Andreia Leite, Milene Fernandes, Paulo...

1
Caracterização da amostra (Tabela 1) Foram consultados os processos de 85 indivíduos, dos quais 60 eram elegíveis (70,6%). As características dos indivíduos elegíveis encontram-se na tabela abaixo. Tempos medianos para mudança, em pré-HAART e HAART (Figura 2) A 2ª mudança na HAART foi verificada em 38 indivíduos após um tempo mediano de 16,9 (Q 0,25 -Q 0,75 : 7,1 34,6) meses desde a primeira mudança. Já a 3ª mudança foi verificada em 31 indivíduos após um tempo mediano de 19,1 (Q 0,25 -Q 0,75 : 10,4 32,6) meses. Motivos para mudança, em HAART (Tabela 2) Caracterização das 1as mudanças, em HAART Entre as 50 primeiras mudanças em HAART, 20% (n=10) foram interrupções da terapêutica, 4% mudaram para associação de fármacos ARV e 20% tiveram alterações em mais do que um ARV na mesma mudança. A maioria das 1as mudanças (n=28, 56%) foram alterações de apenas um ARV, com 2 casos em que foi adicionado um INTR como 4º fármaco. O Gráfico 1 apresenta a distribuição das alterações entre classes farmacológicas, para as restantes 1as mudanças em que houve alteração em apenas um ARV. Mudança da Terapêutica Anti-Retrovírica em indivíduos seropositivos para o VIH (P32) Andreia Leite , Milene Fernandes, Paulo Nicola Integrado no estudo ATAR-VIH: Adesão à Terapêutica Anti-Retrovírica em indivíduos seropositivos para o VIH Equipa de investigação: M Fernandes 1 , L Caldeira 2 , P Nicola 1 , P Nogueira 1 , A P Martins 3 , V Maria 1 1. Instituto de Medicina Preventiva (Director: Prof. Doutor J. Pereira Miguel) da Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa; 2. Serviço de Doenças Infecciosas (Director: Prof. Doutor Francisco Antunes) do Hospital de Santa Maria; 3. Instituto para a Investigação na Medicina e Ciências Farmacêuticas (iMed.UL), Faculdade de Farmácia. Universidade de Lisboa Estudo observacional de coorte retrospectiva, sobre uma amostra de doentes seguidos em ambulatório no Hospital de Dia de Infecciologia, do Hospital de Santa Maria (HSM): De acordo com a informação registada pelo médico no processo clínico, os motivos de mudança foram agrupados em: Falência virológica/imunológica [também como motivo de mudanças em que LyT CD4+ <200 células/ml e/ou carga viral >40 (ou>50) cópias, não existindo indicação explícita do médico] Não-adesão / Abandono - interrupção da TAR por iniciativa do doente Efeitos adversos / Intolerância - presença de efeitos adversos atribuíveis à TAR Resistência à TAR - verificada com teste de genotipagem presente no processo clínico Outros - como gravidez, interacções medicamentosas, co-morbilidades, etc. Representação esquemática dos motivos para a mudança na TAR (Figura 1) Doentes com pelo menos 1 dispensa de TAR entre 1-01-2005 e 31-12-2008 Amostra aleatória de 320 doentes Critérios de exclusão: 1. idade < 18 anos no início da TAR 2. < 2 consultas entre 1-01-2005 e 31-12-2009 3. participação em Ensaio Clínico (início da TAR) 4. noutro hospital que não o HSM 5. quando detido em estabelecimento prisional 6. quando em instituições sociais 7. dependendo de terceiros para a toma de medicação Após o início da TAR, são critérios de saída de estudo os pontos 4 a 7, acima indicados Mudança terapêutica Alteração em pelo menos 1 dos fármacos ARV (não incluindo alterações de posologia) Interrupção da terapêutica (por decisão médica ou não-adesão). Registo da informação do processo clínico até 31-12-2009 (ou falecimento/perda seguimento/saída do estudo) Verificação da elegibilidade 1ª mudança em HAART ao fim de 23,8 meses, principalmente por falência terapêutica. 2ª mudança mais relacionada com a falência terapêutica. 