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Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo A formação em Arteterapia no Brasil: contextualização e desafios. Textos do III Fórum Paulista de Arteterapia da AATESP 1ª. Edição São Paulo Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo 2010

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Arteterapia material para pesquisa

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  • Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo

    A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao e desafios. Textos do III Frum Paulista de Arteterapia da AATESP

    1. Edio

    So Paulo Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo

    2010

  • A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao e desafios. Textos do III Frum Paulista de Arteterapia

    Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao e desafios. Textos do III Frum Paulista de Arteterapia. - So Paulo: Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo, 2010. 163p.

    ISBN 978-85-63203-02-1

    1. Arte-terapia

    CDD 610

    Autoria Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo AATESP www.aatesp.com.br

    Organizao Mara Bonaf Sei

    Ressalva: Os textos apresentados so de criao original dos autores, que respondero individualmente por seus contedos ou por eventuais impugnaes de direito por parte de terceiros.

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    Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo

    Sumrio

    Captulo

    Pgina Programao do III Frum Paulista de Arteterapia

    6

    A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao Mara Bonaf Sei

    7

    A tica em arteterapia Sandro Leite

    30

    A pesquisa cientfica em arteterapia no Brasil: estado da arte Cristina Dias Allessandrini

    34

    A importncia de pensar a Arte na Arteterapia Karen Ferri Bernardino

    59

    Arteterapia rumo profissionalizao: perspectivas para o sculo XXI Maria de Betnia Paes Norgren

    67

    A Formao do Arteterapeuta, Contextualizao e Desafios, nos Posteres do III Frum Paulista de Arteterapia Mailde Jeronimo Tripoli Tatiana Fecchio Gonalves

    74

    A Arte como proposta do trabalho da intersetorialidade entre Centros de Convivncia e CAPS-AD Jos Francisco Padovani Forti e Sibele Ribeiro Campos Martins

    80

    A arteterapia nos bastidores da competio Fabiola Matarazzo

    81

    A fotografia como instrumento arteteraputico Julia de Montalembert Kater Milani

    82

    Artes em Famlia: relato de uma proposta intergeracional empreendida em um Centro de Convivncia Mara Bonaf Sei, Diane Bianchi Carvalhaes Cardoso S e Iara Fais Ferreira

    87

    Ateli Arte e Vida na Comunidade: Espao ArtePsicoteraputico - Um Projeto de Vida... Maringela Borret Bonjour Nascimento

    93

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    Atelier arte-culinrio teraputico: lazer, crescimento pessoal e autoconhecimento. Mailde Jeronimo Tripoli

    95

    Dilogos entre Arteterapia e Arte Educao Claudia Colagrande

    101

    Estgio supervisionado em Arteterapia: Relato de experincia e contribuies para a formao profissional do arteterapeuta Melina Del Arco de Oliveira

    103

    O ldico como recurso arteteraputico Margaret Rose Bateman Pela e Cristina Dias Allessandrini

    119

    Oficina Multiplicidade, uma questo sensorial: Os princpios do yoga no contexto teraputico Katia Hardt

    141

    Exposio de Arte Postal: um convite Claudia Colagrande, Ronald Sperling e Sue Steinberg

    142

    A Arte Postal na Arteterapia Claudia Colagrande

    143

    Arte Postal: consideraes Ronald Sperling

    145

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    Lista de Figuras

    Figura Pgina Arteterapia 8 Varal de Imagens Oficina 1 98 Grfico 1: Primeiro critrio de anlise dos dados 50 Grfico 2: Distribuio da produo cientfica brasileira de acordo com a Grande rea

    51

    Grfico 3: Distribuio da produo cientfica por Arteterapeutas brasileiros, de acordo com o ano de publicao

    52

    Grfico 4: Distribuio da produo cientfica brasileira concluda e em fase de produo

    53

    Grfico 5: Distribuio dos Mestrados concludos e em andamento 53 Grfico 6: Distribuio dos Doutorados concludos e em andamento 54 Grfico 7: Estado da arte da produo stricto sensu brasileira 54 Grfico 8: Produo brasileira de acordo com o Ciclo de Vida 55 Aspectos fundamentais da formao em Arteterapia 114 Arte Postal 1 - Betnia Norgren 146 Arte Postal 2 - Carolina Wiermann 147 Arte Postal 3 - Carolina Wiermann 148 Arte Postal 4 - Claudia Colagrande 149 Arte Postal 5 - Claudia Colagrande 150 Arte Postal 6 - Lucila Bertolini 151 Arte Postal 7 - Lucila Bertolini 152 Arte Postal 8 Mailde Tripoli 153 Arte Postal 9 Mailde Tripoli 154 Arte Postal 10 Mailde Tripoli 155 Arte Postal 11 Mailde Tripoli 156 Arte Postal 12 - Maringela Bonjour 157 Arte Postal 13 Sall Viana 158 Arte Postal 14 - Silvana Di Blsio 159 Arte Postal 15 - Silvana Di Blsio 160 Arte Postal 16 Solemar Ontoria 161 Arte Postal 17 - Sue Steinberg 162 Arte Postal 18 - Sue Steinberg 163

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    III Frum Paulista de Arteterapia da AATESP A FORMAO EM ARTETERAPIA NO BRASIL: CONTEXTUALIZAO E

    DESAFIOS 05 de Dezembro de 2009 - 8h-18h

    Programao

    Horrio Atividade 8h00 Credenciamento 8h30 Abertura

    Dra. Mara Bonaf Sei 9h00 Palestra: A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao

    - Palestrante Dra. Mara Bonaf Sei 10h00 Coffee Break 10h30 Mesa Redonda: Postura Arteteraputica

    - A tica em Arteterapia Sandro Leite - A pesquisa cientfica em Arteterapia no Brasil: estado da arte Dra. Cristina Dias Allessandrini - A importncia da superviso e do ateli arteteraputico diante necessidade da formao continuada Ms. Karen Ferri Bernardino

    12h30 Almoo 14h00 Poster Interativo

    - Coordenao: Ms. Mailde Tripoli e Ms. Tatiana Fecchio Gonalves 15h30 Coffee Break 16h00 Atividade Expressiva

    - Introduo exerccios respiratrios Katia Hardt - Proposta Arteteraputica Sue Steinberg Ronald Sperling Claudia Colagrande

    17h30 Encerramento - Arteterapia rumo profissionalizao: perspectivas para o sculo XXI Dra. Maria de Betnia Paes Norgren

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    A formao em Arteterapia no Brasil: contextualizao Mara Bonaf Sei1

    Este texto tem por objetivo discorrer sobre a formao em Arteterapia no Brasil, contextualizando esta prtica e descrevendo os cursos de Especializao existentes no Estado de So Paulo. Desta forma, opta-se por inicialmente realizar uma contextualizao sobre o campo da Arteterapia, contemplando sua conceituao, caracterizao e histrico para na segunda parte sinalizar como a pesquisa pelos cursos foi realizada, com apresentao dos resultados obtidos.

    Deste modo, para a Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo (AATESP),

    A arteterapia insere-se dentro de um contexto de explorao criativa e valorizao do sensvel, viabilizado por meio da utilizao dos recursos artstico-expressivos. (...) a arteterapia caracteriza-se por possibilitar que qualquer um entre em contato com seu prprio universo interno, com aqueles que esto sua volta e com o mundo. medida que a emergncia da expresso se mostra cada vez mais indispensvel, tanto mais o sentido da vida torna-se evidente e, conseqentemente, o despertar do desejo de como aprender a lidar com os problemas, com os medos, com as deficincias, de modo a tornar os pensamentos e os atos mais consonantes com o viver pleno. (AATESP, 2009)

    De maneira sinttica e em sintonia com a conceituao acima, pode-se dizer que a Arteterapia se configura como uma

    estratgia de interveno teraputica que visa promover qualidade de vida ao ser humano por meio da utilizao dos recursos artsticos advindos principalmente das Artes Visuais, mas com abertura para um dilogo com outras linguagens artsticas. Foca-se o indivduo em sua necessidade expressiva e busca-se ofertar um ambiente propcio ao surgimento de uma expressividade

    1 Psicloga, Arteterapeuta (AATESP 062/0506), Mestre e Doutora em Psicologia Clnica pelo IP-USP; docente de cursos de especializao em Arteterapia; Membro do Conselho Diretor da AATESP. Telefones: (19) 32893005 91324530 - Lattes: http://lattes.cnpq.br/5815968830020591 E-mail: [email protected]

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    espontnea e portadora de sentido para a vida. (Sei, 2009, p. 6)

    Para uma prtica ser nomeada como Arteterapia, , ento necessrio que esteja presente no contexto arteteraputico o seguinte tringulo (Carvalho, 2006), composto pelo processo expressivo ou pela produo, pelo indivduo que participa do processo e pelo arteterapeuta (Figura 1).

    Processo expressivo/Produo

    Indivduo Arteterapeuta

    ARTETERAPIA

    Quanto ao histrico da Arteterapia, pode-se dizer que a Arte utilizada com finalidades teraputicas h sculos, contudo, uma estruturao do uso dos recursos artsticos no campo das terapias ocorreu mais recentemente. Na literatura acadmica (Caterina, 2005), encontra-se relatos acerca do trabalho desenvolvido pelo mdico psiquiatra alemo Johann Christian Reil sobre a interlocuo entre Arte e Sade.

    Reil foi um contemporneo de Pinel, que construiu no incio do sculo XIX um protocolo teraputico almejando a cura psiquitrica. Este era composto de trs estgios, que incluam 1. O envolvimento do paciente em atividades realizadas ao ar livre, de trabalho fsico; 2. Estmulos sensoriais a partir da utilizao de objetos especficos para a proposta; 3. Estmulos relacionados ao campo intelectual, por meio de desenhos, smbolos e elementos com sentidos no campo cognitivo e no campo afetivo. Por meio destes estgios buscava-se que o interesse do indivduo pelo mundo externo fosse despertado e que houvesse maior ligao entre este e meio que o circunda. Compreendia-se que

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    a expresso obtida nos desenhos, sons, texto, movimentos se organizavam como uma forma de comunicao dos contedos internos (Caterina, 2005).

    A prtica da Arteterapia, nomeada desta maneira, tem como grande precursora em territrio norte-americano a psicloga de orientao psicanaltica Margaret Naumburg. Sua atuao foi intitulada de Artepsicoterapia e propunha a liberao de expresso espontnea e incentivo associao livre por parte do paciente. Sua irm, Florance Cane, era arte-educadora e desenvolveu uma prtica no campo da Arteterapia, denominada de Arte como terapia, que se apresentava como uma estratgia de ensino da Arte a partir das funes movimento, pensamento e sentimento.

