Analise do Jogo de Futebol

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD). EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA Julho, 2007

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Artigo sobre processo transicao defesa-ataque e resultante do processo ofensivo.

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS

ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS

OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO.

Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas

Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD).

EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA

Julho, 2007

Page 2: Analise do Jogo de Futebol

II

AGRADECIMENTOS

À minha FAMÍLIA, base da minha formação, que criou em mim uma constante

vontade de aprender.

À MARTA, por acreditar.

Ao PROFESSOR DOUTOR JAIME SAMPAIO que, mais uma vez, de forma

incondicional me orientou na realização deste trabalho. Ser orientado por

alguém com tanto conhecimento e competência incute-nos mais

responsabilidade, mas também mais confiança no que fazemos.

Ao PROFESSOR DOUTOR VÍTOR MAÇAS pelo apoio e pela disponibilidade

demonstrada em vários momentos da elaboração deste trabalho.

Ao MÁRIO NUNES, ao MIGUEL CARVALHO, ao PATRICK CANTO, ao FILIPE ROSÁRIO,

ao RICARDO DUARTE, ao FILIPE PEREIRA, à TERESA FIÚZA, ao OCTÁVIO MEIRA e à

HELENA COSTA que de diferentes formas participaram na realização deste

trabalho.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste

trabalho exprimo o meu agradecimento.

Page 3: Analise do Jogo de Futebol

III

RESUMO

O jogo de Futebol tem sido analisado sobre as perspectivas das fases do ataque e da defesa,

sendo escassos os estudos que caracterizam a transição entre estas fases, contribuindo assim

para um maior esclarecimento acerca deste processo. Neste sentido, o presente estudo teve

como objectivos: identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente

significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final

do processo ofensivo, em função do nível de qualidade das equipas (nível superior e nível

inferior); identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que

caracterizam o contexto momentâneo do jogo; identificar, também em situações de finalização,

associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as

variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função dos três tipos de confrontos

(entre equipas de qualidade superior; entre equipas de qualidade inferior e entre equipas de

qualidade superior com inferior).

Foram recolhidas e analisadas 392 sequências ofensivas terminadas em finalização de equipas

de nível superior (equipas que superaram os quartos-de-final) e 284 de equipas de nível inferior

(equipas que não superaram a fase de grupos), relativas ao Campeonato do Mundo de Futebol

de 2006. Foram produzidas tabelas de contingência associadas aos valores do teste qui-

quadrado, com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis zona de

recuperação, tipo de recuperação, primeiro passe, tipo de relação numérica ataque-defesa com

a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização, escalonados por equipas

superiores e equipas inferiores. Realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples

entre as variáveis número de variações de corredor, número de jogadores, relação numérica

ataque-defesa e velocidade de transmissão da bola com a forma como termina a acção

ofensiva e com a zona de finalização.

Na análise diferenciada por dois níveis qualitativos de equipas, verificou-se que: (1) no que

respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP apresentaram maior êxito nas

recuperações realizadas em zonas mais ofensivas, em relação às EINF, tendo-se identificando

uma relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as recuperações na zona ofensiva

direita e ofensiva centro com finalizações dentro da grande área e entre recuperações de bola

na zona ofensiva esquerda e finalizações fora da grande área. No entanto, a intercepção foi o

meio mais utilizado nas sequencias culminadas em golo tanto pelas equipas de nível superior

como pelas de nível inferior (38,3% e 38,9% respectivamente). (2) Os passes curtos/médios

são os utilizados com maior frequência no início das sequências ofensivas analisadas,

identificando-se uma variação significativa entre o tipo de passe utilizado e o decorrer do jogo.

(3) Apesar da tendência vincada das sequências ofensivas analisadas culminarem em maior

frequência em inferioridade numérica, dos atacantes em relação aos defesas, verificou-se que,

com o decorrer do tempo de jogo, as equipas superiores são as que mais atenuam essa

tendência. Ainda de realçar a relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as categorias

Page 4: Analise do Jogo de Futebol

IV

da relação numérica entre atacantes e defesas e a forma como termina a acção ofensiva,

unicamente encontrada, nas equipas de nível superior.

Na análise relativa aos tipos de confrontos, basicamente realçamos a associação significativa

identificada (P<.05) entre algumas categorias da relação numérica entre atacantes e

defensores e a forma como termina a acção ofensiva, nos confrontos entre equipas inferiores,

e com a zona de finalização, em confrontos entre equipas superiores e entre equipas do

mesmo nível.

Palavras chave: Futebol, transição defesa-ataque, finalização, níveis qualitativos de equipas, tipos de confrontos.

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V

ABSTRACT

Football matches have been analysed in the perspective of the phases of attack and defence.

The studies which characterize the transition between these phases are scarce, therefore

demanding a greater explanation regarding this process. In this way, this present study has as

its aims: identifying, in finalisation situations, statistically significant associations between

defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive

process, in function of the level of the quality of the teams (superior and inferior level);

identifying the relations between the defence-attack transition variables and the variables which

characterize the momentary context of the match; also identifying in finalisation situations,

statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables

relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the three types of

confrontations (between teams with a superior quality, between teams with an inferior quality

and teams with a superior versus an inferior quality).

392 offensive sequences, which were achieved in the finalisation of teams from a superior level

(teams that surpassed the quarter final), were compiled and analysed and 284 teams from an

inferior level (teams that didn’t surpass the group phase) were also compiled and analysed,

relating to the Football World Cup of 2006. Tables of contingency were produced and were

associated to the values of the test qui-quadrado, with a defined level of significance maintained

at 5%, between the variables recuperation zone, type of recuperation, first pass, type of numeric

relation of attack-defence with the way the offensive action ends and with the finalisation zone,

staggered by superior and inferior teams. We carried out a comparison of results, with the

simple Anova between the different numbers of variables of corridors, number of players,

numeric relation of attack-defence and the velocity of the ball transmission with the way the

offensive action ends and with the finalisation area.

In the analysis differed by two qualitative team levels, we verified that (1) as far as ball

possession, the ESUP presented a bigger success in recuperations carried out in more

offensive areas, as far as EINF, having identified a statistically significant relation (P<.05)

between the recuperations in the right offensive area and offensive centre with finalisations

inside the penalty area and between ball recuperations in the left offensive area and

finalisations out of the penalty area.

However, the interception was the more utilized means in the culminated sequences in goal in

the superior teams as much as in the inferior teams (38,3% and 38,9% respectively). (2) The

short/medium passes are utilized with a bigger frequency at the beginning of the analysed

offensive sequences, identifying a significant variable between the type of utilized pass and the

happening of the match. (3) Although the tendency of the analysed offensive sequences

reached in bigger frequency in numeric inferiority, of the attackers in relation to the defenders,

we verified the, with the going on of the playtime, the superior teams are those that most

attenuate this tendency. We also have to enhance the statistically significant relation (P<.05)

between the categories of the numeric relation between attackers and defenders and the way

the offensive action ends, uniquely found in the teams from superior level.

Page 6: Analise do Jogo de Futebol

VI

In the analysis to the types of contests, we basically enhance the identified significant

association (P<.05) between some categories from the numeric relation between attackers and

defenders and the way the offensive action ends, in the contests between inferior teams and

with de finalisation area, in contests between superior teams and between teams of the same

level.

Key-words: Football, transition of defence-attack, finalisation, qualitative level of the teams, types of contests.

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VII

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS …………………………………………………………………………… II

RESUMO …………………………………………………………………………………………. III

ABSTRACT ……………………………………………………………………………………… V

ÍNDICE GERAL ………………………………………………………………………………….. VII

ÍNIDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………………….. XI

ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………………. XII

ÍNIDICE DE ABREVIATURAS………...……………………………………………………….. XV

I. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………... 1

1.1. PREÂMBULO ………………………………………………….………………………….. 1

1.2. OBJECTIVOS E HIPOTESES…..……………………………………………………….. 4

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .……………………………………………………….………. 6

2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE ………………………...….. 6

2.1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO …………………..…………………………....….. 8

2.1.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO …..…………………..…………………………....….. 8

2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO ..….. 20

2.4. SÍNTESE …………………………………………………………………………….....….. 22

III. METODOLOGIA ………………………………………………………………………….. 27

3.1 AMOSTRA ……………………………………………….…………………………………. 27

3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ………………………………………..…. 27

3.1.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS ………………………………………….......….. 29

3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS …..…………………………….......….. 30

3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS …………. 31

3.2.1. VARIÁVEIS ………………………...……..……………………………….......….. 31

3.3. OBSERVAÇÃO………………...………………………………………………….………. 42

3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE ….………………………………………………….………. 43

3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR .………..... 43

3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ………………………………………….………. 45

Page 8: Analise do Jogo de Futebol

VIII

IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ….………………..………… 46

4.1. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO

TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM ENS E ENI… 47

4.1.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 47

4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a

acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 48

4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 51

4.1.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 57

4.1.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a

acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 57

4.1.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 58

4.1.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 59

4.1.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 61

4.1.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 63

4.1.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 65

4.1.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a

acção ofensiva ……......................................................................….. 65

4.1.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 66

4.1.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção

ofensiva……......................................................…………………….... 66

4.1.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 68

4.1.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 68

4.1.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 69

4.1.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 69

4.1.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 70

4.1.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção

ofensiva …….......………………………………………………………... 70

4.1.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 72

4.1.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 73

4.1.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção

ofensiva …….......………………………………………………………... 74

4.1.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 75

Page 9: Analise do Jogo de Futebol

IX

4.2. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO

TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM

DIFERENTES TIPOS DE CONFRONTOS DE EQUIPA ……………………………………. 77

4.2.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 77

4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a

acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 78

4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 82

4.2.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 82

4.2.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a

acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 82

4.2.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 83

4.2.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 85

4.2.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 85

4.2.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 87

4.2.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 87

4.2.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a

acção ofensiva ……......................................................................….. 88

4.2.4.2. Tipo de relação numérica ataque-defesa e zona de finalização ...….. 89

4.2.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 90

4.2.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção

ofensiva …….......………………………………………………………... 90

4.2.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 91

4.2.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 91

4.2.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 91

4.2.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 92

4.2.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 93

4.2.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção

ofensiva ……....…………………………………………………………... 93

4.2.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 95

4.2.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 98

4.2.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção

ofensiva …….......………………………………………………………... 99

Page 10: Analise do Jogo de Futebol

X

4.2.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 101

V. CONCLUSÕES …………………………………………………..………...………………… 104

VI. BIBLIOGRAFIA ………………………………………………....………...………………… 108

VI. ANEXOS

Page 11: Analise do Jogo de Futebol

XI

ÍNDICE FIGURAS

Figura 2.1. Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZRPB ……………………………………………………………………. 10

Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo ………………………………………… 25

Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32

Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32

Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 33

Figura 3.4. Campograma da variável de ZF ………………………………………………….. 40

Page 12: Analise do Jogo de Futebol

XII

ÍNDICE QUADROS

Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) ……………. 15

Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) ……………………………………….... 16

Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) …...…………………………………………….. 16

Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo), segundo Bezerra (1995) .………………………………………………. 20

Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004)……………. 21

Quadro 2.6 Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque ………………………………………… 23

Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para cálculo da Fiabilidade intra-observador e inter-observadores……………… 44

Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em ESUP………………………………………………………………… 49

Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em EINF. ...……………………………………………………………..... 50

Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………....... 51

Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 53

Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 54

Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………......... 54

Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56

Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56

Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 58

Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF nas ESUP e EINF. ...………………………………………………………... 59

Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e TJD nas EINF. ...……………………………………………………………....... 61

Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 62

Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF. ...……………………………………………………………. 63

Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 64

Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 67

Page 13: Analise do Jogo de Futebol

XIII

Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...…………………………………………………………….................

68

Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 69

Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 69

Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………. 71

Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP. ...……………………………………………………………... 71

Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 72

Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 73

Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 74

Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 75

Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em ESUP e EINF. ...………………………………………………………… 76

Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 78

Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 81

Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 83

Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………………... 84

Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 86

Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………….. 88

Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos……..……………………………………………………. 90

Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 91

Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos…………..………………………………………………… 92

Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 92

Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 93

Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 94

Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 96

Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 97

Page 14: Analise do Jogo de Futebol

XIV

Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………………………….

99

Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 100

Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipo de Confrontos. ...……………………………………………………………....... 101

Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………… 102

Page 15: Analise do Jogo de Futebol

XV

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

SFIN – Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização;

ZREC – Zona de Recuperação da Posse de Bola;

TREC – Tipo de Recuperação da Posse de Bola;

VTB – Velocidade de Transmissão da Bola;

NR – Número de Bolas Recebidas;

NC – Número de Contactos;

NVC – Número de Variações de Corredor;

NJOG – Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva;

RNAD – Relação Numérica Ataque-Defesa;

TRNAD – Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa;

ZF – Zona de Finalização;

FTAO – Forma como Termina a Acção Ofensiva;

NE – Nível da Equipa;

ESUP – Equipas Nível Superior;

EINF – Equipas de Nível Inferior.

Page 16: Analise do Jogo de Futebol

1

I. INTRODUÇÃO 1.1 PREÂMBULO

Nos nossos dias, o Futebol é uma modalidade de grande interesse e impacto

na sociedade, facto que faz emergir a importância de o conhecer e

compreender melhor, seja ao nível social, financeiro ou desportivo. Um dos

objectos de estudo mais atractivos no âmbito deste Jogo Desportivo Colectivo

(JDC) é a competição, quando analisada no sentido de obter mais e melhor

informação acerca do seu conteúdo (Maçãs, 1997).

Segundo Bangsbo (2002), as exigências do Futebol podem dividir-se em quatro

componentes: técnicas, tácticas, sócio-psicológicas e físicas. No Futebol de

alto rendimento, as equipas tentam conseguir os mais elevados índices de

performance nestas componentes. Assim, se explica o crescente interesse por

parte da investigação científica, que tem como consequência o aparecimento

constante de estudos sobre estes factores de rendimento, de forma a aumentar

o conhecimento sobre o mesmos, com o fim de se conseguir melhorar a

qualidade do jogo.

Com o intuito de proceder à caracterização da actividade desenvolvida pelos

jogadores e das equipas durante as partidas, os especialistas centraram,

inicialmente os seus estudos na actividade física imposta aos jogadores

(Garganta, 2001). Segundo Bangsbo (2002), os resultados de estudos

científicos podem ajudar a obter uma melhor compreensão das exigências e

limitações do rendimento físico no Futebol. Na pesquisa efectuada à literatura

disponível, verifica-se que a grande parte de estudos encontrados, referem-se

ao estudo das capacidades condicionais de velocidade, força e resistência.

(Weineck, 1997; Bangsbo, 2002; Cometti, 2002). Por outro lado, existem vários

estudos que se concentram num outro factor de rendimento, o técnico-táctico.

(Maças, 1997; Castelo, 2003; Felisberto, 2004). Segundo Castelo (2003), este

subsistema estabelece os meios de base que os jogadores, quer individual,

quer colectivamente, accionam na fase do ataque ou defesa, com vista à

resolução eficaz das situações de jogo.

Page 17: Analise do Jogo de Futebol

2

No entanto, o jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois

sistemas complexos, as equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternância

de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e

variedade (Garganta, 2001). Neste contexto, dado que se trata de situações de

mudança de final aberto, torna-se inglória a busca de laços directos

causa/efeito quando pretendemos interligar a lógica da actividade. O raciocínio

eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de novos significados e o

desenvolvimento de novas perspectivas (Stacey, 1995).

No jogo de Futebol é possível identificar duas grandes fases, em cada uma das

quais as equipas perseguem objectivos antagónicos: a fase de ataque e a fase

da defesa (Garganta e Pinto, 1998). Apesar de recentemente alguns estudos

se começarem a dedicar sobre os aspectos relativos à fase defensiva (Suzuki,

2005; Seabra & Dantas, 2006) a maior parte incide sobre o estudo do processo

ofensivo. (Maças, 1997; Felisberto, 2004; Costa, 2005; Lago & Martin, 2007).

Consideramos como explicação para esta tendência o facto, de ser nesta fase

do jogo que se atinge o momento mais desejado por todos: o golo.

Conjuntamente, as transições entre estas duas fases, tem vindo a levantar

algum interesse para os investigadores. Denominadas por transição defesa-

ataque e transição ataque-defesa estas constituem o momento em as equipas

mudam de papéis no jogo, dada a recuperação ou perda da posse de bola,

respectivamente.

Se entendermos o conceito de modelo de jogo como “a cristalização de formas

fundamentais (idênticas), da competição, que é obtida através da abstracção

desses elementos e da sua natureza” (Castelo, 2003), é aceitável a ideia

defendida por Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997), de que as transições

defesa-ataque são importantes na caracterização do modelo de jogo adoptado

por uma equipa, Mesma ideia defende Castelo (2003) que considera a

velocidade de transição um dos pressupostos essenciais de qualquer método

ofensivo. Realçando-se assim a pertinência de uma equipa conseguir

rapidamente chegar a zonas de finalização, logo após a recuperação da posse

de bola.

Page 18: Analise do Jogo de Futebol

3

Este é um conteúdo que começa a ter bastante ênfase na construção do

processo ofensivo das equipas contemporâneas, começando a despertar

diversas questões sobre a sua concepção, características e possíveis

comportamentos padrão existentes. Este pequeno momento entre o fim da

acção defensiva e o início da acção ofensiva, denominado, por muitos, de

transição defesa-ataque, é sem dúvida, nos tempos de hoje, um novo conceito

pertinente na obtenção do mais alto rendimento em Futebol.

Da diversidade de factores que compõe o jogo de Futebol, provocadoras de

sequências defensivas e ofensivas de variedades ilimitadas, resulta também

uma multiplicidade de formas como pode decorrer cada transição defesa-

ataque, sendo de todo o interesse investiga-la.

Ocasionalmente, em alguns dos estudos no âmbito da análise do processo

ofensivo, encontramos aspectos relacionados com a transição defesa-ataque.

Para além de serem escassos os estudos em Futebol, que se dedicam em

exclusivo a esta fase de transição defesa-ataque (Gonçalves, 1994; Mendes,

2002; Ribeiro, 2003), nunca esta foi associada ao sucesso final das acções

ofensivas que lhe sucedem.

Como tal, seria de todo o interesse caracterizar as transições defesa-ataque

das acções ofensivas terminadas em golo, permitindo-nos associar estas

características da transição ao sucesso no jogo. Por outro lado, apesar do golo

ser o momento mais valioso no jogo e factor de estudo para alguns (Jinshan et

al., 1993; Ramos, 1999; Yiannakos e Armatas, 2006), acontece que em relação

aos outros JDC de invasão (i.e: andebol e basquetebol), o futebol não é tão rico

neste tipo de situações.

A finalização é uma acção técnico-táctica individual na que culmina todo o

processo ofensivo (Castelo, 2003). É uma acção associada com o poder

ofensivo da equipa que a executa, bem como aumenta o potencial de

oportunidades de atingir o golo. Deste modo, poderá ser mais pertinente

estudar as acções ofensivas culminadas em finalização, do que propriamente

restringir as análises às acções terminadas em golo. São já vários os autores

que fizeram esta opção (Coelho, 1995; Cunha, 1995; Pereira, 1995; Oliveira,

1996).

Page 19: Analise do Jogo de Futebol

4

Por outro lado, parece igualmente importante estudar esta relação em dois

níveis de equipas de qualidade distinta, variante também já verificada em

vários estudos do âmbito da análise do processo ofensivo do jogo (Oliveira,

1996; Silva, 1998; Almeida, 1999). Assim poder-se-à perceber, se existem

diferenças entre as transições defesa-ataque culminadas em finalização, em

função da qualidade das equipas.

Neste sentido, a competição eleita para análise é a Fase Final do Campeonato

do Mundo de Futebol de 2006. Esta escolha, foi efectuada mediante o facto de

ser uma prova recente, de elevado rendimento competitivo, com participação

de selecções sujeitas a uma fase de pré-qualificação com outras selecções,

permitindo uma filtragem na qualidade das equipas que participam nesta Fase

Final.

1.2 OBJECTIVOS E HIPOTESES

No seguimento das questões formuladas e apresentadas, o presente estudo

apresenta como objectivo fundamental:

- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente

significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis

relativas à fase final do processo ofensivo1, em função dos diferentes níveis

qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior).

A par deste objectivo propomo-nos a:

- Identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque2 e as

variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo3.

- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente

significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis

1 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 2 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 3 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.

Page 20: Analise do Jogo de Futebol

5

relativas à fase final do processo ofensivo4,em função de três categorias de

confrontos (1) entre equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de

qualidade inferior; e (3) entre equipas de qualidade superior com inferior.

Decorrente destes objectivos, formularam-se as seguintes hipóteses:

1º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção

Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Níveis de Equipa.

2º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque e a Zona de Finalização (ZF) em função

dos diferentes Níveis de Equipa.

3º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque e o Tempo de Jogo Decorrido (TJD) em

função dos diferentes Níveis de Equipa.

4º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque e o Resultado Parcial (RP) em função

dos diferentes Níveis de Equipa.

5º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção

Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Tipos de Confrontos.

6º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do

momento de transição defesa-ataque5 e a Zona de Finalização (ZF) em função

dos diferentes Tipos de Confrontos.

4 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 5 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.

Page 21: Analise do Jogo de Futebol

6

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE.

São inúmeros os estudos realizados no âmbito do Futebol, com o intuito de

investigar os diferentes factores de rendimento presentes no jogo, de modo a

melhorar continuamente a sua qualidade. Segundo Silva (1998) o estudo do

comportamento dos jogadores e das equipas em competição, permite-nos

representar modelos da actividade dos jogadores e das equipas, permitindo-

nos entender quais os mais e menos eficazes, definir as estratégias de trabalho

mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da modalidade. Para

Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da análise das

mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema complexo.

Esta é a preocupação dos estudos relacionados com a análise do jogo,

procurando melhorar o rendimento táctico-técnico, evoluindo no conhecimento

já existente, para podermos também evoluir no trabalho prático elaborado na

modalidade.

Quando pesquisamos sobre os trabalhos já realizados, no âmbito da análise do

jogo, grande parte investiga o processo ofensivo do jogo. No entanto e em

menor quantidade, encontramos estudos com temas diversificados. Esta

diversidade, parece estar associada à especificidade do jogo, ao conjunto de

características únicas do mesmo, que têm levantado interesse vista a sua

importância no alto rendimento desportivo.

2.2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO

Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender.

Algumas sabem mais: fazer transições”. As transições decorrem em períodos

de tempo muito curtos, porém, segundo Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997)

“constata-se um maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em

detrimento da finalização”.

Page 22: Analise do Jogo de Futebol

7

As transições podem ser de dois tipos: transição ataque-defesa, aquando da

perda da posse de bola, e defesa-ataque, aquando da recuperação da mesma.

Sendo o Futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um nível de

rendimento, em que os pormenores diferenciam o poder das equipas, denota-

se importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de

transição. Deste modo, o conceito de transição no Futebol, tem vindo a levantar

algum interesse em estudos recentes (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; Reis,

2004).

Na transição de um momento defensivo para um momento ofensivo, o objectivo

fundamental é progredir em direcção à baliza adversária (Silva, 1998), de uma

forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com

vista à concretização do objectivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o

princípio da penetração (Garganta & Pinto, 1998).

Segundo Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objectivo fundamental,

e caso haja condições para o efectuar, é o de aproveitar a desorganização

posicional do adversário, e progredir em direcção à baliza adversária, para

criar, o mais rápido possível, situações de golo.

Ou seja, para além do importante empenho em conhecermos a fase ofensiva

do jogo, parece-nos determinante perceber, o seu início, aspecto que tantas

vezes surge no jogo. A capacidade de atacar rapidamente e de forma eficaz,

poderá estar relacionado à preparação prévia do ataque, mesmo enquanto a

equipa ainda defende.

Segundo Castelo (2003) a transição defesa-ataque encontra-se dependente de

dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os

comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da

posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem

(todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a

recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv)

como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar

mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-

tácticos individuais e colectivos). Por outro lado, o segundo aspecto, está

Page 23: Analise do Jogo de Futebol

8

dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de

recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de

finalização.

2.2.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO

Como já referimos anteriormente, no que respeita ao estudo da transição

defesa-ataque, são escassos os estudos encontrados. Vários autores abordam

alguns aspectos relacionados com o tema, mas sempre com a finalidade de

investigar os processos ofensivos e defensivos no seu todo. Assim sendo, para

além de investigarmos os trabalhos realizados, sobre a transição defesa-

ataque, pesquisamos também sobre alguns estudos efectuados no âmbito do

processo ofensivo, onde encontramos variáveis e dados relevantes para o

nosso tema.

Deste modo, apresentamos uma breve descrição das variáveis estudadas no

processo ofensivo e tentamos identificar as que nos parecem pertinentes para

a análise desta fase de transição. As variáveis encontradas na análise do

processo ofensivo foram:

• Variáveis quantitativas: número de processos ofensivos, número

de passes do processo ofensivo, número de contactos realizados,

número de jogadores com intervenção no processo ofensivo,

número de variações de corredor, número de variações de ritmo

de jogo, número de bolas jogadas (indicador composto),

velocidade de transmissão da bola (indicador composto).

• Variáveis qualitativas: zona de recuperação da posse de bola, tipo

de recuperação da posse de bola, características específicas do

primeiro passe, alcance do passe, método de jogo ofensivo,

circulação da bola, zona onde foi executado o ultimo passe, zona

de finalização positiva, distância de finalização positiva e forma

como a equipa termina a acção ofensiva.

Page 24: Analise do Jogo de Futebol

9

Perante estas variáveis, denotamos ligação entre algumas delas e o tema do

estudo. Assim sendo, realizamos de seguida uma selecção sobre as variáveis

que consideramos pertinentes para o estudo da transição defesa-ataque e

dissecamos alguns dados que consideramos fundamentais para o

entendimento da mesma.

ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (ZREC)

Hughes (1994), refere que a zona onde a bola é recuperada, pode influenciar a

eficácia de uma equipa. Para Reis (2004), a zona do terreno de jogo onde se

conquista a posse de bola é um dos aspectos mais importantes na transição

defesa-ataque. Na realidade se tivermos uma equipa com jogadores rápidos

em espaços amplos e que não têm uma grande habilidade técnica para manter

a posse de bola, é mais positivo organizarmo-nos defensivamente mais

recuados, para posteriormente enviarmos a bola para esses espaços. (Queiroz,

2003; Amaral, 2004). Por sua vez, Taylor & Williams (2002) concluem no seu

estudo que a recuperação da posse de bola na área defensiva resulta em mais

situações de finalização. Assim, não nos podemos esquecer da relevância que

a organização defensiva tem para o desenvolvimento do ataque.

São vários os estudos em que encontramos esta variável. O campograma

normalmente utilizado, para a definição das zonas de recuperação da posse de

bola dispõe da divisão do terreno de jogo em quatro sectores e três corredores.

Os sectores quatro sectores transversais apresentados são o Defensivo (D), o

Médio Defensivo (MD), o Médio Ofensivo (MO) e o Ofensivo (O), dispostos de

forma sequenciada nesta ordem na direcção do ataque da equipa observada. A

estes se sobrepõe três corredores longitudinais esquerdo (E), central (C) e

direito (D). orientados num plano frontal à baliza para onde a equipa observada

ataca.

Page 25: Analise do Jogo de Futebol

10

Figura 2.1. – Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZREC.

Num dos seus estudos, Castelo (1996), salienta que a recuperação da posse

de bola obteve percentagens mais elevadas no sector defensivo e no corredor

central do terreno de jogo. Este facto que pode ser explicado, segundo o

mesmo autor, com a elevada concentração de jogadores, em atitude defensiva,

nos espaços próximos da sua baliza, procurando de forma simultânea protege-

la e recuperar a posse de bola. O mesmo se verifica nos estudos efectuados

por Ribeiro (2003) e Reis (2004), em que a zona central do sector defensivo e

médio defensivo, são os locais onde se verifica maior número de recuperações

de posse de bola. Ao encontro desta ideia converge, Costa (2005), referindo

que o local em que a equipa analisada adquiriu a posse de bola com maior

frequência foi o meio-campo defensivo. No entanto, a autora acrescenta que,

sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate, verificamos

que dos sectores mais ofensivos contribuíram os corredores laterais (OD e OE,

respectivamente), enquanto que, dos mais defensivos contribui mais o central

(DC e MDC).

Apesar desta predominância visível dos sectores defensivos centrais na

recuperação da posse de bola, outros autores salientam a importância de

tentar recuperar a bola em zonas mais avançadas do terreno de jogo. Assim

será possível defender mais longe da baliza que defendemos e ao mesmo

tempo recuperar a bola mais perto da baliza adversária.

DE MDE MOE OE

DC MDC MOC OC

DD MDD MOD OD

Page 26: Analise do Jogo de Futebol

11

Ao encontro desta ideia surge outra das conclusões do estudo de Costa (2005),

em que afirma, que quando a aquisição da posse de bola é concretizada no

meio-campo ofensivo, o número de sequências ofensivas terminadas com

remate é superior às terminadas sem remate.

Esta tentativa de recuperar a bola em zonas mais ofensivas, procura acelerar a

acção do portador da posse de bola, obrigando-o a cometer erros (Castelo,

1996).

TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (TREC)

A recuperação da posse de bola resulta de acções táctico-técnicas defensivas,

caracterizando-se pelas tentativas de retirar a posse de bola ao adversário. Na

revisão realizada, encontramos como categorias deste tipo, recuperações de

posse de bola por intercepção, desarme, erro adversário, bola parada e

pressing.

Castelo (1996) refere-se à intercepção como o gesto técnico-táctico que

consiste em o jogador se apoderar da bola, ou a repelir, quando impede um

passe de seguir para o jogador alvo, ou de seguir em direcção à sua baliza.

Garganta (1997) refere que esta é a forma de recuperação da bola mais

vantajosa na procura da eficácia ofensiva.

Relativamente ao desarme, Castelo (1996) define-o como um gesto técnico

efectuado pelo defesa que procura intervir directamente sobre a bola,

disputando-a com o atacante que a possui, respeitando sempre as leis do jogo.

Segundo Garganta (1997), convém que as equipas tentem recuperar a bola

através de situações dinâmicas que garantam a continuidade do jogo ofensivo,

a sua fluidez, podendo assim criar desequilíbrios e surpreender o adversário no

seu processo defensivo (Garganta, 1997).

Por outro lado, a recuperação da posse de bola pode emergir de um erro

adversário (Machado, 1997). Nestas situações o jogador com bola realiza um

mau domínio da mesma ou realiza um passe direccionado directamente para

um adversário, permitindo a sua recuperação (Leal, 1994).

Page 27: Analise do Jogo de Futebol

12

Outros autores discriminaram ainda, a recuperação da bola por “bola parada”,

ou seja, todas as situações em que a equipa sem posse de bola recupera-a,

porque esta sai fora das linhas de jogo, ou porque usufrui de uma falta

adversária, ou mesmo um fora de jogo. São situações em que o jogo é

obrigado a parar e, posteriormente, recomeçar com posse de bola para a

equipa contrária.

No que respeita à recuperação da bola por pressing, categoria utilizada em

alguns estudos (Machado, 1997), apresentamos algumas dúvidas sobre a sua

utilização. Em primeiro lugar, sabemos que a sua medição é difícil de obter.

Não conseguimos distinguir, com objectividade, as situações em que existe

pressão do adversário. A distância do defensor ao portador da bola, a zona do

campo em que sucede ou o número de defensores que pressionam são todos

critérios de análise difícil e incerta. Em segundo lugar, a pertinência desta

categoria parece também discutível. Consideramos que as categorias

anteriores englobam, por completo, as diversas situações explicativas da

recuperação da posse de bola. A inclusão do pressing nesta análise,

provocaria casos de dúvida e sobreposição de categorias a escolher (p.ex: a

origem da recuperação poderia ser por pressing, podendo resultar em erro

adversário, intercepção ou desarme). Deste modo, consideramos erróneo

avaliarmos esta categoria e decidimos, como tal, exclui-la do mesmo.

Segundo vários estudos (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e Reis, 2004) em que

se verifica uma constante supremacia das sequências ofensivas com origem

com recuperações de posse de bola com intercepção, seguidas das

recuperações por erro do adversário e só em terceiro lugar por desarme.

A relevância desta variável prende-se com o facto de compreendermos, não só

a distribuição quantitativa de tipos de recuperações da posse de bola, como

também a possível influência das mesmas no restante processo ofensivo.

Realizando uma abordagem básica ao jogo, sabemos que a recuperação da

posse de bola por bola parada, proporciona normalmente um tempo de

paragem no jogo, que habitualmente poderá permitir uma reorganização

defensiva adversária. Por outro lado, é possível que as bolas recuperadas por

Page 28: Analise do Jogo de Futebol

13

erro adversário surjam de uma defesa mais activa, que tenta recuperar a posse

da mesma em zonas mais próximas da baliza adversária, ou pelo menos

conduzir o adversário à perda da posse de bola por falta de soluções ofensivas.

PRIMEIRO PASSE APÓS A RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (PP)

Garganta (1997) afirma que o passe apenas pode ser considerado um

elemento importante para análise do jogo, mais propriamente para a análise da

táctica da fase ofensiva, quando se consideram factores que não os

estritamente quantitativos.

Silva (1998), caracterizou o primeiro passe segundo a distância desde o seu

ponto de partida ao ponto de chegada (curto e longo). Castelo (1996),

caracterizou a mesma variável quanto à distância, altura, direcção e sentido.

Garganta (1997), caracterizou-o quanto à sua direcção. Estas são algumas das

suas características investigadas no sentido de compreender a pertinência do

mesmo no processo ofensivo.

Silva (1998), refere que na variável características específicas do primeiro

passe, as equipas de distinto nível, não evidenciam diferenças estatisticamente

significativas, sendo o passe mais utilizado, para iniciar o processo ofensivo, o

curto/médio, baixo e longitudinal.

Mendes (2002), conclui no seu estudo que na transição defesa-ataque, o

primeiro passe é predominantemente para a frente, raso e curto/médio, para os

deferentes métodos de jogo ofensivo. No que respeita ao mesmo assunto, Reis

(2004) conclui no seu estudo que as equipas utilizam predominantemente os

passes curtos/médios para a frente.

Por outro lado, Garganta (1997) conclui que uma acção de jogo aparentemente

simples, como um passe longo, pode induzir desequilíbrio no balanço

ataque/defesa e provocar rupturas no sistema defensivo adversário, levando-

nos investigar a pertinência deste tipos de passa no início das sequencias

ofensivas do jogo. Na mesma ordem de ideias Hughes & Franks (2005), ao

analisarem os jogos da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1990 e 1994,

evidenciaram a importância do passe longo, como forma de colocar

rapidamente a bola numa zona propícia de finalização, concluindo no estudo

Page 29: Analise do Jogo de Futebol

14

que foram significativamente maior o número de finalizações obtidas através do

passe longo do que através do passe curto.

Desta forma, consideramos que a análise do primeiro passe logo após a

recuperação da posse de bola, poderá denotar algumas tendências na

transição defesa-ataque, sobre uma opção de maior temporização e segurança

ofensiva, passes curtos, passes para trás, ou numa outra de maior risco,

utilizando passes longos denotadores de um jogo mais directo e com maior

profundidade ofensiva.

TEMPO DE JOGO DECORRIDO (TJD)

Segundo Garganta (1997), o tempo de jogo decorrido refere-se ao período que

medeia entre o início de jogo e o momento em que tem lugar a acção da posse

de bola relativa ao início da sequência ofensiva observada.

Esta é uma variável habitualmente utilizada (Felisberto, 2004; Matos, 2006) no

intuito de discriminar, no tempo de jogo, a evidência de algumas acções, bem

como a sua relação com outras variáveis analisadas.

Neste contexto, Matos (2006) conclui no seu estudo que os primeiros e últimos

períodos de cada metade do jogo são os períodos com maior percentagem de

golo. De acrescentar que, segundo Costa (2005), a eficácia das sequências

ofensivas aumentam com o tempo de jogo decorrido, sendo que, finaliza-se

mais, e por consequência marcam-se mais golos no último quartil de jogo (dos

76`aos 90`). No entanto, a explicação para esta distribuição não está explícita,

nem aprofundada nestes estudos, podendo estar, na nossa perspectiva

associada à factores relativos às características das transições defesa-ataque

desses momentos de jogo.

VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB)

Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997), foi o criador do conceito de velocidade de

transmissão da bola (VTB). Segundo este, “a velocidade de transmissão da

bola é tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade. Quando o

número de bolas recebidas iguala o número de contactos com a bola, a

Page 30: Analise do Jogo de Futebol

15

velocidade de transmissão alcança o seu valor máximo, e sendo que, quando

apenas um jogador intervém sobre a bola esta alcança o seu valor mínimo”.

Seguindo esta ideia, a VTB é um indicador composto, resultado do quociente

entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC)

realizados (VTB=NR/NC). O primeiro, NR, contabiliza as recepções realizadas

após um passe de um colega durante cada sequência ofensiva. O NC, traduz o

somatório de contactos na bola, utilizados pelos jogadores nessa mesma

sequência. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar

da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola.

Deste modo, procura-se encontrar um indicador da “fluidez” do processo

ofensivo, acreditando no princípio de que quanto menor o número de

contactos, em função do número de recepções, maior a rapidez do processo

ofensivo.

Segundo Garganta (1997), a circulação da bola realizada a elevada velocidade

constitui um importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas de

alto nível.

Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996),

Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004).

Autor (data) Amostra VTB

Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 0.33 – 0.37

Oliveira (1996)

Em equipas de diferentes níveis competitivos não existem diferenças

significativas (0.35)

Ribeiro (2003) II Liga – época 2002/2003

Vitória 0,41

Empate 0,35

Derrota 0,20

Camp. Euro-2004 – Portugal 0,33 + 0,13 Reis (2004)

Camp. Euro-2004 – Grécia 0,37 + 0,14

Verificou-se assim, que grande parte dos estudos da revisão apresentam uma

VTB entre os 0.30 e 0.40, sendo ainda de realçar que, no estudo de Oliveira

(1996), onde não foram verificadas diferenças significativas entre diferentes

níveis de equipas. Por outro lado, Garganta (1997) conclui no seu estudo que

uma elevada VTB não está necessariamente associada à eficácia ofensiva da

equipa.

Page 31: Analise do Jogo de Futebol

16

Número de Bolas Recebidas (NR)

O número de bolas recebidas, tem variado entre os 3.42 e 5.0, realçando o

facto de, se denotar uma redução progressiva com o decorrer das

competições. Levando-me assim a questionar, a redução de número de

jogadores participantes no ataque, com toque sobre o objecto de jogo, bem

como as implicações reflectidas no jogo moderno.

Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).

Autor (data) Amostra Nº bolas recebidas

Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 4,5 – 5,0

Oliveira (1996)

Em média equipas de nível superior apresentam valores mais elevados

(19.3) do que as de nível inferior

Camp. Euro-2004 – Portugal 4,01 + 2,95 Reis (2004)

Camp. Euro-2004 – Grécia 3,42 + 2,56

Número de Contactos (NC)

Interpretando a fórmula do autor (Dugrand, 1989, cit. Garganta, 1997), quando

o número de contactos é maior, menor é a velocidade de transmissão da bola.

Deste modo, o número de contactos na bola pode parecer um indicador

contraproducente para o jogo, retardando o processo ofensivo. Segundo

Lemoine et al. (2005), a posse de bola realizada a um único contacto é

eficiente e segura. O número de toques realizado por cada recepção, manifesta

um maior tempo para receber a bola, para decidir, ou possivelmente uma falta

de soluções para passar a bola e progredir, ou mesmo a necessidade de

avançar constantemente em condução da bola, aspectos que parecem

demorar o ataque.

Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).

Autor (data) Amostra Nº contactos com bola

Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 11 – 15.1

Oliveira (1996) Equipas de nível superior 14.2 e equipas de nível inferior 9.6

Camp. Euro-2004 – Portugal 12,68 + 8,44 Reis (2004)

Camp. Euro-2004 – Grécia 12,95 + 11,13

Page 32: Analise do Jogo de Futebol

17

De realçar, nos dados apresentados, que o desvio padrão é elevado, muito

próximo do valor apresentado no número de contactos.

Por outro lado, de referir também que, segundo Oliveira (1996), as equipas de

nível superior realizam o maior número de contactos na bola, em comparação

às equipas de nível inferior. O mesmo se verificou no estudo de Hughes &

Franks (2005) onde as equipas de nível superior apresentaram maior número

de contactos do que as equipas de nível inferior nas sequências ofensivas

finalizadas.

NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR (NVC)

Segundo Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem ver uma

variação do ângulo de ataque (posição da bola relativamente à baliza

adversária), criando, segundo Castelo (2003), um maior espaço de jogo que

proporciona um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-

táctica das situações momentâneas do jogo.

Esta é uma variável, já utilizada em alguns estudos de análise do processo

ofensivo (Garganta, 1997, Costa, 2005), descreve o movimento do objecto de

jogo no espaço, durante uma sequência ofensiva. Segundo Garganta (1997) a

variação de corredor é um indicador de eficácia ofensiva.

Das 523 acções ofensivas analisadas, Costa (2005) constatou um ataque

preferencialmente com uma (38,2%) ou duas (26,6%) variações de corredor. O

mesmo estudo apurou também ser possível associar a eficácia das sequências

ofensivas à variabilidade das mesmas, uma vez que na maioria das sequências

terminadas em remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e

três ou mais (20,7%) variações de corredor. De realçar ainda que das acções

que não apresentaram variação de corredor uma pequena parte obteve remate

(8,7%), em comparação com uma maior fatia (22,5%) que culminou sem

remate.

Demonstra-se assim um aspecto causador de instabilidade na equipa

defensora, e como tal, aspecto ofensivo pertinente de análise.

Page 33: Analise do Jogo de Futebol

18

NÚMERO DE JOGADORES COM INTERVENÇÃO NA ACÇÃO OFENSIVA (NJOG)

Segundo Maças (1997), esta variável refere-se à quantidade (número) de

jogadores envolvidos na acção ofensiva.

Teodoresco (1984, cit. Garganta, 1997), considera o NJOG, uma variável

importante, dado que a variabilidade das situações de jogo é afectada pela sua

alteração.

Deste modo, o número de jogadores que intervêm na sequência ofensiva, é

não só um indicador quantitativo mediante os jogadores intervenientes, mas

poderá estar relacionado uma maior variabilidade de movimentos do objecto de

jogo em campo, e consequentemente, a uma maior exploração do espaço de

jogo na fase ofensiva do mesmo.

Segundo Faria (1998) intervêm directamente sobre a bola entre dois a seis

jogadores por sequência ofensiva, sendo que segundo o estudo de Rodrigues

(2000) a média de jogadores intervenientes nas sequências ofensivas

finalizadas é inferior a quatro.

Costa (2005), verificou, nas 523 sequências ofensivas observadas, um domínio

das acções ofensivas em que intervinham três jogadores (26,3%), sendo a

intervenção de quatro atacantes a segunda categoria mais observada (18,8%).

Nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, analisadas por Matos

(2006), identificou-se uma superioridade das acções com três intervenientes

atacantes (28,5%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda opção

mais verificada no estudo (17,9%).

TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ENTRE ATAQUE E A DEFESA (TRNAD)

Segundo Matos (2006) a presença da bola reúne alguns atacantes e defesas à

sua volta, num mesmo espaço (centro de jogo), e num determinado momento,

separados por objectivos divergentes, os quais regem acções dependentes de

factores estratégicos e tácticos.

Mediante isto, parece-nos pertinente perceber quantos jogadores estão

disponíveis para receber a bola, para que este ataque seja efectuado de forma

rápida e eficaz, bem como o número de defensores que se opõem ao mesmo,

dificultando o ataque. Denota-se assim pertinente contabilizar os jogadores

Page 34: Analise do Jogo de Futebol

19

perto da bola (segurança na posse da bola), à frente da linha da mesma

(proporcionado rapidez e objectividade no ataque) e inevitavelmente o número

de defensores pela frente (que dificultam o ataque).

O TRN é uma variável que tem surgido em estudos mais recentes (Costa,

2005; Matos, 2006), a partir da qual os autores têm tentado compreender a

influência desta densidade de jogadores no processo ofensivo, bem como a

interacção com as outras variáveis em estudo.

Costa (2005), verificou que 80,7% das 523 sequências ofensivas analisadas,

ocorreram em situação de inferioridade numérica do ataque perante a defesa.

Em concordância com esta autora, Matos (2006), verificou que nos 274 golos

analisados, 76,3% ocorreram em inferioridade numérica do ataque perante a

defesa, 17,9% em igualdade entre as mesmas e só 5,8% ocorreram em

superioridade do ataque sobre a defesa.

A par desta variável Costa (2005), também realiza a análise da Relação

Numérica Ataque-Defesa. Esta é uma variável de ordem quantitativa, que

especifica a relação quantitativa numérica do número de atacantes e

defensores, expressa na dimensão qualitativa da variável anterior (TRNAD).

Sobre a mesma, a autora conclui que as relações ataque-defesa que mais

explicam a sua dependência para com a eficácia das sequências ofensivas são

2x3+GR, 2x4+GR, 3x4+GR, 5x6+GR e 5x8+GR.

Em ambas as variáveis apresentadas, os estudos por nós encontrados

divergem no momento exacto em que se contabiliza e qualifica cada uma das

sequências ofensivas. Segundo Costa (2005), esta é avaliada seis segundos

após o momento em que decorre a recuperação da posse de bola. Por sua vez,

Matos (2006), esta é analisada no momento exacto de finalização.

Se por um lado, é compreensível que o critério utilizado em cada um dos

trabalhos é direccionado aos objectivos dos mesmos, por outro, é necessário

algum cuidado na comparação de resultados, visto que, tal pormenor avalia

momentos diferentes do jogo, e consequentemente, apresentará também

significados distintos. Sendo assim, a interpretação dos mesmos deverá ser

feita mediante o critério definido.

Page 35: Analise do Jogo de Futebol

20

Deste modo, consideramos pertinente o estudo da variável, sendo que, no

entanto, é de salvaguardar o facto, de que o critério da mesma deverá ser alvo

de alguma reflexão, sobre qual o critério mais adequado ao nosso estudo, ou

mesmo sobre a reestruturação do mesmo se necessário.

2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO.

Constitui como um dos objectivos deste estudo, compreender possíveis

relações entre as variáveis atrás descritas e a fase de finalização produzidas

pelas mesmas. Deste modo, apresentamos algumas variáveis, que na literatura

disponível se entendem como importantes no conhecimento do processo

ofensivo e que, mediante o conceito de transição, atrás definido, poderão estar

condicionadas pela transição defesa-ataque.

ZONA DE FINALIZAÇÃO (ZF)

A finalização é o colmatar, o momento mais desejado de qualquer processo

ofensivo, visto que é com esta acção que poderemos ou não atingir o golo. O

sucesso do jogo está dependente da obtenção do golo, que para muitos está

directamente relacionada com o volume de finalizações no jogo.

Vários autores preocuparam-se em perceber zonas de finalização, formas de

finalização, superfície de contacto na finalização, se resulta em golo ou não,

entre outras (Bezerra, 1995; Costa, 2005; Matos, 2006).

Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo),

segundo Bezerra (1995).

Remates Golos

Nº de acções por jogo Média = 1.6 + 4.5 Média = 1.5 + 1.0

Distância

Pequena área

Grande área

Fora da grande área

7.3%

33.3%

59.4%

14.2%

18.7%

3.5%

Page 36: Analise do Jogo de Futebol

21

Matos (2006), verificou no seu estudo, que nas 274 sequências ofensivas,

terminadas em golo, a grande parte dos remates das mesmas ocorreu dentro

da grande área (62,4%), seguido da zona de dentro da pequena área (26,3%),

e sendo a zona de fora da grande área a menos sucedida (11,3%) no momento

de obter o golo. De forma semelhante, Yiannakos & Armatas (2006), tendo

como amostra de estudo 32 jogos do Europeu de 2004, verificaram que a maior

parte das sequencias ofensivas foram finalizadas na grande área (44,1%),

seguidas das finalizadas dentro da pequena área (32,2%) e, por fim, fora da

grande área (20,4%).

Deste modo, escolhemos estudar as zonas em que ocorreram as finalizações,

visto parecer um aspecto determinante na possibilidade de obter golo.

FORMA COM TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA (FTAO)

Segundo Hughes (1990), de todos o JDC, o Futebol distingue-se por ter um

dos índices mais baixos, expressa pela relação entre golos conseguidos e o

número de acções ofensivas realizadas. A média do número de remates por

jogo é cerca de 13 (treze) e o golo é conseguido a cada 7 (sete) tentativas.

Refere ainda que “uma equipa que consegue 10 (dez) remates que atinjam a

baliza, tem 86% de hipóteses de ganhar o jogo”.

Garganta (1997) estabeleceu um conjunto de categorias representantes da

forma como terminou a acção ofensiva.

Deste modo, o autor definiu as categorias: acção ofensiva positiva com êxito

total (1), acção ofensiva positiva com êxito parcial (2), acção ofensiva positiva

sem êxito (3), acção com situação de finalização criada terminada, sem remate,

no meio campo ofensivo (4), acção ofensiva negativa terminada no meio

campo ofensivo (5), e acção ofensiva negativa terminada no meio campo

defensivo (6).

Seguindo esta definição, Felisberto (2004) obteve os seguintes resultados na

análise do resultado da sequência ofensiva:

Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004).

Êxito Total (1) Êxito Parcial (2) Sem Êxito (3) Abort (4, 5 e 6)

2,6 3,6 9,5 84,3

Page 37: Analise do Jogo de Futebol

22

Nas 523 sequências ofensivas observadas, Costa (2005) verificou uma

predominância das acções ofensivas terminadas sem remate (71,1%), sendo

que, das restantes situações positivas, ou seja com finalização, (28,9%), a

grande parte terminou com êxito parcial (16,1%), seguidas das situações

positivas sem êxito (8,8%) e só no fim as situações de êxito total (4%)

Apesar do grande relevo de todas estas categorias, perante o objectivo do

deste estudo, que só abarca a observação de situações culminadas em

finalização, só as três primeiras categorias definidas pelo autor (ET - êxito total,

EP - êxito parcial, e SE - sem êxito) se enquadram no mesmo.

2.4. SINTESE De encontro à definição de Castelo (2003), - de que, a transição defesa-ataque

encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais: (1) um primeiro,

relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento

logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões

fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento

imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço

do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de

passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando

procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos) e (2) um segundo,

dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de

recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de

finalização – podemos identificar algumas variáveis.

Page 38: Analise do Jogo de Futebol

23

Quadro 2.6 – Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque.

Questões Variáveis identificadas com a questão

A quem? (todos jogadores da equipa) Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa e

Relação Numérica entre o ataque e a defesa

Quando? (momento imediato após a recuperação

à posse de bola) Tempo de Jogo Decorrido.

Onde (em qualquer espaço do jogo); Zona de recuperação da posse de bola.

Como (ocupando espaços apropriados,

estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças

rápidas de ritmo e direcção e executando

procedimentos técnico-tácticos individuais e

colectivos).

Tipo de recuperação da posse de bola.

Velocidade de Transmissão da Bola.

Rápida transição do centro de jogo, desde a zona

de recuperação da posse de bola em direcção a

espaços dominantes de finalização

Duração da acção ofensivas; velocidade de transmissão

da bola; número de contactos; número de bolas

recebidas. Número de Variações de Corredor, Número

de Jogadores, Zonas de Finalização e Forma como

Termina a Acção Ofensiva.

