A SUCESSÃO DA PROPRIEDADE RURAL ENTRE … · hereditariedade e a sucessão na agricultura...
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A SUCESSO DA PROPRIEDADE RURAL ENTRE
PRODUTORES DO NCLEO FAMILIAR DO MUNICPIO
DE CAMPOS GERAIS- MG
DENISON FERREIRA DA SILVA
PROFA.DR.MARIA LCIA RIBEIRO
PROF.DR. HENRIQUE CARMONA DUVAL
RESUMO
Este trabalho tem como aspecto principal o tema da hereditariedade e da sucesso no meio
rural. Entre os dez produtores rurais de ncleo familiar do municpio de Campos Gerais/MG,
sendo cinco da comunidade da Capoeirinha e cinco da comunidade dos Dois Paus, busca-se
entender como se processou essa transio at os proprietrios atuais e quais as justificativas
dos futuros herdeiros em continuar na atividade de agricultura familiar. Como o municpio
dispe de trinta comunidades rurais, na pesquisa sero entrevistadas dez famlias das duas
maiores comunidades rurais do municpio. A seleo de cinco propriedades em cada
localidade devido aos aspectos e caractersticas relevantes para a pesquisa como
similaridades e diferenas, condies geogrficas de relevo em reas planas e outras com
declive, facilitando ou dificultando a atividade agrcola, influenciando a renda e causando
diferenas econmicas entre os atores da pesquisa (agricultores). O trabalho ser realizado
por meio de investigao bibliogrfica e de entrevistas, nos quais as respostas dadas fora do
questionrio podero ser consideradas para o enriquecimento de detalhes. O projeto
encontra-se no incio, portanto a presente comunicao se dar no mbito do levantamento
bibliogrfico que est sendo feito sobre as principais questes que envolvem a
hereditariedade e a sucesso na agricultura familiar.
Palavras chaves: Ncleo familiar; sucesso; hereditariedade.
ABSTRACT
This work has as main feature the theme of inheritance and succession in rural areas. Among
the ten farmers' household in the municipality of Campos Gerais / MG, five families of
community of Capoeirinha and five families of community of Dois Paus, we seek to
understand how it has processed this transition to the present owners and which the
justifications of future heirs continue family farming activity. As the city has thirty rural
communities, research will be interviewed ten families of the two largest municipal rural
communities (five each). Selecting a property in each location is due to the aspects and
characteristics relevant to the search as similarities and differences, geographic relief in flat
areas and others with slope, facilitating or hindering agricultural activity, influencing income
and causing economic differences the actors of the research (farmers). Work will be
performed through literature research and interviews, in which the answers out of the
questionnaire may be considered for the details of enrichment. The project is at the
beginning, so this Communication will be made in the literature that is being done on the
main issues involving inheritance and succession in family farming.
Key words: family nucleus; succession; heredity.
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1 INTRODUO
O declnio da populao rural aparece em dados analisados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE; 2012) apresentando um corte de tempo de doze anos 2001-
2012; a populao rural que era de 16,20% diminuiu para 15,17%. Observando este mesmo
corte de tempo, a populao urbana apresenta um crescimento de 83,88% em 2001 para
84,83% em 2012. Essa tendncia no panorama estatstico vem ocorrendo tambm no estado
de Minas Gerais com a progresso dos moradores urbanos de 83,4% para 84,5%, medida
que houve um recuo de 16,6% para 15,5% da populao jovem rural no mesmo perodo.
Esta queda pode ser atribuda ao possvel processo da hereditariedade no campo,
verificando a transmisso da propriedade desde sua posse, assim como o recebimento por
herana verificando a sucesso hereditria e sua fragmentao como observa Carneiro (2001,
p.22-55):
As questes relativas transmisso da herana podem ser resolvidas, por um lado,
no sentido de conduzir fragmentao do patrimnio familiar e inviabilidade da
manuteno da unidade de produo, e por outro podem atuar no sentido de
favorecer a integridade do patrimnio.
medida que os herdeiros dos atuais produtores aumentam o seu grau de educao,
maior a tendncia de no permanecer como produtores. Outro fator que os pequenos
proprietrios idosos antes de falecer transmitem a propriedade para os filhos ou porque iro
vender as terras, e os filhos vo sustent-lo ou viver da aposentadoria. Essa uma hiptese
para o destino das pequenas propriedades rurais. Na posse dos filhos, o que eles pensam da
sucesso e que decises esto tomando? Neste contexto, o presente trabalho pretende
analisar os processos de sucesso entre produtores rurais do ncleo familiar de Campos
Gerais e elaborar um inventrio do processo dessa transio desde o incio dos ncleos
familiares at os proprietrios atuais, avaliando tambm as justificativas dos futuros
herdeiros em continuar na atividade rural, j que o IBGE aponta uma tendncia de queda da
populao rural.
2 JUSTIFICATIVA
Um dado significativo sobre o declnio da populao rural foi obtido no ltimo censo
agropecurio de 2006, apontando que o territrio brasileiro tem 5,2 milhes de
estabelecimentos rurais e cerca de 29% foram obtidos por herana familiar (IBGE, 2006).
O motivo desse resultado implica na necessidade de um debate sobre os sucessores
nas famlias dos produtores rurais, j que os dados apresentados apontam para um possvel
esvaziamento rural, como indicado por ABRAMOVAY (1992) ao afirmar que o Brasil
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marcado por um lado bem desenvolvido na questo da tecnificao agroindustrial e pelo
outro sofre em determinadas regies com o coronelismo, faltando polticas pblicas de
estruturao que possam colocar o agricultor familiar em condies de produzir e
comercializar seus produtos. Deve-se ressaltar tambm que as dificuldades de acesso
educao e sade tm causado a expulso dos camponeses para as cidades, buscando
trabalho e renda e desestimulando os jovens na continuidade da vida no campo,
comprometendo a sucesso geracional.
As tendncias em geral para as propriedades familiares so a especializao em uma
atividade, diminuir ou partir para extino, sendo vendidas ou arrendadas. Estes
proprietrios atingem uma idade elevada e poderiam se aposentar pelos mecanismos do
Instituto de Previdncia Social, ganhar um salrio que talvez sustente mais a famlia do que
a prpria atividade econmica. Neste contexto faz-se necessria uma anlise mais
aprofundada sobre a questo sucessria das pequenas propriedades agrcolas no pas,
conduzindo em melhor entendimento e incrementando a pouca literatura existente sobre os
reais motivos do declnio da populao rural.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Investigar o processo social de hereditariedade dos agricultores com relao
continuidade no campo e o futuro da agricultura familiar em dois ncleos familiares do
municpio de Campos Gerais- MG.
