais, buscando assim, uma viso arquitetnica mais conceitual e simblica perante o desenvolvimento urbano, com o fim de valorizar o local quanto sua funo de avenida principal e praa central, trazendo consigo os valores culturais de outrora. Para que se possa embasar esse artigo, ser feito um apanhado geral sobre questes revitalizao e a maneira como os municpios pequenos a empregam em suas polticas pblicas. A cidade escolhida para pesquisa foi Santa Izabel do Oeste, localizada no sudoeste do Paran, e que atualmente, conta com uma populao estimada em 11.281 habitantes. Sua economia est voltada para a agricultura (IPARDES, 2008). Tais caractersticas levam a pensar sobre os conceitos de revitalizao urbana, o motivo pelo qual a idia patrimonial esquecida, e sobre a forma com que a revitalizao realizada nos pequenos municpios, considerando a falta de um aconselhamento tcnico sobre o planejamento das atividades destes espaos, e a defesa do bem-estar da populao, superando a carncia coletiva e desconsiderando seus valores patrimoniais. Pode-se dizer, que as atividades de revitalizao e de administrao procuram sanar as mazelas da sociedade atual e so apenas mais um impacto derivado do processo de globalizao (CORRA, 1981).Como uma rvore, a sociedade, quanto mais firme e profundamente tiver suas razes fixadas no substrato do passado, tanto mais forte e resistente desenvolve seu tronco no presente, e, tanto mais garantir sua copa, no futuro, a capacidade de florir e frutificar sadia e absolutamente (DELPHIM, 1999, p.05).

Este estudo de caso procurar revelar, por meio de um estudo prtico, como se organiza uma proposta de revitalizao urbana no municpio de Santa Izabel do Oeste, Paran.

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A REVITALIZAO URBANA: CONCEITO E SIGNIFICADO

A palavra revitalizao provem de preservao, do latim praeservar, a qual engloba a salvaguarda de bens culturais, protegidos e identificados (DELPHIM, 1999). J de acordo com a Carta de Nairobi (1976), preservao significa a identificao, proteo, conservao, restaurao, renovao, manuteno e revitalizao, ou seja, todas as aes necessrias para salvaguardar os bens culturais.Revista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 2 de 17

CARLI, Roberto Luiz de; SCHMIDT, Lisandro Pezzi

A revitalizao urbana teve seu incio na dcada de 1960, com o Partido Comunista Italiano, e est baseada nos conceitos do urbanismo progressista italiano. Ao longo desse perodo histrico, a revitalizao perdeu seu verdadeiro propsito, pois milhares de aes foram realizadas com vistas a recuperar reas degradadas, sem levar, no entanto, em considerao seu real valor de identidade cultural. No decorrer do processo de revitalizao, uma maior nfase dada aos espaos pblicos, tais como reas verdes de recreao que criam ambientes agradveis a todos que ali se instalaram ou que os rodeiam mas a influncia do mercado imobilirio fez com que estas reas se convertessem em espaos edificados de grande porte, como no caso de conventos, quartis e prdios comerciais, perdendo assim os seus valores caractersticos (ZANCHETI, 2000).No Brasil, a idia de revitalizao se confunde com outras atividades, como a de interveno, preservao e remodelao, as quais, por sua vez, encontram-se diretamente ligadas a investidores privados, atuando como promotores de reabilitao com a finalidade de reconstruir ou reinventar o ambiente construdo (VARGAS & CASTILHO, 2006, p.33).

Desse modo, pode-se observar que as formas combinadas de revitalizar culminam na (re) construo criando um processo de transformao da realidade cotidiana do indivduo com relao cidade, determinando assim a sua subjetividade, pois a relao entre o local e a populao s ganha existncia real quando esta apresentar uma existncia espacial (VARGAS & CASTILHO, 2006). Para Vaz (2006), a revitalizao envolvem muitos atores e setores, e pode ser realizada das mais variadas formas, dentre elas: a) b) c) d) e) f) g) h) Reabilitao de reas abandonadas; Restaurao do patrimnio histrico e arquitetnico; Reciclagem de edificaes, praas e parques; Tratamento esttico e funcional das fachadas de edificaes, mobilirio urbano e elementos publicitrios; Redefinio de usos de vias pblicas; Melhoria do padro de limpeza e conservao dos logradouros; Reforo da acessibilidade por transporte individual ou coletivo, dependendo da situao e; Organizao das atividades econmicas.

Segundo Vaz (2006), o processo de revitalizao dever seguir critrios polticos, funcionais, sociais e ambientais, visando uma interveno que proporcione nova vitalidade ao local. Para tanto, o autor cita cinco critrios: a) b) c) d) e) f) Humanizao dos espaos coletivos produzidos; Valorizao dos marcos simblicos e histricos existentes; Incremento dos usos de lazer; Incentivo instalao de habitaes de interesse social; Preocupao com aspectos ecolgicos e Participao da comunidade na concepo e implantao.