Inevitavelmente, apesar de sabermos que no Futebol é muito curta a diferença

entre o sucesso e o insucesso, torna-se importante diferenciar as

características da transição defesa-ataque, e os processos ofensivos que

desencadeia, com o sucesso ou insucesso que produzem.

Vários autores, tentam diferenciar as suas variáveis de estudo, com o sucesso

ou insucesso que uma equipa, ou um grupo de equipas, obtiveram em

determinada competição, servindo-lhes assim como amostra de estudo

(Hughes et al., 1988; Garganta, 1997; Silva, 1998; Scoulding et al, 2004;

Hughes & Franks, 2005;).

Deste modo, é possível identificar padrões de jogo de equipas de nível superior

e de nível inferior, o que evidentemente, é importantíssimo para o estudo da

modalidade.

No entanto, a divisão de dois níveis de equipas, com escolha de equipas de

nível superior e inferior, deve ser uma tarefa cuidada. Segundo, Low et. al

(2002) a diferença entre equipas, a nível internacional, tem vindo a reduzir,

sendo cada vez mais difícil encontrar diferenças significativas entre as

características que as distinguem.

Page 39: Analise do Jogo de Futebol

24

Segundo Stanhope (2001) esta distinção entre o sucesso e o insucesso é na

grande parte das situações baseada nos resultados de um jogo ou pela sua

posição final numa competição. Tendo em conta o formato e os objectivos do

nosso estudo, parece-nos inadequado associarmos o sucesso de uma equipa,

perante um único resultado de um jogo, visto que, algumas vezes verificamos

que a equipa vencedora, nem sempre é a equipa que cria mais oportunidades

de finalização, que tem maior posse de bola, ou possuidora de outros melhores

indicadores de qualidade de jogo. Por outro lado, se uma equipa vence vários

jogos, já podemos ter mais certeza de ser possuidora de um bom nível

competitivo. Assim como, que as que perdem mais vezes, são provavelmente

equipas com um nível de jogo mais baixo. Deste modo, pensamos ser

pertinente diferenciar equipas de nível superior e inferior, mediante a sua

classificação em determinada competição, visto que, este critério resulta da

obtenção de melhores resultados num conjunto de jogos.

Por outro lado, Lago & Martin (2007), perante dados de 170 jogos da Liga

Espanhola de Futebol, identificaram diferenças significativas nas características

da posse de bola das equipas em função do nível da equipa opositora.

Como tal, estando já definidos os níveis de equipas, parece-nos também

importante identificar diferenças entre os vários tipos de confrontos, de acordo

com as variáveis que nos propomos a estudar, sendo este um objectivo que

desconhecemos estar desenvolvido por outros estudos.

Page 40: Analise do Jogo de Futebol

25

Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo.

Em síntese, perante a revisão realizada procuraremos compreender relações

entre as variáveis da transição defesa-ataque estudadas e as variáveis

ofensivas que se desencadeiam, diferenciando-as, primeiro, em função dos

níveis de equipas e, posteriormente, em função dos tipos de confrontos.

O Futebol tem particularidades que o distinguem de outros desportos de

equipa. Quando comparado com o basquetebol e o andebol, apresenta uma

supremacia da defesa sobre o ataque (Grehaigne, 1992; Garganta, 1997).

Enquanto que no andebol, em média, os jogadores terminam com êxito cada

sexta acção ofensiva e no basquetebol, em cinco ataques realizados, dois

terminam com um lançamento eficaz, já no Futebol 1% dos ataques culminam

com a obtenção do golo (Sleziewski, 1986), o que faz com que um dos grandes

problemas do jogo consista em criar oportunidades de finalização. (Castelo,

1994).

Claudino (1993), apurou no seu estudo entre 159 a 204 acções ofensivas,

sendo que, 90 % terminaram sem remate à baliza e das 10% somente 1% foi

convertido em golo. Felisberto (2004), denota a mesma tendência quando em

Zona de Recuperação Posse de Bola

Tipo de Recuperação Posse de Bola

Tempo de Jogo Decorrido

Zona de Finalização

Tipo de Relação Numérica e Relação Numérica

Velocidade de Transmissão da Bola

Nível da Equipa

Diferença entre: Transição Defesa-Ataque Processo Ofensivo

Número de Variações de Corredor

Forma como Termina a Acção Ofensiva

Primeiro Passe

Número de Jogadores Intervenientes na Acção

Ofensiva

Tipos de Confrontos

Page 41: Analise do Jogo de Futebol

26

1249 sequências ofensivas verificou que 84,3% das mesmas não atingiram

finalização, e dos restantes 15,7% só 2,6% alcançaram o golo.

Deste modo, há que ter em conta as suas características como JDC, mas

atender sobretudo à especificidade do jogo.

A análise aprofundada da transição defesa-ataque levaria a termos como

amostra de estudo todas as acções defensivas e ofensivas do jogo, dado o

extenso número de transições existentes.

No entanto, seguindo o raciocínio efectuado na síntese do estudo e o problema

existente de criar situações de finalização no jogo, consideramos pertinente

estudar as transições defesa-ataque, as suas consequências no processo

ofensivo, em dois contextos diferentes (dois níveis de equipa), só e só em

situações culminadas em finalização.

Deste modo, limitando o estudo à observação de acções ofensivas terminadas

em finalização, tentaremos compreender qual o caminho para alcançar a

finalização em situação de jogo, nas equipas de nível superior e nas de nível

inferior.

Page 42: Analise do Jogo de Futebol

27

III. METODOLOGIA

3.1. AMOSTRA 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

O estudo terá uma amostra constituída pelas Acções Ofensivas terminadas em

Finalização, dos jogos das Selecções que participaram na Fase Final do

Mundial de 2006, decorrido entre os dias 9 de Junho a 9 de Julho de 2006 na

Alemanha.

A definição desta amostra foi sujeita aos seguintes critérios:

a) A observação de competições entre selecções, como é o caso do

Campeonato do Mundo ou da Europa, tem sido hábito frequente nos estudos

por nós abordados na revisão bibliográfica. Tal escolha, é alicerçada no facto

de serem provas, onde o nível competitivo é bastante elevado, com selecções

de alto nível. Antes de se qualificarem para as mesmas competições, estas

selecções têm de ultrapassar uma fase preliminar, denominada de fase de

qualificação para as fases finais, facto que provoca uma filtragem das melhores

selecções. Assim decidimos a utilização dos jogos do Campeonato do Mundo

realizado no ano de 2006.

b) Dentro do elevado nível de rendimento que caracteriza esta competição, é

nossa intenção diferenciar selecções de dois níveis, denominados de “superior”

e “inferior”, mediante a classificação das selecções participantes.

De forma a vincarmos bem estas diferenças, utilizamos como critério, a

classificação das equipas na fase final. Consideramos as equipas de nível

superior, todas as aquelas que atingiram os quartos-de-final da competição

(Itália, França, Alemanha, Portugal, Argentina, Inglaterra, Ucrânia e Brasil), e

as de nível inferior, todas as equipas que não superaram a fase de grupos

(Polónia, Costa Rica, Paraguai, Trindade e Tobago, Costa de Marfim, Sérvia e

Montenegro, Angola, Irão, Republica Checa, Estados Unidos da América,

Croácia, Japão, Coreia do Sul, Togo, Tunísia e Arábia Saudita).

Page 43: Analise do Jogo de Futebol

28

Existe ainda um grupo de selecções que obtiveram um nível intermédio,

superando a fase de grupos mas sendo eliminadas nos oitavos-de-final da

competição (Equador, Suécia, Holanda, México, Austrália, Gana, Suiça e

Espanha), equipas estas excluídas da amostra, de modo a ser criada uma

distinção mais marcada entre os dados das equipas de nível superior e as de

nível inferior.

Deste modo, foram realizadas 48 (quarenta e oito) observações respectivas

aos jogos de 8 (oito) selecções denominadas de nível superior e 48 (quarenta e

oito) observações correspondentes aos jogos de 16 (dezasseis) selecções

denominadas de nível inferior, sendo ainda excluídas 16 (dezasseis)

observações de jogos de 4 (quatro) selecções de nível intermédio (ANEXO A)

De esclarecer ainda que cada observação é realizada em função da equipa

observada. Ou seja, como em cada jogo participam duas equipas, em algumas

situações o mesmo jogo teve de ser observado duas vezes, uma para cada

uma das mesmas.

c) Vários estudos já efectuados (Claudino, 1993; Garganta, 1997; Maças, 1997)

apresentaram uma amostra centrada no número de acções ofensivas, e não no

número de jogos, com o objectivo de melhor caracterizar a transição defesa-

ataque e o restante processo ofensivo pela eficácia das sequências analisadas.

Da mesma forma, consideramos pertinente a utilização deste critério, sendo

assim por nós adoptado, com a diferença de só analisarmos as Sequências

terminadas em Finalização, no objectivo de conhecer melhor o percurso para a

obtenção do golo, nos dois níveis diferenciados. Para esta triagem,

consideramos como Sequências Ofensivas terminadas em Finalização, todas

as sequencias ofensivas que culminassem com: Remate enquadrado com a

baliza, do qual poderá advir: golo (1), defesa do guarda-redes (2), intercepção

de um jogador da equipa que defende, que se constitui como ultimo obstáculo

móvel a transpor, substituindo posicionalmente o guarda-redes da sua equipa

(3) (Garganta, 1997). Consideramos ainda, todas as situações em que após

uma acção de remate intencional, a bola sai pela linha final da equipa

defensora (adversária).

Page 44: Analise do Jogo de Futebol

29

Respeitando ainda todos estes critérios, algumas situações culminadas em

finalização foram excluídas, não sendo efectuada qualquer tipo de análise ou

recolha de dados sobre as mesmas, sendo elas: (1) todas as sequências

ofensivas, que segundo o árbitro da partida transgrediram as leis do jogo; (2)

todas as grandes penalidades, considerando-as descontextualizadas do nosso

objectivo de estudo; e (3) todas as sequências ofensivas decorridas em tempo

de prolongamento, ou seja, em partes de jogos posteriores às duas primeiras

regulamentadas.

Desta forma, foram identificadas 676 Sequencias Ofensivas Terminadas em

Finalização, de quarenta e seis jogos realizados, posteriormente analisadas

para a recolha de dados das variáveis em estudo.

3.1.2 PROCEDIMENTOS PRÉVIOS

De forma a concretizar a presente metodologia foi necessário percorrer um

conjunto de etapas, cuja discrição apresentamos de seguida:

Etapa 1 – Obtenção dos jogos a observar:

Todos os jogos da competição foram, transmitidos pelos canais televisivos

abertos, e paralelamente gravados directamente por vídeo, em formato VHS,

sendo depois realizada uma cópia em formato DVD, acompanhada de

cronometragem no canto inferior da imagem. Posteriormente, foram extraídas

todas as acções terminadas em finalização, para outro DVD, ficando sempre

contextualizadas ao jogo a que pertencem.

Etapa 2 – Construção do sistema de observação – Escolha e definição das

variáveis:

Após consulta da bibliografia e mediante o objectivo do estudo, seleccionamos

as variáveis que compuseram o sistema de observação utilizado. As mesmas

variáveis foram descritas de forma exaustiva, tendo sido levantadas as

categorias possíveis de cada variável.

Page 45: Analise do Jogo de Futebol

30

Etapa 3 – Determinação da objectividade do sistema de observação:

Recorrendo a um jogo aleatório da amostra, observaram-se 15 minutos do

mesmo, de forma a determinar a objectividade do sistema de observação.

Pretendia-se, também, confirmar se as categorias de cada variável abrangiam

todos os comportamentos possíveis de ocorrerem no jogo.

Avaliando a sua validade, o instrumento em causa foi colocado à disposição de

um grupo de peritos, que emitiram opiniões relativas à composição do sistema

de observação (variáveis), categorias de observação de cada variável, à

pertinência das mesmas face à realidade, de forma a procedermos a alguns

ajustamentos necessários.

Ainda com o mesmo fragmento de jogo, o observador testou a fiabilidade inter-

observador do instrumento, e colocou-o à disposição de um grupo de peritos,

que testou a sua fiabilidade intra-observadores.

Etapa 4 – Discriminação da amostra de estudo:

Após finalizada a competição foi realizado um corte na amostra, com distinção

das equipas de nível superior e de nível inferior, discriminado os jogos dos

respectivos níveis.

Etapa 5 – Observação e recolha de dados:

Depois de asseguradas todas as condições de validade e fiabilidade do

instrumento, observaram-se todas acções ofensivas terminadas em finalização

recolhidas, anotando-se todos os dados em fichas de registo elaboradas para o

efeito (Anexo B).

Etapa 6 – Análise e tratamento de dados.

3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS Os jogos foram transmitidos por estações televisivas e depois de gravados em

dvd foram sujeitos a uma observação sistemática. Durante a observação dos

jogos, os comportamentos observados foram sendo descritos na folha de

recolha de dados (Anexo B), sendo que, sempre que necessário revistas, até

termos a certeza sobre a categoria observada. A incerteza, ou falta de clareza,

Page 46: Analise do Jogo de Futebol

31

no registo dos dados de algumas acções observadas, levou-nos à exclusão

dos mesmos, procurando garantir a uma maior qualidade dos dados.

Normalmente, estas situações ocorreram em repetições de imagens de

sequências ofensivas ou defensivas, que decorriam imediatamente antes ao

momento que pretendíamos observar, sobrepondo-o. Ou pela imagem focar o

protagonista da mesma sequência, excluindo aspectos por nós pretendidos.

3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS

Desenvolvemos um sistema de observação, classificado como sistema de

categorias, uma vez que para cada variável se sistematizaram um conjunto de

comportamentos que sempre que se manifestaram foram anotados. Na

construção deste sistema de observação tivemos em consideração alguns

sistemas de observação de referência, Claudino (1993), Castelo (1994), Maças

Garganta (1997), Silva (1998), Costa (2005), tendo sido realizados alguns

reajustes mediantes as orientações e necessidades do estudo, seguindo

sempre o objectivo inicialmente delineado.

3.2.1. VARIÁVEIS

Zona de Recuperação da Posse de Bola (ZREC)

Segundo Garganta (1997) “uma equipa encontra-se em posse de bola, quando

qualquer um dos seus jogadores realiza pelo menos três contactos

consecutivos com a bola, e/ou executa um passe positivo, permitindo manter a

posse de bola, e/ou realiza um remate”.

Para a recolha de dados nesta esta variável, o observador utilizou um

campograma (figura 3.3.) dividido em quatro sectores transversais (defensivo,

médio defensivo, médio ofensivo e ofensivo) e três corredores longitudinais

(lateral direito e esquerdo e corredor central), resultando um total de doze

zonas, tendo as linhas do campo como referência nessa divisão.

Page 47: Analise do Jogo de Futebol

32

As zonas determinadas, por vezes definidas por linhas virtuais, são

ocasionalmente indutoras de algumas dúvidas nas observações realizadas.

Assim sendo, importa clarificar quais as estratégias seguidas para a superação

das mesmas.

Os corredores esboçados, são resultantes do prolongamento da linha lateral da

pequena área, facilitando a observação realizada. A divisão de sectores, teve

em conta as linhas frontais da grande área, na delimitação dos sectores

defensivo e ofensivo, bem como a linha do meio campo, na distinção dos

sectores médio defensivo e médio ofensivo.

Em ambas as situações, apesar de tais definições facilitarem a visualização e

interpretação das imagens, este aspecto nunca se sobrepôs ou desprezou a

coerência da informação pretendida nesta variável.

Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.

Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZREC.

Sentido do Ataque

Sector Defensivo

Sector Médio

Defensivo

Sector Médio

Ofensivo

Sector Ofensivo

Corredor Esquerdo

Corredor Central

Corredor Direito

Sentido do Ataque

Page 48: Analise do Jogo de Futebol

33

Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.

Desta forma, o campograma constitui-se por doze zonas devidamente

identificadas por:

– DE (Defensiva Esquerda);

– DC (Defensiva Central);

– DD (Defensiva Direita);

– MDE (Média Defensiva Esquerda);

– MDC (Média Defensiva Central);

– MDD (Média Defensiva Direita);

– MOE (Média Ofensiva Esquerda);

– MOC (Média Ofensiva Central);

– MOD (Média Ofensiva Direita);

– OE (Ofensiva Esquerda);

– OC (Ofensiva Central);

– OD (Ofensiva Direita).

Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em

finalização, registou-se a zona do campograma, correspondente ao primeiro

momento de posse de bola da equipa que finaliza.

De realçar que, em certos momento da observação, as pequenas áreas não

estavam visíveis ao observador, pontos importantes de referência na

identificação dos sectores do campo.

Sentido do Ataque

DE MDE MOE OE

DC MDC MOC OC

DD MDD MOD OD

Page 49: Analise do Jogo de Futebol

34

De forma a ultrapassar este obstáculo, foram utilizadas como estratégias de

auxílio: (1) as linhas do circulo central do campo, sendo que os pontos de

intercepção destas com a linha do meio campo coincidem com as linhas

divisoras dos corredores; (2) as faixas longitudinais de relva, resultantes dos

efeitos de corte realizados no campo, que em todas as situações coincidiram

com a divisão dos corredores.

Tipo de Recuperação da Posse de Bola (TREC) Segundo Machado (1997), a recuperação da posse de bola pode ser

classificada em:

– Intercepção directa da defesa (I) – o jogador consegue recuperar a

posse de bola, quer através de um desarme (disputa da bola entre um jogador

da equipa que defende e o adversário que está na posse de bola), quer através

de uma intercepção (acção desenvolvida por um jogador que se coloca entre a

linha da bola, sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda

dirigida para um outro adversário);

– Erro Adversário (E Adv.) – situação do jogo que leva à recuperação da

posse de bola, sempre que a equipa de posse de bola cometa um erro, sem

que a nossa equipa tenha que realizar qualquer tipo de acção para ficar com a

posse de bola;

– Bola Parada (BP) – Sempre que se recupera a posse de bola por

motivos de reposição em jogo (lançamento da bola pela linha lateral, pontapés

de baliza, cantos) por infracção às leis do jogo (livres, pontapés de penalidade)

e início ou reinício de jogo;

– Outros (O) – Todas as acções não especificadas nas anteriormente

citadas.

Primeiro Passe após a Recuperação da Posse de Bola (PP)

A análise desta variável teve sempre como referência a trajectória da bola,

desde o ponto onde o jogador que recupera a posse de bola realiza o primeiro

passe e ponto onde o seu colega de equipa efectua a recepção da mesma.

Page 50: Analise do Jogo de Futebol

35

Os passes foram classificados, quanto à sua direcção (frente, trás, lados e

oblíquos) e quanto ao seu comprimento (curto e longo). Desta forma, as

categorias definidas foram:

- Passe curto/médio para frente (CMF) – passe realizado no sentido do ataque,

da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um

receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do

passe;

- Passe curto/médio para trás (CMT) – passe realizado no sentido contrário ao

do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado

para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da

zona do passe;

- Passe curto/médio para o lado (CML) – passe realizado dentro do mesmo

sector, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para

uma zona contígua da zona do passe;

- Passe curto/médio oblíquo (CMO) – passe realizado para uma zona contígua

à zona do passe, mas que não pertence nem ao mesmo corredor, nem ao

mesmo sector;

- Passe longo para a frente (LF) – passe realizado no sentido do ataque, da

equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe

completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a

recepção;

- Passe longo para trás (LT) – passe realizado no sentido contrário ao sentido

do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da

bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde

decorre a recepção;

- Passe longo para o lado (LL) – passe realizado dentro do mesmo sector, cuja

trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar

à zona onde decorre a recepção;

- Passe longo oblíquo (LO) – passe cuja trajectória da bola ultrapassa

obrigatória e completamente um corredor e um sector intermédio até chegar à

zona onde decorre a recepção;

Page 51: Analise do Jogo de Futebol

36

Para além destas categorias consideramos ainda a categoria:

- Sem primeiro passe (SPP) – sempre que o jogador que recupera a bola é o

que finaliza, e sendo assim, não chega a efectuar o passe analisado.

Tempo de Jogo Decorrido (TJD)

Consideramos o TJD como o período de tempo que decorreu desde o inicio do

jogo até ao momento em que se verificou a acção de posse de bola da

sequência ofensiva observada.

Ao se verificar o primeiro contacto com a bola no jogo – pontapé de saída –

começou a contagem no cronómetro incorporado no dvd, do respectivo jogo, a

partir de 00´00´´, indicando assim, automaticamente, o tempo de jogo decorrido

de cada sequência ofensiva observada.

Apoiado neste indicador, foram discriminadas seis categorias, já adoptadas por

outros autores (Garganta, 1997):

- Dos [0´aos 15´[;

- Dos [15´aos 30´[;

- Dos [30´aos 45´[;

- Dos [45´aos 60´[;

- Dos [60´aos 75´[;

- Dos [75´aos 90´[.

Velocidade de Transmissão da Bola (VTB) Dugrand, 1989, cit. Garganta (1997), preconiza a utilização de um índice, ao

qual chama velocidade de transmissão da bola (VTB), que é calculado a partir

do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de

Contactos (NC) realizados para a transmitir em cada acção ofensiva

observada. (VTB=NR/NC).

Número de Contactos (NC)

Revela-se no somatório de contactos com a bola, de todos os jogadores da

equipa atacante, em cada acção ofensiva observada.

Page 52: Analise do Jogo de Futebol

37

Número de Bolas Recebidas (NR)

Define-se como o somatório de recepções efectuadas, após passe realizado

por um colega de equipa, em cada acção ofensiva observada.

O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade

mais rápida é considerada a transmissão da bola.

Número de Variações de Corredor (NVC)

Esta variável demonstra o número de vezes que a equipa faz circular a bola de

um corredor para outro, através de um passe, traduzindo a amplitude das

acções ofensivas realizadas.

Perante o campograma dividido em três corredores (figura 3.1.), enumeramos

as categorias em seis variáveis possíveis, mediante a mudança do objecto do

jogo: do corredor direito para o central ou esquerdo, do corredor esquerdo para

o central ou direito e do corredor central para os corredores direito ou

esquerdo.

Deste modo as categorias possíveis são:

– Nenhuma variação de corredor;

– Uma variação de corredor;

– Duas variações de corredor;

– Três ou mais variações de corredor.

Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva (NJOG)

O observador considerou como o número total de jogadores com intervenção

na acção ofensiva, todos os jogadores que contactaram com o objecto de jogo,

no decorrer da acção ofensiva observada.

Foram consideradas onze categorias:

– Um jogador;

– Dois jogadores;

– Três jogadores;

– Quatro jogadores;

– Cinco jogadores;

– Seis jogadores;

– Sete jogadores;

– Oito jogadores;

– Nove jogadores;

– Dez jogadores;

– Onze jogadores.

Page 53: Analise do Jogo de Futebol

38

Em algumas situações pontuais, na análise desta variável, utilizamos como

estratégia, o número da camisola dos jogadores, para diferenciar os diferentes

jogadores participantes na sequência ofensiva.

Relação Numérica entre o ataque e a defesa (RNAD)

Este indicador depende da relação quantitativa ataque-defesa, ou seja, da

diferença entre o número de jogadores envolventes de ambas as partes em

determinada situação de jogo. Procura identificar uma relação numérica

quantitativa, discriminando o número efectivo de jogadores atacantes e

defensores activos (no centro de jogo), disponíveis a participar na fase final da

sequência ofensiva.

A análise da mesma decorre no momento final da sequência ofensiva, sendo

que, o momento exacto de avaliação e os critérios da contagem são feitos de

acordo com a situação/contexto em que decorre:

1. Quando o passador efectua passe, para a frente, para o colega finalizar:

paramos a imagem no momento do passe e contabilizam-se os jogadores

atacantes e defensores à frente da linha bola (linha imaginária paralela à linha

final e que intercepta a bola) no momento realização do mesmo;

2. Quando o passador realiza passe para o lado ou para trás no sector ofensivo

(figura 3.3.), contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores no mesmo

corredor, incluindo o jogador finalizador, no momento desse mesmo passe;

3. Quando o finalizador efectua mais de dois contactos na bola antes de

rematar, contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha

da bola no momento do remate;

4. Quando é realizado um passe em profundidade, o defesa contacta a bola

enviando-a no sentido contrário à baliza atacante, e um atacante ganha o

ressalto (denominado por segunda bola) e finaliza, contabilizamos o número de

atacantes e defesas à frente da linha da bola no momento do remate.

Perante isto, após identificarmos a situação em causa, contabilizamos primeiro

o número de atacantes e posteriormente o número de defesas.

Page 54: Analise do Jogo de Futebol

39

A definição destes critérios, perante diversas situações, surgiu da necessidade

de em todas as sequências ofensivas analisadas, avaliarmos o que realmente

pretendemos avaliar.

Em todas as situações pretendemos assegurar que a contagem fosse realizada

no momento em que é criada a situação de finalização, e ainda, que fossem

contabilizados todos os atacantes e defensores, preparados para intervir na

sequência ofensiva, nesse momento de avaliação.

Sempre que por motivos inerentes à transmissão televisiva, existiram dúvidas

constantes sobre a categorização devida, excluímos o resultado da sequência

em causa, garantindo e mantendo os critérios, a validade e a fiabilidade da

nossa observação.

Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa (TRNAD) De acordo com a observação feita na variável anterior, contando o número de

jogadores, atacantes e defensores, excluindo o guarda-redes, classificamos a

acção ofensiva de uma forma qualitativa, como sendo de:

– Superioridade (SN) – sempre que existe um número de atacantes

superior ao número de defesas;

– Igualdade (Ig.N) – sempre que existe um número de atacantes igual ao

número de defesas;

– Inferioridade (IN) – sempre que existe um número de atacantes inferior

ao número de defesas.

Como estratégia utilizada para facilitar a visualização e interpretação das

imagens, destas duas variáveis, foram tidas como referências as faixas

transversais e perpendiculares do campo (efeito do tamanho da relva),

utilizadas pela organização para melhorar o trabalho dos árbitros auxiliares.

