Alan kardec Gomes Pachêco Filho

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O Sertão do Maranhão nas memórias de Francisco de Paula Ribeiro. Alan Kardec G. Pachêco Filho 1 [email protected] Resumo: O presente trabalho objetiva mostrar as impressões de Francisco de Paula Ribeiro sobre o sertão maranhense no ano do bi centenário da publicação do seu: Roteiro da viagem que fez o capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do Maranhão e da de Goiás no ano de 1815 em serviço de S. M. Fidelíssima. Seus registros são os primeiros sobre sua gente, seu clima, sua economia e as potencialidades do sertão. A obra ora analisada foi dividida pelo autor em três partes. A primeira em forma de Itinerário com uma profunda preocupação de nominar o percurso desde a Capital da Província até São Pedro de Alcântara, destino final” da missão que deu origem à obra em tela. A segunda parte da obra é composta de impressões obtidas ao longo de mais de vinte anos de viagens pelos sertões dos Pastos Bons. Paula Ribeiro traz a lume um Maranhão desconhecido em seus aspectos geográficos, históricos e antropológicos. Mas não só isso nomina os rios, serras, vales, planícies, chapadas, fala de um clima ameno, que faz frio nas noites de julho, descreve a flora, a fauna, distinguiu as várias etnias indígenas da região. Quase tudo foi descrito por Paula Ribeiro, era novo para as autoridades da Capital da Província. Paula Ribeiro reservou a terceira parte da obra para falar das negociações com os emissários do governo goiano sobre o litígio de fronteira entre as duas Capitanias. Por fim, a Corte concluiu pela demarcação dos limites entre as duas Capitanias como havia sido sugerido por Paula Ribeiro. A margem direita do rio Tocantins, desde a desembocadura do rio Manoel Alves Grande, pertencia ao Maranhão, culminando com o Decreto nº 773, de 23 de agosto de 1854. As fronteiras entre Maranhão e Goiás (hoje Tocantins) ainda hoje são as mesmas fixadas por Francisco de Paula Ribeiro em 1816. Palavras chave: Maranhão. Sertão. Viajante. Fronteira. Até o início do século XVIII os colonos portugueses que habitavam a capitania do Maranhão faziam valer a máxima de Frei Vicente do Salvador que dizia: “Da largura que a terra do Brasil tem para o sertão não trato, porque até agora não houve quem a andasse por negligência dos portugueses, que sendo grandes conquistadores de terras não se aproveitam delas, mas contentam-se de andar arranhando ao longo do mar como caranguejos.” 1 Professor Adjunto III do Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão e dos Programas de Pós-Graduação: PPGHEN e PPDSR

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O Sertão do Maranhão nas memórias de Francisco de Paula Ribeiro.

Alan Kardec G. Pachêco Filho1

[email protected]

Resumo: O presente trabalho objetiva mostrar as impressões de Francisco de Paula

Ribeiro sobre o sertão maranhense no ano do bi centenário da publicação do seu:

Roteiro da viagem que fez o capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da

Capitania do Maranhão e da de Goiás no ano de 1815 em serviço de S. M.

Fidelíssima. Seus registros são os primeiros sobre sua gente, seu clima, sua economia e

as potencialidades do sertão. A obra ora analisada foi dividida pelo autor em três partes.

A primeira em forma de Itinerário com uma profunda preocupação de nominar o

percurso desde a Capital da Província até São Pedro de Alcântara, destino “final” da

missão que deu origem à obra em tela. A segunda parte da obra é composta de

impressões obtidas ao longo de mais de vinte anos de viagens pelos sertões dos Pastos

Bons. Paula Ribeiro traz a lume um Maranhão desconhecido em seus aspectos

geográficos, históricos e antropológicos. Mas não só isso nomina os rios, serras, vales,

planícies, chapadas, fala de um clima ameno, que faz frio nas noites de julho, descreve a

flora, a fauna, distinguiu as várias etnias indígenas da região. Quase tudo foi descrito

por Paula Ribeiro, era novo para as autoridades da Capital da Província. Paula Ribeiro

reservou a terceira parte da obra para falar das negociações com os emissários do

governo goiano sobre o litígio de fronteira entre as duas Capitanias. Por fim, a Corte

concluiu pela demarcação dos limites entre as duas Capitanias como havia sido sugerido

por Paula Ribeiro. A margem direita do rio Tocantins, desde a desembocadura do rio

Manoel Alves Grande, pertencia ao Maranhão, culminando com o Decreto nº 773, de 23

de agosto de 1854. As fronteiras entre Maranhão e Goiás (hoje Tocantins) ainda hoje

são as mesmas fixadas por Francisco de Paula Ribeiro em 1816.

