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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, SC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Jordana Fumagali Corá Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE

FLORIANÓPOLIS, SC

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Jordana Fumagali Corá

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS,

SC

Jordana Fumagali Corá

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito

parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA

CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, SC

elaborado por Jordana Fumagali Corá

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________ Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos, Dr.

(Orientador)

___________________________________ Carlos José Antonio Kummel Felix, Dr.

___________________________________ Carlos José Marchesan Kummel Felix

Santa Maria, 08 de Janeiro de 2015

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RESUMO

APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL

AUTORA: JORDANA FUMAGALI CORÁ ORIENTADOR: JOAQUIM CESAR PIZZUTTI DOS SANTOS

Santa Maria, 08 de Janeiro de 2015

A indústria da construção civil é um dos principais componentes da economia

do país, porém é ainda considerada perigosa pois expõe os trabalhadores a variados

riscos ocupacionais. Acidentes e doenças na construção civil representam uma perda

significativa para o setor e para o trabalhador. Para a realização das melhorias nas

condições do ambiente de trabalho e de uma adequada prática de segurança é

fundamental o comprometimento de todos os envolvidos. A capacitação dos operários

e as inspeções periódicas são importantes para a prevenção. É muito importante

analisar riscos de acidentes, localizar situações que possam provocá-los e tomar as

medidas necessárias antes que aconteçam. As normas regulamentadoras, com

ênfase na NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção, auxiliam na elaboração de programas, estabelecem condições que os

canteiros provisórios devem possuir, fazem recomendações e definem procedimentos

para garantir a segurança. O trabalho é seguro se não houver acidentes, ou seja, se

os fatores de risco forem minimizados ou excluídos, se as normas de proteção forem

respeitadas, se for considerado a análise, planejamento e ação da prevenção e se o

local tiver limpeza e organização. Com o objetivo de destacar a importância da

segurança na construção civil e obter subsídios para tal, este estudo apresenta uma

síntese genérica dos tipos, causas e consequências dos acidentes e doenças, e a

prevenção, que vai desde a implantação de programas de Segurança e Saúde do

Trabalho, até sua aplicação prática no canteiro de obras, seguindo as normas

recomendadas. E por fim, um exemplo real da aplicação de todas as recomendações

necessárias para a melhoria nas condições do ambiente de trabalho, comprovando

que é possível e acessível todas as formas de prevenção.

Palavras-chave: saúde e segurança do trabalho, construção civil, acidentes e

doenças ocupacionais.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização dos Condomínios no Terreno .................................................65

Figura 2: Treinamento Admissional dos Funcionários...............................................67

Figura 3: Organização e Limpeza da Obra................................................................70

Figura 4: Acesso às Instalações Sanitárias................................................................70

Figura 5: Instalações Sanitárias.................................................................................71

Figura 6: Chuveiros....................................................................................................71

Figura 7: Vestiário......................................................................................................72

Figura 8: Refeitório.....................................................................................................73

Figura 9: Lavatórios e pias.........................................................................................74

Figura 10: Armários no Refeitório...............................................................................75

Figura 11: Bebedouros...............................................................................................75

Figura 12: Sinalização para áreas de vivência...........................................................75

Figura 13: Descarte de metais...................................................................................76

Figura 14: Descarte de Recicláveis............................................................................76

Figura 15: Almoxarifado.............................................................................................77

Figura 16: Acesso portaria e vigilância.......................................................................77

Figura 17: Sinalização de Segurança.........................................................................78

Figura 18: Trabalho em altura....................................................................................79

Figura 19: Proteção da corda de sustentação............................................................79

Figura 20: Sistemas Guarda-Corpo e Rodapé...........................................................80

Figura 21: Trabalho em altura (2) ..............................................................................80

Figura 22: Plataformas de proteção (bandejas).........................................................80

Figura 23: Ponto de Ancoragem.................................................................................81

Figura 24: Andaimes Suspensos manuais ................................................................81

Figura 25: Torre de elevador a cabo..........................................................................82

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Figura 26: Sistema de cancela do elevador cremalheira ..........................................82

Figura 27: Operação com ferramentas elétricas........................................................83

Figura 28: Área de Carpintaria...................................................................................83

Figura 29: Bancada de operação da Serra Circular – Carpintaria.............................84

Figura 30: Operação com ferramentas manuais........................................................84

Figura 31: Área armação............................................................................................85

Figura 32: Proteção nas pontas dos vergalhões........................................................85

Figura 33: Concretagem.............................................................................................86

Figura 34: Limpeza e organização das formas..........................................................86

Figura 35: Operação de Betoneira.............................................................................87

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A – Certificado Treinamento Admissional SECONCI

ANEXO B – Certificado de Treinamento Admissional WOA Empreend. Imob.

ANEXO C – Atestado de Saúde Ocupacional (ASO)

ANEXO D – Ordem de Serviço

ANEXO E – Relatório de Inspeção

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LISTA DE ABREVIATURAS

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

NR – Norma Regulamentadora

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho

PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

PIB – Produto Interno Bruto

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SESMT – Serviços Especializados em Engenharia e Medicina do Trabalho

SST – Segurança e Saúde no Trabalho

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................12

1.1 Objetivos .............................................................................................................13

1.2 Estrutura do Trabalho ........................................................................................14

2. ACIDENTES E DOENÇAS DE TRABALHO ..........................................................15

2.1 Conceitos e Definições ......................................................................................15

2.2 Causas dos Acidentes .......................................................................................15

2.2.1 Atos Inseguros ..................................................................................................16

2.2.2 Condições Inseguras ........................................................................................16

2.2.3 Atividades Insalubres ........................................................................................16

2.3 Fatores Negativos dos Acidentes .....................................................................17

2.3.1 Aspectos Humanos ...........................................................................................17

2.3.2 Aspectos Sociais ...............................................................................................18

2.3.3 Aspectos Econômicos .......................................................................................18

3. NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS .......................................................20

3.1 Programas e Ações de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) ......................21

3.1.1 Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da

Construção – PCMAT ................................................................................................22

3.1.2 Programa de Sensibilização e Treinamento ......................................................22

3.1.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA ...................................23

3.1.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO .....................23

3.1.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA ......................................24

4. RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS ....................................................................26

4.1 Condições Gerais dos Canteiros de Obra ........................................................26

4.1.1 Organização dos Canteiros de Obras ................................................................26

4.1.2 Planejamento do Canteiro de Obra ...................................................................27

4.1.3 Vantagens do Planejamento do Canteiro ..........................................................28

4.1.4 Áreas de Vivência ..............................................................................................29

4.1.4.1 Instalações Sanitárias ....................................................................................30

4.1.4.2 Vestiários .......................................................................................................30

4.1.4.3 Cozinha e Refeitório .......................................................................................31

4.1.4.4 Bebedouros ....................................................................................................31

4.1.4.5 Ambulatório ....................................................................................................32

4.1.5 Áreas de Apoio ..................................................................................................32

4.1.5.1 Tapume ..........................................................................................................32

4.1.5.2 Almoxarifado ..................................................................................................33

4.1.5.3 Guarita de vigia e portaria ...............................................................................33

4.1.6 Acessos ao Canteiro e Vias de Circulação Interna ............................................33

4.1.7 Áreas para Armazenamento de Materiais .........................................................34

4.2 Sinalização de Segurança .................................................................................34

4.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPIs ..................................................35

4.4 Sistemas de Proteção Coletiva .........................................................................38

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4.4.1 Sistema Guarda-Corpo-Rodapé (GcR) .............................................................38

4.4.2 Barreiras com redes ..........................................................................................39

4.4.3 Vãos de acesso .................................................................................................40

4.4.4 Aberturas em piso .............................................................................................40

4.4.5 Plataformas de proteção: Bandejas ...................................................................41

4.5 Andaimes e Plataformas de Trabalho ...............................................................42

4.5.1 Andaimes Suspensos: Balancim .......................................................................42

4.5.2 Andaime em Balanço ........................................................................................43

4.5.3 Andaimes Apoiados ..........................................................................................43

4.5.4 Cadeira suspensa (balancim individual) ............................................................44

4.6 Escadas, Rampas e Passarelas ........................................................................45

4.6.1 Escadas Portáteis .............................................................................................45

4.6.2 Escadas Fixas ...................................................................................................47

4.6.3 Superfícies de passagem – Rampas e Passarelas ............................................48

4.7 Atividades ...........................................................................................................48

4.7.1 Instalações Elétricas Provisórias .......................................................................49

4.7.2 Trabalho em Altura ............................................................................................50

4.7.3 Concretagem ....................................................................................................52

4.7.3.1 Operação da Betoneira ..................................................................................53

4.7.4 Confecção de Formas ......................................................................................53

4.7.5 Escoramentos ...................................................................................................54

4.7.6 Desforma ..........................................................................................................54

4.7.7 Confecção de Armações de Aço .......................................................................55

4.7.8 Alvenaria de vedação ........................................................................................56

4.7.9 Movimentação e transporte de materiais e pessoas – elevadores de obra ........57

4.7.9.1 Requisitos Técnicos de Procedimentos ..........................................................57

4.7.9.1.1 Montagem ...................................................................................................57

4.7.9.1.2 Operação ....................................................................................................58

4.7.9.1.3 Inspeção e Manutenção ..............................................................................59

4.7.9.2 Elevador de pessoas e cargas: elevador cremalheira ....................................60

4.7.9.3 Elevador de cargas: elevador a cabo ..............................................................60

4.7.10 Operações de Ferramentas Elétricas ..............................................................60

4.7.10.1 Policorte .......................................................................................................62

4.7.10.2 Serra circular ................................................................................................62

4.7.11 Operações de Ferramentas Manuais ..............................................................63

4.8 Prevenção Contra Incêndios .............................................................................65

5. APLICABILIDADE DAS NORMAS E PROGRAMAS DE SST ..............................66

5.1 Programas Implantados ....................................................................................67

5.1.1 Programa de Sensibilização e Treinamento dos Operários ...............................68

5.2 Inspeção de Segurança .....................................................................................69

5.3 Avaliação Geral do Canteiro de Obra: Organização e Espaço ........................70

5.3.1 Organização e Limpeza .....................................................................................70

5.3.2 Instalações Sanitárias .......................................................................................71

5.3.3 Vestiário ............................................................................................................73

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5.3.4 Refeitório e Cozinha ..........................................................................................73

5.3.5 Áreas de Apoio ..................................................................................................76

5.3.5.1 Áreas de Descarte de Materiais ......................................................................76

5.3.5.2 Almoxarifado ..................................................................................................77

5.3.5.3 Portaria ..........................................................................................................78

5.3.6 Sinalização de Segurança .................................................................................79

5.4 Trabalhos em Altura ...........................................................................................79

5.4.1 Sistemas de Proteção Coletiva ..........................................................................80

5.4.2 Andaimes ..........................................................................................................82

5.4.3 Elevadores de Obra ...........................................................................................83

5.5 Operações com ferramentas elétricas e manuais ...........................................84

5.6 Áreas de Armação de Aço .................................................................................84

5.7 Concretagem ......................................................................................................85

5.8 Operação de Betoneira ......................................................................................86

5.9 Avaliação Geral da Empresa .............................................................................87

6. CONDIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................91

ANEXOS ....................................................................................................................93

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1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção é um importante setor que movimenta a economia e

multiplica empregos em todo país. De acordo com os dados da Câmara Brasileira da

Indústria da Construção (CBIC), emprega em torno de 5,6 milhões de pessoas,

representando 6,36% de mão de obra nacional. (SESI, 2008)

O Brasil atualmente está entre as oito maiores economias do mundo, e a

construção civil representa uma parcela muito expressiva do produto interno bruto

(PIB), em torno de 5,4% do total no ano de 2013.

Diante deste cenário, podemos enxergar uma série de desafios. A atividade da

indústria da construção civil, em todo o mundo, devido às suas características, é

considerada perigosa e expõe os trabalhadores a variados riscos ocupacionais,

dependendo do tipo da construção, da etapa da obra e da forma de conduzir os

programas de ações de segurança e saúde no trabalho. O trabalhador é exposto aos

riscos do ambiente, das intempéries, de suas tarefas e das atividades de outros

trabalhadores.

O elevado índice de acidentes neste setor não é uma exclusividade

do Brasil. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, dos 100

milhões de trabalhadores empregados em todo o mundo nas atividades

de construção civil, mais de 10 milhões sofrem acidentes anualmente.

Ainda, segundo dados das OIT, enquanto o setor industrial apresenta

uma média de 60 a 80 acidentes por mil trabalhadores, o setor da

construção civil apresenta uma média de 160 a 250 acidentes por mil

trabalhadores. (ARAUJO, 2000)

De acordo com o Ministério Público da Saúde, em 2012, os acidentes resultaram

em 2731 mortes e 14755 trabalhadores com incapacidade permanente para exercer

atividades laborais no Brasil. Já no ano de 2013, 12,92% do total de 3,38 mil acidentes

foram fatais.

Segundo ARAUJO (2000), a grande incidência de acidentes na construção civil é

razão da alta rotatividade da mão-de-obra e do seu baixo nível de especialização,

além das constantes alterações do ambiente de trabalho que geram situações de

riscos, como queda, exposição às intempéries, trabalhos que exigem grande esforço

físico, e outros.

Estas características criam a necessidade de adoção de medidas de prevenção

que garantem a segurança e a melhoria do ambiente de trabalho; da conscientização

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e treinamento do trabalhador; da implantação de programas de SST e da ideal

organização e disposição do canteiro de obras, mantendo as condições de trabalho

seguro.

Nos últimos anos, a campanha de prevenção de acidentes na construção civil tem

se intensificado, tanto por parte dos empregadores quanto pelos sindicatos. A criação

de programas e comissões de Segurança e Saúde do Trabalho auxilia no

gerenciamento das condições seguras do ambiente de trabalho e do processo

produtivo, porém a eficiência destes programas em um canteiro de obra depende da

participação e colaboração de todas as pessoas envolvidas, bem como da

coordenação de todo os esforços para pôr em prática.

Isso significa que tanto o empregador como o empregado devem cumprir as

normas de saúde e segurança do trabalho, as quais orientam as medidas preventivas

e os métodos corretos para a execução de qualquer operação, evitando assim os

acidentes e as doenças ocupacionais. Não devemos esperar pelo acidente. É muito

importante localizar situações que possam provoca-la e tomar as medidas

necessárias antes que ele aconteça.

O tema proposto neste trabalho, insere-se na área de Engenharia de Segurança,

relacionada com a Construção Civil, nas áreas de Acidentes de Trabalho,

Equipamentos de Segurança e Programas de Saúde e Segurança no Trabalho. Serão

apresentados os acidentes e doenças ocupacionais, suas causas, e uma série de

medidas necessárias à prevenção destes, baseados nas Normas Regulamentadoras

NRs, com ênfase na NR 18: Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria

da Construção, específica às obras de construção, demolição e reparos, criada pelo

Ministério do Trabalho e Emprego com a finalidade de promover condições de saúde

e de segurança nos canteiros de obra.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho visa destacar a importância da preocupação

com a qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil, principalmente no que

tange a segurança destes nos seus ambientes de trabalho.

São objetivos específicos deste trabalho:

a) Identificar os tipos e as principais causas de acidentes e apresentar as medidas

preventivas necessárias.

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b) Fornecer informações para as melhorias das condições de trabalho nos

canteiros de obra, dando maior segurança e produtividade ao trabalhador da

construção civil.

c) Apresentar sugestões voltadas à redução dos fatores de riscos, medidas de

prevenção, proteção e promoção da saúde dos trabalhadores, como ações e

programas que tratam deste assunto, além do estudo de caso em uma obra

referência neste assunto.

1.2 Estrutura do Trabalho

Inicialmente será realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, onde serão

abordados aspectos gerais da construção civil, focada na área de segurança e saúde

do trabalhador no canteiro de obra, baseados nas normas referentes. Posteriormente

será apresentada a obra analisada para a idealização e realização deste trabalho e a

execução do assunto na prática, com fotos e anexos sobre o assunto. Trata-se de

uma empresa de grande porte, onde a preocupação e o cumprimento de normas a

favor da segurança de todos os trabalhadores é referência na cidade de Florianópolis,

Santa Catarina.

Ao término será comprovado que as normas regulamentadoras podem ser

executadas se houver colaboração de todos os envolvidos. Ainda, será possível

concluir os benefícios dos programas e investimentos nesse assunto, tanto para a

melhor eficiência de trabalho, quanto para aspectos de qualidade de vida do

trabalhador.

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2 ACIDENTES E DOENÇAS DE TRABALHO

2.1 Conceitos e definições

De acordo com BRUNETTO (2001), acidente é toda a ocorrência não desejada

que modifica ou põe fim ao andamento normal de qualquer atividade, como lesão

corporal ou perturbação funcional que causa morte, perda, ou redução, permanente

ou temporária, da capacidade do trabalho.

Acidente de trabalho é aquele que acontece durante o horário de expediente,

quando se está a serviço da empresa, dentro ou fora do local de trabalho, mesmo

quando se está em viagem a serviço. Também é acidente de trabalho aquele que

ocorre no trajeto habitual, durante o deslocamento de casa para o local de serviço e

vice-versa.

A doença profissional ou do trabalho é aquela adquirida em determinados

ramos de atividades, provocada pelo tipo de trabalho exercido e também pelas

condições do ambiente de trabalho.

2.2 Causas dos Acidentes

Para evitar o acidente do trabalho, é de fundamental importância que sejam

conhecidas suas causas. A análise das causas é o estudo do conhecimento de como

e porque elas surgem. Isso facilita o estudo de medidas preventivas.

