Acre e Peru consolidam integração pela via do conhecimento

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ESPECIAL A partir de janeiro de 2011, o antigo sonho de inte- gração com o Peru deixa de ser um mero discurso e come- ça a ser concretizado com uma troca de estudantes entre a Ufac e a UNU (Universidade Nacional de Ucayali), que tem campus em Pucallpa, capital da região e bem perto de Cruzeiro do Sul. Esse intercâmbio estudan- til universitário começou a ser articulado em 2009 entre o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães, e o governador de Ucayali, Jorge Velásquez, com o apoio do governador Binho Marques e das lideranças em- presariais do Estado. Neste mês de dezembro as articulações foram finalizadas com a chegada de uma cara- vana de 112 pessoas entre es- tudantes e professores de seis universidades peruanas, cul- minando com a realização de uma sessão histórica da Aleac na última quarta-feira, 15. No dia seguinte, a Aleac realizou sua última sessão da atual le- gislatura em um clima de cor- dialidade raramente visto numa casa de debates. Nos discursos, uma unani- midade: desde que foi instala- da, em 1963, nunca a Aleac teve uma mesa diretora tão atuante. Além da reforma física da sede, da valorização dos servidores e da modernização dos métodos de trabalho e de atendimento ao público, os deputados levaram a Assembleia para perto das comunidades mais distantes e isoladas do Estado. ACRE E PERU CONSOLIDAM INTEGRAÇÃO PELA VIA DO CONHECIMENTO INTEGRAÇÃO Portunhol elimina barreiras A recepção da delegação peruana em Cruzeiro do Sul foi às margens das águas ne- gras do balneário Antártica. Em portunhol, os estudantes dialogaram sobre o cresci- mento acelerado da economia peruana e as ações para a redu- ção da desigualdade social, o futebol brasileiro, a música e a dança cruzeirense do Suingue da Mata. A integração estu- dantil há tempos sonhada está ocorrendo de fato. O público é composto por estudantes e professores do Campus Floresta da Ufac e das universidades públicas de Ucayali, localizada em Pucall- pa; de Tingo Maria, Huánuco e Lima. Outras três universida- des privadas de Pucallpa tam- bém enviaram representantes, mas neste momento apenas a Universidade Nacional de Ucayali está oficializando um convênio garantindo oito va- gas para estudantes do Vale do Juruá nos cursos de Medicina, duas vagas para Engenharia Civil, Engenharia de Sistemas e Engenharia Agroindustrial. Em contrapartida, a Ufac disponibiliza em seus campi de Cruzeiro do Sul duas vagas para Bacharelado em Biologia, Licenciatura em Biologia, Agro- nomia, Engenharia Florestal, Pedagogia, Letras Inglês, Letras Português, Formação de Profes- sores Indígenas e Enfermagem. A Ufac ainda reserva duas vagas no campus de Rio Branco para os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Economia e Sistemas de Informação (En- genharia de Sistemas). “Agora não queremos que nossos amigos peruanos vol- tem para seu país sem que esse compromisso seja cumprido, que suas vagas sejam ocupa- das. Os alunos vêm e nós va- mos recebê-los”, anunciou o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães, um dos principais articuladores desse projeto de integração estudan- til do Vale do Juruá com as universidades peruanas. “Não entendo como a Ufac firma convênios internacionais sem nunca incluir o nosso vizinho Peru”, comentou, durante so- lenidade no auditório do Cam- pus da Floresta na manhã de segunda-feira, 13. Ao seu lado, o governa- dor regional de Ucayali, Jorge Portocarrero Velásquez, disse que endossa as palavras de Ed- valdo. “Eu posso garantir que este passo é definitivo, não tem mais volta. De parte de nosso governo não há necessidade de preocupação. Como dizia o presidente Lula, enquanto alguns ficam procurando pe- rerecas para atrapalhar nossos projetos, nós vamos efetivar nosso compromisso”, comen- tou, lembrando que o convê- nio já conta, inclusive, com um marco legal estruturado na Constituição Política do Peru, na Lei Universitária, no Esta- tuto e Regulamento da UNU, na Legislação brasileira, na Lei 8.666/93 e na Resolução do Conselho Universitário. “Agora, resta à reitora Olin- da Assmar publicar o edital e selecionar os alunos e enviá- -los para Pucallpa ainda em janeiro, no início do ano leti- vo de 2011”, afirmou Edvaldo, durante a solenidade. Olinda comemora esse in- tercâmbio como mais uma alternativa para os estudantes acreanos com a vantagem de ter todas as garantias estabe- lecidas em uma espécie de contrato. “Não é só uma abs- tração”, analisa. Rio Branco - Acre, domingo, 19, e segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 Jornal Página 20 9 FOTOS: ODAIR LEAL/AGÊNCIA ALEAC

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Encarte Especial publicado no jornal Página 20

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especial

A partir de janeiro de 2011, o antigo sonho de inte-gração com o Peru deixa

de ser um mero discurso e come-ça a ser concretizado com uma troca de estudantes entre a Ufac e a UNU (Universidade Nacional de Ucayali), que tem campus em Pucallpa, capital da região e bem perto de Cruzeiro do Sul.

