A Tecnologia no Tratamento do Diabetes · A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes 12 SBD...

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Volume 22 – número 02 – maio 2015 A Tecnologia no Tratamento do Diabetes Os Resultados do Estudo sobre uso de Bomba de Insulina no Brasil A Nova Plataforma de Ensino à Distância da SBD

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Volume 22 – número 02 – maio 2015

A Tecnologia no Tratamento do Diabetes

Os Resultados do Estudo sobre uso de Bomba de Insulina no Brasil

A Nova Plataforma de Ensino à Distância da SBD

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Palavra do Presidente

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Deveria existir algum item nos Estatutos da SBD que proibisse o presidente de ficar doente, ainda mais com dengue. Sem-

pre falamos no tratamento do diabetes sobre a importância de vivenciar o que o paciente sente. A vida nos leva a situ-ações que nos mostram o quanto isso é importante. Tenham muita paciên-cia com seus pacientes nesse momento porque não é nada simples. Desde já, agradeço aos amigos e associados pela compreensão na minha ausência, pois foram duas semanas difíceis demais. Mas, depois do problema superado, foi a hora de retomar a lista de e-mails e tomar decisões. Aproveito para lembrar sobre os cuidados com seus pacientes com diabetes e que tenham dengue. Nossa atenção tem que ser redobrada.

Mas, ter uma diretoria que entende o espírito democrático é o melhor cami-nho, pois foi o momento de dividir as responsabilidades.

Fazendo um balanço das tarefas en-tre uma edição e outra da Revista, tive-mos progresso em diversos campos. No segundo ano de mandato, parece que os dias e horas andam mais rápidos e a sensação que “pode não dar tempo” vai ocupando cada vez mais espaço.

O Congresso da SBD se aproxima a uma velocidade enorme. Serão dezenas de reuniões, planejamento e lançamen-tos acontecendo, além da nossa presta-ção de contas do período. É um balanço tão importante para nós quanto para os associados. Em resumo, o Diabetes 2015 já começou. Sabemos que a programa-ção científica e social está em boas mãos e, por isso, a responsabilidade do resul-tado está compartilhada.

Tivemos diversas reuniões nos últi-mos dois meses, com os Departamentos

e também com algumas comissões. Ali-nhamos alguns pontos importantes en-tre todos os veículos de comunicação da SBD; definimos novas estratégias para o Dia Mundial do Diabetes; criamos duas novas pesquisas dentro do site da SBD; concretizamos a parceria com a emissora de tevê, Band, e os programas semanais começaram; e estamos nos acertos finais do projeto de Educação à Distância.

O encontro do Departamento de En-fermagem foi realizado e existem mais propostas para muito breve, assim como nossa preocupação em relação a ter um plano pronto para catástrofes naturais. Estamos trabalhando para deixar esse legado também.

No período, realizamos o SITEC e não posso deixar de manifestar minha satisfação de ver o interesse dos partici-pantes e do sucesso entre os jovens com a presença de 100 residentes. Foram nossos convidados. Abrir esse espaço é o caminho que a SBD quer tomar. Foi bom saber que o próximo presidente, e que é integrante da nossa diretoria, já confirmou a realização da edição 2017. Um agradecimento especial aos batalha-dores que acreditaram em uma propos-ta ousada. Obrigado Márcio Krakauer, Denise Reis Franco, André Vianna, Luis Eduardo Calliari e Mauro Scharf.

Outros projetos na área de educação, como os podcasts, estão em andamento e serão implementados em breve. Mais um canal de atualização para os profis-sionais de saúde.

Poucos meses para tantas ideias. O tempo é curto e há muito o que fazer. Contamos com o apoio de vocês.

Walter MinicucciPresidente da SBD 2014/2015

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1 Palavra do Presidente

3 Palavra do Editor-Chefe

4 Saúde e Ciência

6 Dr. Antonio Roberto Chacra

8 Sexo Fetal e Risco de Diabetes Gestacional

9 A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes

12 SBD e o Bem Estar Global: Informação

para quem Mais Precisa

13 Um Guia de Alimentos para a População

Brasileira e Profissionais de Saúde

16 Panorama: Uso de Bombas de Insulina no Brasil

18 Novidades sobre o Diabetes 2015

20 Dia Mundial do Diabetes: Começaram os Trabalhos

21 SBD Online: Projeto de Ensino à Distância

22 A Medicina com Precisão

23 Comunicados da SBD

24 Minha Cidade: Porto Alegre

26 Pelo Brasil

28 Agenda

Índice4

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Editorial

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DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015Presidente: Dr. Walter Minicucci; Vice-Presidentes: Dra. Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto Andre-otti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane Kupfer e Dr. Ruy Lyra; primeiro secretário: Dr. Domingos Augusto Malerbi; segundo secretário: Dr. Luis Antonio de Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos Lerário; segundo

tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal:

Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise Reis Franco, Dr. Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo Sotero de Me-nezes Filho

SEDERua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email:

[email protected], Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente: Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de Mello e Eliana Andrade.

Filiada à International Diabetes Federation.

REVISTA DA SBD

Editor-chefe: Dr. Leão ZaguryPresidente da SBD: Dr. Walter MinicucciEquipe de Jornalismo: DC PressEditora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: Flávia Garcia, André Dissat, Tainá Oliveira, Patrícia Bernardo e Isabel Struckel (colaboração). Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti.Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ; Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected]

As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e (21) 3543-0770, [email protected] gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia ([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo.Periodicidade: BimestralImpressão e CTP: Melting Color Gráfica e Editora Ltda; Tiragem: 4000 exemplares.

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Sempre fui apaixonado pelas re-lações humanas. Desde 1971, muito jovem, prego a importân-cia da educação dos diabéticos.

Ainda hoje é uma bandeira que carrego com entusiasmo. Na primeira vez que abordei o tema em um Congresso de Endocrinologia (naquela época ainda não existiam os congressos da Socieda-de Brasileira de Diabetes), eu e o tema não fomos bem-aceitos. O assunto foi considerado inútil, e eu, jovem demais.

Não aceitei e insisti. Hoje me orgulho do pioneirismo. Foi como ver o futuro. E a educação se baseia fundamental-mente em relações interpessoais. Agora me preocupo com a rápida evolução da tecnologia. Estamos em um momento de descobertas e de apostar no futuro que está chegando muito rápido. Os pacientes questionam e usam palavras de um universo novo, às vezes de difícil compreensão. Precisamos estar prontos a aprender e entender novas tecnolo-gias.

Quando presidente da SBD visualizei mudanças na comunicação e investi no nosso site.Valeu a pena. O site é muito procurado e representa uma importan-te fonte de informação para a equipe de saúde e pacientes. A comunicação esta-va mudando, evoluindo e precisávamos acompanhar. Naquela época, estava co-migo no projeto o nosso presidente Wal-ter Minicucci, que lida muito bem com relações humanas e tecnologia. Por esse

motivo, nosso destaque nessa edição é o SITEC 2015 (Simpósio Internacional de Tecnologias em Diabetes).

O Walter idealizou esse evento e reu-niu um grupo tão apaixonado quanto ele para desenvolver o projeto e se ar-riscou. Deu certo. Parabéns pela ousa-dia. Na nossa reportagem especial serão apresentados novos termos utilizados no SITEC e possibilidades desse mun-do de botões, cliques e “nuvens”.

Em outra reportagem a Dra. Ana Claudia Ramalho apresenta o panora-ma do uso de Bombas de Insulina no Brasil. A comparação entre Brasil e Es-tados Unidos surpreende. Enquanto em solo americano são cerca de 600 mil dia-béticos utilizando esse sistema de infu-são de insulina, no Brasil o número gira em torno de 5 mil.

Estamos chegando à nossa antepe-núltima matéria da série Páginas Azuis. Quem participa dessa vez é Dr. Antonio Roberto Chacra, que fala sobre seu tra-balho como presidente da SBD.

Apresentamos também a nova Plata-forma de Ensino à Distância, que está sendo desenvolvida pelo criador do site da SBD, o Dr. Laerte Damaceno. O lan-çamento está programado para os pró-ximos dias. Ele nos diz como pretende atingir todo o país.

Não se enganem, o nosso Congres-so está mais próximo do que se possa imaginar.

O tempo voa e quando notarmos já

será novembro. O presidente da Comis-são Científica, Dr. Marcelo Bertolucci, nos relata a cada edição a evolução do Diabetes 2015. Boa sorte ao presidente Dr. Balduíno Tschiedel, que terá muito trabalho nos próximos meses. Podem contar com todo o apoio da nossa re-vista.

Saúde para Todos

Leão ZaguryEditor-chefe

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Estudo Sueco Relaciona Estresse e Diabetes em Crianças

Mais de 10 mil famílias do sul da Suécia participaram de uma pesquisa publicada na

revista Diabetology, da EASD (Euro-pean Association for the Study of Dia-betes). Após reunirem as respostas dos questionários, preenchidos pelos responsáveis das famílias, os pesquisadores concluíram que as crianças sujeitas a situações estres-santes como divórcios, conflitos conjugais, mortes etc., apresen-tam maior probabilidade de de-senvolver diabetes tipo 1.

O estudo sugere que situações de estresse causariam uma pane na produção da insulina, pro-piciando o desenvolvimento do DM1. Mesmo após avaliarem ou-tros fatores de risco, as crianças até 14 anos com registro de expe-riências traumáticas apresentaram risco três vezes maior do que as que não passaram por eventos es-tressantes no cotidiano. Os auto-res sugerem que isso tenha ocor-rido devido ao estresse das células beta do pâncreas. “Desta forma, a experiência traumática para a criança poderia contribuir para o estresse da célula beta, por meio do aumento da resistência à insu-lina, assim como o crescimento da demanda por causa da resposta psicológica ao estresse, incluindo níveis elevados do hormônio do estresse, o cortisol.”

Segundo os pesquisadores, é muito difícil evitar eventos estres-santes, mas as crianças e seus pais devem ter acompanhamento ade-quado para lidar com esses pro-blemas e suas consequências, o que pode incluir também ajuda médica. n

7 de Abril: Dia Mundial da Saúde

Há mais de 65 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) insti-tuiu o dia 7 de abril como o Dia

Mundial da Saúde. Desde então, a cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão que integra a ONU, elege um tema para ser divulgado, através de campanhas mundiais, em prol da melho-ria das condições de vida da humanida-de. A data coincide com o aniversário da fundação da OMS, em 1948. Para 2015, o tema escolhido foi relacionado à quali-dade dos alimentos consumidos em todo o mundo: “Do campo à mesa, obtendo alimentos seguros”.

No Brasil, a OMS ampliou a aborda-gem incentivando o consumo de alimen-tos seguros, a alimentação saudável e a prática de atividades físicas, tendo em vis-ta que alimentos não seguros geram um ciclo vicioso de doença e desnutrição, que afetam, particularmente, os mais vulneráveis (crianças, idosos e doentes). “Os alimentos saudáveis são a chave para uma boa saúde. Por outro lado, os não seguros – contendo bactérias, vírus, pa-rasitas ou substâncias químicas – são a causa de mais de 200 doenças. Esses pro-blemas prejudicam a produtividade, so-brecarregam o sistema de saúde pública e reduzem os ganhos econômicos, além de impedirem o desenvolvimento socio-

econômico, prejudicando as economias nacionais, turismo e comércio”, segundo representantes da Organização.

Em comunicado oficial, a agência da ONU afirmou que “a segurança alimen-tar e a boa nutrição são indissociáveis. O consumo inadequado de determina-dos tipos de alimentos ou ingredientes, como excesso de sal, açúcar e gorduras, podem levar a ocorrência de algumas doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão. Paralelamente, a prática de atividades físicas também é essencial para a boa qualidade de vida de qualquer in-divíduo”.

Para marcar a data no Brasil, o Minis-tério da Saúde lançou o livro “Alimen-tos Regionais Brasileiros”, com comidas típicas de cada região e dicas de como cozinhar com mais saúde. Com a publi-cação, o MS pretende estimular a popula-ção para o consumo saudável, reduzindo a obesidade, diabetes, hipertensão e ou-tras doenças. Em sua página na internet, o Ministério também divulgou dados do consumo de frutas e hortaliças nas regi-ões do Brasil. Segundo a OMS, a ingestão necessária é de pelo menos 400 gramas desses alimentos diariamente. Uma ava-liação do documento foi feita nesta edi-ção, pelo Departamento de Nutrição da SBD. n

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Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência.