3.2 Objetivos especficos
a) Analisar a questo da continuidade no trabalho do campo por parte da juventude
rural em Campos Gerais MG;
b) Analisar as diferenas sociais dos agricultores e a questo sucessria nas
propriedades selecionadas para o estudo;
c) Verificar as perspectivas de xodo rural;
d) Contribuir com estudos voltados ao processo sucessrio, dentro da agricultura de
ncleo familiar de Campos Gerais MG.
4 HIPTESES
A investigao ocorreu em torno de quem ir permanecer na propriedade ou
possivelmente vend-la, parcel-la ou ningum ir permanecer por fatores a serem
analisados. Esses pequenos proprietrios que fizeram parte da pesquisa so de composio
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diversificada de produo no somente de produo cafeeira, mas tambm piscicultura,
apicultura e composio familiar marcada por filhos dependentes, at mesmo com ensino
superior completo.
Neste trabalho trs hipteses foram levantadas:
a) A sucesso familiar ocorre harmoniosamente onde os agricultores com
condies econmicas mais favorveis garantem sua permanncia na
propriedade.
b) Quanto transmisso patrimonial da propriedade, entre os descendentes, h
existncia de acordo quanto partilha.
c) A depender de situaes especficas, a sucesso no ocorre e os descendentes
migram do campo para as cidades e as propriedades so vendidas.
5 REFERENCIAL TERICO
5.1 Agricultura familiar no contexto brasileiro
O termo agricultura familiar remete a grandes discusses na contemporaneidade,
entre os diversos setores sociais, como: campo acadmico, organizaes no governamentais
e o poder pblico.
Dentro de sua regulamentao, quanto agricultura familiar, o Poder Executivo
Brasileiro estabeleceu a LEI N 11.326, de 24 de julho de 2006, estipulando as diretrizes,
conceitos, princpios e instrumentos da Poltica Nacional de Agricultura Familiar e
Empreendimentos Rurais Familiares (BRASIL, 2006).
Convm ressaltar que em se tratando de instrumentos desenvolvimentistas em
relao agricultura familiar dispomos do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar- PRONAF, com o intuito de estimular a gerao de renda e uso da mo
de obra familiar, realizado por meio de financiamento de atividades e servios rurais
agropecurios desenvolvidas em reas rurais ou reas comunitrias prximas (BRASIL,
2006).
pertinente dizer que no interior do campo acadmico as discusses sobre a
agricultura familiar envolve at os aspectos histricos envolvidos na concepo do termo,
sob a tica de valorizao da urbanizao e reduo da importncia do pequeno produtor na
construo do Brasil, como afirma Altafin (2007 p. 3-4) :
Esse fato fez com que a maioria de nossos livros de Histria pouco registrasse
sobre o papel dos produtores de alimentos na construo do pas, sendo o passado
contado apenas sob a perspectiva da grande agricultura escravista, monocultora e
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de exportao o ciclo do acar, o ciclo da borracha e o ciclo do caf
exemplificam essa tendncia. No entanto, a recente historiografia brasileira tem
buscado resgatar o papel do campons como ator social atuante, identificando suas
especificidades e diferentes configuraes. Baseado nas pesquisas desses
historiadores, focadas especialmente no perodo colonial e no Imprio, vamos aqui
resumir a importncia de cinco grupos que esto na origem da nossa agricultura
familiar: os ndios; os escravos africanos, os mestios; os brancos no herdeiros;
e os imigrantes europeus.
Diante de tal situao a importncia da agricultura familiar nunca foi tratada com o
devido valor, apesar de sociologicamente o termo no se apresentar como novidade, muito
menos em seu estado analtico. Mas nos ltimos anos sua abrangncia e significado tm
apresentado no Brasil ares de novidade e renovao (WANDERLEY, 2001).
preciso ressaltar que para Abramovay (1998) a agricultura familiar onde a
propriedade, a gesto vem de pessoas que mantm entre si vnculos de sangue ou casamento,
e no se trata de um bloco homogneo pois sofre diferenciaes internas a qualquer
sociedade mercantil.
Por tudo isso os desafios para manter a unidade familiar no so poucos tendo que se
flexibilizar como demonstra Abramovay (1999 p.13):
O principal desafio para que as unidades familiares de produo agropecuria
convertam-se na base do desenvolvimento rural est em que elas possam dotar-se
dos meios que lhes permitam participar de mercados dinmicos, competitivos e
exigentes em inovaes.
Diante dessas consideraes, na concepo de Carneiro (1997) a agricultura familiar
jogada em segundo plano h dcadas, at mesmo pelo Estado diante de tais situaes sua
base fundiria que a pequena propriedade tem sobrevivido mesmo que a maioria dos
recursos so disponibilizados para a grande produo e o latifndio.
Alm das especificidades at aqui vistas da agricultura familiar, podemos notar
diferenciaes na sua organizao em comparao agricultura empresarial. No
estabelecimento dessa comparao, considera-se que a agricultura familiar apresenta uma
vinculao entre a gesto e a realizao do trabalho pelos membros da famlia, enquanto na
agricultura empresarial ocorre a dissociao entre essas tarefas (SPANEVELLO, 2008
p.37).
Para Brumer (2001) as comparaes entre a agricultura familiar e a empresarial
ocorrem independente da volatilidade do mercado, pois o agricultor familiar precisa produzir
enquanto o capitalista tem as opes para definir no que vai investir o seu capital.
oportuno frisar que segundo dados das Organizaes das Naes Unidas ONU
em 2.030 a populao mundial vai chegar a indita marca de 8,5 bilhes de habitantes, essa
super populao mundial traz consigo o desafio da manuteno da vida de forma digna do
planeta e o desafio de produzir alimentos a esse enorme contingente.
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A agricultura familiar pode ser uma alternativa, j que segundo dados do governo
brasileiro (Brasil, 2015) a agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos pela
populao.
5.2 Sucesso
Para Abramovay et al. (1998, p.56) uma unidade produtiva sem sucessores
dificilmente contar com os investimentos em capital, terra e formao necessrios ao seu
desenvolvimento.
Os problemas enfrentados na agricultura pela falta de sucessores j se reproduzem
em estudos averiguados pelo IBGE (2010) no censo entre os anos de 2000 e 2010, os quais
indicam que a populao rural diminuiu em 2 milhes de pessoas e, agora, representam
15,6% da populao do Brasil.
Uma grande maioria dos descendentes se desloca para as cidades na busca de
oportunidades de melhorarem de vida atrs de uma renda assalariada, conforme relata Alves
(2006 p.7):
Admite-se que a famlia tome decises que visem ao bem-estar de todos os seus
membros, embora o chefe de famlia possa sair perdendo. Viver no meio rural ou
na cidade, so duas opes e os prs e os contras so devidamente avaliados. Na
deciso de migrar para a cidade, o diferencial de salrio, o desconforto do ajuste
ao novo estilo de vida, o risco de no encontrar emprego e a violncia urbana so
devidamente considerados. Contudo, se o diferencial de salrio for tentador e as
vantagens que as cidades oferecem forem incorporadas a ele, a famlia corre o
risco de migrar.
