Alguns indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras ...

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ARTIGO DE REVISÃO Alguns indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras – revisão Some indicators for the assessment of welfare in dairy cows – a review Joaquim L. Cerqueira 1,2 *, José P.Araújo 1,3 , Jan T. Sorensen 4 , João Niza-Ribeiro 2,5 1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo 2 Centro de Ciência Animal e Veterinária da UTAD (CECAV) 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO-IPVC) 4 Department of Animal Science, Aarhus University - Denmark 5 Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto REVISTA PORTUGUESA CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DE 5 Resumo: A preocupação e o interesse da sociedade pelo bem-estar animal (BEA) têm aumentado nos últimos anos. Em simultâneo, a necessidade de sustentação científica na avaliação das condições em que os animais são criados para fins de asses- soria, credibilização e certificação de produtos é uma evidência. Nos sistemas de produção dos países do norte da Europa e no modo de produção biológico, recorrem-se a programas de avaliação de BEA, para salvaguardar a saúde, conforto e garantir princípios éticos e legais na produção, proporcionando maior confiança ao consumidor final. As cinco liberdades conferem uma indicação inicial sobre os aspectos relevantes a considerar na apreciação do bem-estar. A utilização de uma escala de pontuação baseada em atributos de ordem geral e ambiental apresenta dificuldades na interpretação do BEA. Por outro lado, se a avaliação for orientada para o animal torna-se mais precisa. Na presente revisão são apresentados e discutidos os principais indicadores de avaliação de BEA em vacas leiteiras usados actualmente. Recolheu-se evidência em publicações científicas, que demonstram a importância dos indicadores comportamentais, de saúde e de maneio na avaliação e moni- torização do BEA. Descreve-se a metodologia de utilização dos indicadores, referindo-se as suas vantagens e limitações. Mencionam-se os critérios de interpretação e a sua relação com a produtividade e o BEA. Para avaliação do BEA é fundamen- tal a mensuração de um conjunto de indicadores, mediante várias visitas à exploração. Palavras-chave: Bem-estar, vacas leiteiras, indicadores Summary: The concern and interest of the society for animal welfare (AW) have increased in recent years. Simultaneously, the need for scientific support when assessing the conditions under which animals are raised for purposes of advice, credibility and certification of products are evident. In produc- tion systems in countries of northern Europe and in organic production, the use of AW programs to safeguard animal health, and comfort and to ensure ethical and legal principles in production, provide greater confidence to the final consumer. The five freedoms give an initial indication of the relevant aspects to consider in assessing the AW. The use of a scoring scale based on general and environmental attributes presents interpretation difficulties. Moreover, if the evaluation is directed to the animal, it becomes more precise. In this review the main indicators for evaluating AW currently used in dairy cows are presented and discussed. Evidence collected in scientific publi- cations demonstrates the importance of behavioral, health and husbandry indicators in the evaluation and monitoring of AW. The methodology these indicators use is described as well as its advantages and limitations. We also mention the criteria for interpretation and its relation to productivity and AW. For AW assessment it is primordial to measure a set of indicators, through several visits to the farm. Keywords: Welfare, dairy cows, indicators Introdução A reestruturação que se tem verificado nos últimos anos ao nível das explorações leiteiras em Portugal traduziu-se num aumento da dimensão média do efectivo e de uma intensificação da actividade. Este cenário associado ao consequente aumento de enca- beçamento e do rendimento por vaca, o qual se encon- tra actualmente ao nível da média da União Europeia (UE), conduz a maiores exigências no que se refere à observância das normas de bem-estar animal (BEA). Ainda que a produção média por exploração se encontre aquém da média da UE, a maior parte do leite é recolhido em explorações com uma dimensão superior a 150 toneladas, sendo de salientar que 50% da produção nacional é assegurada por apenas 10% das explorações (com produção acima das 300 toneladas/ano) vocacionadas exclusivamente para a produção de leite (Araújo et al., 2007). A profissionalização dos produtores e das suas explorações traduziu-se em melhor controlo sanitário e da alimentação animal, maior valor genético 1 dos efectivos e permitiu, nos últimos anos, alcançar os padrões europeus ao nível da produtividade das vacas. Simultaneamente verificou-se um aumento qualitativo do leite produzido, sendo de destacar que, quer o *Correspondência: [email protected] Tel: +(351) 258909740 Fax: +(351) 258909779 1 Fruto de programas de melhoramento e por via da aquisição de vacas de alto valor genético provenientes de outros Estados Membros como a França, Países Baixos e Dinamarca.

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ARTIGO DE REVISÃO

Alguns indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras – revisão

Some indicators for the assessment of welfare in dairy cows – a review

Joaquim L. Cerqueira1,2*, José P. Araújo1,3, Jan T. Sorensen4, João Niza-Ribeiro2,5

1Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo2Centro de Ciência Animal e Veterinária da UTAD (CECAV)

3Centro de Investigação de Montanha (CIMO-IPVC) 4Department of Animal Science, Aarhus University - Denmark

5Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto

R E V I S T A P O R T U G U E S A

CIÊNCIAS VETERINÁRIASDE

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Resumo: A preocupação e o interesse da sociedade pelo bem-estar animal (BEA) têm aumentado nos últimos anos. Emsimultâneo, a necessidade de sustentação científica na avaliaçãodas condições em que os animais são criados para fins de asses-soria, credibilização e certificação de produtos é uma evidência.Nos sistemas de produção dos países do norte da Europa e no modo de produção biológico, recorrem-se a programas de avaliação de BEA, para salvaguardar a saúde, conforto e garantir princípios éticos e legais na produção, proporcionandomaior confiança ao consumidor final. As cinco liberdadesconferem uma indicação inicial sobre os aspectos relevantes aconsiderar na apreciação do bem-estar. A utilização de umaescala de pontuação baseada em atributos de ordem geral eambiental apresenta dificuldades na interpretação do BEA. Poroutro lado, se a avaliação for orientada para o animal torna-semais precisa. Na presente revisão são apresentados e discutidosos principais indicadores de avaliação de BEA em vacas leiteirasusados actualmente. Recolheu-se evidência em publicaçõescientíficas, que demonstram a importância dos indicadorescomportamentais, de saúde e de maneio na avaliação e moni-torização do BEA. Descreve-se a metodologia de utilização dosindicadores, referindo-se as suas vantagens e limitações.Mencionam-se os critérios de interpretação e a sua relação coma produtividade e o BEA. Para avaliação do BEA é fundamen-tal a mensuração de um conjunto de indicadores, mediantevárias visitas à exploração.

Palavras-chave: Bem-estar, vacas leiteiras, indicadores

Summary: The concern and interest of the society for animalwelfare (AW) have increased in recent years. Simultaneously,the need for scientific support when assessing the conditionsunder which animals are raised for purposes of advice, credibility and certification of products are evident. In produc-tion systems in countries of northern Europe and in organic production, the use of AW programs to safeguard animal health,and comfort and to ensure ethical and legal principles in production, provide greater confidence to the final consumer.The five freedoms give an initial indication of the relevantaspects to consider in assessing the AW. The use of a scoringscale based on general and environmental attributes presentsinterpretation difficulties. Moreover, if the evaluation is directedto the animal, it becomes more precise. In this review the mainindicators for evaluating AW currently used in dairy cows are

presented and discussed. Evidence collected in scientific publi-cations demonstrates the importance of behavioral, health andhusbandry indicators in the evaluation and monitoring of AW.The methodology these indicators use is described as well as itsadvantages and limitations. We also mention the criteria forinterpretation and its relation to productivity and AW. For AWassessment it is primordial to measure a set of indicators,through several visits to the farm.

