ALUCINAÇÕES -...
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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MÉRTOLA
ESCOLA EB 2,3/ES DE SÃO SEBASTIÃO
ANO LETIVO 2012-2013
CURSO PROFISSIONAL DE TÉCCNICO DE APOIO PSICOSSOCIAL – 11º B
Disciplina: Psicopatologia Geral
Módulo 5 – Semiologia Psíquica
AS ALUCINAÇÕES – DIA 10 DE ABRIL DE 2013
ALUCINAÇÕES Adaptado de: Introdução à Psicopatologia Geral, Christian Scharfetter, Climepsi
Editores
Conferência de Oliver Sackcs com muito interesse:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=N9CncUGTtts
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1. Noção de alucinação
Diagnostica-se a presença de alucinações quando alguém ouve, cheira,
saboreia ou sente fisicamente experiências que quem está próximo não
pode confirmar através das suas funções cognitivas.
A alucinação pode ser definida como uma percepção de um elemento que
não existe na realidade – o objecto alucinado existe apenas no sistema
sensorial de quem o identifica. Por exemplo, o sujeito que alucina pode
ver uma pessoa num local onde não se encontra ninguém. É uma
“percepção” sem objecto, sem estímulo externo.
Já a ilusão é um erro de percepção de um elemento que, de facto, existe,
mas é interpretado de forma errada. Por exemplo, ao encontrar um
pedaço de tronco de árvore caído no chão o sujeito “vê” uma cobra e fica
muito assustado. O sujeito sedento, perdido no deserto, pode ter a ilusão
de ver água, quando, na verdade há apenas um buraco no meio das
dunas. Nestas duas situações existe um objecto (o tronco, o buraco na
areia); no caso das alucinações, os objectos percepcionados são, na
realidade, inexistentes.
Do ponto de vista clínico, as alucinações merecem muita atenção, porque
há transtornos que podem estar na sua origem, inclusivamente doenças
crónicas.
As alucinações podem ser
provocadas por vários fatores,
como o uso de medicamentos, a
privação excessiva de sono,
consumo de drogas, esquizofrenia,
infecções que provoquem febre
alta, etc.
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2. CLASSIFICAÇÃO DAS ALUCINAÇÕES
2.1. Alucinações auditivas
O sujeito ouve ruídos, sons, palavras, frases, murmúrios, vozes. Pode
ouvir com nitidez ou apenas murmúrios vagos e distantes. Por vezes, a
fonte do som situa-se fora do próprio corpo, noutras ocasiões localiza-se
no próprio corpo (“como se eu tivesse engolido um homenzinho”).
O conteúdo da alucinação pode não ser inteligível (compreensível) ou sê-
lo apenas parcialmente. O doente pode, ocasionalmente, reconhecer
quem fala, ouvir uma ou várias vozes que lhe falam diretamente, ou que
acompanham as suas ações ou os seus pensamentos com comentários,
distribuindo tarefas e ordens, inculcando-lhe ideias, etc. Este tipo de
“audição de vozes” é característico dos esquizofrénicos. Estes doentes
podem ter a sensação de que, de facto, não ouvem sons através dos
ouvidos, mas que os percepcionam “no cérebro”, “na cabeça”, ou então
sentem, através do corpo, que as vozes se aproximam.
Outros doentes “ouvem” várias pessoas falar sobre eles próprios (por
exemplo, escarnecendo ou ameaçando ou, então, conspirando contra o
doente).
Por vezes as vozes alucinadas podem dar ordens ao paciente, que lhes
obedece mesmo contra sua vontade. Esta situação, de obediência cega às
ordens ditadas por vozes alucinadas, designa-se AUTOMATISMO MENTAL.
São situações que encerram algum perigo, já que, quase sempre, as
ordens proferidas são eticamente condenáveis ou socialmente
desaconselháveis.
Normalmente, a alucinação auditiva é recebida pelo paciente com muita
ansiedade pois, na maioria das vezes, o conteúdo de tais vozes é
acusatório, infame e calunioso. Quando elas ditam antecipadamente as
atitudes do paciente falamos em SONORIZAÇÃO DO PENSAMENTO, como
se ele pensasse em voz alta ou como se alguma voz estivesse
permanentemente a comentar todos os seus atos: " lá vai ele lavar as
mãos", "lá vai ele ligar a televisão" e assim por diante.
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2.2. Alucinações visuais
São percepções visuais de objetos que não existem, mas tão claras e
intensas que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica. O
paciente refere, por exemplo, ter visto vultos e estes são muito fielmente
percebidos, portanto são reais para a pessoa que os percebe. O objeto
alucinado pode não ter uma forma específica: clarões, chamas, raios,
sombras, etc., ou têm formas definidas, tais como pessoas, monstros,
demónios, animais, santos, anjos, bruxas.