Esse intercâmbio estudan-til universitário começou a ser articulado em 2009 entre o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães, e o governador de

Ucayali, Jorge Velásquez, com o apoio do governador Binho Marques e das lideranças em-presariais do Estado.

Neste mês de dezembro as articulações foram finalizadas com a chegada de uma cara-vana de 112 pessoas entre es-tudantes e professores de seis universidades peruanas, cul-minando com a realização de uma sessão histórica da Aleac na última quarta-feira, 15. No dia seguinte, a Aleac realizou sua última sessão da atual le-

gislatura em um clima de cor-dialidade raramente visto numa casa de debates.

Nos discursos, uma unani-midade: desde que foi instala-da, em 1963, nunca a Aleac teve uma mesa diretora tão atuante. Além da reforma física da sede, da valorização dos servidores e da modernização dos métodos de trabalho e de atendimento ao público, os deputados levaram a Assembleia para perto das comunidades mais distantes e isoladas do Estado.

Acre e Peru consolidAm integrAção PelA viA do

conhecimento

IntegraçãoPortunhol elimina barreiras

A recepção da delegação peruana em Cruzeiro do Sul foi às margens das águas ne-gras do balneário Antártica. Em portunhol, os estudantes dialogaram sobre o cresci-mento acelerado da economia peruana e as ações para a redu-ção da desigualdade social, o futebol brasileiro, a música e a dança cruzeirense do Suingue da Mata. A integração estu-dantil há tempos sonhada está ocorrendo de fato.

O público é composto por estudantes e professores do Campus Floresta da Ufac e das universidades públicas de Ucayali, localizada em Pucall-pa; de Tingo Maria, Huánuco e Lima. Outras três universida-

des privadas de Pucallpa tam-bém enviaram representantes, mas neste momento apenas a Universidade Nacional de Ucayali está oficializando um convênio garantindo oito va-gas para estudantes do Vale do Juruá nos cursos de Medicina, duas vagas para Engenharia Civil, Engenharia de Sistemas e Engenharia Agroindustrial.

Em contrapartida, a Ufac disponibiliza em seus campi de Cruzeiro do Sul duas vagas para Bacharelado em Biologia, Licenciatura em Biologia, Agro-nomia, Engenharia Florestal, Pedagogia, Letras Inglês, Letras Português, Formação de Profes-sores Indígenas e Enfermagem. A Ufac ainda reserva duas vagas

no campus de Rio Branco para os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Economia e Sistemas de Informação (En-genharia de Sistemas).

“Agora não queremos que nossos amigos peruanos vol-tem para seu país sem que esse compromisso seja cumprido, que suas vagas sejam ocupa-das. Os alunos vêm e nós va-mos recebê-los”, anunciou o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães, um dos principais articuladores desse projeto de integração estudan-til do Vale do Juruá com as universidades peruanas. “Não entendo como a Ufac firma convênios internacionais sem nunca incluir o nosso vizinho

Peru”, comentou, durante so-lenidade no auditório do Cam-pus da Floresta na manhã de segunda-feira, 13.

Ao seu lado, o governa-dor regional de Ucayali, Jorge Portocarrero Velásquez, disse que endossa as palavras de Ed-valdo. “Eu posso garantir que este passo é definitivo, não tem mais volta. De parte de nosso governo não há necessidade de preocupação. Como dizia o presidente Lula, enquanto alguns ficam procurando pe-rerecas para atrapalhar nossos projetos, nós vamos efetivar nosso compromisso”, comen-tou, lembrando que o convê-nio já conta, inclusive, com um marco legal estruturado na

Constituição Política do Peru, na Lei Universitária, no Esta-tuto e Regulamento da UNU, na Legislação brasileira, na Lei 8.666/93 e na Resolução do Conselho Universitário.

“Agora, resta à reitora Olin-da Assmar publicar o edital e selecionar os alunos e enviá--los para Pucallpa ainda em janeiro, no início do ano leti-vo de 2011”, afirmou Edvaldo, durante a solenidade.

Olinda comemora esse in-tercâmbio como mais uma alternativa para os estudantes acreanos com a vantagem de ter todas as garantias estabe-lecidas em uma espécie de contrato. “Não é só uma abs-tração”, analisa.

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fotos: odAiR leAl/AgênciA AleAc

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Em seu pronunciamento na solenidade em que recebeu a Ordem do Mérito Legislati-vo, o governador regional de Ucayali, Jorge Portocarrero Velásquez, fez um discurso elo-giando a política de desenvol-vimento do Acre, defendeu a soberania da Amazônia contra a cobiça estrangeira e declarou que o processo de integração do Peru com o Acre pelo Vale do Juruá não pode dar mais passos para trás.

