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LUCIANA SOARES ALVES
ANÁLISE POSTURAL EM ATLETAS DE JUDÔ DA EQUIPE DA UNISUL
Tubarão, 2005
LUCIANA SOARES ALVES
ANÁLISE POSTURAL EM ATLETAS DE JUDÔ DA EQUIPE DA UNISUL
Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Profª. Esp. Inês Alessandra Xavier Lima
Tubarão, 2005
LUCIANA SOARES ALVES
ANÁLISE POSTURAL EM ATLETAS DE JUDÔ DA EQUIPE DA UNISUL
Monografia julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Tubarão, 21 de novembro de 2005.
_____________________________________________ Profª. Esp. Inês Alessandra Xavier Lima
______________________________________________ Profª Dr. Saray Giovanna dos Santos
______________________________________________ Profª. Esp. Jaqueline de Fátima Biazus
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho às pessoas mais
importantes da minha vida: meus pais, Lorinho
e Lenir. Nada seria dessa vitória se não
fossem vocês ao meu lado. Obrigada pela
garra, determinação, fé, apoio e principalmente
pelo Amor de vocês. Amo Vocês!
AGRADECIMENTOS
Tudo repercute em Deus, Primeiramente agradeço ao pai celeste por
estar sempre ao meu lado e por me privilegiar de uma profissão tão abençoada.
Aos meus Pais, Lorinho e Lenir, que mesmo longe, sempre estiveram
muito perto. Pelas palavras de consolo, pela confiança e pelo amor que me fortalece
a cada dia.
Às minhas amigas Cla, Jú e Fê Maria, por me aturar, me ajudar, me
consolar, chorar, rir, festar, estudar, lutar e enfim conseguir!
As minhas amigas Kelly e Desa que vivenciaram comigo passo a passo
deste trabalho. �Foram quatro anos inesquecíveis�.
Agradeço meus familiares que sempre acreditaram muito no meu trabalho
e me ajudaram no que foi preciso.
Em especial agradeço minha professora e acima de tudo amiga Inês, que
foi uma orientadora fora de série, tendo paciência, competência, confiança,
conhecimentos e principalmente a amizade.
Aos meus não só professores, futuros colegas e acima de tudo meus
grandes amigos, Jaqueline, Aderbal e Sensei Júlio que me ajudaram na
realização deste trabalho.
Agradeço a todos os meus amigos e colegas de trabalho que de alguma
maneira ajudaram para esta realização.
Enfim, à equipe de Judô da UNISUL, sendo estes: judocas, senseis,
comissão organizadora, fisioterapeutas e simpatizantes. �Nada seria sem vocês...
com certeza aqui nasceu uma grande amizade. Obrigada por tudo!�
Um homem nunca sabe aquilo de que é capaz até que o tenta fazer.
(Charles Dickens)
RESUMO
O alinhamento postural é determinado pelas situações das estruturas músculo-esqueléticas e suas solicitações no dia a dia. A repetição de certas atividades e também o período e a sobrecarga de treinamento provocam um processo de adaptação orgânica que pode resultar em efeitos deletérios para a postura, gerando quadros de desequilíbrio muscular. O Judô é um esporte que tem seus movimentos gerados por forças externas ou internas, as quais, se atuarem fora do eixo articular, irão provocar deslocamentos angulares dos segmentos do corpo. É um esporte que desenvolve atividades em alta intensidade de esforço, com repetições de movimentos e períodos constantes de atividade e repouso. Este estudo foi do tipo exploratório, com o objetivo de identificar a presença de alterações posturais em judocas. A amostra foi composta por oito judocas da equipe da UNISUL que praticam judô em média de 16,5 anos. Foi utilizada a fotogrametria para análise postural clássica, baseada na passagem da linha de gravidade (Kendall, 1995). Foram encontradas como alterações mais freqüentes: elevação do ombro à direita, elevação do ombro à esquerda, rotação interna dos ombros, inclinação de tronco à direita, hiperlordose lombar, joelhos recurvatum, joelhos varos e retropé / calcâneo valgo. Estes resultados sugerem a presença de encurtamentos musculares, os quais podem ser provocados pelo excesso de uso do lado dominante para realização dos gestos esportivos específicos do judô. Sendo assim, mostra-se de grande importante a atuação fisioterapêutica como ferramenta preventiva, de diagnóstico e de reabilitação nas questões posturais referentes aos praticantes de judô. Palavras-chaves: judô, fisioterapia, postura.
ABSTRACT
The postural alignment is determined by the situations of the structures muscle-
skeletal and its requests in the day the day. The repetition of certain activities and also the period and the overload of training provoke a process of organic adaptation that can result in deleterious effect for the position, generating pictures of muscular disequilibrium. The Judo is a sport that has its movements generated for external or internal forces, which, if to act outside of the axle to articulate, will go to provoke angular displacements of the segments of the body. It is a sport that develops activities in high intensity of effort, with repetitions of movements and constant periods of activity and rest. This study it was of the exploratory research method, with the objective to identify the presence of posturais alterations in judo players. The sample was composed for eight judo players of the team of the UNISUL that practises judô in average of 16,5 years. The photogrammetry for classic postural analysis was used, based in the ticket of the gravity line (Kendall, 1995). They had been found as more frequent alterations: rise of the shoulder to the right, rise of the shoulder to the left, internal rotation of the shoulders, inclination of trunk to the right, hyperlordosis lumbar, knees recurvatum. These results suggest the presence of muscular shortenings, which can be provoked by the excess of use of the dominant side for accomplishment of the specific sports gestures of judo. Being thus, one reveals of great important the physiotherapy performance as preventive tool, of diagnosis and whitewashing in the referring postural questions to the practitioners of judo. Keys words: judo, posture alterations, physioterapy
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Alterações posturais em plano frontal vista anterior ..................................35
Tabela 2: Regiões do corpo que apresentam alterações em vista anterior...............36
Tabela 3: Alterações posturais em plano sagital vista lateral (perfil) .........................42
Tabela 4: Regiões do corpo que apresentam alterações em vista lateral (perfil) ......42
Tabela 5: Alterações posturais em plano frontal vista posterior ................................46
Tabela 6: Regiões do corpo que apresentam alterações em vista posterior .............46
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Alinhamento dos ombros no plano frontal vista anterior ..........................37
Gráfico 2: Posicionamento do triângulo de Tales ......................................................38
Gráfico 3: Posicionamento de membros superiores, vista anterior ...........................39
Gráfico 4: Posicionamento dos joelhos, plano frontal vista anterior ..........................40
Gráfico 5: Alinhamento dos mamilos.........................................................................41
Gráfico 6: Posicionamento dos membros superiores, plano sagital vista lateral .......44
Gráfico 7: Posição dos joelhos em plano sagital vista lateral ....................................45
Gráfico 8: Alterações no tronco em plano frontal vista posterior ...............................47
Gráfico 9: Alinhamento dos retropés; plano frontal vista posterior ...........................48
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Avaliação em vista anterior ........................................................................32
Figura 2: Avaliação em vista lateral (perfil) direita.....................................................32
Figura 3: Avaliação em vista posterior.......................................................................32
Figura 4: Avaliação em vista lateral (perfil) esquerda................................................32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................16
2.1 Postura ...............................................................................................................16
2.1.1 Curvas fisiológicas............................................................................................16
2.1.2 Alinhamento Postural .......................................................................................17
2.1.3 Boa e má postura .............................................................................................19
2.1.4 Efeitos da má postura.......................................................................................20
2.2 Avaliação Postural ............................................................................................20
2.3 Alteração da postura com a prática desportiva..............................................21
2.4 Fotogrametria ....................................................................................................24
2.5 Judô ...................................................................................................................24
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA .........................................................................28
3.1 Tipo de pesquisa ...............................................................................................28
3.2 População e amostra ........................................................................................28
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados................................................29
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados................................................29
3.5 Tratamento estatístico dos dados................................................................... 33
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...............................................................34
4.1 Caracterização da amostra ...............................................................................34
4.2 Análise Postural ................................................................................................34
4.2.1 Vista anterior ....................................................................................................34
4.2.2 Vista Lateral (Perfil) ..........................................................................................42
4.2.3 Vista posterior ..................................................................................................46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................50
REFERÊNCIAS.........................................................................................................52
APÊNDICES .............................................................................................................56
APÊNDICE A - FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL ...............................................57
APÊNDICE B � AVALIAÇÃO ....................................................................................60
1 INTRODUÇÃO
Postura é o estado de equilíbrio dos músculos e ossos, para proteção das
demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé,
sentada ou deitada. Um bom controle postural, com a solicitação de poucos
músculos e baixo gasto de energia leva à boa postura.
