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As aes educativas em museus e o ensino da arte em um
percurso histrico brasileiro de 1816 a 1950
Alice Bemvenuti
Este artigo parte da pesquisa de mestrado que desenvolvi considerando os museus e
a educao em museus com nfase nos museus de arte contempornea. A investigao de
materiais educativos desenvolvidos, ora por instituies museais, ora por intelectuais
vinculados a museus, possibilitou-me visualizar percursos realizados em um determinado
perodo histrico, entre as aes educativas e o ensino da arte. O comparativo uma
proposio para pensarmos a aproximaes metodolgicas utilizadas desde o uso da obra de
arte como recurso didtico; as aes em busca da liberdade de expresso; as primeiras
publicaes sobre educao em museus, chegando at os primeiros encontros sobre aeducao em museus na dcada de 50.
Modelos europeus. O uso da obra de arte como recurso didtico
Os fatos histricos revelam os caminhos realizados na formao das instituies
escolares e museolgicas que envolvem o ensino de arte no Pas, de modo que, inicia-se este
texto com a chegada da Misso Artstica Francesa no Brasil, em 1816, que, sugerida a D.Joo
VI pelo Conde da Barca, proporcionou a iniciao do ensino de arte no Brasil, baseada no
culto beleza e na crena do dom artstico para poucos (Barbosa, 1984). Antes da fundaoda polmica Escola Real das Cincias, Artes e Ofcio, em 1816, so fundadas no Brasil outras
duas escolas, ambas no sculo XVIII. A primeira, a Academia Real de Histria, fundada por
D. Joo V, em 1720; e a segunda, a Academia Real de Cincias, fundada por D. Maria I, em
1779.
Lebreton, ao trazer obras encomendadas por D. Joo VI para iniciar o acervo da
futura Pinacoteca, tinha tambm o objetivo de utiliz-las como recurso didtico, ou seja,
serviriam como modelo nas aulas da Academia. Alguns dos problemas relacionados
instalao da Academia se agravam com a morte de Lebreton, em 1819, pois ele, alm de
liderar o grupo francs, possua planos j elaborados para o programa de ensino da Academia
Imperial de Belas Artes. Os primeiros movimentos de ensino da arte no Brasil utilizavam
mtodos que procuravam exercitar a vista, a mo, a inteligncia, a imaginao, o gosto e o
senso moral, entre exerccios de observao, cpia de objetos ou modelos europeus, como as
reprodues trazidas por Lebreton na Misso.
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J no Sculo XIX, segundo Ana Mae Barbosa (1978), Rui Barbosa dirigia sua
poltica liberal em direo ao enriquecimento econmico do Pas. Sua concepo pedaggica
dava ao Desenho destaque no currculo primrio e no secundrio, sendo que ele considerava a
arte na escola uma forma de solidificar as bases para uma educao popular. Walter Smith foi
o eixo adotado por Rui Barbosa ao refletir sobre as idias e concepes do ensino de Desenho.
No Brasil, na segunda metade do sculo XIX, so estabelecidos os programas para as escolas
de moas da classe alta apresentando o ensino de arte como decorao tambm incorporada
ao currculo escolar a msica, o canto orfenico e os trabalhos manuais. No final do sculo
XIX, a arte era solicitada pelas escolas primrias como uma atividade integrativa, cuja
finalidade era fixar contedos de outras disciplinas com o uso de desenhos. Surgem os
desenhos decorativos, gregas, painis, letras, desenhos geomtricos e pedaggicos nas Escolas
Normais, que, por sua vez, reproduziam o sistema metodolgico jesutico de memorizao,
atravs da repetio.
Preservao da autntica e ingnua expresso da criana. Aes em busca da liberdade de
expresso
O Movimento da Arte Moderna, no auge de 1922, juntamente com outras tentativas
isoladas de valorizao da liberdade de expresso por alguns intelectuais, impulsiona o
movimento de valorizao da arte infantil (Barbosa, 1978:114). Este movimento
influenciado tambm pelas correntes expressionista, futurista e dadasta e pelas teorias de
Freud. Entre os primeiros incentivadores da liberdade de expresso infantil, aparecem duas
figuras importantes no cenrio artstico brasileiro, os modernistas: Mrio de Andrade, que
fomentou o curso para crianas na Biblioteca Infantil Municipal (Barbosa, 1984:44), quando
era diretor daquela Instituio; e Anita Malfatti, artista plstica precursora do modernismo,
que ministrava cursos para crianas.
