A SOFISTICAÇÃO DA GESTÃO E O EM - coppead.ufrj.br · Com a desregulamentação do transporte...
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FABIANO DURÃO LANINI
A SOFISTICAÇÃO DA GESTÃO E O CRM EM
AGÊNCIAS DE VIAGENS E TURISMO
OPERANDO NO BRASIL
COPPEAD/UFRJ
2005
ii
A SOFISTICAÇÃO DA GESTÃO E O CRM EM
AGÊNCIAS DE VIAGENS E TURISMO
OPERANDO NO BRASIL
FABIANO DURÃO LANINI
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto COPPEAD de Administração
Orientador: Prof. Dr. Antônio Roberto Ramos Nogueira
RIO DE JANEIRO
2005
iii
A SOFISTICAÇÃO DA GESTÃO E O CRM EM
AGÊNCIAS DE VIAGENS E TURISMO
OPERANDO NO BRASIL
FABIANO DURÃO LANINI
Dissertação submetida ao Corpo Docente do Instituto COPPEAD de Administração da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPEAD/UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
__________________________________________ - Orientador e Presidente da Banca
Prof. Dr. Antônio Roberto Ramos Nogueira – COPPEAD/UFRJ Prof. Dr. Donaldo de Souza Dias – COPPEAD/UFRJ Prof. Dr. José Afonso Mazzon - USP – FEA/USP
Rio de Janeiro
2005
iv
Lanini, Fabiano Durão. A Sofisticação da Gestão e o CRM em Agências de Viagens e Turismo Operando no Brasil / Fabiano Durão Lanini. – Rio de Janeiro, 2005. 158 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Pós-Graduação em Administração – COPPEAD, 2005. Orientador: Antônio Roberto Ramos Nogueira
1. Tecnologia da informação. 2. CRM. 3. Administração - Teses. I. Nogueira, Antônio Roberto Ramos (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pós-Graduação em Administração. III. Título.
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RESUMO
LANINI, Fabiano Durão. A Sofisticação da Gestão e o CRM em Agências de Viagens e Turismo Operando no Brasil. Orientador: Antônio Roberto Ramos Nogueira. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2005. Dissertação (Mestrado em Administração).
Os últimos anos têm sido turbulentos para a indústria de viagens. Uma recessão
econômica diminuiu drasticamente as viagens em muitos mercados; novas formas de turismo alternativo ganham força, gerando uma redução do turismo de massa e, principalmente, a difusão das novas tecnologias de informação e comunicações tem feito com que novos entrantes ganhem mercado com novos modelos de negócio. As companhias aéreas reduziram drasticamente as comissões pagas às agências de viagem, devido ao crescente uso da Internet pelos clientes para obter informações de viagens e para fazer reservas de vôos. Para ter sucesso neste novo ambiente de negócios, as agências de viagem precisam prover uma quantidade significativa de informações de alta qualidade. Caso as agências forneçam menos do que informações perfeitas, será mais eficiente para clientes e operadoras sobrepassá- las. Sendo assim, uma gestão efetiva do relacionamento com o cliente se torna mais importante do que nunca, sendo considerada pelos principais executivos do setor como o ponto de inflexão entre as agências que terão sucesso neste novo ambiente e aquelas que serão expelidas dele.
Neste contexto, esta dissertação buscou mensurar a sofisticação da Gestão do Relacionamento com o Cliente nas Agências de Viagem que operam no Brasil, identificando as principais dimensões organizacionais que podem estar correlacionadas a projetos de CRM, e segmentar os participantes da pesquisa de acordo com seu nível de Planejamento e Controle, Direcionamento para o Futuro, Administração de Recursos Humanos, Administração de Dados, Planejamento do Relacionamento com o Cliente, Abrangência da Aplicação de CRM e Resultados obtidos com o CRM.
Foram identificados, pelas análises estatísticas, três grupos de empresas, denominadas de “inovadoras pragmáticas”, “inovadoras empreendedoras” e “conservadoras”. De forma geral, a Gestão do Relacionamento com o Cliente nas empresas estudadas ainda é limitada, com foco predominante em questões operacionais como a melhoria do atendimento e satisfação dos clientes. Ainda existe muito espaço para melhoria de resultados da gestão do relacionamento com os clientes, principalmente através da utilização das capacidades analíticas - que podem gerar, por exemplo, aumento de produtos vendidos por cliente, aumento do retorno das campanhas de marketing e aumento da base de clientes - e das capacidades colaborativas, que permitem, por exemplo, o aumento da capacidade de inovação. As empresas pesquisadas estão obtendo resultados financeiros modestos com a gestão do relacionamento com o cliente, como: redução de custos, aumento de vendas, aumento de rentabilidade, e melhoria do desempenho financeiro.
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ABSTRACT
LANINI, Fabiano Durão. A Sofisticação da Gestão e o CRM em Agências de Viagens e Turismo Operando no Brasil. Orientador: Antônio Roberto Ramos Nogueira. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2005. Dissertação (Mestrado em Administração).
Last years in the travel industry have been turbulent. An economic downturn has drastically diminished travels in many markets; new alternative tourism ways are gaining momentum, impacting the mass tourism market and the difusion of new information and communication technologies has allowed new entrants to gain market share with new business models. Airline companies have also drastically diminished the amount of comissions paid to travel agencies, due to the increasing use of the Internet by clients to get travel information and to buy tickets. To succeed in this new business environment, travel agencies must provide a relevant amount of high quality information. Unless they provide perfect information, it will be better for clients and operators to surpass them. So, an effective customer relationship management is more important than ever, and is rated by travel executives as the inflection point between successful and insolvent travel agencies.
In this context, the present dissertation’s goal was to measure the level of sophistication of customer relationship management at Brazilian tourism and travel agencies, identifying the main organizational dimensions that can be correlated to CRM initiatives, and segmenting the research’s respondents in accordance with their level of Planning and Control Process, their Human Resources Orientation, their Future Orientation, their Data Administration, and their Planning, Scope and Results achieved with CRM initiatives.
Statisctical analysis provided three different groups of firms, named “pragmatic innovators”, “entrepreneur innovators” and “conservative”. Generaly, the customer relationship management is still limited in the studied firms, with predominant focus on operational issues like customer care and satisfaction improvement, and there is much room to improve the results of customer relationship management in these companies by using analytical capabilities – which can improve the number of goods sold per client, improve the return of marketing campaigns, and improve the customer base – and by using colaboration capabilities, which can improve the innovation capability. As a result, the studied companies are getting modest financial results with customer relationship management, like cost reduction, sales improvement, profitability impovement and financial performance improvement.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Antônio Roberto Ramos Nogueira, por todo o
conhecimento que comigo compartilhou e por todo o incentivo, apoio, paciência e
críticas a este trabalho;
Aos meus pais Edson e Regina pelo amor e apoio incondicional de toda uma
vida; à minha irmã Fernanda e ao meu cunhado Rodrigo, pelo companheirismo,
amor, amizade e incentivos constantes, sem os quais este trabalho não teria sido
possível;
Aos grandes amigos Fábio Meletti, Everton Silva e André Rodrigues, por
todo o apoio técnico, conceitual e psicológico durante os anos de mestrado e,
principalmente, nos meses de desenvolvimento deste trabalho;
À Srta. Cláudia Durand, da ABAV-RJ, especialmente pela atenção e apoio
dispensados à pesquisa;
Aos professores José Afonso Mazzon e Donaldo de Souza Dias, pelas
preciosas críticas e sugestões que enriqueceram esta pesquisa;
A todos os professores que incutiram em mim o benefício da dúvida e a
convicção da vitória;
A todos os queridos funcionários do Coppead/UFRJ que fizeram deste tempo
um álbum de lembranças inesquecíveis, seja pela recepção calorosa, pela busca
infindável de livros, pela fotocópia às pressas, pelo lanche após o horário ou aquele
indispensável sorriso diário.
Aos novos e grandes amigos companheiros da Turma 2003 do Mestrado do
Coppead/UFRJ, e todos que direta ou indiretamente me ajudaram neste trabalho.
Enfim, agradeço, admirado, a dádiva da Vida, que nos surpreende e emociona
a cada dia!
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SUMÁRIO
I – PROBLEMA ..........................................................................................................................................................9 I.1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................9 I.2 – OBJETIVOS .......................................................................................................................................................11 I.3 – DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................................................11 I.4 – RELEVÂNCIA DO ESTUDO..............................................................................................................................11
II - REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................................... 14 II.1 – PLANEJAMENTO E CONTROLE .....................................................................................................................14 II.2 - A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS...........................................................................................27 II.3 - O DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO........................................................................................................34 II.4 – A ADMINISTRAÇÃO DE DADOS ...................................................................................................................47 II.5 – A GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE (CRM) ...................................................................50
II.5.1 - O Segmento das Agências de viagem e o CRM .............................................................................. 70 II.6 - AS AGÊNCIAS DE VIAGEM NO BRASIL........................................................................................................78
III – METODOLOGIA .......................................................................................................................................... 83 III.1 – AS PERGUNTAS DA PESQUISA....................................................................................................................83 III.2 – AS HIPÓTESES DA PESQUISA ......................................................................................................................84 III.3 – MACROCONSTRUTOS...................................................................................................................................86 III.4 – TIPO DE PESQUISA .......................................................................................................................................87 III.5 – UNIVERSO E AMOSTRA...............................................................................................................................87 III.6 – SELEÇÃO DOS SUJEITOS..............................................................................................................................88 III.7 – COLETA DE DADOS......................................................................................................................................88 III.8 – TRATAMENTO DOS DADOS.........................................................................................................................90
IV – RESULTADOS E DISCUS SÃO................................................................................................................. 93 IV.1 - DADOS DEMOGRÁFICOS DOS RESPONDENTES.........................................................................................93 IV.2 – ANÁLISE DOS MACROCONSTRUTOS ..........................................................................................100 IV.3 – TESTES DAS HIPÓTESES....................................................................................................................119
V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................................135 V.1 – IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS ...........................................................................................................135 V.2 – IMPLICAÇÕES GERENCIAIS E RECOMENDAÇÕES ..................................................................138 V.3 – LIMITAÇÕES DO MÉTODO.................................................................................................................141 V.4 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................142
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................144
VII – ANEXOS .......................................................................................................................................................153 VII.1 – MENSAGEM DE CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA .............................................153 VII.2 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA .............................................................................154
I – PROBLEMA
I.1 – INTRODUÇÃO
As relações comerciais têm sofrido profundas transformações com o passar das
décadas. Durante a segunda metade do século XIX, as empresas podiam vender quase tudo
que produzissem, o que caracterizou toda uma era de negócios focados em produção. No
início do século XX, a competição estava aumentando e as empresas visualizariam que era
necessário convencer os consumidores a comprar seus produtos, caracterizando um
marketing orientado a vendas. Em meados da década de 50, as empresas começaram a
perceber que precisavam produzir o que as pessoas queriam ao invés de convencê- las a
comprar o que elas tinham a vender, caracterizando a era da orientação para marketing, a
qual foca no atendimento das necessidades de segmentos de mercado. O novo milênio
marca o início de uma nova era, de orientação centrada no cliente, na qual a empresa é
capaz de tratar cada consumidor de forma individual e única, de acordo com suas
preferências (Bose, 2002).
O setor de agências de viagens e turismo, não obstante, tem sido alvo de constantes
transformações. Com a desregulamentação do transporte aéreo e do aumento do poder de
compra da população, houve um aumento significativo de pessoas viajando de avião, com
uma parcela desse público adquirindo pacotes de viagens de negócio ou de lazer. Por outro
lado, a diminuição do comissionamento feito pelas companhias aéreas pela emissão de
bilhetes, e o fato das agências se encontrarem, em posição frágil, no meio do turbilhão
provocado pela emergência das novas tecnologias de informação e comunicação, como a
Internet, tem feito com que as empresas do setor repensem suas estratégias operacionais e
comerciais (GAZETA MERCANTIL, 2002).
A difusão das novas tecnologias de informação e comunicações tem feito com que
novos entrantes ganhem força com novos modelos de negócio. Os clientes têm feito um
uso cada vez maior da Internet para obter informações de viagens e para fazer reservas de
vôos. Para ter sucesso neste novo ambiente de negócios, as agências de viagem precisam
prover uma quantidade significativa de informações de alta qualidade. Caso as agências
forneçam menos do que informações perfeitas, será mais eficiente para clientes e
operadoras sobrepassá-las e lidar diretamente com os clientes finais (Lewis et. al., 1998).
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Nesse contexto, no qual a gestão do relacionamento com o cliente tornou-se um
elemento fundamental, senão o principal, da estratégia de sobrevivência e crescimento das
agências de viagem e turismo, a presente pesquisa procura descrever como as empresas do
setor operando no Brasil estão gerenciando seu relacionamento com os clientes, avaliando
questões referentes ao planejamento para a Gestão do Relacionamento com o Cliente, à
Abrangência do Relacionamento com o Cliente e aos Resultados obtidos com a Gestão do
Relacionamento com o Cliente, bem como analisar os fatores organizacionais que
influenciam esta postura, passando pelo processo de planejamento e de controle destas
empresas, o direcionamento de seus recursos humanos, o grau de importância que a
atenção ao futuro recebe da empresa e como elas gerenciam os dados corporativos.
O texto está estruturado da seguinte forma:
§ Capítulo II apresenta a Revisão da Literatura sobre os temas da pesquisa;
§ Capítulo III relaciona didaticamente a metodologia empregada;
§ Capítulo IV apresenta os resultados do trabalho;
§ Capítulo V apresenta a conclusão;
§ Capítulo VI exibe as referências bibliográficas.
§ No anexo 1 encontram-se a carta-convite enviada aos respondentes e o questionário
utilizado na pesquisa.
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I.2 – OBJETIVOS
O objetivo desta pesquisa consiste em descrever a sofisticação da Gestão do
Relacionamento com o Cliente nas empresas do setor de Agências de Viagens e Turismo
no Brasil, fornecendo informações ainda não disponíveis aos profissionais da área e
oferecendo subsídios para estudos posteriores sobre o tema. Para isso, busca analisar as
principais dimensões organizacionais que podem estar correlacionadas com a Gestão do
Relacionamento com o Cliente, e posteriormente classificar os participantes da pesquisa de
acordo com o seu Processo de Planejamento e Controle, Direcionamento de Recursos
Humanos, Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados, Planejamento da
Gestão do Relacionamento com o Cliente, Abrangência da Gestão do Relacionamento com
o Cliente, e Resultados Obtidos com a Gestão do Relacionamento com o Cliente, além de
verificar como estes Macroconstrutos estão relacionados entre si.
I.3 – DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
A presente pesquisa não pretende desenvolver um modelo de implantação para
projetos do gênero, tampouco sugerir um novo modelo analítico e explicativo dos assuntos
abordados, e sim descrever a percepção dos executivos das empresas do setor acerca dos
fatores organizacionais que estão associados ao planejamento, à abrangência e aos
resultados obtidos com a Gestão do Relacionamento com o Cliente, a partir de questões
consolidadas na literatura sobre os temas abordados, que foram operacionalizadas por um
instrumento de pesquisa desenvolvido pela linha de pesquisa iniciada por Nogueira (1999).
O objeto de estudo desta pesquisa é o setor de agenciamento de viagens e turismo, que
ainda não havia sido estudado pela linha de pesquisa.
I.4 – RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Do ponto de vista econômico, esta pesquisa aborda um dos mais importantes e
expressivos setores da economia mundial. De acordo com o relatório anual de Progresso e
Prioridades 2004/05 do Conselho Mundial de Viagens & Turismo (WTTC), espera-se que em
2004 a indústria tenha contribuído diretamente com cerca de 3,8 % para o PIB (produto
interno bruto) mundial (US$ 1,5 trilhões). Se levarmos em consideração também os impactos
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indiretos na economia, este valor subiria para 10,4% (US$ 4,2 trilhões). A tendência é que se
criem 9,9 milhões de novos empregos, sendo que 3,3 milhões de empregos diretos, elevando o
número de postos de trabalho do setor para um total de 214,7 milhões (WORLD TRAVEL &
TOURISM COUNCIL, 2004).
No Brasil, a expectativa é de que em 2004, a atividade de viagens e turismo no Brasil
tenha tido uma demanda total de R$ 133 bilhões (US$ 44,4 bilhões), representando cerca de
3,0 % do produto interno bruto brasileiro e sendo responsável por 2.263.570 empregos, ou
aproximadamente 2,8% de toda a força de trabalho do país. Porém, considerando os impactos
indiretos nos outros setores da economia, sua influência real seria ainda maior, contribuindo
para cerca de 5.401.300 empregos, ou quase 6,7% do total da força de trabalho do país, e com
R$ 114,7 bilhões para o produto interno bruto brasileiro, cerca de 7% do total (WORLD
TRAVEL & TOURISM COUNCIL, 2004). Entre os anos de 1998 e 2001, a utilização do
meio de transporte aéreo em viagens subiu de 6,8% para 9,0% em número de viajantes. No
setor hoteleiro, observa-se também um crescimento da participação de hotéis - de 11,5% em
1998 para 15% em 2001 - e de pousadas - de 2,9% em 1998 para 5% em 2001 - como meio de
hospedagem em detrimento do aluguel de casas e do uso de casas de amigos. O número de
viajantes que utilizam serviços de agências de viagens também obteve um aumento
significativo, de 5,4% em 1998 para 7,7% em 2001 (EMBRATUR, 2003).
No plano empresarial, a presente pesquisa aborda a gestão do relacionamento com o
cliente (CRM), uma questão considerada fundamental para o sucesso futuro por mais de 80%
dos executivos das agências de viagem e turismo, de acordo com pesquisa da consultoria
KPMG com empresas dos EUA, Europa e Inglaterra (FRASER, 2002), muito em função do
ambiente de pressão e constantes mudanças em que o setor encontra-se atualmente, fazendo
com que as empresas revisem seus modelos de negócio e focalizem o relacionamento com os
clientes como o seu principal ativo capaz de mantê- los competindo com os novos entrantes.
Assim sendo, a pesquisa poderá colaborar para um aumento do grau de importância,
por parte das agências de viagem e turismo operando no Brasil, de uma gestão efetiva do
relacionamento com os clientes, e contribuir para melhorar seu desempenho financeiro. As
empresas do setor podem identificar, com o auxílio dos resultados da pesquisa, os pontos que
precisam aprimorar na gestão do relacionamento com o cliente e desenvolver planos de
implementação de programas abrangentes de mudança organizacional com vistas a posicionar
o cliente como o foco estratégico da empresa.
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No âmbito acadêmico, a presente pesquisa vem confirmar a adequação do instrumento
de pesquisa desenvolvido por Nogueira (1999), aplicado em diversos outros setores e
aprimorado por esta pesquisa, para identificar a sofisticação da gestão das empresas
pesquisadas, envolvendo principalmente elementos do processo de planejamento e controle,
direcionamento dos recursos humanos e direcionamento para o futuro. Além disso, trata-se de
uma pesquisa quantitativa inédita no setor de Agências de Viagem no Brasil, o que pode
servir como subsídio para o desenvolvimento de diversas outras pesquisas para entender com
maior quantidade de detalhes o fenômeno da gestão do relacionamento com clientes nas
empresas brasileiras.
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II - REFERENCIAL TEÓRICO
Este estudo relaciona-se às áreas de conhecimento de Estratégia Empresarial,
Marketing e Tecnologia de Informação, com ênfase nos aspectos de planejamento e controle
gerencial. O conceito de Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) é um ponto crítico
neste contexto, por ser uma das áreas em que a interação entre o Marketing e a Tecnologia da
Informação é mais profunda.
Com o intuito de embasar solidamente os fundamentos teóricos envolvidos neste
trabalho e situá- lo na fronteira destas áreas de conhecimento, aproveitando ao máximo as
contribuições de outros autores e pesquisadores, foi realizada uma revisão da literatura
referente aos itens de Estratégia, Planejamento e Controle, Administração dos Recursos
Humanos, Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados e Gestão do
Relacionamento com o Cliente (CRM).
II.1 – PLANEJAMENTO E CONTROLE
Christensen et al.(1973) fazem algumas perguntas que podem ajudar uma empresa a
identificar a adequação e o alinhamento de uma estratégia. São elas:
• A estratégia está identificada e foi comunicada de forma clara, tanto em
palavras quanto em ações práticas?
• A estratégia explora ao máximo as oportunidades do ambiente?
• A estratégia é consistente com as competências e recursos atuais e futuros?
• As provisões da estratégia e o programa de políticas que a definem são
consistentes?
• O grau de risco da estratégia é viável em termos econômicos e pessoais?
• A estratégia está alinhada aos valores pessoais e aspirações dos principais
gerentes?
• A estratégia é apropriada ao nível desejado de contribuição social definido pela
organização?
• A estratégia provê um estímulo claro para o comprometimento e esforço
organizacional?
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• Existem indicadores que avaliem a resposta dos mercados e segmentos de
mercados à estratégia definida?
Porter (1979) focaliza a formulação estratégica no ambiente de concorrência, e
apresenta um modelo para a análise competitiva de um setor de atividade. Neste modelo, o
potencial de atratividade de um setor de atividade é a resultante de cinco forças:
• Intensidade da rivalidade entre os concorrentes do setor, que pode levar a
guerras de preço e corroer as margens da indústria;
• Ameaça de novos entrantes, que aumentam a capacidade da indústria e a
competição por market share caso as barreiras de entrada sejam fracas;
• Ameaça de produtos e/ou serviços substitutos com boa relação
custo/benefício, que exercem uma pressão sobre as margens da indústria;
• Poder de negociação dos fornecedores, que aumenta quando: existem poucos
fornecedores, não existem concorrentes ou substitutos, existem altos custos de
mudança, há possibilidade de integração para frente pelo fornecedor ou a
empresa não é um cliente importante para o fornecedor;
• Poder de barganha dos clientes, que aumenta quando: estão concentrados,
associados ou compram em grandes volumes, não há diferenciação entre os
produtos ou há a possibilidade do cliente integrar para trás, adquirindo os
suprimentos e produzindo por si só.
O estrategista deve avaliar estas forças e suas causas, identificar os pontos fortes e
fracos de sua empresa e dos concorrentes, e então criar um plano de ação que contenha:
• O posicionamento da empresa que melhor a defenda das forças competitivas;
• Movimentos estratégicos que influenciem o equilíbrio das forças; e
• Ações que aproveitem, antes dos competidores, as mudanças previstas nos
fatores subjacentes às forças.
Porter (1980) categoriza três estratégias genéricas que possibilitam enfrentar as cinco
forças competitivas e superar as demais empresas de um mesmo setor de atividade:
• Liderança em custo - tem como objetivo atingir a liderança no custo total em
uma indústria, por meio de um conjunto de políticas funcionais como ganhos
de escala, programas de reduções e controle de custos.
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• Diferenciação – tem como objetivo posicionar os produtos ou serviços da
empresa de forma diferenciada no mercado, de forma que os consumidores
percebam-nos como únicos no âmbito de toda indústria.
• Foco – tem como objetivo focar a oferta de produtos e serviços da empresa a
um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos ou um
mercado geográfico específico, partindo da premissa de que pode atender seu
alvo estratégico estreito mais efetivamente do que os concorrentes que
competem com escopo mais amplo.
Uma empresa não deve parar no meio termo entre as estratégias genéricas, pelo risco
de não suportar a pressão de concorrentes que focalizam sua atenção e seus recursos com o
objetivo de serem os melhores em uma determinada estratégia.
Ackoff(1983) alertou para o dilema comum na década de 60 envolvendo a previsão
(forecasting ou especulação) versus a preparação, propondo que a adoção de uma estrutura
organizacional flexível a mudanças e a aplicação de métodos de controle é uma alternativa
melhor. Os fatores incontroláveis seriam manipulados de forma melhor com receptividade, e a
eficácia das respostas dependeria da habilidade da organização de aprender e adaptar
rapidamente.
A falácia de que a estratégia deve estar separada das operações, a formulação da
implementação, os pensadores dos realizadores, os estrategistas do objeto da estratégia, é
debatida por Reid(1989), o qual propõe que a inseparabilidade destes fatores é um fator crítico
para que o planejamento estratégico mostre seus benefícios na prática. A condição para o
crescimento seria que as organizações tivessem um planejamento estratégico que se preocupe
com a implementação numa visão contínua. O autor também enfatiza a importância de definir
os objetivos estratégicos de acordo com as aspirações de todos os envolvidos nestes
processos, desde sócios, administradores, empregados, clientes, credores, governo,
fornecedores e comunidade em geral, estimulando sempre o pensamento “fora da caixa”, de
forma a enfatizar a importância deste tipo de pensamento e a recompensá- lo, removendo
também as penalizações.
Outro desafio levantado é o de tornar o processo de planejamento estratégico contínuo
e integrado ao estilo de vida da organização dentro de um ambiente de aprendizado. Para isso,
sugere estabelecer uma filosofia operacional, posicionar o negócio, comprometer com os
objetivos estratégicos e revisar e controlar o planejamento.
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Apesar dos muitos significados e definições para os termos comumente usados em
planejamento estratégico, parece existir uma tendência de convergência entre alguns
principais conceitos (Quinn apud Mintzberg & Quinn, 1991):
• Missão – visão de longo prazo, ou seja, como a organização se vê no futuro.
• Metas/objetivos – o quê deve ser atingido e quando.
• Planos – roteiros detalhados das ações a serem realizadas para que a
organização consiga atingir suas metas ou objetivos principais.
• Políticas – regras que definem os limites dentro dos quais as ações devem
ocorrer.
• Estratégias – formulações que agregam objetivos, políticas e ações de uma
organização em direção a sua missão.
Mais especificamente, estratégia seria um padrão ou plano que integra, de forma
coesa, os principais objetivos, políticas e ações de uma organização. Uma estratégia bem
formulada auxilia a alinhar e alocar recursos de uma empresa de maneira ótima, baseada nas
suas competências centrais e deficiências, nos sinais de mudança observados no ambiente e na
ação dos concorrentes. Segundo os autores, para que uma estratégia seja efetiva deve conter
as seguintes características:
• Apresentar objetivos claros e decisivos;
• Promover a iniciativa, preservando a liberdade de ação e reforçando o
comprometimento;
• Concentrar o poder de decisão no momento e local necessários;
• Ter flexibilidade e margem de manobra, por meio de reservas de recursos;
• Ser capaz de comprometer a liderança, mais do que simplesmente obter aceitação;
• Ser dinâmica e ágil o suficiente para surpreender os competidores;
• Oferecer bases seguras para o negócio, prevenindo aspectos negativos ou
reforçando características positivas.
O conceito de estratégia corporativa, segundo Andrews apud Mintzberg & Quinn
(1991), se constitui de um padrão de decisões que determina os objetivos, propósitos ou metas
de uma empresa, produz suas principais políticas e planos para alcançar as metas definidas, e
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define o segmento de negócio no qual a empresa irá atuar, o tipo de organização econômica e
humana que ela é ou pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não-econômica
que pretende oferecer aos acionistas, empregados, clientes e comunidade.
A estratégia corporativa é definida como um processo organizacional que envolve dois
importantes aspectos: a decisão do que fazer e a implementação. A formulação da estratégia
envolve basicamente as seguintes etapas:
• Identificação de oportunidades e riscos;
• Determinação dos recursos materiais, técnicos, financeiros e gerenciais;
• Identificação dos valores pessoais e aspirações da gerência sênior;
• Reconhecimento das responsabilidades para com a sociedade.
A implementação da estratégia, por sua vez, envolve os seguintes elementos:
• Estrutura organizacional e seus relacionamentos, detalhados na divisão do
trabalho, na coordenação da responsabilidade dividida e nos sistemas de
Informação;
• Processos e comportamento organizacionais, traduzidos em padrões e medidas,
sistemas de incentivo e motivação, sistemas de controle, e no recrutamento e
desenvolvimento de gestores;
• Liderança de topo estratégica, organizacional e pessoal.
Kaplan & Norton (1992) estabeleceram um conjunto de medidas de desempenho
empresarial denominado “balanced scorecard”, mais abrangente do que as tradicionais
medidas de desempenho financeiro, que refletem apenas as ações tomadas pela empresa no
passado. Por considerar que desempenho passado não é garantia de desempenho futuro, o
“balanced scorecard” propõe a adoção de medidas operacionais que são os direcionadores do
desempenho financeiro futuro. Estas métricas facilitam o entendimento e a operacionalização
da visão da cúpula e dos objetivos da empresa. O acompanhamento, a avaliação e o re-
planejamento da atividade da empresa devem ser feitos levando em consideração as quatro
dimensões:
• Dimensão do cliente – Focaliza a satisfação dos clientes, estabelecendo métricas
que permitam a empresa visualizar se está conseguindo aumentar os benefícios
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percebidos pelos clientes. Tende a recair sobre quatro categorias que afetam a
forma como o cliente percebe a empresa: tempo, custo, qualidade e serviço;
• Dimensão de processos internos – Focaliza as capacitações da empresa para
enfrentar os desafios do mercado. As principais métricas devem reflitam a
capacidade da empresa em gerenciar processos eficientes ao atender as
necessidades dos clientes e as que estiverem relacionadas ao aprimoramento das
“competências centrais” (PRAHALAD & HAMEL, 1990) da empresa;
• Dimensão de inovação e aprendizado – refere-se à capacidade da empresa lançar
novos produtos, criar maior valor para os clientes e aprimorar eficiências
operacionais, que podem resultar em penetração de novos mercados e no
incremento das suas receitas e margens de lucro;
• Dimensão financeira – Tipicamente tangibilizada por métricas como
rentabilidade, crescimento e valor das ações. Tem a intenção de verificar se a
estratégia da empresa e a sua implementação estão efetivamente contribuindo para
a melhoria do lucro no curto prazo.
Uma questão importante, levantada por Doyle(1994) é a definição do que é o sucesso
para a organização, para a partir disso medir a performance da empresa de acordo com
objetivos definidos para atingir este sucesso específico.
De acordo com o autor, as empresas ocidentais focam na lucratividade como medida
de performance, o que gera vários conflitos de interesses, pois avalia a performance somente
da perspectiva dos acionistas. Já as empresas orientais trabalham com múltiplos objetivos,
tentando balancear os interesses também dos funcionários, clientes, comunidade e de
sobrevivência de longo prazo, avaliando a performance também por market share, valor de
mercado, crescimento e outros parâmetros.
A atual definição de “padrão de excelência”, focado em um único objetivo, gera
conflitos de interesses fatais para as organizações. O desafio, neste caso, é balancear o
interesse dos vários stakeholders.
Doyle(1994) parte da premissa de que os colaboradores buscam para suas demandas
mais a satisfação do que a maximização (o que pode não ser aplicável necessariamente em
todos os casos), para introduzir o conceito de “zona de tolerância” – margem mínima de
tolerância de cada stakeholder para trabalhar em prol de um objetivo.
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Mintzberg(1994) relembra o “boom” do planejamento estratégico no final da década
de 60, onde foi considerado a solução para todos os problemas das organizações, e de muitos
erros, dificuldades e conseqüências da utilização desembasada deste processo. O autor relata
que as estratégias mais bem sucedidas eram visões e não planos, e possuíam elementos
deliberados e emergentes, de flexibilidade de aprendizado e controle cerebral. O verdadeiro
propósito do planejamento não seria a criação de planos, mas sim a mudança dos modelos
mentais que os tomadores de decisão carregam nas suas mentes.
O autor indica que o processo de criação de estratégia deve capturar o que os gerentes
aprendem das várias fontes e sintetizar este conhecimento em uma visão da direção que o
negócio deve seguir. Indica ainda que a essência da criação de estratégia como um processo
de aprendizado é pensar para agir com convicção, mas também agir para ter mais sobre o que
pensar.
O autor apresenta ainda as três maiores falácias do planejamento estratégico:
• A Falácia da Previsão: Segundo o autor, visionários utilizam a intuição para
antecipar tendências, mas é impossível prever o futuro.
• A Falácia da Separação: O autor anuncia que os gerentes brilhantes não são
aqueles que se abstraem dos detalhes do trabalho diário, e sim aqueles que
imergem neles enquanto mantêm-se aptos a abstrair mensagens estratégicas destes
detalhes. E que a visão necessária para novas estratégias é indisponível para
aqueles que não podem ver com os próprios olhos.
• A Falácia da Formalização: O autor debate a falácia de que os gerentes têm de
programar suas estratégias formalmente, ponto que também é criticado por
Reid(1989) e por Langley(1995). O autor chega a afirmar que na maioria das vezes
o planejamento formal tem somente extrapolado o passado ou copiado as
estratégias de outros competidores.
O grande desafio do planejamento na visão de Langley(1995) é construir organizações
que combinem checagens e balanços com formas de arbitrar, para que não ocorra a paralisia
por excesso de análise nem a extinção por instinto sem análise. Segundo o autor, a paralisia
por análise pode se causada por:
• Dialogue of the Deaf: conflitos de troca de informações entre níveis hierárquicos.
O autor sugere que a análise precisa ser combinada com fontes informais de
21
influência, e que, para combater este problema, pode ser interessante criar equipes
de projeto multinível ou diminuir os níveis hierárquicos (o que pode gerar o
próximo problema: The Vicious Circle).
• The Vicious Circle: conflitos de troca de informação no mesmo nível hierárquico.
Este problema pode ser gerado pela hierarquia ou pela liderança fraca.
• The Decision Vacumm: análises sem sentido de realidade e utilidade. Em muitos
casos pode ser melhor manter grupos pequenos de pessoas-chave e enriquecê- los
com gerentes contratados.
O autor considera que a análise formal normalmente não é a causa da paralisia. São os
aspectos estruturais como padrões de participação, poder e opinião. Já a extinção por instinto
pode ser causada por:
• The Dominant Leader: situação em que ninguém confronta o líder, seja por
afinidade, admiração, medo ou implicações sobre a carreira. A utilização de
advogados do diabo seria uma alternativa para combater este problema.
• Parallel Power: situação em que pessoas em níveis mais baixos da hierarquia
podem fazer o que quiserem. A sugestão seria tornar o processo de tomada de
decisão mais transparente e apolítico, e alinhar objetivos estratégicos e pessoais,
tendo cuidado para não alimentar tanto a paralisia quanto a extinção.
• Natural Unanimity: situação em que todos dividem a mesma opinião. Esta
configuração pode ser boa em muitas ocasiões, mas pode também ser catastrófico
em ambientes novos e de constante mudança, além de muitas vezes tender a
manter um ambiente sem controle, que pode prejudicar os resultados da
organização. A sugestão seria a busca de novas perspectivas por meio de
consultores externos ou contratação de novos gerentes, criação de checagens e
balanços, advogados do diabo e análises independentes.
O autor reforça a necessidade de continuidade no processo de planejamento
estratégico, ao definir que gestão é um processo dialético em que o ciclo de diagnóstico e
realinhamento nunca termina.
Kaplan & Norton (1996) afirmam que o balanced scorecard permite às empresas
adotar um novo sistema de gestão estratégica composto de quatro processos que, separada ou
conjuntamente, contribuem para o alinhamento entre os objetivos estratégicos e as ações de
22
curto prazo. Com isso, podem driblar uma séria deficiência em sistemas de gestão
tradiciona is, caracterizados pela falta de habilidade para associar a estratégia de longo prazo
com as ações de curto prazo.
Traduzindo a Visão
q Tornando-a clara
q Obtendo consenso
Comunicando e associando
q Comunicando e educando
q Definindo metas
q Associando recompensas à medidas de desempenho
Planejando o negócioq Definido alvos
q Alinhando iniciativas estratégicas
q Alocando recursos
q Estabelecendo marcos
Obtendo Feedback e Aprendendo
q Articulando a visão compartilhada
q Fornecendo feedback estratégico
q Facilitando a revisão da estratégia e o aprendizado
BalancedScorecard
Traduzindo a Visão
q Tornando-a clara
q Obtendo consenso
Comunicando e associando
q Comunicando e educando
q Definindo metas
q Associando recompensas à medidas de desempenho
Planejando o negócioq Definido alvos
q Alinhando iniciativas estratégicas
q Alocando recursos
q Estabelecendo marcos
Obtendo Feedback e Aprendendo
q Articulando a visão compartilhada
q Fornecendo feedback estratégico
q Facilitando a revisão da estratégia e o aprendizado
BalancedScorecard
Figura 2.1 – Sistema de gestão estratégica baseado no balanced scorecard– Kaplan & Norton (1996).
Os quatro processos deste novo sistema de gestão envolvem:
• Tradução da visão em objetivos : a declaração de visão estratégica deve ser
traduzida em um conjunto de objetivos e métricas que descrevem os fatores de
sucesso de longo prazo, acordados entre toda a alta gerência, para que possam
ser transformados em ações pelas pessoas da organização;
• Comunicação: todos os níveis da organização precisam entender a estratégia
de longo prazo, e como os objetivos departamentais estão alinhados com os
objetivos individuais.