Keywords: Welfare, dairy cows, indicators

Introdução

A reestruturação que se tem verificado nos últimosanos ao nível das explorações leiteiras em Portugaltraduziu-se num aumento da dimensão média do efectivo e de uma intensificação da actividade. Estecenário associado ao consequente aumento de enca-beçamento e do rendimento por vaca, o qual se encon-tra actualmente ao nível da média da União Europeia(UE), conduz a maiores exigências no que se refere àobservância das normas de bem-estar animal (BEA).

Ainda que a produção média por exploração seencontre aquém da média da UE, a maior parte doleite é recolhido em explorações com uma dimensãosuperior a 150 toneladas, sendo de salientar que 50%da produção nacional é assegurada por apenas 10%das explorações (com produção acima das 300toneladas/ano) vocacionadas exclusivamente para aprodução de leite (Araújo et al., 2007).

A profissionalização dos produtores e das suasexplorações traduziu-se em melhor controlo sanitárioe da alimentação animal, maior valor genético1 dosefectivos e permitiu, nos últimos anos, alcançar ospadrões europeus ao nível da produtividade das vacas.Simultaneamente verificou-se um aumento qualitativodo leite produzido, sendo de destacar que, quer o

*Correspondência: [email protected]: +(351) 258909740 Fax: +(351) 258909779

1Fruto de programas de melhoramento e por via da aquisição de vacasde alto valor genético provenientes de outros Estados Membros como aFrança, Países Baixos e Dinamarca.

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aumento de dimensão quer a concentração regionaldas explorações conduziram também a ganhos de efi-ciência através da optimização na logística de recolha(MADRP, 2007).

No entanto associado ao aumento da produção deleite, surgem problemas relacionados com mastites(Schreiner e Ruegg, 2003), transtornos podais (Bachet al., 2007) e reprodutivos, resultando no refugo precoce das vacas (Webster, 2005). As elevadas produções podem comprometer o BEA, induzindodistúrbios na saúde, desconforto e diminuição da qualidade do leite (Fulwider et al., 2007).

A avaliação de BEA engloba a legislação, o conhe-cimento científico e a ética, entendida esta, como aresponsabilidade ética dos criadores cuidarem adequadamente os seus animais (Broom, 1991). OBEA pode ser avaliado através da observação do com-portamento dos animais, o estado de activação dosseus sistemas fisiológicos e o seu estado geral, sendofactores importantes o alojamento e as condições dasinstalações (Veissier et al., 2007).

O conforto da vaca leiteira tem-se assumido comoum dos factores mais influentes para o aumento deprodução na última década. Um ambiente de confortodeficitário influi negativamente o consumo de matériaseca, a saúde do úbere, a fertilidade, estando naorigem de problemas podais (Bach et al., 2007).Vários estudos têm sido desenvolvidos para avaliar oimpacto dos tipos de alojamentos no comportamentodos animais, na produção de leite, na incidência demastites, na contagem celular, na pontuação de loco-moção e nos problemas podais (Fregonesi e Leaver,2001; Regula et al., 2004). Um número significativode vacas leiteiras é refugado no início da vida produ-tiva por várias razões, incluindo claudicação crónica.

Assegurar um nível de bem-estar aceitável das vacasleiteiras, é importante para permitir um eficiente graude produção, reduzir a incidência de patologias, satisfazer a procura de produtos derivados de animaiscriados sob condições de bem-estar ideais e para possibilitar um incremento da produção local quepossa competir com importações procedentes de paísescom níveis de bem-estar animal inferiores.

A avaliação do BEA pode ser utilizada como instru-mento preventivo e de assessoria aos criadores, fontede informação para a elaboração de directivas e deesquemas de qualidade para os consumidores(Napolitano et al., 2005), existindo protocolos desen-volvidos, testados, implementados e publicados paravacas de leite (Whay et al., 2003). Os protocolosbaseiam-se em índices indirectos, derivados a partir deuma combinação de observações directas, registos eestimativas do criador (Webster, 2005). Esta revisãotem por finalidade descrever e analisar os sistemas de indicadores de avaliação de bem-estar para vacasleiteiras que se considerou serem os mais consistentes,rigorosos e úteis, entre os que se encontram actual-mente descritos e publicados.

Metodologia

Esta revisão sobre os principais indicadores indirec-tos de bem-estar em vacas leiteiras.

Optou-se por classificar os sistemas numa das trêscategorias seguintes de indicadores: comportamentais,de saúde e de maneio. Seleccionaram-se os sistemasde indicadores com base em três critérios: a) seremlargamente referenciados na bibliografia de diversosgrupos de trabalho (sempre que possível a pesquisabibliográfica foi realizada tendo por critério existirmaior número de citação do artigo científico e simul-taneamente incluir as publicações mais recentes), b)possuírem critérios de avaliação objectivos, possíveisde medir com rigor (repetibilidade e reprodutibili-dade) e c) possibilitarem interpretações para estadosde saúde ou de bem-estar animal adequadamente vali-dadas e publicadas por pelo menos um investigador ougrupo.

Para cada sistema de indicadores é evidenciada ametodologia de abordagem, assim como os respec-tivos critérios de classificação. Descrevem-se ainda assuas potencialidades e limitações, a respectiva formade interpretação e as implicações que a pontuação deresultados possui em termos de produção, saúde ebem-estar animal.

Desta revisão foram excluídos alguns indicadoresde avaliação de bem-estar, tais como: doenças, para-sitas na pele, lesões no corpo, estado da pele, descargavulvar, descarga nasal, descarga ocular, diarreia, taxade respiração, condição podal e consistência das fezes,que apesar da sua utilização em protocolos de avaliaçãode bem-estar, são pouco referenciados em revistascientíficas.

Referem-se de forma muito sintética alguns sistemasde avaliação de bem-estar desenvolvidos e implementa-dos na Áustria e na Alemanha.

Indicadores comportamentais

As alterações comportamentais dos animais nasexplorações são frequentemente utilizadas como umindicador para a avaliação do bem-estar animal. Por issoo conhecimento abrangente das actividades comporta-mentais dos animais é fundamental para a melhoria daprodução animal (Gordon, 1995). Estudos recentesindicam que interacções negativas homem-animalpoderão influenciar negativamente a produção dasvacas leiteiras (Rushen et al., 1999; Breuer et al., 2000).Atitudes negativas podem conduzir a interacçõesagonísticas, medo, desregulação hormonal e stress comreacções nefastas sobre a produção, bem-estar e difi-culdades no maneio animal, aumentando o risco delesões para os animais. Por outro lado, a manipulaçãodos animais de uma forma tranquila permite aumentaro seu desempenho reprodutivo e de produção de leite.

Os métodos experimentais de avaliação comporta-mental, como a observação directa e a análise de

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gravações em vídeo, têm evoluído nos últimos anospermitindo progressos neste domínio. Os primeirostêm alguns inconvenientes, sobretudo devido à interfe-rência humana; os segundos são métodos demorados eque exigem mão-de-obra especializada. Muller eSchrader (2003) desenvolveram um método degravação automática da actividade comportamental devacas leiteiras que consiste num sistema de vigilânciamediante dispositivos electrónicos fixados aos membrosdos animais. Este método pode medir objectivamentea actividade comportamental e monitorizar os movi-mentos e períodos de repouso e actividade dos animais,sem restrição à liberdade de circulação dos mesmos.

São diversos os factores de incerteza associados àsobservações feitas com estes métodos.

Em ambientes mais complexos, como a estabulaçãolivre ou em sistemas de pastoreio pode tornar-se difícilobservar a actividade ininterruptamente durante váriosdias. Caso estejam envolvidos mais do que um obser-vador, poderão surgir problemas adicionais com asinterpretações dos diferentes operadores (Martin eBateson, 1993; Schwarz et al., 2002). A consistênciado observador também pode variar devido a factorescomo distracções por motivos específicos. Acresceainda a possível perturbação do investigador durante aobservação ou análise (Martin e Bateson, 1993). Por último, a observação directa pode influenciar ocomportamento dos animais ao serem observados(Gordon, 1995).