No Brasil, a idia de livre-expresso s alcanou as escolas pblicas por volta de
1930, com o movimento da Escola Nova, que tem origem no final do sculo XIX, nos Estados
Unidos e na Europa. A importncia da arte destaca-se na educao, no desenvolvimento da
imaginao, na intuio e inteligncia da criana, influenciado fortemente por John Dewey,
atravs de Ansio Teixeira (Barbosa, 1978:59-60). O centro da ao educativa desloca-se da
figura do professor para o aluno, sendo, agora, o professor apenas um coordenador, um
facilitador. A aprendizagem deve, assim, ser realizada em ambientes motivadores, com
diversidade de materiais didticos (Lopes, 1991:445), quando, ento, as Escolas mudam seu
[AGH1] Comentrio: s ha
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aspecto fechado e sombrio, disciplinado, castrador e silencioso, assumindo um aspecto mais
alegre, divertido, dinmico e multicolorido (Lopes, 1991:445).
Em 1932, o Museu Histrico Nacional, liderado por Gustavo Barroso, cria o Curso
de Museu, atravs do Decreto 21.129, de 07 de maro de 1932, sendo o primeiro curso a
formar profissionais para atuar nos museus brasileiros. O curso possua durao de 2 anos e
desenvolvia as seguintes disciplinas: histria da arte, numismtica e sigilografia, arqueologia
brasileira, epigrafia, cronologia e tcnica de museus. Apesar de ser criada em 1932, a
profisso de muselogo s ser oficializada na dcada de 80, mais precisamente em 1984,
segundo Loureno (Loureno, 1999). Nesta poca, o curso j no mais coordenado pelo
Museu Histrico Nacional, pois, em 1978, passa a ser coordenado pela FEFIERJ, atual UNI-
RIO (Alencar, 1987:16).
Incentivadores da aproximao das crianas com os museus esto as escolinhas e
clubes de arte infantil. Em 1948, meses antes de Augusto Rodrigues ter criado a Escolinha de
Arte do Brasil(Barbosa, 2003:42), foi criado o Clube Infantil de Arte, no Museu de Arte de
So Paulo, por Suzana Rodrigues (Barbosa, 2003) no Museu de Arte de So Paulo - MASP.
Ainda em 1948, no Rio de Janeiro, fundada a Escolinha de Arte do Brasil por um
grupo de educadores e artistas liderados por Augusto Rodrigues, influenciados por Herbert
Read e pela idia de oferecer um espao para a arte infantil e para a educao, atravs da arte,
baseada na expresso e na liberdade criadora, sem impor regras, porque a grande regra era no
atrapalhar o trabalho do outro. A Escolinha caracterizava-se por um espao onde o potencial
criativo, principalmente, das crianas, poderia ser estimulado, atravs da liberdade e da
pesquisa.
Em 15 de setembro de 1960, fundada a Escolinha de Arte no Instituto de Artes da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA-UFRGS), por Fernando Corona, ngelo
Guido, Ado Malagoli, Alice Soares, Christina Balbo, Alice Brueggemann, Leda Flores,
Lygia Rothmann e Rubens G. Costa Cabral. Em 12 de abril de 1961, criam a Diviso de
Cultura da Secretaria Estadual de Cultura cria a Escolinha de Arte Infanto-Juvenil de Porto
Alegre. Em 1962, forma iniciados os cursos intensivos e palestras, com objetivo de
divulgao e instruo de recursos humanos. Apenas em 1979, que o Estado aprova um
projeto a troca de nome para Cento Livre da Expresso CDE, que, ainda hoje, tem um
trabalho intenso com crianas e adultos.