A continuao sucessria foi analisada por Gasson e Errington (1993) assinalando
que o filho herdeiro mora em um determinado lugar separado do pai, gerindo de forma
prpria a tomada de deciso. Com sua vida financeira resolvida, o jovem assume o posto
paterno aps a aposentadoria dos pais, como tambm divide o mesmo teto que o pai e assume
definitivamente o posto aps o falecimento do mesmo.
Burton e Walford (2005) caracterizam a diviso sucessria em etapas, comeando
enquanto crianas e a dedicao ao trabalho agrcola dvida com o tempo dedicado aos
estudos. So transmitidas funes de responsabilidades quanto a termos tcnicos e passagem
de conhecimentos produtivos. Se o pai sai da administrao, passa-se a posse ao seu
sucessor.
Woortmann (1995) relata que o processo de transmisso do patrimnio familiar trata-
se da transferncia de bens de pais para filhos e, em especial, a terra atravs da herana
constitui um dos movimentos bsicos da agricultura familiar.
Dados da pesquisa de campo, descritos por Spanevello (2008) mostram que ser
possvel delimitar um quadro sobre os provveis acertos da transmisso do patrimnio
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familiar ocorrendo casos de compra de terras para ajudar o filho sucessor. A transferncia
dessa terra ocorre tardiamente, para demonstrar que no perdeu sua autoridade perante o
filho e, a partir do esgotamento da fora fsica dos pais, os mesmos vo se retirando e
cedendo o lugar para os filhos tomar conta do estabelecimento.
Pensar em herana na sociedade camponesa resulta no reconhecimento de dois
processos que se flexionam: a escolha do sucessor aquele que assegura a persistncia das
caractersticas inerentes herana da explorao agrcola e a manuteno do grupo familiar
e a diviso dos bens associada ao primeiro diretamente (Carneiro, 2001). Os
estabelecimentos no so um conjunto que possui igual natureza e/ou apresenta semelhana
de estrutura e, funo, possuindo trs tipos de unidades familiares: as essencialmente
familiares, as que complementam sua fora de trabalho com empregados temporrios, e as
que contratam empregados permanentes utilizando empregados temporrios ou no
conhecidos como empresas familiares (KAGEYAMA E BERGAMASCO, 1989).
A respeito das unidades familiares, por meio do raciocnio lgico, Navarro e Pedroso
(2014) discutem que o que existe so pequenos produtores analisando criticamente a
expresso agricultura familiar, enfocando na existncia de estabelecimentos rurais de menor
porte. O uso destes argumentos indica que a expresso tinha por atender um propsito inicial
que foi lentamente se desfazendo, atendendo menos as necessidades das famlias rurais e
mais a outros interesses, alicerando no esvaziamento rural.
5.2.1 A sucesso e suas especificidades
Trataremos nesse item as particularidades da sucesso como a problemtica que
envolve uma parte do contexto transitrio geracional. Sabemos da importncia que a
pequena propriedade exerce no funcionamento harmnico rural, envolvendo uma tradio
familiar de enraizamento na terra, a preparao da passagem dos negcios aos herdeiros
de grande dificuldade e tambm pode ser frustrante, como afirma LONGENECKER et al.
(1997).
Os conflitos na hora da sucesso so os piores, pois sempre so expostos problemas
conjunturais de muitos anos, a sucesso determinada por um longo prazo de acordo com a
preparao que os pais deram aos filhos na relao de riqueza e poder (LODI, 1993).
A prtica de negociao exercida dentro da famlia nem sempre obtm xito por mais
que habilidosa que a pessoa for, pois sempre existiro muitas emoes envolvidas podendo
dissolver o mais robusto dos empreendimentos familiares (LESSA, 2003).
Ainda Lessa (2003), tem viso de uma competio entre os membros familiares, sua
interferncia na gesto da propriedade tira completamente fora do eixo com a opinio de
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familiares e de pessoas prximas. Os pais se mostram desconfiados com a capacidade dos
filhos de gerenciar a propriedade tornando pouco favorvel continuidade.
Essa prtica de transferir a liderana de uma gerao outra cercada de paradigmas
devido a mudanas de cultura entre geraes. Contudo, forosamente o rompimento
realizado conforme o modelo paternalista e os filhos possivelmente enfraquecem a cultura
da famlia patriarcal, que sempre sugere que o pai sabe mais que o filho (Longenecker et al.,
1997).
Atualmente no Brasil, fecha-se ou divide-se em diversas empresas rurais familiares
justificadas pela incapacidade da estabilizao de relaes, j que a profissionalizao da
gesto cada vez mais recente e a introduo de normas e regras auxilia bastante na
sobrevida da empresa. A famlia tem que ser comprometida com a continuidade dos
negcios, pois a falta de conduta familiar colocar o futuro em risco com apenas pequenos
desentendimentos para comear seu processo de fratura. Os herdeiros precisam de uma
preparao precoce, se interar da organizao antecipando e planejando sua carreira como
ponto de partida (Lessa, 2003).
Conforme Abramovay (1998), a formao de novos jovens agricultores um
processo que envolve componentes como: a transferncia de patrimnio; a continuao
paterna na atividade profissional do campo; a sada das geraes mais velhas da gesto
patrimonial. Ao que tudo indica, quanto mais rpido houver algum tipo de planejamento que
possa passar a segurana necessria de uma maneira especifica que cuide com toda ateno
possvel do processo de sucesso geracional melhor, pois at o dado momento as
preocupaes esto cada vez mais explicitadas atravs de novos estudos e anlises
divulgados periodicamente.
5.3 O futuro da propriedade rural
Em se tratando do futuro das perspectivas de sucesso para a garantia da existncia
da propriedade no h preocupao por parte de muitas lideranas rurais, empreendedores
rurais, sindicatos e associaes, visto que este processo sucessrio envolve o patrimnio
familiar, a continuidade do trabalho do pai a partir do seu ciclo natural de esgotamento fsico
(SPANEVELLO, 2008).
O motivo de tornar-se herdeiro atualmente no atrai a satisfao pessoal como foi
verificada por Tedesco (2001) em afirmao resguardada pela introduo da mquina nos
processos de produo redesenhando na forma de viver e manuteno de relacionamento o
que no sinnimo de ruptura da estrutura familiar.
