Akademicos 54

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págs. 4 e 5 Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1429, de 01 de Dezembro de 2011 e não pode ser vendido separadamente. Pedro Fernandes No 5 para a meia noite temos liberdade para fazer tudo págs. 6 e 7 54 Promover a inclusão págs. 4 e 5 Ilustração Daniel Neves

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Edição 54 Jornal Akadémicos

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págs. 4 e 5

Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1429, de 01 de Dezembro de 2011 e não pode ser vendido separadamente.

Pedro FernandesNo 5 para a meia noite temos liberdade para fazer tudo

págs. 6 e 7

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Promovera inclusãopágs. 4 e 5

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Será a palavra certa “diferente”?

Falar sobre a deficiência parece estar na moda. Como parece que, de repente, passámos a ver o que até aqui era invisível… ou será invisual? Ou será que se diz cego? E aqueles que acreditam na força das pala-vras juntam-se a Eugénio de Andrade…

Impróprias, politicamente correctas… na moda… difíceis… as palavras que usamos para falar de assuntos que nos tocam ou nos perturbam. E a dúvida instala-se. Mas afinal, como falar de algo que é ainda tabu ou sim-plesmente desconfortável? Quem nos ensina a falar sobre o que parece dizer respeito apenas aos outros?

Os tempos estão mudados. Os meninos com deficiência estão agora “integrados” no sistema de ensino regular e são eles próprios os agentes dessa mudança. E é na infância que se aprende a falar… com e sobre… os outros. “Mãe, na minha sala há uma menina cega.” E a mãe estremece. “Cega”? Não será melhor dizer “invisual”? “Não mãe! Ela é uma menina cega. Ela vê, só que não usa os olhos, mas quer ser vista. Usa as mãos, os ouvidos e todos os outros sentidos.” E as-sim se escreve o futuro! Um futuro em que a deficiência não é tida como um fardo; apenas como uma diferença. Um futuro em que as pessoas deixam de ser “portadoras de defi-ciência” para aligeirarem o fardo do estigma que a sociedade lhes impõe pela ignorância ou simples indiferença. Um futuro também em que cada um se assume como responsáv-el pela integração do outro, no respeito e na garantia de igualdade de condições, direitos e deveres. Esta perspectiva de co-respon-sabilização social, alicerça-se na CIF – Clas-sificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS 2001), também ela um contributo para uma maior adequação terminológica no momento de descrever, avaliar e medir a saúde e a incapacidade. E cada palavra conta, quando se luta por um lugar no mundo.

E mais uma vez, é na escola que se es-creve o futuro. Aí, numa outra sala, aparece alguém que não fala, apenas porque não ouve. Mas não é que seja mudo e muito menos “surdo-mudo”. Tem o “grito da gaivota” que se traduz em sons e gargal-hadas e num agitar de asas que corta o ar de forma graciosa e eloquente. Os meninos Surdos falam… mas fazem-no com as mãos. Têm uma língua – a língua gestual – com uma gramática, e com toda a riqueza que a Cultura Surda lhe confere. Eles apenas são diferentes e têm orgulho dessa diferença!

Ter orgulho de sermos quem somos é a maior riqueza que podemos ter. É aceitar quem somos e olhar o outro como nosso igual. É abandonar o estereótipo do coita-dinho acometido pela desgraça ou do herói que se supera nessa mesma infelicidade. É chamar cada coisa pelo seu nome… e não ter medo de o fazer! Sou deficiente, sim! Mas sou quem sou! E sou feliz!

MÚSICA4 Dezembro 21h30 · Teatro José Lúcio da Silva

CIClo Beethoven Integral das sinfonias e dos

concertos para piano de Bee-thoven. Este é o terceiro de uma

série de concertos que a Orquestra Filarmónica das Beiras apresentará, inserido no ciclo Beetho-ven, onde serão apresentadas Aberturas, a integral das nove Sinfonias e dos cinco Concertos para Piano, a Fantasia Coral, o Triplo Concerto para violino, violoncelo, piano e orquestra. Algumas destas compilações serão executadas por alguns dos principais pianistas portugueses. Para ver no Teatro José Lúcio da Silva.

MÚSICA8 Dezembro · Campo Pequeno

the SMAShIng PuMPkInS O grupo de grande sucesso dos anos 90,

regressa a Portugal depois de terem passado pela primeira edição do festival Optimus Alive em 2007 para apresentar o seu álbum Zeitgeist. A banda americana irá encerrar a sua digressão em terras lusitanas e o concerto no Campo Pe-queno será o último da sua tour europeia para dar a conhecer o novo álbum “Oceania” (que sairá oficialmente em 2012). Devido à lotação esgotada para este dia, os The Smashing Pum-pkins, decidiram dar um espectáculo extra no dia seguinte, no mesmo local.

Bilhetes entre 25€ e 35€

DAnçA15 Dezembro 21h30 · Teatro José Lúcio da Silva

lAgo DoS CISneSO Lago dos Cisnes foi interpretado pela primeira

vez em 1877, no Teatro Bolshoi, em Moscovo, sendo actualmente considerado o mais espectacular dos bailados clássicos. Narra uma história de um prínci-pe que na sua busca pela mulher ideal se apaixona pela suavidade e encanto de um cisne, que é na rea-lidade a transfiguração de uma princesa encantada. A interpretação é da companhia Russian Classical Ballet. No Teatro José Lúcio da Silva.