• Planejamento: o plano de negócio deve estar integrado com o planejamento
financeiro, utilizando o conjunto de metas definidas para o balanced scorecard
como a base para a alocação de recursos e definição de prioridades, permitindo
realizar e coordenar somente as iniciativas que levem ao alcance dos objetivos
estratégicos de longo prazo.
23
• Aprendizado e feedback: avaliando o desempenho recente sob as óticas de
satisfação dos clientes, de processos internos, de aprendizado e financeira, é
possível obter aprendizado estratégico capaz de subsidiar a reavaliação dos
planos estratégicos.
Collis & Montgomery(1997) definem estratégia corporativa como a forma como a
companhia cria valor por meio da configuração e coordenação de suas atividades multi-
marketing. Os autores propõem um framework para análise da estratégia corporativa, em
forma de triângulo, composto por cinco elementos:
• Visão: envolve aspirações ambiciosas de onde a companhia deseja chegar,
definindo o domínio ou fronteiras de atuação, além de identificar a
contribuição para a sociedade e os valores éticos a serem valorizados nas
atividades da companhia;
• Metas e Objetivos: devem traduzir a visão em alvos de curto e médio prazos;
• Recursos: conjunto de ativos, habilidades e capacitações que definem o que a
empresa pode fazer e são as principais fontes de vantagem competitiva;
• Negócios : escolha das indústrias em que a firma opera; e
• Estrutura, sistemas e processos : definem como a organização controla e
coordena as atividades das várias unidades de negócios e funções executivas.
Quando estes cinco elementos estão sinérgicos, a companhia consegue identificar suas
reais vantagens competitivas. Os autores apresentam a matriz BCG (Boston Consulting
Group), ou matriz de crescimento/participação, para avaliação e planejamento de portfolio. A
matriz analisa o potencial de geração e utilização de caixa pelos diversos negócios da
empresa, classificando-os como “vaca leiteira” (grande market share e pouco crescimento do
mercado – boa geração de caixa), estrela (grande crescimento e participação – próxima vaca
leiteira), dog (pouco crescimento e participação – bons para serem abandonados) e duvidosos
(pouca participação e grande crescimento de mercado – requer alto investimento).
Apresentam também a visão de estratégia baseada em valor, que tem por objetivo maximizar
o valor aos acionistas e propõe a incorporação do cálculo EVA (economic value added) na
avaliação de todos os projetos de investimento e em todos os esquemas de incentivos de
executivos.
24
Os autores debatem as possibilidades de economias de escala (quando o custo médio
reduz com a produção ou venda em volumes maiores), e economias de escopo (quando o
custo de produzir ou vender múltiplos produtos conjuntamente é menor do que o custo de
produzi- los ou vende-los separadamente), e propõem a análise da cadeia de valor como um
bom começo para mostrar e quantificar na prática as economias de escala e escopo.
Mintzberg (1998) propõe um conjunto de estratégias genéricas, contendo cinco
abordagens, de uma mais simples até a mais sofisticada:
• Posicionamento do negócio – em que parte do sistema de valor a empresa
deve se situar, no segmento inicial, médio ou final;
• Definição do negócio – compreende as estratégias de diferenciação (preço,
imagem, suporte, qualidade, projeto ou não-diferenciação) e de escopo
(segmentação, nicho, customização ou não-segmentação);
• Desenvolvimento do negócio – diz respeito ao como a estratégia vai ser
levada ao mercado. Compreende as estratégias de penetração de mercados
novos, desenvolvimento de um mercado existente, expansão geográfica e
desenvolvimento de novos produtos;
• Extensão do negócio – envolve estratégias de integração na cadeia de valor,
de diversificação e estratégias de retirada;
• Reconcepção do negócio – envolve estratégias de redefinição do negócio, de
recombinação dos negócios e de re-alocação do negócio central.
O quadro 2.1.1 apresenta o resumo conceitual criado a partir da revisão de literatura
sobre o tema Planejamento e Controle.
AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS
Christensen et al (1973)
Propõem diversas perguntas para identificar a adequação e alinhamento de uma estratégia, passando pela comunicação clara da estratégia, planejamento de competências, indicadores e avaliação de oportunidades.
Porter (1979)
Apresenta o modelo de 5 forças para análise do ambiente competitivo industrial, composto pela intensidade da rivalidade entre os concorrentes, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos substitutos, o poder de barganha dos fornecedores e o poder de barganha dos clientes.
Porter (1980) Apresenta o modelo de estratégias genéricas, considerando que as empresas superam a concorrência por meio da liderança em custo, diferenciação ou foco.
Ackoff (1983) Propõe a adoção de uma estrutura flexível a mudanças e a aplicação de métodos de controle das variáveis cujos efeitos possam representar ameaças à empresa, ao invés da abordagem tradicional composta de uma previsão seguida de preparação.
Reid (1989) Debate a falácia de que a formulação deve ser separada da implementação da
25
estratégia e propõe o desafio de tornar o processo de planejamento estratégico contínuo e integrado ao estilo de vida da organização dentro de um ambiente de aprendizado.
Quinn apud Mintzberg & Quinn
(1991)
Define os termos estratégia, objetivos, metas, políticas e programas e cita os principais pontos que uma estratégia eficaz deve conter.
Andrews apud Mintzberg & Quinn
(1991)
Define estratégia corporativa como um processo organizacional que envolve dois importantes aspectos: a decisão do que fazer e a implementação.
Kaplan & Norton (1992)
Apresentam o balanced scorecard , um conjunto de medidas de desempenho empresarial que inclui, além das tradicionais métricas financeiras, medidas operacionais que são os direcionadores do desempenho financeiro futuro, com base na satisfação dos clientes, nos processos internos e nas atividades de inovação e aprendizado.
Doyle (1994)
Sugere a existência de uma zona de tolerância – margem mínima de tolerância de cada stakeholder para trabalhar em prol de um objetivo – e, em virtude disso, a definição de metas e objetivos deve refletir um equilíbrio dos objetivos de todos os stakeholders envolvidos.
Mintzberg (1994)
Sugere que o verdadeiro propósito do planejamento estratégico não seria a criação de planos, e sim a mudança dos modelos mentais dos tomadores de decisão. O autor debate as falácias da previsão, da separação e da formalização, sugerindo que uma estratégia eficaz contém elementos deliberados e emergentes, é realizada com apoio de quem implementa e não necessariamente precisa estar formalizada.
Langley (1995)
Afirma que o grande desafio do planejamento é construir organizações que combinem checagens e balanços com formas de arbitrar, para que não ocorra a paralisia por excesso de análise nem a extinção por instinto sem análise.O autor reforça a necessidade de continuidade no processo de planejamento, definindo a gestão como um processo dialético em que o ciclo de diagnostico e realinhamento nunca termina.
Kaplan & Norton (1996)
Apresentam um sistema de gestão estratégica, baseado no balanced scorecard, que permite o desdobramento da estratégia de longo prazo em ações de curto prazo por meio de quatro processos: a tradução da visão em objetivos e medidas; a comunicação dos objetivos nos diversos níveis; o planejamento para alocação dos recursos; e a obtenção de feedback e aprendizado pelo acompanhamento e ajuste da estratégia.
Collis & Montgomery (1997)
Propõem um framework para analise da estratégia corporativa, em forma de triângulo, composto por cinco elementos: visão, metas e objetivos, recursos, negócios e estrutura, sistemas e processos. Apresentam também a matriz BCG para avaliação e planejamento de portfolio.
Mintzberg (1998) Propõe um conjunto de estratégias genéricas com 5 abordagens distintas, a saber: posicionamento do negócio, definição do negócio, desenvolvimento do negócio, extensão do negócio e reconcepção do negócio.
Quadro 2.1.1 – Resumo conceitual da revisão de literatura para o Macroconstruto “Planejamento e Controle”.
A partir da revisão de literatura supracitada, foi proposto um Macroconstruto para
compor o questionário enviado aos participantes da pesquisa. O quadro 2.1.2 relaciona os
autores que embasam cada questão do questionário para este Macroconstruto.
QUESTÃO AUTORES
1 QUINN, ANDREWS, PORTER(1979), KAPLAN & NORTON (1996), COLLIS & MONTGOMERY.
2 ANDREWS, CHRISTENSEN ET AL, DOYLE , REID, KAPLA N & NORTON (1996), COLLIS & MONTGOMERY.
3 ANDREWS, CHRISTENSEN ET AL, QUINN, LANGLEY, MINTZBERG (1994), KAPLA N & NORTON (1996).
26
4 ACKOFF, ANDREWS, QUINN, REID, PORTER(1979), MINTZBERG(1994), KAPLAN & NORTON (1996), COLLI S & MONTGOMERY.
5 ANDREWS, COLLIS & MONTGOMERY.
6 QUINN, KAPLAN & NORT ON (1996).
7 QUINN, LANGLEY.
8 QUINN, KAPLAN & NORTON (1996).
9 CHRISTENSEN ET AL, ACKOFF, ANDREWS, DOYLE, LANGLEY, REID, KAPLAN & NORTON (1992), MINTZBERG(1994), KAPLAN & NORTON (1996).
10 KAPLAN & NORTON (1992), KAPLAN & NORTON (1996).
11 KAPLAN & NORTON (1992), KAPLAN & NORTON (1996).
12 ACKOFF, MINTZBERG(1998), KAPLAN & NORTON (1992), KAPLAN & NORTON (1996).
13 KAPLAN & NORTON (1992), KAPLAN & NORTON (1996).
14 ANDREWS 15 ANDREWS, KAPLAN & NORTON (1992).
16 ANDREWS
Quadro 2.1.2 – Autores que embasam cada item do questionário do Macroconstruto “Planejamento e Controle”.
27
II.2 - A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
Recorrendo a um pouco da história, notamos que as primeiras organizações
empresariais não possuíam sequer uma área de recursos humanos e todas as decisões sobre
pessoal eram tomadas por uma única pessoa, invariavelmente o proprietário do negócio. À
medida que as organizações foram crescendo e se tornando cada vez mais complexas, foram
reconhecendo cada vez mais a importância das pessoas, seus conhecimentos, competências e
motivações para o atingimento das metas e o crescimento de longo prazo. Esta constatação
tem resultado também num crescimento da importância estratégica da gestão de recursos
humanos. Fica cada vez mais evidente a enfâse necessária nos recursos humanos no novo
cenário de negócios, principalmente em decorrência da globalização dos mercados e da
migração para uma economia baseada em serviços e alta tecnologia (Miles & Snow, 1984).
Ainda assim, tudo indica que tem sido difícil para os departamentos de recursos
humanos agir estrategicamente, pois, invariavelmente, não são convidados ou mesmo têm
autorização para participar efetivamente do processo de planejamento estratégico corporativo,
conceitualizando e desenhando organizações flexíveis e resilientes, capazes de suportar a
formulação de novas estratégias de negócios e mudanças no ambiente. Para que isso se torne
realidade, é necessário que a alta gerência comprometa-se a envolver os departamentos de
recursos humanos como uma parte importante e indispensável no processo de planejamento
estratégico. Se este departamento passar a ser visto com a mesma importância que os
departamentos de finanças, marketing, produção, dentre outros, poderá contribuir
significativamente no processo de planejamento estratégico e desenho organizacional.
Os autores apresentam então um modelo conceitual que relaciona as estratégias de
negócio com os sistemas de gestão de recursos humanos, identificando três tipos básicos de
papel estratégico e características de suporte organizacional desempenhados pelas empresas.
O primeiro tipo de empresa engloba as chamadas Reativas. Estas empresas são
caracterizadas pela oferta de um produto único, por adotarem um posicionamento de “meio
termo”, conforme caracterizado por Porter (1986), não priorizando nem o custo mais baixo
nem a diferenciação de seus produtos ou serviços, e por não apresentam nenhuma estratégia
formal de recursos humanos.
O segundo tipo enquadra as empresas Defensivas, que em geral possuem uma
estrutura organizacional funcional, e uma estratégia competitiva baseada em liderança por
custo, obtida por meio da padronização da linha de produtos. Nestas empresas já existe um
28
departamento de recursos humanos, onde as principais responsabilidades são a aquisição, o
treinamento e a manutenção de pessoal.
O terceiro tipo congrega as empresas Prospectivas, que são caracterizadas por ter uma
estrutura divisional, onde a base de sua estratégia de negócios é formada pela diversificação
da linha de produtos, por meio da diferenciação. Nestas empresas as estratégias de recursos
humanos estão focadas na aquisição de recursos humanos por meio do desenvolvimento de
políticas de recursos humanos e pelo uso significativo de consultoria externa.
O último tipo de empresas agrega as empresas Analíticas, que são caracterizadas por
serem empresas inovadoras, com uma estratégia bem definida de foco, ou seja, na escolha de
nichos de mercado bem definidos e com uma estratégia de recursos humanos baseada na
otimização da alocação de pessoas de acordo com as necessidades da estratégia de negócio da
empresa, por meio de um processo cuidadoso de planejamento, desenvolvimento e alocação.
Peters (1987) ressalta que o “fenômeno da excelência” e a preocupação míope com o
desempenho administrativo dominante durante toda a década de 80, não foi capaz de provocar
transformações suficientemente rápidas na maioria das empresas. Hoje, ser excelente já não é
suficiente, pois o mercado está cada vez mais dinâmico, e a excelência de hoje pode significar
a estagnação e obsolescência de amanhã. Desta forma, as empresas realmente excelentes são
aquelas que conseguem evoluir rapidamente.
O autor afirma que existem cinco áreas gerenciais que constituem a essência de um
desempenho pró-ativo no mundo caótico da atualidade:
• Clientes: A obsessão pela atenção aos clientes, tornando-os o centro dos negócios,
com flexibilidade e sensibilidade, procurando sempre adicionar valor de todas as
maneiras;
• Inovação constante e em ritmo acelerado em todas as áreas da empresa, em um
ambiente que estimule a geração de novas idéias e a implementação de iniciativas,
e também seja capaz de promover a tolerância com fracassos bem-intencionados e
com os inovadores persistentes;
• A participação consistente e constante de todas as pessoas ligadas à organização,
e a divisão dos ganhos da empresa com todas as pessoas que contribuíram
significativamente para o atingimento dos resultados planejados. O ritmo constante
de mudança e inovação torna estritamente necessária a existência de uma força de
29
trabalho altamente treinada e conseqüentemente mais flexível, fortemente voltada
para a ação, com foco no cliente e na extração de valor para o negócio;
• Liderança carismática que estimule mudanças e compartilhe uma visão
inspiradora para todos os liderados;
• Controle efetivo por meio de sistemas de apoio simples, com o objetivo de medir
o que é realmente importante para a organização, como freqüência de inovação,
qualidade, treinamento e ritmo de mudança.
Kanter (1989) também analisando o ambiente do final dos anos 80, sugere os dois
principais desafios das empresas para prosperar num ambiente de constantes mudanças:
• A superação da burocracia para um ambiente de empreendedorismo;
• A transição de um modelo de atuação e excelência individual para um ambiente de
trabalho em equipes multifuncionais e sinérgicas, envolvendo pessoas com
competências complementares.
Segundo a autora, o futuro será melhor para aquelas empresas que aprenderem superar
o paradoxo entre sonho e disciplina e conseguirem criar um ambiente balanceado entre visão
e ação, planejamento e execução. Terão mais chances de sucesso aqueles que procurem
sempre o potencial de oportunidades mais amplas, e ao mesmo tempo reconheçam a realidade
de recursos cada vez mais escassos, encontrando novas soluções que permitam fazer mais
com menos.
Está cada vez mais difícil para as empresas prosperarem atuando somente com
métodos tradicionais, uma vez que as tecnologias, preferências dos clientes, lealdade dos
empregados, regulamentação setorial, e propriedade corporativa estão em constante mudança.
As empresas precisam estar atentas não somente ao seu negócio atual, mas em todos os
elementos que podem causar mudanças nas regras do jogo em que atua. Esta postura requer
muito mais elementos como capacidade de agir rapidamente, de realizar manobras criativas,
flexibilidade e proximidade com os empregados e clientes, do que a conhecida burocracia
corporativa tradicional.
Para obter sucesso nestas empresas, um novo tipo de empregado se faz necessário.
Neste novo ambiente, as pessoas precisam cada vez mais:
• Pensar estrategicamente e investir no futuro, e ao mesmo tempo obter bons
resultados no presente;
30
• Ser empreendedor e assumir riscos, mas garantir que suas falhas não
comprometam os resultados do negócio;
• Fazer tudo o que já se faz de maneira cada vez melhor, e ainda despender mais
tempo se comunicando com empregados, participando de equipes e propondo
novos projetos;
• Conhecer cada detalhe do negócio, mas ser capaz de delegar mais responsabilidade
para outros;
• Ser capaz de definir visões e liderar sua implementação, mantendo-se flexível
mudar de direção rapidamente;
• Ter voz ativa e atuar como um líder na definição do direcionamento, sendo, ainda
assim, participativo, ouvindo adequadamente e cooperando;
• Atirar-se de corpo e alma ao empreendedorismo, mas sem desprezar a saúde;
• Ser cada vez mais bem sucedido, mas também ser capaz de educar os filhos.
Yeung & Ulrich (1989), comparando as características de organizações em ambientes
de mudança e de estabilidade, concluem que, nas empresas em ambiente de transição existem
quatro características fundamentais que podem resultar em desempenhos superiores:
• Orientação estratégica: São enfatizadas e estimuladas a criatividade e a
flexibilidade ao invés de estabilidade e eficiência;
• Cultura organizacional: predominam a inovação e o trabalho em equipe ao invés
de burocracias;
• Planejamento: caracteriza-se por uma sucessiva adaptação da estratégia inicial, ao
invés de utilizar modelos de previsão, pressupondo a estabilidade, para construção
de planejamentos formais de longo prazo; e
• Rotinas: nas organizações em ambiente de transição pode ser necessário
“desaprender” e reinventar as rotinas e procedimentos do passado.
Davenport (1993) afirma que, para viabilizar os processos de mudança e de inovação
na organização, os assuntos organizacionais e de recursos humanos são mais centrais do que
fatores tecnológicos, pois, antes dos detalhes técnicos, é preciso existir uma mudança de
comportamento. Para que as inovações sejam possíveis, todos os elementos facilitadores
31
devem estar alinhados e em equilíbrio com os demais aspectos chave da empresa. Estes
elementos facilitadores envolvem:
• A existência de equipes multifuncionais autônomas, que apresentam diversas
habilidades e capacitações em uma única unidade de trabalho.
• Uma cultura participativa, com o estímulo à delegação de poderes, à participação
na tomada de decisão e à comunicação aberta.
• Treinamento constante, motivação, mecanismos de avaliação e remuneração que
incentivem e recompensem uma postura ativa dos funcionários nos processos de
mudança.
Kotter (1996) é taxativo ao afirmar que existe uma diferença abissal entre gestão e
liderança. Em muitas empresas, o sucesso obtido no passado, em um ambiente de maior
estabilidade, poucas mudanças e menos competição, tornou as empresas arrogantes e quase
que totalmente centradas na gestão, desprezando o desenvolvimento de uma cultura de
formação de liderança. Nesses períodos, apenas a gestão eficaz era suficiente para que a
empresa tivesse bons resultados. A previsibilidade, a ordem e a garantia do potencial para a
geração dos resultados de curto prazo esperados eram obtidas com atividades de
planejamento, orçamento, organização, políticas de pessoal e controle e resolução de
problemas.
Porém, poderosas forças macroeconômicas vêm impondo um ritmo dramático de
mudanças no mundo dos negócios, tornando urgente uma nova postura por parte das
empresas, baseada na busca incessante da mudança para se adaptar e manter sua posição
competitiva em um ambiente com maiores desafios, ameaças e oportunidades. Neste contexto,
a mudança é primordialmente influenciada pela liderança, que deve estabelecer uma visão de
futuro e as estratégias necessárias para alcançá- la; alinhar as pessoas, comunicando objetivos
e estimulando a criação de equipes; inspirando e motivando os funcionários a superar os
obstáculos políticos, burocráticos e de recursos que possam acontecer.
Amabile (1998) propõe que a criatividade é muito mais destruída do que apoiada no
cotidiano das empresas, em nome de questões como controle, coordenação e produtividade.
Segundo a autora, existem seis práticas gerenciais que podem afetar a criatividade:
• Desafio: Quando as pessoas certas são colocadas nos lugares certos e recebem
desafios atraentes e realizáveis, os resultados de suas ações serão muito mais
32
produtivos e criativos. Para realizar esta coalisão, os gerentes precisam conhecer
bem seus empregados e os projetos em andamento.
• Liberdade: É importante oferecer autonomia para que os funcionários busquem
suas próprias formas de alcançar os objetivos definidos pela gerência.
• Recursos: Pressões de tempo podem aumentar a criatividade mas é preciso estar
atento à linha tênue entre o estresse gerado pela pressão positiva por resultados
desafiadores e o desânimo e fadiga causados por objetivos inalcançáveis. O mesmo
se aplica aos recursos financeiros disponibilizados para a execução das atividades.
• Trabalho em Equipe: É importante que as equipes multifuncionais contem com
indivíduos com visões e experiências distintas, dispostos a trabalhar em
colaboração, valorizando uns aos outros e que estejam motivados a alcançar um
mesmo objetivo.
• Incentivo: os líderes devem servir como modelo, demonstrando preocupação
ressaltando a importância da atividade desempenhada pelos seus subordinados.
• Suporte Organizacional: toda a organização deve estar comprometida com a
criatividade para que ela realmente aconteça.
O quadro 2.2.1 apresenta o resumo conceitual criado a partir da revisão de literatura
sobre o tema Direcionamento de Recursos Humanos.
AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS Miles & Snow
(1984) Reforçam a imp ortância do alinhamento da estratégia de recursos humanos com a estratégia corporativa.
Peters (1987)
Sugere cinco práticas gerenciais essenciais para o sucesso em ambientes dinâmicos: atenção aos clientes, estímulo à inovação e tolerância ao erro, participação e envolvimento de todos, liderança visionária e inspiradora e controle por meio da medição daquilo que é importante.
Kanter (1989) Ressalta a importância do balanceamento entre sonho e disciplina de implementação e detalha os paradoxos atuais para a condução da carreira e da vida pessoal.
Yeung & Ulrich (1989)
Propõem que nas empresas em ambiente de transição existem quatro características fundamentais que resultam em desempenhos superiores. São elas: orientação estratégica de estímulo à criatividade e flexibilidade, cultura organizacional de inovação e trabalho em equipe, planejamento com sucessivas adaptações da estratégia inicial e ações direcionadas a desaprender e reinventar as rotinas e procedimentos do passado.
Davenport (1993)
Aponta os fatores organizacionais que favorecem a inovação: equipes multifuncionais autônomas, cultura participativa e delegação de poder, treinamento constante e estímulo à livre iniciativa por meio de constante motivação, remuneração e avaliação.
Kotter (1996) Diferencia os conceitos de gestão e liderança, e reforça o papel de destaque desta última no processo de mudança nas empresas, definindo a visão e a estratégia, alinhando as pessoas, comunicando os objetivos, influenciando os times e inspirando
33
e motivando os indivíduos.
Amabile (1998)
Afirma que existem seis práticas gerenciais que podem afetar a criatividade. São elas: desafios atraentes às pessoas nas funções certas, autonomia para que os funcionários busquem suas próprias formas de ação, recursos de temp o e financeiros, indivíduos com visões e experiências distintas, incentivo constante dos líderes e comprometimento organizacional com a criatividade.
Quadro 2.2.1 – Resumo conceitual da revisão de literatura para o Macroconstruto “Direcionamento de Recursos Humanos”.
A partir da revisão de literatura supracitada, foi proposto um Macroconstruto para
compor o questionário enviado aos participantes da pesquisa. O quadro 2.2.2 relaciona os
autores que embasam cada item deste Macroconstruto.
QUESTÃO AUTORES 1 PETERS, KANTER, AMABILE, DAVENPORT. 2 PETERS, KOTTER, AMABILE. 3 MILES & SNOW, KANTER. 4 MILES & SNOW, YEUNG & ULRICH, KANTER, AMABILE, DAVENPORT. 5 PETERS, KANTER. 6 PETERS, KANTER, YEUNG & ULRICH, AMABILE. 7 PETERS. 8 KANTER. 9 PETERS, DAVENPORT. 10 PETERS, DAVENPORT.
Quadro 2.2.2 – Autores que embasam cada item do questionário do Macroconstruto “Direcionamento de Recursos Humanos”.
34
II.3 - O DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO
A definição do negócio é o ponto de partida do planejamento estratégico, uma vez que
precede todas as outras decisões estratégicas (Abell & Hammond, 1979). Os autores sugerem
que a definição de um negócio seja feita abrangendo três dimensões:
1. Cliente, ou QUEM está sendo atendido;
2. Oferta (funcionalidades), ou QUAIS necessidades estão sendo atendidas;
3. Tecnologia, ou COMO as funcionalidades são disponibilizadas.
Com base nessas três dimensões pode-se determinar os objetivos do negócio com
relação a escopo (abrangência em termos de grupos de clientes, funcionalidades e
tecnologias), segmentação e diferenciação (como o negócio atua em cada uma das
dimensões). A partir da definição do negócio devem ser derivadas as decisões de estratégias
funcionais e não o contrário.
Os autores alertam que a missão da empresa pode afetar a definição do negócio, por
interferir na escolha do segmento a investir. A empresa pode querer se reposicionar ou mudar
a definição de seu negócio atual dependendo da atratividade do negócio. Caso isso aconteça,
sua missão também pode ser alterada.
Porter (1985) apresenta o modelo de cadeia de valor da empresa, que encapsula a
forma de encontrar vantagem competitiva mais comumente praticada pelas empresas na
atualidade, que está baseada no paradigma da especialização de Adam Smith. Segundo este
modelo, as vantagens competitivas da empresa devem surgir de fontes de diferenciação ou
redução de custos. Para isso, é necessário desagregar a empresa em suas atividades
estrategicamente relevantes, em busca da compreensão do comportamento dos custos e de
fontes potenciais de diferenciação. O desempenho da empresa depende então da otimização
das atividades de cada área funcional da empresa. Desta forma, a empresa deve analisar não
só as cinco forças do ambiente (Porter, 1979), mas também as características operacionais da
organização para definir uma estratégia robusta e consistente.
Ramanujan & Varadajan(1989) fazem uma resenha das pesquisas na área de estratégia
corporativa sob uma perspectiva multidisciplinar, apresentando um framework para
classificação das pesquisas em diversificação corporativa, e perspectivas para pesquisas
futuras. Estes conceitos são importantes para demonstrar que as companhias podem perder
muitas oportunidades interessantes (e conseqüentemente lucros) se desprezarem rapidamente
35
questões como “Em que áreas podemos atuar?” e “O que mais podemos fazer com nossas
competências?”. Muitas vezes os projetos específicos que se desvencilham da pressão no
curto prazo podem ser os fatores-chave que irão garantir a sobrevivência da companhia num
cenário de médio e longo prazo, e desprezá-los ou relegá- los à boa vontade dos funcionários
pode estrangular a entrada de caixa.
Prahalad & Hamel(1990) focam a necessidade dos executivos buscarem as
competências centrais da organização que a diferenciam da concorrência. Para os autores, a
curto prazo, a competitividade de uma empresa deriva da relação preço/desempenho de seus
produtos, mas, a longo prazo, a competitividade deriva da habilidade de criar, a um custo
menor e mais rapidamente que os concorrentes, as competências-chave que criarão produtos
inovadores. Essas competências-chave são o aprendizado coletivo da organização,
especialmente como coordenar múltiplas habilidades de produção e tendências tecnológicas.
A manutenção da liderança global nestas competências-chave - por meio de uma arquitetura
estratégica que mapeie o futuro e identifique as competências importantes a cultivar e suas
tecnologias correlatas - permitirão a exploração de uma ampla variedade de produtos e
mercados no longo prazo. A inovação vem da identificação de oportunidades de aplicação da
competência central em novos mercados, novos produtos ou para suprir novas necessidades
que estão latentes.
Neste modelo, ao invés de carecer da extrapolação das características do ambiente
competitivo ou dos produtos que serão consumidos pelos clientes no futuro, a empresa
necessita de uma ampla e esclarecedora visão de quais serão as competências centrais que
criarão diferença competitiva no futuro. Essa mudança no nível de previsibilidade, de forma
alguma torna o trabalho do executivo mais trivial, e sim mais pormenorizado.
Barney(1991) examina a relação entre os recursos da empresa e a sustentação de
vantagem competitiva. Para tanto, começa constrastando os conceitos de vantagem
competitiva (caracterizada pela empresa que implementa uma estratégia de criação de valor
não implementada simultaneamente por competidores) e vantagem competitiva sustentável
(caracterizada pela empresa que tem uma vantagem competitiva que as outras empresas são
incapazes de copiar ou duplicar os benefícios da estratégia) e relaxando a premissa do
trabalho de Porter(1979) de que a competição se dá com homogeneidade e perfeita
mobilidade de recursos em uma mesma indústria. Barney define que para um recurso oferecer
uma vantagem competitiva para a empresa, ele precisa ter valor percebido pelos clientes, além
de ser raro, de difícil imitação e substituição por outras companhias rivais.
36
Istvan(1992) afirma que as fontes tradicionais de produtividade, principalmente
derivadas do paradigma da especialização, estão obtendo retornos marginais e que os ganhos
tendem a ser maiores com novos produtos e tecnologias em mercados de rápida expansão,
mesmo com pouca experiência acumulada, processos e tecnologias imaturas, do que em
mercados maduros e estagnados, mesmo com ganhos em escala e produtividade. Por avaliar
que o paradigma da especialização falha fundamentalmente em sistemas não lineares e
ambientes dinâmicos, Istvan(1992) propõe um modelo teórico que mistura o foco em
velocidade (tempo) com a teoria do caos. O autor reforça a necessidade de os executivos
criarem uma estrutura que permita o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os
diversos especialistas da empresa com vistas ao desenvolvimento de novos produtos e
serviços e novas formas de ofertar os produtos e serviços da empresa.
Corbett & Wassenhove(1993) oferecem uma visão do cenário competitivo atual, em
que os mercados estão cada dia mais competitivos e as margens cada vez menores, os critérios
qualificadores de pedido estão mais altos e os ganhadores de pedido têm se tornado apenas
qualificadores. Neste cenário, o conceito tradicional de trade-offs (por exemplo, entre
qualidade e custo) está perdendo a validade, o que faz emergir a viabilidade da utilização da
matriz produto X processo, sendo possível a criação de competências cumulativas. Os autores
fazem ainda importantes observações sobre as “core competencies”, que possuem pouco valor
se não estiverem alinhadas com o posicionamento estratégico, ou seja, não estejam
diretamente relacionadas com a garantia dos requisitos de qualificadores e ganhadores de
pedido valorizados pelos clientes. Para isso, a tarefa central do gestor é criar o link entre as
competências desenvolvidas internamente e a competitividade exigida pelo mercado.
Prahalad & Hamel (1994) afirmam que os executivos têm adotado uma postura muito
administrativa e operacional, dedicando pouco tempo para monitorar o ambiente externo,
conjecturar como estará o mundo em cinco ou dez anos e construir uma visão de futuro
compartilhada com seus colegas. Para alterar esta postura e começar a construir, de forma
pró-ativa o futuro, não somente reagindo a competidores e fatores ambientais do mercado, os
executivos devem responder às seguintes perguntas:
• Como a visão dos executivos sobre o futuro se compara com o dos competidores? A visão
é convencional e reativa ou é única e focada no longo prazo?
• O que consome mais o tempo e atenção dos executivos: reengenharia e processos
operacionais ou a geração de novas estratégias centrais?
37
• Como a empresa é vista pelos competidores e pelo mercado: como inovadora e criadora
de tendências ou seguidora de regras pré-estabelecidas?
• Qual é a principal força da empresa: eficiência operacional ou inovação e crescimento?
• Qual é o foco da empresa: conseguir se equiparar aos competidores ou colocar-se à frente
deles?
• O que definiu a agenda de transformações da empresa: os competidores ou a sua própria
visão de futuro?
• Os executivos utilizam a maior parte de seu tempo como um engenheiro de manutenção,
preservando o status quo ou como um arquiteto, projetando o futuro?
Makridakis(1996) rebate a noção de que o futuro é deduzível somente através da
análise do passado (o que pode ser feito mecanicamente e caracteriza a linha do raciocínio
quantitativo, modelos econométricos, etc.), reforçando que existem outros fatores não
presentes na história (como pragas e tempestades para as safras e crises econômicas para as
organizações, por exemplo) que interferem no desempenho e no ambiente futuro. Para avaliar
estes fatores é interessante realizar análises de cenários.
Segundo Gadiesh & Gilbert (1998), as empresas deveriam realizar uma análise de
distribuição dos lucros na indústria em que atuam para otimizar a definição de suas
estratégias. Os gerentes, muitas vezes, centralizam sua atenção em geração de receitas, e não
são capazes de avaliar ou não dão importância às margens de lucratividade das diversas
atividades da cadeia de valor de uma indústria, criando pontos cegos na visão estratégica das
empresas. Os autores propõem um framework de análise para ajudar a entender a distribuição
dos lucros na cadeia de valor de uma indústria e a escolher as atividades da cadeia de valor
que se relacionem com as competências da empresa e ao mesmo tempo tragam a maior
lucratividade possível. Um mapeamento dos profit pools busca responder questões
fundamentais sobre seu estado atual e sua evolução, como:
• Em que atividades está se fazendo dinheiro nesta indústria?
• Por que os profit pools se formaram nas atividades em que se encontram?
• As forças que criaram os profit pools estão sujeitas à mudança?
38
• Novos modelos de negócio mais lucrativos emergirão?
Segundo os autores, os resultados desta análise podem fornecer insights para o
desenvolvimento de estratégias mais realistas e com maior potencial de sucesso,
principalmente em indústrias sofrendo rápidas mudanças estruturais, como
desregulamentação, novos competidores ou novas tecnologias, que sempre resultam na
redistribuição de lucros ao longo da cadeia de valor. Assim como essas mudanças rápidas
podem oferecer novas fontes de lucro, podem também eliminar fontes tradicionais de receita,
representando um perigo para os líderes da indústria.
Davis & Meyer (1998) afirmam que três fatores fundamentais - a conectividade, a
velocidade e os intangíveis, derivados das dimensões de tempo, espaço e massa – estão
tornando as regras menos claras e os limites confusos, redefinindo, assim, o ambiente de
negócios e a forma de viver.
A desregulamentação das telecomunicações, a miniaturização dos satélites e o
desenvolvimento de tecnologias móveis tornaram real o conceito de ubiqüidade,
disponibilizando conexões para qualquer um, a qualquer hora, e em qualquer lugar. Esse
aumento em massa das conexões está mudando o ambiente de praticamente todos os
negócios, criando um efeito dominó que mudará o comportamento da economia. Muito
influenciada pelo aumento da conectividade, a velocidade dos negócios aumentou
abruptamente na última década, de forma que o ciclo de vida dos produtos foi reduzido de
anos para meses, ou até mesmo semanas. A força dos intangíveis na economia cresceu
silenciosamente, alterando a maneira como as pessoas percebem e se relacionam com o
mundo. Os intangíveis tomam a forma de serviços, informações, atributos de serviço que se
integram aos produtos, ou emoções. Inovações, marcas, confiança, relacionamentos, são
alguns exemplos de valores intangíveis, que crescem muito mais rapidamente do que os
tangíveis.
Hagel III & Singer (1999) enfatizam a necessidade de definição do negócio pelas
empresas e definiram, a partir da análise de diversas empresas, três tipos distintos de negócio:
relacionamento com clientes, inovação de produtos, e infra-estrutura. Apesar de estarem
diretamente conectados organizacionalmente, cada um desempenha diferentes papéis, tem
diferentes critérios de sucesso, emprega pessoas com perfis diferentes e tem diferentes
orientações econômicas, competitivas e culturais. Os autores alertam para o fato de que,
39
quando uma empresa tentar focar em mais de um destes negócios, as divergências econômicas
e culturais inerentes entram em conflito, inevitavelmente. É preciso fazer escolhas e
concessões, uma vez que escopo, velocidade e escala não podem ser otimizados
simultaneamente. O objetivo do foco seria minimizar os custos de interação, ou seja, o tempo
e o dinheiro gastos sempre que pessoas e empresas trocam produtos, serviços ou idéias. Se os
custos de interação de determinada atividade forem menores que os custos da terceirização, a
empresa tenderá a incorporar tal atividade em sua própria organização.