Apesar de todos os avanços, Velásquez lembrou que a insen-sibilidade da burocracia ainda continua a ser o maior nó a ser desatado nas relações entre o Brasil e o Peru. Para ilustrar seu comentário ele lembrou um episódio em que o avião que o trazia para Cruzeiro do Sul teve que retornar a Pucallpa porque a autorização de vôo transmiti-da por e-mail ainda não havia sido referendada por um fax. De acordo com Velásquez, ape-

sar da necessidade de integra-ção comercial e cultural com o Acre e o resto do Brasil, o Governo de Ucayali está agin-do com toda a responsabilidade para a autorização de obras de infraestrutura. A exemplo do Brasil, nenhuma obra pode ser iniciada naquele País sem apre-sentação de um relatório de im-pactos ambientais.

O governador também lem-brou da caravana político-em-presarial realizada em dezem-bro passado do Acre até Lima para presenciar o encontro entre os presidentes Lula e Alan Gar-cia. “Quando Lula anunciou que havia uma grande comitiva de acreanos e peruanos unida por um pequeno trecho de es-trada, o presidente Alan Garcia teve que fazer um decreto de ur-gência para a construção de uma estrada de Pucallpa a Cruzeiro do Sul”, disse.

Daquela caravana, segundo Velásquez, o primeiro resulta-

do foi a construção de 150 km de pista entre Pucallpa e Tingo Maria, inaugurada dia 11.

Velásquez afirmou que o processo de integração entre Ucayali e o Juruá não pode ser a longo prazo. “Nossos povos precisam desta integração numa velocidade média. Por uma so-ciedade mais unida eu agradeço a esta condecoração”, declarou. Dirigindo-se aos estudantes que superlotavam a plateia, Velás-quez comentou que eles são os melhores alunos de suas respec-tivas universidade e que, com certeza, ocuparão altos postos na administração pública e pri-vada do Peru. “Com a experi-ência que levam daqui não se tornarão débeis e insensíveis burocratas”, ressaltou.

Citando Galvez como “pre-sidente” e não como imperador e Chico Mendes, Velásquez disse que o seu povo tem um grande espelho para se mirar. “Que o povo compreenda que

Pedro Ranzi anuncia convênio bilíngue com Madre de Dios

temos um espelho grande para nos mirar que é o Estado do Acre por seus ideais e por seus valores. Que o povo entenda que haverá desenvolvimento, sim, mas com boa prática governa-mental. Teremos uma estrada ou ferrovia, não importa, mas com

responsabilidade e justiça am-biental”, declarou.

No encerramento da sole-nidade, Velásquez presenteou o presidente da Casa, deputado Edvaldo Magalhães com o livro “O Sonho do Celta”, última obra do escritor peruano Mario Var-

Procurador-geral diz que Aleac dá exemplo para o país

George Pinheiro enumera avanços na integração

Carlos da Fonseca: “Acre sai da periferia para o centro”

O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Ranzi, fez pronuncia-mento na sessão especial de quarta-feira, 15, elogiando o trabalho do presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães pela integração com o Peru. “O Tribunal de Justiça disse sim à primeira hora por esta integração em muitas mãos construídas. Sei do traba-lho do Cassiano Marques, do César do Dotto, dos se-cretários para superar estes entraves, estes desafios. E este apoio institucional do Executivo. Tem que ter boa vontade política este sonho de integração”, afirmou.

Lembrando que trabalhou em Cruzei-ro do Sul por muito tempo e que é cidadão cruzeirense e acreano, apesar de nascido no Rio Grande do Sul, Ranzi afirmou consi-derar esta iniciativa da Aleac como uma ino-vação audaciosa. Tam-bém elogiou a compreensão dos deputados que aderiram unânimes à nova proposta.

Por fim, o desembarga-dor revelou que o Tribunal de Justiça do Acre já firmou um convênio com a Corte de Justiça de Porto Maldonado, capital da região de Madre

de Dios. Ranzi concluiu seu pronunciamento referendando o apoio do TJ ao processo de integração e elogiando a visão dos parlamentares que pron-tamente abraçaram a causa por reconhecer a importância da integração do Juruá com Ucayali, que parece tão longe mas é tão perto.

O procurador-geral de Jus-tiça do Acre, Sammy Barbosa Lopes, considera que o pro-cesso de integração do Acre e do Brasil em geral com os países vizinhos está ainda len-to em comparação com o con-tinente europeu que já possui moeda única e até um tribunal comum. Mas considera elogi-

ável a iniciativa da atual mesa diretora da Aleac. “A Aleac dá um exemplo para todo o Bra-sil neste processo de integra-ção latino-americana”, decla-rou Sammy.

Em pronunciamento na ses-são em homenagem ao inter-câmbio estudantil do Acre com o Peru, o procurador revelou

que o Ministério Público seguiu os passos da Aleac e realizou pela quarta vez um encontro trinacional en-volvendo seus similares da Bolívia e do Peru incluindo as suas polícias para dis-cutir políticas públicas nas fronteiras. Sammy contou que andou refletindo sobre a questão das fronteiras e lembrou que esta divisão

é recente e artificial. “É uma herança do processo de colo-nização ibérica. Antes éramos um só povo formado há 20 mil anos pelo ser humano que atra-vessou o Estreito de Behrin-ger”, explicou.