Novo Dispositivo para Detectar DM2 Está em Teste

O Grupo de Nanomedicina e Nano-toxicologia do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade

de São Paulo (IFSC/USP), desenvolveu um novo sistema de diagnóstico de dia-betes, tendo como base a detecção do hormônio adiponectina. Isto porque, segundo a aluna de doutorado Laís Canniatti Brazaca, “quando o organis-mo começa a produzir menos esse hor-mônio, há uma relação com o apareci-mento de diabetes tipo 2 com a idade. Obviamente não são todos os casos em

que a diminuição da adiponectina leva ao diabetes, mas há uma correlação. Sa-bendo que há uma disfunção hormo-nal, a pessoa pode até pensar em uma mudança de hábitos alimentares e de vida, que podem evitar ou postergar o aparecimento da doença”.

A pesquisadora afirma que o mé-todo é semelhante ao já conhecido e utilizado “Enzyme-linked immunosorbent assay” (ELISA), sendo que de menor custo e, assim, mais acessível. O siste-ma do IFSC/USP é composto por um

biossensor descartável e um pequeno eletrodo. Segundo o Instituto, exames feitos no laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP com o novo sistema obtiveram resultados parecidos aos feitos com o método tradicional ELISA. A ideia é que o novo dispositivo seja utilizado para exames complementares. Após o desenvolvimento dessa tecnologia, o grupo espera encontrar empresas in-teressadas em produzir o aparelho e comercializá-lo. n

Estudo Desvenda como Exercícios Protegem o Pâncreas

Uma pesquisa realizada na Uni-camp, cujos resultados foram publicados no The FASEB Journal

e na Nature Reviews Endocrinology, mos-trou que a interleucina 6 (IL-6), subs-tância secretada pelos hormônios com a prática de exercícios físicos, aumenta a sobrevivência das células pancreáticas produtoras de insulina em pacientes com diabetes tipo 1.

Segundo o Dr. Claudio Cesar Zoppi, pesquisador do Laboratório de Pâncreas Endócrino e Metabolismo do Departa-mento de Biologia Estrutural e Funcio-nal da Unicamp, a descoberta abre cami-nho para o desenvolvimento de drogas que simulem a ação do IL-6 no pâncreas.

O estudo consistiu em experimentos realizados em camundongos saudáveis, submetidos a um programa de treina-mento físico de resistência. Após dois meses, foram coletadas amostras de ilhotas pancreáticas e analisadas. Em seguida, foi simulado, in vitro, o ataque autoimune semelhante ao dos pacientes com DM1. “As ilhotas dos camundongos treinados apresentaram taxa de mortali-dade 50% menor que as dos camundon-gos sedentários, pertencentes ao grupo controle.” n

Dados sobre Obesidade no Vigitel 2014

O Ministério da Saúde divulgou em abril os dados do Vigitel 2014 –Vigilância de Fatores de Risco e

Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico.

A apresentação dos dados foi feita, em coletiva online e presencial, por Deborah Malta, diretora do Departamento de Vigi-lância de Agravos e Doenças Não Trans-missíveis, e os comentários aos jornalistas com o Ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Foram realizadas 40.853 entrevistas com adultos com mais de 18 anos, re-sidentes em 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. A pesquisa aconteceu entre fevereiro e dezembro de 2014. O documento tem 37 páginas, nas quais foi observado o crescimento da obesida-de. São 52,5% dos brasileiros acima do peso (em 2006 eram 43%). As doenças crônicas respondem por 72% dos óbitos no país. n

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No final dos anos 80 começavam a surgir diversos jornais de enti-dades médicas no Brasil. Logo depois, no início dos 90, o Dr.

Antonio Roberto Chacra traçava as pri-meiras estratégias para a realização do Congresso Brasileiro de Diabetes, em 1993. Mas de que forma as duas ques-tões se relacionam? Observando essa movimentação, o Dr. Chacra optou por criar um jornal para divulgar o an-damento do evento. O Jornal do Con-gresso circulou durante todo o ano e em 1994 passaria a ser o Jornal da SBD, que anos depois se transformou na Re-vista Diabetes, que você está folheando agora.

Os anos 90 foram de grandes mudan-ças na entidade, quando a SBD passaria a ter um endereço próprio, novos pro-jetos, aproximação com o Ministério da Saúde e ampliação dos contatos interna-cionais, a partir do trabalho junto a en-tidades como a International Diabetes Federation e a Associação Latino-Ame-ricana de Diabetes.

Assim como a primeira entrevista do ex-presidente em 1992, ainda no momento da elaboração do projeto do Jornal do Congresso, a reportagem da Revista Diabetes foi ao consultório do Dr. Chacra, em São Paulo, para uma re-trospectiva do trabalho como presiden-te, sobre como o diabetes entrou na vida do especialista e como avalia a SBD no cenário atual do país.

Revista Diabetes: Como a endocrinologia e o diabetes entraram na sua vida?Dr. Chacra: Sempre tive a certeza de que

faria Endocrinologia. Nem queria me dedicar demais aos estudos antes da es-pecialização porque queria mergulhar nesse mundo no momento certo. Desde criança, meu objetivo era fazer medici-na. Foi uma escolha de vida e nunca me arrependi. Fiz o vestibular em São Paulo e no Rio na mesma época e fui aprova-do para a Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Era um sonho saber que estaria no Rio de Janeiro. Comecei as aulas lá e até passei pelo trote no primeiro dia de faculdade. Estava feliz. Entretanto, alguns dias depois, soube que havia sido aprovado também para a Escola Paulis-ta. A influência dos meus pais e a pres-são em continuar em São Paulo foram mais fortes. Troquei Copacabana pela Vila Clementino.

Gostei muito de me formar na Esco-la Paulista. Fiz a Residência em Endo-crinologia e o diabetes surgiria quando cursei a disciplina, criada pelos profes-sores Thales Martins e Ribeiro do Valle. Era uma época de muita experimenta-ção. Ao me formar, voltei ao Rio e fui ao IEDE, pois pretendia cursar a especiali-zação lá, mas fiquei em São Paulo no-vamente. Os amigos resolveram brincar com essa minha determinação em virar carioca e até ganhei o apelido de Duque de Moncorvo, por causa do IEDE, tal era a minha vontade de estar no Rio.

Estudei em São Paulo e fui o primeiro residente em Endocrinologia na Esco-la Paulista. Terminei, me casei e viajei para a Universidade do Texas, nos Esta-dos Unidos, onde fiquei de 1972 a 1975. Passei a estudar mais o diabetes por lá, trabalhando em pesquisa com radioi-

munoensaio de insulina e defendi mi-nha tese de doutorado – “Contribuição à hipótese de insuficiência de células beta como lesão primária do diabetes”. Ao voltar, o interesse no diabetes só foi aumentando. Fui Professor Titular de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, o mais jovem da Universi-dade. Fui, então, o presidente do Con-gresso de Diabetes. Meu envolvimento continuou quando assumi a presidência da SBD e, depois, da Associação Latino-Ame ricana de Diabetes.

Revista Diabetes: Como foi a sua eleição naquela época?Dr. Chacra: Antes da eleição na SBD, fui presidente da SBEM São Paulo, editor dos Arquivos Brasileiros de Endocrino-logia e Metabologia e aí me tornei pre-sidente da SBD.

Não havia uma sede e a presidência, pelo estatuto, se revezava entre Rio e São Paulo. Essa alternância acontecia porque os fundadores eram destes es-tados. Anos depois da fundação, a en-tidade passou a ter representações em outras federações. Foi quando Thomaz Cruz (BA) assumiu a presidência. Passa-mos a ter uma representatividade mais justa. A assembleia foi realizada com chapa única e fui eleito. Assim como ob-servamos hoje, as conversas e decisões vão acontecendo ao longo dos meses até a hora da votação e indicação. Assumi a presidência da SBD em 1994.

Revista Diabetes: Como era ser presidente da SBD e como é hoje?Dr. Chacra: Na época que fui presidente

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tínhamos que provar que éramos capa-zes de produzir e muito. Havia uma pres-são para fazer, fazer e fazer, pois eram poucas ações desenvolvidas. Atualmen-te temos mais estabilidade. Lógico que, com o porte atual da entidade, tudo é mais complexo, com mais tarefas e de-cisões políticas internas também. Temos mais sócios, mas a estrutura é melhor. Não temos que recriar a roda. Estamos bem estabelecidos.

A SBD vem evoluindo muito, con-quistando mais espaço. Hoje temos uma área grande de comunicação e o alcan-ce das ações é muito maior.

Revista Diabetes: O que mais marcou sua gestão como presidente da SBD?Dr. Chacra: Um dos pontos mais im-portantes, na minha opinião, é que naquela época, precisávamos de uma sede. Imaginem uma Sociedade Médi-ca que não tem um endereço fixo? En-tidades internacionais queriam entrar em contato conosco, e sem a facilida-de da comunicação por e-mail, como temos hoje, era difícil. Precisávamos de um endereço, urgente. Foi quando ocupamos uma sala na Avenida Paulis-ta, junto com a ABD (Associação Brasi-leira dos Diabéticos), que depois ficou inativa.

Essa foi uma decisão importante na minha gestão. Ainda destaco a criação do Jornal da SBD e ampliação no nú-mero de sócios. Estruturamos melhor a SBD e, nas palavras de Procópio do Val-le, a entidade passou a existir de forma mais consistente. Torná-la uma Socieda-de foi minha maior contribuição como

atendimento simples para os pacientes que precisam de informação para con-trolar a doença.

Essa visão de trabalho junto aos ges-tores foi continuada e tivemos, recen-temente, o Balduíno Tschiedel viajan-do para várias cidades, assim como o Jorge Gross e o trabalho da Adriana Costa e Forti, Leão Zagury, Hermelin-da Pedrosa e Laurenice Pereira Lima. Cada Sociedade pressiona como pode porque só assim será possível conseguir algo para os pacientes. Também temos uma ampla divulgação de informação junto ao público leigo e vários projetos de atualização para os profissionais de saúde.

Revista Diabetes: Como foi ser presidente da SBD?Dr. Chacra: Obviamente, foi uma sensa-ção muito boa. Sentimos orgulho ao ser presidente de uma Sociedade Médica, mas a responsabilidade também é enor-me. Vivi um momento com muitas ati-vidades simultâneas, além da SBD, mas esse cargo foi o mais importante.

Revista Diabetes: Que mensagem deixa aos colegas de Sociedade Dr. Chacra: É preciso prestigiar cada vez mais o associado, pois essa é uma forma de ajudar a entidade. É preciso sentir orgulho de estar ligado à SBD, incluin-do no currículo “sou sócio” como um item importantíssimo. Essa é uma for-ma de ajudar a entidade. Foi um prazer reviver esses momentos e compartilhar com vocês. n

presidente. O contato a nível internacional tam-

bém foi importante, através de um tra-balho em parceria com a IDF e uma pre-sença maior nos congressos fora do país.

Revista Diabetes: O que era a SBD na sua época e como a vê hoje?Dr. Chacra: Temos uma entidade bem estruturada, com vários projetos, com departamentos e sendo solicitada para orientações na área de saúde. A comu-nicação aumentou muito. Temos maior respeito e um trabalho sólido com a en-docrinologia.

A SBD se transformou, hoje, em uma fonte de consulta para a imprensa, es-clarecendo melhor a informação ao pú-blico. Haja vista que quando surge uma notícia de impacto relativo ao diabetes, a primeira consulta é feita à SBD. A So-ciedade tem uma forte representativida-de atualmente.

Revista Diabetes: Qual é a importância da SBD no tratamento do diabetes?Dr. Chacra: Já estivemos presentes em reuniões com o Ministério da Saúde, desde a época de Adib Jatene, em nome da SBD. Lembro, inclusive, de uma au-diência com Serra, em Brasília. Ele per-cebeu a força do diabetes quando en-tendeu que para cada diabético, quatro pessoas próximas estavam envolvidas. Era só fazer as contas para entender o tamanho do problema no país.

Tivemos uma campanha de diabe-tes, mas muito cara. Foram gastos 40 milhões de dólares na compra de gli-cosímetros, que chegavam aos postos e ninguém sabia como usar. Com ¼ dessa verba poderiam ter construído locais de

Página ao lado: Momento importante

durante a presidência do Dr. Chacra.

Encontro no Ministério da Saúde, em

Brasília, com a presença do Dr. Procópio do

Valle, um dos fundadores da SBD.

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Atualidades

Dr. Augusto Pimazoni Netto CREMESP: 11.970Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Uma análise retrospectiva de bases de dados perinatais apontou para uma intrigante possibilidade de um risco aumentado de diabetes gestacional em mulheres com fetos masculinos, mas tal associação ainda permanece

nebulosa e sem comprovação efetiva. O objetivo desse estudo foi o de avaliar a relação entre o sexo fetal e o metabolismo materno de glicose num corte bem caracterizado de mulhe-res refletindo o espectro total de tolerância gestacional à glicose, desde as situações normais até às discretamente anormais e, mesmo, características do diabetes gestacio-nal.