A avaliação da relação homem-animal é uma com-ponente muito importante para o conhecimento dobem-estar nas explorações de vacas leiteiras (Rousinge Waiblinger, 2004). Para estes autores a realizaçãodos testes de abordagem voluntária e forçada do animal para a sua avaliação é importante. A distânciade evasão dos animais, por exemplo, poderá reflectir onível de relacionamento homem-animal. Embora ostestes de abordagem sejam muito influenciados porfactores externos, a sua inclusão deve ser equacionadanos estudos de comportamento (Waiblinger et al.,2003).

Teste de abordagem voluntária do animal

Consiste na avaliação da motivação do animal paraexplorar um humano, devendo ser executado pelamanhã, cerca de uma hora após a distribuição do ali-mento. Determina-se uma área de ensaio no sistemade alojamento livre com cubículos, posicionada deforma central e amplamente visível em relação à zonade alimentação e a uma distância mínima de 10 m dosbebedouros. Procede-se à medição com fita e mar-cação a giz, serradura ou palha moída, de uma zona de2,5 m de diâmetro, no centro da qual fica localizado o operador durante o teste (centro do teste).Aproximadamente 5 minutos após a conclusão damarcação da área de ensaio, o operador caminha lenta-mente para o centro da área de teste e coloca-se de

costas para os cubículos, permanecendo paradodurante 15 minutos e o teste inicia-se imediatamente.Regista-se o número de vacas em pé na zona de 2,5 me são assinalados os animais que efectuam a primeiratravessia da zona bem como os possíveis contactoscom o operador.

Teste de abordagem forçada do animal

Baseia-se na avaliação da reacção do animal, aoteste de aproximação de uma pessoa, numa amostraaleatória de vacas em sistema de estabulação livre. Apessoa aproxima-se da vaca de uma forma pacífica,abordando o animal pela frente, caminhando lenta-mente (aproximadamente um passo por segundo),olhando para a vaca, mas sem fixar os olhos e mantendo braços e mãos junto ao corpo. O operadordeve permitir que as vacas o visualizem antes daaproximação individual a cada animal. À distânciaaproximada de 1 m da vaca, o operador estende lentamente a mão e passados cerca de 10 segundostenta tocar no seu pescoço. O teste termina quando avaca se afasta do operador, dando passos bemdefinidos.

As respostas deste teste são classificadas em cincocategorias, a partir do momento de retirada da vaca,em relação à distância da pessoa ou à aceitação (semfugas), da seguinte forma:

Categoria 1 - A vaca evita a pessoa a uma distânciasuperior a 2 m;

Categoria 2 - A vaca retira-se a uma distância entre1,5 a 2 m;

Categoria 3 - A vaca retira-se a uma distância inferior a 1,5 m e evita a pessoa quando esta estende amão, após estar imobilizada a cerca de 1 m;

Categoria 4 - A vaca aceitou o teste da pessoa aoesticar a mão, mas evitou ser tocada;

Categoria 5 - A vaca aceitou ser tocada pela pessoa.

Teste de comportamento na sala de ordenha

As vacas leiteiras são geralmente manipuladasatravés de rotinas diárias, sendo a ordenha uma dasmais importantes, que se realiza duas ou três vezes ao dia. Esta rotina é um factor importante para o bem-estar das vacas, uma vez que o seu comporta-mento é ajustado às preferências de cada animal(Arave e Albright, 1981). A escolha de um dos ladosda sala de ordenha é um factor valorizado por algunsanimais, pois existem alguns estudos evidenciandoque as vacas eram consistentes na opção, por isso têmuma clara preferência lateral (25,8% das vacas)(Hopster et al., 1998). No entanto Costa e Broom(2001), não encontraram evidências de desconforto,inclusive nas vacas que evidenciavam alta consistênciade preferência lateral. As vacas normalmente identifi-cam as pessoas individualmente na ordenha e o medoperante estranhos presentes no local, poderá aumentarsubstancialmente o leite residual e reduzir a produção

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final de leite nessa ordenha (Rushen et al., 1999).Segundo Rousing et al. (2006) os animais na ordenha

são avaliados em dois momentos distintos. O primeirorelaciona-se com a abordagem à máquina de ordenha(convencional ou automática), sendo atribuída a pontuação 1 para os animais que entram normalmenteno equipamento e 2 para os que efectuam uma paragem no momento do ingresso à ordenha. O segun-do prende-se com a existência de passos e/ou coicesdurante a ordenha. Os passos são definidos como adeslocação suave dos membros mantendo-se contudonuma posição vertical; os coices são definidos comosendo o movimento violento dos membros e sua elevação, muitas vezes dirigidos para a frente. Estesdois eventos são avaliados separadamente classifican-do-se do seguinte modo:

Classe 1 – Nenhuma ocorrência durante a ordenha;Classe 2 – Uma ocorrência por ordenha;Classe 3 – Duas ou mais ocorrências durante a

ordenha.Para além desta avaliação poderá ser oportuno ainda

o registo de outras ocorrências como, coices por noscomponentes da ordenha, cauda presa, tentativa defuga do animal e a defecação.

As respostas fisiológicas e comportamentais devacas leiteiras, tanto em sistema de ordenha automáti-ca como convencional foram relativamente baixas etípicas para o padrão da espécie, sendo ambos os sistemas igualmente aceitáveis no que se refere àobservância dos requisitos de bem-estar animal(Hopster et al., 2002). Contudo a frequência de passosna ordenha automática foi significativamente superiorà convencional (Wenzel et al., 2003). Num estudo decomportamento durante a ordenha, em ambientefamiliar e não familiar, Rushen et al. (2001) veri-ficaram que as vacas efectuam menos passos e exibemmais coices em situação familiar, pois em geral talcomo descrito por Rousing et al. (2004) o comporta-mento de passos e coices é realizado por vacas nãotemerosas e/ou confiantes. Além disso, em unidadesautomáticas as vacas escoiceiam principalmente nofinal da ordenha, provavelmente pelo desconforto,devido ao baixo fluxo de leite e pressão do sistema devácuo.

O comportamento de passos durante a ordenha foiassociado positivamente à produção diária de leite. Asvacas com lesões nos tetos foram mais propensas acoices durante a ordenha, devido a dor e desconforto,especialmente nas que toleravam o contacto no testede abordagem humana. Não foi encontrada relaçãoentre claudicação ou outros sinais de distúrbios nosmembros e propensão para coices ou comportamentosanormais durante a ordenha (Rousing et al., 2004).

Este teste pode revelar-se muito útil, como ferra-menta de avaliação do bem-estar ao nível da saúde doúbere, técnicas de ordenha, lesões na pele e qualidadedas rotinas de maneio em efectivos leiteiros.

Ascensão do animal e posturas

O tipo de estabulação influencia o comportamentodas vacas em descanso. O tempo médio de repouso ea frequência com que cada animal se deita é influen-ciado pelo tipo de dieta, pela hierarquia social, pelaestrutura do cubículo, incluindo o tipo de piso, entreoutros factores associados (Dechamps et al., 1989).Segundo Krohn e Munksgaard (1993), o tempo que asvacas se mantêm deitadas é geralmente de 8 a 14horas, durante períodos de observação dos animais de15 a 25 horas. A duração de cada período varia, deapenas alguns minutos (perturbação dos animais), atémais de 3 horas. Neste domínio o teste de ascensãotornou-se muito popular.