Palavras chave: Maranhão. Sertão. Viajante. Fronteira.

Até o início do século XVIII os colonos portugueses que habitavam a capitania

do Maranhão faziam valer a máxima de Frei Vicente do Salvador que dizia: “Da largura

que a terra do Brasil tem para o sertão não trato, porque até agora não houve quem a

andasse por negligência dos portugueses, que sendo grandes conquistadores de terras

não se aproveitam delas, mas contentam-se de andar arranhando ao longo do mar como

caranguejos.”

1 Professor Adjunto III do Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão

e dos Programas de Pós-Graduação: PPGHEN e PPDSR

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Havia uma Carta Régia desde 1798 que ordenava ao governador dom Fernando

Antonio Noronha, que mandasse explorar os rios Tocantins e Araguaia, entretanto a

ordem nunca havia sido cumprida. Foi o governador Paulo José da Silva Gama que

ordenou Francisco de Paula Ribeiro a cumprir duas missões; a primeira em

cumprimento a Carta Régia de 1798 e a segunda, por a termo, ao conflito entre as

capitanias de Goiás e Maranhão. Francisco José Pinto Magalhães, regatão “goiano”, em

1810 pela ausência do estado “maranhense”, havia anexado ao território de Goiás, o

povoado São Pedro de Alcântara, hoje Carolina, que fica do lado maranhense do rio

Tocantins.

Essa missão deu origem ao Roteiro da viagem que fez o capitão Francisco de

Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do Maranhão e da de Goiás no ano de 1815

em serviço de S. M. Fidelíssima. Provavelmente ao mais completo relato sobre o sul do

Maranhão e o Sertão dos Pastos Bons. O percurso que durou exatos 91 dias, desde a

saída da Ilha do Maranhão até São Pedro de Alcântara, Paula Ribeiro anotou as

condições geográficas, a ocupação do território, o modo de vida de seus habitantes, as

distâncias percorridas, localização dos povoados, rios, riachos, serras, morros e

fazendas.

Francisco de Paula Ribeiro foi um militar português que prestou relevantes

serviços à Coroa em terras do Maranhão, em especial nos sertões de Pastos Bons,

localizados no centro-sul do Estado. Em seus prováveis vinte e cinco anos de trabalhos

prestados no Maranhão, Francisco de Paula Ribeiro não só trabalhou com todos os

governadores2, de sua época, como também ascendeu a todos os níveis da carreira

militar, culminando, em 1818, com o posto de sargento-mor, adido ao Estado Maior do

Exército.

Ainda não se sabe o ano que Francisco de Paula Ribeiro entrou para o serviço

militar português, percebe-se, entretanto que foi um homem de Estado, pois serviu em

2 Fernando Antônio de Noronha (1792-1798); D. Diogo de Sousa (1798-1804); Antônio de Saldanha da

Gama (1804-1806); D. Francisco de Melo Manuel da Câmara (1806-1809); José Tomás de Meneses

(1809-1811); Paulo José da Silva Gama (1811-1819); Bernardo da Silva Pinto da Fonseca (1819-1822)

(MARQUES, 1970, p. 346-359).

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diversas localidades do vasto império lusitano. Em 1793, teve início sua ascensão

militar, quando foi nomeado para servir no Estado da Índia conforme registra o Livro de

Chancelaria de D. Maria I.

D. Maria I por Graça de Deus Rainha de Portugal faço saber aos que

esta minha Carta Patente virem que eu hey por bem nomear ao Cadete

Francisco de Paula Ribeiro para Alferes de Infantaria de hum dos

Regimentos do Estado da Índia, e, com o dito posto haverá o soldo

que lhe tocar pago na forma de minhas reais ordens, e gozará de todas

as honras, privilégios, liberdades, isenções e franquezas que em razão

dele lhe competirem. Lisboa, 29 de março de 1793. (ANTT, Liv. da

Chancelaria de D. Maria I, n.22, 1787, (1784-1799)).