    No Reino Unido, um nome de importncia foi do artista Adrian Hill, que vivenciou um processo de adoecimento devido tuberculose durante o qual percebeu o potencial da Arte no sentido de promover sade.

    Quanto s diferentes maneiras de se organizar uma proposta arteteraputica, pode-se citar, ento, a Artepsicoterapia, que, de acordo com Naumburg (1991) busca a liberao do inconsciente por meio de imagens espontaneamente projetadas na expresso plstica e grfica. Pode ser utilizada como uma forma de psicoterapia primria ou auxiliar (Naumburg, 1991, p. 388). Para esta profissional, o arteterapeuta no deve interpretar a produo e sim encorajar o paciente a descobrir por si mesmo o significado de suas prprias produes. (Naumburg, 1991, p. 390).

    Na Arte como terapia, a partir da viso de Florance Cane, o arteterapeuta pauta-se na crena de que todo ser humano nasce com o poder de criar. Sua estratgia de ensino da Arte era fundamentada nas funes: movimento, sentimento e pensamento e a cura ocorreria por meio da catarse do processo artstico, acompanhamento de profissional que reconhecesse os sentidos do que expressado e ajude a pessoa a se reconhecer (Cane, 1983).

    No Reino Unido, segundo Hogan (2001), tem-se uma diferenciao da Arteterapia em trs correntes. Na analytic art therapy, tem-se uma prtica baseada nas teorias psicanalticas, com especial ateno relao transferencial e, conseqentemente, interpretao do encontro teraputico. Na art psychotherapy, d-se nfase na importncia da anlise verbal do

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    material produzido nas sesses, com situaes em que a produo se torna algo adicional psicoterapia verbal. J na art therapy, foca-se as produes sem considerar a anlise verbal como algo necessrio no contexto arteteraputico.

    Em territrio brasileiro, Andriolo (2006) faz uma reviso sobre a articulao entre Arte e Psiquiatria. Este pesquisador aponta profissionais que contriburam para o reconhecimento da potncia da Arte no campo da sade. Considera-se que o trabalho desenvolvido por estes como precursores da Arteterapia no pas.

    O primeiro foi Ulysses Pernambucano, que estabeleceu relaes entre Arte e Psiquiatria e inspirou Silvio Moura a redigir, em 1923, Manifestaes artsticas nos alienados, trabalho concluso do curso de Medicina. O segundo nome foi de Osrio Cesar, que atuou no Hospital Psiquitrico Juqueri, com compreenso a partir da Psicanlise e interlocuo com Sigmund Freud (Andriolo, 2003). relatada a existncia, desde 1927, de setores de bordados e outros tipos de artesanato nos pavilhes e colnias do hospital, alm de haver a possibilidade de realizar pintura com aquarela, modelagem em barro, dentre outras que necessitavam de ambiente, material e tcnica no citado hospital. Em 1943 iniciada oficialmente a Oficina de Pintura, enquanto que em 1949 tem-se a fundao da Escola Livre de Artes Plsticas (Ferraz, 1998). Por fim, tem-se o trabalho de Nise da Silveira que fundou a Seo de Teraputica Ocupacional, em 1946 no Centro Psiquitrico Engenho de Dentro. Esta psiquiatra tinha sua compreenso baseada na Psicologia Analtica, com trocar com Carl G. Jung.

    A Arteterapia teve seu incio com a atuao de Margarida Carvalho, cuja formao no campo se deu a partir de um curso de extenso em Arteterapia com Hanna Kwiatkowska na PUC-SP, em 1964. Seguiu seus estudos de forma independente, com atuao posterior na rea. Pode-se tambm citar ngela Philippini, que recebeu influncia de Nise da Silveira e participou de grupo de estudos com arteterapeutas americanos e Selma Ciornai, com formao a partir de cursos de extenso no pas e mestrado em Arteterapia nos Estados Unidos.

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    Um marco para a Arteterapia foi a fundao da AATESP no ano de 2003 e, em 2006, a fundao da UBAAT, que passaram, com suas aes, primar pela formao do arteterapeuta, estabelecendo critrio mnimos para os cursos de especializao. Assim, de forma geral, a formao em Arteterapia no Brasil ocorre principalmente atravs de cursos de Especializao em Arteterapia. Havia um curso de Graduao em Arteterapia, realizado na FEEVALE, mas que teve suas atividades suspensas.

    Este curso, de acordo com as informaes contidas no site da instituio, buscava formar profissionais que, atravs da expresso artstica e de uma ao multi e interdisciplinar, possam auxiliar o indivduo em seu processo teraputico, bem como intervir na preveno da sade. Viabiliza a formao geral do ser, qualificando o profissional para a atuao em consultrios, instituies e organizaes diversas, trabalhando com sujeitos individualmente em grupo, atravs de um projeto pedaggico articulado pelas dimenses sociolgicas, filosficas, psicolgicas e histricas, que constituem o contextualizado nessa rea. A graduao em Arteterapia realizada na FEEVALE tinha uma durao de 08 semestres.

    Quanto aos critrios para o currculo mnimo, foram estabelecidos que os cursos de Especializao em Arteterapia devem possuir uma Carga Horria mnima de 360 horas/aula, 100 horas de estgio e 60 horas de superviso, totalizando 520 horas. Devem contemplar as disciplinas/contedos de Linguagens e Prticas em Arteterapia, Fundamentos da Arte, Fundamentos da Arteterapia, Fundamentos Psicolgicos e Psicossociais, Estgio e Superviso e Trabalho de Concluso de Curso.

    Neste sentido, as disciplinas Fundamentos da Arteterapia, Linguagens e Prticas em Arteterapia e Estgio e Superviso devem ser ministradas por arteterapeutas credenciados s Associaes de Arteterapia do Estado ao qual o curso esteja vinculado. A disciplina de Fundamentos Psicolgicos e Psicossociais deve ser ministrada por psiclogos ou profissionais com ps-graduao na rea, cursada em instituies idneas. No que concerne o tema de Psicopatologia, este deve ser ministrado apenas por Psiclogo ou Psiquiatra.

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    O Trabalho de Concluso de Curso pode ser orientado ou co-orientado por um profissional de outra rea. Contudo, para isto, deve estar presente formalmente como orientador ou co-orientador tambm um arteterapeuta com credenciamento em associao regional de Arteterapia filiada UBAAT www.ubaat.org. Os coordenadores de curso, tambm credenciados associao regional de Arteterapia, devem ter 5 anos de experincia na rea aps formao, enquanto que os demais docentes da rea de Arteterapia devem ter no mnimo 2 anos de formao em Arteterapia.

    Metodologia de pesquisa Objetivou-se pesquisar quais os cursos de Especializao em

    Arteterapia existentes no Estado de So Paulo. Para tanto, fez-se uma pesquisa que teve como procedimentos uma busca de informaes sobre Cursos de Especializao em Arteterapia, usando Google como ferramenta de busca de dados, com as palavras-chave Arteterapia, curso, especializao, So Paulo, no ms de Novembro de 2009. Os critrios de incluso pautavam-se em cursos de especializao em Arteterapia realizados em cidades do Estado de So Paulo, cujas informaes estivessem na Internet.

    Faz-se a ressalva de que as informaes na internet esto em constante atualizao, enquanto h sites que mantm informaes sem realizarem as necessrias alteraes, mesmo quando um curso descontinuado ou alterado. Optou-se neste trabalho por descrever as informaes disponibilizadas na internet no momento da pesquisa e, para este texto escrito, foram acrescentadas as informaes dadas pelos participantes, que completaram ou corrigiram possvel dados incorretos.

    Resultados Esta pesquisa havia sido realizada no ano de 2007, por Fabiola Gaspar,

    ento membro do Conselho Diretor da AATESP. De acordo com esta pesquisa, existiam dezesseis cursos de Especializao em Arteterapia no Estado de So Paulo abaixo listados:

    1. Atelier Vera Traversa (Alquimy Art)

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    2. FIZO/Faculdade Integrao Zona Oeste 3. FAMOSP/Faculdade Mozarteum de So Paulo 4. FPA/Faculdade Paulista de Artes 5. FTS/Faculdade Taboo da Serra 6. INESP 7. Instituto Sedes Sapientiae 8. ISAL/Instituto Superior de Educao da Amrica Latina 9. NAPE/Ncleo de Arte e Educao 10. PUC-SP/Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo 11. UNESP 12. UNIFIEO/Centro Universitrio FIEO 13. UNIP/Universidade Paulista 14. UNIVEM/Centro Universitrio Eurpides de Marlia 15. USJT/Universidade So Judas Tadeu 16. USM/Universidade So Marcos

    Por meio da pesquisa realizada em 2009 foram encontrados dezenove cursos de Especializao em Arteterapia, nmero que implica em um incremento dos cursos de Arteterapia no Estado de So Paulo. Os cursos localizados foram os seguintes:

    1. Alquimy Art 2. CEFAS/Centro de Formao e Assistncia Sade 3. EXTECAMP UNICAMP 4. FACIS/Faculdade de Cincias da Sade 5. FAMOSP/ Faculdade Mozarteum de So Paulo 6. FPA/Faculdade Paulista de Artes 7. INBRAPEC/Instituto Brasileiro de Ps-Graduao e Educao

    Continuada 8. Instituto de Artes UNESP 9. Instituto Sedes Sapientiae 10. ISAL/Instituto Superior de Educao da Amrica Latina 11. NAPE/Ncleo de Arte e Educao 12. PUC-SP/Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

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    13. So Paulo Master School 14. UNIFIEO/Centro Universitrio FIEO 15. UNIP/Universidade Paulista 16. UNISA /Universidade de Santo Amaro 17. UNIVEM/Centro Universitrio Eurpides de Marlia 18. USJT /Universidade So Judas Tadeu 19. USM/Universidade So Marcos Tatuap

    Optou-se por listar, ento, cada curso seguindo o seguinte roteiro de informaes: instituio responsvel, site consultado; coordenao e caso o coordenador seja credenciado AATESP estar disponvel o nmero de credenciamento dele junto associao; carga horria; durao; local; disciplinas/mdulos/temas/reas de formao.