No teste de ascensão desenvolvido por Chaplin eMunksgaard (2001), as vacas são observadas indivi-dualmente, ao amanhecer previamente à limpeza dosalojamentos. Consiste em encorajar os animais a le-vantarem-se dos cubículos, sendo atribuída pontuaçãode acordo com a seguinte descrição:

1. Movimento suave e fluído com sequência normalde posturas;

2. Pequena pausa nos joelhos com sequência normalde posturas;

3. Longa pausa nos joelhos com sequência normalde posturas;

4. Longa pausa nos joelhos e/ou alguma dificuldadeem levantar-se, tal como embaraçosa torção da cabeçae do pescoço, mas com sequência normal de posturas;

5. Ascensão anormal, desviando-se da sequência normal de posturas, tal como levantar primeiro os mem-bros anteriores ou simplesmente recusa levantar-se.

A sequência normal de posturas no momento emque o animal está deitado e se levanta é descrita eilustrada (Tabela 1), devendo ser tido em conta paraavaliação deste parâmetro.

Existe ainda uma versão simplificada deste teste,em que o observador se posiciona posteriormente àvaca deitada no cubículo, sendo esta incentivada a le-vantar-se através de simples estímulo oral do operadore seguidamente por um ou mais toques suaves na parteposterior do animal. Assim o nível de encorajamento éclassificado da seguinte forma:

Baixo – Sem encorajamento ou apenas um toque naparte posterior;

Médio – Encorajamento de voz e 2 a 3 toques naparte posterior;

Alto – Encorajamento de voz e mais do que 3 toquesna parte posterior.

Dificuldades dos animais no deitar e levantar podemprovocar lesões, desconforto e descanso insuficiente,sendo importante a realização deste teste nas explo-rações numa amostra representativa de vacas.

Comportamento social

O comportamento social é considerado um factor deextrema importância no bem-estar em sistema de

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estabulação livre para bovinos de leite (Bouissou etal., 2001). O sistema de cubículos, correctamentedimensionado permite aos animais expressar uma variedade de comportamentos naturais incluindo alocomoção, com implicações positivas no ambientesocial entre animais. A relação social pacífica no efec-tivo leiteiro pode ter um efeito positivo e benéfico naredução de episódios promotores de agitação e deinstabilidade para as vacas, no entanto o risco deagressão e perturbação social pode ocorrer, provocadopor animais mais combativos. Em grupos dinâmicos éfrequente o aparecimento de interacções agressivasque levam à instituição e manutenção da ordem socialhierárquica. Além disso a competição por recursos(alimento, água e áreas de repouso), agravada no casode estábulos mal concebidos, é um importante factorde perturbação, gerando comportamentos agressivos einstabilidade social no efectivo leiteiro.

Em sistemas de estabulação livre para vacas leiteirasé prática comum proceder-se à descorna, prevenindocomportamentos agonísticos entre indivíduos, a ocor-rência de lesões na pele, facilitando o maneio e trans-porte dos animais e reduzindo a probabilidade delesões dos tratadores. Com a descorna as distânciasindividuais entre animais diminuem, o que exerce umgrande efeito sobre a ordem social dentro do efectivoleiteiro, pois um maior espaço por vaca traduz-se naredução da frequência de comportamentos agonísticose associados a ocorrência de lesões. A integração de

animais jovens nos efectivos leiteiros de adultos éoutro factor potencial de stress e lesões. Verificou-seque, nas explorações onde o criador tinha os animaispor lotes de diferentes idades, monitorizando devida-mente as integrações, a frequência de lesões foi menordo que nos efectivos leiteiros em que as vacas maisjovens foram integradas sem qualquer medida adi-cional (Menke et al., 1999).

Keyserlingk et al. (2008), afirmam que o reagrupa-mento é prática comum no maneio de explorações leiteiras. Estes autores ao analisarem o efeito do rea-grupamento na alimentação, no comportamento sociale na produção de leite, comparando o desempenho dosanimais três dias antes do reagrupamento, constataramque as vacas despenderam, aproximadamente menos15 minutos na alimentação e abandonaram em média25 vezes mais frequentemente a área de alimentação.O número de vezes que os animais se deitaram diminuiu de 12,2±0,9 para 10,5±0,9 e o tempo quepermaneceram deitados no cubículo mostrou umatendência semelhante. A produção de leite passou de43,4±1,5 kg para 39,7±1,5 kg e manteve esta quebranos dias seguintes.

Wemelsfelder et al. (2001) sugerem a utilização dametodologia experimental "Free Choice Profiling"(FCP), para a avaliação qualitativa do comportamento,que reflecte o nível de organização do animal, per-mitindo interpretar as medidas comportamentais efisiológicas do bem-estar global do indivíduo.

Tabela 1 – . Sequência normal de posturas quando uma vaca está deitada e se levanta

Descrição da sequência de posturas dos bovinos em ascensão Ilustração

A região do esterno começa a elevar-se sobre o piso

Alongamento da cabeça e pescoço para a frente com flancos sobre o piso

Peso do animal sobre os joelhos e quartelas distendidas

Membros posteriores estirados

Permanece equilibrada com as quatro patas no chão

Fonte: Adaptado de Mattiello et al. (2005)

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A qualidade da relação homem-animal parece teruma nítida influência sobre o comportamento socialde vacas leiteiras. Um contacto próximo entre criadore animais, com uma situação pessoal estável contribuipositivamente para um apropriado comportamentosocial do efectivo leiteiro (Waiblinger et al., 2003).

Indicadores de saúde

A doença pode ser considerada como um importanteindicador de bem-estar, porque em muitos casos pres-supõe-se estar associada a experiências negativas,como a dor, desconforto ou stress. Os distúrbios quetêm maior impacto sobre o bem-estar são processosque causam sofrimento a longo prazo em condiçõesque envolvem dor crónica progressiva. Para alémdisso, as doenças de natureza multifactorial, semprecom importante componente ambiental, aparecemcomo resultado do efeito de factores cuja incidênciasobre o animal provoca stress, por isso o aparecimen-to dessas alterações morfológicas ou doenças é, elemesmo, um efeito de factores stressantes repetidos.

Um indicador na avaliação de bem-estar ao nível daexploração poderá centrar-se na prevalência e intensi-dade de alguns problemas de sanidade do efectivo leiteiro e outros casos críticos podem ser incluídos(por exemplo, animais abatidos ou refugados).

A estabulação livre combinada com o exercício regular dos animais no exterior, foi significativamenteassociada a melhor sanidade e bem-estar. O exercícioregular revelou-se igualmente benéfico para vacas man-tidas em estabulação presa relativamente à claudicaçãoe lesões dos tetos. Além do sistema de estabulação, omaneio adequado dos animais constitui um factoressencial na influência do estado de saúde e de bem-estar das vacas leiteiras (Regula et al., 2004).

Analisamos nesta revisão indicadores incidindo sobrequatro aspectos relevantes de saúde: condição corporal,claudicação, higiene dos animais e lesões dos tetos.

Condição corporal

A avaliação da Condição Corporal (CC) é um meiomuito útil para a determinação do estado de gorduracorporal em vacas de leite (Edmonson et al., 1989;Waltner et al., 1993) e a variação da CC é essencialpara estimar o balanço energético (Otto et al., 1991;Ferguson et al., 1994; Komaragiri e Erdman, 1997).Condição corporal excessiva é reconhecida como factor de risco para a saúde, com influência no consumo de alimento, no desempenho reprodutivo ena produção de leite. De igual forma baixa CC temsido associada a uma fraca performance reprodutivaacompanhada de diminuição na produção de leite(Garnsworthy e Topps, 1982; Gearhart et al., 1990;Domecq et al., 1997). Consequentemente a CC temmerecido especial atenção como ferramenta de auxíliono maneio alimentar de efectivos leiteiros (Waltner etal., 1993).