Esportes de alto nível determinam padrões corporais específicos pela
exposição à rotina dos exercícios físicos solicitados, podendo acarretar assim em
alterações posturais relacionadas ao gesto esportivo. Quando a prática de esportes
passa a ser competitiva, o atleta realiza esforços maiores que sua própria
capacidade física. Treinamentos com exercícios de carga e esportes assimétricos
podem causar deformidades das estruturas corporais.
O Judô é um esporte que tem seus movimentos gerados por forças
externas ou internas, as quais, que se atuarem fora do eixo articular, irão provocar
deslocamentos angulares dos segmentos do corpo. É um esporte que desenvolve
atividades em alta intensidade de esforço, com repetições de movimentos e
períodos constantes de atividade e repouso.
Lima e Nogueira (apud ARAÚJO,1999) analisaram o índice de lesões em
judocas do sexo feminino e obtiveram como maior freqüência: entorses de tornozelo,
torção de joelho e contusão de ombro.
Santos (1993) analisou a técnica de preferência de judocas do sexo
masculino que treinam a mais de 5 anos, com média de 3 horas semanais de
treinamento. Constatou com seus estudos que a técnica de preferência pelos
praticantes não influencia no desenvolvimento postural, já que durante um
treinamento ocorre prática de diferentes tipos de técnicas.
Poucos são os estudos realizados associando postura com a prática
desportiva, ainda mais quando se trata de judô. Como sugestão da autora citada
acima e também visando contribuir com dados científicos para a comunidade
acadêmica e leiga, viemos através deste trabalho, analisar a postura corporal de
judocas da equipe de judô da UNISUL, e relacionar as possíveis alterações
presentes com a dominância de membros. Como nossos objetivos temos: traçar o
perfil postural da amostra e relacionar este perfil com a dominância dos sujeitos da
amostra.
Este estudo foi de meu interesse, pois acredito que a área desportiva é
um grande mercado de trabalho e resolvi dar uma contribuição para os estudos
desta área, que são escassos. Trabalho com a equipe de Judô da UNISUL, e meu
interesse pelo esporte vem aumentando, e foi grande minha curiosidade em saber
quais possíveis alterações são advindas desse esporte, podendo assim contribuir
com um futuro trabalho fisioterapêutico com os atletas.
2 POSTURA E JUDÔ
2.1 Postura
2.1.1 Curvas fisiológicas
Postura é o termo utilizado para definir uma posição ou atitude do corpo,
o arranjo relativo das partes corporais para uma certa atividade, uma composição
das posições de todas as articulações do corpo em qualquer momento ou ainda,
uma maneira de uma pessoa sustentar seu corpo. As posturas são utilizadas para
que o indivíduo possa realizar suas atividades com o menor gasto de energia
(KENDALL, 1987; SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
Dangelo e Fattini (2002) afirmam que a coluna vertebral funciona como
suporte do peso de uma grande parte do corpo, transmitindo para os ossos do
quadril através da articulação sacroilíaca. Além disso, é função da coluna vertebral
proteger a medula espinhal e os tecidos nervosos (MALONE; MCPOIL; NITZ, 2000).
Kapandji (2000) afirma que a coluna vertebral é retilínea vista no plano
frontal, considerada em conjunto. Entretanto, em alguns indivíduos pode encontrar-
se uma curvatura transversal sem que, por isso, se possa afirmar que ela seja uma
curvatura patológica, evidentemente sempre que a mesma permaneça dentro dos
limites estreitos. Já no plano sagital, a coluna vertebral apresenta quatro curvaturas:
cervical, dorsal, lombar e sacra.
Duas dessas curvas, por terem conservado sua forma embrionária de enrolamento anterior, são chamadas primárias. São as curvas dorsal e sacra, ambas côncavas para frente. No nascimento, a passagem da cabeça pela pelve menor cria a primeira curva secundária: a curva cervical. Ela é convexa para frente e permite a visão horizontal e fonação. Mais tarde, quando o bebê já passou seu período de quadrupedia, a verticalização faz aparecer a segunda curva secundária: a curva lombar, também convexa para frente. As curvas primárias são as mais sólidas, mas as menos móveis. A curva dorsal é reforçada e limitada pelas costelas. A curva sacra forma apenas um único osso. Os corpos vertebrais são cuneiformes para frente. São eles que criam a concavidade anterior.As curvas secundárias são flexíveis, mais frágeis. São discos que, cuneiformes para trás, formam a convexidade anterior. (BIENFAIT, 1995, p. 18).
A flexibilidade dessas curvaturas é importante para aumentar a
resistência da coluna, garantindo assim uma resistência às forças de pressão e aos
efeitos da gravidade e de outras forças externas; além disso, favorece a estática do
corpo impedindo que a transmissão de forças na coluna em duas direções (KISNER;
COLBY, 1998; KAPANDJI, 2000).
As curvaturas vertebrais são transeccionadas pela linha da gravidade, o que
permite o equilíbrio anterior e posteriormente. Se houver desvio de uma parte da
coluna vertebral conseqüentemente outra parte também será alterada, para que haja
uma compensação e equilíbrio (KISNER; COLBY 1998).
2.1.2 Alinhamento Postural
Segundo Bricot (2001), a coluna vertebral quando mantém uma postura
equilibrada possui um ângulo sacral de 32°, seu disco L3 / L4 está estritamente
horizontalizado e a vértebra L3 é a mais anteriorizada.
Na passagem da quadrupedia para a posição ereta com o alinhamento
postural, ocorrem várias alterações, como no desenvolvimento muscular, na
coordenação, na função respiratória, na mecânica circulatória, além de ocorrer o
deslocamento dos órgãos internos, mudança da cabeça e coluna cervical, ombro e
escápula (BRASIL, 1994).
Na posição ortostática, se o indivíduo está em equilíbrio, a parte posterior
do crânio, costas e os glúteos são tangentes a um plano vertical. As articulações
vertebrais posteriores relacionam-se harmoniosamente e a lordose lombar não
apresenta desvios significativos; os istmos articulares estão livres e a mobilidade é
normal. A ação da gravidade, a integridade dos sistemas muscular e
osteoligamentar, e os arcos do pé alteram a forma de como o indivíduo consegue
assumir a postura ereta (KAPANDJI, 2000; BRICOT, 2001).
