ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana...

91
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA JULIANA TABOSA DA SILVA ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ -RJ NITERÓI, RJ 2018

Transcript of ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana...

Page 1: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

JULIANA TABOSA DA SILVA

ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE

ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ -RJ

NITERÓI, RJ

2018

Page 2: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

JULIANA TABOSA DA SILVA

ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE

ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ -RJ

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado

Profissional em Administração e Gestão da

Assistência Farmacêutica da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração e Gestão da Assistência

Farmacêutica.

Área de concentração: Uso Racional de

Medicamentos.

Orientadora: Prof.ª Drª. Vania dos Santos

Coorientadora: Prof.ª Drª. Selma Rodrigues de Castilho

Niterói, RJ

2018

Page 3: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

S 586 Silva, Juliana Tabosa da.

Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção

básica à saúde no município de Itaguaí-RJ. /Juliana Tabosa da Silva;

Orientadora: Vania dos Santos e Selma Rodrigues de Castilho. - Niterói,

2018.

90 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Adminis-

tração e Gestão da Assistência Farmacêutica – Universidade Federal

Fluminense, 2018.

1. Assistência farmacêutica 2. Prescrição de medicamento 3. Aten-

ção primária a saúde 4. Saúde da família 5. Uso de medicamentos I.San-

tos, Vania dos, orient. II. Castilho, Selma Rodrigues de, orient. III.Título.

Page 4: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

JULIANA TABOSA DA SILVA

ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE

ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ -RJ

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado

Profissional em Administração e Gestão da

Assistência Farmacêutica da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração e Gestão da Assistência

Farmacêutica.

Área de concentração: Uso Racional de

Medicamentos.

Aprovada em 27 de abril de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Niterói, RJ

2018

Page 5: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

DEDICATÓRIA

Ao meu companheiro Gustavo, por todo amor,

carinho, dedicação, paciência e apoio

incondicional neste e em todos os momentos

da vida. Em você, encontro a mansidão para a

alma, a quietude que falta e a serenidade

necessária.

Page 6: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

AGRADECIMENTOS

Ao meu amado irmão Diego Tabosa da Silva por incentivar e acreditar. Seu amor e

capacidade de transformar lágrimas em sorrisos foram determinantes para a construção desse

sonho;

Aos queridos amigos do mestrado pela união, companheirismo e sinceridade na amizade.

A trajetória junto à vocês foi sem dúvida mais leve. Dividimos momentos extraordinários que

ficarão para sempre no meu coração. A todos, o meu eterno obrigada;

À amiga Mônica de Souza Couto por estar ao meu lado desde que esse projeto não passava

de uma vontade. Segurou a minha mão e levantou minha cabeça incontáveis vezes. Sua

generosidade e dedicação são admiráveis. Você foi imprescindível nesta jornada;

À amiga Carla Soares pelo apoio, contribuição, por acreditar no trabalho multiprofissional

e acima de tudo, praticá-lo. Muito obrigada;

Às Professoras, Vania dos Santos e Selma Rodrigues de Castilho, pelas quais sinto o mais

profundo respeito e admiração, obrigada pela orientação, incentivo, gentileza, paciência e

carinho;

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização desta dissertação com

palavras revigorantes de coragem e motivação, compreensão pelas ausências, além dos

abraços confortantes. Obrigada amigos e família.

Page 7: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

A primeira condição para modificar a

realidade consiste em conhecê-la.

(Eduardo Galeano)

Page 8: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

RESUMO

As ações de Assistência Farmacêutica (AF) estão incluídas no campo de atuação do Sistema

Único de Saúde e envolvem atividades que têm como propósito a promoção do acesso e uso

racional de medicamentos (URM). Este, é definido como um processo que compreende a

prescrição apropriada; a dispensação em condições adequadas; o consumo nas doses

indicadas, nos intervalos definidos de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a morbimortalidade causada por produtos

farmacêuticos está entre os principais problemas de Saúde Pública, sendo mais da metade de

todos os medicamentos, prescritos, dispensados, vendidos e usados incorretamente. Em um

esforço para promover o URM, a OMS desenvolveu os indicadores do uso de medicamentos

para analisar de maneira quantitativa e padronizada os serviços em relação ao uso de

medicamentos na atenção básica à saúde (ABS). O objetivo foi analisar as prescrições de

medicamentos das unidades de ABS do município de Itaguaí, RJ. Foi desenvolvido em 10

Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 10 unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e

consistiu na análise dos indicadores de prescrição: número médio de medicamentos por

receita; porcentagem de medicamentos prescritos pela denominação genérica; porcentagem de

receitas em que há prescrição de antibióticos; porcentagem de medicamentos prescritos que

figuram na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME). Estudou-se também

as prescrições quanto ao cumprimento da legislação sanitária, e a disponibilidade de cópias da

REMUME nas unidades de saúde. Foi utilizada a segunda via de todas as receitas de médicos

e dentistas atendidas nas farmácias das unidades, dos meses de junho e julho de 2017,

totalizando 7.502 receitas. Os medicamentos prescritos foram classificados e agrupados

utilizando-se o sistema Anatomical Therapeutic Chemical. O número médio de medicamentos

por receita foi de 2,78. Dos medicamentos prescritos, 74,38% foram pela denominação

genérica e 85,56% constavam na REMUME-Itaguaí 2010. Observou-se que 22,38% das

receitas continham ao menos um antibiótico prescrito. Entre as receitas da ESF, foi maior a

proporção de medicamentos prescritos pela denominação genérica (77,32%) e daqueles que

fazem parte da REMUME (88,29%), comparativamente às da UBS (73,71% e 84,93%

respectivamente). Os medicamentos que atuam no sistema cardiovascular foram os mais

prescritos. A divulgação da REMUME se mostrou insuficiente nas unidades de saúde

estudadas. Quanto ao cumprimento da legislação sanitária, observou-se ausências de

informações fundamentais para a utilização segura de medicamentos, indicando falhas

importantes no ato prescritivo. Este trabalho pode fornecer relevante contribuição para a AF

em Itaguaí, sobretudo no âmbito da ABS, uma vez que seus resultados são capazes de

direcionar esforços gerenciais e educativos com foco na promoção do URM. Os dados obtidos

no estudo, foram divulgados entre os gestores e os profissionais de saúde do município

através de um nota técnica com o propósito de auxiliá-los no fomento e/ou aprimoramento de

estratégias, políticas e programas de saúde relacionados à utilização de medicamentos.

Palavras-chave: Indicadores. Prescrição de Medicamentos. Atenção Básica à Saúde.

Estratégia de Saúde da Família. Uso Racional de Medicamentos.

Page 9: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

ABSTRACT

The actions of Pharmaceutical Assistance (APh) are included in the scope of the Unified

Health System and involve activities with purpose for promoting access and rational use of

drugs (DRU), defined as a process including the appropriate prescription; dispensing under

appropriate conditions; consumption at the indicated doses, at the defined intervals of

effective, safe and quality drugs. According to the World Health Organization (WHO), the

morbimortality caused by pharmaceuticals products is among the major public health

problems, with more than half of all medicines being prescribed, dispensed, sold and used

incorrectly. In an effort to promote rational use of drugs, WHO has develop indicators of

medicine use to quantitatively analyze services in relation to the use of medicines in primary

health care. The objective was to analyze the medication prescriptions in Primary Health Care

of the municipality Itaguaí, RJ. It was developed in 10 Basic Health Units (UHB) and 10 units

of Family Health Strategy (SHF), and consisted in the analysis of prescription indicators:

average number of drugs per prescription; percentage of drugs prescribed by the generic

name; percentage of prescriptions who has a antibiotic prescripted; percentage of prescription

drugs listed in the Essential Medicines Local List. It also studied prescriptions about its

compliance with sanitary legislation and the availability of Essential Medicines Local List in

health facilities. Was used the copy from all recipes of doctors and dentists attended in the

pharmacies of the units in June and July of 2017, totaling 7,502 recipes. The prescribed drugs

were classified and grouped using the Anatomical Therapeutic Chemical system (ATC). The

average number of drugs per prescription was 2.78. Of the drugs prescribed, 74.38% were by

generic name and 85.56% belonged to Essential Medicines Local List - Itaguaí 2010. It was

found that 22.38% of the recipes contained at least one prescribed antibiotic. Among the

recipes of the SHF, the proportion of drugs prescribed by the generic name (77.32%) and

those belonging to Essential Medicines Local List (88.29%) was higher than those of UHB

(73.71% and 84.93% respectively). The drugs that act in the cardiovascular system were the

most prescribed. The dissemination of Essential Medicines Local List was insufficient in the

health units studied. Regarding compliance with sanitary legislation, there were absences of

essential information for the safe use of medicines, indicating important fails in the

prescriptive act. This study can provide a relevant contribution to APh in Itaguaí, especially in

Primary Health Care, once then the results are capable to guide management and educational

efforts, with focus on the promotion of DRU. The data obtained in the study were

disseminated among the managers and health professionals of the municipality through a

technical note with the purpose of assisting them in the promotion and / or improvement of

strategies, policies and health programs related to the use of medicines.

Key words: Indicators. Primary Health Care. Family Health Strategy. Drug Prescriptions.

Drug Utilization.

Page 10: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama esquemático da distribuição (CAF) e dispensação de medicamentos nas

unidades de ABS no município de Itaguaí/RJ, 2017, p. 31

Figura 2 - Distribuição das receitas analisadas na primeira fase do estudo, no município de

Itaguaí- RJ, 2017, p. 36

Figura 3 Disponibilidade de cópias da REMUME nas unidades de ABS no município de

Itaguaí- RJ, 2017, p. 40

Figura 4 - Distribuição dos itens apontados como obrigatórios pela legislação vigente nas

prescrições de medicamentos. Unidades de ABS, município de Itaguaí- RJ, junho a julho de

2017, p. 41

Figura 5 - Distribuição de receitas segundo a especialidade do prescritor e informações

presentes (itens descritos nos dispositivos legais). Unidades de ABS, município de Itaguaí-

RJ, junho a julho de 2017, p. 42

Page 11: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de equipes e população cadastrada por unidades de ESF no Município

Itaguaí – RJ, 2016, p. 30

Quadro 1: Indicadores de prescrição e respectivos cálculos empregados no estudo, p. 32

Tabela 2 - Indicadores de prescrição obtidos nas unidades de ABS no município de Itaguaí-

RJ, junho a julho de 2017, p. 38

Tabela 3 - Indicadores de prescrição obtidos por especialidade do prescritor, nas unidades de

ABS no município de Itaguaí-RJ, junho a julho de 2017, p. 38

Tabela 4 - Comparação e análise estatística entre os indicadores de prescrição obtidos nas

unidades de ABS no município de Itaguaí-RJ, junho a julho de 2017, p. 39

Tabela 5 - Distribuição dos grupos de medicamentos prescritos de acordo com a classificação

ATC (nível 1) nas unidades de ABS no município de Itaguaí-RJ, junho a julho de 2017, p. 43

Tabela 6 - Distribuição dos grupos de medicamentos prescritos de acordo com a classificação

ATC (nível 2) nas unidades de ABS no município de Itaguaí-RJ, junho a julho de 2017, p. 44

Tabela 7 - Medicamentos mais prescritos nas unidades de ABS no município de Itaguaí-RJ,

junho a julho de 2017, p. 46

Page 12: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS E SÍMBOLOS

AB

ABS

ACE

Atenção Básica

Atenção Básica a Saúde

Agente de Combate às Endemias

ACS Agentes Comunitários de Saúde

AF Assistência Farmacêutica

ANVISA

AINES

APOC

APS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Anti-inflamatórios Não Esteróides

Atenção Primária Orientada à Comunidade

Atenção Primária a Saúde

ATC

CAF

CFF

CFT

Anatomical Therapeutic Chemical

Central de Abastecimento Farmacêutico

Conselho Federal de Farmácia

Comissão de Farmácia e Terapêutica

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DCB

DCI

Denominação Comum Brasileira

Denominação Comum Internacional

ESF Estratégia de Saúde da Família

EUM Estudos de Utilização de Medicamentos

eSFSB

eSF

HAS

Equipes de Saúde Bucal

Equipe de Saúde da Família

Hipertensão Arterial Sistêmica

NAsF- AB

NOAS

NOBs

Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica

Norma Operacional de Assistência à Saúde

Normas Operacionais Básicas

OMS

OPAS

PAB

Organização Mundial da Saúde

Organização Pan-americana de Saúde

Piso da Atenção Básica

PIB

PNAB

Produto Interno Bruto

Política Nacional de Atenção Básica

PNAF Política Nacional de Assistência Farmacêutica

Page 13: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

PNM Política Nacional de Medicamentos

PSF Programa de Saúde da Família

RAS Redes de Atenção à Saúde

REMUME Relação Municipal de Medicamentos Essenciais

RENAME

SMS

Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

Secretaria Municipal de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

SPSS

TCLE

TI

Statistical Package for the Social Science

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Tecnologia da Informação

UBS Unidade Básica de Saúde

URM Uso Racional de Medicamentos

Page 14: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, p. 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO, p. 17

2.1. Política de Saúde, p. 17

2.1.1. Atenção Básica à Saúde no Brasil, p. 18

2.1.2. Políticas Farmacêuticas, p. 19

2.2. Uso Racional de Medicamentos, p. 21

2.2.1. O Uso Racional e a Prescrição de Medicamentos, p. 22

2.3. Estudos de Utilização de Medicamentos, p. 23

2.4. Relação de Medicamentos Essenciais, p. 24

2.5. Indicadores Selecionados do Uso de Medicamentos, p. 24

2.5.1. Os Indicadores de Prescrição, p. 25

2.5.2. Os Indicadores sobre o serviço, p. 26

3. OBJETIVOS, p. 27

3.1. Objetivo Geral, p. 27

3.2. Objetivos Específicos, p. 27

4. METODOLOGIA, p. 28

4.1. Cenário do estudo, p. 28

4.1.1.Caracterização do serviço de assistência farmacêutica e dispensação de medicamentos

nas unidades, p. 30

4.2. Delineamento do Estudo, p. 32

4.2.1. Coleta de Dados, p. 32

4.2.2. Critérios utilizados para análise dos indicadores, p. 33

4.3. Análise dos Dados, p. 34

4.4. Aspectos Éticos, p. 35

Page 15: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

5. RESULTADOS, p. 36

5.1. Indicadores de Prescrição, p. 36

5.2. Indicador sobre o serviço de saúde - Disponibilidade de cópias REMUME, p. 39

5.3. Aspectos normativos das prescrições, p. 40

5.4. Caracterização dos medicamentos prescritos - Classificação ATC, p. 42

6. DISCUSSÃO, p. 47

7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO, p. 59

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 60

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 62

10. APÊNDICES, p. 76

10.1. Apêndice 1: Formulário para coleta do indicador disponibilidade de cópias da

REMUME, Itaguaí -RJ, p. 76

10.2. Apêndice 2: Nota Técnica para apresentação dos resultados do projeto de pesquisa e

propostas de ações para a Assistência Farmacêutica do município de Itaguaí, RJ, p. 77

11. ANEXOS, p. 85

11.1. Anexo 1: Parecer Consubstanciado do CEP da Universidade Federal Fluminense, p.

85

11.2. Anexo 2. Declaração de Anuência da Secretaria Municipal de Saúde de Itaguaí, RJ, p.

89

11.3. Anexo 3. Folha de rosto do projeto de pesquisa submetido ao CEP da Universidade

Federal Fluminense, p. 90

Page 16: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

15

1. INTRODUÇÃO

A execução das ações de Assistência Farmacêutica (AF) está incluída no campo de

atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) e envolve atividades que têm como propósito

fundamental a promoção do acesso e uso racional de medicamentos (URM). Deste modo, a

AF é parte indissociável do sistema de atenção à saúde, no qual a qualidade do uso de

medicamentos está associada à qualidade do serviço de saúde e aos elementos para a

avaliação desta (ARAÚJO et al., 2008; BRASIL, 1990a; BRASIL, 2004).

Os requisitos para o URM são muito complexos. Em um esforço para promover o

URM, a Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu os indicadores do uso de

medicamentos, como uma maneira de descrever e avaliar aspectos do comportamento dos

prestadores de assistência sanitária que trabalham em grandes ou pequenos centros de saúde.

Estes indicadores foram desenvolvidos para quantificar o desempenho em três grandes áreas

relacionadas ao URM na Atenção Básica a Saúde (ABS): práticas de prescrição, assistência

ao paciente e fatores específicos do serviço (OMS, 1993).

Os Indicadores de Prescrição recomendados pela OMS mensuram as tendências

gerais de prescrição dentro de um determinado ambiente e incluem: número médio de

medicamentos por receita; porcentagem de medicamentos prescritos pela denominação

genérica; porcentagem de prescrições com antibióticos; porcentagem de prescrições com

medicamento injetável; porcentagem de medicamentos prescritos que figuram em relação ou

formulário de medicamentos essenciais (OMS, 1993).

No Brasil, a ABS é a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a

rede de serviços em saúde, e as Unidades Básicas, desempenham papel essencial neste

contexto. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é considerada como estratégia de expansão,

qualificação e consolidação da ABS, pois fortalece seus princípios, diretrizes e fundamentos,

além de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde das pessoas e coletividades

(BRASIL, 2017).

A descentralização dos serviços de saúde, uma das diretrizes do SUS, ampliou a rede

de estabelecimentos e serviços sob a responsabilidade das administrações locais. O

amadurecimento da compreensão da AF, com a transferência do seu foco inicial no

medicamento para os serviços e usuários, modifica e expande as demandas para os gestores

em saúde na esfera municipal (CASTRO et al., 2014; MARIN et al., 2003).

Page 17: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

16

No município de Itaguaí - RJ vem ocorrendo mudanças na dinâmica econômica,

geográfica e populacional, estimuladas pelos investimentos realizados atualmente na área

industrial, especialmente naval e petroquímica. Estas mudanças provocam alterações

conceituais e operacionais no sistema de atenção à saúde deste município. No que diz respeito

à AF, observa-se interesse para a sua reformulação bem como para a implantação de novas

diretrizes, requerendo dos gestores, compromissos com a estruturação e qualificação dos

serviços farmacêuticos.

Neste sentido, surgem esforços para ações de promoção do URM incluindo aquelas

que considerem sua eficácia, segurança e custo, bem como a prescrição apropriada, a

disponibilidade oportuna, a dispensação em condições adequadas e a utilização pelo usuário

de forma efetiva.

Os estudos de utilização de medicamentos (EUM) funcionam como ferramentas

oportunas para conhecer o perfil de utilização dos medicamentos em diferentes contextos, de

modo a prover informações que possibilitem intervenções com vistas à promoção do URM.