Os animais são classificados com base numa escalade cinco pontos, de acordo com o estado de gorduradas zonas lombar e pélvica da vaca. Vacas muitomagras são pontuadas com 1, vacas magras com 2,vacas médias com 3, vacas gordas com 4 e vacas obe-sas com 5 (Wildman et al., 1982). Vários utilizadorestêm apurado a escala unitária, utilizando meio ponto(0,5) e quarto de ponto (0,25) com a finalidade dealcançar maior precisão nas alterações de gordura corporal (Edmonson et al., 1989, Otto et al., 1991,Waltner et al., 1993). No entanto esse grau de especi-ficidade torna-se mais difícil de aplicar para pontua-ções inferiores a 2 e superiores a 4 (Ferguson et al.,1994).

A CC é atribuída à vaca com base na cobertura dotecido ósseo e nas proeminências observadas nasregiões do dorso, lombo, garupa e pélvis. Regiões de observação específica incluem os processos espinhosos e transversos das vértebras lombares, astuberosidades ilíacas e isquiáticas, a região sacra ecoccígea, ventralmente o trocanter maior do fémur,em que o tecido de cobertura pode ser estimadoatravés de palpação, inspecção visual ou ambas(Edmonson et al., 1989; Ferguson et al., 1994).

Um sistema de pontuação deve ser simples, replicá-vel e fácil de transmitir aos técnicos e criadores, pois asmudanças na gordura corporal, não são independentesmas ocorrem de forma coordenada em todo o organis-mo, sendo imprescindível distinguir cada característicade CC, facilitando a formação de avaliadores na perspectiva de melhorar a repetibilidade e repro-dutibilidade do teste (Ferguson et al., 1994).

Uma amostragem de 30% dos animais do efectivoleiteiro é suficiente para estimar a média da sua CC,podendo ser avaliada por especialistas, sem necessi-dade de deslocação à exploração (Ferguson et al.,2006).

A escala de 5 pontos repartida em centesimais de0,25 da unidade, descrita por Ferguson et al. (1994) éaparentemente a utilizada pela maioria dos classifi-cadores (Tabela 2).

Índice de claudicação

A claudicação constitui actualmente um dos problemas de saúde, económicos e de bem-estar maisimportantes nas explorações leiteiras. É um graveproblema das vacas leiteiras, pelo impacto negativo naredução da produção como no conforto animal (Greenet al., 2002; Whay, 2002; Espejo et al., 2006; Ettemae Ostergaard, 2006; Thomsen et al., 2008) e contribuitambém para a diminuição da eficiência reprodutiva,causando perdas económicas (Lucey et al., 1986;Sprecher et al., 1997). A taxa de incidência anual declaudicação varia entre 4 a 56% em vacas adultas, emfunção da exploração, do local e do ano do estudo(Booth et al., 2004).

As vacas clinicamente afectadas nas úngulas

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demonstraram estros menos frequentes, intervalosentre parto e primeira inseminação mais longos emaior dificuldade de concepção. A taxa de concepçãoé menor nos animais com problemas de claudicação eo aumento da sua prevalência incrementa os índices derefugo (Lucey et al., 1986; Peller et al., 1994). Assuperfícies de cimento, limitações de espaço e o efeitoda nutrição dos animais na transição do período desecagem para a lactação, foram identificados como osprincipais factores responsáveis pela claudicação emvacas leiteiras (Sprecher et al., 1995). Com o partoestabelecem-se patologias podais influenciadas pelorelaxamento do aparelho suspensor da terceira falangepor influência hormonal. As claudicações reduzem onúmero voluntário de ordenhas por dia, principalmenteem sistemas automáticos, levando à necessidade deuma maior intervenção humana para encaminhar osanimais para a ordenha e o mesmo acontece quando severificam comportamentos anormais por parte dosordenhadores (Grove et al., 2003; Klaas et al., 2003).Os sistemas de estabulação e maneio diferem entrepaíses sendo a problemática das claudicações deorigem multifactorial. Um estudo realizado nos PaísesBaixos, em 19 explorações englobando 1.450 vacas,indicou que factores como a dieta, a presença depedilúvio e a realização de tratamentos podais,estavam associados a excelentes performances delocomoção (Amory et al., 2006). Neste estudo, asvacas encontravam-se em estabulação livre durante oInverno, usufruindo da pastagem no Verão. Espejo eEndres (2007) num estudo realizado em 50 explo-rações e 5.626 vacas, no Minesota, salientaram que otempo dispendido pelas vacas nos parques de espera,na ordenha, o nível de conforto das instalações, a fre-quência de corte funcional de úngulas e o piso emcimento influenciaram a prevalência de claudicaçãono grupo de vacas de alta produção.

Já em 1966 a postura de arqueamento do lombo era

associada a lesão podal, tendo contribuído para odesenvolvimento de novos métodos experimentais,envolvendo a avaliação da marcha dos animais(Sprecher et al., 1997). O sistema de pontuação dalocomoção, proposto por estes autores, incide na postura e andamento do animal, atribuindo-se classifi-cações distintas, em função do desempenho observado.Os referidos autores, associam um maior grau de claudicação a um desempenho reprodutivo inferior e arefugo precoce.

É fundamental avaliar o estado de claudicação deum número significativo de vacas, utilizando procedi-mentos simples, rápidos e fidedignos. Uma vez concluída a avaliação de um efectivo importa identi-ficar na exploração os factores de risco, que afectam aincidência e prevalência de claudicação, a avaliaçãodo seu impacto sobre o bem-estar e a produção, bemcomo uma ferramenta para a gestão da saúde no efectivo leiteiro (Thomsen et al., 2008).

Existem diversos sistemas de pontuação da claudi-cação em vacas leiteiras, no entanto são muito seme-lhantes entre si, sendo vulgarmente mais utilizado osistema de Sprecher et al. (1997). Este sistema foiavaliado cientificamente relativamente à sua repetibi-lidade e reprodutibilidade tendo sido documentadosbons resultados (Flower e Weary, 2006; Thomsen eBaadsgaard, 2006; Thomsen et al., 2008). A importân-cia da qualidade dos dados relaciona-se com uma correcta interpretação dos resultados do próprio estudoe pela necessidade de comparação dos resultadosinter-estudos.

Na Tabela 3 apresentam-se os índices de claudi-cação, assim como a classificação da marcha e seuscritérios de avaliação numa escala de 1 a 5 pontos. Asclassificações 4 e 5 são tipicamente identificadascomo clinicamente claudicantes, devido à marchaalterada dos animais. O índice 3 corresponde a umestádio intermédio, no entanto o animal apresenta uma

Tabela 2 – Pontuação de condição corporal baseada na forma das regiões corporais

Pontuação de Condição Corporal (CC)

2,00 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 3,75 4,00 4,25 4,50 4,75 5,00

Ângulo da garupa

Tuberosidadeiliaca

Tuberosidadeisquiática

Processostransversos das vértebraslombares

Ligamento coccígeo

Ligamentodo sacro

Fonte: Ferguson et al. (1994)

palpávelsem

gordura

poucovisível

25 a50%

visíveis

10 a 25%

visíveis

extremidadesvisíveis

extremidadesnão visíveis

visível

visível

poucovisível

nãovisível

poucovisível

nãovisível

> 50 %visíveis

nãovisível

nãovisível

Regiãodo corpo

redonda

redonda

angular

angular

V U plano redondo

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postura e marcha anormais. À pontuação 2 correspondeuma claudicação muito ligeira e na 1 incluem-se os animais com postura e marcha normais.

O índice de claudicação superior a 3 (escala deSprecher et al., 1997), teve um efeito depreciativosobre a ingestão de alimento, sobre o local ocupadopelas vacas na manjedoura, o número de visitas diáriasao sistema de ordenha mecânica, sobre a produção deleite, e resultando em perdas económicas, motivadaspelo acréscimo de trabalho com estes animais, e pelanecessidade de refugo (Bach et al., 2007).

