Angola

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Angola Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nota: Para outros significados, veja Angola (desambiguação) . Coordenadas : 11º 54' S 17º 12' E Angola República de Angola (kikongo, kimbundu, umbundu: Repubilika ya Ngola) Bandeira de Angola Brasão de armas Lema : Virtus Unita Fortior (Em Português : A unidade dá força) Hino nacional : Angola Avante! Gentílico : Angolano Angolense 1 Capital Luanda 08° 49' S 13° 14' E Cidade mais populosa Luanda Língua oficial Português Governo República presidencialista - Presidente José Eduardo dos Santos - Vice-presidente Manuel Vicente

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Page 1: Angola

AngolaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 Nota: Para outros significados, veja Angola (desambiguação).

Coordenadas:  11º 54' S 17º 12' E

AngolaRepública de Angola (kikongo, kimbundu, umbundu: Repubilika ya Ngola)

Bandeira de Angola Brasão de armas

Lema: Virtus Unita Fortior(Em Português: A unidade dá força)

Hino nacional: Angola Avante!

Gentílico: AngolanoAngolense1

Capital Luanda

08° 49' S 13° 14' E

Cidade mais populosa Luanda

Língua oficial Português

Governo República presidencialista - Presidente José Eduardo dos Santos

 - Vice-presidente Manuel Vicente

Independência   - de Portugal 11 de Novembro de 1975 

Área  

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 - Total 1 246 700 km² (23.º) - Água (%) pouca (em superfície) Fronteira República do Congo,República

Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia

População   - Estimativa de 2012 20 900 000 hab. (70.º) - Censo 1970 5 646 166 hab.  - Densidade 15,5 hab./km² (199.º)

PIB (base PPC) Estimativa de 2012 - Total US$ 128,288 mil milhões *2 (64.º) - Per capita US$ 6 3462  (107.º)

PIB (nominal) Estimativa de 2012 - Total US$ 118,719 mil milhões *2 (61.º) - Per capita US$ 5 8732  (102.º)

IDH (2012) 0,508 (148.º) – baixo 3

Gini (2009) 42,7

Moeda Kwanza (AOA)

Fuso horário WAT (UTC+1)

 - Verão (DST) n/a

Cód. Internet .ao

Cód. telef. +244

Website governamental Site Oficial

Angola, oficialmente República de Angola, é um país da costa ocidental deÁfrica, cujo território

principal é limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia,

a sul pela Namíbia e a oeste peloOceano Atlântico. Inclui também o enclave de Cabinda, através do

qual faz fronteira com a República do Congo, a norte. Para além dos vizinhos já mencionados,

Angola é o país mais próximo da colónia britânica de Santa Helena.

Os portugueses estivam presentes em alguns pontos no que é hoje o território de Angola desde o

século XV, interagindo de diversas maneiras com os povos nativos, principalmente com aqueles que

moravam no litoral. A presença portuguesa na região iniciou-se no século XV, mas a delimitação do

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território apenas aconteceu no início do século XX. O primeiro europeu a chegar a Angola foi o

explorador português Diogo Cão. Angola foi como uma colônia portuguesa que apenas abrangeu o

atual território do país no século XIX e a "ocupação efectiva", como determinado pela Conferência

de Berlim em 1884, aconteceu apenas na década de 1920, após a resistência dos povos mbundas e

o sequestro de seu líder, Mwene Mbandu Kapova.4

A independência do domínio português foi alcançada em 1975, depois de umalonga guerra de

libertação. Após a independência, Angola foi palco de umaintensa guerra civil de 1975 a 2002,

majoritariamente entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional

para a Independência Total de Angola (UNITA). Apesar do conflito interno, áreas como a Baixa de

Cassanje mantiveram ativos seus sistemas monárquicosregionais. No ano de 2000 foi assinado um

acordo de paz com a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), uma frente

de guerrilha que luta pela secessão de Cabinda e que ainda se encontra activa.5 É da região de

Cabinda que sai aproximadamente 65% do petróleo de Angola.

O país tem vastas reservas minerais e de petróleo e sua economia tem crescido em média a um

ritmo de dois dígitos desde 1990, especialmente desde o fim da guerra civil. Apesar disso,

os padrões de vida angolanos continuam baixos para a maioria da população e as taxas

de expectativa de vida e mortalidade infantil no país continuam entre os piores do mundo.6Angola é

considerada economicamente desigual, visto que a maioria da riqueza do país está concentrada em

um setor desproporcionalmente pequeno da população.

Índice

1 Etimologia

2 História

o 2.1 Primeiros habitantes

o 2.2 Período colonial

o 2.3 Processo de descolonização

o 2.4 República

3 Geografia

o 3.1 Pontos extremos

o 3.2 Clima

4 Demografia

o 4.1 Línguas

o 4.2 Religião

5 Governo e política

6 Subdivisões

7 Economia

8 Infraestrutura

Page 4: Angola

o 8.1 Saúde

o 8.2 Educação

9 Cultura

o 9.1 Dança

o 9.2 Festas

o 9.3 Miss Universo

10 Notas

11 Referências

12 Bibliografia

13 Ver também

14 Ligações externas

Etimologia[editar código-fonte]

O nome Angola é uma derivação portuguesa do termo bantu N’gola, título dos reis do Reino do

Ndongo existente na altura em que os portugueses se estabeleceram em Luanda, no século XVI.

História[editar código-fonte]

Ver artigo principal: História de Angola

Primeiros habitantes[editar código-fonte]

Encontro de portugueses com a família real do Reino do Kongo.

Os habitantes originais de Angola foram caçadores-colectores Khoisan , dispersos e pouco

numerosos. A expansão dos povosBantu, chegando do Norte a partir do segundo milénio, forçou os

Khoisan (quando não eram absorvidos) a recuar para o Sul onde grupos residuais existem até hoje,

em Angola (ver mapa étnico), na Namíbia e no Botsuana.

Os Bantu eram agricultores e caçadores. Sua expansão, a partir da África Centro-Ocidental, se deu

em grupos menores, que se relocalizaram de acordo com as circunstâncias político-económicas e

ecológicas. Entre os séculos XIV e XVII, uma série de reinos foi estabelecida, sendo o principal

o Reino do Congo que abrangeu o Noroeste da Angola de hoje e uma faixa adjacente da

hoje República Democrática do Congo, da República do Congo e do Gabão; a sua capital situava-se

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em M'Banza Kongoe o seu apogeu se deu durante os séculos XIII e XIV. Outro reino importante foi

o Reino do Ndongo, constituído naquela altura a Sul/Sudeste do Reino do Congo. No Nordeste da

Angola actual, mas com o seu centro no Sul da actual República Democrática do Congo, constituiu-

se, sem contacto com os reinos atrás referidos, o Reino da Lunda nota 1 .

Em 1482 chegou na foz do rio Congo uma frota portuguesa, comandada pelo navegador Diogo

Cão que de imediato estabeleceu relações com o Reino do Congo. Este foi o primeiro contacto de

europeus com habitantes do território hoje abrangido por Angola, contacto este que viria a ser

determinante para o futuro deste território e das suas populações.

Período colonial[editar código-fonte]

Ver artigo principal: África Ocidental Portuguesa

Ilustração da rainha Nzinga em negociações de paz com o governador português em Luanda em 1657.

Vista da cidade de Luanda em 1883.

Soldados portugueses embarcando para Angola durante a Primeira Guerra Mundial

A partir do fim do século XV, Portugal seguiu na região uma dupla estratégia. Por um lado, marcou

continuamente presença no Reino do Congo, por intermédio de (sempre poucos, mas influentes)

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padres cultos (portugueses e italianos) que promoveram uma lenta cristianização e introduziram

elementos da cultura europeia. Por outro, estabeleceu em 1575 uma feitoria em Luanda, num ponto

de fácil acesso ao mar e à proximidade dos reinos do Congo e de Ndongo. Gradualmente tomaram

o controle, através de uma série de tratados e guerras, de uma faixa que se estendeu de Luanda em

direcção ao Reino do Ndongo. Este território, de uma dimensão ainda bastante limitada, passou

mais tarde a ser designado como Angola. Por intermédio dos Reinos do Congo, do Ndongo e da

Matamba, Luanda desenvolveu um tráfico de escravos com destino a Portugal, ao Brasil e à

América Central que passou a constituir a sua base económica.7

Os holandeses ocuparam Angola entre 1641 e 1648, procurando estabelecer alianças com os

estados africanos da região. Em 1648, Portugal retomou Luanda e iniciou um processo de conquista

militar dos estados do Congo e Ndongo que terminou com a vitória dos portugueses em 1671,

redundando num controle sobre aqueles reinos8 .

Entretanto, Portugal tinha começado a estender a sua presença no litoral em direcção ao Sul. Em

1657 estabeleceu uma povoação perto da actual cidade de Porto Amboim, transferida em 1617 para

a actual Benguela que se tornou numa segunda feitoria, independente da de Luanda. Benguela

assumiu aos poucos o controle sobre um pequeno território a norte e leste, e iniciou por sua vez um

tráfego de escravos, com a ajuda de intermediários africanos radicados no Planalto Central da

Angola de hoje.

Embora tenha, desde o início da sua presença em Luanda e Benguela, havido ocasionais incursões

dos portugueses para lá dos pequenos territórios sob o seu controle, esforços sérios de penetração

no interior apenas começaram nas primeiras décadas do século XIX, abrandado em meados

daquele século, mas recomeçando com mais vigor nas suas últimas décadas.9 Estes avanços eram

em parte militares, visando o estabelecimento de um domínio duradouro sobre determinadas

regiões, e tiveram geralmente que vencer, pelas armas, uma resistência maior ou menor das

respectivas populações 10 . Em outros casos tratou-se, no entanto, apenas de criar postos

avançados destinados a facilitar a extensão de redes comerciais. Formas particulares de penetração

económica foram desenvolvidas no Sul, a partir de Moçâmedes (hoje Namibe) 11 . Finalmente, houve

naquele século a implantação das primeiras missões católicas para lá dos perímetros controlados

por Luanda e Benguela 12 . No momento em que se realizou em 1884/85 a Conferência de Berlim,

destinada a acertar a distribuição de África entre as potências coloniais, Portugal pode portanto

fazer valer uma presença secular em dois pontos do litoral, e uma presença mais recente

(administrativa/militar, comercial, missionária) numa série de pontos do interior, mas estava muito

longe de uma "ocupação efectiva" do território hoje abrangido por Angola nota 2 .

Perante a ameaça das outras potências coloniais, de se apropriarem de partes do território

reclamada por Portugal, este país iniciou finalmente, na sequência da Conferência de Berlim, um

esforço que visava a ocupação de todo o território da Angola actual. Dados os seus recursos

limitados, os progressos neste sentido foram, no entanto, lentos: ainda em 1906, apenas 5% a 6%

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dos territórios podiam, com alguma razão, ser considerados "efectivamente ocupados"14 . Só depois

do advento da República em Portugal, em 1910, a expansão do Estado colonial avançou de forma

mais consequente. Em meados dos anos 1920 estava alcançado um domínio integral do território,

muito embora houvesse ainda em 1941 um breve surto de "resistência primária", da parte da etnia

Vakuval nota 3 . Embora lento, este esforço de ocupação não deixou, porém, de provocar novas

dinâmicas sociais, económicas e políticas nota 4 .

Processo de descolonização[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra de Independência de Angola

Bandeira da antiga África Ocidental Portuguesa.