Paula Ribeiro desempenhou muito bem seus serviços no Estado da Índia, pois é

sabido que eram duas as condições no Exército português para se alcançar os mais altos

postos militares, um era o nascimento em família ilustre e o outro, mais comum no além

mar, era a prestação de serviços a Coroa. Como veremos logo a seguir, Paula Ribeiro

provavelmente se enquadrava nas duas condições estabelecidas.

Por duas vezes, o acaso foi determinante na vida de Paula Ribeiro. Primeiro, em

1795, quando se encontrava preso num quartel em Lisboa, por “travessuras

domésticas”, à espera de um navio que o conduzisse às Índias para cumprir a pena.

Como os navios para aquele destino, partindo da capital portuguesa, estavam escassos,

D. João Carlos de Bragança, membro do Conselho da Guerra e duque de Lafões,

escreveu ao secretário de Estado da Marinha propondo o nome de Francisco de Paula

Ribeiro para ocupar o posto de alferes na capitania do Maranhão: “Deveria servir

debaixo das instruções do Coronel Anacleto Franco e das ordens do Capitão General D.

Fernando Noronha.” (AHU_ACL_CU_09 Cx. 86, Doc. N. 07183). O duque de Lafões

realçava as qualidades do jovem: “é muito vivo, tem grande talento e hábil militar.”

(AHU_ACL_CU_09 Cx. 86, Doc. N. 07183). Porém, não esqueceu o duque de assinalar

que Paula Ribeiro era filho de um “Tenente Coronel de regimento de Artilharia da

Corte, bem conhecido pelo seu merecimento”. (AHU_ACL_CU_ 09 Cx. 86, Doc. N.

7208). O ofício é datado de 28 de fevereiro de 1795 e não cita o nome do tenente-

coronel pai de Paula Ribeiro.

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É muito provável que o genitor de Francisco de Paula Ribeiro tenha sido um

oficial bastante influente e com uma excelente folha de serviços prestados ao Estado

português, pois a resposta à solicitação do duque de Lafões foi relativamente rápida, se

considerarmos o trâmite burocrático. Além disso, veio em forma de decreto assinado

por D. Maria I, pouco mais de um mês depois.

Achei por bem nomear para Alferes do regimento de Infantaria da

Capitania do Maranhão a Francisco de Paula Ribeiro: O Conselho

Ultramarino o tenha assim entendido, e faça passar aos despachos

necessários.

Palácio da Luz, em dezesseis de abril de mil setecentos e noventa e

cinco. (AHU_ACL_CU_ 09 Cx. 86, Doc. N. 7208).

Nomeado para servir na capitania do Maranhão conforme documento acima,

ficou pouco tempo e logo foi transferido para servir em outra capitania. Em 1796,

encontramos Paula Ribeiro a serviço da Coroa na capitania de São Paulo (PACHÊCO

FILHO, 2010). De volta ao Maranhão em 1798, Francisco de Paula Ribeiro integrou

uma missão militar com rumo à vizinha capitania do Pará, para a qual inicialmente não

estava relacionado. Afirma o governador D. Fernando Antônio de Noronha: “Tenho

nomeado entre os oficiais que devem marchar para o Pará o tenente Carlos Antônio

ordeno a Vossa Mercê nomeie em seu lugar [...] Francisco de Paula, não só por ele

muito me vir requerer; como se faz preciso ao Real Serviço.” (APEM, Objetos

Diversos, (1811-1814), Cód. 3 Doc. 215, 1812).

O jovem militar, perdoado das “travessuras domésticas” e cumprindo agora

serviço militar no Maranhão, demonstrava seu poder de persuasão ao conseguir do

governador sua indicação para a viagem, em detrimento do tenente Carlos Antônio, já

designado para a missão.

Em 1800, Francisco de Paula Ribeiro se encontra fazendo sua primeira viagem

ao sertão dos Pastos Bons, substituindo o alferes Raimundo José Vieira no comando do

destacamento. Nos dois anos que lá permaneceu, Francisco de Paula Ribeiro percorreu

várias vezes todo o território entre os rios Parnaíba e Tocantins. Só em missão contra o

gentio esteve quatro vezes (NIMUENDAJÚ, 1946, p. 14). Quase vinte anos depois, os

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estudos da região iniciados nessa época seriam dados a conhecer em quatro memórias3,

nas quais Paula Ribeiro faz uma análise histórica, sociológica e antropológica do

homem do sertão, além de mostrar minuciosamente o relevo, os rios, as matas e as

chapadas da região num mapa4.