Para os profissionais de segurança e saúde, ter um método de identificação e

avaliação de riscos é o primeiro passo no trabalho de prevenção de acidentes,

sobretudo quando se trata daqueles em que as probabilidades de ocorrência são

altas, por dependerem, em grande parte, do ambiente. Para isso, é de extrema

importância realizar o acompanhamento dos processos, analisar o potencial de

ocorrência e a gravidade de cada risco, para que assim se possa trabalhar as

questões de segurança.

Os acidentes ocorridos em canteiros provisórios são geralmente derivados do

não cumprimento das normas de segurança estabelecidas. As normas estabelecem

quais as condições que o canteiro provisório deve possuir, fazem recomendações

quanto aos procedimentos e o que deve ser observado para garantir a segurança dos

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trabalhadores e das instalações. Elas devem ser seguidas à risca, principalmente em

atividades insalubres e para proporcionar condições seguras.

As principais causas dos acidentes na construção civil são atos e condições

inseguras e a realização de atividades insalubres.

2.2.1 Atos Inseguros

Os atos inseguros são, geralmente, definidos como causas de acidentes do

trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem

da execução de tarefas de forma contrária às normas de segurança, como, por

exemplo, subir em telhados sem cintos de segurança; mexer em eletricidade com as

mãos molhadas; etc.

2.2.2 Condições Inseguras

Muitos trabalhos são realizados em ambiente que colocam em risco a

integridade física e mental do trabalhador, devido a possibilidade do mesmo se

acidentar, tais como a realização de trabalhos em áreas insuficientes, pisos fracos,

máquinas em estado precário e sem manutenção, instalações elétricas impróprias,

falta de proteção em partes móveis, proteção insuficientes, roupas e calçados

impróprios, entre outros.

O não fornecimento de equipamento de proteção individual e coletivo pelo

empregador também configura condição insegura.

2.2.3 Atividades Insalubres

Atividades e operações insalubres são também causas comuns de acidentes

ou doenças. O conceito legal de insalubridade é dado pelo artigo 189 da Constituição

das Leis do Trabalho, nos seguintes termos:

“Serão consideradas atividades insalubres aquelas que

exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos

limites de tolerância fixados em razão da natureza de exposição aos

seus efeitos, podendo causar danos à saúde.”

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Segundo a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, são consideradas

atividades ou operações insalubres exposições acima ou abaixo dos limites de

tolerância previstos na própria norma ou apenas a presença de agente nocivo, quando

não há sequer a necessidade da sua quantificação (avaliação quantitativa).

Os agentes agressivos possíveis a levar o empregado a adquirir doença

profissional podem ser:

-Agentes físicos: ruído, calor, frio, radiações, vibrações excessivas e umidade.

-Agentes químicos: poeira, gases e vapores, névoas e fumos, cimento,

solventes e resinas.

-Agentes Biológicos: microrganismos, vírus, bactérias ou insetos.

De acordo com os anexos 7, 8, 9, e 10, a NR 15 estabelece que a insalubridade

é comprovada através de laudo de inspeção pelo perito-judicial, que analisa

detalhadamente o posto de trabalho e a função do trabalhador, levando em conta o

tempo de exposição, a forma de contato com o agente e o tipo de proteção usada.

Devido às características do trabalho, a atuação preventiva requer foco na

antecipação e reconhecimento dos riscos, a adoção e manutenção de regras,

métodos e procedimentos voltados a garantir a segurança e saúde dos trabalhadores,

além de proteger pessoas e patrimônios nas proximidades do canteiro de obra.

2.3 Fatores negativos dos acidentes

Segundo a FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de

Segurança e Medicina do Trabalho, o acidente de trabalho apresenta, sob todos os

ângulos em que possa ser analisado, fatores bastante negativos no que se refere aos

aspectos humanos, sociais e econômicos.

2.3.1 Aspectos Humanos

Os acidentes que prejudicam a integridade física do trabalhador, tornam a

pessoa incapacitada para o trabalho, requerendo cuidados especiais para a

readaptação deste, ou, dependendo do tipo de lesão física, a sua reintegração na

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própria sociedade; e em casos de mortes, pode ter como consequência a destruição

do ambiente familiar por tempo indeterminado.

2.3.2 Aspectos Sociais

Acidentes de trabalho podem se constituir em causas ou agravantes de

problemas sociais como falta de emprego e até marginalização.

2.3.3 Aspectos Econômicos

Trata-se do prejuízo econômico que atinge o governo e a sociedade -

constituindo obstáculos no desenvolvimento da economia nacional e agravando

problemas socioeconômicos; o trabalhador - que sente o problema econômico quando

a indenização não lhe garante o mesmo padrão mantido anteriormente ou até uma

invalidez; e principalmente, a empresa, a mais fortemente atingida pelas

consequências antieconômicas dos acidentes.

O custo de acidentes pode trazer inúmeros prejuízos para a empresa, como

perda da produtividade e pagamento de indenização. Ou seja, além da preocupação

com o bem estar do trabalhador, investir na prevenção de acidentes faz a empresa

economizar.

A empresa é a mais fortemente atingida pelas consequências anti-

econômicas dos acidentes do trabalho, apesar de nem sempre

perceber. Podemos dizer que mesmo que as empresas desconheçam

os prejuízos que têm com os acidentes, estes oneram o custo dos seus

trabalhos ou produtos. (FUNDACENTRO)

Os custos devido aos acidentes podem ser direto - ou custo segurado, que é

de responsabilidade da empresa seguradora (INSS), oriunda da contribuição

empresarial, pois as empresas são obrigadas a manter seus empregados segurados

contra acidentes de trabalho; ou custo indireto, de responsabilidade exclusiva do

empregador, ou seja, custo não segurado.

O custo direto ou segurado diz respeito a todas as despesas ligadas

diretamente ao atendimento do acidentado, que são responsabilidades do INSS, como

despesas médicas e hospitalares; indenizações; transportes.

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Já a parcela de custo indireto ou não segurado engloba todas as despesas

geralmente não atribuíveis aos acidentes, como salários adicionais pagos a outros

trabalhadores em horas extras, salário ao acidentado e despesas médicas não

cobertos pelo INSS, custo do material danificado no acidente, etc.

A empresa corre ainda o risco de sofrer a aplicação de multas pelos auditores

fiscais do trabalho. Por isso é mais econômico investir em prevenção e regularização

da segurança, evitando quaisquer complicações futuras.

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20

3 NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS

Toda e qualquer empresa tem a obrigação de garantir a segurança e a saúde

no ambiente de trabalho, seguindo exigências das normas regulamentadoras, que

estabelecem como e porque devem ser implementados os serviços em todas as

áreas.

As Normas Regulamentadoras que devem ser seguidas na construção civil,

que estabelecem condições e fazem recomendações são:

NR 1 – Disposições Gerais, expressa a observância obrigatória por todas as

empresas no que for relativo à segurança e medicina do trabalho. A NR expressa

ainda que o canteiro de obra é a área de trabalho, fixa ou temporária, onde há

execução de construção, demolição ou reforma. Para todos os fins, portanto, o

canteiro de obra ou a obra de engenharia será considerado um estabelecimento, por

isso a obrigação do cumprimento das disposições requeridas.

NR 4 – SESMT

NR 5 – CIPA

NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual

NR 7 – PCMSO

NR 8 – Edificações: estabelece os requisitos técnicos mínimos que devem ser

observados nas edificações para garantir aos trabalhadores, a segurança e o conforto

nas áreas edificadas. Remete-se sobre pisos, escadas e rampas dos locais de

trabalho, equipamentos de proteção coletiva e todas as outras recomendações

referentes à construção de edificações.

NR 9 – PPRA

NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade

NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

NR 12 – Máquinas e Equipamentos

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres

NR 18 – Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção:

específica às obras de construção, demolição e reparos, criada pelo Ministério do

Trabalho e Emprego com a finalidade de promover condições de saúde e de

segurança nos canteiros de obra.

NR 23 – Prevenção Contra Incêndios

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NR 24 – Instalações Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

NR 26 – Sinalização de Segurança

NR 35 – Trabalho em Altura

Para cumprimento destas normas, faz-se necessário o trabalho, conjunto e

comprometido, de todos os trabalhadores contratados, terceirizados, empresas

parceiras e outros que, de forma direta ou indireta, participem do empreendimento

desde o projeto até a entrega da obra.

No intuito de aplicar as referidas Normas, são deveres do empregador: garantir

a capacitação dos operários, implantar os programas de segurança e saúde na obra,

fornecer e assegurar a utilização dos equipamentos de proteção.

Os profissionais de segurança e saúde no trabalho são obrigatórios em

qualquer local de trabalho ou empresa que ofereça riscos ao trabalhador. Os

engenheiros, técnicos de segurança e médicos do trabalho são os profissionais

habilitados para elaborar o plano de eliminação de riscos de acidentes e doenças

ocupacionais de cada tipo de atividade na indústria da construção civil, seguindo a

orientação da norma regulamentadora NR 4 – Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.

O médico e o enfermeiro são responsáveis pela saúde ocupacional, prevenindo

doenças, tratando ferimentos, aplicando vacinas e fazendo exames nos funcionários,

que devem ocorrer tanto no momento de admissão quanto na dispensa e, também,

periodicamente durante o período de vigência do contrato de trabalho.

O empregador indica o responsável técnico (técnico de segurança) para

representá-lo, conferir as condições de segurança, identificar trabalhos com riscos

específicos e aplicar medidas de segurança e saúde.

A implementação de medidas de segurança faz com que a empresa aumente

a produtividade, a qualidade dos seus produtos e melhore as relações interpessoais.

Além do mais, investir em segurança também aumenta o grau de conscientização dos

funcionários sobre a importância da prevenção.

3.1 Programas e Ações de Segurança e Saúde no Trabalho (SST)

As características inseguras da construção civil criam necessidades de

programas de prevenção de acidentes, diferentes daqueles dirigidos aos processos

industriais em geral.

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Segundo o Ministro do Trabalho, Manoel Dias (2014), estão sendo criadas

condições (estratégias e políticas públicas) para que a SST alavanque, em parceria

com centrais sindicais, patronais e com a sociedade civil, afim de que se crie uma

consciência de que é fundamental a prevenção de acidentes e doenças. Trata-se de

inovações sobre soluções em Segurança e Saúde no Trabalho, com o objetivo de

prover e manter condições seguras de trabalho e diminuir os perigos nas construções,

demolições ou reformas.

O gerenciamento dos programas e ações em SST implica em melhor

aproveitamento dos meios e recursos necessários – que a empresa deve fornecer –

para a manutenção de condições de segurança e de e de conforto no ambiente

laboral, além de outros benefícios, como a motivação dos trabalhadores pela melhoria

das condições gerais, redução de desperdício de materiais e de horas trabalhadas,

aumento de produtividade e reforço da imagem institucional da empresa.

3.1.1 Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da

Construção – PCMAT

O PCMAT tem por objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas

preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de

trabalho na Indústria da Construção Civil. Previsto no item 18.3 da NR 18, foi criado

para garantir a segurança de quem trabalha nessa área.

O programa é elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na

área de segurança, junto com o engenheiro da obra, que tem as informações sobre a

construção e os prazos. Sua elaboração e execução são obrigatórias nos

estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais.

É composto por uma série de documentos: memorial de inspeção, com as

condições do ambiente de trabalho, a descrição dos possíveis riscos de acidentes

doenças e as respectivas medidas de prevenção; o projeto de instalação das

proteções coletiva em conformidade com as etapas e execução da obra;

especificações técnicas das proteções individuais; a planta da obra com todos os

detalhes do canteiro, como local das gruas e elevadores, áreas de armação,

carpintaria, betoneira, almoxarifado e a área de convivência. No cronograma do

Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção,

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devem ser determinadas as datas e as frequências das inspeções. Todo detalhe por

menos acidentes e mais qualidade de vida foi pensado.

A existência do programa, em conjunto com outros, citados a seguir, permite

monitorar as não conformidade e fatores ambientais pré-existentes, desenvolver

medidas de controle, reduzir perda de materiais, prevenir danos ambientais e,

principalmente, iniciar atividades de forma organizada.

3.1.2 Programa de Sensibilização e Treinamento

Segundo item 18.28 - NR 18 - todos os empregados devem receber

treinamentos admissional e periódico, visando garantir a execução de suas atividades

com segurança.

O treinamento admissional deve ter carga horária mínima de seis horas,

ministrado no horário de trabalho, e deve conter informações sobre as Condições e

Meio Ambiente de Trabalho; riscos inerentes a cada função; uso adequado dos

Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva, entre outras coisas.

Já o treinamento periódico deve ser fornecido no início de cada etapa da obra.

O trabalhador deve ser treinado e orientado para bem desenvolver suas

atividades de forma segura prevenindo acidentes. O treinamento deve ser realizado

em linguagem acessível, enfatizando as atividades que serão desenvolvidas, os

métodos que serão utilizados, os riscos a que os trabalhadores estarão expostos e o

que será esperado deles. Visa-se, assim, criar condições para que possam colaborar

com a qualidade do ambiente de trabalho, além de facilitar o desenvolvimento das

atividades.

3.1.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

O PPRA, descrito na NR 9, estabelece a avaliação dos riscos ambientais nos

locais de trabalho e implantação de ações para a melhoria das situações encontradas.

O PPRA subsidia o PCMAT e o PCMSO.

Este programa tem como objetivos a antecipação, o reconhecimento, a

avaliação e o controle dos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, nos

ambientes de trabalho que podem causar danos à saúde do trabalhador,

considerando também a proteção do meio ambiente de trabalho e dos recursos

naturais. É aplicado em todas as empresas com trabalhadores contratados,

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independentemente do tipo de atividade, risco ou número de trabalhadores, sendo

seu cumprimento de responsabilidade do empregador.

3.1.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

O programa serve para preservar a saúde do trabalhador através da execução

de acompanhamentos e exames médicos obrigatórios.

Basicamente são o exame médico admissional, para antes que o trabalhador

assuma a sua função; o periódico, durante a vigência do contrato; o de mudança de

função, prevendo riscos diferentes dos anteriores; o de retorno ao trabalho, feito no

primeiro dia após algum tipo de afastamento prolongado; e o demissional, no

desligamento do funcionário por qualquer motivo.

De acordo com a norma regulamentadora NR 7, o PCMSO deverá:

Ser planejado e implantado com base nos riscos identificados nas avaliações,

considerando as questões individuais e coletivas dos trabalhadores; ter caráter de

prevenção, ou diagnóstico precoce dos agravos à saúde devidos ao trabalho.

Os exames médicos permitem a elaboração de Atestado de Saúde

Ocupacional – ASO. Trata-se de um documento de suma importância, emitido pelo

médico de trabalho para definir se o funcionário está apto para as suas funções dentro

da empresa. Deve conter a identificação completa do trabalhador, função exercida, os

riscos das suas tarefas, procedimentos médicos que realizou e informações do médico

encarregado.

O ASO tem que ser emitido a cada exame realizado, seja admissional,

periódico, de mudança de função, retorno ao trabalho ou demissional.

Toda empresa deve ter esse documento, independentemente do número de

empregados. O documento serve ainda como elemento para a concessão de

aposentadorias especiais.

3.1.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA

Segurança e saúde no trabalho é dever de todos. A CIPA auxilia na prevenção de

acidentes e doenças no trabalho, com a participação do trabalhador, mediante a

identificação dos riscos, sugestões de medidas de controle e o acompanhamento das

medidas adotadas, de modo a obter permanente integração entre trabalhador,

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segurança e promoção da saúde. Além de cuidar da prevenção de acidentes, também

zela pelas condições do ambiente de trabalho.

A CIPA obedece as disposições contidas na NR 5 e sua constituição em um

canteiro de obras deverá seguir as determinações contidas na NR – 18, item 18.33 e

seus subitens. É composta por representantes do empregador e dos empregados.

A comissão formada deve:

1. Verificar periodicamente ambientes e condições de trabalho para identificar

situações de riscos;

2. Mapeamento dos riscos, com identificação destes nas atividades e a elaboração de

um mapa. Os mapas têm que identificar situações e locais potencialmente perigosos

e deve ficar disponível em local visível para alertar os trabalhadores sobre os perigos

existentes em todas as áreas.

3. Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de

problemas de segurança e saúde;

4. Participar da implementação e do controle de qualidade das medidas de prevenção,

definindo a urgência de cada medida;

5. Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como

cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho;

6. Fazer uma avaliação dos problemas e das soluções: participar da análise das

causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução;

7. Promover a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), com

atividades culturais e esportivas, como peças de teatro e outras formas criativas de

abordar a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador; e outras campanhas

de promoção da saúde e de prevenção de doenças, em conjunto com o SESMT, com

a realização de cursos, palestras e treinamentos;

Cabe aos trabalhadores cooperar com a gestão da CIPA, indicar situações de

riscos e auxiliando a sugerir melhorias para as condições de trabalho.

O ministério do trabalho, através da superintendência regional do trabalho,

fiscaliza a organização das CIPAs, autuando e multando as empresas que não

estejam cumprindo a lei.

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4 RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS

4.1 Condições gerais dos Canteiros de Obra

Os riscos encontrados nos canteiros de obras que não recebem a devida

atenção quanto às disposições e organização são numerosos e por isso se tornou um

dos principais tópicos quando o assunto é segurança na construção civil.

4.1.1 Organização dos canteiros de obras

Uma das causas dos acidentes de trabalho na construção civil é a precária

organização dos canteiros de obras. Conhecemos por organização, a reunião de

atividades que tem por objetivo estabelecer e manter as condições ideais de trabalho.

A organização e limpeza do canteiro é fundamental para facilitar o trabalho e

diminuir os riscos de acidente, deixando-o conveniente para a execução da obra nas

melhores condições possíveis. O canteiro organizado propicia otimização dos

trabalhos, redução de distâncias, melhoria no fluxo de pessoas e materiais, além de

economia, qualidade e, principalmente, segurança.