Alcançada a desejada "ocupação efectiva", Portugal - melhor dito: o regime ditatorial entretanto

instaurado naquele país por António de Oliveira Salazar - concentrou-se em Angola na consolidação

do Estado colonial. Esta meta foi atingida com alguma eficácia. Num lapso de tempo relativamente

curto foi edificada uma máquina administrativa dotada de uma capacidade não sem falhas, mas sem

dúvida significativa de controle e de gestão. Esta garantiu o funcionamento de uma economia

assente em dois pilares: o de uma imigração portuguesa que, em poucas décadas, fez subir a

população europeia para mais de 100 000, com uma forte componente empresarial, e o de uma

população africana sem direito à cidadania, na sua maioria - ou seja, com a excepção dos povos

(agro-)pastores do Sul - remetida para uma pequena agricultura orientada para os produtos exigidos

pelo colonizador (café, milho, sisal), pagando impostos e taxas de vária ordem, e muitas vezes

obrigada, por circunstâncias económicas e/ou pressão administrativa, a aceitar trabalhos

assalariados geralmente mal pagos nota 5 .

Nos anos 1950 começou a articular-se uma resistência multifacetada contra a dominação colonial,

impulsionada pela descolonização que se havia iniciado no continente africano, depois do fim

da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Esta resistência, que visava a transformação da colónia de

Angola em país independente, desembocou a partir de 1961 num combate armado contra Portugal

que teve três principais protagonistas:

o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), cuja principal base social eram

os Ambundu e a população mestiça bem como partes da inteligência branca, e que tinha laços

com partidos comunistas em Portugal e países pertencentes ao então Pacto de Varsóvia;

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a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com fortes raízes sociais entre

os Bakongo e vínculos com o governo dos Estados Unidos e ao regime de Mobutu Sese

Seko no Zaire, entre outros;

a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), socialmente enraizada entre

os Ovimbundu e beneficiária de algum apoio por parte da China nota 6 .

Logo depois do início do conflito armado, uma "ala liberal" no seio da política portuguesa impôs uma

reorientação incisiva da política colonial. Revogando já em 1962 o Estatuto do Indigenato e outras

disposições discriminatórias, Portugal concedeu direitos de cidadão a todos os habitantes de

Angola nota 7 que de "colónia" passou a "província" e mais tarde a "Estado de Angola". Ao mesmo

tempo expandiu enormemente o sistema de ensino, dando assim à população negra possibilidades

inteiramente novas de mobilidade social - pela escolarização e a seguir por empregos na função

pública e na economia privada nota 8 . A finalidade desta reorientação foi a de ganhar "mentes e

corações" das populações angolanas para o modelo de uma Angola multi-racial que continuasse a

fazer parte de Portugal, ou ficar estreitamente ligado à "Metrópole".

Soldados portugueses nas matas angolanas durante a Guerra de Independência de Angola (1961-1974).

Esta opção foi, no entanto, rejeitada pelos três movimentos de libertação que continuaram a sua

luta. Nesta começaram, porém, a registar-se mais retrocessos do que progressos, e nos primeiros

anos 1970 as hipóteses de conseguir a independência pelas armas tornaram-se muito fracas. Na

maior parte do território a vida continuou com a normalidade colonial. É certo que houve uma série

de medidas de segurança, das quais algumas - como controles de circulação, ou o estabelecimento

de "aldeias concentradas" em zonas como o Planalto Central. no Kwanza-Norte e no Kwanza-Sul nota

9 - afectaram a população em grau maior ou menor.

A situação alterou-se completamente quando em Abril de 1974 aconteceu em Portugal aRevolução

dos Cravos, um golpe militar que pôs fim à ditadura em Portugal. Os novos detentores do poder

proclamaram de imediato a sua intenção de permitir sem demora o acesso das colónias

portuguesas à independência.

A perspectiva da independência provocada pela Revolução dos Cravos em Portugal, em Abril de

1974, e a cessação imediata dos combates por parte das forças militares portuguesas em Angola,

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levou a uma acirrada luta armada pelo poder entre os três movimentos e os seus aliados: a FNLA

entrou em Angola com um exército regular, treinado e equipado pelas forças armadas do Zaire, com

o apoio dos EUA; o MPLA conseguiu mobilizar rapidamente a intervenção de milhares de soldados

cubanos, com o apoio logístico da União Soviética; a UNITA obteve o apoio das forças armadas do

regime de apartheid então reinante na África do Sul. Esforços do novo regime português para que

se constituísse um governo de unidade nacional não tiveram êxito.

O conflito armado levou à saída - com destino a Portugal, mas também à África do Sul e ao Brasil -

da maior parte dos cerca de 350 000 portugueses que na altura estavam radicados em Angola.15 .

Em consequência da política colonial, estes constituíam a maior parte dos quadros do território, o

que levou a que a administração pública, a indústria, a agricultura e o comércio caíssem em

colapso. Por outro lado os Ovimbundu que tinham sido recrutados pela administração colonial para

trabalhar nas plantações de café e tabaco e nas minas de diamantes do Norte, também decidiram

voltar às suas terras de origem no planalto central. A outrora próspera economia angolana caiu

assim em decadência.16

No dia 11 de novembro de 1975 foi proclamada a independência de Angola17 , pelo MPLA em

Luanda, e pela FNLA e UNITA, em conjunto no Huambo. As forças armadas Portuguesas que ainda

permaneciam no território regressaram a Portugal.18

República[editar código-fonte]

Ver também: Guerra Civil Angolana

A Guerra Civil Angolana foi um conflito armado que durou de 1975 a 2002. Na imagem, um edifício com várias

marcas de balas na cidade de Huambo.

Com a independência de Angola começaram dois processos que se condicionaram mutuamente.

Por um lado, o MPLA - que em 1977 adoptou o marxismo-leninismo como doutrina - estabeleceu um

regime político e económico inspirado pelo modelo então em vigor nos países do "bloco socialista",

portanto monopartidário e baseado numa economia estatal, de planificação central. Enquanto a

componente política deste regime chegou a funcionar dentro dos moldes postulados, embora com

um rigor algo menor do que em certos países "socialistas" da Europa. A componente económica foi

fortemente prejudicada pela luta armada e no fundo só se sustentou graças ao petróleo cuja

exploração o regime confiou a companhias petrolíferas americanas.

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Por outro lado, iniciou-se logo depois da declaração da independência a Guerra Civil Angolana entre

os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se conformaram nem com a

sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema político. Esta guerra durou até 2002 e

terminou com a morte, em combate, do líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi. Assumindo

raramente o carácter de uma guerra "regular", ela consistiu no essencial numa guerra de guerrilha

que nos anos 1990 envolveu praticamente o país inteiro nota 10 . Ela custou milhares de mortos e

feridos e destruições de vulto em aldeias, cidades e infraestruturas (estradas, caminhos de ferro,

pontes). Uma parte considerável da população rural, especialmente a do Planalto Central e de

algumas regiões do Leste, fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.

No fim dos anos 1990, o MPLA decidiu abandonar a doutrina marxista-leninista e mudar o regime

para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de mercado. UNITA e FNLA

aceitaram participar no regime novo e concorreram às primeiras eleições realizadas em Angola, em

1992, das quais o MPLA saiu como vencedor. Não aceitando os resultados destas eleições, a

UNITA retomou de imediato a guerra, mas participou ao mesmo tempo no sistema político.

Logo a seguir a morte do seu líder histórico, a UNITA abandonou as armas, sendo os seus militares

desmobilizados ou integrados nas Forças Armadas Angolanas. Tal como a FNLA, passou a

concentrar-se na participação, como partido, no parlamento e outras instâncias políticas. Na

situação de paz, depois de quatro décadas de conflito armado, começou a reconstrução do país e,

graças a um notável crescimento da economia, um desenvolvimento globalmente bastante

acentuado, mas por enquanto com fortes disparidades regionais e desigualdades sociais. A paz está

também a favorecer a consolidação de uma identidade social abrangente, "nacional", que começou

a formar-se paulatinamente a partir dos anos 1950.

Politicamente, continua a haver um forte predomínio do MPLA, que obteve claras maiorias

parlamentares nas eleições realizadas em 1992, 2008 e 2012, garantindo a permanência nas

funções de Presidente do Estado, desde 1979, do presidente do partido, José Eduardo dos Santos.

Enquanto a FNLA desapareceu praticamente da cena, a UNITA consolidou, nas eleições de 2012, a

sua posição como principal partido de oposição. A nível económico, Angola registou por um lado um

forte crescimento, enfrentando, por outro lado, dificuldades que o obrigaram a solicitar o apoio

do FMI, não conseguindo travar o surgimento de desigualdades económicas e sociais muito

acentuadas.19

Geografia[editar código-fonte]

Page 11: Angola

Imagem de satélite de Angola (The Map Library).

Vista do Miradouro da Lua.

Trecho do litoral angolano entre as cidades de Namibe e Tombua.

Ver artigo principal: Geografia de Angola

Angola situa-se na costa atlântica Sul da África Ocidental, entre a Namíbia e o Congo. Também faz

fronteira com a República Democrática do Congo e a Zâmbia, a oriente. O país está dividido entre

uma faixa costeira árida, que se estende desde a Namíbia chegando praticamente até Luanda, um

planalto interior húmido, uma savana seca no interior sul e sudeste, e floresta tropical no norte e

em Cabinda. O rio Zambeze e vários afluentes do rio Congo têm as suas nascentes em Angola. A

faixa costeira é temperada pela corrente fria de Benguela, originando um clima semelhante ao da

costa do Peru ou da Baixa Califórnia. Existe uma estação das chuvas curta, que vai de Fevereiro a

Page 12: Angola

Abril. Os Verões são quentes e secos, os Invernos são temperados. As terras altas do interior têm

um clima suave com uma estação das chuvas de Novembro a Abril, seguida por uma estação seca,

mais fria, de Maio a Outubro. As altitudes variam bastante, encontrando-se as zonas mais interiores

entre os 1 000 e os 2 000 metros. As regiões do norte e Cabinda têm chuvas ao longo de quase

todo o ano. A maioria dos rios de Angola nasce no planalto do Bié, os principais são: o Kwanza,

o Cuango, o Cuando, o Cubango e o Cunene 20  .

Pontos extremos[editar código-fonte]

Norte: ponto sem nome na fronteira com a República do Congo (a norte da localidade deCaio

Bemba, província de Cabinda)

Norte (sem contar com Cabinda): ponto na fronteira com a República Democrática do Congo a

noroeste da localidade de Luvo, província do Zaire

Este: secção de rio na fronteira com a Zâmbia (a norte da localidade de Sapeta na Zâmbia),

província do Moxico

Sul: ponto do rio Cunene na fronteira com a Namíbia (imediatamente a norte da localidade

de Andara, Caprivi, Namíbia), província do Cuando Cubango

Oeste: ilha da Baía dos Tigres, província do Namibe

Oeste (continental): península a oeste de Tômbua (Porto Alexandre), província doNamibe

Maior altitude: Morro de Moco (2 620 m)  12° 28′ S 15° 11′ E

Menor altitude: Oceano Atlântico (0 m)

Clima[editar código-fonte]

Angola, apesar de se localizar numa zona tropical, tem um clima que não é caracterizado para essa

região, devido à confluência de três factores:

A Corrente de Benguela, fria, ao longo da parte sul da costa;

O relevo no interior;

Influência do Deserto do Namibe, a sudoeste.

Em consequência, o clima de Angola é caracterizado por duas estações: a das chuvas, de Outubro

a Abril e a seca, conhecida porCacimbo, de Maio a Agosto, mais seca, como o nome indica e com

temperaturas mais baixas. Por outro lado, enquanto a orla costeira apresenta elevados índices de

pluviosidade, que vão decrescendo de Norte para Sul e dos 800 mm para os 50 mm, com

temperaturas médias anuais acima dos 23 °C, a zona do interior pode ser dividida em três áreas:

Norte, com grande pluviosidade e temperaturas altas;

Planalto Central, com uma estação seca e temperaturas médias da ordem dos 19 °C;

Sul com amplitudes térmicas bastante acentuadas devido à proximidade do Deserto do

Kalahari e à influência de massas de ar tropical.