Paula Ribeiro permaneceu em Pastos Bons até junho de 1802, quando foi

substituído por ordem do governador D. Diogo de Souza, quando determinou seu

regresso a São Luís. Nessa ocasião, o militar voltava a integrar o Regimento das Tropas

de Linhas da capital da província.

Sempre em ações militares e quase sempre em missões contra os nativos. Em

1810, Paula Ribeiro foi enviado a Viana, na baixada ocidental da capitania do

Maranhão, para conter e, se possível, apaziguar os índios timbira e gamela que

ameaçavam os colonos naquela localidade. As ordens ditadas pelo governador D. José

Thomas de Menezes (1809-1811) expressavam a “gravidade” da situação:

Finalmente se formará o ataque, e serão seguidos os inimigos até as

maiores alturas, sem que se perdoem as vidas que o Direito das gentes

permite se tirem no calor da guerra, e só dispensando-as quando eles

entregarem, ou depondo as suas armas derem algum sinal de amizade,

sem, contudo, isentá-los de serem remetidos presos a esta capital,

principalmente alguns de seus companheiros que constam daquelas

vizinhanças. (APEM, Objetos Diversos: 1811-1814 Códice 3 Doc.

215, 1812).

Paula Ribeiro comandou uma tropa de quarenta e cinco militares, muitos

paisanos e milicianos armados, levando um vasto material bélico para enfrentar as duas

nações nativas acima mencionadas, as quais, com frequência, vinham hostilizando a

3 Roteiro da Viagem que fez o Capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do

Maranhão e da de Goiás no ano de 1815 em serviço de S. M. Fidelíssima. Rio de Janeiro, Revista do

IHGB, 1848. Descrição do Território dos Pastos Bons; Propriedades dos seus terrenos, suas produções,

caráter dos seus habitantes colonos, e estado atual dos seus estabelecimentos. Rio de Janeiro, Revista do

IHGB, nº 12, 1849. Memória sobre as Nações Gentias que presentemente habitam o Continente do

Maranhão: Análise de algumas tribos mais conhecidas: Processo de suas hostilidades sobre habitantes:

causas que lhes têm dificultado a redução, e único método que seriamente poderá reduzi-las. Rio de

Janeiro, Revista do IHGB, v.3, 1841. Viagem ao rio Tocantins pelos sertões do Maranhão no ano de

1815. 4 Mappa Geographico da Capitania do Maranham, que pode servir de memória sobre a população,

cultura, e couzas mais notáveis da mesma capitania, 1819. Fundação Biblioteca Nacional. Cart.

529483USU.

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população “urbana” da vila de Viana. A tropa comandada por Paula Ribeiro não só

“apaziguou”, como tornou possível a convivência entre colonizadores e nativos.

Em 1812, promovido a tenente do Regimento de Linha, Paula Ribeiro foi servir

em São José das Aldeias Altas (atual Caxias-MA), nomeado comandante naquele

destacamento. Após baixar algumas normas não obedecidas, entrou em atrito com o juiz

ordinário daquela jurisdição. Entendia Paula Ribeiro que o juiz não cumpria suas

funções específicas, além de se intrometer no serviço inerente ao chefe do

destacamento. Tal divergência entre os dois mais importantes representantes da Coroa

mereceu por parte do governador Paulo José da Silva Gama (1811-1819), repreensão às

autoridades locais:

Assaz tenho conhecido pelas suas próprias cartas e das do Juiz

ordinário desse Julgado, a rivalidade entre Vossas Mercês ambos; e o

quanto por ela estão sofrendo esses tristes povos, agitados por Vossas

Mercês, para continuarem em opostos partidos; quando o era de sua

rigorosa obrigação promover o sossego público, serenando as antigas

desordens. Portanto: assim como admoesto nesta data aquele juiz para

entrar no cumprimento dos seus deveres, recomendo a Vossa Mercê

outro tanto para que não me obrigue a providenciar sobre sua conduta.

(APEM, Objetos Diversos: 1811-1814, Códice 3 Doc. 215, 1812).

Mesmo repreendido, pelos relevantes serviços já prestados à Coroa, Paula

Ribeiro mereceu o perdão do governador Gama. A próxima missão a ele reservada viria

a se constituir provavelmente na mais importante de tantas quantas desempenhou nos

sertões maranhenses: demarcar a divisa entre as províncias do Maranhão e de Goiás.