A detecção precoce de claudicação, usando a pon-tuação de locomoção é vital para reduzir as perdas deprodução de leite da exploração e para a indústria, masprincipalmente para melhorar o bem-estar das vacas.Esta deve permitir identificar as vacas na fase inicialde claudicação, circunscrevendo e minimizando oscustos com tratamento e as perdas de produção e pos-sibilitando a recuperação célere dos animais afectados.Almeida et al. (2007), referem que a pontuação dalocomoção não é fiável para detecção de casos ligeirosde claudicação em vacas leiteiras, tendo para o efeito,realizado um estudo para avaliar um equipamento emplaca de pressão na detecção de claudicação. Algumasnovilhas demonstraram melhores aprumos (pico deforça vertical) e simetria entre membros relativamenteàs mais claudicantes, possibilitando esta técnica identi-ficar anomalias nas úngulas que não seriam sinalizadasutilizando o índice de claudicação.

Pontuação da higiene dos animais

O grau de higiene da vaca leiteira é um importanteindicador de bem-estar (Bowell et al., 2003).Inicialmente a pontuação de higiene dos animais foiutilizada para avaliar o efeito do corte da cauda(Tucker et al., 2001; Schreiner e Ruegg, 2002), nadeterminação das relações entre higiene do animal einfecções intra-mamárias subclínicas (Schreiner eRuegg, 2003) e para determinar o risco de contami-nação microbiológica do leite (Sanaa et al., 1993).

Um elevado nível de limpeza da vaca, é indicador demenor risco de exposição a agentes patogénicos ambi-entais, contribuindo para a segurança alimentar emsistemas de garantia da qualidade (Hughes, 2001). Amaior sujidade das vacas correlaciona-se positiva-mente com elevada incidência de mastites (Ward etal., 2002) e altas contagens individuais de célulassomáticas (Reneau et al., 2005). A pontuação dehigiene das vacas com e sem cauda não diferiu, indi-cando que o seu estado de limpeza não é influenciadopela amputação desta, contudo poderá representar umpossível benefício para o conforto do ordenhador(Tucker et al., 2001). Ward et al. (2002), em quatroefectivos leiteiros estudados, observaram que a menorincidência de mastite ocorreu nas vacas mais limpas eque dispunham de camas em melhores condiçõeshigiénicas.

Os factores que afectam a higiene da vaca e que

Tabela 3 – Pontuação da claudicação e critérios de avaliação dos animais.

Índice de claudicação Descrição da marcha Critério de avaliação

1 Normal A vaca caminha normalmente. Na maioria dos casos, o lombo mantém-se

plano, tanto quando a vaca está parada como a caminhar. Sem sinais de

claudicação ou marcha irregular. Sem sinais de peso desigual entre os

membros. Sem sinais de balanceamento da cabeça quando a vaca caminha.

2 Irregular A vaca anda (quase) normalmente. Na maioria dos casos, o lombo mantém-se

plano quando a vaca está parada, mas arqueado ao caminhar. Sem sinais de

balanceamento da cabeça ao caminhar. A marcha pode ser um pouco irregular

e a vaca pode caminhar com passos curtos, mas não há sinais evidentes de

claudicação.

3 Claudicação leve Marcha anormal com passos curtos em um ou mais membros. Na maioria dos

casos, o lombo apresenta-se arqueado, tanto quando a vaca está parada como

a caminhar. Na maioria dos casos, não há sinais de balanceamento da cabeça

ao caminhar. Na maioria dos casos, um observador não será capaz de identi-

ficar o membro afectado.

4 Claudicação A vaca está evidentemente claudicante, em um ou mais membros. Um obser-

vador será capaz de dizer, na maioria dos casos, qual dos membros se encon-

tra afectado. Na maioria dos casos, o lombo revela-se arqueado, tanto quando

a vaca está parada como a caminhar. Na maioria dos casos, o balanceamento

da cabeça é evidente quando caminha.

5 Claudicação grave A vaca está evidentemente claudicante em um ou mais membros. É incapaz,

mostra-se relutante, ou muito reticente em suportar peso sobre o membro

afectado. Na maioria dos casos, o lombo revela-se arqueado, tanto quando a

vaca está parada como a caminhar. Na maioria dos casos, o balanceamento da

cabeça é evidente quando caminha.

Fonte: Thomsen et al. (2008), adaptado de Sprecher et al. (1997).

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estão associados a animais conspurcados, estão relacionados com cubículos deficientemente dimen-sionados (Bowell et al., 2003) e com a consistênciadas fezes, em que o incremento do fluído fecal seencontra positivamente correlacionado com animaismais sujos (Ward et al., 2002). Estes autores referemtambém que explorações com fezes mais firmes estãoassociadas a animais mais limpos e que o risco deinfecção intramamária é superior em animais comsujidade húmida relativamente a sujidade seca.

Estão documentados vários métodos de pontuação dehigiene (Hughes, 2001; Cook, 2002; Schreiner eRuegg, 2003; Reneau et al., 2005) que têm sido utiliza-dos para associar a falta de higiene do úbere e regiõeslimítrofes a problemas de saúde das vacas. A pontuaçãoda higiene na exploração, permite quantificar o grau desujidade e matéria fecal presente nas diferentes regiõesanatómicas e fazer uma avaliação global da limpeza doanimal (Hughes, 2001; Tucker et al., 2001; Schreiner eRuegg, 2002; Bowell et al., 2003; Reneau et al., 2005).O leite do tanque de efectivos leiteiros com reduzidacontagem de células somáticas exibiu uma correlaçãopositiva com baixas pontuações de higiene das vacas,associando-se a elevada qualidade do leite, com relaçãomais forte para efectivos explorados no modo de produção biológico comparativamente ao sistema convencional (Ellis et al., 2007).

Animais com pontuação de higiene 3 e 4 foram 1,5vezes mais susceptíveis de infecção por um agentepatogénico, do que vacas com pontuação 1 ou 2. Oestudo indicou apenas uma fraca associação entre apontuação de higiene das pernas e a prevalência demicrorganismos patogénicos isolados do úbere dosanimais (Schreiner e Ruegg, 2003).

Método de Cook

O método mais usado é o de Cook (2002), no qual,o grau de contaminação da vaca é avaliado numaescala de 1 (limpo) a 4 (muito sujo), para três regiões,separadamente: perna, úbere, coxa e flanco. SegundoCook (2002) em efectivos com menos de 100 vacasdeve efectuar-se a pontuação de todos os animais, enas explorações maiores, pelo menos 25% das vacas.

Classificação da parte inferior das pernas:Esta pontuação permite classificar o grau de suji-

dade presente nos animais e a sua distribuição na parteinferior dos membros posteriores, mediante osseguintes índices:

Índice 1 - pouca ou nenhuma sujidade nos membros;Índice 2 - ligeira sujidade;Índice 3 - são visíveis distintas manchas de esterco

nos membros, mas com pêlo visível;Índice 4 - manchas sólidas de esterco até à parte

superior dos membros.Classificação do úbere:A presença visível de esterco perto dos tetos é um

factor de risco para a infecção do úbere. O procedi-

mento consiste em observar o úbere da retaguarda elateralmente, recorrendo-se aos seguintes índices:

Índice 1 - o úbere encontra-se praticamente limpo; Índice 2 - existência de alguns salpicos de esterco

no úbere e próximo dos tetos; Índice 3 - evidência de distintas placas de esterco

sobre a metade inferior do úbere; Índice 4 - existência de placas de esterco incrustado

no úbere e em torno dos tetos.Classificação da coxa e flanco:Visualizam-se as regiões da coxa e flanco do animal

e atribuem-se as seguintes pontuações: Índice 1 - sem sujidade;Índice 2 - ligeiros salpicos de esterco;Índice 3 - distintas placas de esterco espalhadas pela

zona;Índice 4 - continua placa de esterco a cobrir a zona.Na maior parte dos casos estas zonas são contami-

nadas quando os animais se deitam em cubículossujos, em estábulos com deficiente higienização, ouatravés da incrustação com esterco da base da cauda eao seu redor incluindo a garupa. Num estudo realiza-do em 58 explorações britânicas, observou-se que emmédia 19% dos úberes apresentaram pontuação 3 e 4,associados a elevado risco de infecção. Vacas emestabulação presa têm geralmente a parte inferior daspernas mais limpa e a coxa e flanco mais sujos com-parativamente à estabulação livre. Neste sistemaexiste um maior risco de conspurcação do úbere, porintermédio da sujidade das pernas, quando a higienedo estábulo é descurada (Cook, 2004). Ellis et al.(2007), num ensaio de pontuação de higiene, realizadoa um número significativo de explorações leiteiras na Inglaterra, observaram altos índices de reprodutibili-dade entre operadores, revelando ser um método funcional na avaliação do estado higiénico dos animais.