3ª mudança devida a efeitos adversos. Alteração de ARV mais frequente: de INRT para outro INRT maior disponibilidade de fármacos desta classe? Os resultados finais deste estudo irão contribuir para a caracterização de motivos e identificação de factores associados à mudança na terapêutica anti-retrovírica. Motivo 1ª Mudança n (%) 2ª Mudança n (%) 3ª Mudança n (%) Falência virológica / imunológica 11 (25,6) 14 (45,1) 5 (20,0) Não-adesão 8 (18,6) 3 (9,7) 0 (0,0) Efeitos adversos / Intolerância 16 (37,2) 6 (19,4) 9 (36,0) Resistência 5 (11,6) 6 (19,4) 8 (32,0) Outros 3 (7,0) 2 (6,5) 3 (12,0) Sem informação 7 (14) 7 (24,3) 6 (19,4) Início TAR Pré-HAART n=27 (45%) HAART n=33 (55%) 1ª mudança 6 não-adesão 21 medicação Mudanças seguintes 7 19 1ª mudança HAART n=50 Tempo mediano 13,1 meses (Q 0,25 -Q 0,75 : 6,3-37,3) Tempo médio = 23,8 meses Tempo mediano de mudança para HAART: 33,3 meses (Q 0,25 -Q 0,75 : 13,4-76,1) 9 mantiveram TAR sem mudanças (mediana de follow-up de 25,6 meses) n=26 13º Workshop – “Educação pela Ciência” – GAPIC FML - 2010 Referências bibliográficas 1. Kirstein LM, et al. Prevalence and correlates of highly active antiretroviral therapy switching in the Women's Interagency HIV Study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2002 Apr 15;29(5):495-503. 2. Nogueira J, Reis J. Terapêutica de doentes VIH em ambulatório no Hospital Militar de Belém estudo retrospectivo. V Congresso Nacional em 2004 APFH 3. De la Torre J, et al. Primera pauta de tratamiento antiretroviral en pacientes con infección por el virus de la inmunodeficiencia humana: durabilidad y factores asociados a su modificación. Enferm Infecc Microbiol Clin 2008; 26(7):416-22 Agradecimentos: À equipa do Hospital de Dia do Serviço de Doenças Infecciosas do HSM. À equipa de investigação do estudo ATAR-VIH e colegas com projectos GAPIC associados ao estudo. Ao 13º Programa Educação pela Ciência. O estudo ATAR-VIH recebeu um patrocínio da FMSD, sem implicações nos dados apresentados Variáveis Idade média ± desvio-padrão: 32,7±8,9 anos N.º de mulheres n=23 (38,3%) Via de Transmissão Heterossexual Toxicodepedência Outra n=20 (33,3%) n=20 (33,3%) n=20 (33,3%) Tempo desde 1ª consulta até iníciar TAR mediana: 2,3 meses (Q 0,25 -Q 0,75 : 0,6-18,6) Ly CD4+ no início da TAR mediana: 283 células/ml (Q 0,25 -Q 0,75 : 163-370) Carga Viral no início da TAR mediana: 115.674 cópias/ml (Q 0,25 -Q 0,75 : 42.956-202.724) Regime TAR inicial 2 INTR+INNTR 1 INTR outros n=22 (36,7%) n=15 (25,0%) n=23 (38,3%) Tempo sob TAR mediana: 129,6 meses (Q 0,25 -Q 0,75 : 82,3-155,1) Gráfico 1. Distribuição das mudanças por classe. Legenda: INTR Inibidores Nucleósidos da Transcriptase Reversa. INNTR Inibidores não nucleósidos da Transcriptase Reversa. IP Inibidores da protease. IP/r Inibidores da Protease potenciados por Ritonavir. MUDANÇA Resistência Efeitos adversos/ Intolerância Não adesão Outros Falência virológica/ imunológica A decisão clínica de mudança terapêutica é baseada em muitos factores para além dos resultados virológicos / imunológicos (Figura 1). Estudos internacionais sugerem que um quarto dos doentes naïve sofrem alterações no regime inicial HAART durante o primeiro ano de tratamento. 1 A nível nacional, um estudo de 2004 determinou o tempo médio para a primeira mudança terapêutica em 14,0±4,1 meses, tendo cada doente efectuado em média 2,2±1,7 mudanças. 2 Não são conhecidos estudos que apontem a frequência das mudanças subsequentes, em populações com maior tempo de follow-up. Objectivos 1. Determinar a incidência de mudança na terapêutica anti-retrovírica (TAR). 2. Caracterizar os motivos das 1 a ,2 a e3 a mudanças em HAART. Introdução Métodos Resultados Conclusões