A maioria das obras não ganha a devida atenção para a organização

satisfatória do canteiro por este ser provisório e as estruturas não permanecerem por

muito tempo. Porém os canteiros não são temporários para o trabalhador que os

utiliza, por isso, devemos dedicar a eles igual atenção que dedicamos às instalações

definitivas. A proteção e as práticas de higiene devem fazer parte da rotina. (NR 18,

item 18.29)

Instalações provisórias de um canteiro de obras são o conjunto dos serviços

temporários referentes as diversas atividades da futura edificação. Trata-se da

construção de tapumes, depósitos de materiais, vias de acesso, equipamentos,

instalações elétricas, etc.

Antes da implantação do canteiro, porém, é necessário efetuar um

planejamento que assegure o andamento normal dos trabalhos e a concretização das

medidas preventivas na construção civil. A organização do canteiro deve ser feita

antes do início da obra, integrando o planejamento e programação global da

construção. Devem contemplar todas as etapas da obra, adotando e mantendo regras

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para o trabalho seguro e medidas para assegurar o envolvimento e a cooperação dos

trabalhadores, reduzindo gastos provenientes de retrabalho, perda de tempo e de

materiais. O canteiro deverá ser preparado de acordo com a previsão de todas as

necessidades, assim como a distribuição conveniente do espaço disponível.

4.1.2 Planejamento do Canteiro de Obra

O planejamento do canteiro tem sido um dos aspectos mais negligenciados na

construção civil, e muitos engenheiros o fazem com o progresso da obra, resultando

num deficiente arranjo físico do espaço. Existem diversos estudos que apontam a

ausência ou insuficiência de planejamento como uma das principais causas da

desordem da obra.

O planejamento do canteiro é definido como o planejamento do layout e da

logística das instalações provisórias, instalações de movimentação e armazenamento

de materiais e instalações de segurança.

Entende-se por layout, a disposição física de homens, materiais, equipamentos,

áreas de trabalho e de estocagem e, de um modo geral, a disposição racional dos

diversos serviços de uma empresa.

O problema de layout do canteiro não pode ser separado da atividade de

planejamento da produção, já que este define o ambiente no qual todos os trabalhos

de construção são desempenhados, podendo facilitar ou dificultar a execução dos

mesmos.

Os itens básicos constituintes de um planejamento de canteiro são:

a) definição dos elementos de proteção;

b) definição das instalações provisórias;

c) definição do sistema de transporte.

Além disso, deve-se determinar as necessidades de estoque dos materiais

mais volumosos (areia, cimento, tijolos, etc.) e a frequência de entrega; determinar o

pico máximo de operários na obra e analisar a programação da obra.

Deve-se procurar ao máximo reduzir e proteger os deslocamentos dos

operários e clientes na obra, de forma a que não fiquem sujeitos às intempéries ou

queda de materiais. O ideal seria não existir interferência entre os fluxos das pessoas

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e equipamentos que circulam pelo canteiro. Cada um deveria possuir um percurso

totalmente independente do outro, contribuindo, assim, para a diminuição dos

acidentes e tempos improdutivos.

Quanto às instalações, pode-se priorizar as instalações orientadas à mão-de-

obra (banheiros, vestiários e escritórios), seguidas por instalações orientadas aos

materiais. É indispensável que o arranjo físico considere as necessidades de

segurança, salubridade e higiene dos trabalhadores.

Em um canteiro de obras, o gerenciamento visual dos processos, através da

demarcação de áreas de estoque e vias de circulação, capacetes de cores diferentes

para diferentes profissionais, sinalização identificadora de diversos setores do

canteiro, é indispensável.

Os princípios gerais a serem levados em consideração no projeto do layout do

canteiro são:

a) áreas para os equipamentos de transporte vertical de pessoas e cargas,

como os elevadores ou guinchos;

b) área do posto de produção da argamassa e concreto, o qual envolve a

betoneira e os estoques de materiais relacionados;

c) centrais de aço e fôrmas (bancadas, máquinas e estoques de madeira e

aço);

d) área de armazenamento de outros materiais;

e) áreas de vivência (refeitório, vestiário, alojamento, banheiros, salas de

aula);

f) áreas de apoio (almoxarifado, escritório, guarita, portaria, plantão de

vendas);

g) área de depósito para entulho;

h) acessos ao canteiro e vias de circulação interna, tanto para funcionários e

visitantes quando para veículos.

4.1.3 Vantagens do planejamento do canteiro

Todas as obras, independentemente do tipo de terreno, devem possuir

planejamento em seu canteiro. O correto posicionamento das instalações provisórias

estão servem para:

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a) obter a melhor utilização do espaço físico, possibilitando que homens e

máquinas trabalhem com segurança e eficiência, facilitando o fluxo de materiais,

equipamentos e mão-de-obra, através da minimização de movimentações destes;

b) conceber um ambiente de trabalho seguro e adequado às atividades a serem

desenvolvidas ao longo da construção. A produtividade da movimentação aumenta

quando as condições de trabalho tornam-se mais seguras.

c) reduzir custos e tempo de construção, minimizando distâncias de viagem e

retrabalhos, aumentando o tempo produtivo;

d) prover condições técnicas para se alcançar uma obra com qualidade;

e) dar segurança a todos que circulam no canteiro, que se dá, principalmente,

quando se proporciona uma melhor visualização das circulações internas e externas

do canteiro.

4.1.4 Áreas de vivência

De acordo com a NR 18, item 18.4, as áreas de vivência devem dispor de:

instalações sanitárias, vestiários, alojamento, locais de refeição, cozinha (quando

houver preparo de refeições), lavanderia, área de lazer e ambulatório.

Obs: Alojamento, lavanderia e área de lazer são obrigatórios apenas onde houver

trabalhadores alojados, por isso não será comentado.

O canteiro é a segunda casa de muitos trabalhadores. Por isso, as áreas de

vivência deverão ser mantidas em perfeito estado de conservação, estando sempre

limpas, arejadas, iluminadas. Todas as áreas de vivência devem ter padrão de

qualidade pelo conforto e proteção do trabalhador.

Seguem as recomendações da NR 24 – Instalações Sanitárias e de Conforto

nos Locais de Trabalho, que expressa os requisitos mínimos de higiene e conforto nas

instalações sanitárias, vestiários e refeitórios.

Os vestiários, banheiros e refeitórios devem oferecer condições satisfatórias de

isolamento térmico, ventilação e iluminação. Aspectos como a limpeza, sinalização,

facilidade de acesso de circulação a todos os pontos do ambiente de trabalho

contribuem para esses propósitos.

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4.1.4.1 Instalações Sanitárias

Instalações sanitárias constituem o local destinado ao asseio corporal e/ou

atendimento das necessidades fisiológicas de excreção.

Deverão ser constituídas de paredes e pisos laváveis e resistentes. O piso

ainda deve ser impermeável com antiderrapante para evitar escorregões. A limpeza

desses locais deve ser feita regularmente.

Os banheiros não podem ficar mais de 150 metros de distância das frentes de

trabalho, instalados em local de fácil acesso. O pé direito deve ter, no mínimo, dois

metros e meio de altura ou o que determinar o Código de Obras do Município.

Mulheres precisam de banheiros exclusivos.

Os vasos sanitários e os mictórios (um para cada 20 trabalhadores) devem ter

caixa de descarga ou válvula automática, ser provido de assento e tampa, abastecido

de papel higiênico e isolado por porta com trinco. Nos lavatórios, torneiras de metal

ou plástico. Para a coleta de papéis, deve haver uma cesta com tampa ao lado do

lavatório e do vaso sanitário.

Para o banho, deve ser dimensionado um chuveiro com área mínima de 0,80m²

para cada grupo de 10 trabalhadores. Nessa área deve existir ainda suporte para

sabonete e toalha. O chuveiro deve ser aterrado e o piso deve ter caimento para

escoamento da água.

Todo o sistema deve estar ligado ao esgoto ou fossa séptica.

4.1.4.2 Vestiários

Os vestiários deverão ter pisos e paredes resistentes e laváveis, de alvenaria

ou madeira, cobertura e instalações elétricas corretamente dimensionadas e

instaladas.

Devem ficar perto do alojamento ou da entrada da obra, sem ligação direta com

o refeitório e com, no mínimo, 2,50m de pé direito, ou a medida determinada no Código

de Obras do Município.

Deve-se disponibilizar armários individuas com cadeado ou fechadura para

cada trabalhador, que permitam a separação dos pertences e bancos com largura

mínima de 0,30m e espaço suficiente para todos.

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Recomenda-se para os vestiários, uma área de 0,50m²/operário e que disponha

de equipamentos de combate a incêndio.

4.1.4.3 Cozinha e Refeitório

A cozinha e o refeitório devem ser cobertos, com pé-direito mínimo de 2,80m

ou o que determinar o Código de Obras do Município, com iluminação e ventilação

adequadas, não podendo, portanto serem construídos em porões ou subsolos.

A cozinha deve ficar adjacente ao local para refeições e com ligação para o

mesmo através de aberturas por onde serão servidas as refeições, e não podem

comunicar-se com outros locais de trabalho ou instalações sanitárias.

O refeitório deve ter capacidade e assentos para atender todos os

trabalhadores, mesmo que em horários alternados. Recomenda-se uma área de no

mínimo 0,75m²/operário.

Os tampões das mesas devem ser lisos ou forradas com material impermeável

para facilitar a limpeza. O piso deve ser de concreto, cimento ou material fácil de lavar.

Os alimentos devem ser conservados em geladeira e o aquecimento das

refeições dos trabalhadores devem ter local exclusivo.

Os botijões de gás, em uso, cheio ou vazios, devem ser instalados,

obrigatoriamente fora da cozinha, na parte externa, em local ventilado e coberto, com

cobertura de material resistente ao fogo.

Restos de comida devem ser jogados em lixos com tampas e sinalização

indicativa, por isso, o local para refeições deve ter latões de lixo em quantidade

suficiente para recolhimento dos restos de comida e detritos. A coleta de restos de

comida e limpeza das mesas deve ser feita no final da refeição.

O refeitório deve dispor de lavatórios para não precisar ir até o sanitário lavar

as mãos antes e depois das refeições. Deve também ser construído um tanque para

lavagem de panelas e uma pia para pratos, copos e talheres com revestimento interno

de azulejo ou cimentado liso.

4.1.4.4 Bebedouros

É primordial disponibilizar aos trabalhadores água potável fresca filtrada ou de

garrafão. A distância entre o posto de trabalho e o bebedouro não pode ser superior

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a 100m no plano horizontal e a 15m no plano vertical. O bebedouro deverá ser

instalado na proporção de um para cada grupo de 25 trabalhadores. Não permitir o

uso de copo coletivo nos postos de trabalho.

4.1.4.5 Ambulatório

Se houver mais de 50 operários nas frentes de trabalho, fundamental ter um

ambulatório para casos de emergência.

4.1.5 Áreas de Apoio

As áreas de apoio (almoxarifado, guarita ou portaria, escritório e plantão de

vendas) compreendem aquelas instalações que desempenham funções de apoio à

produção, abrigando funcionários durante a maior parte do tempo da jornada diária de

trabalho, ao contrário do que ocorre nas áreas de vivência, as quais só são ocupadas

em horários específicos.

4.1.5.1 Tapume

É obrigatória a colocação de tapumes ou barreiras sempre que se executarem

atividades da indústria da construção, tratando-se de um painel contínuo, feita no

alinhamento da rua e ao redor de toda obra. Serve para fechamento do canteiro de

obras, de modo a impedir ou dificultar a entrada de pessoas não autorizadas e também

a saída indevida de materiais e equipamentos, e proteger o público contra possíveis

efeitos prejudiciais que decorram da execução dos trabalhos.

Podem ser usados diversos materiais para a construção do tapume, tais como

madeira, compensado, concreto ou tela de alambrado. O importante é considerar o

Código de Obras da cidade e os objetivos antes de escolher o material. A construção

deve ser resistente e ter uma altura mínima de 2,20m em relação ao nível do terreno,

segundo NR 18, item 18.30.2.

4.1.5.2 Almoxarifado

Deve ser instalado próximo a entrada, ou no centro do terreno, de modo que

permita uma fácil distribuição dos materiais pelo canteiro de obra.

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A finalidade do almoxarifado é manter materiais de pequeno porte e fácil

extravio guardados. Deve ser mantido limpo, organizado e identificado, de modo a não

prejudicar o trânsito de pessoas, a circulação de materiais e o acesso aos

equipamentos de combate ao incêndio.

O almoxarife deve ainda manter as ferramentas manuais e elétricas portáteis

em boas condições de uso e somente fornecê-las sem nenhum defeito, e conferi-las

ao recebê-las de volta, manter o estoque mínimo do material de segurança, alertando

quando a necessidade de reposição e entregar equipamentos de segurança limpos,

auxiliando o trabalhador com a orientação de uso.

4.1.5.3 Portaria

A função da portaria é de controlar a entrada e saída de pessoas e caminhões,

portanto exige-se que esta instalação localize-se junto ao portão de entrada,

localizada de modo que o vigia possa controlar os acessos da obra.

O encarregado ou chefe da portaria não deve permitir a entrada de visitantes

sem os equipamentos de segurança determinados pela Administração da Obra, por

isso, é na portaria que devem ser guardados e distribuídos os capacetes para

visitantes.

4.1.6 Acessos ao Canteiro e Vias de Circulação

É fundamental que a localização do(s) portão(ões) de acesso sejam bem

estudada.

Quando se define o local do portão de entrada de pessoas deve-se verificar a

necessidade de construir um acesso coberto desde este portão até a área edificada,

afim de garantir a segurança de operários, clientes, e visitantes ao entrarem e saírem

do canteiro. Quando, no percurso entre a portaria e a edificação, houver risco de

queda de materiais, recomenda-se a sua cobertura com madeira ou tela, ficando este

acesso como circulação obrigatória. As vias de circulação, no interior do canteiro,

devem ter largura mínima de 1,00 m (um metro) e serem mantidas permanentemente

desobstruídas.

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Para o bom aproveitamento da área dos canteiros e prevenção de riscos aos

trabalhadores é importante que passagens e corredores fiquem sempre limpos, sem

pedras, entulhos ou equipamentos soltos nos postos de trabalho, mantendo as vias

de circulação, passagens e escadarias desobstruídas.

4.1.7 Áreas para Armazenamento de Materiais

Deve-se tentar, na medida do possível, armazenar todos os materiais no

subsolo, liberando o pavimento térreo para a locação exclusiva das instalações

provisórias, favorecendo desta forma, a manutenção da limpeza nesta região do

canteiro. Também justificando a opção pelos subsolos, têm-se o fato que esta é uma

área protegida das intempéries e quase que totalmente desobstruída, facilitando o

estoque e circulação de materiais e trabalhadores.

Para facilitar o trabalho, a obra pode ficar abastecida de lixeiras

adequadas e caçambas metálicas por todo canteiro.

A faxina é necessária frequentemente, principalmente para evitar poeira

excessiva.

4.2 Sinalização de Segurança

O trabalho de melhorias da segurança depende da dedicação intensiva de

todos os envolvidos na organização, incluindo o apoio dos participantes, trabalho de

motivação e conscientização das pessoas. Para os operários, a parte de comunicação

visual alertando sobre as possibilidades de acidente no trabalho é fundamental.

A sinalização em obras baseia-se na NR 26 – Sinalização de Segurança.

Consistem em placas, luzes, alarmes e sirenes que podem salvar vidas: ela não

elimina riscos, porém identifica o perigo antes dele aparecer. Mas para funcionar, os

operários devem ficar atentos. As obras mudam o tempo todo, e as ameaças também.

O importante é manter a comunicação com os operários e alertar quanto aos ricos.

Todos os locais do canteiro precisam de sinalização de indicações de saída, de

locais de usos comum, e, principalmente de atenção. Nas vias públicas, os pedestres

e motoristas também precisam de aviso. Os operários devem vestir coletes ou tiras

refletivas na região do tórax.

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Grua, guincho, betoneira, elevadores só podem ser operados por quem tem

qualificação. No local onde essas máquinas estiverem é fundamental colocar placa

com nome completo e foto do operador. As advertências são ainda indispensáveis

para substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis ou radioativas.

As cores estimulam a percepção, mas devem ser usadas de forma racional , a

fim de evitar distração, confusão ou cansaço na visão. O vermelho identifica os

equipamentos de proteção e combate a incêndio, como alarmes, extintores e saídas

de emergência. A cor laranja indica perigo e á aplicada nas partes móveis das

máquinas, nos equipamentos e nas faces internas das caixas de dispositivos elétricos.

O verde significa segurança e localiza áreas de vivencia. O azul indica ações

obrigatórias, como o uso dos equipamentos de segurança.

Para não confundir o trabalhador, placas estragadas ou com cores desbotadas

devem ser substituídas e a sinalização que já não serve mais, retirada.

4.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPIs

Segundo o conceito da Norma Regulamentadora NR 06 – Equipamentos de

proteção Individual, são todos os dispositivos ou produtos, acessórios ou vestimentas

de uso individual, utilizados pelo trabalhador, destinado a proteger os possíveis riscos

que ameaçam sua segurança e saúde.

Sempre que as medidas de ordem geral não oferecem completa proteção

contra os riscos de acidentes ou doenças do trabalho; enquanto as medidas de

proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e para atender as situações de

emergência, os EPIs devem ser utilizados, de acordo com a Norma regente.

Atualmente, a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual é obrigatória e de

extrema importância à saúde e segurança do trabalhador.

As empresas são obrigadas a fornecer os equipamentos, o que é estabelecido

pela NR 06, publicada em 1978 e atualizada pela última vez em 2010, fundamentada

pelo Artigo 166 da CLT: “A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,

gratuitamente, equipamentos de proteção individual adequado ao risco e em perfeito

estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas e ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos

empregados.”

