Apostila de Química Geral

110
APOSTILA DE QUÍMICA GERAL Cursos: ENGENHARIA ELÉTRICA ENGENHARIA MECÂNICA Disciplina: Química Geral PROF.ª: CAROLINA RESMINI MELO [email protected]

description

Introdução a quimica basica

Transcript of Apostila de Química Geral

Page 1: Apostila de Química Geral

APOSTILA DE QUÍMICA GERAL

Cursos: ENGENHARIA ELÉTRICA

ENGENHARIA MECÂNICA

Disciplina: Química Geral

PROF.ª: CAROLINA RESMINI MELO

[email protected]

Page 2: Apostila de Química Geral

2

ÍNDICE

1. O QUE É QUÍMICA .......................................................................................................................................................... 5

1.1. HISTÓRIA DA QUÍMICA........................................................................................................................................................ 5

1.2. O QUE É A QUÍMICA? .......................................................................................................................................................... 5

1.3. A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA ............................................................................................................................................... 6

1.4. DIVISÕES DA QUÍMICA ........................................................................................................................................................ 7

2. ÁTOMOS E ELÉTRONS .................................................................................................................................................... 9

2.1. MODELOS ATÔMICOS ....................................................................................................................................................... 10

2.1.1. Modelo de Demócrito (por volta de 400 anos a.C) ............................................................................................ 10

2.1.2. Modelo de Dalton (1803) ................................................................................................................................... 10

2.1.3. Modelo de Thomson (1898) ............................................................................................................................... 12

2.1.4. Modelo de Rutherford (1911) ............................................................................................................................ 13

2.2. MODELO ATÔMICO ATUAL ................................................................................................................................................. 14

2.2.1. Teoria atômica ................................................................................................................................................... 15

2.2.2. Átomos ............................................................................................................................................................... 15

2.2.3. Isótopos .............................................................................................................................................................. 16

2.2.4. Isóbaros .............................................................................................................................................................. 17

2.2.5. Isótonos .............................................................................................................................................................. 17

2.3. MOLÉCULAS ................................................................................................................................................................... 18

2.4. ELÉTRONS ...................................................................................................................................................................... 18

2.4.1. Número máximo de elétrons nos níveis de energia ........................................................................................... 19

2.4.2. Distribuição eletrônica ....................................................................................................................................... 21

2.4.3. Convenção cerne do gás nobre .......................................................................................................................... 22

2.4.4. Configurações eletrônicas .................................................................................................................................. 22

2.4.5. Regra de Hund.................................................................................................................................................... 23

2.5. MASSA ATÔMICA ............................................................................................................................................................. 24

2.6. MASSA MOLECULAR ........................................................................................................................................................ 25

2.7. NÚMERO DE AVOGADRO ................................................................................................................................................... 26

2.8. MOL ............................................................................................................................................................................. 27

3. ESTEQUIOMETRIA ........................................................................................................................................................ 29

3.1. PROBLEMAS COM REAGENTES LIMITANTES .................................................................................................................................. 31

4. TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS .................................................................................................................................... 32

Page 3: Apostila de Química Geral

3

4.1. A LEI DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS ...................................................................................................................................... 33

5. COMPOSTOS IÔNICOS E COVALENTES ......................................................................................................................... 34

5.1. LIGAÇÕES IÔNICAS .................................................................................................................................................................. 34

5.1.1. As estruturas de Lewis ............................................................................................................................................... 35

5.2. LIGAÇÕES COVALENTES ............................................................................................................................................................ 36

6. GEOMETRIA MOLECULAR ............................................................................................................................................ 38

6.1. COMO PREVER OS FORMATOS DAS MOLÉCULAS ............................................................................................................................ 40

7. SÓLIDOS ....................................................................................................................................................................... 42

7.1. ESTRUTURAS CRISTALINAS E AMORFAS ........................................................................................................................................ 42

7.2. CÉLULAS UNITÁRIAS ................................................................................................................................................................ 43