As informações podem, por exemplo, fundamentar o processo de seleção de medicamentos

essenciais, que são aqueles que satisfazem as necessidades de atenção à saúde da maioria da

população (WHO, 1977).

Assim, o conhecimento de indicadores selecionados do uso de medicamentos permite

observar características importantes do serviço de saúde, evidenciando aspectos específicos e

possibilitando propostas que embasem futuras ações de planejamento estratégico e

gerenciamento, principalmente no âmbito da AF.

Page 18: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

17

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Política de Saúde

A saúde da população está diretamente relacionada a fatores políticos, sociais,

econômicos, ideológicos e culturais (SCLIAR, 2007). De acordo com a Constituição Federal

de 1988, em seu artigo 196, "a saúde é direito de todos e dever do estado garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e

ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação" (BRASIL, 1988).

No Brasil, tem-se o SUS como política de saúde vigente, instituído pela constituinte

de 1988 e regulamentado pelas Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, Lei 8.142 de 28 de

dezembro de 1990 entre outros instrumentos legais. O SUS apresenta como seus princípios e

diretrizes fundamentais: a descentralização, a equidade, a integralidade, a hierarquização, a

regionalização, a universalidade, a resolubilidade e o controle social (BRASIL, 1990a;

BRASIL, 1990b). Neste contexto, a proposta do SUS, contrapõe-se à concepção biomédica,

cujo modelo assistencial está centrado no indivíduo e na doença.

A rede de serviços do SUS deve ser organizada de forma regionalizada e

hierarquizada permitindo conhecimento maior das questões referentes à saúde da população

de uma área delimitada, favorecendo as ações em todos os níveis de atenção. Foi no ano de

1991 que o governo à época, começou a editar as chamadas Normas Operacionais Básicas

(NOBs), com o objetivo de regular a transferência de recursos financeiros da união para

estados e municípios, o planejamento das ações em saúde, os mecanismos de controle social

dentre outros. A NOB 01/93 redirecionou o processo de descentralização da gestão e

regionalização das ações e serviços de saúde. A NOB - SUS 01/96 objetivava dar plena

responsabilidade aos municípios e redefiniu o papel das esferas de governo (BRASIL, 1993;

BRASIL, 1996).

Considerando a necessidade de dar continuidade ao processo de descentralização da

assistência e organização do SUS, foi aprovada a Norma Operacional de Assistência à Saúde

— NOAS de 2002, que ampliou as responsabilidades dos municípios na ABS, enfatizou a

necessidade de consolidar a estruturação de redes regionalizadas, introduzindo elementos

estratégicos de integração intermunicipal como a delimitação de referências territoriais para a

elaboração de políticas, programas e sistemas organizacionais (BRASIL, 2002).

Page 19: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

18

Nesse sentido, visto que a regionalização é uma diretriz do SUS e deve orientar a

descentralização das ações em saúde, estabeleceu-se a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro

de 2010, das Redes de Atenção à Saúde (RAS), como estratégia para superar a fragmentação

da atenção e de gestão e aperfeiçoar o funcionamento político-institucional do sistema. As

RAS são definidas como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes

densidades tecnológicas que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de

gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010).

A proposta das RAS traz a ABS como coordenadora do processo, sendo o centro de

comunicação, peça fundamental do processo de integralidade da rede (MENDES, 2011).

Fundamenta-se na compreensão da ABS como primeiro nível de atenção, enfatizando a

função resolutiva dos cuidados primários sobre os problemas mais comuns de saúde e a partir

do qual se realiza e coordena o cuidado em todos os pontos de atenção.

2.1.1. Atenção Básica à Saúde no Brasil

Apesar de haver uma continuada discussão sobre a terminologia ideal para nomear o

primeiro nível de atenção à saúde: Atenção Primária a Saúde (APS), Atenção Primária

Orientada à Comunidade (APOC), no Brasil, a expressão “Atenção Básica” foi instituída

pelo governo federal em seus documentos oficiais (MELLO, 2009). Segundo Gil (2006), após

a criação do SUS e o desenvolvimento de seus mecanismos financeiros e operacionais, cada

vez tem sido mais frequente o uso do conceito Atenção Básica como referência aos serviços

municipais (GIL, 2006). Ademais, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) considera

os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde - APS, nas atuais concepções,

como termos equivalentes, de forma a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas

nesta política (BRASIL, 2017).

A PNAB, aprovada recentemente pela Portaria n° 2.436, de 21 de setembro de 2017,

em seu Art. 2º define:

A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas

que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação,

redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio

de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe

multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as

equipes assumem responsabilidade sanitária (BRASIL, 2017).

Page 20: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

19

A AB é a principal porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora

do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede. A PNAB tem na

Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão, qualificação e consolidação da AB

(BRASIL, 2017).

Em 1994, o Programa de Saúde da Família (PSF) surgiu para a reorientação do

modelo assistencial, com o intuito de fortalecer a proposta de mudança do enfoque curativo

para o preventivo e integral. O PSF deixou de ser um programa e ganhou a denominação de

Estratégia de Saúde da Família (ESF), possibilitando a integração e promovendo a

organização das atividades em território definido, com o propósito de atender o indivíduo e a

família de forma contínua (FERNANDES; BERTOLDI; BARROSI, 2009; MAGALHÃES,

2011).

A equipe de Saúde da família (eSF) é composta no mínimo por médico,

preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro,

preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e

agente comunitário de saúde (ACS). Pode, também, fazer parte da equipe o agente de combate

às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente

especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal (BRASIL, 2017).

O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAsF- AB) foi criado

como uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais

da saúde, complementar às equipes que atuam na AB, com a perspectiva de ampliar a

capacidade de resposta à maior parte dos problemas de saúde da população nesse nível de

atenção, além do escopo de ofertas. Estes profissionais atuam de maneira integrada para dar

suporte clínico, sanitário e pedagógico, compartilhando saberes e práticas intersetoriais,

gestão do cuidado e gestão de coletivos nos territórios sob responsabilidade das eSF e de

Atenção Básica (eAB) (BRASIL, 2017).

2.1.2. Políticas Farmacêuticas

No intuito de racionalizar os recursos da saúde e garantir acesso aos medicamentos, os

países elaboram suas políticas de medicamentos (GIROTTO; SILVA, 2006).

No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos (PNM), regulamentada pela Portaria

GM nº 3916 de 30 de outubro 1998, tem-se constituído no principal instrumento para a

orientação das ações de saúde relacionadas ao uso de medicamentos. Seus propósitos vão

desde garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do

Page 21: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

20

seu uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais, até formular as

diretrizes de reorientação do modelo de AF com a definição do papel das três instâncias

político-administrativas do SUS (BRASIL, 1998).

Como um dos seus feitos, a PNM trouxe o fortalecimento da gestão da AF em todos

os níveis de governo, com ênfase no municipal, definindo a AF como um grupo de atividades

relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas pela

comunidade. Essas ações envolvem o abastecimento de medicamentos em todas e em cada

uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a

eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a

obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos

profissionais de saúde, do paciente e da comunidade, para assegurar o URM (BRASIL, 1998).

Em 2004, este conceito foi revisado e incorporado à Política Nacional de Assistência

Farmacêutica (PNAF). De acordo com a PNAF:

A Assistência Farmacêutica trata-se de um conjunto de ações voltadas à promoção,

proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o

medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este

conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e

insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição,

dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e

avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da

melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2004).

A descentralização da AF proposta pela PNM está fundamentada nos seguintes

pressupostos: descentralização da gestão; promoção do URM; otimização e eficácia do

sistema de distribuição no setor público; em iniciativas que possibilitem a redução nos preços

dos produtos, viabilizando, o acesso da população aos produtos no âmbito do setor privado e

define como importante a necessidade de contínua atualização e padronização de protocolos

de intervenção terapêutica e dos respectivos esquemas de tratamento (BRASIL, 1998).

Considerando o conceito proposto na PNM, a diretriz promoção do URM contempla

grande campo de ações individuais e articuladas, envolvendo os usuários, os profissionais, os

gestores, as instituições e o sistema de saúde (VASCONCELOS et al., 2017). Os

medicamentos contribuem, em muitos casos, de forma decisiva para o controle das doenças e

o aumento da expectativa e da qualidade de vida da população, sendo que sua ausência ou uso

incorreto coloca em risco os investimentos nas ações de saúde. Desta forma, o URM consiste

em maximizar os benefícios obtidos pelo uso dos fármacos, em minimizar os riscos

Page 22: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

21

decorrentes de sua utilização e em reduzir os custos totais da terapia para o indivíduo e a

sociedade (BRASIL, 2014).

2.2. Uso Racional de Medicamentos

O URM é considerado um dos elementos- chave recomendados pela OMS para as

políticas de medicamentos (BRASIL, 2012b). Pode ser definido como um processo que

compreende a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a

dispensação em condições adequadas; o consumo nas doses indicadas, nos intervalos

definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade

(WHO, 1987).

Dados divulgados pela OMS apontam que mais da metade de todos os medicamentos

são prescritos, dispensados, vendidos e usados incorretamente. Mais de 50% de todos os

países não implementam políticas básicas para promover o URM (WHO1, 1999 apud

AQUINO, 2008). A situação é pior em países em desenvolvimento, com menos de 40% dos

pacientes no setor público e menos de 30% no privado sendo tratados de acordo com

diretrizes clínicas (WHO, 2002).

O uso abusivo, insuficiente ou inadequado de medicamentos lesa a população e

desperdiça os recursos públicos. Os hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para

lidar com as complicações causadas pelo o mau uso de medicamentos. (WHO, 2002). No

Brasil, os medicamentos respondem por 28% dos casos das intoxicações, são a segunda maior

causa de óbitos registrados por intoxicação (22% dos casos de óbitos registrados) perdendo

apenas para os agrotóxicos. Dentre as circunstâncias estão o uso terapêutico, erros de

prescrição e administração, além da automedicação. (FIOCRUZ, 2013).

O crescimento excessivo no uso de medicamentos em muitos países tem sido

sugerido como importante barreira para o alcance do URM (ESCHER; COUTINHO, 2017).

Em uma revisão de estudos transversais de base populacional, Gomes; Silva e Galvão (2017)

estimaram a prevalência do uso de medicamentos em cerca da metade dos adultos brasileiros.

Inúmeros fatores contribuem para o uso indiscriminado e incorreto de medicamentos,

tais como: a prescrição não orientada por diretrizes, o marketing agressivo das indústrias

farmacêuticas, a prescrição de medicamentos não necessários, a automedicação inapropriada e

a "empurroterapia". Outros fatores importantes são a não adoção da relação de medicamentos

essenciais, a dispensação realizada de forma inadequada, a formação qualitativamente

1 World Health Organization. Global partnerships for health. WHO drug information 1999; 13 (2):61-64.

Page 23: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

22

deficitária dos profissionais de saúde e o desmedido elenco terapêutico disponibilizado

comercialmente.

2.2.1. O Uso Racional e a Prescrição de Medicamentos

O uso de medicamentos, envolve algumas etapas como: prescrição, dispensação,

administração, monitoramento, sendo todas elas passíveis de erro. Levando em consideração

os objetivos propostos por este estudo, direciona-se algumas considerações à primeira destas

etapas.

A prescrição representa o primeiro passo desse processo, e abriga grandes desafios

principalmente relacionados à seleção dos medicamentos e transmissão das informações

(OPAS/OMS, 2016). O ato prescritivo depende de fatores, relacionados ao paciente, ao

profissional de saúde, o processo e ao ambiente de trabalho, podendo resultar em diferentes

desfechos. Desta forma, a OMS sugere seis etapas para o processo de prescrição racional de

medicamentos. Estas envolvem o entendimento do problema do paciente e realização de um

diagnóstico; especificação dos objetivos terapêuticos; seleção do tratamento mais seguro e

eficaz; elaboração do plano terapêutico que pode envolver medidas medicamentosas e/ou não

medicamentosas; informação sobre a terapêutica escolhida e monitoramento do tratamento

proposto (OMS, 1998).

A prescrição é um documento com valor legal pelo qual se responsabilizam os que

prescrevem, dispensam e administram os medicamentos. Importantes normas sanitárias

discorrem sobre a prescrição de medicamentos: Leis Federais nº 5. 991 de 17 de dezembro de

1973 e a de nº 9.797 de 10 de fevereiro de 1999, Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998, além

da Resolução n.º 357, de 20 de abril de 2001, do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Essas regulamentações versam que a prescrição de medicamentos deve ser clara, em

linguagem compreensível e alguns preceitos são exigidos: ser legível, escrita sem rasura, em

letra de forma, por extenso, utilizando tinta e de acordo com nomenclatura e sistema de pesos

e medidas oficiais; o documento não deve trazer abreviaturas, códigos ou símbolos. Ainda

deve conter obrigatoriamente: identificação do usuário; identificação do prescritor (assinatura

e carimbo); data e local de emissão; identificação do medicamento (forma farmacêutica,

dose/concentração, posologia, duração do tratamento).

Os prescritores exercem significativo compromisso com o URM. A análise das

práticas de prescrição, pode oferecer maior conhecimento de vários aspectos importantes do

Page 24: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

23

uso apropriado de medicamentos e asssim, contribuir para a implementação de propostas

objetivando melhorias na qualidade da assistência prestada.

2.3. Estudos de Utilização de Medicamentos

Vários e complexos são os eventos no processo do URM, com o envolvimento dos

mais diversos atores sociais: pacientes, profissionais de saúde, legisladores, formuladores de

políticas públicas, indústria, comércio e governo (CASTRO et al., 2000). Esse conjunto de

fatores precisa ser investigado para permitir melhor compreensão do papel do medicamento

no contexto da saúde pública (COSTA et al., 2011).

Os Estudos de Utilização de Medicamentos (EUM) permitem identificar os sujeitos,

os fatores interferentes e o modo como os medicamentos são utilizados nas populações

(CARMO; NITRINI, 2004). Por definição, os EUM são relacionados à comercialização,

distribuição, prescrição e uso de medicamentos em uma sociedade, enfatizando as

consequências médicas, sociais e econômicas (WHO, 1977). Com sua realização é viável

obter uma descrição sobre como se utiliza o medicamento em um âmbito e num momento

determinado. Portanto, a duração e o tamanho da amostra não costumam ser tão amplos como

em outros tipos de estudos (FIGUERAS; VALLANO; NARVÁEZ, 2003).

Por meio desses estudos, é possível por exemplo, realizar o levantamento dos perfis

tanto quantitativo como qualitativo dos padrões do uso de medicamentos e o cumprimento da

prescrição, do fornecimento e consumo, do grau de implementação de normas para a

adequação de uso de fármacos. Uma vez mapeada a situação, torna-se viável uma proposta de

intervenção, onde os resultados fornecidos permitem subsidiar ações de planejamento e

gerenciamento nos serviços de AF, e nortear as políticas de medicamentos com foco na

melhoria da qualidade da assistência prestada (CASTRO et al., 2000; ROZENFELD;

VALENTE, 2004).

Neste caso, há necessidade de se garantir maior supervisão nas etapas constitutivas

que envolvem o ciclo da AF, bem como conhecer o perfil de utilização dos medicamentos no

contexto da ABS, de modo a construir informações que possibilitem intervenções com vistas

à promoção do uso racional (CASTRO et al., 2000).

Page 25: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

24

2.4. Relação de Medicamentos Essenciais

Segundo a OMS, medicamentos essenciais são aqueles que satisfazem as

necessidades de atenção à saúde da maioria da população; portanto, devem estar disponíveis a

todo o momento em quantidades adequadas e nas formas e doses apropriadas (WHO, 1997).

Devem ser selecionados por critérios de eficácia, segurança, conveniência, qualidade e custo

favorável. A adoção do conceito de medicamentos essenciais é internacionalmente

reconhecida como uma medida capaz de racionalizar o uso de medicamentos com resultados

benéficos para a clínica e para a gestão (MAGARINOS-TORRES et al., 2014a).

O Brasil elabora listas oficiais de medicamentos desde 1964, antes mesmo da

recomendação e da publicação da lista modelo de medicamentos feita pela OMS em 1978

(CASTRO et al., 2000). A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) é

considerada instrumento racionalizador para ações no âmbito da AF. Sua adoção impõe-se

como ferramenta importante para garantir o acesso aos medicamentos e para busca de

resultados esperados com a farmacoterapia instituída e para promover o URM (BRASIL,

2015).

Segundo Dal Pizzol e colaboradores (2010), as Relações Municipais de

Medicamentos Essenciais (REMUME) devem ser elaboradas para atender às necessidades

específicas da população de cada município, tendo a RENAME como modelo (DAL PIZZOL

et al., 2010). A elaboração das listas municipais fortalece o processo de descentralização da

gestão e, na medida em que define necessidades, prioriza e direciona a aplicação de recursos

(MAGARINOS-TORRES et al., 2014b). Girotto e Silva (2006) consideram que sua

divulgação contribui profundamente na organização dos serviços relacionados aos

medicamentos e colabora com a integralidade das ações em saúde.

2.5. Indicadores Selecionados do Uso de Medicamentos

Em 1985, a OMS convocou uma importante conferência em Nairobi sobre o URM.

Desde então, se têm aumentado os esforços para melhorar as práticas de uso de

medicamentos. Como resultado, a OMS elaborou um protocolo com um método objetivo para

ser usado como instrumento de trabalho nos serviços de saúde e capaz de descrever o padrão

de uso e prática de prescrição de medicamentos (OMS, 1993).

O principal objetivo deste protocolo é definir um número limitado de parâmetros

para descrever a situação de um país, região ou centro de saúde, particularmente no que diz

respeito ao uso de medicamentos. Estes parâmetros ou indicadores permitem que os gestores,

Page 26: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

25

profissionais e pesquisadores que trabalham no setor da saúde possam estabelecer

comparações básicas entre as situações em diferentes áreas ou tempos (ALBUQUERQUE;

TAVARES, 2011; OMS, 1993).

Embora não quantifiquem todos os aspectos importantes da utilização de

medicamentos, segundo a OMS, os indicadores permitem avaliar com segurança alguns

aspectos cruciais da prática farmacêutica no campo da ABS. São parâmetros de primeiro

nível, concebidos para estimular uma análise mais profunda e orientar as medidas

subsequentes (SANTOS, 1999). Quantificam o desempenho dos serviços de saúde em três

grandes áreas relacionadas ao URM na atenção primária: práticas de prescrição farmacêutica

de prestadores de cuidados em saúde; elementos chave da assistência ao paciente, incluindo

tanto a consulta clínica e dispensação; disponibilidade de fatores específicos do serviço, como

acesso e informações sobre medicamentos essenciais (OMS, 1993).