A evidência acumulada por vários trabalhos realiza-dos em todo o mundo mostra a importância de manteros animais tão limpos quanto possível, especialmenteas vacas de maior rendimento em início de lactação,evitando surtos de mastites e permitindo a produçãode leite de elevada qualidade.

Lesões nos tetos

As lesões nos tetos podem ter origem traumática,ambiental, infecciosa ou erosão química, sendo também provocadas pelo deficiente funcionamento damáquina de ordenha. Estas alterações na pele e nostecidos do canal do teto, normalmente estão associa-das a elevado risco de mastite. Por outro lado, areduzida frequência de ordenha implica muitas vezesa perda de leite através do canal do teto, maior tempode ordenha e distensão do úbere, com impactos negativos sobre a capacidade locomotora, conforto da vaca e a saúde do úbere.

A avaliação da qualidade do funcionamento dosequipamentos de ordenha tem sido testada por inter-

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médio da medição de parâmetros de bem-estar,nomeadamente pela observação do comportamentoanimal e pela inspecção de alterações da morfologiados tetos.

Derrame de leite

O derrame de leite em vacas leiteiras é um sintomade diminuição da função do esfíncter do teto. A fugade leite está relacionada com o aumento do risco demastite em novilhas e multíparas, provocando gravesproblemas de higiene (Klaas et al., 2005). A frequênciado derrame de leite através do canal do teto é variávelentre explorações, podendo atingir valores máximosde 36% no efectivo leiteiro (Schukken et al., 1991). Afuga de leite também ocorreu com maior frequêncianos quartos posteriores do que nos anteriores (Perssonet al., 2003). Para as vacas que se encontram estabu-ladas durante a lactação, o derrame de leite possibilitao desenvolvimento de microrganismos nas camas pro-porcionando um risco acrescido de incidência de mas-tite ambiental (Elbers et al., 1998; Waage et al., 2001),sendo as implicações para a saúde das vacas em pastoreio menos conhecidas. Alguns estudos têmmostrado que, nos efectivos com elevada ocorrênciade derrame de leite, existe maior susceptibilidade parao aparecimento de mastite clínica por Escherichia coli(Schukken et al., 1991; Elbers et al., 1998). O sistemade ordenha automática parece aumentar o risco de der-rame de leite, possivelmente devido aos intervalos deordenha irregulares, pois neste sistema 62% de primí-paras e 28% de multíparas derramaram leite pelomenos uma vez (Klaas et al., 2005). Segundo estesautores, as vacas primíparas com elevado pico defluxo de leite e com canal do teto profuso apresentaramum maior risco de derrame de leite. Por outro lado,factores como alto pico de fluxo de leite, tetos curtose invertidos, canal profuso e fase inicial da lactaçãosão propícios ao aumento do risco de derrame de leiteem vacas multíparas.

A metodologia adoptada para o estudo do derramede leite consiste em examinar a fuga de leite nomomento de entrada dos animais na sala de ordenha,efectuando o seu registo (Klaas et al., 2005). Nesta, asvacas são pontuadas positivamente, quando existe derrame de leite de um ou mais tetos; quando os animais são positivos na primeira observação e negativos na segunda ou vice-versa, classificam-seglobalmente como positivos (Gleeson et al., 2007).

Hiperqueratose dos tetos

A hiperqueratose ou calosidade do teto é outro indi-cador de bem-estar importante. É definida peloaparecimento de um anel espesso no orifício do teto,por vezes acompanhado de rugosidade. Este distúrbioé a resposta do canal do teto a traumatismos repetidose altera a sua capacidade para se manter completa-

mente fechado e impedir a infecção do úbere pormicrorganismos patogénicos, dificultando ainda umacorrecta desinfecção da extremidade do teto(Neijenhuis et al., 2000). O nível de hiperqueratose doteto poderá estar directamente relacionado com ascondições específicas da máquina de ordenha,nomeadamente a intensidade de vácuo durante aordenha e a prática de sobreordenha. Contudo factoresassociados ao animal tais como, forma da extremi-dade, posição e comprimento do teto, assim comoprodução de leite e a paridade revelaram igualmenterelação com a calosidade do teto (Bakken, 1981).

Gleeson et al. (2007) menciona que o grau de hiper-queratose aumentou com o acréscimo da produção deleite e do tempo de ordenha e diminuiu quando as tetinas foram removidas com um caudal de leite naordem de 0,8 kg/minuto, em comparação com 0,2kg/minuto. Referiram também um aumento da hiper-queratose durante os primeiros cinco meses de lactação com tendência para redução na fase final dalactação.

O método universalmente utilizado para a classifi-cação da calosidade dos tetos, foi desenvolvido por(Neijenhuis et al., 2000) e consiste na apreciação dotipo de calosidade e grau de severidade (Tabela 4).

Os dois sistemas de classificação, com a distinçãoentre calosidade suave e rugosa são utilizados de acor-do com as características dos tetos permitindo obteruma pontuação mais rigorosa da sua condição física.Os níveis de hiperqueratose do canal dos tetos ampli-ficam-se nos primeiros quatro meses de lactação e arugosidade é visível por volta do segundo mês,existindo ainda uma elevada correlação com o tempode ordenha e com a paridade, no entanto a hiperquera-tose é mais precoce nas novilhas e mais frequente nasvacas multíparas. Normalmente os tetos anterioresapresentam maior nível de calosidade do que os posteriores, devido à sua inferior produção de leite,ficando expostos mais tempo aos efeitos nefastos dasobreordenha (Neijenhuis et al., 2000).

Normalmente associado aos indicadores de derramede leite e de calosidade do teto é comum realizar-se aclassificação do úbere e tetos, cujas designações seencontram descritas na tabela 5.

Para reduzir a prevalência de vacas com derrame deleite é importante incluir este parâmetro em progra-mas de melhoramento genético, onde a selecção devacas multíparas com tetos curtos e extremidadeinvertida poderá ser benéfica e melhorar a perform-ance dos efectivos leiteiros nesta disfunção (Klaas etal., 2005). A forma dos tetos também é passível deinfluenciar a hiperqueratose, pois tetos redondos epontiagudos têm maior risco de apresentar calosidadee rugosidade, relativamente aos tetos com canal inver-tido, possivelmente pela maior exposição dosprimeiros às forças de compressão das tetinas(Neijenhuis et al., 2000).

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Tabela 4 – Classificação dos diferentes tipos de calosidades dos tetos

Tipo Nenhuma Ligeira Moderada Espessa Extrema

Anel de calosidade suave N 1A 1B 1C -

Anel de calosidade rugoso N 2A 2B 2C 2D

Fonte: Adaptado de Neijenhuis et al. (2000)

Tabela 5 – Descrição dos critérios de avaliação das características dos tetos e tamanho do úbere para vacas leiteiras.