MÚSICA9 Dezembro 21h30 CCC Caldas da Rainha: Grande Auditório.

hArleM goSPel ChoIrGrupo de gospel norte-americano que, nos

seus 25 anos de existência, actuou perante figuras carismáticas como Nelson Mandela, Papa João Paulo II e Barack Obama. O seu estilo, o gospel, é um tipo de música de devoção mas acima de tudo de celebração. Temas como I believe I Can Fly, Amazing Grace, Oh Happy Day, Silent Night e We Wish You a Merry Christmas, entre muitos outros, são interpretados com alma e paixão envolvendo-nos num clima vivo e festivo. É um espectáculo de Natal perfeito para toda a família. CCC Caldas da Rainha: Grande Auditório.

exPoSIçõeSAté 7 de Janeiro · M|i|Mo

ProvAS De Cor - exPoSIção De Arte ConteMPorâneA

A Fundação EDP apresenta no m|i|mo mais uma selecção da sua colecção de arte. As obras de pintu-ra, escultura, desenho e vídeo escolhidas, exploram valores de luz/cor, essenciais ao desenvolvimento mais contemporâneo da fotografia e do cinema e, evidentemente, à própria prática da arte. Luz/cor constitui o par inseparável que aqui se revela, através de sucessivas e diversificadas experiências, desenvolvidas no percurso desta exposição. No M[i]Mo Museu de Imagem em Movimento.

Josélia neves

Pág. 8*Docente da ESECS–IPL

AABRIR

NãopeRkAsAndreia PereiraSara Silva

DiretorJosé Ribeiro [email protected]

Diretor AdjuntoJoão Nazá[email protected]

Coordenadores PedagógicosCatarina [email protected]

Paulo [email protected]

Apoio à ediçãoAlexandre [email protected]

Departamento gráficoJorlis - Edições e Publicações, LdaIsilda [email protected]

Maquetização e Projeto gráficoLeonel Brites – Centro de Recursos Multimédia ESECS–[email protected]

Secretariado de redaçãoDaniel Sousa e Filipa Araújo

redação e colaboradoresAndreia Pereira, Ana Filipa Ribeiro,Ana Neves, Bárbara Jorge, Daniel Neves, Daniel Sousa, David Francisco,David Agostinho, Gonçalo Dourado,Jéssica Santos, João Peixoto,Margarida Gaspar, Pedro Rodrigues,Rebéca Silva, Ricardo Rampazzo,Rita Amaral, Sara Silva.

Presidente do Instituto Politécnico de leiriaNuno [email protected]

Diretor da eSeCSLuís Filipe [email protected]

Diretora do Curso de Comunicação Social e educação MultimédiaAlda Mourã[email protected]

Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPL e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.

[email protected]

São como um cristal,as palavras.Algumas, um punhal,um incêndio.Outras,orvalho apenas.

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01 dezembro 20113

A Rede Iberoamericana de Animação Socio-cultural é uma rede que reúne instituições públi-cas e privadas e pessoas que trabalham na área da animação com o intuito de as colocar a trocar experiências e a partilhar projetos. Esta rede está presente em Espanha, Bolívia, Peru, Chile, Ar-gentina, Brasil, Colômbia e Venezuela. Chegou a Portugal este ano, instalada em Castelo Branco e recentemente em Leiria pela mão das professo-ras Jenny Sousa, Ana Fontes, Maria São Pedro Lopes e pelas ex-alunas de Animação Cultural Margarete Arcanjo e Flávia Martins.

Jenny Sousa explica que “a RIA funciona como uma plataforma que representa e tenta tornar visí-veis os vários trabalhos que são feitos a nível da ani-mação nos diversos contextos” e que irão trabalhar em equipa no sentido de “apurar interesses e neces-sidades” de quem está na área e, de alguma forma, precisa de ajuda para desenvolver ou mostrar o seu trabalho.

A RIA em Leiria conta já com parceiros como o

IPL, nomeadamente a ESECS, a Câmara Munici-pal de Leiria e a Casa Museu João Soares. Define--se como “um núcleo” e aceita sócios e pessoas que se queiram juntar à rede, expressa a coordenadora Jenny Sousa. Os sócios têm vantagens como bol-sas de emprego, bolsas de estudo e de intercâmbio, cursos de formação profissional e descontos, e têm uma cota anual de 20 euros, caso seja individual, e de 40 euros, se for uma entidade, completa a pro-fessora Ana Fontes.

Margarete, uma das ex-alunas que integrou o projeto, acabou o curso de Animação Cultural no ano passado e refere que quando surge uma pro-posta destas “é logo de aceitar, nem que seja pela experiência de começar a conhecer e de aprender como é que funcionam as coisas na realidade”.

Jenny Sousa termina dizendo que o projeto do próximo ano Rostos: As pessoas e a Cidade está em desenvolvimento, sublinhando a disponibilidade “para apoiar os alunos de qualquer curso a pôr em prática os seus projetos”. k

O início do ano letivo fica marcado pela apli-cação, nas escolas do Instituto, do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A decisão do IPL de começar a usar o acordo no presente ano letivo teve por base a Resolução do Conselho de Ministros publicada em Diário da República que determina a sua aplicação ao sistema de ensino em 2012. Para Ricardo Vieira, professor coordenador com agregação, “a escola executou aquilo que me parece uma obrigação do funcionalismo público, a escola é uma instituição pública, como tal é umas das instituições que o estado tem para normalizar a língua. A língua é o principal instrumento de co-municação e de construção da identidade cultural e da equação de uma cultura”.

As reacções são diversas. Sara Lopes, docen-te, refere que “é uma mudança e como qualquer mudança traz sempre vozes discordantes, críti-cas, desconhecimento e uma tentativa de dilatar o processo.” No IPL as ‘vozes discordantes’ ten-tam, mesmo que contrariadas, seguir a medida imposta, como é exemplo o aluno de Comunica-ção Social e Educação Multimédia, José Durão que exclama: “por muito que me irrite, e acredita que me irrita bastante, tenho usado o acordo”. Muitos são também os que ainda não o usam a

cem por cento. Liliana Batista, aluna de Educa-ção Básica, diz, por exemplo, apenas aplicar nos trabalhos. João Mercúrio, aluno de Desporto e Bem-Estar considera que “deve haver um tempo de adaptação”. Os alunos não estão habituados e «do nada» têm de escrever de outra maneira”, reforça ainda Sérgio Fidalgo, aluno de Animação Cultural.