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Tratando da sucesso no comando das propriedades rurais, a preocupao
referenciada agricultura familiar segundo Comassetto (2012 p.111-119) a de que:
Um estudo desenvolvido por Abramovay e Camarano ainda em 1999 diagnosticou
que, apesar de desfrutar dos recursos da modernidade, o meio rural brasileiro est
envelhecendo e masculinizando, pondo em risco, sobretudo, o futuro das pequenas
propriedades. Conforme os autores, j naquela ocasio, a maioria dos agricultores
tinha mais de 55 anos, baixa escolaridade, dificuldade de produzir renda regular e
aderir s novas tecnologias, pelo fato de os jovens, mais afetos s informaes e
s transformaes advindas da globalizao, so seduzidos pelos atrativos urbanos
e, principalmente a partir do momento em que deixam o campo para estudar,
acabam trilhando caminhos diferentes do de seus pais. Raros so os que retornam
para dar continuidade aos negcios da famlia.
As propriedades rurais, em destaque as pequenas, sofrem com o risco de extino
uma vez que as velocidades das mudanas de processos sociais e econmicos esto cada vez
mais aceleradas como apontado por De Mera e Netto, (2014 p. 759):
Algumas razes so apontadas como causas da diminuio da populao no meio
rural. O estudo proposto na abordagem de Todaro (1979) aponta fatores
econmicos e no econmicos como causadores desta problemtica, pois
considera a mobilidade um meio de ajustamento propcio para o mercado de
trabalho, explicado no pensamento marshalliano, decorrente da existncia de
economias de aglomerao.
As formas de transmisso da propriedade mudam de acordo com os instrumentos de
compensao e negociao disponveis (CARNEIRO, 2001).
O processo de sucesso familiar no parte de um planejamento bem realizado pela
famlia, comeando pelo baixo nvel educacional dos filhos e pela falta de preparao dos
mesmos para assumir a propriedade, conforme Chemin e Ahlert (2010).
Para Silvestro et al. (2001) o processo sucessrio vai ocasionar conflitos, na maioria
dos casos, partindo da forma de remunerao dos irmos no contemplados com a
propriedade paterna at a questo de vis de gnero que tende acompanhar esses processos.
A lei impe dificuldades quanto sucesso. Como foi analisado por Chemin e Ahlert
(2010) no se ocupa com a avaliao da realidade da atividade econmica, o fator da
subsistncia depende deste patrimnio, e sim procura definir se a propriedade tem um ou
mais herdeiros inviabilizando uma sucesso no aspecto da lei.
Abramovay et al. (2003) alega uma inexistncia de um padro sucessrio alternativo
definido e legitimado pelos membros da famlia, geralmente os jovens no apresentam
interesses em reproduzir os pais gerando conflitos ainda maiores na sucesso que segue sem
um planejamento adequado por parte da maioria das famlias quanto a definio do sucessor
da propriedade e da remunerao dos irmos no sucessores com tendncia a excluir as filhas
do processo sucessrio. Na questo do envelhecimento volta a um processo centralizado de
masculinizao da juventude, com um nmero maior de moas abandonando o campo em
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relao aos rapazes ligado s oportunidades de mercado de trabalho urbano em contrapartida
da vida subalterna que as moas tm no campo Camarano e Abramovay (1998).
O jovem influenciado por vrios determinantes na sua escolha profissional, dos
quais os mais relevantes so suas expectativas de gerao de renda na unidade paterna, que
provavelmente no mercado assalariado asseguram que possam ter uma renda mais
satisfatria (SILVESTRO et al. 2001).
O controle da propriedade no apresenta um ponto de vista comum entre pais e filhos,
apesar de que na maioria das unidades produtivas capitalizadas apresenta um dilogo maior
entre pais e filhos, com a participao mais efetiva dos jovens determinada pela natureza das
atividades.
Segundo Carneiro (1998) a juventude rural afetada pelas mudanas e pelas crises
econmicas para permanncia no espao rural. As identidades locais no so mais
sustentadas pela homogeneidade de padres culturais estabelecidos e, sim, baseadas na
diversidade e na maneira especifica de combinar prticas de valores originrios de universos
culturais diferentes, o que identifica como rurbanizao.
Para Brumer et al. (2004) jovens mulheres no apresentam tanto interesse em
permanecer no meio rural pela maneira diferente que rapazes e moas so socializados no
trabalho agrcola, e o acesso s responsabilidades relativas unidade produtiva, uma renda
prpria e herana da terra.
Duqu e Souza (2002) analisam a sucesso geracional observando os aspectos que
influenciam os filhos na hora do jovem decidir entre assumir e permanecer no trabalho
agrcola ou partir para outra atividade. Ressalta-se que alm do fator econmico, os laos
afetivos e a presso familiar tm importncia fundamental no momento de decidir ou no o
trabalho agrcola.
A falta de sucessores pode gerar uma crise social na agricultura familiar, na medida
em que os filhos dos agricultores no podem ou no querem exercer a mesma atividade dos
pais. Para Siqueira (2004), o comportamento da juventude praticamente igual por haver
certo preconceito na recusa do estilo de vida rural temendo a invisibilidade social
Weisheimer (2013).
Portanto a continuidade da propriedade pode ser analisada pelos fatores vistos
anteriormente e a permanncia do sucessor na atividade rural vai variar de acordo com
estmulos de polticas pblicas, dentre outras, como o Programa Nacional de Crdito
Fundirio (PNCF) vinculado ao Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA) auxiliando
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em aportes financeiros, a comercializao e buscando tornar o jovem agricultor cada vez
mais pluriativo.
5.3.1 Tendncias dos proprietrios
As dificuldades encontradas no campo econmico alm da falta de perspectivas
moldam uma conjuntura de sada gradativa do interesse de ficar trabalhando no campo em
uma nova etapa da histria agrcola brasileira Buainain et al. (2013).
Porm, h outro ponto de vista que foi apresentado por Del Grossi et. al (2001)
indicando que em meados dos anos 90 em diante o cenrio do xodo rural se tornou diferente
em relao dcada anterior, pois perdeu fora e a populao rural voltou a crescer graas a
um conjunto de fatores como:
a) Crescimento vertiginoso das ocupaes rurais no agrcolas;
b) Crescimento acelerado dos desempregados rurais;
c) Estabilidade dos aposentados rurais;
d) Recuperao da ocupao agrcola.
O meio rural no possui somente caractersticas voltadas agricultura; um percentual
importante recorre s atividades no agrcolas esta nova maneira de mistura das prticas
agrcolas com as no agrcolas e definido como pluriatividade, segundo Teixeira (1998)
compondo uma importante estratgia de reproduo. Com isso, melhorando as condies de
permanncia dos pequenos agricultores e de sua reproduo social.
Para Brumer et al. (2000), a organizao do trabalho familiar e a maneira que a renda
distribuda por todos membros da mesma (famlia) exerce poder sobre outrem na
possibilidade de fixao do jovem no campo.
