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Desenvolvimento Gerencial – Prof. Chrystian Alves de Souza 1.0. - HISTÓRIA EMPRESARIAL E TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO. Na história da humanidade, o trabalho dirigido e organizado sempre existira, muito embora tenha se desenvolvido lentamente até meados do século XVIII, quando a invenção da máquina à vapor de James Watt (I Revolução Industrial) e suas implicações produtivas, sociais e econômicas, impulsionaram sobremaneira e o desenvolvimento organizacional, em especial das organizações industrias. A revolução de métodos e conceitos de gestão organizacional daí para frente deu-se de maneira exponencial, culminando nos primeiros estudos sobre a organização da produção e das conseqüentes Teorias Administrativas. Uma análise da natureza das diversas fases da história empresarial nos ajudará a compreender mais facilmente o surgimento das diversas Teorias da Administração. Q. 01 - As Seis Fases da História das Empresas. Anos Período Fase Ênfase Teoria Administrativa Até 1780 Antigüidade até a pré-Revolução Industrial Artesanal 1780 a 1860 1 a Revolução Industrial Transição para Industrialização 1860 a 1914 Após a 2 a Revolução Empresarial Desenvolvimento Industrial Nas Tarefas Administração Científica 1914 a 1945 Entre as Duas grandes Guerras Mundiais Gigantismo Industrial Na Estrutura Organizacional Nas Pessoas Teoria Clássica Teoria Neoclássica Teoria das Relações Humanas 1945 a 1980 Pós-Guerra até a Atualidade Moderna Na Estrutura Organizacional Nas Pessoas Na Tecnologia No Ambiente Teoria Neoclássica Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista Teoria Comportamental Teoria da Contingência Teoria da Contingência Após 1980 Momento Atual Incerteza No Ambiente Teoria da Contingência 2

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Desenvolvimento Gerencial – Prof. Chrystian Alves de Souza

1.0. - HISTÓRIA EMPRESARIAL E TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO.

Na história da humanidade, o trabalho dirigido e organizado sempre existira, muito embora tenha se desenvolvido lentamente até meados do século XVIII, quando a invenção da máquina à vapor de James Watt (I Revolução Industrial) e suas implicações produtivas, sociais e econômicas, impulsionaram sobremaneira e o desenvolvimento organizacional, em especial das organizações industrias. A revolução de métodos e conceitos de gestão organizacional daí para frente deu-se de maneira exponencial, culminando nos primeiros estudos sobre a organização da produção e das conseqüentes Teorias Administrativas.

Uma análise da natureza das diversas fases da história empresarial nos ajudará a compreender mais facilmente o surgimento das diversas Teorias da Administração.

Q. 01 - As Seis Fases da História das Empresas.

Anos Período Fase Ênfase Teoria Administrativa

Até 1780

Antigüidade até a pré-Revolução Industrial

① Artesanal

1780 a

1860

1a Revolução Industrial

② Transição para Industrialização

1860 a

1914

Após a 2a

Revolução Empresarial

③ Desenvolvimento Industrial

Nas Tarefas Administração Científica

1914 a

1945

Entre as Duas grandes Guerras Mundiais

④ Gigantismo Industrial

Na Estrutura Organizacional

Nas Pessoas

Teoria ClássicaTeoria Neoclássica

Teoria das Relações Humanas

1945 a

1980Pós-Guerra até a Atualidade

⑤ Moderna

Na Estrutura Organizacional

Nas Pessoas

Na Tecnologia

No Ambiente

Teoria NeoclássicaTeoria da BurocraciaTeoria Estruturalista

Teoria Comportamental

Teoria da Contingência

Teoria da Contingência

Após 1980

Momento Atual ⑥ Incerteza No Ambiente Teoria da Contingência

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Desenvolvimento Gerencial

① Fase Artesanal.✔ Período - Até aproximadamente 1780 (quando se inicia a I Revolução Industrial).

➫ Cenário - Predomínio de pequenas oficinas, granjas e agricultura, trabalho escravo e comércio baseado no sistema de trocas locais.

➫ O regime de produção é fundamentado no artesanato rudimentar das pequenas oficinas e na mão-de-obra intensiva e não qualificada da agricultura.

② Fase da Transição do Artesanato à Industrialização.✔ Período - Entre 1780 e 1860 (I Revolução Industrial).

➫ Cenário - A nascente fase da industrialização, da mecanização das oficinas (máquina de fiar em 1767, tear hidráulico em 1769 e tear mecânico 1769) e da agricultura (descaroçador de algodão em 1792), tendo como expoentes o carvão (a nova fonte básica de energia) e o ferro (a matéria prima básica).

➫ Desenvolvimento significativo do sistema de transporte (navegação à vapor em 1807, locomotivas e estradas de ferro em 1823) e do sistema de comunicação (telégrafo elétrico em 1835 e selo postal em 1840).

➫ As oficinas mecanizadas transformam-se gradualmente em fábricas e usinas dotadas de enormes máquinas e equipamentos que passam a substituir o trabalho humano.

③ Fase do Desenvolvimento Industrial.✔ Período - Entre 1860 e 1914 (II Revolução Industrial).

➫ Cenário - Substituição do ferro pelo aço como matéria-prima básica e do vapor pela eletricidade e pelos derivados de petróleo como fonte de energia principais.

➫ Aperfeiçoamento da maquinaria com o desenvolvimento do motor a explosão e do motor elétrico em 1873, crescente participação da ciência e do avanço tecnológico na atividade industrial.

➫ Surgimento do automóvel em 1880 e do avião em 1906, e nas comunicações o telégrafo sem fio, o telefone em 1876 e do cinema revolucionam o conceito de comunicação, o mundo se trona cada vez menor.

➫ O capitalismo industrial cede lugar ao capitalismo financeiro, surgimento dos grandes bancos e de outras instituições financeiras e ampliação dos mercados.

➫ O surgimento da Burocracia nas empresas bem sucedidas, o enfoque no mecanicismo funcional, como consequência do crescimento assustador de suas tarefas.

④ Fase do Gigantismo Industrial✔ Período - Entre 1914 e 1945 (situada entre as duas Grandes Guerras mundiais).