A população do estudo incluiu 1.074 mulheres grávi-das submetidas à caracterização metabólica, incluindo o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) quando a gestação atingia 29,5 semanas. A prevalência de diabe-tes gestacional e dos determinantes fisiopatológicos (como a função da célula beta e a sensibilidade ou resistência à insulina) e seus fatores clínicos de risco foram comparados entre mulheres grávidas de fetos femininos (n = 534) e fetos masculinos (n = 540).

Os resultados mostraram que as mulheres gestan-tes de fetos masculinos apresentavam uma redução da função de células beta e um nível médio mais ele-vado de glicemia durante o TOTG, em comparação com gestantes de meninos. Além disso, as mulheres grávidas de fetos masculinos apresentavam um risco au-mentado de desenvolvimento de diabetes gestacional da ordem de 39%.

Os autores concluíram que a gestação de fetos masculi-nos está realmente associada a uma função mais comprome-tida das células beta, além de hiperglicemia pós-prandial e de um risco aumentado de diabetes gestacional na mãe. Ou seja, o sexo fetal pode potencialmente influenciar o metabolismo materno de glicose na gravidez. n

Referência bibliográficaRetnakaran R, Kramer CK, Ye C et al. Fetal Sex and Maternal Risk of Gestational Diabetes Mellitus: The Impact of Having a

Boy. Diabetes Care 2015. Published online before print February 18, 2015. DOI: 10.2337/dc14-2551.

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Evento

Por Cris Dissat

Será que o uso das novas tecno-logias ainda assusta os profissio-nais de saúde? Ou seria o receio do desconhecido que mantém

as novidades a certa distância? Para au-xiliar no entendimento do novo uni-verso digital no tratamento e acompa-nhamento do diabetes, a SBD realizou, em São Paulo, o I Simpósio Internacio-nal de Tecnologia em Diabetes, entre os dias 12 e 14 de março – SITEC 2014.

Foram cerca de 500 participantes que permaneceram dentro da plenária du-rante todo o período do evento. Pela interação do público, que foi além das perguntas ao final de cada apresenta-ção, o momento é de mudanças e um grande número de profissionais está pronto a aprender ou entender mais essa área. O maior sinal da aprovação da atividade é que o próximo evento já está confirmado, para 2017, pela nova dire-toria da SBD, que assumirá em 2016. Entre os participantes estavam as mais variadas áreas de atuação e, também, 100 residentes de alguns dos principais Serviços de Endocrinologia do Brasil, convidados pela SBD.

Ponto de Partida – Um dos primeiros si-nais de que havia espaço para um de-bate com essa temática foi a realização do ATTD-LA (Advanced Technologies & Treatments for Diabetes), em 2012, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o Dr. Walter Mi-nicucci foi um dos organizadores e ob-servou a necessidade de criar um evento promovido pela SBD. Em 2014, ele reu-

A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes

Dr. Vitor Asseituno Morais — É preciso saber manipular

a tecnologia e criar novas alternativas. Seja na produção

de conteúdo na prática médica, seja na prática médica, seja na

educação médica.

Dr. Reginaldo Albuquerque — Acho que o movimento

de apavoramento está diminuindo. As pessoas estão

espantadas para saber até onde vamos.

Cintia Minatel Ribeiro, de Brotas, com

residência na Unicamp — Ainda existe uma

resistência natural. É muita tecnologia nova e muita informação ao mesmo

tempo, mas muito válida no tratamento.

Denise Reis Franco — No fim, tudo o que queremos é

melhorar a vida de quem tem diabetes. A roda está aí para ser

reinventada.

Dr. Thomas Danne (Alemanha) —Nosso trabalho vai mudar,

mas não vai morrer.

Dr. Ralph Ziegler (Alemanha)— Alguém lá em cima nos fez

complicados.

Mauro Scharf — Grupos de discussão online e troca de informações sobre relatos de problemas

fazem parte do nosso dia a dia.

Vanessa de Fátima, Salvador, com residência na Unicamp

— O grande desafio do médico é decidir sobre o que é malefício e benefício para tomar a decisão que possa acrescentar pontos

positivos ao tratamento.

André Vianna — Um evento assim é encorajador

e torna o médico mais aberto a receber mais informações. Estão

mais interessados do que há alguns anos atrás.

Luis Eduardo Calliari — O médico precisa compartilhar

com o paciente que é uma novidade. Com isso, você ganha a confiança do paciente e encontra

nele um aliado no tratamento.

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15 niu uma equipe apaixonada pelas novas tecnologias para planejar o evento den-tro das necessidades dos profissionais brasileiros.

O grupo, formado pelos doutores Márcio Krakauer, Denise Reis Franco, André Vianna, Luis Eduardo Calliari e Mauro Scharf, é profundo conhecedor da área e está atento a todas as novida-des e pesquisas mundiais.

Com essa visão, o programa abrangeu alguns dos temas que mais despertam interesse como o uso de bomba de in-fusão de insulina, novos equipamentos, as pesquisas com o pâncreas artificial, novos glicosímetros, controle da glice-mia via CGMS, a resposta do organismo durante a atividade física e o DREAM Project, entre outros.

Para que os presentes mergulhassem em um novo ambiente, os organizadores ainda incluíram tópicos como a Internet das Coisas, novos consultórios digitais e a relação entre médico e paciente.

Os debates provocaram uma refle-xão de como as descobertas estão im-pactando o tratamento de milhões de pacientes com diabetes, seus familiares e os profissionais de saúde em todo o mundo.

“A tecnologia em diabetes tem uma longa jornada desde que o primeiro me-didor de glicose surgiu. Agora, estamos vivendo o surgimento do pâncreas arti-ficial. É preciso acompanhar a evolução que está batendo a nossa porta. Ao tér-mino, ficamos mais ricos em informação para melhorar ainda mais o tratamento do diabetes”, comentou o presidente da SBD, Dr. Walter Minicucci.

Mais Perto do que se Imagina – Não só os novos termos técnicos no tratamento do diabetes fizeram parte da programação. Nomes como Steve Jobs, Gutemberg e Pierre Levy foram mencionados pelo Dr. Reginaldo Albuquerque ao falar sobre a “Internet das Coisas”. O endocrinologis-ta foi editor do site da SBD e é o atual consultor da Universidade do SUS, na Fiocruz. Entre os questionamentos fei-tos está a concentração do poder e da informação. “Estamos impedindo que

os pacientes tenham conhecimento. Eles, cada vez mais, chegam aos nossos consultórios para uma segunda opinião e não para o diagnóstico. A primeira foi dada pelo Google. Nós não somos os detentores do conhecimento e esse conceito acabará em breve. Precisamos estar preparados para uma nova fase.”

Na área de saúde, a Internet das Coi-sas faz a ligação entre sensores conecta-dos que transmitem dados para auxiliar no tratamento e pesquisa em diversas áreas. O Dr. Reginaldo mencionou uten-sílios domésticos que identificariam doenças, assim como equipamentos que monitoram o consumo de medicamen-tos. A evolução dos smartphones foi um dos passos decisivos para o surgimento de uma série de equipamentos, segun-do o especialista. “O conhecimento está cabendo no bolso de cada um de nós.”

Quando outra palestra começou, o conferencista indagou aos participan-tes quem estaria com o celular longe do alcance das mãos. Em uma sala com mais de 500 pessoas, apenas cinco se “denunciaram”. O celular continua li-gado, sendo usado para fotografar sli-des, acessar e-mails e redes sociais. O Dr. Vitor Asseituno Morais, conselheiro da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, mostrou que mesmo quem tem resistência aos avanços está inserido na tecnologia sem perceber.

O médico sinalizou também que a Medicina caminha para um novo for-mato, assim como surge um novo pro-fissional e um mercado de trabalho para o médico. “Em um Manual do Profis-sional, desenvolvido há cerca de cinco anos, foram listadas as habilidades ne-cessárias para a carreira médica. Entre elas está a tecnologia. Meus colegas de faculdades estão desenvolvendo aplica-tivos, sendo que um deles foi top 10 de venda na Apple Store. Hoje em dia já receitamos aplicativos”, comentou.

Ele admite que as ferramentas digi-tais não solucionam todos os problemas, mas podem ser usadas de forma correta para a pessoa correta, com resultados excelentes. “Por que não podemos con-tar com a tecnologia na aproximação

entre médico e paciente? Não podemos ter resultados positivos na aderência do paciente ao tratamento?”

Ele lembra que as Universidades precisam estar preparadas para formar um novo profissional. “As coisas não são mais como eram e isso não vai mudar mais. Será necessário ampliar os hori-zontes para saber lidar com as novas demandas.”

Pâncreas Artificial – Saber em que estágio estão as pesquisas sobre o Pâncreas Arti-ficial foi um dos momentos aguardados pelos participantes. A apresentação, fei-ta pelo Dr. Thomas Danne (Children’s Hospital “Auf der Bult”, Hannover Me-dical School, Alemanha), mostrou o DREAM Project (Diabetes Research, Educa-tion, and Action for Minorities), formado por representantes da Alemanha, Israel e Eslovênia.

O Pâncreas Artificial é formado por um sensor de glicose subcutâneo off--the-shelf, que monitora o nível de gli-cose, uma bomba de insulina e um con-trolador, que é o cérebro do aparelho. O Dr. Thomas Danne mencionou que o equipamento ainda é grande – atual-mente, tem o tamanho de um tablet –, mas o objetivo é chegar ao formato de um smartphone. O DREAM 4 está com 24 pacientes e o último teste foi feito em Israel, onde é mais fácil obter a aprovação da pesquisa.

O Dr. Márcio Krakauer explica que o estudo já tem mais de 10 anos. “As experiências apresentadas no SITEC fo-ram feitas em um acampamento, onde todos os notebooks, que estavam com os adolescentes, se comunicavam com uma central – ligados via cabo – cujas informações eram repassadas aos mé-dicos via wifi.” Um vídeo mostrou mo-mentos dos adolescentes e da equipe médica no acampamento onde foram feitos testes.

Segundo o Dr. Krakauer, o objetivo final é que os aparelhos trabalhem sozi-nhos, independente do ser humano. A jornada é longa, como disse o Dr. Mini-cucci, mas o pâncreas artificial chegou e “está batendo à nossa porta”.

Palestrantes: Ana Cláudia Ramalho (Bahia), Ana Maria Gomez (Venezuela), André Vianna (Paraná), Denise Reis Franco (São Paulo), Francine Kaufmann (Estados Unidos), Freddy Eliaschewitz (São Paulo), Jared Watkin (Estados Unidos), Karla Melo (São Paulo), Larry Hirsch (Estados Unidos), Luis Eduardo Calliari (São Paulo), Márcio Krakauer (São Paulo), Mauro Scharf (Paraná), Neal David Kaufman (Estados Unidos), Patricia Medici Dualib (São Paulo), Ralph Ziegler (Estados Unidos), Reginaldo Albuquerque (Brasília), Rodrigo Lamounier (Minas Gerais), Roger Mazze (Estados Unidos), Thomas Danne (Alemanha) e Vitor Asseituno Morais (São Paulo).

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Avanços dos Equipamentos no Tratamento – Mesmo conhecendo a história, os par-ticipantes se surpreenderam ao ouvir o depoimento do Dr. Larry Hirsch, que é médico e tem diabetes. Ele mostrou a imagem da pedra para afiar a agulha de insulina que usava no início do seu tratamento. O médico, que usa insulina há 57 anos, colocou a situação de uma forma direta: “Era muito simples. Ou to-mava insulina ou morria.” Ao longo da vida, foram 80.500 injeções de insulina. Ele aposta, atualmente, nas novas tecno-logias para um tratamento bem menos doloroso.

Os participantes puderam acompa-nhar demonstrações de novos equipa-mentos para o monitoramento do dia-betes, entre eles, o Freestyle Libre, da Abbott (até o momento não disponível para venda no Brasil). Trata-se de um sen-sor, com duração de 14 dias, que faz os testes de glicemia sem a necessidade de furar o dedo. Usa a tecnologia bluetooth de transmissão de dados para o glicosímetro.

O sensor é colocado no antebraço e o resultado é apresentado no monitor de glicemia em tempo real. É compos-to por um aplicador, um sensor e gli-cosímetro. O FreeStyle Libre não tem alarmes de hipo ou hiperglicemia, o que significa que é preciso atenção para que-das da glicemia.

Outro equipamento apresentado foi o Accucheck Online, da Roche. A pla-taforma integra Monitor Accu-Check Perfoma Connect, com tecnologia blue-tooth; aplicativo Accu-Check Connect, com compartilhamento automático dos dados para “nuvem” (armazenamento digital); e o computador.

Da mesma forma que seu celular envia as fotos automaticamente para a “nuvem”, o processo de armazenamen-to automático dos dados ocorre sem ne-

cessidade de intervenção. Entre as van-tagens está a checagem de informações e relatórios de qualquer computador ou dispositivo móvel, assim como você che-ca seus e-mails de qualquer lugar.