Mudanças nos custos de interação podem provocar reconfigurações rápidas e
dramáticas em indústrias inteiras. Enquanto empresas tradicionais se esforçam para manter os
seus processos centrais juntos, competidores altamente especializados estão surgindo, com a
capacidade de otimizar a atividade em que se concentram, e conseqüentemente com grandes
vantagens sobre as empresas integradas. Com as pressões da desregulamentação, da
competição global, e dos avanços tecnológicos, várias empresas estão separando os seus
negócios. E quanto mais interações se moverem para a Internet, mais os pressupostos básicos
da gestão corporativa vão ser transformados, forçando os executivos a se perguntar a mais
básica e desconfortável questão: Em que negócio realmente estamos?
Segundo Hax & Wilde II (1999), o modelo de estratégias genéricas de Porter (1986),
diferenciando apenas posturas de liderança em custo e de diferenciação, não é capaz de
descrever todas as formas de competição em ambientes dinâmicos e turbulentos. Os autores
propõem então o Modelo Delta, onde incluem, além da estratégia de “Melhor Produto”,
caracterizada pelo modelo de Porter(1986), também as estratégias de “Solução para os
Clientes” e de “lock-In”, que possuem as seguintes características:
• Melhor produto – estratégia baseada nas formas clássicas de competição através de baixo
custo ou diferenciação, buscando vantagem competitiva na superioridade do produto ou
serviço, estabelecendo um projeto ou design dominante;
• Solução para os clientes – essa estratégia, ao invés de focar na superioridade do produto,
baseia-se na satisfação da maior parte, senão a totalidade, das necessidades dos clientes,
por meio de uma oferta ampla de produtos e serviços. Com isso, desloca-se na economia
do produto para a economia dos clientes, que são captados e gerenciados em
relacionamentos estreitos que permitem à empresa antecipar necessidades e desenvolver
conjuntamente novos produtos. Esta estratégia invariavelmente exige o desenvolvimento
40
de parcerias e alianças para complementar a oferta, podendo envolver fornecedores,
concorrentes diretos e indiretos e clientes;
• Lock-In – Esta estratégia pretende estabelecer uma conexão da empresa com os clientes de
tal forma que os custos de mudança sejam altos o suficiente para que o cliente permaneça
fiel. Para isso, a empresa deve considerar todos os players relevantes que contribuem na
criação de valor econômico, buscando sempre ter exclusividade de empresas que
forneçam produtos e serviços que aprimoram sua oferta. A chave para esta estratégia é o
estabelecimento de um padrão proprietário na indústria.
Kutilaka & Venkatraman (2001) afirmam que, em ambientes caracterizados por
grande incerteza, as empresas precisam formular e implementar estratégias eficazes de gestão
de risco, com base no conceito de opções reais, e não tentar minimizá- lo. Por meio da gestão
de risco, as empresas conseguem se tornar enxutas para obter lucros em períodos de
desaceleração econômica, e ao mesmo tempo são capazes de construir e nutrir oportunidades
de crescimento por meio de experimentos de baixo custo que podem configurar opções reais
de negócios em novos ambientes. Os autores apresentam então um modelo para formulação
sistemática de estratégias eficazes, composto de três estágios distintos:
• Estágio 1: avaliação de oportunidades e aquisição de opções - a avaliação das
oportunidades deve ser feita pela sistematização de possíveis eventos futuros, cruzando
informações e tendências de forma consistente. Após esta avaliação, devem ser feitos
investimentos que ofereçam flexibilidade para a empresa realizar movimentos estratégicos
no futuro, de acordo com os desdobramentos do ambiente.
• Estágio 2: adquirir e nutrir opções – O valor de uma opção se altera à medida que o
grau de incerteza se modifica. Desta forma, as opções estratégicas adquiridas devem ser
periodicamente reavaliadas e ações devem ser tomadas para que as opções se mantenham
vivas, ou para adquirir novas opções decorrentes da evolução das anteriores.
• Estágio 3: nutrir opções e capturar valor - neste estágio, a empresa deve tomar a
decisão de abandonar o novo produto, caso ele não tenha mais potencial de trazer
benefícios; realizar o investimento necessário para transformar uma opção em uma
capacitação de negócios; ou introduzir iniciativas complementares para tornar a estratégia
da empresa mais robusta.
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Segundo os autores, o uso de opções reais é uma tarefa complexa que exige um
cuidadoso e coordenado alinhamento entre os domínios de negócio, de tecnologia de
informação e de finanças, mudando os papéis dos executivos destas áreas. O CEO (Chief
Executive Office) deve buscar capturar valor tanto em crescimento de receitas como em
lucratividade e estabelecer alianças para complementar as capacitações necessárias. O CFO
(Chief Financial Office) deve enxergar também os grandes investimentos em T.I. como
opções estratégicas. O CIO (Chief Information Office), por sua vez, deve buscar um portfolio
balanceado de projetos de redução de custos e aumento de receitas.
Christensen et al. (2002) alerta para o fato de que a maior parte das empresas que se
julgam inovadoras, na realidade, oferecem novos produtos que atendem apenas à demanda de
mercados estabelecidos e consumidores já existentes. Os autores sugerem que, enquanto o
negócio central ainda está fo rte, as empresas devem buscar a criação de novos mercados e
modelos de negócio através de inovações disruptivas. Para isso, o primeiro passo consiste em
diferenciar as inovações disruptivas das inovações evolutivas, e decidir se deve criar um novo
mercado que pode servir de base para a inovação disruptiva, ou mudar completamente seu
modelo de negócios atual. A partir da escolha de uma dessas duas estratégias, as idéias de
negócio devem passar pelo conjunto de testes a seguir:
• Testes para a inovação disruptiva a partir da criação de um novo mercado: A
inovação tem como alvo os consumidores que não eram capazes de “fazer por eles
mesmos” devido à falta de dinheiro ou de habilidades? A inovação é direcionada a
consumidores que receberão bem um produto simples? A inovação ajudará os clientes a
fazer de forma mais fácil e eficaz o que eles já têm tentado fazer?
• Testes para a inovação disruptiva a partir da mudança total do modelo de negócio:
Os produtos líderes do mercado oferecem mais do que é suficiente para os clientes? A
empresa pode criar um novo modelo de negócio?
Segundo Day & Schoemaker (2004), a parte do ambiente que não está no foco central
das empresas está constantemente em mutação, tornando extremamente importante o
desenvolvimento de visão periférica pró-ativa pelas organizações, a qual permite na periferia
potenciais fontes de oportunidades, de ameaças de ataques ou de erros estratégicos, e permite
a solução de pequenos problemas antes que se tornem crises de grandes proporções.
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Porém, toda organização trabalha com recursos limitados e a escolha entre a
especialização e a realização de esforços para aumentar o escopo da visão periférica deve ser
feita criteriosamente, sem devotar a atenção total da empresa a estas áreas. Para isso, é preciso
que a empresa desenvolva capacitações para filtrar da periferia o que é realmente importante,
evitando o excesso de informações. Para auxiliar esta tarefa, os autores definem cinco estágios
necessários para o desenvolvimento de insights coletivos na organização:
• Definição do escopo : o passo inicial deve ser a determinação da abrangência do campo de
visão, de forma a incluir apenas as partes relevantes do ambiente e nada mais. Para isso,
faz-se necessária uma avaliação prévia do ambiente para determinar de onde ameaças e
oportunidades relevantes podem se originar.
• Busca: definido o escopo, deve-se iniciar o processo de busca, que pode incluir
participação em associações profissionais, palestras, conferências e workshops, assinando
publicações e serviços de informações de institutos de pesquisa, e realizando alianças e
parcerias estratégicas. A busca pode ser extrativa, dentro de um domínio familiar, com
maior profundidade e menor abrangência, ou exploratória, avançando mais na direção da
periferia, caracterizada pela curiosidade típica das organizações aprendizes.
• Interpretação: devem ser criados canais para compartilhamento e interpretação da
informação obtida na busca, internamente e com parceiros externos, com o objetivo de
evitar obstáculos organizacionais e de comportamento como excesso de confiança e
pensamento grupal. Para isso, torna-se fundamental uma cultura de respeito, confiança,
curiosidade, e tolerância a situações de ambigüidade.
• Ação: o aumento do foco nas áreas de interesse deve ser feito de forma progressiva, até
atingir o nível de abrangência adequado, tomando cuidados para não tirar conclusões
precipitadas, e ao mesmo tempo, para não esperar demais por uma imagem clara antes de
tomar decisões. É preciso avaliar o ambiente e buscar consenso para adotar uma das
seguintes posturas estratégicas: observar e esperar (quando a incerteza ainda é grande e a
empresa possui recursos para se tornar rapidamente uma seguidora), posicionar-se e
aprender (adquirindo opções estratégicas para estar prevenida e preparada quando a
incerteza for reduzida), ou acreditar e liderar (quando as evidências disponíveis e sinais da
periferia convergem para a existência de uma oportunidade promissora ou perigo
iminente).
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• Aprendizado e ajuste : iniciado o processo de ação, as percepções e reações da
organização emergem como oportunidades para aprender e ajustar o entendimento sobre o
seu ambiente. Este processo de aprendizado requer novos questionamentos e pensamento
lateral, buscando quebrar crenças estabelecidas, analisando os dados sob diversas
perspectivas para melhor entender o ambiente.
Prahalad (2004) afirma que ao desafiar a lógica dominante (de que o valor é criado
pela empresa e está inserido nos produtos e serviços que produz) é que as empresas
descobrem as verdadeiras oportunidades de criação de valor. Para isso, é fundamental olhar
além das fronteiras geográficas e da indústria, buscando incessantemente novas oportunidades
para rever a lógica e definir novos modelos de negócio.
Segundo o autor, a transferência de valor da empresa para o consumidor em modelos
focados em sistemas de valor lineares e seqüenciais, como definido por Porter(1985), está
dando lugar a uma nova lógica, baseada na co-criação de valor entre empresa e cliente, com
estes últimos passando a tomar as princ ipais decisões e a considerar os trade-offs associados
de forma personalizada, por meio de redes de entrega de experiência, ao invés de serem
persuadidos a meramente comprar ou não um determinado produto ou serviço. Nesse
contexto, as novas demandas para a criação de valor são:
• Necessidade de uma rede de experiência;
• Necessidade por produtos e serviços inteligentes;
• Necessidade de diálogo para potencializar o consumidor como uma fonte de competência,
liberdade de acesso e escolha, de forma a não forçar o sistema de valor sobre o
consumidor, e transparência, permitindo que o consumidor esteja envolvido e possa
acompanhar o andamento dos processos da empresa;
• Necessidade de criação de comunidades de consumidores;
• Necessidade de ação em tempo real;
• Necessidade de lidar com heterogeneidade e complexidade;
• Necessidade de alianças e parcerias estratégicas;
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• Necessidade de rápida reconfiguração de recursos.
Ao invés de focar seus esforços na execução de “melhores práticas” de mercado, as
empresas devem buscar criar as “próximas práticas”, pois as melhores práticas de mercado
não são capazes de criar uma vantagem competitiva sustentável que leve a empresa a uma
posição de liderança. Para descobrir estas próximas práticas, as empresas precisam realizar
experimentos de baixo custo que possibilitem o aprendizado por meio da experimentação e a
descoberta de novas maneiras de criar vantagem competitiva com as descontinuidades,
reduzindo o risco de novas oportunidades.
O quadro 2.3.1 apresenta o resumo conceitual criado a partir da revisão de literatura
sobre o tema Direcionamento para o Futuro.
AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS
Abell & Hammond (1979)
Afirmam que o ponto de partida do planejamento estratégico é a definição do negócio da empresa, abrangendo três dimensões: cliente, ou o grupo de consumidores servido; oferta, ou as necessidades atendidas com as funcionalidades ofertadas; e tecnologia, ou como as funcionalidades são ofertadas.
Porter (1985) Apresenta o modelo de análise da cadeia de valor da empresa, buscando desagregar a empresa em suas atividades estrategicamente relevantes em busca da compreensão do comportamento dos custos e de fontes potenciais de diferenciação.
Ramanujan & Varadajan (1989)
Afirmam que as empresas podem perder muitas oportunidades interessantes se desprezarem a análise de questões como: “Em que áreas podemos atuar?” e “O que mais podemos fazer com nossas competências?”
Prahalad & Hamel (1990)
Apresentam o conceito de competência-chave que diferencia a empresa da concorrência, caracterizada como o aprendizado coletivo da organização em coordenar múltiplas habilidades de produção e tendências tecnológicas. A manutenção da liderança global nestas competências-chave permite a exploração de uma ampla variedade de produtos e mercados no longo prazo.
Barney (1991)
Examina a relação entre os recursos da empresa e a sustentação de vantagem competitiva e define o conceito de vantagem competitiva sustentável como um recurso com valor percebido pelos clientes, além de ser raro, de difícil imitação e substituição por companhias rivais.
Istvan (1992) Reforça a necessidade de uma estrutura que estimule o intercâmbio de conhecimentos e experiências para o desenvolvimento de novos produtos e serviços e novas formas de ofertá-los ao mercado.
Corbett & Wassenhove (1993)
Afirmam que a tarefa central do gestor é criar o link entre as competências desenvolvidas internamente e a competitividade exigida pelo mercado.
Prahalad & Hamel (1994)
Afirmam que as dificuldades de lidar com o ritmo de mudanças atual advêm da pouca atenção às questões estratégicas e no foco demasiado em questões de eficiência operacional. Para liderar, as empresas devem inovar mais, e para isso os autores sugerem que os executivos se façam uma série de perguntas com base no tempo dedicado à estratégia e no abandono de perspectivas pessoais e idiossincráticas.
Makridakis (1996) Rebate a noção de que o futuro é dedutível somente por meio da analise do passado e propõe a utilização de cenários para avaliar os fatores não presentes na história.
Gadiesh & Gilbert (1998)
Apresentam o conceito de profit pool, que foca na análise dos pontos de lucro em uma indústria. Esta análise se torna ainda mais importante em ambientes de mudança, situação em que sempre ocorrem redistribuições dos lucros na indústria.
Davis & Meyer (1998)
Demonstram a redução de clareza nas regras em decorrência do aumento da conectividade, da velocidade e da importância de intangíveis alavancados pela tecnologia, levando a redefinições nos negócios e na forma de viver que estão apenas em seu início.
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Hagel III & Singer (1999)
Sugerem a existência de três tipos distintos de negócio dentro de cada empresa, com dinâmicas e lógicas diferentes do ponto de vista econômico, competitivo e cultural: relacionamento com os clientes, inovação de produtos e infra-estrutura. Afirmam também que a especialização em apenas um deles traz grandes vantagens.
Hax & Wilde (1999)
Apresentam o modelo Delta, que inclui, além da estratégia de “Melhor Produto” definida por Porter(1986), também as estratégias de “Solução para os clientes” e de “Lock-In”, refletindo mais fielmente o ambiente atual de constante mudanças e pressão tecnológica.
Kutilaka & Venkatraman (2001)
Sugerem que as empresas devem se manter enxutas e ao mesmo tempo construir oportunidades de crescimento e apresentam uma abordagem sistemática para gestão do risco em detrimento de sua minimização, com base no conceito de opções.
Christensen et al. (2002)
Apresentam um modelo para criação de novos mercados e modelos de negócio por meio de inovações disruptivas, que podem levar à criação de novas formas de crescimento sustentável para as empresas enquanto o negócio central ainda está fortalecido.
Day & Schoemaker (2004)
Reforçam a importância da visão periférica para identificar oportunidades e ameaças, não visíveis por meio somente do foco central das empresas. Apresentam um modelo, baseado no conceito de aprendizado organizacional, para operacionalizar e agir sobre a visão periférica com o objetivo de definir estratégias mais robustas sem comprometer recursos desnecessários.
Prahalad (2004)
Enfatiza a necessidade de combater a lógica dominante nas organizações para descobrir as verdadeiras oportunidades de criação de valor. O valor não está mais intrínseco em produtos e serviços, e deve ser criado juntamente com o cliente em redes de experimentação.
Quadro 2.3.1 – Resumo conceitual da revisão de literatura para o Macroconstruto “Direcionamento para o Futuro”.
A partir da revisão de literatura supracitada, foi proposto um Macroconstruto para
compor o questionário enviado aos participantes da pesquisa. O quadro 2.3.2 relaciona os
autores que embasam cada item deste Macroconstruto.
QUESTÃO AUTORES
1 PRAHALAD & HAMEL, RAMANUJAM & VARADAJAN, MAKRIDAKIS, GADIESH & GILBERT, DAVIS & MEYER, HAGEL III & SINGER, KUTILAKA & VENKATRAMAN, CHRISTENSEN, DAY & SCHOEMAKER.
2 PRAHALAD & HAMEL 3 PRAHALAD & HAMEL, KUTILAKA & VENKATRAMAN, DAY & SCHOEMAKER. 4 PRAHALAD & HAMEL, KUTILAKA & VENKATRAMAN, DAY & SCHOEMAKER. 5 KUTILAKA & VENKATRAMAN, DAY & SCHOEMAKER, MAKRIDAKIS.
6 PRAHALAD & HAMEL, KUTILAKA & VENKATRAMAN, DAY & SCHOEMAKER, PRAHALAD (2004).
7 KUTILAKA & VENKATRAMAN, PRAHALAD (2004). 8 PRAHALAD & HAMEL, DAVIS & MEYER, HAGEL III & SINGER, CHRISTENSEN. 9 ABELL & HAMMOND, PRAHALAD & HAMEL, CHRISTENSEN. 10 ABELL & HAMMOND, RAMANUJAM & VARADAJAN, ISTVAN, CHRISTENSEN.
11 PRAHALAD & HAMEL, RAMANUJAM & VARADAJAN, BARNEY, CORBETT & WASSENHOVE, HAGEL III & SINGER, DAY & SCHOEMAKER.
12 PRAHALAD & HAMEL (1990), PRAHALAD & HAMEL (1994), PRAHALAD (2004).
13 ABELL & HAMMOND, ISTVAN, PRAHALAD & HAMEL, DAVIS & MEYER, HAX & WILDE, CHRISTENSEN.
14 HAGEL III & SINGER, HAX & WILDE, KUTILAKA & VENKATRAMAN, DAY & SCHOEMAKER, PRAHALAD (2004).
Quadro 2.3.2 – Autores que embasam cada questão do questionário para o Macroconstruto “Direcionamento para o Futuro”.
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47
II.4 – A ADMINISTRAÇÃO DE DADOS
Transformações profundas ocorreram na administração de dados na década de 80.
Cada vez mais os dados são considerados como um dos mais valiosos recursos corporativos.
Com isso, a função de Administração de Dados passou a ser reconhecida como crítica para a
gestão efetiva dos recursos de informação das organizações, por fornecer a coordenação e
integração necessária para esta atividade de gestão (RAVINDRA,1986).
Segundo o autor, a função de Administração de Dados envolve o desenvolvimento e
gestão de políticas, procedimentos e planos de captura, correção, armazenamento e utilização
de dados, bem como gerenciar o dicionário de dados e coordenar as atividades de definição de
dados entre desenvolvedores de sistemas e usuários. A administração de Dados serve a toda a
organização, com o objetivo de exercer um controle centralizado dos dados da empresa e,
com isso, melhorar a qualidade dos dados para tomada de decisão, reduzir os custos de
manipulação e apoiar o processo de planejamento de longo-prazo. A função de
Administração de Dados deve ter uma participação ativa nas etapas de requerimentos de
sistemas, a fim de minimizar a redundância de dados e suportar o compartilhamento dos
mesmos. As principais responsabilidades da área de Administração de Dados são:
• Desenvolvimento de um plano estratégico de sistemas de informação;
• Planejamento e desenvolvimento de políticas para os recursos de dados corporativos;
• Coordenação de pesquisa técnica e disseminação de planos estratégicos e táticos para a
gestão de dados;
• Coordenação da metodologia de desenvolvimento de sistemas corporativos;
• Desenvolvimento de um modelo de dados corporativo;
• Coordenação e integração de modelos de dados de usuários;
• Controle da responsabilização e documentação dos recursos de informação;
• Organização dos projetos lógico e físico e das definições dos bancos de dados;
• Proteção da base de dados após sua implementação, incluindo sua privacidade, segurança,
integridade e recuperação; e
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• Documentação do ambiente físico do gerenciador de banco de dados e de permissões de
acesso a usuários.
Para lidar com estas responsabilidades, a Administração de Dados precisa interagir
com todos os envolvidos na utilização dos sistemas de informação, dentro e fora da
organização, pois afeta significativamente a forma com que vários empregados da
organização trabalham. Ravindra(1987a) descreve as diversas funções que a AD deve
desempenhar em conjunto com cada nível da organização:
• Alta gerência – a Administração de Dados deve fornecer relatórios periódicos de
acompanhamento das atividades de gerenciamento de dados, propostas para
implementação de novas bases de dados, padrões de dados, propostas de realinhamento de
funções para garantir segurança e integração dos dados, e revisões das recomendações
feitas por outras áreas da organização;
• Gerentes de sistemas e analistas – a Administração de Dados deve gerenciar o processo de
planejamento de longo-prazo, o desenvolvimento de regras corporativas, procedimentos e
padrões para o acesso e manutenção de dados compartilhados, em conjunto com os
gerentes de sistemas e analistas, que devem seguir os padrões de dados no
desenvolvimento de novos sistemas e na conversão dos já existentes, bem como revisar as
análises de impacto preparadas pelos profissionais de AD para o planejamento de longo e
de curto-prazo da implementação e conversão das bases de dados.
• Usuários – a Administração de Dados deve promover um senso de responsabilidade e
confiança que encoraje os usuários a utilizar dados corporativos gerados pelos
departamentos da organização que não estão sob seu controle. Para isso, deve garantir que
estejam disponíveis e facilmente acessíveis, para cada item de dados, as informações
sobre significado, representação, uso e modelos.
Segundo Ravindra(1987b), a função da Administração de Dados vai além da definição
de um corpo regulatório para os dados da organização, sendo responsável também pelo
planejamento dos recursos de informação e pela promoção das bases de dados da organização.
Caso a área de AD consiga a confiança dos usuários de que os dados da organização são
administrados de maneira eficaz, vários benefícios são obtidos imediatamente:
49
• Eliminação da duplicação e redundância na coleta e armazenamento de dados por parte
das unidades: por meio da centralização das bases de dados que, uma vez alimentadas por
uma unidade específica, tornam as informações disponíveis a qualquer outro usuário;
• Maior precisão dos dados: a entrada através de uma única fonte e a administração central
de dados elimina as inconsistências e possibilita maior precisão dos dados armazenados;
• Consistência dos relatórios gerados por diferentes unidades, pois se baseiam em dados
idênticos.
• Maior controle por parte dos executivos sobre a alocação de recursos vitais, presentes em
diversos pontos organização, por meio da centralização e integração de sistemas.
• Disponibilidade: prover os dados no momento desejado; e
• Segurança: garantir a privacidade, a integridade e a confidencialidade dos dados.
O quadro 2.4.1 apresenta o resumo conceitual criado a partir da revisão de literatura
sobre o tema Direcionamento para o Futuro.
AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS
Ravindra (1986) Enfatiza a importância da Administração de Dados na coordenação e integração de dados, a partir do momento em que são encarados como importantes recursos corporativos, e lista as principais responsabilidades desta função.
Ravindra (1987a) Ressalta a importância da atuação conjunta da equipe de Administração de Dados com os diversos grupos dentro e fora da organização. A Administração de Dados deve ser conduzida de maneira gradual e sistemática.
Ravindra (1987b)
Afirma que a Administração de Dados é mais do que a formação de um corpo de regras e procedimentos; é também responsável pelo planejamento dos recursos informacionais e por obter a confiança dos usuários na centralização e integração das informações produzidas por toda a organização.
Quadro 2.4.1 – Resumo conceitual da revis ão de literatura para o Macroconstruto “Administração de Dados”.
A partir da revisão de literatura supracitada, foi proposto um Macroconstruto para
compor o questionário enviado aos participantes da pesquisa. O quadro 2.4.2 apresenta uma
lista dos autores que embasaram cada questão do questionário para o Macroconstruto
Administração de Dados.
QUESTÃO AUTORES 1 RAVINDRA (1987) 2 RAVINDRA (1986), RAVINDRA (1987)
3 RAVINDRA (1987)
4 RAVINDRA (1987)
Quadro 2.4.2 – Autores que embasam cada questão do questionário para o Macroconstruto “Administração de Dados”.
50
II.5 – A GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE (CRM)
Kotler(1997) afirma que a maioria dos executivos está ciente de que o mercado de
massa está virtualmente morto e que portanto, os esforços estratégicos devem ser voltados
para a segmentação. No entanto, ele também observa que os mercados segmentados também
estão ficando tão amplos que não tem permitido o desenvolvimento das melhores estratégias.
Ele descreve então, três formas de segmentação radical que parecem ser o caminho do futuro
(um futuro que na verdade já chegou). Estas formas são:
• Especialização Setorial: visa a concepção de estratégias voltadas para um
determinado setor. Para tal, a empresa deve contar com o apoio de especialistas
para reformular o produto de acordo com cada setor.
• Micromarketing : visa uma segmentação ainda mais específica, por exemplo, por
meio de análises geodemográficas. Estas análises são baseadas na premissa de
Jonathan Robin (criador do sistema Prism) “as pessoas de uma determinada área
são relativamente parecidas e essa semelhança manifesta-se em hábitos de
consumo similares e preferência pelas mesmas marcas”. Desta forma, Robin
representou 40 estilos de vida e determinou em que áreas ou até mesmo
quarteirões (através dos códigos de endereçamento postal) um produto específico
teria mais sucesso, devido ao estilo de vida do consumidor que lá predomina.
Outro exemplo de micromarketing é o da empresa industrial que distingue entre
dois grupos de clientes. Em geral estes clientes são divididos entre aqueles que
merecem ser tratados com marketing de relacionamento e aqueles que receberão
marketing de transação. Os clientes que recebem marketing de relacionamento são
aqueles que podem ou querem pagar pelo pacote completo de bens e serviços,
enquanto os outros que não poderiam ou estariam dispostos a pagar por tudo,
poderiam receber menos bens ou serviços por um preço mais baixo (os preços de
cada bem ou serviço estariam disponíveis ao cliente para sua avaliação). Kotler
indica que esta segmentação entre clientes pode ser ampliada para três níveis –
cliente bom, cliente ótimo e cliente melhor ainda.
• Clientes Individuais : Kotler diz que apesar do micromarketing ter sido a onda dos
anos 90, existe uma ótima oportunidade de levar a segmentação até o cliente
individual. A expressão aparentemente contraditória de Stanley Davis de
“personalização em massa” está ligada e se faz possível devido às novas
tecnologias (computadores, telecomunicações, fábricas automatizadas, fábricas
51
flexíveis, aparelhos de fax e empresas de transporte rápido) que fazem com que
seja possível para os profissionais de marketing personalizar seus produtos para
cada comprador individual. Estas tecnologias acabam com o antigo princípio de
mútua exclusão que determinavam que os produtos ou eram feitos sob encomenda,
ou eram produzidos em larga escala. O autor cita o exemplo do programa
“Honored Guest” da rede de hotéis Marriott, no qual você preenche um cadastro
de informações contendo preferências pessoais e cada vez que você se hospeda, o
computador procura (dentre os quartos vagos) aquele que mais se aproxima das
suas especificações.
O marketing moderno nos ensina que ou uma empresa fica atenta às necessidades e
desejos específicos de seus clientes, ou estará fadada ao fracasso. A situação se complica
quando a empresa se depara com os custos elevados do tratamento diferenciado a clientes
heterogêneos. Surge então o conceito de personalização em massa, discutido por Gilmore &
Pine (1997). Os autores definem as quatro abordagens mais comuns de personalização em
massa:
• Personalização colaborativa, conduzida por diálogo com consumidores
individuais para ajuda- los a articular suas necessidades, a identificar a oferta exata
que as atenderão, para então fazer produtos personalizados para eles.
• Personalização adaptativa: a empresa oferece produtos padrões, porém
customizados, de forma que os próprios clientes possam altera-los.
• Personalização cosmética: a empresa oferece produtos padronizados de forma
diferente para consumidores diferentes.
• Personalização transparente: oferece produtos e serviços únicos para cada
consumidor, sem deixa- lo saber explicitamente que aqueles produtos e serviços
foram customizados para ele.
Segundo os autores, companhias podem combinar duas ou mais abordagens para
atender as necessidades específicas de cada cliente.
A capacidade de personalizar a oferta a clientes distintos em mercados amplos está
muito condicionada à capacidade da empresa de trabalhar com dados e informações, o que
reforça a importância da área de tecnologia da informação para a empresa, o que é reforçado
por Quinn et. al.(1996). Os autores sugerem que o gerenciamento de softwares tem se tornado
a chave para inovações eficazes que garantirão a sobrevivência da empresa ao longo do
tempo, por oferecer uma base sólida para a eficiência de todas as demais áreas da empresa,
52
possibilitando redução de custos, melhores métodos de trabalho, pesquisa, aprendizado
organizacional, otimização e muitos outros benefícios.
Segundo Peppers, Roger & Dorf (1999), um relacionamento de aprendizado é aquele
que fica mais inteligente a cada interação. O consumidor diz alguma necessidade e você
personaliza produtos e serviços que atendam a esta necessidade. A cada interação e
modificação, aumenta sua habilidade de casar seu produto a este cliente particular.
Eventualmente, mesmo quando um competidor oferecer o mesmo tipo de personalização que
você, o seu consumidor pode não conseguir ter o mesmo nível de conveniência sem gastar
tempo ensinando ao competidor as lições que a sua companhia já aprendeu.
Os benefícios da gestão do relacionamento com o cliente em nível individual são
tentadores. Para os autores, a questão não é se uma empresa deve ou não embarcar em
iniciativas de marketing 1-to-1, mas sim quanto de marketing 1-to-1 a empresa está pronta
para lidar atualmente. Muitas empresas têm se jogado no vagão do 1-to-1 sem a devida
preparação. As mecânicas da implementação são complexas. As empresas devem avaliar se
estão prontas para embarcar num programa de relacionamento com os clientes que abranja
toda a empresa ou se devem começar com uma abordagem passo-a-passo.
Existem quatro passos fundamentais para colocar um programa de marketing 1-to-1
para funcionar:
1 – Identificar seus clientes: para lançar uma iniciativa de marketing de
relacionamento, a empresa precisa ser capaz de localizar e contatar o maior número possível
de clientes diretamente, ou ao menos uma porção considerável dos clientes mais valiosos. É
preciso conhecer os clientes com a maior quantidade de detalhes possível: não somente seus
nomes, endereços e contatos, mas também seus hábitos e preferências. E não somente uma
fotografia do cliente, é preciso reconhecer o cliente em cada ponto de contato, em cada mídia
usada, em cada lugar e em todos os departamentos da empresa, não importando a linha de
produtos envolvida.
Para identificar o maior número possível de potenciais clientes, as empresas precisam
coletar e inserir mais nomes no banco de dados, usando serviços de terceiros para pesquisa ou
entrada de dados e trocando bases de dados de clientes com parceiros e empresas não
diretamente concorrentes do mesmo setor. As empresas devem também coletar informações
adicionais sobre os clientes, perguntando uma ou duas questões a cada interação com eles.
53
Também é importante identificar os clientes com maior potencial de deixar de fazer
negócios com a empresa e passar a fazer negócios com um concorrente (churn), procurar
entender seus motivos e necessidades específicas, identificar seu valo r para a empresa e, caso
seja interessante, propor ofertas mais atraentes para retê- lo e fidelizá- lo.
2 – Diferenciá-los : de forma geral, os consumidores são diferentes de duas formas:
eles têm valores diferentes e necessidades distintas. Uma vez identificados os clientes,
diferencia- los ajudará a empresa a focar seus esforços para extrair maior vantagem dos
clientes mais valiosos. Para isso, é preciso que a empresa consiga ordenar seus clientes por
valor e identificar seu segmento de necessidades.
Os autores descrevem algumas atividades que podem auxiliar as empresas a
diferenciar seus clientes:
• Identifique os melhores clientes: use dados de venda do último ano e outros dados
facilmente disponíveis para identificar os 5% melhores clientes da sua empresa.
• Determine quais clientes custam mais dinheiro para a empresa: procure regras
simples para isolar os 20% dos seus clientes menos rentáveis (aqueles que não
compraram há mais de um ano ou que sempre têm problemas com pagamentos) e
diminua os gastos de marketing com eles.
• Selecione diversas empresas com as quais você realmente gostaria de fazer
negócios no próximo ano e acrescente-as ao seu banco de dados, com no mínimo 3
contatos.
• Procure por clientes de alto valor que reclamaram da empresa mais de uma vez no
último ano e coloque uma pessoa de garantia da qualidade em contato com eles
para validar o progresso.
• Ordene seus clientes por valor em categorias A, B e C, reduza os gastos de
marketing com os clientes C e use as economias para aprimorar as atividades aos
clientes A.
3 – Interagir com eles: melhorar tanto a eficiência de custos quanto a efetividade das
interações com os clientes é um componente crítico de uma estratégia de gestão do
relacionamento com o cliente. Cada interação com o cliente deve levar em consideração todos
os contatos anteriores, tenham eles acontecido há um dia ou um mês, pessoalmente, pelo call
center ou pelo Web Site. È preciso que todas as informações necessárias para o contato com o
cliente estejam disponíveis em tempo real no momento da interação, agilizando o atendimento
e aumentando a satisfação dos clientes.
54
4 – Personalizar os produtos e serviços: Para atrair um cliente para um
relacionamento de aprendizado, a empresa deve adaptar alguns aspectos de seu
comportamento para atender às necessidades individuais expressas de cada cliente. Isto pode
significar a customização em massa de um produto manufaturado, ou algum componente de
serviço envolvendo um produto.
Segundo os autores, mesmo uma iniciativa modesta de gestão do relacionamento com
os clientes, que impacte apenas um departamento como o de vendas ou marketing, pode trazer
muitos benefícios, como: aumento de vendas casadas e de produtos complementares, redução
dos custos de aquisição, aumento do índice de recompra dos clientes atuais, redução das
reclamações e aumento da satisfação dos clientes e da probabilidade de indicação para outros
clientes, com potencial de ampliação da base de clientes, redução dos custos de transação e
ciclos mais ágeis de atendimento.
Para que a implementação de um programa de gestão do relacionamento com o cliente
seja bem sucedida, é necessário que a empresa envolva todos os seus principais executivos
(diretores, todos os gerentes seniores e gerentes de áreas), agentes que atuam diretamente no
processo (vendedores, atendentes e pessoal de serviço), bem como um grupo representativo
dos clientes para avaliar a capacidade da empresa de trabalhar com a nova filosofia de foco no
cliente e traçar um plano detalhado de implementação.
Keltner (1999) afirma que as empresas que vêm as ferramentas de CRM simplesmente
como uma forma de desencadear e agilizar os processos de venda, estão perdendo
oportunidades lucrativas de negócios. Utilizar CRM plenamente significa usar a informação
armazenada sobre os clientes para aprimorar o foco estratégico das atividades de vendas. Isto
é, elas mineram os dados para identificar o perfil dos principais clientes, sua lucratividade e
seus padrões de compra para aumentar a eficácia dos investimentos em vendas. Construir
perfis de compra dos clientes pode ajudar a aumentar a produtividade de toda a equipe de
vendas, e tem um impacto dramático na produtividade dos representantes de vendas mais
jovens, pois os vendedores mais experientes normalmente entendem os padrões de compra de
seus clientes. Um perfil de compra codifica o conhecimento desenvolvimento durante anos de
experiência de vendas para ajudar o mais leigo representante de vendas a identificar
oportunidades de crescimento nos relacionamentos.
Segundo o autor, os principais benefícios trazidos pelo CRM para a área de vendas nas
empresas são a redução dos custos de venda e o aumento da receita de cada conta de cliente.
55
Para Crosby & Johnson(2000), CRM é uma estratégia cujo objetivo é reunir todos os
aspectos dos negócios de uma companhia e focá-los na construção de fidelidade dos
consumidores. Escrutinizar o foco, as operações, sistemas e cultura da companhia é uma parte
importante da criação de uma estratégia de CRM. Antes de ingressar no marketing 1-to-1, é
preciso identificar conceitos e valores comuns para cada grupo de consumidores e o que os
faz fiéis.
Tecnologia é só um caminho para um fim. Assim como você não pode construir uma
casa somente com um martelo, você não pode implementar uma estratégia de CRM somente
instalando um software. Quanto mais a tecnologia revolucionar os negócios, mais
economicamente valorizadas serão as habilidades humanas nas organizações, ou seja, “high
tech demands high touch”.
Atualmente, CRM tende a ser definido com o software que ajuda a empresa a
automatizar e gerenciar o marketing, vendas e processos de serviço ao cliente. Mas, como
muitas autoridades do marketing vêm enfatizando, CRM vem sendo praticado por empresas
muito antes da atual tecnologia estar disponível. Comerciantes do século 18 conheciam seus
clientes íntima e individualmente.
As mudanças tecnológicas e sociais da revolução industrial tornaram possível a
produção em massa de forma econômica. Aquela foi a era da competição centrada no produto.