Diferentemente da experincia gacha, a Escolinha de Arte de Florianpolis, criada
por iniciativa do Museu de Arte Moderna de Florianpolis (MAMF), atravs das iniciativas
do Prof. Joo Evangelista de Andrade Filho, Professor de Histria da Arte e Diretor do
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MAMF, organiza, juntamente com o Prof. Carlos Humberto, em setembro de 1960, a 1
Exposio de trabalhos Infantil, com 133 trabalhos de crianas de 3 a 14 anos, alm de
organizar tambm exposies didticas. Com a reestruturao da Diretoria de Cultura, cria-se
o Departamento de Cultura, que por sua vez promove o 1 Salo Catarinense de Arte Infantil,
tendo medalhas como premiao. Emiliana Maria Simas Cardoso da Silva, professora de
psicologia evolutiva, assume, em 1962, a Direo do MAMF, criando atravs do
Departamento de Cultura, com participao fundamental de Maria Helena Galloti, a Escolinha
de Arte de Florianpolis. Cabe referir aqui, que o Prof. Carlos Humberto o grande
incentivador do trabalho com as crianas dentro do Museu.
Em paralelo, a escola formal experimenta as idias de livre-expresso difundidas nas
escolinhas, mas no abandona as atividades relacionadas ao desenho geomtrico, criao de
faixas decorativas e cpia de modelos europeus, como faziam as primeiras escolas no sculo
XVIII e XIX.
Crianas no museu!!! As primeiras publicaes brasileiras sobre educao em museus
Dando prioridade qualidade do ensino, a Escola Nova impulsiona aes
motivadoras em ambientes como o dos museus. Com a recuperao do potencial dos velhos
museus, a partir da dcada de 30, intelectuais preocupados com a relao escola e museu,
produzem textos, promovem reflexes e favorecem pesquisas. Assim, so impressos materiais
que oferecem leituras, ainda que poucas, ao magistrio e aos interessados sobre o sistema
educativo dos museus, garantido que os registros tambm servissem para a reflexo aos
futuros encontros dos estudiosos.
No livro Organizao de Museus Escolares, publicado em 1937, Leontina Silva
Busch, ela reflete sobre a pouca literatura especializada nos estudos de organizao dos
museus e cita o livro Technica da Pedagogia Moderna, escrito por Everaldo Backheuser,
elaborado para orientar o magistrio carioca na administrao de Fernando Azevedo (1929-
1930). A autora transcreve as idias apresentadas em 18 itens que servem de instruo para a
viso pedaggica mais dinmica, incentivando uma postura de transformao na instituio, a
partir da integrao dos museus escolares. A autora atribui a eficincia do aprendizado dos
escolares ao interesse e ateno exercidos por eles, de modo a reforar a idia de que a
organizao de um museu de classe deve estareminentemente vinculada ao estudo realizado
pela prpria classe, assim cabendo aos alunos e professores a reunio dos objetos para a
instalao do mesmo.
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(...) o museu surgir na escola atraves do mostruario de sementes, de productos agricolas,
brutos ou beneficiados, de manufacturas, de estampas, de graphicos e protografias, derecortes de jornaes e revistas, de quadros de propaganda de reparties de fomento agricola
ou de casas commerciaes e de fabricas de machinas para a lavoura; de amostras de
variedades de exemplares, de insectos prejudiciaes lavoura, sade do homem e vida dos
animaes domesticos, de cartazes de hygiene alimentar e domiciliar. Em um recanto da sala,
alguns potes com plantas em germinao, um ou dois vasos de vidro para a observao do
crescimento de peixes ou de larvas (...) (Busch, 1937:36).
Em conferncia realizada em Petrpolis, por iniciativa do Instituto de Estudos
Brasileiros, em 25 de maro de 1939, Francisco Venancio Filho profere palestra sobre A
Funo Educadora dos Museus. Inicialmente, menciona que a atividade educativa do museu,assim como atividades a ele relacionadas, como o cinema e o rdio, so classificados
oficialmente como atividades extraclasses, porm chama a ateno para o papel e um lugar
marcado de destaque, porque apresentam caractersticas prprias (...) (Venancio Filho,
1939:51). A seguir, refora a idia de seu mestre Roquette-Pinto, dizendo:
que os Museus, ao lado de outras funes que lhes cabem, tm de ser grandes escolas
populares, escolas que ensinam tudo, de um determinado setor, a todos, a qualquer momento,
sem o intermdio do livro ou do professor (Venancio Filho, 1939:51).
