A vida e obra de Camões

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A vida e obra de Luís Vaz de Camões Embora a vida de Camões não esteja muito documentada de um modo credível, julga-se que ele nasceu em 1531, na cidade de Lisboa. É também provável que tenha nascido em Coimbra. Frequentou a vida do Paço em 1552, em Lisboa e combateu em Ceuta onde perdeu o olho direito. Por um lado, relacionou-se com figuras da alta nobreza e cortejou muitas damas da corte. Por outro lado, entregava-se a uma vida boémia que o levou a ser preso que o levou a ser preso. Obtido o perdão, partiu para a Índia em 1553 onde uma vez mais foi militar e escritor, cumprindo a descrição que de si próprio faz n` Os Lusíadas: “numa mão sempre a espada e noutra a pena”. Camões tinha consciência do seu valor e capacidades, sentindo-se superior face à maioria dos seus compatriotas. Pela publicação de “Os Lusíadas” dedicados a D. Sebastião, em 1572, Camões passou a receber uma tença anual, o que não o impediu de morrer na miséria em 10 de junho de 1580. Os Lusíadas, Canto 1, Dedicatória E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mi um novo engenho ardente, Se sempre, em verso humilde, celebrado Foi de mi vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloco e corrente, Por que de vossas águas Febo ordene Que não tenham enveja às de Hipocrene . Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda ,

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A vida e obra de Camões

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A vida e obra de Luís Vaz de Camões Embora a vida de Camões não esteja muito documentada de um modo credível, julga-se que ele nasceu em 1531, na cidade de Lisboa. É também provável que tenha nascido em Coimbra. Frequentou a vida do Paço em 1552, em Lisboa e combateu em Ceuta onde perdeu o olho direito. Por um lado, relacionou-se com figuras da alta nobreza e cortejou muitas damas da corte. Por outro lado, entregava-se a uma vida boémia que o levou a ser preso que o levou a ser preso. Obtido o perdão, partiu para a Índia em 1553 onde uma vez mais foi militar e escritor, cumprindo a descrição que de si próprio faz n` Os Lusíadas: “numa mão sempre a espada e noutra a pena”.

Camões tinha consciência do seu valor e capacidades, sentindo-se superior face à maioria dos seus compatriotas.

Pela publicação de “Os Lusíadas” dedicados a D. Sebastião, em 1572, Camões passou a receber uma tença anual, o que não o impediu de morrer na miséria em 10 de junho de 1580.

Os Lusíadas, Canto 1, Dedicatória

E vós, Tágides minhas, pois criado

Tendes em mi um novo engenho ardente,

Se sempre, em verso humilde, celebrado

Foi de mi vosso rio alegremente,

Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloco e corrente,

Por que de vossas águas Febo ordene

Que não tenham enveja às de Hipocrene .

Dai-me uma fúria grande e sonorosa,

E não de agreste avena ou frauta ruda ,

Mas de tuba canora e belicosa,

Que o peito acende e a cor ao gesto muda;

Dai-me igual canto aos feitos da famosa

Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;

Que se espalhe e se cante no Universo,

Se tão sublime preço cabe em verso.

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