Ao contrário dos alunos, os docentes estão mais empenhados em enfrentar o desafio. “Te-nho procurado aplicar o acordo nas minhas au-las, nos meus textos, nos meus diapositivos, mas ainda encontro muitas marcas do passado”, con-fessa a docente Maria José Gamboa.

Todas as línguas estão em constante mudança, e como refere Ricardo Vieira, “nenhuma mudan-ça é fácil”, principalmente neste caso porque “as pessoas aprendem a escrever de uma forma tão incorporada que depois quando o fazem nem es-tão a pensar no que escrevem, fazem-no automa-ticamente. Mas acredito que, como hoje ninguém escreve farmácia com «ph», daqui a dez anos con-sigamos perder aqueles «c’s», aqueles «p’s»”.

Para apoiar a aplicação do Acordo, o Instituto disponibiliza mais informação e ligações externas em: www.acordo.ortografico.ipleiria.pt. k

rIA chega a leiria

novo ano letivo,novo acordo ortográfico

Texto Ana Filipa RibeiroFotografia Ana Camponês

Texto Jessica Santos e Margarida Gaspar

‘Natal é quando um homem quiser’, lá diz o ditado. Nunca concordei com esta frase popu-larucha que assenta na teoria de que não existem datas precisas para determinadas comemorações.

Alguém decretou o 25 de Dezembro, celebração do nascimento da figura mais pop da História, como o dia do amor, da partilha, da família e da solidariedade, mas o tempo e a gloriosa civilização moderna encarregaram-se de certificar o evento como a maior estratégia de marketing alguma vez pensada e explorada.

Perdeu-se a tradição, perdeu-se o momento, perdeu-se o brilhantismo. Sim, porque o Natal afinal começa em Outubro. Quem o diz não sou eu, é a minha caixa do correio. Coitada, bombardeada por publicidade de artigos natalícios de toda a espécie! As árvores de natal já são presença em algumas superfícies comerciais. O vermelho, as estrelinhas, já adornam montras. Uma clara derrota para S. Martinho que vê as suas castanhas assadas sob a supervisão do Pai Natal.

Não entendo nem concordo com a agressivi-dade comercial que os grandes grupos económicos nos impigem, sobretudo as grandes superfícies. Temos a sensação de que se dedicaram recente-mente a uma intrépida corrida para publicitar a temporada natalícia; como se o primeiro a enfeitar a loja com adornos, a elaborar catálogos com pro-moções, e a passar as habituais bandas sonoras, cativasse mais público.

E claro, toca a publicitar brinquedos com força! Pois, sabemos bem que a criança que abrir o cor-reio irá fazer a birrinha, resultando no arrastamento dos pais até à loja para fazer a vontade ao petiz. Questiono-me se as crianças ainda farão as listas de pedidos de natal que caracterizaram a minha infância? Tão terno recordar a prática de escrever uma cartinha ao pai natal, com a nossa melhor caligrafia a pedir paz, amor e saúde para o mundo e acrescentar: ‘como me portei bem durante o ano, se puder ser, queria também um Action Man e uma caixa de Legos’…velhos tempos. Atrevo-me a um palpite: hoje em dia, o pedido de paz no mundo não constitui uma preocupação para a criança e a lista transformou-se em exigência de uma pequena vítima inconsciente duma coisa chamada consum-ismo, eventualmente publicada no Facebook.

Não revelo aqui nada de novo, a exploração das festividades por parte dos interesses económicos corrompem a magia que atribuímos aos eventos. Mas é chocante começar a ouvir falar ou ler sobre o Natal em Outubro. Torna-se desgastante. Chega-mos ao 25 de Dezembro com a sensação de alívio por estar a encerrar um processo que se arrasta há meses. Valha-nos a felicidade de um serão em paz com a família unida, isto, enquanto a indústria noc-turna e hoteleira não derem também cabo dessa tradição. Triste é pensarmos que a manter-se a guerra da concorrência, a médio prazo, estaremos esticados no areal duma praia algarvia em Agosto a mirar uma avioneta apelando à campanha de na-tal de brinquedos de um qualquer supermercado. Rendam-se às evidências: a Leopoldina e a Po-pota em breve destronarão o Pai Natal! Estratégia descabida, se tivermos em conta o hábito bem por-tuguês de deixar tudo para a última hora, inclusive a compra de prendas de Natal, como testemunham as romarias aos shoppings do dia 24.

Chamem-me antiquado, mas respiro um franco saudosismo pelo respeito ao calendário. Quero o Natal de volta! E em Dezembro! k

natal fora de época

káeNtReNósDavid Francisco

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O Instituto Politécnico de Leiria (IPL) pre-para um ano especial. O ano de 2012 será dedi-cado à inclusão. Sob a temática ‘IPL inclusivo’, estão preparadas iniciativas para tornar o IPL “numa instituição acessível a todos, onde seja possível uma inclusão plena” refere Célia Sou-sa, coordenadora do CRID - Centro de Recur-sos para a Inclusão Digital. Conforme explica, o IPL inclusivo é “um projeto amplo e vai além da ideia da instituição ser um local onde as pes-soas com deficiência possam estar. O projeto é, não só permitir aos nossos alunos que tenham necessidades especiais a obtenção das condições necessárias para frequentar o IPL, mas também sensibilizar toda a comunidade académica, alu-nos, professores, funcionários, para que se torne uma filosofia do próprio instituto”.