Os músculos do pescoço e tronco agem primariamente como
estabilizadores da coluna vertebral na postura ereta. São eles que fazem o controle
dinâmico contra as forças da gravidade quando o peso de vários segmentos
transfere-se para longe de sua base. Para que o alinhamento postural seja mantido
é necessária pouca atividade muscular, porém com o relaxamento total desses
músculos as curvaturas se tornam exageradas, fazendo com que as estruturas
secundárias de sustentação sejam requisitadas (KISNER; COLBY, 1998).
Kendall (1987) afirma que a paralisia e as contraturas musculares
conduzem à perda de movimento e da estabilidade, além das deformidades. A
fraqueza ou o encurtamento muscular pode causar alinhamento defeituoso e afetar a
postura como um todo. A fraqueza muscular provoca o desalinhamento porque esta
musculatura estará sem força necessária para manter a inserção correta desses
músculos.
2.1.3 Boa e má postura
A postura depende de um equilíbrio dos segmentos do corpo humano. �O
equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrios
controlados pela musculatura tônica� (BIENFAIT, 1995, p.14). Para uma boa
postura, a tonicidade postural deverá evitar e controlar os desequilíbrios inevitáveis.
Segundo Braccialli e Vilarta (2000) a postura envolve uma relação
dinâmica na qual as partes do corpo, com ênfase na musculatura esquelética, se
adaptam em resposta à estímulos recebidos.
O exagero contínuo das curvaturas da coluna vertebral acarretará a má
postura, ocorrendo desequilíbrio de força e elasticidade muscular, assim como as
retrações ou hipermobilidade em tecido mole (KISNER; COLBY 1998).
Segundo Kendall (1987), o controle postural varia de indivíduo para
indivíduo, que deverá manter o equilíbrio da posição ereta com o mínimo de gasto
energético e contrações musculares. As posturas são mantidas por controles
voluntários, dados por vários reflexos que se integram e formam o reflexo postural.
Bricot (2001) afirma que com um bom controle postural, uma solicitação
de poucos músculos e conseqüentemente com um baixo gasto energético, o
indivíduo assume uma boa postura, que varia de acordo com o padrão de cada
indivíduo. Além disso, aspectos como visão, sistema dento-oclusal, pés, sistema
nervoso, sistema respiratório e até mesmo fatores emocionais podem vir e
influenciar na postura do indivíduo.
Quando o indivíduo passa a apresentar uma quantidade desnecessária de
esforço muscular ou quando não se consegue alcançar a finalidade para que se
destina, dizemos apresentar uma má postura ou postura ineficaz (KENDALL, 1987).
2.1.4 Efeitos da má postura
A postura incorreta pode trazer como conseqüências um trabalho
muscular demasiado para que se possa manter o equilíbrio corporal, ocorrendo
assim compensações e distensões de ligamentos ou ainda cãibras dos músculos
responsáveis pelos movimentos torácicos (BRASIL, 1994).
A falta de orientação do uso correto da postura, e todas essas
compensações, podem acarretar em um aumento pronunciado das curvas da coluna
vertebral, causando quadros álgicos ou mesmo problemas estéticos para o indivíduo
(SOUCHARD, 1997).
Segundo Bricot (2001) as conseqüências das perturbações estáticas
podem vir a curto e em longo prazo, sendo estas dores, enrijecimentos e contraturas
e ainda poderá ocorrer limitação dos movimentos articulares que irão favorecer o
aparecimento de artrose.
2.2 Avaliação postural
Kendall, McCreary e Provance (1995) afirmam que para realizar uma
avaliação postural deve haver uma padronização. Na avaliação postural o indivíduo
é colocado de frente (vista anterior), de lado (vista lateral ou perfil) e de costas (vista
posterior). O paciente dever estar o mais despido possível, na posição ereta com os
braços ao longo do corpo e estar totalmente relaxado.
Ainda de acordo com Kendall, McCreary e Provance (1995) durante a
avaliação os pontos chaves a serem observados são:
* Vista Posterior: Nível das orelhas; nível dos ombros; escápulas; posição
dos membros superiores em relação ao corpo; posição da coluna vertebral; nível das
espinhas ilíacas; nível da prega glútea; tendão do calcâneo.
* Vista lateral ou perfil: Posição da cabeça o do pescoço; curvas da
coluna vertebral; posição dos membros superiores em relação ao corpo; posição da
pelve; abdome; posição do joelho; posição do tornozelo; pés.
* Vista anterior: Nível das orelhas; alinhamento do nariz, boca, queixo,
externo e umbigo; nível dos ombros; nível dos mamilos; nível das cristas ilíacas;
posição do joelho; Encontrando qualquer assimetria durante a análise dos
segmentos corporais acima citados, pode-se dizer que existe uma má postura ou um
desvio postural.
2.3 Alteração da postura com a prática desportiva
Com a variedade de esportes que estão sendo praticados ultimamente,
vem também a curiosidade de estudar as alterações e conseqüências que estes
trazem aos seus praticantes, fazendo com que assim as técnicas passam ser
aprimoradas em benefícios dos atletas. O esporte não é visto apenas como uma
forma competitiva, mas também como uma inclusão social do indivíduo, e uma
maneira de ocupar a mente e fazer bem à saúde do corpo (ARAÚJO, 1999).
Existem vários estudos, como os que serão citados abaixo, que
relacionam a prática de esportes com a ocorrência de desvios posturais e alterações
músculo-esqueléticas. Segundo Araújo (1999) a maioria dos esportes submetem o
corpo humano a movimentos amplos, exigindo trabalho com variadas cargas e
diferentes intensidades, principalmente quando a prática esportiva passa a ser
competitiva. Neto Júnior, Pastre e Monteiro (2004) afirmam que os esportes de alto
nível geram padrões corporais que apresentam alterações posturais pela eficiência
do gesto esportivo.
Verkhoshanski (2001) descreve que a postura desportiva está sempre
associada à atividade fásica, sendo separada em duas fases: a fase de pose
(atividade de pose) e fase do movimento (atividade física).
Durante uma atividade esportiva, os movimentos sempre terão uma fase
inicial de pose, e sempre terminarão também numa pose. Para que isso ocorra é
necessário que o centro de gravidade esteja bem projetado, sendo assim, as
articulações deverão estar bem fixadas para manter o equilíbrio e resistir às forças
externas (VERKHOSHANSKI, 2001).
Além disso, é importante que ocorra um equilíbrio para que o atleta tenha
capacidade de manter uma estabilidade independente da atuação das forças
externas que possam vir a atrapalhar seu movimento (VERKHOSHANSKI, 2001).
O período de sobrecarga de treinamentos e a repetição de determinadas
atividades acarretam um processo de adaptação orgânica que resultará em efeitos
maléficos para a postura pelo desequilíbrio muscular (NETO JUNIOR; PASTRE;
MONTEIRO, 2004).
Fraga (2002) afirma que esportes assimétricos e também a prática de um
mesmo esporte por um tempo prolongado acarretam alterações posturais. As cargas
assimétricas que são dirigidas sobre determinadas estruturas anatômicas acabam
sendo compensadas por cargas específicas dirigidas aos membros solicitados.