Além dos relatórios, podem ser in-cluídas fotos das refeições para uma avaliação dos valores utilizados. Tam-bém é possível compartilhar informa-ções imediatamente com médicos ou cuidadores. A plataforma é um avanço do Accucheck 360, sem necessidade de instalação nos computadores pessoais.

As novas Bombas de Infusão de Insu-lina, outro tema de interesse dos profis-sionais de saúde, foram apresentadas, como o Sistema MiniMed Paradigm Veo, da MedTronic, com monitorização contínua de glicose e suspensão auto-mática em caso de hipoglicemia.

A Dra. Francine Kaufman, uma das maiores especialistas mundiais em uso de Bomba de Infusão de Insulina, falou sobre o novo sistema preditivo de hipo-glicemia (Predective Low Glucose Mang-ment). O alarme para hipo não é novida-de, mas sim a capacidade de suspender a liberação de insulina.

O equipamento tem um algoritmo que faz uma previsão do que irá acon-tecer meia hora antes. É composto por um sistema integrado de monitorização contínua que pode ser ativado ou de-sativado, dependendo das necessidades do paciente. A Paradigma Veo mostra os valores de glicose continuamente e armazena todas as informações para to-mar a decisão de suspender a liberação da insulina (Low Glucose Suspend ou LGS), mesmo no período em que o pa-ciente está dormindo.

Alguns dados surpreenderam. Nos Estados Unidos, cerca de 600 mil pes-soas estão em uso de bomba, enquan-to no Brasil os números ficam entre 4

e 5 mil pacientes. Veja, também nesta edição, uma reportagem com dados da pesquisa sobre uso de Bomba de Infusão de Insulina no Brasil, realizada pela Dra. Ana Claudia Ramalho e a SBD.

O que Fazer com Tantos Dados? – O médico da WHO Collaborating Center for Diabetes Education, Dr. Roger Mazze, explica que é preciso entender como o organismo responde e se os resultados clínicos fun-cionam. “Sem os dados não podemos responder a diversas perguntas. Depen-demos deles para tomar uma atitude em relação ao tratamento, a um erro ou acerto. Precisamos, também, de dados confiáveis para obter êxito.”

Em relação aos atletas, a interpreta-ção das informações é fundamental. O Dr. Rodrigo Lamounier apresentou di-versos casos e exemplificou, com gráfi-cos do CGMS (Continuous Glucose Moni-toring System), como realizar ajustes mais finos para cada tipo de prova na área esportiva.

“Nosso papel é de facilitador. Temos que decidir, junto com o paciente, a par-tir dos dados, qual a melhor opção a se-guir. Precisamos dividir o conhecimen-to, ensinando e aprendendo com ele. A tecnologia, ao contrário do que muitos dizem, torna a conversa entre médico e paciente muito mais longa, além de uma maior cumplicidade.”

O Dr. Rodrigo, que é diretor clínico do Centro de Diabetes de Belo Hori-zonte, mostrou resultados de monito-ramento da Volta da Pampulha, entre outras provas. A partir das análises, di-versas orientações foram feitas aos atle-tas, desde a escolha de uma variedade de carbohidratos a serem consumidos durante as provas, até o local ideal onde colocar o sensor (no antebraço).

Repercussão – Diversas reportagens com abordagens diferentes já foram produ-zidas com os resultados do SITEC 2015. Além da matéria específica sobre a pes-quisa de bomba de insulina no Brasil, outros desdobramentos vão surgindo. A troca de informações foi enorme e, ao invés da plateia ficar apreensiva, foi a curiosidade o maior sentimento entre os participantes. Entre os comentários durante o evento, muitos profissionais de saúde disseram que estariam revendo seus conceitos e medos do que julgavam desconhecido. n

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Para o Público

O Bem Estar Global é um proje-to realizado pela Rede Globo, que tem como objetivo oferecer diversos serviços relacionados à saúde, gra-tuitamente, para a população. Neste início de ano, a emissora trabalhou em conjunto com a SBD para incluir o diabetes entre os temas de duas ações nos estados de Minas Gerais e Pará, através das respectivas Regio-nais, assim como os respectivos re-presentantes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Quase Mil Atendimentos – Em Belo Horizonte, a atividade aconteceu na Barragem Santa Lúcia, no Parque Jornalista Eduardo Curi, dia 27 de mar-ço, das 8h às 17h, com profissionais de saúde e médicos da SBD informando o público sobre o diabetes, realizando testes de glicemia e exames oftalmoló-gicos, para constatar se as pessoas eram ou não portadores da doença e se estão se cuidando da forma correta.

Foram feitos cerca de 950 atendimen-tos por 25 voluntários, entre médicos, estudantes de medicina, fisioterapeutas e nutricionistas. O evento foi coordena-do pela Dra. Adriana Bosco, presidente da SBD Regional MG, que estava anima-da com os resultados obtidos na ativida-de. “Acho fundamental que as mídias reconheçam a importância das Socieda-des Brasileiras de especialidades e as uti-lizem, cada vez mais, como consultoras, para que possam veicular informações seguras e corretas para a população.”

Segundo a Dra. Adriana, a Rede Glo-bo realiza essas ações em vários estados, solicitando parcerias com as Sociedades Médicas locais. “No caso da SBD MG, eles entraram em contato conosco as-sim como a SBEM e entidades de várias outras especialidades, propondo que

organizássemos uma programação de interesse da população.”

Durante a atividade foram organiza-dos dois grupos diferentes: o de pessoas em risco para desenvolver o diabetes e os indivíduos que já portavam a doen-ça, para serem atendidos de formas di-ferentes. “Sabemos que sem informação não há educação nem para a preven-ção nem para o controle de determina-da doença. Temos que aproveitar esse tipo de evento para transmitir o máxi-mo de conhecimento possível e atingir o maior número de pessoas”, explicou

Dra. Adriana.Para a médica fornecer informação

de qualidade a uma população que tem pouco acesso, ou quase nenhum, pode evitar complicações e uma melhoria da qualidade de vida. “Tudo que pode fa-zer a diferença na vida da população é sempre bem-vindo, principalmente no nosso país, com múltiplas carências

básicas. Tal oportunidade dada por um meio de comunicação de força incontestável é tudo que precisáva-mos para poder atingir exatamente essa fração da população, que assiste a novelas, mas que não tem acesso ou conhecimento à sua própria con-dição.”

Atividades em Belém (PA) – Além do evento, realizado em Minas Gerais, as Regionais da SBD e SBEM no Pará também participaram do Bem Estar Global em Belém. A atividade foi co-ordenada pelo Delegado da SBD PA, Dr. Alexandre Flexa Ribeiro Filho, e aconteceu no dia 24 de abril, entre 8h e 12h. Fizeram parte do grupo de trabalho: quatro médicos, dois fisioterapeutas, três nutricionistas e dois educadores físicos, que se reve-

zaram durante o período.Foram feitas as seguintes atividades:

• Aplicação de questionário de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, para posterior análise dos da-dos e publicação.

• Realização de glicemia capilar, verifica-ção da pressão arterial, peso e altura. Previsão de disponibilidade de 300 ti-ras reagentes. (Apenas no período da manhã. )

• Dinâmica de exercícios fáceis para a população, com ênfase nos diabéticos.

• Distribuição à população de informa-ções sobre serviços oferecidos pelo Estado e Prefeitura, como locais de atendimento aos pacientes com dia-betes tipo 1, 2 e diabetes gestacional; seus direitos e deveres; distribuição de insulina e insumos; promoção de academias de cidade; e serviços de pé diabético.

• Miniaulas, abrangendo fatores de ris-co; diagnóstico; automonitorização glicêmica; dicas de alimentação e atividade física; tratamento e impor-tância da aderência, insulina – arma-zenamento, locais de aplicação, trans-porte, prevenção das complicações. n

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Um Guia de Alimentos para aPopulação Brasileira e Profissionais de Saúde

Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014), apre-

sentados recentemente, mostram que apenas um quarto da população bra-sileira, 24,1%, consome a quantidade de frutas e verduras recomendada pela Organização Mundial da Saúde em cin-co ou mais dias da semana. Segundo a OMS, a ingestão diária necessária é de pelo menos 400 gramas desses alimen-tos.

Para combater essa realidade e esti-mular a mudança dos hábitos dos bra-sileiros, um novo guia alimentar foi elaborado pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. O objetivo do documento é passar à população informações sobre alimentação saudável, prevenção e cons-

cientização das doenças crônicas, que estão associadas ao sobrepeso, obesida-de e consumo excessivo de alimentos processados, e principalmente promo-ver saúde.

A Dra. Marlene Merino, Doutora em Ciências Nutricionais do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Fede-ral Fluminense (UFF) e coordenadora do Departamento de Nutrição da SBD, esclarece que embora o foco do Guia Alimentar seja para a promoção da saú-de e a prevenção de doenças, suas orien-tações poderão ser úteis para patologias específicas, como o diabetes. “Uma das recomendações do Ministério da Saúde é que seja imprescindível que as nutri-cionistas se adaptem às condições espe-cíficas de cada pessoa”, explica a Dra. Marlene.

A segunda edição do Guia, segundo a

especialista, traz inovações importantes e teve a colaboração de diversos setores da sociedade, por meio de um processo de consulta pública, permitindo um am-plo debate que orientou a elaboração da versão final. “O Guia Alimentar se baseou em conhecimentos, gerados por estudos experimentais, clínicos, popula-cionais e antropológicos, bem como em conhecimentos implícitos na formação dos padrões tradicionais de alimenta-ção. As características da alimentação brasileira descritas no Guia Alimentar resultam de análises da Pesquisa de Or-çamentos Familiares (POF), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre maio de 2008 e maio de 2009”, explicou.

“O Departamento de Nutrição da SBD está em consonância com esta re-comendação e reforça a incorporação

Nutrição

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15 dos pressupostos do Guia Alimentar na individualização do plano alimentar da pessoa com diabetes. Recomenda-mos que além da orientação específica do nutricionista, estabelecendo quan-tidades de alimentos segundo as reco-mendações nutricionais, que todos os profissionais que integram a equipe no cuidado da diabetes orientem sobre a importância da qualidade do consumo saudável, além de todos os benefícios so-bre o controle do diabetes e prevenção de outras morbidades.”

Outras Recomendações – A nova edição do Guia Alimentar foi elaborada em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epi-demiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/Bra-sil). Segundo o Ministério da Saúde, foi uma construção coletiva e para propor-cionar uma ampla discussão do conte-údo. Foram, ao todo, seis etapas até a conclusão da versão final do material.

Todo o conteúdo é apresentado em cinco capítulos: 1. Princípios; 2. A es-colha dos alimentos; 3. Dos alimentos à refeição; 4. O ato de comer e a co-mensalidade; e 5. A compreensão e a superação de obstáculos. O PDF do guia está disponível no site da SBD na área de nutrição.

O Guia orienta na escolha das refei-ções caseiras e sobre os problemas em relação à alimentação em redes de fast food; e o consumo de produtos pron-tos, que dispensam a preparação culi-nária, como sopas de pacote, pratos congelados prontos para aquecer, mo-lhos industrializados, misturas prontas para tortas etc. Há, também, um alerta quanto à prática comum da sociedade em substituir alimentos in natura, como arroz, feijão, legumes e verduras, pelos industrializados, prontos para o consu-mo (processados e ultraprocessados), em geral, ricos em sódio e calorias.

Outra recomendação é em relação ao uso moderado de óleos, gorduras, sal e açúcar ao temperar e cozinhar alimen-tos, e a adoção limitada de alimentos processados (queijos, embutidos, con-servas), que devem ser usados como ingredientes ou parte de refeições. Na hora da sobremesa, o ideal é preferir as caseiras, dispensando as industriali-zadas.

Um destaque especial é dado para as atividades que envolvem o ato de co-mer, sendo aconselhada a escolha por horários regulares, em ambientes apro-priados e sempre que possível na com-panhia de alguém. O ideal é desfrutar a alimentação, evitar realizá-la assistindo à televisão, falando ao celular, em fren-te ao computador ou conduzindo ativi-dades profissionais. Além disso, o guia incentiva o consumo harmonioso e va-riado dos alimentos e, também, outros fatores como as combinações entre os ingredientes e sua forma de preparo.

Alimentos Regionais Brasileiros – Para marcar o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, o Ministério da Saúde lançou o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”, onde estão publicadas receitas de co-midas típicas de cada região e dicas de como cozinhar com mais saúde.

Com essa publicação o Ministério pretende estimular uma alimentação saudável, promover saúde e qualidade de vida, reduzindo assim a obesidade, o diabetes, a hipertensão e outras doenças crônicas comuns à população brasileira. O livro foi desenvolvido como comple-mento do Guia Alimentar para a Popu-lação Brasileira, com o intuito de in-centivar, especialmente, o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras.