A inclusão social é um conjunto de ações e medidas desenvolvidas, com o intuito de com-

bater a marginalização de pessoas de diferen-tes classes sociais, ra-ças, origem geográfica e, sobretudo, pessoas portadoras de deficiên-cia. Com o objetivo de diminuir estas diferen-

ças, foi criado, no ano de 2006, o CRID, sedia-do na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS). O centro destina-se a integrar todos os alunos na comunidade académica e dar a oportunidade a todos de terem contacto com os meios digitais e tecnológicos a que uma pessoa dita “normal” tem acesso diariamente, constituindo-se como um dinamizador da sen-sibilização. Como refere Célia Sousa, “o CRID fez olhar para estas questões da deficiência, das necessidades especiais, de modo diferente que a Instituição antes não olhava.”

Encontramos, no CRID, várias pessoas com deficiências, como Edgar. Com 27 anos, fre-quenta o Centro duas vezes por semana. Lá, faz a sua revista, adaptada a pessoas com baixa visão. No CRID obtém, para além da compa-nhia, a certeza de que poderá continuar a utili-zar o computador para produzir as suas revistas e, quem sabe, cumprir o seu sonho de escrever uma telenovela.

Projetos em cursoNeste momento, o CRID abraça dois projetos

de grande envergadura e impacto social: a cam-panha Mil brinquedos, Mil sorrisos e a II Gala de Inclusão, a realizar no próximo dia 3 de dezem-bro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiên-cia, no Teatro José Lúcio da Silva.

A campanha Mil brinquedos, Mil sorrisos, “é um projeto que mobiliza, para além da socieda-de civil, a comunidade escolar para a recolha de brinquedos. É necessário uma vasta equipa para a execução desta campanha: desde a recolha,

limpeza e seleção dos brinquedos, até a um gru-po de alunos, professores e técnicos para a adap-tação final. Esta campanha só é possível graças a este grandioso trabalho em equipa”, explica Célia Sousa. A campanha passou recentemente as fronteiras nacionais e, através da Segurança Social de Leiria, recebeu um pedido de auxílio do Governo de Cabo Verde, para a cedência de brinquedos adaptados.

A gala permite galardoar pessoas em diferen-tes áreas no âmbito da inclusão. A primeira edi-ção deste evento galardoou os alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) que há muito se dedicaram a adaptar os brinquedos, juntamente com os professores. Este ano, refere Célia Sousa, “o mérito regional vai para a Asso-ciação João Paulo II, sediada em Fátima, a única associação do país que recebe crianças deficien-tes abandonadas”. Ainda sobre a Gala deste ano, Célia Sousa refere o esforço dos meios de comu-nicação social, dando um especial ênfase à TVI, galardoada pela emissão de uma reportagem re-lacionada com a deficiência.

A coordenadora do CRID relembra ainda que “todos somos potenciais portadores de uma deficiência. Basta um acidente, uma doença. A gala já começa a mexer um pouco com a men-talidades das pessoas”. Mas, como sublinha: “é um processo que não se faz num dia, já estamos há seis anos a tratar disto”.

Os projetos do CRID não se limitam exclusi-vamente ao universo IPL. Estes estão presentes por toda a comunidade leiriense. “Nós tentámos mudar algumas coisas na cidade: a junta de fre-guesia já tem o boletim informativo em braile, algumas empresas têm o projeto para revistas em braile tal como a disponibilização em brai-le do Jornal de Leiria na Biblioteca Municipal”. São pequenas atitudes que “aos poucos, tentam mudar a sociedade que nos rodeia. Como é lógi-co, nunca haverá inclusão plena. Haverá sempre lacunas difíceis de colmatar”, refere.

kApA

UM IPL PARA TODOS texto: Daniel Sousa e Pedro Rodrigues

Todos diferentes, todos iguais. Com o intuito de combater diferenças e tornar o ensino acessível a toda a comunidade, o IPL prepara um ano dedicado à inclusão social.

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Da mobilidade à mentalidadeExistem muitos fatores que impedem estes ci-

dadãos de se integrarem, sendo que o principal é a falta de material adequado/adaptado para as necessidades de cada um. No caso das pessoas com deficiência motora, as barreiras físicas são um grande entrave na locomoção. Atento a es-sas necessidades, Célia Sousa refere que o IPL “elaborou um relatório para averiguar os pro-blemas de mobilidade existentes”. Já são visíveis algumas alterações físicas na escola, para facili-tar a mobilidade dentro do complexo, mas Célia Sousa refere, por exemplo, que ainda há lacunas na ESECS, por ser a escola mais antiga, os seus acessos são muito difíceis”.

Nuno Henriques, docente na ESECS e jor-nalista há mais de dez anos, refere que, apesar da sua condição física, nunca deixou de realizar as suas atividades. Não encontra grandes dificul-dades nos acessos à ESECS, embora também re-conheça que poderia haver melhorias: “O edifí-cio novo dos professores é um exemplo de um problema da escola. Já tive de pedir para mudar uma reunião de sítio por não conseguir subir

aquelas escadas, são muito íngremes.” A questão das acessibilidades estende-se, aliás, à própria cidade. Nuno Henriques refere, por exemplo, o Tribunal, onde, apesar da rampa construída à entrada, “continua a ser difícil aceder aos pisos de cima”.

À excepção deste confronto com uma ou out-ra barreira física, Nuno Henriques refere sentir-se integrado e nunca ter sido tratado de maneira diferente. Mas nem sempre é assim. Como ex-plica Célia Sousa, além das dificuldades físicas, existe por vezes a “barreira psicológica, presente nas cabeças de todos nós”. Nesse sentido, o pro-jeto IPL inclusivo envolve também o desenvolvi-mento de acções de sensibilização: “Estamos a tentar, para o ano, desenvolver alguns projetos como pedipapers, atividades que envolvam os alu-nos, para que os alunos passem para os outros alunos e assim sucessivamente. Este ano, o obje-tivo é a sensibilização de toda a área académica para a questão” refere a coordenadora do CRID. Como explica, “a inclusão vai mais além do que a integração, é uma mudança de mentalidades é uma filosofia de vida”. k

Situado no sétimo piso do centro comercial D. Dinis, o bar Sétimo é conhecido pela bela vista para o castelo e proporciona agora aos seus clientes, uma noite temática intitulada Indie Chic. A escolha do nome Indie Chic, deve-se à conjugação do estilo musical Indie com o ambiente chic, próprio do espaço Sétimo que apostou numa decoração inovadora para se distinguir dos restantes pontos de encontros da cidade de Leiria.