Desde 12 de maio de 1798, havia uma Carta Régia exigindo a exploração do rio

Tocantins e de quantos se encontrassem na região sul da capitania do Maranhão e que

pudessem facilitar a navegação entre as capitanias do Pará e de Goiás (AHU_ ACL_

CU_009, Cx. 98, Doc. n. 07943). Nessa época, o sul da capitania, era um mundo

desconhecido das autoridades que representavam a Coroa portuguesa, mesmo na capital

da província maranhense.

A região correspondente ao noroeste do Maranhão recebeu inúmeros colonos

vindos das capitanias do Pará e de Goiás. O rio Tocantins nunca foi obstáculo para essas

“invasões”. Porém, a mais preponderante foi a colonização de pecuaristas que se

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estabeleceu ao sul da capitania do Maranhão, inicialmente às margens do rio Parnaíba e

que fez “capital do país”5 a vila de São Bento dos Pastos Bons. Partiram dali muitas

“bandeiras” com o propósito de novas “descobertas”.

A mais importante foi a “descoberta” do rio Tocantins pelo lado maranhense,

que é atribuída ao fazendeiro e “homem metido a descobertas” Elias Ferreira de Barros.

Este, após fundar uma nova fazenda de gado vacum às margens do rio Manoel Alves

Grande, afluente do rio Tocantins, foi surpreendido com a presença de um índio que se

dizia fugitivo de uma embarcação que trafegava por um grande rio, distante um dia e

meio de viagem. Seguindo as instruções do gentio, teria Elias Ferreira chegado ao rio

Tocantins (BERFORD, 1810, p. 17). Como mencionamos anteriormente, as autoridades

portuguesas no Maranhão desconheciam, até 1804, 1806, época provável da

“descoberta”, não só o rio Tocantins, mas praticamente toda a parte sul e noroeste da

capitania. Por essa época – 1804, 1806 – já havia um comércio bastante considerável

pelo rio Tocantins, entre Porto Real (hoje Porto Nacional, TO.) e a cidade de Belém do

Pará. O principal comerciante era o regatão Francisco José Pinto de Magalhães, cuja

mercadoria mais importante era índios escravizados, transportados para vender em

Belém.

As constantes guerras aos índios não eram motivadas por necessidade de mais

terras para colonização, implantação de novas fazendas, pastos e roças. Tampouco se

buscava assegurar as terras já conquistadas, embora guerras por essa razão às vezes

acontecessem. O principal motivo era aprisionar índios para vender como escravos seja

nas áreas auríferas da capitania de Goiás ou em Belém.

O governador do Maranhão Paulo José da Silva Gama (1811-1819) havia

escolhido para a missão demarcatória Vicente Jorge Dias Cabral, acostumado a viajar

pelo interior da capitania, especialmente na região do litígio durante o governo de D.

Diogo de Souza (1798-1804). Egresso da Universidade de Coimbra, onde estudara

provavelmente na década de 1780. Formado em Direito e Filosofia, tinha também

conhecimentos em História Natural, Química e Física, que o levaram a ser responsável

pelo Horto Botânico de São Luís. Desejoso de servir ao monarca, Dias Cabral escreveu:

5 A expressão é de Francisco de Paula Ribeiro.

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[...] sempre ansioso de empregar-me no serviço de Sua Majestade

segui a Carreira das Letras indo estudar em Coimbra, e ali me apliquei

a Filosofia fazendo formatura nesta ciência como tão bem no Direito

Civil, querendo facilitar o emprego, pelo meio das Ciências Naturais.

(AHU_ACL_CU_009 Cx. 128, Documento n. 09574).

Dias Cabral percorreu os sertões do Maranhão, procurando os três reinos da

natureza; encontrou salitre, quina, ferro, cobre e árvores, usadas na tinturaria. Cabral,

porém, adoeceu às vésperas da viagem demarcatória. Em Aviso ao Ministério do

Império, o governador Paulo Gama: “Vi-me, portanto, quase repentinamente obrigado a

nomear para esta comissão ao capitão do Regimento de Linha Francisco de Paula

Ribeiro por haver estado também no Real Serviço por vários anos naquele contorno.”