As repetições de imagens, com outros ângulos de filmagem, emitidas pela

emissora televisiva, pontualmente foram também importantes na confirmação

do número de jogadores atacantes e defensores.

Page 55: Analise do Jogo de Futebol

40

De forma a garantirmos a validade e a fiabilidade da nossa observação,

sempre que por motivos inerentes à transmissão televisiva, existiram dúvidas

sobre a categorização de uma sequência ofensiva, os resultados da mesma

foram excluídos do estudo.

Zona de Finalização (ZF) Define-se como sendo a acção final do processo ofensivo tendo em vista

obtenção de golo. Assim, serão avaliadas todas as acções ofensivas que

denotem finalização, ou seja, em que o ultimo jogador com posse de bola

denotem uma intenção clara de marcar golo. Será verificada a zona de

finalização tendo como pressuposto de que quanto mais perto for a finalização

maior a probabilidade de golo. Para tal, estão definidas duas zonas – dentro da

pequena área, dentro da grande área e fora da grande área (figura 3.4.),

considerando as linhas como parte integrante das mesmas.

Figura 3.4. Campograma da variável de ZF.

As categorias de observação desta variável são indicadas pelos números de 1

a 3:

– Dentro da pequena área (DPA);

– Dentro da grande área, mas fora da pequena área (DGA);

– Fora da grande área (FGA).

Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em

finalização, registou-se a zona deste campograma, correspondente ao último

toque da equipa que finaliza.

Pequena área (PA)

Grande área (GA)

Fora da grande área (FGA)

Page 56: Analise do Jogo de Futebol

41

Forma como Termina a Acção Ofensiva (FTAO)

Esta variável permitiu discriminar a forma como terminaram todas as acções

ofensivas que analisamos. Foram consideradas três categorias:

– Acção Ofensiva Positiva com Êxito Total (PET): sempre que a acção

ofensiva terminou com a marcação de um golo (Garganta, 1997);

– Acção Ofensiva Positiva com Êxito Parcial (PEP): sempre que a acção

ofensiva terminou com remate à baliza, sem a obtenção de golo, ou seja,

quando a bola foi defendida pelo guarda-redes, ou embateu num último

jogador, nos postes ou na trave (Garganta, 1997);

– Acção Ofensiva Positiva sem Êxito (PSE): quando o ataque foi

finalizado com um remate, saindo a bola pela linha de baliza do sector ofensivo

correspondente (Garganta, 1997).

Resultado Parcial (RP) Define-se pela diferença de golos marcados e golos sofridos no início de cada

sequência ofensiva observada.

Nível das equipas

Superior (ESUP), inferior (EINF) e excluídas (EE).

Constituem parte das ESUP todas as equipas da fase final apuradas para os

quartos-de-final da competição em estudo. Constituem parte das EINF todas as

equipas da fase final não apuradas para os oitavos-de-final da competição em

estudo. Constituem parte da variável EE todas as restantes equipas, ou seja,

as apuradas para os oitavos-de-final, mas que posteriormente foram eliminadas

da competição não sendo apuradas para os quartos-de-final.

Tipo de confrontos Confrontos entre ESUP, Confrontos entre EINF e Confrontos entre Equipas do

mesmo Nível.

Page 57: Analise do Jogo de Futebol

42

Constituem parte dos Confrontos entre ESUP todos os confrontos entre ESUP.

Constituem parte dos confrontos entre EINF aqueles em que as equipas se

defrontam são EINF. Constituem parte dos Confrontos entre Equipas do

mesmo Nível, aqueles em que as equipas que se defrontam fazem parte do

mesmo nível de equipas (jogos entre ESUP e jogos entre EINF).

3.3. OBSERVAÇÃO

Para o desenvolvimento do estudo, o método de observação por nós utilizado

foi o de observação indirecta, de jogos previamente gravados através da TV.

As categorias foram observadas diversas vezes até serem retirados todos os

dados necessários para o estudo. De realçar, que quando existiam dúvidas na

contabilização e descriminação de qualquer elemento, estes eram visionados

várias vezes até que as dúvidas se dissipassem.

De referir também, que todas as acções de jogo foram observadas, mesmo

aquelas que surgiram após os 45 (quarenta e cinco) minutos regulamentares.

Em caso de o jogo terminar empatado e o seu desempate ser decidido pela

marcação de grandes penalidades, estas não foram contabilizadas, visto

serem, no nosso entender, impertinentes e inconvenientes para o objectivo de

estudo.

O recurso da observação diferida, a partir de imagens vídeo-gravadas,

apresenta os seus inconvenientes, principalmente pelo facto das imagens a

que tivemos acesso, não terem sido filmadas com o fim de serem utilizadas

para este trabalho. Assim sendo, por vezes a abrangência de imagem captada,

bem como o ângulo de filmagem, não fornecem a melhor observação

pretendida. Ainda que permitindo uma observação sistemática e repetida, não

são raras as vezes em que a focalização na bola, dificulta a observação de

todas as movimentações efectuadas pelos companheiros de equipa.

Page 58: Analise do Jogo de Futebol

43

3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE 3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR

Intimamente ligado a qualquer processo de observação, a fiabilidade intra e

inter-observador são condição sine quo non para tornar credíveis os resultados

obtidos.

Como a recolha de dados foi apenas realizada por um observador, a nossa

primeira preocupação recaiu sobre a fiabilidade intra-observador. Segundo

Claudino (1993), esta procura garantir que, num possível conjunto de diferentes

momentos, um mesmo observador assinale ou classifique, da mesma forma,

um mesmo comportamento ou conjunto de comportamentos.

Para medição desta, a grande parte dos estudos abordados na revisão

bibliográfica utiliza o Índice de Bellack (Aranha, 2002; Costa, 2005). Com a

utilização deste índice, os investigadores procuram perceber a concordância de

acordos entre diferentes momentos de observação numa mesma amostra de

jogo. Assim procuram avaliar a consistência do instrumento, a clareza e

objectividade das suas variáveis, na procura de um maior credibilidade do

mesmo. No entanto, segundo Safrit (1990), este índice não aporta a

possibilidade de existirem acordos entre observações, resultantes do acaso,

aspecto que é tido em conta no Coeficiente de Kappa.

Desta forma, optamos pela utilização deste parâmetro de avaliação da

fiabilidade do instrumento, nas variáveis de escala nominal, e pela utilização do

coeficiente de correlação interclasse, na análise da fiabilidade entre as

variáveis de escala de rácio, sendo o cálculo de ambos os casos obtido

directamente no programa estatístico SPSS.

Deste modo, avaliamos a fiabilidade intra-observador, da nossa Ficha de

Recolha de Dados, sendo para tal, efectuada num conjunto de três

observações e registos de todas as categorias contidas, em 20% das acções

ofensivas terminadas em finalização.

No que respeita à fiabilidade inter-observadores, seleccionamos um grupo de

cinco peritos na área de estudo, que, após estudarem detalhadamente o

instrumento de observação e respectivas variáveis, observaram as mesmas

Page 59: Analise do Jogo de Futebol

44

sequencias ofensivas e registaram, em função da análise prévia do

instrumento, o respectivo registo de cada uma das variáveis para cada uma

das sequencias ofensivas observadas.

Posteriormente, o procedimento estatístico realizado foi o mesmo da fiabilidade

intra-observador, confrontando os resultados obtidos pelos diferentes

observadores com o coeficiente de Kappa para as variáveis nominais e com o

Coeficiente de correlação interclasses para as variáveis com escala de rácio.

Mediantes estes procedimentos os resultados obtidos foram os seguintes:

Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para cálculo da Fiabilidade intra-

observador e inter-observadores. Fiabilidade intra-observador Fiabilidade inter-observadores

Variáveis Coeficiente de

Kappa

Coeficiente de

correlação

interclasse

Coeficiente de

Kappa

Coeficiente de

correlação

interclasse

ZREC 1,00 --- 1,00 ---

TREC ,86 --- ,87 ---

PP ,87 --- ,88 ---

TRNAD ,87 --- ,87 ---

NVC --- ,97 --- ,99

NJOG --- ,98 --- ,99

RNAD --- ,95 --- ,81

ZF --- 1,00 --- 1,00

FTAO --- 1,00 --- 1,00

VTB --- ,99 --- ,99

Considerando como aceitáveis os valores acima de 0,7 para o coeficiente de

Kappa (Safrit, 1990; Robinson & O’Donoghue, 2007), e acima de 0,8 para o

coeficiente de correlação interclasses (Safrit, 1990) assegura-se assim a

fiabilidade intra-observador e inter-observadores, das variáveis em estudo,

como é visível no quadro 3.1.

Page 60: Analise do Jogo de Futebol

45

3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

A observação dos Jogos, foi acompanhada do preenchimento da Ficha de

Recolha de Dados. Nela são transcritos os dados pertinentes, previamente

definidos, para posteriormente serem transferidos para uma folha de cálculo do

programa estatístico Excel.

Após isto, as diferentes categorias foram caracterizadas através da média (x),

máximo (max.), mínimo (min.), do desvio padrão (Sd) e percentagem (%),

sendo o programa utilizada para o efeito o Excel 10.0.

Posteriormente os dados foram transferidos directamente para o programa

estatístico SPSS, para a testagem das diversas hipóteses. Inicialmente foram

produzidas Tabelas de contingência associadas ao valor do teste qui-quadrado

(χ2), , com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis

ZREC, TREC, PP, TRNAD com a FTAO e com a ZF, escalonados por ESUP e

EINF. Paralelamente, com o mesmo parcelamento em dois Níveis de Equipas,

realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples entre as

variáveis NVC, NJOG, RNAD e VTB com a FTAO e com a ZF.

Numa segunda parte de análise, realizaram-se novamente todos os

procedimentos com Tabelas de contingência e ANOVAs simples entre as

mesmas variáveis, mas desta vez em função dos Diferentes Tipos de

Confrontos (entre Equipas de Nível Superior, entre Equipas de Nível Inferior e

entre Equipas de diferente nível). Sempre que apropriado, após a aplicação

das ANOVAs foram aplicados os testes de comparação múltipla de Scheffé.

Page 61: Analise do Jogo de Futebol

46

IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Através da análise de sequências ofensivas terminadas em finalização, os

objectivos propostos no presente estudo passaram por identificar (1) diferenças

nas variáveis do momento de transição defesa-ataque6 em função dos

diferentes níveis qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior); (2)

associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição

defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final do processo ofensivo7,

também em função do nível de qualidade das equipas; (3) associações entre

as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que caracterizam o

contexto momentâneo do jogo8; (4) associações estatisticamente significativas

entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase

final do processo ofensivo, em função de três categorias de confrontos (1) entre

equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de qualidade inferior; e (3)

entre equipas de qualidade superior com inferior.

A obtenção destes resultados poderá permitir um maior conhecimento sobre o

próprio jogo, trazendo consequências importantes no processo de treino, de

melhorar os níveis de rendimento competitivo. De facto, estas respostas

permanecem pouco exploradas na literatura disponível. Poucos são os estudos

que com um formato semelhante. Como foi visível na revisão elaborada,

grande parte das variáveis abordadas neste estudo já foram investigadas em

estudos anteriores, sendo que no entanto, frequentemente com amostras

estruturadas de forma diferente. São poucos os que caracterizam as variáveis

que nos propomos a estudar em diferentes níveis de equipa e desconhecemos

qualquer estudo que se dedique a caracterizar as mesmas em diferentes tipos

de confrontos. Neste sentido, o processo de contraste dos resultados obtidos

com a literatura é bastante difícil de concretizar.

Deste modo, inicialmente, comparamos os resultados da revisão bibliográfica,

com os resultados obtidos na análise descritiva de cada uma das variáveis,

6 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 7 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 8 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.

Page 62: Analise do Jogo de Futebol

47

comparação essa que sustenta a discussão de alguns resultados obtidos na

comparação e cruzamento de variáveis em diferentes níveis e diferentes tipos

de confrontos.

4.1. RELAÇÃO ENTRE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM EQUIPAS DE NIVEL SUPERIOR E INFERIOR.

Comparando os dois níveis de equipa, obtivemos um maior número de

Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização (SFIN) por parte das

Equipas de Nível Superior (ESUP, n=392) em comparação com o volume

apresentado pelas Equipas de Nível Inferior (EINF, n=284). Apurou-se também,

por parte das ESUP, uma maior eficácia no aproveitamento das mesmas

sequências ofensivas, sendo que 12% das acções culminaram em Êxito Total

(ET), 33,7% em Êxito Parcial (EP) e 54,3 em Sem Êxito (SE). Por outro lado, as

EINF apenas concretizaram 6,3% das suas acções ofensivas em ET, 32,0 %

em EP e 61,6% em SE. Relativamente à Zona de Finalização (ZF), verificamos que tanto as ESUP,

como as EINF, finalizam primordialmente Fora da Grande Área (FGA) (ESUP –

49,7% e EINF – 55,6%), seguida da finalização Dentro da Grande Área (DGA)

(ESUP – 45,2% e EINF – 40,1%) e, por fim, Dentro da Pequena Área (DPA)

(ESUP – 5,1% e EINF – 4,2%). Desta forma, à medida que nos distanciamos

do alvo mais finalizações se verificaram, resultados explicados pela

necessidade de ultrapassar uma oposição defensiva para finalizar mais perto

da baliza. Estes resultados confirmam os também descritos por Bezerra (1995)

e Matos (2006).

4.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola

No que respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP utilizaram

prioritariamente a ZREC Média Defensiva Esquerda (MDE) (14,5%), enquanto

as EINF privilegiaram Média Ofensiva Direita (MOD) (14,4%), sendo que,

existiu uma distribuição muito homogénea quanto às zonas em que a bola foi

recuperada.

Page 63: Analise do Jogo de Futebol

48

De realçar também o facto de que, tanto nas ESUP como nas EINF, quando

recuperam a posse de bola em zonas defensivas esta ocorre preferencialmente

na zona defensiva central (DC), enquanto que, à medida que as recuperações

são feitas em zonas mais próximas da baliza adversária, estas recuperam

preferencialmente em zonas laterais (MDE, MDD, MOE, MOD, OE e OE). Esta

é uma ideia confirmada nos resultados apresentados por Costa (2005). O autor

conclui que sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate,

identifica-se a maior contribuição dos corredores laterais (OD e OE,

respectivamente, sectores mais ofensivos), enquanto que se identifica a maior

contribuição do corredor central nos sectores mais defensivos (DC e MDC).

Quanto à distribuição da ZREC em função do Tempo de Jogo Decorrido (TJD)

não se identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05), em

ambos os níveis das equipas.

Por fim, identificamos também não existirem diferenças estatisticamente

significativas (p>.05) no que respeita à ZREC e o Resultado Parcial (RP), em

ambos os níveis de equipas.

4.1.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Ao relacionarmos a ZREC com a FTAO, verificamos que nas 392 SFIN

observadas no âmbito das ESUP, não identificamos diferenças

estatisticamente significativas entre as variáveis, sendo o valor de P apurado

de .312. Verifica-se também não existirem diferenças estatisticamente

significativas entre o Corredor (C) ou o Sector (S) de recuperação da posse de

bola e a FTAO, sendo que o P obtido entre as variáveis é de .323 e .691,

respectivamente.

Page 64: Analise do Jogo de Futebol

49

Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO

em ESUP.

Equipas nível superior FTAO Total

Zona de Recuperação Posse Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito

Ofensivo direito N 3 8 13 24 % ZREC 12,5% 33,3% 54,2% 100,0% % FTAO 6,4% 6,1% 6,1% 6,1% Ofensivo centro N 0 1 2 3 % ZREC ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% ,8% ,9% ,8% Ofensivo esquerdo N 2 5 20 27 % ZREC 7,4% 18,5% 74,1% 100,0% % FTAO 4,3% 3,8% 9,4% 6,9% Médio ofensivo direito N 6 13 28 47 % ZREC 12,8% 27,7% 59,6% 100,0% % FTAO 12,8% 9,8% 13,1% 12,0% Médio ofensivo centro N 4 18 17 39 % ZREC 10,3% 46,2% 43,6% 100,0% % FTAO 8,5% 13,6% 8,0% 9,9% Médio ofensivo esquerdo N 7 12 23 42 % ZREC 16,7% 28,6% 54,8% 100,0% % FTAO 14,9% 9,1% 10,8% 10,7% Médio defensivo direito N 4 24 20 48 % ZREC 8,3% 50,0% 41,7% 100,0% % FTAO 8,5% 18,2% 9,4% 12,2% Médio defensivo centro N 8 11 31 50 % ZREC 16,0% 22,0% 62,0% 100,0% % FTAO 17,0% 8,3% 14,6% 12,8% Médio defensivo esquerdo N 7 17 33 57 % ZREC 12,3% 29,8% 57,9% 100,0% % FTAO 14,9% 12,9% 15,5% 14,5% Defensivo direito N 2 3 6 11 % ZREC 18,2% 27,3% 54,5% 100,0% % FTAO 4,3% 2,3% 2,8% 2,8% Defensivo centro N 3 18 14 35 % ZREC 8,6% 51,4% 40,0% 100,0% % FTAO 6,4% 13,6% 6,6% 8,9% Defensivo esquerdo N 1 2 6 9 % ZREC 11,1% 22,2% 66,7% 100,0% % FTAO 2,1% 1,5% 2,8% 2,3% Total N 47 132 213 392 % ZREC 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

No que respeita às 284 SFIN observadas, relativamente à EINF, identificaram-

se valores de P de .658 entre a ZREC e a FTAO, de .792 entre o corredor e a

FTAO e de .760 entre o sector e a FTAO, não se identificando assim uma

correlação significativa entre as variáveis relacionadas.

Page 65: Analise do Jogo de Futebol

50

Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO

em EINF.

Equipa nível inferior FTAO Total

Zona de Recuperação Posse Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito

Ofensivo direito N 1 8 9 18 % ZREC 5,6% 44,4% 50,0% 100,0% % FTAO 5,6% 8,8% 5,1% 6,3% Ofensivo esquerdo N 0 3 11 14 % ZREC ,0% 21,4% 78,6% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 6,3% 4,9% Médio ofensivo direito N 2 14 25 41 % ZREC 4,9% 34,1% 61,0% 100,0% % FTAO 11,1% 15,4% 14,3% 14,4% Médio ofensivo centro N 1 8 14 23 % ZREC 4,3% 34,8% 60,9% 100,0% % FTAO 5,6% 8,8% 8,0% 8,1% Médio ofensivo esquerdo N 1 9 20 30 % ZREC 3,3% 30,0% 66,7% 100,0% % FTAO 5,6% 9,9% 11,4% 10,6% Médio defensivo direito N 2 13 25 40 % ZREC 5,0% 32,5% 62,5% 100,0% % FTAO 11,1% 14,3% 14,3% 14,1% Médio defensivo centro N 2 6 23 31 % ZREC 6,5% 19,4% 74,2% 100,0% % FTAO 11,1% 6,6% 13,1% 10,9% Médio defensivo esquerdo N 4 12 19 35 % ZREC 11,4% 34,3% 54,3% 100,0% % FTAO 22,2% 13,2% 10,9% 12,3% Defensivo direito N 0 3 7 10 % ZREC ,0% 30,0% 70,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 4,0% 3,5% Defensivo centro N 4 13 12 29 % ZREC 13,8% 44,8% 41,4% 100,0% % FTAO 22,2% 14,3% 6,9% 10,2% Defensivo esquerdo N 1 2 10 13 % ZREC 7,7% 15,4% 76,9% 100,0% % FTAO 5,6% 2,2% 5,7% 4,6% Total N 18 91 175 284 % ZREC 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Ainda referente às mesmas SFIN estudadas, verificou-se também que,

enquanto as ESUP atingem mais vezes o ET quando recuperam a posse de

bola nas zonas MDC (17,0%) e as EINF atingem-no sempre que recuperam a

bola nas zonas MDE e DC (22,2%).

Analisando as sequências ofensivas terminadas em ET, relativamente à ZREC,

por sectores, verificamos que as ESUP apresentam valores percentuais de

recuperação da posse de bola mais baixos nos dois sectores mais defensivos

(D – 12,8% e MD – 40,4%) do que as EINF (D – 27,8% e MD – 44,4%). Por

outro lado, as ESUP apresentam valores percentuais mais elevados de

sequências ofensivas culminadas em ET em sectores mais próximos da baliza

adversária (MO – 36,2% e O – 10,6%) em comparação com as sequências

ofensivas terminadas em ET das EINF (MO – 22,2% e O – 5,6%).

Como tal, identifica-se alguma tendência das ESUP, em comparação com as

EINF, recuperarem a posse de bola em sectores mais próximos da baliza

Page 66: Analise do Jogo de Futebol

51

adversária quando atingem o golo. É uma ideia clarificadora da maior

capacidade que as ESUP têm em aproveitar com maior eficácia (com ET), as

recuperações de posse de bola realizadas em sectores mais ofensivos.

4.1.1.2. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização Ao compararmos a Zona de Finalização (ZF) nos dois níveis de equipas

realçou-se o facto de que, enquanto as ESUP apresentaram valores

percentuais mais elevados de finalização nas zonas DGA e DPA, sucedeu o

inverso relativamente à finalização na zona FGA, onde as EINF apresentaram

valores percentuais superiores em relação às ESUP.

Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP.

Equipa nível superior

ZF Total Zona de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Ofensivo direito n 3 15 6 24 % ZREC 12,5% 62,5% 25,0% 100,0% % ZF 15,0% 8,5% 3,1% 6,1%

Ofensivo centro n 0 2 1 3 % ZREC ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % ZF ,0% 1,1% ,5% ,8%

Ofensivo esquerdo n 1 6 20 27 % ZREC 3,7% 22,2% 74,1% 100,0% % ZF 5,0% 3,4% 10,3% 6,9%

Médio ofensivo direito n 3 18 26 47 % ZREC 6,4% 38,3% 55,3% 100,0% % ZF 15,0% 10,2% 13,3% 12,0%

Médio ofensivo centro n 2 19 18 39 % ZREC 5,1% 48,7% 46,2% 100,0% % ZF 10,0% 10,7% 9,2% 9,9%

Médio ofensivo esquerdo n 3 20 19 42 % ZREC 7,1% 47,6% 45,2% 100,0% % ZF 15,0% 11,3% 9,7% 10,7%

Médio defensivo direito n 1 22 25 48 % ZREC 2,1% 45,8% 52,1% 100,0% % ZF 5,0% 12,4% 12,8% 12,2%

Médio defensivo centro n 1 24 25 50 % ZREC 2,0% 48,0% 50,0% 100,0% % ZF 5,0% 13,6% 12,8% 12,8%

Page 67: Analise do Jogo de Futebol

52

Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP (continuação).

Médio defensivo esquerdo n 2 29 26 57 % ZREC 3,5% 50,9% 45,6% 100,0% % ZF 10,0% 16,4% 13,3% 14,5%

Defensivo direito n 3 1 7 11 % ZREC 27,3% 9,1% 63,6% 100,0% % ZF 15,0% ,6% 3,6% 2,8%

Defensivo centro n 0 17 18 35 % ZREC ,0% 48,6% 51,4% 100,0% % ZF ,0% 9,6% 9,2% 8,9%

Defensivo esquerdo n 1 4 4 9 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % ZF 5,0% 2,3% 2,1% 2,3%

Total n 20 177 195 392 % ZREC 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Perante as 392 SFIN observadas na ESUP, identificaram-se diferenças

estatisticamente significativas entre a ZREC e a ZF, sendo o valor de P igual a

.034.

Tendo em conta as mesmas SFIN observadas e analisando o quadro 4.3.,

realçamos alguns valores percentuais esclarecedores na relação entre a ZF e

ZREC nas ESUP. Verificamos que, quando as ESUP recuperaram a posse de

bola nos sectores ofensivos direito e centro, finalizaram prioritariamente dentro

da grande área (62,5% e 66,7%, respectivamente). Por outro lado, nas

recuperações de posse de bola efectuadas no sector ofensivo esquerdo, as

ESUP finalizaram primordialmente fora da grande área.

Analisando as SFIN dentro da pequena área, verificamos uma pequena

tendência para terem como origem de ZREC as zonas associadas ao corredor

direito. Aspecto ainda mais evidente, no quadro 4.4., que apresenta uma

análise das ZREC por corredores, em que verificamos que 55,0% das SFIN

dentro da pequena área, se iniciaram numa recuperação da posse de bola em

zonas do corredor direito, seguido do corredor esquerdo 35,0%, evidenciando

também a ponderação dos corredores laterais na recuperação da posse de

bola para finalizações dentro da pequena área. Sendo tão poucas as SFIN em

Page 68: Analise do Jogo de Futebol

53

que as equipas conseguem finalizar dentro da pequena área, apenas 5,1% das

SFIN parecem ser dados de importante análise.

Por outro lado, a baixa ponderação percentual das SFIN dentro da pequena

área quando a posse de bola é recuperada no corredor central, pensamos

poder ser explicada com o seguinte facto. No momento em que a posse de

bola é recuperada nestas situações, os colegas de equipa colocados à frente

da linha da bola, potenciais jogadores a proporcionar uma transição defesa-

ataque mais rápida, ao estarem anatomicamente orientados para a bola

estarão consequentemente de costas para a baliza que atacam, factor que

retarda o ataque. Desta forma, a equipa adversária beneficia de mais tempo

para se organizar defensivamente, induzindo a uma menor permeabilidade

ofensiva e consequentemente a finalizações mais distanciadas da baliza.

Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas ESUP.

Equipa nível superior

ZF Total Corredor de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Direito n 11 58 64 133 % C 8,3% 43,6% 48,1% 100,0% % ZF 55,0% 32,8% 32,8% 33,9%

Central n 2 60 62 124 % C 1,6% 48,4% 50,0% 100,0% % ZF 10,0% 33,9% 31,8% 31,6%

Esquerdo n 7 59 69 135 % C 5,2% 43,7% 51,1% 100,0% % ZF 35,0% 33,3% 35,4% 34,4%

Total n 20 177 195 392 % C 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Analisando ainda as SFIN das ESUP, na relação entre a ZF e ZREC, agora por

sectores (quadro 4.5.), não se observou nenhuma relação pertinente de

análise.