Sammy lembrou que por muito tempo o Acre e os países vizinhos viveram de costas e a Aleac dá um exemplo ao tomar a iniciativa deste processo de integração. “Iniciativas como esta nos dão esperanças de nos irmanarmos para resolver pro-blemas que nos são comum: o desenvolvimento, a fome, a droga, a miséria... quantos pro-blemas de Segurança Pública não são reflexos da entrada de drogas que permeia nossas fronteiras?

Homenageado, Velásquez se inspira em modelo acreano de desenvolvimento

O representante do Minis-tério das Relações Exteriores, diplomata Carlos da Fonseca falou durante a sessão solene sobre a importância de se pro-mover a integração pela estrada entre os dois países Acre/Peru. Fonseca lembrou que este pro-cesso de integração vem sendo sonhado há muito tempo.

“Estamos cada vez mais perto de realizar um sonho, em pouco menos de dois anos já avançamos muito porque tra-balhamos em conjunto com o Legislativo, órgãos estaduais e federais”, destacou.

Fonseca enumerou os avan-ços. “No setor empresarial tive-mos um desempenho grandioso. Conseguimos assinar acordos importantes, criamos uma co-

missão que coordena essa integração com o Peru, conse-guimos voos, nós iniciamos, avançamos e c o n c l u í m o s uma negocia-ção de um re-gime especial para faixas isoladas, reali-zamos missões políticas e em-presariais em Pullcalpa como também em Cruzeiro do Sul com a realização da Expojuruá, assinamos acordos importantes com a Caixa Econômica e os

O presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado do Acre, George Pinhei-ro, lembrou em seu pronun-ciamento na sessão de quarta--feira, 15, que não faz muito tempo uma viagem do Acre para o Peru exigia passaporte e visto de entrada. Além disso, para ir de avião era necessário primeiro voar para São Paulo e dali para Lima. “Mais tarde, já podíamos ir de ônibus até Porto Maldonado para pegar o avião, não sem antes ter que atraves-sar o Rio Acre com água até os joelhos”, recordou-se.

“Agora podemos ir a Lima em uma hora de vôo e já é rea-lidade pegarmos um automóvel

em Rio Bran-co e chegar a Lima. Hoje a integração não é mais do Acre é do Brasil com o Peru”, afirmou.

Apesar dis-so, George la-menta que o Brasil ainda esteja de cos-tas para o Peru, pois as trocas comerciais ain-da são peque-nas. “Mas nós temos certeza que com a estrada o Brasil vai nos descobrir e grandes empre-

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gas Llosa, contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura de 2010 e que ainda não foi tradu-zido para o português. “Espero que esta obra sirva para melho-rar o espanhol do nosso presi-dente”, brincou.

George Pinheiro enumera avanços na integração

Carlos da Fonseca: “Acre sai da periferia para o centro”

Administração de Edvaldo superou limites, diz Cesar Messias

Pascoal Muniz ressalta conquista do intercâmbio estudantil

Ao receber no Palácio Rio Branco a delegação peruana do intercâmbio estudantil universi-tário na tarde de terça-feira, 14, o governador Binho Marques de-nominou o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães, como “em-baixador da integração” e deu um novo impulso ao projeto ao anun-ciar que está remetendo ao Poder Legislativo um projeto de lei para que os deputados autorizem a doação, para o Governo Federal, da Escola Estadual Rita Maia, de Xapuri, para a implantação de uma escola tecnológica binacio-nal em parceria com o Ifac (Insti-tuto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Acre).

O governador fez o anúncio depois de falar a mais de cem estudantes peruanos das regiões de Ucayali, Huánuco e Lima que chegaram a Cruzeiro do Sul no domingo e agora cumprem uma agenda em Rio Branco até a pró-xima quinta-feira, 16. Logo em seguida Binho reuniu-se com o governador de Ucayali, Jorge Portocarrero Velásquez, o cônsul peruano em Rio Branco, Jesus Carranza, Edvaldo Magalhães e representantes de universidades peruanas.

“Fico feliz em recebê-los, pois vocês carregam a bandei-ra da educação. Não podemos pensar em desenvolvimento sustentável sem pensarmos a educação do nível básico aos níveis mais avançados da pós-

Homenageado, Velásquez se inspira em modelo acreano de desenvolvimento

maiores bancos do Peru, tudo isso feito em parcerias. Nos uni-mos em busca de um único pro-pósito, a integração Acre/Peru”.

sas já estão vindo para cá com a mudança do eixo que liga o Brasil à Ásia e aos EUA pelo Oceano o Pacífico”, afirmou. Durante sessão solene o

vice-governador Cezar Mes-sias parabenizou o presidente da Aleac deputado Edvaldo Magalhães pela sua admi-nistração durante os quatros anos no Poder Legislativo. Messias agradeceu também em nome do governador Bi-nho Marques o desempenho dos 24 deputados durante este mandato que finda.

