À tabela 84

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De vez em a CP decide fazer mais uma alteração dos horários. Todos nós sabemos como essas coisas se fazem no silêncio obscuro dos gabine- tes, nas costas dos verdadeiros interessados e, supostamente, visando apenas os interesses da CP e dos operadores rodoviários. E dizemos supostamente porque todos sabe- mos que os interesses da CP e dos outros nunca podem colidir com os dos utentes. Em matéria de tarifas é óbvio que os utentes nunca concordarão com o seu aumento. É dos livros. Mas quando se trata da organização dos horários o mais elementar bom senso recomenda a participação dos seus destinatários. Se assim se fizesse não estaríamos agora, mais uma vez, a assistir à revolta dos utentes, que têm a maior das dificuldades em compreender a lógi- ca (para os mentecaptos da CP a lógica, não pas- sa de uma batata) de mais uma mexida nos horá- rios que veio para complicar ainda mais a vida de milhares de pessoas, a pretexto de uma imaginá- ria vantagem para a CP. E dizemos imaginária, porque, como já dissemos, os interesses da empresa deviam andar sempre de braço-dado com os seus clientes. Mais uma vez se verifica uma falta de coordena- ção entre os diferentes tipos de tráfego (Longo Curso, Regional e Suburbano). São os Alfas que deixam de parar onde fazem falta, sem que, em seu lugar, surjam outros comboios; são os horá- rios dos comboios que deixam de estar articula- dos com os dos barcos; é a falta de coordenação dos horários dos comboios com os da rodoviária e, pasme-se, até com os de outros comboios... Mas se podem fazer horários com base na rotação de material e nas escalas do pessoal (Maquinistas e Revisores). Por que isso não acontece por exemplo na CP Regional onde para pou- par uns tostões em manutenção e pessoal se perdem milhares de utentes. Os utentes têm a maior dificuldade em compreender que não se faça pelo menos um esforço de articulação dos horá- rios dos diversos modos de transporte. E já não se fala da necessidade de, por vezes, se esperar alguns minutos para evi- tar que alguns passageiros percam uma ligação, sobretudo no final do dia, quando já não há alternativa. Do que as pessoas falam é, sobretudo, da falta de sensibilidade social com que são elaborados os novos horários, sem a mínima preocupação de enlaçar os respectivos tráfegos. É claro que tudo isto explica objectivamente a razão pela qual o transporte privado cresceu 50 por cento na última década. Os passageiros são escandalosamente pontapeados para fora dos comboios, quer através da subida dos preços dos bilhetes e dos passes, quer pela via da redução do número de comboios, neste caso para abrir espaço para os operadores privados da rodovia e para a mobilidade individual. Só assim se explica que a CP tenha perdido mais de 56 milhões de passageiros nos últimos 15 anos. É neste contexto que se pode e deve encontrar explicação para a onda de protestos que se verifica ao longo da linha, podemos desde logo deduzir que se pretende subjectivamente prejudicar o transporte ferroviário e, dentro deste a CP, disso não temos a menor dúvida. É necessário que a tutela e os gesto- res da CP sejam de uma vez por todas, culpabilizados e respon- sabilizados pelos prejuízos, danos e incómodos de toda a espé- cie infligidos aos utentes. Está em causa o bom nome e a imagem da CP e dos seus tra- balhadores, sendo estes, contudo, que são obrigados a dar a cara e a suportar a indignação lógica dos passageiros, uma vez que a empresa não cumpre a sua obrigação. ÓRGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 84 E D I T O R I A L A OBSCURA DANÇA DOS HORÁRIOS A OBSCURA DANÇA DOS HORÁRIOS

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Orgão da Comissão de Trabalhadores da CP

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De vez em a CP decide fazer mais uma alteração

dos horários. Todos nós sabemos como essas coisas se fazem no silêncio obscuro dos gabine-tes, nas costas dos verdadeiros interessados e, supostamente, visando apenas os interesses da CP e dos operadores rodoviários.