(APEM, Objetos Diversos: 1814-1816, Códice 05, Doc. 755). Como foi dito antes, o acaso

colocava Paula Ribeiro novamente às ordens do Real Serviço. Havia servido como

comandante do Destacamento Militar de Pastos Bons, ou seja, in loco e também já

havia estado a serviço da Coroa em São José das Aldeias Altas, onde começam os

sertões dos Pastos Bons. O ofício que o nomeava também dava as seguintes instruções:

A sua comissão, portanto, é marchar com a maior brevidade possível

até a raia limítrofe desta capitania com a de Goiás nas extremas de

Pastos Bons cabeceiras do Tocantins; lugar por Vossa mercê já

conhecido. Ali se deve encontrar com o sargento-mor José Antônio

Ramos e o capitão Francisco Pinto de Magalhães, vindo autorizados

pelo excelentíssimo governador e capitão-general daquela capitania

para com Vossa Mercê (que vai autorizado por mim para o mesmo)

observarem e designarem a raia divisória e terminal das duas

capitanias. (APEM, Objetos Diversos: 1814-1816, Códice 05, Doc.755,

1815).

Paula Ribeiro, agora investido da condição de explorador, recebeu ordens para

passar todas as informações ao Estado. Roteiros de viagens, diários, mapas vão aos

poucos substituindo a geografia imaginária por uma geografia do real. As observações

sobre as capacidades do solo, a formação de herbários, a auto-suficiência do país, as

especulações e a curiosidade vão dando lugar ao saber: “O explorador viaja em

cumprimento de uma missão organizada que conta com o financiamento de um

príncipe, com objetivos precisos.” (BOURGUET, 1997, p. 212).

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Pode-se afirmar que o conjunto da obra – os cinco opúsculos deixados em forma

de roteiro de viagem, mapa e memória – de autoria de Francisco de Paula Ribeiro foi e

continua sendo fonte de pesquisas para todos quantos queiram estudar e compreender a

geografia física e humana, a história, a antropologia e a sociologia do centro-sul

maranhense.

Paula Ribeiro descreve minuciosamente o périplo ora em canoas empurradas por

índios a varas e remos, ora em montarias compradas ou emprestadas pelos moradores

das fazendas, vilas e povoados por onde passava a comitiva rumo à demarcação da

divisa entre as duas províncias. A navegação pelo rio Itapecuru até Aldeias Altas era o

trajeto mais conhecido e o único entre São Luís e o sertão, onde havia chegado mais

longe o “braço” do Estado. Essa parte da narrativa não desperta tanto interesse no leitor

talvez por ter sido mencionada antes por outros viajantes6 e ser bastante conhecida.

Paula Ribeiro continua descrevendo suas impressões obtidas ao longo de mais de

vinte anos de viagens pelos sertões dos Pastos Bons, trazendo a lume um Maranhão

desconhecido em seus aspectos geográficos, históricos e antropológicos. E ele não só

nomina rios, serras, vales, planícies e chapadas; menciona, também, o clima ameno, o

frio nas noites de julho; descreve flora e fauna; e distingue as várias etnias indígenas da

região. Quase tudo o que foi descrito por Paula Ribeiro era novo para as autoridades

portuguesas.

Ao tratar das bacias hidrográficas e da importância dos rios oriundos nas serras

dos sertões dos Pastos Bons, Ribeiro àquela época, não tinha como saber da existência

de um enorme aqüífero – o Urucuia –, (BOMFIM; GOMES, 2009), estendido entre os

estados da Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Piauí e Maranhão, tem uma boa parcela de

contribuição sobre aquela bacia. Paula Ribeiro não só descreveu os rios com seus

respectivos nomes, mas arrolou seus principais afluentes no verão e alguns córregos que

só existem na estação das chuvas. Mostrou as ribeiras do Itapecuru, da Lapa, do

Mearim, do Grajaú, do Balsas, das Neves, do Farinha – rios, em sua maioria,

desconhecidos até então. E também as serras da Cinta, Negra, das Mangabeiras. O

estudo também abrangeu as cachoeiras.

6 Berford (1810) e Caldas (1900) fazem nos trabalhos aqui citados uma narrativa bem parecida com a que

faz Paula Ribeiro.

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Ao se referir às qualidades das terras do sertão dos Pastos Bons, afirma: “a

Capitania do Maranhão não tem outra mais própria para a agricultura.” (RIBEIRO,

1848, p. 20). As terras extremamente férteis são conseqüências da quantidade de rios,

córregos e riachos já mencionados. Comentando sobre a pecuária, base econômica do

sertão, afirmou:

[...] os gados que apesar de nascerem e de se criarem nos capins

chamados agrestes, únicos pastos gerais de que são próprios estes

sertões do sul da Capitania do Maranhão têm, contudo, pela grandeza

de seu corpo, gordura e aptidão para grandes marchas, muito mais

valor nas feiras do Itapecuru do que todos os outros gados da

Capitania do Piauí, menos vistosos, sem diferença do que os de Balsas

e Pastos Bons. (RIBEIRO, 1848, p. 11).