Ema Gomes, uma das responsáveis por estas noites temáticas, afirma que o conceito ‘Indie Disco’ é bastante usado lá fora e Leiria tem dado provas de ser uma cidade bastante atenta às tendências da música nacional e internacional.

O conceito da noite é abordar as diversas sonoridades Indie, passando do Rock na sua versão mais pura, experimental e electrónico, ao Pop, com um pitada de Folk. “Sons que deam-bulam saudavelmente entre hits conhecidos de todos e perfeitas raridades que oferecemos aos nosso clientes”, afirma Ema. Futuramente, o bar tem programadas performances de dança con-temporânea, concertos de bandas com alguma projecção a nível nacional mas num registo mais acústico, não se limitando a seguir o con-ceito Indie apenas no que toca à música, mas explorando também outros projectos artísticos como a fotografia, a literatura e o artesanato.

O bar conta com presenças assíduas, como é o caso de Gil Jerónimo que afirma que as noites Indie Chic são uma oportunidade de encontrar o na noite de Leiria a música com que mais se identifica. O bar consegue, assim, atingir o objectivo principal de criação destas noites: oferecer aos clientes um “refúgio” onde se sintam à vontade para reunir com os amigos no fim de uma semana de estudo ou trabalho e onde podem desfrutar de um ambiente musical agradável.

As noites Indie Chic acontecem todas as sextas-feiras a partir das 22h e só acabam às 4h da madrugada. Até à 1h os clientes podem entrar com o consumo mínimo de uma bebida e o bar oferece um café. A partir da 1h, é cobrado um consumo mínimo de 3€. k

Indie Chicnoites diferentes

kokoNsumooBRIgAtóRIo

gonçalo Dourado rebéca Silva

Para promoção da mobilidade e acessibilidade na cidade, a Câma-ra Municipal de Leiria desenvolveu os Planos Local e Municipal de pro-moção de acessibilidade que visam identificar os “pontos negros” da cidade, como por exemplo os pas-seios sem rebaixamento e a inexis-tência de passeios em algumas ruas.

O Plano Local tem como objeti-

vo detetar os obstáculos existentes numa área da zona central da cida-de e resolver os mesmos, para que se possa circular sem qualquer tipo de dificuldades. Exemplos disso são, por exemplo, as requalificações na Rua Tenente Valadim, onde o pas-seio foi alargado e desimpedido de obstáculos, para, como nos explica a arquiteta Vitória Mendes, respon-sável pelas obras: “Essas obras ti-veram como objetivo aumentar os passeios e diminuir o tamanho das estradas, o que automaticamente reduz a velocidade a que os veícu-los passam. Conseguimos assim

criar canais de circulação com, pelo menos, 1,20 metros livres de obstá-culos. O alinhamento do mobiliário urbano [bancos, postes, bocas de in-cêndio, etc.] é também uma simples medida que pode facilitar a mobili-dade na cidade.”

Segundo o adjunto do vereador com a pasta da mobilidade, Paulo Pi-nheiro, “existem muitas obras a exe-cutar, mas a situação económica não nos permite avançar ao ritmo de que gostaríamos. Chegam, com alguma frequência, pedidos de particulares para que a Câmara intervenha em locais específicos. A maior parte das

vezes, estes pedidos são relativos a edifícios antigos, o que restringe as opções de intervenção para a reabi-litação dos edifícios”.

Existe ainda um acordo com os comerciantes leirienses, fei-to aquando da implementação do Programa Pólis, com o objetivo de tornar os estabelecimentos acessí-veis a todos. No caso dos edifícios públicos, como o edifício da Câmara e o Tribunal, são casos que “têm de ser analisados um a um. A idade dos edifícios e a construção dos mesmos não permite que façamos grandes alterações”, refere. k

Câmara de Leiria ateNta àSNeCeSSidadeS doS muNíCipeS

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Texto Ana NevesFoto Rita Amaral

Formou-se em Publicidade e Marketing e chegou a exercer nessa área. O que o fez mudar para o mundo do espetáculo?Eu trabalhei durante 10 anos numa agência de publi-cidade, onde fazia de tudo um pouco, desde aos or-çamentos, design gráfico e acompanhar a produção. Mas sempre consegui manter o lado artístico como um hobby que ia fazendo nos tempos livres. E tinha uma grande flexibilidade de horários. O meu patrão deixava-me sair para gravar locuções, sketches… Até a coisa se tornar cada vez mais séria, fui tentando conciliar. Um dia, acabei por não conseguir conciliar mais, e optei pela que dava mais dinheiro na altura, que era a palhaçada. (risos)

Foi nessa altura que percebeu que o humor já não era um hobby e o queria tornar numa profissão?Sim, foi na altura que percebi que passava mais tem-po fora da empresa do que dentro. E foi quando fui confrontado pela entidade patronal, em relação a esse facto. Não que falhasse na empresa, porque conseguia fazer o serviço todo. Mas quando isso realmente se começou a notar, eu percebi que não valia a pena estar a forçar a barra, como se costuma dizer. E então optei pela vertente artística.

Que passos teve que percorrer para ser humor-ista?Foi estar no sítio certo à hora certa. Parece um cliché, mas é verdade. Uns amigos convidaram-me e partic-ipámos num concurso de comédia de improvisação, num bar em Lisboa e ganhámos. Fomos convidados a fazer na nossa faculdade um bocadinho desse es-petáculo, durante a apresentação de um programa que ia estrear na RTP2 que era o “E:2”. Estava lá o diretor de programas, o Manuel Falcão, que gostou

muito e veio falar connosco no fim e pediu-nos para fazermos um programa piloto para a RTP2. Não tinham um programa para nós mas tinham um es-paço num programa que ia estrear, que era a Revolta dos pastéis de nata. E isso foi o começo de tudo.