2.5.1. Os Indicadores de Prescrição

Os indicadores de prescrição refletem a prática dos prestadores de assistência à saúde

com relação a vários aspectos importantes do uso apropriado de medicamentos. Incluem:

número médio de medicamentos por receita; porcentagem de medicamentos prescritos pela

denominação genérica; porcentagem de receitas em que se prescreve um antibiótico;

porcentagem de receitas em que se prescreve um medicamento injetável; porcentagem de

medicamentos prescritos que figuram na Lista de Medicamentos Essenciais (OMS, 1993).

O número médio de medicamentos por receita tem o propósito de verificar o grau de

polifarmácia. De acordo com Pereira e colaboradores (2017), o elevado número de fármacos

prescritos aumenta a probabilidade de consumo desnecessário de medicamentos, cujas

combinações farmacológicas representam potenciais perigos, podendo elevar o risco de

iatrogenias, hospitalizações e até mesmo óbito. A polifarmácia está associada ao aumento do

risco e da gravidade das reações adversas a medicamentos, de precipitar interações

medicamentosas e causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de reduzir

a adesão ao tratamento e elevar a morbimortalidade (SECOLI, 2010).

A porcentagem de receitas em que se prescreve um antibiótico e porcentagem de

receitas em que se prescreve um medicamento injetável, determina o nível geral do emprego

de duas modalidades do tratamento farmacológico, que ao mesmo tempo, são onerosas ao

sistema de saúde e objeto de uso irracional (OMS, 1993).

Page 27: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

26

O uso abusivo de antimicrobianos constitui grave problema de saúde pública e tem

suscitado discussões acerca da racionalidade de sua utilização. Os antibióticos constituem um

grupo de medicamentos amplamente prescritos na atenção primária e o seu uso abusivo e

inadequado, tem implicações no aumento das taxas de resistência bacteriana ocasionando

consequências que envolvem custos diretos de tratamentos e internações, por exemplo

(ABRANTES et al, 2007).

O indicador porcentagem de medicamentos prescritos pela denominação genérica,

visa determinar a tendência à prescrição pelo nome genérico, atuando como uma estratégia de

ampliação do acesso ao tratamento medicamentoso e redução dos gastos com medicamentos.

A prescrição pelo nome genérico facilita a obtenção de informações a respeito dos fármacos,

pois sua nomenclatura não se modifica de acordo com interesses econômicos, como pode

acontecer com os nomes comerciais, e pode viabilizar a compra de um medicamento de

menor custo (GUTTIER, et al., 2016; OLIVEIRA et. al, 2009). No Brasil, a prescrição pela

Denominação Comum Brasileira (DCB) é obrigatória (BRASIL, 1999).

A porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na Lista de Medicamentos

Essenciais determina a adequação das práticas para a política nacional de medicamentos, em

função da tendência a prescrever a partir da lista nacional ou lista de medicamentos essenciais

locais (OMS, 1993). Usadas como ferramentas para a tomada de decisão em saúde pública, as

listas têm auxiliado gestores, profissionais da saúde e o público em geral a lidar com

medicamentos eficazes, seguros e de qualidade, a menor custo. (BRASIL, 2012a).

2.5.2. Os Indicadores sobre o serviço

A OMS, preconiza dois indicadores para avaliação do serviço, quanto ao uso do

medicamento, são eles: a) a disponibilidade de cópias da Relação de Medicamentos Essenciais

(padronizados), sendo este um parâmetro especialmente importante para verificação do acesso

à informação sobre os medicamentos essenciais, facilitando a prescrição dos medicamentos

selecionados e a adesão à política de medicamentos do sistema de serviços de saúde; b) a

disponibilidade de medicamentos essenciais (chaves), que visam determinar a disponibilidade

nos serviços de saúde de medicamentos chaves recomendadas para o tratamento de

determinados problemas sanitários correntes (CUNHA; ZORZATTO; CASTRO, 2002; OMS,

1993).

Page 28: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

27

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Analisar as prescrições de medicamentos das unidades de atenção básica de saúde do

município de Itaguaí, RJ.

3.2. Objetivos Específicos

Analisar os indicadores de prescrição de medicamentos e sobre o serviço, da

Organização Mundial de Saúde em dois modelos de atenção à saúde: Unidades

Básicas e unidades de Estratégia de Saúde da Família.

Verificar a disponibilidade de cópias da Relação Municipal de Medicamentos

Essenciais nas Unidades Básicas de Saúde e unidades de Estratégia de Saúde da

Família de Itaguaí, RJ.

Analisar as prescrições quanto ao cumprimento da legislação sanitária.

Descrever as classes terapêuticas mais prescritas, segundo o sistema Anatomical

Therapeutic Chemical.

Page 29: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

28

4. METODOLOGIA

4.1. Cenário do estudo

O estudo foi desenvolvido em 20 unidades de saúde do município de Itaguaí - RJ,

sendo 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 10 unidades de Estratégia de Saúde da Família

(ESF).

Itaguaí é um município de médio porte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e

localiza-se a 69 quilômetros da capital, compreendida entre as regiões da Baixada Fluminense

e Costa Verde. Ocupa uma área 274,401km2 e de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, sua população estimada é de 122.369 habitantes (IBGE, 2017). O

Índice de Desenvolvimento Humano municipal subiu de 0,483 em 1991 para 0,715 no ano de

2010 e o valor do seu Produto Interno Bruto (PIB) é em média R$ 6 milhões, com expressiva

participação do desenvolvimento industrial da região, principalmente no campo da indústria

naval (IBGE, 2015).

Atualmente, o estado do Rio de Janeiro é dividido em nove regiões de saúde, cada

qual com suas especificidades quanto ao processo de regionalização: Baía de Ilha Grande,

Baixada Litorânea, Centro Sul, Médio Paraíba, Metropolitana I, Metropolitana II, Noroeste,

Norte e Serrana. A região de saúde Metropolitana I, da qual faz parte o município de Itaguaí,

é formada por 12 municípios que concentram mais de 60% da população fluminense

(PINHEIRO et al., 2014). Fazem parte desta região, além do município de Itaguaí, as cidades

de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu,

Queimados, Rio de janeiro, São João de Meriti e Seropédica.

O perfil de indicadores de saúde do município se assemelha ao de regiões

desenvolvidas, ainda que se deva levar em consideração aspectos típicos de área em

desenvolvimento. Observa-se aumento da expectativa de vida e diminuição da natalidade. A

comparação entre as pirâmides etárias construídas pelos censos 2000 e 2010, revelam essas

mudanças no perfil demográfico (ITAGUAÍ, 2013). A mortalidade infantil tem apresentado

tendência à diminuição nos últimos anos e quanto às causas de óbito, há predomínio das

doenças do aparelho circulatório (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Com relação à assistência à saúde, Itaguaí possui uma rede de serviços públicos

municipais, filantrópicos e privados. A rede pública municipal conta com um Hospital Geral

de média-alta complexidade, uma Unidade de Pronto Atendimento, três Centros de Atenção

Page 30: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

29

Psicossocial, cinco Centros Especializados/ambulatório especializado, uma Unidade de

Vigilância em Saúde e 20 Unidades de ABS.

Em relação às unidades de ABS, 10 são UBS, caracterizadas pelo chamado modelo

tradicional e 10 são Unidades de ESF. Nas UBS, é possível receber atendimentos básicos em

pediatria, ginecologia, clínica geral, enfermagem e odontologia. Os principais serviços

oferecidos são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames

laboratoriais, tratamento odontológico e encaminhamentos para especialidades. Outros

profissionais estão presentes em algumas UBS do município como: psicólogos,

fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos. O horário de funcionamento é

de segunda a sexta-feira, das 8:00 às 17:00 com exceção de uma que funciona 24 horas.

Sobre as unidades de ESF e sua composição (Tabela 1), observa-se um total de 18

equipes (eSF), incluindo as equipes de saúde bucal (eSFSB). Cada equipe mínima é composta

por um médico (clínico geral ou que possui a especialidade de medicina da família e

comunidade) um enfermeiro, um técnico ou auxiliar de enfermagem, e ACS. A cobertura

populacional estimada pelas equipes no município é de 89,40%, (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2015).

Das 10 unidades de ESF, uma segue o modelo físico - estrutural de Clínica da

Família, como visto no município do Rio de Janeiro, que adotou este modelo para a

organização, ampliação e qualificação de sua APS (HARZHEIM; LIMA; HAUSER, 2013).

Todas as unidades funcionam no horário de 8:00 às 17:00 de segunda a sexta-feira. Não existe

no município, em nenhuma modalidade, Nasf -AB.

Page 31: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

30

Tabela 1. Quantidade de equipes e população cadastrada por unidades de ESF no Município

de Itaguaí – RJ, 2016.

Unidades de

ESF

Nº de equipes

(eSF)

Nº de equipes

com saúde bucal

(eSFSB)

Total de equipes

População

cadastrada

(hab.)

Odenit Maia 1 2 3 8.227

CF Ibirapitanga 1 2 3 5.630

Centro 2 0 2 3.421

Chaperó 1 1 2 2.592

Engenho 2 0 2 7.230

Coroa Grande 1 1 2 4.619

Teixeira 0 1 1 2.714

Santa Cândida 0 1 1 943

Ilha da Madeira 0 1 1 1.203

Mazomba 0 1 1 2.432

Total 18 39.011 Fonte: Diretoria de Atenção Básica a Saúde (DABS) de Itaguaí, RJ. Relatório quadrimestral set – dez (2016).

4.1.1. Caracterização do serviço de assistência farmacêutica e dispensação de

medicamentos nas unidades.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Itaguaí apresenta em sua estrutura

organizacional a Diretoria de Planejamentos e Desenvolvimento em Saúde, onde se encontra

hierarquicamente, a Coordenação de Farmácia. As funções da Coordenação de Farmácia

envolvem a seleção de medicamentos essenciais com participação na Comissão de Farmácia e

Terapêutica (CFT); programação, licitação e compra de medicamentos a serem fornecidos;

controle e distribuição dos medicamentos e correlatos em todas as unidades, bem como outras

atividades da secretaria de saúde que envolvam o medicamento e seu gerenciamento.

Após a aquisição dos medicamentos, estes são armazenados no almoxarifado da

Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), sendo a partir daí, distribuídos para as UBS

conforme a demanda e previsão anteriormente solicitadas. Em todas as UBS há farmácia. Não

ocorre dispensação de medicamentos nas unidades de ESF e os pacientes se dirigem a UBS

mais próxima, sua UBS de referência, chamadas polo de dispensação, para retirada dos

medicamentos. Cada UBS fica responsável por atender uma (até duas) unidades de ESF e esta

divisão segue critérios territoriais. Caso haja falta do(s) medicamento(s) no polo de

dipensação do paciente, a retirada pode ser feita em qualquer outra UBS da rede (Figura 1).

Page 32: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

31

Para que o medicamento seja dispensado ao paciente é necessária a apresentação da

receita do médico ou dentista da rede municipal de saúde, não sendo aceitas receitas da rede

privada. Embora, a Resolução nº 271 de 12 de julho de 2002 do Conselho Federal de

Enfermagem permita a prescrição de medicamentos por enfermeiro quando este é integrante

da equipe de saúde (COFEN, 2002), optou-se neste estudo trabalhar exclusivamente com

prescrições de médicos e dentistas. As prescrições de enfermagem no município

compreendem àquelas de medicamentos específicos relativos aos Programas de tabagismo,

tuberculose e hanseníase. Não há protocolo municipal para a prescrição de enfermagem.

Para a retirada do medicamento é preconizado que fique retida na farmácia a segunda

via da receita, devendo ser anotado na mesma, por carimbo padronizado, quais medicamentos

foram entregues, em que quantidade e em que data. Os medicamentos padronizados, que não

foram dispensados, devem receber o carimbo de não atendido.

Quanto aos medicamentos da Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998 (medicamentos

sujeitos a controle especial), a dispensação ocorre em somente uma UBS, motivo pelo qual

optou-se, neste estudo, em não analisar estas receitas.

Não há sistema informatizado para registro de dispensação e gerenciamento de

estoque de medicamentos nas unidades de saúde do município.

Figura 1. Diagrama esquemático da distribuição (CAF) e dispensação de medicamentos nas

unidades de saúde de atenção básica do município de Itaguaí/RJ, 2017. (Fonte: Elaboração

própria).

Page 33: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

32

4.2. Delineamento do Estudo

Estudo transversal retrospectivo, com coleta de dados secundários, que consistiu no

cálculo e análise dos indicadores de prescrição preconizados pela OMS, nas UBS e unidades

de ESF no município de Itaguaí/RJ. Foi utilizada a segunda via de todas as receitas de

médicos e dentistas, atendidas nas farmácias das unidades, dos meses de junho e julho de

2017. Com relação ao período escolhido e ainda de acordo com a OMS, embora possa ocorrer

influência de doenças sazonais no padrão da prescrição, os prescritores tendem cada um a

atuar de maneira coerente no tempo, por isso uma amostra obtida em um determinado

momento demonstrará basicamente resultados semelhantes que outra que envolva um período

mais amplo (OMS, 1993).

4.2.1. Coleta de Dados

Para o cálculo dos indicadores de prescrição, foram coletadas em todas as 10 UBS as

segundas vias das receitas oriundas da própria UBS da unidade de ESF cuja dispensação fica

sob responsabilidade da UBS. No quadro 1 estão descritos os indicadores mensurados e os

respectivos cálculos.

Os seguintes critérios de inclusão foram considerados: receitas legíveis, realizadas

por médicos ou dentistas, que apresentaram o carimbo e assinatura do profissional e que

estavam com a data de prescrição de acordo com período escolhido para o estudo. Foram

critérios de exclusão receitas provenientes de outros serviços tais como: hospital municipal,

Unidade de Pronto Atendimento, entre outros.

Quadro 1: Indicadores de prescrição e respectivos cálculos empregados no estudo.

Indicadores Cálculos

Número médio de medicamentos por

receita

Número total de medicamentos prescritos / Total

de receitas

Porcentagem de medicamentos prescritos

pela denominação genérica

Número total de medicamentos genéricos

prescritos / Total de medicamentos prescritos x

100

Porcentagem de receitas em que há

prescrição de antibióticos

Número de receitas em que foi prescrito ao menos

um antibiótico / Total de receitas x 100

Porcentagem de medicamentos prescritos

que figuram na REMUME

Número total de medicamentos prescritos que

figuram na REMUME / Total de medicamentos

prescritos x 100 Fonte: Adaptado. Organização Mundial da Saúde (OMS). Como investigar el uso de medicamentos en los

servicios de salud. Indicadores selecionados del uso de medicamentos, 1993 (DAP. 93.1).

Page 34: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

33

Neste estudo não foi calculado o indicador porcentagem de receitas em que há

prescrição de medicamento injetável. A prescrição de injetáveis no município não gera receita

para retirada nas farmácias das UBS. Os medicamentos injetáveis são entregues diretamente

para a equipe de enfermagem, através de pedido interno por sistema de distribuição coletivo

realizado pelo serviço de farmácia das UBS. O paciente, quando na necessidade de uso desta

forma farmacêutica, vai direto para a sala de procedimentos com uma solicitação médica para

aplicação do medicamento.

Ainda, foram analisados os seguintes parâmetros: origem da receita (UBS ou ESF);

especialidade do prescritor (clínico geral, pediatra, ginecologista, médico de família, dentista) e

presença nas receitas de itens técnicos obrigatórios (identificação do paciente,

dose/concentração, forma farmacêutica, posologia, duração do tratamento) em consonância

com as normativas sanitárias (Lei Federal nº 5. 991 de 17 de dezembro de 1973 e Resolução

CFF n.º 357, de 20 de abril de 2001).

Os medicamentos prescritos foram classificados e agrupados utilizando-se o sistema

Anatomical Therapeutic Chemical - ATC/DDD index 2018 - da OMS. Nessa classificação, os

fármacos são divididos de acordo com o grupo anatômico, ou sistema em que atuam e suas

propriedades químicas, terapêuticas e farmacológicas.

Para a investigação da disponibilidade de cópias da REMUME, visitaram-se todas as

20 unidades de AB do município de Itaguaí, RJ. Foi criado um formulário (Apêndice 1) para

verificar sua disponibilidade (SIM ou NÃO), os locais onde poderia ser encontrada e o ano de

sua publicação.

4.2.2. Critérios utilizados para análise dos indicadores

Quanto à legibilidade, foram consideras legíveis as receitas cujas informações de

todos os medicamentos prescritos eram possíveis de serem compreendidas pelas

pesquisadoras. Em relação à especialidade do prescritor, esta informação foi obtida a partir

dos dados do carimbo.

Para avaliar a prescrição do medicamento como genérico, foi verificado se a mesma

ocorreu pela Denominação Comum Brasileira (DCB), que descreve o fármaco ou princípio

ativo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 1999).

Não foram consideradas como prescrições por denominação genérica as de vitaminas do

complexo B, polivitamínicos e assemelhados, assim como a solução fisiológica (para a

solução nasal), adotando-se a indicação da DCB, ou seja, cloreto de sódio 0,9%. A fim de

Page 35: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

34

preservar a intenção do prescritor, foram aceitas grafias pelo nome comercial que estiveram

com a anotação do nome genérico entre parênteses. Também foram aceitas aquelas em que a

escrita incorreta do nome genérico é usual (ex. Amoxacilina, em lugar de Amoxicilina).

Para o indicador porcentagem de receitas em que há prescrição de antibióticos, foram

considerados aqueles que fazem parte da Lista de Medicamentos Essenciais da OMS ou da

lista de antimicrobianos registrados pela ANVISA de acordo com a resolução RDC nº 20, de

05 de maio de 2011 e suas atualizações. Neste estudo, foi utilizada a 20° Lista Modelo de

Medicamentos Essenciais da OMS ano 2017 (WHO, 2017). A única exceção foi feita para o

medicamento metronidazol, que é frequentemente prescrito como antiprotozoário, e sua

classificação como antibiótico poderia impactar no cálculo deste indicador.

Os medicamentos em associação em que um dos componentes era antibiótico foram

considerados como tal, independente da forma farmacêutica em que se apresentavam. Ainda,

vale ressaltar que preparações otológicas, oftalmológicas ou dermatológicas, podem conter

antibacterianos na sua formulação e foram qualificados dessa forma para o cálculo deste

indicador. No entanto, não fizeram parte do cálculo da frequência de antibacterianos (para uso

sistêmico) na classificação ATC.

Para o indicador porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na Relação

de Medicamentos Essenciais, embora houvesse uma REMUME 2016, publicada no Jornal

Oficial do município (edição extra n°576), na data de 30 de junho de 2017, utilizou-se a

REMUME 2010, visto que no período definido para coleta das receitas, ela ainda era a

referência para o município. Foram considerados os medicamentos indicados na dosagem

definida pela REMUME 2010 independente de apresentar-se com nome genérico ou

comercial.