    Alquimy Art http://www.alquimyart.com.br/node/54 Coordenao Geral

    Profa. Dra. Cristina Dias Allessandrini AATESP 015/1203 Coordenao Local

    Prof. Ms. Deolinda Fabietti AATESP 008/1203 Carga Horria Total - 620 horas/aula + 100 horas de Estgio Supervisionado + Monografia Durao 2 anos e meio/30 meses Local So Paulo Agrupamento em reas:

    Fundamentos Instrumentao Prxis e Ao Profissional

    24 mdulos Workshops Superviso

    CEFAS/Centro de Formao e Assistncia Sade

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    http://www.cefas.com.br/index_arquivos/Page2564.htm Coordenao

    Profa. Dra. Mara Bonaf Sei AATESP 062/0506 Carga Horria Total 520 horas Durao 5 mdulos que podem ser cursados em 5 semestres ou concomitantemente Local Campinas Mdulos

    Teoria e tcnica de Winnicott Fundamentos tericos e tcnicos da Arteterapia Psicopatologia, tcnicas e clnica de Arteterapia Prticas artsticas, Histria da Arte e Sade Mental Superviso de Atividades Prticas Orientao para TCC

    EXTECAMP UNICAMP http://www.extecamp.unicamp.br/busca_rapida.asp Coordenao

    Prof. Dr. Joel Sales Giglio Carga Horria Total 584 horas Durao no consta no site Local - Campinas Disciplinas

    Fundamentos, Tcnicas e Prticas da Arteterapia Psicologia Aplicada Arteterapia: Psicologia Analtica e Psicologia do

    Desenvolvimento Humano Histria da Arte e Criatividade Psicopatologia, Psicosociologia, Psicossomtica e Grupos Metodologia Cientfica e Orientao Metodolgica Ateli Arteteraputico Tcnicas Expressivas: Musicoterapia, Dramaterapia, Danaterapia e

    Escrita Criativa

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    Tpicos Especiais Superviso

    Estgio Supervisionado

    FACIS/Faculdade de Cincias da Sade http://www.facis-ibehe.com.br/facis/publier4.0/texto.asp?id=154 Coordenao

    Profa. Dra. Sonia Maria Bufarah Tommasi e Prof. Dr. Waldemar Magaldi Filho

    Carga Horria Total 580 horas Total de horas/aulas 210 horas Atividades programadas 150 horas Superviso 100 horas Atividades prticas 120 horas

    Durao - 18 meses Local - So Paulo Disciplinas

    Fundamentos da Arteterapia; Psicologia, tipos humanos e a expresso artstica; Psicopatologia, psicossomtica, mitologia e neurocincias; Teorias e tcnicas expressivas; Prxis da Arteterapia; Metodologia cientfica; Atelier expressivo teraputico educacional e a construo do saber do

    Arteterapeuta.

    FAMOSP/Faculdade Mozarteum de So Paulo http://www.mozarteum.br/new_site/web/CursosConteudos.asp?curso=39 Coordenao

    Ms. Dilaina Paula dos Santos AATESP 011/1203 Carga Horria Total 560 horas

    Trabalho de Concluso de Curso TCC 16 horas

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    Estgio Supervisionado 160 horas Durao 4 semestres/24 meses Local So Paulo Disciplinas

    A Prxis da Arteterapia Contexto scio-artstico Arteterapia e Desenvolvimento Humano Didtica do Ensino Superior Expresso Plstica Bi e Tridimensional Fundamentos da Arteterapia Fundamentos da Teoria Junguiana Linguagens e Prticas em Arteterapia Metodologia da Pesquisa Cientfica O Corpo como Linguagem Percepo da Linguagem Sonora Psicopatologia Simblico Arquetpica

    FPA/Faculdade Paulista de Artes http://www.fpa.art.br/download/pos2008_psicopedagogiaearteterapia2.pdf Coordenao

    No consta no site Carga Horria Total 360 horas Durao 3 semestres Local So Paulo Disciplinas

    Arte, Cultura e Sociedade Comunicao Corporal Diagnstico Psicopedaggico Didtica do Ensino Superior Fundamentos de Psicopedagogia e Arte Terapia Fundamentos Psicolgicos da Psicopedagogia e Arte-Terapia Interveno Psicopedaggica

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    Metodologia Cientfica Orientao de Monografia Superviso de Estgio Teatro para Psicopedagogia e Arte-Terapia Tcnicas em Artes Visuais

    INBRAPEC/Instituto Brasileiro de Ps-Graduao e Educao Continuada http://www.inbrapec.com.br/cursos/curso.php?curso=19 Coordenao

    Profa. Dra. Sonia Maria Bufarah Tommasi Carga Horria Total - 360 horas

    60h Atividades Complementares 80h Monografia

    Durao 18 meses Local So Paulo Disciplinas

    tica profissional Orientao monogrfica Metodologia cientfica Terapias Expressivas Fundamentos da teoria junguiana Expresso plstica Cor e Sombra A linguagem simblica A prxis da arte em terapia Linguagem Sonora Corpo e Movimento Atelier expressivo teraputico educacional Atividades complementares extra classe

    Instituto de Artes UNESP http://www.ia.unesp.br/pos/lato/int_pos_lato_at.php

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    Coordenao Profa. Dra. Geralda Mendes Ferreira Silva Dalglish

    Vice-Coordenao Prof. Dr. Jos Leonardo do Nascimento

    Carga Horria Total 384 horas/aula Durao 3 semestres/18 meses Local So Paulo Disciplinas

    Arte e Psicologia I e II Sonoridade e Ressonncias Esttica e Histria da Arte A Crtica de Arte e de Cultura no Brasil (sculo XX) Arte Expresso Educao - Psicoterapia Anlise e Exerccios de Materiais Expressivos Arte e Deficincia. Introduo Esttica da Msica Eletracstica A Mediao Arte/Pblico com necessidades especiais: fontes, fronteiras

    e horizontes Percepo e Escuta Musical Cermica: modelagem como terapia Corpo, Comunicao, Cultura

    Instituto Sedes Sapientiae http://www.sedes.org.br/newsite/Cursos/EspecializaoeAperfeioamento/tabid/407/Default.aspx Coordenao Acadmica Dra. Selma Ciornai AATESP 014/1203 Coordenao Geral Maria Alice do Val Barcelos AATESP 024/1203 Equipe docente Ana Alice Francisquetti, Eloisa Quadros Fagali, Iraci Saviani, Leila Nazareth, Maria Alice do Val Barcellos, Maria de Betnia Paes Norgren, Mnica Guttmann, Neide Alessandra Maria R. Giordano, Regina Santos, Selma Ciornai, Tereza Cristina Pedroso Ajzenberg, Vera Maria Rossetti Ferretti, Walter Muller e professores convidados. Carga Horria Total - 743 horas

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    671 horas terico/prtica 72 horas de workshop Mnimo de 120 horas de atividade prtica supervisionada Orientao de trabalho de concluso de curso

    Durao 2 anos e meio/30 meses Local So Paulo Temas a serem desenvolvidos

    Introduo Arteterapia; Postura teraputica; Fundamentos psicolgicos relevantes ao trabalho arteteraputico

    (Abordagem Gestltica e Junguiana); Arte terapia Gestltica; Arte e Psicologia: relao entre processos criativos e processos

    teraputicos; Ciclos de vida: criana, adolescente, adulto e terceira idade (Teoria e

    prtica arteteraputica); Arteterapia no contexto grupal e comunitrio; Arteterapia em situaes com maior comprometimento; Ateli: trabalho plstico e corporal e outras linguagens expressivas; Atividade prtica supervisionada; Metodologia Cientfica; Workshops vivenciais; Orientao de trabalho de concluso de curso.

    ISAL/Instituto Superior de Educao da Amrica Latina http://www.isal.com.br/site/index.asp Coordenao

    No consta no site Carga Horria Total 390 horas Durao meses Local So Jos dos Campos Disciplinas

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    Fundamentos da Arte-Terapia e Oficinas Arte e Psicologia Histria da Arte Literatura e Poesia Desenvolvimento da Criatividade Desenho, Pintura, Modelagem, Bonecos e Dramatizao Psicomotricidade Preventiva, Geritrica e Oficina Contos de Fadas e Histrias Brinquedoteca e Ludicidade Metodologia do Trabalho Cientfico Cenrios de Vivncias

    NAPE /Ncleo de Arte e Educao http://www.napesjcampos.com.br/especializacao-em-arteterapia-sjcampos.html Coordenao

    Artt. Fabiola Gaspar AATESP 064/0706 Carga Horria Total 520 horas Durao 20 semestres Local So Jos dos Campos Disciplinas

    Fundamentos da Arteterapia Fundamentos da Arte Linguagens e Prticas em Arteterapia Fundamentos Psicolgicos e Psico-sociais tica e Postura Teraputica Arteterapia e Sade Mental. Psicopatologia. Psicossomtica Didtica e Produo Cientfica Estgio Supervisionado

    PUC-SP/Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo http://cogeae.pucsp.br/curso.php?cod=166207&uni=SP&tip=RE&le=L&ID=8 Coordenao

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    Profa. Dra. Rosane Mantilla de Souza Carga Horria Total 555 horas

    360 horas de aula 90 horas de estgio 90 horas de superviso 15 horas de orientao de monografia

    Durao 5 semestres Local So Paulo Disciplinas/Mdulos

    Introduo Arteterapia Abordagem fenomenolgico-existencial: reflexes sobre a prtica

    teraputica Vivncia Criativa I Arteterapia Gestltica Vivncia Criativa II Processos de Desenvolvimento Individual e Familiar Prtica Clnica em Arteterapia I Estgio Supervisionado Condies de Vulnerabilidade e Atendimento a Indivduos com

    Necessidades Especiais Prtica Clnica em Arteterapia II Estgio Supervisionado Prtica Clnica em Arteterapia III Temas Epistemolgicos e Metodolgicos na Arteterapia Estgio Supervisionado Orientao de Monografia

    So Paulo Master School http://www.masterschool.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=123&Itemid=1 Coordenao

    Profa. Ms. Rita de Cssia Mercedes Brunelli Barroso Linkeis

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    Carga Horria Total 520 horas Durao 18 meses Local So Paulo

    UNIFIEO/Centro Universitrio FIEO http://www.fieo.br/v2/o_unifieo_pos/cursos-lato/psico-3.php Coordenao

    Profa. Dra. Mrcia Siqueira de Andrade Carga Horria Total 424 horas

    384 horas em sala aula 30 horas de atendimento clnico de grupos 10 horas de superviso clnica de grupos