Os principais problemas enfrentados pela sucesso so descritos por Juchem et al.
(2008), o qual revela que as organizaes de base familiar se originaram do forte espirito e
viso empreendedora dos seus fundadores, e a organizao da propriedade estruturada na
base familiar considerada pelos fundadores como uma extenso da famlia para garantir a
existncia tanto da propriedade quanto da famlia.
6 PROCEDIMENTO METODOLGICO
6.1 Espao e Sujeitos da Pesquisa
Os sujeitos da pesquisa foram 5 produtores de ncleo familiar de 2 comunidades
rurais do Ncleo Familiar de Campos Gerias-MG, onde vivem aproximadamente 3620
famlias (SECRETARIA DA AGRICULTURA, 2004). A escolha deste universo emprico
de pesquisa justificada pela populao rural do municpio ser formada por cerca de 8444
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habitantes ou seja 30,6% do total de habitantes do municpio, segundo IBGE censo 2010
(Figura 1). O municpio apresenta uma rea territorial de 769,504 Km2, com cerca de 2000
km de estradas vicinais e galhos de estradas com 5000 propriedades segundo a Secretaria de
Agricultura da municipalidade.
Figura 1: Populao de Campos Gerais
Fonte: IBGE, Censo Demogrfico de 2010.
6.1.1 Municpio de Campos Gerais
O Estado de Minas Gerais dividido em 12 mesorregies, o que contribui na
elaborao de polticas pblicas e no subsdio ao sistema de decises quanto localizao
de atividades econmicas, sociais e tributrias. Esta diviso em mesorregies tambm
fornece informaes importantes para estudos e identificao das estruturas espaciais de
regies metropolitanas e outras formas de aglomeraes urbanas e rurais.
Segundo o IBGE, as mesorregies estabelecidas para Minas Gerais so as seguintes:
Noroeste de Minas, Norte de Minas, Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Tringulo Mineiro e
Alto Paranaba, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio Doce, Oeste
de Minas, Sul e Sudoeste de Minas, Campos das Vertentes e Zona da Mata, conforme pode
ser visualizado na Figura 2. Cada mesorregio por sua vez subdividida em microrregies.
O municpio de Campos Gerais est localizado na mesorregio Sul e Sudoeste de Minas,
fazendo parte da microrregio de Varginha ( Figura 3) juntamente com os municpios: Boa
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Esperana, Campanha, Campo do Meio, Carmo da Cachoeira, Coqueiral, Eli Mendes,
Guap, Ilicnea, Monsenhor Paulo, Santana da Vargem, So Bento Abade, So Thom das
Letras, Trs Coraes, Trs Pontas e Varginha.
O municpio de Campos Gerais, localizado na mesorregio Sul e Sudoeste de Minas
e na microrregio de Varginha, teve sua fundao no ano de 1827, em que duas famlias
(Soares e Martins) discutiam intensamente as disputas territoriais, pois ambas as fazendas
das famlias possuam muitos escravos onde surgiu o ncleo populacional.
As fazendas tinham a delimitao onde hoje conhecido como Crrego da Divisa,
em que ambas as partes concordaram em construir uma Capela dedicada Nossa Senhora
do Carmo, em um gesto comunitrio que objetivava o socorro espiritual da comunidade para
a administrao dos sacramentos principalmente os batismos Leford (1989).
Segundo o IBGE (2010), o municpio possui uma populao de aproximadamente
27600 habitantes e suas principais atividades econmicas so o setor agropecurio e
prestao de servios. Como j citado anteriormente, sua populao rural de
aproximadamente 1/3 como podemos verificar na Figura 1.
A extenso territorial do municpio de 769,504 km2 e aproximadamente 2000 km
de estradas vicinais e galhos de estradas, tornando-se um dos maiores municpios em
extenso rural do sul de Minas Gerais, segundo a Secretaria de Agricultura do Municpio.
Os dados da prpria secretaria indicam que h cerca de 5000 propriedades, distribudas em
30 comunidades rurais como: Aude, Barra, Barreiro, Barro Preto, Batatas, Boa Vista dos
Campos, Capoeirinha, Cerrado, Cervo, Crrego do Ouro, Descaroador, Dois Paus,
Engenho, Fortaleza, Furnas, Galo, Grama, Grupiara, Guaripu, Imbiruu, Jaragua, Jata,
Macacos, Macuco, Ona, Paraso, Pessegueiro, Pinhal I, Pinhal II e Serra onde se situam
aproximadamente 3620 famlias Secretaria de Agricultura (2004).
A base econmica do municpio o cultivo de caf, favorecido pela caracterstica
predominante do tipo do solo Latossolo Vermelho Amarelo de textura mdia e clima
subtropical mido, beneficiando o cultivo em cerca de 20000 hectares. O associativismo
rural est presente constituindo 10 associaes, 2 Cooperativas e 2 Sindicatos com 7457
membros ao todo.
O declnio da populao rural aparece em dados analisados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE; 2012) apresentando um corte de tempo de doze anos 2001-
2012; a populao rural que era de 16,20% diminuiu para 15,17%. Observando este mesmo
corte de tempo, a populao urbana apresenta um crescimento de 83,88% em 2001 para
84,83% em 2012. Essa tendncia no panorama estatstico vem ocorrendo tambm no estado
-
19
de Minas Gerais com a progresso dos moradores urbanos de 83,4% para 84,5%, medida
que houve um recuo de 16,6% para 15,5% da populao jovem rural no mesmo perodo.
Figura 2: Mesorregies do Estado de Minas Gerais
Fonte: Governo de Minas Gerais, disponvel em https://www.mg.gov.br, acesso 05 de junho de 2016.
Figura 3: Mesorregies do Estado de Minas Gerais e suas subdivises em microrregies. A microrregio de
Varginha representada pelo cdigo 50.
Fonte: Governo de Minas Gerais, disponvel em https://www.mg.gov.br, acesso 05 de junho de 2016.
-
20
Isoladamente, a regio produtora de caf do sul do estado de Minas Gerais,
compreende a maior do Brasil, concentrando a tradicional produo do caf arbica graas
boa altitude e, toda produo formada por mais de 70% de pequenas propriedades,
embora as maiores fazendas do pas tambm faam parte desta rea (SINDICAF-MG,
2009).
6.1.2 Ncleos familiares pesquisados
Os ncleos familiares escolhidos para essa pesquisa foram pequenos proprietrios
das comunidades da Capoeirinha e Dois Paus do municpio de Campos Gerais (Figura 4).