Um resumo do Guia – Dra. Marlene Meri-no – O capítulo 1 descreve os princípios que nortearam sua elaboração. Esses princípios justificam, de início, o trata-

mento abrangente dado à relação entre alimentação e saúde, levando em conta nutrientes, alimentos, combinações de alimentos, refeições e dimensões cultu-rais e sociais das práticas alimentares. A seguir, esses princípios fundamen-tam a proposição de recomendações que consideram o cenário da evolução da alimentação e da saúde no Brasil e a interdependência entre alimentação adequada e saudável e sustentabilidade do sistema alimentar. Por fim, apoiam o uso que este Guia faz do conhecimen-to, gerado por diferentes saberes, e sus-tentam o seu compromisso com a am-pliação da autonomia das pessoas nas escolhas alimentares e com a defesa do direito humano à alimentação adequa-da e saudável.

O capítulo 2 enuncia recomenda-ções gerais sobre a escolha de alimen-tos. Elas, consistentes com os princípios orientadores deste Guia, propõem que alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, sejam a base da alimentação.

O capítulo 3 traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. Essas orientações se funda-mentam em refeições consumidas por uma parcela substancial da população brasileira, que ainda baseia sua alimen-tação em alimentos in natura, minima-mente processados, e em preparações culinárias.

O capítulo 4 traz orientações sobre o ato de comer, abordando as circunstân-cias – tempo e foco, espaço e companhia – que influenciam o aproveitamento dos alimentos e o prazer proporciona-do pela alimentação.

O capítulo 5 examina fatores que po-dem ser obstáculos para a adesão das pessoas às recomendações deste guia – informação, oferta, custo, habilidades culinárias, tempo e publicidade – e pro-põe, para sua superação, a combinação de ações no plano pessoal e familiar e no plano do exercício da cidadania. As recomendações deste guia são ofereci-das de forma sintetizada em “Dez Pas-sos para uma Alimentação Adequada e Saudável”.

No quadro ao lado a Dra. Marlene lis-ta os 10 passos do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) que pode servir como roteiro para a orientação da pessoa com diabetes. n

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GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA

G UIA A LIMENTAR PARA A P OPULAÇÃO

B RASILEIRA

MINISTÉRIO DA SAÚDES ecretaria de A tenção à S aúde

D epartamento de A tenção Básica

B rasília — D F2014

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Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável

Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.

Em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, alimentos in natura ou minimamente processados são a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, sa-borosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Variedade significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, tubércu-los, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes – e variedade dentro de cada tipo – feijão, arroz, milho, batata, mandioca, tomate, abóbora, laranja, banana, frango, peixes etc.

Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar* em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.

Utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, óleos, gorduras, sal e açúcar contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desba-lanceada. *Substituir o açúcar simples por edulcorantes (adoçantes) ou

incluí-lo (consumo de até 10%) na Contagem de Carboidrato - Diretrizes SBD, 2014 - 2015.

Limitar o consumo de alimentos processados. Os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos

processados – como conservas de legumes, compota de fru-tas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a compo-sição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Em peque-nas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.

Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – como

biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo” – são nutricionalmente desbalancea-dos. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. Suas formas de produção, dis-tribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfa-vorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.

Procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se en-volver em outra atividade. Procure comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o con-sumo de quantidades ilimitadas de alimento. Sempre que pos-

sível, coma em companhia, com familiares, amigos ou colegas de trabalho ou escola. A companhia nas refeições favorece o comer com regularidade e atenção, combina com ambientes apropriados e amplia o desfrute da alimentação. Compartilhe também as atividades domésticas que antecedem ou sucedem o consumo das refeições.

Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.

Procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras livres e feiras de produtores e outros locais que comercializam varie-dades de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados lo-calmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produ-tores.

Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e

partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, sem distin-ção de gênero. Se você não tem habilidades culinárias – e isso vale para homens e mulheres –, procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e... comece a cozinhar!

Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.

Planeje as compras de alimentos, organize a despensa domés-tica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Faça da preparação de refeições e do ato de comer momentos privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ce-der espaço para a alimentação.

Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.

No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo podem ser boas opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em escolas ou no local de trabalho. Evite redes de fast-food.

Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

Atenção: a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pes-soas. Avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimen-tação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.

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Dra. Ana Claudia Ramalho

Com base em um trabalho de co-leta de dados iniciado há mais de cinco anos em conjunto com a SBD, a Dra. Ana Claudia Ra-

malho, endocrinologista e professora da Universidade Federal da Bahia, tem, hoje, um panorama nacional do uso de bombas de insulina. Chamado de “Avaliação do Perfil de Pacientes com Diabetes Mellitus em uso de Sistema de Infusão Subcutânea Contínua de Insulina (SICI) no Brasil”*, o trabalho foi apresentado durante o SITEC 2015 (Simpósio Internacional de Tecnologias em Diabetes).

Os primeiros dados obtidos em con-sultório e ambulatório pela especialis-ta foram divulgados no Diabetes 2011 quando, segundo relato, foi estimulada a ampliar a pesquisa pelo Dr. Walter Mi-nicucci, atual presidente da SBD. Pouco tempo depois, a Sociedade disponibili-zou um questionário padrão e convo-cou os associados a colaborarem com a coleta de dados, aplicando-o em salas de espera de seus consultórios e servi-ços de endocrinologia. Ao todo, foram reunidos dados de 429 pacientes, o que representa 10% das pessoas com DM1 no Brasil, em uso de bomba de infusão.

A Dra. Ana Claudia se manteve como coordenadora deste projeto e ficou res-ponsável pela compilação dos dados. “Apresentar os resultados desse traba-lho é como um filho que nasce. Não tínhamos nenhum dado do perfil de aderência dos pacientes a essa terapia, então, fizemos um estudo de corte trans-versal, com amostra de conveniência, aplicando um questionário único aos nossos pacientes. Este programa foi de-senvolvido de forma muito criteriosa.”

Segundo ela, a amostra de conve-niência é de 10% da população brasi-leira com DM1 em uso de bombas de insulina, tendo como base o fato de que o Brasil possui hoje mais de 200 milhões de habitantes. “Se pensarmos que 10% da população brasileira têm diabetes, ou seja, 20 milhões de pessoas, e das

Panorama: Uso de Bombas de Insulina no Brasil

quais temos 10% com DM1, ou seja, dois milhões, temos apenas 4 a 5 mil que desfrutam dessa terapia. Ainda há muita coisa para ser feita”, completou a médi-ca, informando que junto às respostas dos pacientes foi anexada a pergunta sobre a taxa de hemoglobina glicada, colhida nos respectivos prontuários.

Com a análise dos dados, foi identi-ficada que a faixa etária mais comum com esta terapia está entre 13 e 40 anos e que as mulheres são maioria. Resulta-dos, segundo a Dra. Ana Claudia, eram esperados. “No Brasil, temos um perfil masculino com a Síndrome do Super--Homem. Eles acham que não ficam doentes, apresentam piores índices de controle de alimentação, mas praticam exercícios físicos, só que não se cuidam como deveriam.”

Outra informação importante é que a maioria desses pacientes adquire as bombas por meio de ações judiciais. Em seguida, estão aqueles que recebem pe-las secretarias de saúde e um pequeno percentual (7,9%) recebe em centros de saúde. Os seguros saúde contribuem apenas com 0,9%.

Em grande parte das respostas, a qua-

lidade de vida do paciente esteve como principal indicação para as terapias com SICI. “Isso mostra que nós, endocrino-logistas, estamos atentos aos nossos pa-cientes, pois em 74% dos casos a melho-ra na qualidade de vida era a principal indicação. É interessante observar que 40% dos pacientes buscavam a redução das aplicações.”

Ainda segundo a médica, os pacien-tes eram na maioria fisicamente ativos e a presença de bomba não se consti-tuiu em um impedimento para a realiza-ção da atividade física, já que a maioria (62,6%) afirmou manter SICI durante o exercício. Neste sentido, foi observa-do que a principal preocupação dos pa-cientes está relacionada à prevenção de complicações crônicas.

Vantagens e Desvantagens Indicadas – Den-tre as vantagens da adoção desta terapia, foram apontadas a melhora do controle glicêmico, seguida por flexibilidade no tratamento e pelo fim das aplicações, tendo sido este o fator mais frequen-te em crianças. Além disso, com o uso do SICI, mais pacientes mencionaram nunca ter hipoglicemias assintomáticas e ter reduzido a frequência das hipogli-cemias sintomáticas e graves. A terapia com SICI também se mostrou eficaz na redução da A1c.

Os itens mais citados como desvan-tagens no uso da bomba foram o custo, seguido das marcas na pele e de restri-ções da roupa usada no dia a dia. “Isso é interessante porque o Brasil é o terceiro maior mercado de beleza do mundo, fi-cando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, o que comprova a grande preocupação em relação à aparência. Esse mercado cresceu 250% desde 2009. Então, o comprometimento da pele pre-cisa estar entre nossas atenções, para garantir maior adesão dos pacientes”, alertou a médica. “Quanto à opção de deixar as bombas visíveis, observamos que as respostas foram ‘às vezes’ e ‘sem-pre, ou seja, 50%. Precisamos conversar

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com os pacientes para que isso não se torne um empecilho para alguns”, com-pletou.

Considerações e Conclusões – A Dra. Ana Claudia acredita que os pacientes pes-quisados tinham um perfil adequado, evidenciado com alta prevalência do uso de contagem de carboidrato e reali-zação de monitorização glicêmica. Con-tudo, foi identificada a necessidade da melhora da educação e orientação dos pacientes após início da terapia.

“Precisamos de programas educati-vos para o aprendizado na utilização de

• População Brasileira – 205.922.503 habitantes.

• Estimativa de número de bombas no país – 4.000 a 5.000 equipamentos.

• Quantidade de participantes – 429 pessoas com DM em uso de SICI.

• 59,2% sexo feminino e 40,8% masculino.

• 71,6% com mais de um ano de uso da terapia.

• 49% não obtiveram o equipamento por meios próprios e destes, a maior parte foi por ação judicial (62%).

• Indicações: qualidade de vida (73,8%), controle glicêmico insatisfatório (54,8%), redução das aplicações (41%) e hipoglicemias graves (31,3%).

• 48% dos usuários atribuíram como principal vantagem melhor controle glicêmico e 20% referiram flexibilidade.

• Desvantagens: custo (41,1%) e marcas da pele (27,4%).

• A terapia com SICI reduziu o medo de hipoglicemia em 60,3% e em 49% melhorou a percepção de hipoglicemia.

• 63% dos pacientes praticam atividade física e apenas 30% desses desconectam a bomba durante o exercício.

• 86,4% das pessoas indicaram dificuldade em manusear SICI: basal temporário nunca utilizado em 60,4% e 54,1% nunca usava outro bolus além do padrão.

• 74% dos pacientes relataram dificuldades em controlar o basal temporário, que é um recurso importantíssimo da bomba, e esses pacientes não estão usando (em situações de estresse, atividades físicas etc.).

• A frequência que esquecem de fazer o bolus é de 7,7% e embora 61% nunca utilizem doses fixas, 10% dos pacientes ainda a utilizam.

• 58% trocaram a agulha a cada 3 dias e 26,4% a cada 4 dias.

• Automonitorização realizada 3 ou mais vezes ao dia em 87,8%, sendo que 44% aumentou sua frequência após SICI.

• 19,2% usam sensor contínuo.

• Hipoglicemia grave foi menos frequente após SICI (p<0,0001).

• A melhora da hemoglobina glicada foi significativa, com média de 8.7 para 7.6.

• Houve melhora do controle glicêmico com redução da A1c após 6 meses de início da terapia com bomba comparada a antes (8,69 ±1,82 vs 7,62 ±1,18%)(p<0,01).

Dados e Percentuais

bombas de insulina e seus diversos re-cursos, como no basal temporário, no bolus variável e bolus fixo. Precisamos estar atentos para cobrar, nas nossas ro-tinas de atendimento, os resultados e di-ficuldades desses recursos. Caso contrá-rio, teremos pacientes com ‘ferraris’ em uso como se fossem ‘fusquinhas ativos’.”

Incluir a terapia de bombas de insu-lina na formação dos novos endocrino-logistas é muito importante, na visão da Dra. Ana Claudia. “No Hospital das Clínicas estamos com um programa no Serviço de Endocrinologia onde os pa-cientes ficam em uso de bombas por

uma semana, junto com os profissio-nais de saúde, utilizando o equipamen-to, aprendendo a fazer todo o manuseio e se deparando com as dificuldades. Ou seja, temos muita coisa a ser feita não só com a educação dos pacientes como na formação dos profissionais”, finalizou a médica. n

*Avaliação do Perfil de Pacientes com Diabetes Mellitus em Uso do Sistema de Infusão Contínua de Insulina (SICI) no Brasil. Ramalho AC, Tess C, Tschiedel B, Travassos S, Hissa M, Franco D, Pedrosa H, Minicucci W, Sociedade Brasileira de Diabetes e Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA.