Page 13: Angola

Demografia[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Demografia de Angola

Pirâmide etária de Angola em 2012.

A população de Angola foi estimada em 18 056 072 habitante em 2012.21 Ela é composta por 37%

de ovimbundos (língua umbundu), 25% de ambundos (língua kimbundu), 13% debakongos e 32%

de outros grupos étnicos (como os côkwes, os ovambos, os mbundas, com o último tendo sido

substituído pelos ganguelas, um termo genérico para os povos do leste das planícies centrais

angolanas22 e que tem um significado ligeiramente depreciativo quando aplicado pelos grupos

étnicos ocidentais,23 e os xindongas) como bem como cerca de 2% mestiços (mistura

de europeus e africanos), 1,4% de chineses e 1% de europeus.24As etnias ambundu e ovimbundu

formam, combinadas, a maioria da população (62%). A população do país deverá crescer para mais

de 47 milhões de pessoas em 2060, quase triplicando a estimativa de 16 a 18 milhões em 2011.25 O

último censo oficial foi realizado em 1970 e mostrou que a população total era de 5,6 milhões

habitantes.26 O primeiro censo pós-independência será realizado em 2014.

Estima-se que Angola recebeu pouco mais de doze mil refugiados e de cerca de três mil

requerentes de asilo até o final de 2007. cerca de 11 mil desses refugiados eram originários

da República Democrática do Congo (RDC, que chegaram em 1970.27 Em 2008, estimou-se que

havia aproximadamente 400 mil trabalhadores migrantes da RDC,28 ao menos 30 mil

portugueses29 e cerca de 259 mil chineses vivendo em Angola.30

Desde 2003 , mais de 400 mil imigrantes congoleses foram expulsos de Angola.31 Antes

da independência, em 1975, Angola tinha uma comunidade lusitana de cerca de 350 mil

pessoas;32 em 2013 existiam cerca de 200 mil portugueses são registrados com os consulados.33 A

população chinesa é de 258 920 pessoas, em sua maioria composta

por migrantes temporários.34 A taxa de fecundidade total do país é de 5,54 filhos por mulher

(estimativas de 2012), a 11ª maior do mundo.35

ver • editar

Cidades mais populosas em Angola

Page 14: Angola

censo 2006

Luanda

Huambo

Posição

Localidade

Província

Pop.

Posição

Localidade

Província

Pop.

Lobito

Benguela

1 Luanda Luanda2 776 125

11 Cabinda Cabinda 66 020

2 Huambo Huambo1 204 000

12 Uíge Uíge 60 008

3 Lobito Benguela805 000

13 Tomboa Namibe 54 657

4 Benguela Benguela513 000

14 SaurimoLunda-Sul

40 198

5 Lubango Huíla318 000

15 SumbeKwanza-Sul

33 278

6 LucapaLunda-Norte

125 751

16Caluquembe

Huíla 30 305

7 Kuito Bié113 624

17 GabelaKwanza-Sul

29 151

8 Malanje Malanje 87 047 18 Caxito Bengo 28 229

9 Namibe Namibe 80 150 19 Longonjo Huambo 24 350

10 Soyo Zaire 67 553 20M'Banza Kongo

Zaire 24 220

Línguas[editar código-fonte]

Ver artigos principais: Línguas de Angola e Português de Angola

Page 15: Angola

Mapa etno-linguístico de Angola em 1970

O português é a língua oficial de Angola nota 11 . De entre as línguas africanas faladas no país,

algumas têm o estatuto de línguas nacionais. Estas assim como as outras línguas africanas são

faladas pelas respectivas etnias e têm dialectos correspondentes aos subgrupos étnicos36 .

A língua nacional com mais falantes em Angola é o umbundu, falado pelos Ovimbundu na região

centro-sul de Angola e em muitos meios urbanos. É língua materna de cerca de um terço dos

angolanos37 .

O kimbundu (ou quimbundo) é a segunda língua nacional mais falada - por cerca da quarta parte da

população37 , os Ambundu que vivem na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza

Sul. É uma língua com grande relevância, por ser a língua da capital e do antigo Reino do Ndongo.

Foi esta língua que deu muitos vocábulos à língua portuguesa e vice-versa. O kikongo (ou quicongo)

falado no norte, (Uíge e Zaire) tem diversos dialectos. Era a língua do antigo Reino do Kongo, e com

a migração pós-colonial dos Bakongo para o Sul esta tem hoje uma presença significativa também

em Luanda nota 12 . Ainda nesta região, na província de Cabinda, fala-se o fiote ou ibinda.

O chocué (ou tchokwe) é a língua do leste, por excelência. Tem-se sobreposto a outras da zona

leste e é, sem dúvida, a que teve maior expansão pelo território da actual Angola, desde a Lunda

Norte ao Cuando-Cubango. Kwanyama (Cuanhama ou oxikwanyama), nhaneca (ou nyaneca) e

sobre tudo o umbundo são outras línguas de origembantu faladas em Angola. No sul de Angola são

ainda faladas outras línguas do grupo khoisan, faladas por pequenos grupos de san, também

chamados bosquímanos.

Embora as línguas nacionais sejam as línguas maternas da maioria da população, o português é a

primeira língua de 30% da população angolana — proporção que se apresenta muito superior

na capital do país —, enquanto 60% dos angolanos afirmam usá-la como primeira ou segunda

língua38 39 .

Religião[editar código-fonte]

Igreja católica em Benguela.

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Em Angola existem actualmente cerca de 1000 religiões organizadas em igrejas ou formas

análogas40 . Dados fiáveis quanto aos números dos fiéis não existem, mas a grande maioria dos

angolanos adere a uma religião cristã ou inspirada pelo cristianismo41 . Cerca da metade da

população está ligada à Igreja Católica, cerca da quarta parte a uma das

igrejas protestantes introduzidas durante o período colonial: as baptistas, enraizadas principalmente

entre os bakongo, as metodistas, concentradas na área dos ambundu, e ascongregacionais,

implantadas entre os ovimbundu, para além de comunidades mais reduzidas de

protestantes reformados e luteranos. A estes há de acrescentar osadventistas, os neo-apostólicos e

um grande número de igrejas pentecostais, algumas das quais com forte influência brasileira nota 13 .

Há, finalmente, duas igrejas do tipo sincrético, os kimbanguistas com origem no Congo-Kinshasa42 ,

e os tocoistas que se constituíram em Angola43 44 , ambas com comunidades de dimensão bastante

limitada. É significativa, mas não passível de quantificação, a proporção de pessoas sem religião.

Os praticantes de religiões tradicionais africanas constituem uma pequena minoria, de carácter

residual, mas entre os cristãos encontram-se com alguma frequência crenças e costumes herdados

daquelas religiões. Há apenas 1 a 2% de muçulmanos, quase todos imigrados de outros países

(p.ex. da África Ocidental), cuja diversidade não permite que constituam uma comunidade, apesar

de serem todos sunitas nota 14 Uma parte crescente da população urbana não tem ou não pratica

qualquer religião, o que se deve menos à influência do Marxismo-Leninismo oficialmente professado

nas primeira fase pós-colonial, e mais à tendência internacional no sentido de uma secularização.

Em contrapartida, a experiência com a Guerra Civil Angolana e com a pobreza acentuada levaram

muitas pessoas a uma maior intensidade da sua fé e prática religiosa, ou então a uma adesão a

igrejas novas onde o fervor religioso é maior. A Igreja Católica, as igrejas protestantes tradicionais e

uma ou outra das igrejas pentecostais têm obras sociais de alguma importância, destinadas a

colmatar deficiências quer da sociedade, quer do Estado. Tanto a Igreja Católica como as igrejas

protestantes tradicionais pronunciam-se ocasionalmente sobre problemas de ordem política nota 15 .

Governo e política[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Política de Angola

Page 17: Angola

José Eduardo dos Santos, o actual presidente de Angola.

O regime político vigente em Angola é o presidencialismo, em que o Presidente da República é

igualmente chefe do Governo, que tem ainda poderes legislativos. O ramo executivo do governo é

composto pelo presidente (actualmente José Eduardo dos Santos), pelo vice-presidente (Manuel

Domingos Vicente, desde 2012, quando foi aprovada nova Constituição) e pelo Conselho de

Ministros.

Os governadores das 18 províncias são nomeados pelo presidente e executam as suas directivas. A

Lei Constitucional de 1992 estabelece as linhas gerais da estrutura do governo e enquadra os

direitos e deveres dos cidadãos. O sistema legal baseia-se no português e na lei do costume, mas é

fraco e fragmentado. Existem tribunais só em 12 dos mais de 140 municípios do país. Um Supremo

Tribunal serve como tribunal de apelação. O Tribunal Constitucional é o órgão supremo da jurisdição

constitucional, teve a sua Lei Orgânica aprovada pela Lei n.° 2/08, de 17 de Junho, e a sua primeira

tarefa foi a validação das candidaturas dos partidos políticos às eleições legislativas de 5 de

Setembro de 2008.

A guerra civil de 27 anos causou grandes danos às instituições políticas e sociais do país. AsNações

Unidas estimam em 1,8 milhões o número de pessoas internamente deslocadas, enquanto que o

número mais aceite entre as pessoas afectadas pela guerra atinge os 4 milhões. As condições de

vida quotidiana em todo o país e especialmente em Luanda (que tem uma população de cerca de 4

milhões, embora algumas estimativas não oficiais apontem para um número muito superior)

espelham o colapso das infra-estruturas administrativas bem como de muitas instituições sociais. A

grave situação económica do país inviabiliza um apoio governamental efectivo a muitas instituições

sociais. Há hospitais sem medicamentos ou equipamentos básicos, há escolas que não têm livros e

é frequente que os funcionários públicos não tenham à disposição aquilo de que necessitam para o

seu trabalho.

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Em 5 e 6 de Setembro de 2008 foram realizadas eleições legislativas, as primeiras eleições desde

1992. As eleições decorreram sem sobressaltos e foram consideradas válidas pela comunidade

internacional, não sem antes diversas ONG e observadores internacionais terem denunciado

algumas irregularidades. O MPLA obteve mais de 80% dos votos, a UNITA cerca de 10%, sendo os

restantes votos distribuídos por uma série de pequenos partidos, dos quais apenas um (PRS,

regional da Lunda) conseguiu eleger um deputado. O MPLA pode portanto neste momento governar

com uma esmagadora maioria nota 16 .

De acordo com a nova Constituição, aprovada em Janeiro de 2010,47 passam a não se realizar

eleições presidenciais, sendo o Presidente e o Vice-presidente os cabeças-de-lista do partido que

tiver a maioria nas eleições legislativas48 49 . A nova constituição tem sido criticada por não

consolidar a democracia e usar os símbolos do MPLA como símbolos nacionais50 51 nota 17 .

Construção do novo edifício daAssembleia Nacional de Angola, em Luanda.

Em Angola, e mais especialmente em Luanda, a estrutura e as práticas do regime político criaram

um clima de descontentamento que até à data teve pouca expressão pública, não apenas por

receio, mas também por falta de mecanismos de articulação credíveis nota 18 . Entretanto,

aparentemente inspirada pelas revoltas populares em diferentes países árabes, correram em

Fevereiro/Março de 2011 iniciativas para organizar pela Internet, em Luanda, demonstrações de

protesto contra o regime53 nota 19 . Uma nova manifestação, visando em particular a pessoa do

Presidente, teve lugar em inícios de Setembro de 2011.54 .

Aspectos que merecem uma atenção especial são os decorrentes das políticas chamadas de

descentralização e desconcentração, adoptadas nos últimos anos, e que remetem para a

necessidade de analisar a realidade política a nível regional (sobe tudo provincial) e localnota 20 .