7.3. DEFEITOS NOS SÓLIDOS ........................................................................................................................................................... 46

7.3.1. Defeitos Lineares (ou deslocamentos) ....................................................................................................................... 47

7.3.2. Defeitos Pontuais ....................................................................................................................................................... 48

8. SOLUÇÕES .................................................................................................................................................................... 49

8.1. CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES .................................................................................................................................................. 50

8.2. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES ................................................................................................................................................ 52

8.3. DILUIÇÃO DAS SOLUÇÕES ......................................................................................................................................................... 55

8.4. SOLUBILIDADE ....................................................................................................................................................................... 59

9. PROPRIEDADES COLIGATIVAS ...................................................................................................................................... 62

9.1. TONOMETRIA ........................................................................................................................................................................ 63

9.2. EBULIOMETRIA ...................................................................................................................................................................... 64

9.3. CRIOMETRIA ......................................................................................................................................................................... 65

9.4. OSMOMETRIA OU OSMOSCOPIA (PRESSÃO OSMÓTICA) ........................................................................................................... 66

10. CINÉTICA E MECANISMOS DAS REAÇÕES ................................................................................................................. 67

10.1. VELOCIDADE DAS REAÇÕES ..................................................................................................................................................... 67

10.2. MECANISMOS DE REAÇÕES EM MULTIETAPAS ............................................................................................................................ 69

10.3. CONDIÇÕES DE OCORRÊNCIA .................................................................................................................................................. 71

10.4. FATORES QUE INFLUEM NA VELOCIDADE DAS REAÇÕES ............................................................................................................ 74

11. EQUILÍBRIO QUÍMICO .............................................................................................................................................. 79

11.1. O ESTADO DE EQUILÍBRIO ....................................................................................................................................................... 80

Page 4: Apostila de Química Geral

4

11.2. DESLOCAMENTO DO EQUILÍBRIO QUÍMICO DE UMA REAÇÃO.......................................................................................................... 81

11.3. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO EM TERMOS DE CONCENTRAÇÕES MOLARES (KC) ................................................................................... 84

11.4. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO EM TERMOS DE PRESSÕES PARCIAIS (KP) .......................................................................................... 86

12. EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE ......................................................................................................................................... 88

12.1. FORÇAS RELATIVAS DE ÁCIDOS E BASES ..................................................................................................................................... 88

12.2. A CONSTANTE DE DISSOCIAÇÃO DA ÁGUA .................................................................................................................................. 90

12.3. ESCALA DE PH ..................................................................................................................................................................... 92

13. REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO .................................................................................................................................... 95

13.1. NÚMERO DE OXIDAÇÃO ......................................................................................................................................................... 96

14. ELETROQUÍMICA ...................................................................................................................................................... 97

14.1. CÉLULA GALVÂNICA .............................................................................................................................................................. 97

14.1.1. Diagrama de células ................................................................................................................................................ 99

14.1.2. Força eletromotriz (fem) das pilhas ....................................................................................................................... 100

14.1.3. Espontaneidade de reações redox ......................................................................................................................... 101

14.2. ELETRÓLISE ....................................................................................................................................................................... 101

14.2.1. Reações não-espontâneas e células eletrolíticas ................................................................................................... 101

14.2.2 Eletrólise da salmoura (solução aquosa de NaCl) ................................................................................................... 103

15. CORROSÃO ............................................................................................................................................................ 105

15.1. A CORROSÃO DO FERRO ....................................................................................................................................................... 105

16. COMBUSTÃO ......................................................................................................................................................... 107

16.1. COMBUSTÃO INDUSTRIAL .................................................................................................................................................... 108

16.2. AR DE COMBUSTÃO ............................................................................................................................................................ 109

Page 5: Apostila de Química Geral

5

1. O que é Química

1.1. História da Química

A história da química está ligada ao desenvolvimento do homem, se relaciona

intimamente com a história dos químicos.