Em estudo realizado com atletas do sexo masculino que praticam provas
de potência muscular foi observado tornozelo valgo, sendo a alteração mais comum,
seguido de rotação interna de quadril direito, anteversão pélvica e hiperlordose
lombar (NETO JUNIOR; PASTRE; MONTEIRO, 2004).
Dezan, Sarraf e Rodacki (2004) comprovaram em estudo com atletas do
sexo masculino, praticantes de luta olímpica, que mais de 50 % deles apresentaram
lombalgia, sendo que a maioria delas estão relacionadas com alterações posturais e
desequilíbrios musculares.
Santos e Melo (2005) investigaram o número de �ukemis�(quedas) em 86
judocas do sexo masculino e constataram que as dores sentidas no dia posterior ao
treinamento, são principalmente na região lombar.
Em estudos com jovens handebolistas de ambos os sexos, Mota (apud
Araújo,1999) relatou que esportes assimétricos geram alterações posturais, e, as
cargas que são deslocadas sobre estruturas anatômicas, acabam sendo
compensadas por cargas que são dirigidas aos membros solicitados.
Lima e Nogueira (apud Araújo, 1999) analisaram o índice de lesões em
judocas do sexo feminino e obtiveram como maior freqüência de lesões: entorses de
tornozelos, torção de joelho e contusão do ombro.
Mattar (2005), fisioterapeuta da seleção brasileira de judô realizou
pesquisa nos anos de 2003 e 2004 e constatou como os desvios mais freqüentes na
seleção masculina foram: anteriorização cervical, inclinação lateral de quadril,
inclinação cervical, geno varo, rotação cervical, rotação interna de fêmur,pé plano,
hiperlordose lombar e hálux valgo.
2.4 Fotogrametria
Termo utilizado para expressar a mensuração da dimensão dos objetos
registrados numa imagem fotográfica ou cinematográfica. Chama-se morfometria a
técnica de registro simultâneo das referências anatômicas que se observa no
indivíduo, possibilitando a mensuração e análise de desvios posturais (GAGEY;
WEBER,2000).
2.5 Judô
Segundo Takeshita [196?] e Fraga (2002) o judô pode ser entendido como
a arte de desequilibrar o adversário, fazendo com que ele volte sua própria força
contra si. É uma arte disciplinar para educar corpo e mente, além de ser
tradicionalmente tido com a auto defesa dos samurais.
Os movimentos utilizados para desestabilizar o adversário são os de
rotação, puxar, empurrar e levantar, além de manter também a estabilidade do
atacante. Com esses movimentos é possível girar o adversário ao redor dos eixos
formados pelos pés, quadris, costas e ombros do atleta (CARR, 1998).
Para aumentar sua estabilidade, o judoca precisa aumentar sua base de
sustentação, fazendo com que seu centro de gravidade abaixe e centralize. Com o
adversário, são utilizadas as técnicas de rasteira para eliminar a base de
sustentação, desequilibrando-o (CARR, 1998).
�Jigotai� é a denominação da posição de espera para o golpe, também
chamada de defesa individual. Segundo Takeshita [196?] o atleta adota uma posição
de joelhos em flexão, pernas em abdução e flexão e inclinação de tronco.
Araújo (1999) e Franchini (2001) definem três fases de um golpe de judô:
Kuzushi (desequilíbrio), Tsukuri (preparação) e Kakê (finalização ou arremesso). Na
verdade, é um conjunto de movimentos que deve ser realizado durante o mesmo
tempo, mantendo a concentração e equilíbrio físico, de maneira suave e rápida, com
o cuidado que não desperte a atenção do adversário, sendo a fase de arremesso
com grande energia.
Os judocas encaram-se um ao outro na posição ereta, com seus corpos ligeiramente abaixados e com suas pernas parcialmente fletidas. Seus pés estão em ângulo reto entre si e afastados na largura dos ombros. São dados passos rápidos, rasteiros e com os pés totalmente apoiados com o peso corporal do atleta frequentemente posicionado mais próximo do pé anterior. (CARR, 1998, p.191).
Segundo Carr (1998) para facilitar as manobras e técnicas utilizadas,
além dos movimentos de empurrar-puxar e também o movimento de rotação, os
judocas seguram um no quimono do outro pela gola. É importante para o judoca ter
uma boa �pegada� (kumi-kata).
É de extrema importância para o judoca aprender o �Ukemi-Waza�,
técnica definida como amortecimento de quedas. Serve de proteção e segurança
para os judocas. Se não dominar a técnica de cair, não se domina a técnica de
projetar. Deve ser praticada tanto quanto os golpes. Segundo Ribas (1991), o judoca
deve sentir prazer e satisfação ao ser arremessado, pois assim mostra ter grande
segurança no que faz.
Takeshita [196?] afirma que durante a queda o braço livre deve funcionar
como uma �mola� para ocorrer o amortecimento. É importante que durante a queda
a cabeça se anteriorize e o corpo se incline.
A queda deve estar associada com o rolamento, e deve ser oferecida uma
maior área do corpo (costas) durante a queda. Contudo devem ser utilizados
também braço, antebraço e mão, além das pernas, para efetuar os batimentos que
amenizarão e atenuarão os choques que são produzidos pela batida das costas no
tatame, protegendo o tronco do atleta, que assim não absorve toda a força da queda
(RIBAS, 1991; CARR, 1998).
Por conseguinte, virão os fundamentos da luta de solo (Ne-Waza),
movimentação no tatame (Shintai), métodos de segurar o uniforme (Kumi-Kata) e
esquiva rotativa do corpo (Tai-Sabaki) (ARAÚJO, 1999; FRANCHINI, 2001).
Ribas (1991) afirma que o golpe no judô é sempre dado ou pela direita ou
pela esquerda. Takeshita [196?] define como �migishizentai� quando o judoca adota
a posição natural direita, sendo braço e perna direita avançados; e �hidarichizentai�
quando a posição adotada é esquerda.
Existem caracterizações únicas que são de extrema importância para um
bom rendimento no treino dessa arte, onde são adotadas posições anti-naturais em
alguns momentos, além de serem trabalhados os sistemas energéticos aeróbicos,
lático e alático; resistência para a musculatura flexo-extensora de antebraço,
panturrilha e musculatura intrínsica da cintura pélvica, além de contrações
concêntricas e excêntricas, que são trabalhadas de um lado e do outro do corpo
(ARAÚJO, 1999).
A principal meta no judô é desequilibrar o adversário, sem perder o
equilíbrio. Para isso, tem-se duas possibilidades: preparar o adversário para receber
a técnica escolhida, ou ainda aproveitar um possível desequilíbrio do adversário
para aplicar uma técnica que melhor se adapte à situação. Judô é também atenção
e velocidade (FRANCHINI, 2001).
Força, agilidade, resistência e golpe são as essências para a prática do
judô. Força para superar alguns golpes, sendo ágil para dominar o oponente, com
resistência para poder se manter durante a luta, chegando assim aos golpes
precisos que atacarão o adversário. Habilidade e técnica são o essencial, ao invés
do uso da força bruta (TAKESHITA [196?]).
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
No decorrer deste capítulo foram descritos os materiais e métodos
utilizados para realização da presente pesquisa, contendo suas características,
amostra e instrumentos e procedimentos utilizados para a coleta de dados.
3.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa classifica-se como descritiva exploratória quanto ao nível, e
como quantitativa quanto à abordagem.
Pesquisa exploratória realiza descrições precisas de situações e quer
descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma
(CERVO; BERVIAN, 1996).