E dizemos supostamente porque todos sabe-mos que os interesses da CP e dos outros nunca podem colidir com os dos utentes.

Em matéria de tarifas é óbvio que os utentes nunca concordarão com o seu aumento. É dos livros. Mas quando se trata da organização dos horários o mais elementar bom senso recomenda a participação dos seus destinatários.

Se assim se fizesse não estaríamos agora, mais uma vez, a assistir à revolta dos utentes, que têm a maior das dificuldades em compreender a lógi-ca (para os mentecaptos da CP a lógica, não pas-sa de uma batata) de mais uma mexida nos horá-rios que veio para complicar ainda mais a vida de milhares de pessoas, a pretexto de uma imaginá-ria vantagem para a CP. E dizemos imaginária, porque, como já dissemos, os interesses da empresa deviam andar sempre de braço-dado com os seus clientes.

Mais uma vez se verifica uma falta de coordena-ção entre os diferentes tipos de tráfego (Longo Curso, Regional e Suburbano). São os Alfas que deixam de parar onde fazem falta, sem que, em seu lugar, surjam outros comboios; são os horá-rios dos comboios que deixam de estar articula-dos com os dos barcos; é a falta de coordenação dos horários dos comboios com os da rodoviária e, pasme-se, até com os de outros comboios...

Mas se podem fazer horários com base na rotação de material e nas escalas do pessoal (Maquinistas e Revisores). Por que isso não acontece por exemplo na CP Regional onde para pou-par uns tostões em manutenção e pessoal se perdem milhares de utentes. Os utentes têm a maior dificuldade em compreender que não se faça pelo menos um esforço de articulação dos horá-rios dos diversos modos de transporte. E já não se fala da necessidade de, por vezes, se esperar alguns minutos para evi-tar que alguns passageiros percam uma ligação, sobretudo no final do dia, quando já não há alternativa. Do que as pessoas falam é, sobretudo, da falta de sensibilidade social com que são elaborados os novos horários, sem a mínima preocupação de enlaçar os respectivos tráfegos.

É claro que tudo isto explica objectivamente a razão pela qual o transporte privado cresceu 50 por cento na última década. Os passageiros são escandalosamente pontapeados para fora dos comboios, quer através da subida dos preços dos bilhetes e dos passes, quer pela via da redução do número de comboios, neste caso para abrir espaço para os operadores privados da rodovia e para a mobilidade individual. Só assim se explica que a CP tenha perdido mais de 56 milhões de passageiros nos últimos 15 anos.

É neste contexto que se pode e deve encontrar explicação para a onda de protestos que se verifica ao longo da linha, podemos desde logo deduzir que se pretende subjectivamente prejudicar o transporte ferroviário e, dentro deste a CP, disso não temos a menor dúvida. É necessário que a tutela e os gesto-res da CP sejam de uma vez por todas, culpabilizados e respon-sabilizados pelos prejuízos, danos e incómodos de toda a espé-cie infligidos aos utentes.

Está em causa o bom nome e a imagem da CP e dos seus tra-balhadores, sendo estes, contudo, que são obrigados a dar a cara e a suportar a indignação lógica dos passageiros, uma vez que a empresa não cumpre a sua obrigação.

ÓRGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 84

E D I T O R I A L

A OBSCURA DANÇA DOS HORÁRIOSA OBSCURA DANÇA DOS HORÁRIOS

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A Comissão Europeia, presidida pelo famigerado Durão

Barroso, acaba de enviar aos Estados Membros um Livro Verde de apoio à chamada flexisegurança.

Para que os trabalhadores portugueses possam ter uma ideia rigorosa do que isto representa para as suas vidas futuras, foi elaborado um estudo em que demonstra, sem margem para dúvidas, que flexisegurança significa, ape-nas e só, DESPEDIMENTO SEM JUSTA CAUSA.

