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Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XXI Semana de Pedagogia IX Encontro de Pesquisa em Educação 20 a 23 de Maio de 2014 Universidade Estadual de Maringá, 20 a 23 de maio de 2014. PROVA BRASIL E OS ELEMENTOS PARA SUBSIDIAR A MELHORIA DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL KLAGENBERG, Maria Edna Vinhoto [email protected] SETOGUTI, Ruth Izumi [email protected] VERCEZI, Vilma Rodrigues Campos [email protected] UEM Formação de Professores e Intervenção Pedagogica 1 INTRODUÇÃO Este trabalho propõe aos professores estudos e reflexões sobre a atual situação escolar, por meio de conhecimento teórico sobre os resultados das avaliações externas como o SAEB e a Prova Brasil, que indicam como está o ensino nas unidades escolares. A razão que nos levou a escolha deste tema foi a necessidade de realizar um trabalho de intervenção pedagógica com base em leitura, pesquisa e levantamentos de dados, trabalho individual e em grupo, para que os professores compreendam melhor os resultados das avaliações externas e possam utilizá-los para buscar um ensino de qualidade. Nesse sentido, a pesquisa a ser desenvolvida com docentes, pedagogos e gestores do Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari surge pela necessidade de aprofundar nossos conhecimentos sobre a avaliação, para tornar a prática mais eficiente. Diante das dificuldades encontradas, em se tratando de avaliação, há a necessidade de uma reflexão mais profunda, pois o professor, tomando conhecimento da atual situação em que se encontra a educação, talvez possa dar a devida importância às avaliações externas para buscar a melhoria da qualidade de ensino. A problemática que nos levou a escolha do tema foi que entre os professores do Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari há uma queixa frequente e generalizada de que os alunos, em sua grande maioria, não sabem ler e nem escrever adequadamente. Em consequência disso, alegam esses professores encontrar muita dificuldade para ensinar o

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Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435

XXI Semana de Pedagogia IX Encontro de Pesquisa em Educação

20 a 23 de Maio de 2014

Universidade Estadual de Maringá, 20 a 23 de maio de 2014.

PROVA BRASIL E OS ELEMENTOS PARA SUBSIDIAR A MELHORIA

DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

KLAGENBERG, Maria Edna Vinhoto [email protected]

SETOGUTI, Ruth Izumi [email protected]

VERCEZI, Vilma Rodrigues Campos [email protected]

UEM Formação de Professores e Intervenção Pedagogica

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe aos professores estudos e reflexões sobre a atual situação escolar,

por meio de conhecimento teórico sobre os resultados das avaliações externas como o SAEB

e a Prova Brasil, que indicam como está o ensino nas unidades escolares.

A razão que nos levou a escolha deste tema foi a necessidade de realizar um trabalho

de intervenção pedagógica com base em leitura, pesquisa e levantamentos de dados, trabalho

individual e em grupo, para que os professores compreendam melhor os resultados das

avaliações externas e possam utilizá-los para buscar um ensino de qualidade.

Nesse sentido, a pesquisa a ser desenvolvida com docentes, pedagogos e gestores do

Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari surge pela necessidade de aprofundar nossos

conhecimentos sobre a avaliação, para tornar a prática mais eficiente. Diante das dificuldades

encontradas, em se tratando de avaliação, há a necessidade de uma reflexão mais profunda,

pois o professor, tomando conhecimento da atual situação em que se encontra a educação,

talvez possa dar a devida importância às avaliações externas para buscar a melhoria da

qualidade de ensino.

A problemática que nos levou a escolha do tema foi que entre os professores do

Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari há uma queixa frequente e generalizada de que os

alunos, em sua grande maioria, não sabem ler e nem escrever adequadamente. Em

consequência disso, alegam esses professores encontrar muita dificuldade para ensinar o

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conteúdo de suas respectivas disciplinas. Daí a urgência de desenvolver um trabalho de

intervenção pedagógica eficaz com base em levantamentos e avaliações confiáveis.