Como se reconhece um humorista? É aquela pessoa que conta piadas e os colegas se riem?Não sei bem como se reconhece. Eu sempre fui um bocado o palhaço da família, é verdade. E é possível que seja uma história comum com quem faz humor. Mas não me considero ainda um humorista. Acho que há humoristas em Portugal que são bem mel-hores do que eu. Eu sou simplesmente uma pessoa bem-humorada e tento passar a boa disposição para as outras pessoas. Não sou mais do que isso.

Há receitas para fazer humor?Não, nada. Por acaso há colegas meus que defendem que há fórmulas matemáticas para se escrever uma piada e eu sou completamente contra isso. Por exem-plo, nós no “5 para a meia noite” usávamos muito a atualidade para fazer piadas. Eu leio os jornais todos os dias, quase todos os jornais, às vezes na internet porque sai mais barato, e quando vejo uma notícia, é quase imediato fazer uma piada. E não consigo ficar a pensar muito sobre aquilo. Acho que se não consigo sacar uma piada à primeira, já não vale a pena pen-sar naquela notícia. Portanto acho que não há uma fórmula. Acho que é apenas preciso termos alguma cultura e estarmos por dentro da actualidade.

Em que se inspira?O desporto, o sexo e a política são as fontes máximas de humor e é do que as pessoas se riem, normalmente, mais. Os políticos são sempre uma grande fonte de inspiração para fazer humor. Então em Portugal, meu Deus… É uma fonte inesgotável que se renova

Apresentador5 para a meia-noite

PEDRofERnanDES

Pedro Fernandes ou Pacheco, como é mais conhecido no mundo do espetáculo, nasceu há 33 anos em Lisboa. Começou a carreira como designer gráfico mas hoje é um dos apresentadores mais conhecidos dos portugueses. Já passou por vários programas, mas foi no “5 para a meia noite” que se destacou. O Akadémicos foi conhecer mais sobre esta figura do humor nacional que ainda não se define como humorista.

“A Angela Merkel merecia um bom moche”

seNtADo NomoCHo

kuRtAsum FILmeRegresso ao Futuro, toda a trilogia

umA músICAToday dos Smashing Pumpkins

um sítIoAlvor, no Algarve

umA pIADAUma piada? “Sabes o que é uma mousse? É o ansepassado do ele-fanse”.

um íDoLoNo humor: Em Portugal, Herman José; lá fora ConanO’brien. Na música: Billy Corgan, vocalista dos Smashing Pumpkins.

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01 dezembro 20117

O primeiro registo clássico de Tom Cruise, depois de Top Gun, surge em 1988 com Rain Man, uma pe-lícula que demonstra uma dramatização inteligente adornada com um subtil toque de comédia e que vem confirmar o talento de Cruise, permitindo-lhe brilhar ao lado do aclamado Dustin Hoffman. Um fil-me galardoado com 4 Oscars da academia, incluin-do melhor filme e melhor argumento original e que, portanto, destaca a sua relevância na história do ci-nema contemporâneo.

No papel de Charlie Babbitt, Tom Cruise interpre-ta uma personagem geralmente fria, calculista e am-biciosa, consequência da triste acidentada infância que lhe coube, acabando por se tornar o típico ven-dedor de carros, frustrado pelo insucesso financeiro.

A chegada da (in)fortuna notícia da morte do pai de Charlie, leva-o ao encontro e ao “rapto” do seu, até então desconhecido, irmão mais velho e respec-tivo beneficiário da herança. Raymond Babbitt, in-terpretado por Dustin Hoffman, que se encontrava num centro psiquiátrico, sofre de autismo, o que lhe confere a emblemática característica de génio de-mente, dotado de uma rápida e distinta capacidade de raciocínio.

O fulcral da história assenta no desenvolvimento de uma relação de conveniência, que vai subtilmen-te progredindo, ao ponto de transformar o dinheiro em algo supérfluo, ao lado do afecto e amizade de um irmão.

É digno de registo o trabalho de Barry Levinson, respectivo realizador premiado com uma estatueta de ouro da academia, que, no decorrer do filme, con-seguiu provocar a total ambiguidade de sentimentos e a sua lenta consolidação. Esta particularidade está implícita na relação que Levinson idealizou para os irmãos, evidenciando-se, por exemplo, na fragili-dade do mais velho face à interesseira perspicácia do mais novo. Da mesma forma que Raymond quer voltar à sua rotina e ao seu quarto no centro para ver o programa televisivo de Judge Wapner, Char-lie, apesar de se querer livrar do irmão, persiste em suportar a sua presença. Adicionando a simultânea afinidade que se vai afirmando entre ambos, o reali-zador obteve uma dramática, mas também cómica, inconstância no suceder da acção que, para além de conferir total imprevisibilidade ao filme, permite-nos adquirir variadas perspectivas acerca da evolução das personagens e da ambiência vivida.

O filme é composto por um variado leque de definições, sendo considerado uma crítica social, da mesma forma que é tido como um apelo à pro-ximidade da relação entre o ser humano como um ser social, antes de ser uma criatura racional. Acaba por nos fazer pensar sobre o que realmente deve ser valorizado e é recomendado por diversos críticos, re-alizadores, e sociólogos.

A respectiva classificação no Imdb (Internet Mo-vie Data Base) é de 8.0. k

Rain ManA prevalência da amizade sobre o interesse

constantemente. Quando sai um, surge sempre outro que nos dá um manancial humorístico. Até porque nós gostamos muito de falar mal dos políticos, está-nos no sangue.