Este trabalho elaborado pelo economista Eugénio Rosa, põe a nu a hipocrisia e a falsidade de uma proposta que visa debilitar ainda mais o poder reivindicativo dos traba-lhadores.

Como sabemos, a Constituição Portuguesa proíbe o des-pedimento sem justa causa. A flexisegurança destina-se a pôr fim a este direito dos trabalhadores, com base numa vaga promessa de mais segurança social.

Todos sabemos, que, na prática o patronato se ficaria pela FLEXI, borrifando-se absolutamente na SEGURANÇA.

Alguns pontos do Estudo: FLEXISEGURANÇA TAMBÉM NOS TOCA A NÓS 1) “…A palavra “flexisegurança”, tal como sucede com o

“factor de sustentabilidade” é, segundo as ciências da comunicação, uma palavra-armadilha pois é uma palavra que procura ocultar o verdadeiro objectivo que, no primei-ro caso, é a liberalização dos despedimentos individuais e, no segundo caso, foi a redução das pensões. São também denominadas pelas ciências da comunicação “palavras-virtude” porque procuram associar, de uma forma engano-s a , a s p a l a v r a s p o s i t i va s “ s e g u r a n ç a ” e “sustentabilidade” àqueles objectivos (liberalização dos despedimentos e redução das pensões), que nada têm a ver com elas.”

2) Logo no início do chamado “Livro verde”, com o objectivo de fragilizar a resistência dos trabalhadores à “flexisegurança”, a Comissão Europeia divide os trabalha-dores em dois grandes grupos: (1) Os “insiders”, ou seja, os que têm contratos permanentes e que têm direitos; (2) Os “outsiders”, ou seja, aqueles que não têm contrato per-manente e que, por isso, não possuem direitos. Desta for-ma, procura atirar uns contra os outros para fragilizar a sua luta e resistência. 2

Portanto, uma táctica muito semelhante à utilizada pelo

governo de Sócrates que também dividiu os trabalhadores entre “privilegiados” (que seriam os da Administração Pública) e não privilegiados (os do sector privado) com objectivo de fragilizar também a luta dos trabalhadores portugueses para, em primeiro lugar, atacar o sistema de aposentação dos trabalhadores da Administração Pública e, depois, atacar o regime geral de Segurança Social dos trabalhadores do sector privado reduzindo as pensões de reforma a uns e outros.

3) No mesmo “Livro verde”, a Comissão Europeia defen-de também a precariedade que se verifica actualmente nas relações de trabalho afirmando que ela se tornou necessá-ria e inevitável devido, por um lado, ao desenvolvimento tecnológico e, por outro lado, ao facto do contrato de tra-balho permanente ser uma coisa do passado que já não corresponde às necessidades do desenvolvimento econó-mico moderno. Chega até ao cúmulo de afirmar que as diferentes formas de contratos precários existentes – con-tratos a prazo, “recibos verdes”, contratos temporários, etc. – é uma situação benéfica para os trabalhadores pois fornece a estes múltiplas opções de escolha. Desta forma procura “naturalizar”, ou seja, tornar a precariedade uma coisa “natural” e “normal” que é também uma forma de manipulação como ensinam as ciências da comunicação.

4) “…E esta situação ganha ainda uma maior gravidade em Portugal, já que a precariedade e a flexibilidade já são muito elevadas, pois a população com emprego ou traba-lho precário e os desempregados já representam 41,8% da população empregada, e os trabalhadores por conta de outrem com contrato permanente, que são os principais alvos da flexisegurança pois esta pretende acabar com os contratos sem termo, ainda representam 59,8% da popula-ção empregada, ou seja 3.069.000 portugueses. A introdu-ção da flexisegurança em Portugal, em que 71% da popula-ção empregada tem apenas o ensino básico ou menos e em que a criação de emprego é diminuta devido às baixas taxas de crescimento económico, determinaria que o desemprego disparasse, portanto mais exclusão social e mais miséria, pois a protecção aos desempregados é redu-zida em Portugal (segundo o Ministério do Trabalho ape-nas 40% dos desempregados é que recebem subsidio de desemprego) e não é de prever que aumento com a politi-ca de obsessão do défice.