    Durao 12 meses Local Osasco Disciplinas

    Introduo Arte Terapia Ciclos de Vida: criana, adolescente, adulto e terceira idade Compreenso e utilizao da linguagem da forma e da linguagem

    simblica A relao entre processos criativos e processos teraputicos O Trabalho com grupos Ateli: trabalho plstico e corporal e outras linguagens expressivas Estratgias para a aplicao de recursos artsticos e criativos em terapia Arte-Terapia: Contexto Teraputico Institucional e Comunitrio Laboratrio de Sensibilidade Anlise de Situaes Psicossociais em Contexto de Trabalho

    Comunitrio e a Transdisciplinaridade na Sade Arte Terapia na reabilitao fsica e emocional de crianas e adultos

    com Comprometimento neurolgico Metodologia de Projetos, Processos e Pesquisas em Arte-Terapia

    EAD - Ensino a Distncia

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    UNIP/Universidade Paulista http://www3.unip.br/ensino/pos_graduacao/latosensu/cursos.asp?StrInstituto=UNIP&CodCurso=125 Coordenao Dra. Patricia Pinna Barnardo AATESP 056/0905 Carga Horria Total 360 horas Durao 1 ano Local So Paulo Disciplinas Sistmicas:

    Didtica e Prtica do Ensino Superior Arte e Psicologia a Dimenso Simblica Fundamentos da Arteterapia O Processo Criativo Expresso Corporal e Sonora-Musical

    Disciplinas Especficas: Mitologia Criativa e Arteterapia Recursos Expressivos Superviso de Atendimentos em Arteterapia Metodologia Cientfica

    UNISA/ Universidade de Santo Amaro http://www.unisa.br/pos/psicologia/567019apr.html Coordenao

    Profa. Ms. Flvia Lima Carga Horria Total 400 horas Durao 12 meses Local So Paulo Disciplinas

    Abordagem Junguiana com Grupos Teraputicos Arte-terapia Gestltica Prtica da Pintura e Vivncia das Cores Modelagem na Arte-terapia Mscaras e Subjetividade

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    Vivncias Corporais nas Atividades Plsticas Oficina de Leitura Metodologia Cientfica Arte-Terapia, Reabilitao, Pensamento Clnico Didtica Estgio com superviso clnica

    UNIVEM/Centro Universitrio Eurpides de Marlia http://www.fundanet.br/cec/lato-sensu-detalhes.asp?id=233 Coordenao

    Prof. Ms. Reginaldo Arthus Carga Horria Total 400 horas Durao 18 meses Local Marlia Disciplinas

    Tpicos Avanados em Arteterapia Oficinas de Arteterapia Fundamentos do Magistrio Superior Trabalho de Concluso de Curso

    Contedos das disciplinas Histria da Arte e da Arteterapia; Aspectos Ldicos e Criativos Em

    Arteterapia; Fundamentos da Arteterapia; Comunicao e Arteterapia; Psicologia e Arteterapia; Psicopedagogia e Arteterapia; Formas de Expresso Artstica Bidimensional (Desenho); Formas de Expresso Artstica Bidimensional (Pintura); Formas de Expresso Artstica Bidimensional (Gravura); Formas de Expresso Artstica Bidimensional (Composio Plstica); Formas de Expresso Artstica Bidimensional (Tecelagem); Formas de Expresso Artstica Tridimensional (Objetos Tridimensionais); Formas de Expresso Artstica Tridimensional (Escultura); Formas de Expresso Artstica Tridimensional (Modelagem Plstica); Organizao Ambiental; Formas de Expresso Musical (Elementos de Musicalizao); Formas de Expresso Musical

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    (Elementos de Musicoterapia); Formas de Expresso Corporal; Imagens e Formas De Expresso Virtual; Contos e Estrias; Recreao e Jogos; Medotologia Pesquisa Cientfica; Didtica; Trabalho Concluso Curso

    USJT/Universidade So Judas Tadeu http://www.usjt.br/prppg/lato/detalhe_curso.php?id_curso=33 Coordenao

    Profa. Dra. Ana Maria M. Kiyan Carga Horria Total 432 horas Durao 3 semestres Local So Paulo Disciplinas

    A Linguagem Simblica A Prxis da Arte em Terapia Arte e Deficincia Arte Sociedade e Cultura Didtica do Ensino Superior e Prtica de Magistrio Expresso Plstica Tridimensional Fundamentos da Psicopatologia e Distrbios de Aprendizagem Fundamentos da Teoria Junguiana O Corpo como Linguagem Percepo da Linguagem Sonora Psicoterapia e Arte Representao Artstica no Plano

    USM/Universidade So Marcos Tatuap http://www.saomarcostatuape.com.br/portal2/interna_tipo1.asp?cod=30 Coordenao

    Profa. Ms. Rita de Cssia Mercedes Brunelli Barroso Linkeis Carga Horria Total 520 horas Durao 18 meses Local So Paulo

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    Apontamentos Observa-se, por meio dos dados expostos acerca dos cursos de

    Especializao em Arteterapia disponveis no Estado de So Paulo cujas informaes podem ser acessadas via internet, que nem todos os coordenadores so profissionais credenciados AATESP, conforme indicado nas normas da UBAAT. Quanto durao, nota-se uma variao entre 12 e 30 meses, com carga horria entre 360 horas at 743 horas. H instituies que organizam seu currculo em disciplinas, enquanto outros esto estruturados em mdulos/temas/reas de formao.

    De forma geral, h uma predominncia da regio da Grande So Paulo como localizao dos cursos, com alguns situados em outras regies do Estado de So Paulo, incluindo cidades como Campinas, Marlia e So Jos dos Campos. Quanto s disciplinas h uma variedade na nfase dada s disciplinas, com cursos que priorizam mais um aspecto enquanto outros focam mais outras informaes.

    Quanto aos referenciais tericos, h uma ampla gama de cursos que pautam seus ensinamentos na Psicologia Analtica. Outros que baseiam-se na Gestalt-terapia, mltiplos cursos no apontam claramente se h uma orientao terica que norteia a formao do profissional. Apenas um curso indica uma orientao terica fundamentada na Psicanlise Winnicottiana.

    Compreende-se que a multiplicidade de prticas/mtodos/tcnicas, de teorias, de objetivos caracterstica da Arteterapia, tal como j discutido pela AATESP no II Frum Paulista de Arteterapia (AATESP, 2010), e ter cursos que contemplem esta riqueza necessrio. No entanto, pensa-se que a formao de um profissional da Arteterapia, apesar de poder ocorrer de diferentes maneiras, deve atentar para cada uma das pontas do tringulo da Arteterapia.

    O arteterapeuta deve tanto ser um profissional com conhecimento de materiais e tcnicas do campo das Artes Visuais. Deve, tambm, ser algum com conhecimento sobre o homem, seu desenvolvimento, suas patologias, alm de ser uma pessoa que conhece a si prpria, que vivencia seu prprio processo teraputico, de maneira que possa ofertar o melhor de si queles que

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    nele confiam suas dores, sofrimento, questionamentos, em busca de crescimento e sade. Esperamos que esta apresentao sobre informaes dos cursos de Especializao em Arteterapia possa orientar os interessados em sua procura por uma formao tica e fundamentada.

    Referncias AATESP Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo. O que arteterapia? Disponvel em: www.aatesp.com.br. Data de acesso: 01 de Dezembro de 2009. AATESP Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo. Multifaces da Arteterapia: Textos do II Frum Paulista de Arteterapia. So Paulo: Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo, 2010. ANDRIOLO, A. A psicologia da arte no olhar de Osrio Cesar: leituras e escritos. Psicologia: Cincia e Profisso, v. 23, n. 4, p. 74-81, 2003. ANDRIOLO, A. O mtodo comparativo na origem da psicologia da arte. Psicologia USP, v. 17, n. 2, p. 43-57, 2006. CANE, F. (1951) The artist in each of us. Edio revisada. Washington: Art Therapy Publications, 1983. CARVALHO, R. L. G. O polimorfismo da arte de sonhar ser. Revista Cientfica de Arteterapia Cores da Vida, v. 3, n. 3, p. 5-17, 2006. CATERINA, R. Che cosa sono le Arti-Terapie. Roma: Ed. Carocci, 2005. FERRAZ, M. H. C. T. Arte e loucura: limites do imprevisvel. So Paulo: Lemos Editorial, 1998. HOGAN, S. The intellectual precursors of art therapy in Britain. Em: HOGAN, S. Healing arts: the history of art therapy. Londres: Jessica Kingsley Publishers, 2001. p. 21- 30 NAUMBURG, M. A arteterapia: seu escopo e sua funo. Em: HAMMER, E. F. Aplicaes clnicas dos desenhos projetivos. So Paulo: Casa do Psiclogo, 1991. p. 388-392. SEI, M. B. Arteterapia com famlias e psicanlise winnicottiana: uma proposta de interveno em instituio de atendimento violncia familiar. Tese (Doutorado Programa de Ps-Graduao em Psicologia. rea

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    de Concentrao: Psicologia Clnica) Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo, 2009.

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    A tica em arteterapia Sandro Leite2

    [...] ser um artista e um bom ser humano no suficiente para fazer de uma pessoa

    um bom arteterapeuta (RUBIN, 1984).

    Sendo a arteterapia uma rea de estudos ainda muito nova, novos tambm so os questionamentos que se originam como fundantes de um compromisso com uma tica profissional que assegure a qualidade dos servios prestados. Na medida em que um grupo de profissionais se organiza, faz-se necessrio refletir e estabelecer critrios vlidos para o reconhecimento de uma identidade profissional aceita e respeitada pela sociedade. Nesse sentido, o tema da tica apresenta-se com um dos mais relevantes. Nos fruns organizados pela AATESP, o primeiro em dezembro de 2007 e os dois seguintes realizados no primeiro e segundo semestres de 2009, embora seguindo um rigor na seleo de profissionais e respectivos temas, faltou estabelecer normas para que os trabalhos ali apresentados cumprissem alguns requisitos bsicos, como o asseguramento de que todas as imagens veiculadas, seja de trabalhos produzidos no contexto arteteraputico, seja da exposio dos prprios sujeitos submetidos ao processo, estivessem devidamente autorizadas pelos prprios sujeitos e/ou instituies onde foram realizados os trabalhos. Essa preocupao alerta para a preservao da privacidade daquele que procura por ajuda e, por isso, precisa ser respeitado em seus direitos. Em muitos casos aceita autorizar o profissional arteterapeuta para que o material coletado durante o processo (pinturas, desenhos, esculturas, entre outros), seja utilizado como recurso para a produo de material de pesquisa e divulgao

    2 Artista-Educador; Arteterapeuta (AATESP 023/1203); Mestrando em Psicologia Clnica

    (Estudos Junguianos) pela PUC-SP. Membro do Conselho Diretor da AATESP. Link para Currculo Lattes: lattes.cnpq.br/0243480357395951 E-mail: [email protected]

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    em meios acadmicos, seja em apresentaes formais ou publicaes especializadas. No ano de 2006, com a fundao da UBAAT (Unio Brasileira das Associaes de Arteterapia), deu-se um passo importante para a consolidao de diretrizes que foram amplamente discutidas em nvel nacional pelas vrias associaes que a constitui, com o intuito de orientar e zelar pelos fazeres dos profissionais arteterapeutas. O cdigo de tica do arteterapeuta, aprovado em 21 de abril de 2008, foi um desses marcos, de onde se extrai o trecho abaixo:

    CAPTULO II RESPONSABILIDADES SESSO I - PARA COM O CLIENTE: A sade e o bem estar do cliente so os principais objetivos do arteterapeuta. No atendimento a seus clientes, o arteterapeuta deve: Art. 6 - Respeitar seus direitos e sua dignidade e, em todas as circunstncias, atuar em seu benefcio; [...] Art. 13 - Proteger o carter confidencial das informaes a respeito do cliente, registradas ou produzidas por diversos meios (udio, vdeo, textos, imagens plsticas, etc.). A divulgao com fins cientficos ser condicionada autorizao prvia do cliente ou seu responsvel, sempre que identifique o cliente.