Por outro lado, começa a fazer sentir-se um certo peso internacional de Angola, particularmente a

nível regional, devido à sua força económica e ao seu poderia militar.55

O regime angolano realizou as primeiras Eleições Gerais a 31 de Agosto de 2012, um modelo

constitucional novo, que surge na sequência da junção das eleições legislativas com as

presidenciais56 , respeitando pela primeira vez o prazo constitucional de 4 anos entre eleições. Para

além dos 5 partidos com assento na Assembleia Nacional - MPLA, UNITA, PRS (Partido da

Renovação Social), FNLA, ND (Nova Democracia) - existiam mais 67 partidos em princípio

habilitados para concorrer57 . José Eduardo dos Santos anunciou em dado momento a sua intenção

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de não ser novamente candidato, mas acabou por encabeçar a lista do seu partido. Como o MPLA

ganhou novamente as eleições, com cerca de 71% (175 deputados), ele foi automaticamente eleito

Presidente, em conformidade com as regras constitucionais em vigor. A UNITA aumentou a sua cota

para cerca de 18% (32 deputados), e a Convergência Ampla para a Salvação de Angola (CASA),

recentemente fundada por Abel Epalanga Chivukuvuku, obteve 6% (8 deputados). Para além destes

três partidos, conseguiram ainda entrar no parlamento, com votações ligeiramente inferiores a 2%, o

Partido da Renovação Social (PRS, 3 deputados) e a FNLA (2 deputados).58 . São muito

significativas as disparidades entre regiões, especialmente quanto aos resultados dos partidos da

oposição: nas províncias de Cabinda e de Luanda, a oposição obteve p.ex. cerca de 40% dos votos,

e a parte da UNITA foi de cerca de 30% no Huambo e em Luanda, e de 36% no Bié.59 A taxa de

abstenção foi a mais alta verificada desde o início das eleições multipartidárias: 37.2%, contra

12.5% em 2008.

Subdivisões[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Subdivisões de Angola

Angola tem a sua divisão administrativa composta por 18 províncias (listadas abaixo). A divisão

administrativa do território mais pequena é o bairro na cidade, enquanto que nos meios rurais é

a povoação.

1. Bengo

2. Benguela

3. Bié

4. Cabinda

5. Kuando-Kubango

6. Kwanza-Norte

7. Kwanza-Sul

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8. Cunene

9. Huambo

10. Huíla

11. Luanda

12. Lunda-Norte

13. Lunda-Sul

14. Malanje

15. Moxico

16. Namibe

17. Uíge

18. Zaire

As províncias estão divididas em municípios, que por sua vez se subdividem em comunas.

Municípios de Angola por província

Municípios de Angola por ordem alfabética

Economia[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Economia de Angola

Sede da Sonangol, a empresa estatal angolana do ramopetrolífero. Angola é o segundo maior produtor de

petróleo daÁfrica subsaariana, atrás apenas da Nigéria.60

A economia de Angola caracterizava-se, até à década de 1970, por ser

predominantemente agrícola, sendo o café sua principal cultura. Seguiam-se-lhe cana-de-

açúcar, sisal, milho, óleo de coco eamendoim. Entre as culturas comerciais, destacavam-se

o algodão, o tabaco e a borracha. A produção de batata, arroz, cacau e banana era relativamente

importante. Os maiores rebanhos eram de gado bovino, caprino e suíno.

Angola é rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo e minério de ferro; possui também

jazidas de cobre, manganês, fosfatos, sal, mica, chumbo, estanho, ouro, prata e platina. As minas

Page 21: Angola

de diamante estão localizadas perto de Dundo, no distrito de Luanda. Importantes jazidas de

petróleo foram descobertas em 1966, ao largo de Cabinda, e mais tarde ao largo da costa

atéLuanda, tornando Angola num dos importantes países produtores de petróleo, com um

desenvolvimento económico possibilitado e dominado por esta actividade. Em 1975 foram

localizados depósitos de urânio perto da fronteira com a Namíbia.

As principais indústrias do território são as de beneficiamento de oleaginosas, cereais, carnes,

algodão e tabaco. Merece destaque, também, a produção de açúcar, cerveja, cimento e madeira,

além do refino de petróleo. Entre as indústrias destacam-se as

de pneus, fertilizantes, celulose,vidro e aço. O parque fabril é alimentado por cinco

usinas hidroeléctricas, que dispõem de um potencial energético superior ao consumo.

O sistema ferroviário de Angola compõe-se de cinco linhas que ligam o litoral ao interior. A mais

importante delas é a estrada de ferro de Benguela, que faz a conexão com as linhas de Catanga, na

fronteira com o Zaire. A rede rodoviária, em sua maioria constituída de estradas de segunda classe,

liga as principais cidades. Os portos mais movimentados são os de Luanda, Lobito,

Benguela, Namibe e Cabinda. O aeroporto de Luanda é o centro de linhas aéreas que põem o país

em contacto com outras cidades africanas, europeias e americanas.

Vista aérea de novos condomínios residenciais construídos no sul de Luanda.

Contêineres no porto de Luanda.

Um problema estrutural sério da economia angolana é a desigualdade muito marcada entre as

diferentes regiões, em parte causadas pela guerra civil prolongada. O dado mais eloquente é a

concentração de cerca de um terço da actividade económica em Luanda e na província contígua do

Bengo, enquanto em várias áreas do interior se verificam até processos de regressão61 .

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Uma característica cada vez mais saliente da economia angolana é a de uma parte substancial dos

investimentos privados, tornados possíveis graças a uma acumulação exorbitante na mão de uma

pequena franja da sociedade (ver em baixo), é canalizada para fora do país. Por agora, Portugal é o

alvo preferencial destes investimentos, que se verifica na banca, energia, telecomunicações e

comunicação social, mas também na vinicultura e fruticultura, em imóveis bem como em

empreendimentos turísticos.62

Os benefícios do crescimento económico de Angola chegam de maneira bastante desigual à

população. É visível o rápido enriquecimento de um segmento social ligado aos detentores do poder

político, administrativo e militar nota 21 . Um leque de "classes médias" encontra-se em formação nas

cidades onde se concentram mais de 50% da população. No país, grande parte da população vive

em condições de pobreza relativa, com grandes diferenças entre as cidades e o campo: um

inquérito realizado em 2008 pelo Instituto Nacional de Estatística indica que 37% da população

angolana vive abaixo da linha de pobreza, especialmente no meio rural (o índice de pobreza é de

58,3%, enquanto o do meio urbano é de apenas 19%)63 nota 22 . Nas cidades grande parte das

famílias, além dos classificados como pobres, está remetida para estratégias de sobrevivência64 .

Nas área urbanas, também as desigualdades sociais são mais evidentes, especialmente em

Luanda65 .

O advento da paz militar, em 2002, permitiu um balanço diferenciado dos problemas económicos e

sociais extremamente complexos que se colocavam ao país, mas também do leque de

possibilidades que se abriam66 . Os indicadores disponíveis até à data indicam que a lógica da

economia política, seguida desde os anos 1980 e de maneira mais manifesta na década dos anos

2000, levou a um crescimento económico notável, em termos globais, mas ao mesmo tempo

manteve e acentuou distorções graves, em termos sociais e também económicos.

Convém referir que, nas listas do Índice de Desenvolvimento Humano elaboradas pela ONU, Angola

ocupa sempre um lugar entre os países mais mal colocados3 67 68 .

Infraestrutura[editar código-fonte]

Saúde[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Saúde em Angola

Uma pesquisa em 2007 concluiu que ter uma quantidade pequena ou deficiente de Niacina era

comum em Angola. A Saúde de Angola é classificada entre as piores do mundo. Angola está

localizada na zona endêmicas de febre amarela. A incidência de cólera é elevada. Apenas uma

pequena fração da população recebe atenção médica ainda rudimentar. A partir de 2004, a relação

dos médicos por população foi estimada em 7.7 por 100 mil pessoas. Em 2005, a expectativa de

vida foi estimada em apenas 38.43 anos, uma das mais baixas do mundo. A mortalidade infantil em

2005 foi estimada em 187.49 por 1000 nascidos vivos, as mais altas do mundo. A incidência de

tuberculose em 1999 foi 271 por 100000 pessoas. Taxas de imunização de crianças de um ano de

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idade em 1999 foram estimadas em 22% de tétano, difteria e tosse convulsa e 46% para sarampo.

Desnutrição afetado cerca de 53% das crianças abaixo de cinco anos de idade a partir de 1999.

Desde 1975 e 1992, houve 300 mil mortes relacionadas com a guerra civil. A taxa global de morte

foi estimada em 24 por 1000 em 2002. A prevalência de HIV/SIDA foi 3.90 por 100 adultos em 2003.

A partir de 2004, havia aproximadamente 240000 pessoas que vivem com HIV/SIDA no país.

Estima-se que houve 21 000 mortes de SIDA em 2003. Em 2000, 38% da população tiveram acesso

à água potável e 44% tinham saneamento adequado69 .

Educação[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Educação em Angola

Logo depois da independência do país, uma das prioridades foi a de expandir o ensino e de incutir-

lhe um novo espírito. Neste sentido, mobilizaram-se não apenas os recursos humanos e materiais

existentes em Angola, mas concluiu-se um acordo com Cuba que previu uma intensa colaboração

deste país no sector da educação (como, por sinal, também no da saúde). Esta colaboração, de

uma notável eficácia, durou 15 anos, e possibilitou avanços significativos em termos não apenas de

uma cobertura do território como também de um aperfeiçoamento da qualidade dos professores e

do seu ensino.70 .

Crianças estudando em uma sala de aula em condições precárias na cidade de Kuito, a capital da província

de Bié

Apesar destes avanços, a situação continua até hoje pouco satisfatória. Enquanto na lei o ensino em

Angola é compulsório e gratuito até aos oito anos de idade, o governo reporta que uma

percentagem significativa de crianças não está matriculada em escolas por causa da falta de

estabelecimentos escolares e de professores71 . Os estudantes são normalmente responsáveis por

pagar despesas adicionais relacionadas com a escola, incluindo livros e alimentação71 . Ainda

continua a ser significante as disparidades na matrícula de jovens entre as áreas rural e urbana.

Em 1995, 71,2% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estavam matriculadas na escola 71 . É

reportado que uma percentagem maior de rapazes está matriculada na escola em relação às

raparigas71 . Durante a Guerra Civil Angolana (1975-2002), aproximadamente metade de todas as

escolas foi saqueada e destruída, levando o país aos actuais problemas com falta de escolas71 . O

Ministro da Educação contratou 20 mil novos professores em 2005 e continua a implementar a

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formação de professores71 . Os professores tendem a receber um salário baixo, sendo

inadequadamente formados e sobrecarregados de trabalho (às vezes ensinando durante dois ou

três turnos por dia)71 . Professores também reportaram suborno directamente dos seus

estudantes71 . Outros factores, como a presença de minas terrestres, falta de recursos e

documentos de identidade e a pobre saúde também afastam as crianças de frequentar regularmente

a escola71 . Apesar dos recursos alocados para a educação terem crescido em 2004, o sistema

educacional da Angola continua a receber recursos muito abaixo do necessário71 . A taxa de

alfabetização é muito baixa, com 67,4% da população acima dos 15 anos que sabem ler e escrever

português. Em 2001, 82,9% dos homens e 54,2% das mulheres estavam alfabetizados. Desde a

independência de Portugal, em 1975, uma quantidade consideráveis de estudantes angolanos

continuaram a ir todos os anos para escolas, instituições politécnicas e universidades portuguesas,

brasileiras, russas e cubanas através de acordos bilaterais.