FLEXISEGURANÇA QUER DIZERFLEXISEGURANÇA QUER DIZER DESPEDIMENTO SEM JUSTA CAUSADESPEDIMENTO SEM JUSTA CAUSA

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“À TABELA” Nº 84

MAIO DE 2007

Órgão da CT da CP

Redacção - Secretariado da CT da CP

Composição e Impressão - CT da CP

Calçada do Duque, 14

1249-109 LISBOA - Tel: 213215700

ISTO NUNCA ESTEVE TÃO BOM…ISTO NUNCA ESTEVE TÃO BOM… PARA OS VAMPIROSPARA OS VAMPIROS

COLÓNIAS DE FÉRIASCOLÓNIAS DE FÉRIAS

Os jornais, as rádios e as televisões

anunciam todos os dias os fabulosos lucros dos bancos e das grandes empresas que estão a comer-nos vivos. Ainda há dias, um dos maiores bancos se vangloriava de ter ganho centenas de milhões de euros no cur-to espaço de três ou quatro dias. Um espanto, uma maravilha, pois o país precisa, segundo o primeiro ministro Sócrates, de ter uma banca forte.

Salta à vista que a estratégia deste governo assenta (já sem margem para dúvidas), na engorda despudorada de uma dúzia de tubarões, à custa do emagrecimento forçado do resto do País.

O que este governo do Sócrates pro-move é o enriquecimento baseado exclusivamente na especulação finan-ceira. Não é preciso produzir nada. Bastam umas jogadas na bolsa, umas OPAS bem ou mal sucedidas e os lucros dos Belmiros, dos Melos e res-tante canalha logo trepam por aí aci-ma.

Só assim se compreende que, num País onde os salários não podem subir mais de 1,5 por cento, os lucros da banca cresçam ao ritmo de 25 ou mais por cento.

Na realidade, isto nunca esteve tão bom… para os vampiros.

Zeca Afonso, o saudoso baladeiro

Com a mudança (transitória) da colónia da Praia das Maçãs para S. Martinho do Porto o CG da CP nunca mais disse uma palavra sobre o assunto. A CT acaba, porém, de lhe enviar uma carta-recordatória a pedir resposta à que lhe enviara há mais de dez meses, na qual solicita esclareci-

da Revolução dos Cravos, se cá pudesse voltar teria muito que can-tar sobre os “que comem tudo e não deixam nada”A MAIOR TAXA DE DESEMPREGO DOS ÚLTIMOS 21 ANOS

E o mais triste disto tudo é que o governo do Sócrates tem-nos arrastado para esta triste situação social a pretexto de fazer crescer a confiança dos investidores e, assim, criar 150 mil empregos que prometeu para ganhar as eleições e trepar para o poleiro. Todos sabe-mos hoje que o indivíduo nos men-tiu e, pior ainda, que mentiu cons-cientemente, tal como fez relativa-mente aos impostos, que dizia que não aumentaria, para subir o IVA de 19 para 21 por cento logo que se instalou em S. Bento.

Neste momento os portugueses enfrentam a maior taxa de desem-prego dos últimos 21 anos, ao mes-mo tempo que se debatem com a maior perda de poder de compra dos últimos 20 anos. Na Função Pública vive-se o terror da ameaça do, hipócrita e cinicamente, rebap-tizada de “mobilidade extraordiná-ria”. Nas empresas cresce o clima de repressão, visando especial-mente os activistas sindicais e membros das CT’s e SubCT’s.

mentos sobre o problema, designa-damente em que ponto estão as obras na Praia das Maçãs e o que vai acontecer este ano.