Paula Ribeiro faz um brevíssimo comentário sobre a economia sertaneja, quando

realça a qualidade de seu gado e da facilidade de vendê-lo nas feiras, principalmente na

do Itapecuru, próxima da capital da província do Maranhão. Por muito tempo, a

pecuária comandou a economia da região, pois alimentava as principais praças do

Maranhão e do Piauí, e também as populações residentes nas regiões auríferas das

capitanias de Goiás e Pará.

Ao se referir ao trabalho nas fazendas e ao manejo com gado, Francisco de Paula

Ribeiro declara que havia poucos assalariados e também poucos escravos, pois os

fazendeiros utilizavam a mão de obra de seus próprios filhos. Foi o primeiro a opinar

sobre a figura do sertanejo e de sua vida material:

Os costumes agros a que os habituam, já por eles também herdados de

seus avós, sem outra alguma espécie de educação, faz com que não se

encontre nestes sertões nascido um homem cujo modo de pensar o

constitua nessa qualidade por outra circunstância que não seja o

instinto natural. Não só as primeiras letras e as artes liberais, mas

ainda mesmo as mecânicas, lhes são inteiramente desconhecidas,

porque assim como não tem a sua alma ornatos que a iluminem

também não conhece nem sente o seu trato pessoal qualquer precisão

da decência. Poucos, ainda mesmo os mais ricos, deixam de viver

quase nus, de comer e dormir sobre a terra como os selvagens: sendo

claro, pelo que dos seus princípios fica dito, que mais àquele estado

brutal em que nascem e se criam do que ao sistema devem eles uma

tal filosofia. Apesar disso, não tem em si, além do seu adusto modo de

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tratar, outros defeitos que escandalizem a humanidade: ao menos

prudentemente os dirigem, porque enfim são hospitaleiros,

agasalhadores, e tratam aos passageiros, de que sempre têm

concorrência, com aquele agrado próprio sim da sua rusticidade,

porém sincero e de boa fé, facilitando tudo o que possuem àquele que

carinhosamente os sabe enganar, e sem que se acautelem contra os

prejuízos que muitas vezes se lhe têm seguido da sua credulidade:

finalmente, entre os povos sertanejos este foi o menos desumano que

em outro tempo conheci. (RIBEIRO 1848, p. 65-66).

Paula Ribeiro faz uma radiografia do sertanejo maranhense do início do XIX,

segundo ele, esse homem vivia em estado natural, incapaz de adaptarem-se as artes

liberais nem as mecânicas, sem nenhuma noção de bem está, vivia nu e dormia no chão.

Contraditoriamente tratavam com civilidade seus “hóspedes”. No início do século XIX

o mundo rural e sertanejo tinha imenso e quase insuperáveis obstáculos, embora alguns

autores façam relatos de um sertão bem próximo do paraíso. Faltavam estradas, os

serviços mais elementares, ou melhor, faltava tudo, sobrava necessidade. Era um mundo

desconhecido e desamparado pelo Estado. As necessidades foram sendo supridas

paulatinamente pelo homem do sertão. O Estado só chegou muito tempo depois.

A narrativa do cotidiano sertanejo descrita por Paula Ribeiro suscitou várias

interpretações, de outros autores7, todas com uma boa dose de idéias pré-concebidas,

que vão desde “sociedade menos civilizada”, “sertanejo ambicioso e rude” e região

“violenta e sanguinária”. Socialmente diferente do homem do litoral, o sertanejo e o sul

do Maranhão são, ainda nos nossos dias discriminados pelo poder público.

Em seguida, abordaremos a descrição de Paula Ribeiro sobre as negociações

feitas com os emissários representantes do governo da capitania de Goiás sobre o litígio

da fronteira e a demarcação do território com a capitania do Maranhão.

7 Almeida, Cândido Mendes de. A Carolina ou a definitiva fixação de limites entre as províncias do

Maranhão e de Goiás. (1852), Lopes, Antonio. Uma Região Tropical. (1970), Carvalho, Carlota. O

Sertão: subsídios para a História e a Geografia do Brasil (2000), Nimuendajú, Curt. The Eastern Timbira.