➫ Cenário - Utilização da organização e da tecnologia avançada para fins bélicos, que compreende também a grande depressão econômica de 1929 e a conseqüente crise mundial.

➫ Ocorre o predomínio das aplicações tecno-científicas e a ênfase em materiais petroquímicos.

➫ As empresas atingem proporções enormes, aparecimento das multinacionais, intensificação dos transportes (navegação de grande porte e rodovias) e das comunicações (rádio e a televisão), o mundo se torna ainda menor e mais complexo.

⑤ Fase Moderna.✔ Período - Entre 1945 a 1980 (compreendendo todo período do pós guerra).

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➫ Cenário - Nítida separação do mundo em países desenvolvidos (industrializados) e subdesenvolvidos (não-industrializados).

➫ Surgimento de novos materiais básicos como o plástico, o alumínio, novas fibras têxteis sintéticas e o concreto protendido.

➫ Novas fontes de energia são exploradas como a nuclear e a solar, sem contudo haver perda do predomínio do petróleo e da eletricidade. Soma-se ainda o aparecimento das novas tecnologias como o do silício, circuito integrado, o transistor.

➫ Surgem também as novas maravilhas do mundo moderno, como a TV em cores, o circuito, o som de alta fidelidade, o computador, a transmissão de TV por satélite.

➫ A pesquisa e o desenvolvimento tecnológico passam a ser desenvolvidos dentro das empresas e orientados para uso comercial.

➫ Ao lado de grandes empresas multinacionais, surgem as primeiras empresas nacionais de grande porte (Petrobrás, CSN, Votorantim, Rede Ferroviária, etc.), ao lado do surgimento de um grande número de empresas de capital nacional de pequeno e médio porte.

➫ O uso intensivo da tecnologia da computação e automação, potencializam a capacidade produtiva das empresas, ao passo que a escassez de recursos e as políticas econômicas internacionais, tronam o ambiente cada vez mais complexo.

⑥ Fase da Incerteza.✔ Período - A fase pós 1980.

➫ Cenário - Esta é a fase dos desafios , das incertezas, dificuldades, contingências e coações, que atormentam de todas as formas as organizações, caracterizando um ambiente altamente mutante e de elevada complexidade.

➫ Nesta fase as empresas lutam contra a escassez de recursos, a concorrência acirrada, a queda de barreiras aos produtos estrangeiros, o mundo se torna menor, globalizado, a informação passa a ser o diferencial competitivo, em detrimento das clássicas vantagens comparativas (abundância de mão-de-obra e matérias primas), surgem os produtos “made in wolrd”.

➫ A maneira tradicional de administrar e de fazer as coisas já não encontram espaço, as soluções do passado não mais se aplicam ao inexorável mundo plugado.

1.1. - Síntese Histórica da Teoria da Administração.

Considerada uma ciência recente, só no início deste século surgiram os primeiros estudos sistematizados das maneiras de operacionalizar os conceitos e ideologias sobre as organizações, também chamados de Teoria Geral da Administração.

A história da Teoria da Administração é bastante recente, tendo o seu início no começo deste século, podendo ser resumida em cinco fases bem distintas que se superpõe. Cada um destas cinco fases realça e dá ênfase a um aspecto importante da Administração.(Vide Q. 02).

Q. 02 - As Teorias Administrativas e seus Principais Enfoques.

ÊNFASE: TEORIAS ADMINISTRATIVAS

PRINCIPAIS ENFOQUES

Nas Tarefas

Administração Científica Racionalização do Trabalho no Nível Operacional.

Teoria Clássica Organização Formal.

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Desenvolvimento Gerencial

Na Estrutura

Teoria Neo-Clássica

Teoria da Burocracia

Teoria Estruturalista

Princípios Gerais da Administração.Funções do Administrador.

Organização Formal Burocrática.Racionalidade Organizacional.

Múltipla Abordagem:Organização Formal e Informal.Análise Intra-Organizacional eAnálise Interorganizacional.

Nas Pessoas

Teoria das Relações Humanas

Teoria do Comportamento Organizacional

Teoria do Desenvolvimento Organizacional

Organização Informal.Motivação, Liderança, Comunicações e Dinâmica de Grupo.

Estilos de Administração.Teoria das Decisões.Integração dos Objetivos Organizacionais e Individuais.

Mudança Organizacional Planejada.Abordagem de Sistema Aberto

NaTecnologia

Teoria da Contingência Administração Tecnológica (Imperativo Tecnológico).

NoAmbiente

Teoria EstruturalistaTeoria Neo-Estruturalista

Teoria da Contingência

Análise Intra-Organizacional eAnálise Ambiental.Abordagem de Sistema Aberto.

Análise Ambiental (Imperativo Ambiental).Abordagem de Sistema Aberto.

1.1.1 - Teoria Clássica da Administração.

O Ambiente estável e previsível que moldou o mundo até algumas décadas atrás proporcionou as condições ideais para o aparecimento de dois modelos nitidamente prescritivos e normativos, de organização empresarial, o primeiro deles o modelo clássico, surgiu de diferentes movimentos gerados por dois pioneiros:

♦ O da Administração Científica, do Americano Frederick Wislow Taylor , que estabelecia princípios de organização racional do trabalho com aplicação específica nas fábricas, e;

♦ O da Teoria Clássica, do Francês Henry Fayol, que partia da totalidade empresarial para suas partes, estabelecendo princípios universais de administração para a organização global das empresas.

A racionalidade do modelo clássico reside no alcance da máxima eficiência possível com os recursos disponíveis. No decorrer das quatro primeiros décadas do nosso século, o modelo clássico se pontificou tranqüilamente como figurino único da administração das empresas.

i. Os Princípios de Gestão, segundo Frederick Wislow Taylor:

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♦ Princípio do Planejamento - substituir o trabalho empírico pelos métodos científicos, a improvisação pela ciência.

♦ Princípio do Preparo - selecionar bem os trabalhadores em função das suas aptidões,

prepará-los e treiná-los para maior produtividade. Cuidar do arranjo físico das máquinas equipamentos e ferramentas de forma racional.

♦ Princípio do Controle - Controlar o trabalho para certificar se o mesmo está sendo realizado segundo os critérios estabelecidos.