3.2 População e amostra
Os sujeitos desta pesquisa foram judocas do gênero masculino, atletas da
equipe de Judô da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). A amostra, do
tipo intencional, a qual segundo Rauen (1999) é aquela em que são escolhidos
casos que apresentem um bom julgamento da população através de uma estratégia
adequada, foi composta de 8 (oito) sujeitos, praticantes de judô, com idade entre 22
e 31 anos, com tempo de prática de judô na média de 16,5 anos, sendo graduados
nas faixas marrom e preta.
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados
Para a realização da avaliação postural foi utilizado:
* Pano preto: utilizado como plano de fundo para aquisição das imagens
fotográficas.
* Máquina fotográfica digital Olympus Camedia D-390® com lente zoom de 10x com
tripé de 87 cm de altura.
* Adesivo colorido em forma de círculo para demarcação de pontos anatômicos.
* Ficha de avaliação postural adaptada do Projeto de Extensão �Fisioterapia na
Escola� do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina �
UNISUL, campus Tubarão (apêndice A).
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados
Primeiramente foi realizado contato com o técnico da equipe de judô da
UNISUL, prof. Esp. Júlio César de Oliveira Araújo, ocasião na qual foram realizados
os devidos esclarecimentos sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa. Foi
explicado aos atletas todo o procedimento. Após esta conversa, a realização da
pesquisa foi aceita. A coleta de dados foi realizada nas dependências do Ginásio de
Atividades Rítmicas de Judô (GARJ) da equipe de Judô da UNISUL, na cidade de
Tubarão, no dia 4 de outubro de 2005, através da aquisição de imagens fotográficas
dos 8 (oito) atletas participantes.
A data citada acima fazia parte do cronograma da equipe de judô da
UNISUL como um dia de treinamento normal, e optou-se pelo agendamento para a
realização da aquisição das imagens fotográficas em uma ocasião como esta pelo
fato de esta estratégia viabilizar o contato com todos os atletas reunidos no mesmo
local. Sendo assim, durante a rotina de treinamento, cada atleta componente da
amostragem deste estudo foi orientado a interromper o treino por 5 (cinco) minutos
para a aquisição das imagens fotográficas e informações complementares.
Para tanto, houve a preparação prévia de um local específico para a
realização da coleta, cedido pelo técnico da equipe de judô da UNISUL, como
segue:
* montagem do fundo com o pano preto;
* demarcação, com um X no solo, a 10 cm da parede, local no qual pés dos sujeitos
deveriam ter como referência para o posicionamento mais adequado para a
aquisição das imagens fotográficas;
* posicionamento da máquina fotográfica a 2,20 metros da demarcação dos pés com
tripé de 87 cm de altura.
Após preparação do local, a coleta foi iniciada. Cada atleta foi chamando
ao local, individualmente, e foi solicitada a retirada do �waki� (parte superior) do
�judogui� (vestimenta específica para a prática do judô) e que o mesmo elevasse
o �shitabaki� (calça) até o nível do terço médio da coxa, para facilitar a
visualização dos segmentos corporais, viabilizando uma melhor condição para a
realização posterior da análise postural.
Os sujeitos foram fotografados em posição ortostática, e os mesmos
foram orientados a manter o corpo em nível máximo de relaxamento, além do
olhar horizontal.
Para possibilitar a análise posterior da postura corporal da amostra, foram
demarcados pontos anatômicos específicos nas quatro vistas nas quais foram
realizadas a aquisição das imagens fotográficas, como segue:
* Vista anterior: demarcação de um ponto médio entre os olhos (Figura 1);
* Vista lateral direita: demarcação de um ponto na articulação têmporo-mandibular
(ATM) (Figura 2);
* Vista posterior: demarcação de um ponto no nível da sétima vértebra cervical (C7)
(Figura 3);
* Vista lateral esquerda: demarcação de um ponto na articulação têmporo-
mandibular (ATM) (Figura 4).
Figura 1: Avaliação vista anterior Figura 2: Avaliação vista lateral direita
Figura 3: Avaliação vista posterior Figura 4: Avaliação vista lateral esquerda
Os referidos pontos foram selecionados em função da rapidez e facilidade
para a demarcação, uma vez que os sujeitos não tinham como disponibilizar muito
tempo durante o treino para a realização da coleta de dados, fato que justifica a
demarcação de apenas um ponto anatômico em cada vista. Os pontos demarcados
serviram como referência para traçar uma linha vertical, simulando a passagem da
linha de gravidade, para realização da análise da postura corporal seguindo a
descrição clássica de Kendall (1995), análise esta que foi efetuada posteriormente.
Ao final de cada ciclo de aquisição de 4 (fotos), cada sujeito foi orientado a
recolocar seu �judogui� e retornar ao treino. Ao término da aquisição das imagens
fotográficas da amostra, as mesmas foram armazenadas em computador pessoal
doméstico, para posterior análise, tabulação dos resultados e discussão.
3.5 Tratamento estatístico dos dados
O tratamento dos dados coletados foi realizado através de estatística
descritiva, onde os mesmos foram apresentados em gráficos, tabelas e figuras para
melhor visualização e compreensão.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
4.1 Caracterização da amostra
Os sujeitos que constituíram a amostra foram 8 (oito) judocas da equipe
de Judô da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), com idade média de
26,87 anos e com tempo de prática de em média 16,5 anos. Dos 8 atletas, 5 são
faixas preta e 3 são faixas marrom. Todos os atletas apresentaram dominância do
membro superior direito.
4.2 Análise Postural
4.2.1 Plano frontal; Vista anterior
A tabela a seguir apresenta as alterações posturais encontradas na
amostra, na análise do plano frontal, vista anterior.
Tabela 1: Alterações posturais; plano frontal vista anterior em judocas
ALTERAÇÃO FREQÜÊNCIA (f)
Elevação do ombro esquerdo.............................. 8
Rotação interna de ombro................................... 8
Triângulo de Tales aumentado bilateralmente.... 8
Antebraços Pronados.......................................... 8
Cabeça rodada à esquerda................................. 2
Cabeça inclinada à direita................................... 1
Desalinhamento dos mamilos
(esquerdo elevado)..............................................
3
EIAS elevada à esquerda.................................... 1
EIAS elevada à direita......................................... 2
Joelhos varos...................................................... 8
Joelhos em rotação externa................................ 1
TOTAL 50
Dentre as alterações apresentadas acima, a elevação de ombro à
esquerda, a rotação interna de ombro, o aumento do triângulo de Tales, os
antebraços pronados e os joelhos varos foram identificadas em todos os sujeitos da
amostra (8- 8).
Posições adotadas no período de treinamento, movimentos repetitivos e
dominância de membros podem repercutir em desequilíbrios estáticos, passíveis de
identificação durante a realização da análise postural em judocas. Neto Júnior,
Pastre e Monteiro (2004) afirmam que a repetição de atividades e movimentos, além
do overtraining, provocam um processo de adaptação orgânica que resulta em
efeitos deletérios para a coluna gerando também desequilíbrios musculares.
Fraga (2002) afirma que a sobrecarga, quando ultrapassa os limites
individuais, é uma grande geradora de alterações das posições corporais e dos
eixos mecânicos, afetando principalmente os membros.
Na tabela abaixo veremos as regiões do corpo que mais apresentam
alterações posturais nos judocas, no plano frontal em vista anterior.