Segundo Delphim (1999), para que se aplique esta metodologia, deve-se primeiro realizar um levantamento, elucidando as questes inerentes ao processo de desenvolvimento do trabalho de revitalizao. Segundo ele os critrios para a revitalizao urbana so:Revista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 3 de 17

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a)

b)

c)

d)

Levantamento Planialtimtrico consiste em fazer um levantamento e conferncia de todas as medidas do local; levantamento topogrfico, se for necessrio; e locar caminhos, edificaes, elementos, espcies vegetais, dentre outros. Levantamento Cadastral de Infra-Estrutura Locar todas as redes existentes, tais como: gua, luz, telefone, etc., bem como: poos, fossas, sumidouros, etc. Levantamento Florstico ou Botnico Levantar e identificar as espcies existentes no local; no caso de rvores e palmeiras, identificar seu porte, e demais atributos relacionados a sua vegetao. Levantamento Fotogrfico Tirar o maior nmero de fotos possvel do local de forma a documentar a situao existente.

Nos anos de 1980 e 1990, a revitalizao abandona o seu cunho social, e passa a ser visto como uma poltica pblica. Encarada assim a revitalizao pode ser entendida como reabilitao de reas urbanas degradadas, conforme a especulao imobiliria local, subsidiada pelas empresas privadas. Com a realizao do ECO 92 (Ecologia - 92, Cpula da Terra ou Rio 92 como tambm ficou conhecida), a idia de revitalizao retomada por duas frentes. A primeira, baseada na concepo mais abrangente do planejamento urbano, assume a escala territorial, em relao cidade, organizando os ambientes naturais e construdos. J a segunda, prev leituras urbanas, tanto morfolgicas quanto tipolgicas, baseadas nas questes de estrutura fsica, ambiental e cultural. Desta forma, a revitalizao perde a sua generalidade, passando a privilegiar locais com potencial de transformao (ZANCHETI, 2000). Conforme afirma Botelho (2005), o processo de revitalizao urbana est cada vez mais ocupando um espao dinmico no urbanismo moderno, principalmente com a criao da Carta do Novo Urbanismo, e assim relacionando-se diretamente s vrias experincias obtidas atravs dos trabalhos executados sobre os quais a carta foi elaborada. Desta forma, passando a incorporar a questo cultural em seu exerccio. Isso se deu graas concepo da Carta do Novo Urbanismo Americano, a qual j apresentava caractersticas na Amrica do Sul, principalmente na Venezuela. A carta foi elaborada pelos arquitetos americanos com base na de Atenas, a qual prev quatro funes bsicas: habitao, trabalho, recreao e circulao. J o novo urbanismo possui premissas que observam cada proposio, buscando enfatizar as necessidades sociais, e a sua diversidade, mesclando atividades como a de circulao, acessibilidade de pedestres, participao democrtica, sempre respeitando as expresses culturais do local. Trabalha com as reas deterioradas, indo desde o centro da cidade at as regies perifricas, buscando sempre maneiras de reconstruir a diversidade social e seu sentido de lugar e comunidade, na busca por mesclar funes e pessoas vida pblica, de forma a proporcionar um uso mais racional dos recursos (ZANCHETI, 2000). Contudo, Vargas e Castilho (2006, p.53) afirmam que:(...) o prefixo RE interpretado como movimento de volta, repetindo assim coisas e aes j existentes, mas de uma nova forma, incluindo assim a estas aes exemplos de 1960, os quais demonstravam tendncias preservao histrica dos lugares. Assim sendo o prefixo RE denomina todos os tipos de atividades como revitalizao e reabilitao, independente de sua terminologia que representa um elenco de metforas. Desta forma, cabe a cada pas adotar seu prprio termo de forma a nome-la dentro de seu prprio contexto (VARGAS & CASTILHO, 2006, p.53).