♦ Princípio da Execução - Distribuir distintamente as atribuições e responsabilidades, para a execução disciplinada das tarefas.

♦ Princípio da Exceção - Preocupar-se apenas com as ocorrências fora dos padrões e não com as que se desenvolvem normalmente.

FIG. 01 - A Abordagem Microscópica e Mecanicista da Administração Científica de Frederick Wislow Taylor.

Fig. 02 - A Proporcionalidade da Função Administrativa nos Diferentes Níveis Hierárquicos da Teoria Clássica de Henry Fayol.

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Mais baixos

NÍVEIS HIERÁRQUICOS FUNÇÕES

ADMINISTRATIVASPreverOrganizarComandarCoordenarControlar

OUTRAS FUNÇÕES

NÃO ADMINISTRATIVAS

Mais altos

Estudo de tempos e

movimentos

Determinação do método de

trabalho (The best way)

Lei da fadiga

Seleção científica do trabalhador

Padrão de produção

Supervisão funcional

Plano de incentivo salarial

Condições ambientais de trabalho

Máxima Eficiência

Maiores lucros e maiores salários

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ii. Funções Administrativas ou Funções do Administrador segundo Fayol:

♦ Prever - visualizar o futuro e traçar o programa de ação.

♦ Organizar - constituir o duplo organismo material e social da empresa.

♦ Comandar - dirigir e orientar o pessoal.

♦ Coordenar - ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos.

♦ Controlar - verificar que tudo ocorra de acordo com as regras e as ordens dadas.

iii. Outras Funções da Empresa para Fayol:

♦ Funções Técnicas.

♦ Funções Comerciais.

♦ Funções Financeiras.

♦ Funções Contábeis.

♦ Funções de Segurança.

Fig. 03 - A Abordagem Prescritiva e Normativa da Teoria Clássica de Fayol.

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Princípios Gerais de Administração

Autoridade e Responsabilidad

e

Unidade de Comando

Divisão do Trabalho

Organização FormalHierarquia ou

Cadeia Escalar

Coordenação

Departamentalização

MÁXIMA EFICIÊNCIA

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1.1.2 - O Modelo Burocrático.

O segundo modelo, invadiu a teoria administrativa, no início da década de 1940, quando alguns sociólogos industriais traduziram as obras de Max Weber para a língua inglesa e perceberam sua enorme aplicação para a explicação das estruturas empresariais da época. Weber se ocupara em descrever minuciosamente o modelo burocrático de organização com todos os seus resultados previstos e imprevistos, que se aplicava tranqüilamente como modelo racional ideal para organização das grandes empresas da época. A racionalidade da burocracia reside na adequação dos meios - estrutura organizacional e pessoas - aos fins desejados. A previsibilidade dos resultados e a impessoalidade nas funções constituem a essência do modelo burocrático.

Q. 03 - Dimensões da Teoria da Burocracia de Max Weber.

DIMENSÕES DA BUROCRACIA CONSEQÜÊNCIAS OBJETIVO1. Formalização2. Divisão do Trabalho3. Princípio da Hierarquia4. Impessoalidade5. Competência Técnica6. Separação entre propriedade e administração7. Profissionalização do Funcionário

☞ Previsibilidade do Comportamento Humano

☞ Padronização do Desempenho dos Participantes

MáximaEficiência

da Organização

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Fig. 04 - Continuum dos Graus de Burocratização;

Fig. 05 - Conseqüências Previstas (Previsibilidade do Comportamento) e Conseqüências Imprevistas (Disfunções) da Burocracia.

A abordagem burocrática na formatação das empresas atingiu o seu auge final em 1950. Com o movimento estruturalista ocorreu um fase crítica revisionista do modelo burocrático. Mas somente ao final dessa década é que começaram a surgir os primeiros esboços de uma enorme revolução que se daria na teoria da administração, com o aparecimento da teoria comportamental, da introdução da teoria dos sistemas na administração, e sobretudo com a teoria contingencial na organização de empresas.

1.1.3. - Teoria Comportamental - Relações Humanas, Elton Mayo e Kurt Lewin.

i. As Conclusões da Experiência de Hawtorne:

♦ O trabalho é uma atividade tipicamente grupal;

♦ O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social;

♦ A tarefa básica da Administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar;

Excessivamente Burocratizada

Muito Pouco Burocratizada

Excesso de Normas e Regulamentos

Escassez de Normas e regulamentos

BUROCRACIA

EXIGÊNCIA DE CONTROLE

CONSEQÜÊNCIASPREVISTAS

CONSEQÜÊNCIAS IMPREVISTAS

Previsibilidade do Comportamento

Disfunções da Burocracia

MAIOR EFICIÊNCIA INEFICIÊNCIA

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Desenvolvimento Gerencial

♦ A pessoa humana é motivada essencialmente pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”;

♦ A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos grupos primários da sociedade, como a família, a fábrica surge como uma nova alternativa de reintegração social;

ii. Desenvolvimento de conceitos à partir da Psicologia e Sociologia Industrial (Teoria das Relações Humanas).

♦ Organização Informal.

♦ Motivação.

♦ Incentivos Sociais.

♦ Dinâmica de Grupo.

♦ Comunicação.

♦ Liderança.

Fig 06.- Abordagem Manipulativa da Teoria das Relações Humanas.

1.1.4 - Teoria da Contingência - Tecnologia e Ambiente.

A Teoria da Contingência por sua vez, incumbiu-se de absorver rapidamente a preocupação com a tecnologia ao lado da preocupação com o ambiente organizacional para definir uma abordagem mais ampla a respeito do desenho das empresas, através de uma abordagem sistêmica - surge então uma maneira mais recente de visualizar o formato e a estrutura organizacional das empresas e seu funcionamento.

Fig. 07 - Abordagem Contingencialista.

Padrões de Liderança

Incentivos Socais

Sistema de Comunicação

Indivíduo

ADMINISTRAÇÃO

Organização Informal

Grupo Social

Participação na Decisões

OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO

FORMAL

Ações Administrativas

Características Situacionais

Resultados Organizacionais

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Desenvolvimento Gerencial

São Contingências das para para

Por um lado, a empresa passa a ser concebida como um sistema sócio-técnico onde interagem dois subsistemas intimamente interdependentes: o subsistema social ou humano (composto por pessoas, com seus valores, habilidades e conhecimentos) e o subsistema tecnológico (composto de equipamentos e tarefas).