4.3. Análise dos Dados

Os dados foram lançados em um banco de registro de receitas criado especialmente

para este estudo, no programa Microsoft Access 2016. Para tratamento dos dados foi utilizado

o programa Microsoft Excel 2016, e para análise estatística, o Statistical Package for the

Social Science (SPSS) versão 21.0.

Na análise estatística descritiva, as variáveis foram expressas em média, desvio

padrão, frequências percentuais e proporções. O teste T-Student (para amostras

Page 36: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

35

independentes) foi utilizado para comparação entre as médias dos dois grupos (UBS e ESF), e

o teste do qui-quadrado para comparação de proporções. Para ambos, considerou-se um nível

de significância de 5%.

4.4. Aspectos Éticos

O projeto de pesquisa foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Saúde de

Itaguaí, RJ e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal

Fluminense - Hospital Universitário Antônio Pedro, sendo aprovado pelo CAAE

65893217.7.0000.5243 parecer n° 2.086.576 (Anexo 1). O início da coleta de dados só foi

realizado após aprovação do CEP e da anuência do Secretário Municipal de Saúde de Itaguaí,

RJ (Anexo 2) atendendo às exigências da Resolução nº. 466 de 12 de dezembro de 2012

(BRASIL, 2012a).

Foi concedida a dispensa de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

pois se tratou de um estudo retrospectivo com coleta de dados apenas em receita de

medicamentos arquivadas nas farmácias das unidades selecionadas para o estudo.

Considerando o volume de receitas analisadas, não seria possível consultar todos os pacientes

para os quais os medicamentos foram prescritos e dessa forma a pesquisa se tornaria inviável.

As pesquisadoras foram responsáveis pela digitação no banco de dados sendo garantido o

sigilo referente às informações dos usuários do serviço, assim como dos prescritores

envolvidos.

Page 37: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

36

5. RESULTADOS

Foram coletadas todas as receitas (segunda via) recebidas para atendimento nas

farmácias das unidades selecionadas, entre 01 de junho a 31 de julho de 2017, totalizando

14.511 receitas. De acordo com os critérios definidos para o estudo, foram utilizados para o

cálculo e descrição dos indicadores de prescrição, os dados de 7.502 receitas. A distribuição

das receitas analisadas na primeira fase do estudo e motivos do descarte estão apresentados na

Figura 2.

Figura 2. Distribuição das receitas analisadas na primeira fase do estudo, no

município de Itaguaí- RJ, 2017.

5.1. Indicadores de Prescrição

Nas 7.502 receitas analisadas, foram prescritos um total de 20.882 medicamentos. O

número médio de medicamentos por receita foi de 2,78 (± 1,73 medicamento), sendo que o

número de medicamentos prescritos variou de mínimo de 1 ao máximo de 13.

As receitas da ESF apresentaram média maior de medicamentos prescritos por

receita, em relação às UBS, 2,86 (±1,87 medicamento) e 2,77 (± 1,70 medicamento)

respectivamente. Esta diferença não foi estatisticamente significativa.

A DCB esteve presente em 74,38% dos medicamentos prescritos. Entre as

prescrições das unidades de ESF, foi maior a proporção de medicamentos prescritos pelo

nome genérico (77,32%) quando comparadas naquelas das UBS (73,71%).

A porcentagem de receitas em que houve prescrição de antibióticos foi de 22,38%.

Para as UBS, a proporção de receitas que continham antibiótico prescrito foi de 22,72%, e das

unidades de ESF foi 20,84%. Esta diferença não foi estatisticamente significativa.

7502

(52%)

5537

(38%)

705

(5%)

500

(3%) 267

(2%)

Receitas incluídas

Outros serviços

Outros meses / Sem data

Ilegível

Sem identificação do

prescritor

Page 38: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

37

A maioria dos medicamentos prescritos figurava na REMUME (85,56%). Quando

comparadas às UBS (84,93%), as prescrições da ESF apresentaram a maior proporção de uso

de medicamentos da REMUME (88,29%).

Os resultados obtidos para os indicadores de prescrição no município, de acordo com

o modelo de atenção - UBS e ESF, e ainda com a especialidade do prescritor, estão

sumarizados nas Tabelas 2 e 3.

Page 39: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

38

Tabela 2: Indicadores de prescrição obtidos nas unidades de ABS no município de Itaguaí- RJ, junho a julho de 2017.

Receitas Medicamentos

prescritos

Nº médio de

medicamentos

por receita

Medicamentos prescritos

pela denominação genérica

Receitas em que há

prescrição de antibióticos

Medicamentos prescritos que

figuram na REMUME

n n n % n % n %

UBS 6.144 16.998 2,77 12.529 73,71 1.546 22,72 14.437 84,93

ESF 1.358 3.884 2,86 3.003 77,32 306 20,84 3.429 88,29

Total 7.502 20.882 2,78 15.532 74,38 1.852 22,38 17.866 85,56 REMUME: Relação Municipal de Medicamentos Essenciais; UBS: Unidade Básica de Saúde; ESF: Estratégia de Saúde da Família

Tabela 3: Indicadores de prescrição obtidos por especialidade do prescritor, nas unidades de ABS no município de Itaguaí- RJ, junho a julho de

2017.

Especialidade

Número

de

Receitas

Número de

medicamentos

prescritos

Número

médio de

medicamentos

por receita

Medicamentos

prescritos pela

denominação

genérica

Receitas em que

há prescrição de

antibióticos

Medicamentos

prescritos que

figuram na

REMUME

n n n % n % n %

UBS

Clínica Médica 4.273 11.809 2,76 8.851 74,95 933 21,83 10.001 84,69

Pediatria 1.109 3.795 3,42 2.455 64,69 324 29,22 3.229 85,09

Ginecologia 469 958 2,04 794 82,88 57 12,15 823 85,91

Odontologia 293 436 1,49 429 98,39 82 27,99 384 88,07

ESF

Clínica Médica 1.264 3.663 2,90 2.821 77,01 236 18,67 3.242 88,51

Medicina de Família e

Comunidade

55 140 2,55 107 76,43 19 34,55 107 76,43

Odontologia 39 81 2,08 75 92,59 28 71,79 80 98,77 REMUME: Relação Municipal de Medicamentos Essenciais; UBS: Unidade Básica de Saúde; ESF: Estratégia de Saúde da Família

Page 40: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

39

Na Tabela 4 são apresentados os resultados da comparação dos indicadores de

prescrição nos dois modelos de atenção, UBS e ESF. O teste T-Student mostrou que não há

diferença estatística entre as médias de medicamentos prescritos por receita para UBS e ESF

(p = 0,072). O teste estatístico qui- quadrado indicou que a diferença foi estatisticamente

significativa, entre UBS e ESF, para os indicadores de prescrição pela denominação genérica

(χ2 = 21,60; p = 0,000) e REMUME (χ

2 = 28,74; p = 0,000). O resultado para a porcentagem

de receitas em que há prescrição de antibióticos (χ2

= 2,27; p = 0,132) não apresentou

diferença estatística entre os dois serviços (Tabela 4).

Tabela 4: Comparação e análise estatística entre os indicadores de prescrição obtidos nas

unidades de ABS no município de Itaguaí-RJ, junho a julho de 2017.

Indicador UBS ESF Valor P

Número médio de

medicamentos por receita 2,77 ± 1,70 2,86 ± 1,88 0,072

*

Porcentagem de medicamentos

prescritos pela denominação

genérica

73,71% 77,32% 0,000**

Porcentagem de receitas em

que há prescrição de

antibióticos

22,72% 20,84% 0,132**

Porcentagem de medicamentos

prescritos que figuram na

REMUME

84,93% 88,29% 0,000**

REMUME: Relação Municipal de Medicamentos Essenciais; UBS: Unidade Básica de Saúde; ESF:

Estratégia de Saúde da Família; * Teste T-Student;

** Teste qui-quadrado

5.2. Indicador sobre o serviço de saúde - Disponibilidade de cópias da REMUME

Quanto à verificação da disponibilidade de cópias da REMUME, 55% dos serviços

de saúde de AB dispunham de cópias da relação. Destes, cinco eram UBS e seis eram

unidades de ESF. As cópias da REMUME, quando encontradas, estavam nos consultórios

dos médicos e dos dentistas. Em três unidades (UBS), elas estavam localizadas unicamente na

sala da administração e na farmácia. Apenas em um serviço (unidade de ESF) foi verificado a

presença da nova lista recém publicada, a REMUME 2016.

Page 41: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

40

Figura 3. Disponibilidade de cópias da REMUME nas unidades de ABS no

município de Itaguaí- RJ, 2017.

5.3. Aspectos normativos das prescrições

Quanto aos aspectos legais obrigatórios, verificou-se principalmente a ausência da

informação duração do tratamento em 58,82% das prescrições analisadas, seguido da

dose/concentração do medicamento (54,25%). A forma farmacêutica constava em 75,01% das

prescrições e a posologia em 94,65% (Figura 4).

Page 42: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

41

Figura 4: Distribuição dos itens apontados como obrigatórios pela legislação vigente nas

prescrições de medicamentos. Unidades de ABS, município de Itaguaí- RJ, junho a julho de

2017.

Ainda sobre o cumprimento dos critérios legais exigidos, nas prescrições oriundas da

pediatria observou-se menor proporção (6,67%) da presença de todos os itens obrigatórios

(Figura 5).

Page 43: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

42

Figura 5: Distribuição de receitas contendo os itens descritos nos dispositivos legais, segundo

a especialidade do prescritor. Unidades de ABS, município de Itaguaí- RJ, junho a julho de

2017.

5.4. Caracterização dos medicamentos prescritos - Classificação ATC

O grupo de medicamentos que atuam no sistema cardiovascular (C) representou

21,14% das prescrições, seguido de 16,87% para o trato Alimentar e metabolismo (A);

12,26% para o sistema respiratório (R); 11,25% para o sistema nervoso (N) e 8,98% de anti-

infecciosos para uso sistêmico (J). Nas tabelas 5 e 6 apresenta-se a relação dos medicamentos

prescritos, classificados e ordenados de acordo com os grupos anatômicos e seus códigos,

acompanhados dos seus grupos farmacológicos (primeiro e segundo níveis) da classificação

ATC.

Page 44: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

43

Tabela 5: Distribuição dos grupos de medicamentos prescritos de acordo com a classificação

ATC (nível 1) nas unidades de ABS no município de Itaguaí- RJ, junho a julho de 2017.

Código

ATC do

Grupo

Grupo Anatômico n Frequência

Relativa (%)

C Sistema Cardiovascular 4.414 21,14

A Trato Alimentar e Metabolismo 3.522 16,87

R Sistema Respiratório 2.561 12,26

N Sistema Nervoso 2.349 11,25

J Anti-infecciosos para uso sistêmico 1.875 8,98

B Fármacos do Sangue e Sistema Hematopoiético 1.570 7,52

M Sistema Músculo Esquelético 1.303 6,24

D Dermatológicos 1.217 5,83

P Produtos Antiparasitários, Inseticidas e Repelentes 525 2,51

G Sistema Geniturinário e Hormônios Sexuais 513 2,46

H Sistema Hormonal, exceto Hormônios Sexuais e

Insulina 466 2,23

S Órgãos dos Sentidos 17 0,08

- Sem classificação ATC 550 2,63

Total 20.882 100,00

Page 45: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

44

Tabela 6: Distribuição dos grupos de medicamentos prescritos de acordo com a classificação

ATC (nível 2) nas unidades de ABS no município de Itaguaí- RJ, junho a julho de 2017.

Código

ATC do

Grupo

Grupo Terapêutico n Frequência

(%)

C

Fármacos com ação no sistema-renina angiotensina 1.398 6,69

Diuréticos 1.165 5,58

Fármacos betabloqueadores 627 3,00

Agentes reguladores de lipídeos 610 2,92

Bloqueadores dos canais de cálcio 395 1,89

Terapia cardíaca 95 0,45

Anti-hipertensivos 88 0,42

Vasoprotetores 32 0,15

Vasodilatadores periféricos 4 0,02

A

Fármacos para distúrbios relacionados a ácido 1.080 5,17

Fármacos utilizados em diabetes 824 3,95

Vitaminas 809 3,87

Antidiarreicos e agentes anti-inflamatórios/antiinfecciosos

gastrointestinais 492 2,36

Suplementos minerais 279 1,34

Fármacos para constipação 34 0,16

Antieméticos e antinauseantes 3 0,01

Outros produtos para o trato alimentar e metabolismo* 1 0,00

R

Anti-histamínicos para uso sistêmico 1.360 6,51

Preparações para tosse e resfriado 894 4,28

Fármacos para doenças obstrutivas das vias aéreas 246 1,18

Preparações nasais 55 0,26

Preparações para a garganta 6 0,03

N

Analgésicos 2.060 9,86

Outros fármacos para o sistema nervoso 235 1,13

Psicolépticos 47 0,23

Antiepilépticos 3 0,01

Fármacos antiparkisonianos 2 0,01

Psicoanalépticos 2 0,01

J

Antibacterianos para uso sistêmico 1.710 8,19

Antimicóticos para uso sistêmico 143 0,68

Antivirais para uso sistêmico 22 0,11

B

Preparações antianêmicas 867 4,15

Agentes antitrombóticos 619 2,96

Substitutos do sangue e soluções de perfusão 84 0,40

(continua)

Page 46: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

45

Tabela 6 (continuação)

Código

ATC do

Grupo

Grupo Terapêutico n

Frequência

Relativa

(%)

M

Produtos anti-inflamatórios e antirreumáticos 1.238 5,93

Relaxante muscular 37 0,18

Preparações antigotas 20 0,10

Fármaco para tratamento de doenças ósseas 5 0,02

Produtos tópicos para dor muscular 3 0,01

D

Emolientes e protetores 470 2,25

Antibióticos e quimioterápicos para uso dermatológico 295 1,41

Corticosteroides, preparações dermatológicas 269 1,29

Antifúngicos para uso dermatológico 166 0,79

Preparações para tratamento de feridas e úlceras 11 0,05

Antissépticos e desinfetantes 6 0,03

P

Anti-helmínticos 393 1,88

Ectoparasitoses, escabicidas, inseticidas e repelentes 85 0,41

Antiprotozoários 47 0,23

G

Antiinfecciosos ginecológicos e antissépticos 388 1,86

Hormônios sexuais e moduladores do sistema genital 123 0,59

Urológicos 2 0,01

H Corticosteroides para uso sistêmico 453 2,17

Terapia da tireóide 13 0,06

S Otológicos 10 0,05

Oftalmológicos 7 0,03

- Sem classificação ATC 550 2,63

Total 20.882 100,00 *Outros produtos para o trato alimentar e metabolismo: valor de frequência relativa (%) = 0,005%

Page 47: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

46

A dipirona foi o medicamento mais prescrito (18,69%). A hidroclorotiazida aparece

em 11,18% das receitas sendo o segundo mais prescrito (Tabela 7).

Tabela 7: Medicamentos mais prescritos nas unidades de ABS no município de Itaguaí-

RJ, junho a julho de 2017.

Medicamento n

Frequência em relação

ao nº de medicamentos

prescritos (%)

Frequência em relação

ao nº de receitas (%)

Dipirona 1402 6,71 18,69

Hidroclorotiazida 839 4,02 11,18

Ambroxol 821 3,93 10,94

Losartana 768 3,68 10,24

Ibuprofeno 758 3,63 10,10

Ácido Ascórbico 658 3,15 8,77

Paracetamol 641 3,07 8,54

Dexclorfeniramina 612 2,93 8,16

Ácido Acetilsalicílico 597 2,86 7,96

Sulfato Ferroso 592 2,83 7,89

Loratadina 569 2,72 7,58

Sinvastatina 565 2,71 7,53

Omeprazol 559 2,68 7,45

Metformina 493 2,36 6,57

Atenolol 470 2,25 6,26

Óxido de Zinco + Retinol

+ Colecalciferol 466 2,23 6,21

Diclofenaco 435 2,08 5,80

Amoxicilina 430 2,06 5,73

Enalapril 399 1,91 5,32

Nistatina 384 1,84 5,12

Demais Medicamentos 8424 40,34 -

Total 20882 100,00 -

Page 48: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

47

6. DISCUSSÃO

O conhecimento do padrão de prescrição com o emprego de indicadores, auxilia na

avaliação de serviços, incluindo a AF e é importante estratégia de organização para a gestão

em saúde. Desta forma, a interpretação dos resultados obtidos neste estudo, pode contribuir

para nortear ações que propiciem melhorias quanto ao URM.

Foram analisadas 7.502 receitas, com um total de prescrição de 20.882

medicamentos.

O número médio de medicamentos por receita foi de 2,78 (± 1,73 medicamento),

sendo que o número de medicamentos prescritos variou de mínimo de um ao máximo de 13.

As receitas da ESF apresentaram média maior de medicamentos prescritos por

receita, em relação às UBS, 2,86 (±1,87 medicamento) e 2,77 (± 1,70 medicamento)

respectivamente, mas esta diferença não foi estatisticamente significante.

Em estudo, sobre a AF no Brasil, realizado pela Organização Pan-americana de

Saúde (OPAS) em conjunto com a OMS e Ministério da Saúde, observou-se um valor médio

nacional de medicamentos por receita de 2,3 (OPAS, 2005). O valor de 2,78 também está

acima dos valores encontrados em outros estudos realizados em municípios brasileiros que

utilizaram metodologia semelhante, como: Blumenau/SC (1,8 medicamentos por receita)

(COLOMBO et al., 2004); Ribeirão Preto/SP (2,2 medicamentos por receita) (SANTOS;

NITRINI, 2004); Esperança/PB (2,4 medicamentos por receita) (PORTELA et al., 2012);

Feliz/RS (2,04 medicamentos por receita) (MORTARI; HENN; PANIZ, 2014). No entanto,

foi menor que o observado por Menezes, Domingues e Baisch (2009), em estudo realizado no

município de Bagé/RS, onde o número médio de medicamentos prescritos foi de 2,9

(MENEZES; DOMINGUES; BAISCH, 2009).

Diferenças quanto às características do sistema de saúde, perfil socioeconômico e de

morbimortalidade da população, dificultam conclusões quanto às diferenças encontradas para

este indicador (SANTOS; NITRINI, 2004).

A elevada média de medicamentos prescritos por receita, aumenta a probabilidade

do consumo desnecessário de medicamento e as chances de erros na administração. As

possíveis combinações farmacológicas representam potencial perigo, podendo elevar o risco

de iatrogenias, reações adversas, hospitalizações e até mesmo óbito. Pode ocorrer também

interferência na adesão ao tratamento (SECOLI, 2010; PORTELA et al., 2012; PEREIRA et

al., 2017).