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Nas cidades pequenas, os espaos culturais e de importncia histrica so absorvidos e incorporados pela malha urbana, sendo edificadas obras cuja importncia e representatividade cultural e patrimonial no trazem consigo uma ligao respeitando o seu legado histrico (no caso, padres histricos, os quais criam parmetros para as intervenes no local), precedentes e limites impostos pelo urbanismo. Neste caso, os locais escolhidos para a execuo destas obras so normalmente praas e espaos abertos urbanos, os quais deixam de ser locais confortveis e importantes para o pedestre, em razo de seus prdios pblicos sem significado para reforar a sua identidade e cultura. preciso ressaltar ainda, a importncia de ampliar os debates sobre o urbano e a sua natureza, pois esses processos de revitalizao restringem os debates aos formatos institucionais, os quais so capturados pelos interesses econmicos em jogo. Castelnou (2003) ressalta, que os novos movimentos ligados s questes sociais e culturais, no que diz respeito aos espaos urbanos, esto voltados para constituio e reconstituio das prticas tradicionais, na busca de identidade, alm de corresponder aos iderios ambientais, que so de suma importncia nos dias de hoje. O mesmo autor apresenta a idia de que a revitalizao e a incorporao de novas formas e edificaes trazem consigo uma nova importncia para o regresso as suas origens, demonstrando assim, a importncia do local em manter sua identidade construda com o passar do tempo. Para Torrico (2006), a identidade de um local construda em vrios nveis simblicos existentes no grupo social em que se emprega o processo de revitalizao, tratando-se de uma idia coletiva de identidade. Para ele, os locais ou espaos apresentam um tempo cronolgico relativamente novo, considerando como patrimnios referentes ao local no qual se atribuem valores especiais. Desta forma, destrudo o intuito da procura de se justificar uma forma de patrimonializao desvinculada de seu tempo e sentido histrico. A Carta do Novo Urbanismo (1996) prev que os seus projetos de arquitetura e paisagismo devem se desenvolver considerando o clima, a topografia, a histria e a pratica da regio (principio 24). A preservao de edifcios histricos, das reas urbanas significativas (distritos), e de espaos verdes (landscapes), garantem a continuidade e evoluo da sociedade urbana (princpio 27). Os novos movimentos ligados s questes sociais e culturais relacionados aos espaos urbanos esto se voltando cada vez mais para que se constituam e reconstruam as prticas tradicionais, na busca de um ponto de identidade, e em partes procuram tambm corresponder aos iderios ambientais, que so de suma importncia nos dias de hoje (CASTELNOU, 2003). Este espao urbano que hoje est sendo incorporado pela malha urbana atravs de edificaes, abandona o seu carter de espao aberto urbano, o qual foi se desenvolvendo ao longo do tempo, de forma tradicional.

2.1

A Praa no Contexto Urbano

Praa qualquer espao pblico urbano livre de edificaes e que propicie convivncia e/ou recreao para seus usurios. Normalmente, a apreenso do sentido de "praa" varia de populao para populao, de acordo com a cultura de cada lugar (WIKIPEDIA, 2008). Em geral, este tipo de espao est associado idia de prioridade ao pedestre e da no acessibilidade de veculos, porm esta no uma regra. No decorrer de cada sculo, os jardins principalmente no que diz respeito ao seu planejamento, foram idealizados com base no amor natureza, e de acordo com a conscincia ambiental de cada poca. Contudo, somente a partir do sculo XVIII, o Brasil tenta se reaproximar do meio ambiente natural, fazendo com que os jardins fossemRevista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 5 de 17

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adaptados, buscando estimular a nossa sustentabilidade ao paisagismo (ANGELIS, 2006, p 23). Desta forma segundo Angelis (2006, p. 24),Um dos primeiros jardins construdos no Brasil foi o Passeio Pblico do Rio de Janeiro. Iniciou-se a sua construo em 1779, por ordem do vice-rei D. Lus de Vasconcelos, que incumbiu a Valentim da Fonseca e Silva, o projeto de um jardim pblico para servir a populao da cidade.

Contudo, a criao das primeiras praas no Brasil foi determinada pela igreja, tendo em vista que estas, a princpio, eram uma extenso dela (CRUZ, 2003).As praas no Brasil Colonial constituam o centro de reunio da vida urbana, onde se realizavam atividades cvicas e toda sorte de festividades religiosas e recreativas, servindo ainda aos mercados e feiras. Nelas se localizavam os edifcios principais, que mais enobreciam a cidade: a Casa de Cmara e Cadeia, a Casa dos Governadores e a Igreja Matriz. (GUIMARES, 2004, p.95).