E continua, ento, citando os seis itens necessrios para que os museus assumam essa
condio dinmica e, por sua vez, cumpram sua funo educativa. Ele encerra esta primeira
parte da conferncia, justificando serem estes os principais recursos para que o museu adquira
a condio moderna e torne-se, ento, uma escola popular.
Em outro volume, publicado, em 1941, sob o ttulo de A educao e seu
aparelhamento moderno, Francisco Venancio Filho apresenta sete captulos que contm os
meios e recursos modernos para a educao, entre eles: o brinquedo, o cinema, o rdio, o
fongrafo, as viagens, as excurses e, por ltimo, os livros. No sexto captulo, apresenta o
mesmo texto da conferncia realizada em 1939, referindo-se ao item Os Museus. Na
introduo do livro considera os aspectos referentes a educao, deixando claro sua
concepo de educao. Venancio refora o aspecto da educao orgnica, formal e informal
como possibilidades de reconhecimento da educao em diferentes situaes e locais, o que
demonstra a clareza com que, na dcada de 40, j insistiam na necessidade de espaos
garantidos no interior dos museus, como espaos de convvio e aprendizagem.
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Nova publicao foi realizada, em 1946, por Jos Valladares, atravs do Museu do
Estado da Bahia, impulsionado, aps uma viagem aos EUA, com a importncia dada pelos
norte-americanos educao nos museus. O livro intitulado Museu para o povoum estudo
sobre museus americanos apresenta um estudo que procede de observaes, anotaes e
investigaes realizadas durante o perodo de 10 meses em que esteve residindo em Nova
York, estagiando no Brooklym Museum e visitando outros diversos museus americanos. O
livro est organizado em trs partes, destacando-se o principal objetivo dos museus
americanos: a difuso cultural.
Valladares identifica que a preocupao com as atividades educativas originam-se de
aes como as da American Association of Museums, que apresentam em suas atas, datadas
desde 1906, discusses em relao recepo a visitantes e ao oferecimento de assistncia
educacional, demonstrando, assim, ser esse um problema como qualquer outro relacionado
administrao, construo ou instalao de exposies. Porm, tambm menciona que, no
sculo XVIII, na Filadlfia, o Peale Museum, se tenha o primeiro museu americano
desenvolvendo aes com fins educativos.
No mesmo ano, Edgar Sssekind de Mendona, tcnico de educao, tambm
publica um trabalho de sua autoria e editado pela Imprensa Nacional, no Rio de Janeiro, e
intituladoA Extenso Cultural nos Museus. O livro , em verdade, resultado do requisito do
concurso de provas realizado por Edgar Sssekind de Mendona, quando recebeu o convite de
Helosa Alberto Torres, para ocupar o cargo da ento criada Seo de Extenso Cultural no
Museu Nacional do Rio de Janeiro. Porm a simples transferncia no poderia ser efetivada,
por isso, fez-se necessria a realizao de um concurso de provas e uma monografia, para
regulamentar a insero do profissional no corpo de tcnicos de educao. A partir desta
denominao, ele detalha aspectos referentes extenso cultural dos museus e relao com
as escolas, subdividindo nos itens: Relao entre Museu e Escolas, abordando aspectos a
partir da escola e a partir do museu;Influncia recproca das Escolas e Museus, considerando
o que os museus devem s escolas e o que as escolas devem aos museus; eA Ao Supletiva
do Museu, tendo como primeiro aspecto, a educao escolar, e, como segundo, a educao
extra-escolar. O autor segue a monografia apresentando sugestes quanto aos aspectos
fundamentais da preparao de uma visita para o bom funcionamento do museu. Esta que
deve envolver uma metodizao das visitas, tomando, por exemplo, uma citao de Roquette-
Pinto que faz uma aluso s turmas escolares que desandam pelas galerias do Museu
Nacional, expressando:
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Que tristeza! Todo mundo vai andando, vai olhando, vai passando ... como um fio dgua
passa numa lmina de vidro engordurada. Quem quiser aprender num museu, deve primeiro
preparar-se para a visita. Aquilo apenas o atlas; o texto deve vir com o estudante (Roquete-Pinto apud Mendona, 1946:54).