Panorama: Uso de Bombas de Insulina no Brasil

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Congresso SBD

Novidades sobre o Diabetes 2015

Ainda faltam alguns meses para o início

do Congresso da Sociedade Brasileira

de Diabetes e é hora do trabalho das

comissões se intensificar ainda mais. A

Revista Diabetes vem acompanhando e

publicando o andamento do Diabetes 2015,

que é a principal atividade da entidade

em 2015. O evento, que é presidido pelo

Dr. Balduíno Tschiedel e tem à frente

da Comissão Científica o Dr. Marcello

Bertolucci, acontecerá entre os dias 11 e 13

de novembro, em Porto Alegre, no Centro de

Eventos da FIERGS.

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Entre as novidades recentes está a decisão que a Diabetology & Meta-bolic Syndrome, publicação oficial da SBD, será a Revista do Con-

gresso. Segundo os organizadores, essa medida aumentará o nível de exigência das publicações e os trabalhos deverão ser enviados em inglês. Entre os inscri-tos, 300 abstracts serão selecionados e alguns escolhidos para apresentação oral. Os editores da DM&S seleciona-rão os melhores trabalhos para serem publicados, dentro dos moldes da revis-ta online.

Outra notícia é a parceria com a As-sociação Argentina de Diabetes, firmada em reunião realizada no dia 1º de abril. A SBD, representada pelo seu vice-pre-sidente, Dr. Marcos Troian, pelo presi-dente do Congresso da SBD, Dr. Bal-duino Tschiedel, e pelo presidente da Comissão Científica, Dr. Marcello Ber-tolucci, protocolou uma carta de inten-ções com a entidade, representada pela sua presidente, Maria Cristina Faingold. Com esse acordo, inicia-se um trabalho em conjunto entre os dois países, em que já foram definidas algumas ativida-des: um simpósio e um encontro com o professor com palestrantes argentinos e brasileiros. Os temas ainda estão sen-do decididos. A SBD espera aumentar a participação de trabalhos submetidos à publicação e também a participação de argentinos no Congresso.

Na apresentação dos simpósios, os organizadores estão prevendo algumas novidades. O Dr. Bertolucci explica que o grupo quer dar um “estilo” para o Dia-betes 2015. “As palestras vão envolver ciência básica e prática clínica no mes-mo simpósio, que serão temáticos. Por exemplo, se a palestra abordar os trans-tornos alimentares, haverá uma aula inicial sobre os mecanismos da sacieda-de e da fome. Depois passaremos para uma parte sobre distúrbios, avaliação diagnóstica e tratamento. Dando uma visão completa do assunto. O objetivo é abranger o máximo possível cada tema.”

Entre os simpósios, estão confirma-dos alguns tópicos, entre eles, um sobre novas tecnologias, outro sobre pré-dia-betes (com participações internacio-nais) e os novos conceitos de resistên-cia à insulina, além de Workshop sobre Pé Diabético com a Dra. Hermelinda Pedrosa, que já se tornou tradição nos congressos. No momento, 12 convida-

dos internacionais estão confirmados.Os congressistas devem estar prepa-

rados para uma maratona. Estão pro-gramadas 80 atividades em três dias, o que leva o Diabetes 2015 a ser um Con-gresso muito denso. O Dr. Bertolucci aconselha que as pessoas cheguem um dia antes, devido à intensa carga da programação. “Nossa agenda será bem apertada, com dias longos. É importan-te estar preparado porque o tempo será otimizado e curto”, finaliza o presidente da Comissão Científica.

O Dr. Balduino Tschiedel comenta que o volume da programação está mais concentrado. “Resolvemos montar o Congresso em três dias ao invés de pro-longar mais meio dia, que seria o sábado. Começaremos na quarta de manhã e ire-mos até o final da sexta-feira. Debates im-portantes estão sendo programados para a sexta-feira. Muitas inscrições já foram

Informações:

A data limite para envio de trabalhos é 23 de junho e os temas são: Complicações crônicas; Controle

glicêmico e hipoglicemia; Diabetes e ges-tação; Diabetes em situações especiais; Diabetes, obesidade e síndrome metabó-lica; Educação, enfermagem e psicologia no Diabetes; Epidemiologia e políticas de Saúde; Genética e autoimunidade; Nu-trição, exercício físico e estilo de vida e Perspectivas e novas tecnologias.

O próximo prazo para inscrições com desconto é até 2 de junho e os valores são: médicos associados SBD, ABESO, SBEM R$675; médicos não associados R$960; outros profissio-nais associados R$480; profissionais não associados R$675; residentes e pós-graduandos R$500; e acadêmicos de graduação R$350. As inscrições são feitas no site do SBD 2015 (www.diabe-tes2015.com.br). n

feitas e a expectativa de público está em torno de 3.500 pessoas.”

O Congresso contará com uma área de exposição de 10 mil metros quadra-dos. “Pretendemos que sejam dois gran-des corredores para que a circulação seja fácil. Os projetos dos expositores estão evoluindo bem e a indústria tem demonstrado estar satisfeita com o local e com a logística.”

Será oferecido transfer para os par-ticipantes, uma vez que o Centro de Convenções é mais distante do Centro da Cidade. “Apesar de um pouco afasta-do, tem bom acesso. A distância ajudará também na imersão dos participantes no Congresso.”

Para relaxar e se preparar para a ma-ratona, os congressistas serão recebidos com um Coquetel de Confraternização na quarta-feira e a Festa do Congresso no Pepsi on Stage, na sexta-feira. n

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Faltam pouco mais de seis meses para o Dia Mundial do Diabetes, contudo, a equipe responsável pela organização das atividades,

coordenada pelo Dr. Márcio Krakauer, já realizou a segunda reunião de traba-lho. No mês de março, novas metas para 2015 foram definidas, complementando a programação do primeiro encontro de janeiro. Foram analisadas as ativida-des do ano passado, observando ques-tões que funcionaram e as que precisam de ajustes. Esse senso crítico da equipe é a base para definição do trabalho em 2015, segundo o Dr. Krakauer.

A proposta de mais um encontro logo no início do ano foi pensada porque al-gumas questões já estão em andamen-to. Cada participante apresentou seu ponto de vista referente à campanha do ano de 2014, isso foi fundamental para estabelecer quais atividades deve-riam ser repetidas e quais poderiam ser repensadas. Estiveram presentes o Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD; Dr. Márcio Krakauer, coordenador do Dia Mundial do Diabetes; Cristina Dis-sat, editora do site do Dia Mundial do Diabetes e das Mídias Sociais do Dia Mundial; Elizabeth Camarão, assessora de comunicação da Sociedade; Maria Luiza Serraglio, programadora visual; Ana Maria Ferreira e Maria Izabel de Melo, da equipe SBD.

O Que Vem Por Aí

Site e Redes Sociais – Como nos anos an-teriores, o hotsite do Dia Mundial do Diabetes e as redes sociais (twitter, fa-cebook, flickr) serão ferramentas fun-damentais para a divulgação das ações e para propagar a importância da cam-panha ao redor do mundo. Novidades, informações sobre as campanhas e ou-tros tipos de conteúdos podem ser con-

Dia Mundial do Diabetes: Começaram os Trabalhos

feridos nos endereços: www.diamundial-dodiabetes.org.br, www.facebook.com/diamundialdodiabetes, www.twitter.com/wdd_brasil e www.flickr.com/dia-mundialdodiabetes. Criação do Grupo de Influenciadores Digitais será uma das novas ferramentas adotadas.

Pão de Açúcar – Em 2015, um dos princi-pais pontos turísticos do Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar, que vem apoiando a ini-ciativa em anos anteriores, já confirmou participação. Neste ano, os responsáveis entraram em contato com a SBD e estão estudando algumas novidades. A confir-mação até o momento é que o ponto tu-rístico será iluminado de azul. Devem ser realizadas reuniões e definirão o que será feito para marcar a data. Fique de olho nas informações das próximas edições.

FlashesMob – A elaboração de Flashes-Mobs estão entre as propostas da cam-panha deste ano, mas em formato dife-rente do realizado em 2013. A ideia é de serem realizadas três ações em lugares diferentes do Brasil. Até o momento, es-tão sendo avaliados os melhores locais para chamar a atenção da população e da imprensa.

Concurso de Culinária Saudável – O con-curso organizado pela SBD na campa-nha em 2014 foi um sucesso, mas para um planejamento mais detalhado e, fo-

ram realizadas reuniões entre a assesso-ria de imprensa e a emissora de tevê. O “Culinária Saudável” foi realizado no programa “Dia Dia”, na Band, e a estra-tégia já está em prática.

A presença da SBD, semanalmente, no programa da Band começou com participação Walter Minicucci e Márcio Krakauer no mês de março. A aborda-gem foi sobre nutrição e diabetes. Os programas com esta pauta acontecerão semanalmente.

O concurso de culinária será reali-zado no segundo semestre de 2015. O resultado final será divulgado no mês de novembro, próximo ao Dia Mundial.

Parceria com as Concessionárias das Ro-dovias – Um contato, que começou em 2014, está sendo planejado para 2015. A equipe da campanha vem conversan-do com algumas das principais empre-sas que administram rodovias no país. O objetivo é divulgar material ligado ao Dia Mundial do Diabetes para cons-cientização dos motoristas para melho-ria da qualidade de vida. A ação está em andamento.

Mais uma reunião está sendo agenda-da para novas definições das estratégias. Em 1º de abril as publicações na Fanpa-ge do Dia Mundial - www.facebook.com/diamundialdodiabetes - foram re-tomadas e desde 1º de maio o hotsite voltou a ser atualizado mensalmente. n

14 de Novembro

SBD Online: Projeto de Ensino à Distância

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Educação

uma área restrita no site da SBD, com informações científicas relativas à do-ença. “Estamos com um banco de da-dos com mais de 20 mil profissionais, que poderão participar dessa platafor-ma, bastando preencher um cadastro simplificado. Depois de estar dentro da comunidade, os participantes recebe-rão newsletters, comunicados de cursos e atualizações sobre pesquisas em diver-sas áreas do diabetes. Estudaremos as necessidades do grupo para definir as preferências do público-alvo.”

De acordo com o médico serão usa-das plataformas diferentes dentro do site da SBD. “Teremos cursos, aulas abertas, vídeos gravados em simpósios, congressos e outros eventos, seleciona-dos e categorizados por assuntos, Bi-blioteca Virtual, e recomendações da SBD, American Diabetes Association e de outras instituições. Teremos um enor-me leque de documentos sobre diabe-tes.”

Dr. Laerte explica que o ponto prin-cipal do projeto será a colaboração. “Na Biblioteca Virtual, os integrantes da comunidade que quiserem compar-tilhar conhecimento relevante poderão publicar informações para os demais.” O médico comenta que a vantagem é criar instrumentos de aprendizagem,

Com a finalidade de ampliar o conhecimento e levar informa-ções aos profissionais de saúde, a SBD lança, ainda no primei-

ro semestre de 2015, uma plataforma de ensino à distância. O projeto tem como organizador o Dr. Laerte Dama-ceno, idealizador e criador do site da entidade e do Projeto SBD Online.

O Ensino à Distância foi abordado com mais ênfase durante debates rea-lizados no European Diabetes Leadership Forum, em Copenhagen, na Dinamar-ca, em 2012. A conclusão é que as So-ciedades Científicas teriam um papel fundamental neste processo. O Dr. La-erte explica que a SBD desenvolverá esse novo formato de ensino, através de uma plataforma digital, com a fina-lidade de qualificar um grande núme-ro de especialistas, devido à escalada da prevalência do diabetes nos próxi-mos anos.

“A missão deste projeto é ampliar o conhecimento em relação ao diabetes. Afinal, é impossível alcançar o núme-ro necessário de profissionais de saúde com as informações necessárias para o tratamento e prevenção. Precisamos mudar o paradigma do ensino presen-cial”, explicou Dr. Laerte Damaceno.

Segundo o especialista será criada

tanto para o aluno quanto para o pro-fessor e exemplifica: “Ao ler um artigo muito interessante será possível publi-car ou sugerir o assunto. Ao ser apro-vado, o conteúdo ficará disponível para toda a comunidade, ou seja, você tam-bém está contribuindo. Queremos mu-dar a relação do conhecimento.”

O lançamento do projeto está pre-visto para final de maio e a plataforma não terá custos para o profissional que se cadastrar, a não ser em casos even-tuais, como aulas em Congressos, nos quais o associado tem valor diferencia-do nas inscrições. Mas ele lembra que “o ambiente será aberto.”