Por outro lado, com uma perspectiva mais abrangente da Teoria do Sistemas na T.A., verificou-se que o estudo apenas das variáveis endógenas (como propôs a abordagem tecnológica) - não proporcionava uma compreensão mais ampla da estrutura e do comportamento das empresas. Tornava-se necessário o estudo das variáveis exógenas, situadas fora dos limites das empresas e que influenciam profundamente os seus aspectos estruturais e comportamentais, surge o enfoque ambiental da Teoria da Contingência - onde as características estruturais das empresas são determinadas pelas características estruturais do ambiente que as circundam, configurando a organização como um sistema aberto, onde tudo que ocorre no ambiente externo passe a influenciar internamente o que ocorre na organização.

Q. 04. - Continuum Homogeinidade-Heterogeinidade - Quanto a Estrutura Ambiental.

Ambiente Homogêneo Ambiente HeterogêneoPouca segmentação de

mercado.

Características homogêneas de: fornecedores, clientes e

concorrentes.

Simplicidade ambiental. Problemas ambientais

homogêneos.

Reações uniformes da organização.

Estrutura organizacional simples

Continuum

Muita segmentação de mercado.

Características heterogêneas de:

fornecedores, clientes e concorrentes.

Complexidade ambiental.Problemas ambientais

heterogêneos.

Reações diferenciadas da organização.

Estrutura organizacional diferenciada.

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Desenvolvimento Gerencial

Q. 05 - Continuum Estabilidade-Instabilidade - Quanto a Dinâmica Ambiental.

Ambiente Estável Ambiente InstávelEstabilidade e permanência.

Pouca Mudança.

Problemas ambientais Rotineiros.

Previsibilidade e certeza.

Rotina.

Manutenção do status quo.

Reações padronizadas e rotineiras.

Tendência à burocracia.

Lógica de sistema fechado.

Preocupação com a organização.

Intra-orientação para a produção.

Ênfase na eficiência.

Continuum

Instabilidade e variação.

Muita mudança.

Problemas ambientais novos.

Imprevisibilidade e incerteza.

Ruptura.

Inovação e criatividade.

Reações variadas e inovadoras.

Tendência à adhocracia.

Lógica do sistema aberto.

Preocupação com o ambiente.

Extra-orientação para o mercado.

Ênfase na eficácia.

Fig. 08 - O Ambiente Geral e o Ambiente de Tarefa.

1.1.5 - Estado Atual da Teoria Administrativa

Atualmente, a T. A. estuda a administração de empresas e demais tipos de organizações, à partir da interação e interdependência, entre as cinco principais variáveis, cada qual objeto específico de estudo por parte de uma ou mais teorias administrativas.

Entidades Reguladoras

AMBIENTE GERAL

Condições Políticas

Condições Econômicas

Condições Demográficas

Condições Ecológicas

Condições Culturais

Condições Tecnológicas

Condições Legais

AMBIENTE DE TAREFA

Fornecedores

Concorrentes

Clientes

Empresa

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Desenvolvimento Gerencial

Fig. 09 - Cinco Variáveis Básicas da Empresa na Teoria Administrativa.

ESTRUTURA

TAREFAS

PESSOAS

AMBIENTE TECNOLOGIA

EMPRESAS

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Desenvolvimento Gerencial

2.0 - Análise Ambiental e Tecnologia Organizacional.Q. 06 - Empresas Mecanicístas X Empresas Flexíveis.

Empresas Mecanicístas Empresas Flexíveis1. Estrutura burocrática organizada à partir de uma minuciosa divisão do trabalho dentro da empresa.

1. Estrutura organizacional flexível e adaptável a mudanças e inovações, sem uma nítida divisão de trabalho

2. Cargos ocupados por especialistas nas respectivas tarefas, com atribuições fixas, definidas e delimitadas.

2. Os cargos são continuamente modificados e redefinidos por interação com outros indivíduos, que participam da tarefa como um todo

3. Centralização das decisões, geralmente tomadas na cúpula da organização.

3. Descentralização das decisões para os níveis organizacionais mais baixos.

4. Hierarquia de autoridade rígida, com pouca permeabilidade entre os diferentes níveis hierárquicos

4. Hierarquia flexível e com muita permeabilidade entre os diferentes níveis hierárquicos.

5. Sistemas rígidos de controle, com estreita amplitude administrativa pela qual cada supervisor tem um número determinado de subordinados.

5. A amplitude de comando do supervisor é extensa e ampla, tendo cada supervisor um número maior de subordinados. Os controles são genéricos e amplos, atuando mais sobre resultados do que sobre o comportamento das pessoas.

6. Sistemas simples de comunicação, em sentido vertical, onde as decisões descem através de uma sucessão de amplificadores enquanto as informações sobem através de uma sucessão de filtros.

6. Maior confiabilidade nas comunicações informais entre as pessoas. A comunicação verbal prevalece sobre a comunicação formalizada por escrito.

7. Predomínio da comunicação vertical entre superior e subordinado. O ponto de ligação entre cada pessoa e a organização e o superior.

7. Predomínio da interação lateral e horizontal sobre a vertical. As relações entre os pares tendem a ser preferidas em detrimento da relação hierarquizada chefe- subordinado.

8. Ênfase nas regras e procedimentos formalizados por escrito e que servem para definir o comportamento das pessoas de maneira prévia, definitiva e estável.

8. Ênfase nos princípios do bom relacionamento humano. As relações entre as pessoas, o espírito de equipe e as comunicações são intensamente privilegiadas.

9. Ênfase nos princípios universais da administração, tal como foram formulados através do conceito tradicional.

9. Ênfase nos modernos conceitos da Teoria Administrativa e abertura para assimilação de novas idéias.

10. A organização mecanicísta funciona com um sistema mecânico, fechado, introspectivo, determinístico e racional, voltado para si mesmo e ignorando totalmente o que ocorre no ambiente externo que o envolve.