Ele inclui citaes de duas autoras: Nita M. Feldman e Grace Fisher Ramsey. A
primeira aborda a questo de a personalidade professoral ser essencial para desafiar a ateno
dos alunos. A segunda autora, Grace Fisher Ramsey, retoma as necessidades de uma
preparao acadmica para o desenvolvimento da funo, citando o college (curso
secundrio), e mencionando que mesmo sendo fundamental o estudo, ocorre que, muitas
vezes, o diretor do museu que opta por orientar pedagogicamente o candidato que ir
desenvolver a funo.
Em 1958, foram realizadas novas publicaes, com perfis totalmente diferentes,
enfocando o servio educativo. O primeiro, intitulado Recursos Educativos dos Museus
Brasileiros, escrito por Guy de Hollanda, apresenta o perfil de cada museu brasileiro, alguns
de maneira sinttica, abordando itens referentes ao servio educativo: visitas-guiadas, cursos,
atividades em geral, biblioteca, fototeca, biblioteca, cinemateca, discoteca, e outros itens
relacionados administrao do prprio museu como o nome do Diretor e aspectos referentes
ao histrico, acervo, horrio de funcionamento e o nmero de visitantes nos ltimos anos.
A segunda publicao refere-se ao texto de Sigrid P. de Barros intitulado O Museu e
A Criana, que se encontra nos Anais do Museu Histrico Nacional. A autora, entoconservadora do Museu Histrico Nacional, era responsvel pelos servios educativos, por
isso inicia o texto focalizando as experincias realizadas no prprio Museu, com a recepo
de escolares, quando registram o atendimento, no quadrinio de 1953/1957, a 1.290 alunos de
diferentes escolas dos mais variados nveis culturais.
Barros menciona que o passado dos museus revela-os como rgos de preservao e
pesquisa, e que, no presente, referindo-se s dcadas de 40/50, o conceito de museu amplia
suas aes passando a construir laos com a Pedagogia. Enfatiza este ponto, reforando que, a
partir dos laos da Pedagogia com o Museu, constitui-se de
um dos melhores meios usados pela Escola Ativa, que no exclui a curiosidade do esprito e o
desejo de progresso. (...) O ensino meramente verbal, exaustivo e improfcuo, cedeu lugar a
mtodos de realizaes e experimentaes (Barros, 1958:46),
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referindo-se utilizao do museu com recurso para o ensino. Na quarta srie, Barros
sugere sistematizar as narraes em perodos e, na quinta srie, deve ser firmado o conceito de
que no presente construdo o futuro, estimulando a formao de idias patriticas e
humanitrias (Barros, 1958:67). Esclarece ao leitor que os alunos desta faixa-etria j podem
realizar investigaes, pesquisas e comparar causas e efeitos nos fatos histricos e sociais
(Barros, 1958:67).
Em setembro de 1958, F. dos Santos Trigueiros publica, atravs da Editora Pongetti,
a segunda edio1 de seu livro, ento intitulado Museu e Educao. Na introduo desta
segunda edio, o autor justifica os motivos que o levaram a iniciar o texto pela
conceitualizao de documento e apresentao da estrutura do livro, subdivido em duas
partes: a primeira dedicada aos documentos e documentao, e a segunda aos museus nas suas
funes do rgo documentador, que envolve o sistema educativo.
Funo Educativa. Os primeiros encontros sobre a educao em museus
Conforme Trigueiros, no livro Museu e Educao, 1958, foi realizado, na cidade
Ouro Preto (MG), o 1 Congresso Nacional de Museus, ocorrido no perodo de 23 a 27 de
julho de 1956. O evento teve abertura s 14 horas do dia 23, na Escola de Minas, envolvendo,
aproximadamente, 149 congressistas que apresentaram 72 trabalhos, cujos temas, em sua
maioria, envolviam o servio educativo dentro dos museus. Sobre o evento citado, encontra-se
apenas uma folha com a programao das atividades, sem nenhum referncia s atividades
realizadas, a documentos e moes escritas, durante este congresso, contendo as decises
encaminhadas aos rgos pblicos e sociedade em geral, conforme cita Trigueiros.