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Figura 5 - Mapa elaborado por Francisco de Paula Ribeiro, 1819

Fonte: Fundação Biblioteca Nacional

A pendência nasceu provavelmente por volta de 1810, quando o regatão

Francisco José Pinto de Magalhães, avistou casebres e currais nas proximidades do rio

Tocantins. Francisco José teria dito a Elias Ferreira de Barros, o dono da fazenda e

provável “descobridor” do rio Tocantins, pelo lado maranhense, que jamais ele poderia

ali fixar fazendas de gado vacum ou residência, por serem aquelas terras pertencentes à

Coroa e que tal ocupação só seria possível mediante autorização real.

O fazendeiro Elias Barros teria acreditado no que lhe dissera o regatão Francisco

José Pinto de Magalhães, o qual, então, construiu um barracão e lá se estabeleceu,

praticando a venda de sal, fumo, aguardente e alguma cutelaria. Há muito viajava pelo

rio Tocantins, preando e comercializando índios. Já afirmamos ser o índio seu principal

produto de venda.

Em seguida, o mesmo Francisco José Pinto de Magalhães comunicou ao

governo da capitania de Goiás que, com seu esforço e esmerado patriotismo, havia

fundado com sessenta agregados um arraial às margens do rio Tocantins. Nascia um

conflito que colocou em lados opostos os colonos e fazendeiros do Maranhão e os

“invasores” de Goiás pela posse das férteis terras do lado maranhense. Essa crescente

animosidade pressionou a Coroa portuguesa, que através do Aviso de 11 de agosto de

1813, mandou fixar os limites da divisa entre as duas Capitanias:

S. A. R. a V. S. para que possa proceder a nomeação de Oficiais e

pessoas inteligentes que sejam incumbidas daquela demarcação, no

que V. S. deverá ir de acordo com o Governador do Maranhão, a

quem S. A. R. nesta mesma data manda expedir as suas ordens a este

respeito, para que haja pela sua parte de dar as necessárias disposições

sobre este importante objeto: devendo a demarcação depois de

concluída, subir a Augusta Presença de S. A. R. para receber a Real

Sanção e aprovação do mesmo Senhor. (ALMEIDA, 1852, p. XXX).

Desde que chegou a São Pedro de Alcântara como representante e comissário do

governo da capitania do Maranhão, com a finalidade de cumprir a missão demarcatória,

Paula Ribeiro ouviu os moradores mais antigos do distrito, colheu os depoimentos sobre

o seu povoamento e indagou acerca de rios na região. Todas as informações prestadas

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pelos moradores eram devidamente anotadas e enviadas com suas impressões ao

governador da província.

Paula Ribeiro anotou tudo que viu e ouviu ao longo de três meses, fez

diligências e estabeleceu contatos com algumas etnias indígenas. Equivocou-se sobre

algumas nações indígenas, conforme afirma Nijumuendajú (1946, p. 18). Não obstante

ter localizado alguns enganos, o mesmo autor declara ter sido Paula Ribeiro “o maior

historiador dos sertões do Maranhão”.

Sua perspicácia, paciência, poder de persuasão e aglutinação foram de muito

proveitosos para os interesses da capitania do Maranhão. Após meses de conversações,

conseguiu convencer um dos representantes do governo de Goiás, o sargento-mor José

Antônio Ramos Jubé, que as terras situadas do lado direito do rio Tocantins, pertenciam

a capitania do Maranhão. Como não se chegava à unanimidade, pois havia a opinião

contrária exatamente de Francisco José Pinto de Magalhães, o “fundador” do arraial,

pertencente à capitania de Goiás em terras do Maranhão, Paula Ribeiro se retirou para o

distrito de Pastos Bons, onde ficou aguardando ordens superiores.

As confabulações entre os governos de Maranhão, Goiás e a Corte, no Rio de

Janeiro, duraram um ano. A Corte concluiu pela demarcação dos limites entre as duas

capitanias, como havia sido esboçado por Paula Ribeiro na mesa de negociação. A

margem direita do rio Tocantins, desde a desembocadura do rio Manoel Alves Grande,

pertencia ao Maranhão, segundo o Auto de Demarcação de 16 de julho de 1816,

convalidado pelo Decreto nº 773, de 23 de agosto de 1854. As divisas entre Maranhão e

Goiás (hoje Tocantins) ainda são as mesmas fixadas em 1816 por Francisco de Paula

Ribeiro.

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