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A empresa é responsável por adquirir o tipo de EPI adequado à atividade do

empregado; fornecer ao empregado somente o EPI aprovado; treinar e instruir o

trabalhador sobre seu uso adequado e torná-lo obrigatório; higienizar e fazer a

manutenção do material e substitui-lo quando danificado ou extraviado. O

fornecimento dos EPIs deve ser sempre registrado, seja em livros, fichas ou

computador.

Porém, além da obrigatoriedade, as empresas têm se tornado cada vez mais

conscientes da importância de investir em EPIs e da própria responsabilidade na

prevenção dos acidentes de trabalho. O uso de EPIs pelos operários da construção

civil reduz o custo total de mão-de-obra em função da eliminação do valor pago ao

total do adicional de insalubridade.

A empresa, porém, não é a única encarregada de zelar pela segurança. Isso

também é responsabilidade dos operários. Obriga-se o empregado, quanto ao EPI, a

usá-lo apenas para a finalidade destinada; responsabilizar-se por sua guarda e

conservação e comunicar ao empregador de qualquer dano.

Os aparelhos devem estar de acordo com as normas técnicas respectivas da

NR 06 e com o risco da atividade. As orientações são dadas pelo Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e pela

Comissão de Prevenção de Acidentes (CIPA).

Existem instrumentos adequados para cada etapa de serviço. Os EPIs devem

ser escolhidos de acordo com os riscos pré-identificados, ou seja, a escolha deve se

basear no estudo e avaliação de riscos existentes no local de trabalho, compreendido

no item 18.23 na NR 18.

Protetores faciais e óculos de segurança são destinados à proteção dos olhos

e da face contra lesões ocasionados por partículas, respingos, poeiras, vapores de

produtos químicos e radiações luminosas; máscaras especiais são indicadas para

soldadores nos trabalhos de soldagem e corte; capuz e capacetes para proteção

contra choques, queimaduras, impactos e agentes térmicos.

Além destes, para membros superiores são indicadas luvas em trabalhos que

houver perigo de lesão provocada por materiais ou objetos cortantes ou perfurantes,

como pregos ou cacos de vidros; produtos químicos corrosivos ou tóxicos; materiais

ou objetos aquecidos; choques elétricos; entre outros.

Já para a proteção dos membros inferiores, o trabalhador deve executar seus

serviços com calçados fechados, resistentes contra cortes, impactos ou choques, e

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impermeáveis, sendo proibido o uso de sandálias ou chinelos. As calças evitam

machucados e impedem o contato com o cimento. Os macacões, aventais e as roupas

de corpo inteiro evitam riscos químicos, mecânicos, radioativos e térmicos.

Os equipamentos de proteção contra choques, em trabalhos com eletricidade,

exigidos na NR 18, item 18.21 são: botinas de couro com solado isolante, óculos de

segurança, capacete, luvas isolantes e de cobertura, e vestimenta adequada à

atividade elétrica, como roupas compridas e secas. Não se deve trabalhar com a roupa

ou o corpo molhado. Nunca se deve usar adornos pessoais no trabalho com

eletricidade como relógio, anéis, pulseiras, etc., eles podem gerar acidente pela

condução elétrica.

Quem trabalha em locais em que o nível de ruído seja superior ao estabelecido

na NR 15, ou seja, 85 dB para oito horas de exposição, não pode ficar sem protetores

auditivos. Os respiradores servem para quem fica exposto a vapores, poeira, névoa

e gases.

Para proteção contra quedas com diferença de nível com mais de dois metros

(atividades executadas em andaimes, na beirada de prédios, subidas em telhados), a

NR 18, item 18.13, determina as normas para a utilização de EPIs para trabalho em

altura, que garante a retenção segura em caso de queda, na qual a força de impacto

não provoque lesões corporais. Um sistema contra queda de altura é composto por:

a) Cinto de segurança do tipo paraquedista e cinturão abdominal, destinados a

reter o trabalhador em caso de quedas, compostos por fitas, fivelas de ajuste e engate,

argolas e mosquetões;

b) elo entre o cinturão e um ponto de ancoragem: trava-quedas ou talabarte de

segurança, confeccionados em corda sintética, cabo de aço, fita sintética ou corrente,

que garantem um suporte para o posicionamento ou restringem a movimentação,

evitando assim que algum indivíduo alcance zonas onde exista o perigo de queda e

altura;

c) Ponto de ancoragem: funciona como um ponto seguro para conectar linha

de vida, talabarte, trava-queda ou qualquer outro sistema se resgate e acesso, como

componentes estruturais - vigas ou pilares, não podendo ser em paredes de alvenaria.

Devem apresentar boas condições de solda, sem corrosão ou desgaste nas

conexões.

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*Talabarte com comprimento acima de 0,9 m precisa obrigatoriamente ter um

absorvedor de energia (amortecedor). O talabarte e o sistema de amortecedor devem

ficar a cima da linha da cintura, ajustados de forma a impedir queda ou colisão.

*Trava-quedas é usado caso seja necessária a movimentação horizontal ou vertical.

Os equipamentos devem ser testados e aprovados. A garantia de segurança é

um certificado de aprovação, mais conhecido como CA, emitido pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, com validade de cinco anos, juntamente com o selo do

INMETRO. Todos os EPIs deverão apresentar, em caracteres indeléveis e bem

visíveis, em português, o nome do fabricante, o lote e o número do CA - informações

que devem resistir aos efeitos do tempo.

Para fornecer uma proteção eficaz contra os riscos, o EPI deve se manter útil,

durável e resistente, frente às inúmeras ações e influências, de forma que sua função

de proteção seja garantida durante toda sua vida útil. Dentre as ações que garante a

segurança dos EPIs são: armazenamento em local seco e arejado; limpeza e

manutenção adequadas; proteção a contato com produtos químicos; inspeção

periódica com análise de possíveis desgastes devido à natureza do trabalho.

Vale lembrar ainda que o simples fornecimento do equipamento de proteção

individual não exime o empregador da responsabilidade de adotar as medidas que

conduzam à diminuição ou eliminação dos agentes nocivos, como frio e calor

excessivo, ruídos, etc; além também, do sistema de proteção coletiva.

4.4 Sistemas de Proteção Coletiva

De acordo com a NR 18, item 18.13: É obrigatória a instalação de proteção

coletiva onde houver risco de queda de trabalhadores ou de projeção e materiais.

4.4.1 Sistema Guarda-Corpo-Rodapé (GcR)

Esse sistema, de instalação obrigatória, destina-se a promover a proteção

contra riscos de queda de pessoas, materiais e ferramentas, a partir da primeira laje.

Assim como todo sistema de proteção coletiva, deve ter projeto de execução

de acordo com as etapas da obra, especificações técnicas e cronograma de instalação

das medidas preventivas. Todos esses documentos fazem parte do PCMAT.

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O GcR deve ser construído com materiais rígidos e resistentes,

convenientemente fixados e instalados nos pontos de plataformas, áreas de trabalho

e de circulação onde haja risco de queda. Em caso de madeira, deve bem escolhida,

sem aparas, nós, rachaduras ou falhas.

Todo GcR tem regras detalhadas, estabelecidas pela NR18, a serem

obedecidas. Como elementos construtivos, o GcR tem:

- travessão superior, formado parapeito, serve como anteparo rígido de proteção.

Deve ser instalado a 1,20m ou até a altura suficiente para a segurança. Deve ter

resistência mínima a esforços concentrados de 150kgf por metro linear, no meio da

estrutura.

- travessão intermediário fica entre o rodapé e o travessão superior, a 0,70m de altura.

-rodapé: elemento apoiado sobre o piso de trabalho que objetiva impedir a queda de

objetos. Formado por peça plana e resistente com altura mínima de 0,20m de mesmas

características e resistências dos travessões.

-o montante compõe-se de elemento vertical que serve para fixar o GcR à superfície

de trabalho ou de circulação, além de prender os travessões e o rodapé. As distâncias

entre eles devem ser de, no máximo, 1,50m.

Para impedir a queda de materiais, uma tela deve ser fixada para fechar o

espaço entre os travessões e o rodapé.

4.4.2 Barreiras com redes

Em trabalhos em altura, as redes possuem papel primordial para anular os

riscos de queda de materiais. A principal diferença entre o sistema de barreira com

rede e o de guarda-corpo e rodapé está nas barras horizontais.

Para as barreiras com rede, as extremidades precisam ser fixadas na estrutura

definitiva da construção, sendo o vão entre o elemento superior e inferior fechado

unicamente por uma rede com malha de abertura de intervalo entre 20mm e 40mm.

A barra de cima, feita de aço ou tubo metálico, funciona como parapeito e fica

a 1,20m do piso. Se a barra de baixo também for feita de um desses dois materiais,

deve ficar rente ao piso. A fixação deve ser colocada a cada 0,50m, servindo também

de estrutura para a tela, que cobre todo espaço entre as barras de cima e as de baixo.

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A armação precisa ser contínua, uniforme e feita na vertical. Em qualquer ponto do

sistema (elementos superior e inferior, tela ou rede de fixação) deve haver uma

resistência mínima a esforços horizontais de 150 kgf.

4.4.3 Vãos de acesso

Os vãos de acesso às caixas dos elevadores devem ter fechamento vertical

provisório, com material resistente, como um sistema de GcR ou de painel inteiriço de

no mínimo 1,20m de altura, fixado à estrutura da edificação até a colocação definitiva

das portas. Obrigatória em todos os níveis das edificações.

A proteção tem que ser sólida, fixada em peça metálica ou de madeira. Não

pode apresentar frestas ou falhas, para impedir a queda de qualquer material.

4.4.4 Aberturas em piso

Todas as aberturas no piso ou na laje da construção exigem medidas de

segurança. Quando as aberturas no piso são utilizadas para o transporte de materiais

e equipamentos, devem também sem protegidas. O ponto de entrada ou saída de

material deve ser protegida por cercados ou barreiras do tipo cancela ou similar.

Se o vão aberto não está sendo usado para transportes de materiais e

equipamentos, deve ser dotada de proteção sólida, na forma de fechamento provisório

fixo (guara-corpo ou assoalho provisório) sem frestas ou falhas. Vários tipos de

guarda-corpo podem ser utilizados: de madeira, de estrutura metálica ou mistos.

Em todo o perímetro e nas proximidades de vãos e/ou aberturas das superfícies

de trabalho da edificação devem ser previstos e instalados elementos de fixação ou

apoio para cabo-guia/cinto de segurança, a serem utilizados em atividades junto ou

nessas áreas expostas de trabalho, possibilitando aos trabalhadores, dessa forma, o

alcance seguro de todos os pontos da superfície de trabalho.

4.4.5 Plataformas de proteção: Bandejas

O trabalho em altura requer o uso cuidadoso de plataformas de proteção.

Sempre que a obra atingir mais de quatro pavimentos, é obrigatório instalar a

plataforma principal e as secundárias em todo perímetro da construção. Elas impedem

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que os trabalhadores sejam feridos se qualquer ferramenta ou material cair,

garantindo a qualidade e a segurança do trabalho.

Estas plataformas devem ser rígidas e dimensionadas de modo a resistir aos

possíveis impactos a qual estarão sujeiras, conforme a NR 18.

A plataforma principal de proteção deve ser instalada na altura da primeira laje,

em balanço ou apoiada, e a cada três lajes deve haver uma plataforma secundária.

Recomenda-se que na própria laje concretada sejam previstos e instalados meios de

fixação ou apoio para as vigas, perfis metálicos ou equivalentes (ganchos, forquilhas,

etc). A fixação da plataforma na laje concretada deve ser planejada com antecedência.

A plataforma principal deve ter projeção horizontal mínima de 2,50m e um

complemento de 0,80m, com inclinação de 45 graus a partir da extremidade. Já a

plataforma secundária deve ter no mínimo, 1,40m de projeção horizontal e

complemento igual ao da plataforma horizontal.

Nas construções em que os pavimentos mais altos forem recuados, a

plataforma principal deve ser instalada na primeira laje recuada e as secundárias a

partir da quarta laje. Se a construção tiver pavimentos no subsolo, as plataformas

terciárias entram a cada duas lajes, a partir da plataforma principal até o subsolo.

Essas plataformas devem ter, no mínimo 2,20m de projeção horizontal da face externa

da construção e o complemento de 0,80m de extensão com inclinação de 45 graus, a

partir de sua extremidade.

Todo o perímetro da construção deve ser fechado com tela, bem fixa nas

extremidades dos complementos das plataformas.

O estrado das plataformas deverá ser contínuo, sem nenhuma imperfeição ou

vãos. Os recortes para as prumadas devem ser mínimos. Os reforços das plataformas

também possuem normas e precisam de inspeções frequentes.

Se em algum momento a plataforma de proteção for retirada, deve ser colocada

de volta quando possível. Devem ser mantidas sempre limpas, para evitar cargas

desnecessárias.

A plataforma secundária só pode ser retirada quando a vedação da periferia

estiver concluída até a plataforma de cima. E a plataforma principal só pode res

retirada quando o revestimento externo do prédio, a cima dela, estiver pronto.

O projeto de execução de acordo com as etapas da obra, especificações

técnicas e cronograma de instalação das medidas preventivas devem conter no

PCMAT.

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4.5 Andaimes e Plataformas de Trabalho

Os andaimes são importantes da hora de pintar, construir ou reformar, porém

pede cautela com relação à segurança. Existem diversos tipos de andaimes e, para

cada um, medidas de proteção específicas.

4.5.1. Andaimes Suspensos: Balancim

Os canteiros de obras são cada vez maiores e os prédios, cada vez mais altos,

fazendo-se necessária a utilização do andaime suspenso mecânico ou manual. O

andaime suspenso é ideal para fazer revestimento externo, manutenção de fachada

ou colocar pastilhas.

A instalação só pode ser feita por um profissional habilitado, com a permissão

de trabalho, a análise de riscos e o plano de segurança. O andaime deve ter projeto,

memória de cálculo, especificação técnica, croquis e ART.

A largura da plataforma de trabalho deve ter no mínimo 0,65m, segundo NR 18,

item 18.15. Os estrados têm até oito metros de comprimento.

A sustentação dos andaimes é feita por vigas, afastadores ou estrutura

metálica. Acontece na platibanda ou no beiral do prédio, e requer um estudo de

verificação estrutural, feito por profissional habilitado. A resistência deve ser de no

mínimo três vezes o esforço calculado. A carga máxima suportada tem que estar

sinalizada, visível e destacada.

O contrapeso deve ser de concreto, aço ou sólido não granulado, além de pesar

e ter o formato ideal especificado pelo projeto, com as medidas marcadas em cada

peça. Sacos de areia ou latas de concreto não são o jeito certo de fixar o sistema de

sustentação, portanto deve-se evitar o improviso.

Na face interna dos andaimes suspensos, fixados ao suporte dos estrados,

para eliminar o risco de projeção de materiais e/ou ferramentas e dar mais segurança

para quem está trabalhando, deve-se instalar sistema guarda-corpo e rodapé

No início de cada jornada de trabalho, os dispositivos de suspensão e de

segurança devem ser checados de acordo com o manual. Uso obrigatório do cinto de

segurança do tipo paraquedista, que liga o talabarte ao trava-quedas e a um cabo guia

que é fixado na estrutura independente do andaime.

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Para subir e descer, usa-se o guincho de elevação, acionado por alavancas,

manivelas ou automaticamente. Eles precisam de um dispositivo que não deixe o

tambor retroceder para a catraca, com segunda trava de segurança e capa de

proteção.

Os andaimes devem ficar bem fixados e na posição certa. Não podem ser

interligados. Apenas o material que será utilizado e os operários que vão trabalhar

podem embarcar. Não se trabalha sob chuva ou vento forte.

4.5.2 Andaime em Balanço

O andaime em balanço é uma boa solução para ganhar espaço e deixar tudo

organizado. A melhor opção é construí-lo de metal. Novamente, o projeto é feito por

profissional qualificado. Para calcular a carga máxima, leva-se em conta os materiais,

ferramentas, máquinas e até o peso da própria estrutura e dos operários. O

equipamento deve ser resistente e ter espaço suficiente para qualquer movimento

necessário. A informação sobre o peso máximo deve estar sempre bem visível para

todos.

O andaime fica ancorado a 1,20m e a estrutura requer contraventamento (NR

18, item 18.15). Se for necessário usar mais uma plataforma, essa deve ter a

capacidade de suportar três vezes a carga exigida pelo serviço. A instalação deve ser

feita a menos de 1,80m do prumo da edificação, com guarda-corpo e rodapé

reforçados com mão francesa.

4.5.3 Andaimes Apoiados

Construir, demolir, pintar, fazer manutenção ou reparo em alturas não tão altas,

são trabalhos para o andaime simplesmente apoiado. Ainda assim é preciso ter

cautela para evitar acidentes.

O projeto também deve ser feito por profissional habilitado, levando em conta

o peso a ser suportado. Deve ter registro com memória de cálculo, especificações

técnicas, ART e croquis.

Esses tipos de andaimes também precisam de proteção e sinalização da área

ao redor dele e de todo material utilizado. A distância de isolamento, indicada pela

NR 18, item 18.15, deve ser de 1,20m para cada dois metros de altura. Guarda-corpos

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e rodapé são fundamentais também nas laterais dos andaimes, exceto do lado onde

o serviço vai ser executado.

A fixação e sustentação devem ser seguras e resistentes, realizado por

profissional legalmente habilitado, em montantes apoiados niveladamente sobre

sapatas. O piso deve ser antiderrapante e com forração completa. Os pranchões são

apoiados em, no mínimo, duas travessas com 0,10m de sobra nas extremidades.

O andaime sobre cavaletes é utilizado nos serviços em até dois metros de altura

e deve ter, no mínimo, 0,90m de largura e piso antiderrapante. O andaime tubular é

utilizado nas elevações maiores. Para aguentar simultaneamente o peso de quem

sobre nele, do material e da própria estrutura, é preciso regular as sapatas ao nível

do chão.