Page 69: Analise do Jogo de Futebol

54

Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas ESUP.

Equipa nível superior

ZF Total Sector de Recuperação da Posse de Bola

Dentro da pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Ofensivo n 4 23 27 54 % S 7,4% 42,6% 50,0% 100,0% % ZF 20,0% 13,0% 13,8% 13,8%

Médio ofensivo n 8 58 64 130 % S 6,2% 44,6% 49,2% 100,0% % ZF 40,0% 32,8% 32,8% 33,2%

Médio defensivo n 4 74 76 154 % S 2,6% 48,1% 49,4% 100,0% % ZF 20,0% 41,8% 39,0% 39,3%

Defensivo n 4 22 28 54 % S 7,4% 40,7% 51,9% 100,0% % ZF 20,0% 12,4% 14,4% 13,8%

Total n 20 177 195 392 % S 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Tanto na relação entre a ZF e a ZREC, por corredores (C) e por sectores (S),

não se identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo o valor de

P igual a .190 e .681, respectivamente.

Analisando as 284 SFIN das EINF, na relação entre a ZF com a ZREC não se

identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo o valor de P igual

a .803.

Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF.

Equipa nível inferior ZF Total Zona de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Ofensivo direito n 2 8 8 18 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % ZF 16,7% 7,0% 5,1% 6,3%

Ofensivo esquerdo n 2 5 7 14 % ZREC 14,3% 35,7% 50,0% 100,0% % ZF 16,7% 4,4% 4,4% 4,9% Médio ofensivo direito n 1 14 26 41 % ZREC 2,4% 34,1% 63,4% 100,0% % ZF 8,3% 12,3% 16,5% 14,4%

Médio ofensivo centro n 1 6 16 23 % ZREC 4,3% 26,1% 69,6% 100,0% % ZF 8,3% 5,3% 10,1% 8,1%

Page 70: Analise do Jogo de Futebol

55

Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF (continuação). Médio ofensivo esquerdo n 0 14 16 30 % ZREC ,0% 46,7% 53,3% 100,0% % ZF ,0% 12,3% 10,1% 10,6%

Médio defensivo direito n 1 15 24 40 % ZREC 2,5% 37,5% 60,0% 100,0% % ZF 8,3% 13,2% 15,2% 14,1%

Médio defensivo centro n 1 14 16 31 % ZREC 3,2% 45,2% 51,6% 100,0% % ZF 8,3% 12,3% 10,1% 10,9%

n 2 13 20 35 Médio defensivo esquerdo % ZREC 5,7% 37,1% 57,1% 100,0% % ZF 16,7% 11,4% 12,7% 12,3%

Defensivo direito n 0 5 5 10 % ZREC ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % ZF ,0% 4,4% 3,2% 3,5%

Defensivo centro n 1 15 13 29 % ZREC 3,4% 51,7% 44,8% 100,0% % ZF 8,3% 13,2% 8,2% 10,2%

Defensivo esquerdo n 1 5 7 13 % ZREC 7,7% 38,5% 53,8% 100,0% % ZF 8,3% 4,4% 4,4% 4,6%

Total n 12 114 158 284 % ZREC 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

No âmbito das SFIN das EINF, verifica-se já uma distribuição mais equilibrada

entre os valores percentuais da ZREC perante a ZF, não se verificando um

relevo de valores como observado nas ESUP (ver quadro 4.6.).Ainda

relativamente às SFIN das EINF, a mesma irrelevância surge ao analisarmos a

relação entre a ZF e o C ou S em que a bola foi recuperada, visto que em

ambos os casos não se identificaram diferenças estatisticamente significativas

(P superior a .05).

Do mesmo modo, como se verificou na relação entre a ZF e ZREC, no âmbito

da recuperação da posse de bola por C, sendo que os valores percentuais

distribuem-se de forma equiparada, não evidenciando qualquer tendência

pertinente de análise (ver quadro 4.7.).

Page 71: Analise do Jogo de Futebol

56

Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas EINF.

Equipa nível inferior

ZF Total Corredor de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Direito n 4 42 63 109 % C 3,7% 38,5% 57,8% 100,0% % ZF 33,3% 36,8% 39,9% 38,4%

Central n 3 34 46 83 % C 3,6% 41,0% 55,4% 100,0% % ZF 25,0% 29,8% 29,1% 29,2%

Esquerdo n 5 38 49 92 % C 5,4% 41,3% 53,3% 100,0% % ZF 41,7% 33,3% 31,0% 32,4%

Total n 12 114 158 284 % C 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Na comparação entre ZREC, por sectores, e ZF, sobressaímos unicamente o

facto de as recuperações de posse de bola obtidas no sector ofensivo

proporcionarem uma percentagem relativamente superior de SFIN dentro da

pequena área.

Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF

nas EINF.

Equipa nível inferior

ZF Total Sector de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

dentro da grande área

fora da grande área

Ofensivo n 4 13 15 32 % S 12,5% 40,6% 46,9% 100,0% % ZF 33,3% 11,4% 9,5% 11,3%

Médio ofensivo n 2 34 58 94 % S 2,1% 36,2% 61,7% 100,0% % ZF 16,7% 29,8% 36,7% 33,1%

Médio defensivo n 4 42 61 107 % S 3,7% 39,3% 57,0% 100,0% % ZF 33,3% 36,8% 38,6% 37,7%

Defensivo n 2 25 24 51 % S 3,9% 49,0% 47,1% 100,0% % ZF 16,7% 21,9% 15,2% 18,0% Total n 12 114 158 284 % S 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 72: Analise do Jogo de Futebol

57

4.1.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola

Nas 392 SFIN pelas ESUP, verificou-se como forma preferencial de

recuperação da posse de bola a Intercepção (41,1%), convergindo com os

resultados apurados na revisão bibliográfica (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e

Reis, 2004). Por outro lado, nas 284 SFIN observadas as EINF utilizaram

preferencialmente a categoria Bola Parada (41,9%) quanto ao TREC. Perante a

descrição da variável Intercepção, a ESUP demonstram uma atitude mais

activa na recuperação da posse de bola.

Na análise da mesma variável em função ao TJD não se identificaram

diferenças estatisticamente significativas (p>.05), em ambos os níveis de

equipa.

O mesmo se verificou no que respeita à comparação do TREC em função do

RP, sendo que, em ambos os níveis de equipas, não se identificaram

diferenças estatisticamente significativas (p>.05). Tendo os estudos de Jones

et al. (2004) e Lago & Martin (2007) concluído que as equipas têm maior posse

de bola quando estão a perder ou empatadas, parece-nos relevante o facto de

o início dessa posse de bola, quanto ao TREC e ao ZREC, não ter apresentado

qualquer relação significativa com o RP em ambos os níveis de equipa.

4.1.2.1. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

No que respeita às SFIN em ET, tanto nas ESUP como nas EINF, verificou-se

quanto ao TREC, uma preponderância da categoria I, (38,3% e 38,9%

respectivamente), realçando a importância da mesma na obtenção do golo.

Page 73: Analise do Jogo de Futebol

58

Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois

Níveis de Equipa.

Nas 392 SFIN observadas no âmbito das ESUP, não se identificaram

diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis TREC e a FTAO,

sendo o valor de P apurado de .657.

Relativamente às 284 SFIN das EINF identificaram-se valores de P de .802

entre a TREC e a FTAO, não existindo diferenças estatisticamente

significativas entre as mesmas.

4.1.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização

Na análise das 392 SFIN das ESUP, identificaram-se diferenças

estatisticamente significativas entre o TREC e a ZF, visto o resultado de P ser

FTAO Total

Tipo de Recuperação da Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito Outro N 1 1 0 2 % TREC 50,0% 50,0% ,0% 100,0% % FTAO 2,1% ,8% ,0% ,5%

Bola parada N 17 45 79 141 % TREC 12,1% 31,9% 56,0% 100,0% % FTAO 36,2% 34,1% 37,1% 36,0%

Erro adversário n 11 29 48 88 % TREC 12,5% 33,0% 54,5% 100,0% % FTAO 23,4% 22,0% 22,5% 22,4%

Intercepção n 18 57 86 161 % TREC 11,2% 35,4% 53,4% 100,0% % FTAO 38,3% 43,2% 40,4% 41,1%

Total n 47 132 213 392 % TREC 12,0% 33,7% 54,3% 100,0%

Equipas de nível superior

% FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Bola parada n 6 38 75 119 % TREC 5,0% 31,9% 63,0% 100,0% % FTAO 33,3% 41,8% 42,9% 41,9% Erro adversário n 5 17 40 62 % TREC 8,1% 27,4% 64,5% 100,0% % FTAO 27,8% 18,7% 22,9% 21,8%

Intercepção n 7 36 60 103 % TREC 6,8% 35,0% 58,3% 100,0% % FTAO 38,9% 39,6% 34,3% 36,3%

Total n 18 91 175 284 % TREC 6,3% 32,0% 61,6% 100,0%

Equipas de nível inferior

% FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 74: Analise do Jogo de Futebol

59

igual a .040. O mesmo não se conclui no que respeita às 284 SFIN observadas

nas EINF, visto que o valor obtido foi .267.

Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF nas ESUP e EINF.

ZF Total

Tipo de Recuperação da Posse de Bola

Dentro pequena área

Dentro da grande área

Fora da grande área

Outro n 1 1 0 2 % TREC 50,0% 50,0% ,0% 100,0% % ZF 5,0% ,6% ,0% ,5%

Bola parada n 9 58 74 141 % TREC 6,4% 41,1% 52,5% 100,0% % ZF 45,0% 32,8% 37,9% 36,0%

Erro adversário n 6 40 42 88 % TREC 6,8% 45,5% 47,7% 100,0% % ZF 30,0% 22,6% 21,5% 22,4%

Intercepção n 4 78 79 161 % TREC 2,5% 48,4% 49,1% 100,0% % ZF 20,0% 44,1% 40,5% 41,1%

Equipas de nível superior

Total n 20 177 195 392 % TREC 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Bola parada n 7 41 71 119 % TREC 5,9% 34,5% 59,7% 100,0% % ZF 58,3% 36,0% 44,9% 41,9% Erro adversário n 1 31 30 62 % TREC 1,6% 50,0% 48,4% 100,0% % ZF 8,3% 27,2% 19,0% 21,8%

Intercepção n 4 42 57 103 % TREC 3,9% 40,8% 55,3% 100,0%

Equipas de nível inferior

% ZF 33,3% 36,8% 36,1% 36,3%

Total n 12 114 158 284 % TREC 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Desta forma, as ESUP iniciaram, preferencialmente, em BP as SFIN na zona

de finalização DPA (45%), enquanto que, as SFIN nas zonas DGA e FGA

iniciam-se preferencialmente por I.

4.1.3. Primeiro Passe Nas 392 SFIN pelas ESUP, verificou-se como forma preferencial de Primeiro

Passe (PP) a categoria Curto/Médio Frente (CMF) e Curto/Médio Lado (CML)

(35,2%). Paralelamente, nas 284 SFIN observadas, as EINF utilizaram

Page 75: Analise do Jogo de Futebol

60

preferencialmente a categoria CMF (39,1%) seguido do CML (35,6%). Ambos

os resultados estão de acordo com a bibliografia encontrada que realça a

utilização predominante dos passes curtos/médios e para a frente (Mendes,

2002; e Reis, 2004). Ao mesmo tempo presumimos a ideia de existirem

semelhanças entre o PP de ambos os níveis, em concordância com Silva

(1998) que não identificou diferenças significativas entre diferentes níveis de

equipas.

Por outro lado, no que respeita aos PP com passes longos, realçamos o facto

de as ESUP realizarem um número expressivamente superior de PP Longos

Laterais em relação às EINF, o que nos indica uma maior preocupação destas

equipas em rapidamente mudar o corredor de ataque, na procura de mais

espaço para atacar. Por outro lado, os valores de PP Longos Frente das EINF

superam os valores da mesma variável das ESUP, entendendo-se uma

possível necessidade de atacar rápido com passe em profundidade na tentativa

de surpreender o adversário.

Relativamente ao PP em função do TJD não identificamos diferenças

estatisticamente significativas no âmbito das ESUP (p>.05). Já no que respeita

à mesma análise no âmbito das EINF, identificaram-se diferenças

estatisticamente significativas (p<.05), observando-se na análise descritiva da

mesma alguns resultados interessantes de pesquisa. Desta análise realçamos

que o passe Longo Frente (LF), o mais representativo dos passes longos,

apresenta um valor percentual elevado (20,5%) dos passes efectuados no

primeiro quartil do jogo (primeiros 15 minutos do encontro), expressando 50%

dos passes LF de todo o encontro. No que respeita aos restantes Quartis do

jogo, verifica-se um aumento progressivo crescente do valor percentual de

primeiros passes curtos/médios frente do primeiro a terceiro quartil (primeiros

quarenta e cinco minutos do jogo), com posterior decréscimo progressivo no

decorrer do quarto, quinto e sexto quartil de jogo deste mesmo tipo de passe.

Por fim, de realçar a presença significativa dos PP curtos/médios lado no último

quartil do encontro representando 51% dos passes efectuados neste tempo de

jogo.

Page 76: Analise do Jogo de Futebol

61

Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e TJD nas EINF.

Equipas de nível inferior

Tempo de Jogo Decorrido (Quartis) Total

Primeiro Passe 1 2 3 4 5 6 N 1 0 0 1 0 0 2 Sem primeiro

passe % PP 50,0% ,0% ,0% 50,0% ,0% ,0% 100,0% % Q 2,6% ,0% ,0% 1,8% ,0% ,0% ,7%

N 0 1 0 0 0 0 1 Longo obliquo

% PP ,0% 100,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% % Q ,0% 2,4% ,0% ,0% ,0% ,0% ,4%

N 0 0 0 0 0 1 1 Longo lado

% PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % Q ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,0% ,4%

Longo trás N 0 1 0 0 0 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% % Q ,0% 2,4% ,0% ,0% ,0% ,0% ,4%

N 8 1 1 3 0 3 16 Longo frente

% PP 50,0% 6,3% 6,3% 18,8% ,0% 18,8% 100,0% % Q 20,5% 2,4% 1,9% 5,5% ,0% 6,1% 5,6%

N 3 5 2 3 7 2 22 Curto médio obliquo % PP 13,6% 22,7% 9,1% 13,6% 31,8% 9,1% 100,0% % Q 7,7% 11,9% 3,8% 5,5% 14,9% 4,1% 7,7%

N 12 14 15 17 18 25 101 curto médio lado % PP 11,9% 13,9% 14,9% 16,8% 17,8% 24,8% 100,0% % Q 30,8% 33,3% 28,8% 30,9% 38,3% 51,0% 35,6%

N 5 3 7 4 7 3 29 Curto médio trás % PP 17,2% 10,3% 24,1% 13,8% 24,1% 10,3% 100,0% % Q 12,8% 7,1% 13,5% 7,3% 14,9% 6,1% 10,2%

N 10 17 27 27 15 15 111 Curto médio frente % PP 9,0% 15,3% 24,3% 24,3% 13,5% 13,5% 100,0% % Q 25,6% 40,5% 51,9% 49,1% 31,9% 30,6% 39,1%

Total N 39 42 52 55 47 49 284 % PP 13,7% 14,8% 18,3% 19,4% 16,5% 17,3% 100,0% % Q 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

No que respeita ao PP em função do RP não se identificaram diferenças

estatisticamente significativas (p>.05).

4.1.3.1. Primeiro Passe e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Analisando as acções ofensivas terminadas em ET, verifica-se tanto as ESUP

com as EINF utilizam preferencialmente como PP o CMF (40,4% e 44,4%

respectivamente), seguido do CML (36,2% e 33,3%) e posteriormente o Curto-

Médio Trás (CMT) (21,3% e 11,1% respectivamente).

Page 77: Analise do Jogo de Futebol

62

Desta forma, denota-se a preponderância dos passes curtos/médios no início

das SFIN, quer das ESUP como das EINF, para a obtenção do ET nas

mesmas. Sendo ainda mais minuciosos, realçamos a primazia na utilização dos

passes CMF na obtenção do ET, em ambos os níveis de equipa, que revelam a

importância de procurar logo após a recuperação da posse de bola um passe

em profundidade, no sentido do ataque, potencial indicador a ter em conta nas

Transições Defesa-Ataque de modo a obter o ET.

Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em ESUP e EINF.

Equipas de nível superior Equipas de nível inferior

FTAO FTAO

Primeiro Passe

Êxito total

Êxito parcial

Sem êxito Total

Êxito total

Êxito parcial

Sem êxito Total

N 1 4 5 10 0 0 2 2Sem primeiro passe % PP 10,0% 40,0% 50,0% 100,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO 2,1% 3,0% 2,3% 2,6% ,0% ,0% 1,1% ,7%

Longo obliquo N 0 0 0 0 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0%

% FTAO ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,6% ,4% Longo lado N 0 5 5 10 0 0 1 1 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,8% 2,3% 2,6% ,0% ,0% ,6% ,4% Longo trás N 0 0 0 0 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,6% ,4%

Longo frente N 0 2 7 9 1 5 10 16 % PP ,0% 22,2% 77,8% 100,0% 6,3% 31,3% 62,5% 100,0% % FTAO ,0% 1,5% 3,3% 2,3% 5,6% 5,5% 5,7% 5,6%

N 0 8 15 23 1 7 14 22Curto médio obliquo % PP ,0% 34,8% 65,2% 100,0% 4,5% 31,8% 63,6% 100,0% % FTAO ,0% 6,1% 7,0% 5,9% 5,6% 7,7% 8,0% 7,7%

N 17 43 78 138 6 34 61 101Curto médio lado % PP 12,3% 31,2% 56,5% 100,0% 5,9% 33,7% 60,4% 100,0% % FTAO 36,2% 32,6% 36,6% 35,2% 33,3% 37,4% 34,9% 35,6%

N 10 23 31 64 2 9 18 29Curto médio trás % PP 15,6% 35,9% 48,4% 100,0% 6,9% 31,0% 62,1% 100,0% % FTAO 21,3% 17,4% 14,6% 16,3% 11,1% 9,9% 10,3% 10,2%

N 19 47 72 138 8 36 67 111Curto médio frente % PP 13,8% 34,1% 52,2% 100,0% 7,2% 32,4% 60,4% 100,0% % FTAO 40,4% 35,6% 33,8% 35,2% 44,4% 39,6% 38,3% 39,1%

Total N 47 132 213 392 18 91 175 284 % PP 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 78: Analise do Jogo de Futebol

63

Não se identificou qualquer correlação significativa entre as variáveis PP e

FTAO, quer nas 392 SFIN observadas nas ESUP, quer nas 284 SFIN

observadas relativamente às EINF, sendo os valores do P de .624 e .999,

respectivamente.

Estes são dados que contrariam as ideias apresentadas nos estudos de Horn

et al. (2002) e Hughes & Franks (2005) cujos resultados indiciavam para

importância de rapidamente colocar a bola em zonas próximas da baliza, sendo

o passe longo o tipo de passe mais potenciador de situações de finalização.

4.1.3.2 Primeiro Passe e Zona de Finalização

Na relação entre o PP e ZF, tanto nas 392 SFIN observadas nas ESUP, como

nas 284 observadas nas EINF, não se identificaram diferenças estatisticamente

significativas, sendo os valores de P igual a .626 e .751, respectivamente.

Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF.

ZF Total

Primeiro Passe Dentro

pequena área Dentro da

grande área Fora da

grande área Sem primeiro passe n 0 3 7 10 % PP ,0% 30,0% 70,0% 100,0%

Equipa nível superior

% ZF ,0% 1,7% 3,6% 2,6%

Longo lado n 0 2 8 10 % PP ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % ZF ,0% 1,1% 4,1% 2,6% Longo frente n 0 4 5 9 % PP ,0% 44,4% 55,6% 100,0% % ZF ,0% 2,3% 2,6% 2,3%

Curto médio oblíquo n 1 9 13 23 % PP 4,3% 39,1% 56,5% 100,0% % ZF 5,0% 5,1% 6,7% 5,9% Curto médio lado n 9 59 70 138 % PP 6,5% 42,8% 50,7% 100,0% % ZF 45,0% 33,3% 35,9% 35,2%

Curto médio trás n 3 35 26 64 % PP 4,7% 54,7% 40,6% 100,0% % ZF 15,0% 19,8% 13,3% 16,3%

Curto médio frente n 7 65 66 138 % PP 5,1% 47,1% 47,8% 100,0% % ZF 35,0% 36,7% 33,8% 35,2%

Total n 20 177 195 392 % PP 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 79: Analise do Jogo de Futebol

64

Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF (continuação).

Sem primeiro passe n 0 0 2 2 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0%

Equipa nível inferior

% ZF ,0% ,0% 1,3% ,7%

Longo obliquo n 0 1 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% 100,0% % ZF ,0% ,9% ,0% ,4%

Longo lado n 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0% % ZF ,0% ,0% ,6% ,4%

Longo trás n 0 1 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% 100,0% % ZF ,0% ,9% ,0% ,4%

Longo frente n 0 8 8 16 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % ZF ,0% 7,0% 5,1% 5,6%

Curto médio obliquo n 1 9 12 22 % PP 4,5% 40,9% 54,5% 100,0% % ZF 8,3% 7,9% 7,6% 7,7%

Curto médio lado n 7 45 49 101 % PP 6,9% 44,6% 48,5% 100,0% % ZF 58,3% 39,5% 31,0% 35,6%

Curto médio trás n 1 10 18 29 % PP 3,4% 34,5% 62,1% 100,0% % ZF 8,3% 8,8% 11,4% 10,2%

Curto médio frente n 3 40 68 111 % PP 2,7% 36,0% 61,3% 100,0% % ZF 25,0% 35,1% 43,0% 39,1%

Total n 12 114 158 284 % PP 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

De realçar ainda o facto de que tanto nas SFIN dentro da pequena área, pelas

ESUP como pelas EINF, se iniciarem predominantemente com passes curtos-

médios para o lado, sendo os seus valores percentuais apresentados 45,0% e

58,3%, respectivamente. Sendo a finalização dentro da pequena área a que

apresenta valores mais baixos, tanto nas ESUP como nas EINF, estes

resultados denotam a importância de assegurar inicialmente a posse de bola

com passe curtos, permitindo posteriormente chegar a uma zona de finalização

extremamente difícil de atingir.

Relativamente aos PP com passes Longos, de destacar o facto de os PP

Longos Frente terminaram em finalização dentro da pequena área.

Page 80: Analise do Jogo de Futebol

65

4.1.4. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Seja nas 392 SFIN observadas nas ESUP ou nas 284 SFIN relativas às EINF,

verificou-se uma elevada preponderância das acções ofensivas terminadas em

Inferioridade Numérica (IN), 82,9% e 81,3%, respectivamente, seguidas das

SFIN em Igualdade Numérica (IgN) e, finalmente as culminadas em

Superioridade Numérica (SN). Apesar da pequena diferença de critérios na

definição da variável e de não distinguirem a amostra em diferentes níveis de

equipas, os resultados de Costa (2005) e Matos (2006) convergem com estes,

onde as sequências ofensivas culminadas em IN se destacam de forma

marcante como as mais frequentes no jogo, independentemente do resultado

final da sequencia ofensiva observada. 4.1.4.1. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva

De sobressaltar o facto de que, quando nos centramos nas sequências

ofensivas terminadas em ET, as ESUP apresentam valores percentuais mais

elevados (76,6%) de situações culminadas em IN do que as das EINF (66,7%).

Mas por outro lado, as EINF apresentam uma maior percentagem de

sequências ofensivas terminadas em ET, em situações de IgN (22,2%) e SN

(11,1%) do que as ESUP, (IgN – 14,9% e SN – 8,5%). Ou seja, em ambos os

níveis de equipa verificou-se uma supremacia de SFIN em IN,

independentemente de como termina a sequencia ofensiva (SE, EP ou ET).

No entanto, são as EINF que atenuam essa inferioridade quando nos

restringimos às SFIN com golo, apresentando valores percentuais mais

elevados de SFIN em IgN e SN, conseguindo transitar um maior número

relativo de atacantes em comparação com as ESUP.

Page 81: Analise do Jogo de Futebol

66

Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis

de Equipa.

FTAO Total

Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Êxito total Êxito parcial Sem êxito Inferioridade numérica N 36 105 184 325 % TRNAD 11,1% 32,3% 56,6% 100,0%

Equipa nível superior

% FTAO 76,6% 79,5% 86,4% 82,9%

Igualdade numérica N 7 20 24 51 % TRNAD 13,7% 39,2% 47,1% 100,0% % FTAO 14,9% 15,2% 11,3% 13,0%

Superioridade numérica N 4 7 5 16 % TRNAD 25,0% 43,8% 31,3% 100,0% % FTAO 8,5% 5,3% 2,3% 4,1%

Total N 47 132 213 392 % TRNAD 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Inferioridade numérica N 12 74 145 231 % TRNAD 5,2% 32,0% 62,8% 100,0%

Equipa nível inferior

% FTAO 66,7% 81,3% 82,9% 81,3%

Igualdade numérica N 4 14 26 44 % TRNAD 9,1% 31,8% 59,1% 100,0% % FTAO 22,2% 15,4% 14,9% 15,5%

Superioridade numérica N 2 3 4 9 % TRNAD 22,2% 33,3% 44,4% 100,0% % FTAO 11,1% 3,3% 2,3% 3,2%

Total N 18 91 175 284 % TRNAD 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Apesar de tudo, não se identificou qualquer correlação significativa entre as

variáveis TRNAD e FTAO, quer nas 392 acções ofensivas observadas nas

ESUP, quer nas 284 acções ofensivas observadas relativamente às EINF,

sendo os valores do P de .191 e .276, respectivamente.