Tabela 2: Regiões do corpo que apresentam alterações; plano frontal vista anterior em judocas
A tabela 2 apresenta os segmentos corporais que apresentaram a maior
freqüência de alterações, a partir da segmentação do corpo em cabeça, membros
superiores, tronco e membros inferiores. Os dados apresentados sugerem que a
região mais acometida foram os membros superiores, nos quais foram identificadas
32 alterações encontradas no plano frontal, em vista anterior. Em sua análise
postural com 37 judocas do gênero masculino, com 5 ou mais anos de prática,
Santos (1993) constatou que os ombros foram um dos segmentos corporais onde
mais houve desvios, com 31 (83,7%) dos sujeitos comprometidos.
REGIÃO DO CORPO FREQUENCIA (f)
Cabeça................................................ 3
Membros Superiores........................... 32
Tronco ................................................ 6
Membros Inferiores............................. 9
Total.................................................... 50
0
8
00
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Alterações
Freq
uenc
ia NormalElevado a esquerdaElevado a direita
Gráfico 1: Alinhamento dos ombros no plano frontal vista anterior em judocas
O gráfico 1, expõe as alterações de ombro em vista anterior, e observou-
se que os 8 sujeitos da amostra apresentaram elevação de ombro à esquerda .
Acredita-se que este resultado tenha relação com a dominância de membros � uma
vez que, conforme exposto anteriormente, toda a amostragem apresentou
dominância em membro superior direito. Fraga (2002) afirmam que os ombros
devem apresentar-se na mesma altura, todavia os indivíduos apresentam um padrão
de dominância na mão, o que acarretará em ombro dominante mais baixo. Além
disto, pôde-se identificar, durante a análise postural, a presença de hipertrofia dos
músculos bíceps braquial (flexor de cotovelo) e peitoral (rotador interno) do lado
dominante, os quais agem durante a puxada (kumi-kata); hipertrofia esta
evidenciada nas imagens fotográficas da amostra. (KENDALL; PROVANCE;
MCCREARY, 1995)
Fraga (2002) confirma que o Judô é uma modalidade esportiva unilateral,
e que as atividades e movimentos unilaterais são geradores de certos tipos de
desvios posturais. O judô deveria ser praticado de maneira bilateral, mas grande
parte dos atletas enfatiza o membro dominante durante a pegada (kumi-kata). A
situação acima pode ser evidenciada pelo fato de que durante as lutas e os golpes,
o judoca enfatiza a utilização do seu membro dominante para realizar a atividade
solicitada.
Por outro lado, Santos (1993) comenta que existe um trabalho intenso de
força muscular, hipertrofiando o grupo de músculos elevadores do ombro e da
escápula (porção superior e média do trapézio, rombóide maior e elevadores da
escápula), o que gera um desequilíbrio nessa musculatura acarretando a elevação
do ombro do lado dominante da �puxada�, o que vem de encontro aos resultados
encontrados neste estudo.
8
5
00
2
4
6
8
Alterações
Freq
uenc
ia
Aumentadobilateralmente
Aumentadoprincipalmente aesquerdaAumentadoprincipalmente adireita
Gráfico 2: Posicionamento do triângulo de Tales em judocas
Através do gráfico 2 , pôde-se observar que toda a amostra (8 - 8)
apresentou aumento do triângulo de Tales, sendo que 5 apresentaram este aumento
evidenciado à esquerda, ipsilateral à elevação de ombro.
Kendall, Provance e McCreary (1995) definem o triângulo de Tales como o
ângulo formado entre o braço e o grande dorsal. Santos (1993) coloca que este
aumento se evidencia pela ocorrência de hipertrofia da musculatura adutora do
braço, que corresponde aos músculos (deltóide anterior, peitoral) além de estar do
mesmo lado da elevação de ombro, o que evidencia o trabalho da puxada (lado
dominante).
0
8
4
8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Alterações
Freq
uenc
ia
Normal
Rotação internabilateral
Rotação internaevidenciada aesquerdaAntebraçospronados
Gráfico 3: Posicionamento de membros superiores; plano frontal vista anterior em
judocas
Analisando o gráfico 3, constata-se que os 8 judocas apresentaram
ombros rodados internamente bilateralmente e antebraços pronados. Destes, 4
apresentaram rotação interna mais evidenciada à esquerda. Esta alteração pode ser
entendida a partir da análise dos movimentos realizados pelos judocas durante as
�pegadas�, nas quais estão envolvidos os movimentos de rotação interna e adução
de ombro. Kendall, Provance e McCreary (1995) comentam que o encurtamento do
peitoral maior pode levar à fixação do úmero em rotação interna e adução.
Quanto à pronação de antebraço, pode-se considerar que a fixação da
mesma como alteração postural pode ocorrer devido ao mecanismo envolvendo a
ação do membro superior dos judocas durante as �pegadas�. Acredita-se que a
rotação interna e adução de úmero possam levar o antebraço ipsilateral a realizar
uma pronação, viabilizando a realização adequada da �pegada�.
0
8
0
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Alterações
Freq
uenc
ia NormalVarosValgosRotação externa
Gráfico 4: Posicionamento dos joelhos; plano frontal vista anterior em
judocas
Em relação ao gráfico 4, podemos observar que todos os judocas (8-8)
apresentaram joelhos varo e apenas 1 destes apresentou rotação externa de joelho.
Marques (2000) afirma que o encurtamento dos músculos posteriores mediais da
coxa, (semimembranoso e semitendinoso) pode acarretar em varo de joelho.
No caso do judô, observa-se que durante as lutas há a necessidade de
manutenção de uma base alargada para melhor sustentação e defesa. Segundo
Takeshita [196?] a chamada posição de espera para o golpe (�jigotai�) faz com que o
atleta se posicione com joelhos em flexão, pernas abduzidas e inclinação de tronco.
A sustentação desta posição poderia explicar o encurtamento da musculatura flexora
de joelho e, conseqüentemente, a presença dos joelhos em varo.
5
3
0012345678
Alterações
Freq
uenc
ias
NormalEsquerdo elevadoDireito elevado
Gráfico 5: Alinhamento dos mamilos em judocas
O gráfico 5 apresenta a situação postural da amostra com relação ao
alinhamento dos mamilos. Como resultados temos que 3 judocas apresentaram
elevação do mamilo à esquerda, situação pode ocorrer pela associação com a
elevação dos ombros (SANTOS, 1993).
Apenas 2 dos sujeitos apresentaram rotação de cabeça à esquerda e 1
deles tinha inclinação de cabeça à direita. Dos 8 sujeitos, 2 judocas apresentaram
elevação à direita de espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) e 1 elevação à esquerda.
Segundo Santos (1993), as alterações de cabeça podem ser explicadas pelo
trabalho unilateral do esporte em questão, e também estarem associadas com
outras alterações posturais já existentes. Com relação às EIASs, Kendall, Provance
e McCreary (1995) comentam que se houver uma fraqueza da musculatura adutora
do quadril, ocorre a tendência de a pelve elevar-se no mesmo lado. Dezan, Sarraf e
Rodacki (2004) afirmam que a solicitação física desproporcional entre os músculos
antagonistas de quadril pode vir a favorecer o desequilíbrio da musculatura que atua
ao redor da cintura pélvica, alterando seu ângulo de inclinação. Como já foi discutido
anteriormente, a tendência do judoca é de assumir uma posição de abdução de
quadril, e não de adução, com a intenção de aumentar sua base de sustentação,
fato que pode explicar a alteração encontrada em relação ao alinhamento das
EIASs.