Transcript of Andreia Leite, Milene Fernandes, Paulo...

Page 1: Andreia Leite, Milene Fernandes, Paulo Nicolauepid.wdfiles.com/local--files/projectos-de-investigacao/GAPIC... · •Caracterização da amostra (Tabela 1) Foram consultados os processos

• Caracterização da amostra (Tabela 1)

Foram consultados os processos de 85 indivíduos, dos quais 60 eram elegíveis (70,6%).

As características dos indivíduos elegíveis encontram-se na tabela abaixo.

• Tempos medianos para mudança, em pré-HAART e HAART (Figura 2)

A 2ª mudança na HAART foi verificada em 38 indivíduos após um tempo mediano de 16,9

(Q0,25-Q0,75 : 7,1 – 34,6) meses desde a primeira mudança. Já a 3ª mudança foi verificada em 31

indivíduos após um tempo mediano de 19,1 (Q0,25-Q0,75 : 10,4 – 32,6) meses.

• Motivos para mudança, em HAART (Tabela 2)

• Caracterização das 1as mudanças, em HAART

Entre as 50 primeiras mudanças em HAART, 20% (n=10) foram interrupções da terapêutica, 4%

mudaram para associação de fármacos ARV e 20% tiveram alterações em mais do que um ARV

na mesma mudança. A maioria das 1as mudanças (n=28, 56%) foram alterações de apenas um

ARV, com 2 casos em que foi adicionado um INTR como 4º fármaco. O Gráfico 1 apresenta a

distribuição das alterações entre classes farmacológicas, para as restantes 1as mudanças em

que houve alteração em apenas um ARV.

Mudança da Terapêutica Anti-Retrovírica

em indivíduos seropositivos para o VIH (P32) Andreia Leite, Milene Fernandes, Paulo Nicola

Integrado no estudo ATAR-VIH: Adesão à Terapêutica Anti-Retrovírica em indivíduos seropositivos para o VIH

Equipa de investigação: M Fernandes1, L Caldeira2, P Nicola1, P Nogueira1, A P Martins3, V Maria1

1. Instituto de Medicina Preventiva (Director: Prof. Doutor J. Pereira Miguel) da Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa; 2. Serviço de Doenças Infecciosas (Director: Prof. Doutor Francisco Antunes) do

Hospital de Santa Maria; 3. Instituto para a Investigação na Medicina e Ciências Farmacêuticas (iMed.UL), Faculdade de Farmácia. Universidade de Lisboa

Estudo observacional de coorte retrospectiva, sobre uma amostra de doentes seguidos em

ambulatório no Hospital de Dia de Infecciologia, do Hospital de Santa Maria (HSM):

De acordo com a informação registada pelo médico no processo clínico, os motivos de mudança

foram agrupados em:

Falência virológica/imunológica [também como motivo de mudanças em que LyT CD4+ <200

células/ml e/ou carga viral >40 (ou>50) cópias, não existindo indicação explícita do médico]

Não-adesão / Abandono - interrupção da TAR por iniciativa do doente

Efeitos adversos / Intolerância - presença de efeitos adversos atribuíveis à TAR

Resistência à TAR - verificada com teste de genotipagem presente no processo clínico

Outros - como gravidez, interacções medicamentosas, co-morbilidades, etc.

• Representação esquemática dos motivos para a mudança na TAR (Figura 1)

Doentes com pelo menos 1 dispensa de TAR

entre 1-01-2005 e 31-12-2008 Amostra aleatória de

320 doentes

Critérios de exclusão:

1. idade < 18 anos no início da TAR

2. < 2 consultas entre 1-01-2005 e 31-12-2009

3. participação em Ensaio Clínico

(início da TAR)

4. noutro hospital que não o HSM

5. quando detido em estabelecimento prisional

6. quando em instituições sociais

7. dependendo de terceiros para a toma de

medicação

Após o início da TAR, são critérios de saída de

estudo os pontos 4 a 7, acima indicados

Mudança terapêutica

• Alteração em pelo menos 1 dos fármacos ARV (não incluindo alterações de posologia)

• Interrupção da terapêutica (por decisão médica ou não-adesão).

Registo da informação do

processo clínico até 31-12-2009

(ou falecimento/perda

seguimento/saída do estudo)

Verificação da elegibilidade

• 1ª mudança em HAART ao fim de 23,8 meses, principalmente por falência terapêutica.

• 2ª mudança mais relacionada com a falência terapêutica.

• 3ª mudança devida a efeitos adversos.

• Alteração de ARV mais frequente: de INRT para outro INRT

maior disponibilidade de fármacos desta classe?

Os resultados finais deste estudo irão contribuir para a caracterização de motivos e

identificação de factores associados à mudança na terapêutica anti-retrovírica.