Por outro lado, verificou-se no ensino superior um crescimento notável. A Universidade Agostinho

Neto 72  , pública, herdeira da embrionária "Universidade de Luanda" dos tempos coloniais, chegou a

ter cerca de 40 faculdades espalhadas por todo o país; em 2009 foi desmembrada, continuando a

existir como tal apenas em Luanda e na Província do Bengo, enquanto se constituíram, a partir das

faculdades existentes, seis universidades autónomas, cada uma vocacionada para cobrir

determinadas províncias, inclusive pelo sistema dos pólos noutras cidades:

em Benguela e Universidade Katyavala Bwila, em Cabinda a Universidade 11 de Novembro,

noHuambo a Universidade José Eduardo dos Santos, no Lubango a Universidade Mandume ya

Ndemufayo, em Malanje (com Saurimo eLuena) a Universidade Lueij A'Nkonda. Além disto existe

desde a independência a Universidade Católica de Angola 73  , em Luanda. A partir dos anos 1990,

fundaram-se toda uma série de universidades privadas, algumas ligadas a universidades

portuguesas como aUniversidade Jean Piaget de Angola, a Universidade Lusófona de Angola,

a Universidade Lusíada de Angola 74  , e a Angola Business School 75  (todas em Luanda), outras

resultantes de iniciativas angolanas: a Universidade Privada de Angola com campus em Luanda e

no Lubango, e em Luanda ainda a Universidade Metodista de Angola e a Universidade Técnica de

Angola 76  , a Universidade Independente de Angola 77  , a Universidade Metropolitana de Angola 78  ,

a Universidade Oscar Ribas 79  , a Universidade Gregório Semedo 80  a Universidade de Belas 81  bem

como o Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais. Todos estes

estabelecimentos lutam, em grau maior e menor, com problemas de qualidade, e em Luanda alguns

começam a ter problemas de procura82 .

Cultura[editar código-fonte]

Ver artigo principal: Cultura de Angola

Page 25: Angola

Escultura yombe do ´seculo XIX

Dança[editar código-fonte]

No país, a dança distingue diversos géneros, significados, formas e contextos, equilibrando a

vertente recreativa com a sua condição de veículo de comunicação religiosa, curativa, ritual e

mesmo de intervenção social. Não se restringindo ao âmbito tradicional e popular, manifesta-se

igualmente através de linguagens académicas e contemporâneas. A presença constante da dança

no quotidiano, é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas

rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às

costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas

diferentes celebrações sociais (os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela

determinante enquanto factor de integração e preservação da identidade e do sentimento

comunitário.

Depois de vários séculos de colonização portuguesa, Angola acabou por também sofrer misturas

com outras culturas actualmente presentes no Brasil, Moçambique e Cabo Verde. Com isto, Angola

hoje destaca-se pelos mais diversos estilos musicais, tendo como principais: o Semba, o Kuduro e

a Kizomba.

Festas[editar código-fonte]

Algumas das festas típicas de Angola são:

Festas do Mar

Estas festas tradicionais designadas por �Festas do Mar, têm lugar na cidade do Namibe. Estas�

festas provêm de antiga tradição com carácter cultural, recreativo e desportivo. Habitualmente

Page 26: Angola

realizam-se na época de verão e é habitual terem exposições de produtos relacionados com a

agricultura, pescas, construção civil, petróleos e agro-pecuária.

Carnaval

O desfile principal realiza-se na avenida da marginal de Luanda. Vários corsos carnavalescos,

corsos alegóricos desfilam numa das principais avenidas de Luanda e de Benguela.

Festas da Nossa Senhora de Muxima

O santuário da Muxima está localizado no Município da Kissama, Província do Bengo e durante todo

o ano recebe milhares de fiéis. É uma festa muito popular que se raliza todos os anos e que

inevitavelmente atrai inúmeros turistas, pelas suas características religiosas.

Miss Universo[editar código-fonte]

Leila Lopes, a 12 de Setembro de 2011, trouxe o título de Miss Universo, pela primeira vez para

Angola83 .

Diferença entre etnia, tribo, clã e linhagem - Makuta Nkondo

CATEGORIA OPINIÃO 19 DEZEMBRO 2011

Luanda - Uma etnia ou um grupo étnico é grupo de pessoas que têm um herança sociocultural comum, como uma língua e tradições comuns, segundo a sociologia africana (Socaf).Enquanto uma Tribo é um conjunto humano que reúne varias famílias sob a autoridade de um mesmo chefe e num espaço territorial dado.Um Clã é um grupo de pessoas que têm um ancestral comum e uma Linhagem é uma descendência.Noutras palavras, os povos ou as populações de ascendência comum constituem etnias; as etnias subdividem-se em tribos, as tribos em clãs e os estes em linhagens.Em todos os países, cada pessoa tem origens étnica, tribal, ciânica e de linhagem. Em Angola, os Angolanos genuínos têm cada a sua etnia, a sua tribo, o seu clã e a sua linhagem de origem.Essas pessoas são chamadas autóctones ou indígenas e cada um delas tem uma etnia, uma tribo, um clã e uma linhagem.Cada etnia representa uma nação ou melhor uma Nação é mono-etnica.Antes da Conferencia de Berlim (Alemanha) de 1885, África era subdivida em Nações verdadeiras cada uma das quais habitada por pessoas de ascendência comum.Infelizmente, as potencias ocidentais participantes da referida Conferencia subdividiu o Continente Africano em países actuais, na ausência dos donos das terras.Os países africanos resultantes da Conferência de Berlim são compostos de varias etnias, quer dizer de varias nações, culturas e tradições.As culturas e tradições são étnicas, tribais e clânicas. Não existem culturas e tradições comuns para estes países.Por exemplo, Angola tem os povos nomeadamente Kikongo, Kimbundu, Umbundu, Nganguela, Tchokwe, Kwanhama, etc.Excepto a Somália que é povoada por pessoas pertencentes a uma única e mesma etnia, a Somali, todos os outros países actuais de África são multiétnicos e multiculturais.No caso preciso de Angola, não existe uma Nação angolana, mas sim existem nações angolanas, assim como culturas angolanas. Uma cultura angolana não existe.Pois, cada etnia representa uma nação e tem a sua cultura própria. Uma identidade cultural angolana ainda não existe, temos identidades culturais de Angola.

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Apesar da sua diversificação, os povos bantuh – em língua kikongo muntu, no singular, significa pessoa; bantu é um plural prefixado de muntu que quer dizer pessoas - têm traços culturais comuns ou aproximados, um mesmo padrão cultural, pois defendem quase os mesmos valores culturais.Como acima referido, as tradições bantu têm uma mesma coluna vertebral cujas vértebras representam cada uma cultura étnica.No caso das línguas bantu, um caminho chama-se em Kikongo Nzila, em Umbundu, Onzila, em Nyaneka Onjila, em Kimbundu Njila. Cabrito em Kikongo Nkombo, em Umbundu Ohombo, em Nyaneka Onkombo, etc.Água em Kikongo Maza, em Umbundu Omeva, em Kimbundu Omenha, etc.Os nomes traduzem a origem de uma pessoa. Ban Ki-Moon é coreano, Mão Tse Tung, Chinês, Oliveira Salazar é Português, Makuta Nkondo é bantu ou Africano (Nkongo ou Mukongo).Ainda a propósito da língua, todos os povos criam as suas criancas nas suas línguas locais. Uma criança desde a nascença é criada na língua dos seus progenitores. Na etnia Kikongo, as primeiras palavras de um bebe são “Tata (pai), mama (mãe)”.Uma língua que não é falada pelas crianças tende a desaparecer. É o caso da língua Kimbundu falada pelo povo que habita a faixa de terra que vai desde Luanda a Malange, passando por Bengo e Kwanza-Norte.Outrora a língua Kimbundu era falada na capital de Angola, Luanda. Hoje, raras são as pessoas que falam o Kimbundu. Os próprios elementos pertencentes a esta etnia – Etnia Kimbundu - têm dificuldades de falar correctamente a sua língua. Mesmo nas aldeias da região kimbundu, esta língua tende a desaparecer, a favor da língua portuguesa.O mesmo acontece com os cognomines (nomes) bantuh de que muitos autóctones rejeitam.Os portugueses colonizaram Angola durante cerca de cinco séculos (cerca de 500 anos), mas os colonos brancos que aqui viveram não adoptaram os nomes bantu deste país.Pelo contrário, deram aos indígenas Angolanos os nomes portugueses, dizendo que os nomes bantu eram de cães, macacos, matumbos e sanzaleiros. Criaram um complexo de inferioridade aos autóctones que rejeitaram os seus nomes e a sua originalidade.Hoje, pelos nomes, muitos Angolanos confundem-se com os europeus.Por complexo de inferioridade, aqueles que têm nomes bantu, estes (nomes) são amputados, de maneira a aportuguesa-los. Em vez de Nkanga (Kanga ou Canga, amarrar, prender, apreender, deter). Nkondo (Embondeiro) para Kondo ou Condo, Nkosi para Koxi ou Cose, Encoje, Mpanzu para Panzo, etc.Aproveitando-se deste complexo de inferioridade manifestado pelos indígenas, durante o registo e as campanhas de saúde como a Pentamedina os colonos deformavam os nomes destes; Sita (Estéril) para Esteves, Nuni (Ave ou pássaro) para Nunes, Mvika para Viegas, Yingila por Ingila, Venasakio para Venâncio, etc. Trocavam igualmente a ortografia e a fonética dos nomes bantu.Tambem o alimento – que é um outro elemento de identidade cultural de um povo – assim como as maneiras de comer variam de uma etnia ah outra ou de uma tribo ah outra.A mandioca (funge, kikuanga ou mandioca fervida) é o alimento de base do norte como nas regioes de Kikongo e Lunda; o milho (pirão) do povo do centro e sul de Angola. A banana o alimento principal do povo do Gabão e de São Tomé e Príncipe.Mesmo o fenómeno da Globalização que reduz o Mundo em aldeia; pois o que acontece numa extremidade do Planeta Terra é visto simultaneamente noutra, através dos Meios de Comunicação e das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) não conseguem destruir por completo as culturas dos povos nem confundi-las.O fenómeno globalização tende apenas a perverter os valores culturais específicos dos povos.Como efeito da colonização e da globalização, muitos bantu deixaram de comer com as mãos, usando facas e garfos.Para os complexados, comer bem na mesa com colher, faca e garfo é motivo de orgulho. Quem come na mesa com colher, faca e garfo é civilizado e assimilado. Em contrapartida, quem come com as mãos é considerado matumbo, não civilizado e sanzaleiro.De igual modo, comer bife com batata ou arroz é motivo de orgulho, quando o funge é desprezível.Sem complexos, os orientais como os japoneses, chineses e vietnamitas comem com palitos.Quem diz que os nossos ancestrais eram matumbos, quando estes tinham os seus modos próprios de vida, as suas ciências como a medicina?O Camaronês André Esomba contou-me que “num restaurante na Holanda foi motivo de rizo pelos brancos quando lhe viram descascar uma banana com as mãos e come-la, confundindo-