Naquele período, produtos tornaram-se acessíveis a mais e mais pessoas, mas o foco era no
produto. Como diziam sobre o modelo T: “você pode ter a cor que quiser, desde que seja
preta”. Entre 1900 e 1950, a manufatura se tornou tão eficiente que a oferta se tornou maior
que a demanda. As empresas tiveram então que criar a demanda, tornando-se centradas em
vendas. O objetivo era alcançar o maior numero possível de clientes e persuadi- los a comprar
o produto. Na metade da década de 60, surgiu o conceito de marketing, cuja função é focar na
satisfação das necessidades do cliente ao invés de somente vender produtos. Os executivos de
vendas passaram a se denominar gerentes de marketing e as escolas de negócios passaram a
ensinar os 4 P’s. Já na metade da década de 70, o marketing era uma peça chave no
planejamento estratégico das empresas. Nos últimos 15 anos, a crescente competição global
vem aniquilando a lucratividade das empresas, que responderam cortando custos e focando
em ganhos incrementais de qualidade, agilidade e flexibilidade. Começava a era da
competição centrada em custo. As empresas começaram a automatizar seus processos de
negócios e a focar no aperfeiçoamento dos processos, na gestão da qualidade total (TQM) e
na Reengenharia de Processos no inicio da década de 90.
56
Crosby & Johnson(2000) questionam: “Onde esteve o consumidor durante todo este
período?” Com a redução de custos, evidentemente os consumidores se beneficiaram dos
preços baixos. Entretanto, em muitas indústrias, o componente “serviço” da interação com o
cliente sofreu bastante. O foco em redução de custos acelerou a comoditização de produtos e
serviços, fazendo com que os relacionamentos com os clientes quase não existissem. Com
baixos custos de mudança, os consumidores tinham poucas razões para permanecerem fiéis.
Para a sobrevivência a longo prazo, as empresas estão enxergando que não podem mais focar
somente em despesas. Elas precisam crescer, e mais uma vez precisam olhar para o
consumidor.
Atualmente, os termos “customer relationship management” (CRM) e “1-to-1
marketing” tendem a ser usados como sinônimos. Isto é uma simplificação exagerada. Nem
todas as interações com os clientes precisam ser únicas e personalizadas. Muitas vezes, os
consumidores se sentem felizes com uma transação conveniente. Portanto, é muito importante
entender quando e onde aplicar o marketing 1-to-1. Toda empresa precisa definir seu CRM
com base em uma análise da sua indústria, sua posição competitiva e as expectativas de seus
clientes. Assim, antes de se tornar 1-to-1, a empresa deve se perguntar: “O marketing 1-to1
pode ser uma estratégia viável na minha indústria e na minha empresa?”.
Mesmo em situações em que o marketing 1-to-1 seja aplicável, é importante entender
que 1-to-1 sozinho não é CRM. Interagir com os clientes pela Web ou por um call center -
mesmo de forma muito personalizada – sem fazer nada para melhorar a experiência com os
produtos e serviços, pode ter pouco impacto na fidelidade dos clientes.
Crosby & Johnson(2000) citam um recente estudo da Andersen Consulting, agora
chamada Accenture, que identificou os cinco princípios de CRM que parecem produzir os
maiores impactos no desempenho financeiro das empresas. São eles: serviço ao cliente;
empregados motivados e recompensados, transformação de informações dos clientes em
insights; atração e retenção de pessoas; e habilidade de vendas e serviços. O estudo mostrou
ainda que o CRM pode ser uma estratégia financeira de sucesso para uma empresa - uma
unidade de negócios de $1 bilhão pode aumentar seu lucro em $40-50 milhões ao melhorar
em 10% suas capacitações em CRM.
Para o autor deste trabalho, os cinco princípios citados por Crosby & Johnson(2000)
parecem ser insuficientes para extrair todo o potencial da gestão do relacionamento com o
cliente, sendo fundamental também a construção de afetividade e de emoções positivas nos
consumidores a fim de criar relacionamentos lucrativos de longo prazo.
57
Vandermerwe(2000) argumenta que as estratégias de marketing tradicionais baseadas
em fatias de mercado (market share) estão levando as empresas a retornos decrescentes. As
empresas mais inteligentes estão baseando suas estratégias de crescimento em espaços de
mercado (market spaces), com o foco no cliente como um todo e não somente na venda de
itens discretos.
Segundo a autora, o problema com a abordagem tradicional está no fato de que
produtos e serviços são muito fáceis para os competidores emularem e aprimorarem. As
empresas que entenderem e incorporarem o foco no cliente podem avançar de uma forma
difícil para os competidores acompanharem. Um mecanismo de reforço aumenta as receitas
ao mesmo tempo que reduz os custos, dando a essas empresas o potencial para o crescimento
sustentável.
A autora é enfática em afirmar que as receitas são aumentadas não pela venda de mais
itens, mas pelo crescimento da quantidade de gastos que o cliente tem com a empresa.
Companhias de sucesso estão maximizando os gastos dos clientes com a empresa por meio de
alguns pontos chave:
• Longevidade do gasto, até mesmo durante a vida toda do cliente;
• Profundidade do gasto (maior fa tia da carteira em áreas específicas da vida do
cliente);
• Largura do gasto (receitas crescentes de novas fontes de valor. Por exemplo, uma
companhia área pode oferecer um adicional de passeio de limousine até o
aeroporto);
• Diversidade do gasto, entrando em novas áreas da vida do cliente.
Uma estratégia coesa focada no cliente cria um ciclo virtuoso que acumula e
multiplica continuamente vantagens competitivas para a empresa. Este ciclo virtuoso é
descrito da seguinte forma:
1 – Relacionamento: Quanto mais os relacionamentos com o cliente se reforçam pela
entrega de um valor superior pela empresa ao cliente, uma vez que a empresa conhece e
atende as suas necessidades específicas, mais o relacionamento é reforçado, aumentando a
fidelidade;
2 – Conhecimento: Quanto mais a informação é usada para criar ofertas pró-ativas e
precisas para o cliente, mais ele se torna fiel. Da mesma forma, quanto mais eles
compartilham informações, melhores são as ofertas e mais eles se prendem à empresa;
58
3 – Rede : Quanto mais pessoas e máquinas são conectadas por tecnologias interativas
para formar uma rede que cria valor para o cliente, mais os clientes se prendem à empresa,
trazendo mais nós para a rede;
4 – Parceiros : Quanto mais parceiros estão envolvidos na oferta de serviços e
complementares aos clientes, mais os clientes se prendem à empresa, atraindo mais parceiros
e reforçando o ciclo;
5 – Desenvolvedores: Quanto mais desenvolvedores inovam para oferecer valor
agregado aos clientes, mais os clientes se prendem à empresa, acelerando o ritmo de
inovação;
6 – Custos: à medida que o relacionamento se fortifica, informações são
compartilhadas, usadas e reusadas, a tecnologia produz cada vez mais valor para o cliente,
reduzindo custos, que podem ser repassados ao consumidor, fazendo com que estes se
prendam ainda mais à empresa.
De acordo com Slywotzky(2000), as empresas criam linhas fixas de produtos baseadas
no que acreditam ser o que os clientes querem. Pode haver alguma customização na hora da
compra, mas o conjunto de opções é fixado muito antes do cliente ir às compras. Os clientes
sempre têm pouco do que realmente querem, e muito do que não querem. Por outro lado, o
sistema de linhas fixas de produtos também não é bom para os fornecedores. Previsões da
demanda futura são inevitavelmente imprecisas, e por isso vêem-se tantas liquidações,
descontos e promoções, implicando em altos gastos para escoar os estoques.
Esse sistema, ruim tanto para os clientes quanto para as empresas, tem prevalecido
principalmente porque historicamente não havia alternativas. O movimento lento e impreciso
de informações e produtos na cadeia de suprimentos faz com que o processo de fabricação
tenha que iniciar muito antes que informações precisas e confiáveis sobre a demanda estejam
disponíveis. Praticamente todas as indústrias operam com base em suposições.
Graças à Internet, uma alternativa a este modelo está sendo viabilizada. Ela serve
como um novo canal de interação fornecedor-cliente, através do qual os clientes poderão
descrever exatamente o que querem, e os fornecedores serão capazes de entregar o
produto/serviço desejado rapidamente, sem atraso. Slywotzky (2000) chama a inovação que
irá catalisar esta mudança de Choiceboard.
Choiceboards são sistemas on- line, interativos, que permitem que os clientes
“montem” seus próprios produtos, escolhendo atributos, componentes, preços e opções de
59
entrega. As escolhas do cliente dispararam sinais para o sistema produtivo do fornecedor –
compra, montagem, entrega. O papel do cliente muda de receptor passivo para “projetista”
ativo, de product taker para produtct maker.
Os choiceboards permitem que a empresa obtenha informações precisas sobre as
preferências e comportamentos dos clientes, e efetue a oferta cruzada de produtos. A cada
transação a empresa aumenta seu conhecimento. Essas informações podem ser usadas para
guiar a evolução das linhas de produto, identificar novas oportunidades de crescimento, e
antecipar a satisfação das necessidades dos clientes.
Segundo o autor, será promovida uma redistribuição do poder nas indústrias, com
basicamente três tipos de competidores: fornecedores individuais, consórcios de fornecedores
e novos intermediários – os mais ameaçadores para os players tradicionais. As empresas que
controlarem os choiceboards vão controlar também o relacionamento com os clientes,
ganhando poder em suas indústrias e obtendo a maior parcela dos lucros. Haverá uma
verdadeira guerra entre choiceboards, e os prováveis vitoriosos serão aqueles que forem mais
atraentes (melhor design, interface, facilidade de uso), possuírem redes de suprimento mais
ágeis e confiáveis, e relacionamentos mais profundos com clientes.
Atualmente os choiceboards são essencialmente dispositivos de transações, mas no
futuro se tornarão dispositivos de coleta de informações e construtores de relacionamentos
com clientes, através dos quais as empresas terão conhecimento sobre suas necessidades,
preferências, níveis de satisfação e intenções de compra. O one-stop shopping ganhará um
significado totalmente novo, e o comércio terá uma forma totalmente nova.
“Ouça atentamente o que dizem seus clientes, entenda o que desejam e dê a eles
produtos que satisfaçam ou excedam suas necessidades”. Não foram poucos os negócios que
se nortearam por esse mantra. Contudo, a obediência servil a essa sabedoria convencional
pode também colocar em risco a capacidade competitiva das empresas, afirmam Thomke &
von Hippel(2002).
Para entender exatamente quais são as necessidades dos clientes, é preciso
desencadear um processo geralmente caro e impreciso. Ao invés disso, as empresas deram a
seus clientes ferramentas (“kits de inovação”) para que desenvolvessem seus próprios
produtos por meio de pequenas modificações ou inovações. Quando se dá ao cliente a
possibilidade de inovar, surge daí uma força capaz de transformar qualquer indústria. Toda
vez que uma empresa delega uma tarefa fundamental a seus clientes – como o projeto de um
60
novo produto – o local onde o valor é gerado e apropriado muda. É preciso que as empresas
reformulem seus modelos de negócio.
O desenvolvimento de um produto normalmente apresenta dificuldades porque os
dados relativos à necessidade (o que o cliente deseja) encontram-se com o cliente, ao passo
que os dados essenciais para a solução da questão (como satisfazer essas necessidades)
encontram-se com o fabricante. Tradicionalmente, cabe ao fabricante o ônus de colher as
informações necessárias.
Assim, o processo tradicional de desenvolvimento de um produto caracteriza-se por
um modelo moroso de tentativa e erro num zigue-zague em que se alternam as intervenções
do fabricante com as do cliente. Durante anos, as empresas acreditaram que a melhor maneira
de defender seus interesses consistia em manter o cliente distante dos projetos, das
ferramentas e das tecnologias.
Basicamente, a empresa que transforma seus clientes em inovadores está terceirizando
um serviço valioso que antes era de sua exclusiva competência. Trata-se, portanto, de uma
mudança de grande potencial traumático se a competência delegada foi por muito tempo uma
fonte de vantagem competitiva fundamental. Em outras palavras, o cliente que se encarrega
pessoalmente de seus próprios projetos dispensa quase que totalmente o recurso dos
departamentos de vendas e de marketing.
Por enquanto, a utilização da força inovadora do cliente tem forte presença na relação
entre fabricantes e seus clientes, mas já há inúmeros sinais de que ela deverá se propagar
também na relação com o consumidor final. A General Mills planeja lançar um site que
possibilitará ao consumidor misturar e combinar mais de 100 ingredientes, permitindo- lhe
criar o cereal de sua preferência.
A terceirização de uma parte da inovação delegada ao cliente será uma contribuição
inestimável à agilização do desenvolvimento de produtos mais adequados às necessidades dos
clientes. Isso poderá também provocar uma reviravolta nos mercados, criando e transferindo
valor em três níveis: na indústria como um todo, nas empresas que implementaram essa
tecnologia e no cotidiano dos clientes que se beneficiarão dela.
Claycomb & Martin(2002) fazem um levantamento histórico sobre o estudo e prática
das trocas comprador-vendedor no campo do marketing. Historicamente, as trocas eram vistas
como uma disputa entre adversários com armas nas mãos, colocando o comprador numa
batalha contra o vendedor na qual cada um buscava maximizar o retorno imediato e
61
minimizar os custos. O desafio de crescimento era árduo em termos de aquisição de novos
clientes com esforços de marketing e vendas agressivos, oferecendo novos produtos e serviços
que apelavam para novos mercados potenciais, ou expandindo geograficamente para
localizações adicionais.
A perspectiva que ganhou momentum na década de 80 foi a de que, se as trocas de
mercado fossem desenvolvidas em relacionamentos de mútua satisfação, de longo prazo, entre
clientes e empresas, isto poderia se tornar um ativo estratégico para as companhias. O
interesse no marketing de relacionamento continuou na década de 90 e no novo milênio,
levando renomados acadêmicos a definir este movimento como uma mudança de paradigma e
fazendo com que este fosse o tema com o maior número de livros escritos nos anos 90.
O novo paradigma afirma que os profissionais de marketing devem ver os clientes
atuais como oportunidades gigantescas de crescimento. As relações cliente-vendedor devem
ser reconhecidas como penetrantes, inescapáveis e altamente interdependentes, com ligações
entre clientes e negócios vitais para o interesse de ambas as partes. Consumidores beneficiam-
se em termos de valor agregado, melhor qualidade e aumento de satisfação com suas compras,
enquanto as empresas beneficiam-se de maiores volumes de vendas, melhorias operacionais,
propaganda boca-a-boca positiva, maior diálogo com o cliente e menores gastos de marketing.
De acordo com Claycomb & Martin (2002), o valor dos relacionamentos com os
clientes é particularmente notório no setor de serviços, por uma variedade de razões:
• Uma vez que os serviços são intangíveis, os consumidores têm poucos subsídios
para avalia- los antes de realizar a compra. A percepção do consumidor a respeito
da qualidade do relacionamento com o provedor de serviços pode ser o fator mais
importante para o cliente na decisão de compra.
• Consumidores não compram o serviço em si, mas promessas de serviço, e
basearão sua decisão na credibilidade do provedor de serviço.
• A produção de muitos serviços requer que cliente e provedor de serviço interajam
entre si. Se a qualidade do relacionamento não for a esperada, estas interações não
terão o resultado desejado e a qualidade do serviço conseqüentemente será afetada.
• Muitos serviços podem ser feitos pelo próprio cliente. Quando o relacionamento
entre cliente e empresa é forte, o cliente fica menos propenso a realizar o serviço
por ele mesmo, pois acredita que terá um serviço de qualidade do provedor de
serviço.
62
De acordo com Greenberg (2002), a definição de CRM pode ser resumida como uma
estratégia de negócio que tem na tecnologia uma ferramenta fundamental para sua efetiva
viabilização. O autor enumera ainda uma série de definições sugeridas por outros autores:
"CRM é um conjunto de processos e tecnologias para gerenciar relacionamentos com
clientes efetivos e potenciais e com parceiros de negócios por meio do marketing, vendas e
serviços, independentemente do canal de comunicação".
"CRM é o comprometimento da empresa em colocar a experiência do cliente no centro
de suas prioridades e em garantir que sistemas de incentivo, processo e fontes de informação
alavanquem o relacionamento por meio da melhoria da experiência, conquistando mais
confiança e um senso de valor pessoal por parte dos clientes".
"CRM é uma estratégia de negócio para selecionar e gerenciar clientes e otimizar o
valor de longo prazo. CRM exige uma filosofia de negócio centrada no cliente e cultura para
apoiar processos de marketing, vendas e serviços eficazes. Aplicações de CRM podem
propiciar o gerenciamento eficaz do relacionamento com o cliente, desde que a organização
tenha liderança, estratégia e cultura compatíveis".
O autor sustenta ainda que é preciso resistir à comodidade do distanciamento e
entender toda e qualquer informação sempre sobre a perspectiva do cliente. Em sua visão,
CRM não se trata de uma categoria tecnológica e sim de um compromisso estratégico. A
simples aquisição de uma solução de CRM não tornará a empresa realmente orientada ao
cliente, porém, sem a solução, a empresa não conseguirá efetivamente se tornar orientada ao
cliente.
O planejamento do relacionamento com o cliente deve envolver o mapeamento das
informações do cliente, com o intuito de entender os comportamentos do consumidor e ajustar
os processos da empresa para que estejam totalmente comprometidos com a aquisição, venda
e relacionamento de longo prazo com os seus clientes. . O gerenciamento do ciclo de vida do
cliente é muito mais estratégico do que tático.
É fundamental para o sucesso da iniciativa de gestão do relacionamento com o cliente
que exista um plano de implantação detalhado, definindo metas e prazos realistas e
compatíveis com o ritmo da empresa e do mercado, bem como os responsáveis que serão
cobrados por cada tarefa do plano. É possível adotar a implantação modular, que é mais
facilmente controlada gerando resultados intermediários ao longo do processo. Essa
63
abordagem funciona como um aliado na implantação total garantindo a credibilidade do
processo de implantação.
Segundo o autor, os gerentes responsáveis pela iniciativa de gestão do relacionamento
com o cliente devem fazer uma pesquisa exaustiva das soluções disponíveis no mercado e
buscar parcerias com fornecedores reconhecidos, para não fazer com que a implantação
pareça aos acionistas um investimento em "cobaias".
De acordo com Greenberg(2002), o CRM está presente em 3 segmentos de atividades
da empresa e em cada segmento recebe um nome específico:
• O CRM Operacional engloba as funções que envolvem serviço a clientes,
gerenciamento de pedidos, faturamento e cobrança e automação do marketing e da
força de vendas. A integração deste com outros sistemas, como os sistemas
integrados de gestão (ex.:SAP e Microsiga), é essencial para o sucesso de sua
implantação.
• O CRM Analítico envolve atividades de aquisição, processamento,
interpretação/análise e exibição dos dados do cliente a um ou mais usuários
corporativos para auxílio na tomada de decisão e definição de políticas de ação.
Pode gerar como resultados relatórios em tempo real de acompanhamento do
comportamento das vendas e da rentabilidade de produtos.
• Por fim, o CRM Colaborativo envolve as funções de CRM associadas aos pontos
de interação entre o cliente e o canal.
Greenberg (2002) sugere duas dimensões de tecnologia de CRM: aplicações dirigidas
ao cliente, onde o cliente realmente experimenta o contato (sites, atendentes, etc.) e aplicações
dirigidas às empresas como automação da força de vendas, automação de marketing e serviço
e suporte a clientes. Podemos citar também o termo customer intelligence, que representa a
coleta, o processamento, a organização, a modelagem e a análise das informações sobre o
cliente.
O autor sugere a existência de 4 componentes tecnológicos básicos associados ao
CRM. O primeiro, denominado Motor do CRM, é o banco de dados que guarda todas as
informações sobre os clientes e deve estar acessível a todas as áreas da empresa de acordo
com suas necessidades específicas. O segundo componente seria constituído pelas soluções de
front office, ou aplicações que se comunicam com a base de dados do cliente sempre que há
interação entre ele e a empresa. Os EAIs (Enterprise Application Integration), por sua vez,
64
são responsáveis por fazer a comunicação entre o CRM e os demais sistemas da empresa,
permitindo a troca de informações entre eles (podem incorrer em custos elevados de acordo
com a complexidade envolvida tal integração). Por fim, as soluções de back office são
ferramentas analíticas que estão por trás da estratégia do relacionamento mas que não
interagem diretamente com o cliente e dão suporte ao CRM Analítico.
Segundo o autor, um bom CRM é como uma conversa sem fim com o cliente. O
cliente realmente interage com a empresa através de uma ampla gama de canais integrados em
vários ambientes (internet, telefone, pessoalmente). O relacionamento é "simplesmente uma
memória de todas as interações passadas" e, portanto, deve ser criada uma história consistente
para proporcionar- lhe uma experiência que valha a pena. A partir da identificação do cliente
ao acessar o site ou outro ponto de contato, combinada com informações enviadas pelo cliente
na interação, informações obtidas nos pontos de venda, nos sistemas da empresa e em acessos
anteriores, o e-marketing utiliza algoritmos sofisticados que permitem visões personalizadas
ao cliente, permitindo que se antecipe às suas necessidades. É uma tecnologia sofisticada que
possibilita falar diretamente com cada consumidor, permitindo que em cada acesso sejam
oferecidos produtos e serviços de acordo com o seu perfil.
Os principais benefícios de uma gestão bem implementada do relacionamento com os
clientes seriam a redução de custos internos pela melhoria da gestão de vários processos, o
desempenho superior na retenção de clientes e na ativação de contas aumentando as receitas.
Na visão do autor deste trabalho, Greenberg(2002) contribuiu com diversas questões
importantes sobre a tecnologia por trás do CRM. Porém, é importante frisar que uma gestão
eficiente do relacionamento com o cliente precisa se apoiar em tecnologia, mas, antes de
qualquer coisa, necessita de uma mudança na cultura da empresa para colocar o cliente como
o ponto focal, cuja satisfação e superação de expectativas gerarão os lucros para a empresa.
Opiniões a respeito do impacto das tecnologias digitais no relacionamento com os
clientes variaram da ansiedade pela possibilidade de um comércio sem interação humana para
um entusiasmo sobre as possibilidades de redução de custo de serviços e de fortalecimento
das relações com os clientes. Day & Hubbard (2002) levantaram os impactos da Internet na
gestão do relacionamento com os clientes, que estão ordenados a seguir:
• Reduz os custos de atendimento a clientes
• Reduz os custos de pesquisa de clientes
• Encoraja o diálogo e o feedback dos clientes
65
• Facilita a interligação dos pontos de contato com o cliente
• Possibilita leilões
• Permite que clientes proponham preços
• Permite que clientes desenhem seus produtos
• Permite customização das mensagens de marketing
• Preços podem ser alterados rapidamente
• Expande o conjunto de fornecedores
• Aumenta os conflitos de canal
• Facilita a troca pelos clientes
• Aumenta a ligação entre clientes e empresas
• Consumidores podem formar grupos de compradores
• Consumidores podem aprender uns com os outros
Wilson et. al.(2002) examinaram os fatores que influenciam o sucesso de
desenvolvimento de aplicações CRM. Os principais pontos estão resumidos a seguir:
• Patrocínio: é preciso que exista um patrocínio da iniciativa de CRM,
preferencialmente no nível do conselho de administração, para fazer a venda dos
projetos nos diversos departamentos e obter o comprometimento dos principais
executivos.
• Convergência e Integração: é necessária uma estratégia de tecnologia da
informação formal para garantir que os diferentes projetos possam ser integrados
para entregar uma visão única dos clientes, produtos e concorrentes.
• Mudança de cultura : O plano do projeto de CRM deve incluir todas as
necessidades de mudanças organizacionais, como o desejo dos funcionários de
compartilhar informações e foco no atendimento e superação das necessidades dos
clientes.
• Melhores práticas: Analisar a utilização de pacotes de softwares reconhecidos
pode embutir aspectos das melhores práticas de marketing na solução desenhada,
assim como reduzir os custos de desenvolvimento.
• Estratégia de ganhos rápidos : cronogramas extensos geram vulnerabilidade pela
dispersão dos principais responsáveis pelas atividades. Uma abordagem faseada
pode ajudar a dar credibilidade ao projeto por meio de entregas rápidas.
• Plano detalhado de novos processos : programas de marketing de relacionamento
têm efeitos profundos nos processos internos e externos. Faz-se necessário um
66
plano detalhado de aprimoramento dos processos para implantação da nova
filosofia e dos novos sistemas.
O Gartner Group define CRM – gestão do relacionamento com clientes - como uma
estratégia de negócio na qual os resultados otimizam a lucratividade, a receita e a satisfação
dos clientes por meio da organização de segmentos de clientes, incentivando o
comportamento de foco na satisfação dos clientes e implementando processos centrados no
cliente (Thompson & Nelson, 2004).
Segundo os autores, uma estratégia de CRM é um mapa de como a organização
alcançará a base de clientes ideal. Para construir esta estratégia, a companhia precisa rever sua
estratégia de marketing. Quais produtos ou serviços serão vendidos, para quem, a que preço e
por que canais. Numa estratégia de CRM, esta proposição é extendida para endereçar como a
companhia pode construir a fidelidade do cliente uma vez que o tenha atingido. Como a
companhia irá se conectar com o cliente para ganhar o “fator de bem-estar”, que faz com que
o cliente fique por mais tempo, compre mais, recomende a empresa para outros e esteja
disposto a pagar um preço premium.
Uma boa estratégia de CRM deve conter três partes, a saber:
Definição do destino
A visão da companhia e os objetivos derivados desta visão são o destino intencional da
estratégia de CRM. A maior parte dos objetivos das iniciativas de CRM envolve o aumento da
lucratividade. Algumas vezes o foco está na redução de custos (reduzindo os custos de
aquisição de clientes, o número de clientes que deixam de fazer negócios com a empresa -
churn), outras vezes está no aumento da receita (aprimorando o direcionamento para adquirir
novos clientes, aumentando a freqüência de compra dos clientes atuais, sofisticando a oferta –
up-selling – ou vendendo produtos complementares aos clientes atuais – cross-selling).
Entretanto, uma visão verdadeira de CRM aborda o futuro da perspectiva do cliente: O que o
consumidor ganhará com a estratégia de CRM? Como a proposta de valor ao cliente mudará
da situação atual?
A visão de CRM deve refletir a personalidade da empresa. Sem isso, os consumidores
não terão uma visão clara do que a empresa oferece em relação aos concorrentes, deixando as
expectativas não gerenciadas e à mercê das forças de mercado. Os empregados também
precisam de uma visão clara do que devem entregar aos clientes. A visão deve motiva- los e o
treinamento deve habilita- los a utilizar todas as ferramentas de CRM disponíveis para gerar
67
fidelidade dos clientes, aumentar a fatia da carteira do cliente – wallet share – e transformar
clientes potenciais em advogados da marca.
Um completo entendimento e patrocínio de todos os princ ipais executivos e uma
liderança efetiva são componentes essenciais no início de uma estratégia de CRM. Um fator-
chave nos estágios iniciais é a educação do conselho de administração, dos executivos e dos
gerentes sobre as mudanças necessárias, os novos processos e os benefícios trazidos pela
gestão do relacionamento com os clientes.
Avaliação da situação corrente
Uma avaliação interna das competências da companhia permite o entendimento da
maior parte dos problemas que surgirão, antes de eles surgirem. Ao comparar as capacitações
internas com aquelas necessárias para apoiar a estratégia de CRM, a companhia pode priorizar
quais áreas deve focar inicialmente. Se os parceiros, competidores e empresas similares
também são avaliados, a empresa conseguirá definir uma análise de gap mais robusta. Esta
análise deve examinar as pessoas, orgnizações de trabalho, processos, capacidades de análise
e planejamento, métricas, a proposição de valor, a experiência do cliente, as aplicações e a
infraestrutura de suporte.
Habilidades, recursos, competidores, parceiros e, obviamente, clientes devem ser
consultados para avaliar a capacidade da companhia de implementar a sua visão. Isto deve
incluir a avaliação das competências centrais da empresa e envolver também a avaliação do
estado atual dos dados dos clientes, mapeamento dos processos de atendimento aos clientes,
reavaliação das métricas de desempenho e do foco que a companhia está colocando em seus
clientes.
Mapeamento da jornada
A jornada pode levar anos, e provavelmente mudará durante o caminho. É importante
planejar a viagem antes do início. É fundamental que a estratégia de CRM esteja alinhada
com a estratégia corporativa. Sem esta conexão, a estratégia de CRM quase sempre é vista
como um exercício acadêmico e rapidamente abandonada. Com base na estratégia
corporativa, deve ser construído um plano detalhado de implementação, que defina o escopo
da iniciativa de acordo com os objetivos estratégicos da companhia, e escrutinize metas,
prazos e responsáveis para cada atividade necessária à realização da visão da companhia.
A segmentação de clientes é um componente crítico do desenvolvimento de uma
estratégia de CRM. Os tipos de segmentação mais comuns são por linha de produtos, região,
68
perfil e freqüência de compras e lucratividade atual. Todas essas medidas são válidas, mas
cada vez mais a lucratividade futura está sendo usada como uma medida mais adequada para
avaliar a atratividade do cliente para a empresa.
Uma vez segmentados os clientes, a empresa deve ser capaz de alocar recursos,
comportamentos e atenção dinamicamente à medida que os clientes migram de segmentos.
Os autores apresentam ainda a mais recente pesquisa do Gartner feita durante o CRM
Summit de 2004, que indica que os principais objetivos das iniciativas de CRM nas maiores
empresas do mundo são, nesta ordem:
• Aumentar a satisfação dos clientes
• Aumentar a receita de vendas
• Aumentar a retenção de clientes
• Aumentar a fidelidade dos clientes
• Aprimorar as oportunidades de sofisticação dos produtos (upsell) e de venda de
produtos complementares (cross-sell)
• Reduzir os custos de atendimento
• Adquirir novos clientes
• Aumentar as margens de lucro
• Aumentar o lucro por cliente
Kennedy (2004) reforça o potencial que a gestão do relacionamento com o cliente tem
para liberar o va lor total dos ativos de relacionamento das empresas, acelerar as receitas e
aumentar a lucratividade. Segundo o autor, poucas empresas estão gerenciando efetivamente
seus ativos de relacionamento, mas aquelas que conseguem estão conseguindo uma vantagem
competitiva significativa.
Gerenciar os ativos de relacionamento é uma tarefa que evoluiu dos antigos métodos
tradicionais para um novo paradigma que provê novos métodos e ferramentas para proteger e
gerenciar o crescimento destes ativos. O quadro abaixo apresenta uma comparação entre o
método tradicional e o novo paradigma anunciado pelo autor:
Método Tradicional Novo paradigma Geração de oportunidades e processo de avaliação
As oportunidades de investimento de marketing são geradas pelo “feeling” dos profissionais e não por meio de métricas de retorno sobre o investimento (ROI). As
As oportunidades são geradas pelo sistema de acompanhamento de oportunidades com base em métricas de ROI. Como resultado, os programas de marketing são
69
oportunidades são distribuídas manualmente ao time de vendas. Métricas de produtividade e desempenho limitadas.
otimizados e os custos de aquisição, desenvolvimento e retenção de clientes são reduzidos.
Coleta de Inteligência no Relacionamento
Informações são adquiridas, desenvolvidas e armazenadas pelos vendedores em livros pessoais ou sistemas simples. Esforços para obter informação dos clientes são duplicados por outros departamentos. Ativos de informação são facilmente perdidos, são raramente aprimorados ao longo do tempo e não estão disponíveis por toda a empresa. Estes ativos tendem a desaparecer quando o vendedor abandona a empresa.
Informações adquiridas e desenvolvidas pelos vendedores e armazenadas pela empresa em bancos de dados como ativos de conhecimento. Toda a informação obtida durante o ciclo de venda, da abertura ao fechamento, é armazenada e utilizada posteriormente para novos contatos com o cliente, oferta de produtos complementares e upgrade dos produtos, aumentando a duração e o valor do relacionamento. As requisições dos usuários são usadas pela área de pesquisa e desenvolvimento para priorizar investimentos.
Processo de previsão de vendas
Vendedores submetem estimativas com poucos detalhes. A gerência faz a consolidação manualmente.
Vendedores submetem estimativas detalhadas sobre clientes, produtos e datas, que são automaticamente consolidadas por um sistema. Recursos limitados são melhor alocados com previsões de receita de curto e longo prazo mais acuradas.
Quadro 2.5 – Comparação entre o método tradicional e o novo paradigma de relacionamento. Fonte: Kennedy(2004)
70
II.5.1 - O SEGMENTO DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM E O CRM
O setor de agências de viagens é centrado na comunicação e processamento de
informações. A natureza comoditizada dos produtos oferecidos pelas agências de viagem e a
facilidade com que estes produtos podem ser descritos fizeram com que muita preocupação
surgisse sobre o futuro das agências de viagem, devido aos avanços das tecnologias de
informação. As primeiras indicações de uma tendência na mudança do papel das agências de
viagem são as reduções das comissões pagas pelas companhias aéreas e o crescente uso da
Internet e outros serviços online para obter informações de viagens e fazer reservas de vôos
(Lewis et. al., 1998).
Alguns itinerários, como vôos habituais de negócios, podem ser facilmente agendados
diretamente com as operadoras. Entretanto, pacotes de viagens ou cruzeiros são inerentemente
complexos de descrever, e variam muito em termos de conteúdo e preços dependendo das
opções e fornecedores. Estas viagens em geral envolvem incertezas e riscos, e o consumidor
médio precisa de conselhos antes de tomar uma decisão.
Para ter sucesso neste novo ambiente de negócios, precisam prover uma quantidade
significante de informações de alta qualidade. Caso as agências forneçam menos do que
informações perfeitas, será mais eficiente para clientes e operadoras sobrepassá- las.
As agências de viagem atualmente desempenham três papéis principais:
• Atuam como intermediador de informações entre compradores e fornecedores de
produtos turísticos.
• Processam transações, imprimindo tickets ou repassando dinheiro.
• Atuam como conselheiros para os clientes.
As novas tecnologias de informação afetarão fortemente os dois primeiros papéis e
forçarão as agências a focar na consultoria e aconselhamento para os clientes. O desafio será
usar a tecnologia para explorar as competências centrais das agências de viagem e apoiar a
transformação de dados facilmente disponíveis em informação relevante que crie vantagem
competitiva pela criação de conhecimento. Os resultados dependerão da habilidade das
agências de viagem em gerar fidelidade dos clientes, garantindo acesso a informações
personalizadas de viagens e oferecendo serviços de valor agregado com o apoio da tecnologia.
A internet está mudando todas as regras no negócio de turismo, onde a distribuição
tradicionalmente era feita por agentes de viagem que recebiam comissões de 10% para
atender os clientes e agendar suas compras. Agora, pelos websites das companhias aéreas,
71
clientes individuais ou corporativos podem realizar seus próprios agendamentos (Rosen,
2000).
Apesar do contínuo crescimento do varejo on- line no setor de turismo, que em 2004
foi responsável por aproximadamente 11% do total do varejo on- line no Brasil, apenas 5,6 %
deste valor é vendido por agências de turismo, com os 94,4 % restantes sendo vendidos
diretamente pelas companhias aéreas (E-CONSULTING, 2004), evidenciando o impacto das
novas tecnologias de informação nos antigos modelos de negócio das agências de viagem.
À medida que as companhias aéreas buscam novas formas de estar em contato direto
com os consumidores, as agências de viagem precisam se adaptar a um novo ambiente em que
os consumidores podem sobrepassá- los. Algumas agências estão evoluindo para o papel de
consultores de tecnologia de e-commerce, outras estão se tornando provedores de serviços,
oferecendo aplicações de gestão do relacionamento com o cliente (CRM) para agências
tradicionais (Rosen, 2000).
Um exemplo interessante é a Priceline.com, que permite que clientes façam ofertas por
tickets aéreos a preços abaixo do mercado, que podem ser aceitos ou rejeitados pelas
companhias aéreas. A empresa começou subsidiando os tickets para atrair clientes. Hoje sua
margem é de 15%, proveniente da venda de assentos que de outra forma viajariam vazios. Só
nos EUA, a estimativa é que 600.000 assentos voem vazios por dia (Rosen, 2000).
Outro exemplo interessante dos movimentos da indústria é o sistema de reservas
Sabre, que em poucos anos após ser lançado pela American Airlines, já rendia mais lucros
para a companhia do que os seus vôos comerciais.
Algumas agências de viagem vêem a Internet como uma inimiga. Elas vêem a
proliferação de sites de descontos e a capacidade das companhias aéreas de estar em contato
direto com o cliente final como uma ameaça. Mas as agências mais espertas estão usando
tecnologias de gestão do relacionamento com clientes para tornar a Internet uma aliada.