Por fim, neste trabalho busca-se uma fundamentação teórica que venha contribuir com

o conhecimento sobre o tema da avaliação externa para que o professor possa fazer o resgate

da qualidade da educação a partir dos resultados dessas avaliações, buscando assim a

melhoria do ensino e da aprendizagem.

2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA

De acordo com Freitag (1980, p. 17) a educação é responsável pela manutenção,

integração, preservação da ordem, do equilíbrio e conservação dos limites do sistema social.

Segundo ainda Freitag “para que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que nele ingressam

precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem o seu funcionamento"

(FREITAG, 1980, p. 17).

À educação cabe a transmissão e o aprendizado das técnicas culturais, que são as

técnicas de uso, produção e comportamento, mediante as quais um grupo de homens é capaz

de satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a hostilidade do ambiente físico e biológico

e trabalhar em conjunto, de modo mais ou menos ordenado e pacífico. Já que o conjunto

dessas técnicas se chama cultura, uma sociedade humana não pode sobreviver se sua cultura

não é transmitida de geração para geração; as modalidades ou formas de realizar ou garantir

essa transmissão chama-se educação (ABBAGNANO, 2000, p. 305-306).

E, para garantir a transmissão, é necessário que o aluno consiga atingir uma

aprendizagem significativa. Gasparin (2003, p. 52) afirma que:

a aprendizagem somente é significativa a partir do momento em que os educandos introjetam, incorporam ou, em outras palavras, apropriam-se do objeto do conhecimento em suas múltiplas determinações e relações, recriando-o e tornando-o “seu”, realizando ao mesmo tempo a continuidade e a ruptura entre o conhecimento cotidiano e o científico.

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Neste sentido, importa afirmar novamente que ainda que a escola esteja comprometida

com os interesses sociais, econômicos, e políticos dominantes, reproduzindo estas estruturas,

ela também enfrenta sérios problemas como o de qualidade e de equidade.

Como diz Simon Schwartzman em Equidade e Qualidade da Educação Brasileira:

O Brasil é muito desigual em termos sociais, econômicos e também em educação. São as diferenças em educação que explicam a maior parte das diferenças de renda, na medida em que o acesso a trabalhos e atividades rentáveis depende da educação. Existe também a expectativa de que, à medida que a população se eduque mais, as diferenças de renda vão também diminuir. As grandes diferenças de renda se dão a partir dos 11 anos de escolaridade, ou seja, da educação média, e dão um grande salto para os de nível superior, de 15 anos de escolaridade e mais (SCHWARTZMAN, 2008, p. 9).

Este problema não pode ser tratado separado do problema da qualidade do ensino-

aprendizagem. Preocupar-se com os problemas da educação e apenas alocar mais recursos na

escola não são suficientes para melhorar a qualidade. Necessário é entender mais a fundo o

que está ocorrendo, olhar os dados, comparar a experiência brasileira com a de outros países,

e capacitar a sociedade a lidar com mais inteligência e conhecimento de causa com os

problemas da educação.

Ainda comenta Simon Schwartzman (2008, p. 13):

O grande número de jovens que não estuda nem trabalha, sobretudo entre a população mais pobre, e o número significativo dos que estudam e trabalham, mostram que o que tira o adolescente da escola não é tanto a necessidade de trabalhar, como alguns economistas ainda pensam, mas o fracasso do sistema escolar em retê-lo. O principal indicador disso são as altas taxas de repetência, que são fortemente influenciadas, mais uma vez, pelo nível socioeconômico das famílias dos estudantes. Elas são relacionadas também com o tipo de escolas que o aluno frequenta. Para os mesmos níveis de renda, o atraso nas escolas públicas é muito maior, o que pode ter dois tipos de explicação: ou as escolas públicas ficam com os menos capazes ou que se empenham menos, em cada nível de renda, ou as escolas públicas não conseguem fazer com que os seus alunos estudem e aprendam.