    Esse compromisso com o carter confidencial das informaes deve pautar as aes de todas as terapias. No entanto, em especial na arteterapia, grande parte do material produzido se traduz em imagens, o que determina que o cuidado deve ser ainda maior, pois segundo um dizer popular: uma imagem vale por mil palavras. Judith Rubin (1984), uma importante arteterapeuta americana, elenca trs itens fundamentais a se pensar, que so: o que o arteterapeuta precisa saber, em que precisa acreditar e quem precisa ser. Sobre o primeiro item, discorre sobre a arteterapia como disciplina hbrida e, por isso, complexa, o que se aproxima sobremaneira do paradigma atual, voltado complexidade. Elenca similaridades superficiais como a recreao e terapia ocupacional, e similaridades profundas como a arte e terapias criativas (msica, movimento, dana, poesia, fototerapia). Entende que o diferencial da arteterapia est na

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    criao, enquanto outros profissionais utilizam a arte somente como ferramenta adjunta. No item em que discorre sobre o que o arteterapeuta deve acreditar, esto: acreditar na arteterapia e em sua efetividade, acreditar que o ser humano necessita, tem o direito e habilidade para se expressar criativamente e, finalmente, acreditar que a arte pode ajudar no desenvolvimento humano.

    J no que se refere ao quem o arteterapeuta precisa ser, discorre sobre a qualidade de um pensamento criativo que abarca as seguintes caractersticas: fluncia, flexibilidade, originalidade, habilidade para lidar com riscos e tolerar ambiguidade. Tambm declara que de fundamental importncia que tenha exercitado o processo criativo antes de o fazer com o outro, pois agindo assim ter se conhecido melhor e estar apto a perceber as limitaes do processo criativo daqueles com quem vier a trabalhar. Rubin entende que um arteterapeuta efetivo uma pessoa que aceita o desafio de utilizar seu pensamento criativo em prol da atividade teraputica, alm de qualificar-se como profissional capaz de lidar com resistncias e estados inibitrios, ser genuno e comportar-se como um ser humano real, bem como estar em processo de terapia. O conjunto dessas qualidades ajuda a delimitar a identidade profissional do arteterapeuta, levando-se em considerao, em primeira instncia, um ser e fazer ticos. por isso que essa breve explanao tem por objetivo alertar para o cuidado que se deve ter com todo tipo de material coletado e a ser veiculado publicamente. Principalmente porque tambm faz parte do cdigo de tica duas sesses que discorrem sobre as punies ao no cumprimento deste:

    CAPTULO IV CUMPRIMENTO DO CDIGO Art. 35 - dever de todo arteterapeuta conhecer, cumprir e fazer cumprir o presente cdigo; Art. 36 - Compete Comisso de tica formada por arteterapeutas idneos analisar denncias apresentadas por arteterapeutas, clientes, instituies e outros profissionais, relativas ou no ao cumprimento do presente cdigo; Art. 37 - A Comisso de tica, aps ouvir as partes envolvidas, avaliar se houve infrao do cdigo. [...]

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    CAPTULO V MEDIDAS DISCIPLINARES Art. 38 - Sero aplicadas pelo Conselho Diretor da Associao Estadual de Arteterapia por recomendao da Comisso de tica as seguintes medidas: 1 - advertncia sigilosa; 2 - advertncia pblica; 3 - suspenso dos direitos de associado; 4 - desligamento da associao Estadual de Arteterapia.

    Referncias CDIGO DE TICA DOS ARTETERAPEUTAS (Disponvel em: www.aatesp.com.br, www.ubaat.org) RUBIN, Judith Aron. The art of art therapy. New York: Brunner/Mazel, 1984.

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    A pesquisa cientfica em arteterapia no Brasil: estado da arte3,4 Cristina Dias Allessandrini5

    Resumo Este artigo descreve a pesquisa cientfica realizada em diferentes reas de conhecimento, com foco na Arteterapia, em cada regio brasileira, iniciada em nome da AATESP Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo. Compila trabalhos escritos por arteterapeutas brasileiros, nos diferentes campos de atuao em que a arte est presente no contexto teraputico e, portanto, arteteraputico. Inicialmente reuniu-se trabalhos cientficos realizados por arteterapeutas, em ps-graduao strito sensu: Mestrado e Doutorado. Ampliou-se para a produo em lato sensu em Arteterapia, em cursos de formao e especializao que seguem as normas do MEC e esto autorizados pelas Associaes Regionais de Arteterapia, por cumprirem as normas e diretrizes estabelecidas pela UBAAT Unio Brasileira de Associaes de Arteterapia. Objetiva-se mapear a produo cientfica em arteterapia e criar um banco de dados, a ser encaminhado UBAAT. As principais premissas desta pesquisa so: nvel de formao, autor, ttulo, rea de conhecimento, orientador(es), palavras-chave, ano, instituio, cidade e regio. Nos textos de mestrado, doutorado e ps-doc, solicitou-se uma breve descrio de como a arteterapia faz parte da pesquisa (Allessandrini, 2009). Nos textos monogrficos, priorizou-se os textos produzidos por arteterapeutas em sua especializao, ou em especializaes em reas afim, mas que abarcassem a arteterapia como rea de conhecimento. Para a catalogao das informaes recebidas, definiram-se as grandes reas: Artepsicoterapia;

    3 Obrigado a Dra. e Artt. Mara Bonaf Sei pela leitura crtica do Resumo, assim como por sua

    contribuio para delimitar a rea Artepsicoterapia. 4 Este texto foi revisto pela Artt. Margaret Rose Bateman Pela, a quem agradeo a preciosa

    contribuio para sua coeso textual. 5 Psicloga Clnica, Arte Educadora, Arteterapeuta (AATESP 015/1203) e Psicopedagoga h

    22 anos. Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Escritora. Fundadora e coordenadora do Alquimy Art, SP. Pesquisadora da UnP e do LaPp IPUSP. Membro da Diretoria da AATESP/SP e sua representante no Conselho Diretor da UBAAT. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2344992227202259 E-mail: [email protected]

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    Atelier Teraputico, Educao e Criatividade; Promoo da Sade, Resgate da Sade e Metodologia/ Pesquisa. Em se considerando o Pblico Alvo, decidiu-se por diferenciar a partir dos ciclos de vida: criana, adolescente, adulto, terceira idade, diferentes ciclos de vida e independe o ciclo de vida. A metodologia de coleta de dados foi de pesquisa bibliogrfica. Definiu-se um estudo "estado da arte" por permitir sistematizar a produo cientfica em Arteterapia, montar uma rede com a produo existente, identificar temas e abordagens, com anlise de dados a partir do vis quantitativo e qualitativo. Palavras-chave: arteterapia no Brasil - base de dados pesquisa cientfica

    Introduo Pesquisar implica em construir conhecimento. A teoria que explicita a

    prtica permite que o conhecimento presente no fazer em si possa vir a ser partilhado, pois, de certa forma, passa a ser compreendido sob diferentes aspectos de sua prpria natureza. Ou seja, como apresenta Macedo (2006), fazer pesquisa se relacionar com o desconhecido, pois h uma questo a ser compreeendida e no saber a resposta daquilo que se procura. Por isso a arte de pesquisar a arte de fazer perguntas. a arte de buscar no desconhecido uma brecha para a construo de novos conhecimentos, mesmo sem saber que resultados isso trar.

    Pesquisar tem a ver com procurar com aplicao, com diligncia, tomar informaes a respeito de (Houaiss, 2009) um assunto de interesse. Em nosso caso, em Arteterapia.

    Quando o arteterapeuta realiza um trabalho, acompanha as diferentes etapas de seu procedimento e a evoluo do processo em si, pode ter conscincia do que ocorreu sob o ponto de vista da experincia em si e tambm a partir de uma vertente terica.

    Relacionar teoria com prtica e chegar compreenso da prxis arteteraputica permite que um trabalho possa ganhar um novo lugar no mundo da cincia: ele passa a ser compartilhvel e, portanto, deixa de ser de domnio de apenas uma pessoa, para poder ser tambm compreendido por outros que partilham de interesses semelhantes.

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    nesse sentido que os textos escritos sobre arteterapia so relevantes: eles traduzem idias e prticas, por vezes j bastante conhecidas no cotidiano brasileiro, mas que passam a ser reconhecidas dentro de um enquadre cientfico.

    O que quer dizer cientfico? Talvez, para algumas pessoas menos preocupadas com a grande aventura que a construo do conhecimento cientfico, este fato passe despercebido. Entretanto, quando um trabalho ocorre aqui e ali, em outro lugar tambm, e em outro, e outro... Ou seja, ele se repete em sua forma ou em seu princpio, mas difere em seu contedo e em seu desenho, pode-se dizer que ele tem regularidades que merecem ser melhor estudadas.

    Pesquisar se relaciona com o corpo de conhecimentos' que se aplica cincia com objetividade, de acordo com mtodos e leis. Revela rigor cientfico e tem ou parece ter fundamentos precisos, metodolgicos como os da cincia (Houaiss, 2009). A inquietao do pesquisador em tornar texto o que prtica, em enveredar pelos caminhos do pensamento e da alma humana, em compreender algo que de seu interesse, representa a chave que move a cincia humana, pautada por fenmenos vivenciados pelas pessoas e passveis de serem investigados dentro do paradigma da cincia.