A propósito deste problema a CT solicitou ainda ao CG informações sobre a colónia de férias de Valada-res e o seu parque de campismo.

Mas até do ponto de vista das

liberdades este governo do Sócrates começa a dar-nos as maiores preo-cupações, quando se sabe que um professor foi suspenso das suas funções por ter contado, a um bufo, uma anedota alusiva à carreira aca-démica de Sócrates.

Nem nos últimos anos da monar-quia dos Braganças se viu uma coi-sa assim.

Mas Sócrates não se fica por aqui. Depois de aproveitar o prestimoso serviço de um miserável bufo, con-sentiu a elaboração de listas de quem faz greve, para “memória futu-ra”, como se diz lá pelos tribunais…

UMA EXCELENTE MÁQUINA DE PROPAGANDA

Mas perante toda esta situação, parece que as sondagens ainda continuam a ser favoráveis ao governo, que beneficia, indiscuti-velmente, de uma poderosa máquina de propaganda.

A eficácia desta máquina de “marketing” acaba mais uma vez de se evidenciar, quando o gover-no, que sempre se serviu dos números do INE, para provar que o desemprego está a baixar, logo que o INE veio revelar que, afinal, estamos com uma taxa de desem-prego de 8,4 por cento, ou seja a maior dos últimos 21 anos, depressa Sócrates esclareceu que, afinal, o INE estava enganado…

NA SAÚDE E NA SEGURANÇA SOCIAL NUNCA ESTIVEMOS TÃO MAL

Este governo, que governa cada vez mais para uns poucos, em pre-juízo de muitos. Na Segurança Social é o aumento da idade de reforma e a redução dos montan-tes das pensões, sobretudo para as camadas mais jovens, os quais, aliás, estão a ser as grandes víti-mas das políticas anti-sociais de Sócrates, como se verifica na escandalosa vigarice dos falsos recibos verdes, que atinge para cima de milhão e meio de trabalha-dores, nas barbas de uma fiscali-zação praticamente inexistente.

Na Saúde as “melhoras” que Sócrates nos oferece é o aumento e a criação de novas taxas mode-radoras e a redução da compartici-pação nos medicamentos.

E por aqui nos ficamos.

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A minha Teresa não anda lá muito

bem da bola. Calculem que, agora, quando está a ir para velha, é que lhe dá para viajar. Quer ver tudo. Não tem paciência para estar quieta muito tem-po.

É assim que, nos últimos meses, se tem posto ao caminho com a sua ami-ga do peito, a Alzira, que, ao que pare-ce, surfa na mesma onda…

Neste constante vai-e-vem, do Algar-ve para o Barreiro e do Barreiro para o Minho, a minha Teresa, que, como sabem, tem tudo menos de parva, começou a ver muitas coisas que, na sua ingenuidade, pensava que já não existiam.

Claro que a Alzira, muito honesta e ainda mais bem intencionada, mas muito menos viva do que a minha Teresa, só apreendeu metade da reali-dade com que as duas se depararam no seu deambular ferroviário. Paciên-cia, nem todos podem chegar a enge-nheiros inscritos na ordem…

Acontece que, no termo de uma das suas últimas saídas da minha Teresa com a sua amiga de peito, a Alzira, as coisas iam dando para o torto. O pomo da discórdia entre as duas velhas amigas residiu nos horários dos comboios.

Só os mais distraídos ou quem, por

estar entre os beneficiados pela políti-ca anti-social deste governo do Sócra-tes, é que pode pôr em causa a justeza e a necessidade imperiosa da luta dos trabalhadores por novas e mais justas políticas.

Eis a razão pela qual a CT vem ape-lar a todos os ferroviários para que adiram activa e maciçamente à greve geral do dia 30 de Maio, convocada pela CGTP-IN.