A educação no Brasil vem passando por mudanças muito importantes. Até os anos de

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1990 a maior dificuldade era o acesso à escola, atualmente o maior problema que enfrentamos

é a baixa qualidade do ensino nas escolas públicas. Defrontamos com vários fatores (internos

e externos) que interferem no ensino e na aprendizagem, deixando os alunos prejudicados no

que diz respeito ao conhecimento necessário, que os mesmos deveriam adquirir ao longo do

tempo de estudos exigidos para a educação básica em nossas escolas.

Neste sentido, Simon Schwartzman (2008) explica que desde 1990 diversos estudos e

avaliações nacionais e internacionais – como o PISA realizado pela OECD – vem apontando a

péssima qualidade da educação no Brasil. Este estudo faz comparações na capacidade de

jovens de 15 anos no uso de conceitos de língua, matemática e ciências em diversos países.

Em nosso país, os resultados comparados de 2000 e 2006 demonstram um baixo desempenho

dos estudantes. Tais resultados são similares com os do SAEB, que demonstram o

desempenho precário da educação em nosso país.

A avaliação em larga escala é um meio de mostrar a atual situação que se encontra a

escola hoje, o aprendizado de nossos alunos e a situação de aprendizado de cada escola. Como

comentam Klein e Fontanive (1995) a finalidade da avaliação em larga escala é indicar dados

sobre aprendizagem de alunos em diferentes séries, não demonstrando informações sobre

alunos ou escolas individuais, sendo necessários diversos itens a serem avaliados.

As avaliações externas em larga escala têm nos mostrado que os alunos brasileiros

terminam o ensino fundamental com deficiências em leitura, escrita e em matemática. Na

Prova Brasil de 2007, por exemplo, apenas 18% dos alunos do 9º ano da referida escola

encontravam-se em Nível Adequado em Leitura; em 2011 esse percentual elevou-se para

22%. Ou seja, em torno de 80% dos alunos não atingiram a média mínima esperada para a

série e dos que alcançaram o Nível Adequado cabe lembrar que este indica o nível mínimo

esperado (SEED, 2014).

Desde 1990, o MEC/INEP, os educadores e especialistas concluem que um dos

maiores problemas do ensino atualmente é a baixa qualidade da educação básica, e que os

resultados do SAEB e da Prova Brasil sobre o nível de aprendizagem dos alunos trazem ao

nosso conhecimento a noção de que há uma grande defasagem no ensino de nossas escolas.

Como percebemos no texto de Luísa Galvão Lessa (2012), ultimamente o Brasil tem realizado

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diversas avaliações para ter conhecimento da atual situação na educação. Na educação básica

tem-se a Provinha Brasil, a Prova Brasil e o Enem. No ensino superior há o ENADE aliado ao

Censo e à visita de Comissões de Avaliadores in loco. Já na pós-graduação têm-se diversos

critérios da CAPES, como autorização e reconhecimento dos cursos. Tais avaliações,

propostas pelo MEC por meio do SAEB reforçam ainda mais as discussões sobre a avaliação.

Com a formulação e implementação das políticas educacionais no Brasil a partir de

1995 e com a implantação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), a escola

percebeu a necessidade de resgatar a qualidade do ensino. Tal necessidade deu-se como

mostra os resultados das avaliações do SAEB, da Prova Brasil e o IDEB. Devemos, então,

refletir sobre a maioria dos problemas que leva a educação a este caos, e trabalhar para a

melhoria da qualidade da educação. Como afirma Simon Schwartzman (2008, p. 16):

Educação requer dinheiro para construir e manter prédios, pagar professores e administradores, comprar livros e outros materiais escolares, além de equipar laboratórios e bibliotecas. Escolas sem um mínimo de recursos não têm como funcionar bem e proporcionar boa educação. A partir desse mínimo, a simples injeção de mais recursos pode ou não ter efeitos benéficos, dependendo de seu uso e de sua associação com a busca de resultados pedagógicos efetivos. Escolas simples podem dar excelente educação, e escolas bem instaladas podem ser bastante ruins.