À medida que as agências enfrentam mais pressão com a Internet, uma boa gestão do
relacionamento com o cliente se torna mais importante do que nunca. O consumidor irá para
aquele que lhe der as melhores respostas, e, se a empresa conhece mais sobre o cliente, poderá
tomar decisões para fazer o cliente mais feliz (Rosen, 2000).
Weissmann(2002) traz algumas perguntas que as agências de viagem devem se fazer
para avaliar sua capacidade de competir neste novo ambiente:
72
Quão sofisticado é seu plano de negócio? Ao longo do relacionamento com seus
clientes, você tem uma posição passiva, esperando seus clientes virem até você para planejar
as viagens? Ou você está tomando a iniciativa de oferecer- lhes oportunidades de viagem que
você sabe que os excitarão e que eles o agradecerão pela sugestão?
Os profissionais de marketing turístico mais sofisticado estão adotando a gestão do
relacionamento com o cliente (CRM) para realmente ter uma visão 360 graus do cliente e
garantir satisfação total e lucratividade máxima. CRM é muito mais do que a última “sopa de
letrinhas do mundo dos negócios”, ela utiliza tecnologias de bancos de dados e Internet para
ganhar a fidelidade dos clientes.
As agências de viagem que forem ágeis para implementar estratégias de CRM terão
uma nítida vantagem competitiva sobre aquelas que adotarem uma postura de “esperar para
ver”. Bancos de dados poderosos, combinados com relacionamentos com clientes baseados na
confiança, podem configurar-se como o ativo mais valioso de uma agência de viagens.
Mais de 80% das agências de viagem consideram a gestão do relacionamento com o
cliente (CRM) como um componente crucial do sucesso futuro de seus negócios, de acordo
com pesquisa da consultoria KPMG com empresas dos EUA, Europa e Inglaterra (Fraser,
2002).
As empresas também reconhecem que CRM funciona melhor quando faz parte de uma
estratégia geral de negócios, e não somente uma iniciativa pontual. As agências de viagem
que mais se beneficiarão do CRM serão aquelas que considerem a gestão do relacionamento
como uma atividade contínua e dinâmica. Estas empresas conseguirão maximizar seu
conhecimento das necessidades dos clientes, e conseqüentemente aumentar suas receitas sem
perder o controle de seus custos.
Outros resultados obtidos na pesquisa foram:
• CRM e Internet são as duas maiores prioridades para o setor de viagens.
• Agências de viagem de porte médio duplicarão os investimentos em CRM em
2002, como forma de reagir à crescente competição por cliente dos grandes grupos
de viagens.
• As agências de viagem consideram CRM como um investimento de longo prazo e
acreditam que resultados significativos só aparecerão após 24 meses.
• A maior parte das empresas considera importante consolidar as informações dos
clientes para ter maior conhecimento de seu valor. Entretanto, têm dificuldade em
73
ter uma visão única do cliente, uma vez que os dados encontram-se espalhados por
diversos sistemas.
• Muitas empresas estão desenvolvendo estratégias de CRM mais sofisticadas, que
levam em consideração o potencial do cliente gerar receita após a transação inicial,
diretamente ou por meio de programas de incentivo.
Segundo Stamboulis & Skayannis(2003), as duas principais dimensões de mudança
que estão fazendo a indústria de turismo passar por profundas transformações e encarar novos
desafios podem ser definidas como:
• Novas formas de turismo, caracterizadas pela tendênc ia de retração do turismo de
massa e ampliação de formas alternativas de turismo, como ecoturismo,
entretenimento e turismo de experiência.
• A difusão das novas tecnologias de informação e comunicações, com um efeito
penetrante na criação, produção e consumo do produto turístico.
Esse(2003) oferece uma visão geral do ambiente em constante tumulto da indústria de
viagens nos últimos anos. Uma recessão econômica diminuiu drasticamente as viagens em
muitos mercados, tanto para negócios quanto lazer. Novos entrantes continuam a ganhar força
com novas abordagens e novos modelos de precificação. Novos canais estão mudando a
forma como o consumidor faz negócios.
Estas condições estão criando um novo ambiente, onde o consumidor está fortalecido,
por terem mais informação de diversas fontes. Além das agências tradicionais, revistas e
anúncios, os clientes têm a Internet para avaliar fornecedores e preços. Este ambiente tem
feito a gestão do relacionamento com os clientes mais importante do que nunca. Para mover
para o marketing de relacionamento, as agências devem adaptar seus processos de marketing
e integrar suas ferramentas de TI para gerar vantagem competitiva por meio de um maior
conhecimento e proximidade com os clientes.
Rice(2003) afirma que a gestão do relacionamento com o cliente(CRM) é o futuro
para as agências de viagem tradicionais. Conhecer o cliente é a única e inquestionável
vantagem competitiva das agências de viagem.
CRM é uma estratégia que permite às agências adquirir uma vantagem intrínseca sobre
os mega revendedores online – o relacionamento pessoal com os clientes – e usar a tecnologia
para potencializar esta ligação. Agências de todos os tamanhos estão usando CRM para
manter seus clientes felizes e suas empresas lucrativas.
74
Agências praticando CRM coletam não só informações demográficas (como idade,
sexo, endereço, renda, emprego, histórico de viagens), mas também as experiências e sonhos
dos clientes (envolvendo hobbies, interesses, paixões, aniversários entre outros) e usam seus
bancos de dados para segmentar seus clientes, definindo-os por características demográficas,
estágio da vida, histórico de viagens, gostos e preferências, etc. Isto significa que elas podem
enviar em massa mensagens altamente personalizadas para seus clientes e ter maior
probabilidade de vender para estes clientes.
Recente pesquisa realizada pela revista Travel Weekly nos EUA ao final de 2003
revelou o estado atual da gestão do relacionamento com o cliente nas agências de viagem
daquele país. Os principais pontos foram:
• Os tipos de informação mais comuns nas bases de dados foram: informações de
contato como nome e endereço, preferências das viagens anteriores (incluindo
companhias aéreas e de aluguel de carros prediletas), destino das últimas viagens,
número de viagens, hobbies dos clientes, dentre outros.
• Na maior parte das agências, o banco de dados de clientes pode ser conectado aos
outros sistemas, como listas de email, sistemas financeiros e sistemas de reservas,
permitindo ter acesso às informações enquanto conversam com os clientes.
• A maior parte das agências detém em seu banco de dados tanto informações de
clientes que já fizeram negócios com a empresa como de potenciais clientes.
• As principais fontes de informações sobre potenciais clientes foram: promoções,
bases de dados de fornecedores e parceiros, listas de associações e clubes, website,
listas de funcionários de empresas e indicações de clientes e fornecedores.
• É mais comum as agências usarem softwares desenvolvidos internamente do que
pacotes de mercado.
O quadro 2.5.1 apresenta o resumo conceitual criado a partir da revisão de literatura
sobre o tema Gestão do Relacionamento com o Cliente.
AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS
Kotler(1997) Afirma que o mercado de massa está virtualmente morto e que os esforços devem ser direcionados para a segmentação, definindo três formas: especialização setorial, micromarketing e clientes individuais.
Gilmore & Pine (1997)
Apresentam o conceito de personalização em massa, definindo quatro abordagens mais comuns de personalização: colaborativa, adaptativa, cosmética e transparente.
Quinn et. al. (1996) Afirma que a capacidade de personalizar a oferta a clientes distintos está muito
75
condicionada à capacidade de trabalhar com dados e informações.
Peppers, Roger & Dorf (1999)
Introduzem o conceito de marketing 1-to-1 e propõem quatro passos fundamentais para torná-lo realidade: identificar seus clientes, diferenciá-los, interagir com eles, e personalizar os produtos e serviços. Para isso, é preciso que a empresa envolva todos os seus executivos e um grupo significativo de clientes para avaliar a sua capacidade de trabalhar com a nova filosofia de foco no cliente.
Keltner (1999) Enfatiza o potencial que as técnicas de CRM como identificação de perfil, lucratividade e padrões de compra têm para reduzir os custos de venda e aumentar a receita de cada conta de cliente.
Crosby & Johnson (2000)
Reforçam a importância de escrutinizar o foco, as operações, sistemas e cultura da companhia para a criação de uma estratégia de CRM. Os autores citam um estudo da Andersen Consulting que identificou os cinco princípios que parecem produzir os maiores impactos no desempenho financeiro das empresas: serviço ao cliente, empregados motivados e recompensados, transformação das informações dos clientes em insights, atração e retenção de pessoas e habilidade de vendas e serviço.
Vandermerwe (2000)
Introduz o conceito de market space em substituição ao market share, focando no cliente como um todo e não somente na vende de itens discretos. Esta mudança de visão cria um ciclo virtuoso que reforça o relacionamento, o conhecimento, a rede, a agregação de parceiros e desenvolvedores e reduz os custos de transação, que podem ser repassados ao consumidor, reforçando ainda mais o ciclo.
Slywotzky (2000)
Introduz o conceito de Choiceboards, sistemas online interativos que permitem que os clientes montem seus próprios produtos, escolhendo atributos, preços e opções de entrega. Isto permite que a empresa atenda aos consumidores de forma individual e ainda efetue a oferta cruzada de produtos, evolua sua linha de produtos e identifique oportunidades de crescimento.
Thomke & Hippel (2002)
Propõem a “terceirização” das atividades de desenvolvimento de novos produtos aos clientes por meio da disponibilização de “kits de inovação”.
Claycomb & Martin (2002)
Enfatizam que o valor dos relacionamentos é particularmente notório no setor de serviços, em função da intangibilidade, promessa e interação necessárias para a produção do serviço.
Greenberg (2002)
Apresenta diversas definições de CRM , enfatizando que o planejamento do relacionamento com o cliente deve envolver o mapeamento das informações do cliente com o intuito de entender os comportamentos e ajustar os processos da empresa. Afirma que o CRM está presente em 3 segmentos de atividades (CRM Operacional, CRM Analítico e CRM Colaborativo) e para cada um existem ferramentas e técnicas específicas.
Day & Hubbard (2002)
Levantaram os principais impactos da Internet na gestão do relacionamento com os clientes: reduz custos de atendimento, reduz custos de pesquisa de clientes, encoreaja o diálogo, facilita a interligação dos pontos de contato, possibilita leilões, permite que clientes proponham preços e desenhem seus produtos, permite customização de mensagens de marketing, entre outros.
Wilson et. al.(2002)
Apresentam os fatores que influenciam o sucesso do desenvolvimento de aplicações de CRM: patrocínio dos altos executivos, convergência e integração, mudança de cultura, melhores práticas, estratégia de ganhos rápidos e um plano detalhado de novos processos.
Thompson & Nelson (2004)
Enfatizam que uma boa estratégia de CRM deve conter uma clara definição de destino, uma avaliação da situação corrente e um mapeamento da jornada. Apresentam ainda recente pesquisa do Gartner CRM Summit 2004 sobre os principais objetivos das iniciativas de CRM: aumentar a satisfação de clientes, a receita de vendas, a retenção de clientes, a fidelidade de clientes, aprimorar as oportunidades de upsell e cross-sell, reduzir os custos de atendimento, adquirir novos clientes, aumentar as margens de lucro e aumentar o lucro por cliente.
Kennedy (2004) Debatem sobre o método tradicional de gerenciamento e um novo paradigma de gestão dos ativos de relacionamento.
Lewis et. al. (1998) Reforçam a importância da gestão de informações dos clientes pelas agências de viagem e turismo, de forma que consigam transformar os dados disponíveis em informações relevantes para os clientes.
Rosen (2000) Enfatiza a importância da gestão do relacionamento com os clientes a medida que as agências enfrentam mais pressão com a Internet.
Weissman (2002) Traz algumas perguntas que as agências de viagem devem se fazer para avaliar sua
76
capacidade de competir no novo ambiente, e afirmam que os relacionamentos podem se tornar os ativos mais valiosos de uma agência de viagens. Segundo pesquisa da KPMG, mais de 80% das agências de viagem norte-americanas consideram a gestão do relacionamento com o cliente como um componente crucial do sucesso futuro de seus negócios.
Stamboulis & Skayannis (2003)
Afirmam que novas formas de turismo e a difusão de novas tecnologias estão fazendo a indústria de turismo passar por profundas transformações e encarar novos desafios.
Esse (2003)
Reforçam a urgência da mudança para o marketing de relacionamento e sugere que as agências de viagem adaptem seus processos de marketing e integrem as ferramentas de TI para gerar vantagem competitiva por meio de um maior conhecimento e proximidade com os clientes.
Rice (2003)
Informa que as agências que mais obtém retorno com a gestão do relacionamento com os clientes coletam não só informações demográficas, mas também as experiências e sonhos dos clientes e usam seus bancos de dados para segmentar seus clientes e enviar mensagens altamente personalizadas. Apresenta também os resultados de uma pesquisa da revista Travel Weekly sobre o estado da gestão do relacionamento com os clientes nas agências de viagem americanas em 2003.
Quadro 2.5.1 – Resumo conceitual da revisão de literatura para os Macroconstrutos relacionados à Gestão do Relacionamento com os Clientes.
A partir da revisão de literatura supracitada, foram propostos três Macroconstrutos
para compor o questionário enviado aos participantes da pesquisa. Os quadros 2.5.2, 2.5.3 e
2.5.4 apresentam uma lista dos autores que embasam cada questão do questionário para os
Macroconstrutos Planejamento do Relacionamento com o Cliente, Abrangência da Gestão do
Relacionamento com o Cliente e Resultados Obtidos com a Gestão do Relacionamento com o
Cliente.
QUESTÃO AUTORES 1 GREENBERG, PEPPERS et. al., 2 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, CROSBY & JOHNSON
3 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, GREENBERG, WILSON et. al.
4 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, WILSON et. al.
5 PEPPERS et. al., CROSBY & JOHNSON, WILSON et. al. 6 PEPPERS et. al., VANDERMERWE, CROSBY & JOHNSON
7 GREENBERG, THOMPSON & NELSON, WILSON et. al.
8 GREENBERG, THOMPSON & NELSON, WILSON et. al. 9 THOMPSON & NELSON
10 THOMPSON & NELSON
11 KENNEDY, CROSBY & JOHNSON
12 GREENBERG, WILSON et. al., RICE 13 GREENBERG, WILSON et. al., RICE
Quadro 2.5.2 – Autores que embasam cada questão do questionário para o Macroconstruto “Planejamento para a Gestão do Relacionamento com o Cliente”.
QUESTÃO AUTORES 1 GREENBERG, PEPPERS et. al., KENNEDY, VANDERMERWE
2 GREENBERG, PEPPERS et. al., KENNEDY, VANDERMERWE, RICE 3 GREENBERG
77
4 GREENBERG
5 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, KELTNER, KENNEDY
6 THOMPSON & NELSON, KELTNER, SLYWOTZKY, KOTLER, RICE
7 THOMPSON & NELSON, KELTNER, SLYWOTZKY, RICE 8 THOMPSON & NELSON, KENNEDY
9 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, KENNEDY, VANDERMERWE
10 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON
11 PEPPERS et. al, RICE. 12 PEPPERS et. al., GREENBERG, SLYWOTZKY, CROSBY & JOHNSON, KOTLER,
DAY & HUBBARD, RICE 13 SLYWOTZKY, THOMKE & VON HIPPEL, DAY & HUBBARD
Quadro 2.5.3 – Autores que embasam cada questão do questionário para o Macroconstruto “Abrangência da Utilização do CRM”.
QUESTÃO AUTORES 1 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, GREENBERG, KELTNER, KENNEDY,
DAY & HUBBARD, RICE
2 KENNEDY, THOMPSON & NELSON, CROSBY & JOHNSON
3 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, GREENBERG, 4 PEPPERS et. al.,KELTNER, SLYWOTZKY
5 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, VANDERMERWE, SLYWOTZKY
6 GREENBERG, THOMPSON & NELSON, VANDERMERWE 7 THOMPSON & NELSON, KELTNER
8 KENNEDY, RICE
9 PEPPERS et. al., THOMPSON & NELSON, GREENBERG, KELTNER, KENNEDY, VANDERMERWE, DAY & HUBBARD
10 PEPPERS et. al., KENNEDY, VANDERMERWE, SLYWOTZKY, CROSBY & JOHNSON
11 THOMPSON & NELSON, KENNEDY, VANDERMERWE, CROSBY & JOHNSON
Quadro 2.5.4 – Autores que embasam cada questão do questionário para o Macroconstruto “Resultados Obtidos com o CRM”.
78
II.6 - AS AGÊNCIAS DE VIAGEM NO BRASIL
Uma agência de turismo, de acordo com o Decreto-Lei no. 84.934 redigido pela
EMBRATUR, é uma sociedade que tem por objetivo social a prestação de serviços de venda
comissionada ou a intermediação remunerada de passagens individuais ou coletivas, passeios,
viagens e excursões; de reservas de acomodações; ou recepção, transferência e assistência
especializadas ao turista ou viajante; operação de viagens e excursões, individuais ou
coletivas, compreendendo a organização, contratação e execução de programas, roteiros e
itinerários; ou representação de empresas transportadoras, empresas de hospedagem, outras
prestadoras de serviços turísticos etc. O mesmo decreto delimita os campos de atuação de
agências de viagens e operadoras (PANROTAS, 2003).
No Brasil o setor é altamente fragmentado, apresentando um amplo leque de
segmentos e ramificações, sendo que os agentes de viagens podem focar em segmentos
específicos ou agrupar várias deles ao mesmo tempo. Os principais segmentos atualmente
existentes são:
• Agências de receptivo: recebem turistas em um determinado destino, sendo responsável
pela operação local dos programas;
• Agências voltadas para o consumidor: são os intermediários tradicionais, vendendo o
produto final de terceiros para o consumidor;
• Agências especializadas em conta corrente: atuam no mercado corporativo e se
caracterizam por firmar contratos de natureza contínua com empresas públicas ou
privadas, para a venda principalmente de passagens aéreas;
• Operadora: planeja, vende e executa pacotes turísticos e excursões, comercializando-os
diretamente ou por intermédio de agênc ias voltadas para o consumidor;
• Consolidadora: possui grande crédito junto às companhias aéreas, e assume o risco
financeiro da venda das passagens aéreas para agências de menor porte que não possuam
crédito junto ao Sindicato Nacional das Agências Aeroviárias (SNEA) ou à International
Air Traffic Association (IATA). Em geral compram em grandes volumes e podem
negociar o valor de sua comissão com a companhia aérea que, em média, é de 3 %;
• Representante: atua normalmente no atacado, representando hotéis, empresas aéreas, etc.
79
As primeiras operadoras de turismo e agências de viagens surgiram nos anos 40, sendo
que a profissionalização da atividade só ocorreu a partir dos anos 50, em decorrência do
desenvolvimento de linhas aéreas regulares no Brasil e do desenvolvimento da atividade
econômica como um todo, explicitada em fatores como a elevação da renda da população
brasileira, a massificação dos automóveis e a expansão internacional de grandes empresas
multinacionais, especialmente no Brasil (GAZETA MERCANTIL, 2000).
É também neste período que surgem as primeiras entidades associativas do setor,
como o Sindicato das Empresas de Turismo (SINDETUR), em São Paulo no ano de 1951, e a
Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), no Rio de Janeiro no ano de 1953.
Mais recentemente, novas entidades associativas importantes surgiram no setor. A Associação
Brasileira de Operadoras de Turismo (BRAZTOA), com associados atuando originariamente
em destinos internacionais, foi criada em 1989, e em 1994 foi unificada com outra associação,
a Câmara Brasileira de Operadores de Turismo (COBRAT), cujos associados atuavam no
mercado de destinos nacionais. Hoje a BRAZTOA conta com cerca de 59 associados, embora
o mercado seja constituído por um número bem maior de empresas, em sua maioria de menor
porte. Em 1994 foi fundado o Fórum de Agências de Viagens Especializadas em Contas
Comerciais (FAVECC), com cerca de 25 agências associadas, em decorrência do crescimento
da presença de agências no mercado corporativo, que em 2002 representava cerca de 33 % do
volume total de emissão de bilhetes aéreos no país (PANROTAS, 2002).
O controle para abertura de agências era bem rígido, exigindo o registro na
EMBRATUR, e estava condicionado a estudos de viabilidade com plano de negócios bem
definidos contendo objetivos e produtos a serem comercializados, presença de profissionais
com experiência no setor, entre outras demandas subjetivas e burocráticas. Em 1986, um novo
decreto- lei (2.294/86), com o objetivo declarado de reduzir o excesso de burocracia, instituiu
que a exploração de atividades de serviços turísticos no Brasil passaria a ser livre, o que
desencadeou uma proliferação desenfreada de empresas no país. A tarefa de cadastrar e
classificar as empresas, e de exercer função de fiscalização sobre a atividade, com o objetivo
de manter o controle sobre o setor, passou então a ser de competência da EMBRATUR
(PANROTAS, 2003).
A EMBRATUR chegou a registrar a existência de 13.887 agências de viagens,
delegando posteriormente à ABAV a tarefa de atualizar o cadastro das agências no país, que
no ano de 2000 registrava o número de 5,3 mil empresas cadastradas e, portanto, operando de
80
forma legal (GAZETA MERCANTIL, 2000). Em 2003 o governo federal criou um Ministério
exclusivo para o setor, comandado pelo ministro do turismo, Walfrido Mares Guia, e delegou
à EMBRATUR a função específica de promoção e divulgação do destino Brasil, ficando o
ministério com a competência para a definição e gestão das políticas públicas envolvendo
questões de classificação, credenciamento e sinalização turística (PANROTAS, 2003).
Nos anos 70 surgiram os primeiros cursos de turismo, mas o perfil médio dos
profissionais até a década de 90 era de técnicos treinados no dia-a-dia, que aprendiam a emitir
bilhetes aéreos na prática. Muitos conheciam pessoalmente os destinos que vendiam, ou se
informavam através de folhetos obtidos com grandes operadoras internacionais, e também
realizavam o trabalho de calcular as tarifas a partir de manuais tarifários fornecidos pelas
companhias aéreas. A comunicação com fornecedores era a atividade que mais consumia mais
tempo dos profissionais do setor, devido aos limitados meios de comunicação existentes para
lidar com os fornecedores - somente telefone e telex (PANROTAS, 2002).
As companhias aéreas viam grande importância no papel dos agentes de viagens como
distribuidores de seus produtos. Nos locais onde não possuíam estruturas próprias, as
companhias aéreas utilizavam os General Sales Agents (GSA), representantes exclusivos que
recebiam cerca de 3 % de comissão e vendiam os bilhetes pelo mesmo preço aos agentes, sem
ameaçar sua comissão. O território era bem delimitado também entre agências e operadoras,
sendo que as últimas não atendiam diretamente o viajante ou raramente o faziam, e as
primeiras evitavam negociar com fornecedores para criar pacotes (PANROTAS, 2002).
De forma geral, a agência capta o pacote com o operador, vende ao cliente final e
repassa o dinheiro para o operador com a dedução de seu comissionamento, que gira em torno
de 10% sobre o valor do pacote. Os operadores cobram uma margem sobre o custo final do
pacote. Esta margem já foi de 25 % e atualmente está entre 15 e 17 %, e caindo para 10 a 12
% para destinos mais concorridos. Algumas operadoras expandem suas atividades para outras
regiões no Brasil, através de franquias, como a Flytour e a CVC. Porém, a maior parte das
grandes operadoras possui uma enorme rede de representantes, que são agências de viagens
espalhadas por todo o país (GAZETA MERCANTIL, 2002).
81
Agente de
Viagens
Companhias Aéreas
Imprensa
PublicaçõesTécnicas
Despachantes
GSA’s eConsolidadores
TrasnportadorasRodoviárias
Locadoras de Automóveis
Hotéis
Escritóriosde Turismo
Operadores
Representações
Figura 2.6.1 – O ambiente da indústria de turismo há 20 anos atrás (PANROTAS, 2002).
O mercado das operadoras de turismo e agências de viagens vem sofrendo fortes
mudanças desde 1998. Desregulamentação do transporte aéreo, a guerra de tarifas entre as
companhias de aviação, com a sua decorrente decisão unilateral de reduzir o comissionamento
pago às agências de viagens, e o aumento dramático da acessibilidade e velocidade da
informação sobre produtos e serviços de viagens são alguns dos fatores que estão forçando as
agências de viagem a rever seus modelos de negócios (PANROTAS, 2002). Estes fatores têm
pressionado os intermediários, que enfrentam hoje uma guerra de preços de pacotes turísticos.
Fontes do mercado dão conta de que um grande número de operadoras e agências está
atuando em condições comerciais de baixíssima rentabilidade, que somados a custos
operacionais elevados, levam a uma delicada situação financeira (GAZETA MERCANTIL,
2000).
O grande desafio para o agente de viagens hoje é o de conquistar novos clientes e
mantê- los, e para isso, muitos já estão se transformando em uma espécie de conselheiros ou
consultores de viagens, sendo obrigados, cada vez mais, a lidar com novas tecnologias como
os sistemas globais de distribuição(GDS), a Internet e o e-ticket, bem como administrar um
número cada vez maior de informações que chegam através de diferentes canais. Os
82
empresários estão se conscientizando da necessidade fidelizar o cliente por meio de serviços
mais personalizados que representem exatamente o que o consumidor deseja. Muitas vezes o
consumidor possui mais informações do que o próprio profissional que o está atendendo, e a
agência deve ser capaz de fornecer subsídios – por meio da aplicação maciça de tecnologia -
para que o cliente perceba valor agregado no relacionamento com a agência. Essa nova
realidade já está fazendo com que algumas empresas encarem seu negócio não como uma
pura intermediação comercial, e sim como uma prestação de serviços profissionais de
consultoria e aconselhamento. E que, portanto, deve ser remunerada como tal (PANROTAS,
2002).
Em meio a este ambiente turbulento e cada vez mais afetado pelas ameaças e
oportunidades da tecnologia, esta pesquisa pretende contribuir para o desenvolvimento do
setor de agências de viagem e turismo ao estudar aspectos da sofisticação da gestão destas
empresas, passando pelo seu processo de planejamento e controle, direcionamento de recursos
humanos, direcionamento para o futuro, administração de dados, e aspectos de planejamento,
abrangência e resultados das iniciativas de gestão do relacionamento com os clientes,
permitindo que as agências obtenham informações importantes para implementarem as
mudanças necessárias caso desejem adotar um posicionamento diferenciado de
relacionamento mais próximo com os clientes.
83
III – METODOLOGIA
Com base em um abrangente referencial teórico sobre o Processo de Planejamento e
Controle, Direcionamento de Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro,
Administração de Dados e Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM), esta pesquisa
realizou um estudo quantitativo que busca descrever a sofisticação da Gestão do
Relacionamento com o Cliente (CRM) no setor de Agências de Viagem e Turismo. Além
disso, este estudo pretende investigar, nas empresas pesquisadas, as relações entre as
principais questões envolvidas nas iniciativas de Gestão do Relacionamento com o Cliente e
nas variáveis organizacionais e de gestão (Planejamento e Controle, Direcionamento de
Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro e Administração de Dados), que, de
acordo com a literatura apresentada, estão associadas ao sucesso na implementação de tais
iniciativas.
Este estudo integra-se à linha de pesquisa iniciada com o estudo de Nogueira (1999),
que serviu como ponto de partida para a definição da metodologia empregada. A adequação
do método quantitativo para pesquisas semelhantes foi evidenciada pelo sucesso obtido nas
aplicações anteriores desta linha de pesquisa em diversos setores econômicos. Foram
utilizadas as mesmas sete variáveis do estudo realizado no setor de seguradoras por Terra
(2003). Entretanto, as variáveis foram complementadas ou reconstruídas, com o intuito de
incorporar as recentes contribuições de outros autores à literatura relacionada. Assim sendo,
foram elaboradas as seguintes perguntas:
III.1 – AS PERGUNTAS DA PESQUISA
Essa pesquisa tem dois objetivos básicos:
1. Verificar, na prática, a existência de grupos de agências com diferentes
modelos de gestão; e
2. Identificar relações entre a sofisticação da gestão das agências e a utilização da
gestão do relacionamento com o cliente(CRM).
Para atingir os objetivos da pesquisa, foram formalizadas as seguintes perguntas:
§ É possível segmentar os participantes da pesquisa de acordo com os seus Níveis de
Planejamento e Controle, Administração de Recursos Humanos, Direcionamento para
84
o Futuro, Administração de Dados, Planejamento do Relacionamento com o Cliente,
Abrangência da Aplicação do CRM e Resultados Obtidos com o CRM?
§ Qual a relação existente entre os Resultados Obtidos com o CRM, Abrangência da
Aplicação do CRM, Planejamento do Relacionamento com o Cliente, Administração
de Dados, Direcionamento para o Futuro, Administração de Recursos Humanos e o
Nível de Planejamento e Controle?
III.2 – AS HIPÓTESES DA PESQUISA
Para responder às perguntas, foram definidas as seguintes hipóteses nulas:
H0,1 – Não existem segmentos estatisticamente diferenciados quanto aos escores
fatoriais do Nível de Planejamento e Controle, Administração de Recursos Humanos,
Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados, Planejamento do Relacionamento
com o Cliente, Abrangência da Aplicação do CRM e Resultados Obtidos com o CRM;
H0,2 – Não existem funções de classificação estatisticamente significantes que
discriminem as agências participantes da pesquisa em categorias, de acordo com os fatores
definidos;
H0,3 – A Administração de Recursos Humanos não está relacionada com o Nível de
Planejamento e Controle;
H0,4 – O Direcionamento para o Futuro não está relacionado com a Administração dos
Recursos Humanos;
H0,5 – O Direcionamento para o Futuro não está relacionado com o Nível de
Planejamento e Controle;
H0,6 – A Administração de Dados não está relacionada com o Direcionamento para o
Futuro;
H0,7 – A Administração de Dados não está relacionada com a Administração de
Recursos Humanos;
H0,8 – A Administração de Dados não está relacionada com o Nível de Planejamento e
Controle;
H0,9 – O Planejamento do Relacionamento com o Cliente não está relacionado com a
Administração de Dados;
85
H0,10 – O Planejamento do Relacionamento com o Cliente não está relacionado com o
Direcionamento para o Futuro;
H0,11 – O Planejamento do Relacionamento com o Cliente não está relacionado com a
Administração dos Recursos Humanos;
H0,12 – O Planejamento do Relacionamento com o Cliente não está relacionado com o
Nível de Planejamento e Controle;
H0,13 – A Abrangência da Aplicação do CRM não está relacionada com o
Planejamento do Relacionamento com o Cliente;
H0,14 – A Abrangência da Aplicação do CRM não está relacionada com a
Administração de Dados;
H0,15 – A Abrangência da Aplicação do CRM não está relacionada com o
Direcionamento para o Futuro;
H0,16 – A Abrangência da Aplicação do CRM não está relacionada com a
Administração dos Recursos Humanos;
H0,17 – A Abrangência da Aplicação do CRM não está relacionada com o Nível de
Planejamento e Controle;
H0,18 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com a Abrangência da
Aplicação do CRM;
H0,19 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com o Planejamento do
Relacionamento com o Cliente;
H0,20 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com a Administração de
Dados;
H0,21 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com o Direcionamento
para o Futuro;
H0,22 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com a Administração
dos Recursos Humanos;
H0,23 – O Resultado Obtido com o CRM não está relacionado com o Nível de
Planejamento e Controle;
86
Figura 3.2 – Hipóteses H3 a H23
III.3 – MACROCONSTRUTOS
Para testar as hipóteses, foram criados sete macroconstrutos de acordo com o
referencial teórico apresentado. Os Macroconstrutos de Planejamento e Controle,
Direcionamento de Recursos Humanos e Direcionamento para o Futuro foram adaptados da
linha de pesquisa seguida por Nogueira (1999), Soares (2000), Augusto (2001), Taublib
(2001), Bahiense (2002), Augustinis (2002), Terra (2003), Decaxx (2004) e Fontes (2004). O
Macroconstruto de Administração de Dados representa uma simplificação da variável
utilizada por Terra (2003), com o objetivo de identificar apenas suas dimensões principais, em
função das características específicas do setor de agências de viagem e turismo, que se
caracteriza primordialmente por possuir empresas de pequeno porte. Os Macroconstrutos
referentes ao Planejamento para a Gestão do Relacionamento com o cliente, Abrangência da
Gestão do Relacionamento com o cliente e Resultados Obtidos com a Gestão do
Relacionamento com o cliente – representam evoluções, com base em atualizações da
literatura, do instrumento aplicado por Terra (2003).
Com o objetivo de melhor adequar o conteúdo e a linguagem do questionário aos
sujeitos da pesquisa, foram realizadas três entrevistas com profissionais experientes do setor.
Feitas as revisões sugeridas, o questionário ainda foi validado com alunos de mestrado do
Processo de Planejamento e Controle
Direcionamento de Recursos Humanos
Direcionamento parao Futuro
Administraçãode Dados
Planejamento para o CRM
Abrangência do CRM
Resultados Obtidos comO CRM
H3
H5H4
H8
H7
H6
H12
H11
H10
H9
H17
H16
H15
H14
H13
H23 H22
H21
H20
H19
H18
Processo de Planejamento e Controle
Direcionamento de Recursos Humanos
Direcionamento parao Futuro
Administraçãode Dados
Planejamento para o CRM
Abrangência do CRM
Resultados Obtidos comO CRM
H3
H5H4
H8
H7
H6
H12
H11
H10
H9
H17
H16
H15
H14
H13
H23 H22
H21
H20
H19
H18
87
Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro e,
posteriormente, com três executivos de empresas do universo estudado. Após tal validação,
foram enviados emails para as empresas do setor, solicitando que acessassem o questionário
disponibilizado na Internet e respondessem ao questionário online.
III.4 – TIPO DE PESQUISA
Com base na taxonomia apresentada por Vergara (1997), podemos classificar esta
pesquisa quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, esta pesquisa é exploratória e descritiva. Exploratória pois, apesar do
crescente interesse por pesquisas no setor, não foi encontrado até o presente momento um
trabalho que utilize técnicas quantitativas multivariadas que busque avaliar as relações entre a
Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) e os aspectos de gestão em empresas do
setor de agências de viagens e turismo no Brasil. Descritiva, pois busca identificar a situação
atual da Gestão do Relacionamento com o Cliente nas empresas que fazem parte da amostra
desta pesquisa.
Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica e de campo. Bibliográfica, pois utiliza
material de domínio público para o referencial teórico e para a metodologia. É também uma
pesquisa de campo, uma vez que se constitui em uma investigação empírica que coletou dados
primários sobre a percepção dos administradores de agências de viagens e turismo acerca do
grau de sofisticação dos aspectos mencionados anteriormente, por meio da aplicação de
questionários via Internet.
Ainda, de acordo com o referencial de Bento e Ferreira (1982), por partir de hipóteses
iniciais específicas e permitir a formação de um quadro geral de determinado fenômeno, em
suas múltiplas facetas e em circunstâncias específicas, os resultados desta pesquisa são
classificados como preditivos. Desta forma, a pesquisa detecta que certas ações se associam a
um certo nível de determinadas características, não permitindo afirmar que estas ações têm
efeito causal sobre o referido nível.
III.5 – UNIVERSO E AMOSTRA
Esta pesquisa tem como universo amostral as empresas brasileiras caracterizadas como
agências de viagens e turismo operando no Brasil e que estão cadastradas na Associação
88
Brasileira de Agências de Viagens – ABAV, envolvendo empresas que atuam como emissivos
ou receptivos, e/ou como operadoras de turismo. A escolha deste universo é justificada pelo
fato de a ABAV possuir como associadas as principais empresas que atuam com
agenciamento de viagens e turismo, refletindo adequadamente a estrutura do setor.
A pesquisa buscou contatar todas as 3.202 empresas do universo pesquisado, porém,
grande parte dos endereços eletrônicos existentes no cadastro da ABAV - obtido a partir do
seu website – já não mais existiam, e muitos não estavam acessíveis devido à sobrecarga de
mensagens em sua caixa postal. Desta forma, foram enviadas corretamente solicitações a
2002 empresas.
De acordo com a taxonomia de Vergara(1997), a amostra da pesquisa é não
probabilística por acessibilidade, uma vez que não foi realizado procedimento estatístico para
determinar os participantes da pesquisa. A taxa de resposta foi aquém das expectativas, sendo
que somente 50 empresas (cerca de 1,6 % dos contatos enviados e de 2,5 % dos e-mails que
não apresentaram problemas) retornaram o questionário preenchido de maneira válida dentro
do prazo estipulado. Deste total, cinco casos foram descartados por se apresentarem como
outliers nas análises estatísticas realizadas, o que caracteriza estas empresas como atípicas
dentro do grupo de respondentes, ou os questionários foram respondidos erroneamente.