O andaime fachadeiro é utilizado em trabalhos ainda mais altos, amarrado à

construção, para ter firmeza e força. Guarda-copo com rodapé e barras de segurança

são itens obrigatórios.

O andaime móvel é a melhor alterativa para ir de um lado a outro no canteiro,

porém utilizá-lo somente em superfícies planas, com piso nivelado, garantindo o

equilíbrio. As rodas devem ser travadas durante o uso. O deslocamento pode apenas

ser feito quando não houver pessoas ou materiais na plataforma.

Quanto aos acessórios de segurança, o capacete, o calçado de segurança e a

luva de raspa de couro são obrigatórios. A mais de dois metros de altura, cinturão de

segurança tipo paraquedista e trava-quedas fixados com talabarte, em cabo de

segurança independente. A extensão do cabo deve ser limitada à periferia da obra.

4.5.4 Cadeira suspensa (balancim individual)

Quando o andaime não é apropriado para o trabalho, usa-se a cadeira

suspensa, sempre com atenção às medidas de segurança. Nas atividades em que

haja necessidade do uso, a sustentação deve ser por cabo de aço ou cabo de fibra

sintética; com dispositivo de subida e descida com dupla trava de segurança para

cabo de aço, e dispositivo de descida com dupla trava de segurança para cabo de

fibra sintética. A linha de vida deve ser instalada com trava-quedas de uso individual.

Na instalação da cadeira, as amarrações precisam suportar o peso. A

ancoragem garante a proteção individual nos serviços de limpeza, manutenção,

pintura e restauração de fachadas. Os pontos de ancoragem são necessários às

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construções com, no mínimo, 12m ou quatro pavimentos. Eles são independentes,

feitos de material inoxidável, e ficam distribuídos por todo edifício, posicionados de

forma a atender todas as faces da edificação. A estrutura e a fixação do equipamento

ficam sob responsabilidade de um profissional habilitado. Depois do projeto feito, o

plano de montagem e a ART devem ser elaborados.

Os clipes devem ser presos de maneira correta e os cabos precisam de

proteção nas quinas para não desgastar. Se for usado cabo de aço para a

sustentação, por exemplo, não pode ter nós, fios quebrados, nem pontas desfiando.

O dispositivo espaçador é instalado no último andar e deixa a cadeira a 0,30m

do edifício, garantindo a movimentação do topo ao solo.

Antes de subir, é necessário a utilização do uniforme correto: capacete com

jugular, óculos e calçados de segurança; luvas em látex, de raspa ou malha

pigmentada; cinto de segurança do tipo paraquedista; e, se o local for muito

barulhento, protetores de ouvido são fundamentais. O trabalho deve ser feito com

conforto, de acordo com as normas de ergonomia. Evitar riscos e não improvisar

também é fundamental: nós, sacos de pedras ou latas de concreto não podem ser

usados para a sustentação. As ferramentas manuais devem estar amarradas.

Caso haja muita gente por perto, a área precisa ser sinalizada. Distância de

redes elétricas são essenciais.

4.6 Escadas, Rampas e Passarelas

4.6.1 Escadas Portáteis

A escada portátil tem grande utilidade em diversas situações, principalmente

nos trabalhos pequenos e provisórios. Ela pode ser de mão, de abrir ou estilo cavalete,

e extensível. Construída em metal, madeira ou qualquer outro material resistente e

estável. Se for de madeira, deve estar seca, desempenada, sem farpas e nós e

pintura.

Os degraus devem ser uniformemente espaçados entre 0,25m e 0,30m, com

cavilhas ou aberturas para dar mais firmeza.

A escada de mão (uso individual), é utilizada apenas para acessos provisórios

e serviços de pequeno porte. Formada por montantes (elementos verticais para a

fixação dos degraus, com comprimento máximo de sete metros e espaçamento entre

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eles de no mínimo 0,45m e de no máximo 0,55m), e travessas (degraus), que são os

elementos horizontais fixos no montante por meio de cavilhas, capaz de suportar o

esforço solicitado. A escada deve ser firmemente apoiada e ultrapassar um metro do

ponto de apoio superior. Precisa de um dispositivo para não escorregar, ou então ter

a parte de cima e a de baixo bem presas no chão e na parede.

As escadas de abrir (ou cavalete) são utilizadas para pequenos serviços e

devem ser rígidas, estáveis e seguras. Medem, no máximo, seis metros quando

fechadas. É sempre recomendável testar se o afastador e o limitador de abertura estão

funcionando e providos de sistema antibeliscão, que evita lesão na mão do

trabalhador.

A escada extensível é a melhor opção nos serviços pequenos. Constituída por

duas seções, deve ter dispositivo limitador de curso, permitindo que fique, depois de

aberta, pelo menos um metro de sobreposição. Esse tipo de escada deve ser

composto por montantes e travessas, roldanas e guias, catracas, corda para manobra

de extensão e sapata antiderrapante nos montantes. A manutenção constante das

escadas, catracas e roldanas é fundamental.

Os trabalhadores que usarem escadas para a execução de seus serviços

nunca devem ter as mãos ocupadas ou a visão impedida. Eventuais cargas

(equipamentos e materiais leves) deverão estar presos no corpo ou dentro de bolsas.

É proibido trabalhos com escada proximidades de portas, aberturas e vãos com risco

de queda de material ou perto das redes e equipamentos elétricos desprotegidos. A

área de trabalho deve ainda ser sinalizada. O alerta é indispensável em locais de

frequente circulação de pessoas e/ou veículos, para evitar possíveis choques ou

impactos.

As escadas devem ser guardadas horizontalmente, livres das intempéries, e

sustentadas por ganchos fixados à parede para evitar o empenamento.

4.6.2 Escadas Fixas

As escadas fixas do tipo marinheiro e de uso coletivo são usadas com

frequência na construção civil.

A escada do tipo marinheiro em geral é constituída por estruturas metálicas e

aparece nos casos em que a inclinação entre os pisos tem entre 75 e 90 graus, com

altura maior que seis metros para cima ou para baixo. O uso da gaiola é obrigado, a

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partir de dois metros da base e até um metro depois do último piso. Ela deve ter anéis

com, no mínimo, três barramentos.

A distância entre a gaiola e o degrau é de 0,60m, e a abertura da parte de baixo

precisa ser 0,10m maior que o resto da estrutura, para facilitar entradas e saídas do

trabalhador.

A cada três metros, os montantes devem ser fixados na parede. Os degraus

ficam presos na parede ou nos montantes, com o formato facilitado para a pegada.

A distância entre degraus será constante em toda a escada, com 0,25m a

0,30m. A largura dos degraus devem ser de 0,45m a 0,55m, e deverão ficar afastados

da parede de 0,15 a 0,20m.

Escadas mais altas demandam pausas para descanso. As com mais de dez

metros devem ter plataformas intermediárias, subdividindo a escada em vários lances.

A plataforma deve ser provida de sistema guarda-corpo e rodapé.

Ao utilizar a escada, as pessoas não deverão transportar cargas, para que as

mãos fiquem livres para apoiar nos degraus. Quando for imprescindível o transporte

de cargas, ele deverá ser feito por içamento.

Para equipes com mais de 20 trabalhadores, deve ser adotada a escada de

uso coletivo. Quanto mais operários no grupo, mais larga ela deve ser.

As escadas com largura superior a 1,50m precisam receber esforço na parte

de baixo para evitar a flexão do degrau, e ganham ainda corrimão no meio, para

auxiliar nos deslocamentos.

Escadas que vencem desníveis maiores de 2,90m de altura devem possuir

patamar intermediário, com a mesma largura da escada.

O comprimento mínimo entre os degraus deve ser de 0,25m e o máximo de

0,30m. Para as escadas de uso coletivo, guarda-corpo com travessão superior com

altura de 1,20m, travessão intermediário de 0,70m e rodapé de 0,20m.

As escadas precisam estar firmes. Os montantes exigem cavilhas ou aberturas

para encaixe dos degraus.

4.6.3 Superfícies de passagem – Rampas e Passarelas

Tratam-se de estruturas para trânsito de pessoas, equipamentos e materiais

leves, constituídas de planos retos ou inclinados.

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Rampas e passarelas abrem caminhos e facilitam o deslocamento do

trabalhados na hora de atravessar de um lado para o outro da obra. Parece simples,

mas exige atenção à segurança: a construção, com piso, guarda-corpo e pontos de

fixação, tem que seguir a norma técnica.

Para o deslocamento sobre vãos, a passarela ideal constitui-se basicamente

de um plano horizontal, sem inclinação, com extremidades equivalentes a, no mínimo,

¼ da largura do vão, que devem estar bem presas.

Em pisos com ângulo de zero a quinze graus, é melhor usar a rampa. Se ela

estiver entre seis e vinte graus, deve ser colocado piso antiderrapante.

As extremidades têm que ficar bem estáveis, e os pisos da passagem e da

superfície a ser alcançada devem ser nivelados. Áreas próximas ao acesso devem

ser protegidas e sinalizadas.

Ainda, em canteiros com mais de 90 trabalhadores, a base da rampa precisa

ter reforço intermediário para evitar a flexão do piso.

Podem ser de madeira, estruturas metálicas ou outro material que resista bem

aos esforços solicitados. Independente do material, deverão ser submetidas a

frequentes inspeções de suas condições de uso. Devem ser dotados de sistema

antiderrapante para evitar possíveis escorregamentos, como chanfros, ranhuras,

réguas, frisos, entre outros. Se for de madeira, esta deve ser de boa qualidade, sem

apresentar nós, rachaduras e seca. Também não pode estar pintada para cobrir

eventuais defeitos.

4.7 Atividades

4.7.1 Instalações Elétricas Provisórias

. As instalações elétricas temporárias duram pouco, mas o cuidado com a

segurança não muda. Choque elétrico é uma das três maiores causas de acidente no

trabalho, por isso é preciso ter atenção.

As instalações provisórias devem cumprir o descrito nas normas relacionadas

(NR 10 e NR 18, item 18.21) e as especificações de acordo com a concessionária

local. Os eletricistas em serviço devem ter formação em curso específico, baseado na

NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade, que estabelece os requisitos que

objetivam as medidas de controle e prevenção para garantir a segurança e saúde dos

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trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações e serviços com

eletricidade

O projeto e a supervisão são tarefas para um profissional legalmente habilitado.

A execução e manutenção também devem ser realizadas por trabalhador qualificado

e supervisionada pelo profissional projetista.

Na fase de planejamento do canteiro de obras, é necessário estudar a melhor

localização para o Quadro Geral de Distribuição, para evitar grandes distâncias de

cabos, procurando centralizar todo o sistema do canteiro de obras. O quadro principal

de distribuição espalha a energia por toda a construção, através de outros quadros.

Porém, só tem acesso a esse equipamento quem for autorizado.

Devem ser cumpridas outras seguintes determinações:

a) O QGD, as máquinas e equipamentos elétricos devem ser aterrados. O aterramento

serve para desviar as correntes elétricas direto para o solo. A eficácia dos

aterramentos deve satisfazer às necessidades de segurança e funcionais da

instalação elétrica, máquinas e equipamentos.

b) A frente do quadro de distribuição deve ficar desobstruída e a porta sempre fechada

com cadeado.

c) Os circuitos devem ser sempre identificados.

d) Nas proximidades do QGD, no máximo a 10 metros de distância, deve ser colocado

um extintor portátil de incêndio, tipo CO2 (gás carbônico).

e) O local de trabalho deve ter os fios e cabos isolados e organizados para que não

obstrua vias de circulação e atrapalhe a passagem de carros e pessoas. Quando for

encontrado um fio desencapado, o eletricista deve fazer o isolamento adequado com

fita isolante

d) Disjuntores são obrigatórios em todas as máquinas e devem ter cadeado, acessível

apenas aos trabalhadores autorizados. Equipamentos só põem ser ligados ou

desligados com a chave.

e) Gambiarras não podem ser feitas na rede. Devem ser usadas tomadas específicas,

uma para cada equipamento, sem ligar mais de um no mesmo dispositivo. Os

equipamentos são ligados ao circuito pelo conjunto plugue-tomada, que deve ficar

longe de água e da umidade. Fios e tomadas em mal estado ou um número grande

de adaptadores não deve ser usado.

f) Se houver rede elétrica perto de andaimes ou torres de elevador, devem ser

instaladas barreiras de proteção ao redor da área de trabalho.

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g) Obrigatória a sinalização de segurança para avisar sobre riscos elétricos. A área

deve estar sempre limpa, isolada e sinalizada.

h) Deve-se tomar cuidado para não ultrapassar o limite de fornecimento de energia e

proteger contra choques elétricos.

Nos serviços com eletricidade devem ser implementadas medidas de proteção

coletiva, como o desligamento da energia elétrica com facilidade e rapidez quando

necessário; e individual, no intuito de garantir a segurança e a saúde dos

trabalhadores.

4.7.2 Trabalho em Altura

De acordo com a NR 18, item 23.3, trabalho em altura é toda atividade

executada a cima de dois metros em elevação (escadas, andaimes, plataformas, etc)

ou em profundidade (poços, escavações, dutos, etc).

O trabalho em altura pode apresentar diversos riscos à vida do trabalhador. A

queda de pessoas e de materiais é uma das maiores causas de acidentes na

construção civil, por isso a segurança dos trabalhadores, com atenção especial na

adoção de medidas de proteção coletiva e individual, baseados na NR 35 – Trabalho

em Altura, é prioridade.

A prevenção é a melhor forma de evitar acidentes e garantir a integridade física

do trabalhador. Para a empresa, ainda, a prevenção representa o cumprimento das

leis, produtividade, economia e principalmente respeito à vida. A empresa é

responsável por perceber a gravidade do assunto, proteger os funcionários, analisar

os riscos e orientar quanto à execução do serviço.

A principal forma de prevenção para trabalhos em altura se faz com o uso de

equipamentos e treinamento teórico e prático para os trabalhadores. Todos os

empregados devem receber treinamentos admissional e periódicos visando garantir a

execução das atividades com segurança.

O treinamento para trabalho em altura resume-se em oito horas de capacitação

com um profissional qualificado sobre normas e regulamentos; análise de riscos e

condições de impedimento; medidas de controle; proteção individual e coletiva; tipos

de acidentes; o que fazer quando houver problemas. E garante ao trabalhador a

Permissão de Trabalho, obrigatória em serviços acima de dois metros de altura,

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fachadas, andaimes ou telhados. Só trabalha em altura quem tem treinamento e

qualificação.

Terminado o curso, o operário passa por exames de saúde física e mental:

quem trabalha em altura precisa ser avaliado com exames detalhados para o atestado

de saúde ocupacional, verificando se não há histórico de desmaio, torneira, epilepsia,

arritmia, uso de medicamentos, drogas ou álcool. A saúde deve estar em dia. Doenças

respiratórias, cardíacas e de locomoção não são bem vindas. Operário com perda de

memória ou diabetes descompensada, então está fora da equipe, assim como

portadores de deficiência de visão ou audição.

Todo o trabalho de altura deve ser precedido de Análise de Risco. Antes de

começar, devem ser feitos o isolamento e a sinalização da área, verificar os pontos

de ancoragem e a autorização dos envolvidos, além de conferir algumas condições

de impedimento, como risco de queda de materiais e o tempo. É proibido trabalhar em

tempo com vento forte, chuva ou trovoada.

Além da queda, há outros riscos atrelados ao trabalho em altura que devem ser

considerados:

-Ergonomia inadequada: É necessário que cada usuário esteja familiarizado com as

condições de uso dos equipamentos, e esses não devem ser compartilhados, devido

às diferentes ergonomias, tamanhos e ajustes.

-Limitação de movimentos;

-Força de impacto (força de retenção de queda);

-Queda em pêndulo e consequente choque com a estrutura; etc.

-Quedas de material: as ferramentas devem estar bem amarradas ao corpo e ainda

uma rede de proteção deve ser instalada para nenhum objeto cair.

Os equipamentos de proteção individual e coletiva devem ser selecionados e

inspecionados.

4.7.3 Concretagem

No canteiro de obras, a concretagem é a fase principal da construção, e pode

ser realizada com caminhão-betoneira ou bombeamento, conforme o tipo de trabalho.

Toda concretagem precisa de um especialista encarregado, seja engenheiro, técnico

ou mestre de obras, para garantir o respeito a todas as normas de segurança.

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Antes de iniciar as atividades de lançamento e vibração de concreto, as formas

devem ser limpas, sem pontas ou restos de madeira e devem receber inspeção do

escoramento e da sua resistência. Deve-se ainda inspecionar as conexões dos dutos

transportadores de concreto. Os tubos e conexões devem estar firmes, bem apoiados,

com dispositivos de segurança para impedir que eles se separem sob pressão. O

bombeamento do concreto exige um profissional experiente na execução.

Os caminhões betoneira devem estar bem travados na hora de descarregar. As

áreas que vão receber o concreto precisam estar protegidas por guarda-corpos.

Desperdício e respingos devem ser evitados, por isso o concreto deve ser

lançado o mais perto possível. O cimento é um dos principais constituintes do concreto

e deve ser tomado alguns cuidados com esse elemento, evitando contato direto com

a pele. Para isso, são exigidas vestimentas adequadas. Não se trabalha de bermudas,

chinelo ou descalço, nem roupas sujas de massa de cimento. Os equipamentos de

proteção individual não devem ser esquecidos: botas de borracha, luvas, óculos de

segurança, protetor auricular.

4.7.3.1 Operação da Betoneira

O uso da betoneira simplifica o serviço e produz um concreto de qualidade,

quando se necessita de pouco volume. O manuseio requer atenção às medidas de

segurança. O lugar deve estar limpo, seco, iluminado e bem sinalizado.