Não podemos ignorar as avaliações porque por meio delas podemos saber o nível de

aprendizagem dos alunos. E apesar de em geral os professores criticarem a avaliação, esta

pode vir a ajudar a prática pedagógica das instituições escolares, avaliando também o

processo de ensinar, "os resultados do SAEB indicam que a maioria dos alunos não consegue

atingir os níveis mínimos esperados em cada nível de ensino. Quanto mais elevado o nível de

ensino maior a distância entre a realidade e o esperado” (OLIVEIRA; SCHWARTZMAN,

2002, p. 25).

Após as leituras realizadas, percebemos a grande importância das avaliações externas

como o SAEB, ENEM e a PROVA BRASIL que, com certeza, ajudarão muito os envolvidos

com a educação na construção de um currículo e uma metodologia mais eficiente, e tomando

conhecimento dos resultados das avaliações, devemos buscar subsídios para melhorar a

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educação básica nas escolas públicas a qual estamos inseridos. Como diz Klein (2006, p.

140): "um sistema educacional é de qualidade quando seus alunos aprendem e passam de

ano”.

Segundo Maria Helena Guimarães de Castro (2007), as escolas públicas brasileiras

não estão conseguindo fazer com que os estudantes aprendam a ler, escrever, somar, dividir,

multiplicar e ter noções básicas de ciências, como os resultados do SAEB tem nos mostrado.

Outra avaliação, o PISA, enfoca o envolvimento e a participação dos pais na vida escolar de

seus filhos, como condição essencial na aprendizagem, bom desempenho e grande motivação

dos alunos.

Os professores, os pais e a sociedade também precisam entender melhor os instrumentos e os resultados das avaliações externas, para que possam fiscalizar e cobrar mais das escolas de seus filhos. Os pais gostam de informação clara, precisa, simples e de fácil compreensão (CASTRO, 2007, p. 70).

De acordo ainda com Maria Helena Guimarães de Castro (2007) a qualidade das

estratégias de ensino dos professores é importante para assegurar a aprendizagem. No Brasil

além das dificuldades, já mencionadas, há um problema básico ainda não resolvido: o quê e

como ensinar? E a boa escola pública requer grande compromisso dos professores com a

aprendizagem dos alunos, uma equipe motivada e integrada e forte articulação com a

comunidade. Para apurar a qualidade da educação, é preciso que a escola conheça o sentido

pedagógico das avaliações, de modo a usar os resultados obtidos para melhorar o trabalho em

sala de aula e garantir a efetiva aprendizagem.

Todos os professores devem saber o que as avaliações estão medindo, e o que significam os números que medem o nível de aprendizagem dos alunos. Não adianta investir em avaliações sucessivas na escola, se os professores não sabem o que fazer com os resultados. É preciso investir na capacitação institucional de professores e coordenadores pedagógicos na área de avaliação de aprendizagem (CASTRO, 2007, p. 70).

Maria Helena Guimarães de Castro (2007) explica que, no Brasil, um dos grandes

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entraves à melhoria da qualidade é a falta de uma base curricular comum aos diferentes

Sistemas de Ensino Estaduais e Municipais, que deveriam orientar-se a partir de padrões

mínimos nacionais ou de expectativas a serem atingidas em cada série ou ciclo de

aprendizagem. As avaliações muito contribuíram para o conhecimento objetivo do que está

ocorrendo em nossas escolas. Contudo, o Brasil ainda não definiu as expectativas ou padrões

básicos de conhecimento que os alunos devem alcançar ao final de cada etapa de

aprendizagem.

Adotar uma base curricular comum e definir expectativa de aprendizagem para cada série ou ciclo devem ser prioridades de todos os sistemas de ensino, com ênfase na alfabetização, leitura, escrita e nos conceitos básicos de matemática e de ciências. É urgente garantir que todas as crianças de oito anos estejam alfabetizadas para que continuem aprendendo com sucesso (CASTRO, 2007, p. 69).

A avaliação em larga escala não consegue abranger todos os vários métodos,

processos e diferentes destaques que são dados aos currículos escolares. Para que esta

avaliação obtenha um resultado mais coerente, seria necessário que ela não avaliasse somente

o “currículo mínimo”, a abrangência nesta avaliação contemplaria todos os currículos

escolares, nem todas as escolas segue o mesmo currículo.