“Agradeço a Assembleia em nome do governador Bi-nho pelos quatro anos de trabalho, parabenizo os depu-tados tanto da base do gover-no que defenderam todos os projetos que chegaram nesta Casa, quanto os deputados de oposição pelos debates muitas vezes calorosos que sempre fortalecem a democracia, não posso esquecer a nossa lide-rança deputado Moises Diniz que desempenhou um impor-tante papel”.

De acordo com vice-gover-nador, a administração do pre-sidente da Aleac Edvaldo Ma-galhães ultrapassou limites e ficara na historia. “Ele implan-tou uma nova maneira de ad-ministrar, buscou debates im-portantes levando o parlamento para os vinte e dois municípios do Estado, aproximou as pesso-as da Casa Legislativa”.

A defesa de Edvaldo Ma-galhães pela integração Acre/Peru também foi elogiada por Cesar. Segundo ele, a luta de Edvaldo por essa união fez com que muitos acreditas-sem na concretização de um sonho. “Quero parabenizar Edvaldo pela gestão de de-fesa que ele fez em busca dessa integração tão sonhada do Acre com o Peru, nos cru-zeirenses sonhamos com isso há muito tempo, nossos vizi-nhos peruanos também que-rem isso, podemos sentir”.

O vice-reitor da Ufac, Pascoal Muniz, em solenida-de realizada na Assembleia Legislativa quarta-feira, 15, falou sobre a parceria entre a Universidade Nacional de Ucayali (UNU) que recebe-ra estudantes brasileiros para graduação e pós-graduação em vários cursos, com a Ufac que fará o mesmo com os alu-nos da Universidade peruana.

O convenio que foi oficia-lizado em Pucalpa e marcou a geração de acadêmicos de ambas as instituições deixou empolgado Pascoal Muniz que disse estar feliz com o intercambio estudantil.

“Estive presente no even-to acadêmico que aconteceu no Peru, depois dessa viagem

que fiz ao nosso país vizinho a convite da Assembleia Le-gislativa fiquei impressiona-do com as universidades pe-ruanas, tivemos cerca de 15 estudantes de historia num evento latino americano, queremos consolidar essa relação com o peru, acredita-mos que é valido esse inter-cambio de conhecimentos”.

Para concluir, o vice-rei-tor ressaltou a administração do deputado e presidente da Assembleia Legislativa Ed-valdo Magalhães, que se-gundo ele, fez um trabalho excelente nesta legislatura. “Acredito que o futuro presi-dente desta Casa terá dificul-dades de manter esse padrão, foi um excelente trabalho”.

Binho dá novo impulso à integração estudantil

-graduação”, declarou Binho.Edvaldo relatou a Binho Mar-

que todos os passos deste proje-to que começou com o encontro dos presidentes Lula e Alan Gar-cia, em maio de 2008, no mesmo palácio Rio Branco. De acordo com o presidente, naquele en-contro o governador de Ucayali manifestou interesse em estreitar os laços entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa, distantes a apenas 220 km ou 20 minutos de voo. “Desde então realizamos quatro missões. Hoje é a missão de re-torno da viagem que os estudan-tes acreanos fizeram a Lima. É a última e mais importante parte”, explicou Edvaldo.

O presidente lembrou que na missão de ida a Ufac se prontificou a reservar aos pe-ruanos duas vagas em cada um

de seus cursos de graduação do Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul e três vagas em cursos da área de engenharia em Rio Branco. A Universidade Na-cional de Ucayali, por sua vez, abriu, inicialmente, oito vagas e agora ampliou para dez nos cursos de Medicina, Engenha-ria Civil, Engenharia Elétrica e de Sistemas para alunos dos municípios do Vale do Juruá.

“Este projeto conseguiu juntar todas as instituições, o governador Binho Marques, o Poder Judiciário, o Minis-tério Público e entidades pri-vadas do setor comercial e industrial. Agora tudo começa a se materializar a partir de 2011quando recebemos estu-dantes de Ucayali e Pucallpa recebe estudantes do Acre. Se

os saberes se encontrarem, o resto da integração vai acon-tecer com responsabilidade”, declarou Edvaldo.

Para o governador, o proje-to de integração do Acre com o Peru pelo Vale do Juruá come-çou de forma correta ao ter como princípio o intercâmbio universi-tário. “Estamos começando um processo de integração pelo co-nhecimento, não a partir de uma estrada”, afirmou. Binho defen-de que a ligação de Cruzeiro do Sul a Pucallpa por terra seja efetuada com o mesmo cuidado tomado na construção da BR 317 até Assis Brasil e da BR 364 até Cruzeiro do Sul. “Foram anos de estudos para amenizar os impac-tos, evitar a dizimação de cultu-ras e a destruição de florestas”, argumentou.

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N. Lima acredita na absolvição pelo TSE - O deputado N. Lima, que obteve 3.513 votos, mas teve a can-didatura cassada antes das eleições, agradeceu aos eleitores e se disse confiante em uma vitória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assumir novo mandato em 2011. “Já fomos ab-solvidos no processo criminal, já que não cometemos crime, e agora temos oportunidade de recorrer em Brasília”, disse. Ele agradeceu aos colegas par-lamentares e contou que tem recebido manifestações de solidariedade até dos flanelinhas que guardam seu carro.