Não se deve nunca colocar a mão dentro da máquina em funcionamento, nem

guardar nada dentro dela. A máquina deve estar bem aterrada para evitar choques.

4.7.4 Confecção de Formas

As formas de madeira ou metal são fundamentais para uma obra segura, e não

podem romper nunca. São importantes porque possuem fácil manuseio, suportam

pequenas deformações, não grudam e não alteram as características do concreto.

O profissional habilitado é o responsável por fazer o projeto e acompanhar a

instalação. Todos da equipe devem saber como construir e operar formas. Para

garantir proteção, os equipamentos usados pelos trabalhadores devem estar

completos, com capacetes, botas, cinturão do tipo paraquedista, luvas de couro e

óculos.

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As formas de madeira são as mais comuns. Feitas de chapas de compensado,

sarrafos e pontaletes, só são boas e confiáveis quando a madeira usada está sem

nós, lascas ou rachaduras. Além disso, ela deve ser dura e elástica, para facilitar o

corte, a colocação dos pregos e a movimentação.

Cuidado com as serras e ferramentas na hora da montagem é fundamental. Os

pregos também merecem atenção especial. Retirar ou rebater todas as pontas, e não

os deixar largados pelo canteiro. As peças de madeira também não podem ter pontas,

precisam estar bem cortadas.

A forma deve ser montada e presa com muito cuidado e atenção. Na hora da

instalação, o cinto deve estar ligado ao cabo de segurança e as escadas devem ser

de abrir ou andaimes sobre cavaletes firmes. Nas alturas, as formas com utilização de

consoles devem ter guarda-corpo frontal. A instalação da linha de vida para prender o

cinturão de segurança impede as quedas durante todo tempo. As escadas, com

antiderrapante, devem ser bem fixadas no piso inferior e superior para evitar

deslizamento. O montante deve ultrapassar o piso superior em um metro.

As formas metálicas são feitas de aço ou alumínio. Para manipulá-las, deve

usar luvas de raspa de couro e bota com bico de aço.

Na concretagem, forma mal feita pode ser rompida pela argamassa e causar

sérios acidentes. Por isso, um carpinteiro deve acompanhar sua montagem. Um

profissional habilitado tem que inspecionar tudo antes e depois do serviço.

Na hora de armazenar as formas, a circulação de pessoas e materiais não pode

ser obstruída, nem as saídas de emergência.

O sucesso e a segurança das atividades são garantidos quando as regras são

seguidas.

4.7.5 Escoramentos

O escoramento garante a sustentação das estruturas. Os suportes fixam as

formas até o concreto secar, e asseguram a circulação dos operários sem riscos de

desabamento.

Em busca da segurança, o primeiro passo é o cálculo prévio por um profissional

qualificado. Ele determina o material, a forma, a quantidade e o posicionamento das

escoras. O cuidado começa na base, com atenção aos recalques. Além da diferença

de altura, eles podem condenar o escoramento definitivamente.

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Quanto ao material de escora, os tubulares são mais recomendáveis pela

leveza e baixo preço, suportam muito peso e tem longa duração. Possuem ainda a

vantagem de serem usados repetidas vezes. Porém, ao reutilizar, as conexões devem

estar bem fixas e os montantes sem ferrugem ou amassados.

As escoras de madeira também funcionam, mas são pesadas, inflamáveis,

difíceis de alinhas e emendar, além de não serem exatas no que diz respeito à

capacidade de peso suportado. Se elas forem a única opção, a madeira deve ter

certificado ambiental. Caso necessário a reutilização, peças com fendas ou

rachaduras devem ser descartadas.

4.7.6 Desforma

Desforma consiste na atividade de tirar a forma da estrutura, sem falhas e com

segurança, de acordo com as normas técnicas, para evitar acidentes e prejuízos.

O trabalho só pode começar depois de autorizado pelo responsável, seja ele o

engenheiro ou mestre de obras. É preciso esperar pelo tempo certo de cura, ou seja,

o período necessário ao concreto para que ele fique pronto. Além disso, para executar

a desforma, planejamento e organização são fundamentais. Não se deve tirar as

formas de várias estruturas ao mesmo tempo. A forma deve ser primeiramente

reescorada com firmeza.

Para remover uma escora com segurança, as cunhas de madeira devem ser

as primeiras a serem retiradas, devagar e nunca antes de o concreto estar totalmente

seco.

Os painéis são retirados com as ferramentas adequadas e em bom estado de

conservação. Depois, os painéis são limpos e guardados para a reutilização. Para

reforçar a segurança as aberturas na laje e nos poços de elevador devem ser

assoalhadas.

4.7.7 Confecção de Armações de Aço

As barras de aço, mais conhecidas como vergalhões, são amarradas umas às

outras com arame recozido. Juntos, arames e vergalhões formam as armações, que

dão estrutura e firmeza às peças de concreto, como vigas, lajes, pilares e escadas.

O espaço para montagem das armações é de acesso exclusivo para

profissionais qualificados, afastado da área de circulação de trabalhadores.

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A bancada deve ser forte, resistente, apoiada em piso firme, nivelado e

antiderrapante, com cobertura. No corte, o uso apenas de máquinas apropriadas para

aço. Cuidado com olhos e mãos são indispensáveis, lembrando sempre dos

equipamentos de proteção individual.

Nas dobras de vergalhão, deve-se lembrar que o trabalho manual requer

cuidado na força utilizada, para evitar problemas na coluna ou nas mãos. Cuidado

também com as polias de dobramento para não machucar as mãos e os dedos. Já

para o dobramento mecânico é necessário fazer o aterramento do equipamento para

evitar choques elétricos.

Os vergalhões devem ser guardados perto da Central de Armação, limpos, sem

lama, óleo e graxa. Organizados por diâmetro e comprimento.

Na montagem das armações, as amarras de arame devem estar bem justas,

sem pontas para fora. Os vergalhões devem ficar presos com firmeza e com as pontas

cobertas com ponteiras de plástico ou protegidas com madeira ou metal, para não ferir

ninguém.

Quando as armações estiverem prontas, não é aconselhável andar sobre elas,

para não alterar a montagem e evitar possíveis acidentes. Se for necessário, optar por

pranchas de madeira, permitindo a circulação do trabalhador.

Para o transporte, sempre que possível usar guindastes ou gruas. A armadura

deve estar bem amarrada e se ter cuidado ao içar. Se o material for carregado

manualmente, o peso deve ser conferido para proteger a coluna do trabalhador. Para

precaução: sinalização e isolação do local de movimentação.

Toda essa segurança funciona apenas se os trabalhadores forem treinados e

qualificados e se estiverem com todos os EPIs específicos para cada atividade.

4.7.8 Alvenaria de vedação

Neste assunto, é fundamental conhecer as atitudes que dão segurança na hora

de transportar e armazenar os materias e executar a atividade.

No transporte dos materiais, deve-se conhecer o peso da carga e verificar se o

equipamento utilizado tem capacidade suficiente para fazer o transporte. O ideal é

transportar o material paletizado, que não requer muito esforço do trabalhador

podendo prejudicar sua ergonomia e saúde.

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A alvenaria deve ser começada pelas escadas, fachadas, elevadores, poços

de ventilação e iluminação. Para proteger a coluna vertebral, a caixa de massa deve

ficar na altura do assentamento. Em serviços a mais de dois metros de altura e

também na vedação da periferia da laje, o cinto de segurança é indispensável. Em

caso de chuva, usar capa. Onde houver risco de queda (pessoas, alvenaria,

argamassa, equipamentos), a área deve ser isolada (proteção coletiva) e sinalizada.

Cal e cimento podem irritar a pele, então o lugar de preparo da argamassa deve

ser longe dos operários, além disso, antes de ir para casa é recomendável tomar um

banho e trocar de roupa. Um jeito simples de conservar a qualidade de vida e do

serviço.

4.7.9 Movimentação e transporte de materiais e pessoas – elevadores de obra

A montagem, manutenção e operação dos elevadores de obra devem seguir

procedimentos mínimos de segurança de acordo com a NR 18 e a NR 11 – Transporte,

Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais. A instalação dos

equipamentos de transporte vertical de materiais e de pessoas são dimensionados

por profissional legalmente habilitado e a montagem e desmontagem devem ser feitas

por trabalhador qualificado. Nesse tipo de operação, deve-se exigir a Anotação de

Responsabilidade Técnica - ART de montagem, desmontagem, inspeção e

manutenção.

O fabricante e/ou prestador de assistência técnica do elevador deverá fornecer

ao cliente, o Manual Técnico completo, quanto as especificações técnicas e dos

procedimentos de segurança do equipamento.

4.7.9.1 Requisitos Técnicos de Procedimentos

4.7.9.1.1 Montagem

As precauções para a instalação da torre do elevador devem iniciar pela

determinação do local: afastar o máximo possível de redes elétricas energizadas, ou,

se não for possível, isolá-las; aproximar o quanto mais da fachada da edificação; o

terreno para a base da torre deve ser plano, não alagadiço e ter resistência suficiente

para absorver os esforços solicitados, ou deve ser preparado para tal fim. Deve ser a

primeira definição no planejamento do canteiro de obra, tendo em vista os inter-

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relacionamentos e a consequente influência que o local deste equipamento exerce

sobre a locação de todas as outras instalações do canteiro. (BRUNETO, 2001).

A base para instalação da torre deve ser uma peça única, de concreto ou

metálica, nivelada e rígida. As torres dos elevadores, geralmente de estruturas

metálicas, são destinadas a sustentar a cabine e o cabo de tração, e servir de guia

para seu deslocamento vertical. Devem ficar devidamente ancoradas e estaiadas a

espaços regulares, de modo que fiquem asseguradas a rigidez, retilinidade e

estabilidade exigidas e especificadas pelo fabricante.

Capacetes, botas, luvas, óculos de proteção, cinto de segurança são

indispensáveis na montagem.

O posto de trabalho do operador deve ser isolado, protegido contra quedas de

materiais, sinalizado, dispondo de extintor de incêndio de pó químico, e o acesso de

pessoas não autorizadas deve ser proibido. Também é proibido usar o posto de

trabalho do operador como depósito de materiais.

4.7.1.2 Operação

A plataforma parada deve ficar no nível da base, desligada e protegida. O início

da operação deve ser por chave de partida com dispositivo de bloqueio, localizada

junto ao operador e executada apenas por ele, impossibilitando o acionamento

acidental ou por pessoas não autorizadas.

Os botões ou a chave de cabine só devem ser acionadas pelo operador. Os

operadores são obrigatoriamente qualificados para a função, por isso, suas instruções

devem ser seguidas sem questionamento. O resto da equipe deve receber

orientações também sobre como carregar e posicionar os materiais. Só entra na

cabine quem tem autorização.

A proteção e a sinalização são fundamentais para ninguém passar dos limites.

Isolar e sinalizar a área de movimento de carga e evitar a circulação ou permanência

de pessoas. A área onde está o equipamento deve estar sinalizada e delimitada. É

proibida a circulação de pessoas neste espaço.

Deve ainda ser fixada na cabina uma plaqueta indicando carga máxima

permitida ou o número máximo de passageiros, que deve ser sempre respeitado. Em

elevadores de material, deve haver uma placa de proibição de transporte de pessoas.

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A torre deve ser dotada de dispositivo de segurança na área de acesso à

cabine, do tipo cancela ou barreira, que impede a abertura da porta quando o elevador

não está no pavimento. O elevador só pode entrar em movimento se a cancela estiver

totalmente fechada.

Deverão também existir limitadores de curso elétrico, colocados nos limites

extremos do trajeto da cabina, que ao contato com a mesma provoque a parada de

seu movimento. Deverá ser instalado acima do limitador de curso superior, um

dispositivo eletromecânico que será acionado caso ocorra falha do limitador do curso

superior provocando a interrupção do fornecimento de energia resultado na parada do

equipamento.

Instalar o botão para acionar lâmpada em cada pavimento ou campainha junto

ao operador, permitindo comunicação eficaz entre os usuários durante a

movimentação.

Os elevadores ainda devem ser providos de freios e dispositivos de segurança.

Além do freio no posto do operador, a estrutura da cabina deverá ter um freio de

segurança automático e manual, acionável do interior da cabina. Se acontecer algum

imprevisto, o dispositivo de frenagem automático resolve o problema. Caso a cabine

se desprenda, o dispositivo mecânico evita a queda.

Botoeiras, rampas de acesso e alçapão para saída de emergência também são

essenciais. As rampas e passarelas de acesso devem possuir guarda-corpo,

travessão intermediário e rodapé, com piso de material resistente; fixação na

estrutura, inclinação de baixo para cima no sentido da torre e altura livre de, no

mínimo, dois metros sobre elas. Não se deve entrar no elevador sem conferir se a

prancha está no nível do pavimento.

4.7.1.3 Inspeção e Manutenção

Esse tipo de elevador deve ter manutenção preventiva e inspeção diária, feitos

apenas por profissionais legalmente habilitados. Na inspeção deve ser feito o relatório

de ocorrência caso haja algum problema ou irregularidade no equipamento.

Diariamente deve ser verificado o funcionamento do interruptor de corrente

para movimentação somente com as portas fechadas e de fins de curso superior e

inferior; sistemas de frenagem automática, sistema de segurança eletrônico; freio

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manual situado na cabina; trava de segurança; sistemas de comunicação com o

operador, etc.

O vão interno da torre deve estar livre, sem a presença de madeira, ferragens

ou outros objetos que impeçam o livre deslocamento da cabina, por isso verificações

periódicas são indispensáveis. Manter a ordem e limpeza do ambiente, observar e

seguir sempre as recomendações do manual do fabricante.

4.7.9.2 Elevador de pessoas e cargas: elevador cremalheira

O elevador cremalheira é resultado dos investimentos em tecnologia. Ele

melhorou a segurança e a eficiência dos canteiros de obras. São destinados para o

transporte misto de cargas e passageiros, desde que em compartimentos separados

e que o limite máximo de peso especificado pelo fabricante seja obedecido.

Elevadores de passageiros devem ser instalados a partir da execução da 7ª

laje dos edifícios em construção com 08 ou mais pavimentos, ou altura equivalente,

cujo canteiro possua, pelo menos, 30 trabalhadores;

O comando do equipamento que transportar pessoas deve sempre ser feito de

dentro da cabina. O operador deverá posicionar sempre uma das mãos segurando a

alavanca de acionamento de freio de segurança, de modo a poder acioná-la

imediatamente no caso de necessidade.

4.7.9.3 Elevador de cargas: elevador a cabo

O elevador a cabo é um grande parceiro nas obras. Nele circulam apenas

materiais, e requer cabine com painéis laterais fixos, guincho, sistema de frenagem

automática, trava de segurança e contraventos.

Subir com material a granel, somente bem acondicionado. Não pode haver

areia, cimento ou concreto no piso dos elevadores de cargas.

4.7.10 Operações com Ferramentas Elétricas

Ferramentas elétricas são muito úteis, mas podem se transformar em armas,

se alguns cuidados não forem tomados. O primeiro passo é sempre instruir os

operários e treiná-los para manusear as ferramentas corretamente. Elas só devem ser

operadas por trabalhadores qualificados (NR 12 – Máquinas e Equipamentos) e

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autorizados conforme requisitos da NR–18, item 18.22. Afixar nos locais de operação,

a relação dos trabalhadores autorizados a utilizar as ferramentas.

Cada máquina tem uma função. Não pode ser usada como quebra-galho para

outros serviços. Para ninguém se machucar, todas as partes móveis ou que possam

lançar peças ou partículas devem ter proteções apropriadas. Dispositivo de bloqueio

cuida para que a máquina não ligue ou desligue involuntariamente também devem

existir.

As ferramentas elétricas devem ser revisadas frequentemente. Diante de

qualquer defeito o empregador ou responsável deve alinhar as partes móveis, trocar

as peças quebradas por peças idênticas às originais, limpar e afiar os equipamentos

de corte, ou trocar o equipamento. Verificar o desgaste, manter a abertura de

ventilação da carcaça e dos coletores bem limpas. Os testes de freios de emergência

devem ser feitos no início de operação, a cada três meses com laudo assinado pelo

responsável técnico. A vistoria do equipamento tem que ser diária.

Os fios e cabos também devem ser inspecionados: precisam ter no máximo

uma emenda a cada dez metros, e não podem ser muito longos. Não podem ser

dobrados ou enrolados em volta do aparelho ou esmagados.

As máquinas e ferramentas elétricas devem ter aterramento, proteção em todos

os sistemas de transmissão e partes móveis.

A ferramenta nunca deve ser abandonada se em funcionamento. Para parar,

deve-se diminuir a velocidade aos poucos. Não se deve forçar a máquina, usar

somente conforme as instruções, e ter bom senso: não trabalhar cansado, bêbado ou

drogado.

Antes de conectar o fio na tomada, a chave deve estar desligada. A ferramenta

deve ser segurada firme e forte, para se ter equilíbrio suficiente e conseguir controlar

situações inesperadas. As partes trabalhadas devem ser presas na bancada. Não

devem ser seguradas com a mão. Não se deve apoiar o dedo sobre a chave quando

não for necessário.

Não se deve usar acessórios, roupas largas ou cabelo solto e sim, a vestimenta

indicada: capacete, calçados, óculos de segurança, protetor auditivo e máscara contra

pó. Se for esmerilhar alguma peça, não de seve esquecer do protetor facial e das

luvas de couro.

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Ordem e limpeza são fundamentais antes, durante e depois do expediente. O

local de trabalho deve ser bem iluminado, pois a pouca iluminação aumenta o risco

de acidentes. Silêncio durante a atividade para garantir a concentração e o controle.

A operação deve ser longe de gás, poeira no ar e material inflamável, eles

podem facilmente provocar faíscas e chamas.

Chuva e umidade são inimigas da corrente elétrica, por isso os equipamentos

devem estar sempre secos. Se o lugar for alagado ou muito molhado, deve-se

construir uma plataforma com material isolante.