A procedncia da escolha destas localidades se deu devido ter exclusivamente
agricultores familiares e possuir uma diversidade produtiva grande e a utilizao da mo-de-
obra familiar. Alm do mais as duas comunidades so as mais populosas do municpio que
segundo a Parquia Nossa Senhora do Carmo, de Campos Gerais, Diocese de Campanha,
possui 250 famlias ao todo (Comunicao pessoal).
Figura 4: Delimitao aproximada das comunidades: Capoeirinha e Dois Paus.
Fonte: Google Earth. Data da imagem: 08/0/2015.
As cinco propriedades das duas localidades foram selecionadas devido aos aspectos
e caractersticas relevantes para a pesquisa como similaridades e diferenas, condies
geogrficas de relevo em reas planas e outras com declive facilitando ou dificultando a
atividade agrcola, influenciando a renda e causando diferenas econmicas com os atores
da pesquisa (agricultores).
6.2 Coleta dos dados
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21
A abordagem da questo sucessria foi desenvolvida atravs de entrevista aos
proprietrios, guiada por entrevista com roteiro dos proprietrios (apndice 1) com perguntas
de mbito qualitativo. A entrevista foi dividida em trs blocos abordando os seguintes
aspectos: caractersticas do ncleo familiar da propriedade; continuidade das atividades
agrcolas e transmisso patrimonial. A validao do questionrio utilizado na entrevista, foi
realizada pela aplicao do mesmo a 3 proprietrios rurais no participantes da pesquisa para
fins de ajuste.
A coleta de dados nos Ncleos familiares da Capoeirinha e Dois Paus foram
realizadas em cerca de quatro semanas sendo utilizada a entrevista com o roteiro.
H de considerar que o ponto inicial para a chegada aos atores partiu de uma conversa
com o vigrio paroquial de Campos Gerais, o que permitiu o acesso aos lderes comunitrios
das duas localidades. O proco foi extremamente receptivo depois das explicaes sobre a
pesquisa a ser realizada nas localidades. Os lderes comunitrios foram contatados pelo
prprio proco, que explicou o objetivo da pesquisa, portanto os proprietrios no tiveram
tanta desconfiana na realizao das entrevistas.
A seleo das famlias para a aplicao da entrevista foi feita pelo prprio lder local,
levando-se em considerao as similaridades e diferenas entre as propriedades e as
condies geogrficas de relevo das mesmas.
A maioria das entrevistas foram realizadas com o casal e embora as respostas em sua
maioria tenham sido dadas pelo chefe de famlia, a esposa sempre que achava necessrio
intervia em alguma resposta que o marido dava. Convm observar que o marido sempre
achava necessrio consultar a esposa, principalmente em questes familiares, mas as esposas
mostraram conhecer toda a rotina da propriedade rural. Em muitas coletas as esposas no
paravam com os afazeres domsticos, mas davam toda ateno necessria e a interveno na
resposta quando achavam necessrias e nas localidades em que tinham curso superior foram
mais participativas nas respostas do que os maridos, demostrando serem fundamentais para
o funcionamento do ncleo familiar. As entrevistas foram gravadas com a autorizao e
consentimento de ambos.
Cabe ressaltar quem em duas coletas os filhos estavam presentes e fica muito
evidente a ligao mais afetiva entre a filha e o pai e o filho e a me demonstrando at um
certo ar de cimes em relao a questionamentos sucessrios.
6.3 Anlise dos dados obtidos
Os dados obtidos at o momento foram tabulados e sero apresentados em grficos
para melhor caracterizao dos ncleos familiares da propriedades pesquisadas. Sero feitas
-
22
anlises comparativas entre os proprietrios de uma mesma comunidade e aps estas anlises
iniciais, sero comparadas os resultados obtidos nas duas comunidades.
7 RESULTADOS E DISCUSSO
7.1 Caracterizao da comunidade rural Capoeirinha
O presente trabalho inicia-se na comunidade rural da Capoeirinha, localidade que
fica h cerca de 6 km do municpio de Campos Gerais. Todo levantamento realizado da
comunidade sobre seu contexto de concepo foi baseado exclusivamente em relatos das
famlias entrevistadas na localidade, assim como moradores mais antigos da regio. Portanto
os relatos dos antigos moradores se voltam unicamente a mesma histria.
Efetivamente uma ligao forte que a comunidade tem a respeito da grande
religiosidade do povo, onde semanalmente se encontram em uma capela construda e
mensalmente ocorrem as missas que um objeto de encontro comunitrio.
Em sntese, a histria da formao da comunidade Capoeirinha se d na primeira
metade do sculo XX atravs da construo de uma casa do senhor Amaro Jos da Silva e a
esposa Conceio Maria da Silva que se casaram e ficaram na localidade, iniciando a
nucleao com nove descendentes diretos. Os moradores antigos relatam que a posse da terra
ocorria de acordo com os cercamentos realizados na terra; caso ningum reivindicasse a
posse, permanecia por quem tivesse delimitado a propriedade.
Atravs da Parquia Nossa Senhora do Carmo de Campos Gerais, pode-se constatar
que a comunidade tem cerca de 110 famlias. Esta a nica fonte obtida, pois nenhum rgo
governamental fez este tipo de levantamento at a presente data.
A comunidade da Capoeirinha dispe de uma Associao Rural com o nome de
Associao de Produtores Rurais da Capoeirinha, Cerrado e Ona, com a inscrio de
CNPJ n 09.590.146/0001-09 que atravs de emendas parlamentares adquirem implementos
agrcolas para a utilizao comunitria (CAMPOS GERAIS, 2014) tais como: Trator modelo
1175-4SR Yanmar, Descascador metlico conjugado ambulante para benefcio de caf
capacidade 20 sacas/ hora instalada sob carreta metlica com dois eixos marca Palini Alves
e Plantadeira 03 linhas com rodas marca Baldan.
O sistema produtivo da comunidade tem composio bem diversificada tendo como
carro chefe a cafeicultura, caracterstica na qual muito presente na passagem de
conhecimento de gerao para gerao.
7.1.1 Caractersticas familiares do Ncleo Familiar da Capoeirinha
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23
Aps as entrevistas realizadas com as cinco famlias do Ncleo Familiar da
Capoeirinha, os dados coletados foram tabulados para anlise. A primeira anlise realizada
foi sobre as caractersticas familiares. Pode-se observar na figura 5 a composio familiar
das cinco famlias pesquisadas, sendo que 60% das famlias possuem at 4 membros, 20%
com 5 membros e 20% com 6 membros.
Figura 5: Porcentagem de membros das famlias entrevistadas no ncleo familiar da Capoeirinha.
Fonte: autor
Os dados aqui obtidos esto de acordo com os dados de tabulao avanada do
CENSO 2000 IBGE, que confirmaram duas tendncias das famlias brasileiras que ainda
no haviam sido constatadas: a diminuio do tamanho das famlias e o crescimento de
famlias sob responsabilidade feminina.