Gilberto Diniz - “No momento em que finalizamos este mandato agra-decemos ao povo acreano e à comu-nidade que nos prestigiou durante os quatro e estaremos de volta em 2011, ainda mais forte, com três parlamenta-res de Sena Madureira”, afirmou.

Mazinho Serafim - Embora não tenha disputado a eleição neste ano, o deputado Mazinho Serafim (PSDB) agradeceu ao eleitorado por

ter atendido aos seus pedidos para que votassem em sua irmã Marilei-de, eleita para a próxima legislatura que começa em 1º de fevereiro. O deputado também aproveitou para pedir desculpas aos secretários es-taduais Francisco Nepomuceno Carioca e Fábio Vaz, a quem teria agredido em discurso da tribuna da Aleac. Mazinho também elogiou o presidente da Casa, deputado Ed-valdo Magalhães (PCdoB) e o depu-tado Luiz Calixto (PSL) com quem diz ter aprendido muito.

Calixto: um reconhecimento

da Aleac - O deputado Luiz Calix-to (PSL) considera um atestado de reconhecimento da Aleac a entrega dos títulos de Cidadãos às pessoas que vieram ao Estado para trabalhar, gerar emprego ou quaisquer outras razões. Entre os que recebiam a ho-menagem nesta sessão, Calixto se disse surpreso ao saber que não eram acreanos, como a jornalista Eliane Sinhazique. “Quer pessoa mais acre-ana que Eliane?”, indagou.

Aníbal: “Uma honraria indes-critível” - O jornalista Aníbal Diniz e futuro senador na vaga do governa-dor eleito Tião Viana (PT) considera uma honraria indescritível ser agracia-do com o título de Cidadão Acreano conferido pela Aleac. “Talvez a gente possa se sentir até mais acreano que o acreano nato porque esta casa tem a representação mais legítima de toda a diversidade do povo acreano”, comen-tou ele em seu pronunciamento.

Aos 48 anos de idade, Aníbal con-tou que chegou ao Acre aos 14 anos, fez seminário com o padre Paolino Baldassari, veio para Rio Branco e estudou no Colégio Acreano e no an-tigo Ceseme, cursou História na Ufac e fez carreira no jornalismo a partir do cargo de editor de TV e, em seguida, como repórter de política cobrindo os trabalhos da Aleac.

“Sinto-me como se estivesse nas-cendo hoje, estou muito feliz pelo reconhecimento de nosso trabalho”, disse ele.

Anibal, que assume o Senado em janeiro próximo, adiantou que esta re-

agradecimentos na última sessão da aleacA última sessão da 12ª Legisla-

tura da Aleac na quinta-feira, 16, foi marcada pela entrega de

títulos de cidadão e cidadãs acreanos e pelas despedidas de parlamentares. O presidente da Mesa, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), abriu um espaço no intervalo entre a entrega de títulos e das últimas votacões para que os par-lamentares fizessem um pronuncia-mento, se assim o desejassem, e quase todos eles usaram cinco minutos em agradecimentos emocionados.

O próprio presidente fez o último pronunciamento, na tribuna, definindo o seu estilo de gestor, com um bordão que aprendeu no Colégio São José, em Cruzeiro do Sul com o professor, padre Luis Santini: “Tudo o que tem que ser feito merece ser bem feito”. Este bordão, de acordo com o depu-tado, tornou-se um “bom problema”, pois não sabe fazer nada sem paixão. “Transformei esta fala num único mandamento para meu trabalho. Não consigo me envolver com nada que não possa pôr no coração”, declarou ele em seu pronunciamento na última sessão da 12ª Legislatura da Aleac.

Edvaldo relatou esse fato para justificar o seu estilo de administrador e para ilustrar a história da reforma do prédio da Aleac, cujo acabamento começa com um barco encalhado na beira do rio Juruá, em Cruzeiro do Sul. “Passando por um bairro muito pobre em Cruzeiro do Sul, vi a caveira de um barco grande que fazia a viagem de Cruzeiro a Manaus. Estava encalhado na beira do rio. Procurei o marceneiro

Helio Pedrosa e pedi para ele comprar aquele resto de barco e com a madeira fazer estes móveis em machetaria que estão aqui e ali onde os jornalistas se sentam quando há sessões”, relatou.

O presidente explicou que este barco e os móveis o fazem lembrar do debate provocado por sua decisão de reformar a sede da Aleac e da di-ficuldade que teve em convencer os membros da mesa diretora de seu primeiro mandato como presidente (2007/2008). Para convencê-los, Ed-valdo contou que se comprometeu em zelar pela democracia e trans-formar a imagem da casa. “Esta casa de trabalho vendia a imagem do não trabalho e hoje podemos dizer que produzimos muito, basta fazer uma pesquisa no Google e comparar com a produtividade de qualquer Par-lamento de outros Estados”, disse. “Além disso, me comprometi a cui-dar do ambiente de trabalho e da car-reira do servidor.”