O médico esclarece que essa é a úni-ca forma de fazer chegar o conheci-mento sobre o diabetes, de acordo com a demanda atual. “Por isso, a expecta-tiva é a melhor possível. Vai depender da nossa capacidade de realização, cria-tividade para fidelizar essas pessoas e mantê-las sempre em contato com esse conhecimento. Seja fazendo cursos, lendo artigos ou acompanhando aulas isoladamente. Esperamos que tudo isso possa evoluir no futuro até alcançar um ensino mais formal, como especializa-ção, mestrado ou doutorado, combi-nando as duas formas de aprendizado: o online e o presencial.” n

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Ponto de Vista

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Dr. Ney Cavalcanti

O presidente Obama, muito em-polgado, fez um pronunciamen-to no dia 25 de janeiro para as autoridades de saúde e pesquisa-

dores. “Esta noite eu estou anunciando o início de uma pesquisa que irá nos fa-zer ficar mais perto da cura de doenças como o câncer e o diabetes. Além disso, a pesquisa Medicina com Precisão fará com que todos tenham acesso às infor-mações que nos permitirão, e às nossas famílias, sermos mais saudáveis.”

E o que pretende a Medicina com Precisão? Realizar a prevenção e trata-mento das doenças, levando-se em con-ta o maior número das características individuais possíveis. O exemplo mais antigo deste tipo de intervenção foi a determinação dos grupos sanguíneos que já existem há mais de um século.

A administração de um sangue de um grupo sanguíneo idêntico, ou compa-tível com o do receptor, é um recurso terapêutico importante. Pode, inclu-sive, ser o responsável por salvar uma vida. Porém, se o sangue administrado for incompatível com quem o receba, grandes repercussões negativas poderão ocorrer.

A prática médica é cheia desses exem-plos. Uma mesma droga é eficiente para tratar certa doença em determinado paciente, mas tem pouca ou nenhuma ação em outro indivíduo com o mesmo problema. Também o fenômeno ocorre quanto ao surgimento de efeitos colate-rais. Um mesmo medicamento não cau-

A Medicina com Precisão

sa nenhum efeito não desejado em um paciente; e noutros causa muitos sinto-mas desagradáveis, e, às vezes, também graves. No tocante à prevenção de en-fermidades, fenômeno semelhante tam-bém ocorre.

Já sabemos que determinados com-portamentos e alteração de exames laboratoriais, os chamados fatores de risco, aumentam muito a chance de sur-gimento de algumas doenças. Porém, muitos com vários desses fatores não desenvolvem a patologia. Seguramente, deverão existir mecanismos, até então desconhecidos, que exercem esta prote-ção. A ideia da Medicina com Precisão é ter maior número de dados possíveis de cada indivíduo para melhor atuar em prevenção e no tratamento. Esses dados ficariam disponíveis para o indivíduo e para os pesquisadores. Ninguém mais poderia ter acesso a essas informações. Para coleta dos dados de cada um, se-riam utilizadas as tecnologias já existen-tes e as que forem surgindo. Genoma, biologia molecular, bioinformática, bio-marcadores etc.

A ideia é iniciar essa pesquisa volta-da para a prevenção do tratamento do câncer, analisando os fatores genéticos e ambientais que predispõem ou prote-gem o surgimento desta patologia. Caso possível, nos indivíduos predispostos, medidas preventivas seriam utilizadas. Caso ainda não existentes, mesmo as-sim, teríamos benefícios: diagnóstico e terapêutica precoce dos propensos.

Estudos genéticos e bioquímicos dos tumores, iniciados recentemente, já têm permitido uma eficácia terapêutica mui-to maior. O estudo de pacientes também já vem sendo usado em algumas situa-ções. Um exemplo é no tratamento da AIDS. Em alguns países, dependendo da presença de determinados genes, o tratamento com as drogas difere do empregado em quem tem um padrão gênico diferente.

Recentemente, foi assunto na mídia mundial a atitude de uma conhecida atriz que retirou suas mamas e seus ová-rios. O motivo é que ela é portadora dos genes BRCA 1 e BRCA 2. Quem tem este padrão tem cerca de 80% de chance de ser acometido por câncer de mama e um percentual também elevado de tu-mor de ovários. No entanto, cerca de 95% dos portadores de tumor de mama não têm este padrão genético. A medi-cina provavelmente identifica outros genes. Obviamente as pesquisas para identificarmos fatores predisponentes para inúmeras doenças implicarão em muito gastos, pesquisas e tempo.

O número inicial de voluntários ne-cessários é calculado em um milhão. Os dados coletados ficarão armazena-dos numa central de pesquisas. Além disso, os participantes terão que comu-nicar aos pesquisadores todas as inter-corrências que irão acontecer durante sua vida. Os resultados aparecerão com o tempo, mas as conclusões mais impor-tantes surgirão para futuras gerações. n

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Comunicados SBD

Neste começo de 2015 a SBD e a TV Bandeirantes realizaram uma par-ceria para ser veiculada uma série

de reportagens sobre diabetes no pro-grama Dia Dia.

Até o final de junho, todas as sextas--feiras, um médico da Sociedade vai ao programa falar sobre um tema relacio-nado à doença e será apresentada uma receita saudável, inclusive para pacientes com diabetes, feita por uma culinarista. O programa Dia Dia começa às 9h30. n

Se tornar sócio da SBD fortalece a entidade. Por isso, é importante que você, associado, incentive ou-

tros profissionais de saúde a também integrarem o quadro de sócios. O pro-cedimento pode ser feito pelo site da So-ciedade e é simples: basta preencher o formulário, localizado no www.diabetes.org.br/associe-se-a-sbd, e enviar uma so-licitação. Estão aptos a fazer esse proces-so médicos (R$280), profissionais de saú-de (R$180) e estudantes (R$80). Estão isentos os residentes de endocrinologia.

No último dia 20 de março foi realizada a Reunião de Comis-são de Comunicação da SBD,

em São Paulo, com a presença do Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD; Dr. Augusto Pimazoni, editor do site da SBD; Dr. Laerte Damaceno, res-ponsável pela área de educação mé-dica continuada online; Elizabeth Camarão, da Stylo Comunicação, as-sessoria de imprensa da SBD; Adria-no Gurgel, Lillyam Marra e Bárbara Costa, da Conectando Pessoas (res-ponsável pelo site da SBD); e Cristina Dissat, da DC Press, responsável pela Revista Diabetes (representando o editor-chefe, Dr. Leão Zagury), equi-pe que faz a Revista da entidade.

No encontro, cada equipe fez sua apresentação, com um balanço do que aconteceu nos últimos meses de trabalho para ter como base as me-tas para 2015. A integração é o ponto central para um melhor tráfego de informações de todos os veículos da entidade. Alguns pontos importantes foram discutidos, como o andamento do cadastro do e-book e uma análise da visitação, para ações que façam o crescimento se manter nos próximos meses.

O e-book está disponível em livre acesso e sem custos para profissio-nais de saúde das várias áreas ligadas à atenção às pessoas com diabetes. Em breve, estará disponível também a estudantes de medicina de todas as faculdades do Brasil, igualmente em sistema de livre acesso e sem custos.

Outro ponto foi a avaliação do novo formato online das Diretrizes da SBD. A publicação, distribuída durante o 31º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, ano passado, pode ser acessada pelo site da entidade. Para a praticidade do internauta, será possível também fazer download apenas de um capí-tulo e não mais do arquivo inteiro como era feito anteriormente.

Além das publicações, as ativida-des da Ação Global, que já começa-ram em Minas Gerais e no Pará, tam-bém estiveram em pauta. Confira a matéria completa sobre o “Bem Estar Global” na página 12.

Outras propostas e análises fo-ram feitas, cujos projetos serão im-plementados ao longo dos próximos meses e, respectivamente, noticia-dos nos veículos de comunicação da SBD. n

Com o objetivo de ensinar o básico do diabetes para pro-fissionais de saúde, a SBD lan-

çará uma plataforma de educação à distância. O projeto tem como organizador o Dr. Laerte Damace-no e seu modelo será baseado no Medscape (um aplicativo usado por médicos e acadêmicos de medicina que buscam métodos de diagnósti-cos e tratamentos atuais).

O programa deve ter início no mês de abril e será lançado, pro-vavelmente, no fim de maio pelo site da SBD. n

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Plataforma de Educação

TV Bandeirantes e a SBD

Entre os benefícios de um sócio, estão: • Descontos diferenciados em Simpó-

sios e Congressos oficiais da SBD, ABESO e SBEM.

• Recebimento sem custos e em sua re-

sidência da Revista da SBD, Diretrizes e Posicionamentos Oficias.

• Participação gratuita nos Simpósios de Atualização.

• Possibilidade de ser um colunista do Portal SBD, colaborando com o cor-po editorial, enviando algum assunto que gostaria de debater ou apresen-tando seu ponto de vista e experiên-cias profissionais.Para mais informações ou caso tenha

alguma dúvida sobre o procedimento, entre em contato com: Eliana Andrade (Assistente Administrativa), no telefo-ne: +55 11 3842-4931 ou pelo e-mail: [email protected]. n

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Porto Alegre

Rio Grande do Sul

Por Tainá Oliveira

Os versos do poema “O Mapa”, escrito por Mario Quintana, é uma homenagem do autor para a cidade que escolheu para vi-

ver quando tinha 20 anos: Porto Alegre. Com uma geografia diversificada, a capi-tal convida seus moradores e visitantes a conhecerem, em cada esquina, um pou-co mais de uma cultura abrangente, que foi formada por imigrantes alemães, ita-lianos, espanhóis, africanos, poloneses e libaneses. A capital será a sede da próxi-ma edição do Congresso da SBD.

Modelo de Gestão – A ONU escolheu a ci-dade de Porto Alegre como a “Metrópole nº1 em qualidade de vida do Brasil” por três vezes; além de ter um dos 40 me-lhores modelos de gestão pública demo-crática, em função do Orçamento Par-ticipativo; e possuir o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais.

Nascida em Porto Alegre, em 1962, a integrante da Comissão Executiva Local do Congresso da SBD é uma das apaixonadas pela cidade. A especialis-ta foi criada no interior do estado, em Rosário do Sul, e retornou à cidade aos 13 anos. “É a cidade da minha família paterna, onde meu pai trabalhava. Em

Minha Cidade: Porto Alegre

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Olho o mapa da cidade, como quem

examinasse a anatomia de um corpo

(É nem que fosse o meu corpo!). Sinto

uma dor infinita, das ruas de Porto

Alegre onde jamais passarei.(...) Há

tanta esquina esquisita, tanta nuança

de paredes, há tanta moça bonita

nas ruas que não andei (E há uma

rua encantada que nem em sonhos

sonhei...)

Mario Quintana

1977, voltei para estudar, pois já tinha o objetivo de seguir a carreira na área mé-dica. Passei no vestibular em 1980, para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A formatura foi em 1986 e a re-sidência em endocrinologia de 1987 a 1989, no Hospital das Clínicas de POA. Fiz meu mestrado e doutorado em Clíni-ca Médica também em Porto Alegre, na UFRGS. Atualmente, trabalho no meu consultório particular e sou a segunda tesoureira da Regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabo-logia (SBEM) daqui, além de estar na Comissão do Diabetes 2015”, contou.

Para a médica, uma das principais características positivas do local são as belas paisagens e o clima de paz. “É uma cidade tranquila para se viver, com uma boa qualidade de vida. Nós, gaúchos, temos muito orgulho da nossa capital”, declarou.

Para quem gosta de programas cul-turais e esportivos a Dra. Cristina Ma-tos dá algumas sugestões. “A Praça da Matriz, o Teatro São Pedro, o Mercado Público e o Parque da Redenção com as feiras aos sábados e domingos. Ainda temos o famoso Brique da Redenção, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Santander Cultural e a Casa de Cultura Mario Quintana são lugares imperdí-veis. Sem falar em uma passagem pelos estádios do Internacional e Grêmio”, sugeriu.

Outra opção de programa é um passeio no entorno do Lago Guaíba. “Lá, o pôr do sol é um dos mais bonitos

que já vi. Brincamos que para nós, gaú-chos, é difícil saber se o local é um rio ou um lago.” Ainda no Guaíba, vale uma visita ao Museu Iberê Camargo, que abriga as obras deste famoso pintor bra-sileiro e gaúcho. Uma verdadeira obra de arte, concepção do famoso arquiteto português Álvaro Siza, considerado um dos cinco profissionais de arquitetura mais prestigiados do mundo. É um dos meus lugares favoritos. Impossível não parar e tomar um bom café ou cálice de vinho”, declarou.

Alguém tem dúvida que a Dra. Cris-tina recomendaria um bom churrasco? “Os gaúchos adoram, acompanhado do chimarrão. Mas claro que é uma cida-de onde a cultura italiana e germânica é forte, herança da colonização. Como toda a capital é diversificada, temos to-das as opções: japonesa, francesa, ára-be, mediterrânea, tailandesa (o Koh Pee Pee é considerado um dos melhores res-taurantes tailandeses do país).”