Page 49: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

48

Um valor elevado para este indicador pode estar relacionado às significativas

alterações no perfil demográfico observado atualmente, com aumento da expectativa de vida e

morbimortalidade por doenças crônicas, que requerem tratamentos farmacológicos de longa

duração e, usualmente, a polifarmácia (PEREIRA et al., 2017). Soma-se ainda o fato dos

prescritores serem influenciados em razão da chamada “indústria da saúde” e o consequente

aumento processo de medicalização da sociedade (GADELHA, 2003; PAIS; MENEZES;

NUNES, 2016).

O número médio de medicamentos prescritos foi maior nas receitas feitas por

pediatras, nas UBS. Este resultado pode ser explicado pelo fato de que a maioria das receitas

dessa especialidade continha prescrição de medicamentos para uso "se necessário" como

analgésicos, antieméticos, fármacos para flatulência, além das preparações dermatológicas do

tipo emolientes e protetores (para uso diário na troca de fraldas, por exemplo). Em estudo,

Fegadolli, Mendes e Simões (2002), referiram média de 2,6 medicamentos em prescrições

pediátricas nas UBS analisadas.

Quanto à prescrição pela DCB, ela esteve presente em 74,38% dos medicamentos

prescritos. Entre as prescrições das unidades de ESF, foi maior a proporção de medicamentos

prescritos pelo o nome genérico (77,32%) quando comparadas às UBS (73,71%), uma

diferença estatisticamente significante.

Naves e Silver (2005) em pesquisa realizada no Distrito Federal/DF, obtiveram um

valor de 73,2%, e Portela e colaboradores, (2012) em Esperança/PB, constaram o valor de

74,6%. O valor de 74,38% encontrado é menor do que o valor de 84,2%, observado em um

estudo nacional (OPAS, 2005) e dos 86,8% em um município no sul de Santa Catarina

(SOUZA et al., 2012).

Ressalta-se que o uso da denominação genérica, em aquisições de medicamentos e

em todas as prescrições médicas e odontológicas no âmbito do SUS, é uma obrigatoriedade

legal (BRASIL, 1999), por conseguinte, o padrão considerado ideal para este indicador é

100%. A prescrição pela denominação genérica auxilia o processo de dispensação de

medicamentos, facilita a obtenção de informações aos usuários a respeito dos fármacos,

podendo influenciar na adesão à farmacoterapia e interfere positivamente no processo de

educação permanente dos prescritores.

É relevante considerar, no entanto, que os prescritores podem sofrer influência da

indústria farmacêutica e o seu marketing agressivo, que acabam levando à prescrições com o

nome comercial, além do fato de existirem disponível no mercado diversas apresentações para

Page 50: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

49

o mesmo princípio ativo e medicamentos com elevado número de associações. Medicamentos

de referência podem ser mais caros, e assim, inviabilizar o tratamento (MORTARI; HENN;

PANIZ, 2014; SANTOS; NITRINI, 2004).

Quanto a maior a proporção de medicamentos prescritos pela denominação genérica

na ESF (77,32%) quando comparadas às UBS (73,71%), este resultado está de acordo com o

obtido por Melo, Silva e Castro (2016), que também verificaram que a proporção do uso do

nome genérico em prescrições de ESF foi maior em relação às UBS, 98,9% contra 94,4%

respectivamente. A proposta da ESF é reorganizar as condutas tradicionais da ABS e isso

inclui incorporar conceitos e práticas de modo que a equipe de saúde se responsabilize

também pelo URM. Os prescritores da ESF costumam trabalhar sob regime de dedicação

exclusiva ao SUS (totalizando 40 horas semanais), facultando o comprometimento com as

políticas de saúde e suas normativas (ZANETTI; MARCHETTI; ANDRADE, 2017).

Tanto nas UBS quanto nas unidades de ESF, os dentistas foram a especialidade que

mais aderiu à prescrição pela denominação genérica (98,39% e 92,59%). Não foram

encontrados estudos que considerassem separadamente estes profissionais em relação aos

indicadores de prescrição, dificultando assim, uma possível comparação. Contudo, estes

resultados ficaram muito próximo ao recomendado.

A prescrição de medicamentos por dentista é regulamentada pela Lei 5.081, de 24 de

agosto de 1966 (BRASIL, 1966). Este profissional pode prescrever qualquer classe de

medicamento que tenha indicação comprovada em odontologia, requerendo além de

conhecimentos farmacológicos (inclusive sobre possíveis reações adversas, interações e

contraindicações), instruções sobre os aspectos regulamentários sobre o tema. Portanto, os

dentistas devem estar inseridos na discussão sobre o URM, principalmente no âmbito do SUS,

fomentando interesse dos gestores locais na educação continuada desses profissionais

(FIGUEIREDO, 2009).

Depois dos dentistas, os ginecologistas foram a especialidade que mais prescreveram

pela denominação genérica (82,88%) nas UBS. Os pediatras foram aqueles que menos

aderiram à prescrição por genéricos (64,69%). Não foi encontrada na literatura consultada,

algum fator que possa explicar esta diferença. Uma possibilidade é que os ginecologistas, em

termos de ABS, trabalhem, na prática clínica com um rol menor de medicamentos.

Constatou-se que 22,38% das receitas atendidas pelas unidades de ABS no município

de Itaguaí continham ao menos um antibiótico prescrito. Nas UBS, o valor do indicador foi de

Page 51: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

50

22,72% e nas unidades de ESF, 20,84%, não havendo diferença estatística entre os dois

serviços.

No estudo nacional coordenado pela OPAS (2005) o valor do indicador foi pouco

menos que o dobro do que o observado neste estudo (40,10%), o mesmo ocorrendo no

município de Bagé/RS, onde o valor foi de 41,8% (MENEZES; DOMINGUES; BAISCH,

2009). O valor do presente estudo, assemelha-se ao verificado em Ribeirão Preto/SP (21,3%)

(SANTOS; NITRINI, 2004); Ibiporã/PR (22,0%) (GIROTTO; SILVA, 2006) e Campina

Grande/PB (21,1%) (FARIAS et al., 2007). Trabalhos precursores realizados em outros

países, apresentaram uma variação de máximo (43,0%) e mínimo (29,0%) para este indicador

(OMS, 1993).

A não definição de valores padronizados dificulta a comparação entre os resultados

encontrados, que podem estar diretamente relacionados a fatores nosológicos locais,

características dos prescritores, dos serviços de saúde, da qualidade da assistência e da

atenção à saúde, incluindo ainda a impossibilidade do estabelecimento da seleção e indicação

do antibacteriano prescrito face ao diagnóstico do paciente, uma vez que seria necessário ter

acesso a outras fontes de dados, além da receita, a fim de estabelecer diagnóstico preciso

(ABRANTES et al., 2007; SANTOS; NITRINI, 2004).

O uso indiscriminado de antibióticos favorece o desenvolvimento de bactérias

multiressistentes. A resistência microbiana configura um emergente e importante problema de

Saúde Pública, pois as alternativas terapêuticas ficam cada vez mais restritas, comprometendo

a saúde do indivíduo doente, além de mais caras, dificultando o controle da doença e elevando

os custos do tratamento (BRAOIOS, 2013; PORTELA et al., 2012).

De acordo com Zimerman (2010), o mau uso desta classe de medicamento é o

principal responsável pela ocorrência de resistência, devendo ser esta problemática,

considerada a todo momento pelos prescritores que atuam na ABS. Estes profissionais lidam

com infecções de menor gravidade (nem sempre de etiologia bacteriana), que não necessitam

de antibióticos ou que curam facilmente com antimicrobianos mais comuns e com menor

potencial de indução de resistência (ZIMERMAN, 2010).

A porcentagem de antibióticos prescritos foi maior entre as receitas feitas pelos

pediatras, nas UBS (29,22%). Em Ribeirão Preto (SANTOS; NITRINI, 2004) a prescrição de

antibióticos também foi maior entre os pediatras (28,9%) quando comparada a outros

prescritores. Existem evidências de que no contexto da utilização de antimicrobianos, a

Page 52: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

51

especialidade médica que mais prescreve este grupo de medicamentos é a pediatria

(ABRANTES et al., 2007).

Em um estudo de base populacional, Berquó e colaboradores (2004), verificaram que

a utilização de antibióticos entre crianças de até quatro anos de idade foi quase 2,5 vezes

maior do que entre os adultos, havendo uma tendência de diminuição da utilização dessa

classe farmacológica à medida do aumento da faixa etária dos pesquisados. Um estudo

realizado no município de Sorocaba, em UBS, encontrou grande utilização na faixa etária de

0-10 anos (28,3%) que representou mais que o dobro de qualquer outra faixa etária estudada.

(DEL FIOL, et al., 2010).

O uso irracional de antibióticos para o tratamento de infecções respiratórias agudas

de etiologia viral é frequente e alguns fatores contribuem para este quadro: dificuldade para

diferenciar clinicamente infecções virais das bacterianas; a prática contestável de que o uso

profilático de antibióticos poderia evitar complicações, o desconhecimento sobre os possíveis

efeitos adversos associados ao uso inadequado (BRICKS, 2003).

De acordo com Rocha e colaboradores (2012), a prevalência de doenças infecciosas

na infância é maior sendo as infecções respiratórias as principais geradoras de atendimento

em pediatria na ABS e por este motivo, pacientes pediátricos consultam e recebem mais

antibióticos do que qualquer outro grupo etário. Porém, estima-se que apenas 5 a 13% dessas,

evoluam para infecção bacteriana secundária, e as otites e rinossinusites são as complicações

mais comuns (ROCHA, et al., 2012).

Nas unidades de ESF do município, entre as especialidades consideradas, as receitas

dos dentistas evidenciaram maior de proporção antibióticos prescritos. De fato, este grupo de

medicamentos está entre os mais receitados em odontologia, juntamente com os anti-

inflamatórios não esteróides (AINES) e os analgésicos (CARVALHO; BORGATTO; LOPES,

2010).

Devido à importância da questão da prescrição e uso de antibióticos, a ANVISA

publicou a RDC nº 20, de 05 de maio de 2011, que dispõe sobre o controle de medicamentos

antimicrobianos, estabelecendo e exigindo critérios sobre a prescrição, dispensação, retenção

da receita e sua validade nos estabelecimentos que dispensam estes produtos. Desta forma,

pode-se supor que tenha havido uma influência no comportamento dos prescritores no sentido

de aumentar a precaução quanto à prescrição de antibióticos (LIMA, et al., 2017).

Quanto ao Indicador de medicamentos prescritos pela Relação Municipal de

Medicamentos de Itaguaí de 2010 (REMUME-Itaguaí), o resultado foi de 85,56%. Este valor

Page 53: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

52

é semelhante aos obtidos nos municípios de Esperança/PB (PORTELA et al., 2012) e Distrito

Federal/DF (NAVES; SILVER, 2005), ambos com 85,3%. Porém, foi menor do que o

encontrado nos estudos realizados em Campina Grande/PB (91,9%) (FARIAS et al., 2007) e

em Salvador/BA (99%) (OLIVEIRA; XAVIER; ARAÚJO, 2012), mas superior ao verificado

em Ibiporã/PR (58,4%) (GIROTTO; SILVA, 2006). Para comparação, escolheu-se os estudos

que empregaram a REMUME como referência ao invés de lista de medicamentos

padronizados.

Segundo Lima-Dellamora, Caetano e Castro (2014), os conceitos e usos dos termos

'seleção' e 'padronização' são controversos no Brasil, o que pode influenciar sua compreensão

e realização. Há predomínio da ideia de padronização de medicamentos como ferramenta de

redução de custos, desunindo-se dos critérios de eficácia e segurança.

Quando comparadas às UBS, as prescrições da ESF apresentaram a maior proporção

de medicamentos que figuram na REMUME, 84,93% e 88,29% respectivamente. A

prescrição de medicamentos que constam da REMUME também foi superior entre os

profissionais da ESF (98,9%), quando comparada a UBS (95,6%) no estudo de Melo, Silva e

Castro (2016). Porém, foi diferente do encontrado por Zanetti, Marchetti e Andrade (2017),

onde os resultados para este indicador foram semelhantes nos dois modelos de atenção, 91,1%

nas UBS e 91% para ESF.

Dos profissionais da ESF, os dentistas apresentaram maior proporção de prescrição

de medicamentos que constam na REMUME, 98,77%. Um resultado que requereu especial

consideração foi o obtido para a especialidade medicina da família e comunidade onde o valor

do indicador foi de 76,43%. Ressalta-se que esta especialidade foi encontrada em apenas uma

unidade de ESF, sendo, portanto, um resultado pontual.

Profissionais da ESF geralmente possuem maior vínculo com a população atendida,

além de serem acostumados a trabalhar em equipe, aceitando com mais facilidade as

observações e solicitações de outros profissionais. Dessa forma, os prescritores possuem mais

chances de indicar medicamentos que são ofertados nas unidades de saúde, os quais estão

presentes na REMUME.

Imprescindível instrumento de ação no SUS, a adoção de relações de medicamentos

essenciais contribui para a promoção da qualidade da assistência, na medida que seleciona

produtos através de critérios de necessidade de saúde, eficácia, segurança, qualidade e custo.

A OMS, bem como as políticas de saúde brasileiras, indicam a seleção de medicamentos

essenciais como uma das diretrizes fundamentais para o URM (BRASIL, 1998).

Page 54: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

53

O indicador porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na REMUME,

determina o grau de adequação das práticas com a PNM, em função da tendência à prescrição

a partir desta (OMS,1993).

Não somente a adoção de uma relação de medicamentos essenciais, mas também a

existência de um programa institucional para sua divulgação, são instrumentos que promovem

o URM e devem fazer parte do gerenciamento de saúde dos municípios (CUNHA;

ZORZATTO; CASTRO, 2002). Dessa forma, espera-se que os prescritores e outros

profissionais de saúde tenham fácil acesso a REMUME.

Neste trabalho foi verificada a disponibilidade de cópias da REMUME em 55% dos

serviços de ABS do município. Este indicador avalia o grau de divulgação da REMUME entre

os profissionais, facilitando a adesão à prescrição de medicamentos selecionados e, portanto,

essenciais à população. Deste modo, concluiu-se que a relação é pouco difundida nas

unidades de ABS do município e em algumas das Unidades em que estava presente, não era

de fácil acesso ao prescritor, pois se encontravam na administração e na farmácia e não nos

consultórios, como é o recomendado. A REMUME 2016, foi encontrada em apenas um

serviço (unidade de ESF). Resultados semelhantes são encontrados em outros estudos, nos

quais se observa que a REMUME não estava disponível nas unidades de saúde avaliadas

(CUNHA; ZORZATTO; CASTRO, 2002; OLIVEIRA; XAVIER; ARAÚJO, 2012).

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Itaguaí-RJ, desde o ano 2000 registra

listagens de padronização de medicamentos como parâmetro de organização. Porém, em 2009

foi criada uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) com o propósito de iniciar o

processo de seleção de medicamentos, pautada nos produtos considerados básicos e

indispensáveis para atender as necessidades de saúde do município. Em 2010, foi publicada a

primeira relação de medicamentos essenciais, a REMUME - Itaguaí 2010.

Nesta relação, foram alocados os medicamentos utilizados na rede municipal de

saúde (ambulatorial e hospitalar), sendo 360 especialidades farmacêuticas e 14 preparações

antissépticas, desinfetantes e esterilizantes. Cada medicamento foi designado pela DCB ou

pela Denominação Comum Internacional (DCI), acompanhado de sua concentração ou dose e

forma farmacêutica.

Em 2017, o município apresentou a REMUME - Itaguaí 2016, tendo como

diferencial o incremento de 168 medicamentos incluindo aqueles que fazem parte do chamado

componente municipal (além do ambulatorial e hospitalar). De acordo com a SMS de Itaguaí,

os medicamentos pertencentes ao componente municipal, são definidos de acordo com a CFT,

Page 55: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

54

em conjunto com algumas áreas técnicas e trata-se de uma lista complementar de

responsabilidade de aquisição do município. A REMEME 2016 até o momento, não possui

versão impressa, estando disponível como anexo referente a ato da SMS, no jornal oficial do

município (edição extra n°576), publicado em 30 de junho de 2017.

A revisão da REMUME teve como justificativa a adequação desta junto às

necessidades de saúde atuais no município. De fato, a atualização da relação de medicamentos

essenciais está prevista como uma das diretrizes da PNM que diz: "no processo de atualização

[...] deverá ser dada ênfase ao conjunto dos medicamentos voltados para a assistência

ambulatorial, ajustado, no nível local, às doenças mais comuns à população, definidas

segundo prévio critério epidemiológico" (BRASIL, 1998).

Entende-se que a exclusão ou a inclusão de medicamentos é um processo complexo e

deve vir sempre acompanhado de análises críticas com base em evidências científicas de

qualidade, acrescida do perfil de utilização e de ponderação quanto aos gastos envolvidos. A

inobservância desses fatores dificulta a construção de uma relação de medicamentos

essenciais (MAGARINOS- TORRES et al., 2011). De acordo com Lima-Dellamora, Caetano

e Castro (2014), o exame superficial de prescrições ou pedidos de inclusão sem considerar os

diversos elementos envolvidos nesta etapa, pode comprometer a eficiência de todo o sistema.

Em relação à análise das prescrições quanto ao cumprimento da legislação sanitária,

espera-se que todas as informações estejam em 100% das prescrições, visto serem itens

obrigatórios. O processo prescricional envolve grandes desafios principalmente relacionados

à seleção dos medicamentos e transmissão das informações (OPAS/OMS, 2016) e depende

dos mais diversos fatores relacionados ao paciente, ao profissional de saúde, ao processo e

ambiente de trabalho, podendo resultar em diferentes desfechos.

Observou-se que o registro da identificação do paciente (nome completo) foi

satisfatório. Vale salientar que esta foi a única informação considerada (não foi verificada a

existência do endereço nas receitas coletadas). Este resultado equipara-se aos vistos em outros

estudos, que mostram que o nome do paciente estava presente em todas as prescrições

analisadas (BANDEIRA et al., 2015; VALADÃO et al., 2008; ZANETTI; MARCHETTI;

ANDRADE, 2017). A receita é um documento pessoal e intransferível e deve conter

informações específicas sobre o usuário, além de facilitar o contato após a dispensação em

caso de necessidade.

Em relação aos itens sobre o medicamento, verificou-se a ausência da

dose/concentração em 54,25% das receitas; a duração do tratamento em 58,82%; a forma

Page 56: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

55

farmacêutica em 24,99% e a posologia em 5,35% delas. Cabe ressaltar que, em um mesmo

medicamento prescrito ocorria, algumas vezes, a ausência de mais de uma dessas

informações. No trabalho realizado por Bandeira e colaboradores (2015), os resultados

referentes à ausência das variáveis legais exigidas (exceto a posologia) foram:

dose/concentração em 16,8% das prescrições analisadas; tempo do tratamento em 16,1%;

forma farmacêutica em 10,2%. Mastroianni (2009) observou ausência dos registros da forma

farmacêutica e posologia em 54,3% e 7,6% nas prescrições estudas, respectivamente.