4.2.2 Plano sagital, vista lateral (Perfil)
Tabela 3: Alterações posturais; plano sagital, vista lateral em judocas
ALTERAÇÃO FREQÜÊNCIA (F)
Protusão de ombro......................... 8
Protusão de cabeça........................ 5
Cotovelos fletidos........................... 7
Hiperlordose lombar....................... 6
Antepulsão pélvica......................... 1
Joelhos em flexo............................. 3
Joelhos recurvatum........................ 3
Tabela 4: Regiões do corpo que apresentam alterações; plano sagital, vista lateral em judocas
As alterações posturais encontradas em vista lateral (perfil) podem ser
observadas na tabela 3. Dos 8 judocas, todos apresentaram protusão de ombro e 7
REGIÃO DO CORPO FREQUENCIA (f)
Cabeça........................................... 5
Membros Superiores...................... 15
Tronco ........................................... 7
Membros Inferiores........................ 6
Total............................................... 33
apresentaram cotovelos fletidos, que foram as alterações mais encontradas nos
atletas, representando 15 das alterações encontradas nesta vista (Tabela 4). Os
membros superiores apresentaram novamente o maior índice de acometimentos,
como já foi discutido no item 4.2.1.
0
8
0
7
012345678
Alterações
Freq
uenc
ia NormalProtusão bilateralRetração bilateralCotovelos fletidos
Gráfico 6: Posicionamento dos membros superiores, plano sagital, vista lateral em
judocas
O gráfico 6 apresenta o posicionamento dos membros superiores em
perfil. Podemos observar que todos (8-8) os judocas apresentaram protusão bilateral
de ombro. O encurtamento do músculo peitoral maior leva à rotação medial do
úmero durante a adução, sendo que a cintura escapular passa a se apresentar mais
elevada. resultando em escápulas abduzidas em relação à coluna (KENDALL;
PROVANCE; MCCREARY, 1995; MARQUES, 2000).
De acordo com gráfico 6 ainda podemos constatar que 7 atletas
apresentaram cotovelos fletidos. Moraes (2002) afirma que os principais
comprometimentos da cadeia anterior do braço (músculos trapézio, deltóide,
coracobraquial, bíceps, braquiorradial, braquial, pronador redondo, flexores do
carpo, flexores dos dedos, região tênar e região hipotênar) são ombros elevados,
cotovelos fletidos e pronação do antebraço (já comentada em 4.2.1). Marques
(2000) afirma que o encurtamento do músculo bíceps braquial sugere uma
deformidade em flexão de cotovelo. Por este ser um músculo triarticular que
participa da flexão de ombro, flexão de cotovelo e supinação do antebraço (ações da
prática do judô), suas ações sugerem que a hipertrofia desta musculatura acarrete
em encurtamento muscular, ocasionando a flexão de cotovelos permanente. Essas
ações estão associadas com as entradas nas técnicas, além da solicitação desta
musculatura durante as pegadas (kumi-kata).
A protusão de cabeça e a hiperlordose lombar também representaram
importantes alterações, como podemos observar na tabela 3. Dos 8 atletas, 6
apresentaram hiperlordose lombar, resultado semelhante ao encontrado no estudo
de Santos (1993), que de 37 atletas de judô, 26 apresentaram aumento da
curvatura lombar. Dezan, Sarraf e Rodacki (2004) realizaram estudos com lutadores
olímpicos e constataram que os músculos flexores do quadril são muito solicitados
para aumentar a estabilidade durante as manobras defensivas. Sendo assim,
acredita-se que o encurtamento dessa musculatura pode favorecer ao aumento da
lordose lombar. Este fato se evidencia com os judocas, os quais também realizam
constantes flexões de quadril para aumentar sua base de sustentação durante a
posição defensiva (�jigotai�).
Neto Júnior, Pastre e Monteiro (2004) afirmam que um retração da
musculatura flexora do quadril contribue para a formação da hiperlordose lombar,
que acaba desencadeando uma retração da cadeia posterior (eretores da coluna,
gastrocnêmio, sóleo, poplíteo, semitendinoso, semimembranoso, bíceps femoral,
glúteo máximo, abdutor e adutor do háluz, flexores curto do hálux e dos dedos,
flexor longo do hálux e flexor longo dos dedos) como mecanismo compensatório,
acarretando em cifose torácica e protusão da cabeça. Dos 8 atletas, 5 apresentaram
protusão de cabeça.
3 3
0
2
4
6
8
Alterações
Freq
uenc
ia Joelhos em flexão
Joelhosrecurvatum
Gráfico 7: Posição dos joelhos em plano sagital vista lateral em judocas
Com relação à posição os joelhos, os índices de recurvatum e joelhos em
flexão foram os mesmos, representando 3 atletas da amostra, evidenciados no
gráfico 7. Souchard (2000) constata que o encurtamento da cadeia posterior,
principalmente dos músculos ísquiotibiais, acarreta em joelhos fletidos. Marques
(2000) afirma que o encurtamento do gastrocnêmio resultará em flexão dos joelhos.
Santos (1993) coloca que durante as entradas de técnicas (�uchikomi�) e também
em posições defensivas (�jigo-hontai�) são realizadas semi-flexão de membros
inferiores associadas ao afastamento dos joelhos.
O gastrocnêmio é um músculo flexor da articulação do joelho, sendo seu
estabilizador. Se houver fraqueza desse músculo, o joelho tende a hiperestender-se
(joelho recurvatum). Isto explica a ocorrência dos 3 sujeitos da amostra que
apresentaram joelho recurvatum (KENDALL; PROVANCE;MCCREARY, 1995).
Apenas 1 atleta apresentou antepulsão pélvica, como pôde ser observado
na tabela 3. De acordo com Santos (1993) isto se deve ao trabalho defensivo �jigo-
hontai� onde há afastamento das pernas, joelhos um pouco dobrados e nádegas
anteversão de quadril, quadro que também pode estar associado com a hiperlordose
lombar.
4.2.3 Plano frontal, vista posterior
Tabela 5: Alterações posturais; plano frontal, vista posterior em judocas
ALTERAÇÃO FREQÜÊNCIA (F)
Elevação do ombro esquerdo................................. 8
Inclinação de tronco para direita............................. 8
Inclinação de cabeça à esquerda........................... 1
Retropé direito varo................................................ 1
Retropé direito valgo............................................... 2
Retropé esquerdo varo........................................... 2
Atitude escoliótica tóraco-lombar à esquerda......... 1
TOTAL 23
Tabela 6: Regiões do corpo que apresentam alterações; plano frontal, vista posterior em judocas
REGIÃO DO CORPO FREQUENCIA (f)
Cabeça............................................. 1
Membros Superiores........................ 8
Tronco ............................................. 9
Membros Inferiores.......................... 5
Total................................................. 23
Observando a tabela 5 podemos constatar que as alterações mais
freqüentes em vista posterior foram elevações do ombro esquerdo e inclinação de
tronco à direita, ambas em todos (8-8) os atletas. A elevação do ombro esquerdo
também esteve presente nos 8 sujeitos da amostra na vista anterior e já foi discutida
no capítulo 4.2.1.