- A ciência química surge no século XVII a partir dos estudos de alquimia, populares entre

muitos dos cientistas da época.

- ALQUIMIA: existem 3 objetivos principais em sua prática:

1) Transformar metais inferiores em ouro.

2) Obtenção do elixir da longa vida (um remédio que curaria as doenças e daria vida

eterna àqueles que o ingerissem).

Esses dois objetivos seriam atingidos ao obter a PEDRA FILOSOFAL. Uma substância

mística que amplifica os poderes de um alquimista.

3) Criar vida humana artificial.

- Os princípios básicos da química se recolhem pela primeira vez na obra do cientista

britânico ROBERT BOYLE (1661). (Ex: lei dos gases que tem seu nome). PV=cte (isotérmico, T

cte)

- A química, como tal, começa a ser explorada um século mais tarde com os trabalhos

do francês Antoine Lavoisier. (Ex: lei da conservação da massa). (Da natureza nada se cria,

nada se perde, tudo se transforma).

1.2. O que é a química?

A química estuda a matéria, a energia e as transformações.

MATÉRIA: a roupa que você usa, a cadeira onde você senta, o teto da sua casa, a terra

onde crescem as plantações... tudo é matéria e objeto do estudo da química.

ENERGIA: o sol, o fogo, a eletricidade e as diversas formas de energia.

Page 6: Apostila de Química Geral

6

TRANSFORMAÇÃO: a fotossíntese, a corrosão, a poluição e tudo o que significa uma

transformação da matéria; mudanças de fase e de energia, por exemplo.

É a ciência que trata das substâncias da natureza, dos elementos que a constituem

(tabela periódica), de suas características, de suas propriedades combinatórias, de processos

de obtenção, de suas aplicações e de sua identificação. Estuda a maneira que os elementos se

juntam (ligações iônicas / covalentes... “atração”) e reagem entre si, bem como, a energia

desprendida ou absorvida durante estas transformações (reações endotérmicas e exotérmicas).

A química é o estudo das transformações da matéria em oposição à Física que é o estudo de

seus estados.

1.3. A importância da química

“Para que serve a química?” “Para obter materiais semelhantes aos naturais, porém

melhores e mais baratos; e para conhecer a composição e a estrutura dos materiais.”

Podemos dizer que tudo a nossa volta é química, pois todos os materiais que nos

cercam passaram ou passam por algum tipo de transformação. A química proporciona

progresso, desenvolvimento e é através do uso dela que suprimos as necessidades. O uso de

materiais de limpeza e higiene, roupas de fios artificiais, desenvolvimento da indústria

farmacêutica, fertilizantes e pesticidas para plantação, produtos industrializados cuja obtenção

depende de transformações químicas como plásticos vidros, tintas, cimento, etc.

A Química é uma ciência muito útil nos mais variados domínios da atividade humana. A

investigação em química leva à produção de materiais novos, alguns bastante complexos, com

tecnologias cada vez mais sofisticadas. Esses materiais resultam da transformação de

substâncias já existentes, e são as respostas da Química às necessidades ecológicas, de

saúde, alimentares, econômicas, etc.

Na saúde: a Química permite a produção de medicamentos ou de outras substâncias

com interesse médico, colabora no estudo dos efeitos no organismo dos produtos

farmacêuticos (por exemplo, o resultado da utilização prolongada de ligas metálicas em

medicina dentária), investiga o efeito dos aditivos alimentares.

Page 7: Apostila de Química Geral

7

Na indústria: a Química contribui para o fabrico e melhoria de produtos alimentares,

farmacêuticos, perfumes, cosméticos, plásticos, papel, materiais de construção, entre outros.

Sem a Química não conheceríamos as técnicas de fabrico mais adequadas de todos esses

produtos.