Variável Nível Definição

Forma do teto Curto e fino Comprimento < 4,5 cm e diâmetro < 2 cm

Curto e grosso Comprimento < 4,5 cm e diâmetro ≥ 2 cm

Normal Comprimento - 4,5 a 6,5 cm, diâmetro – 2 a 3 cm

Cónica Diâmetro da extremidade do teto < diâmetro da base

Grosso Comprimento > 6,5 cm, diâmetro > 3 cm

Extremidade do teto Invertida Pouco ou claramente invertida

Lisa Plana ou levemente em placa

Redonda Pouco ou claramente redonda

Pontiaguda Pouco ou claramente afunilada

Orifício do teto Normal Orifício intacto, sem lesões

Profuso Canal do teto profuso com delgado anel rosa

Calosidade branca Anel espesso e branco com superfície lisa

Anel de calosidade áspera Anel espesso e branco com superfície gretada

Lesão aguda/tecido cicatricial Qualquer lesão aguda ou crónica no orifício do teto

Tamanho do úbere Reduzido ≤ a metade da distância entre curvilhão e prega do flancoPequeno Acima do nível do curvilhão, mas ≥ metade da distância entre curvilhão

e prega flanco

Normal Altura ao nível do curvilhão

Profundo Abaixo do nível do curvilhão

Fonte: Adaptado de Klaas et al. (2005)

Tabela 6 – Indicadores de avaliação de bem-estar em vacas leiteiras

Tipo de indicador Teste Descrição Patologias associadas Autor

Comportamental Abordagem voluntária do animal Avaliação da motivação para Medo e stress Waiblinger et al.explorar um humano (2003).

Abordagem forçada do animal Avaliação da motivação para Medo e stressevitar um ser humano

Comportamento na sala de ordenha Registo de comportamentos de Lesões nos tetos Rousing et al. desconforto na sala de ordenha (2006)(passos e coices).

Ascensão do animal e posturas Postura da vaca ao levantar-se Lesões nos membros Chaplin e no cubículo Munksgaard

(2001)

Comportamento social Observação das interacções e Lesões na pele Wemelsfelder hierarquias entre animais Medo e stress et al. (2001)

Saúde Condição corporal Avaliação da condição física Distúrbios metabólicos Ferguson et al.do animal (1994)

Índice de Claudicação Avaliação da facilidade de Lesões nas úngulas e Thomsen et al. locomoção membros (2008)

Pontuação de Higiene Avaliação da higiene ao nível Mastites Cook (2002)das pernas, úbere, coxa e flanco Feridas na pele

Derrame de leite Avaliação da susceptibilidade à Lesões nos tetos e no Klaas et al. fuga de leite dos tetos esfíncter (2005)

Mastites

Hiperqueratose dos tetos Avaliação de lesões nos tetos, Calosidade dos tetos Neijenhuis et al. principalmente o tipo de Mastites (2000) calosidade

Maneio Avaliação das dimensões e condições das instalações (cubículos e corredores) Rousing et al. Avaliação do maneio geral do efectivo (nutrição, sanidade e reprodução) (2007)

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Indicadores globais baseados no maneio

Existem alguns sistemas globais para avaliação dobem-estar, como o sistema TGI-35-L desenvolvido naÁustria (Bartussek, 1999) e o TGI-200 desenvolvidona Alemanha. Estes incidem sobre as condições ambi-entais, densidade animal, características dos cubículose maneio. O sistema Austríaco ("Animal Needs Index"– ANI-35-L), discrimina cinco condições essenciaisde avaliação, de entre as quais se destaca o contactosocial com os membros da mesma espécie, além dapossibilidade de mobilidade, o tipo de piso, ambientedo estábulo (ventilação, luz e ruído) e a intensidadedos cuidados prestados pelos operadores (Bartussek,1999).

Com estas abordagens tenta-se ultrapassar a dificul-dade que existe em avaliar individualmente a enormediversidade de factores susceptíveis de perturbar obem-estar da vaca leiteira (Angus et al., 2005). Outramotivação para o desenvolvimento de sistemas globaistem sido a necessidade da observância das normas debem-estar animal; estas têm motivado muitos estudosexperimentais. Pouco métodos, contudo, têm sidodesenvolvidos para a realização de uma avaliaçãoglobal de bem-estar dos animais, em condições decampo nas explorações.

Os sistemas Austríaco e Alemão, apesar de muitoúteis, pois apenas com uma visita à exploração, per-mitem o registo de todos os factores mais importantes,apresentam limitações. Segundo Capdeville e Veissier(2001) as medidas directas de saúde, comportamentoentre outras, realizadas nos animais, conferem umaavaliação mais precisa do verdadeiro estado de bem--estar do que indicadores indirectos. Estes autoresdesenvolveram um protocolo de avaliação de bem--estar nas explorações baseado nas cinco liberdades,recomendando a realização de várias visitas à mesmaexploração para uma recolha de dados mais completae fiável. Outros autores enumeram diferentes sistemasde medição de bem-estar, com base em diferentesparâmetros de maneio animal, tais como Tosi et al.(2001), Main et al. (2003), Whay et al. (2003),Webster et al. (2004) e Angus et al. (2005). Maisrecentemente Rousing et al. (2007), referenciam aimportância das rotinas de maneio ao nível doscubículos e da qualidade das camas, do encabeçamentoanimal na exploração, da alimentação e abeberamentodos animais, da sanidade animal e de limpeza doestábulo, gestão dos ciclos reprodutivos, procedimentosde ordenha, funcionalidade das escovas higiénicas edos pedilúvios, condições atmosféricas do ambiente,conduta adequada no reagrupamento e movimentaçãodos animais, assim como tratamento apropriado dosanimais em caso de doença. Em sistemas de produçãocom pastoreio o tempo dispendido na pastagem, a presença de abrigos e sombra, bem como as carac-terísticas do estábulo e distâncias percorridas parecemexercer um forte impacto sobre o bem-estar animal.

Considerações finais

A utilização de indicadores comportamentais, desaúde e maneio na avaliação de bem-estar em vacasleiteiras é uma ferramenta muito valiosa (Tabela 6),considerando a dificuldade da utilização de indicadores fisiológicos e imunológicos, quer peloinconveniente de recolha de amostras, como pelos custos inerentes.

Os índices de classificação de bem-estar descritosnesta revisão são aqueles que evidenciam maior inte-resse de utilização para vacas leiteiras, demonstradopor equipas de investigadores e técnicos em diferentespaíses da União Europeia. O potencial dos indicadoresdifere substancialmente na interpretação da condiçãoanimal e, portanto, foram divididos em três gruposcompreendendo: (1) indicadores comportamentais(teste de abordagem voluntária e forçada do animal,teste de comportamento na sala de ordenha, ascensãodo animal e posturas e comportamento social); (2)indicadores de saúde (condição corporal, índice declaudicação, pontuação da higiene dos animais elesões nos tetos); (3) indicadores de maneio.

A tabela 6 apresenta uma síntese dos diferentes indi-cadores de comportamento e de saúde utilizados paraavaliação de bem-estar e abordados na presenterevisão, fazendo a sua descrição sintética e indicandoa relação existente com patologias das vacas leiteiras.

Tanto investigadores, como técnicos e produtores,consideram extremamente importante a implemen-tação de testes para inclusão em sistemas de avaliaçãode bem-estar, demonstrando que a integração de diferentes áreas de informação, desde os sistemas de estabulação e rotinas de maneio até à saúde e comportamento animal, são decisivos para a avaliaçãode bem-estar ao nível do efectivo leiteiro.

Agradecimentos

Este trabalho foi realizado no âmbito de uma bolsamista de doutoramento da FCT, em parceria com oCentro de Investigação Foulum da Faculdade deCiências Agrárias da Universidade de Aarhus naDinamarca, cujo apoio os autores agradecem.

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