A queda da fecundidade nas ltimas duas dcadas responde diminuio do nmero
de componentes familiares de 3,9 pessoas em 1991, para 3,5 em 2000. J na rea rural a
queda foi de 4,4 para 4,0 mostrando uma queda maior que a urbana, sendo que nas reas
urbanas a maioria das famlias so formadas com 1 a 4 componentes, enquanto as famlias
rurais so formadas respectivamente de 5 a 11 componentes em mdia (IBGE, 2000). A
diminuio da taxa de fecundidade demonstrada na tabela 1, refletindo na diminuio do
nmero de componentes familiares.
Embora o xodo rural seja apontado como a maior causa da diminuio da populao
rural, sendo demonstrado que no final do sculo XX, em duas dcadas (1960-1980) 27
-
24
milhes de pessoas deixaram o meio rural, enquanto que entre 1991 e 2000, ocorreu uma
sada de aproximadamente 4 milhes de pessoas (BELTRO, et al., 2004), a diminuio dos
componentes familiares ao se agregar ao xodo rural pode levar a longo prazo extino da
agricultura familiar.
Tabela 1: Taxas de fecundidade total segundo as Grandes Regies - 1940/2000
Taxas de fecundidade total
Grandes Regies 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Brasil 6,2 6,2 6,3 5,8 4,4 2,9 2,3
Norte. 7,2 8 8,6 8,2 6,4 4,2 3,2
Nordeste.... 7,2 7,5 7,4 7,5 6,2 3,7 2,6
Sudeste..... 5,7 5,5 6,3 4,6 3,5 2,4 2,1
Sul........... 5,7 5,7 5,9 5,4 3,6 2,5 2,2
Centro-Oeste. 6,4 6,9 6,7 6,4 4,5 2,7 2,2
Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 1940-2000.
Neste contexto, a diminuio dos componentes familiares ao longo do tempo poder
levar ao esvaziamento demogrfico do meio rural, uma vez que a maioria dos agricultores
familiares so filhos de agricultores e produzem, em grande parte, sob a mesma terra que foi
de seus pais.
Figura 6: Porcentagem de gnero dos sucessores das famlias entrevistadas no ncleo familiar da Capoeirinha.
Fonte: autor
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25
Outra caracterstica familiar analisada foi o gnero dos sucessores, sendo que na
comunidade da Capoeirinha os sucessores das famlias entrevistadas so formados por 62%
de gnero masculino enquanto 38% so feminino (Figura 6). O fato de haver mais homens
que mulheres confirma se no CENSO 2010, sendo que o municpio de Campos Gerais
composto por 14.602 indivduos do sexo masculino (51%) contra 13.561 componentes do
sexo feminino, ou seja, 49% do total.
O fato de uma grande maioria masculina no implica na limitao na participao da
mulher na propriedade como define Woorthmann (1992), afirmando que as relaes internas
na famlia e na comunidade se caracterizam pela complementariedade de gnero.
Outro fator a ser observado, como j descrito anteriormente, o aumento de famlias
sob a responsabilidade feminina (IBGE, 2000). O crescimento das famlias sob
responsabilidade feminina pode ser observado no fato que com o montante de 48,2 milhes
de famlias no Brasil, 12,8 milhes esto sob a responsabilidade da mulher ou seja, 26,7%
(IBGE, 2000). Embora nenhuma famlia entrevistada tenha a mulher como chefe de famlia,
importante ressaltar que em todas as famlias entrevistadas a mulher tem papel fundamental
na tomada de decises e conhece a rotina da propriedade rural, muitas vezes participando
deste processo diretamente.
Em relao questo sucessria e o gnero dos sucessores, pode se observar ao longo
do tempo que os sucessores so normalmente os filhos homens (CARNEIRO, 2001;
SANTOS, 1984; WOORTMANN, 1995). A escolha das mulheres como sucessoras rara e
ocorre em casos em que no h filhos homens (SPANEVELLO, 2008). Essa distino
observada tem origem na diviso do trabalho entre homens e mulheres. A agricultura ainda
vista como uma ocupao predominantemente masculina e o trabalho das mulheres na
agricultura familiar reconhecido apenas como ajuda, sendo parcialmente produtivo
(WOORTMANN, 1995).
Na verdade, o processo sucessrio e, de certa forma, toda a organizao do
trabalho so enviesados contra a mulher. Nas regies coloniais em que predomina
a agricultura familiar, verifica-se um padro a respeito da sucesso das
propriedades rurais. Esse padro comporta variaes e excees, mas so
principalmente os filhos homens que herdam a terra, enquanto que as mulheres se
tornam agricultoras por casamento (STRAPASOLAS, 2004, P.254).
A faixa etria dos casais tambm foi analisada e pode se observar na figura 7 que os
homens apresentam idade acima dos 40 anos, sendo que 40% ficam entre os 40 e 49 anos e
-
26
60% entre 50 e 59 anos. Enquanto as mulheres apresentam 20% abaixo dos 40 anos, 60%
entre 49 e 40 anos e os 20% restantes acima de 49 anos.
Figura 7: Porcentagem da idade dos casais das famlias entrevistadas no ncleo familiar da Capoeirinha.
Fonte: autor
Analisando a composio etria dos casais da comunidade com os dados do Censo
2010 verificamos que os mesmos se encontram na parte intermediaria da pirmide, como
pode ser observado na figura 8.
Figura 8: Pirmide etria da populao brasileira
Fonte: IBGE
http://vamoscontar.ibge.gov.br/atividades/ensino-fundamental-6-ao-9/49-piramide-etaria
-
27
A idade dos filhos sucessores masculinos apresentam de 1 a 9 anos 25%, de 10 a 19
anos 37,5% e de 20 a 29 anos 37,5%. O gnero feminino tem uma composio mais jovial
que os sucessores masculinos com 80% de 10 a 19 anos e os 20% restantes acima dos 19
anos (Figura 9).
Figura 9: Idade dos sucessores das famlias entrevistadas no ncleo familiar da Capoeirinha.
Fonte: autor
Fica demonstrado que entre os homens da comunidade 60% possuem Ensino
Fundamental enquanto 20% o Ensino Mdio e outros 20% Ensino Superior. As mulheres
ficam na equivalncia com os homens nesse aspecto da escolaridade (Figura 10).
Figura 10: Porcentagem do grau de escolaridade dos casais das famlias entrevistadas no ncleo familiar da
Capoeirinha.
Fonte: autor
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A predominncia de grau de escolaridade da maioria dos gneros indica uma
tendncia analisada pelo IBGE no Censo 2010 mostrava que quase a metade da populao
com 25 anos ou mais no tem o ensino fundamental completo 49,25% em que o percentual
representa 54,5 milhes de habitantes.