Segundo Cruz (2003), as praas brasileiras, na poca do Brasil colnia, possuam um cunho religioso, alm de comercial, sendo os jardins restritos s propriedades religiosas, a quintais ou funes de pesquisas. J as praas ajardinadas eram destinadas ao lazer contemplativo, e seguiam normas hierarquizadas de comportamento no local. Desta forma, estas praas fizeram com que a populao mais carente se deslocasse para as periferias urbanas. Os parques urbanos brasileiros, ao contrrio da Europa, no surgiram das necessidades sociais de atender s massas urbanas da metrpole do sculo XIX (MACEDO e SACATA, 2003). Com o advento do modernismo (apresentando-se como uma proposta do movimento moderno, tornando-se assim uma distoro dos preceitos), as praas passam a englobar reas de lazer alternativo, como por exemplo, as quadras poliesportivas e brinquedos para as crianas (CRUZ, 2003). Com a evoluo do estilo Ecltico Colonial para o Moderno, as praas brasileiras passam por um momento de transio, no qual se destaca a figura de Roberto Burle Marx, at atingir o modelo de praas contemporneas que por sua vez, apresentam caractersticas multifuncionais e atualmente passam por um processo de revitalizao e valorizao histrica (CRUZ, 2003). Antigamente as praas encontravam-se nas reas centrais das cidades, livres de qualquer tipo de edificao (ver figura 1), hoje a tpica praa na cidade brasileira se caracteriza, por ser bastante ocupada por vegetao e arborizao. Quando ela recebe um maior tratamento, ou quando for resultado de um projeto, ela tambm costuma possuir equipamentos recreativos e contemplativos (como playgrounds, recantos para estar, equipamentos para ginstica e cooper, bancos e mesas, etc).

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FIGURA 1 - Praa da S, 1 verso depois de demolida a Igreja no incio do sculo XX, em So Paulo. Crdito: Fundao Gregrio de Matos.

FIGURA 2 - Praa da Independncia, aps a revitalizao no ano de 2005, em Recife. Crdito: Arquivo da Prefeitura Municipal do Recife.

No Brasil, a idia de praa normalmente est associada presena de ajardinamento. Estes espaos so conhecidos como largos, e correspondem idia que se tem de praa em pases tais como a Itlia, a Espanha e Portugal. Neste sentido, um largo considerado uma "praa seca" (WIKIPEDIA, 2008). De acordo com a Wikipdia (2008), existem vrios tipos de praas: Praa-jardim: Espaos nos quais a contemplao da formao vegetal e a circulao so priorizadas. Praa seca: Largos histricos ou espaos que suportam intensa circulao de pedestres. Praa azul: Praas nas quais a gua possui papel fundamental. Alguns belvederes e jardins de vrzea possuem tal caracterstica. Praa amarela: Praias em geral.

No Brasil, o conceito de praa popularmente associado idia de verde e de ajardinamento urbano. Por esse motivo, os espaos pblicos similares s praas europias medievais, que normalmente se formaram a partir dos ptios das igrejas e mercados pblicos, so comumente chamados de adros ou largos. Tambm por este motivo, uma srie de jardins urbanos que surgem devido ao traado virio das cidades (como as rotatrias e canteiros centrais de grandes avenidas) acaba recebendo o ttulo legalRevista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 7 de 17

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de praa, ainda que sejam espaos de difcil acesso aos pedestres e efetivamente desqualificados como praas (WIKIPEDIA, 2008). Como j destacado, as praas no Brasil se encontravam, em sua maioria, fora do permetro urbano, como no caso das cidades europias, e comearam a representar uma rea mais expressiva a partir do sculo XIX, mais precisamente em 1850, em cidades que se destacavam por possurem muitos elementos naturais em seu interior (GOMES; SOARES, 2003). Reis (2000) enfatiza que as praas so locais comuns que passaram a ser o ponto focal e de ateno urbana. A arquitetura mais importante da sua poca se encontrava nestes locais, ou seja, no seu entorno, com edificaes como as de importncia religiosa e at mesmo as principais obras urbanas como prefeituras, bancos, fruns, dentre outras. Pode-se constatar isso, por meio de uma documentao antiga ligada arquitetura e s descries da poca, apoiadas na iconografia, embora nestes estudos no haja informaes muito objetivas e claras sobre a utilizao das praas. Tais estudos referem-se criao e utilizao destas de acordo com o ano de sua fundao e dos primeiros vilarejos e cidades, onde elas se encontravam (REIS, 2000). Todavia, a documentao existente sobre as praas, datado do final do sculo XVI e sculo XVII, e permite supor que as solues urbanas relacionadas s praas dentro do traado urbano vieram a ocorrer nos primeiros anos deste sculo. As praas comearam a desempenhar um papel importante, acolhendo a populao e comportando inmeras atividades do ncleo urbano, tanto na questo religiosa, como popular, comrcio, especulao, dentre outras, tornando-se assim um local de encontro do profano com o religioso. O mesmo, acontecia tambm nas reas de povoamento mais humildes, como as aldeias indgenas ou os pequenos vilarejos (parquias), que utilizavam as praas como local de realizao de inmeras atividades e funes do seu cotidiano (REIS, 2000). Desta forma, estas atividades vm a reforar da importncia das praas, que em muitos casos, so o local de origem de um povoado (REIS, 2000). Segundo Soares e Gomes (2003), observar-se que, com o passar dos anos, as praas sofreram alteraes. Estes espaos que outrora serviam exclusivamente para a reunio de pessoas, e no tenham qualquer tipo de vegetao, passam a ser incrementados, tornando-se assim, jardins urbanos, ou seja, reas mais agradveis, tanto esteticamente como funcionalmente. Deste momento em diante, estas praas-jardins acabaram se tornando um marco fundamental no conceito de incrementao e de valorizao tanto dos jardins como da paisagem urbana, principalmente nas reas pblicas. Para Cruz (2003), estes jardins eram propriedade da igreja, pertenciam aos quintais de residncias, ou apresentavam funo de pesquisa e investigao florstica, as quais no so destinadas ao uso pblico. J no caso das praas jardins, destinadas ao uso do povo, abrigavam atividades como as de recreao, lazer contemplativo, convvio pblico e passeios. Contudo, estes locais possuam regras normativas comportamentais e de conduta, muito rgidas e hierarquizadas. Um fator ressaltado por Cruz (2003), est ligado ao fator econmico da execuo destas praas ajardinadas, que fazem com que a populao de baixa renda se desloque destas reas enobrecidas para as periferias. Este processo de migrao interna urbana foi promovido pelas entidades sanitrias vigentes, atravs do chamado plano de embelezamento. Ao passo em que as atividades desempenhadas ao ar livre iam se alterando, as correntes arquitetnicas se adaptavam a ela, como por exemplo, no caso do ecletismo, com a contemplao da natureza, o passeio e a convivncia social eram importantes em sua concepo. A partir desta concepo inicial, as praas acabam por se dividir em duas tipologias: as praas clssicas, as quais eram concebidas sobre um traado reto eRevista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 8 de 17