10. A organização orgânica funciona como um sistema vivo, aberto e complexo, extrovertido e voltado principalmente para sus interação com o ambiente externo.

2.1 - Os Novos Tempos - Imperativo Ambiental.

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Desenvolvimento Gerencial

♦ As condições externas do ambiente - tais como fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e tecnológicos - exigem modelos diferentes de organização empresarial com formatação contingencial em relação ao ambiente que a rodeia.

♦ A compreensão dos fatores ambientais passam a ser aferidos pelo Grau de Certeza relativo que a empresa tem sobre a dinâmica do ambiente que lhe serve de contexto e de entorno.

♦ Quanto maior a certeza, tanto maior será a previsibilidade sobre o ambiente. Quanto maior a incerteza, tanto maior será a imprevisibilidade - O Grau de Certeza está na cabeça dos administradores da empresa e não no ambiente em si.

♦ O Grau de Certeza depende basicamente dos seguintes componentes:

a) Clareza de Informação sobre o Ambiente - disponibilidade de informações claras sobre os eventos ambientais.

b) Relações Causais - entendimento das relações de causa-e-efeito a respeito de uma ação ou decisão da empresa sobre o ambiente.

c) Tempo de Retroação - a extensão do tempo necessário para conhecer o efeito de uma ação ou decisão da empresa sobre o ambiente.

♦ Quanto maior for a clareza das informações sobre o ambiente, quanto maior for o conhecimento das relações causais e quanto menor for o tempo de retroação, tanto maior será o grau de certeza da empresa sobre o ambiente externo.

Fig. 10 - O Imperativo Ambiental

2.1.1 - O Ambiente Geral ou Macroambiente.

♦ O ambiente geral é constituído de um conjunto amplo e complexo de condições e fatores externos que envolvem e influência difusamente todas as empresas. Não é uma entidade concreta com a qual a empresa possa interagir diretamente, mas um conjunto difuso de condições genéricas e externas às empresas e que contribui de um modo geral para tudo aquilo que ocorre dentro da empresa, para as estratégias adotadas e para as conseqüências das ações empresariais.

♦ O ambiente geral é constituído das seguintes variáveis:

a) Variáveis Tecnológicas;

b) Variáveis Políticas;

Ambiente Estável

Certeza e Previsibilidade

Organizações Mecanicístas

Burocracia

Ambiente Instável

Incerteza e Previsibilidade

Organizações Orgânicas

Adhocracia

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Desenvolvimento Gerencial

c) Variáveis Econômicas;

d) Variáveis Legais;

e) Variáveis Sociais;

f) Variáveis Demográficas;

g) Variáveis Ecológicas.

Fig. 11 - A Empresa como um Sistema Adaptativo.

2.1.2 - O Ambiente de Tarefa.

♦ É o meio específico da empresa que corresponde ao segmento do ambiente geral mais imediato e mais próximo da empresa. É constituído pelas outras empresas, instituições, grupos e indivíduos com quem a empresa mantém interface e entra em interação direta para poder operar. Ë o contexto ambiental mais próximo da empresa e que lhe fornece as entradas ou insumos de recursos e informações, bem como a colocação e distribuição de suas saídas ou resultados. O ambiente de tarefa é constituído pelas partes do ambiente que são relevantes para a empresa alcançar seus objetivos.

♦ O ambiente de tarefa é constituído de quatro setores principais:

a) Os consumidores ou usuários dos produtos e serviços da empresa (clientes da empresa);

b) Os fornecedores de recursos para a empresa (financeiros, materiais, humanos e de serviços);

c) Os concorrentes, tanto para mercados (clientes ou usuários) como para recursos (materiais, humanos, financeiros etc.);

d) Os grupos regulamentadores (governo, sindicatos, associações entre empresas, associações de classe).

EntradasMapeamento Perceptivo do

Ambiente

Variáveis

Ambientais:

(incontroláveis)

Tecnológicas

Políticas

Econômicas

Legais

Sociais

Demográficas

Ecológicas

(Ambiente geral)

Esforço Empresarial Controlável

(Ambiente Interno)

Resultados

Retroação da Informação

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Desenvolvimento Gerencial

♦ É no ambiente de tarefa que a empresa localiza seu “nicho ecológico” e desenvolve suas atividades. Em outros termos é no ambiente de tarefa que a empresa estabelece seu domínio.

♦ O domínio de uma empresa identifica os pontos em que ela depende de entradas do ambiente e os pontos de saída para o ambiente, podendo ambos serem diretamente ou indiretamente ligados entre si. O domínio significa área de poder e dependência de uma empresa em relação ao seu ambiente de tarefa.

♦ Existe um intricado jogo de poder e dependência entre as empresas. A estratégia empresarial geralmente busca maximizar o poder e minimizar a dependência em relação ao seu ambiente de tarefa.

2.1.3 - A Dinâmica Ambiental.

♦ O ambiente de tarefa pode ser caracterizado:

⇒ Quanto ao grau de diversidade dos componentes:

(Variação dentro de um continuum homogeneidade e heterogeneidade)

a) (+) homogeneidade - quando os clientes é fornecedores, agentes reguladores apresentam a mesma características, ou seja os clientes são homogêneos entre si, os fornecedores são homogêneos entre si, como o são os agentes reguladores. O ambiente de tarefa homogêneo é simples e pouco diferenciado.

b) (+) heterogeneidade - quando os clientes são altamente diferenciados entre si, o mesmo ocorrendo com fornecedores, os concorrentes e os grupos regulamentadores. Quanto maior a heterogeneidade do ambiente de tarefa, tanto maior a sua complexidade e diferenciação.

⇒ Quanto ao grau de estabilidade dos componentes:

(Variação dentro de um continuum estabilidade e instabilidade):(+) estabilidade - quando não há mudanças relevantes no comportamento dos clientes, nem dos fornecedores, nem dos concorrentes ou agentes reguladores. O ambiente de tarefa estável é conservador, previsível e rotineiro.

(+) instabilidade - também chamado (+) dinâmico, apresenta instabilidade no comportamento dos clientes, fornecedores, dos concorrentes e dos grupos reguladores. O ambiente de tarefa mutável é instável, dinâmico, imprevisível e turbulento, provocando incerteza nas empresas que lidam com ele.