Trata-se de uma importante jornada de luta contra a perda do poder de

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Não nos atrasos, que podem acon-tecer por inúmeras razões, mas pelo cumprimento escrupuloso dos horá-rios oficialmente estabelecidos. O mal, por mais estranho que possa parecer, está no cumprimento dos horários.

Foi aqui que a minha Teresa se pegou com a Alzira. A minha, uns quilómetros antes de Coimbra, mani-festou à amiga o desejo de que o comboio chegasse atrasado, pois de outra forma não apanhariam a camioneta que as deveria levar ao destino que desejavam.

Aqui a guerra foi inevitável. A Alzi-ra, menos viva que a minha Teresa, não alcançou logo o sentido do desejo que esta manifestara de que o comboio chegasse atrasado. E foi aqui que a minha Teresa fez valer os seus conhecimento da enciclopédia popular, atirando-lhe à cara, sem mais cerimónias:

-Devagar que tenho pressa. -Essa não percebo, Teresa—

retorquiu a Alzira. -Ai não percebes? Então não sabes

que, muitas vezes o horário de che-gada do comboio está marcado para cinco minutos depois da camioneta de ligação partir?

compra, o desemprego e a precarie-dade de emprego. Os trabalhadores não podem aceitar que Portugal seja o País da União Europeia com a mais injusta distribuição de riqueza.

Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres.

O pré-aviso de greve geral, apre-sentado pela CGTP-IN, abrange todos os trabalhadores por conta de outrem, independentemente da natu-reza do seu vínculo profissional, e independentemente de serem ou não

-Não me digas, Teresa. Mas porque razão fazem eles um disparate des-ses?

-Bem, ao certo, ninguém sabe. O que se sabe é que a CP perde todos os anos milhões de passageiros…

-Os “Expressos” rodoviários acabam por se tornar mais fiáveis...não é?

-Ora vês como tu já estás a ver? O que é preciso é pormos a cabecinha a pensar.

-Mas o que me custa ainda mais a compreender é o desfasamento que se verifica nos horários dentro do próprio sistema da CP. Que eles consigam ignorar os horários de ligação com a rodoviária ainda se poderia entender, mas o pior é que se chega ao ponto dos próprios horários dos comboios serem estupidamente afixados em total desarticulação entre os regionais e os Alfas e vice-versa. É uma situa-ção que leva os passageiros a ficarem horas e horas à espera doutro com-boio de ligação, quando não os força a pernoitarem fora de casa, com os incómodos que isso acarreta, só por-que o comboio de ligação foi progra-mado para chegar cinco ou dez minu-tos depois do respectivo enlace...

-Olha talvez seja por esta e outras como esta que o meu cunhado, o Chi-co da Inês, comprou um carrito em segunda mão e passou a andar só de pó-pó…

-Objectivamente, os sucessivos governos e os seus correligionários nesta empresas empurram as pessoas para isso. E depois juram que querem combater o efeito de estufa e outras tretas do género…

E por hoje fico por aqui porque o diálogo da minha Teresa com a sua amiga Alzira começou a aquecer e nem tudo o que se diz se pode escre-ver. Entendidos?.

associados de sindicatos da CGTP-IN ou de sindicatos que não tenham declarado adesão à luta.

A realização da greve suspende as relações que decorrem do contrato de trabalho, como o direito à retribuição, mas não afecta a antiguidade nem a contagem do tempo de serviço. São suspensos também os deveres de subordinação e de assiduidade. Nenhum trabalhador pode antecipada-mente ser obrigado pela entidade patronal a declarar a intenção de ade-rir ou não à greve.

Zé Ferroviário

devagar quedevagar que tenho pressa...tenho pressa...

CT APELA À PARTICIPAÇÃO NA GREVE GERALCT APELA À PARTICIPAÇÃO NA GREVE GERAL

DIA 30 DE MAIO DIA 30 DE MAIO —— GREVE GERAL NACIONAL GREVE GERAL NACIONAL