4.7.10.1 Policorte

A serra de acionamento mecânico garante mais rapidez e perfeição aos cortes.

Mas pode se transformar em arma se alguns cuidados não forem seguidos. Ela pode

se romper enquanto funciona, até pequenas partes de ferramenta podem voar e

provocar ferimentos.

O disco da serra da policorte deve estar bem fixado à máquina e protegido com

coifa. Sempre que aparecer alguma fissura ou desgaste a ferramenta deve ser

trocada. A velocidade recomendada pelo fabricante deve ser respeitada.

Instalar a policorte em bancada nivelada e local coberto, com sistema de

exaustão acoplado à área de corte.

Uniforme completo: suporte de ferramentas, luvas de látex ou raspa, avental de

plástico impermeável ou raspa, botas, capacete e protetores auditivos e facial, óculos

contra impactos e respirador.

4.7.10.2 Serra circular

A serra circular usada na construção para corte de madeira (carpintaria) é

composta por uma mesa lisa, firme, com abertura para a lâmina e um motor elétrico.

Conforme a madeira utilizada, os tamanhos dos dentes e discos podem variar.

Para operá-la, o trabalhador tem que ser qualificado e usar todos os equipamentos

corretos de proteção individual: capacete, protetor facial, protetor auditivo, luvas,

máscara descartável, avental e calçado de segurança.

Cuidados de segurança:

- Madeira podre, empenada, ressecada ou com nós soltos devem ser dispensadas,

pois esses defeitos prejudicam a resistência e podem causar acidentes.

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-As mãos devem ficar bem afastadas da serra.

-O equipamento só deve ser ligado durante o uso, caso contrário, deve permaneces

desligado.

-A instalação elétrica da serra deve sempre ser checada. O botão liga e desliga (chave

protetora ou disjuntor) tem que ficar ao alcance das mãos, para qualquer emergência.

Toda serra circular roda obrigatoriamente com coifa protetora com alavanca de

regulagem, cutelo divisor, proteção no sistema de transmissão de força e no

dispositivo de acionamento, bem como caixa coletora de serragem e sistema de coleta

de poeira de madeira. O cutelo divisor é um protetor metálico em forma de arco. Ele

impede que o disco prenda e evita que a madeira se volte contra o aperador. Deve

estar no máximo dez milímetros do disco. A coifa protetora resguarda as mãos ou

outra parte do carpinteiro, para que não encostem na lâmina.

Cinco por cento dos acidentes com serra são causados pelo sistema de

transmissão. Por isso, polias e correias também merecem proteção resistente, de

preferência feita com chapas e talas metálicas.

Na hora da operação, a madeira não deve ser empurrada com os polegares

abertos. Se possível, devem ser usados empurradores e guias de alinhamento, que

facilitam a execução do corte. Cavaletes de metal ou madeira permitem o uso seguro

de peças grandes de madeira. Jamais pode tentar parar o disco manualmente. Não

se deve mexer na lâmina nem nas guias com o disco em funcionamento.

A serragem acumulada é perigosa, por isso a limpeza nunca deve ser deixada

para depois. Limpeza sempre em cima e embaixo da mesa, para proteção contra

incêndios.

4.7.11 Operação de Ferramentas Manuais

Mesmo com tecnologia, máquinas e equipamentos de última geração, as

ferramentas manuais não perdem espaço nos canteiros de obra. Porém, apesar de

simples, quererem muita atenção e cuidado na hora de serem utilizadas.

Todos os operários também precisam de treinamento para manusear esses

equipamentos com segurança, que exigem força, precisão e maleabilidade. Para a

execução dos trabalhos, o corpo deve estar posicionado de maneira estável e firme.

As ferramentas não devem nunca ser carregadas no bolso. Sempre em caixas

apropriadas (porta-ferramentas), com as ferramentas de corte em bainhas de couro.

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Martelo, furadeira e chave de fenda devem estar em perfeito estado, sem

deformação, defeito ou desgaste.

Caso haja material inflamável ou explosivo por perto, somente ferramentas de

plástico, madeira ou nylon são permitidas. Mas elas não eliminam totalmente o risco

de faíscas: deve-se conferir se não há partes metálicas grudadas no equipamento.

Em serviços com eletricidade, o alicate precisa de cabos com material isolante.

O improviso não é aceitável. E assim como os equipamentos elétricos, cada

ferramenta serve para funções específicas: o alicate não foi feito para mexer com

porcas ou parafusos, isso é um trabalho para as chaves. Se estas estiverem gastas,

recomenda-se os grifos.

Quando trabalhar com arame, a parte a ser cortada deve estar virada para o

chão. As mãos devem ficar longe das juntas e o rosto acima do nível de trabalho. Se

for usar brocas, puas, trados ou cavadeiras, cuidar com a lâmina. Ela deve estar numa

distância segura para não escapar em direção aos pés.

No uso do formão em madeira, primeiramente tudo precisa estar limpo. O jeito

certo é empurrar a ferramenta no sentido oposto do trabalho. Se for dar golpes, usar

um martelo de borracha com gume bem afiado.

Para usar a lima bastarda, uma mão segura o cabo e a outra é protegida com

luva. A peça a ser limada é presa a uma morsa ou torno de bancada. Mas não pode

ser usada como formão ou talhadeira. Só as chaves inglesas com dentes em boas

condições são úteis para esse fim.

Pás, enxadas e picaretas não podem ter farpas ou rachaduras. Durante o

transporte desses equipamentos, a parte metálica deve ficar para baixo e para trás,

longe dos colegas. Ao coloca-las no chão, certificar que a lâmina ficará voltada para

o piso.

O manuseio da serra de mão requer a lâmina alinhada em relação ao cabo. O

início do corte não pode ser orientado com o dedo para não ter o risco de se machucar.

Os dentes devem estar amoldados e voltados para frente. Na hora do transporte, ficam

protegidos com uma bainha de couro.

O ambiente deve ser organizado: não se deve deixar as ferramentas

espalhadas, as mais pesadas nas prateleiras mais próximas ao piso.

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4.8 Prevenção contra incêndios

Todas as empresas devem possuir proteção contra incêndio, saídas suficientes

para a retirada do pessoal que se encontra em serviço e equipamentos suficientes de

combate ao fogo e pessoas treinadas no uso correto desses equipamentos. (NR 23 –

Prevenção Contra Incêndios).

Em um canteiro de obras, existem vários materiais e atividades que

representam risco de incêndio, como madeiras utilizadas nos processos construtivos

e nas edificações de escritórios, áreas de vivência e depósitos de materiais e produtos

diversos como tintas, solventes e plásticos; máquinas e veículos abastecidos com

combustíveis líquidos inflamáveis, trabalhos com solda e ligações elétricas

inadequadas de máquinas e equipamentos.

O gerenciamento e manutenção do sistema de proteção contra incêndio, além

de proporcionar segurança e tranqüilidade aos trabalhadores da obra e dos moradores

do entorno, protege também o produto, evitando prejuízos com a destruição da

edificação e indenizações a terceiros e, consequentemente, valorização da empresa

perante a opinião pública e ao mercado consumidor.

Treinamentos teóricos e práticos dos trabalhadores, com o objetivo de proteger

a vida, proporcionando meios de controle e extinção do incêndio, reduzindo danos ao

meio ambiente e ao patrimônio, através do combate ao princípio do incêndio,

permitindo, ao Corpo de Bombeiros, a continuidade da ação. Deve ser instalado um

sistema de alarme, capaz de dar sinais perceptíveis em todos os locais do canteiro de

obras.

Os extintores portáteis de incêndio são os equipamentos básicos, empregados

no canteiro de obras para o combate ao início do fogo. Somente deve ser utilizado

extintor portátil de incêndio que atenda às normas técnicas estabelecidas pela ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

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5 APLICABILIDADE DAS NORMAS E PROGRAMAS DE SST –

ESTUDO DE CASO

O presente trabalho foi desenvolvido para detalhar ações referentes à

segurança dos trabalhadores em um canteiro de obra de grande porte, na cidade de

Florianópolis, SC.

Empreendimento: WOA Empreendimentos Imobiliários – Simphonia WOA Beiramar

Com mais de 13 mil metros quadrados de área, o empreendimento é composto

de cinco torres de quinze andares. Cada torre encontra-se em etapas diferentes de

construção: concretagem dos elementos estruturais dos primeiros pavimentos,

execução de alvenaria de vedação, revestimentos e acabamentos finais para entrega

do cliente. A Figura 1 apresenta a localização de cada condomínio no terreno.

Figura 1 – Localização dos condomínios no terreno

A empresa construtora conta com treze funcionários contratados, e subcontrata

empreiteira e terceirizados para os serviços de execução. Entre funcionários da

empresa, empreiteira e terceirizados, a obra conta com mais de 250 funcionários,

cada um executando o seu serviço específico na obra supervisionada pelo

engenheiro.

A atuação de várias empresas ou empreiteiras no canteiro de obra exige uma

grande capacidade de coordenação e planejamento por parte da construtora, pois

essa heterogeneidade de empresas acarreta muitas vezes sérias consequências,

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como a falta de coordenação efetiva e delimitação de responsabilidade, e, portanto, a

não distribuição metódica e organização dos trabalhos. Assim, tais consequências se

refletem, como é natural, na segurança e saúde dos trabalhadores da indústria da

construção civil.

A preocupação com a Segurança e Saúde do Trabalhador pela empresa é

referência em toda região, motivo pelo qual o assunto foi escolhido para o presente

trabalho. Para reduzir e até evitar acidentes, a empresa investe fortemente na

segurança e principalmente, na conscientização de todos envolvidos, resultando em

resultados positivos em relação a prevenção de acidentes de trabalho. A empresa

reconhece seu dever de garantir a segurança e a saúde do trabalhador no seu

ambiente de trabalho, respeitando seu bem estar físico e psicológico.

A obra conta com uma técnica de segurança contratada pela construtora e mais

três técnicas de segurança da empreiteira para a supervisão de tudo, além dos

representantes de cada empresa subcontratada. Conta ainda com o total de nove

mestres de obras, funcionários da construtora e empreiteira, responsáveis por

supervisionar todos os trabalhos e execuções.

5.1 Programas implantados

Todos os programas exigidos pelas normas e leis trabalhistas são executados

no empreendimento estudado. O PCMAT, que implementa as medidas de segurança

de acordo com a fase e programação da obra, como projetos e execução de proteções

coletivas; o PPRA, com a avaliação dos riscos em todos os locais de trabalho,

procurando eliminar todas as condições inseguras que os trabalhadores estão

expostos; o PCMSO, responsável pela saúde do trabalhador, apresenta um

cronograma periódico de todos os exames médicos exigidos, além de documentos de

vacinação em dia. O PCMSO considera as diferentes idades e estado de saúde de

cada trabalhador, e ainda, o cargo que cada um vai realizar, para solicitar os exames

e exigências clínicas.

Com relação a CIPA, a construtora não possui sua própria comissão, por

possuir menos de vinte funcionários. Possui apenas um designado que a representa

nos encontros e reuniões da CIPA da empreiteira, esta sim com uma comissão

formada e bem estruturada, que se reúne mensalmente para discutir as medidas e

controles adotados no canteiro de obra e nas operações, além de outras atividades

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designadas a ela conforme a NR 05 e principalmente as recomendações do item 18.33

da NR 18, específica para a construção civil.

5.1.1 Programa de Sensibilização e Treinamentos dos operários

A empresa oferece a todos os novos funcionários, treinamento de segurança

(treinamento admissional), como previsto na NR 18, item 18.28.2; que é dividido em

duas partes. A primeira parte é gerenciada pelo SECONCI – Florianópolis na sede do

SINDUSCON da cidade (Figura 2), com duração de 3 horas, com conteúdo

programático que envolve todos os itens de segurança e saúde na construção civil.

Apresentação da empresa, seus objetivos, metas e serviços; explicação da

importância da preocupação com a segurança no local de trabalho, com

recomendações para todas as atividades na área; explicação, de forma geral, da

Legislação de Segurança do Trabalho, com foco nos programas (NR 05 – CIPA; NR

07 – PCSMO; NR 09 – PPRA) e principalmente na Norma que rege todo esse assunto:

NR 18 – Condições do meio ambiente da construção civil.

Todos os participantes recebem certificado de participação, além de uma folha

contendo as regras gerais de segurança do trabalho, presente no ANEXO A.

A segunda parte, mais 3 horas de treinamento, é ministrada no próprio canteiro

de obra, pela Técnica de segurança do trabalho da construtora.

Figura 2 – Treinamento Admissional dos Funcionários

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Trata-se de integração e treinamento, com o objetivo de integrar novos

trabalhadores ao ambiente de trabalho e informar sobre as medidas de proteção que

devem ser adotadas no ambiente em questão, com apresentação de todo canteiro de

obra e seu funcionamento, exemplificações de atividade e operações realizadas na

obra, exemplificando a maneira correta e incorreta das atividades; recomendações

quanto ao uso e higienização dos EPIs, etc. Os trabalhadores também recebem

certificado pela participação deste treinamento, conforme apresentado no ANEXO B.

Logo após, o trabalhador passa pelo exame clínico admissional, feita por uma

médica do trabalho, que emite a ASO (Atestado de Saúde Ocupacional), em duas

vias, de cada trabalhador, contendo os riscos ocupacionais que serão encontrados

nas respectivas operações e define se o trabalhador está apto ou não para exercer o

cargo. Exemplo de ASO no ANEXO C.

Como a empresa possui convenio com a SINDUSCON de Florianópolis, o

exame é realizado por uma médica contratada pelo próprio sindicato.

Todo o trabalhador desta obra recebe ainda os Equipamentos de Proteção

Individual necessários para a execução dos seus serviços, fornecidos pela sua

contratante, seja ela a construtora, a empreiteira ou as empresas sub contratadas. É

emitido uma O.S. (Ordem de Serviço) para comprovar o recebimento do treinamento

de segurança e saúde no trabalho, bem como os equipamentos de proteção individual

para controlar os riscos existentes em cada atividade executada. (ANEXO D)

Em termos de legislação, ainda, alguns itens e documentação são exigidos por

todas as empresas terceirizadas prestadoras de serviço. Todos os trabalhadores,

contratados por qualquer empresa devem ser devidamente registrado e apresentar a

ficha de registro com carteira profissional do trabalho, sendo proibida a contratação

de menores; ficha de entrega de EPI; ordem de serviço; comprovante de vacinação e

exames clínicos exigidos, presentes no documento de Atestado de Saúde

Ocupacional (ASO) e, quando a operação a ser executada exige, os certificados e

comprovantes de capacitação.

5.2 Inspeção de Segurança

As inspeções de segurança feitas pelos profissionais responsáveis permitem

detectar os riscos de acidentes possibilitando a determinação de medidas preventivas.

No caso desta obra, as inspeções são realizadas semanalmente e em

momentos que a obra sofre alguma alteração nas condições de trabalho. As

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responsáveis pela inspeção detalhada de cada parte da obra são as técnicas de

segurança do trabalho, que fazem a análise geral do canteiro e geram um relatório

com a lista de verificações separados por torre e andar, que abrangem, principalmente

instalações provisórias, armazenamento e sistemas de movimentação de materiais.

O ANEXO E, mostra a lista de inspeção feita pela técnica de segurança.

5.3 Avaliação geral do canteiro de obra: organização do espaço e instalações

Como citado anteriormente, o empreendimento ocupa um espaço de mais de

13mil metros quadrados, tratando-se de um terreno amplo, no qual o subsolo ocupa

quase que a totalidade do terreno, apresentando espaços utilizáveis neste e a nível

do térreo para a locação de instalações provisórias e de armazenamento de materiais,

com a finalidade de facilitar os acessos de veículos e pessoas, além de proporcionar

instalações por longo prazo.

A instalação inicial do terreno foi planejada atacando primeiramente a fronteira

mais difícil, reduzindo a possibilidade de problemas futuros; e criando espaço na

própria obra para instalações provisórias o mais cedo possível. A execução

antecipada dos estacionamentos é um bom exemplo da prática de criação de

espaços.

5.3.1 Organização e Limpeza

O canteiro de obras conta com faxineiras que circulam por toda construção

durante o período de funcionamento dos serviços. Essas são responsáveis por manter

tudo limpo e organizado, principalmente passagens e corredores. Elas varrem,

recolhem os pequenos entulhos, eliminam a poeira e organizam o que está fora do

lugar.

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Figura 3 - Organização e Limpeza da Obra

5.3.2 Instalações Sanitárias

O canteiro de obra dispõe de instalações sanitárias, vestiário, refeitório, cozinha

e um pequeno ambulatório, tudo de acordo com o que exigem a NR 18.

As instalações sanitárias estão localizadas no segundo andar da torre Sonata

Place, com entrada para seu interior no centro do canteiro, permitindo o fácil e rápido

acesso por todos. Os trabalhadores que utilizam estes espaços são os operários,

funcionários da empreiteira (pedreiros, serventes de pedreiros, marceneiros,

operadores de máquinas, etc) e das empresas terceirizadas (pintura, armadores,

profissionais da limpeza, instaladores elétricos e hidráulicos, entre outros). Vale

ressaltar ainda que as instalações sanitárias femininas estão em local diferente, para

garantir a privacidade e bem estar de todos.

Imagem 4 - Acesso às Instalações Sanitárias

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O piso destes locais é lavável e antiderrapante e os espaços são devidamente

limpos, conforme exigências das normas.

As instalações sanitárias são equipadas por 20 lavatórios e vasos sanitários, e

17 chuveiros, atendendo todos os operários que as utilizam. Na Figura 5 tem-se a

disposição dos lavatórios e banheiros, e na Figura 6, os chuveiros.