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geomtrico tanto na forma como no plantio da vegetao, e as praas romnticas, com seu traado orgnico cheio de curvas e formas diferenciadas que contavam ainda com uma vegetao diferenciada, resultando num cenrio exuberante (CRUZ, 2004).

3

METODOLOGIA

O presente trabalho constitui-se em um estudo de caso do tipo descritivoexploratrio. Conforme indica Gil (1996, p.58), um estudo de caso caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Tal mtodo o mais indicado quando o objeto em estudo consiste em uma nica obra. Este metodo busca descrever a situao encontrada, mediante um estudo realizado em determinado espao e tempo. A fase exploratria objetiva determinar o campo de investigao, as expectativas dos interessados, bem como o tipo de auxlio que estes podero oferecer ao longo do processo de pesquisa (GIL, 1996, p.127). Esta fase implica o reconhecimento do local, a consulta a diversos documentos, e, sobretudo, a discusso com os indivduos envolvidos no estudo. A pesquisa tambm se baseou em consultas s legislaes e normas vigentes que so necessrias e obrigatrias para a projeo dos itens elencados. A parte prtica do trabalho consistiu na coleta de dados. Para tanto, foi empregada a tcnica de observao direta intensiva, que utiliza o sistema de observao e visualizao, exame dos fatos ou fenmenos que se deseja estudar e o sistema de entrevistas. O municpio de Santa Izabel do Oeste tem uma histria de 43 anos, porm registros que documentem essa histria so poucos, quase inexistentes. Ao observar os arquivos da Prefeitura Municipal em busca de dados a respeito do histrico da Praa das Palmeiras, deparou-se com essa realidade. Ento para enriquecer a pesquisa, ampliou-se o campo de coleta de dado, recorrendo-se a conversas informais com antigos moradores que relataram todos os processos pelos quais passou a Praa das Palmeiras, desde sua criao at o momento atual.

4

BREVE RESGATE HISTRICO SOBRE SANTA IZABEL DO OESTE

Inicialmente, o territrio de Santa Izabel do Oeste pertencia ao municpio de Capanema. Em 1961, com a emancipao de Ampre, a populao Izabelense passou a lutar pela prpria emancipao. Em 1 de maro de 1962, pela lei n. 18/62 criava-se o distrito administrativo de Santa Izabel do Oeste, e o Sr. Joo Cordeiro foi nomeado para o cargo de subprefeito. A partir da, formou-se um movimento pr-emancipatrio composta por Rockembach, Jos Penso, Severino Bernardes, Valdir Ribas e Nestor Bocchi. A emancipao poltica do municpio foi promulgada pela lei n. 4788, de 29 de novembro de 1963. O nome do municpio, Santa Izabel do Oeste, foi escolhido em homenagem me do fundador e colonizador Joo Ribeiro Cordeiro (PADILHA, 1989). Segundo Padilha (1989), o primeiro prefeito eleito foi o Sr. Lino Rockembach, o qual criou cinco distritos. O primeiro foi Sarandi, criado pela lei n. 7 de 16/01/65 e que na poca, era maior do que a sede, possuindo trs casas comerciais, um hotel, uma farmcia, uma sapataria, um gabinete dentrio, um moinho, duas serrarias, dois bares e vrias residncias. Juntamente com este distrito foram fundados tambm os distritos de Rio da Prata, pela lei n. 7 de 16/01/65, que em 26/10/67 tornou-se Distrito Judicirio por lei estadual sendo o nico nessa categoria.Revista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 9 de 17