4.1.5. Número de Variações de Corredor

No âmbito geral, no que respeita ao Número de Variação de Corredor (NVC),

as ESUP apresentaram valores médios superiores em relação às EINF. Nas

392 SFIN observadas nas ESUP, verificou-se um valor médio total de NVC de

1,80, enquanto que nas 284 SFIN observadas nas EINF, apurou-se um valor

total médio de NVC de 1,65. Deste modo, supomos existir uma maior

preocupação de variar o corredor de ataque por parte das ESUP, em relação

às EINF.

Page 82: Analise do Jogo de Futebol

67

Relativamente à distribuição do NVC em função ao TJD ou em função ao RP,

tanto nas ESUP como nas EINF, não se identificaram diferenças

estatisticamente significativas (p>.05).

4.1.5.1. Número de Variações de Corredor e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Apesar de não identificadas diferenças estatisticamente significativas no NVC e

a FTAO, em ambos os níveis de equipa, relevamos o facto de as médias de

variação de corredor encontradas serem superiores nas sequências ofensivas

culminadas em ET, denotando alguma pertinência da circulação da bola em

largura para a obtenção do golo. São resultados convergentes com os

apurados com Costa (2005), em que na maioria das sequências terminadas em

remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e três ou mais

(20,7%) variações de corredor. Por outro lado, as ESUP apresentaram sempre

valores superiores aos das EINF, sublinhando mais uma vez a importância

desta variável.

Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois

Níveis de Equipas.

FTAO n Média Desvio Padrão F P

Êxito total 47 2,17 1,59Êxito parcial 132 1,82 1,43

Equipa nível superior

Sem êxito 213 1,70 1,25 Total 392 1,80 1,36

2,3 ,103

Êxito total 18 2,11 1,37Êxito parcial 91 1,63 1,18

Equipa nível inferior

Sem êxito 175 1,62 1,18 Total 284 1,65 1,20

1,4 ,247

De tal modo, e apesar de não se identificarem diferenças estatisticamente

significativas, estes resultados confirmam a referência de Castelo (2003),

quando afirma que os deslocamentos em largura, variações de corredor, criam

um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-táctica das

situações momentâneas do jogo, potenciando, no nosso parecer, um maior

número de sequencias culminadas em ET.

Page 83: Analise do Jogo de Futebol

68

4.1.5.2. Número de Variações de Corredor e Zona de Finalização

No que respeita à relação entre a o NVC e a ZF, em ambos os níveis de

equipa, não se identificaram diferenças estatisticamente, como é possível

observar no quadro 4.16.

Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de

Equipas.

ZF n Média Desvio Padrão F P

Dentro pequena área 20 2,10 1,334Dentro da grande área 177 1,81 1,312

Equipa nível superior

Fora da grande área 195 1,75 1,411 Total 392 1,80 1,362

,605 ,547

Dentro pequena área 12 1,83 ,835Dentro da grande área 114 1,84 1,224

Equipa nível inferior

Fora da grande área 158 1,51 1,182 Total 284 1,65 1,195

2,788 ,063

Unicamente de realçar os valores médios nas SFIN dentro da pequena área,

em que as ESUP apresentam uma média de NVC relativamente superior em

relação às EINF.

4.1.6. Número de Jogadores

No que respeita ao NJOG participantes nas SFIN observadas, as ESUP

apresentaram um valor total médio 4,60 jogadores, enquanto que nas EINF o

valor total médio obtido foi de 4,32. São valores médios que se enquadram com

os apurados na revisão bibliográfica (Faria, 1998; Rodrigues, 2000; e Costa,

2005).

No que respeita ao NJOG intervenientes na SFIN nos diferentes Quartis do

TJD não se identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05).

Resultado também observado na relação entre o NJOG e o RP do jogo.

Page 84: Analise do Jogo de Futebol

69

4.1.6.1. Número de Jogadores e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Quanto ao NJOG participantes nas SFIN observadas, tanto nas 392 SFIN das

ESUP como nas 284 sequências das EINF não se identificou nenhuma

diferença estatisticamente significativa perante a FTAO.

Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO

nos dois Níveis de Equipas.

FTAO n Média Desvio Padrão F P

Êxito total 47 4,83 2,22Êxito parcial 132 4,67 1,93

Equipa nível superior

Sem êxito 213 4,50 1,90 Total 392 4,60 1,95

2,3 ,513

Êxito total 18 5,00 1,50Equipa nível inferior Êxito parcial 91 4,33 1,82

Sem êxito 175 4,25 1,75 Total 284 4,32 1,76

1,4 ,229

4.1.6.2. Número de Jogadores e Zona de Finalização

No que diz respeito à comparação entre o NJOG e a ZF verificou-se em ambos

os níveis não existirem diferenças estatisticamente significativas entre as

mesmas, quer seja nas ESUP ou nas EINF.

Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de

Equipas.

ZF n Média Desvio Padrão F P

Dentro pequena área 20 4,75 1,832Dentro da grande área 177 4,78 1,975

Equipa nível superior

Fora da grande área 195 4,42 1,934 Total 392 4,60 1,951

1,688 ,186

Dentro pequena área 12 4,33 1,303Dentro da grande área 114 4,42 1,661

Equipa nível inferior

Fora da grande área 158 4,25 1,861 Total 284 4,32 1,760

,300 ,74

No entanto, realçamos o facto de que as ESUP apresentam sempre médias

relativamente superiores de NVC em relação às EINF, variando em ambos os

casos entre os 4 a 5 valores de média.

Page 85: Analise do Jogo de Futebol

70

4.1.7. Relação Numérica Ataque-Defesa

De uma forma geral, analisando os valores totais médios obtidos, quer a partir

das 392 SFIN das ESUP, quer das 284 SFIN das EINF, a variável RNAD,

apresentou valores muito aproximados em todas as suas categorias (ATAC,

DEF e DIF). De realçar também o valores médios totais obtidos nas ESUP, -

1,45, e nas EINF, -1,46, confirmando a desvantagem numérica habitual de

atacantes perante defesas nas fase terminal das sequências ofensivas.

Na análise desta variável com o TJD, identificamos diferenças estatisticamente

significativas (p<.05) no âmbitos das SFIN das ESUP, resultado não observado

no que respeita às SFIN das EINF (p>.05). Desta forma, verificou-se, tanto nas

ESUP como nas EINF, sempre um valor médio negativo na diferença entre

atacantes e defensores, expressando a superioridade do número de

defensores em função do número de atacantes na grande parte das SFIN

observadas. No entanto, no âmbito das ESUP verificou-se um aumento

progressivo desse valor médio, no decorrer do tempo jogado, traduzindo uma

resistência das ESUP em conseguir, ao longo do tempo, colocar um crescente

número de atacantes, em posição de finalizar, em relação ao número de

defensores presentes.

No que respeita ao RP e à sua pertinência no âmbito da RNAD, não se

identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05) em ambos os

níveis de equipa.

4.1.7.1. Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Perante as 392 SFIN, identificaram-se diferenças estatisticamente significativas

(p<.05) entre todas as categorias da RNAD e a FTAO, o que não se verificou

nas 284 SFIN das EINF.

Page 86: Analise do Jogo de Futebol

71

Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois Níveis de Equipas.

Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior

n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio

Padrão F P

ATAC Êxito total 47 3,57 1,53 18 3,44 1,62 Êxito parcial 132 3,86 1,62 91 3,95 1,52 Sem êxito 213 4,19 1,51 175 4,11 1,73 Total 392 4,01 1,56

3,9 ,022

284 4,01 1,66

1,4 ,242

DEF Êxito total 47 4,87 2,30 18 4,61 2,59 Êxito parcial 132 5,12 1,93 91 5,55 2,11 Sem êxito 213 5,79 1,82 175 5,53 2,02 Total 392 5,45 1,95

7,4 ,001

284 5,48 2,10

1,7 ,192

DIF Êxito total 47 -1,30 1,30 18 -1,17 1,29 Êxito parcial 132 -1,26 1,10 91 -1,60 1,21 Sem êxito 213 -1,60 1,08 175 -1,42 1,10 Total 392 -1,45 1,12

4,4 ,013

284 -1,46 1,15

1,4 ,250

Analisando o quadro 4.19., identificamos diferenças estatisticamente

significativas no número de atacantes da RNAD (ATAC), entre as sequências

ofensivas terminadas em ET e as terminadas em SE. Por outro lado,

identificamos também diferenças estatisticamente significativas no número de

defensores na RNAD (DEF) entre as sequências terminadas em ET e as

terminadas em SE e entre as terminadas em EP e as terminadas em SE. Por

fim, relativamente à diferença entre o número de atacantes e o número de

defensores (DIF) encontramos diferenças significativas entre as sequências

ofensivas terminadas em EP e as terminadas em SE.

Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e

FTAO em ESUP.

Variável Dependente (I) FTAO (J) FTAO Diferença de

Médias (I-J) P

Êxito total Êxito parcial -,29 ,547 Sem êxito -,61(*) ,050

Equipa nível superior

Número de Atacantes

Êxito parcial Êxito total ,29 ,547 Sem êxito -,32 ,169 Sem êxito Êxito total ,61(*) ,050 Êxito parcial ,32 ,169

Êxito total Êxito parcial -,25 ,748 Sem êxito -,92(*) ,013

Número de Defesas

Êxito parcial Êxito total ,25 ,748 Sem êxito -,67(*) ,008 Sem êxito Êxito total ,92(*) ,013 Êxito parcial ,67(*) ,008

Page 87: Analise do Jogo de Futebol

72

Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP (continuação). Êxito total Êxito parcial -,04 ,977 Sem êxito ,30 ,240

Diferença entre Atacantes e Defesas Êxito parcial Êxito total ,04 ,977

Sem êxito ,34(*) ,021 Sem êxito Êxito total -,30 ,240 Êxito parcial -,34(*) ,021

4.1.7.2. Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização

Ao examinarmos as 392 SFIN das ESUP, identificamos diferenças

estatisticamente significativas das categorias ATAC e DEF, da variável RNAD,

com a ZF em que culmina a sequência ofensiva observada.

Ao mesmo tempo, no âmbito das 284 SFIN observadas nas EINF, apuramos

diferenças estatisticamente significativas entre a categoria ATAC e DEF com a

ZF.

Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de Equipas.

Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior

n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio

Padrão F P

ATAC DPA 20 4,10 1,483 12 4,50 1,679 DGA 177 3,55 1,559 114 3,72 1,777 FGA 195 4,41 1,459 158 4,19 1,544 Total 392 4,01 1,559

14,866 ,000

284 4,01 1,660

3,248 ,040

DEF DPA 20 5,60 1,818 12 5,83 2,082 DGA 177 4,89 2,078 114 5,01 2,352 FGA 195 5,95 1,700 158 5,79 1,834 Total 392 5,45 1,952

14,913 ,000

284 5,48 2,096

4,927 ,008

DIF DPA 20 -1,50 1,277 12 -1,33 1,155 DGA 177 -1,33 1,146 114 -1,29 1,135 FGA 195 -1,55 1,075 158 -1,60 1,151 Total 392 -1,45 1,121

1,742 ,176

284 -1,46 1,151

2,541 ,081

Legenda: ESUP – Equipas de Nível Superior; EINF – Equipas de Nível Inferior; ATAC – Nº de Atacantes; DEF –

Nº de Defensores; DIF – Diferença entre ATAC e DEF; DPA – Dentro Pequena Área; DGA – Dentro da Grande

Área; FGA – Fora da Grande Área.

Aprofundando tais informações, foi possível através do teste post hoc de

Scheffé, no que respeita às ESUP, identificar diferenças significativas entre o

número de atacantes em disposição de finalizar, quando esta acção ocorre

DGA e FGA. Por outro lado, verificou-se também relativamente às ESUP,

Page 88: Analise do Jogo de Futebol

73

existirem diferenças estatisticamente significativas entre o número defensores

adversários, quando a finalização ocorre dentro e fora da grande área.

No que respeita às EINF identificara-se diferenças significativas entre o número

de defensores, quando esta acção ocorre DGA e FGA

Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e

FTAO em ESUP e EINF.

Equipas de nível superior

Equipas de nível inferior

Variável Dependente (I) ZF (J) ZF

Diferença de Médias

(I-J) P Diferença de

Médias (I-J) P

DGA ,55 ,308 ,78 ,297 Dentro pequena área FGA -,31 ,689 ,31 ,821

Número de Atacantes

DPA -,55 ,308 -,78 ,297

Dentro grande área FGA -,85(*) ,000 -,47 ,069

DPA ,31 ,689 -,31 ,821

Fora grande área DGA ,85(*) ,000 ,47 ,069

DGA ,71 ,278 ,82 ,423 Dentro pequena área FGA -,35 ,727 ,04 ,998

Número de Defesas

DPA -,71 ,278 -,82 ,423

Dentro grande área FGA -1,07(*) ,000 -,78(*) ,009

DPA ,35 ,727 -,04 ,998

Fora grande área DGA 1,07(*) ,000 ,78(*) ,009

DGA -,17 ,819 -,04 ,992 Dentro pequena área FGA ,05 ,983 ,27 ,737

DPA ,17 ,819 ,04 ,992

Diferença entre Atacantes e Defesas Dentro grande

área FGA ,22 ,180 ,31 ,087

DPA -,05 ,983 -,27 ,737

Fora grande área DGA -,22 ,180 -,31 ,087

4.1.8. Velocidade de Transmissão da Bola

No que respeita à análise desta variável, em função das 392 SFIN das ESUP e

as 284 SFIN das EINF, é de realçar o facto de que as ESUP apresentaram

valores médios totais de VTB inferiores aos das EINF.

Sendo resultados contraditórios às ideias de Lemoine et al. (2005), que

realçam a eficiência de atacar com um único contacto, são resultados que

convergem com os de Oliveira (1996) e Hughes & Franks (2005) em que as

equipas de nível superior realizaram o maior número de contactos na bola, com

consequente menor VTB, em comparação às equipas de nível inferior.

No entanto, em sintonia com os estudos de Oliveira (1996) e Reis (2004),

verificamos também existir nas ESUP um desvio padrão sempre superior aos

Page 89: Analise do Jogo de Futebol

74

das EINF, no respeita ao NC e ao NBR. Neste contexto, os elevados valores

apresentados no desvio padrão, muito próximos dos valores totais médios,

sugerem-nos uma maior alternância dos ritmos de jogo por parte das ESUP, e

consequentemente, valores de transmissões de bola mais rápidas e mais

lentas mediante o contexto da sequência ofensiva em causa, pondo em causa

a comparação de valores médios entre os dois níveis de equipa.

Relativamente ao TJD e a variação da VTB em função do mesmo, não se

identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05). O mesmo

resultado se verificou na relação entre a VTB e o RP em que não se

identificaram diferenças estatisticamente significativas em ambos os níveis de

equipa.

4.1.8.1. Velocidade de Transmissão da Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Assim como Oliveira (1996), que não identificou diferenças significativas entre

dois níveis competitivos diferentes, também nós nos deparamos com o facto de

não se identificarem diferenças significativamente significativas entre as

variáveis NC, NBR, VTB com a FTAO, tanto nas 392 SFIN das ESUP, como

nas 284 SFIN das EINF.

Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis de Equipas.

Equipas de nível superior Equipas de nível inferior

N Média Desvio Padrão F P n Média Desvio

Padrão F P

NC Êxito total 47 15,79 11,82 18 13,78 7,42 Êxito parcial 132 14,53 9,42 91 13,62 9,19 Sem êxito 213 14,25 9,56 175 12,41 7,61 Total 392 14,53 9,80

,5 ,625

284 12,88 8,13

,8 ,460

NBR Êxito total 46 6,50 5,83 18 5,33 3,07 Êxito parcial 128 5,23 3,78 91 4,79 3,71 Sem êxito 208 5,00 3,57 173 4,40 2,91 Total 382 5,26 3,99

2,7 ,070

282 4,59 3,20

1,0 ,386

VTB Êxito total 47 ,39 ,13 18 ,41 ,17 Êxito parcial 132 ,34 ,12 91 ,36 ,13 Sem êxito 213 ,35 ,14 175 ,37 ,15 Total 392 ,36 ,13

2,2 ,112

284 ,37 ,14

1,1 ,344

Os valores médios descritos são semelhantes aos resultados de VTB descritos

na revisão bibliográfica Quarteu (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004). Ainda

Page 90: Analise do Jogo de Futebol

75

assim, sobressaímos os valores de VTB das SFIN em ET, que para além de

superiores aos restantes valores das SFIN EP e SE, são relativamente acima

da média dos intervalos apurados na revisão (entre 0.33 e 0.37). Desta forma,

apesar de não se identificarem diferenças estatisticamente significativas,

consideramos a alta VTB como uma variável preponderante da transição

defesa-ataque na obtenção do golo.

4.1.8.2. Velocidade de Transmissão da Bola e Zona de Finalização

No que respeita à comparação entre as variáveis VTB, NC e NBR com a ZF,

identificaram-se diferenças estatisticamente significativas (p<.05) entre a VTB

e ZF, quer nas ESUP, quer nas EINF.

Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de Equipas.

NEO Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior

n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio

Padrão F P

DPA 20 14,65 11,686 12 10,17 6,221 Número Contactos DGA 177 14,51 9,474 114 13,03 8,145 FGA 195 14,53 9,929 158 12,98 8,254 Total 392 14,53 9,796

,002 ,998

284 12,88 8,131

,697 ,499

DPA 20 5,80 5,317 12 3,92 1,621 DGA 174 5,33 4,018 114 4,82 3,196

Número Bolas Recebidas

FGA 188 5,14 3,815 156 4,47 3,295 Total 382 5,26 3,988

,287 ,750

282 4,59 3,202

,683 ,506

DPA 20 ,42 ,12 12 ,48 ,20 Velocidade Transmissão da Bola DGA 177 ,37 ,13 114 ,39 ,15

FGA 195 ,34 ,13 158 ,34 ,13 Total 392 ,36 ,13

4,353 ,014

284 ,37 ,14�

9,007 ,000

Através do teste post hoc de Scheffé, no que respeita às ESUP, identificaram-

se diferenças estatisticamente significativas da VTB entre as SFIN em zonas

de DPA e FGA.

A mesma análise realizada no âmbito das EINF, demonstrou existirem

diferenças estatisticamente significativas da VTB entre as SFIN culminadas

DPA e as culminadas FGA, bem como, entre SFIN finalizadas DGA e as

finalizadas FGA.

Page 91: Analise do Jogo de Futebol

76

Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em ESUP e EINF.

Equipas de nível superior

Equipas de nível inferior

Variável Dependente (I) ZF (J) ZF

Diferença de Médias

(I-J) P

Diferença de Médias

(I-J) P

Dentro pequena área Dentro da grande área ,14 ,998 -2,86 ,513Número de Contactos Fora da grande área ,12 ,999 -2,81 ,514 Dentro da grande área Dentro pequena área -,14 ,998 2,86 ,513 Fora da grande área -,02 1,000 ,05 ,999 Fora da grande área Dentro pequena área -,12 ,999 2,81 ,514 Dentro da grande área ,02 1,000 -,05 ,999

Dentro pequena área Dentro da grande área ,47 ,882 -,91 ,647 Fora da grande área ,66 ,784 -,55 ,848

Número de Bolas Recebidas

Dentro da grande área Dentro pequena área -,47 ,882 ,91 ,647 Fora da grande área ,18 ,909 ,36 ,666 Fora da grande área Dentro pequena área -,66 ,784 ,55 ,848 Dentro da grande área -,18 ,909 -,36 ,666

Dentro pequena área Dentro da grande área ,05 ,266 ,09 ,097 Fora da grande área ,08(*) ,042 ,15(*) ,003

Velocidade Transmissão Bola

Dentro da grande área Dentro pequena área -,05 ,266 -,09 ,097 Fora da grande área ,03 ,132 ,05(*) ,011 Fora da grande área Dentro pequena área -,08(*) ,042 -,15(*) ,003 Dentro da grande área -,03 ,132 -,05(*) ,011

No que respeita às diferenças identificadas, realçamos o facto de o valor de

VTB ser relativamente mais elevado nas SFIN DPA do que nas SFIN FGA, em

ambos os níveis de equipas (ver quadro 4.25). Demonstrando-se assim um

indicar importante para obter finalizações em zonas mais próximas da baliza.

Page 92: Analise do Jogo de Futebol

77

4.2. Relação entre a Transição Defesa-Ataque com a Forma como Termina a Acção Ofensiva e com a Zona de Finalização em diferentes Tipos de Confrontos de Equipa

No confronto entre equipas foram observadas 92 SFIN em jogos entre ESUP

(ns vs. ns), 161 SFIN em jogos entre equipas de diferentes níveis, ESUP com

EINF (ns vs. ni), e 93 SFIN em jogos entre EINF (ni vs. ni).

Como podemos observar no quadro 4.26, nos jogos entre ESUP 8,7% das

SFIN terminaram em ET, 31,5% em EP e 59,8% SE. No que respeita aos

confrontos entre equipas de níveis diferentes, 14,9% das sequências

observadas culminaram em ET, 35,4% em EP e 49,7% em SE. Por fim,

relativamente a confrontos entre EINF verificamos que 8,6% das SFIN

observadas terminaram em ET, 32,3% em EP e 59,1% em SE. De realçar que,

os valores percentuais totais de SFIN em EP e ET referentes a confrontos entre

equipas de diferentes níveis se revelam superiores comparativamente aos

valores obtidos em confrontos entre equipas do mesmo nível, quer sejam de

ESUP como de EINF.

Quanto à ZF em confrontos entre ESUP, das 92 SFIN observadas 4,3%

finalizaram dentro da pequena área, 39,1% dentro da grande área e 56,5% fora

da grande área. Em confrontos entre diferentes níveis de equipas,

relativamente às 161 SFIN, 4,3% das finalizações decorreram dentro da

pequena área, 47,8% dentro da grande área e 47,8% fora da grande área. Por

fim, relativamente às 93 SFIN em confrontos entre EINF, verificou-se que 5,4%

das finalizações ocorreram dentro da pequena área, 38,7% dentro da grande

área e 55,9% fora da grande área. Destes resultados, realçamos o elevado

valor percentual obtido de finalização dentro da grande área e o baixo valor

percentual de finalização fora da grande área nos confrontos entre equipas de

diferente nível, em comparação aos demais tipos de confrontos.

4.2.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola

Em confrontos entre equipas do mesmo nível, jogos entre ESUP e jogos entre

EINF, as zonas onde decorreram maiores valores percentuais de recuperações

Page 93: Analise do Jogo de Futebol

78

de posse de bola foram as zonas MDE (15,2%) e MDC (12,9%),

respectivamente. Já em confrontos entre equipas de diferente nível as zonas

onde verificamos maiores valores percentuais de recuperações de posse de

bola foram as zonas MDD e MDE com valores equivalentes (14,9%).

Sobressaímos ainda o facto de, numa análise das ZREC por corredores

percebermos que, enquanto nos jogos entre equipas de nível igual os

corredores com valores percentuais totais superiores de recuperação da posse

de bola serem os laterais, já em confrontos entre equipas de nível diferente os

valores percentuais totais superiores de recuperação da posse de bola

apresentam-se no corredor central (quadro 4.27.).

4.2.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Relativamente à relação entre a ZREC e FTAO não se identificaram diferenças

estatisticamente significativas nos diversos tipos de confrontos, visto que, o

valor do P nos jogos entre ESUP foi .482, entre equipas de diferentes níveis de

.661 e entre EINF de .332, sendo sempre superior a .05.

Ao analisarmos a relação da ZREC por Sectores ou Corredores com a FTAO,

também não se identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo

que, os valores de P apurados foram sempre superiores a .05.

Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos

de Confrontos.