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lhe com um macaco”. Esomba disse aos que riam dele que “Camarões é um dos maiores produtores de banana no mundo. Só vou comer a banana com a faca, quando o europeu vai comer o pão com a faca”. Foi o silêncio no restaurante.Todas as etnias bantu criam os filhos dentro da moral cívica das suas culturas. Os bakongo, levantam o recém-nascido pelas pernas e sopram-no nas orelhas recomendando: respeite e obedeça à tua mãe, ao teu pai e à toda pessoa. Toda pessoa é Deus.Para os banto, o respeito pelos mais velhos é obrigatório. Uma criança não se intromete nas conversas dos pais ou mais velhos, não responde mal a um mais velho e deve obedecer a todo a gente.Um mau comportamento é condenável, como injuriar e lutar.Em todas as etnias banto, uma mulher bantu usa pano. O uso de roupa indecente – calça, calção, mini-saia, cola, roupa transparente ou apertada (juste-au-corps) – não é aceite.Uma mulher bantu não mostra as partes sensíveis do corpo como o umbigo, as mamas (seios), as coxas e o sovaco.Um homem não trança cabelo, não usa brincos, não se maquilha nem faz cirurgia plástica. Também um homem não usa cabelo postiço (peruca) e não se veste de um modo indecente.Em muitas etnias bantu, o alembamento ou casamento tradicional é o mais importante, é o que dá ao marido a categoria de genro. É com o alembamento que se adquire os poderes de marido sobre uma mulher e de pai sobre os filhos.Sem cumprir os deveres, sem as “famílias” da mulher comer e beber para a sua filha, o homem pode viver anos com ela e fazer tantos filhos, ele é solteiro e não é considerado “genro” e nem tem poderes sobre estes (mulher e filhos). São os responsáveis da mulher que dão os poderes ao genro sobre a sua esposa e seus filhos.Os títulos de genro e pai não se oferecem gratuitamente, conquistam-se.O incesto é proibido. Um matrimónio ou uma relação amoroso entre “primos” é um crime. Se acontecer, os infractores serão obrigados a casarem-se e comer publicamente a carne de cão. Os infractores são comparados aos cães.Um casamento só se realiza com o acordo dos pais, principalmente do chefe do clã ou “família” materno chamado “Nkulubundu”. Nunca um casamento ou alembamento se trata com os noivos (jovens) ou entre estes, secretamente, mas sim com os mais velhos destes e na presença das testemunhas chamados “Ntetembua”, representados pelos sábios e anciãos da comunidade.Nenhuma etnia nem tribo banto recomenda a expulsão de uma viúva e dos filhos órfãos de um defunto.A viúva e os filhos órfãos fazem parte da herança patrimonial de um defunto e como tal eles (viúva e filhos) devem permanecer em casa. Esta casa pertence ao Lumbu (quintal) do clã materno ou paterno do defunto. No fim do luto, a viúva declara de livre vontade se deseja continuar a viver no lumbu do falecido marido ou não.---------------------------------------------------------------------------------------------------

EtniasOrigens e LínguaOrigemAngola encontra-se no cruzamento de duas importantes civilizações do Sul de África: a dos caçadores e agricultores das grandes savanas da África Central e a dos criadores de gado bovino que se estende dos grandes lagos às zonas tropicais secas e semidesérticas da África Austral.

Os povos que hoje habitam o território nacional formaram-se a partir de migrações em diferentes épocas, mas não foi só as migrações que levaram à adopção de línguas e instituições de uns por outros.A influência do comércio atlântico (tráfico de escravos), da colonização e do Cristianismo, mais cedo ou mais tarde, conforme os casos, provocaram adaptações e mudanças, mas muitos aspectos culturais continuam até hoje presentes na prática social.

A maior parte da população é descendente dos povos Bantu que não constituem uma raça específica, mas um conjunto de grupos que representam uma comunidade cultural, com uma civilização comum e uma linguagem similar assente nas mesmas raízes.

Língua

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Do ponto de vista etnolinguístico o povo angolano é maioritariamente Ambundu (Língua Kimbundu), Ovimbundu (Língua Umbundu) e Bakongo (Língua Kikongo). Todos estes são grupos Bantu, apesar de haver os ‘não Bantu’ como os Kung e os Angolanos de origem europeia. É um subgrupo do negro africano. Identificam-se basicamente pela afinidade linguística. Um exemplo disso é o radical “ntu”, que designa “pessoas”, usado por todos. À parte deste grupo principal, encontram-se ainda os bosquimanes, mestiços e brancos.

O idioma utilizado é o Português e mais de 42 Línguas, sendo os principais o Umbundo, o Kimbundo e o Kicongo. Consideráveis faixas urbanas da população, localizadas essencialmente no litoral e com menos de 40 anos, consideram o Português como a sua língua materna.

Os grupos étnicos mais importantes são os Ovimbundos, Kimbundos e Bacongos que representam 75% da população.

Etnias de Angola: Bakongo (Quiconcos)Ambundu (Quimbundos)Ovimbundu (Umbundos)Nyanyeka (Lunhanecas)Herero (Xihereros)Ambo (Xicuanhamas)Tchindonga ((Xindongas)KoisanNgangela (Ganguelas)Tchokwe-Lunda (Quiocos)----------------------------------------------------------------------------------------------------

Danças típicas de AngolaRebita

Angola é berço de diversidade em termos culturais, no qual a música e a dança tem um papel fundamental!

Rebita

Rebita é uma dança de salão que surgiu nos finais do século XIX. Tem origem na Quadrilha das cortes europeias do século XVIII e na umbigada contida no Caduque, uma antiga dança angolana. Posteriormente desenvolvida exclusivamente pela elite autóctone nos centros urbanos angolanos.

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É uma dança alegre realizada em pares devidamente trajados e orientada por um "mestre sala".

Tem  uma marcação de dois tempos, através da melodia da música e ritmo de instrumentos como o acordeõn e a harmônica.

DANÇA ANGOLANA

SEMBADança de salão angolana urbana. Dançada em pares, com passadas distintas dos cavalheiros, seguidas pelas damas em passos totalmente largos, onde o malabarismo e a imprvisação dos cavalheiros são muito importantes. 

KABETULADança carnavalesca da região do Bengo. Apresenta saltos acrobáticos e os dançarinos usam

sempre camisas brancas e as mulheres usam saias feitas de lenços na cabeça presas por um

cinto vermelho ou preto. Usam também chapéu ou um lenço na cabeça e outro no pulso.

Usam um apito para a marcação da cadência rítmica do "comandante".

Literatura Angolana

O PROVÉRBIO: UM GÉNERO DA LITERATURA ORAL ANGOLANA 

por Luís  Kandjimbo

A literatura angolana é já secular. Mas não o é porque sob a forma escrita ela se sedimenta no século XIX. A criação verbal oral é bem mais antiga. Remonta aos primórdios da própria comunicação humana. Por isso, qualquer definição de literatura

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angolana hoje, não pode perder de vista aquele segmento a que se chama oratura ou literatura oral. Trata-se de um acervo de textos orais que podem presentemente ser conservados com recurso à escrita. Conscientes do seu valor andavam alguns autores do século XIX. Não faz sentido ignorar tais aspectos, na medida em que eles traduzem muito mais do que isso. Revelam a coexistência de três tradições em que a literatura angolana se desenvolve. A mais antiga, a literatura oral ou oratura é aquela que nos remete para os tempos imemoriais. Quando nos anos 60, o linguista ugandês Pio Zirimu forjou o termo oratura, tal se produzia no calor de um debate que decorria nas Universidades de Makerere no Uganda, Nairobi no Kénia e Dar es Salaam na Tanzânia sobre a hegemonia das línguas europeias. Mais de quarenta anos passados, são muitos os defensores da ideia segundo a qual a oratura não é apenas uma vertente das literaturas modernas em África. Encerra em si as conotações de um sistema estético, um método e uma filosofia. 

Mas se tivéssemos que acompanhar os debates que se desencadearam em Angola sobre o uso das línguas locais e das suas literaturas orais, iríamos encontrá-los nos jornais publicados em Luanda no século XIX. Tal era o vigor das reflexões que autores como Joaquim Dias Cordeiro da Matta e o suiço Héli Chatelain deixaram para a história valiosas recolhas. No entanto, a atitude assumida por J.D.Cordeiro da Matta não pode ser comparada com a de Héli Chatelain, na medida em que, no plano do conhecimento, o primeiro desenvolve uma visão a partir de uma visão endógena. O segundo é movido por um interesse fundamentalmente etnográfico e exógeno, além de ter pretendido, segundo Geraldo Bessa Víctor, "pavonear-se com o primeiro lugar, na ordem cronológica, à frente dos autores de florilégios de provérbios angolenses, prémio a que em verdade não tinha jus". 

Em todos os trabalhos de pesquisa realizados sobre a literatura oral angolana nos séculos XIX e XX, os provérbios ocuparam sempre um lugar de destaque. Merecem referência as seguintes obras: Elementos Gramaticais da Língua Mbundu, (1864) de Saturnino de Sousa e Oliveira e Manuel Alves de Castro Francina; Kimbundu Grammar - Gramática Elementar do Kimbundu ou Língua de Angola (1888-1889) de Héli Chatelain; Philosophia Popular em Provérbios Angolenses. Jisabu, Jiheng'ele, Ifika ni Jinongonongo Josoneke mu Kimbundu ni Putu Kua mon'Angola (1891) de J.D.Cordeiro da Matta; A Collection of Umbundu Proverbs, Adages and Conundrums (1914), da West Central African Mission-A.B.C.F.M ; Missosso,volume I (1961) de Óscar Ribas; Selecção de Provérbios e Adivinhas em Umbundu (1964) do Padre José Francisco Valente; Sabedoria Cabinda - Símbolos e

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Provérbios - (1968) do Padre Joaquim Martins; Filosofia Tradicional dos Cabindas (1969 e 1970) do Padre José Martins Vaz; Dizer Assim ( versões em português de provérbios da língua Umbundu, 1986) de Costa Andrade; Ingana Ye Mvovo Mya Bakongo (Provérbios e máximas dos Bakongo) ( 1998) de Miguel Barroso Kyala. 

No contexto plurilinguístico angolano, podemos hoje falar de uma teoria dos géneros da literatura oral angolana. O ensaísta angolano António Fonseca, a partir dos materiais do século XIX, articulou uma sistematização que permite identificar os mesmos géneros, apesar de distintas as denominações, em todas as línguas nacionais. O provérbio tem diferentes designações. Diz-se Olusapo na língua Umbundu; Omuhe ou Omuse em Niyaneka-Humbi; Ingana em Kikongo; Jisabu em Kimbundu; Ikuma ou Cikuma em Cokwe. 

No quadro da classificação de textos literários orais, o provérbio representa o tipo de textos que, apesar da sua autonomia, pode no entanto entrar na construção de outros textos. Constituindo uma categoria de um conjunto que inclui ditados e máximas, caracteriza-se pela brevidade, associando-se-lhe uma estética da transmissão de pensamentos, crenças, ideias, valores e sentimentos. No que à sua estrutura diz respeito, o provérbio é um texto sintético e de uma grande densidade semântica. 

Um provérbio carrega sempre dois sentidos: um sentido literal e um sentido conotativo, implicando um significado secundário. A passagem do primeiro ao significado secundário, cuja coerência é possível detectar em determinadas circunstâncias, constitui o núcleo da sua beleza, justificando por isso o esforço de interpretação que ele exige. 

A estrutura dos provérbios normalmente é bipartida, apresentando premissas em dois membros ou orações da frase, numa configuração aparentemente silogística. Ou seja, A e B? ?. O sinal de interrogação omite a conclusão a que chega o intérprete. Mais se assemelha a um entimema ou silogismo categórico reduzido. 

Além do sentido literal e do sentido conotativo, há que referir o tema, isto é, a lição a reter, a síntese do que subjaz ao significado das palavras e de que se parte para extracção da ideia, do valor, do pensamento, enfim o ensinamento moral ou filosófico. Ao incidirmos sobre o tema, estamos a dar destaque à natureza pedagógica dos provérbios, porque deste modo a eles se recorre para se exprimir algo que diga respeito aos diferentes aspectos da vida. 

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O jurista angolano Moisés Mbambi, enquanto falante da língua Umbundu selccionou um conjunto de provérbios contendo princípios jurídicos fundamentais do direito, expondo a sua interpretação no contexto do pensamento jurídico de origem ocidental, mais especificamente dos diversos ramos de direito. 