Edvaldo aproveitou para comu-nicar aos servidores que o Orçamen-to da Aleac para 2011 contempla as perdas salariais, mas como adminis-trador responsável decidiu não fazer um ato demagógico reajustando os salários em final de mandato. “Este entendimento tem que ser feito com a próxima mesa diretora. Não quero ganhar elogios fazendo votação de última hora”, explicou.

Outro compromisso de Edvaldo com a mesa diretora foi de abrir a Casa e se aproximar mais da comuni-dade. “E isso não seria possível sem

a grandeza e a compreensão política do plenário. Uma coisa era fazer uma assembleia num município e transfor-má-la numa disputa política. O mais importante é fala das pessoas e não do deputado”, argumentou.

Edvaldo agradeceu a experiência política que adquiriu ao longo de 13 anos de mandato – sendo um deles na condição de suplente. Com relação aos funcionários, o presidente infor-mou que vai falar com todos eles na próxima semana durante a festa de confranternização anual.

Finalizando seu pronunciamento Edvaldo fez três pedidos aos parla-mentares da próxima legislatura. “Dei-xo aqui três legados que eu gostaria que voces preservassem: a transparên-cia dos debates através da Agenda de Notícias da Aleac. Antes não tínhamos ninguém, a não ser os taquígrafos para registrar os debates. Nós construímos uma agência e um portal para permitir o acompanhamento ao vivo de nossos debates. A transparência fortalece a democracia”, afirmou.

Seu segundo pedido foi para quer a Aleac não dê as costas para a locali-zação geográfica do Acre. “Este é um patrimônio do nosso Estado. Temos fronteira com dois grandes países e estamos muito mais perto dos maiores mercados consumidores do mundo. Temos que dar continuidade a este trabalho de integração”, afirmou. Por último, Edvaldo pediu zelo pelo am-biente de trabalho, pelo prédio e pelos pedaços do barco do “Seu Quirino” que viraram móveis do plenário.

presentação se torna mais legítima a partir do recebimento da honraria que ele fez questão de compartilhar com o Cacá, secretário do Governo Binho Marques, que está recuperado de uma cirurgia e veio assistir ao seu “batis-mo” pela Aleac.

O futuro senador disse que vai legar para Brasília um aprendizado transmitido por Cacá. “O seu ensi-namento, de que o que torna o mar grande é o fato de ele estar abaixo do nível de todos os rios, vou levar para o Senado. O senador tem que ser como o mar, abaixo de todo o povo acrea-no para receber o seu ensinamento”, afirmou.

Anibal finalizou declarando que ser acreano é algo que ele quer levar no coração e agradeceu ao líder o Go-verno, deputado Moisés Diniz, pela indicação para que lhe fosse concedi-do o título.

Angelim: “Ser acreano é nunca fraquejar” - O prefeito Raimundo Angelim, que participou da mesa de honra da solenidade de entrega do tí-tulo de cidadão acreano a 89 pessoas na sessão desta quinta-feira, afirmou que uma das características da gente do Acre é nunca fraquejar. “Não nos permitimos ter momentos de fraqueza, o que nos reanima é que a cada dia te-mos um desafio diferente e nos reiven-tamos e nos fortalecemos”, discursou.

Angelim lembrou que foi deputa-do por apenas 72 horas e depois teve que se afastar para ser secretário do governo de Jorge Viana, por isso to-mou gosto de participar desta sessão anual da Aleac. “Gostaria muito de ter ofercido muitos titulos a mais pesso-as que amam este estado. Eu me sinto contemplado pelos que são agraciados porque ser acreano é ser diferente. Nós somos o único estado que fez questão de ser brasileiro”, declarou.

O prefeito confessou que gosta-ria mesmo é de receber um título de cidadão de Tarauacá, porque todos dizem que nasceu lá, mas na verdade ele nasceu em Rio Branco e viveu nas margens do Envira só até os oito anos de idade.

Angelim revelou que nos seus momentos mais difíceis, como “acre-ano de pé-rachado” se inspira no Hino Acreano pasra ganhar força. Ele lem-brou de acreanos mais antigos que aju-dar a construir esta história, comentou sobre os tempos em que o Acre ainda era conhecido no Rio de Janeiro como “a fila da batata” por conta da baga-gem que transportavam pelo aeroporto para tomar o avião da FAB. “O avião era nosso supermercado”, comentou.

“O acreano é aquele que defen-de o Acre, que conhece suas raízes. Para sermos acreanos temos que co-nhecer a nossa história. Este Acre nos foi entregue pela bravura de nos-sos avós. Este Acre que envaidece e engradece todos nós”, disse.

Moisés Diniz se despede de-

finindo cada colega - O deputado Moisés Diniz (PCdoB), reeleito, despediu-se do ano legislativo con-tando como enxerga cada um de seus colegas parlamentares. Segun-do ele, os cidadãos sem mandato acham que os deputados nem hu-manos são, que não têm problemas e sequer choram. “Despedir de pes-soas não é como se despedir de uma casa, de um carro ou de uma ideia. Eu me despedi de uma ideia quando a amadureci”, disse, passando a no-minar um a um seus colegas.