A ausência da forma farmacêutica e da dose em uma prescrição, pode favorecer a

troca do medicamento e, portanto, erros de dispensação. Quanto à informação sobre a duração

do tratamento, sua falta pode acarretar a interrupção do tratamento antes do período indicado

e neste caso, considerando as prescrições de antimicrobianos, levar ao agravamento da

infecção e desenvolvimento de resistência microbiana (ABRANTES et al., 2007;

FRÖHLICH; DAL PIZOL; MENGUE, 2010).

As prescrições da especialidade pediatria se mostraram menos completas quanto à

presença dos itens verificados (Figura 5). Estudo realizado em Bagé/ RS com receitas

pediátricas oriundas da rede pública observou que a quase totalidade das informações estavam

presentes no conteúdo das prescrições: dose em 97,85%, intervalo de administração em 93,3%

e duração do tratamento em 87,5% (MENEZES; DOMINGUES; BAISCH, 2009).

Informações omitidas do conteúdo das prescrições representam um dos tipos mais

comuns de erros de medicação (BELELA; PEDREIRA; PETERLINI, 2011) e podem refletir

práticas que não são exclusivas do serviço público, mas que afetam também fortemente a

atuação dos profissionais quando na iniciativa privada. Todas estas situações, além de serem

claras infrações legais, acarretam em uso não racional do medicamento, com possíveis

consequências graves, tais como abandono do tratamento, reações adversas ao medicamento,

intoxicações, a progressão da doença, com complicações e possível óbito. Salienta-se que,

embora tal situação seja prejudicial a toda a população, pode ser ainda mais danosa para as

populações consideradas mais vulneráveis, como por exemplo, crianças, grávidas e idosos.

Todas as prescrições verificadas neste estudo foram manuscritas. Este fator pode

aumentar as chances da falta de dados imprescindíveis (além de obrigatórios) e contribuir para

o uso inadequado de medicamentos. Neste sentido, a implantação e utilização de sistema de

prontuário eletrônico, por meio do qual o profissional realiza a prescrição de medicamentos, é

de grande relevância, pois pode reduzir os erros humanos, facilitar o trabalho do prescritor e

proporcionar maior segurança ao paciente.

Page 57: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

56

Em 24 de novembro de 2016, foi publicada a Resolução nº 7, do Ministério da

Saúde, onde as esferas de governo, representadas pela Comissão Intergestores Tripartite,

definiram que o registro das informações relativas às ações da AB seja realizado por meio de

prontuário eletrônico do paciente. De acordo com esta resolução, caso os municípios não o

institucionalizassem no prazo de 10 de dezembro de 2016, haveria suspensão de

transferências de recursos financeiros para o componente variável do Piso da Atenção Básica

(PAB Variável), referente às eAB (BRASIL, 2016). Todavia, há de se considerar que

necessidades de investimentos, como melhorias na infraestrutura e custos de manutenção,

além de resistência cultural à mudança, são alguns dos fatores impeditivos que tornam mais

complexo a adoção de Tecnologias da Informação (TI) no setor saúde.

Ressalta-se que embora não tenham sido utilizadas na pesquisa, 500 (3%) do total de

receitas recolhidas estavam ilegíveis e 267 (2%), sem identificação do prescritor, também

importantes indicadores de não cumprimento de legislação. A questão de receitas que não se

consegue identificar o medicamento prescrito é um importante problema para o URM e

embora venha sendo discutido há muito tempo na área de saúde, ainda é uma dificuldade

recorrente (BANDEIRA et al., 2015).

A prescrição é um instrumento fundamental na promoção do URM quando

apresentada adequadamente, contribuindo para a dispensação apropriada, a administração

certa das doses, nos intervalos e tempo de tratamento corretos. Os problemas observados na

prescrição contribuem para a não adesão ao tratamento e dificultam a dispensação de

medicamentos no serviço de saúde. Prescrições incompletas podem levar ao

comprometimento do tratamento farmacoterapêutico e a erros de medicação, dificultando a

qualidade da assistência farmacêutica prestada ao usuário (ABRANTES et al., 2007;

BRASIL, 1998; MASTROIANNI, 2009).

Quanto à classificação pelo Sistema ATC, o grupo de medicamentos que atuam no

sistema cardiovascular (C) representou 21,14% das prescrições, seguido de 16,87% para o

trato Alimentar e metabolismo (A); 12,26% para o sistema respiratório (R); 11,25% para o

sistema nervoso (N) e 8,98% de anti-infecciosos para uso sistêmico (J). Outros estudos

também encontraram a classe terapêutica do cardiovasculares como a mais prescrita

(BANDEIRA et al., 2015; PORTELA et al., 2012).

O resultado é compatível com o fato de que atualmente, as doenças cardiovasculares

são as causas mais comuns de morbimortalidade em todo mundo, sendo os acidentes

vasculares cerebrais, cardiopatias e a hipertensão arterial, responsáveis por 15,9 milhões de

Page 58: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

57

óbitos por ano (RIBEIRO, A.; COTTA; RIBEIRO, S., 2012). No Brasil, a Hipertensão

Arterial Sistêmica (HAS) é um grave problema de Saúde Pública, com uma prevalência

estimada de 35% na população acima de 40 anos (BRASIL, 2006b; OPAS, 2003). De acordo

com o DATASUS, as doenças do aparelho circulatório estão entre as causas mais comuns de

internações e a primeira causa de óbitos no município de Itaguaí - RJ. (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2015).

Neste contexto, as mudanças nos padrões de morbimortalidade na população,

causados pelo o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, estabelecem novos

desafios para os gestores em saúde, para que suas ações tenham impacto na ocorrência dessas

doenças. Na perspectiva da prevenção de doenças e agravos, tornam-se fundamentais ações

que criem ambientes favoráveis à promoção da saúde e os serviços de AB, prioritariamente a

ESF, possuem papel crucial nesse processo (RIBEIRO, A.; COTTA; RIBEIRO, S., 2012).

A inserção do farmacêutico nos serviços de AB e na equipe multidisciplinar resulta

em desfechos positivos neste sentido, uma vez que a oferta de serviços farmacêuticos clínicos

busca a otimização dos processos da farmacoterapia e o vínculo terapêutico com os usuários,

de forma a garantir a continuidade e autonomia destes em relação ao seu cuidado (MELO;

CASTRO, 2017).

Os medicamentos mais prescritos foram apresentados (Tabela 7) conforme a DCB,

sendo a dipirona o fármaco mais prescrito, presente em 1.402 (18,69%) receitas.

A dipirona sódica é um derivado pirazolônico não narcótico utilizada como agente

analgésico e antipirético em pacientes adultos e pediátricos. Sua comercialização foi

mundialmente crescente até 1970, quando foram relatados casos graves de agranulocitose

(contagem dos leucócitos em níveis muito baixos) devido ao seu uso, sendo assim, proibida

em alguns países como os Estados Unidos. A agranulocitose causada pela dipirona, embora

rara, indica risco de morte ao paciente caso o tratamento com o fármaco não seja

interrompido. Anemia aplásica também foi descrita como uma discrasia sanguínea associada

ao uso da dipirona, (HEDENMALM; SPIGSET, 2002).

O efeito analgésico da dipirona e baixo custo levaram sua ampla utilização em países

da Europa e América do Sul (DALL’OLIO et al., 2003). No Brasil, a dipirona é um dos

analgésicos mais consumidos pela população, sendo muito utilizada por ser um medicamento

isento de prescrição (MIP), de menor preço e com diferentes apresentações farmacêuticas

(solução oral, injetável, comprimidos e supositórios) (KNAPPMANN; MELO, 2010).

Page 59: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

58

Ferreira e Lopes (2016), em estudo realizado em Sorocaba/SP, analisaram o uso de

analgésicos e anti-inflamatórios em pediatria e verificaram que a dipirona estava presente em

54,6% das prescrições e a dose da dipirona estava incorreta em 74,3% destas. Por fim,

concluíram que existem importantes discrepâncias entre a prática clínica e recomendações de

uso para esse grupo de medicamentos.

Vale ressaltar que não foi proposto para esse estudo a correlação da prescrição de

medicamentos à patologia apresentada pelo o paciente, uma vez que seria necessário revisar

outras fontes de dados, afim de estabelecer diagnóstico específico.

Page 60: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

59

7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O presente estudo apresentou algumas limitações, entre elas a obrigação da

dispensação de ao menos um dos medicamentos prescritos para obtenção da receita, pois

apenas nessa condição, a segunda via ficava retida nas farmácias das UBS, o que não permitiu

a avaliação dos indicadores de prescrição nas receitas não atendidas.

Entende-se que as limitações, que são inerentes a projetos que são desenvolvidos no

cenário de práticas, principalmente quando se trata da ABS, não invalidam os resultados

encontrados, podendo o trabalho, trazer importante contribuição para a discussão das Políticas

de Saúde e de Medicamentos no município de Itaguaí.

Page 61: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

60

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos de utilização de medicamentos são capazes de fornecer informações que

identificam a realidade local, de modo a subsidiar políticas de medicamentos com foco na

melhoria da qualidade da AF prestada. Neste sentido, o uso de indicadores é apropriado por

servir como medida para avaliação de serviços, consolidando-se como estratégia de (re)

organização para a gestão. Os indicadores de prescrição da OMS servem como instrumentos

para análises relacionadas ao URM, aspecto fundamental para a efetiva prestação de serviços

em saúde.

Quanto aos indicadores de prescrição considerados, o número médio de

medicamentos prescritos sinaliza disposição à polifarmácia e modelo medicalizado. O uso da

denominação genérica, não foi predominante nos serviços de ABS do município de Itaguaí. A

divulgação da REMUME se mostrou insuficiente nas unidades de ABS estudadas. A ausência

de informações fundamentais para a utilização segura de medicamentos apresentaram falhas

importantes no ato prescritivo. No geral, a análise dos indicadores de prescrição apresentaram

resultados melhores para a ESF.

Os indicadores utilizados neste estudo são entendidos como medidas de primeira

linha para estimular ações subsequentes, por isso não se impõe emitir juízo de valor para

conceituar a qualidade da AF municipal. No entanto, uma AF estruturada e consolidada,

viabiliza o acesso da população aos medicamentos essenciais, com uso racional. Para isso, os

planejamentos envolvendo as ações de AF devem ser considerados prioritários.

Nesta perspectiva, propõem-se: intervenções educativas com impacto na prescrição

pela DCB e de medicamentos que constem da REMUME; realização de um plano de

divulgação da relação de medicamentos essenciais nos serviços de saúde; desenvolvimento de

um guia farmacoterapêutico que oriente a prescrição e dispensação de medicamentos no

município; criação de programas de educação continuada junto aos prescritores que os

incentivem quanto à prescrição mais racional; desenvolvimento de pesquisas qualitativas com

o objetivo de avaliar fatores associados ao uso não racional de medicamentos; continuidade na

investigação desses indicadores a fim de determinar os efeitos de uma intervenção e

identificar mais facilmente as áreas prioritárias em que se deverão concentrar as medidas

futuras.

Este trabalho pode fornecer uma contribuição relevante para a AF em Itaguaí,

sobretudo no âmbito da ABS, uma vez que seus resultados são capazes de direcionar esforços

gerenciais e educativos com foco na promoção do URM. Logo, os dados obtidos com o

Page 62: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

61

presente estudo, assim como as propostas de ações no campo da AF, serão divulgados entre

os gestores e os profissionais de saúde do município através de um documento nos moldes de

nota técnica com o propósito de auxiliá-los no fomento e/ou aprimoramento de estratégias,

políticas e programas de saúde relacionados à utilização de medicamentos.

Page 63: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

62

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRANTES, Patrícia de Magalhães et al. Avaliação da qualidade das prescrições de

antimicrobianos dispensadas em unidades públicas de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil, 2002. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 95-104, jan. 2007.

ALBUQUERQUE, Verônica Maria Tavares de; TAVARES, Cybelle Alves. Avaliação de

indicadores de medicamentos: importância para a qualidade na prescrição médica. Rev.Bras.

Farm. Hosp. Serv. Saúde, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 31 -35, set./dez. 2011.

AQUINO, Daniela Silva de. Por que o uso racional de medicamentos deve ser prioridade?

Ciência & Saúde Coletiva, v. 13 (Sup), p. 733-736, 2008.

ARAÚJO, Aílson da Luz André de, et al. Perfil da assistência farmacêutica na atenção

primária do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.13 (Sup), p. 611-617,

2008.

BANDEIRA, Vanessa Adelina Casali et al. Análise das prescrições dispensadas em uma

unidade básica de saúde do município de Ijuí - RS. Saúde (Santa Maria), Santa Maria, v.41,

n.1, p. 229-238, jan./jul. 2015. [Periódico na internet]. Disponível em:

<https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/view/15553/pdf>. Acesso em 17 dez. 2017.

BELELA, Aline Santa Cruz; PEDREIRA, Mavilde da Luz Gonçalves; PERTELINI, Maria

Angélica Sorgini. Erros de medicação em pediatria. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 64, n. 3, p.

563-9, 2011.

BERQUÓ, Laura. S. et al. Utilização de antimicrobianos em uma população urbana. Rev

Saúde Pública, v. 38, n. 2, p. 239-46, 2004.

BRASIL. Lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966. Regula o exercício da Odontologia. Brasília

(DF): Diário Oficial da União; 24 de agosto de 1966.

Page 64: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

63

BRASIL. Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do

comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras

providências. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 19 de dezembro de 1973.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Título VIII da

Ordem Social, Capítulo II, Seção II, Arts.196 a 200. Brasília (DF): Senado Federal: Centro

Gráfico, 1988. 292 p.

______. Lei nº 8080/90, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços

correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 19 de

setembro de 1990a.

______. Lei nº 8142/90, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre a participação da

comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e as transferências

intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

Brasília (DF): Diário Oficial da União; 19 de setembro de 1990b.

______. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica - SUS 01/93: Portaria GM / MS

545, de 20 de maio de 1993. Brasília: Ministério da Saúde, 1993.

______. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica - SUS 01/96: Portaria GM / MS

2.203, de 05 de novembro de 1996. Brasília: Ministério da Saúde, 1996.

______. Ministério da Saúde. Portaria GM 3916 de 30 de outubro de 1998. Aprova a política

nacional de medicamentos. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 10 de novembro de 1998.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 344, de 12 de

maio de 1998. Aprova o regulamento técnico sobre substancias e medicamentos sujeitos a

controle especial. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 19 de maio de 1998.

Page 65: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

64

BRASIL. Lei nº 9.787 de 10 de fevereiro de 1999. Altera a lei nº 6.360, de 23 de setembro de

1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe

sobre a utilização de nomes Genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.

Brasília (DF): Diário Oficial da União; 10 de fevereiro de 1999.

______. Ministério da Saúde. Norma Operacional da Assistência à Saúde: Portaria GM / MS

373, de 27 de fevereiro de 2002. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

______. Ministério da Saúde. Resolução Conselho Nacional de Saúde (CSN) n° 338, de 06 de

maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica.Brasília (DF): Diário

Oficial da União; 20 de maio de 2004.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Assistência farmacêutica

na atenção básica: instruções técnicas para sua organização. 2ed. Brasília, 2006a.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde – (Cadernos de Atenção

Básica, n. 15), 2006b.

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece

diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de

Saúde (SUS). Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br> Acesso em: 21 nov. 2016.

______. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012a.

Aprova normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Disponívelem:<http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html> Acesso em:

21 nov. 2016.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Uso

racional de medicamentos: temas selecionados. Brasília: Ministério da Saúde 156 p.: il. –

(Série A. Normas e Manuais Técnicos), 2012b.

Page 66: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

65

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à

Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 112 p.: il. –

(Cadernos de Atenção Básica, n. 39).

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de

Medicamentos Essenciais: RENAME 2014. 9. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 228p.

______. Ministério da Saúde. Resolução nº 7, de 24 de novembro de 2016. Define o

prontuário eletrônico como modelo de informação para registro das ações de saúde na atenção

básica e dá outras providências. Diário Oficial da União; 28 de novembro de 2016.

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política

Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da

Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde,

2017.

BRAOIOS, Alexandre et al. Uso de antimicrobianos pela população da cidade de Jataí (GO),

Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v.18, n. 10, p. 3055-3060, 2013.

BRICKS, Lucia Ferro. Uso judicioso de medicamentos em crianças. Jornal de Pediatria; v.

79( Supl. 1), p. S107-114, 2003.

CANABARRO, Isabel Machado; HAHN, Siomara. Panorama da assistência farmacêutica na

saúde da família em município do interior do estado do Rio Grande do Sul. Epidemiol. Serv.

Saúde, Brasília, v. 18, n. 4, p. 345-355, out./dez. 2009.

CARMO, Thais Adriana do; NITRINI, Sandra Maria O. O. Prescrições de medicamentos para

gestantes: um estudo farmacoepidemiológico. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4,

p. 1004-1013, jul./ago. 2004.

Page 67: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

66

CARVALHO, Valéria Abrantes Pinheiro; BORGATTO, Adriano Ferreti; LOPES, Luciane

Cruz. Nível de conhecimento dos cirurgiões-dentistas de São José dos Campos sobre o uso de

anti-inflamatórios não esteróides. Ciência & Saúde Coletiva, v.15(Supl.1), p. 1773-1782,

2010.

CASTRO, Claudia Garcia Serpa Osorio de (coord.) et al. Estudos de Utilização de

Medicamentos: Noções Básicas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000.

CASTRO, Claudia Garcia Serpa Osorio de (org.) Assistência farmacêutica: gestão e prática

para profissionais de saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014. Organizado por Claudia

Garcia Serpa Osorio de Castro et al.

COLOMBO, Daniela et al. Padrão de prescrição de medicamentos nas unidades de programa

de saúde da família de Blumenau. Rev. Bras. Cienc. Farm, v. 44, n. 4, p. 549-558, out./dez.

2004.

COSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução nº 271 de 12 de julho de

2002. Regulamenta as ações dos enfermeiros na consulta, prescrição de medicamentos e

requisição de exames. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br> Acesso em: 07 dez. 2016.

CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF). Resolução nº 357 de 20 de abril de 2001.

Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia. Disponível

em:<http://www.cff.org.br> Acesso em: 05 jan. 2018.

COSTA, Karen Sarmento et al. Utilização de medicamentos e fatores associados: um estudo

de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio

de Janeiro, v. 27, n. 4, p. 649-658, abr. 2011.

DAL PIZZOL, Tatiane da Silva. et al. Adesão a listas de medicamentos essenciais em

municípios de três estados brasileiros. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 4, p. 827-

836, abr. 2010.