Figura 5 – Instalações Sanitárias

Figura 6 - Chuveiros

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Todos os vasos sanitários possuem assentos e o local possui recipiente para o

descarte de papel higiênico com tampas. As torneiras dos lavatórios são de plástico.

Ás áreas de banho possuem aproximadamente 0,80 m² e água quente nos chuveiros.

5.3.3 Vestiário

O vestiário da obra também atende o que é exigido, com tamanho suficiente

para os números de funcionários e mantidos em bom estado. As paredes são de

alvenaria e madeira e ficam perto das instalações sanitárias, no mesmo andar da torre,

porém longe o suficiente do refeitório e cozinha (em torres diferentes). Possui armários

individuais e bancos para todos os operários, conforme mostra a Figura 7 a seguir.

Figura 7 – Vestiário

5.3.4 Refeitório e Cozinha

O espaço para as refeições de todos os trabalhadores envolvidos (Figura 8) é

localizado no térreo da torre Jazz Club II, onde futuramente será a garagem do edifício,

portanto com um pé direito de mais de 2,80 m (mínimo exigido na norma). O local para

refeições é instalado junto à cozinha, e não tem comunicação com outros locais de

trabalho ou instalações sanitárias.

Apresenta capacidade e assento para todos os trabalhadores, inclusive na hora

de pico de utilização deste. O horário de almoço é o mesmo para todos, ao meio dia.

Os tampões das mesas são lisos e forrados com um plástico, que permite a

limpeza diária sem danificar o mesmo. O piso é de concreto, o que facilita a lavagem.

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O refeitório dispõe ainda de quatro lixeiras. Duas para restos orgânicos, uma

para eliminar papel e outra, plástico. Todas visualmente sinalizadas para manter a

ordem e limpeza do local.

Figura 8 – Refeitório

No espaço há lavatórios, para higiene das mãos do trabalhador antes e depois

da refeição; e pias, onde cada um lava sua louça. São bancadas separadas para as

diferentes atividades (Figura 9). Não se deve lavar a louça no lavatório.

Figura 9 – Lavatórios e pias

Cada trabalhador é proprietário dos utensílios que utiliza, e mantêm esses

guardados em armários individuais, presentes no próprio refeitório, mostrado na

Figura 10.

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É proibida a alimentação fora do refeitório e a circulação com utensílios de

cozinha pela obra, por isso são dispostos esses armários, identificados com o nome

e empresa de cada trabalhador. A organização e limpeza destes é fundamental para

evitar mofos, apodrecimentos e até aparecimento de insetos ou animais.

Figura 10 – Armários no Refeitório

A cozinha fica adjacente ao refeitório, com ligação para o mesmo através

aberturas, por onde as encarregadas passam com a comida para servir os operários.

O ambiente onde são preparados os alimentos é provido de janelas e aberturas

com telas, que permitem a circulação de ar sem entrada de insetos. Os alimentos

crus são conservados em refrigeradores e são preparados e aquecidos no fogão.

O fornecimento de água potável para os operários é através de bebedouros

(Figura 11) espalhados por toda obra, que vencem distâncias menores de 100 metros

na horizontal e 15 metros em plano vertical. Os trabalhadores são orientados a não

consumir água das torneiras.

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Figura 11 - Bebedouros

Todos os componentes da área de vivência são sinalizados, para orientar os

trabalhadores e todos que frequentarem o canteiro. A Figura 12 mostra algumas

placas de sinalização.

Figura 12 – Sinalização para áreas de vivência

5.3.5 Áreas de Apoio

5.3.5.1 Áreas de Descarte de materiais

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O canteiro de obra analisado apresenta locais corretos para o descarte dos

diferentes tipos de materiais, possibilitando a separação para o recolhimento de

reciclagem e a organização do espaço. (Figuras 13 e 14)

Não há acúmulo de sobras de material ou resíduo. Praticamente todos os dias

esse tipo de material é recolhido por catadores ou caçamba.

Figura 13 – Descarte de metais

Figura 14 – Descarte de Recicláveis

5.3.5.2 Almoxarifado

O almoxarifado da empresa (Figura 15), se encontra no meio do terreno, na

torre do Sonata Place, permitindo rápido acesso de todos que estão na obra e conta

com o almoxarife e um auxiliar, buscando uma ampla organização e controle de todos

os materiais.

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Figura 15 – Almoxarifado

Só entra na sala quem é autorizado. Pela janela lateral é entregue os materiais

solicitados pelos trabalhadores.

No almoxarifado ficam apenas os objetos menores. A obra conta com um

depósito maior no subsolo da torre I do Jazz Club. Os materiais a granel ficam no

subsolo da torre II do Jazz Club e no subsolo da torre do Sonata Place. O

armazenamento dos materiais no subsolo libera o pavimento térreo para as

instalações das áreas de apoio, além do local melhor proteger contra intempéries.

5.3.5.3 Portaria

A entrada na obra por operários e visitantes se dá pelo portão de acesso,

localizado à calçada, na rua de trás do empreendimento. A guarita do porteiro vigia

fica ao lado do portão. Só entra pessoas identificadas e autorizadas. Junto ainda

encontra-se um armário com capacetes. É proibido circular pela obra em horário de

funcionamento sem uso de capacetes e calçados apropriados. Na Figura 16 é possível

identificar a entrada, à esquerda da imagem.

Figura 16 – Acesso portaria e vigilância

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O percurso entre a portaria e a obra é dotado de cobertura de tela nas áreas

onde há risco de quedas de materiais.

5.3.5.4 Sinalização de Segurança

Por toda obra foram espalhadas placas de sinalização, tanto de indicações de

saída e acessos de uso comum, quanto de advertências a perigos, conforme

exemplifica a Figura 17.

Figura 17 – Sinalização de Segurança

5.4 Trabalhos em altura

Todos os trabalhos realizados acima de dois metros de altura em elevações

(Figura 18) são acompanhados pelos profissionais de segurança designados, para

garantir que as atividades sejam feitas com o uso correto dos EPIs exigidos, além da

forte inspeção de pontos de ancoragem, cordas e cabos de sustentação.

Os EPIs exigidos dos operários são o cinto de segurança do tipo paraquedista

preso no trava-quedas ou talabarte de segurança. A Figura 19 mostra alguns dos

cuidados tomados com equipamentos usados em trabalhos em altura, como a corda.

Apenas profissionais qualificados e certificados para trabalho em altura podem

realizar essa operação.

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Figura 18 – Trabalho em altura

Figura 19 – Proteção da corda de sustentação

5.4.1 Sistemas de Proteção Coletiva

As instalações de proteção coletiva na obra são bastante completas e bem

feitas. São instaladas em absolutamente todos os casos onde há risco de quedas de

trabalhadores ou materiais, como abertura de vãos, fachadas, etc. (Figuras 20, 21 e

22)

Os materiais que compõem as instalações são de boa qualidade, rígidos e

resistentes.

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Figura 20 – Sistemas Guarda-Corpo e Rodapé

Figura 21 – Trabalho em altura (2)

Figura 22 – Plataformas de proteção (bandejas)

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Em todo o perímetro e nas proximidades de vãos e/ou aberturas das superfícies

de trabalho da edificação foram instalados elementos de fixação ou apoio para cabo-

guia/cinto de segurança, utilizados neste tipo de atividade. (Figura 23)

Figura 23 – Ponto de Ancoragem

5.4.2 Andaimes

Os andaimes presentes na obra são os andaimes suspensos, utilizados nas

fachadas das torres para reboco e colocação de pastilhas (Figura 24). Todas as

instalações exigem documentação conforme requer a norma.

Os andaimes utilizados na obra possuem largura de 80 cm e comprimento

variado, de dois a oito metros. Todos com piso regular de alumínio antiderrapante, e

contínuo; com fechamento na lateral de sistema guarda-corpo rodapé e identificação

da carga máxima de trabalho.

Figura 24 – Andaimes Suspensos manuais

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5.4.3 Elevadores de obra

Todos os elevadores presentes na obra, tanto elevador a cabo (Figura 25),

como elevador cremalheira, possuem barreira no acesso de entrada (Figuras 26),

dispositivos que impedem a movimentação do equipamento com a porta aberta,

indicação de capacidade, sinalização da proibição de transportar pessoas nos

elevadores a cabo, além de alertas para impedir a circulação e permanência na área

de operação.

Figura 25 – Torre de elevador a cabo

Figura 26 – Sistema de cancela do elevador cremalheira

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5.5 Operações com ferramentas elétricas e manuais

Foi possível observar o uso dos Equipamentos de Proteção Individual indicados

em todas as operações, conforme prova a Figura 27.

Figura 27 – Operação com ferramentas elétricas

No local de carpintaria (Figura 28), onde é operado a serra circular, há indicação

dos profissionais qualificados, com foto dos mesmos.

Imagem 28 – Área de Carpintaria

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A mesa onde fica o equipamento é lisa e firme. A serra apresenta os

dispositivos de proteção exigidos, o que pode ser observado na Figura 29.

Figura 29 – Bancada de operação da Serra Circular – Carpintaria

Em atividades mais simples, como operações com ferramentas manuais, por

exemplo o martelo (Figura 30), os trabalhadores também são conscientizados sobre

a importância da utilização de EPIs.

Figura 30 – Operação com ferramentas manuais

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5.6 Área de armação de aço

A área de confecções das armações de aço é organizada, coberta e bem

sinalizada. A mesa para corte é estável e o local é bem protegido, garantindo a

distância de pessoas não autorizadas. A Figura 31 mostra o local de armação, à

esquerda, onde ficam as bitolas separadas por tamanho, e a parte coberta onde o aço

é cortado e dobrado. A Figura 32 mostra a preocupação com a segurança de todos,

com as pontas de armadura protegidas.

Figura 31 – Área armação

Figura 32 - Proteção nas pontas dos vergalhões

5.7 Concretagem

O concreto utilizado nos elementos principais é proveniente da Concreteira

Concrebrás, de 35Mpa. Chega na obra no caminhão betoneira e é bombeado até as

estruturas a serem concretadas, conforme mostra a Figura 33.

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A concretagem é uma das etapas mais importantes da obra, por isso todo

cuidado é fundamental. A limpeza e organização das fôrmas que recebem o concreto

(Figura 34) são sempre feitas antes da etapa.

Figura 33 – Concretagem

Figura 34 – Limpeza e organização das formas

5.8 Operação de Betoneira

As praças das Betoneiras ficam no subsolo das torres Jazz I e II (Figura 35) e

Sonata, com aterramento em todas elas. O uso de EPIS como protetores auriculares,

luvas e óculos, além do capacete e botinas são indispensáveis para trabalhar no local.

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Figura 35 – Operação de Betoneira

No canteiro de obras é proibido fumar em locais fechados ou semi-abertos de

uso comum.

Não é permitido o uso de celular em trabalhos em altura, e rádio ou som no

celular não são permitidos em nenhuma situação, para o trabalhador não perder a

atenção.

Os operários não recebem curso de primeiros socorros. Em caso de acidente,

são instruídos para chamar o serviço de emergência, sem autorização para mexer na

vítima, salvo quando houver risco de atropelamento, explosão ou incêndio. Não

devem esquecer de abrir uma CAT – Comunicado de Acidente de Trabalho.

5.9 Avaliação geral da empresa

As condições de trabalho no canteiro de obra estudado são exemplos para

todas as obras de construção civil. Seguem bem as recomendações das normas

regulamentadoras, em especial a NR 18, para um ambiente de trabalho ideal,

trazendo resultados positivos aos trabalhadores e à empresa, sem desperdício de

materiais e com horas bem aproveitadas.

A obra segue as recomendações referentes ao planejamento e

acompanhamento do trabalhador, às condições gerais do canteiro de obra, áreas de

vivência, vestimenta e equipamentos de proteção, atividades, funções, ferramentas e

acessórios, máquinas e equipamentos, movimentação e transporte de materiais e

pessoas e condição de saúde dos trabalhadores.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo principal mostrar a importância da

preocupação com o trabalhador da área da construção civil e proporcionar aos

profissionais que executam obras prediais, motivações e orientações de

procedimentos de acordo com as recomendações e exigências, capazes de reduzir

riscos ocupacionais, mostrando exemplos de aplicações uma obra de grande porte da

cidade de Florianópolis, SC.

Quando o assunto é construção civil o Brasil se destaca na geração de emprego

e economia em desenvolvimento, com mais de três milhões de trabalhadores em

campo. Porém, no canteiro de obras, a qualidade de vida do trabalhador deve estar

em primeiro lugar, cada vez mais longe de acidentes incapacitantes ou até mesmo

fatais.

Nos últimos anos, tem-se verificado um crescimento da preocupação com a

prevenção de acidentes em razão de vários fatores. As empresas, por lei, devem

manter seus empregados seguros, ajudando a alcançar melhores condições de saúde

e bem estar.

A aplicação correta das normas de segurança e saúde no trabalho auxilia na

redução de acidentes e de doenças ocupacionais, aumentando a produtividade e a

qualidade de vida do trabalhador, que é o mais importante. Dessa forma, foram

apresentadas as orientações das Normas Regulamentadoras sobre procedimentos

relacionados à segurança e medicina do trabalho, com ênfase na NR 18, que trata

especificamente da preocupação com trabalhadores e empregadores da área da

construção civil.

O controle das causas dos acidentes está ligado ao emprego das medidas que

visam reduzir a frequência ou a gravidade do potencial de suas ocorrências. Uma das

ferramentas é a implantação de programas de saúde e segurança, devidamente

ajustados à realidade do setor, que capacitam os trabalhadores e apresentam ações

e planejamentos a serem executados em uma obra.

Na construção civil há uma grande variedade de atividades e multiplicidade de

fatores que predispõem o operário aos riscos de acidentes, tais como instalações

provisórias inadequadas, falta de uso ou uso de maneira incorreta do equipamento de

proteção individual e a falta de sistemas de proteção coletiva. As constantes

alterações no ambiente de trabalho, ainda, alteram continuamente essas condições

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de riscos, o que dificulta o gerenciamento da segurança dos ambientes de trabalho.

Essas dificuldades, porém, não deve ser motivo para o descaso e a negligência da

segurança.

A iniciar pelo canteiro de obras, fundamental para a execução de um

empreendimento, que deve ser organizado e em ordem, afim de que seja permitido

realizar trabalhos com eficácia, economia e segurança. Com a organização e limpeza

do canteiro e desocupação da área de trabalho e locais de circulação, consegue-se

reduzir o tempo de transporte de material, minimizar os riscos de acidentes e tornar o

fluxo de produção mais eficiente.

A organização deve ser planejada previamente, seguindo os critérios que

existem e evitando-se improvisações e inseguranças durante a construção. O

planejamento dos canteiros de obras é fundamental para a otimização da execução

do empreendimento, garantindo níveis de desempenhos mais elevados na produção,

além de oferecer adequação das disposições, dimensões e forma de locação do

arranjo físico das instalações provisórias.

Os engenheiros devem reconhecer essa necessidade e dedicar mais atenção

à organização do canteiro. A implantação de um canteiro compreende a sua vedação

através de tapume, construção de escritórios para a administração, portaria,

almoxarifado, depósitos, vestiários, sanitários, local de refeições, cozinha, e

instalações provisórias.

O planejamento de atividades preventivas também é importante. Estabelecer

procedimentos para evitar o problema de quedas, movimentação de cargas,

instalações elétricas, andaimes, concretagem, produtos nocivos, etc., além da escolha

de equipamentos adequados para o trabalho, inspeção e manutenção frequentes dos

aparelhos.

A inspeção nos ambientes de trabalho deve ser frequente, para avaliar os

fatores de risco e identificar os perigos. Uma vez determinado o problema, podem-se

tomar medidas para controlá-lo. Atos e condições inseguras devem ser combatidos

em sua origem, pois são apontados como responsáveis pela maioria dos acidentes.

Para evitar atos inseguros nos canteiros de obras é necessário um treinamento

adequado para os trabalhadores que, na maioria, desconhecem o modo correto de

realizar uma atividade do trabalho com segurança. A melhor ferramenta para a

prevenção conta acidentes é a informação.

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Deve-se orientar aos trabalhadores sobre os riscos profissionais que possam

estar expostos nos locais de trabalho, os meios para prevenir e/ou limitar tais riscos e

medidas adotadas pela empresa.

As orientações de trabalho são sobre Equipamentos de Proteção Individual. É

de conhecimento geral que o não uso de EPIs ou sua utilização incorreta eleva o risco

de acidentes de trabalho.

Os operários devem sempre procurar saber quais são os EPIs específicos para

cada tipo de serviço. Ainda assim, é indispensável o uso de capacete, calçados,

óculos ou proteção facial. A empresa é obrigada a fornecer esses acessórios em

perfeito estado para todos os funcionários, sem nenhum tipo de cobrança. Os

operários têm os deveres de usar os equipamentos fornecidos pela empresa e

obedecer as instruções fornecidas no treinamento.

Nos trabalhos em altura, os dispositivos de proteção individual, como cinturão

com talabarte ou trava-quedas fixados ao cabo de segurança, e equipamentos bem

amarrados para evitar quedas acidentais. Mesmo trabalhadores acostumados em

trabalhar em altura não podem se descuidar e não podem esquecer de checar a

previsão do tempo.

Outras orientações devem ser seguidas como segurança em andaimes,

plataformas, escadas, elevadores, etc. A montagem e desmontagem de andaimes,

cadeiras suspensas e outros dispositivos de fixação e movimentação de materiais

deve ser feita por um profissional habilitado. Não podem faltar guarda-corpos em vãos

e aberturas, plataformas, sinalização e isolamento da área.

A prevenção, além de proporcionar uma melhor condição de vida aos

trabalhadores, determina também para as empresas um custo final menor, porém,

mesmo que todas as razões econômicas falhassem, qualquer investimento é

justificável se salvar vidas.

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<http://www.fieb.org.br/sesi/pagina/199/saude-e-seguranca-para-a-construcao-

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