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Da mesma forma criou-se os distritos administrativos de Jacutinga e Anunciao. Nesta mesma lei, determinava a criao de um quinto e ltimo distrito: Unio do Oeste. Somente em agosto de 1964 a GETSOP (Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paran) fez a demarcao dos lotes rurais e do permetro urbano. Seus limites foram definidos pela lei n. 43 de 25/11/1968. Na mesma data, a lei n. 42 fixou os nomes das praas, que so todos nomes de rvores que existiam em abundncia na ocasio da ocupao (PADILHA, 1989). O processo de revitalizao dessa praa visa construo do Centro de Convenes. Com a construo desse Centro, muito da memria patrimonial da cidade ser mantida, uma vez que, nesse espao, muitos episdios, como a emancipao poltica, e eventos esportivos ficaro gravados na memria dos moradores, bem como a rea de lazer ser restaurada. A Praa das Palmeiras foi criada em 1969, pela lei municipal n. 43 de 25 de novembro de 1968, que dispem sobre a fixao dos limites do permetro urbano, bem como sobre as praas da cidade. A referida praa comeou a ser construda em 1968, com o objetivo de oferecer a populao um local para desenvolver a prtica esportista e encontro da comunidade em todas as festividades desenvolvidas. Ela est localizada no centro da cidade, nas quadras cento e sessenta e um e cento e sessenta e dois, e cortada pela Avenida dos Pinheiros. O poder pblico da poca, dispondo de recursos suficientes para a execuo do projeto, passou a desenvolv-lo em etapas, levando assim alguns anos para a obra ser concluda. A Praa das Palmeiras tem, atualmente, um grande valor histrico para a cidade, pois desde a sua fundao local de manifestaes polticas, de prticas esportivas e de encontro de amigos nos fins de semana. Ao longo dos anos, esta praa foi edificada e cuidada por todos os moradores da cidade, mas com o passar dos tempos, foi esquecida e abandonada pela populao e pelas autoridades municipais, tornando-se uma rea degradada da cidade. Segundo Zancheti (2000), a revitalizao urbana em reas de interesse cultural, especialmente em centros histricos tem sido uma estratgia adotada no Brasil para gerar atividades produtivas em algumas reas da cidade consideradas obsoletas, e com este intuito que surge a proposta de revitalizao para este espao. Atualmente, nota-se uma necessidade de se resgatar a vida e a identidade local desta determinada rea de grande importncia para o municpio e sua populao urbana, que demonstra carncia por um espao para o lazer coletivo, para o encontro de amigos e o descanso, dentre outras atividades de usufruto coletivo. Isso pode ser observado aps uma iniciativa de interveno paisagstica feita no local. Com a retirada de grande quantidade de rvores frutferas que ali existiam, a recuperao da forrao dos canteiros e o plantio de flores da estao, alm da reabertura de uma quadra de vlei de areia, proporcionou o retorno de uma grande parcela da populao, que passou a freqentar o local antes esquecido. Mas isso no o bastante, pois ainda h uma necessidade de uma maior quantidade de equipamentos para uso dos freqentadores, o que pode ser comprovado pelas palavras de Zancheti (2000, p.45-46).Os projetos de revitalizao urbana tendo ganhado certo status especial no interior das propostas desses grupos, especialmente em capitais de Estado com economia deprimida como, por exemplo, em Recife. A revitalizao significa tentar agregar um novo valor cultural ao processo de produo, para atrair novos tipos de investidores e superar a escassez local de recursos financeiros. Claramente, esses projetos esto centrados numa proposta de valorizao dos ativos culturais imveis que so nicos e irreprodutveis, como os de centros histricos e de grande qualidade ambiental e patrimonial (ZANCHETI, 2000, p.45-46).