Para Ruben Klein e Nilma Santos Fontanive (1995, p. 33)

Esta etapa de planejamento dos testes é crítica em avaliações em larga escala, nas quais a variabilidade dos métodos e processos de ensino e as diferentes ênfases curriculares não podem ser contempladas. Procurou-se então recolher currículos e programas de ensino divulgados, livros de textos e outros materiais de ensino e, ainda, estudos e ensaios realizados por especialistas. Esta análise originou uma relação preliminar de conteúdos e habilidades que seriam avaliados. Não se pode perder de vista que, ainda que a avaliação deva refletir o que é ensinado nas escolas, ela deve também indicar caminhos de renovação da prática escolar, não se restringindo, portanto, ao que se costuma definir como "currículo mínimo".

As avaliações feitas mostram que as escolas que possuem professores e diretores que

permanecem por mais tempo na escola geralmente apresentam bom resultados no processo de

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ensino-aprendizagem. De acordo com Maria Helena Guimarães Castro (2007, p. 8):

O próprio SAEB, assim como a Prova Brasil, mostra que escolas com equipes mais estáveis e bons diretores apresentam melhor desempenho. É preciso comprometer os professores com as metas e os resultados de aprendizagem. Para isso, é fundamental que as equipes das escolas sejam mais estáveis. Os diretores devem se comprometer com as metas estabelecidas e as secretarias devem assegurar condições adequadas de funcionamento das escolas.

Ainda comenta Maria Helena Guimarães Castro (2007) que a grande rotatividade de

professores, pedagogos e gestores afeta no fracasso escolar, pois esta para ter um bom

funcionamento tem que ter compromisso e boa articulação tanto com alunos e toda a

comunidade escolar.

Num sistema de ensino com alta rotatividade de professores e diretores torna-se praticamente inviável desenvolver um projeto pedagógico de qualidade. Além da descontinuidade, torna-se difícil construir laços de coesão e de identidade entre os membros da equipe da escola. A boa escola pública requer grande compromisso dos professores com a aprendizagem dos alunos, uma equipe motivada e integrada e com forte articulação com a comunidade (CASTRO, 2007, p. 8).

Por fim, a educação é um processo, uma atividade sujeita a uma contínua revisão,

renovação, ajuste e aprimoramento. As metas do PDE são convertidas em objetivos e os

objetivos, em estratégias, tendo como propósito lograr resultados. A avaliação serve para

indicar os resultados obtidos e apontar as medidas corretivas necessárias. Muitas vezes isso

pode implicar a revisão das próprias metas da escola, de seu calendário, de seus programas de

ensino, do perfil de seu corpo dirigente ou de seu corpo docente. O foco é educar o aluno. A

avaliação é para que os alunos, pais, professores e dirigentes tomem decisões pertinentes e a

revejam, segundo os resultados (OLIVEIRA; CHADWICK, 2008, p. 372).

3 METODOLOGIA

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Esta pesquisa tem como objetivo propor uma reflexão sobre a avaliação em larga

escala e o que ela pode nos oferecer como indicação de alternativas na prática pedagógica,

propondo melhorar a qualidade de ensino e de aprendizagem; será realizada, especialmente

com professores pedagogos e docentes do Colégio Estadual Vera Cruz, do município de

Mandaguari-PR.

Na primeira fase o encaminhamento será conduzido por meio de levantamentos de

dados sobre os resultados do SAEB e da Prova Brasil. Em seguida, estudos de vários textos,

vídeos trabalho em grupo e reflexões sobre o assunto identificando as dificuldades

encontradas no processo ensino-aprendizagem e propondo mudanças.

Na segunda fase organizar-se-á uma Produção Didática que será usada como material

didático em um Curso de Extensão e ficará disponível na Internet para professores

interessados em participar do GTR (Grupo de Estudo em Rede).

A Implementação do projeto ocorrerá na terceira fase por meio de um Curso de

Extensão que priorizará uma alternativa para que o professor pedagogo incida na formação e

ação dos professores e pedagogos de sua escola.