Há determinadas ocasiões em que o transtorno visual alucinatório adquire
a consistência de uma cena, uma situação. Por exemplo, ver uma
carruagem passar pela paciente e dela descer um príncipe. Neste caso
falamos em ALUCINAÇÕES ONÍRICAS, como se decorressem num sonhar
acordado.
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No alcoólico delirante, por
exemplo, as alucinações visuais têm
uma temática predominantemente
de bichos e animais peçonhentos
(cobras, aranhas, percevejos,
jacarés, lagartos) e, neste caso,
damos o sugestivo nome de
ZOOPSIAS (forma de alucinação em
que o paciente crê ver animais), que
provocam uma grande ansiedade e apreensão.
O conteúdo das alucinações é extremamente variável,
existindo sempre uma íntima relação com a “bagagem cultural” do
paciente que alucina. Não é possível alucinar com alguma coisa que não
faça parte do mundo psíquico do paciente. Um físico nuclear pode
alucinar com um certo brilho atómico a revestir os seus inimigos; uma
pessoa com um nível cultural médio, pode alucinar com o espírito de um
morto a rondar a sua casa. Ambos porém, independentemente do nível
sociocultural, têm a mesma probabilidade de alucinar.
2.3. Alucinações olfactivas e gustativas
Misturam-se entre si de acordo com as vivências. Podem-se observar
acentuadas alucinações olfactivas e alterações do sentido do paladar em
tumores da área olfactiva, e por vezes, também, durante os ataques
epilépticos. Os doentes delirantes com temores de perseguição e de
envenenamento podem sentir o cheiro de veneno ou julgar saboreá-lo.
Alguns esquizofrénicos experimentam cheiros desagradáveis. Na
melancolia grave com apagamento de sinais vitais e com medo de
apodrecer, não é raro descobrir, através de um interrogatório sistemático,
que o doente sente o cheiro de cadáver ou de putrefacção, o qual
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conjuga com frequência com a ideia delirante de que os doentes
incomodam com isso os outros ou, em todo o caso, de que os outros já se
tinham apercebido, evitando-os por isso. No “delírio do seu próprio odor”,
o sintoma dominante é o mau cheiro exalado pelo doente.
Note-se, mais uma vez, que nestas situações o gosto e os odores podem
ser muito desagradáveis e são percebidos, como é típico de todas
alucinações, sem que exista o objeto correspondente ao gosto e ao cheiro.
2.4. Alucinações táteis
Referem-se a sensações cutâneas. Frequentemente, não é possível
distinguir estas alucinações, de acordo com a experiência, das alucinações
corporais em geral. Os doentes experimentam, por exemplo, que são
agarrados, dominados, soprados, queimados, beliscados, trespassados,
que lhes fazem cócegas, os serram, os estrangulam, os cegam, etc.
Tudo isto pode, ou não, ser acompanhado de dor. Inclui-se aqui ainda a
sensação de ser tocado pelo calor ou pelo frio (alucinações térmicas) ou
por humidade (alucinações hídricas). Surgem nas psicoses orgânicas
(delírios tóxicos, delírio cocaínico).
Na alucinação táctil crónica sentem-se sobre a pele ou sob esta, no
interior do corpo, no intestino e nos órgãos genitais, sensações de
formigueiro ou de perfuração, que os doentes julgam ser produzidas por
pequenos animais (vermes, escaravelhos, “parasitas”).
2.5. Alucinações corporais (cenestésicas)
Cenestesia é o conjunto das sensações internas do homem (térmicas, viscerais,
circulatórias etc.). Quando existe uma percepção falsa dos órgãos internos ou do
esquema corporal, falamos em alucinações cenestésicas. Nestes casos os pacientes
sentem como se tivessem o fígado revirado, os pulmões esvaziados, os intestinos
arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante.
São extraordinariamente variadas (deslizando para alucinações tácteis):
por exemplo, a impressão de estar petrificado, seco, encolhido, vazio,
oco, entupido, dourado por dentro, de pedra, etc. O corpo é inundado
por correntes, por raios, etc. Estas alucinações podem ser sentidas por
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todo o corpo, ou então localmente. É frequente afectarem os órgãos
genitais: “extracção” de esperma, estimulações eléctricas, vivências
alucinatórias de coito (no delírio erótico); ou então impressão de levitar,
de flutuar, de movimentação. Vivência de deformação corporal: o corpo
cresce, contorce-se, aumenta de volume, torna-se mais pesado, mais
leve, as várias partes do corpo mudam de tamanho e de forma.
Nos esquizofrénicos, muitas destas alucinações assumem o carácter de
serem “executadas a partir do exterior”, impostas (por exemplo, ser
electrificado, torturado sob hipnose, abusado sexualmente). Na
melancolia e na hipocondria delirante, o enfraquecimento dos
sentimentos vitais constituía base das vivências de destruição, de
deterioração.