8
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Alterações
Freq
uenc
ia
Inclinação de troncoà direita
Atitude escolióticatóraco-lombar àesquerda
Gráfico 8: Alterações no tronco em plano frontal vista posterior em judocas
Todos (8-8) os judocas apresentaram inclinação de tronco à direita, como
pode ser observado no gráfico 8. Takeshita [196?] afirma que cada judoca assume
uma posição natural, de acordo com sua dominância. No estudo em questão, como
os 8 atletas da amostra são destros, têm como sua posição natural para a direita,
assumindo seu braço e perna direita avançada (�migishizentai�).
Durante a luta e os treinamentos, toda a descarga de peso e solicitação é
realizada nos membros direitos, tendenciando assim ao judoca assumir uma postura
de inclinação de tronco à direita. Santos (1993) coloca que as entradas e técnicas,
por serem mais utilizadas pelos atletas de maneira unilateral, explicam o fato da
ocorrência da rotação de tronco à direita. Acredita-se que os resultados referentes à
posição do tronco encontrados neste estudo aconteçam pelo mesmo mecanismo
descrito por Santos (1993), conforme o exposto anteriormente. Este mecanismo
pode associar-se às outras alterações já comentadas, como elevação de ombro
esquerdo. Vasconcelos (apud Fraga, 2002) afirma que cada indivíduo apresenta
uma prevalência segmentar, que se estabiliza à medida com que é utilizada.
Apenas 1 dos sujeitos apresentou atitude escoliótica, o que de acordo com
Fraga (2002) são desvios da coluna que ocorrem devido à maus hábitos posturais,
ou seja, os mesmos podem ser resolvidos com mudança de posição corporal ou
readequação dos hábitos posturais. Também apenas 1 atleta apresentou inclinação
de cabeça à esquerda, como visto na tabela 5.
12 2
4
0
2
4
6
8
Alterações
Freq
uenc
ia Direito varoDireito valgoEsquerdo varoNormal
Gráfico 9: Alinhamento dos retropés; plano frontal vista posterior em judocas
Observando o gráfico 9, constata-se que 2 atletas apresentaram retropé
direito valgo, e outros 2 apresentaram retropé esquerdo varo; e ainda 1 sujeito
apresentou retropé direito varo. Segundo Souchard (2000) estes desvios no retropé
são causados pela fraqueza da musculatura intrínseca do pé (lumbricais e
interósseos) os quais são responsáveis pelos movimentos dos dedos dos pés
(extensão, abdução e adução dos dedos) e pela formação dos arcos plantares
(longitudinal lateral e medial e transverso). Acredita-se que a necessidade de
estabilidade corporal, determinada pelas técnicas específicas do judô, acaba
tendenciando o atleta a procurar estratégias (muitas vezes inconscientes) na
tentativa de aumentar sua base plantar de suporte, diminuindo a angulação dos
arcos plantares, ou seja, aproximando a face plantar do solo, mecanismo que acaba
refletindo no posicionamento do calcâneo (osso que, juntamente com o tálus, forma
a região posterior do pé, chamada de retropé).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, realizado com atletas da equipe de Judô da UNISUL,
objetivou analisar a possível presença de alterações posturais em judocas, mais
especificamente em relação com a dominância de membros dos sujeitos da
amostra.
O judô, por ser um esporte que é praticado erradamente pelos atletas de
forma unilateral, exige um grande esforço muscular de seus praticantes,
principalmente com relação à dominância, fato evidenciado no decorrer da pesquisa.
Acreditamos que a maioria das alterações posturais encontradas na amostra tem
relação com a dominância e podem ter se desenvolvido em função do uso excessivo
dos músculos solicitados e do encurtamento dos mesmos. Pôde-se observar que os
membros superiores foram os que mais apresentaram desvios.
Através deste estudo, evidenciamos a importância do acompanhamento
de um fisioterapeuta numa equipe esportiva, não só para o tratamento de lesões,
mas principalmente atuando de forma preventiva contra possíveis alterações. É um
trabalho importante para técnicos, atletas e para a equipe como um todo, uma vez
que a partir deste estudo pôde-se enfatizar o trabalho preventivo com relação a
contraturas e encurtamentos musculares, quadros que quando instalados
repercutirão na presença de alterações posturais e, acarretarão numa queda do
desempenho desportivo.
Foram poucos os estudos encontrados que envolvessem a prática
esportiva com a análise postural, bem como estudos recentes que tratem de judô.
Sendo assim, sugere-se que novos estudos sejam realizados envolvendo indivíduos
praticantes de judô, a fim de confirmar os resultados obtidos.
Este estudo deixa claro a importância do trabalho de prevenção de saúde
no esporte, e também, a inserção de um fisioterapeuta junto a equipe desportiva. É
um novo mercado de trabalho, promissor, abrangente e possibilita um trabalho de
equipe multidisciplinar.
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APÊNDICES
APÊNDICE A - FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL
APÊNDICE A- FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL
Ficha de avaliação postural Nome: _____________________________________________________________ Sexo: M( ) F( ) Idade:_________________________________________ Tempo de prática:_____________________________________________________ Graduação: __________________________________________________________ VISTA ANTERIOR 1. Cabeça: Normal ( ) Inclinação D( ) Inclinação E ( ) Rotação D ( ) Rotação E ( ) 2. Ombros: Normal ( ) Elevado D ( ) Elevado E ( ) Protusão D ( ) Protusão E ( ) 3. MMSS: Normal ( ) RI D ( ) RI E ( ) RE D ( ) RE E ( ) 4. Triângulo de Tales: Normal ( )
Levemente acentuado D ( ) Levemente acentuado E ( ) Muito acentuado D ( ) Muito acentuado E ( )
5. Nível das cristas ilíacas: Normal ( ) Elevado D ( ) Elevado E ( ) 6. Joelhos: Normal D( ) E( )
Valgo D( ) E ( ) Varo D ( ) E ( ) RI D ( ) RI E ( ) RE D ( ) RE E ( ) Pronado D ( ) E ( ) VISTA LATERAL 1. Cabeça: Normal ( ) Anteriorização ( ) 2. Ombros: Normal ( ) Protusão ( ) 3. Tronco: Normal ( ) Rotação D ( ) Rotação E ( ) 4. Coluna vertebral: Normal ( ) Hiperlordose cervical ( )
Hipercifose torácica ( ) Hiperlordose lombar ( ) Dorso plano ( ) Retificação cervical ( ) Retificação lombar ( ) 5. Abdomem: Normal ( ) Protuso ( ) 6. Pelve: Normal ( ) Anteversão ( ) Retroversão ( ) 7. Joelho: Normal D( ) E( ) Semi-fletido D ( ) E ( ) Recurvatum D ( ) E ( ) VISTA POSTERIOR 1. Cabeça: Normal ( ) Inclinação D( ) Inclinação E ( ) Rotação D ( ) Rotação E ( ) 2. Ombros: Normal ( ) Elevado D ( ) Elevado E ( ) 3. Coluna vertebral: Normal ( ) Escoliose ( ) 4. Joelhos: Normal D( ) E( )
Valgo D( ) E ( ) Varo D ( ) E ( ) 5. Retropé/ Calcâneo: Normal D( ) E ( )
Valgo D( ) E ( ) Varo D ( ) E ( )
APÊNDICE B � FOTOS DAS 4 VISTAS DOS SUJEITOS EM ESTUDO
APÊNDICE B - AVALIAÇÃO Sujeito 1
Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 2 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 3 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 4 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 5 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 6 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 7 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo
Sujeito 8 Avaliação vista anterior Avaliação perfil direito
Avaliação vista posterior Avaliação perfil esquerdo