Q. 07 - Variações do Continuum: Estabilidade-Instabilidade e Homogeneidade-Heterogeneidade.

Estático, rotineiro e previsívelTranqüilo e certo Clientes, fornecedores e concorrentes homogêneosEstável EstratificadoDinâmico DiversificadoInstável Diferenciado

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Desenvolvimento Gerencial

Perturbado e reativo Clientes, fornecedores e concorrentes heterogêneosTurbulento e imprevisível

Q. 08 - A Adaptação Empresarial ao Ambiente de Tarefa

Tipos de Ambiente

Ambiente Estável

Ambiente Instável

Ambiente Homogêneo

➘ Estrutura organizacional simples em face da simplicidade do ambiente.

➘ Reações pouco padronizadas ao ambiente por meio de regras e regulamentos de rotina.

➘ Os departamentos são aplicadores de regras e regulamentos.

➘ Estrutura organizacional simples em face da simplicidade do ambiente.

➘ Reações não padronizadas mas voltadas ao planejamento contingencial e à absorção da incerteza.

➘ Tomada de decisão descentralizada ao nível dos departamentos.

Ambiente Heterogêneo

➘ Estrutura organizacional complexa com várias divisões funcionais, cada uma correspondendo a um segmento do ambiente.

➘ Divisões de base geográfica ou semelhantes por causa da heterogeneidade ambiental.

➘ Estrutura organizacional complexa e diferenciada para lidar com a multivariados segmentos ambientais.

➘ Descentralização para lidar com a absorção da incerteza e planejamento contingencial descentralizado.

2.1.4 - Mapeamento Ambiental

♦ A complexidade e vastidão do ambiente externo, não permitem as empresas absorvê-lo, conhecê-lo e compreendê-lo em sua totalidade e variabilidade, o que poderia ser considerado inimaginável, surgindo então a necessidade de um mapeamento ambiental, ou seja as empresas precisam tatear, explorar e discernir o ambiente, para reduzir o nível de incerteza do seu espaço ambiental.

♦ O mapeamento ambiental esbarra em três dificuldades a saber:

a) Seleção Ambiental - As empresas não são capazes de compreender todas as condições variáveis do ambiente de uma só vez. Para lidar com essa complexidade, as empresas selecionam o seu ambiente e passam a visualizá-lo mais atente nos pontos críticos. É a chamada seleção ambiental: uma pequena parte de todas as inúmeras variáveis ambientais possíveis participa realmente do conhecimento e da experiência da empresa.

b) Percepção Ambiental - Por outro lado, as empresas percebem subjetivamente seus ambientes de acordo com suas expectativas, experiências, problemas, convicções e motivações. Em outros termos um mesmo ambiente pode ser percebido diferentemente por duas ou mais empresas. É a chamada percepção ambiental, que é uma construção, um conjunto de informações selecionadas e estruturadas em função da experiência anterior, das necessidades e das intenções da empresa, numa certa situação. As

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Desenvolvimento Gerencial

empresas incorrem, por vezes, em ignorar ou eliminar informações importantes e/ ou em imaginar ou inventar informações para preencher as lacunas existentes.

c) Consonância e Dissonância - Existe consonância quando as presunções da empresa a respeito do seu ambiente são confirmadas na prática e no cotidiano. Essa confirmação serve para reforçar ainda mais aquelas presunções. Com isto, a empresa mantém a coerência com seu comportamento. Para manter a consonância com o ambiente e a coerência com seu comportamento, as empresas adotam, como informação de referência, o resultado da elaboração lógica de outras informações anteriores tomadas como reais e verdadeiras. Cada informação recebida do ambiente é comparada com essas deduções anteriores. Se a comparação revela algum forte desvio ou incoerência, a empresa tende a restabelecer o equilíbrio desfeito, seja modificando suas crenças anteriores ou desacreditando da nova informação recebida. O processo de redução da dissonância nada mais é do que a tentativa de restabelecer a consonância.

2.1.5 - Análise Ambiental.

♦ Ao lidar com o ambiente a empresa passa a lidar com a incerteza e com a imprevisibilidade. Assim o conhecimento objetivo do ambiente é fundamental para o processo estratégico, no sentido de obter a adequada compatibilização entre a empresa e as forças externas que a afetam direta ou indiretamente, suas estratégias, estrutura, recursos, planos, procedimentos, operações, entradas, saídas etc.

♦ A análise ambiental é o estudo das diversas forças do ambiente, as relações entre elas no tempo e seus efeitos reais ou potenciais sobre a organização.

♦ O reconhecimento do ambiente de tarefa corresponde ao primeiro passo de uma análise ambiental, ou seja identificar:

a) Quais são os clientes (reais e potenciais) da empresa?

b) Quais os fornecedores (reais e potenciais) de seus recursos?

c) Quais os concorrentes para suas entradas e saídas?

d) Quais as agências regulamentadoras (reais e potenciais)?

♦ Cada um desses elementos do ambiente de tarefa pode ser uma organização, um grupo, uma instituição ou um indivíduo. Se cada um desses elementos relevantes para empresa é, ou poderá ser, uma oportunidade ou uma ameaça, dependerá do papel que ela desempenha neste ambiente.

Q. 09 - A Influência das Forças Ambientais.

Facilidade de IncentivosOportunidades

Influências Positivas Condições FavoráveisNeutralidade Condições Neutras, Indefinidas, Ambíguas

Influências Negativas Restrições e Limitações

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Desenvolvimento Gerencial

Contingências ImprevisíveisCondições DesfavoráveisProblemas e DesafiosCoações, Pressões, AmeaçasHostilidade Ambiental

2.2 - A Tecnologia e sua Administração.

♦ A tecnologia é algo que se desenvolve predominantemente nas empresas por meio de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre tarefas (Know-how) e pelas manifestações físicas decorrentes - máquinas, equipamentos, instalações, constituindo um enorme complexo de técnicas usadas na transformação dos insumos recebidos em resultados, isto é em produtos ou serviços que são colocados no ambiente de tarefa.