O referido Curso de Extensão será desenvolvido em 32 horas-aula, distribuídas em

estudos antecipados e encontros presenciais com os cursistas que serão inscritos conforme

edital, na escola, sob critério de certificação expedida pela Universidade Estadual de Maringá-

UEM.

Finalmente, com todas as contribuições e as atividades realizadas concretizará com a

produção de um artigo científico, previsto com o título “Prova Brasil: subsídios para a

melhoria da qualidade da educação pública”.

4 RESULTADOS

Pretende-se realizar levantamentos dos resultados das avaliações externas (Prova

Brasil de 2007, 2009 e 2011);

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Fazer estudos, pesquisas, debates e reflexões sobre a avaliação e propor mudanças na

metodologia de ensino; Enfatizar a importância da avaliação para medir a aprendizagem do

aluno;

Após estudos sobre avaliação em larga escala, identificar as dificuldades encontradas

pelos professores, ou seja, o motivo desse baixo rendimento escolar citado pelos professores

participantes do curso, bem como suas dificuldades encontradas no seu cotidiano escolar, e

possamos despertar a consciência do professor em relação à importância dos resultados das

avaliações externas no processo ensino-aprendizagem;

Após relatos dos participantes professores, pedagogos e gestores, propor realizações

de atividades diferenciadas, mudança na metodologia do ensino, retomada de conteúdos e

atendimento (individual) aos alunos que apresentam dificuldades para melhorar a qualidade

da educação.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo este trabalho tem o interesse de centrar-se na realização de levantamentos sobre

as avaliações externas, na reflexão sobre a importância desta pesquisa para melhorar o ensino

e aprendizagem e ao mesmo tempo na proposta de mudanças e na busca de subsídios para a

melhoria da qualidade da educação pública, possibilitando para os professores - que atuam

nas escolas públicas e participam das avaliações externas -, maiores conhecimentos e

esclarecimentos, levando a reflexão, podendo intervir de forma eficaz para a melhoria do

ensino-aprendizagem.

Por fim, propondo sugestões que vem ao encontro de soluções fazendo reflexões e

análise da atual situação da educação hoje por meio de reuniões pedagógicas, onde podemos

fazer uma análise pedagógica baseada no resultado do desempenho do aluno, através de

levantamento de dados sobre as avaliações externas e adotemos medidas que superem as

deficiências detectadas em nossos alunos.

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REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Art. 67. Inciso VI. 1996. CASTRO, M. H. G. de. Problemas institucionais do ensino público. Disponível em: <http://pt.braudel.org.br/publicacoes/braudel-papers/downloads/portugues/bp42_pt.pdf>. Acesso em: abr. 2014. Braudel Papers, n. 42, 2007. FREITAG, B. Educação, estado e sociedade. 4. ed. rev. São Paulo: Moraes, 1980. GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas: SP: Autores Associados, 2003. KLEIN, R. Como está à educação no Brasil? O que fazer? In: Ensaio: avaliação de políticas públicas educacionais. Rio de Janeiro, v. 14, no. 51, p. 139- 172, abr./jun. 2006. KLEIN, R.; FONTANIVE, N. S. Em Aberto, Brasília, ano 15, n. 66, abr./jun. 1995. LESSA, L. G. Educação na mídia. Disponível em: <http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/22775/opiniao-o-nivel-da-educacao-no-brasil/>. Acesso em: abr. 2014. 16 de maio de 2012. OLIVEIRA, J. B. A. e; CHADWICK, C. Aprender e Ensinar. 9. ed. Instituto Alfa e Beto, 2008. OLIVEIRA, J. B. de A.; SCHWARTZMAN, S. A escola vista por dentro. Disponível em: <http://www.schwartzman.org.br/simon/pdf/escola.pdf>. Acesso em: abr. 2014. 2002. SCHWARTZMAN, S. Equidade e Qualidade da Educação Brasileira. São Paulo, Moderna. 2008. SEED – Secretaria de Estado da Educação. Colégio Estadual Vera Cruz. Disponível em: <http://www.mdgveracruz.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1>. Acesso em: abr. 2014.