Entre os textos, apresenta dados histricos, tcnicos e conceituais sobre o trabalho
em museus, detalhando aspectos especficos da recepo ao pblico. Oferece informaes
sobre o Conselho Internacional de Museus ICOM e textos sobre os Museus de Arte
Moderna do Rio de Janeiro e So Paulo, Museus de cinco Bancos, que apresentam uma
efervescncia a partir de ento. Ele finaliza comentando a respeito de museus escolares,
incluindo dados sobre os bens patrimoniais tombados, listagem de museus existentes no
Brasil e bibliografia.
Trigueiros, ao longo dos textos, situa informaes didticas tanto em relao s
questes histricas, quanto forma de organizao e ao educativa dentro dos museus, o que
1 Apesar de mencionar que a primeira edio possua outro ttulo, no encontrei documentos sobre o mesmo, assim, optandoem apenas considerar a obra da segunda edio, j revisada e ampliada.
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facilita ao leitor o entendimento de aspectos referentes ao trabalho dos tcnicos de museus no
Brasil. Tambm divulgado por Trigueiros, Seminrio Regional da UNESCO sobre a Funo
Educativa dos Museus, realizou-se, no Rio de Janeiro, intitulado. Ento, de 07 a 30 de
setembro de 1958. O MAM-Rio sediou as discusses que vinham sendo planejadas, desde
meados de 1957, pelo Sr. J.K. van der Haagen, chefe da Diviso de Museus e Monumentos da
UNESCO; juntamente com o Sr. Themistocles Cavalcanti, ento presidente da Comisso
Nacional do Brasil para a UNESCO e o Instituto Brasileiro de Educao, Cincia e Cultura; e
com a Sr Helosa Alberto Torres, presidenta do Comit Nacional Brasileiro do ICOM, o
chamado ONICOM. Georges Henri Rivire, na poca Diretor do ICOM, coordena as
atividades do Seminrio promovidas pela UNESCO em parceria com o ICOM e o Instituto
Brasileiro de Educao, Cincia e Cultura.
O texto apresenta itens com reflexes diversas que dizem respeito ao museu e
educao, considerando que o prprio museu pode ser colaborador da educao. Apresenta
tambm formas de organizao didtica e mtodos para sistematizar a recepo a pblicos
diversos. Considerando os diferentes tipos de museus, possvel observa-se que o valor
didtico da exposio tambm varia conforme sua classificao, sendo que o documento
oferece alguns itens, entre eles: lugares naturais, lugares de interesse cultural e monumentos
histricos, museus ao ar livre, parques botnicos e zoolgicos, museus histricos, etnolgicos
e de artes populares, museus de cincias naturais, museus cientficos e tcnicos e museus de
arte e artes aplicadas. O documento detalha a definio e o funcionamento dos Museus
Didticos e Museus Pedaggicos, alm de um item sobre O Museu e a Educao
Fundamental nas regies retiradas com projeto de museus itinerantes flutuantes.
O documento final, publicado em espanhol pela UNESCO apresenta quatro partes
considerando a organizao, a realizao e as concluses do Seminrio. Pesquisando a quarta
parte, onde esto organizadas as concluses do trabalho desenvolvido durante o ms de
setembro, observam-se alguns aspectos que podem estar relacionados com esta pesquisa.
Primeiramente, a definio dada a museu:
Museu: um museu um estabelecimento permanente, administrado para satisfazer o
interesse geral de conservar, estudar, evidenciar atravs de diversos meios e essencialmente
expor, para o deleite e educao do pblico, um conjunto de elementos de valor cultural:
colees de interesse artstico, histrico, cientfico e tcnico, jardins botnico, zoolgico e
aqurios, etc.
So semelhantes aos museus as bibliotecas e arquivos que mantm salas de
exposio permanentes. (Rivira, 1958:15)
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Consideraes finais
Os aspectos reunidos neste artigo possibilitam destacar movimentos entre as
aes educativas nos museus e as aes do ensino da arte no mesmo contexto poltico-
econmico-histrico do Pas.
Bibliografia
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