Como Surgiu? – Porto Alegre foi estabe-lecida como cidade apenas no século XVIII. Até então, o território do Rio Grande do Sul pertencia legalmente aos espanhóis por conta do Tratado de Tordesilhas (1494).

No ano de 1750, após a assinatura do Tratado de Madrid, o rei de Portugal de-terminou que fosse reunido um grupo de 4 mil casais de Açores para povoarem o sul do Brasil, porém, apenas mil casais foram designados às terras brasileiras e se espalharam pelo litoral de Osório, no

Rio Grande do Sul e interior. Em 1752, cerca de 500 pessoas se fixaram no en-torno do Lago Guaíba, chamado então de “Porto de Viamão” (o primeiro nome de Porto Alegre).

Em 26 de março de 1772, a cidade teve sua fundação oficial. Com a cria-ção da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, um ano depois alte-rada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. Foi apenas em 1773 que a cidade se tornou capital da capitania com a instalação do governo de José Marcelino de Figueiredo.

Porto Alegre e o Diabetes –A cidade é re-ferência na área de saúde. É lá que está localizado o Instituto da Criança com Diabetes, reconhecido como hospital de referência no tratamento do diabetes. Com o slogan “Aqui se aprende a ven-cer”, o Instituto foi fundado no dia 19 de janeiro de 2004 e atua junto a crian-ças, adolescentes e adultos diabéticos. É uma instituição privada, sem fins lu-crativos.

Os principais objetivos da instituição são a redução de internação hospitalar dos pacientes e a prevenção das compli-cações decorrentes da doença. Uma das principais atividades desenvolvidas é a “Corrida Para Vencer o Diabetes”, que reúne anualmente milhares de partici-pantes, inclusive rivais no futebol, como gremistas e colorados. À frente do Insti-tuto está o Dr. Balduíno Tschiedel, presi-dente do Diabetes 2015 e ex-presidente da SBD. n

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Evento da ANAD

CATD em Oitava Edição

Integrante da agenda de atividades dos profissionais em diabetes, o CATD – Curso de Atualização e Tratamento em Diabetes – foi programado para os dias 29 e 30 de maio, no Windsor Atlântica Hotel. Atenção, pois esse ano, o evento

é no Windsor do Leme (antigo Meridien) e não na Barra da Tijuca. Os coordenadores, Dr. Leão Zagury e Dr. Roberto Zagury, estão dando con-

tinuidade ao trabalho que está sendo feito há oito anos. A proposta do CATD 2015 é rever conhecimentos em relação a aspectos fisiopatológicos, discutir con-trovérsias e discutir as novas tecnologias disponíveis e informações sobre novos exames. Para o Dr. Roberto é fundamental estar atento às mudanças. “Nossos pacientes estão cada vez mais bem informados e altamente questionadores. É absolutamente necessário estar atualizado”, enfatizou o endocrinologista. n

Atualização no Paraná

A Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) realizará o 20º Congresso Brasileiro Multi-disciplinar em Diabetes 2015. Presidido pelo Dr. Fadlo

Fraige Filho, o evento acontecerá entre os dias 23 a 26 de julho, na Universidade Paulista (UNIP), em São Paulo. Além da programação principal, serão feitas quatro oficinas.

As inscrições podem ser feitas através de e-mail, fax ou na sede da ANAD. Para consulta sobre inscrições é necessário entrar em contato com a entidade pelo número (11) 5572-6559. O evento conta com o apoio da SBD. n

Nos dias 23, 24 e 25 de abril foi realizada a primeira etapa do I Encontro Nacional de Jovens Adultos com Diabetes. A iniciativa pretende promover a troca de experiências e

incentivar os jovens diabéticos a divulgarem informações sobre o assunto, além de formar 30 líderes. O projeto é promovido pela Associação de Diabetes Brasil (ADJ).

A primeira etapa contou com um encontro presencial e nas próximas fases os contatos serão em reuniões virtuais.

Os assuntos em pauta foram: “Panorama do diabetes no país”; “Últimas Tecnologias”; “O Papel e a Participação do Jo-vem na Sociedade”; “Como as Mídias Sociais Podem Contribuir para Ajudar o Tratamento”; “Advocacy e Leis que Envolvem o Diabetes”; “Como os Jovens Podem Produzir Projetos e Solici-tar Parcerias com o Governo”; e a “Iniciativa Privada a fim de Promover as Ações em seus Respectivos Municípios”.

Todos os jovens com diabetes 1 ou 2 foram selecionados pela própria Associação, com envio de currículo e de materiais, mos-trando o engajamento pessoal em relação ao diabetes e, por úl-timo, a entrevista. O projeto conta com o apoio da AstraZeneca, Boehringer Ingelheim, Janssen, Lilly, Novartis, Novo Nordisk e Roche e Sanofi. n

Formando Lideranças

Nos dias 28 e 29 de agosto, Curitiba, no Paraná, receberá o “Diabetes Paraná”. A Regional da SBD do estado está à frente do projeto em conjunto com o Centro de Diabe-

tes de Curitiba, com a coordenação do Dr. Edgard Niclewick. Os interessados podem efetuar a inscrição no site. Os valores

são: R$350 para SBD, Sociedade Brasileira Clínica Médica, Socie-dade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Bra-sileira de Hipertensão e Sociedade Brasileira Cardiologia; R$370 para não sócios; R$260 para residentes, pós-graduando, mestran-do e doutorando. Essas taxas são válidas até o dia 15 de agosto. n

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O Rio de Janeiro sediou a 16ª edi-ção do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Meta-

bólica. O evento é uma iniciativa da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Meta-bólica (ABESO), e aconteceu entre os dias 30 de abril e 2 de maio. O Dr. Alexander Benchimol foi o respon-sável pela organização, que também conta com o apoio da SBD.

Abordagem das comorbidades; exercício na prática clínica; cirurgia bariátrica; passado, presente e futu-ro dos medicamentos antiobesidade; fisiopatologia da obesidade; adoçan-tes; novas abordagens e mudança de estilo de vida; medicamentos para diabetes e a perda de peso; e as novas diretrizes em obesidade estão entre os temas abordados. n

25 anos à Frente do IEDE

Congresso da ABESO

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XI COPEM

CBAEM 2015

Nos dias 14 a 16 de maio foi rea-lizado o XI COPEM (Congresso Paulista de Endocrinologia e Me-

tabologia). O evento aconteceu, como na edição anterior, no Centro de Con-venções do Shopping Frei Caneca, em São Paulo.

O presidente do evento foi o Dr. Evan-dro Portes e a organização da SBEM São Paulo, sob a presidência da Dra. Lau-ra Ward. As principais informações foi divulgadas pela fanpage da Regional. “Contamos com líderes de opinião com grande produção científica. Entre estes, a Dra. Maria Christina Zennaro, os Drs. John Christopher Gallagher, Jack A. Ya-novski, e Rajesh V. Thakker.” n

A equipe do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Jayme Rodri-gues do Instituto Estadual de Dia-

betes e Endocrinologia Luiz Capriglio-ne (IEDE) prestou uma homenagem ao Dr. Ricardo Meirelles, em comemora-ção ao seu Jubileu de Prata na direção da entidade. O evento aconteceu na sede do Instituto, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de amigos e fa-miliares do endocrinologista.

A solenidade contou com a presença de representantes de diversas entidades e instituições, entre eles o Dr. Alexandre Hohol, presidente da Sociedade Brasi-leira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Dr. Daniel Rosa, diretor admi-nistrativo da Fundação Saúde; Dr. Pablo Vazquez, presidente do Conselho Regio-nal de Medicina do Rio de Janeiro; Dr. Gutemberg Leão, diretor do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Valéria Mol, repre-sentante da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, subsecretária de Unidades Próprias da Secretaria de Saúde. O edi-tor chefe da Revista Diabetes e ex-chefe do Serviço de Diabetes do IEDE, Dr. Leão Zagury, também esteve presente. A amizade entre os dois endocrinolo-

gistas é de longa data. Representando a diretoria da SBD,

a Dra. Rosane Kupfer, vice-presidente da entidade e atual chefe do Serviço de Diabetes do IEDE, lembrou que o médi-co foi um dos profissionais que lutou, ao lado do Dr. Luiz Cesar Póvoa, para que o nome da especialidade “Endocrinologia e Metabologia” permanecessem juntas.

Foram feitas apresentações com fo-tos da carreira do Dr. Ricardo Meireles. Para finalizar, homenagens da filha, Tatiana Meirelles e da esposa, Valéria Paiva. n

A cidade de Vitória sediará o Con-gresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia

(CBAEM 2015), promovido pela SBEM Nacional. O evento acontece entre os dias 11 a 14 de agosto, no Centro de Convenções de Vitória.

O Dr. Albermar Roberts Harrigan, presidente do Congresso, lembra que a abordagem central terá um foco prático para ser aplicada na rotina dos médi-cos. “O CBAEM é um evento com uma abordagem ampla especialmente para a área clínica. Estamos tendo bastante cuidado na elaboração da programação, pois queremos montar algo abrangen-te”, declarou.

As inscrições estão disponíveis no site do Congresso: www.cbaem2015.com.br. O envio de trabalhos está encerrado. Os temas que serão abordados são: Adrenal e Hipertensão; Diabetes Mellitus; Disli-pidemia e Aterosclerose; Endocrinolo-gia Básica; Endocrinologia Feminina e Andrologia; Endocrinologia Pediátrica; Metabolismo Ósseo e Mineral; Neuroen-docrinologia; Obesidade; Sustentabilida-de e Endocrinologia; Tireoide e outros. n

Dr. Alexande Benchimol, presidente do evento

e Dra. Cintia Cercato, presidente da ABESO

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Maio 2015

Congresso Paulista de Endocrinologia e

Metabologia – COPEM 2015

| Data: 14 a 16

| Local: Frei Caneca, São Paulo, SP

| Informações: www.copem2015.com.br

| (11) 3086-9100

European Congress of Endocrinology

(ECE2015)

| Data: 16 a 20

| Local: Dublin, Irlanda

| Informações: www.ece2015.org

Congresso Latino Americano de Endocrinologia e EndoRecife 2015

| Data: 20 a 23

| Local: Enotel Convention,

| Porto de Galinhas, PE

| Informações: www.endocrinologiape.com.

| br/endorecife2015

| (11) 3044-1339

CATD 2015 – 9º Curso de Atualização do Tratamento do Diabetes

| Data: 29 e 30

| Local: Windsor Atlântica Hotel,

| Leme, Rio de Janeiro

| Informações: AC Farmacêutica

| www.acfarmaceutica.com.br/catd-

| 2015-2/

Junho 2015

11º Congresso Brasileiro Pediátrico de

Endocrinologia e Metabologia (COBRAPEM)

| Data: 3 a 6

| Local: Natal, RN

| Informações: www.cobrapem2015.com.br

| (21) 22041-012 ou 2548-1999

75th Scientific Sessions 2015

| Data: 5 a 9

| Local: Boston, EUA

| Informações: professional.diabetes.org

Julho 2015

Congresso Catarinense de Endocrinologia e

Metabologia

| Data: 3 e 4

| Local: Hotel Majestic, Florianópolis, SC

| Informações: www.sbemsc.org.br

| (48) 3231-0336

20º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em

Diabetes 2015

| Data: 23 a 26

| Local: Universidade Paulista (UNIP),

| São Paulo

| Informações: (11) 5572-6559,

| www.anad.org.br

Agosto 2015

Congresso Brasileiro de Atualização em

Endocrinologia e Metabologia – CBAEM 2015

| Data: 11 a 15

| Local: Centro de Convenções,

| Vitória, ES

| Informações: www.cbaem2015.com.br

| (51) 3086-9100

Diabetes Paraná 2015

| Data: 28 e 29

| Local: Associação Médica do Paraná,

| Curitiba, PR

| Informações: www.diabetesparana.com.br

| (11) 3849-0099

7º EndoRio

| Data: 28 e 29

| Local: Windsor Atlântica Hotel,

| Leme, Rio de Janeiro

| Informações: www.sbemrj.org.br

| (21) 2527-1487

Setembro 2015

51st EASD Annual Meeting, Stockholm

| Data: 14 a 18

| Local: Estocolmo, Suécia

| Informações: www.easd.org

Outubro 2015

54th European Society for Paediatric

Endocrinology Annual Meeting

| Data: 1 a 3

| Local: Barcelona, Espanha

| Informações: www.eurospe.org

Novembro 2015

XX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes

| Data: 11 a 13

| Local: Centro de Convenções FIERGS,

| Porto Alegre, RS

| Informações: www.diabetes2015.com.br

| (51) 3086-9100