    Neste enquadre, a Arteterapia vem se constituindo como corpo de conhecimento e pode, atualmente, reunir os textos cientficos produzidos que convergem, mesmo que partindo de distintas origens, para a Arteterapia.

    Fazer cincia implica em desenvolver um conhecimento atento e aprofundado de algo, que traduz uma noo precisa, a conscincia de um conhecimento amplo adquirido via reflexo ou experincia. Um corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observao, identificao, pesquisa e explicao de determinadas categorias de fenmenos e fatos, e formulados metdica e racionalmente. Enfim, descreve uma atividade, disciplina ou estudo voltado para um ramo do conhecimento. (Houaiss, 2009).

    De acordo com Cunha, a palavra conhecimento se relaciona com saber e informao (1991, p. 182), tem origem na palavra latina Scientia que, para Saraiva significa conhecimento, saber como tambm arte, habilidade,

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    prenda. Tem a ver com aquele que sabe, que est informado e que faz com conhecimento de causa, que faz de caso pensado. Interessante observar que fazer cincia ter sapincia sobre o que se estuda! (1993, p. 1070)

    J Lalande descreve cincia como o que dirige a conduta de maneira conveniente como faria um conhecimento claro e verdadeiro, com destreza e tcnica, e conhecimento da profisso. Refere o conjunto de conhecimentos e de investigaes com um suficiente grau de unidade, de generalidade que permitem aos homens chegarem a concluses a partir de relaes objetivas que se descobrem gradualmente e que se confirmam atravs de verificao. (1993, p. 154-155). Interessante observar que o conceito inerente cincia est em co-relao com a profisso.

    Como bem explica Piaget6, para las ciencias, no hay un conoscimiento en general y ni siquiera un conocimiento a secas. Existen mltiples formas de conocimientos, y cada una presenta una cantidad indefinida de problemas particulares (1950, p.30). A problemtica nossa frente implica em explicitar as mltiplas maneiras da Arteterapia se fazer presente em suas diferentes formas e dentro das abordagens tericas que a dignificam como cincia.

    O estado da arte da produo cientfica brasileira sobre arteterapia Diante destas questes, a AATESP Associao de Arteterapia do

    Estado de So Paulo iniciou o trabalho de compilar Mestrados, Doutorados, Ps-Doutorados, assim como a produo cientfica em cursos de Ps-Graduao lato sensu, Especializao e programas de Iniciao Cientfica produzidos por arteterapeutas brasileiros.

    Ferreira (2002) aponta a relevncia de pesquisas desta natureza, denominadas como estado da arte. Explica: Definidas como de carter bibliogrfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produo acadmica em diferentes campos do conhecimento (p.

    Traduo nossa: para as cincias, no h um conhecimento em geral nem sequer um conhecimento a secas. Existem mltiplas formas de conhecimento, e cada uma apresenta uma quantidade indefinida de problemas particulares (Piaget, 1950, p. 30).

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    257). Em nosso caso, a Arteterapia. A autora indaga sobre o que move estes pesquisadores? e responde que

    a sensao que parece invadir esses pesquisadores a do no conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada rea de conhecimento que apresenta crescimento tanto quantitativo quanto qualitativo. (p. 258-259).

    Sem dvida, a pergunta a ser feita por cada arteterapeuta, sobre esta gama de textos e pesquisas produzidas em dissertaes de mestrado, teses de doutorado e ps-doutorado, assim como em monografias alm de outras publicaes reconhecidamente cientficas como anais de congressos, artigos cientficos, livros, e artigos publicados em peridicos sobre a Arteterapia.

    Vale dizer que, por vezes, a Arteterapia est presente como foco principal, e por vezes, como foco secundrio. Afinal, esta uma rea de conhecimento que abarca outras reas e pode se configurar tanto como figura quanto como fundo, trazendo aqui um olhar gestltico sobre este fato.

    Inicialmente, focalizou-se tanto as dissertaes e teses, em programas de Mestrado e Doutorado stricto sensu que tiveram como tema principal a Arteterapia, como as que tiveram a arteterapia como foco coadjuvante ou secundrio (Allessandrini, 2009, p. 465). Posteriormente a pesquisa ampliou-se para programas de formao de arteterapeutas que, na etapa final de sua especializao, desenvolvem um trabalho escrito onde definem um objeto de estudo de seu interesse e elaboram uma Monografia ou Trabalho de Concluso de Curso, denominada produo em lato sensu.

    Para melhor compreenso deste trabalho, ressalta-se que a produo em ps-graduao stricto sensu relevante para o cenrio brasileiro. Stricto sensu se relaciona com restrito, preciso, rigoroso, acurado, exato, literal, ou seja, que segue de modo rigoroso determinado padro, modelo, norma, princpio etc. dentro do modelo cientfico (Houaiss, 2009).

    H tambm uma produo consistente de trabalhos em programas ps-graduao lato sensu. Lato sensu significa de grande amplitude; no restrito; largo, extenso, extensivo (Houaiss, 2009) por receber as idias originais de

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    seus autores, dentro de um modelo cientfico, mas com uma certa dose de liberdade para criar o texto cientfico luz do modelo acadmico. So as monografias e trabalhos de concluso de curso (TCCs) produzidos especialmente nos cursos de arteterapia.

    A escolha que direciona esta pesquisa tem um carter inventariante (Ferreira, 2002, p. 257), com um incio de aprofundamento quanto temtica trabalhada, uma vez que a coleta de dados tambm abarca as Palavras-Chave presentes nos Resumos dos textos relacionados no Banco de Dados de Textos Cientficos em Arteterapia.

    Torna-se relevante explicitar que a produo cientfica tambm ocorre por meio de livros e artigos publicados em revistas da rea. Esta compilao est em andamento como extenso ao trabalho que est sendo apresentado neste artigo e ser objeto de publicao futura.

    Para realizar trabalho de tal magnitude, foi fundamental a colaborao efetiva da Diretoria da UBAAT Unio Brasileira de Associaes de Arteterapia para a coleta dos dados aqui apresentados, assim como dos Coordenadores dos cursos de Arteterapia oriundos de diversos estados brasileiros que se disponibilizaram em organizar e enviar as informaes solicitadas para que fizessem parte de uma grande base de dados brasileira. Esta pesquisa ser entregue UBAAT e ser oportunamente disponibilizada em seu site.

    Este o primeiro banco de dados de trabalhos acadmicos sobre Arteterapia realizados por arteterapeutas brasileiros. A maioria deles foi desenvolvida em Universidades Brasileiras. Assim, arteterapeutas j formados ou em formao podem ter acesso e informao sobre trabalhos j realizados na rea, o que se traduz em reconhecimento pblico da Arteterapia no contexto cientfico.

    Como aponta Haddad (2000),

    os estudos de tipo estado da arte permitem, num recorte temporal definido, sistematizar um determinado campo de conhecimento, reconhecer os principais resultados da investigao, identificar temticas e abordagens dominantes e emergentes, bem como lacunas e campos inexplorados abertos pesquisa futura. (p. 4)

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    Portanto, pesquisar sobre o estado da arte da pesquisa brasileira em Arteterapia pode nos dar uma imagem de como est esta rea de conhecimento: que tipo de pblico tem sido beneficiado com estudos mais aprofundados, que faixa etria, em qual rea especfica, onde este estudo foi desenvolvido e est ou no disponibilizado ao pblico. Ou seja, observa-se uma identidade prpria da Arteterapia, passvel de ser associada diversas reas da Sade e Educao.

    A pesquisa As principais premissas desta pesquisa: autor, ttulo, rea de

    conhecimento, orientador(es), palavras-chave, ano, instituio, cidade e regio. Nos textos de mestrado e doutorado e ps-doc, solicitou-se uma breve descrio de como a arteterapia faz parte da pesquisa. Nos textos monogrficos, priorizou-se os textos produzidos por arteterapeutas em sua especializao, ou em especializaes em reas afins, mas que abarcavam a rea de conhecimento que a arteterapia.

    Este um trabalho de formiga tecido a muitas mos, com a ajuda de coordenadores de cursos de arteterapia, assim como de orientadores de monografias que se dispem a nos encaminhar os dados para que possam ser inseridos na planilha especialmente preparada para este fim.

    O objetivo criar uma rede de informaes para arteterapeutas brasileiros, que podero saber quem escreveu sobre o que, e onde (Allessandrini, 2009, p. 467). A hiptese de pesquisa que permeia este trabalho que h um nmero relevante de trabalhos cientficos relacionados arteterapia. Foram desenvolvidos em diferentes reas de conhecimento, tm fundamentao terica especfica e expressam prticas distintas a partir de pressupostos tericos, sempre com a arte e o criativo como elemento essencial para direcionar a ao teraputica, com vistas ao desenvolvimento saudvel do ser humano, dentro de suas singularidades.

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    Priorizou-se os trabalhos escritos por arteterapeutas brasileiros, nos diferentes campos de atuao em que a arte est presente no contexto teraputico e, portanto, arteteraputico.

    A metodologia de coleta de dados foi de pesquisa bibliogrfica. A catalogao das informaes recebidas vem ao encontro do que Ferreira descreve em relao a catlogos como fonte documental. A autora ressalta que

    esses pesquisadores tomam como fontes bsicas de referncia para realizar o levantamento dos dados e suas anlises, principalmente, os catlogos de faculdades, institutos, universidades, associaes nacionais e rgos de fomento da pesquisa. (2002, p.259).

    Por vezes os colaboradores desta pesquisa foram em busca das informaes nas bibliotecas das instituies onde atuam ou tm alguma ligao acadmica, para poderem levantar as informaes solicitadas. Diante do material encontrado, se depararam com a no existncia de resumo ou das palavras-chave e os key-words. Quando isto ocorreu, alguns colegas procederam leitura dos resumos das monografias, para extrair trs palavras-chave, e depois traduzi-las para a lngua inglesa. Se no era possvel o acesso aos resumos, solicitou-se aos orientadores que nos auxiliassem. Esta etapa da pesquisa est em andamento.

    Pouco a pouco reuniu-se e compilou-se os dados. Por vezes, o acesso Plataforma Lattes foi fonte de informao por apresentar a produo cientfica de pesquisadores docentes e orientadores em cursos de Especializao em Arteterapia, ps-graduao lato sensu ou no. Foi feito um levantamento do Lattes dos colegas, retirou-se as informaes, organizando-as em uma planilha que foi enviada a cada professor orientador para que a conferisse, alm de inserir as palavras-chave relativas a cada texto orientado.