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A interveno feita por iniciativa da prefeitura nesta rea urbana da cidade demonstra sua preocupao para o bem estar social. Neste momento, Santa Izabel do Oeste est passando por uma fase de revalorizao das obras e reas pblicas que so de suma importncia tanto histrica, como esttica para o municpio, com fins de melhorar a estrutura fsica. uma fase de resgate da vida na cidade, alm de uma revalorizao, tendo em vista que ela no se desenvolveu economicamente e sua topografia dificultou a expanso territorial urbana, pela sua posio em relao ao relevo do seu entorno, limitada em maioria por rios, os quais cortam o seu permetro, e no demais, formaes rochosa e o relevo acidentado, limitando-a desta forma. Por estes motivos, a administrao municipal est preocupada em resgatar os seus valores histricos, procurando transform-la em um local mais agradvel para o convvio dos habitantes, resgatando conceitos estticos e patrimoniais do municpio (ver figura 3 e 4).

FIGURA 3 - Local destinado Praa das Palmeiras em 1964, com o campo de futebol na lateral desta. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Santa Izabel do Oeste/2008.

O projeto passou a ser executado ocupando toda a quadra cento e sessenta e um, que passou a comtemplar: dois campos de areia, canteiros, plantio de rvores, flores, grama, caladas, chafariz e iluminao. Posteriormente, foram acrescentados, na quadra cento e sessenta e dois, uma quadra poliesportiva, parque infantil, plantio de rvores, flores, grama e iluminao.

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Figura 4 - Primeiro palanque oficial do Municpio, edificado na rea da praa. Momento de festividade em comemorao emancipao do municpio. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Santa Izabel do Oeste/2008.

Na ocasio, foi efetuado o plantio de palmeiras para caracterizar o nome dado praa (ver figura 5).

Figura 5 - Cuidados e a ateno da populao aps a edificao da Praa. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Santa Izabel do Oeste/2008.

No decorrer dos anos, com o descaso das autoridades locais, o nico espao de lazer e descontrao tornou-se um local de abandono, sem conservao e limpeza. As quadras e o parque infantil, sem condio de uso, foram desativados, o chafariz passou a ser usado como um depsito de lixo, luminrias quebradas, caladas esburacadas, jardim mau cuidado, arvore tombadas e mal cuidadas. Assim podemos observar pelos depoimentos a seguir, o sentimento que envolve a populao com as questes relativas manuteno da Praa das Palmeiras:Durante muito tempo a praa foi preservada com carinho. Com a aposentadoria do funcionrio, que ali dedicava seu tempo cultivando as plantas, limpando, zelando pelo local, as mudanas foram muitas. Hoje a praa uma vergonha porque esta suja, abandonada. At as palmeirasRevista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 12 de 17

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arrancaram e venderam, no parque infantil, nem areia tem (Somerval dos Santos Morador, 05/02/08). A finalidade da construo era oferecer uma rea de lazer para a populao, divertimento para as crianas, encontro de amigos e embelezamento da cidade. Antigamente era bem cuidada. Hoje, est abandonada, feia destruda (Terezinha Nascimento Moradora, 07/02/08). Certo tempo tudo foi feito para melhorar. Foi feita a reposio de bancos, areia, brinquedos, tela, banheiros, torneiras com gua, mas de um tempo pra c, no vemos nada disso. Tudo foi estragado e o que sobrou foi vendido. No final de ano, s vezes enfeitavam para as festas (Famlia Lindermayer Famlia Colonizadora, 07/02/08). No comeo a praa era o ponto de encontro das pessoas de nossa cidade, namorados passeavam, crianas brincavam, a tranqilidade era ponto culminante. Hoje tudo mudou, a praa precisa de consertos, no h mais aquela tranqilidade e segurana do passado (Nestor Bocchi, 13/02/08).

4.1

A Revitalizao Urbana: A Praa das Palmeiras

O limite de aes para a revitalizao da Praa das Palmeiras consiste, principalmente, na conservao de seu traado original. Isso significa que tanto a rea de piso constituda por blocos sextavados, como a dos canteiros, mantendo assim, o fluxo e os eixos de circulao originais do local (ver figura 6 e 7). Porm, isso no implica que se deva manter o material original nos passeios, pois estes so produzidos em srie e, portanto, no so materiais que tenham um valor histrico, devendo ser preservados.

FIGURA 6 - Projeto de revitalizao da praa. Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Izabel do Oeste/2008.

Cabe salientar, que os limites das aes de revitalizao, nesse caso, no so necessariamente iguais aos conceitos empregados na revitalizao de edificaes antigas, no qual a recuperao dos materiais e suas formas originais devem ser mantidas. Como visto anteriormente, a nica limitao prevista relevante a questo do traado original, uma vez que estes locais so abertos, geralmente amplos, e devem se tornar novamente atrativos para a populao, por ocasio da revitalizao. A melhor forma de se manter um local revitalizado em condies de plena preservao fazendo com que ele seja utilizado novamente, dificultando assim, a degradao pelo mau uso ou pela substituio.Revista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 13 de 17

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FIGURA 7 - Projeto de revitalizao da praa. Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Izabel do Oeste/2008.