♦ A tecnologia empresarial abrange todos os conhecimentos técnicos, patenteados ou não , fórmulas, manuais, planos, projetos, marcas, bem como métodos de direção e de administração, procedimentos técnicos, métodos e processos de operação, conhecimentos técnicos normalmente requeridos para montar e operar instalações produtivas e o próprio conhecimento para selecionar e escolher tecnologias variadas, estudos de análise econômica, financeira, mercadológica etc.

♦ A tecnologia envolve aspectos físicos e concretos (hardware) - como máquinas, equipamentos, instalações, circuitos etc. - bem como aspectos conceituais ou abstratos (software) - como políticas, diretrizes, processos, procedimentos, regras e regulamentos, rotinas, planos, programas e métodos de trabalho.

♦ É comum alguns autores mencionarem tecnologias de capital intensivo(baseadas na utilização intensiva de máquinas e equipamentos, com ênfase na mecanização) e tecnologia de mão-de-obra intensiva (baseada na utilização intensiva de pessoas com habilidades manuais ou físicas e com ênfase na manufatura).

Fig. 12 - Impacto Relativo dos Fatores Humanos e Tecnológicos.

Fatores Tecnológicos

Fatores Humanos

FatoresTecnológicos

Fatores Humanos

Fatores Tecnológicos

Fatores Humanos

Operação de Mão-de-Obra

Intensiva

Exemplos:Construção Civil

Montagens Manuais

Operação de Tecnologia

Intensiva

Exemplos:Petroquímica

Refinarias de PetróleoProdução de Cimento

Operação de Média

Tecnologia

Exemplos:Injeção de plásticos

Crediário e Cobrança

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Desenvolvimento Gerencial

♦ De acordo com o arranjo e disposição na empresa, a tecnologia pode ser classificada em:

a) Tecnologia em Elos de Seqüência - é a tecnologia baseada na interdependência serial das tarefas necessárias para completar um produto ou serviço. É o caso da linha de montagem típico da produção em massa.

➘ Tarefas Relacionadas Serialmente

① ② ③ ④ Produto Final.

➘ A repetição dos processos produtivos proporciona a experiência como meio de eliminar as imperfeições na tecnologia; a experiência pode levar a modificações do maquinário e proporcionar a base de uma manutenção corretiva programada. A repetição significa que os movimentos humanos podem também ser examinados por meio de treinamento e prática, reduzindo os erros e perda de energia a um mínimo.

b) Tecnologia Mediadora - é a tecnologia utilizada por empresas cuja função básica reside na ligação de clientes que são ou desejam ser interdependentes ou interrelacionados. É o caso dos bancos comerciais (que ligam os depositantes de dinheiro com aqueles que o desejam tomar emprestado), das companhias telefônicas (que ligam aqueles que querem chamar com os que querem ser chamados a conversar).

➘ A complexidade da tecnologia mediadora reside no fato de requerer um funcionamento que considere as diferentes modalidades padronizadas distribuídas extensivamente, envolvendo clientes ou compradores múltiplos espalhados no tempo e no espaço.

➘ Um banco comercial, por exemplo, deve encontrar e conjugar depósitos de diversos depositantes; mas, por mais diferentes e diversificados que sejam os depositantes, a transação deve corresponder aos termos padronizados e procedimentos rotinizados de escrituração e contabilização bancária uniformes. Por outro lado, é preciso encontrar também aqueles clientes que querem tomar dinheiro emprestado; mas, não importa quão variados os seus desejos ou necessidades, os empréstimos precisam ser feitos de maneira uniforme. A padronização permite o funcionamento da tecnologia mediadora pelo tempo e através do espaço assegurando a cada segmento da empresa que os outros segmentos estão funcionando de maneiras compatíveis.

Fig. 13 - Tecnologia Mediadora.

c) Tecnologia Intensiva - é a tecnologia que representa a focalização e convergência de uma ampla variedade de habilidades e especializações da empresa sobre um único cliente. A empresa emprega uma variedade e heterogeneidade de técnicas, para

EMPRESA MEDIADORA

Cliente

Cliente

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Desenvolvimento Gerencial

conseguir uma modificação em algum objeto específico, e a seleção, combinação e ordem de aplicação dessas técnicas são determinadas pela retroação (feedback) fornecida pelo próprio objeto.

➘ O hospital representa um exemplo deste tipo de empresa, assim como a indústria de produtos de grande porte (como navios) e a pesquisa e desenvolvimento.

➘ A tecnologia intensiva requer a aplicação de parte ou de toda a disponibilidade das aptidões potencialmente necessárias, dependendo da correta combinação, conforme sejam exigidas pelo caso ou pelo projeto individual.

Fig. 14 - A Tecnologia Intensiva.

Q. 10 - A Tipologia de Tecnologias segundo Arranjo da Empresa.

Tecnologia Principais Características

Elos em Seqüência

➘ Interdependência serial entre as diferentes tarefas.➘ Ênfase no produto.➘ Tecnologia fixa e estável.➘ Repetitividade do processo produtivo, que é cíclico.➘ Abordagem típica da Administração Científica.

Mediadora

➘ Diferentes tarefas padronizadas são distribuídas, extensivamente, em diferentes locais.

➘ Ênfase em clientes separados, mas interdependentes, que são mediados pela empresa.

➘ Tecnologia fixa e estável, produto abstrato.➘ Repetitividade do processo produtivo, que é padronizado e

sujeito a normas e procedimentos.➘ Abordagem típica da Teoria da Burocracia.

Intensiva

➘ Diferentes tarefas são focalizadas e convergidas sobre cada cliente tomado individualmente.

➘ Ênfase no cliente.

Serviços e Técnicas Especializadas

Cliente

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Desenvolvimento Gerencial

➘ Tecnologia flexível.➘ Processo produtivo envolvendo variedade e

heterogeneidade de técnicas que são determinadas por meio da retroação fornecida pelo próprio objeto (cliente).

➘ Abordagem típica da Teoria da Contingência.