Com o elenco que se segue, exemplifico o exercício de interpretação dos provérbios veiculados em Umbundu, uma das línguas bantu faladas em Angola. 

1. Ekepa kalilinasi l'ositu, omunu kavokendi lomwenho. O osso não é deitado fora com a carne, a pessoa não é sepultada com vida.(sentido literal) 

O osso está para a carne assim como a pessoa está para a vida. Este provérbio pode ser proferido quando se pretende ensinar ou elucidar alguém sobre a importância da relação existente entre a pessoa, as partes do seu corpo e a própria vida. A relação existencial que se observa nas duas orações do provérbio, permitem inferir a construção de uma metonímia, pois a preciosidade da carne e da pessoa humana é aferida por uma das suas partes. É que não há carne sem osso, mas também não há vida humana sem pessoa. 

2. Ekova k'omanu, ochipa k'inhama. A pele humana caracteriza as pessoas, a pele dos animais tem um nome diferente. ( sentido literal) 

Não se deve confundir a pessoa humana com os animais. Apesar de a pessoa e os animais possuirem pele todos eles, há na sua aparência uma diferença essencial e profunda. O que permite distingui-los.Por isso, tendo em atenção a dignidade humana, não se pode maltratar as pessoas como se fossem animais. Se quiseres ser tratado como pessoa, cuide mais do teu aspecto exterior, sinta que a higiene humana não se compara com a do animal. A metonímia observa-se aqui igualmente. A aparente semelhança das partes não pode ser critério para avaliar o todo de duas realidades distintas.  

3. Ekova liyetimba, olondunge k'utima. A pele cobre o corpo humano, o juízo (ou a responsabilidade moral) cobre o coração humano. (sentido literal) 

Do mesmo modo que o corpo revela o aspecto físico exterior, assim o grau de responsabilidade e integridade moral determinam o carácter da pessoa.O aspecto físico exterior não traduz o valor e responsabilidade moral de uma pessoa. Os homens não se medem pela estatura física. Antes pelo contrário valem pela sua dimensão espiritual e interior. 

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4. Onjimbo l'elungi, omunu l'onjo. O papa-formigas vive na cova, a pessoa humana habita uma casa. (sentido literal) 

Um animal como o papa-formigas vive em qualquer cova que encontrar, já a pessoa tem sempre uma casa. Enquanto as covas abundam na selva, as casas constroem-nas os homens de acordo com as suas necessidades. Os animais não transformam a natureza como os homens. A dignidade da pessoa humana não se confunde o modo de vida dos animais. 

5. K'ono kwatota, omanu valuka. Secou a nascente do rio, as pessoas mudam de lugar.(sentido literal) 

Há uma relação de causa e efeito entre a existência de uma rio e a constituição de aglomerados populacionais nas suas proximidades. A água é indispensável para a sedentarização dos homens e a secura da fonte é condição suficiente para a procura de outro lugar. 

6. Longa ochinhama, kukase omunu. Alveja-se o animal, não se apedreja a pessoa humana (sentido literal) 

O animal pode ser alvo de caça. Mas a dignidade  humana é sagrada e deve merecer respeito.Por isso, as pessoas  nem sequer devem ser apedrejadas.  

7. Omunu nda ñgo wafa kami ondalu, ava vasyala vayota. A pessoa que morre não extingue o fogo. Os vivos continuam a servir-se dele (o fogo) para aquecimento.(sentido literal) 

Apesar da morte que é uma contingência que afecta os homens, a vida prossegue com os vivos. A substituição e a sucessão são incontornáveis no mundo das relações sociais. A morte não põe termo à sobrevivência comunitária. Não há pessoas insubstituíveis. 

Alguns dos mais notáveis escritores Angolanos contemporâneos 

Agostinho Neto (1922 - 1979)Aires Almeida dos Santos(1922-1991)Alexandre Dáskalos (1922-1991)Amélia DalombaAntónio de Assis Júnior

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António FonsecaAntónio Jacinto (1924 - 1991)António José do NascimentoAntónio PanguilaArnaldo SantosAugusto Tadeu Bastos (1872 -1936)Boaventura CardosoCarmo NetoCikakata MbalunduCosta AndradeDário de MeloDomingos Van-DúnemErnesto Lara Filho (1932 - 1977)Fernando KafukenoFrederico NingiHenrique AbranchesHenrique GuerraJacinto de LemosJoão MaimonaJoão MeloJoão TalaJoaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894)Jorge MacedoJosé de Fontes PereiraJosé Eduardo AgualusaJosé Mena AbrantesLopito FeijóoLuandino VieiraManuel Rui MonteiroMaria Celestina FernandesMário Pinto de AndradeMota YekenhaÓscar Bento RibasPaula TavaresPepetelaRaúl DavidRoderick NehoneRosária SilvaRui AugustoRui Duarte de CarvalhoSamuel de SousaSousa JambaTimóteo UlikaUanhenga XituViriato da Cruz (1928 - 1973)

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Idiomas Nacionais

Resolução nº 3/ 87 de 23 de Maio

Considerando  que  as  Línguas Nacionais, suporte e veículo das heranças culturais, exigem um tratamento privilegiado,  pois que  constituem  um  dos fundamentos importantes da Identidade Cultural do povo Angolano;

Tornando-se necessário dar continuidade ao estudo científico das Línguas Nacionais, base para o seu desenvolvimento e garantia para a sua preservação e promoção;

Considerando    a    necessidade    da    uniformização    da escrita    em Línguas Nacionais;Considerando  que os alfabetos  propostos  pelo Instituto  de Línguas Nacionais, resultantes da investigações efectuadas sobre os sistemas fonológicos das respectivas Línguas, assentando essencialmente sobre a equivalência:Um símbolo gráfico para cada fonema, correspondem mais fielmente às realidades fonológicas das mesmas;Considerando  que pelas razões acima expostas, os referidos Alfabetos, possuindo um carácter prático, sem  muitas regras  de transcrição, possibilitarão aos falantes das Línguas em questão, um domínio mais rápido e eficaz das técnicas da escrita e leitura;Considerando que o projecto experimental da Alfabetização em Línguas Nacionais está em vias de concretização;Nos termos da alínea b) do artigo 58º da Lei Constitucional e no uso da faculdade que me é conferida pela alínea i) do artigo 53º da mesma lei, o Conselho de Ministros decreta e eu assino e faço publicar o seguinte:

Artigo 1º São aprovados a título experimental os Alfabetos das Línguas: «Kikongo», «Kimbundú», «Cokwé», «Umbundu», «Mbunda», e «Oxikwanyama» e as respectivas Regras de Transcrição, em anexo que fazem parte do presente diploma.Artigo 2º As dúvidas suscitadas na interpretação e execução deste diploma, serão resolvidas por decreto executivo do Secretário de Estado da Cultura.

Vista e aprovada pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 9 de Maio de 1987.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos

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Língua CokweA comunidade étnica Cokwe cobre uma parte significativa do País nas regiões do Leste, desde o ângulo superior direito até à fronteira Sul, depois de atravessar o rio Kubango. Com um número superior a 357.693 falantes, é formado pelas etnias Lunda Lwa-Cinde, Lunda Ndembu.

A área de difusão da língua Cokwe situa-se a Nordeste e Leste, abrangendo a totalidade das Províncias das Lunda Norte e Sul, a Província do Moxico, com um prolongamento profundo para a Província do Kuando Kubango.

O Cokwe é considerado como uma língua transnacional pelo facto da sua área de difusão se estender para além das fronteiras nacionais. Ela é falada na República Democrática do Congo e na República da Zâmbia. Esta situação deve-se a factores históricos.

As línguas vizinhas do Cokwe são as seguintes: a oeste: Kikongo e Kimbundu; a sul: Ngangela ; a sudoeste: Umbundu.

Língua KikongoA área linguística do Kikongo ocupa em Angola as Províncias de Cabinda, Zaire e Uíge, estende-se por todo o sudoeste da República do Congo, de Brazzaville, Boko e Ponta Negra até ao Cabo Lopes no Gabão; na República Democrática do Congo compreende toda a região do Baixo Zaire e uma parte da região de Bandundu.

O Kikongo é bastante diferenciado, destacando-se em Angola os dialectos dos Bampeemba, Basoloongo, Bawembo, Bambamba, Bazoombo, Bankanu, Bankusu, Bawoyo, etc.; no Congo, os dos Bavili, Baladi, Babeembe; e no Congo Democrático os dos Bandibu, Bayoombe, Bamanyanga, Bantandu, Bayaka, Etc.

A actual zona da língua Kikongo, cujo núcleo central é Mbanza Congo em Angola, coincidia, grosso modo com os limites do antigo reino do Congo no séc.XVI.

Língua KimbundoA área linguística do grupo KIMBUNDO ocupa as Províncias de Luanda, Bengo, Malanje e Kwanza - Norte.

Neste mapa podemos distinguir a área da língua kimbundo e zonas de influência: Província de Luanda, Municípios de Malanje e Quéssua (na Província de Malanje); Municípios de Ambaca, Cazengo, Golungo Alto, Dondo, N'dalatando, Maua e Luinga (na Província do Kwanza - Norte).

Língua KwanyamaO grupo KWANYAMA estende-se numa área linguística entre Mupa (Província de Cunene), e Ovambo, ao Norte de Namíbia.

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Em toda a área da sua extensão verifica-se nos locutores em língua KWANYAMA diferenças de pronúncia, de acentuação e de uso de certos vocábulos, que não impedem a sua compreensão.

A título de exemplo podemos constatar em locutores da região de N'Giva uma aspiração pós-nasal, assim como diferenças fonológicas do inventário. 

Língua MbundaÁrea linguística do MBUNDA tem-se modificado: inicialmente ficava compreendida entre a margem direita do rio Lungue-Bungo no seu percurso da República de Angola até à fronteira com a República da Zâmbia, e ao longo dos rios Luconha, Cuvanguí até Cuando, nomeadamente o Município de Cuando, a Comuna do Cangombe, percurso do rio Cuando até à fronteira com a actual República da Zâmbia.

Presentemente a sua área em Angola restringiu-se com:» As migrações no séc. XIX, tendo-se a referida população fixado na Zâmbia, Província do Mongu, e passado a denominar-se MBunda/Kamuka, após modificações de alguns usos e costumes. » Migrações em 1914, com a prisão do Mwene MBandu, tendo-se os deslocados fixado no interior da Zâmbia, Distrito de Kaoma, e conservado os seus usos e costumes. » As migrações provocadas pelas Guerras de Libertação Nacional. Os actuais MBundas em Angola estão presentemente circunscritos no Município dos MBundas, em Lumbala Nguimbo, que compreende as Comunas de Luvuei, Lutembo, Mussuma, Ninda e Cumi.

Língua UmbumdoA língua Umbundu estende-se por uma região bastante vasta e povoada, abrangendo as Províncias do Bié, Huambo e Benguela. A sua influência faz-se sentir também nas Províncias limítrofes do Kuando Kubango.

As diferenças fonéticas encontradas resultam da supressão, conversão ou ditongação das vogais com impacto na morfologia.