Este mesmo grupo de respondentes foi também utilizado por Barros (2005), que
disponibilizou seu questionário de forma conjunta com esta pesquisa. Barros (2005)
pesquisou o Planejamento, Escopo e Resultados da Utilização da Internet como ferramenta de
negócios nas agências de viagens e turismo operando no Brasil.
III.6 – SELEÇÃO DOS SUJEITOS
Escolheu-se como unidade de observação (sujeito) desta pesquisa o principal
executivo de cada uma das empresas, ou um funcionário devidamente indicado por ele para
responder as perguntas com conhecimento de causa.
III.7 – COLETA DE DADOS
Para realizar a coleta primária de dados, colocou-se um questionário fechado na
Internet, de forma que somente os sujeitos da pesquisa tivessem acesso, através de
89
identificação e senha, fornecida pelo pesquisador. Cada empresa foi contatada através de um
e-mail individual, contendo um hyperlink para o website onde o questionário foi hospedado,
além de instruções gerais para o acesso, preenchimento e contato com os pesquisadores. As
dúvidas dos respondentes foram sanadas por telefone ou e-mail, ambos informados na
mensagem-convite. Com o objetivo de dar credibilidade à pesquisa, obteve-se o apoio de duas
instituições de renome no setor, informado aos potenciais participantes na carta convite e no
website contendo o questionário. Além disso, para aumentar o número de respondentes da
pesquisa, foram realizados contatos de acompanhamento por meio de telefonemas e
mensagens de e-mail durante o período de coleta de dados de campo.
O questionário utilizou uma escala ordinal do tipo Likert, com seis pontos. Cada item
do questionário correspondeu a uma proposição onde o sujeito indicou seu grau de
concordância, conforme descrito a seguir:
(1) Discordo Totalmente;
(2) Discordo Muito;
(3) Discordo Pouco;
(4) Concordo Pouco;
(5) Concordo Muito;
(6) Concordo Totalmente.
A escolha da escala de Likert foi baseada no fato de que esta pode ser tratada como
escala intervalar. Isto advém dos trabalhos de Kerlinger (1964), em que esta é considerada um
tipo específico de escala ordinal, cujos pontos podem ser considerados intervalares. A
utilização desta escala contendo seis pontos em detrimento de outros valores como cinco ou
sete pontos se deve à intenção de garantir que o respondente se posicione efetivamente sobre
cada questão, não existindo o meio termo. Um problema com a utilização de escalas ordinais
é que não se sabe a priori a quantidade da diferença entre dois itens consecutivos, o que
impossibilita a utilização de cálculos estatísticos como a média, limitando-se à moda e à
mediana. Para contornar este problema, Abelson & Tuckey (1970), citam que a atribuição de
valores numéricos às categorias de uma escala ordinal permite que estes sejam tratados como
uma escala intervalar. Assim, torna-se possível empregar todas as operações estatísticas na
análise dos resultados.
90
Para facilitar a leitura e preenchimento do questionário, este foi estruturado em oito
blocos, sendo que os sete primeiros constituem os Macroconstrutos construídos a partir da
revisão bibliográfica sobre o Processo de Planejamento e Controle, o Direcionamento de
Recursos Humanos, o Direcionamento para o Futuro, o Planejamento para a Gestão do
Relacionamento com o Cliente, a Abrangência da Gestão do Relacionamento com o Cliente e
os Resultados Obtidos com a Gestão do Relacionamento com o Cliente. O último bloco
apresenta perguntas com o objetivo de se obter o perfil demográfico das empresas
participantes.
III.8 – TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento dos dados seguiu uma seqüência coerente de procedimentos de análise,
com o objetivo de testar as hipóteses. Inicialmente foram realizadas análises descritivas dos
dados para obtenção de suas médias e desvios padrão, por meio dos procedimentos
FREQUENCIES e BASIC TABLES do pacote estatístico SPSS, versão 11.
O segundo passo foi realizar análises fatoriais, com o objetivo de condensar as
informações contidas nos itens do questionário de cada Macroconstruto e identificar as
dimensões latentes (denominadas fatores) nas respostas, para que as análises multivariadas
subseqüentes sejam realizadas com menor esforço computacional. O procedimento utilizado
foi o FACTOR do SPSS.
A viabilidade e adequação do emprego da técnica de análise fatorial foram verificadas
através de dois tipos de teste. O primeiro é o teste de esfericidade de Bartlett, que fornece a
probabilidade estatística da presença de correlações significativas na matriz fatorial. O
segundo é o teste das medidas de adequação da amostragem (Measure of Sampling Adequacy
- MSA) para cada item do questionário e de adequação da amostragem de KMO (Kaiser-
Meyer-Olkin) dos Macroconstrutos, que quantifica o grau de intercorrelações entre os itens,
com o objetivo de verificar em que medida um item pode ser previsto sem erro pelo conjunto
dos demais. De acordo com Hair et al. (1998), o KMO pode ser interpretado como ótimo para
valores superiores a 0,8, bom para valores entre 0,7 e 0,8, razoável para valores entre 0,6 e
0,7, aceitável para valores entre 0,5 e 0,6 e inaceitável para valores inferiores a 0,5. Assim
sendo, para cada Macroconstruto foram verificados, para cada item do questionário o valor de
seu MSA, as suas maiores cargas na matriz fatorial e a comunalidade com a solução final.
91
Para que um item fosse considerado na análise, ambos o seu MSA e a sua
comunalidade com a solução final deveriam possuir um valor mínimo de 0,5. A comunalidade
de um item é definida como a parcela de variância que um item original compartilha com
todos os demais incluídos na análise. Em outras palavras, a comunalidade de um item é obtida
por meio da soma dos quadrados das cargas fatoriais, o que representa a correlação do item
com os fatores.
Conforme sugerido por Hair et al. (1998), o número de fatores extraídos foi decidido
pelo critério do autovalor maior do que 1. O autovalor (eigenvalue) é obtido por meio da soma
dos quadrados das cargas fatoriais dos itens de um fator. A lógica por trás desse critério é que
qualquer fator individual deve conter a variância de pelo menos um único item do
questionário para ser retido e interpretado. Para tornar a interpretação dos fatores mais
simples e clara, foi aplicado o critério de rotação VARIMAX, que consiste na simplificação
das colunas da matriz fatorial. A partir desta interpretação, os fatores resultantes foram
nomeados.
A seguir, foram realizadas análises de confiabilidade, tanto para os Macroconstrutos
como para cada fator obtido no passo anterior, por meio do cálculo de seu coeficiente Alpha
de Cronbach, que é uma estimativa da correlação entre os valores obtidos por novas
aplicações do teste, com o mesmo número de itens (Carmines & Zeller apud Nogueira, 1999).
Segundo Hair et al., valores acima de 0,7 são apropriados, porém, para estudos exploratórios,
valores acima de 0,6 são aceitáveis. Para operacionalização deste procedimento, foi utilizado
o procedimento RELIABILITY do pacote estatístico SPSS.
Após a redução dos itens do questionário em fatores, foi feita uma análise de
conglomerados (Cluster Analysis, por meio do procedimento CLUSTER do SPSS), a partir de
um procedimento aglomerativo hierárquico utilizando o método Ward.
A seguir foi operacionalizado o teste da Hipótese 1, com uma análise de variância
multivariada (por meio do procedimento MANOVA do pacote estatístico SPSS), utilizando
como variável independente, de nível de mensuração nominal, o conglomerado (cluster) e
como variáveis dependentes os fatores obtidos nas diversas análises fatoriais realizadas para
os Macroconstrutos da pesquisa. O procedimento permite o teste multivariado da diferença de
médias para o conjunto de fatores nos conglomerados, realizados através dos testes de Pillais,
Hottelings e Wilks, cujos valores são convertidos aproximadamente para a estatística F, com a
imediata verificação de seu nível de significância, de acordo com Hair et al. (1998). Com o
objetivo de verificar a significância da diferença da média de cada fator para os clusters,
92
foram realizados testes F univariados, operacionalizados pelo procedimento MANOVA do
pacote estatístico SPSS.
Para testar a hipótese 2, a pesquisa fez o recomendado por Hair et al. (1998): realizar
uma análise discriminante multivariada, com o intuito de classificar os casos nos
conglomerados a partir dos fatores resultantes das análises fatoriais. A rejeição de H0,2 se deu
a partir do nível de significância obtido para o coeficiente Lambda de Wilks das funções
discriminantes. Adicionalmente, observou-se o percentual de casos originais corretamente
classificados pelas funções. Ambas as etapas foram operacionalizadas pelo procedimento
computacional DISCRIMINANT do pacote estatístico SPSS.
De acordo com Hair et al. (1998), a situação ideal seria poder usar o método
conhecido como divisão de amostra ou validação cruzada, para realizar a validação das
funções discriminantes. Neste método, a amostra de respondentes é dividida aleatoriamente
em dois subgrupos. Um destes subgrupos, a amostra de análise, é utilizada para estimar as
funções discriminantes, enquanto o segundo subgrupo, a amostra de holdout, é utilizada para
testar as funções obtidas a partir do primeiro grupo. Entretanto, em função do número
reduzido de respondentes, o emprego deste método não se justifica. Neste caso, os autores
sugerem que as funções sejam estimadas a partir da amostra completa, e que posteriormente,
sejam utilizadas para classificar o mesmo grupo de respondentes utilizados na sua estimação.
Com o objetivo de compreender e nomear o perfil de cada conglomerado, foi utilizada
a técnica de análise de correspondência - que permite a redução dimensiona l dos fatores e dos
aglomerados obtidos a um gráfico contendo apenas duas dimensões.
Por fim, foram testadas as hipóteses 3 a 23 (H0,3 a H0,23), por meio de análises de
correlações de Pearson, utilizando o procedimento CORRELATION do pacote estatístico
SPSS.
93
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados aqui apresentados foram obtidos por meio de análise estatística das
respostas aos questionários enviados aos principais executivos das agências de viagens e
turismo do Brasil.
IV.1 - DADOS DEMOGRÁFICOS DOS RESPONDENTES
Os dados apresentados nesta seção representam o perfil das empresas participantes da
pesquisa de acordo com variáveis demográficas básicas e algumas específicas do setor. Como
a maioria dos respondentes não completou todas as questões demográficas do questionário, o
número de respondentes varia para cada aspecto apresentado.
As possíveis segmentações foram definidas com base na literatura disponível sobre o
setor e nas entrevistas realizadas com profissionais que atuam em diversas áreas da indústria
de viagens e turismo, uma vez que não foram encontradas pesquisas que apresentassem
segmentações por atividade, porte ou outras variáveis para todo o universo pesquisado de
agências de viagens e turismo associadas à ABAV.
Como não foram encontradas bases de comparação no setor, as variáveis
“faturamento” e “número de empregados” foram divididas em três segmentos representando
um terço da amostra cada.
As empresas respondentes tiveram um faturamento anual total de R$ 756,6 milhões,
sendo que a média de faturamento por empresa situou-se na faixa de R$ 21,6 milhões. O
quadro 4.1.8.1 apresenta as empresas classificadas em tercis de acordo com o seu
faturamento.
Porte R$ (mil)
Pequeno Abaixo de 250
Médio Entre 250 e 2.500
Grande Acima de 2.500.000
Quadro 4.1.1 – Classificação dos respondentes por faixa de faturamento (35 empresas).
As empresas respondentes empregam 1.430 funcionários. O número de funcionários
das empresas respondentes varia entre 2 e 800 empregados, sendo que a média ficou em 34,9
94
empregados por empresa.. O quadro 4.1.8.2 apresenta as empresas classificadas em tercis de
acordo com o número de funcionários.
Porte Número de funcionários Pequeno Menos de 4 Médio Entre 5 e 8 Grande Mais de 8
Quadro 4.1.2 – Classificação dos respondentes por faixa do número de funcionários (41 empresas).
A grande maioria dos respondentes caracteriza-se como empresas pequenas e médias,
sendo que 67% apresentaram faturamento de até R$ 2,5 milhões por ano, bem como dois
terços possuem menos de nove empregados.
Conforme pode ser observado na figura 4.1.8.1, há um equilíbrio entre o foco no lazer
(consumidor final), principal mercado para 47 % dos respondentes, e no mercado de contas
corporativas, mercado predominante para 44 % das empresas, o que confirma a tendência
evidenciada pela literatura de crescimento da importância do mercado de viagens
corporativas.
Contas Corporativas44%
Lazer47%
Programas de Intercâmbio
3%
Outros3% Congressos, Feiras
e Eventos3%
Figura 4.1.1 – Respondentes por mercado predominante (40 empresas).
“Outros” inclui Programas de Intercâmbio e Viagens Enológicas.
Expressivos 73% das empresas atuam no segmento de emissão, apenas 9% no
segmento de operadoras e 7% como agências de receptivo. Considerando que, dos 11 % das
agências que responderam “Outros” (combinações de agência de emissivo com receptivo e
operadora, e agência de viagem com frota própria.), todas realizam o negócio de emissão em
conjunto com outra atividade (operação, recepção de turistas ou mesmo operação de frota
própria), esse número de agências de viagens de emissão atinge 84% dos respondentes.
95
Agência de Receptivo
7%
Agência de Viagens - Emissivo
73%
Operadora9%
Outros11%
Figura 4.1.2 – Respondentes por segmento de atuação - oferta (45 empresas).
Poucas empresas buscam se concentrar em algum nicho de especialização como
sugerido por Buhalis & Licata (2002). A maior parte continua vendendo todo tipo de produto
ou serviço de viagem (57%) ou com foco no tradicional mercado corporativo (27%).
Considerando viagens de negócio como uma atividade tradicional das agências e o fato de que
dos 5 % de empresas que responderam “Outros”, todas possuem atividades consideradas
tradicionais para o setor (como o turismo receptivo e atuação com grupos de viagens) apenas
11 % das empresas afirmam atuar em algum nicho específico.
Nenhum Segmento Específico
57%
Viagens de Negócios
27%
Turismo Enológico
2%Turismo Cultural
2%
Turismo Ecológico
5%
Intercambio de Estudantes
2%
Outros5%
Figura 4.1.3 – Respondentes por nicho de especialização de mercado (41 empresas).
O posicionamento estratégico mais adotado pelos respondentes (63%) é a solução total
dos problemas dos clientes por meio da integração de produtos e serviços de outras empresas.
Entre os demais respondentes, 15% procuram se diferenciar oferecendo serviços ou produtos
superiores aos de seus concorrentes e outros 15 % pretendem travar o relacionamento com
seus clientes através de contratos ou de soluções criativas que aumentem os custos de
mudança de seus clientes para os concorrentes, configurando o conceito de lock-in sugerido
96
por Shapiro & Varian (1999). Apenas 7% dos respondentes adotam uma estratégia de
liderança em custo, buscando eficiência operacional e menores custos para oferecer preços
mais competitivos ou ganhos de rentabilidade.
Liderança em Custo
7%
Diferenciação15%
Soluções para os Clientes
63%
Lock-in15%
Figura 4.1.4 – Respondentes por posicionamento estratégico predominante (41 empresas).
O comissionamento pela venda de produtos e serviços de terceiros ainda configura-se
como a principal fonte de remuneração para 93% das empresas respondentes. Poucas são as
empresas que visualizam o seu negócio como uma prestação de serviços do tipo conselheiro
ou consultor de viagens, cobrando taxas pelos serviços prestados.
Taxa 7%
Comissionamento 93%
Figura 4.1.5 – Respondentes por modelo de receita (41 empresas).
O desenvolvimento das ferramentas de CRM nas empresas pesquisadas foi
predominantemente feito internamente (64%). Isto pode indicar um desconhecimento por
parte das agências de viagem e turismo a respeito dos pacotes de CRM disponíveis no
mercado, ou ainda que estes pacotes não atendem às necessidades específicas do setor de
agências de viagem e turismo e/ou os preços praticados pelos fornecedores destas soluções
97
ainda encontra-se fora da possibilidade da maioria das empresas do setor. Seria interessante
que novas pesquisas procurassem entender este fenômeno com mais detalhes.
Interno64%
Externo36%
Figura 4.1.6 – Respondentes por forma de desenvolvimento CRM (39 empresas).
A maioria das empresas estudadas realiza pesquisas de satisfação com seus clientes
(63%).
Sim63%
Não37%
Figura 4.1.7 – Respondentes por realização de pesquisa de satisfação (41 empresas).
A maioria das empresas pesquisadas possui menos de 2 anos de experiência com CRM
(68%), sendo que 34% possuem menos de 1 ano ou nenhuma experiência com CRM. Estes
resultados demonstram que a gestão do relacionamento com o cliente (CRM) ainda é uma
prática bastante incipiente no setor de agências de viagem e turismo. Este resultado evidencia
o potencial que o domínio desta prática ainda pode trazer para as empresas do setor nos
próximos anos.
98
0-1 ano34%
1-2 anos34%
2-5 anos32%
Figura 4.1.8 – Respondentes por tempo de experiência com CRM (38 empresas).
A grande maioria (81%) dos respondentes ocupa cargos de alto escalão como diretor,
presidente ou sócio, e situam-se no eixo Rio - São Paulo (66%).
Diretor40%
Socio29%
Presidente12%
Gerente12%
Outros7%
Figura 4.1.9 – Cargo dos respondentes (41 empresas).
“Outros” inclui Assistente de Marketing, Agente de Viagem e Administrativo.
AC2%
BA2%
CE2%
DF2%ES
2%MG9%
MS7%
PR4%
RJ37%
SC4%
SP29%
Figura 4.1.10– Respondentes por Unidade da Federação (42 empresas).
99
Todos estes resultados indicam que poucas são as empresas que buscam inovar e criar
novos modelos de negócio para enfrentar os desafios existentes no mercado, como sugerido
por Buhalis & Licata (2002). A maioria das empresas ainda vê no modelo de
comissionamento uma fonte de sobrevivência no médio prazo, menosprezando o potencial de
impacto da Internet e dos novos modelos de negócio baseados em relacionamento na estrutura
da indústria de viagens e turismo.
100
IV.2 – ANÁLISE DOS MACROCONSTRUTOS
Foram feitas as análises descritivas, fatoriais e de confiabilidade para cada
Macroconstructo criado a partir da revisão bibliográfica. Os resultados são apresentados em
um quadro padrão contendo:
- Informações descritivas: uma descrição sucinta de cada item do questionário, a
média aritmética e o desvio padrão de cada item, a carga fatorial dos itens em
cada fator obtido e a comunalidade de cada item.
- Análise fatorial: o autovalor de cada um dos fatores obtidos e o percentual da
variância explicada pelo fator.
- Análise de confiabilidade: o coeficiente de confiabilidade Alpha de Cronbach para
cada fator e para o Macroconstruto como um todo, a significância estatística para
o teste de esfericidade de Bartlett, a medida de adequação da amostra (KMO) para
o Macroconstruto e o percentual da variância total explicado pelo conjunto dos
fatores obtidos para o Macroconstruto.
101
4.2.1 Processo de Planejamento e Controle
Fatores Descrição Média d.p. 1 2 3 4
Comunalidade
Projetos - padronizados e comparáveis 4,20 1,33 0,773 0,830 Projetos - estimativas claras de valores 4,62 1,19 0,757 0,792
Projetos - responsável identificado 4,73 1,25 0,726 0,436 0,794
Projetos - critérios definidos avaliam término 4,27 1,14 0,696 0,747
Avaliação por benefícios aos clientes 4,40 1,25 0,653 0,586
Projetos - avaliação formal periódica 3,89 1,42 0,648 0,455 0,739 Competência em técnicas de gestão 4,84 0,95 0,863 0,787
Competência em Liderança 5,00 0,95 0,817 0,812
Competência em TI 4,73 1,03 0,708 0,616
Comunicação clara de objetivos e estratégias 4,89 1,03 0,893 0,926
Ações para objetivos bem explicitadas 4,56 1,04 0,413 0,765 0,823 Missão e objetivos formulados 5,00 0,83 0,729 0,724
Avaliação por benefícios financeiros 4,96 0,98 0,855 0,813
Avaliação por aprendizado e inovação 4,91 0,97 0,722 0,719
Avaliação por eficiência de processos 4,89 0,96 0,519 0,685 0,847
Objetivos refletem todos os stakeholders 5,04 0,85 0,463 0,545 0,562 0,831
Autovalor 4,01 2,81 2,78 2,78 Variância Explicada por Fator 25,1% 17,5% 17,4% 17,4% Alpha de Cronbach por Fator 0,919 0,809 0,876 0,881
Alpha para o Macroconstruto 0,937
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,826
Variância Explicada 77,4%
Quadro 4.2.1 – Resultados primários para o Processo de Planejamento
ANÁLISE DESCRITIVA
As médias mais altas obtidas na análise descritiva para o Macroconstruto de
Planejamento e Controle nos levam a crer que existe uma formulação clara da missão e dos
objetivos das agências, de forma a levar em consideração os interesses de todos os
envolvidos. Além disso, a implementação dos projetos de investimento parece estar sob
responsabilidade de pessoas com competência e experiência em liderança de equipes, e os
projetos de investimento tendem a ser avaliados principalmente pelos benefícios financeiros e
pelo grau de inovação e aprendizado.
As médias mais baixas parecem indicar um foco menor na formalização e gerência dos
projetos de investimento, não sendo tão comuns as avaliações periódicas formais dos projetos,
a padronização dos projetos e critérios definidos de término.
As médias aritméticas aproximam-se bastante dos resultados obtidos por Nogueira
(1999) em sua pesquisa em bancos, e por Terra (2003) em sua pesquisa em seguradoras.
102
Deccax (2004), em sua pesquisa no setor de petróleo e gás, também encontrou resultados
parecidos, porém com médias superiores.
Comparando estes resultados com as pesquisas feitas nos setores de bancos,
seguradoras e petróleo e gás, verifica-se que as agências obtiveram média maior para o item
“Comunicação clara de estratégia e objetivos”. Isto pode ser um reflexo do porte das empresas
do setor, notoriamente menores do que as empresas estudadas por Nogueira (1999), Terra
(2003) e Deccax (2004). Também foram maiores do que nos setores de bancos e seguradoras
as médias dos itens “Competência em Liderança” e “Projetos – avaliação formal periódica”,
apesar deste último possuir a menor média desta pesquisa neste Macroconstruto.
Em relação à pesquisa no setor de petróleo e gás, as agências de viagens e turismo
apresentam médias menores em quase todos os itens. Em relação aos bancos e seguradoras, as
agências apresentam média menor no item “Competência em TI”. EM relação unicamente
aos bancos, os itens “Competência em Técnicas de Gestão” e “Projetos – responsável
identificado” também possuem médias menores.
Os desvios padrão estão próximos aos obtidos nos setores em bancos e seguradoras e
maiores que os obtidos em empresas de petróleo e gás. Os valores obtidos podem ser
considerados de baixos a moderados, indicando uma homogeneidade nas práticas
referenciadas neste Macroconstruto no conjunto de empresas estudado.
De forma geral, as agências de viagens e turismo estabelecem um processo de
planejamento bem estruturado, existindo ainda oportunidades de aperfeiçoamento nos
processos de gerência e controle de projetos. Este resultado é similar ao encontrado nas
aplicações anteriores deste instrumento de pesquisa, as quais identificaram que os processos
de controle da implementação dos projetos são percebidos como menos presentes nas
empresas do que os processos de planejamento.
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,826, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada pelos quatro
fatores fo i de 77,4%. Os fatores obtidos foram nomeados, de acordo com os conceitos
retratados por cada item componente, resultando na seguinte classificação:
103
Ø Fator 1 – nomeado de Formalização, uma vez que os itens que mais deram carga neste
fator foram aqueles relacionados com a formalização dos aspectos que compõem os
projetos de investimento, incluindo a padronização e comparação, estimativa de valor,
definição de responsável e de marco final.
Ø Fator 2 – nomeado de Competências, uma vez que os itens com maior carga neste fator
foram os relacionados às competências em técnicas de gestão, liderança e TI.
Ø Fator 3 – nomeado de Planejamento, uma vez que as maiores cargas neste fator foram
dos itens relacionados à comunicação dos objetivos, explicitação das ações e formulação
clara da missão e dos objetivos.
Ø Fator 4 – nomeado de Controle, uma vez que os itens com maior carga neste fator foram
os relacionados às avaliações por benefícios financeiros, por inovação e aprendizado e por
eficiência de processos.
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,937 para o Macroconstruto e de 0,919, 0,809, 0,876 e 0,881 para cada um dos
fatores obtidos, indicando uma confiabilidade adequada.
104
4.2.2 Direcionamento de Recursos Humanos
Fatores Descrição Média d.p. 1 2
Comunalidade
Incentiva postura criativa e empreendedora 4,87 1,01 0,849 0,756
Liderança para alcançar visão de futuro 4,76 1,03 0,778 0,666
Cultura de desafio 4,60 1,05 0,728 0,576
Erros vistos como parte do aprendizado 4,78 0,90 0,723 0,526
Recruta e seleciona criativo e empreendedor 4,93 0,84 0,659 0,520
Promove aprendizado e troca de experiências 4,80 1,04 0,634 0,427 0,583
Investe em desenvolvimento de RH 4,76 1,00 0,539 0,464 0,506
Profissionais capacitados a enfrentar desafios 4,49 0,94 0,851 0,782
Remuneração associada a resultados 4,56 1,29 0,759 0,583
Profissionais buscam autodesenvolvimento 4,67 0,95 0,561 0,580 0,651
Autovalor 3,89 2,26
Variância Explicada por Fator 38,9% 22,6%
Alpha de Cronbach por Fator 0,875 0,721
Alpha para o Macroconstruto 0,884
Bartlett – Sig. 0,000
KMO 0,816
Variância Explicada 61,5%
Quadro 4.2.2 – Resultados primários para o Direcionamento de Recursos Humanos
ANÁLISE DESCRITIVA
Todos os itens deste Macroconstruto obtiveram valores considerados entre médio e
altos (médias entre 4,49 e 4,93) e boa homogeneidade, com desvios padrão variando entre
0,84 e 1,28.
Os valores médios obtidos nesta pesquisa foram, em geral, superiores aos obtidos nos
setores de bancos, seguradoras e petróleo e gás para este Macroconstruto.
Os itens referentes às características de inovação e criatividade - envolvendo desde o
recrutamento e seleção de pessoas com perfil criativo e empreendedor, o incentivo à postura
criativa e empreendedora, a promoção do aprendizado e troca de experiências, e o
entendimento de que erros fazem parte do processo de aprendizado - obtiveram as maiores
médias desta pesquisa, contrastando com as pesquisas em bancos e seguradoras, onde estes
itens constaram entre os de menor média.
As menores médias foram obtidas pelos itens “Profissionais capacitados a enfrentar
desafios”, “Remuneração associada a resultados”, “Cultura de desafio” e “Profissionais
105
buscam autodesenvolvimento”. Entretanto, estes valores ainda assim são, em geral, iguais ou
superiores aos obtidos nos setores de bancos, seguradoras e petróleo e gás.
Os valores médios obtidos pelos itens que remetem à performance individual dos
funcionários, como a capacitação e motivação dos recursos humanos, foram ligeiramente
menores do que os valores obtidos pelos itens referentes a inovação e criatividade. Porém
estas diferenças não são significantes a ponto de permitir afirmar que é preocupante a situação
atual de investimento na capacitação dos recursos humanos pelas agências de viagens e
turismo, pois, em geral, todos os valores obtidos são altos.
A falta de foco em resultados e a deficiência na busca por desempenho individual vêm
se repetindo com alguma regularidade nos setores estudados pela linha de pesquisa. Seria
interessante realizar estudos mais aprofundados para verificar quais as principais causas desta
deficiência, se a cultura brasileira exerce influência sobre esse comportamento e em que
intensidade.
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,816, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois
fatores foi de 61,5%. Os fatores obtidos foram nomeados, de acordo com os conceitos
retratados por cada item componente, resultando na seguinte classificação:
Ø Fator 1 – nomeado Direcionamento, já que os itens de maior carga foram os
relacionados com a inovação, aprendizado, empreendedorismo e cultura de desafio.
Ø Fator 2 – nomeado Performance, uma vez que os itens de maior carga foram os
relacionados à capacidade de enfrentar desafios, a remuneração associada a resultados e a
busca por autodesenvolvimento.
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,884 para o Macroconstruto e de 0,875 e 0,721 para cada um dos fatores
obtidos, indicando uma confiabilidade adequada.
106
4.2.3. Direcionamento para o Futuro
Fatores Descrição Média d.p. 1 2 3
Comunalidade
Sucesso futuro independe do cenário 3,33 1,65 0,787 0,654
Visão refletida em ações de curto prazo 4,60 1,10 0,721 0,630
Conhece competências 4,71 0,99 0,655 0,596
Busca novos clientes para serviços 4,89 0,96 0,592 0,401 0,562
Experimentação contínua 3,64 1,57 0,583 -0,459 0,657
Desenvolve novos serviços 4,07 1,36 0,906 0,823
Reconhecida como Inovadora 4,24 1,26 0,788 0,745
Desenvolve novas formas de oferecer serviços 4,78 0,97 0,519 0,537 0,583
Estratégia envolve todos os executivos 5,00 0,95 0,767 0,623
Novos serviços através de parcerias 4,53 1,46 0,736 0,656
Acompanha sistematicamente o ambiente 4,76 0,86 0,504 0,596 0,667
Autovalor 2,95 2,31 1,94
Variância Explicada por Fator 26,8% 21,0% 17,6%
Alpha de Cronbach por Fator 0,744 0,769 0,642
Alpha para o Macroconstruto 0,797
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,761
Variância Explicada 65,4%
Quadro 4.2.3 – Resultados primários para o Direcionamento para o Futuro.
ANÁLISE DESCRITIVA
Os itens que obtiveram maior média entre as agências de viagens são também os que
apresentam os menores desvios padrão. Isto indica que as empresas pesquisadas têm como
característica comum envolver todos os executivos na articulação da estratégia, e que esta
geralmente possui como ponto focal a potencialização da oferta de serviços que a empresa já
oferece, e por conseqüência, uma menor ênfase na criação e desenvolvimento de novos
serviços. Estas empresas também parecem conhecer bem suas competências essenciais e
buscam monitorar os ambientes político- legal, econômico-social e tecnológico, buscando
oportunidades e sinais de ameaças ao negócio.
Os itens “Visão refletida em ações de curto prazo” e “Novos serviços através de
parcerias” obtiveram médias com valores de intermediários para altos, contrastando com as
médias mais baixas e desvios padrão mais altos para os itens “Sucesso futuro independe do
cenário”, “Experimentação contínua” e “Desenvolve novos serviços”. Estes resultados
parecem indicar que as empresas, apesar de buscarem agir no curto prazo e de realizar
parcerias para oferta de novos serviços, não acreditam que tenham formulado estratégias
107
robustas o suficiente para prosperar independentemente das possíveis mudanças no ambiente.
Os resultados podem indicar também que as empresas estudadas têm encontrado dificuldade
em criar experimentos de baixo custo, a partir do monitoramento do ambiente, para melhor
avaliar novos produtos e serviços que têm potencial para ampliar sua oferta ou mesmo muda-
la significativamente.
Uma vez que o instrumento teve o Macroconstruto de Direcionamento para o Futuro
alterado com base na atualização da literatura sobre o tema e em entrevistas de validação com
executivos de empresas do setor pesquisado, perde-se a possibilidade de uma comparação
item a item com aplicações anteriores da linha de pesquisa.
Entretanto, de maneira geral, as médias e desvios padrão se comportam de forma
muito parecida com as obtidas no setor de bancos por Nogueira(1999). Os valores obtidos
indicam certa heterogeneidade entre os respondentes, principalmente se comparados aos
obtidos por Deccax (2004) em empresas de petróleo e gás, cujas médias foram maiores e os
desvios padrão menores.
ANÁLISE FATORIAL
Os itens “Futuro radicalmente diferente”, “Executivos dedicados à estratégia” e
“Continuamente desenvolvendo capacitações” foram descartados por apresentar MSA baixo
na análise fatorial.
As medidas obtidas para o KMO, de 0,761, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada pelos três
fatores foi de 65,4%. Os fatores obtidos foram nomeados, de acordo com os conceitos
retratados por cada item componente, resultando na seguinte classificação:
Ø Fator 1 – nomeado como Implementação, uma vez que os itens de maior carga foram os
relacionados com a implementação de opções independentes do futuro ocorrido, visão
refletida nas ações de curto prazo, conhece competências, busca novos clientes e
experimentação contínua;
Ø Fator 2 – nomeado como Inovação, já que os itens com maiores cargas foram os
relacionados ao desenvolvimento de novos serviços, o reconhecimento como inovadora e
o desenvolvimento de novas formas de ofertar os serviços;
108
Ø Fator 3 – nomeado como Formulação, uma vez que os itens de maior carga foram os
relacionados ao envolvimento de todos os executivos na estratégia, às parcerias para
novos serviços e ao acompanhamento sistemático do ambiente.
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,797 para o Macroconstruto e de 0,744, 0,769 e 0,642 para cada um dos fatores
obtidos, indicando uma confiabilidade adequada.
109
4.2.4 Administração de Dados
Fatores Descrição Média d.p. 1
Comunalidade
Modelo de dados único 4,40 1,23 0,894 0,798
Padronização de dados 4,71 0,92 0,812 0,659
Transações em tempo real 4,33 1,62 0,701 0,491
Banco de dados único 4,42 1,49 0,701 0,491
Autovalor 2,44
Variância Explicada por Fator 61,0%
Alpha de Cronbach por Fator 0,754
Alpha para o Macroconstruto 0,754
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,610
Variância Explicada 61,0%
Quadro 4.2.4 – Resultados primários para Administração de Dados
ANÁLISE DESCRITIVA
A maior média e também o menor desvio padrão foi obtida pelo item “Padronização
de dados”, indicando que as empresas pesquisadas têm como característica comum armazenar
informações com nomes e formatos comuns. Também foram obtidos valores médios a altos
para os itens “Banco de dados único” e “Modelo de dados único”. Os três itens apresentam
desvios padrão superiores aos dos Macroconstrutos anteriores, o que indica que as agências de
viagens diferem bastante entre si na maneira como administram seus dados.
Os resultados sugerem um cenário heterogêneo com uma tendência para a
padronização e integração dos dados, apesar de, em geral, não existir um departamento ou
função formal de AD nas empresas pesquisadas. Pesquisas futuras poderiam explorar de
forma mais aprofundada os fatores que realmente contribuem para o bom grau de
padronização e integração dos dados nas agências de viagens e turismo.
A exemplo do Macroconstruto “Direcionamento para o Futuro”, o Macroconstruto
“Administração de Dados” também teve seu instrumento alterado. Em função do porte das
empresas do setor estudado ser, em geral, pequeno, foram mantidos apenas itens que conotam
a administração de dados de forma mais ampla e genérica, eliminando-se questões técnicas
específicas de um departamento de administração de dados.
110
De forma geral, as médias obtidas tiveram valores de intermediárias a altos,
aproximando-se muito às obtidas no setor de seguradoras por Terra (2003), com exceção do
item “Transações em tempo real” que obteve média inferior e desvio padrão mais alto.
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,610, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada foi de
61,0%. Todos os itens do Macroconstruto foram classificados como um único fator,
denominado:
Ø Fator 1 – Administração de Dados.
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,754 para o Macroconstruto, indicando uma confiabilidade adequada.
111
4.2.5. Planejamento do Relacionamento com o Cliente
Fatores Descrição Média d.p. 1
Comunalidade
Necessidade de padronização do relacionamento 5,09 0,900 0,918 0,709
Estratégia considerou ameaças e oportunidades 4,27 1,286 0,891 0,794
Plano completo e detalhado 3,73 1,355 0,885 0,617
Envolve todos os principais executivos 4,20 1,575 0,881 0,775
Considerou impacto na cultura da empresa 4,07 1,543 0,880 0,776
Foco nas necessidades dos clientes 4,51 1,456 0,870 0,783
Estabelece objetivos, prazos e metas 3,71 1,471 0,865 0,842
Define responsáveis por metas 3,78 1,412 0,851 0,694
Contempla treinamento de atendimento 4,20 1,440 0,842 0,757
Contempla treinamento de gerentes 4,09 1,395 0,833 0,748
Novo modelo de avaliação e desempenho 3,44 1,546 0,785 0,724
Escolha criteriosa para aquisição ou desenvolvimento 3,42 1,602 0,760 0,577
Integração com sistemas existentes 3,49 1,590 0,918 0,709
Autovalor 8,80
Variância Explicada por Fator 73,3%
Alpha de Cronbach por Fator 0,966
Alpha para o Macroconstruto 0,966
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,868
Variância Ex plicada 73,3%
Quadro 4.2.5 – Resultados primários para o Planejamento do Relacionamento com o Cliente.
ANÁLISE DESCRITIVA
O item “Necessidade de padronização do relacionamento” obteve média bem maior
que os demais itens e também o menor desvio padrão, demonstrando que, de forma geral, as
agências de viagem e turismo percebem a importância da padronização do relacionamento
com os clientes, porém ainda se encontram em estado incipiente no planejamento das ações de
CRM.