Sendo assim, a proposta de revitalizao da praa apresenta alteraes no desenho do piso, na cobertura da quadra poliesportiva existente e na substituio do coreto por uma concha acstica, como observado na figura acima. Pode-se observar que as caractersticas histricas do local devero ser mantidas, por meio da manuteno do traado original e das atividades e usos anteriores, cabendo apenas a alterao esttica dos materiais utilizados como revestimento. Observase que na praa em questo, no se constatou a presena de nenhuma edificao e o piso existente, o original, que no apresenta alguma importncia histrica. Deste modo, de acordo com a metodologia empregada para a realizao deste trabalho, o local dever ser trabalhado de uma forma ampla. Perante os conceitos de Vaz (2006), o processo de revitalizao previsto para este local seguir critrios polticos, sociais, funcionais e ambientais. Desta forma, com base nos conceitos citados acima foi modificando a estrutura do local onde fora edificado o piso, restaurando sua imagem esttica e reabilitando os locais degradados, tornando-se um reforo nas qualidades estticas e funcionais do local proporcionaro uma nova imagem atrativa para os muncipes. Este conjunto de aes de revitalizao consistem em: a) b) c) d) e) revitalizao de toda a rea da praa, propondo uma alterao da paginao de piso e da vegetao em locais estratgicos; recuperao da quadra poliesportiva existente no local, propondo uma cobertura leve, que no implique em uma grande interveno visual; revitalizao do playground existente, com a finalidade de proporcionar um local para a diverso das crianas ao ar livre; propor uma concha acstica em lugar do coreto municipal; revitalizao dos equipamentos pblicos, como bancos, luminrias, dentre outros, e, a locao de mais luminrias nos eixos de circulao.

Nesta proposta, a quadra e o playground ficam separados por uma cerca, como foi relatado anteriormente. A cerca que ficar em torno da quadra ser alta, de modo a dificultar a passagem do material esportivo durante a prtica para as demais reas. J na rea onde se encontraro os brinquedos, as cercas seguiro a mesma linguagem das demais, mas com uma diferena de escala, mantendo desta forma, umaRevista Eletrnica Lato Sensu UNICENTRO Pgina 14 de 17

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leitura de toda esta rea. Os brinquedos implantados sero locados mais ao centro, deixando a rea perifrica livre, na qual sero plantadas rvores para a proteo da ao direta do sol. Est prevista tambm, a colocao de bancos, para que as babs e mes possam cuidar melhor dos seus filhos, participando indiretamente das atividades destes.

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CONSIDERAES FINAIS

O empreendimento de projetos de arquitetura caracterizado pela sua complexidade e singularidade, pois contempla mltiplas dimenses e a participao de diferentes agentes com formaes, atuaes e objetivos prprios. Alm disso, incidem sobre a atividade de elaborao de um projeto de arquitetura, uma srie de normas tcnicas, de regulamentos e de posturas de obra que impem aos profissionais envolvidos uma srie de exigncias de ocupao do solo e de desempenho da edificao. Como em qualquer empreendimento, o projeto est sujeito a uma srie de aprovaes e de controles por diferentes rgos. O processo de desenvolvimento de determinado projeto (do programa, dos projetos arquitetnicos, de engenharia de produto e para produo) se d a partir da sucesso de diferentes etapas em nveis crescentes de detalhamento, de forma que a liberdade de decises entre alternativas de escolhas vai sendo substituda pelo amadurecimento e desenvolvimento das solues adotadas. Com a realizao do trabalho, houve um maior entendimento sobre o assunto, e sua metodologia, bem como as suas formas de ao, linhas de pensamento e investigaes histricas que antecedem todo este processo de revitalizao. Observou-se que no passado, as idias de monumentalidade cultural restringiam-se s edificaes. Contudo, hoje, estas abrangem tambm os conceitos de integrao do homem com a natureza. Desta forma, quando estes espaos so bem cuidados pelo homem, assumem uma nova postura de respeito natureza, ao meio ambiente e ao seu passado. No decorrer do trabalho, foi possvel constatar a importncia da conservao e da manuteno destes locais remanescentes da histria da sua populao e do meio ambiente que ali existia. Cabe ressaltar que estes locais foram criados com a finalidade de servir populao, proporcionando lhes atividades de lazer tanto ativas como passivas, mas no possuem o reconhecimento que merecem. Os estudos apresentados so ainda insuficientes para a elaborao de uma proposta definitiva, e demonstram que um estudo mais aprofundado sobre a histria do local e de sua populao necessrio, para que desta forma, possa ser traado um plano de ao mais completo e detalhado com a finalidade de atingir todas as metas almejadas por meio da ao de revitalizao.

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