Page 68: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

67

DALL’OLIO, Giancarlo et al. Agranulocitose induzida por dipirona. Rev. Bras. Med, v. 60, n.

9, p. 693-700, 2003.

DEL FIOL, Fernando de Sá et al. Perfil de prescrições e uso de antibióticos em infecções

comunitárias. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 43, n. 1, p. 68-72,

jan./fev. 2010.

ESHER, Angela; COUTINHO, Tiago. Uso racional de medicamentos, farmaceuticalização e

usos de metilfenidato. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 8, p. 2571-2580, 2017.

FARIAS, Andrezza Duarte et al. Indicadores de prescrição médica nas unidades básicas de

Saúde da Família no município de Campina Grande, PB. Rev Bras Epidemiol. v. 10, n. 2, p.

49-56, 2007.

FEGADOLLI, Claudia; MENDES, Iranilde José Messias; SIMÕES, Maria Jacira Silva.

Avaliação da prescrição médica em pediatria, baseada nos indicadores do uso de

medicamentos selecionados pela OMS em município do interior do estado de São Paulo. Rev.

Bras. Cienc. Farm. v. 23, n. 2, p. 239-54 , 2002.

FERNANDES, Léia Cristiane; L.; BERTOLDI, Andréa D.; BARROSI, Aluísio J. D.

Utilização dos serviços de saúde pela população coberta pela Estratégia de Saúde da Família.

Rev Saúde Pública. v. 43, n. 4, p. 595-603, 2009.

FERREIRA, Tania R.; LOPES, Luciene C. Analysis of analgesic, antipyretic, and

nonsteroidal anti-inflamatory drug use in pediatric prescriptions. J. Pediatr (Rio J). v. 92, n. 1,

p. 81-87, 2016.

FIGUEIREDO, Renata Rodrigues de. Uso racional de medicamentos na odontologia:

conhecimentos, percepções e práticas. Salvador, 2009. 106 f. Dissertação. (mestrado em

Saúde Pública) - Instituto de Saúde Coletiva. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.

Page 69: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

68

FIGUERAS, Albert; VALLANO, Antonio; NARVÁEZ, Edgar. Fundamentos metodológicos

de los EUM. Una aproximación práctica para estudios en ámbito hospitalario. Managua:

Ministerio de Salud de Nicaragua; 2003.

FRÖHLICH, Samanta Etges; DAL PIZOL, Tatiana da Silva; MENGUE, Sotero Serrate.

Instrumento para avaliação do nível de conhecimento da prescrição na atenção primária. Rev

Saúde Pública, v. 44, n. 6, p.1046-54, 2010.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Instituto de comunicação e informação

científica e tecnológica em saúde/Sistema Nacional de Informações Tóxico- farmacológicas.

Dados de intoxicação. Evolução dos casos registrados de intoxicação humana por agente

tóxico; Óbitos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e circunstância. Brasil,

2013. Disponível em: <http://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-nacionais>. Acesso em: 11 nov.

2016

GADELHA, Carlos Augusto Grabois. O complexo industrial da saúde e a necessidade de um

enfoque dinâmico na economia da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, p. 521-535,

2003.

GIL, Célia Regina Rodrigues. Atenção primária, atenção básica e saúde da família: sinergias e

singularidades do contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p.

1171-1181, jun. 2006.

GIROTTO, Edmarlon; SILVA, Poliana Vieira da. A prescrição de medicamentos em um

município do Norte do Paraná. Rev Bras Epidemiol, v. 9, n. 2, p. 226-34, 2006.

GOMES, Vanessa Pereira; SILVA, Marcus Tolentino; GALVÃO, Taís Freire. Prevalência do

consumo de medicamentos em adultos brasileiros: uma revisão sistemática. Ciência & Saúde

Coletiva, v. 22, n. 8, p. 2609-2614, 2017.

GUTTIER, Marília Cruz et al. Percepção, conhecimento e uso de medicamentos genéricos no

Sul do Brasil: o que mudou entre 2002 e 2012? Cad. Saúde Pública, v. 32, n. 7, jul. 2016.

Page 70: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

69

HARZHEIM, Erno; LIMA, Karine Margarites; HAUSER, Lisiane. Reforma da Atenção

Primária à Saúde no Rio de Janeiro- Avaliação dos primeiros três anos de Clínicas da

Família. Pesquisa avaliativa sobre aspectos de implantação, estrutura, processo e resultados

das Clínicas da Família na cidade do Rio de Janeiro. Porto Alegre, RS: OPAS, 2013.

HEDENMALM, Karin; SPIGSET, Olav. Agranulocytosis and other blood dyscrasias

associated whit dipyrone (metamizole). European Journal of Clinical Pharmacology, v. 58, n.

4, p. 265-274, 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Informações

Estatísticas. Panorama ano 2017. Disponível em:

<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/itaguai/panorama> Acesso em: 01 fev. 2018.

______. Produto Interno Bruto dos Municípios. Base de dados ano 2015. Disponível em:

<https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/contas-nacionais/9088-produto-

interno-bruto-dos-municipios.html?&t=downloads> Acesso em: 01 fev. 2018.

ITAGUAÍ (Município). Estado do Rio de Janeiro, Prefeitura Municipal de Itaguaí, Secretaria

Municipal de Fazenda. Lei nº 3.173 de, 03 de outubro de 2013. Dispõe sobre o Plano

Plurianual de Governo do Município para o quadriênio 2014/2017.

______.Relação Municipal de Medicamentos Essenciais 2016. Jornal Oficial de Itaguaí-RJ,

Edição nº 576, 30 de junho de 2017. Disponível em: <http://www.itaguai.rj.gov.br/jornal-

oficial.php> Acesso em: 02 jan. 2018.

KNAPPMANN, André Leandro; MELO, Eduardo Borges de. Qualidade de medicamentos

isentos de prescrição: um estudo com marcas de dipirona comercializadas em uma drogaria

em Cascavel (PR, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva, v. 15 (Sup. 3), p. 3467-3476, 2010.

LIMA, Marina Guimarães et al. Indicadores relacionados ao uso de medicamentos e seus

fatores associados. Rev Saúde Pública, v. 51( Supl. 2), p. 23s, 2017.

LIMA-DELLAMORA, Elisangela Costa; CAETANO, Rosângela; CASTRO, Claudia Garcia

Serpa Osorio de. Seleção ou padronização? Erros e acertos que podem (des)orientar o

Page 71: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

70

processo de escolha de medicamentos essenciais. Rev. Bras.Farm., v. 95, n. 1, p. 415-435,

2014.

MAGALHÃES, Patrícia Lima. Programa de saúde da família: uma estratégia em

construção. Belo Horizonte, 2011. 38f. Monografia (Especialização em atenção básica

e saúde da família) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2011.

MAGARINOS- TORRES, Rachel et al. Vivenciando a Seleção de medicamentos em hospital

de ensino. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 35, n. 1, p. 77-85, 2011.

______. Adesão às Listas de Medicamentos Essenciais por Médicos Brasileiros em Atuação

no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 38, n. 3, p. 323-330,

2014a.

______. Medicamentos essenciais e processo de seleção em práticas de gestão da Assistência

Farmacêutica em estados e municípios brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 9, p.

3859-3868, 2014b.

MARIN, Nelly. (org.) et al. Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de

Janeiro: OPAS/OMS, 2003. 373p. Organizado por Nelly Marin et al.

MASTROIANNI, Patrícia de Carvalho. Análise dos aspectos legais das prescrições de

medicamentos. Rev Ciênc Farm Básica e Apl. v. 30, n. 2, p. 173-176, 2009.

MELO, Daniela Oliveira de; RIBEIRO, Eliane; STORPIRTIS, Sílvia. A importância e a

história dos estudos de utilização de medicamentos. Rev. Bras. Cienc. Farm. São Paulo, v. 42,

n. 4, p. 475-485. dez. 2006.

MELO, Daniela Oliveira de; SILVA, Sílvia Regina Ansaldi da; CASTRO, Lia Lusitana

Cardozo de. Avaliação de indicadores de qualidade de prescrição de medicamentos em uma

unidade de atenção primária com diferentes modelos de atenção. Epidemiol. Serv. Saúde,

Brasília, v. 25, n. 2, p. 259-270, abr./jun. 2016.

Page 72: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

71

MELO, Daniela Oliveira de; CASTRO, Lia Lusitana Cardozo de. A contribuição do

farmacêutico para a promoção do acesso e usos racional de medicamentos essenciais no SUS.

Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 1, p. 235-244, 2017.

MELLO, Guilherme Arantes; FONTANELLA, Bruno José Barcellos; DEMARZO, Marcelo

Marcos Piva. Atenção básica e atenção primária à saúde - origens e diferenças conceituais.

Rev. APS, v. 12, n. 2, p. 204-213, abr./jun. 2009.

MENDES, Eugênio Vilaça. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-

Americana da Saúde (OPAS), 2011. 549 p.

MENEZES, Ana Paula Simões; DOMINGUES, Marlos Rodrigues; BAISCH, Ana Luiza

Muccillo. Understanding of pediatric antimiocrobial prescriptions among health units in

southern brazil city. Rev. Bras. Epidemiol. v. 12, n. 3, p. 478-89, 2009.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Serviços farmacêuticos

na atenção básica à saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2014.

______. DataSUS. Informações em Saúde. Estatísticas vitais. Mortalidade geral por capítulo

CID- 10 segundo município. Período: 2015. Itaguaí:RJ. Disponível em:

<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10rj.def > Acesso em: 01 mar. 2018.

______. DataSUS. Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES.

Estabelecimentos por tipo. Quantidade por Tipo de Estabelecimento segundo Município.

Município: Itaguaí. Tipo de Gestão: Municipal Período: Set/2016.

Disponívelem:<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?cnes/cnv/estabrj>. Acesso em: 09

nov. 2016.

MORTARI, Caroline; HENN, Ruth Liane; PANIZ, Vera Maria Vieira. Avaliação dos

indicadores de prescrição e dispensação de medicamentos no município de Feliz/RS. Rev.

Bras. Farm., v. 95, n. 3, p. 833-854, 2014.

Page 73: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

72

NAVES, Janeth de Oliveira Silva; SILVER, Lynn Dee. Evaluation of pharmaceutical

assistance in public primary care in Brasília, Brazil. Rev. Saúde Pública, v. 39, n. 2, p. 223-

30, 2005.

OLIVEIRA, Camila Alves Paes de; et al. Caracterização dos medicamentos prescritos aos

idosos na Estratégia de Saúde da Família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 5, p.

1007-1016, mai. 2009.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Como investigar el uso de medicamentos

en los servicios de salud. Indicadores selecionados del uso de medicamentos. DAP. 93.1,

1993.

______. Guia para a boa prescrição médica. Porto Alegre: Artmed, 1998. 124p.

______. Seleción de medicamentos esenciales. Perspectivas políticas sobre medicamentos de

la OMS, v. 4, p. 1-6, 2002.

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Doenças crônico-degenerativas

e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília:

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2003.

______. Servicios farmacéuticos basados en la atención primaria de salud. Documento de

posición de la OPS/OMS. Washington, DC: OPS, 2013.

______. Avaliação da Assistência Farmacêutica no Brasil. Brasília: Organização Pan-

Americana da Saúde, Brasil, Ministério da Saúde, 2005. Organização Pan-Americana da

Saúde, Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde.

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE/ ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA

SAÚDE (OPAS/OMS). Uso Racional de Medicamentos: fundamentação em condutadas

terapêuticas e nos macroprocessos da Assistência Farmacêutica. Prescrição: o que levar em

conta?, v. 1, n 14, Brasília, ago. 2016.

Page 74: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

73

OLIVEIRA, Neemias Santana da Conceição; XAVIER, Rosa Malena Fagundes; ARAÚJO,

Patrícia Sodré de. Análise do perfil de utilização de medicamentos em uma unidade de saúde

da família, Salvador, Bahia. Rev Ciênc Farm. Básica Apl., v. 33, n. 2, p. 283-289, 2012.

PAIS, Sofia Castanheira; MENEZES, Isabel; NUNES, João Arriscado. Saúde e escola:

reflexões em torno da medicalização da educação. Cad. Saúde Pública., v. 32, n. 9, p. 1-10,

set. 2016.

PEREIRA, Karine Gonçalves et al. Polifarmácia em idosos: um estudo de base populacional.

Rev. Bras. Epidemiol., v. 20, n. 2, p. 335-344, abr./jun. 2017.

PINHEIRO, Roseni et al. Apoio regional no estado do Rio de Janeiro, Brasil: um relato de

experiência. Comunicação Saúde Educação, v. 18 (Supl 1), p. 1125-33, 2014.

PORTELA, Alyne da Silva et al. Indicadores de prescrição e de cuidado ao paciente na

atenção básica do município de Esperança, Paraíba, 2007. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v.

21, n. 2, p. 341-350, abr./jun. 2012.

RIBEIRO, Amanda Gomes; COTTA, Rosângela Minardi Mitre; RIBEIRO, Sônia Machado

Rocha. A promoção da saúde e a prevenção integrada dos fatores de risco para doenças

cardiovasculares. Ciência & Saúde Coletiva, v.17, n. 1, p. 7-17, 2012.

ROCHA, Maria Carolina. P. da., et al. Perfil de prescritores e prescrição de antimicrobianos

nas infecções das vias aéreas superiores em pediatria. Rev Paul Pediatr, v.30, n.4, p. 471-478,

2012.

ROZENFELD, Suely; VALENTE, Joaquim. Estudos de utilização de medicamentos –

considerações técnicas sobre coleta e análise de dados. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.

13, n. 2, p. 115 - 123, 2004.

SANTOS, Vania dos. Indicadores selecionados do uso de medicamentos – OMS, no

município de Ribeirão Preto – SP. São Paulo, 1999. 110 f. Tese. (Doutorado em Saúde

Pública) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

Page 75: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

74

SANTOS, Vania dos; NITRINI, Sandra M. Ottati Oliveira. Indicadores do uso de

medicamentos prescritos e de assistência ao paciente de serviços de saúde. Rev. Saúde

Pública, v. 38, n. 6, p. 819-826, 2004.

SECOLI, Silvia Regina. Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de medicamentos

por idosos. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 63, n. 1, p. 136-140, 2010.

SOUZA, Juliana Medeiros de; et al. Avaliação dos indicadores de prescrição e da demanda

atendida de medicamentos no Sistema Único de Saúde de um município do Sul de Santa

Catarina. Rev Ciênc Farm Básica Apl., v. 33, n. 1, p. 107-113, 2012.

SCLIAR, M. História do conceito de saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.

17, n. 1, p. 29-41, 2007. [Periódico na internet]. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018.

VALADÃO, Analina Furtado et al. Estudos das prescrições de medicamentos nas unidades

básicas de saúde de Coronel Fabriciano - MG, quanto aos preceitos legais. Rev. Bras. Farm.,

v. 89, n. 4, p. 298-301, 2008.

VASCONCELOS, Daniela Moulin Maciel de., et al. Política Nacional de Medicamentos em

retrospectiva: um balanço de (quase) 20 anos de implementação. Ciência & Saúde Coletiva,

v. 22, n. 8, p. 2609-2614, 2017.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO Expert Committee on the selection of

essential drugs. The selection of essential drugs: first report of the WHO Expert Committee.

Genebra: WHO, 1977. Technical Report Series nº 615. Genebra: WHO, 1977.

______. The rational use of drugs: report of the conference of experts. Nairobi, 1985 Jul. 25-

29. Geneva: WHO, 1987.

______. Global partnerships for health. WHO drug information, v. 13, n. 2, p. 61-64, 1999.

Page 76: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

75

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Promoting rational use of medicines: core

components Policy and Perspectives on medicine n. 5 Document WHO/EDM/2002.3.

Geneva: WHO, 2002.

______. WHO expert committee on the selection of essential drugs. The Selection and Use of

Essential Medicines - Report of the 21st WHO Expert Committee, 2017.

______. Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. Anatomical Therapeutic

Chemical ATC/DDD Index, 2018. Disponível em: <http:// www.whocc.no/atc_ddd_index>

Acesso em: 22 jan. 2018.

ZANETTI, Maria Olivía Barbosa; MARCHETTI, Juliana Maldonado; ANDRADE, Regina

Célia Garcia de. Adequação da prescrição de medicamentos na Atenção Primária à Saúde de

Ribeirão Preto-SP: estudo transversal. Rev. Bras. Med. Fam. Comunidade, v.12, n. 39, p. 1-

11, 2017.

ZIMERMAN, Ricardo Ariel. Uso indiscriminado de antimicrobianos e resistência

microbiana. In: Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados. Brasília. Ministério da

Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Tecnologias da

Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial da Saúde, 2010, n. 3, p. 3-11.

Page 77: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

76

10. APÊNDICE

10.1. Apêndice 1: Formulário para coleta do indicador disponibilidade de cópias da Relação

Municipal de Medicamentos Essenciais nas unidades de Atenção Básica de Saúde no

município de Itaguaí- RJ.

Page 78: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

77

10.2 Apêndice 2: Nota Técnica para apresentação dos resultados do projeto de pesquisa

e propostas de ações para a Assistência Farmacêutica do município de Itaguaí, RJ.

ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM UNIDADES DE

ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ -RJ

NOTA TÉCNICA

Referência: Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal

Fluminense para obtenção do título de mestre no Programa de Pós-Graduação em

Administração e Gestão da Assistência Farmacêutica.

Área: Saúde. Uso Racional de Medicamentos.

Objetivo: Apresentação dos resultados do projeto de pesquisa intitulado “Análise das

prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica à saúde, no município de

Itaguaí- RJ” e propostas de atuações para a Assistência Farmacêutica no campo utilização de

medicamentos.

Destinação: Coordenação da Assistência Farmacêutica Municipal. Gestão local. Secretaria

Municipal de Saúde.

1. INTRODUÇÃO

A execução das ações de Assistência Farmacêutica (AF) está incluída no campo de

atuação do Sistema Único de Saúde (SUS). A AF envolve atividades que têm como propósito

fundamental a promoção do acesso e uso racional de medicamentos (URM). É parte

indissociável do sistema de atenção à saúde, no qual a qualidade do uso de medicamentos está

associada à qualidade do serviço de saúde e aos elementos para a avaliação desta (ARAÚJO

et al., 2008; BRASIL, 2004; BRASIL, 1990).

Os requisitos para o URM são muito complexos e envolvem uma série de eventos e

atores sociais: pacientes, profissionais de saúde, legisladores, formuladores de políticas

públicas, indústria, comércio, governo (CASTRO et al., 2000). Em um esforço para promover

o URM, a Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu os indicadores selecionados do

uso de medicamentos, como uma maneira de descrever e avaliar aspectos da assistência em

saúde. Estes indicadores foram desenvolvidos para quantificar o desempenho em três grandes

áreas relacionadas ao uso de medicamentos na Atenção Básica a Saúde (ABS): práticas de

prescrição, assistência ao paciente e fatores específicos do serviço (OMS, 1993).