Foram obtidos valores intermediários para os itens “Foco nas necessidades dos
clientes”, “Estratégia considerou ameaças e oportunidades”, “Contempla treinamento de
atendimento”, “Contempla treinamento de gerentes” e “Considerou impacto na cultura da
empresa”, indicando que as empresas pesquisadas estão relativamente atentas aos principais
pontos estratégicos de um plano de gestão do relacionamento com o cliente (CRM).
Entretanto, os baixos valores obtidos nos itens “Escolha criteriosa para aquisição ou
desenvolvimento”, “Novo modelo de avaliação e desempenho”, “Integração com sistemas
existentes”, “Estabelece objetivos, prazos e metas”, “Plano completo e detalhado” e “Define
112
responsáveis por metas” indicam que as empresas pesquisadas ainda estão em um estágio
muito incipiente nas questões de formalização e detalhamento do plano de relacionamento
com o cliente.
Também para este Macroconstruto perdeu-se a possibilidade de uma comparação item
a item com aplicações anteriores da linha de pesquisa, uma vez que o instrumento teve os
Macroconstutos relacionados a gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) alterados,
com base na atualização da literatura sobre o tema e em entrevistas de validação com
executivos de empresas do setor pesquisado.
Entretanto, de maneira geral, as médias obtidas para o Macroconstruto de
Planejamento do Relacionamento com o Cliente nesta pesquisa estão consideravelmente
maiores dos que as obtidas na pesquisa em seguradoras feita por Terra (2003). Estes
resultados devem ser interpretados com cautela, pois não garantem que as agências de viagem
e turismo planejem de forma mais embasada suas ações de relacionamento com o cliente. É
possível, inclusive, que estes resultados sejam conseqüência de um menor conhecimento dos
respondentes das agências de viagem e turismo em relação à complexidade dos conceitos
abordados e a conseqüente super-estimativa das respostas.
Os valores obtidos de desvios padrão indicam certa heterogeneidade entre os
respondentes, porém estes valores foram inferiores aos obtidos na pesquisa em seguradoras
feita por Terra (2003).
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,868, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada pelo fator foi
de 73,3%. Todos os itens do Macroconstruto foram classificados como um único fator,
denominado:
Ø Fator 1 – Planejamento de CRM;
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,966 para o Macroconstruto, indicando uma confiabilidade adequada.
113
4.2.6. Abrangência da Aplicação do CRM
Fatores Descrição Média d.p. 1 2
Comunalidade
Captura Informações em todos os pontos de contato 4,47 1,120 0,820 0,498
Disponibiliza histórico de contatos e transações 4,20 1,325 0,811 0,710
Análise de vendas em tempo real 4,27 1,031 0,804 0,812
Análise de rentabilidade de produtos em tempo real 4,18 1,114 0,797 0,909
Análise de rentabilidade de clientes em tempo real 4,18 1,230 0,770 0,425 0,909
Segmentação de clientes perfil sócio-economico 3,89 1,434 0,734 0,743
Segmentação de clientes histórico de transação 4,02 1,406 0,698 0,506 0,783
Identificação de clientes para up-selling 4,16 1,331 0,659 0,774
Identificação de clientes para cross-selling 4,11 1,369 0,520 0,477 0,774
Identificação de churn 3,78 1,241 0,925 0,552
Identificação de clientes potenciais em bases de dados 3,64 1,384 0,904 0,569
Redefinição de produtos e serviços 4,24 1,282 0,862 0,787
Disponibiliza informações e ofertas nos pontos de contato 4,22 1,396 0,576 0,615 0,733
Customização do serviço durante transação 4,22 1,277 0,480 0,567 0,461
Autovalor 5,72 4,30
Variância Explicada por Fator 40,8% 30,7%
Alpha de Cronbach por Fator 0,937 0,913
Alpha para o Macroconstruto 0,951
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,811
Variância Explicada 71,5%
Quadro 4.2.6 – Resultados primários para a Abrangência do Relacionamento com o Cliente.
ANÁLISE DESCRITIVA
Os itens que obtiveram maior média entre as agências de viagens foram relacionados
com a captura de informações em todos os pontos de contato, a análise de vendas em tempo
real, a redefinição de produtos e serviços, a disponibilização de informações e ofertas nos
pontos de contato e a customização do serviço durante a transação, demonstrando que as
agências de viagem pesquisadas têm conseguido uma relativa eficiência na transformação das
informações coletadas das transações com os clientes em formas de estreitar o relacionamento
e atender o cliente de forma personalizada. Entretanto, os valores para o desvio-padrão destes
itens também foram altos, indicando que a heterogeneidade é alta na abrangência da aplicação
da gestão do relacionamento com o cliente.
Os baixos valores para os itens “Identificação de clientes potenciais em bases de
dados” e “Ident ificação de churn” indicam que as ações de atração e retenção de clientes das
agências de viagem e turismo pesquisadas ainda encontram-se incipientes, com muitas
114
dificuldades para identificar potenciais novos clientes em bases de dados de parceiros e
terceiros e promover ações de atração e captação, e também dificuldades em identificar os
clientes com maior potencial de deixar de fazer negócios com a empresa (churn).
Com base na atualização da literatura sobre o tema e em entrevistas de validação com
executivos de empresas do setor pesquisado, o instrumento teve os Macroconstrutos
relacionados a gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) alterados, perdendo-se assim
a possibilidade de uma comparação item a item com aplicações anteriores da linha de
pesquisa.
Entretanto, de maneira geral, as médias obtidas para o Macroconstruto de Abrangência
do Relacionamento com o Cliente nesta pesquisa estão consideravelmente maiores dos que as
obtidas na pesquisa em seguradoras feita por Terra (2003). Estes resultados devem ser
interpretados com cautela, pois não garantem que as agências de viagem e turismo
implementam ações de relacionamento de forma mais abrangente do que as seguradoras. É
possível, inclusive, que estes resultados sejam conseqüência de um menor conhecimento dos
respondentes das agências de viagem e turismo em relação à complexidade dos conceitos
abordados e a conseqüente super-estimativa das respostas.
Os valores de desvios-padrão obtidos indicam heterogeneidade moderada entre os
respondentes, porém estes valores foram inferiores aos obtidos na pesquisa em seguradoras
feita por Terra (2003).
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,811, e de significância no teste de esfericidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois
fatores foi de 71,5%. Os fatores obtidos foram nomeados, de acordo com os conceitos
retratados por cada item componente, resultando na seguinte classificação:
Ø Fator 1 – Ação de Marketing, uma vez que os itens de maior carga são os referentes à
captura das informações nos pontos de contato para disponibilização do histórico, análises
de vendas e rentabilidade, segmentações e identificação de ações de marketing como cross
e upselling;
115
Ø Fator 2 – Monitoramento de Performance, já que os itens que mais deram carga foram
os referentes à identificação de churn e clientes em bases de dados, e redefinição de
produtos e serviços;
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,951 para o Macroconstruto e de 0,937, 0,913 para cada um dos fatores obtidos,
indicando uma confiabilidade adequada.
116
4.2.7. Resultados Obtidos com o CRM
Fatores Descrição Média d.p. 1
Comunalidade
Aumento de vendas 4,07 1,250 0,937 0,766
Aumento de rentabilidade 3,98 1,177 0,923 0,852
Aumento da base de clientes 4,13 1,272 0,890 0,879
Agilizar atendimento 4,51 1,058 0,875 0,721
Aumento da satisfação dos clientes 4,51 1,014 0,868 0,660
Aumento da retenção de clientes 4,33 1,108 0,849 0,754
Aumento de produtos por cliente 4,04 1,107 0,841 0,792
Aumento de retorno em campanhas de MKT 4,22 1,085 0,835 0,653
Redução de custos 3,93 1,250 0,813 0,576
Aumento da capacidade de inovação 4,18 1,029 0,808 0,698
Melhora desempenho financeiro 4,07 1,136 0,759 0,708
Autovalor 8,06
Variância Explicada por Fator 73,3%
Alpha de Cronbach por Fator 0,963
Alpha para o Macroconstruto 0,963
Bartlett - Sig. 0,000
KMO 0,870
Variância Explicada 73,3%
Quadro 4.2.7 – Resultados primários para o Resultado do Relacionamento com o Cliente.
ANÁLISE DESCRITIVA
Os itens que obtiveram maior média estão relacionados com a agilização do
atendimento e o aumento da satisfação dos clientes, caracterizando que a atual da gestão do
relacionamento com clientes nas agências de viagens e turismo estudadas tem um foco
predominante no CRM operacional, conforme descrito por Greenberg (2002). Foram obtidos
valores medianos para as características referentes ao CRM Analítico, como aumento de
produtos por cliente, aumento do retorno das campanhas de marketing e aumento da base de
clientes, e também para as caracterísitcas referentes ao CRM Colaborativo, como aumento da
capacidade de inovação.
Os itens com menores médias obtidas foram “redução de custos”, “aumento de
rentabilidade”, “aumento de vendas” e “melhora desempenho financeiro”, indicando que as
agências de viagens e turismo pesquisadas ainda encontram dificuldades em obter os
benefícios financeiros de uma gestão do relacionamento com os clientes eficiente. Es tes
resultados indicam que ainda existe muito espaço para melhoria de resultados da gestão do
relacionamento com os clientes nas agências de viagens e turismo pesquisadas, uma vez que
117
elas ainda estão muito focadas em questões operacionais como melhoria do atendimento e
satisfação dos clientes, e ainda precisam melhorar os resultados obtidos com as possibilidades
analíticas e de gestão financeira da gestão do relacionamento com os clientes.
Uma vez que o instrumento teve os Macroconstutos relacionados a gestão do
Relacionamento com o Cliente (CRM) alterados, com base na atualização da literatura sobre o
tema e em entrevistas de validação com executivos de empresas do setor pesquisado, perde-se
a possibilidade de uma comparação item a item com aplicações anteriores da linha de
pesquisa.
Entretanto, de maneira geral, as médias obtidas para o Macroconstruto de
Abrangência do Relacionamento com o Cliente nesta pesquisa estão consideravelmente
maiores dos que as obtidas na pesquisa em seguradoras feita por Terra (2003). Estes
resultados devem ser interpretados com cautela, pois não garantem que as agências de viagem
e turismo obtiveram melhores resultados com as ações de relacionamento do que as
seguradoras. É possível, inclusive, que estes resultados sejam conseqüência de um menor
conhecimento dos respondentes das agências de viagem e turismo em relação à complexidade
dos conceitos abordados e a conseqüente super-estimativa das respostas.
Os valores obtidos de desvios padrão, variando de a 1,014 a 1,272, indicam boa
homogeneidade entre os respondentes, sendo que estes valores foram consideravelmente
inferiores aos obtidos na pesquisa em seguradoras feita por Terra (2003).
ANÁLISE FATORIAL
As medidas obtidas para o KMO, de 0,870, e de significância no teste de esfe ricidade
de Bartlett de 0,000, indicam a adequação da análise. A variância total explicada foi de
65,4%.
Ø Fator 1 – Resultados do CRM;
ANÁLISE DE CONFIABILIDADE
A partir do procedimento RELIABILITY do SPSS foi obtido um coeficiente Alpha de
Cronbach de 0,963 para o Macroconstruto, indicando uma confiabilidade adequada.
118
4.2.8 Resumo
No quadro a seguir estão resumidos os resultados que permitiram reduzir os 77 itens
da pesquisa a 14 fatores. Todos os Macroconstrutos apresentaram confiabilidade adequada,
com valores para o coeficiente Alpha de Cronbach sempre superiores a 0,750, sendo que 5
dos 7 fatores apresentaram valores acima de 0,880 e 4 acima de 0,930.
Macroconstruto Itens Fatores KMO Bartlett Alpha
Planejamento e Controle 16 4 0,826 0,000 0,937
Direcionamento de Recursos Humanos 10 2 0,816 0,000 0,884
Direcionamento para o Futuro 11 3 0,761 0,000 0,797
Administração de Dados 4 1 0,610 0,000 0,754
Planejamento do Relacionamento com o Cliente 13 1 0,868 0,000 0,966
Abrangência do Relacionamento com o Cliente 14 2 0,811 0,000 0,951
Resultados Obtidos com o CRM 11 1 0,870 0,000 0,963 Quadro 4.2.8.1 – Resumo dos testes de confiabilidade para cada Macroconstruto.
119
IV.3 – TESTES DAS HIPÓTESES
4.3.1 Teste da Hipótese 1
ANÁLISE HIERÁRQUICA DE CONGLOMERADOS
As empresas da pesquisa foram agrupadas utilizando a análise hierárquica de
conglomerados (por meio do procedimento hierarchical cluster do pacote estatístico SPSS)
utilizando o método Ward, conforme descrito por Hair et al. (1998). A aglomeração foi feita
sobre os fatores extraídos dos itens do questionário, conforme detalhado nos itens 4.1.1 a
4.1.7. Os fatores resultantes foram normalizados por meio da conversão para valores-padrão Z
scores, evitando pesos excessivos para fatores com maior dispersão. Para verificar a
proximidade entre os casos foi utilizada a medida de distância quadrática euclidiana.
O dendograma da Figura 4.2.1.1 destaca os conglomerados homogêneos (clusters) de
número 1 (com 19 empresas), 2 (com 13 empresas) e 3 (com 13 empresas), obtidos através da
aglomeração dos casos.
120
C A S E 0 5 10 15 20 25 Label Num +---------+---------+---------+---------+---------+ Case 4 4 òø Case 16 16 òôòø Case 42 42 ò÷ ùòø Case 17 17 òûòú ó Case 25 25 ò÷ ó ùòòòø Case 31 31 òûò÷ ó ó Case 32 32 ò÷ ó ùòòòø Case 21 21 òòòòò÷ ó ó Case 5 5 òòòûòòòòò÷ ó Case 7 7 òòò÷ ó Case 19 19 òø ó Case 45 45 òú ùòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòø Case 20 20 òôòòòø ó ó Case 8 8 ò÷ ùòòòø ó ó Case 15 15 òø ó ó ó ó Case 18 18 òôòòò÷ ùòòòú ó Case 27 27 ò÷ ó ó ó Case 14 14 òòòòòòòòò÷ ó ó Case 1 1 òòòòòòòòòòòòò÷ ó Case 2 2 òûòø ó Case 10 10 ò÷ ùòòòø ó Case 35 35 òòò÷ ùòòòòòø ó Case 23 23 òòòòòòò÷ ó ó Case 3 3 òø ó ó Case 29 29 òú ó ó Case 41 41 òôòòòø ùòòòòòòòø ó Case 12 12 ò÷ ó ó ó ó Case 26 26 òø ùòòòòòø ó ó ó Case 30 30 òôòø ó ó ó ó ó Case 36 36 ò÷ ùò÷ ùò÷ ó ó Case 38 38 òòò÷ ó ó ó Case 39 39 òòòòòòòòòòò÷ ùòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòòò÷ Case 33 33 òûòòòø ó Case 34 34 ò÷ ùòòòø ó Case 44 44 òòòòò÷ ùòø ó Case 40 40 òòòòòòòòò÷ ùòòòòòø ó Case 22 22 òòòòòòòòòòò÷ ó ó Case 9 9 òòòûòø ùòòò÷ Case 43 43 òòò÷ ùòòòòòòòòòø ó Case 6 6 òòòòò÷ ùò÷ Case 11 11 òûòòòòòø ó Case 37 37 ò÷ ùòòòòòòò÷ Case 24 24 òòòòòø ó Case 28 28 òòòòòôò÷ Case 13 13 òòòòò÷
Figura 4.3.1.1 – Análise Hierárquica de Conglomerados pelo Método Ward.
1
2
3
121
VERIFICAÇÃO DA DIFERENÇA DAS MÉDIAS DOS FATORES NOS CONGLOMERADOS
Para verificar a significância estatística da diferença das médias dos escores fatoriais
obtidos nos itens 4.1.1 a 4.1.7, foram aplicados os testes de Pillais, Hottelings e Wilks por
meio do procedimento de análise de variância multivariada – MANOVA do SPSS, conforme
indicado por Hair et al. (1998).
Para todos os testes multivariados de significância realizados foi identificada a
diferença da média dos fatores nos conglomerados, sendo rejeitada, portanto, H0.
Teste Valor F g.l. Hip g.l. Erro Sig.
Pillais 1,46467 5,86283 28,00 60,00 0,000
Hotellings 6,68956 6,68956 28,00 56,00 0,000
Wilks ,06161 6,27415 28,00 58,00 0,000
Quadro 4.3.1.1 – Testes multivariados de significância.
Para complementar os testes multivariados feitos anteriormente, foi realizada uma
análise de variância para cada fator, por meio de testes F univariados utilizando o
procedimento ANOVA do SPSS. Como pode ser visto no quadro 4.3.1.2, 10 dos 14 fatores
apresentaram médias significativamente diferentes entre os agrupamentos.
Macroconstruto Fator F Sig.
PLAN Formalização 6,98737 0,002
PLAN Competências 9,65072 0,000
PLAN Planejamento 2,05161 0,141
PLAN Controle ,78762 0,462
RH Direcionamento 13,72822 0,000
RH Performance 1,19221 0,314
FUT Implementação 12,03767 0,000
FUT Inovação 17,25867 0,000
FUT Formulação 3,52730 0,038
AD Administração de Dados 2,32235 0,111
PLAN CRM Planejamento 15,11048 0,000
ABR CRM Ação de Marketing 8,66512 0,001
ABR CRM Monitoramento de performance 4,64786 0,015
RES CRM Resultados Obtidos com o CRM 8,79204 0,001
Quadro 4.3.1.2 – Testes F univariados
122
4.3.2 Teste da Hipótese 2
Para testar a segunda hipótese foi utilizada a técnica de análise discriminante
multivariada, como sugerido por Hair et al. (1998). O teste foi realizado por meio do
procedimento DISCRIMINANT do SPSS, onde foi possível verificar o percentual de casos
corretamente classificados pela aplicação das funções discriminantes.
O Quadro 4.3.2.1 apresenta o resumo da aná lise discriminante e o quadro
4.3.2.2 o teste da segunda hipótese.
Macroconstruto – Fator Conglomerado (Cluster)
1 2 3
PLAN – Formalização 0,528 -0,122 -0,650
PLAN – Competências 0,600 -0,160 -0,717
PLAN – Planejamento 0,273 0,038 -0,437
PLAN – Controle 0,220 -0,175 -0,146
RH – Direcionamento 0,476 0,271 -0,966
RH – Performance 0,226 -0,327 -0,004
FUT – Implementação 0,692 -0,608 -0,403
FUT – Inovação 0,421 0,427 -1,042
FUT – Formulação 0,313 -0,574 0,117
AD - Administração de Dados 0,199 0,198 -0,490
PLAN CRM – Planejamento 0,727 -0,330 -0,732
ESC CRM – Ação de Marketing 0,545 -0,055 -0,742
ESC CRM – Monitoramento de Performance 0,449 -0,555 -0,102
RES CRM – Resultados 0,579 -0,147 -0,698
Quadro 4.3.2.1 – Média dos fatores nos conglomerados.
Função Autovalor % Var.
% Acum. Correl. Canon.
Lambda Wilks
Chi-square
g.I. Sig.
1 4,971 74,3 74,3 ,912 ,062 98,938 28 0,000
2 1,718 25,7 100,0 ,795 ,368 35,502 13 0,001
Quadro 4.3.2.2 – Funções discriminantes e teste da segunda hipótese.
A hipótese nula H0,2 foi rejeitada pois ambas as funções apresentaram significância a
p<0,05. O quadro a seguir apresenta uma matriz de estrutura com a composição do escore
123
padronizado das funções discriminantes, onde é possível observar a carga de cada fator em
cada uma das funções resultantes da análise.
Macroconstruto - Fator Função
1 2
FUT - Inovação 0,394 -0,169
RH - Direcionamento 0,361 -0,066
P CRM - Planejamento 0,332 0,316
PLAN - Competências 0,285 0,182
ABR CRM - Ação de Marketing 0,280 0,117
RES CRM - Resultados 0,273 0,170
PLAN - Formalização 0,244 0,144
AD - Administração de Dados 0,145 -0,061
PLAN - Planejamento 0,140 0,022
FUT - Implementação 0,216 0,446
ABR CRM - Monitoramento de Performance 0,082 0,331
FUT - Formulação 0,008 0,312
RH - Performance 0,027 0,176
PLAN - Controle 0,060 0,107
Quadro 4.3.2.3 – Matriz de Estrutura.
As funções foram nomeadas de acordo com os fatores que a compõem:
Função 1 – Inovação e relacionamento, pois recebe carga dos fatores de Inovação,
Direcionamento de RH, Planejamento de CRM, Planejamento de competências, Ação de
Marketing, Formalização do Planejamento, Administração de Dados e Planejamento.
Função 2 – Foco em resultados, pois recebe carga dos fatores de Implementação do Futuro,
Monitoramento de Perfo rmance, Formulação do futuro, Performance de RH e Controle.
RESULTADOS DA APLICAÇÃO DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES
Quadro 4.3.2.4 - Resultados da classificação.
Resultados da Classificação a
18 1 0 190 13 0 130 0 13 13
94,7 5,3 ,0 100,0,0 100,0 ,0 100,0,0 ,0 100,0 100,0
Grupos - CRM123123
Count
%
Original1 2 3
Predicted Group MembershipTotal
97,8% of original grouped cases correctly classified.a.
124
44 das 45 empresas (97,8%) foram classificadas corretamente pelas funções
descriminantes, conforme pode ser visto no quadro 4.2.2.4. Este resultado confirma a
viabilidade e a adequação da utilização dos fatores que compõem os Macroconstrutos
propostos nesta pesquisa para classificar as agências de viagens pesquisadas.
Função 1 - Inovação e Relacionamento
6420-2-4-6
Fun
ção
2 -
Foc
o em
res
ulta
dos
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
3
2
1
Figura 4.3.2.1 – Representação gráfica da aplicação das funções descriminantes obtidas.
4.3.3 Análise de Correspondência entre Fatores e Conglomerados
A técnica de análise de correspondência, conforme descrita por Hair et al. (1998), foi
utilizada para construir um mapa perceptual que representa a correspondência entre os fatores
dos Macroconstrutos da pesquisa e os conglomerados obtidos. Com este mapa é possível
observar as características predominantes de cada conglomerado e traçar seus perfis.
125
Figura 4.3.3.1 – Mapa perceptual da análise de correspondência entre fatores e conglomerados
PERFIL DOS CLUSTERS A PARTIR DA ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA
Os conglomerados foram nomeados de acordo com os perfis observados no mapa
perceptual, da seguinte forma:
Conglomerado 1 (“Inovadoras pragmáticas”) - As empresas do conglomerado 2 têm como
principal característica um forte foco em planejamento, tanto em aspectos de formalização da
estratégia corporativa, como na construção de um plano completo e detalhado para as
iniciativas de gestão do relacionamento com clientes. Isto parece dotar tais empresas de um
direcionamento relativamente robusto, permitindo-as fazer experimentos de baixo custo com
novos produtos e serviços e fazendo-as sentir mais preparadas para enfrentar as incertezas
futuras. Para garantir o sucesso em ambientes incertos, estas empresas contam com o apoio de
pessoas capacitadas em gestão e liderança para colocar em prática uma implementação eficaz
destes planos.
Este agrupamento de empresas é o que apresenta os melhores resultados com a gestão
do relacionamento com clientes, conseguindo agilizar o atendimento e aumentar a satisfação
dos clientes, reter os atuais clientes, reduzir custos e melhorar o desempenho financeiro da
-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
1
2
3
Cluster 1
Cluster 2
P – Formalização
P - Competências
P - Planejamento P - Controle
F - Implementação
F - Inovação
F - FormulaçãoRH - Direcionamento
RH - Performance
AD – Administração de Dados
PC – Planejamento CRM
AC – Ação de MarketingAC – Monitoramento de Performance
RC – Resultados CRM
126
empresa. Estes resultados são conseqüência do fato destas agências direcionarem suas
estratégias para um foco no cliente, formalizando os planos de atendimento e relacionamento,
levando em consideração todas as nuances necessárias para uma mudança de cultura da
empresa para um foco no atendimento e superação das expectativas dos clientes, e não
encarando os projetos de CRM somente como uma nova tecnologia. Elas se caracterizam por
utilizar as ferramentas de CRM para capturar um conjunto amplo e detalhado de informações
de seus clientes em todos os pontos de contato, permitir um atendimento personalizado e
lucrativo, por meio de variadas segmentações dos clientes, identificação de oportunidades de
upgrades e de venda de produtos complementares, e da redefinição de produtos e serviços
com base no comportamento e preferências dos clientes.
Conglomerado 2 (“Inovadoras empreendedoras”) – As características mais marcantes
destas empresas são a importância dada à inovação, a informalidade na gestão e a falta de
foco em resultados. As empresas do conglomerado 2 estão atentas à periferia, numa busca
constante de oportunidades, ameaças e inovações, estimulando os funcionários a explorar sua
criatividade, criando uma cultura que encoraja a tomada de decisão, o enfrentamento de
desafios, e a realização de experimentos de baixo custo com novos produtos e serviços. Elas
estão continuamente desenvolvendo novos serviços e novas maneiras de oferecer os seus
serviços atuais e, em geral, são reconhecidas como empresas inovadoras no setor. Elas
também possuem um certo grau de sofisticação em sua administração de dados, buscando
padronizar os dados em um modelo único e centralizar os dados utilizados por seus sistemas
em um único banco de dados.
Como contraponto, estas empresas são gerenciadas de maneira informal, não existindo
um planejamento estratégico formal envolvendo todos os executivos, uma formulação clara
do direcionamento a ser seguido para a construção do futuro nem uma equipe suficientemente
qualificada em gestão e liderança para implementar os projetos de mudança. Estas empresas
também são caracterizadas pelo baixo foco em resultados, não existindo incentivos e
gratificações por desempenho aos funcionários, assim como inexiste um monitoramento
constante das ações de CRM implementadas visando o aprendizado e a reformulação das
estratégias adotadas. Como conseqüência desta informalidade e falta de foco em resultados,
estas empresas, embora valorizem a inovação e a criatividade, têm falhado na implementação
de seus projetos de investimento e não conseguem criar uma base robusta para o crescimento
e a construção do futuro. Dessa forma, também não conseguem obter os resultados esperados
com a gestão do relacionamento com o cliente.
127
Conglomerado 3 (“Conservadoras”) – As principais características das empresas deste
conglomerado são a postura conservadora diante das inovações, oportunidades e ameaças do
mercado e o foco em resultados. Em geral estas empresas não possuem um processo formal
de planejamento envolvendo todos os executivos nem uma equipe capacitada em gestão e
liderança para implementar os projetos de mudança necessários. O direcionamento de futuro é
em geral formulado pelo proprietário, que repassa as atividades a serem executadas a seus
subordinados, não permitindo a estes adotar uma postura empreendedora para sugerir e
colocar em prática idéias criativas e inovadoras na forma de experimentos de baixo custo com
novos produtos e serviços. Os executivos passam a maior parte do tempo envolvidos em
questões do dia-a-dia e as inovações somente são implantadas depois de comprovadas por
outras empresas como viáveis e rentáveis. A administração de dados também é incipiente, não
estando os dados padronizados nem unificados em um único banco de dados.
A respeito da gestão do relacionamento com os clientes, inexiste um plano completo e
detalhado das ações a serem realizadas para tornar a empresa focada no cliente, e bem poucas
ações de marketing são realizadas para atrair e reter os clientes. As empresas deste
conglomerado em geral não armazenam todas as informações dos contatos com os clientes,
não conseguem segmentar os clientes, nem analisar em tempo real o comportamento das
vendas e a rentabilidade dos produtos e dos clientes, e não buscam modificar a oferta de
produtos e serviços de acordo com o comportamento e as preferências dos clientes. Como
conseqüência, são as empresas que atingem os piores resultados com a gestão do
relacionamento com os clientes.
4.3.4 Análise de Correspondência entre Características das Empresas e Conglomerados
Com o intuito de melhor caracterizar os conglomerados obtidos, foi realizada uma
nova análise de correspondência, agora buscando representar os perfis dos conglomerados de
acordo com as características demográficas (segmento de atuação, mercado predominante,
faturamento, o número de contas corporativas e o número de anos de experiência com CRM.)
das empresas que os constituem. As três últimas foram classificadas por meio do
procedimento CATEGORIZE VARIABLES.
128
O quadro 4.3.4.1 exibe o número de casos (agências) obtido de cada variável em cada
conglomerado (cluster).
Conglomerado Variável Valor
1 2 3
Receptivo 1 1 1
Emissivo 12 9 12
Operadora 2 2 0
Segmento de Atuação
Outros - inclui combinações de agência de emissivo com receptivo e operadora, e agência de viagem com frota própria 4 1 0
Congressos, feiras e eventos 0 1 0
Viagens de negócio e contas corporativas 5 4 8
Lazer 9 5 4 Mercado
Predominante
Outros – inclui programas de Intercâmbio e Viagens Enológicas 1 1 1
P – Menor do que R$ 250.000 1 5 6
M – Entre R$ 250.000 e R$ 2.500.000 5 3 3 Porte do
Faturamento
G – Maior do que R$ 2.500.000 8 4 2
P – Menos de 7 contas 4 5 4
M – Entre 7 e 25 contas 4 5 4
Quantidade de Contas
Corporativas G – Mais de 25 contas 6 3 4
P – Menos de 2 anos 4 6 3
M – Entre 2 e 5 anos 5 4 4 Anos de
Experiência com CRM
G – Mais de 5 anos 5 3 4
Quantidade de Agências de Viagens no Conglomerado 19 13 13
Quadro 4.3.4.1 – Perfis dos conglomerados.
O mapa perceptual obtido por meio da análise de correspondência é apresentado na
figura 4.3.4.1.
129
Figura 4.3.4.1 – Mapa perceptual da análise de correspondência entre características das empresas e
conglomerados.
Conglomerado 1 (“Inovadoras pragmáticas”) – As empresas deste conglomerado
caracterizam-se por serem as de maior faturamento, e trabalharem primordialmente com
emissão de passagens, sendo que o mercado predominante é o turismo de lazer. Não foi
possível distinguir as empresas deste conglomerado em relação ao tempo de experiência com
a gestão do relacionamento com os clientes.
Conglomerado 2 (“Inovadoras empreendedoras”) – As empresas deste conglomerado
possuem pouco tempo de experiência com a gestão do relacionamento com os clientes e
possuem poucas contas corporativas. Atuam praticamente em todos os segmentos, com
predominância para o segmento de receptivo e o turismo de lazer e estão distribuídas entre
todos os portes de faturamento.
Conglomerado 3 (“Conservadoras”) – As empresas deste conglomerado atuam
primordialmente no segmento de agências de viagem (emissivo) e trabalham basicamente
com viagens de negócios. São em geral pequenas e médias empresas que possuem um número
-1 0 1 2
-3
-2
-1
0
1
1
2
3
P
M
GReceptivo
P
M
GEmissivo
Operadora
Outros
Faturamento
Congressos, Feiras e Eventos
Viagens de Negócios
LazerOutros
P M
G
Número de Contas Corporativas
Tempo de CRM
130
razoável de contas corporativas. Neste conglomerado não é possível distinguir as empresas
com base no seu tempo de experiência com a gestão do relacionamento com o cliente.
O quadro 4.3.4.2 resume as características dos conglomerados de acordo com as
variáveis caracterizadoras e segmentadoras.
Conglomerados
Inovadoras Pragmáticas Inovadoras Empreendedoras Conservadoras
Variáveis caracterizadoras
• Grandes faturamentos
• Predominantemente emissivo e lazer
• Faturamentos de todos os portes
• Conjuga lazer e contas corporativas
• Pouco tempo de CRM
• Faturamentos predominantemente pequenos
• Basicamente emissão
• Principalmente contas corporativas
Variáveis segmentadoras • Planejamento formal
• Forte competência em gestão e liderança
• Planejamento e Controle eficazes
• Visão de futuro efetivamente implementada
• Direcionadas a inovação
• Atentas a formulação e criação do futuro
• Cultura de inovação, criatividade e desempenho
• Dados integrados e padronizados
• Planejamento robusto para o CRM
• Ações abrangentes de marketing e monitoramento de performance
• Melhores resultados com CRM
• Fortemente direcionadas a inovações
• Porém com dificuldade em formular e implementar a vis ão de futuro
• Cultura voltada a inovações e criatividade
• Porém sem foco em resultados e desempenho
• Informalidade na gestão
• Pouco planejamento e monitoramento das ações de CRM.
• Extremamente conservadoras, tanto na visão de futuro, como no direcionamento dos recursos humanos
• Foco em resultados
• Informalidade ou falta de planejamento
• Baixa competência em gestão e liderança
• Baixa padronização de dados
• Pouco planejamento para CRM e poucas ações de marketing
• E conseqüentemente menores resultados com CRM.
Quadro 4.3.4.2 – Resumo das características dos conglomerados obtidos.
131
4.3.5 Teste das Hipóteses 3 a 23
Os 74 itens originais do questionário foram reduzidos, por meio da análise fatorial, a
14 fatores, que foram então agregados em seus respectivos Macroconstrutos através de sua
soma ponderada pelos autovalores correspondentes. O quadro 4.2.5.1 apresenta a análise da
correlação de Pearson entre os sete Macroconstrutos da pesquisa. A partir deste quadro, foi
criado o quadro 4.2.5.2 que apresenta o resumo dos testes das hipóteses.
RH Futuro AD Plan CRM Abrang CRM Result CRM r 0,544** 0,649** 0,289 0,685** 0,736** sig 0,000 0,000 0,054 0,000 0,000
Planejamento N 45 45 45 45 45
0,440** 0,002 45
r 0,620** 0,336* 0,310* 0,286 0,241 sig 0,000 0,024 0,038 0,056 0,111
RH N 45 45 45 45 45
r 0,344* 0,642** 0,476** sig 0,021 0,000 0,001
Futuro N 45 45 45
0,431** 0,003 45
r 0,3645* 0,367* 0,194 sig 0,014 0,013 0,202
AD N 45 45 45
r 0,652** 0,550** sig 0,000 0,000
Plan CRM N 45 45
r 0,638** sig 0,000
Abrang CRM N 45
** Correlação significante a p<0,01 * Correlação significante a p<0,05
Quadro 4.3.5.1 – Correlação entre os Macroconstrutos da pesquisa.
Hipótese H0 Rejeitada Sig. H0,3 S < 0,01 H0,4 S < 0,01 H0,5 S < 0,01 H0,6 S < 0,05 H0,7 S < 0,05 H0,8 N - H0,9 S < 0,05 H0,10 S < 0,01 H0,11 S < 0,05 H0,12 S < 0,01 H0,13 S < 0,01 H0,14 S < 0,05 H0,15 S < 0,01 H0,16 N - H0,17 S < 0,01 H0,18 S < 0,01
132
H0,19 S < 0,01 H0,20 N - H0,21 N <0,01 H0,22 N - H0,23 N <0,01
Quadro 4.3.5.2 – Rejeição das Hipóteses 3 a 23.
Em consonância com os resultados constantemente obtidos na linha de pesquisa, como
nos estudos feitos em bancos por Nogueira (1999), Soares (2000) e Taublib (2001), em
empresas químicas por Augusto (2001), no setor público por Bahiense (2002), em
seguradoras por Augustinis (2002) e Terra (2003), em empresas de petróleo e gás por Deccax
(2004) e em companhias abertas por Fontes (2004), foi verificada, por meio da análise de
correlação de Pearson, a associação entre os Macroconstrutos de Planejamento e Controle,
Direcionamento de RH e Direcionamento para o Futuro.
O Macroconstruto de Administração de Dados se relaciona com o Direcionamento de
Recursos Humanos e com o Direcionamento para o Futuro, porém não possui associação
direta com o Processo de Planejamento e Controle das agências de viagens pesquisadas, o que
contrasta com os resultados obtidos por Terra (2003) em seguradoras. Isto é um indicativo de
que a maturidade na administração de dados nas agências de viagens está mais diretamente
relacionada a uma cultura de criatividade, empreendedorismo, aprendizado e desempenho, e à
formulação e implementação da visão de futuro da empresa, do que com a sofisticação e
formalização do planejamento.
O Macroconstruto de Planejamento para a Gestão do Relacionamento com o Cliente
(CRM) está relacionado com todos os Macroconstrutos anteriores (Planejamento e Controle,
Direcionamento de Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro e Administração de
Dados), diferentemente do estudo em seguradoras feito por Terra(2003), onde o Planejamento
para o CRM não estava associado à Administração de Dados. Este resultado sugere que, nas
agências de viagens estudadas, o processo de planejamento para a gestão do Relacionamento
com o cliente está associado à sofisticação de seu processo de planejamento e controle, do
direcionamento de seus recursos humanos para a inovação e a criação do futuro e ao grau de
integração e padronização dos dados da empresa. Da mesma forma, um planejamento
completo e detalhado do relacionamento com o cliente está associado positivamente à
abrangência da gestão do relacionamento com clientes e os resultados obtidos com o CRM.