    O trabalho se torna bem instigante ao acompanhar o crescimento da listagem, e a presena de temas semelhantes, mas diferentes em suas especificidades, que emergem na composio da tabela onde inseriu-se as informaes. Em diferentes lugares do Brasil, arteterapeutas pararam e

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    pensaram sobre como trabalhar com crianas com problemticas distintas, adolescentes em desenvolvimento, adultos com ou sem problemticas mais especficas, pessoas longevas que buscam qualidade de vida, apenas para citar algumas das reas de atuao observadas.

    Um trabalho hercleo est em processo, trilhado a cada palavra escrita, a cada ttulo e autor com seu respectivo orientador, a cada instituio que tem o carinho de nos enviar as informaes, a cada colega que nos escreve e diz: envio aqui os dados de mais um texto... um privilgio trabalhar nesta construo.

    Categorias de compilao dos dados Diante do recebido, foi possvel delimitar as reas de atuao em que os

    trabalhos foram desenvolvidos. Inicialmente, diferenciou-se duas grandes reas: Cincias Humanas e Cincias da Sade, para iniciar a compilao do material coletado at o presente momento. (Allessandrini, 2009, p. 466).

    Entretanto, observou-se ser necessrio levantar categorias mais abrangentes, de modo a permitir a melhor organizao do material coletado. Esta escolha foi realizada em reunio da Diretoria da AATESP Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo. Definiram-se as reas: Artepsicoterapia; Atelier Teraputico, Educao e Criatividade; Promoo da Sade, Resgate da Sade e Metodologia/ Pesquisa. Em se considerando o Pblico Alvo, definiu-se por diferenciar a partir dos ciclos de vida: criana, adolescente, adulto, terceira idade, diferentes ciclos de vida e independe o ciclo de vida.

    O ciclo de vida criana abarca desde a criana em sua infncia precoce at por volta de 10 a 11 anos. A adolescncia contempla a faixa etria de 11 a 12 anos at os 18 ou 19 anos. Para a idade adulta, h trabalhos com grupo de 20 anos at por volta dos 59 anos. Para a terceira idade, h pesquisas feitas com pessoas de 60 at 95 anos. Quem determina a insero em um grupo ou outro o autor, na descrio que faz de sua pesquisa.

    Quando a investigao ocorreu com grupos de diferentes faixas etrias, considerou-se que diferentes ciclos de vida foram contemplados com o processo arteteraputico. Assim ocorre com projetos desenvolvidos com

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    famlias, avs e netos, alunos e professores, por exemplo. Quando um trabalho teve como objeto de estudo o desenvolvimento de metodologia de trabalho, considerou-se que este poder ser replicvel a partir da proposta desenvolvida, da primar para a opo independe o ciclo de vida, que significa, pode ser utilizado em todos os ciclos de vida, ou de acordo com a necessidade do grupo em processo arteteraputico. Ressalta-se que, neste caso, a metodologia de pesquisa referenda a escolha desta categoria.

    As reflexes a seguir esto pautadas nestes eixos temticos. Prope analisar e discutir o estado da arte da produo cientfica brasileira realizada em diferentes contextos e instncias de pesquisa: mestrados, doutorados, ps-doutorado, especializao, ps-graduao lato sensu e iniciao cientfica. relevante ressaltar que a produo em especializao, ps-graduao lato sensu significativamente maior, uma vez que esta a modalidade de formao do profissional arteterapeuta no Brasil.

    Os mestrados foram desenvolvidos principalmente no decorrer dos ltimos quinze anos e o nmero de doutorados vem aumentando consideravelmente. interessante apontar que h trs trabalhos escritos na dcada de 80, oito na dcada de 90 e o restante a partir de 2000, quando foram escritos setenta e dois textos em ps-graduao stricto sensu (mestrados, doutorados, ps-doc).

    As cinco Grandes reas da produo cientfica A seguir, a delimitao de cada Grande rea de conhecimento definida

    para se estabelecer a catalogao dos dados recebidos. A rea Atelier Teraputico, Educao e Criatividade abarca textos

    relacionados ao uso de materiais e tcnicas, reflexes sobre a sua pertinncia no decorrer do atelier arteteraputico, assim como os resultados observados e encontrados. Compila os trabalhos realizados em Educao e aqueles com foco principal nos processos criativos. Pesquisas relacionadas a Atelier Teraputico se referem ao trabalho que prima pela experincia prtica, luz de teorias de educao, psicologia ou psicopedagogia. Por vezes, traduzem experincias inovadoras que alcanaram resultado diferenciado, por vezes,

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    descrevem experincias pontuais em determinado contexto e grupo, ou ento, narram o vis teraputico do trabalho com grupos em ambiente educacional. Predominantemente, parece que arte-educadores e artistas plsticos, ou arteterapeutas que tinham uma formao de base ligada Educao ou Psicopedagogia escolhem desenvolver sua pesquisa nesta direo.

    De certa forma, observa-se que este fato tambm ocorre no que se refere ao elemento criativo e criatividade em si. Allessandrini aponta que o elemento criativo emerge na articulao entre meios e fins, em um ir e vir de coordenaes adequadas diante de problemticas vivenciadas. Acrescenta que a mente vibra na construo do que pode ser a(s) resposta(s), como em um dilogo intermitente que provoca uma erupo criadora. (2004, p. 332)

    O criativo emerge como algo inusitado e , dentro de um enfoque arteteraputico, transformador. Este aspecto essencial para caracterizar o trabalho arteteraputico. Afinal, o homem abre sua mente em direo possibilidade, aberta em sua essncia, de que algo surja [e] mantm a continuidade do desejo de criar. O processo que se constitui em atelier arteteraputico nico, por ser um espao de possibilidades onde o sujeito disponibiliza sua energia psquica para que se constitua uma nova forma, um novo contorno. Algo se faz presente no desenho, na pintura, na palavra. A partir de ento, idias evocam imagens. A representao catalisa o desejo de criar. E assim, o projeto se constri, permeado de inteno e sentido, manifestando a ao inconsciente e criadora. (Allessandrini, 2004, p. 337).

    Kneller, citado por Allessandrini (2004, p. 55), descreve que os processos criativos representam "um dos raros pontos de encontro da cincia e da arte." Acrescenta: que "os educadores ajuntem sua tarefa uma terceira dimenso, que a de cultivar a criatividade humana em seu mais apurado sentido." (1987). Afinal,

    Em tempos de grandes transformaes, como o que vivemos hoje, natural que o ato criador seja objeto de estudo das cincias. O mundo, em constante mudana, convida o homem a evocar seu potencial criativo em situaes pessoais e profissionais de vida. As dimenses de tempo e de

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    espao, hoje, demandam uma agilizao dos movimentos mentais para uma atualizao contnua de seus esquemas de compreenso e elaborao de contedos, os quais dinamizam as relaes entre o homem e todas as formas de vida. (Allessandrini, 2004, p. 51)

    relevante trazer que muitos textos produzidos com este enfoque tiveram sua origem na prtica de estgio do arteterapeuta em formao que, envolvido com seu trabalho, pde tornar texto suas percepes e elaborar estudos investigativos. H trabalhos relacionados Educao, Psicopedagogia, Atelier Teraputico, Criatividade, Artes Plsticas, Artes Visuais, Dana, Msica, Teatro, Antropologia, Histria da Arte, Sociologia, que no incio da pesquisa considerados como ligados s Cincias Humanas.

    A rea Artepsicoterapia contempla a produo em que a arte promove desenvolvimento psquico e prima por pesquisas realizadas por psiclogos que reconhecem o valor teraputico da experincia criativa e artstica no tratamento de doenas e problemas psquicos, assim como no desenvolvimento saudvel do indivduo. Pode ocorrer em diferentes momentos do ciclo de vida e relaciona o conhecimento do aspecto psicolgico com a sade psquica da pessoa em processo artepsicoteraputico.

    Para melhor delimitar esta rea de atuao da Arteterapia, relevante a compreenso de Sei, que cita Hogan (2001), e explica que em Artepsicoterapia se enfatiza a importncia da anlise verbal do material produzido nas sesses, com situaes em que a produo se torna algo adicional psicoterapia verbal, tambm cita Saunders e Saunders (2000) quando descreve seus benefcios: auxilia a pessoa a tornar-se mais comunicativa acerca de seus sentimentos, com menor propenso a internaliz-los de maneira no saudvel ou a atu-los de forma destrutiva, com impacto positivo na vida. Ou seja, observa-se que o processo de Artepsicoterapia propicia melhora efetiva na qualidade de vida das pessoas. (2009, p. 17-18).

    O trabalho arteteraputico que ocorre em Sade alm daquele em Artepsicoterapia , por objetivar um estado de boa disposio fsica e psquica; bem-estar (Houaiss, 2009), pode ocorrer sob dois pontos de vista: aquele que a tem e deseja preservar o estado de equilbrio dinmico entre seu

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    organismo e o ambiente e aquele que, por algum motivo, a perdeu e precisa melhorar ou curar os sintomas que apresenta, manifestao do equilbrio psico-fsico. Em ambas situaes, as caractersticas estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital (Houaiss, 2009) so elementos fundamentais para a escolha de procedimentos de interveno adequados s pessoas em questo.

    Os textos relacionados s Cincias da Sade foram direcionados a duas grandes vertentes: da preveno, agrupados em Promoo da Sade, e da reparao, agrupados em Resgate da Sade. Em uma anlise mais detalhada, h temas relacionados sade-doena, com o foco em Psicologia, Educao, Psiquiatria, Gerontologia, Oncologia, Medicina, Artepsicoterapia, Terapia Ocupacional, Nutrio, assim como no tratamento de doenas degenerativas, psicossomticas e na Reabilitao.

    A rea Promoo da Sade, definida como o processo de capacitao da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e sade converge com um novo enfoque e uma ampliao do conceito de sade (Bydlowski, 2002, p. 14). Neste enquadre, ressaltam-se aes que indicam um caminho para a melhoria das condies de sade e de vida da populao e que se apiam no exerccio da cidadania! (ibidem, p. 18).

    Buss ressalta a importncia de se partir de uma viso mais ampla do processo sade-doena e de seus determinantes, de modo que se faa a articulao de saberes tcnicos e populares, e a mobilizao de recursos institucionais e comunitrios, pblicos e privados, para seu enfrentamento e resoluo. (2000, p. 165). A Arteterapia representa importante caminho nesta direo.