O deputado Taumaturgo Lima, segundo ele, é um grande petista, está sempre a postos para defender o Go-verno e o partido, mas é muito apega-do ao telefone. “Uma das coisas que mais lembro do deputado Taumaturgo é ele ao telefone”, contou.

O deputado Chico Viga (PT), no entendimento de Moisés, fala pou-co, mas vai dominando o plenário e formando opinião, ficando prestes a tomar de conta da maioria. “O Ney Amorim diz que é pato novo, diz que tem muito a aprender e eu lhe digo que lhe ensino se me der os votos que tem

lá fora. A Perpétua de Sá (PT), silen-ciosa, mas meiga como sempre, me dá uma raiva danada não ter voce aqui de volta. A Dinha com seu jeito simples, sempre com interessse de cuidar do povo dela, se tivesse concorrido vol-taria para cá”, comentou.

Moisés chamou o deputado Hel-der Paiva (PR), vice-presidente, de “velho pastor de semblante de menino jovem e bom conselheiro”. “O Donald até hoje eu não entendo. Eu não con-sigo engolir o Donald não voltar para cá, mas quem escolhe é o povo”, dis-se, referindo-se ao deputado Donald Fernandes. O deputado Luis Gonzaga, quieto, mas culto, teve votação que vai fazer falta pelo Juruá, que perde mui-ta gente. Quero saber o que Antonia Sales e Maria Antonia vão fazer para cuidar de 25% do eleitorado e 70% da biodiversidade do Acre. O Mazinho é só cara de valentão, mas quando toca o coração vira meninão. Se bo-bear acaba chorando também. Antonia Sales, a peruana que nos conquistou, é valente. Não mexa com o Vagner que ela vira uma carrapeta. O Chagas Romão é nosso mestre conselheiro, muito criterioso, dá conselhos para todos. O Élson Santiago começou ti-midamente, mas dominou o plenário. Se tivesse eleição para presidente, cer-tamente ele iria dar trabalho. A Maria Antonia, sempre silenciosa, brigou pelo povo do Juruá e fez o mandato que interessa ao povo.

O Tchê é barulhento, valente, mas é capaz de chorar quando a gente toca no coração. O Walter Prado tem um problema gravíssimo: não gosta de dar entrevista, esse negócio de imprensa. O Josenir nós começamos a ser ami-gos na metade do segundo turno. A gente tem que achar um jeito de conti-nuar esta amizade.

O Luiz Calixto tinha hora que tinha vontade e de lhe pegar, me fez dormir mais tarde, ficar na internet acessando instituto de pesquisas para não me pegar aqui. Foi duro com nos-so Governo, mas aprendi muito com ele e vai fazer falta aqui.

Nogueira Lima parece o capitão do mar, o valentão, mas é um meni-no, simples, amigo e já provou uma coisa: ele pode vir pra cima da gente no plenário, mas se precisar ele briga pela gente e apanha pela gente e eu estou torcendo para você. Considero uma grande injstiça o que fizeram com você e tenho certeza de que a mesma instituição vai corrigir.

Delorgem, o nosso leão do Alto Acre, honesto, só dizem que é meio boçal, mas ainda vai ser prefeito de Brasileia.

Idalina, mais do que o N. Lima, mais do que o Calixto, foi mais quem me deu trabalho. Briga como guerra de guerrilha, um jeito de lutar que confundia muito. Me deixava aper-reado. Se chorar na tribuna estou lascado. Guerrear com mulher não é fácil. O Zé Carlos é nosso sanfo-neiro, ele me dizia que fez forró em todas as aldeias de Santa Rosa, onde teve 29 votos. Passou quatro anos agindo com o coração, infelizmente nosso povo não agiu como ele.

Gilberto Diniz, meio brincalhão era radialista e ele só falava entortado porque o microfone era muito baixo. Sempre foi fiel aos princípios. Por fim, não vou homenagear os funcio-nários nem a imprensa porque vamos continuar aqui.

Sobre Edvaldo Magalhães, Moi-sés disse: “Eu tenho um irmão que foi oito anos líder do governo, depois presidente. Aprendi com ele, estive-mos juntos desde a pré-adolescência, no Colégio dos Irmãos Maristas. De-pois nos afastamos da Igreja - física, mas não espiritualmente. Entramos na política juntos, estamos há 25 anos no partido. Ele tem um jeito turrão, não demora para dizer um não, mas vou dizer uma coisa para você: não tente propor nada que não seja ético, imo-ral, que não seja a favor do povo. E ele sabe respeitar o contraditório, e isso é essencial numa casa política. O Edval-do cumpriu esse papel de ser estadista e vai sair da Aleac e ser o meu avatar”.

Edvaldo se despede com pronunciamento na tribuna: “tudo o que tem de ser feito merece ser bem feito”