História

Breve resumo histórico

Pré-História e Proto-história

O território Angolano é habitado desde a idade da pedra. Existem vestígios disso em diversas províncias do país. Foram encontrados instrumentos de pedra e outros materiais da época do Paleolítico nas províncias do Zaire e Lundas.  No

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deserto do Namibe foram encontradas gravuras rupestres nas rochas. Estas gravuras foram classificadas como gravuras “Tchitundu-Hulo” atribuídas aos antepassados dos povos Khoisan. Assim, os historiadores estão convencidos que os primeiros povos a habitarem o território Angolano na proto-história foram povos da família Khoisan. Os seres que compunham este povo eram de estatura pequena e com a pele de cor acastanhada. Este povo é também conhecido por Bosquimanes ou Boximanes. Viviam em comunidades tribais, caçando e comendo frutos e raízes de árvores.Os Khoisan eram conhecidos por serem grandes caçadores, usando pequenos arcos flechas com veneno nas pontas. Os Boximanes habitavam todo o actual território de Angola quando chegaram os primeiros indivíduos origem Bantu.Actualmente os Boximanes estão mais concentrados no sul do território angolano.Ao contrário de todas as outras etnias de Angola, os khoisan não falam línguas bantu, mas sim uma língua do grupo Khoisan. As MigraçõesNos primeiros 500 anos da era actual, os povos Bantu da África Central, que já dominavam a siderurgia do ferro, iniciaram uma série de migrações para leste e para sul. Um desses povos emigrantes veio aproximando-se do Rio Congo (ou Zaire), acabando por atravessá-lo já no século XIII e instalar-se no actual Nordeste de Angola. Era o povo Quicongo (ou Kikongo). Outra migração fixou-se inicialmente na região dos Grandes Lagos Africanos e, no século XVII, deslocou-se para oeste, atravessando o Alto Zambeze até ao Cunene: era o grupo Ngangela. No ano de 1568, entrava um novo grupo pelo norte, os Jagas, que combateram os Quicongos que os empurraram para sul, para a região de Kassanje. No século XVI ou mesmo antes, os Nhanecas (Nyanekas ou Vanyanekas) entraram pelo sul de Angola, atravessaram o Cunene e instalaram-se no planalto da Huíla. No mesmo século XVI, um outro povo abandonava a sua terra na região dos Grandes Lagos, no centro de África, e veio também para as terras Angolanas. Eram os Hereros (ou Ovahelelos), um povo de pastores. Os hereros entraram pelo extremo leste de Angola, atravessaram o planalto do Bié e depois foram instalar-se entre o deserto do Namibe e a Serra da Chela no Huíla, no sudoeste Angolano. Já no século XVIII, entraram os Ovambos (ou Ambós), grandes técnicos na arte de trabalhar o ferro, deixaram a sua região de origem no baixo Cubango e vieram estabelecer-se entre o alto Cubango e o Cunene. No mesmo século, os Quiocos (ou Kyokos) abandonaram o Catanga e atravessaram o rio Cassai. Instalaram-se inicialmente na Lunda, no nordeste de

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Angola, migrando depois para sul. Finalmente, já no século XIX apareceu o último povo que veio instalar-se em Angola: os Cuangares (ou Ovakwangali). Estes vieram do Orange, na África do Sul, em 1840, chefiados por Sebituane, e foram-se instalar primeiro no Alto Zambeze. Então chamavam-se Macocolos. Do Alto Zambeze alguns passaram para o Cuangar no extremo sudoeste angolano, onde estão hoje, entre os rios Cubango e Cuando. As guerras entre estes povos eram frequentes. Os migrantes mais tardios eram obrigados a combater os que se estavam estabelecidos para lhes conquistar terras. Para se defenderem, os povos construíam muralhas em volta das tribos. Por isso, há em Angola muitas ruínas de antigas muralhas de pedra. Essas muralhas são mais abundantes no planalto do Bié e no planalto da Huíla, onde se encontram, também, túmulos de pedra e galerias de exploração de minério, testemunhos de civilizações mais avançadas do que geralmente se supõe. A colonização PortuguesaOs Portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegaram ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta região de África, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros, o de Ndongo e o de Matamba, os quais não tardam a fundir-se, para dar origem ao reino de Ngola (c. 1559). Os primeiros nos anos desta nova convivência entre o reino do Congo e os Portugueses foram bastante positivos e cordiais entre ambos devido às transacções comerciais criadas. No entanto, com o início da escravatura, esta amigável convivência terminou. E iniciou-se um processo de conquista e repressão que iria terminar somente no século XX. Explorando as rivalidades e conflitos entre estes reinos, na segunda metade do século XVI os portugueses instalam-se na região de Angola. O primeiro governador de Angola, Paulo Dias de Novais, procura delimitar este vasto território e explorar os seus recursos naturais, em particular os escravos. A penetração para o interior é muito limitada. Em 1576 fundam São Paulo da Assunção de Luanda, a actual cidade de Luanda e Angola transforma-se rapidamente no principal mercado abastecedor de escravos das plantações da cana-de-açúcar do Brasil. A sul do Reino do Congo, na região do rio Kwanza, haviam vários estados importantes. O Reino do Ndongo, governado pelo Ngola (Rei), era o mais importante. Ngola Kiluange reinava aquando da chegada dos portugueses e com uma política de coligação com estados vizinhos. Anos mais tarde, o Ndongo ressurgiu com a tomada do poder por Ginga Mbandi, imortalizada como Rainha Ginga.

Com a sua política ardilosa, soube conter os portugueses com acordos bem preparados. Em 1635, conseguiu formar uma grande coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama.

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Á frente da poderosa Coligação, Ginga rechaçou os portugueses para posições mais recuadas. Durante a ocupação filipina de Portugal (1580-1640), os holandeses procuram desapossar os portugueses desta região, ocupando grande parte do litoral (Benguela, Santo António do Zaire, as barras do Bengo e do Cuanza). A rainha Ginga tornou-os seus aliados, aumentando a força da coligação e reduzindo os portugueses a Massangano, praça que estes ocupavam fortemente e de onde partiam esporadicamente para as guerras de Kuata-Kuata (captura de escravos). Os escravos de Angola eram fundamentais para o desenvolvimento da Colónia do Brasil porque, apesar  de o tráfico de escravos ter sido abolido, os portugueses continuaram clandestinamente a enviar os escravos de Angola para o Brasil. Em 1648 com a chegada do Brasil de uma esquadra comandada por Salvador Correia de Sá e Benevides, os portugueses expulsam os holandeses, retomando Luanda e provocando a volta maciça dos Portugueses. Começa então o declínio da Coligação e com Salvador Correia de Sá enceta um duro golpe às forças autóctones. A rainha Ginga morre em 1663. Dois anos mais tarde, o Rei do Congo empenhou todas as suas forças para retomar a Ilha de Luanda, ocupada por Correia de Sá, saindo derrotado e perdendo a independência. O Reino do Ndongo foi submetido à Coroa Portuguesa em 1771. A colonização efectiva do interior só se inicia no século XIX, após a independência do Brasil (1822) e o fim do tráfico de escravos (1836-42). Esta ocupação trata-se de uma resposta às pretensões de outras potências europeias, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, que reclamavam na altura o seu quinhão em África. Diversos tratados são firmados estabelecendo os territórios que a cada uma cabe, de acordo com o seu poder e habilidade negocial. Devido à ausência de vias de comunicação terrestes, as campanhas de ocupação do interior são feitas através dos cursos fluviais: Bacia do Cuango (1862), Bacia do Cuanza (1895, 1905 e 1908); Bacia do Cubango (1886-1889, 1902 e 1906); Bacia do Cunene (1906-1907); Bacia do Alto Zambeze (1895-1896); Entre Zeusa e Dande (1872-1907), etc. Embora o processo de colonização tenha tido início no século XV, Alguns reinos mantêm a sua independência até ao século XIX. As fronteiras de Angola só são definidas em finais do século XIX, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que a do território dos Ambundos, a cuja língua o termo Angola anda associado. Os dois grandes territórios sob domínio Português, Angola e Benguela, são unificados após a abolição da escravatura em 1869 e ganham o estatuto de província. É neste período que se dá inicio a unificação que termina na composição territorial actualmente existente.   A partir de 1764, de uma sociedade esclavagista, passou a uma sociedade preocupada em produzir o que consumia. Em 1850, Luanda era uma grande cidade, repleta de firmas comerciais e que exportava, conjuntamente com

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Benguela, óleo de palma e amendoim, cera, goma copal, madeira, marfim, algodão, café e cacau, dentre outros produtos. Milho, tabaco, carne seca e farinha de mandioca começaram a ser produzidos localmente. Estava a nascer a burguesia angolana. Em 1836, o tráfico de escravos era abolido e em 1844, os portos de Angola foram abertos aos navios estrangeiros. Com a Conferência de Berlim, Portugal viu-se obrigado a efectivar de imediato a ocupação territorial das suas Colónias. O comércio da borracha e do marfim, acrescido pela receita dos impostos tomados às populações, criava grandes rendimentos para Lisboa. A política portuguesa em Angola, no início do século XX, foi alterada com a implementação de novas reformas. O fim da monarquia em Portugal e uma conjuntura internacional favorável levariam as novas reformas no domínio administrativo, agrário e educativo. Com o Estado que se pretende extensivo à Colónia, Angola passa a ser mais uma das províncias de Portugal (Província Ultramarina). A situação vigente era aparentemente tranquila. No segundo cartel do século XX esta tranquilidade seria posta em causa com o aparecimento dos primeiros movimentos nacionalistas. O processo de IndependênciaA formação de organizações políticas mais esclarecidas inicia-se a partir da década de 50 que, de uma forma organizada, iam fazendo ouvir os seus direitos. Promovem campanhas diplomáticas no mundo inteiro, pugnando pela independência. O Poder Colonial não cederia, no entanto, às propostas das forças nacionalistas, provocando o desencadear de conflitos armados directos, com o início da Luta Armada de Libertação Nacional do Povo Angolano, dirigida pelo MPLA, em 4 de Fevereiro de 1961, com o ataque às Cadeias de Luanda a fim de libertar os presos políticos nacionalistas Angolanos. Além do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), fundado em 1956, participaram também na luta de libertação nacional a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola), que se revelou em 1961, e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), em 1966. Depois de 14 anos de luta armada, e após o derrube da ditadura do “Estado Novo” de Salazar em Portugal, Angola alcança a independência a 11 de Novembro de 1975. ActualidadeAngola conseguiu até aqui o que parece ser essencial, ou seja, conseguiu preservar a independência manter a integridade territorial, lançar as bases de um Estado Democrático de Direito e garantir a unidade e consciência do seu povo em torno de um projecto nacional, apesar de todas as agressões e de todas as acções de desestabilização que sofreu nos últimos 25 anos. Em 1975, nem a invasão simultânea de dois exércitos externos, o zairense, a norte, e o sul-africano, a sul, nem a ocupação de parte do seu território pelo exército de Pretória, nos anos 80, e a desestabilização conduzida por um partido armado, a UNITA de Jonas Savimbi, apoiado pelo regime racista da África do Sul

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e por sucessivas administrações norte-americanas, destruíram o desejo do povo. Enquanto isso, as autoridades angolanas foram prestando um apoio constante aos combatentes do Zimbabwe, cuja Independência foi conquistada, graças à luta armada, em 1980, e aos combatentes da  Namíbia, que lutaram, com armas na mão, pela conquista da independência, conseguida apenas em 1990, e aos militantes sul-africanos que combatiam o apartheid e pugnavam pela integração racial e a democratização do regime. O chamado Conflito dos Grandes Lagos provou, também, que Angola pode ser um factor decisivo de estabilidade em toda a região Central e Austral de África. Hoje, após a morte de Jonas Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002, a que se seguiu a assinatura do Memorando de Entendimento entre as Forças Armadas Angolanas (FAA) e as Forças Militares da UNITA, como complemento ao Protocolo de Paz de Lusaka, com a nova política governamental, a nível económico, em vias de ser apoiada pelos grandes organismos financeiros internacionais, após a aprovação pelo parlamento dos princípios fundamentais para a revisão da lei constitucional (consagrando um regime semi-presidencial, democrático e de economia de mercado) e ainda com o anúncio de novas eleições já em 2007/2008, Angola entrou finalmente numa fase, caracterizada pelo seu Presidente, recentemente, como a da "conquista da paz, consolidação da democracia, estabilização da economia nacional e devolução da dignidade e da esperança a todos os angolanos".