FTAO Total Confronto Zona de Recuperação da

Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Ofensivo direito N 1 3 1 5 % ZREC 20,0% 60,0% 20,0% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 1,8% 5,4%

Ofensivo centro N 0 1 0 1 % ZREC ,0% 100,0% ,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% ,0% 1,1%

Ofensivo esquerdo N 1 0 7 8 % ZREC 12,5% ,0% 87,5% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 12,7% 8,7%

Médio ofensivo direito N 1 3 9 13 % ZREC 7,7% 23,1% 69,2% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 16,4% 14,1%

Page 94: Analise do Jogo de Futebol

79

Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Médio ofensivo centro N 0 3 4 7 % ZREC ,0% 42,9% 57,1% 100,0% % FTAO ,0% 10,3% 7,3% 7,6%

Médio ofensivo esquerdo N 2 3 4 9 % ZREC 22,2% 33,3% 44,4% 100,0% % FTAO 25,0% 10,3% 7,3% 9,8%

Médio defensivo direito N 0 6 5 11 % ZREC ,0% 54,5% 45,5% 100,0% % FTAO ,0% 20,7% 9,1% 12,0%

Médio defensivo centro N 1 3 7 11 % ZREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 12,7% 12,0%

Médio defensivo esquerdo

N 0 4 10 14

% ZREC ,0% 28,6% 71,4% 100,0% % FTAO ,0% 13,8% 18,2% 15,2%

Defensivo direito N 1 0 2 3 % ZREC 33,3% ,0% 66,7% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 3,6% 3,3%

Defensivo centro N 0 3 5 8 % ZREC ,0% 37,5% 62,5% 100,0% % FTAO ,0% 10,3% 9,1% 8,7%

Defensivo esquerdo N 1 0 1 2 % ZREC 50,0% ,0% 50,0% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 1,8% 2,2%

Total N 8 29 55 92 % ZREC 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ns vs. ni Ofensivo direito N 0 1 4 5 % ZREC ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 5,0% 3,1%

Ofensivo centro N 0 0 1 1 % ZREC ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 1,3% ,6%

Ofensivo esquerdo N 0 2 6 8 % ZREC ,0% 25,0% 75,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,5% 7,5% 5,0%

Médio ofensivo direito N 3 5 7 15 % ZREC 20,0% 33,3% 46,7% 100,0% % FTAO 12,5% 8,8% 8,8% 9,3%

Médio ofensivo centro N 2 11 8 21 % ZREC 9,5% 52,4% 38,1% 100,0% % FTAO 8,3% 19,3% 10,0% 13,0%

médio ofensivo esquerdo N 4 6 10 20 % ZREC 20,0% 30,0% 50,0% 100,0% % FTAO 16,7% 10,5% 12,5% 12,4%

Médio defensivo direito N 4 9 11 24 % ZREC 16,7% 37,5% 45,8% 100,0% % FTAO 16,7% 15,8% 13,8% 14,9%

Page 95: Analise do Jogo de Futebol

80

Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Médio defensivo centro N 3 5 14 22 % ZREC 13,6% 22,7% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 8,8% 17,5% 13,7%

Médio defensivo esquerdo

N 5 7 12 24

% ZREC 20,8% 29,2% 50,0% 100,0% % FTAO 20,8% 12,3% 15,0% 14,9%

Defensivo direito N 1 1 2 4 % ZREC 25,0% 25,0% 50,0% 100,0% % FTAO 4,2% 1,8% 2,5% 2,5%

Defensivo centro N 2 9 3 14 % ZREC 14,3% 64,3% 21,4% 100,0% % FTAO 8,3% 15,8% 3,8% 8,7%

Defensivo esquerdo N 0 1 2 3 % ZREC ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 2,5% 1,9%

Total N 24 57 80 161 % ZREC 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ni vs. ni Ofensivo direito N 0 5 4 9 % ZREC ,0% 55,6% 44,4% 100,0% % FTAO ,0% 16,7% 7,3% 9,7%

Ofensivo esquerdo N 0 1 4 5 % ZREC ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 7,3% 5,4% Médio ofensivo direito N 0 4 6 10 % ZREC ,0% 40,0% 60,0% 100,0% % FTAO ,0% 13,3% 10,9% 10,8%

Médio ofensivo centro N 1 3 7 11 % ZREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 12,7% 11,8%

Médio ofensivo esquerdo N 0 3 7 10 % ZREC ,0% 30,0% 70,0% 100,0% % FTAO ,0% 10,0% 12,7% 10,8%

Médio defensivo direito N 1 4 4 9 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % FTAO 12,5% 13,3% 7,3% 9,7%

Médio defensivo centro N 1 2 9 12 % ZREC 8,3% 16,7% 75,0% 100,0% % FTAO 12,5% 6,7% 16,4% 12,9%

Médio defensivo esquerdo

N 2 2 7 11

% ZREC 18,2% 18,2% 63,6% 100,0% % FTAO 25,0% 6,7% 12,7% 11,8%

Defensivo direito N 0 0 3 3 % ZREC ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 5,5% 3,2%

Defensivo centro N 2 5 0 7 % ZREC 28,6% 71,4% ,0% 100,0% % FTAO 25,0% 16,7% ,0% 7,5%

Page 96: Analise do Jogo de Futebol

81

Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Defensivo esquerdo N 1 1 4 6 % ZREC 16,7% 16,7% 66,7% 100,0% % FTAO 12,5% 3,3% 7,3% 6,5%

Total N 8 30 55 93 % ZREC 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

De realçar que segundo o quadro 4.27, das 93 SFIN terminadas em ET em

confrontos entre ESUP 50% das mesmas tiveram como C de recuperação da

posse de bola o corredor esquerdo, enquanto que analisando as 93 SFIN em

confrontos entre EINF 50% das sequências iniciaram-se com uma recuperação

da posse de bola no corredor central.

Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e

FTAO em diferentes tipos de Confrontos.

Confronto FTAO Total

Corredor

Êxito total Êxito parcial Sem êxito

ns vs. ns. Direito n 3 12 17 32 % C 9,4% 37,5% 53,1% 100,0% % FTAO 37,5% 41,4% 30,9% 34,8%

Central n 1 10 16 27 % C 3,7% 37,0% 59,3% 100,0% % FTAO 12,5% 34,5% 29,1% 29,3%

Esquerdo n 4 7 22 33 % C 12,1% 21,2% 66,7% 100,0% % FTAO 50,0% 24,1% 40,0% 35,9%

Total n 8 29 55 92 % C 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ns vs. ni Direito n 8 17 25 50 % C 16,0% 34,0% 50,0% 100,0% % FTAO 33,3% 29,8% 31,3% 31,1%

Central n 7 24 25 56 % C 12,5% 42,9% 44,6% 100,0% % FTAO 29,2% 42,1% 31,3% 34,8%

Esquerdo n 9 16 30 55 % C 16,4% 29,1% 54,5% 100,0% % FTAO 37,5% 28,1% 37,5% 34,2%

Total n 24 57 80 161 % C 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 97: Analise do Jogo de Futebol

82

Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni Direito N 1 13 17 31 % C 3,2% 41,9% 54,8% 100,0% % FTAO 12,5% 43,3% 30,9% 33,3%

Central N 4 10 16 30 % C 13,3% 33,3% 53,3% 100,0% % FTAO 50,0% 33,3% 29,1% 32,3%

Esquerdo N 3 7 22 32 % C 9,4% 21,9% 68,8% 100,0% % FTAO 37,5% 23,3% 40,0% 34,4%

Total N 8 30 55 93 % C 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

4.2.1.2. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização

Da relação entre a ZREC e a ZF, não se identificaram diferenças

estatisticamente significativas sendo o valor de P em confrontos entre ESUP de

.066, em confrontos entre equipas de diferente nível .053 e em confrontos entre

EINF.869.

4.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola

Na análise estatística descritiva do TREC em diferentes tipos de confrontos,

verificamos que tanto em confrontos entre ESUP como em confrontos entre

equipas de diferente nível, o TREC com maiores valores totais percentuais são

destacadamente os da categoria Intercepção (41,3% e 42,9%,

respectivamente). Por outro lado, em confrontos entre EINF, o TREC que

apresenta valores superiores no início das sequências ofensivas observadas

são as da categoria Bola Parada (44,1%)

4.2.2.1. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

No que respeita ao TREC e à sua relação com a FTAO, não se identificaram

diferenças estaticamente significativas sendo o valor do P de .084 para jogos

entre ESUP, .415 para jogos entre diferentes níveis de equipa e .477 para

jogos entre EINF.

Page 98: Analise do Jogo de Futebol

83

Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em

diferentes tipos de Confrontos.

FTAO Total Confronto Tipo de Recuperação

da Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Bola parada N 5 7 21 33 % TREC 15,2% 21,2% 63,6% 100,0% % FTAO 62,5% 24,1% 38,2% 35,9% Erro adversário N 0 11 10 21 % TREC ,0% 52,4% 47,6% 100,0% % FTAO ,0% 37,9% 18,2% 22,8%

Intercepção N 3 11 24 38 % TREC 7,9% 28,9% 63,2% 100,0% % FTAO 37,5% 37,9% 43,6% 41,3%

Total N 8 29 55 92 % TREC 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ns vs. ni Outro N 1 0 0 1 % TREC 100,0% ,0% ,0% 100,0% % FTAO 4,2% ,0% ,0% ,6%

Bola parada N 7 19 28 54 % TREC 13,0% 35,2% 51,9% 100,0% % FTAO 29,2% 33,3% 35,0% 33,5%

Erro adversário N 5 13 19 37 % TREC 13,5% 35,1% 51,4% 100,0% % FTAO 20,8% 22,8% 23,8% 23,0%

Intercepção N 11 25 33 69 % TREC 15,9% 36,2% 47,8% 100,0% % FTAO 45,8% 43,9% 41,3% 42,9%

Total N 24 57 80 161 % TREC 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ni vs. ni Bola parada N 2 16 23 41 % TREC 4,9% 39,0% 56,1% 100,0% % FTAO 25,0% 53,3% 41,8% 44,1%

Erro adversário N 2 6 17 25 % TREC 8,0% 24,0% 68,0% 100,0% % FTAO 25,0% 20,0% 30,9% 26,9% Intercepção N 4 8 15 27 % TREC 14,8% 29,6% 55,6% 100,0% % FTAO 50,0% 26,7% 27,3% 29,0%

Total N 8 30 55 93 % TREC 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

4.2.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização

No confronto entre equipas do mesmo nível, quer seja entre ESUP ou entre

EINF, não se identificaram diferenças estatisticamente significativas entre o

Page 99: Analise do Jogo de Futebol

84

TREC e a ZF, sendo que o valo P foi sempre superior a .05. Por outro lado, no

que respeita aos confrontos entre equipas de diferente nível, identificaram-se

diferenças estatisticamente significativas na relação entre estas duas variáveis.

Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF em diferentes tipos de Confrontos.

Confronto ZF Total

Tipo de Recuperação da Posse de Bola

Dentro da

pequena área Dentro da

grande área Fora da

grande área ns vs. ns Bola parada n 3 9 21 33 TREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% ZF 75,0% 25,0% 40,4% 35,9% Erro adversário n 0 9 12 21 TREC ,0% 42,9% 57,1% 100,0% ZF ,0% 25,0% 23,1% 22,8% Intercepção n 1 18 19 38 TREC 2,6% 47,4% 50,0% 100,0% ZF 25,0% 50,0% 36,5% 41,3% Total n 4 36 52 92 TREC 4,3% 39,1% 56,5% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% ns vs. ni Outro N 1 0 0 1 TREC 100,0% ,0% ,0% 100,0% ZF 14,3% ,0% ,0% ,6% Bola parada N 2 25 27 54 TREC 3,7% 46,3% 50,0% 100,0% ZF 28,6% 32,5% 35,1% 33,5% Erro adversário N 3 18 16 37 TREC 8,1% 48,6% 43,2% 100,0% ZF 42,9% 23,4% 20,8% 23,0% Intercepção N 1 34 34 69 TREC 1,4% 49,3% 49,3% 100,0% ZF 14,3% 44,2% 44,2% 42,9% Total N 7 77 77 161 TREC 4,3% 47,8% 47,8% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% ni vs. ni Bola parada N 4 11 26 41 TREC 9,8% 26,8% 63,4% 100,0% ZF 80,0% 30,6% 50,0% 44,1% Erro adversário N 1 14 10 25 TREC 4,0% 56,0% 40,0% 100,0% ZF 20,0% 38,9% 19,2% 26,9% Intercepção N 0 11 16 27 TREC ,0% 40,7% 59,3% 100,0% ZF ,0% 30,6% 30,8% 29,0% Total N 5 36 52 93 TREC 5,4% 38,7% 55,9% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 100: Analise do Jogo de Futebol

85

Comparando as variáveis ZREC e ZF no confronto entre equipas de diferente

nível, observamos uma predominância das recuperações efectuadas por erro

adversário nas SFIN na zona DPA, sendo que, as recuperações por

intercepção denotam-se a forma mais frequente de recuperar a posse de bola

nas restantes SFIN. Realça-se também a pertinência das recuperações por BP,

nos confrontos entre equipas do mesmo nível, nas SFIN na zona DPA.

4.2.3. Primeiro Passe

Assim como se verificou na análise por níveis de equipas, na análise por

diferentes tipos de confrontos, os passes curtos/médios são claramente os

mais utilizados no início das SFIN observadas. Verificamos que, em confrontos

entre equipas do mesmo nível, seja em jogos entre ESUP ou entre EINF, o PP

mais frequente foi o CML (35,9% e 37,6%, respectivamente). Por outro lado,

nos confrontos entre equipas de níveis diferentes, o PP com percentagens

totais superiores foram o CML e o CMF com valores equivalentes (37,3%).

Ainda de realçar que, para além da baixa presença de PP denominados

Longos, em confrontos entre ESUP verificaram-se primeiros passes Longos

para a frente e para o lado, enquanto que, em confrontos entre equipas de

diferente nível apenas se verificaram PP Longos para o lado e em confrontos

entre EINF, apenas se verificaram PP Longo para a frente.

4.2.3.1. Primeiro Passe e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Relativamente ao PP utilizado, não se identificaram diferenças estatisticamente

significativas em relação à FTAO nos diferentes tipos de confrontos, sendo

que, o valor do P foi de .745 em confrontos entre ESUP, .898 entre equipas de

diferentes níveis e .764 entre EINF.

Page 101: Analise do Jogo de Futebol

86

Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes

tipos de Confrontos.

FTAO Total Confronto Primeiro Passe

Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Sem primeiro passe N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 6,9% 1,8% 3,3%

Longo lado N 0 1 1 2 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 1,8% 2,2%

Longo frente N 0 1 3 4 % PP ,0% 25,0% 75,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 5,5% 4,3%

Curto médio oblíquo N 0 1 4 5 % PP ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 7,3% 5,4%

Curto médio lado N 3 9 21 33 % PP 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 37,5% 31,0% 38,2% 35,9%

Curto médio trás N 3 7 6 16 % PP 18,8% 43,8% 37,5% 100,0% % FTAO 37,5% 24,1% 10,9% 17,4%

Curto médio frente N 2 8 19 29 % PP 6,9% 27,6% 65,5% 100,0% % FTAO 25,0% 27,6% 34,5% 31,5%

Total N 8 29 55 92 % PP 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ns vs. ni Sem primeiro passe N 0 1 2 3 % PP ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 2,5% 1,9%

Longo lado N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 3,5% 1,3% 1,9%

Curto médio oblíquo N 0 4 4 8 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % FTAO ,0% 7,0% 5,0% 5,0% Curto médio lado N 10 21 29 60 % PP 16,7% 35,0% 48,3% 100,0% % FTAO 41,7% 36,8% 36,3% 37,3%

Curto médio trás N 3 10 14 27 % PP 11,1% 37,0% 51,9% 100,0% % FTAO 12,5% 17,5% 17,5% 16,8%

Curto médio frente N 11 19 30 60 % PP 18,3% 31,7% 50,0% 100,0% % FTAO 45,8% 33,3% 37,5% 37,3%

Total N 24 57 80 161 % PP 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 102: Analise do Jogo de Futebol

87

Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni Sem primeiro passe N 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 1,8% 1,1%

Longo frente N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 6,7% 1,8% 3,2%

Curto médio oblíquo N 1 3 6 10 % PP 10,0% 30,0% 60,0% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 10,9% 10,8% Curto médio lado N 1 12 22 35 % PP 2,9% 34,3% 62,9% 100,0% % FTAO 12,5% 40,0% 40,0% 37,6%

Curto médio trás N 1 5 8 14 % PP 7,1% 35,7% 57,1% 100,0% % FTAO 12,5% 16,7% 14,5% 15,1%

Curto médio frente N 5 8 17 30 % PP 16,7% 26,7% 56,7% 100,0% % FTAO 62,5% 26,7% 30,9% 32,3%

Total N 8 30 55 93 % PP 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

4.2.3.2. Primeiro Passe e Zona de Finalização

Relativamente à comparação entre o PP e a ZF, não identificamos diferenças

estatisticamente significativas entre o primeiro passe realizado e a zona onde

decorre a finalização nos diversos tipos de confrontos analisados, sendo o

valor de P de .798 em confrontos entre ESUP, .749 entre equipas de diferente

nível e .749 entre EINF.

4.2.4. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Na análise ao TRNAD em função de diferentes tipos de confrontos (quadro

4.31) verificamos que as SFIN em IN são as que apresentam valores

percentuais mais elevados, todos superiores a 80%, seguidas das culminadas

em IgN e por fim em SN. Assim se verifica a maior ocorrência de SFIN com

inferioridade do número de atacantes em relação ao número de defesas,

independentemente do tipo de confronto. Sendo o valor de SFIN em SN

bastante reduzido, realçamos o facto de se verificar o valor mais alto (5,6%) em

confrontos entre equipas de diferentes níveis.

Page 103: Analise do Jogo de Futebol

88

4.2.4.1. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Não identificamos diferenças estatisticamente significativas relativamente ao

TRNAD e a FTAO em confrontos entre ESUP e entre equipas de diferentes

níveis, sendo o valor de P sempre superior a .05. No entanto, no que respeita

ao confronto entre EINF, identificaram-se diferenças estatisticamente

significativas entre o TRNAD e a FTAO sendo o valor do P de .005.

Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes

tipos de Confrontos.

FTAO Total Confronto Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Êxito total Êxito parcial Sem êxito

ns vs. ns n 7 22 48 77

Inferioridade numérica

% TRNAD 9,1% 28,6% 62,3% 100,0% % FTAO 87,5% 75,9% 87,3% 83,7%

n 1 6 7 14

Igualdade numérica

% TRNAD 7,1% 42,9% 50,0% 100,0% % FTAO 12,5% 20,7% 12,7% 15,2%

n 0 1 0 1

Superioridade numérica

% TRNAD ,0% 100,0% ,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% ,0% 1,1%

Total n 8 29 55 92 % TRNAD 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

ns vs. ni n 19 46 69 134

Inferioridade numérica

% TRNAD 14,2% 34,3% 51,5% 100,0% % FTAO 79,2% 80,7% 86,3% 83,2%

n 3 7 8 18

Igualdade numérica

% TRNAD 16,7% 38,9% 44,4% 100,0% % FTAO 12,5% 12,3% 10,0% 11,2%

n 2 4 3 9

Superioridade numérica

% TRNAD 22,2% 44,4% 33,3% 100,0% % FTAO 8,3% 7,0% 3,8% 5,6%

Total n 24 57 80 161 % TRNAD 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Page 104: Analise do Jogo de Futebol

89

Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni n 5 26 45 76

Inferioridade numérica

% TRNAD 6,6% 34,2% 59,2% 100,0% % FTAO 62,5% 86,7% 81,8% 81,7%

N 1 3 10 14

Igualdade numérica

% TRNAD 7,1% 21,4% 71,4% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 18,2% 15,1%

N 2 1 0 3

Superioridade numérica

% TRNAD 66,7% 33,3% ,0% 100,0% % FTAO 25,0% 3,3% ,0% 3,2%

Total n 8 30 55 93 % TRNAD 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Analisando o quadro 4.31. verificamos que, para além de uma supremacia das

SFIN em IN já evidente em resultados anteriores, é nos confrontos entre

equipas de diferente nível em que se apresentam um maior número de casos

de SFIN em SN. Ao mesmo tempo é nos confrontos entre ESUP que o número

de SFIN em SN é inferior. Possivelmente resultado de uma organização

defensiva de qualidade superior que dificulta o aparecimento deste tipo de

situações em jogo.

Ainda analisando o mesmo quadro e tendo em conta as diferenças

significativas encontradas entre o TRNAD e a FTAO nos confrontos entre EINF,

realçamos o facto de ser neste tipo de confrontos que as SFIN em SN

apresentam maior eficácia (66,7%-ET; 33,3%-EP; e 0%-SE). Apesar de ser um

número escasso de casos observados, parece possível afirmar que as EINF

apresentam uma maior eficácia deste tipo de situações.

4.2.4.2. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização

Na relação entre o TRNAD e a ZF não identificamos diferenças

estatisticamente significativas (p>.05) nos diversos tipos de confrontos

analisados.

Page 105: Analise do Jogo de Futebol

90

4.2.5. Número de Variações de Corredor

Na análise do NVC, pelos diferentes tipos de confrontos, verificamos que o

valor médio total de NVC mais alto resultou dos confrontos entre equipas de

diferente nível (1,99), enquanto que o valor mais baixo se apresenta nos

confrontos entre ESUP (1,48).

4.2.5.1. Número de Variações de Corredor e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Apesar de não identificarmos diferenças estatisticamente significativas entre o

NVC e a FTAO, em todos os tipos de confrontos (p>.05), analisando o quadro

4.32., verificamos que em confrontos entre equipas de nível diferente e em

confrontos entre EINF os valores médios totais de NVC mais altos são os das

SFIN em ET, posteriormente em EP e por fim em SE. No entanto, segundo o

mesmo quadro, nos confrontos entre ESUP observa-se uma tendência inversa

dos resultados, sendo as SFIN culminadas em ET as que apresentam menor

valor médio de NVC.

Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos

diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns Êxito total 8 1,25 ,463 Êxito parcial 29 1,31 1,039 Sem êxito 55 1,60 1,285 Total 92 1,48 1,162

,754 ,473

ns vs. ni Êxito total 24 2,46 1,693 Êxito parcial 57 2,07 1,450 Sem êxito 80 1,79 1,122 Total 161 1,99 1,351

2,487 ,086

ni vs. ni Êxito total 8 1,88 1,246 Êxito parcial 30 1,50 1,042 Sem êxito 55 1,55 ,959 Total 93 1,56 1,005

,447 ,641

Page 106: Analise do Jogo de Futebol

91

4.2.5.2. Número de Variações de Corredor e Zona de Finalização

No que respeita ao NVC e à ZF onde culmina a SFIN observada, não se

identificaram diferenças estatisticamente significativas nos diversos tipos de

confrontos analisados (p>.05).

Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes Tipos de

Confrontos.

Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns Dentro pequena área 4 1,25 ,500 Dentro da grande área 36 1,42 1,052 Fora da grande área 52 1,54 1,275 Total 92 1,48 1,162

,194 ,824

ns vs. ni Dentro pequena área 7 2,14 1,069 Dentro da grande área 77 2,00 1,357 Fora da grande área 77 1,96 1,381 Total 161 1,99 1,351

,064 ,938

ni vs. ni Dentro pequena área 5 1,80 ,837 Dentro da grande área 36 1,47 ,878 Fora da grande área 52 1,60 1,107 Total 93 1,56 1,005

,309 ,735

4.2.6. Número de Jogadores

Relativamente ao NJOG a participar na SFIN, verificamos o valor médio total

mais alto nos confrontos entre equipas de diferente nível (4,90) e o valor médio

total mais baixo em confrontos entre ESUP (4,21).

4.2.6.1. Número de Jogadores e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Na análise comparativa entre as variáveis NJOG e FTAO em diferentes tipos

de confrontos, não se identificaram diferenças estatisticamente significativas

(p<.05) entre as mesmas, sendo, no entanto, pertinente de realçar que nos

confrontos entre ESUP os valores médios totais de NJOG a participar nas SFIN

observadas aumentam na ordem ET (3,75), EP (4,14) e SE (4,31), verificando-

se uma tendência inversa nos outros dois tipos de confrontos, onde o maior

número médio de jogadores a participar nas SFIN observadas se verificou nas

sequências culminadas em ET.

Page 107: Analise do Jogo de Futebol

92

Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos

diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns Êxito total 8 3,75 ,886 Êxito parcial 29 4,14 1,407 Sem êxito 55 4,31 2,026 Total 92 4,21 1,770

,375 ,688

ns vs. ni Êxito total 24 5,21 2,000 Êxito parcial 57 4,98 1,959 Sem êxito 80 4,75 1,913 Total 161 4,90 1,937

,592 ,554

ni vs. ni Êxito total 8 5,13 1,356 Êxito parcial 30 4,40 1,773 Sem êxito 55 4,00 1,528 Total 93 4,23 1,616

1,992 ,142

4.2.6.2. Número de Jogadores e Zona de Finalização

Segundo o quadro 4.35., não se identificaram diferenças estatisticamente

significativas (p>.05) entre o NJOG e a ZF nos diferentes tipos de confrontos.

Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes Tipos de

Confrontos.

Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns Dentro pequena área 4 3,50 ,577 Dentro da grande área 36 4,22 1,775 Fora da grande área 52 4,25 1,835 Total 92 4,21 1,770

,331 ,719

ns vs. ni Dentro pequena área 7 5,00 1,528 Dentro da grande área 77 5,21 1,887 Fora da grande área 77 4,58 1,989 Total 161 4,90 1,937

2,029 ,135

ni vs. ni Dentro pequena área 5 4,40 1,673 Dentro da grande área 36 4,36 1,397 Fora da grande área 52 4,12 1,767 Total 93 4,23 1,616

,272 ,762

Page 108: Analise do Jogo de Futebol

93

4.2.7. Relação Numérica Ataque-Defesa

Na análise da categoria DIF da RNAD, sendo o valor médio total negativo,

verificamos que nos diferentes tipos de confrontos as SFIN culminam

normalmente em superioridade do número de defesas sobre o número de

atacantes (quadro 4.36.).

4.2.7.1. Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Segundo a análise comparativa entre as variáveis RNAD e FTAO, não

identificamos diferenças estatisticamente significativas nos diversos tipos de

confrontos, exceptuando na relação encontrada entre a categoria DEF e a

FTAO dos confrontos entre EINF (quadro 4.36.).

Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes

Tipos de Confrontos.

Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P

Ns vs. ns ATAC Êxito total 8 4,13 1,126 Êxito parcial 29 3,83 1,853 Sem êxito 55 4,16 1,596 Total 92 4,05 1,640

,401 ,671

DEF Êxito total 8 5,88 1,808 Êxito parcial 29 5,00 2,087 Sem êxito 55 5,67 1,886 Total 92 5,48 1,953

1,317 ,273

DIF Êxito total 8 -1,75 1,165 Êxito parcial 29 -1,17 ,966 Sem êxito 55 -1,51 ,979 Total 92 -1,42 ,997

1,571 ,214

Ns vs. ni ATAC Êxito total 24 3,58 1,640 Êxito parcial 57 3,68 1,537 Sem êxito 80 4,08 1,533 Total 161 3,86 1,555

1,518 ,222

DEF Êxito total 24 4,83 2,353 Êxito parcial 57 5,04 1,945 Sem êxito 80 5,71 1,857 Total 161 5,34 1,991

2,914 ,057

DIF Êxito total 24 -1,25 1,260 Êxito parcial 57 -1,35 1,261 Sem êxito 80 -1,64 1,070 Total 161 -1,48 1,173

1,538 ,218

Page 109: Analise do Jogo de Futebol

94

Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni ATAC Êxito total 8 2,88 1,458 Êxito parcial 30 4,27 1,337 Sem êxito 55 4,27 1,683 Total 93 4,15 1,594

2,918 ,059

DEF Êxito total 8 3,63 2,446 Êxito parcial 30 5,80 1,690 Sem êxito 55 5,76 2,054 Total 93 5,59 2,050

4,323 ,016

DIF Êxito total 8 -,75 1,282 Êxito parcial 30 -1,53 1,074 Sem êxito 55 -1,49 1,086 Total 93 -1,44 1,108

1,744 ,181

Desta forma, analisando o quadro 4.37., identificamos diferenças

estatisticamente significativas nos confrontos entre EINF, relativamente ao

número de defesas (DEF) das SFIN terminadas em ET e EP e entre as SFIN

em ET e SE.

Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e

FTAO em diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto Variável Dependente (I) FTAO (J) FTAO

Diferença de Médias

(I-J) P

ns vs. Ns ATAC Êxito total Êxito parcial ,30 ,903 Sem êxito -,04 ,998 Êxito parcial Êxito total -,30 ,903 Sem êxito -,34 ,676 Sem êxito Êxito total ,04 ,998 Êxito parcial ,34 ,676

DEF Êxito total Êxito parcial ,88 ,533 Sem êxito ,20 ,963 Êxito parcial Êxito total -,88 ,533 Sem êxito -,67 ,326 Sem êxito Êxito total -,20 ,963 Êxito parcial ,67 ,326

DIF Êxito total Êxito parcial -,58 ,349 Sem êxito -,24 ,814 Êxito parcial Êxito total ,58 ,349 Sem êxito ,34 ,339 Sem êxito Êxito total ,24 ,814 Êxito parcial -,34 ,339

Page 110: Analise do Jogo de Futebol

95

4.2.7.2. Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização

No que respeita à comparação entre as categorias da RNAD e a ZF,

unicamente identificamos diferenças significativas nas categorias ATAC e DEF

com a ZF nos confrontos entre ESUP e entre equipas de diferente nível

(p<.05).

Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ns vs. Ni ATAC Êxito total Êxito parcial -,10 ,965 Sem êxito -,49 ,397 Êxito parcial Êxito total ,10 ,965 Sem êxito -,39 ,350 Sem êxito Êxito total ,49 ,397 Êxito parcial ,39 ,350

DEF Êxito total Êxito parcial -,20 ,915 Sem êxito -,88 ,162 Êxito parcial Êxito total ,20 ,915 Sem êxito -,68 ,142 Sem êxito Êxito total ,88 ,162 Êxito parcial ,68 ,142

DIF Êxito total Êxito parcial ,10 ,939 Sem êxito ,39 ,365 Êxito parcial Êxito total -,10 ,939 Sem êxito ,29 ,370 Sem êxito Êxito total -,39 ,365 Êxito parcial -,29 ,370 ni vs. Ni ATAC Êxito total Êxito parcial -1,39 ,087 Sem êxito -1,40 ,066 Êxito parcial Êxito total 1,39 ,087 Sem êxito -,01 1,000 Sem êxito Êxito total 1,40 ,066 Êxito parcial ,01 1,000

DEF Êxito total Êxito parcial -2,17(*) ,026 Sem êxito -2,14(*) ,020 Êxito parcial Êxito total 2,17(*) ,026 Sem êxito ,04 ,997 Sem êxito Êxito total 2,14(*) ,020 Êxito parcial -,04 ,997

DIF Êxito total Êxito parcial ,78 ,207 Sem êxito ,74 ,210 Êxito parcial Êxito total -,78 ,207 Sem êxito -,04 ,986 Sem êxito Êxito total -,74 ,210 Êxito parcial ,04 ,986

Page 111: Analise do Jogo de Futebol

96

Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de

Confrontos.

Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P

ns vs. Ns ATAC Dentro pequena área 4 5,00 2,449 Dentro da grande área 36 3,42 1,461 Fora da grande área 52 4,42 1,576 Total 92 4,05 1,640

5,128 ,008

DEF Dentro pequena área 4 6,25 2,062 Dentro da grande área 36 4,67 2,014 Fora da grande área 52 5,98 1,732 Total 92 5,48 1,953

5,672 ,005

DIF Dentro pequena área 4 -1,25 ,957 Dentro da grande área 36 -1,25 1,156 Fora da grande área 52 -1,56 ,873 Total 92 -1,42 ,997

1,078 ,345

ns vs. Ni ATAC Dentro pequena área 7 4,43 1,272 Dentro da grande área 77 3,44 1,626 Fora da grande área 77 4,23 1,404 Total 161 3,86 1,555

5,807 ,004

DEF Dentro pequena área 7 6,14 1,952 Dentro da grande área 77 4,73 2,017 Fora da grande área 77 5,88 1,799 Total 161 5,34 1,991

7,671 ,001

DIF Dentro pequena área 7 -1,71 1,113 Dentro da grande área 77 -1,29 1,134 Fora da grande área 77 -1,65 1,201 Total 161 -1,48 1,173

2,023 ,136

ni vs. Ni ATAC Dentro pequena área 5 4,60 2,074 Dentro da grande área 36 3,81 1,849 Fora da grande área 52 4,35 1,327 Total 93 4,15 1,594

1,447 ,241

DEF Dentro pequena área 5 6,00 1,871 Dentro da grande área 36 5,17 2,420 Fora da grande área 52 5,85 1,753 Total 93 5,59 2,050

1,282 ,283

DIF Dentro pequena área 5 -1,40 ,548 Dentro da grande área 36 -1,36 1,150 Fora da grande área 52 -1,50 1,129 Total 93 -1,44 1,108

,168 ,846

Desta forma, segundo o quadro 4.39., relativamente aos confrontos entre

ESUP, identificamos diferenças estatisticamente significativas, entre o número

de ATAC nas SFIN terminadas dentro da grande área e fora da grande área. A

mesma distinção se identificou relativamente ao número de DEF neste tipo de

confrontos. Ao mesmo tempo, percebemos que relativamente aos confrontos

entre equipas de diferente nível, se identificaram diferenças estatisticamente

Page 112: Analise do Jogo de Futebol

97

significativas no número de ATAC e DEF das SFIN culminadas dentro da

grande área e fora da grande área. Resultado que única e curiosamente não se

apurou nos confrontos entre EINF.

Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em

diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto Variável Dependente (I) ZF (J) ZF

Diferença de Médias

(I-J) P

ns vs. ns ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área 1,58 ,166 Fora da grande área ,58 ,779 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,58 ,166 Fora da grande área -1,01(*) ,015 Fora da grande área Dentro pequena área -,58 ,779 Dentro da grande área 1,01(*) ,015

DEF Dentro pequena área Dentro da grande área 1,58 ,276 Fora da grande área ,27 ,962 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,58 ,276 Fora da grande área -1,31(*) ,007 Fora da grande área Dentro pequena área -,27 ,962 Dentro da grande área 1,31(*) ,007

DIF Dentro pequena área Dentro da grande área ,00 1,000 Fora da grande área ,31 ,838 Dentro da grande área Dentro pequena área ,00 1,000 Fora da grande área ,31 ,367 Fora da grande área Dentro pequena área -,31 ,838 Dentro da grande área -,31 ,367 ns vs. ni ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área ,99 ,257 Fora da grande área ,19 ,948 Dentro da grande área Dentro pequena área -,99 ,257 Fora da grande área -,79(*) ,006 Fora da grande área Dentro pequena área -,19 ,948 Dentro da grande área ,79(*) ,006

DEF Dentro pequena área Dentro da grande área 1,42 ,176 Fora da grande área ,26 ,943 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,42 ,176 Fora da grande área -1,16(*) ,001 Fora da grande área Dentro pequena área -,26 ,943 Dentro da grande área 1,16(*) ,001

DIF Dentro pequena área Dentro da grande área -,43 ,649 Fora da grande área -,06 ,990 Dentro da grande área Dentro pequena área ,43 ,649 Fora da grande área ,36 ,157 Fora da grande área Dentro pequena área ,06 ,990 Dentro da grande área -,36 ,157 ni vs. Ni ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área ,79 ,579 Fora da grande área ,25 ,943 Dentro da grande área Dentro pequena área -,79 ,579 Fora da grande área -,54 ,296 Fora da grande área Dentro pequena área -,25 ,943 Dentro da grande área ,54 ,296

Page 113: Analise do Jogo de Futebol

98

Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO

em diferentes Tipos de Confrontos (continuação).

DEF Dentro pequena área Dentro da grande área ,83 ,695 Fora da grande área ,15 ,987 Dentro da grande área Dentro pequena área -,83 ,695 Fora da grande área -,68 ,313 Fora da grande área Dentro pequena área -,15 ,987 Dentro da grande área ,68 ,313

DIF Dentro pequena área Dentro da grande área -,04 ,997 Fora da grande área ,10 ,982 Dentro da grande área Dentro pequena área ,04 ,997 Fora da grande área ,14 ,849 Fora da grande área Dentro pequena área -,10 ,982 Dentro da grande área -,14 ,849

Tendo ainda em conta, que anteriormente, no estudo de diferentes níveis de

equipas, já se identificaram diferenças estatisticamente significativas na relação

entre estas duas variáveis, RNAD e ZF, parece-nos mais que evidente, que o

número de ATAC, é uma variável com resultados de realce no estudo da

transição defesa-ataque.

Desta forma, parece ser possível sugerir que o número de atacantes, que

rapidamente transitam e se predispõe a finalizar, proporcionam um maior

número de soluções para criar situações de finalização, uma maior proximidade

de finalização e consequentemente potencia o êxito da mesma. Sendo que,

encontramos diferenças estatisticamente significativas entre a relação das

variáveis RNAD e a ZF nos confrontos entre ESUP e nos confrontos entre

ESUP com EINF, parece-nos claro que esta é uma ideia principalmente

presente nas ESUP.

Ao mesmo tempo, na análise da categoria DEF, esta contraria a facilidade em

finalizar em eficácia e em aproximação ao alvo, sendo no entanto uma ideia de

estudo da transição ataque-defesa.

4.2.8. Velocidade de Transmissão da Bola

Comparando os diferentes tipos de confrontos, identificamos valores totais

médios muito próximos de VTB, que variam entre .34 em confrontos de ESUP

e .38 em confrontos de EINF (quadro 4.40).

Page 114: Analise do Jogo de Futebol

99

4.2.8.1. Velocidade de Transmissão da Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva

Segundo o quadro 4.40., identificamos diferenças estatisticamente

significativas (p<.05) entre a VTB e a FTAO nos confrontos entre ESUP.

Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes Tipos

de Confrontos.

Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns NC Êxito total 8 10,00 5,182 Êxito parcial 29 11,93 4,847 Sem êxito 55 13,69 9,165 Total 92 12,82 7,781

1,060 ,351

NBR Êxito total 8 3,75 1,753 Êxito parcial 27 3,85 1,634 Sem êxito 54 4,57 3,362 Total 89 4,28 2,824

,739 ,480

VTB Êxito total 8 ,44 ,18 Êxito parcial 29 ,30 ,11 Sem êxito 55 ,34 ,14 Total 92 ,34 ,14

3,449 ,036

ns vs. ni NC Êxito total 24 18,08 11,617 Êxito parcial 57 15,53 9,586 Sem êxito 80 15,06 9,465 Total 161 15,68 9,842

,879 ,417

NBR Êxito total 24 7,25 5,682 Êxito parcial 56 5,89 4,030 Sem êxito 78 5,28 3,618

Total 158 5,80 4,159

2,107 ,125

VTB Êxito total 24 ,39 ,10 Êxito parcial 57 ,36 ,12 Sem êxito 80 ,35 ,13 Total 161 ,36 ,12

1,137 ,324

ni vs. ni NC Êxito total 8 11,50 6,928 Êxito parcial 30 13,30 8,437 Sem êxito 55 10,89 5,540 Total 93 11,72 6,733

1,254 ,290

NBR Êxito total 8 5,00 3,207 Êxito parcial 30 4,97 3,774 Sem êxito 54 4,09 2,365 Total 92 4,46 2,963

,986 ,377

VTB Êxito total 8 ,45 ,18 Êxito parcial 30 ,36 ,10 Sem êxito 55 ,39 ,16 Total 93 ,38 ,15

,972 ,382

Page 115: Analise do Jogo de Futebol

100

As diferenças estatisticamente significativas de VTB anteriormente descritas,

decorridas nos confrontos entre ESUP, identificaram-se entre as SFIN em ET e

EP (quadro 4.41.).

Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e

FTAO em diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto Variável

Dependente

(I) FTAO (J) FTAO Diferença de Médias

(I-J) P

ns vs. ns NC Êxito total Êxito parcial -1,93 ,825 Sem êxito -3,69 ,458 Êxito parcial Êxito total 1,93 ,825 Sem êxito -1,76 ,617 Sem êxito Êxito total 3,69 ,458 Êxito parcial 1,76 ,617

NBR Êxito total Êxito parcial -,10 ,996 Sem êxito -,82 ,745 Êxito parcial Êxito total ,10 ,996 Sem êxito -,72 ,559 Sem êxito Êxito total ,82 ,745 Êxito parcial ,72 ,559

VTB Êxito total Êxito parcial ,14(*) ,04 Sem êxito ,10 ,19 Êxito parcial Êxito total -,14(*) ,04 Sem êxito -,05 ,36 Sem êxito Êxito total -,10 ,19 Êxito parcial ,05 ,36 ns vs. ni NC Êxito total Êxito parcial 2,56 ,567 Sem êxito 3,02 ,422 Êxito parcial Êxito total -2,56 ,567 Sem êxito ,46 ,964 Sem êxito Êxito total -3,02 ,422 Êxito parcial -,46 ,964

NBR Êxito total Êxito parcial 1,36 ,406 Sem êxito 1,97 ,128 Êxito parcial Êxito total -1,36 ,406 Sem êxito ,61 ,701 Sem êxito Êxito total -1,97 ,128 Êxito parcial -,61 ,701

VTB Êxito total Êxito parcial ,03 ,57 Sem êxito ,04 ,32 Êxito parcial Êxito total -,03 ,57 Sem êxito ,01 ,87 Sem êxito Êxito total -,04 ,32 Êxito parcial -,01 ,87 ni vs. ni NC Êxito total Êxito parcial -1,80 ,797 Sem êxito ,61 ,972 Êxito parcial Êxito total 1,80 ,797 Sem êxito 2,41 ,292 Sem êxito Êxito total -,61 ,972 Êxito parcial -2,41 ,292

Page 116: Analise do Jogo de Futebol

101

Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). NBR Êxito total Êxito parcial ,03 1,000 Sem êxito ,91 ,722 Êxito parcial Êxito total -,03 1,000 Sem êxito ,87 ,436 Sem êxito Êxito total -,91 ,722 Êxito parcial -,87 ,436

VTB Êxito total Êxito parcial ,08 ,39 Sem êxito ,06 ,57 Êxito parcial Êxito total -,08 ,39 Sem êxito -,02 ,80 Sem êxito Êxito total -,06 ,57 Êxito parcial ,02 ,80

Desta forma, retrocedendo ao quadro 4.40, comparando os valores médios

parciais de VTB nos diferentes tipos de confrontos, verificamos uma

discrepância considerável da VTB entre as SFIN terminadas em ET (.44) e em

EP (.30).

4.2.8.2. Velocidade de Transmissão da Bola e Zona de Finalização

No que respeita à relação entre a VTB a ZF nos diferentes tipos de confrontos,

unicamente identificamos, através da análise comparativa, diferenças

estatisticamente significativas de VTB nos confrontos entre EINF.

Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos.

Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P

ns vs. ns NC Dentro pequena área 4 8,25 5,252 Dentro da grande área 36 12,31 6,467 Fora da grande área 52 13,52 8,683 Total 92 12,82 7,781

,978 ,380

NBR Dentro pequena área 4 3,00 ,816 Dentro da grande área 34 4,21 2,434 Fora da grande área 51 4,43 3,151 Total 89 4,28 2,824

,490 ,614

VTB Dentro pequena área 4 ,44 ,19 Dentro da grande área 36 ,33 ,15 Fora da grande área 52 ,33 ,13 Total 92 ,34 ,14

1,126 ,329

Page 117: Analise do Jogo de Futebol

102

Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ns vs. ni NC Dentro pequena área 7 16,00 9,539 Dentro da grande área 77 16,09 10,004 Fora da grande área 77 15,23 9,811 Total 161 15,68 9,842

,148 ,862

NBR Dentro pequena área 7 6,14 3,579 Dentro da grande área 76 6,13 4,386 Fora da grande área 75 5,43 3,987 Total 158 5,80 4,159

,564 ,570

VTB Dentro pequena área 7 ,42 ,13 Dentro da grande área 77 ,37 ,12 Fora da grande área 77 ,34 ,13 Total 161 ,36 ,12

2,239 ,110

ni vs. ni NC Dentro pequena área 5 9,20 7,294 Dentro da grande área 36 12,06 7,483 Fora da grande área 52 11,73 6,203 Total 93 11,72 6,733

,390 ,678

NBR Dentro pequena área 5 4,40 2,302 Dentro da grande área 36 4,92 3,281 Fora da grande área 51 4,14 2,786 Total 92 4,46 2,963

,727 ,486

VTB Dentro pequena área 5 ,57 ,16 Dentro da grande área 36 ,43 ,16 Fora da grande área 52 ,33 ,12 Total 93 ,38 ,15

10,480 ,000

Segundo o quadro 4.43., as diferenças estatisticamente significativas de VTB,

encontradas nos confrontos entre EINF, identificam-se entre as SFIN

culminadas dentro da pequena área e fora da grande área e entre as SFIN

dentro da grande área e fora da grande área.

Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes

Tipos de Confrontos.

Confronto Variável Dependente (I) ZF (J) ZF

Diferença de Médias

(I-J) P

ns vs. ns NC Dentro pequena área Dentro da grande área -4,06 ,615 Fora da grande área -5,27 ,430 Dentro da grande área Dentro pequena área 4,06 ,615 Fora da grande área -1,21 ,773 Fora da grande área Dentro pequena área 5,27 ,430 Dentro da grande área 1,21 ,773

NBR Dentro pequena área Dentro da grande área -1,21 ,725 Fora da grande área -1,43 ,626 Dentro da grande área Dentro pequena área 1,21 ,725 Fora da grande área -,23 ,938 Fora da grande área Dentro pequena área 1,43 ,626 Dentro da grande área ,23 ,938

Page 118: Analise do Jogo de Futebol

103

Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,11 ,35 Fora da grande área ,11 ,34 Dentro da grande área Dentro pequena área -,11 ,35 Fora da grande área ,00 1,00 Fora da grande área Dentro pequena área -,11 ,34 Dentro da grande área ,00 1,00 ns vs. ni NC Dentro pequena área Dentro da grande área -,09 1,000 Fora da grande área ,77 ,981 Dentro da grande área Dentro pequena área ,09 1,000 Fora da grande área ,86 ,866 Fora da grande área Dentro pequena área -,77 ,981 Dentro da grande área -,86 ,866

NBR Dentro pequena área Dentro da grande área ,01 1,000 Fora da grande área ,72 ,910 Dentro da grande área Dentro pequena área -,01 1,000 Fora da grande área ,70 ,584 Fora da grande área Dentro pequena área -,72 ,910 Dentro da grande área -,70 ,584

VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,05 ,58 Fora da grande área ,08 ,24 Dentro da grande área Dentro pequena área -,05 ,58 Fora da grande área ,03 ,29 Fora da grande área Dentro pequena área -,08 ,24 Dentro da grande área -,03 ,29 ni vs. ni NC Dentro pequena área Dentro da grande área -2,86 ,678 Fora da grande área -2,53 ,728 Dentro da grande área Dentro pequena área 2,86 ,678 Fora da grande área ,32 ,976 Fora da grande área Dentro pequena área 2,53 ,728 Dentro da grande área -,32 ,976

NBR Dentro pequena área Dentro da grande área -,52 ,936 Fora da grande área ,26 ,982 Dentro da grande área Dentro pequena área ,52 ,936 Fora da grande área ,78 ,487 Fora da grande área Dentro pequena área -,26 ,982 Dentro da grande área -,78 ,487

VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,14 ,10 Fora da grande área ,24(*) ,00 Dentro da grande área Dentro pequena área -,14 ,10 Fora da grande área ,10(*) ,01 Fora da grande área Dentro pequena área -,24(*) ,00 Dentro da grande área -,10(*) ,01

Page 119: Analise do Jogo de Futebol

104

V. CONCLUSÕES

Face aos objectivos definidos e às hipóteses testadas, parece ser possível

concluir que:

Na distinção de dois níveis de equipa:

Revelador supremacia ofensiva das ESUP, estas obtiveram um maior número

de SFIN, em relação às EINF, apresentando também uma maior eficácia no

aproveitamento das mesmas. Convergentemente, em ambos os níveis de

equipas, ESUP e EINF, à medida que nos distanciamos do alvo maior o

número de finalizações registadas.

Em ambos os níveis de equipa verificamos que quando recuperavam a posse

de bola em zonas defensivas, esta ocorreu preferencialmente em corredores

centrais e à medida que as recuperações são feitas em zonas mais próximas

da baliza adversária, estas recuperam a mesma, preferencialmente, em zonas

de corredores laterais, sendo estas as zonas mais potenciáveis de sequencias

culminadas em finalização.

No entanto, parece que as ESUP, em comparação com as EINF, aproveitaram

com maior eficácia as SFIN com recuperação de posse de bola de sectores

mais próximos da baliza adversária. Sendo identificadas diferenças

significativas entre a ZRPB e a ZF nas ESUP, verificou-se que quando estas

recuperaram a posse de bola nos sectores ofensivos direito e centro

finalizaram prioritariamente dentro da grande área, enquanto que nas

recuperações de posse de bola efectuadas nos sectores ofensivos do corredor

esquerdo, as ESUP finalizaram primordialmente fora da grande área.

Quanto a TREC, verificou-se uma preferência fincada pelo uso da I por parte

das ESUP, a par que, as EINF utilizaram primordialmente nas SFIN a categoria

BP. Já no que respeita à sequências finalizadas em golo, tanto as ESUP como

as EINF, utilizaram preferencialmente a I na recuperação da posse de bola

evidenciando a pertinência das equipas tentarem recuperar a posse de bola,

primordialmente, com uma atitude activa, organizada, possivelmente em

Page 120: Analise do Jogo de Futebol

105

consonância com as ZREC mais favoráveis de provocar situações de

finalização.

Os passes curtos para a frente e para o lado foram os observados com maior

frequência no início das SFIN de ambos os níveis de equipas, sendo os

primeiros os que permitiram com mais frequência a obtenção do golo.

No âmbito das EINF identificaram-se diferenças estatisticamente significativas,

relativamente ao PP, com o TJD. Inicialmente estas equipas apresentaram um

volume elevado de passes LF, tendência que decresceu com o decorrer do

jogo, onde se denota posteriormente um aumento progressivo dos passes

curtos/médios. Parecem-nos resultados apelativos à utilização de uma atitude

apelativa de comportamentos objectivos, logo após a recuperação da posse de

bola, bem como do domínio de uma variedade de soluções, passes curtos e

longos, na execução dos mesmos.

Sendo que as ESUP apresentaram valores médios superiores de NVC, em

relação às EINF, e, apesar de não se terem identificado diferenças

estatisticamente significativas, as médias de variação de corredor encontradas

foram superiores nas sequências ofensivas culminadas em golo, parece-nos

ser uma solução a ter em consideração no desenrolar processo ofensivo para a

criação de situações de finalização.

As SFIN culminaram preferencialmente em IN, verificando-se uma inferioridade

constante entre o número de atacantes perante o número de defensores,

aspecto com alterações significativas com o decorrer do tempo de jogo,

verificando-se uma diminuição progressiva dessa diferença nas ESUP que ao

longo do tempo, conseguiram colocar um crescente número de atacantes, em

posição de finalizar, em relação ao número de defensores presentes.

Identificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre todas as

categorias da RNAD e a FTAO nas ESUP, o que não se verificou nas SFIN das

EINF. Ao mesmo tempo, ainda no que respeita às ESUP, identificaram-se

diferenças estatisticamente significativas das categorias ATAC e DEF com a ZF

em que culmina a sequência ofensiva observada. São resultados que nos

parecem demonstrar a importância do número de atacantes que as equipas

Page 121: Analise do Jogo de Futebol

106

conseguem rapidamente transitar para posteriormente finalizar, aspecto a

considerar na preparação do processo ofensivo, ainda durante o decorrer do

processo defensivo.

No que respeita à VTB esta manifestou-se como um indicador significativo na

obtenção de SFIN em zonas mais próximas da baliza adversária em ambos os

níveis de equipa.

As diversas variáveis de transição defesa-ataque revelaram-se indiferentes às

oscilações do RP em ambos os níveis de equipa.

Na distinção entre diferentes tipos de confrontos, verificou-se que:

Quanto ao TREC, se por um lado não se identificaram diferenças significativas

com a FTAO nos diferentes tipos de confrontos, por outro, em confrontos entre

equipas de diferente nível, encontraram-se diferenças estatisticamente

significativas na relação entre o TREC e a ZF. A principal evidência revela-se

no facto de nos confrontos entre equipas de diferente nível, nas SFIN na zona

DPA, observamos uma predominância das recuperações efectuadas por erro

adversário, sendo que, as recuperações por intercepção denotam-se a forma

mais frequente de recuperar a posse de bola nas restantes SFIN. Nos confrontos entre EINF identificamos diferenças estatisticamente

significativas entre a RNAD e FTAO, no que respeita ao número de defesas

entre SFIN em golo e as restantes categorias. No que respeita à comparação

entre as variáveis da RNAD e a ZF, identificamos diferenças significativas nas

categorias ATAC e DEF com a ZF nos confrontos entre ESUP e entre equipas

de diferente nível.

No que respeita à relação entre a VTB a ZF nos diferentes tipos de confrontos,

identificamos diferenças estatisticamente significativas nos confrontos entre

EINF.

Page 122: Analise do Jogo de Futebol

107

Não se identificaram diferenças estatisticamente significativas entre o RP e as

restantes variáveis do estudo, nos diversos tipos de confrontos, de acordo com

as hipóteses formuladas,

Page 123: Analise do Jogo de Futebol

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