O que pensa da crise?Acho que desconto cada vez mais para o IRS e pago cada vez mais impostos e não recebo nada em tro-ca. Eu tenho o meu filho num colégio, pago a escola privada; quero andar numa autoestrada, pago por-tagens; quero ter saúde rápida e como deve de ser, tenho um seguro de saúde. E às vezes pergunto-me “para que é que eu pago impostos?”. Se eu recorro sempre aos privados… É claro que depois há coisas que não se conseguem, como a segurança, e a saúde quando precisamos de ir a algum hospital. Mas na generalidade, nós já recorremos em quase todos os aspetos ao privado, para quê pagar mais impostos? Isso choca-me um pouco.

Um humorista chora?Eu sou uma pessoa que me emociono muito facil-mente. Verto muita lágrima, com alguma facilidade.

Em que ocasiões?Em despedidas, por exemplo. Normalmente até choro mais de alegria do que de infelicidade. Mas sou uma pessoa com um choro muito fácil.

O que prefere: apresentar ou fazer stand up comedy?Boa pergunta. O fazer humor, por exemplo fazer sketches, é mais fácil porque não estamos em frente a uma câmara nem em direto. Apresentar foi uma faceta nova. Quando apresentava o “Caia quem caia” era mais fácil porque era só no estúdio, e nós só tínhamos que falar para a câmara. A coisa era muito controlada, nem era em direto. Quando en-trei no registo do “5 para a meia noite” foi muito difícil para mim e hoje em dia nem consigo ver os meus primeiros programas porque me envergonho. Não tinha nenhum à vontade a fazer entrevistas. É muito difícil fazer entrevistas: ter de as preparar e fazer perguntas com piada e com originalidade. Normalmente as pessoas já responderam a tudo o que se podia perguntar. E acho que era onde me sentia menos confortável. Com o passar do tempo, acho que fui ficando mais à vontade e isso nota-se. Consigo divertir-me mais hoje em dia a apresentar o programa. No 5 para a meia noite temos liberdade para fazer tudo e eu divirto-me do princípio ao fim do programa. Acho que isso passa lá para casa. Nós temos mesmo uma equipa com pessoas muito váli-das e tenho amizade por todos. Há mesmo um es-pírito de grupo.

Ambas as áreas têm um mercado competitivo?Antes de aparecer o 5 para a meia noite, achava-se que o espaço dos talk shows na televisão portuguesa não existia. Por exemplo, nós fomos nomeados para os prémios da TV 7 dias e fomos no mesmo lote que o programa do Goucha e da Júlia. Acho que não é bem a mesma coisa. O 5 para a meia noite é um pro-grama diário de talk show humorístico e a essência do programa é o humor. Não devíamos estar naquela categoria. A concorrência é muito forte, mas hoje em dia, só existe o programa do Nicolau Breyner, na RTP1 e o programa do Herman, que está em grande forma, mas é aos sábados. O próprio Herman já disse que se houvesse um 6 para a meia noite, ele gosta-va de ser o 6.º elemento. Portanto, acho que não há concorrência. Há sempre espaço para todos. Mas o que é certo é que antes de haver 5 para a meia noite achava-se que os talk shows não tinham espaço na televisão portuguesa, e depois do programa aparecer, começaram a surgir que nem cogumelos: tanto na SIC Radical, como na RTP1, por aí fora.

Acabou a 5ª série do 5 para a meia noite. Como foi a experiência?Foram 2 anos e meio muito bons, de uma grande evolução de todos nós. Tive pena que o Alvim e a Filomena tivessem saído do programa, porque acho que hoje já é um 5 para a meia noite diferente. São dois novos elementos que são válidos e que têm o seu mérito. Penso que já não é o 5 para a meia noite, é

o 5 para a meia noite versão 2. Mas tem sido uma experiência fabulosa: tenho crescido imenso e apren-dido muito. A rotina do programa obriga-me a tra-balhar todos os dias. Julgo que vai ser muito útil para o que eu vier a fazer a seguir.

E qual o melhor/pior convidado?O melhor, penso que há muitos. É difícil nomear algum. Para já, o princípio do programa é que cada apresentador tenha liberdade de escolha nos seus convidados. E eu só escolho pessoas, ou de quem gosto, tenho admiração ou de quem tenho alguma curiosidade em conhecer. Pode ser um cantor que eu não goste particularmente. Por exemplo, a Ágata: eu não compro discos da Ágata, nem sou apreciador da música dela. Mas é uma pessoa que eu tinha curi-osidade em conhecer. E esse princípio é bom porque nós partimos sempre com uma boa predisposição. Se o convidado vier também com boa disposição, é meio caminho andado para se fazer um bom pro-grama. Portanto não consigo destacar um convida-do pela positiva porque há imensos, e muitos deles tornaram-se mesmo meus amigos. Há dois ou três anos, não fazia televisão, estava no meu escritório a fazer design gráfico numa agência de publicidade. E hoje em dia posso conhecer esta gente toda e posso ficar amigo destas pessoas. É o sonho americano mas em Portugal. E eu estou a viver isso e sinto-me fascinado. Acho extraordinário tratar as pessoas por tu e poder telefonar-lhes quando me apetecer. Convidados que se destacaram pela negativa, ex-istem alguns. Isto porque em Portugal ainda há muito a ideia de se ir para um talk show para fazer um favor ao apresentador que tem que encher uma hora de programa. E não é assim. As pessoas têm que perceber que quando são convidadas para um talk show são convidadas porque o apresentador tem consideração por aquelas pessoas, tem admiração ou gosta do trabalho que elas fazem. Não é um favor que elas lá vão fazer. Quando as pessoas vão para um estúdio a pensar assim, as coisas correm mal. E isso aconteceu uma ou duas vezes, mas já foi há algum tempo. Não gosto muito de falar de nomes, mas elas sabem.