Quando tratamos dos nmeros na zona rural a diferena ainda maior onde 79,6%
no terminaram o ensino fundamental.
8 CONSIDERAES PRELIMINARES
At o momento este trabalho tenta demostrar se a permanncia dos filhos na
propriedade uma tendncia no caso da Comunidade da Capoeirinha em Campos Gerais
MG.
No que tange pesquisa, procurou-se entrevistar 5 proprietrios de ncleo familiar
da comunidade da Capoeirinha, priorizando na medida do possvel a entrevista com o casal
O trabalho visa saber se h a preocupao de ter a continuidade sucessria no campo
devido a ltimos levantamentos do Censo haver uma diminuio significativa da populao
rural se deslocando para as cidades.
preciso acentuar que na Comunidade da Capoeirinha houve muitas mudanas no
dia a dia do campo devido grande expanso econmica e introduo de modos capitalistas,
mas tem muitas formas de convvio em comunidade como trabalho em mutiro se
sobressaem criando uma resistncia contra esse fim inevitvel.
Para Cndido ( 1979 p.17)
conhecer os meios de vida num agrupamento de caipiras: quais so, como se
obtm, de que maneira se ligam vida social, como se refletem as formas de
organizao e as de ajustes ao meio [...]aquelas recorrem descrio, atm-se
aos detalhes e s pessoas , a fim de integr-los numa viso que abranja , em
princpio , todos os aspectos da cultura .
E necessrio ressaltar que todos entrevistados contaram que as condies de vida
hoje bem mais fcil como antigamente em uma famlia entrevistada o marido chegou a
falar que o maquinrio disponvel hoje em dia bem mais fcil o trabalho do que antigamente
quando tinham que pegar no cabo da lacraia referindo-se a enxada.
Como de se observar a respeito de planos sucessrios para a continuidade na
atividade foi por unanimidade que os agricultores se preocupam que os filhos continuem na
atividade, mas o assunto tratado como se fosse um tabu, devido apresentarem um grande
medo de morrer como demonstram nas respostas.
Convm observar tanto ncleos familiares com filhos e filhas os casais no
presentaram preferencia de um ou de outro para a continuidade na propriedade.
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29
Simplesmente o nico pedido que fizeram aos filhos que no vendessem de forma nenhuma
a propriedade devido ao grande valor emocional que tem.
Em um ncleo familiar compostos por dois filhos aconteceu uma curiosidade de
nenhum dos dois filhos apresentarem interesse na continuidade na propriedade. Diante dessa
situao o pai deles teve que falar sussurrando, pois segundo ele os filhos no podem ficar
sabendo devido a no ter interesse em continuar na propriedade e no gosta que o pai
comente isso com os outros.
Fonseca (2000 p.43) referendava esse tipo de episodio da seguinte forma:
Atacar, pela fofoca, os atributos de um e de outro atentar contra o que h de mais
intimo do individuo, a imagem de que ele faz de si. como se as palavras que
atingem a imagem pblica de uma pessoa tivessem a fora mgica de feri-la
fisicamente.
Diante dessas consideraes mesmo em que a composio de idade e nvel
educacional dos sucessores seja bastante diversificados, alguns j at assumiram o controle
de algumas formas produtivas at ento no houve disputas entre os sucessores e nem mesmo
a preferencia de algum dos filhos para continuarem na atividade. A nica preocupao
evidente nos pais com relao ao possvel casamento dos sucessores em que segundo eles
podem ser intensamente influenciados pelos seus cnjuges.
Os prximos passos do trabalho ser de coleta de dados da Comunidade dos Dois
Paus em Campos Gerais MG analisando os seus aspectos de composio familiar, gnero
dos sucessores, idade dos casais e sua escolaridade verificando a tendncia ou no da
sucesso entre os descendentes como tambm entrevista com extensionista da EMATER
para saber qual o tipo de apoio dado a essas duas comunidades.
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WOORTMANN, E. Herdeiros, parentes e compadres: colonos do Sul e sitiantes no Nordeste.
So Paulo: Hucitec; Braslia: Editora da UNB, 1995.
http://www.unric.org/pt/actualidade/31919-onu-projeta-que-populacao-mundial-chegue-aos-85-mil-milhoes-em-2030http://www.unric.org/pt/actualidade/31919-onu-projeta-que-populacao-mundial-chegue-aos-85-mil-milhoes-em-2030http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/07/agricultura-familiar-produz-70-dos-alimentos-consumidos-por-brasileirohttp://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/07/agricultura-familiar-produz-70-dos-alimentos-consumidos-por-brasileiro
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APNDICE 1: Questionrio semi estruturado guia para as entrevistas com os
proprietrios rurais.
Identificao dos Proprietrios (casal)
Nome:_____________________________________________________ _____
Nome:_____________________________________________________
Localidade:_________________________________________________
BLOCO I
CARACTERSTICAS DOS AGRICULTORES
1) Idade: H:_______M:________ 2) Aposentado (A):
Homem
Sim ( ) Tipo de Aposentadoria:________________
No ( ) O que falta:
Mulher
Sim ( ) Tipo de Aposentadoria:________________
No ( ) O que falta:
3) Como obteve a propriedade: ( ) herana
( ) parte por herana, parte por aquisio
( ) posse
( ) outros. Qual?_______________________________________________
4) Possui alguma outra propriedade? ( ) Sim Qual:
( ) No
5) Composio da famlia: (comeando pelo chefe da famlia)
Nome Parentesco Sexo Idade Escolaridade Residncia Ocupao
6) Possui filhos sucessores? ( ) Sim ( ) No ________________________________________________________________
7) Qual o sistema produtivo da propriedade?
Produo comercial:
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Autoconsumo:
8) Como o acesso a gua na propriedade? ________________________________________________________________
Bloco II
Continuidade na atividade agrcola
1) Qual sua perspectiva para a continuidade da vida no campo? ________________________________________________________________
2) A situao do agricultor atualmente mais favorvel do que no passado? ________________________________________________________________
3) Houve estmulos por parte do casal da permanncia dos filhos na propriedade? Influenciaram algum filho trocar de atividade?
________________________________________________________________
4) Foi feito algum tipo de estimulo para os (as) filhos(as) terem interesse em permanecer na propriedade?
________________________________________________________________
Bloco III
Transmisso patrimonial (sucessores)
1) Qual a destinao pretende dar para propriedade? ________________________________________________________________
2) J houve planejamento sobre a transmisso do patrimnio ou ainda no foi definida?
________________________________________________________________
3) Quando pretende fazer a transmisso do patrimnio? ________________________________________________________________
4) H divergncias entre os filhos que vocs acreditam serem capazes de inviabilizar futuramente o estabelecimento familiar?