    Valladares (2008) destaca o valor da Arteterapia na promoo da sade mental e preveno de danos, aponta que utilizao das artes, no mbito da sade mental, proporciona mudanas de atitudes e de comportamento, aspectos que, vividos positivamente com os clientes, promovem melhoria na sua qualidade de vida (p.81).

    E ressalta que a Arteterapia,

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    favorece a promoo da sade mental, pois parte da investigao e do entendimento do simbolismo individual sem perder a dimenso social e imaginria que a arte transmite pelos sinais e sintomas culturais, os quais relacionam o indivduo coletividade. (apud Zimmermann, 1997, p.198).

    Ou seja, em Promoo da Sade se trabalha com preveno, em uma relao do sujeito com a ambincia que o rodeia e com sua atitude diante da vida, como um ser bio-psico-social.

    A rea Resgate da Sade atende aos princpios do Ministrio da Sade brasileiro em vistas ao resgate dos fundamentos bsicos que norteiam as prticas de sade. Compreende os sujeitos como ativos e protagonistas da construo de sua prpria sade fsio-psquica. Aquele que perdeu algo e precisa resgatar em sua sade integral, pode se beneficiar do trabalho arteteraputico, complementar a outras aes em sade. Seu resultado tem sido demonstrado em diferentes instncias de atuao, com distintos pblicos nos mais diversos momentos de seu ciclo vital.

    Neste sentido, observa-se a construo de redes solidrias e interativas, participativas e protagonistas (Brasil, 2010) em uma poltica pblica de sade que visa integralidade, universalidade, ao aumento da eqidade e incorporao de novas tecnologias e especializao dos saberes (Brasil, 2010). A Arteterapia tem encontrado espao de ao neste enquadre, com a efetivao de concursos pblicos em algumas cidades brasileiras. Ocorre, assim, o fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a transversalidade e a grupalidade (Brasil, 2010).

    Valladares (2008, p.125) aponta que a Arteterapia, mais que uma profisso, um compromisso com a vida, o resgate da sade pela liberdade de expresso (apud Osrio, 1997) e acrescenta que a arte a forma apropriada para desenvolver na criana a independncia, a curiosidade, a imaginao, a criatividade, a iniciativa e a liberdade (apud Francisquetti, 2005).

    Ou seja, em Resgate da Sade h algo que foi perdido e pode ser retomado, resgatado, por meio de um processo de interveno arteteraputico, dentro de suas possibilidades, mas com resultados significantes.

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    A rea Metodologia/ Pesquisa, inicialmente denominada como Produo Cientfica (Allessandrini, 2009), abarca toda a produo strictu sensu, assim como os textos de investigao e estudo, segundo mtodos especficos delimitados de acordo com o corpo de regras e diligncias estabelecidas para realizar uma pesquisa (Houaiss, 2009). Implica em conjunto de atividades que tm por finalidade a descoberta de novos conhecimentos no domnio cientfico a partir de investigao ou indagao minuciosa por parte do investigador. (Houaiss, 2009).

    Observam-se textos consistentes e desenvolvidos dentro de todo o modelo da cincia, em que a construo e o desenvolvimento de conceitos cientficos foco. Parece que a pesquisa qualitativa est mais presente, com trabalhos como os que primam pela anlise de contedo (Bardin, 1977) ou pelo estudo de caso nico ou estudo de mltiplos casos (Yin, 2003). A linha metodolgica de pesquisa prpria de cada trabalho e reporta universidade onde foi desenvolvido.

    O que parece relevante perceber que o paradigma indicirio, conforme proposto por Ginzburg (1986) mantm-se fundamental para a elaborao de textos de referncia. Vale lembrar que a psicanlise tambm se constituiu a partir da percepo de Freud de que no detalhe que se pode encontrar indcios observveis a serem investigados.

    Como explica Macedo (2006), ao fazer cincia a evoluo do processo se nota, porque algo ocorre, se transforma e se diferencia. Pode-se observar o que se diferencia comparando. Ao comparar pode-se estabelecer as relaes diferentes. Acrescenta que pesquisar discernir as informaes que j se sabe com aquelas que o desconhecido apresenta. comparar, criar. Para isso se torna imprescindvel que o Mtodo seja claro e preciso. Conclui ao ressaltar que o mtodo funciona como um mapeamento, um sistema de como organizar as respostas que vm de forma desorganizada. (Macedo, 2006).

    Reflete que, o fato de fazer perguntas, obter respostas e organiz-las ainda no so suficientes para caracterizar uma pesquisa. preciso criar um sistema (Macedo, 2006). Garcia (2003) convida o pesquisador a investigar com mtodo e reflexo acerca do objeto de estudo que tem a partir de sua

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    hiptese de pesquisa, em um processo reflexivo e dentro de uma metodologia retrodutiva, em que se retoma os passos do trabalho em vistas a um objetivo especfico. Neste caso, um sistema de relaes pode ser desvelado.

    A metodologia de pesquisa escolhida pelo pesquisador, dentro do enquadre cientfico, norteia a linha de trabalho que realiza e fundamental para que a pesquisa evolua. Os textos que explicitam formas de fazer desveladas por seus autores, assim como aqueles que seguem as normas tcnicas e metodolgicas da pesquisa cientfica esto inseridas nesta Grande rea.

    Anlise inicial dos dados: panorama da Arteterapia no Brasil Para realizar a organizao e anlise dos dados, preparou-se uma

    planilha que permitisse a insero contnua das informaes. Esta planilha foi sendo aprimorada a partir da reflexo da pesquisadora responsvel, diante das informaes a serem compiladas. Pouco a pouco chegou-se a uma planilha que no ser modificada nomeada Catlogo de Textos Cientficos em Arteterapia no Brasil. Cada novo dado a ser inserido receber o nmero de cadastro subseqente. H, at o presente momento, 1053 textos cientficos cadastrados.

    Preparou-se uma volumetria que permite a atualizao dos dados a cada nova insero. Analisou-se o volume da produo cientfica stricto sensu em separado da lato sensu, assim como a totalidade das informaes concernentes a este critrio. Priorizou-se, explicitar o volume da produo cientfica por ano e por instituio. Analisou-se, tambm, a partir do Ciclo de Vida e da Grande rea de conhecimento. A seguir, os grficos resultado desta anlise.

    O primeiro critrio de compilao dos dados objetivou a diferenciao entre os textos pertinentes a Cincias Humanas, Cincias da Sade e Produo Cientfica (Allessandrini, 2009, p. 465). Encontrou-se 20% de textos em Cincias Humanas, 67% em Cincias da Sade e 13% em Produo Cientfica.

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    Grfico 1: Primeiro critrio de anlise dos dados

    importante observar o percentual de trabalhos em Cincias da Sade, nesta primeira anlise da base de dados. Relevante observar que este critrio foi definido em abril de 2009 e possibilitou a identificao de contedos sobrepostos, de modo que em agosto decidiu-se por diferenciar as reas de Cincias da Sade e agrupar as de Cincias Humanas, conforme o que denominou-se como Grandes reas. A seguir, os resultados da volumetria nas cinco reas de Artepsicoterapia; Atelier Teraputico, Educao e Criatividade; Promoo da Sade, Resgate da Sade e Metodologia/ Pesquisa.

    Importa dizer que o trabalho foi se constituindo em um ir e vir de informaes que cada colaborador enviava. Assim como a forma de analisar e os critrios de catalogao das informaes foram amadurecendo, o panorama que se apresentava era espelho deste processo. E assim continuar, pois a cada nova planilha que chega, podemos classific-la e agregar base j constituda.

    Diante destes fatos, no incio de 2010, o panorama de distribuio da totalidade dos trabalhos cientficos em arteterapia no Brasil, a partir das Grandes reas, apresenta-se de acordo com o grfico a seguir:

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    Grfico 2: Distribuio da produo cientfica brasileira de acordo com a Grande rea

    H 31% de textos cientficos relacionados a Atelier Teraputico, Educao e Criatividade. Os trabalhos inseridos na rea da Sade tem 17% dos textos escritos em Artepsicoterapia, 22% em Promoo da Sade e 17% em Resgate da Sade. Em Metodologia/ Pesquisa h 13% das produes cientficas compiladas at o ms de janeiro de 2010.

    Diante destes resultados, observa-se que a tendncia maior do trabalho do profissional arteterapeuta de se inscrever na rea da Sade, do que nas reas mais ligadas Educao e afins.

    Ao analisar a base de dados, observam-se resultados interessantes no que concerne a evoluo progressiva da presena da Arteterapia no Brasil. De 1980 a 2009, h 890 arteterapeutas brasileiros aprovados em cursos de Arteterapia, distribudos conforme demonstrado no Grfico 3. interessante observar que nos anos de 1996, 1998, 2000 e 2002 h um considervel aumento da produo, o que pode ser compreendido em se considerando que o tempo de formao do arteterapeuta de dois anos, em mdia, e em alguns cursos, havia uma periodicidade de dois anos para a abertura de novas turmas. Portanto, nos anos em que a turma finalizava houve um aumento da produo em determinados grupos de formao de arteterapeutas.

    Com a insero do profissional arteterapeuta no mercado de trabalho, melhores oportunidades foram se constituindo. Talvez, da observar-se que a

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    abertura de cursos de Arteterapia em nvel de ps-graduao lato sensu ampliou-se consideravelmente nos quatro cantos do Brasil, assim como a demanda de cursos desta natureza.

    Os dados coletados, at o presente momento, demonstram que a Arteterapia marcou importante presena no mundo cientfico, com destaque especial para o ano de 2007. H que se acrescentar que nmero expressivo de profissionais arteterapeutas finalizou seus mestrados e deu continuidade em doutorados, tambm, neste perodo.

    Grfico 3: Distribuio da produo cientfica por Arteterapeutas brasileiros, de acordo com o ano de publicao

    O critrio escolhido no considera se o arteterapeuta ou no filiado Associao Estadual ou Regional de Arteterapia do lugar onde reside, h que se trabalhar para que os arteterapeutas se mobilizem e reconheam o valor e a relevncia desta filiao profissional.

    relevante lembrar que, nestes trabalhos, os textos podem ter a Arteterapia como foco principal, ou como foco coadjuvante ou secundrio. O elemento de base o fato de o trabalho ter sido escrito por um arteterapeuta.

    No que tange produo em ps-graduao stricto sensu, observa-se um volume de trabalhos em andamento, o que representa aspecto importante para a continuidade do desenvolvimento da Arteterapia como rea de conhecimento que est se constituindo. O Grfico 4 aponta que h 7% dos

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    textos em fase de produo, diante de 93% de pesquisas finalizadas, que abarcam