Page 79: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

78

Os Indicadores de Prescrição recomendados pela OMS mensuram as tendências

gerais de prescrição dentro de um determinado ambiente e incluem: número médio de

medicamentos por consulta; porcentagem de medicamentos prescritos pela denominação

genérica; porcentagem de prescrições com antibióticos; porcentagem de prescrições com

medicamento injetável; porcentagem de medicamentos prescritos que figuram em relação ou

formulário de medicamentos essenciais (OMS, 1993).

No Brasil, a ABS é a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a

rede de serviços em saúde, e as Unidades Básicas, desempenham um papel essencial neste

contexto. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é considerada como estratégia de expansão,

qualificação e consolidação da ABS, pois fortalece seus princípios, diretrizes e fundamentos,

além de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde das pessoas e coletividades

(BRASIL, 2017).

No município de Itaguaí - RJ vem ocorrendo transformações na sua dinâmica

econômica, geográfica e populacional, estimuladas pelos investimentos realizados em

algumas áreas específicas. Estas mudanças provocam alterações conceituais e operacionais no

sistema de atenção à saúde do município. No que diz respeito à Assistência Farmacêutica,

observa-se interesse para a sua reformulação bem como para a implantação de novas

diretrizes, requerendo dos gestores, esforços com a estruturação e qualificação dos serviços

farmacêuticos.

Neste sentido, surgem empenhos para ações de promoção do URM, incluindo

aquelas que considerem sua eficácia, segurança e custo, bem como a prescrição apropriada, a

disponibilidade oportuna, a dispensação em condições adequadas e a utilização pelo usuário

de forma efetiva.

Os estudos de utilização de medicamentos funcionam como ferramentas oportunas

para conhecer o perfil de utilização dos medicamentos em diferentes contextos, de modo a

prover informações que possibilitem intervenções com vistas à promoção do uso racional de

medicamentos. As informações podem, por exemplo, fundamentar o processo de seleção de

medicamentos essenciais, que são aqueles que satisfazem as necessidades prioritárias de

atenção à saúde da população.

Assim, o conhecimento de indicadores selecionados do uso de medicamentos permite

a observação de características importantes do serviço de saúde, evidenciando aspectos

específicos e possibilita propostas que embasem futuras ações de planejamento estratégico e

gerenciamento, principalmente no âmbito da AF.

Page 80: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

79

O objetivo desta nota técnica é o de divulgar entre os gestores e os profissionais de

saúde do município, os resultados obtidos no estudo: “Análise das prescrições de

medicamentos em unidades de atenção básica à saúde, no município de Itaguaí- RJ”, assim

como sugerir propostas de ações para a Assistência Farmacêutica, com o propósito no

fomento e/ou aprimoramento de estratégias, políticas e programas de saúde relacionados à

utilização de medicamentos.

2. METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO

Estudo transversal retrospectivo, com coleta de dados secundários, que consistiu no

cálculo e análise dos indicadores de prescrição e de serviço preconizados pela OMS, nas UBS

e unidades de ESF no município de Itaguaí/RJ, assim como a avaliação do preenchimento da

receita, quanto aos aspectos legais. Foram coletadas em todas as 10 UBS, as segundas vias

das receitas da UBS de origem, e daquela unidade de ESF em que esta ficava responsável em

fazer a dispensação de medicamentos. Os critérios de inclusão foram: receitas legíveis,

realizadas por médicos ou dentistas, que apresentaram o carimbo e assinatura do profissional

e que estavam com a data de prescrição dos meses de junho e julho de 2017. Receitas de

outros serviços, tais como hospital municipal, Unidade de Pronto Atendimento entre outros,

foram critérios de exclusão.

Ainda, foram analisados os seguintes parâmetros: origem da receita (UBS ou ESF);

especialidade do prescritor (clínico geral, pediatra, ginecologista, médico de família, dentista) e

presença nas receitas de itens técnicos obrigatórios (identificação do paciente,

dose/concentração, forma farmacêutica, posologia, duração do tratamento) em consonância

com as normativas sanitárias (Lei Federal nº 5. 991 de 17 de dezembro de 1973 e Resolução

CFF n.º 357, de 20 de abril de 2001). Para a investigação da disponibilidade de cópias da

Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), visitaram-se 20 unidades de

Atenção Básica do município.

O projeto de pesquisa foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Saúde de

Itaguaí, RJ e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal

Fluminense - Hospital Universitário Antônio Pedro, sendo aprovado pelo CAAE

65893217.7.0000.5243 parecer n° 2.086.576. O início da coleta de dados só foi realizado após

aprovação do CEP e da anuência do Secretário Municipal de Saúde de Itaguaí - RJ atendendo

as exigências da Resolução nº. 466 de 12 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012).

Page 81: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

80

3. RESULTADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Foram coletadas todas as receitas (segunda via) recebidas para atendimento entre 01

de junho a 31 de julho de 2017 nas farmácias das unidades selecionadas, totalizando 14.511

receitas. De acordo com os critérios definidos para o estudo, foram utilizadas 7.502 receitas.

Figura 1. Coleta de dados e receitas utilizadas para análise dos indicadores de

prescrição nas unidades de Atenção Básica no município de Itaguaí- RJ, 2017.

Das 7.502 receitas analisadas, foram prescritos um total de 20.882 medicamentos. O

número médio de medicamentos por receita foi de 2,78 (± 1,73 medicamento), sendo que o

número de medicamentos prescritos variou de 1 a 13.

As receitas da ESF continham um maior número médio de medicamentos prescritos

em relação às UBS, 2,86 (±1,87 medicamento) e 2,77 (± 1,70 medicamento) respectivamente.

No município, 74,38% dos medicamentos foram prescritos pela denominação

genérica. Entre as prescrições das unidades de ESF, foi maior a proporção de medicamentos

prescritos pelo o nome genérico (77,32%) quando comparadas às UBS (73,71%).

A porcentagem de receitas em que há prescrição de antibióticos foi de 22,38%. Para

as UBS, a proporção de receitas que continham ao menos um antibiótico foi de 22,72%, e das

unidades de ESF foi 20,84%.

Em relação à porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na REMUME, o

resultado foi de 85,56%. Quando comparadas às UBS (84,93%), as prescrições da ESF

apresentaram a maior proporção (88,29%).

Quanto à verificação da disponibilidade de cópias da REMUME, 55% dos serviços

de saúde de AB dispunham de cópias da relação. Destes, 5 eram UBS e 6 eram unidades de

ESF. As cópias da REMUME na maioria das vezes foram encontradas nos consultórios dos

7502

52% 5537

38%

705

5%

500

3%

267

2%

Receitas incluídas

Outros serviços

Outros meses / Sem

data

Ilegível

Page 82: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

81

médicos e dentistas, acessíveis aos prescritores. Em três unidades (UBS), elas estavam

localizadas unicamente na sala da administração e na farmácia. Apenas em um serviço

(unidade de ESF) foi verificado a presença da nova relação recém publicada, a REMUME

2016.

Quanto aos aspectos legais obrigatórios, verificou-se principalmente a ausência da

informação sobre a duração do tratamento em 58,82% das prescrições analisadas, seguido da

dose/concentração do medicamento 54,25%. A forma farmacêutica constava em 75,01% das

prescrições e a posologia em 94,65% destas.

Figura 2: Distribuição dos itens apontados como obrigatórios pela legislação vigente nas prescrições

de medicamentos. Unidades de ABS, município de Itaguaí- RJ, junho a julho de 2017.

O grupo de medicamentos que atuam no Sistema Cardiovascular (diuréticos, anti-

hipertensivos, fármacos para hiperlipidemia, por exemplo) representaram 21,14% das

prescrições, sendo os mais prescritos seguido pelo grupo de medicamentos que atua no Trato

Alimentar e Metabolismo (16,87% das prescrições). Neste grupo estão presentes fármacos

para distúrbios relacionados a ácido, diabetes e as vitaminas. Os anti-histamínicos para uso

sistêmico e preparações para tosse e resfriado foram os mais encontrados quando tratou-se do

Sistema Respiratório (12,26% das prescrições). Em relação ao Sistema Nervoso (11,25%), os

analgésicos foram os mais prescritos. Por fim, a classe dos medicamentos Anti-infecciosos

para uso sistêmico representou 8,98% das prescrições sendo os antibacterianos para uso

sistêmico os mais presentes.

Page 83: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

82

4. PROPOSTAS PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA – PROMOÇÃO DO

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Os indicadores utilizados neste estudo são entendidos como medidas de primeira

linha para estimular ações subsequentes, por isso não se impõe emitir juízo de valor para

conceituar a qualidade da AF municipal. No entanto, uma AF estruturada e consolidada,

viabiliza o acesso da população aos medicamentos essenciais, com uso racional.

O conhecimento do padrão de prescrição por meio do emprego de indicadores auxilia

na avaliação de serviços, incluindo a AF e consiste em estratégia de organização para gestão

em saúde. Desta forma, a interpretação dos resultados obtidos neste estudo, pode contribuir no

sentido de nortear ações que propiciem melhorias quanto ao uso racional de medicamentos.

Quanto aos resultados observados, o número médio de medicamentos prescritos

sinaliza disposição à polifarmácia. O uso da denominação genérica, não foi predominante nos

serviços de ABS do município de Itaguaí. A divulgação da REMUME se mostrou insuficiente

nas unidades estudadas. A ausência de informações fundamentais para a utilização segura de

medicamentos demonstrou falhas importantes no ato prescritivo. No geral, a análise dos

indicadores de prescrição apresentou resultados melhores para a ESF.

Nesta perspectiva, submete-se esta nota técnica à consideração superior com as

seguintes sugestões/ propostas de atuações:

Intervenções educativas com impacto na prescrição de medicamentos

genéricos: reuniões periódicas com os profissionais para informar as taxas de

prescrição de genéricos e esclarecer dúvidas (vantagens, inconvenientes,

aspectos legais).

Realização de um plano de divulgação da REMUME nos serviços de saúde:

publicação e distribuição da REMUME 2016 em papel, além do formato

eletrônico para possibilitar o acesso ao documento; comunicação interna (C.I)

às unidades de saúde para disseminação da finalidade e utilização da relação

de medicamentos; revisão periódica da REMUME (com base em critérios da

etapa de Seleção de medicamentos);

Desenvolvimento de um guia farmacoterapêutico que oriente a prescrição e

dispensação de medicamentos no município: informações gerais sobre

determinadas condições de saúde e/ou grupo de medicamentos, políticas e

procedimentos que norteiam a prescrição, o armazenamento, dispensação e o

uso dos medicamentos.

Page 84: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

83

Elaboração de um Protocolo de Dispensação Orientada ao Usuário para

execução na Farmácia Central de Itaguaí: procedimento descrito,

documentado e padronizado realizado por Farmacêutico, como forma de

garantir além do acesso a medicamentos, informação e orientação quanto ao

uso seguro destes.

Participação do município no Programa de Qualificação da Assistência

Farmacêutica no SUS (Qualifar-SUS) do Ministério da Saúde em todos os

eixos: Estrutura, Educação, Cuidado e Informação, com foco no

aprimoramento e integração das atividades da AF nas ações e serviços de

saúde.

Ações Intersetoriais e multiprofissionais com incentivo à elaboração de um

protocolo municipal para prescrição de enfermagem.

Criação de programas de educação continuada junto aos prescritores que os

incentivem quanto à prescrição correta e seus aspectos normativos.

Desenvolvimento de pesquisas qualitativas com o objetivo de avaliar fatores

associados ao uso não racional de medicamentos junto aos usuários.

Continuidade na investigação desses indicadores a fim de determinar os

efeitos das intervenções, e identificar mais facilmente as áreas prioritárias em

que se deverão concentrar as medidas futuras.

Page 85: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

84

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Aílson da Luz André de, et al. Perfil da assistência farmacêutica na atenção

primária do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.13 (Sup), p. 611-617,

2008.

BRASIL. Lei nº 8080/90, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços

correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 19 de

setembro de 1990.

______. Ministério da Saúde. Resolução Conselho Nacional de Saúde (CSN) n° 338, de 06 de

maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica.Brasília (DF): Diário

Oficial da União; 20 de maio de 2004.

______. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova

normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Disponívelem:<http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html> Acesso em:

21 nov. 2016.

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política

Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da

Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde,

2017.

CASTRO, Claudia Garcia Serpa Osorio de (coord.) et al. Estudos de Utilização de

Medicamentos: Noções Básicas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Como investigar el uso de medicamentos

en los servicios de salud. Indicadores selecionados del uso de medicamentos. DAP. 93.1,

1993.

Page 86: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

85

11. ANEXOS

11.1. Anexo 1: Parecer Consubstanciado do CEP da Universidade Federal Fluminense.

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Indicadores de Prescrição, da Organização Mundial da Saúde em Unidades

de Atenção Básica de Saúde, no Município de Itaguaí, Rio De Janeiro.

Pesquisador: JULIANA TABOSA DA SILVA

Área Temática:

Versão: 1

CAAE: 65893217.7.0000.5243

Instituição Proponente: Faculdade de Farmácia

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 2.086.576

Apresentação do Projeto:

Para a dissertação de mestrado profissional da Faculdade de Farmácia da UFF. Os pesquisadores

apresentam a proposta de estudo: Indicadores de Prescrição, da Organização Mundial da Saúde em

Unidades de Atenção Básica de Saúde, no Município de Itaguaí, Rio De Janeiro. A ideia é de um

estudo transversal retrospectivo, que utilizará a segunda via de todas as receitas de médicos e

dentistas, retidas nas farmácias de 21 unidades, sendo 11 Unidades Básicas de Saúde e 10 Unidades de

Saúde da Família do município de Itaguaí; nos meses de maio e junho de 2017. Serão utilizadas as

segundas vias das receitas que cumprirem os seguintes critérios de inclusão: legíveis, realizadas por

médicos ou dentistas, que apresentem o carimbo e assinatura do profissional e estejam datadas. Serão

critérios de exclusão: receitas de prescritores de outra unidade que não a da retirada do medicamento,

assim como receitas de outros serviços, tais como hospital municipal, Unidade de Pronto Atendimento

e outros. Serão empregados os seguintes indicadores: Número médio de medicamentos por consulta

(receita); Porcentagem de medicamentos prescritos pela denominação genérica; Porcentagem de

consultas (receitas) em que há prescrição de antibióticos; Porcentagem de consultas (receitas) em que

há prescrição de medicamento injetável; Porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na lista

de medicamentos padronizados do município. Os medicamentos serão classificados pela Anatomical

Therapeutic Chemical.

Page 87: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

86

Os dados serão lançados no software Microsoft Excel 2010 com análise estatística pelo

Statistical Package for the Social Science versão 21.0. O conhecimento destes indicadores

permitirá a observação de características importantes do serviço de saúde e possibilitará

encaminhamento de propostas que embasem futuras ações de planejamento estratégico e

gerenciamento do serviço no âmbito da assistência farmacêutica e do uso racional de

medicamentos.

Objetivo da Pesquisa:

Objetivo Primário: Descrever através dos indicadores de prescrição da Organização Mundial da

Saúde, as práticas de prescrição de médicos e dentistas em Unidades de Estratégia de Saúde da

Família e Unidades Básicas de Saúde do município de Itaguaí, RJ.

Objetivo Secundário: 1. Calcular em Unidades de Estratégia de Saúde da Família e Unidades

Básicas de Saúde no município de Itaguaí-RJ, os seguintes indicadores de prescrição: a) Número

médio de medicamentos por consulta (receita); b) Porcentagem de medicamentos prescritos pela

denominação genérica; c) Porcentagem de consultas (receitas) em que há prescrição de

antibióticos; d) Porcentagem de consultas (receitas) em que há prescrição de medicamento

injetável; e) Porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na lista de medicamentos

padronizados do município de Itaguaí, RJ. 2. Descrever as classes terapêuticas mais prescritas,

segundo a classificação Anatômico-Terapêutica.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Segundo os pesquisadores, por se tratar de um estudo transversal retrospectivo com coleta e

análise de dados do tipo secundário, sendo exclusivamente através de receitas de medicamentos

arquivadas nas farmácias das unidades, conforme explicitado na metodologia proposta, não são

observados riscos potenciais aos sujeitos envolvidos na pesquisa. Benefícios: O conhecimento

dos indicadores de prescrição de medicamentos permitirá a observação de características

importantes do serviço de saúde, evidenciando aspectos específicos e possibilitará

propostas que embasem futuras ações de planejamento estratégico e gerenciamento do

serviço, principalmente no âmbito da Assistência Farmacêutica.

Page 88: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

87

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

A pesquisa proposta está bem desenhada para o que se propõem e é clara em seus objetivos. O

orçamento está adequado.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Estão presentes a Folha de Rosto e a Carta de Anuência do Secretário de Saúde do Município de

Itaguaí. Os pesquisadores solicitam a dispensação de TCLE, , pois se trata de um estudo retrospectivo

com coleta de dados apenas em receita de medicamentos arquivadas nas farmácias das unidades

selecionadas para o estudo. Considerando o volume de receitas a serem analisadas, não seria

possível consultar todos os pacientes para os quais os medicamentos foram prescritos e dessa forma a

pesquisa se tornaria inviável. Desta forma, tem-se a autorização da Secretaria Municipal de Saúde, que

é responsável pela guarda destes documentos. Não há relato, no entanto, de que a autonomia do

profissional também está em questão e deveria ser observada.

Recomendações:

Recomendamos:

1- que se denomine no texto 'participantes' da pesquisa, no lugar de 'sujeitos' da pesquisa,

conforme Resolução nº466/2012 do CNS;

2- que se acerte o cronograma;

3- Que se faça uma análise de riscos e benefícios, considerando o risco potencial também

para os profissionais prescritores e a garantia de que será mantida a confidencialidade e

privacidade dos dados obtidos.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

A pesquisa proposta está bem desenhada para o que se propõem e é clara em seus objetivos,

cumprindo todas as recomendações previstas. Não observamos impedimento ético à sua

realização.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Page 89: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

88

NITEROI, 29 de

Maio de 2017.

Assinado por:

José Carlos

Carraro Eduardo

(Coordenador)

Page 90: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

89

11.2. Anexo 2. Declaração de Anuência da Secretaria Municipal de Saúde de Itaguaí, RJ.

Page 91: ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS EM … Juliana Tabosa da.pdf · S 586 Silva, Juliana Tabosa da. Análise das prescrições de medicamentos em unidades de atenção básica

90

11.3. Anexo 3. Folha de rosto do projeto de pesquisa submetido ao CEP da Universidade

Federal Fluminense.