O 5 para a meia noite aumentou-lhe a expo- sição pública. Como lida com isso?Penso que lido bem. Se calhar é um cliché dizer, mas sou uma pessoa tímida. E quando vou a algum centro comercial ou a alguma loja, e me sinto observado, in-comoda-me um pouco. Quando vou a eventos, não me importo nada de falar com as pessoas e tirar fotografias. Mas, numa situação do dia a dia, incomoda-me um bo-cadinho. Tento lidar com isso da melhor maneira.

A quem é que dava mucho moche?Se calhar à Angela Merkel, porque acho que ela está a abusar um bocadinho. Eles estão a tentar tomar conta disto tudo, mais uma vez. Os alemães não brincam em serviço. E espero que nós consigamos manter as nossas mais-valias e a nossa soberania. Eu pago os meus impostos, tenho tudo em dia, portan-to espero que isso valha de alguma coisa. A Angela Merkel merecia um bom moche.

É humorista, apresentador, locutor, ator, guio- nista e cantor. O que é que ainda lhe falta fazer?Se calhar ainda não plantei nenhuma árvore, ten-ho que fazer isso. E tenho que escrever um livro. Hoje toda a gente escreve um livro. Às vezes nem os próprios escrevem os seus livros. Mas eu faço questão que quando escrever um livro, seja eu próp-rio a escrevê-lo. Portanto, vai demorar mais um bo-cadinho. Para já, tenho muitos jogos da Playstation para acabar. Vou aproveitar esta pausa do 5 para a meia noite para o fazer. É uma coisa que não é fácil. Há jogos que implicam estar concentrado várias ho-ras em frente à televisão. Não é qualquer um que consegue acabá-los.

Que mensagem deixa às novas gerações?Principalmente que nunca desistam, que façam sempre o que lhes dá realmente prazer fazer. Foi o que acon- teceu comigo. É ir sempre atrás do sonho, e esperar que um dia se esteja no sítio certo à hora certa. k

kuLtosDaniel nevesJoão Peixoto

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Nos passados dias 7 e 8 de no-vembro, a cidade de Leiria acolheu o I Torneio de Apuramento para a fase final do Campeonato Nacional Uni-versitário de futsal feminino, com os jogos a serem disputados no pavilhão dos Pousos e no Pavilhão de Santa Eufémia.

Entre as equipas presentes, desta-ca-se a participação da Universidade da Beira Interior (UBI), atual vice--campeã europeia e campeã nacional em titulo, e da equipa da casa, o IPL.

Na abertura oficial da época des-portiva 2011/2012, os dois dias de competição foram marcados por um ambiente de saudável disputa entre as equipas participantes.

A equipa vice-campeã europeia acabou mesmo por ser a maior desilu-são da prova, sendo eliminada logo na

fase de grupos. Maior destaque para a equipa da Associação Académica de Coimbra, que venceu na final a equipa da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro. Quanto à equipa da casa, acabou por ficar no terceiro lugar, o que acaba por ser bastante positivo, pois permite às atletas leirienses so-nhar com a fase final da competição, que se realizará em Braga, de 16 a 27 de Abril de 2012.

Por sua vez, em Faro, no fim de semana seguinte, realizou-se um tor-neio do mesmo género, mas de futebol de 11 masculino. Nessa prova o desta-que vai inteiramente para a equipa do IPL que teve um percurso imaculado até à final. Aí acabaria por derrotar a equipa da Universidade de Aveiro na grandes penalidades, garantindo as-sim a vitória na competição.k

Com o conto infantil Menino dos dedos tristes, Josélia Neves, docente na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais venceu o Prémio Lusofonia, no âmbito do Concurso Lusófo-no do Município da Trofa e do Instituto Camões. O concurso

envolveu autores nacionais mas também dos Países de Língua Oficial Portuguesa, tendo o prémio sido divulgado no pas-sado dia 23 de Novembro. Me-nino dos dedos tristes é um conto sobre a magia da leitura e da diferença. k

úLtImAsBárbara Jorge

A FeCHAR

Josélia neves vence concurso com Menino dos dedos tristes

leiria acolheu I torneio de Apuramento de futsal feminino

Concurso de Design editorial

Encontra-se a decorrer o Con-curso de Design Editorial para a edição de abril da revista Cais. Todos os alunos do Instituto Poli-técnico de Leiria são convidados a participar. A coordenação da edição será da responsabilidade da Comissão Científica da Licen-ciatura em Comunicação Social e Educação Multimédia que, com a participação dos alunos e dos professores, assegurará a produ-ção integral da revista. A entrega das propostas terá de ser feita até ao dia 5 de Dezembro.

Prémio Pedro Matos

O Instituto Politécnico de Leiria promove a 4ª edição do Pré-mio Pedro Matos. Nesta 4ª edição, o tema é ‘Ensinar Matemática por um dia’. Os alunos do secundário são convidados a colocar-se no papel de professor. O objetivo desta iniciativa é a promoção da criatividade e o interesse pela Ma-temática. Os candidatos deverão selecionar um tema na área da Matemática e apresentá-lo atra-vés da preparação de uma aula, de forma criativa e dinâmica. A organização sugere o envio de um vídeo, com duração máxima de 20 minutos, que inclua a exposição de parte ou da totalidade da aula. Na avaliação dos resultados serão tidos em conta o rigor, origina-lidade e criatividade, clareza na exposição, importância dos resul-tados obtidos e apresentação. A pré- inscrição deve ser feita até 31 de Março. Mais informações em: http://www.premiopedromatos.ipleiria.pt

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Texto Ricardo Rampazzo e David Agostinho

Onde se diz/lê… Diga-se/leia-se…

Portador de deficiência Pessoa com deficiência

Invisual Cego / pessoa com deficiência visual

Surdo-mudo Surdo

Mongolóide Pessoa com Síndrome de Down

Deficiente mental Deficiente intelectual

Linguagem gestual Língua gestual

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