Motivo1ª Mudança

n (%)

2ª Mudança

n (%)

3ª Mudança

n (%)

Falência virológica / imunológica 11 (25,6) 14 (45,1) 5 (20,0)

Não-adesão 8 (18,6) 3 (9,7) 0 (0,0)

Efeitos adversos / Intolerância 16 (37,2) 6 (19,4) 9 (36,0)

Resistência 5 (11,6) 6 (19,4) 8 (32,0)

Outros 3 (7,0) 2 (6,5) 3 (12,0)

Sem informação 7 (14) 7 (24,3) 6 (19,4)

Início TAR

Pré-HAARTn=27 (45%)

HAARTn=33 (55%)

1ª mudança

6 não-adesão 21 medicação

Mudanças seguintes

7

19 1ª mudança HAARTn=50

Tempo mediano 13,1 meses

(Q0,25-Q0,75 : 6,3-37,3)

Tempo médio = 23,8 meses

Tempo mediano de mudança

para HAART: 33,3 meses

(Q0,25-Q0,75: 13,4-76,1)

9 mantiveram TAR sem

mudanças (mediana de

follow-up de 25,6 meses)

n=26

13º Workshop – “Educação pela Ciência” – GAPIC – FML - 2010

Referências bibliográficas

1. Kirstein LM, et al. Prevalence and correlates of highly active antiretroviral therapy switching in the Women's Interagency HIV Study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2002 Apr 15;29(5):495-503.

2. Nogueira J, Reis J. Terapêutica de doentes VIH em ambulatório no Hospital Militar de Belém – estudo retrospectivo. V Congresso Nacional em 2004 APFH

3. De la Torre J, et al. Primera pauta de tratamiento antiretroviral en pacientes con infección por el virus de la inmunodeficiencia humana: durabilidad y factores asociados a su modificación. Enferm Infecc Microbiol Clin 2008; 26(7):416-22

Agradecimentos: À equipa do Hospital de Dia do Serviço de Doenças Infecciosas do HSM. À equipa de investigação do estudo ATAR-VIH e colegas com projectos GAPIC associados ao estudo. Ao 13º Programa Educação pela Ciência.

O estudo ATAR-VIH recebeu um patrocínio da FMSD, sem implicações nos dados apresentados

Variáveis

Idade média ± desvio-padrão: 32,7±8,9 anos

N.º de mulheres n=23 (38,3%)

Via de Transmissão

Heterossexual

Toxicodepedência

Outra

n=20 (33,3%)

n=20 (33,3%)

n=20 (33,3%)

Tempo desde 1ª consulta até iníciar TAR mediana: 2,3 meses (Q0,25-Q0,75: 0,6-18,6)

Ly CD4+ no início da TAR mediana: 283 células/ml (Q0,25-Q0,75: 163-370)

Carga Viral no início da TAR mediana: 115.674 cópias/ml (Q0,25-Q0,75: 42.956-202.724)

Regime TAR inicial

2 INTR+INNTR

1 INTR

outros

n=22 (36,7%)

n=15 (25,0%)

n=23 (38,3%)

Tempo sob TAR mediana: 129,6 meses (Q0,25-Q0,75: 82,3-155,1)

Gráfico 1. Distribuição das mudanças por classe. Legenda: INTR – Inibidores Nucleósidos da Transcriptase Reversa. INNTR – Inibidores não nucleósidos da Transcriptase Reversa.

IP – Inibidores da protease. IP/r – Inibidores da Protease potenciados por Ritonavir.

MUDANÇA Resistência

Efeitos adversos/

Intolerância

Não adesão

Outros

Falência virológica/

imunológica

A decisão clínica de mudança terapêutica é baseada em muitos factores para além dos resultados

virológicos / imunológicos (Figura 1). Estudos internacionais sugerem que um quarto dos doentes

naïve sofrem alterações no regime inicial HAART durante o primeiro ano de tratamento.1 A nível

nacional, um estudo de 2004 determinou o tempo médio para a primeira mudança terapêutica em

14,0±4,1 meses, tendo cada doente efectuado em média 2,2±1,7 mudanças.2 Não são

conhecidos estudos que apontem a frequência das mudanças subsequentes, em populações com

maior tempo de follow-up.

Objectivos

1. Determinar a incidência de mudança na terapêutica anti-retrovírica (TAR).

2. Caracterizar os motivos das 1a, 2a e 3a mudanças em HAART.

Introdução

Métodos

Resultados

Conclusões