♦ De acordo com o produto ou resultado, a tecnologia pode ser classificada de duas maneiras. A primeira é quanto a sua flexibilidade:

a) Tecnologia Flexível : ocorre na medida em que as máquinas e os equipamentos, as matérias-primas e o conhecimento podem ser usados para outros produtos ou serviços diferentes. É quando a tecnologia deve adaptar-se às demandas dos produtos ou serviços a serem executados, como no caso das oficinas.

b) Tecnologia Fixa : é a tecnologia que não permite utilização em outros produtos diferentes. É o caso em que a empresa precisa escolher ou adaptar os produtos ou serviços à tecnologia de que dispõe. Alguma modificação exigirá elevadas somas de investimento. As siderúrgicas e a grande maioria das indústrias químicas constituem exemplos de tecnologias fixas.

♦ A segunda é quanto ao seu produto ou resultado:

a) Produto Concreto: é o produto que pode ser descrito com grande precisão, identificado com grande especificidade, medido e avaliado. Ë o produto fisicamente palpável.

b) Produto Abstrato : é o produto ou serviço que não permite descrição precisa, nem identificação e especificação adequadas. É o produto ou serviço que não tem correspondente físico ou concreto capaz de permitir uma dimensão descritível ou perfeitamente identificável.

♦ Assim, de acordo com sua flexibilidade e de acordo com o tipo de produto que ela permite produzir, a tecnologia pode se apresentar em quatro tipos diferentes:

a) Tecnologia Fixa e Produto Concreto: típica de empresas onde as possibilidades de mudanças são muito pequenas e mesmo difíceis.

➘ A grande preocupação reside na possibilidade de que o mercado venha a rejeitar ou dispensar o produto oferecido pela empresa.

➘ A estratégia global da empresa procura enfatizar a colocação ou a distribuição do produto, com especial reforço na área mercadológica da empresa. O exemplo típico são as empresa do ramo automobilístico.

b) Tecnologia Fixa e Produto Abstrato: a empresa é capaz de mudar , embora dentro de limites impostos pela tecnologia fixa ou inflexível.

➘ A estratégia global da empresa procura enfatizar a obtenção do suporte necessário para a mudança. Assim, as partes do ambiente de tarefa precisam ser influenciadas para que aceitem os novos produtos ou serviços que a empresa deseja oferecer.

➘ O exemplo típico são instituições educacionais baseadas em conhecimentos altamente especializados e que oferecem curso variados.

c) Tecnologia Flexível e Produto Concreto: a empresa pode efetuar com relativa facilidade mudanças para um produto novo ou diferente, por meio da adaptação de máquinas e equipamentos, técnicas, conhecimentos, pessoal etc.

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Desenvolvimento Gerencial

➘ A estratégia global enfatiza a inovação por intermédio da pesquisa e do desenvolvimento, isto é , a criação constante de produtos.

➘ O exemplo típico são as empresa do ramo de plásticos, de equipamento eletrônicos, tremendamente sujeitas a mudanças e a inovação tecnológicas, fazendo com que as tecnologias adotadas sejam constantemente reavaliadas e modificadas ou adaptadas.

d) Tecnologia Flexível e Produto Abstrato - encontrada em empresas com grande adaptabilidade ao meio ambiente.

➘ A estratégia global enfatiza a obtenção do consenso externo em relação ao produto ou serviço a ser oferecido ao mercado (consenso de clientes) e aos processos de produção (consenso dos empregados), já que as possibilidades de mudanças são muitas e o problema maior da empresa reside na escolha entre qual a alternativa mais adequada entre elas.

➘ O exemplo típico são as empresas de propaganda e de relações públicas, as empresas de consultoria administrativa, de consultoria legal, de auditoria etc.

Q. 11 - Matriz de Tecnologia/Produto.

PRODUTOCONCRETO ABSTRATO

➘ Poucas possibilidades de mudanças: pouca flexibilidade.

➘ Estratégia voltada para a colocação do produto no mercado.

➘ Ênfase na área mercadológica da empresa.

➘ Receio de ter o produto rejeitado pelo mercado.

➘ Algumas possibilidades de mudanças , dentro dos limites impostos pela tecnologia.

➘ Estratégia voltada para a obtenção da aceitação de novos produtos pelo mercado.

➘ Ênfase na área de mercadológica (especialmente promoção e propaganda).

➘ Receio de não obter o suporte ambiental necessário.

➘ Mudanças relativamente fáceis nos produtos, por meio da adaptação ou mudança tecnológica.

➘ Estratégia voltada para a inovação criação constante de novos produtos ou serviços.

➘ Ênfase na área de pesquisa e desenvolvimento.

➘ Grande adaptabilidade ao meio ambiente: grande flexibilidade.

➘ Estratégia voltada para a obtenção de consenso externo (quanto aos novos produtos) e consenso interno (quanto aos novos processos de produção).

➘ Ênfase nas áreas de pesquisa e desenvolvimento (novos produtos e novos processos), mercadologia (consenso de clientes) e recursos humanos (consenso de colaboradores)

♦ Do ponto de vista da maneira de produzir, a tecnologia pode ser classificada em três tipos:

TECNOLOGIA

FIXA

FLEXíVEL

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Desenvolvimento Gerencial

a) Produção Unitária ou Oficina: onde a produção é feita por unidades ou por pequenas quantidades, cada produto a seu tempo, sendo modificado à medida que é realizado o trabalho.

➘ O processo produtivo é menos padronizado e automatizado.➘ É o caso da produção de navios, geradores e motores de grande porte, aviões

comerciais, locomotivas etc.

b) Produção em Massa ou Mecanizada : onde a produção é feita em grandes lotes e em grande quantidade.

➘ O processo produtivo é mais padronizado e as máquinas são operadas em pelos funcionários.

➘ É o caso das montadoras de automóveis e da produção eletro-eletrônicos.

c) Produção em Processo ou Produção Automatizada: onde a produção é realizada dentro de um processamento contínuo em que um ou poucos operários monitoram um processo total ou parcialmente automatizado de produção.

➘ É o caso da produção química, petroquímica, siderúrgica etc.

Q. 12 - Tecnologia e suas Previsibilidades e Conseqüências:

Tecnologia de Produção

Previsibilidade das Técnicas de

Produção

Número de Níveis

Hierárquicos

Grau de Padronização e

Automação

Unitária (oficina) Baixa Menor Menor

Massa (mecanizada) Média Médio Médio

Contínua (automatizada) Alta Maior Maior

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