133
O Macroconstruto de Abrangência da Gestão do Relacionamento com o Cliente(CRM)
relaciona-se com todos os Macrocronstutos anteriores (Planejamento e Controle,
Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados e Planejamento para o CRM), com
exceção do Macroconstruto de Direcionamento de Recursos Humanos, diferentemente do
resultado obtido em seguradoras por Terra(2003), onde não foram verificados os
relacionamentos com os Macroconstrutos de Planejamento e Controle e Administração de
Dados. Isto sugere que as ações realizadas a partir dos conceitos de gestão do relacionamento
com clientes nas agências de viagem estudadas estão mais associadas com a sofisticação e
formalização do planejamento, com a articulação da visão de futuro, com a administração
efetiva dos dados e com o planejamento integrado da gestão do relacionamento com os
clientes, do que com o direcionamento dos recursos humanos à inovação, criatividade e
desempenho.
Por fim, o Macroconstruto referente aos Resultados Obtidos com a Gestão do
Relacionamento com os Clientes (CRM) está associado forma significante aos
Macroconstrutos de Planejamento e Controle, Direcionamento para o Futuro, Planejamento
para o CRM e Abrangência do CRM, não tendo sido verificada o relacioamento significativo
com os Macroconstrutos de Direcionamento de Recursos Humanos e Administração de
Dados. Estes resultados contrastam com os obtidos por Terra(2003) em seguradoras, onde
somente foram verificados relacionamentos significativos com os Macroconstrutos de
Planejamento para o CRM e Abrangência do CRM. Estas associações indicam que nas
agências de viagem estudadas, os resultados obtidos com a gestão do relacionamento com o
cliente estão relacionados não somente ao planejamento criterioso e completo da gestão do
relacionamento com o cliente e ao escopo das ações de relacionamento implementadas, mas
também à sofisticação e formalização do processo de planejamento e à efetiva administração
dos dados da empresa.
É importante ressaltar que as comparações feitas com estudos anteriores da linha de
pesquisa são apresentadas apenas para fins ilustrativos, uma vez que existem limitações como:
• a comparação não se baseia em testes estatísticos de diferenças de médias;
• em nenhum dos estudos mencionados as amostras obtidas são representativas dos
universos estudados;
134
• os estudos mencionados representam populações diferentes, em setores distintos e,
portanto, com dinâmicas econômicas diferentes;
• o instrumento utilizado não é exatamente o mesmo em todas as pesquisas, tendo
sido modificado e evoluído a cada aplicação.
A figura 4.3.5.1 apresenta um esquema gráfico das relações verificadas na pesquisa.
Figura 4.3.5.1 – Relações verificadas na pesquisa.
Processo de Planejamento e Controle
Direcionamento de Recursos Humanos
Direcionamento parao Futuro
Administraçãode Dados
Planejamento para o CRM
Abrangência do CRM
Resultados Obtidos comO CRM
H3
H5H4
H7
H6
H12
H11
H10
H9
H17H15
H14
H13
H23
H21
H19
H18
V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
V.1 – IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS
Por meio desta pesquisa foi possível concluir que existem segmentos diferenciados
entre as agências de viagens e turismo pesquisadas, quando se levam em consideração fatores
como o Processo de Planejamento e Controle, Direcionamento de Recursos Humanos,
Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados, Planejamento para a Gestão do
Relacionamento com o Cliente (CRM), Abrangência da Gestão do Relacionamento com o
Cliente, e Resultados Obtidos com a Gestão do Relacionamento com o Cliente.
Além disso, foi possível discriminar as agências de viagens e turismo pesquisadas com
base em seu Processo de Planejamento e Controle, Direcionamento de Recursos Humanos,
Direcionamento para o Futuro, Administração de Dados, Planejamento para a Gestão do
Relacionamento com o Cliente (CRM), Abrangência da Gestão do Relacionamento com o
Cliente, e Resultados Obtidos com a Gestão do Relacionamento com o Cliente.
A presente pesquisa em agências de viagens e turismo configura o sexto segmento
econômico distinto e seguido em que foi possível observar a associação entre os
Macroconstrutos Planejamento e Controle, Direcionamento de Recursos Humanos e
Direcionamento para o Futuro. Anteriormente, esta associação tinha sido verificada nos
segmentos de bancos, de empresas químicas, do setor público, de seguradoras e de empresas
de petróleo e gás. Este estudo reforça, portanto, a sugestão feita por Deccax (2004) de que, em
empresas brasileiras, estes aspectos de gestão podem se apresentar de maneira indissociável.
A pesquisa constatou que as agências de viagens estudadas apresentam, de forma
geral, uma relativa sofisticação em seu processo de Planejamento e Controle, possuindo
objetivos bem definidos e equilibrados do ponto de vista de todos os grupos de interesse
envolvidos, e que são comunicados de forma clara para toda a organização e desdobrados em
um conjunto detalhado de ações necessárias para o atingimento das metas pré-estabelecidas.
Foi constatada também a percepção de competência tanto em técnicas gerenciais, no negócio
e em liderança. Entretanto, ainda são encontradas deficiências na formalização e no controle
dos projetos de investimento, principalmente em relação à sua estruturação padronizada com
o objetivo de priorização e escolha, bem como um baixo nível de avaliações formais do
andamento das ações definidas como necessárias para atingimento dos objetivos e metas.
136
Sob o prisma do direcionamento dos recursos humanos, foi constatada, de forma geral,
forte presença de componentes de criatividade e empreendedorismo, assim como de liderança
na condução do processo de mudança. Entretanto, parece haver pouca ênfase em desempenho,
refletida na baixa utilização de incentivos associados a resultados. Também existe a sensação
de que os profissionais não estão devidamente capacitados a tomar decisões e assumir riscos.
A falta de foco em questões como desempenho individual e formalização e controle pode ter
origem em questões cristalizadas na cultura brasileira, caracterizada por possuir dificuldade
em definir responsabilidades e avaliar o desempenho, como sugerido por Nogueira (1999).
Em relação ao direcionamento para o futuro, as empresas pesquisadas parecem
formular suas estratégias de forma consistente, envolvendo todos os executivos e buscando
monitorar o ambiente externo em busca de informações e sinais iniciais de mudanças,
ameaças e oportunidades que possam fazê-las explorar suas capacitações de outras maneiras,
conforme proposto por Prahalad & Hamel (1994). Porém, as empresas estudadas não se
consideram totalmente preparadas para prosperar em um ambiente marcado por grande
incerteza, conforme apresentado por Day & Schoemaker (2004). Os resultados apontam que
as estratégias adotadas pelas empresas pesquisadas não são robustas o suficiente para garantir
a prosperidade independente dos desdobramentos de fatos macro-econômicos, sociais,
políticos e tecnológicos, provavelmente em função da pouca experimentação de baixo custo,
visando transformar idéias e sinais de oportunidade em produtos e serviços, como proposto
por Christensen et al. (2002) e Prahalad (2004).
Este conjunto de deficiências gerenciais parece ter influenciado os resultados obtidos
com a Gestão do Relacionamento com o Cliente nas agências de viagem e turismo estudadas,
os quais se mostraram muito aquém das possibilidades oferecidas por este novo conceito de
gestão e pelas ferramentas que o apóiam.
De forma geral, as agências de viagem e turismo estudadas percebem a importância da
padronização do relacionamento com os clientes, porém ainda se encontram em estado
incipiente nas questões de formalização e detalhamento do plano de relacionamento com o
cliente. Talvez por este e por outros motivos, as ações de atração e retenção de clientes das
agências de viagem e turismo pesquisadas ainda encontram-se pouco exploradas, com muitas
dificuldades para identificar potenciais novos clientes em bases de dados de parceiros e
terceiros e promover ações de atração e captação. Também existem dificuldades em
137
identificar os clientes com maior potencial de deixar de fazer negócios com a empresa
(churn).
Estes resultados indicam que a Gestão do Relacionamento com o Cliente(CRM) ainda
tem um manancial de oportunidades de avanços a oferecer para as agências de viagens e
turismo pesquisadas, uma vez que elas ainda estão muito focadas em questões operacionais
(como melhoria do atendimento e satisfação dos clientes), conforme definido por
Greenberg(2002), e ainda precisam melhorar os resultados obtidos com as possibilidades
analíticas (que exploram, entre outros, oportunidades de aumento de produtos adquiridos por
cliente, o aumento do retorno das campanhas de marketing e o aumento da base de clientes),
com as possibilidades colaborativas (que buscam o aumento da capacidade de inovação
conjunta com o cliente), bem como melhorar os resultados obtidos com a gestão financeira da
gestão do relacionamento com os clientes (que permitem redução de custos, aumento de
vendas, aumento de rentabilidade e melhoria do desempenho financeiro).
138
V.2 – IMPLICAÇÕES GERENCIAIS E RECOMENDAÇÕES
Por meio da pesquisa foi possível identificar três agrupamentos distintos entre as
agências de viagens estudadas, que se diferenciam por diversos aspectos de sua gestão. Os
agrupamentos foram nomeados da seguinte forma:
• Agências Inovadoras Pragmáticas, representando 41 % das empresas;
• Agências Inovadoras Empreendedoras, representando 29,5 % das empresas;
• Agências Conservadoras, representando 29,5 % das empresas;
As empresas caracterizadas como “Inovadoras pragmáticas” são as que apresentam
maior faturamento, e trabalham primordialmente com emissão de passagens, sendo que o
mercado predominante é o turismo de lazer. Estas empresas têm como principal característica
um forte foco em planejamento, tanto em aspectos de formalização como no detalhamento das
iniciativas de gestão do relacionamento com clientes, o que parece dotar tais empresas de um
direcionamento relativamente robusto, permitindo-as fazer experimentos de baixo custo com
novos produtos e serviços e fazendo-as sentir mais preparadas para enfrentar as incertezas
futuras, à medida que também contam com o apoio de pessoas capacitadas em gestão e
liderança para colocar em prática uma implementação eficaz destes planos.
Estas empresas apresentaram os melhores resultados com a gestão do relacionamento
com clientes, conseguindo agilizar o atendimento e aumentar a satisfação dos clientes, reter os
atuais clientes, reduzir custos e melhorar o desempenho financeiro da empresa. Estes
resultados são conseqüência do fato destas agências direcionarem suas estratégias para um
foco no cliente, formalizando os planos de atendimento e relacionamento, levando em
consideração todos os aspectos necessários para a mudança de cultura da empresa.
Sugere-se que estas empresas procurem aprimorar os seus processos de planejamento e
controle, se empenhando em formular e comunicar mais claramente os seus objetivos,
detalhando as ações a serem realizadas, e avaliando formal e regularmente o andamento dos
projetos e ações (verificando os ganhos para os clientes, os ganhos de eficiência, o
aprendizado e o retorno financeiro), e buscando associar a remuneração de seus profissionais
a essas avaliações, estimulando também o autodesenvolvimento dos funcionários, para que
139
sejam capazes de tomar decisões e assumir riscos, buscando a melhoria das competências de
relacionamento com o cliente.
As características mais marcantes das empresas caracterizadas como “Inovadoras
empreendedoras” são a importância dada à inovação, a informalidade na gestão e a falta de
foco em resultados, assim como o pouco tempo de experiência com a gestão do
relacionamento com os clientes. Estas empresas estão atentas à periferia, numa busca
constante de oportunidades, ameaças e inovações, estimulando os funcionários a explorar sua
criatividade, criando uma cultura que encoraja a realização de experimentos de baixo custo
com novos produtos e serviços e, em geral, são reconhecidas como empresas inovadoras no
setor. Como conseqüência da informalidade e falta de foco em resultados, estas empresas,
embora valorizem a inovação e a criatividade, têm falhado na implementação de seus projetos
de investimento e não conseguem criar uma base robusta para o crescimento e a construção do
futuro. Dessa forma, também não conseguem obter os resultados esperados com a gestão do
relacionamento com o cliente.
Recomenda-se que estas empresas procurem criar um processo de planejamento
estratégico formal envolvendo todos os executivos, buscando uma formulação clara do
direcionamento a ser seguido para a construção do futuro e também se esforcem em qualificar
sua equipe em gestão e liderança para implementar os projetos de mudança. Além disso, seria
importante para essas empresas estabelecer programas de incentivos e gratificações por
desempenho aos funcionários, e criar um programa de monitoramento constante das ações de
CRM implementadas visando o aprendizado e a reformulação das estratégias adotadas.
As principais características das empresas caracterizadas como “Conservadoras” são
a postura conservadora diante das inovações, oportunidades e ameaças do mercado e o foco
em resultados. São em geral pequenas e médias empresas que possuem um número razoável
de contas corporativas, e não possuem um processo formal de planejamento envolvendo todos
os executivos nem uma equipe capacitada em gestão e liderança para implementar os projetos
de mudança necessários. Os executivos passam a maior parte do tempo envolvidos em
questões do dia-a-dia e as inovações somente são implantadas depois de comprovadas por
outras empresas como viáveis e rentáveis, não sendo permitindo aos funcionários adotar uma
postura empreendedora para sugerir e colocar em prática idéias criativas e inovadoras na
forma de experimentos de baixo custo com novos produtos e serviços. Também inexiste um
plano completo e detalhado das ações a serem realizadas para tornar a empresa focada no
140
cliente, e bem poucas ações de marketing são realizadas para atrair e reter os clientes. Como
conseqüência, são as empresas que atingem os piores resultados com a gestão do
relacionamento com os clientes.
Recomenda-se que estas empresas estabeleçam processos formais de avaliação de
ameaças e de novas oportunidades. O foco em resultados no presente e o grande envolvimento
com questões do dia-a-dia podem fazer com que a empresa se veja despreparada para
enfrentar possíveis mudanças disruptivas no ambiente de negócios. Comprometer
deliberadamente uma parte dos recursos da empresa para o monitoramento do ambiente e
realização de experimentos de baixo custo pode garantir a sobrevivência da empresa em
ambientes turbulentos. Além disso, recomenda-se que estas empresas procurem mensurar os
benefícios da gestão do relacionamento com o cliente e estabeleçam um plano formal para
mudar o foco da empresa para o cliente e começar a desempenhar as técnicas de
relacionamento que têm o potencial de melhorar o desempenho financeiro e tirar estas
empresas do estado atual de “apagar incêndios”.
De forma geral, as agências de viagens estão cada vez mais pressionadas na indústria,
seja pela redução do comissionamento pelas empresas aéreas, pelo surgimento de novos
entrantes com novos modelos de negócio, ou pela difusão das novas tecnologias de
informação e comunicações, que permitem uma ampla disponibilização de informações sobre
destinos e produtos de viagens e turismo, anteriormente um grande ativo organizacional para
as agências de viagem tradicionais. As empresas que forem capazes de alinhar visão
estratégica, recursos, cultura e capacidade de execução para explorar as oportunidades
oferecidas pela Gestão do Relacionamento com o Cliente de prover uma quantidade
significativa de informações personalizadas de alta qualidade e com isso estabelecer um
relacionamento de valor, confiança e fidelidade com seus clientes, podem obter vantagens
competitivas essenciais para atuação neste ambiente cada vez mais turbulento e dinâmico.
141
V.3 – LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Os resultados e conclusões obtidos com a presente pesquisa não podem ser
generalizados para toda a população das agências de viagens e turismo operando no Brasil,
uma vez que foi utilizada uma amostra não probabilística por acessibilidade, não
representativa do universo pesquisado.
Uma outra questão importante está relacionada ao número de questionários
efetivamente respondidos. De acordo com Hair et al. (1998), o número de casos observados
deve ser, no mínimo, cinco vezes o número de variáveis (itens do questionário) a serem
analisadas. Idealmente deve-se utilizar uma relação superior a dez para um. Quando o número
de casos é baixo em relação às variáveis estudadas, como no caso desta pesquisa, os
resultados obtidos devem ser analisados com cuidado, pois podem apresentar instabilidade.
Outro ponto que sugere uma maior cautela na interpretação dos resultados obtidos diz
respeito à pessoalidade das repostas, uma vez que a pesquisa baseia-se nas percepções de um
único indivíduo de cada empresa (em geral o principal executivo das agências de viagens
participantes) e a maioria dos itens do questionário exige julgamento pessoal por parte dos
respondentes, abrindo espaço para a subjetividade. Assim, as respostas estão sujeitas a fatores
como o tamanho do questionário, a ordenação dos seus itens e o tempo para responder todas
as questões, que podem resultar em vieses no momento do preenchimento.
142
V.4 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Esta pesquisa verificou a relação entre os processos de Planejamento e Controle,
Direcionamento de Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro, Administração de
Dados, Planejamento para a Gestão do Relacionamento com o Cliente, a Abrangência da
Gestão do Relacionamento com o Cliente e os Resultados Obtidos com a Gestão do
Relacionamento com o Cliente em empresas do setor de agências de viagens e turismo no
Brasil. Seria interessante que outros estudos procurassem verificar como se encontram os
processos de gestão estudados nesta pesquisa em agências de viagens de outros países, e de
que maneira estes processos se relacionam nas empresas do setor nestes países. Seria
interessante também que outros estudos procurassem identificar se existem relações de causa
e efeito entre tais processos, tanto em empresas atuando no Brasil como em outros países.
O segmento de agências de viagens e turismo é o primeiro segmento estudado que
apresenta grande fragmentação, com a maioria das empresas sendo de porte pequeno. Seria
interessante que este instrumento fosse aplicado em outros segmentos econômicos com
características semelhantes de porte e fragmentação, a fim de verificar se os resultados se
apresentam de maneira equivalente.
Outra proposta interessante seria a de expandir o estudo para outros segmentos do
sistema de valor da indústria de viagens e turismo, incluindo companhias aéreas e a indústria
hoteleira, buscando contrastar as características e visões relacionadas aos processos de gestão,
mudança e relacionamento com o cliente dessas empresas.
A falta de foco em resultados e a deficiência na busca por desempenho individual vêm
se repetindo com alguma regularidade nos setores estudados pela linha de pesquisa. Seria
interessante realizar estudos mais aprofundados para verificar quais as principais causas desta
deficiência e se a cultura brasileira exerce influência sobre esse comportamento e em que
intensidade.
Seria interessante também estudar com maior profundidade as causas da grande
resistência das agências de viagem em adotar um modelo de negócios mais centrado em
relacionamento (com uma postura mais ativa e oferecendo serviços de consultorias de
viagens) e não somente extraindo valor de comissionamentos sobre emissões de bilhetes, uma
vez que o turismo configura-se como um segmento econômico intensivo em informação e que
143
vem apresentando grandes desafios em tempos recentes de democratização e facilidade de
obtenção de informação.
Uma vez que a presente pesquisa identificou grupos diferenciados e suas principais
características que estão associadas a melhores resultados com a Gestão do Relacionamento
com o Cliente, seria interessante realizar estudos de caso com as empresas que obtiveram
melhores resultados com a Gestão do Relacionamento com o Cliente, para mapear as
principais dificuldades, ações e aprendizados que podem ser a base para a construção de
diretivas a serem divulgadas e apoiadas pelas instituições do setor, com o objetivo de
aumentar a eficiência e a competitividade das agências de viagem e turismo operando no
Brasil.
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VII – ANEXOS
VII.1 – MENSAGEM DE CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA
PESQUISA
Prezado Sr. Diretor,
O Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está realizando uma pesquisa com o objetivo de identificar as características organizacionais que influenciam o uso da Internet e de ferramentas de gestão do relacionamento com os clientes, em Agências de Viagens brasileiras.
Neste sentido, solicitamos a participação do principal executi vo de sua empresa como respondente de nossa pesquisa. A participação de sua empresa é fundamental e o seu esforço certamente será recompensado, uma vez que os resultados da pesquisa serão remetidos somente àqueles que responderem ao questionário, através de um sumário executivo . Tais resultados possibilitarão às empresas participantes comparar a forma de utilização das tecnologias de Internet e de gestão de relacionamento com o cliente, e os resultados provenientes das mesmas, gerando subsídios para aumentar o retorno dos investimentos em Tecnologia da Informação. A pesquisa fornecerá uma visão abrangente do setor, possibilitando a identificação de conjuntos distintos de empresas, agrupadas de acordo com suas filosofias e ações diante das tecnologias abordadas.
A coleta de dados para a pesquisa será feita através de um questionário (via Internet) disponibilizado a cada empresa participante, de 09/11/2004 até 30/11/2004. Em caso de dúvidas específicas sobre tecnologia, sugerimos a consulta ao responsável técnico pelos sistemas em sua empresa. Os dados fornecidos terão sua confidencialidade assegurada, uma vez que serão analisados estatisticamente, de forma agregada, e nenhuma empresa será identificada individualmente.
O questionário está disponível no endereço eletrônico http://www.pesquisaagencias.locaweb.com.br. Para respondê-lo, basta utilizar a senha para sua empresa, que é <<SENHA>> . Todas as instruções para o preenchimento do questionário estão presentes na página. Em caso de dúvidas, contactar o pesquisador Fabiano Lanini (0xx21-XXXX-XXXX), ou enviar uma mensagem para o endereço [email protected]. O tempo de preenchimento total estimado é de cerca de 15 minutos, mas não é necessário preenchê-lo de uma só vez, sendo possível o seu retorno à página para completá-lo posteriormente.
Certos de contarmos com a colaboração de V.Sa., agradecemos a sua atenção.
Cordialmente,
Fabiano Durão Lanini e Fábio Meletti de Oliveira Barros Pesquisadores do Instituto COPPEAD de Administração - UFRJ E-mail: [email protected] http://www.coppead.ufrj.br/
VII.2 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA
INFORMAÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
Os blocos a seguir visam obter suas impressões quanto aos processos de gestão de sua organização. O(a) Sr(a) deverá decidir inicialmente se concorda ou discorda da
afirmação. A seguir, defina a intensidade da concordância ou discordância, clicando na coluna mais apropriada. Use a notação a seguir para dar a sua resposta para cada
uma das atitudes abaixo apresentadas. A coluna 1 por exemplo, representa discordância total da afirmação e, no outro extremo , a coluna 6 representa concordância máxima
com a afirmação. As respostas de cada bloco são gravadas ao se clicar em qualquer um dos botões abaixo do bloco de perguntas.
DISCORDO CONCORDO Totalmente Muito Pouco Pouco Muito Totalmente
1 2 3 4 5 6 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Não é preciso responder todo o questionário de uma única vez, sendo possível responder uma parte e, em outro momento (data/hora), retornar para terminá-lo. Para isso,
basta acessar novamente o endereço informado no e-mail convite (www.pesquisaagencias.locaweb.com.br) e utilizar a senha fornecida neste mesmo e-mail. Além disso, é
sempre possível voltar a uma página desejada e responder às questões deixadas em branco ou atualizar as respondidas. Entretanto, para efeito da análise dos dados, é
fundamental que o(a) Sr(a) responda a todas as questões.
Em caso de dúvidas ou sugestões, entre em contato com o pesquisador Fabiano Lanini (0xx21-XXXX-XXXX), ou por meio do endereço
155
BLOCO 1 – PROCESSO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
1 A missão e os objetivos da empresa estão claramente formulados. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 Os objetivos da empresa refletem um perfeito equilíbrio entre os interesses de todos os grupos envolvidos (sócios, administradores, empregados, clientes, credores, governo, fornecedores, comunidade etc.).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 Os objetivos e a estratégia são claramente comunicados a toda a organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 Todas as ações que devem ser executadas para que a empresa alcance os objetivos formulados estão claramente detalhadas, visando à sua implementação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Existe uma estimativa clara de todas as entradas e saídas de caixa resultantes de todos os projetos de investimento de minha empresa.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 Todos os projetos de investimento são descritos de forma padronizada, de maneira a facilitar a comparação perfeita entre eles e assim, o processo de priorização e escolha.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 Todo o projeto de investimento tem um responsável que defende e lidera a sua realização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 Todo projeto de investimento tem claramente definido um marco final que identifica o término da sua implementação.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 Avaliações formais do andamento de todos os projetos de investimento são realizadas com elevada freqüência.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Todos os projetos de investimento são avaliados sistematicamente de acordo com:
10 O aumento dos benefícios percebidos pelos clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 O aumento de eficiência gerado nos processos de comercialização dos produtos e serviços da empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
12 O grau de aprendizado e inovação que geram para a organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
13 Os benefícios financeiros por eles proporcionados à empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
O grupo de pessoas responsável pelo processo de implementação dos projetos de investimentos possui grande habilidade e competência em:
156
14 Técnicas de gestão (incluindo conhecimento do negócio) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
15 Tecnologia de Informação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
16 Liderança de equipes ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
BLOCO 2 – DIRECIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito
Total- mente
1 A empresa possui uma cultura que estimula seus empregados a tomar decisões e assumir riscos. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 A organização possui líderes que inspiram suas equipes no processo de atingimento da visão de futuro pretendida.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 Os processos de recrutamento e seleção de pessoal priorizam a criatividade e o espírito empreendedor. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 A organização incentiva e recompensa a postura criativa e empreendedora de seus profissionais. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Os profissionais da organização estão capacitados a tomar decisões e gerenciar riscos. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 A organização promove o aprendizado e a troca de experiências entre seus profissionais. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 A organização interpreta eventuais erros dos profissionais como parte do processo de aprendizado. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 Os profissionais da organização buscam o autodesenvolvimento. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 A organização investe no desenvolvimento de seus recursos humanos. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 A remuneração dos profissionais está associada ao resultado da organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
157
BLOCO 3 – DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
1 Os principais executivos da empresa têm uma compreensão extremamente clara de que o ambiente de negócios futuro será radicalmente diferente do presente.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 As decisões do dia-a-dia da empresa consomem todo o tempo dos seus principais executivos. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 A elaboração da estratégia da empresa e o detalhamento para sua implementação envolvem todos os seus principais executivos.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 A organização acompanha sistematicamente o ambiente econômico-social, político-legal e tecnológico, identificando prontamente ameaças e oportunidades.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 A estratégia da empresa terá sucesso independentemente do que vier a ocorrer no cenário político-legal, econômico-social e tecnológico.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 A visão dos principais executivos a respeito do futuro da empresa está claramente refletida nas ações de curto prazo da organização.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 Todos os novos produtos e serviços da empresa são testados e avaliados previamente com um conjunto de clientes antes de serem lançados no mercado.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 A empresa é reconhecida no mercado como extremamente inovadora. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 A empresa está sempre buscando novos tipos de clientes para seus produtos e serviços. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 A empresa está sempre desenvolvendo novas maneiras de oferecer seus produtos e serviços aos seus clientes.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 A organização conhece claramente todas as suas competências essenciais (competências essenciais: são as habilidades da empresa que, juntas, geram valor relevante para os clientes, diferenciam a empresa dos demais competidores e podem ser utilizadas em diversos novos produtos e serviços).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Considerando os últimos 3 anos de operação da empresa, posso afirmar que:
12 Os executivos não têm tido tempo para o desenvolvimento de suas capacitações técnicas e gerenciais. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
13 A empresa vem criando e implementando um número significativamente maior de novos produtos e ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
158
serviços do que seus concorrentes.
14 Todos os novos produtos e serviços oferecidos ao longo deste período ocorreram através de parcerias com outras empresas.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
BLOCO 4 – ADMINISTRAÇÃO DE DADOS
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
1 Existe uma padronização completa dos dados utilizados na empresa (ex.: nomes, formatos etc.). ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 O modelo de dados é único para o negócio, compreendendo todos os produtos e serviços oferecidos pela empresa.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 A empresa opera um único banco de dados que integra todos os produtos e serviços (existe apenas um único cadastro de clientes, por exemplo).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 As transações realizadas pela empresa são registradas em tempo real no banco de dados. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Selecione a frase abaixo que melhor representa a administração de dados em sua organização:
( ) Os dados estão espalhados nos diversos bancos de dados dos sistemas utilizados pela empresa, sem integração entre eles (ex.: cada sis tema possui o seu próprio cadastro de clientes);
( ) Existe uma integração dos dados espalhados nos diversos bancos de dados dos sistemas utilizados pela empresa (ex.: o cadastro de clientes de todos os sistemas são consistentes entre si e atualizados sempre que os dados dos demais cadastros são alterados);
5
( ) Os dados de todos os sistemas da empresa estão centralizados e integrados em um único banco de dados (ex.: existe um único cadastro de clientes que é utilizado por todos os sistemas da empresa);
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BLOCO 5 – PLANEJAMENTO DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
1 A empresa percebeu a necessidade e a oportunidade de padronizar seu relacionamento com clientes em todos os pontos de contato (telefone, fax, internet, mala direta, etc.).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 A empresa considerou as suas competências técnicas e gerenciais atuais ao elaborar a sua estratégia para gestão do relacionamento com o cliente (CRM).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 A organização desenvolveu um plano completo e detalhado para a implementação da gestão integrada do relacionamento com os clientes (CRM).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Com relação ao plano desenvolvido para implementação da gestão do relacionamento com o cliente (CRM), pode ser afirmado que:
4 Envolveu todos os principais executivos da organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Levou em consideração o impacto e as mudanças na cultura da empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 Visou estabelecer o foco no atendimento às necessidades dos clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 Estabelece claramente objetivos, prazos e metas quantificadas para a implementação da gestão do relacionamento com o cliente (CRM).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 Define os responsáveis pelo atingimento dessas metas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 Contemplou o treinamento de todos os profissionais de atendimento nas novas ferramentas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 Contemplou o treinamento dos gerentes de negócio nas novas ferramentas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 Contemplou um novo modelo de avaliação de desempenho e remuneração dos profissionais de vendas a partir dos dados disponibilizados pelas ferramentas de CRM.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
12 Contemplou uma criteriosa análise técnica das ferramentas de software de CRM disponíveis antes de decidir sobre aquisição ou desenvolvimento interno.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
13 Contemplou uma integração completa dos novos sistemas de CRM com todos os demais sistemas já existentes.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
160
BLOCO 6 – ABRANGÊNCIA DA GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
Com a iniciativa da gestão do relacionamento com o cliente (CRM) a empresa hoje tem capacidade de:
1 Capturar em todos os pontos de contato (pessoal, telefone, e-mail etc.) um conjunto amplo e detalhado de informações sobre os seus clientes.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 Disponibilizar o histórico de contatos e transações do cliente para os profissionais de atendimento, facilitando a comunicação e permitindo que sejam tomadas decisões de forma imediata.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 Analisar em tempo real o comportamento das vendas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 Analisar em tempo real a rentabilidade dos produtos. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Analisar em tempo real a rentabilidade dos clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 Agrupar e segmentar os clientes de acordo com o perfil sócio-econômico, hábitos, interesses e preferências (classe média, fumante, gosta de leitura etc...).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 Agrupar e segmentar os clientes de acordo com o histórico de viagens (praias, serras, internacionais, ecológicos etc.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 Identificar os clientes propícios a uma ação de upgrade (aumento da sofisticação ou melhoria dos atributos de produtos ou serviços).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 Identificar os clientes propícios ao oferecimento de produtos complementares (outros produtos ou serviços que normalmente estão relacionados ao produto ou serviço adquirido).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 Identificar os clientes com propensão a deixar a empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 Identificar potenciais clientes em bases de dados obtidas através de parceiros ou empresas de venda direta.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
12 Redefinir os produtos e serviços de acordo com o comportamento e preferências dos clientes ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
13 Oferecer informações e ofertas personalizadas, baseadas nas preferências do cliente e em seu histórico de viagens, em todos os pontos de contato (pessoal, telefone, e-mail etc.).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
14 Permitir um alto grau de liberdade para escolha de características e atributos dos serviços pelo cliente ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
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no momento da compra.
BLOCO 7 – RESULTADOS COM A GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE (CRM)
DISCORDO CONCORDO AFIRMAÇÕES Total-
mente Muito Pouco Pouco Muito Total- mente
A partir da implementação da gestão do relacionamento com o cliente (CRM) a empresa conseguiu:
1 Aumentar consideravelmente a venda de produtos e serviços. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 Aumentar sensivelmente a rentabilidade dos produtos e serviços. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 Aumentar significativamente o número de clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 Agilizar significativamente o atendimento aos clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Aumentar de forma expressiva a satisfação dos clientes. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 Aumentar substancialmente a quantidade de clientes que voltam a fazer negócio com a empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 Aumentar sensivelmente o número de produtos e serviços adquiridos por cada cliente. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 Aumentar de forma significativa o retorno das campanhas de marketing e promoções. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 Reduzir custos drasticamente. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 Aumentar consideravelmente a capacidade de aprendizado e inovação da empresa em processos e produtos/serviços.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 Melhorar consideravelmente o desempenho financeiro da empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
12 – Cite outros benefícios eu julgar relevante: _________________________________________________________________________________________________
162
BLOCO 8 – INFORMAÇÕES GERAIS
1. Qual a participação percentual aproximada de cada tipo de negócio abaixo dentro da sua empresa? Os tipos de negócio devem somar 100%. Ex.: Lazer/Turismo (70), Contas Corporativas (20), Congressos, Eventos e Feiras (10).
Lazer e Tursimo ____ % Contas Corporativas ____ % Congressos, Eventos e Feiras ____ % Outros ____ % Especifique _________________________________________
2. O principal foco da empresa é: ( ) Nenhum segmento específico (a empresa vende produtos e serviços de viagens genéricos); ( ) Viagens de Negócios; ( ) Turismo Ecológico; ( ) Turismo Cultural; ( ) Turismo Gastronômico; ( ) Turismo Religioso; ( ) Turismo Enológico; ( ) Turis mo Esportivo; ( ) Outros Especifique _________________________________________
3. O modelo de receita da empresa é caracterizado primordialmente por: ( ) Comissionamento percentual sobre a venda; ( ) Taxa (qualquer tipo de taxa, incluindo taxa fixa/flat fee , taxa por transação/transaction fee e taxa de administração/management fee).
4. A maior parte dos negócios da empresa envolve:
( ) A oferta de produtos e serviços de viagem e turismo padronizados em grande volume; ( ) A oferta de uma ampla gama de serviços e produtos de viagem e turismo, flexíveis e totalmente ajustáveis de acordo com as necessidades específicas de cada cliente.
5. A administração da empresa tem origem predominantemente:
( ) Nacional; ( ) Estrangeira.
6. Quantos empregados a empresa possui no Brasil? ____________ .
163
7. Qual o número de filiais da empresa no Brasil? ____________ . 8. Quantos clientes corporativos a empresa possui (quantidade de contas corporativas)? _______________ . 9. Qual é o faturamento anual (em R$) da empresa no Brasil exclusivamente com viagens e turismo? R$ ________________ . 10. Qual alternativa abaixo melhor descreve o posicionamento estratégico adotado pela empresa?
( ) Oferecer produtos e serviços com os menores custos do mercado; ( ) Oferecer produtos e serviços diferenciados por suas características superiores às dos concorrentes; ( ) Atender a todas as necessidades de viagens e turismo de um conjunto de clientes, oferecendo para tal produtos e serviços próprios e/ou de terceiros; ( ) Desenvolver produtos e serviços exclusivos da empresa que garantam uma clientela cativa e dificultem ou mesmo impeçam a mudança dos clientes para
empresas concorrentes. 11. O projeto de Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) teve como responsável:
( ) O Presidente; ( ) Um Diretor (ou equivalente); ( ) Um Gerente (ou equivalente); ( ) Um Profissional de nível hierárquico inferior a um gerente.
12. Há quantos anos a empresa utiliza ferramentas de Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM)? ________ anos. 13. Os sistemas utilizados visando a gestão do relacionamento com o cliente (CRM) foram desenvolvidos:
( ) Internamente; ( ) Por um fornecedor externo;
14. Caso a empresa tenha adquirido ferramentas de CRM de um fornecedor externo, informe: Ferramenta Fornecedor Ano de Implementação 15. A empresa realiza pesquisa de satisfação com seus clientes?
( ) Sim; ( ) Não;
16. Se afirmativo, com que freqüência?
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( ) Semestral; ( ) Anual; ( ) Outros. Especificar: _______________________; Dados sobre a empresa e o respondente:
17. Informe o estado em que se encontra a sede da empresa: ______ . 18. Informe o segmento de atuação de sua empresa (atividade principal):
( ) Agência de Receptivo; ( ) Agência de viagens (emissivo); ( ) Operadora; ( ) Consolidadora; ( ) Representante de companhias aéreas, hotéis, destinos; ( ) Outro Especifique _____________________________________ .
19. Quantos níveis abaixo do presidente/principal executivo está o respondente desta pesquisa: _________ . 20. Qual o cargo / função do respondente desta pesquisa na empresa: ____________________________________________ .