3. CLASSIFICAÇÃO DAS ALUCINAÇÕES SEGUNDO A
CAUSA DO SEU APARECIMENTO
3.1 Nas doenças somáticas localizadas
Trata-se, quase sempre, de alucinações elementares. Em traumatismos,
ou outras doenças do globo ocular e das vias ópticas, surgem alucinações
ópticas. Existem por vezes, alucinações acústicas em doenças do ouvido,
mas trata-se, nestes casos, de um “ouvir interior”, de ruídos do ouvido.
Em tumores da área olfactiva ou do lobo temporal podem-se observar
alucinações olfactivas.
3.2 Em determinadas situações sensoriais
Sob isolamento sensorial (seja experimental, seja em condições naturais),
bem como em sobrecargas de estímulos sensoriais podem surgir
alucinações de natureza ótica e acústica.
3.3 Em determinadas situações da vida
Por exemplo, em celas de isolamento (situação em que se acrescenta o
fator de isolamento sensorial). Tais alucinações durante o isolamento são
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amplamente determinadas pelo estado de humor. Deste modo, por
exemplo, o medo determina sentimentos delirantes de perseguição, e as
alucinações surgem como uma confirmação do delírio. O doente ouve
segredar sobre si, como conjuram contra si, como combinam a sua
execução, ou então ouve os passos dos seus carrascos, sente o cheiro a
gás que é introduzido na sua cela para o envenenar ou julga sentir o sabor
do veneno na sua comida.
3.4 Na epilepsia
Podem surgir vivências alucinatórias integradas em episódios
psicomotores, por exemplo.
3.5 Na esquizofrenia
Encontra-se sobretudo uma determinada audição de vozes e diversas
alucinações cenestésicas, passando para segundo plano todas as outras
vivências alucinatórias.
3.6 Na depressão endógena (cujas causas são fundamentalmente
biológicas e não existe uma relação proporcional entre o momento depressivo e as
eventuais vivências causadoras. Não se identificam causas externas ao sujeito, que a
possam provocar. Os pacientes com Depressão Endógena ou, mais modernamente,
com Depressão Maior, biológica ou constitucional, tendem a sentir-se melhor no
período da tarde e sua doença costuma relacionar-se com as mudanças de estação,
havendo um aumento de sintomas na primavera e outono. Esses casos podem ser
hereditários).
Em inquéritos sistemáticos junto de doentes hospitalizados não é raro
encontrar alucinações olfativas: cheiro a cadáver, a putrefação. Alguns
melancólicos veem, nas paredes, sombras fugazes que representam
figuras, esqueletos, o diabo, a morte.
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Síndrome de Charles Bonnet A síndrome de Charles Bonnet é um transtorno que ocorre
especialmente nas pessoas cegas ou com algum tipo de
cegueira. Trata-se de alucinações visuais e silenciosas, que
muitas vezes ocorrem em pacientes com tumores na região do
cérebro responsável pela visão, mas esta síndrome não tem
relação com demência ou velhice.
A característica principal desta síndrome, que atinge indivíduos
cegos ou com alguma limitação visual, é que nunca tem relação
com algo que lhes é familiar ou memórias do passado. Na
síndrome de Charles Bonnet o que se vê são sempre imagens
coloridas em geral, com rostos quase sempre deformados ou
irreconhecíveis e sem relação entre elas. Este tipo de
alucinações surge de forma repentina e desaparecem da mesma
forma.
Esta síndrome foi descrita pela primeira vez no século XVIII por
Charles Bonnet que deu seu nome à síndrome que identificou.
O neurologista e escritor Oliver Sacks chama a nossa atenção
para a síndrome de Charles Bonnet na qual as pessoas
visualmente deficientes experimentam alucinações.
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1 – O que se entende por alucinação? Pág. 2 e tabela.
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2 – O que são ilusões? Pág. 2 e tabela.
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3 – Indique 3 caraterísticas das alucinações auditivas. Pág. 3
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4 – O que se entende por automatismo mental, no âmbito das
alucinações? Pág. 3
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5 – Indique 3 caraterísticas das alucinações visuais. Pág. 4
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6 – O que são zoopsias? Pág. 5
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7 – Que patologias poderão dar origem a alucinações olfactivas e
gustativas? Pág. 5 e 6
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8 – Indique 12 exemplos de alucinações tácteis. Pág. 6
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9 – Defina a noção de alucinação cenestésica e apresente 6 exemplos
deste distúrbio da percepção. Pág. 7
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10 – Quais as causas possíveis para a ocorrência de alucinações? Pág.7 e 8
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11 – Caracterize duas perturbações delirantes à sua escolha. Cf. Tabela.
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12 – Já vivenciou algum distúrbio perceptivo? Uma ilusão, alucinação,
delírio,…
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