Nos serviços públicos: a Química fornece técnicas fundamentais para a criminologia (é

usada nos laboratórios da Polícia Judiciária para descobrir criminosos), para a fiscalização

econômica (a inspeção das atividades econômicas controla a qualidade dos alimentos vendidos

nas lojas), para a segurança rodoviária (por exemplo, o teste de teor alcoólico efetuado pela

polícia de trânsito destina-se a medir a quantidade de álcool no sangue) e para a saúde pública

(por exemplo, a verificação do estado da água das praias e das piscinas).

Na Eletrônica: a Química cria novos materiais com resistências mais baixas e, por

conseguinte, sem perdas de energia por aquecimento.

Na Ecologia: estudando o meio ambiente e combatendo a poluição cada vez maior,

resultante da sociedade de consumo em que vivemos, propondo soluções que levem a uma

Terra mais saudável. A Química estuda a qualidade do ar que respiramos, desenvolve técnicas

de despoluição das fábricas, permite analisar a qualidade das águas naturais, etc.

Infelizmente, nem sempre a Química tem sido utilizada para benefício da Humanidade.

Contribui, por exemplo, para produzir armas químicas. Na primeira Guerra Mundial (1914-

1918), foram utilizadas armas deste tipo, que afetaram o sistema nervoso. Estas armas estão

atualmente proibidas por acordo internacional. Os explosivos produzidos com a ajuda da

Química conferem um poder mortífero a quem os utiliza e esses, infelizmente, continuam a ser

utilizados nos mais variados conflitos humanos.

1.4. Divisões da química

A química pode ser dividida em:

- Química analítica: estuda as técnicas utilizadas para conhecer a composição, átomos

constituintes e estrutura da matéria. Análise qualitativa ou quantitativa. A amostra é submetida

à análise seja para conhecer a identidade de seus componentes, seja para determinar a

quantidade dos componentes presentes.

Page 8: Apostila de Química Geral

8

- Físico-química: estuda as leis que regem o comportamento de toda a matéria; quais as

forças motrizes que geram a formação de uma substância a partir de seus componentes.

Estuda as propriedades físicas e químicas da matéria. Ex: termodinâmica, que estuda os

fenômenos relacionados com trabalho, energia, calor e entropia.

- Química orgânica: estuda os compostos do carbono. Estuda a estrutura, propriedades,

composição, reações e síntese de compostos orgânicos.

- Química inorgânica: estuda os compostos de todos os outros elementos. Cerca de 95%

dos materiais são inorgânicos. As “substâncias inorgânicas” são divididas em 4 grupos

denominados como “funções inorgânicas” (ácidos, bases, sais e óxidos).

Page 9: Apostila de Química Geral

9

2. Átomos e Elétrons

Átomo é a menor partícula de um elemento que retém as propriedades características

desse elemento.

- Tamanho do átomo: enfileirando-se 1 bilhão de átomos, essa pequena fileira mediria

somente 1 cm. Eles são tão pequenos que uma cabeça de alfinete pode conter 60 milhões

deles.

Átomos são partículas submicroscópicas de que toda a matéria é composta. Ainda que

seja composto de partículas menores, o átomo é a unidade fundamental de um elemento.

- Por que é importante conhecer a estrutura de um átomo?

O comportamento físico e químico da matéria depende das maneiras pelas quais os

átomos interagem e esta, por sua vez, depende da sua estrutura.

Cada substância simples (também chamada de elemento. Ex: cobre, hidrogênio,

enxofre) é formada por átomos de um mesmo tipo, diferentes dos átomos de qualquer outro

elemento. A diferença é o número de elétrons (número atômico) e o número de prótons e

nêutrons (número de massa) que cada um possui.

O átomo é formado por um núcleo de carga elétrica positiva, em torno das quais se

movimentam partículas de massa muito pequenas e negativamente eletrizadas, os elétrons

(sua massa é cerca de 1840 vezes menor que a do núcleo). No núcleo há dois tipos de

partículas: prótons, que são eletricamente positivos, e nêutrons, que não tem carga elétrica (o

núcleo contém a maior parte da massa do átomo) (o número de prótons e elétrons é o mesmo).

O átomo não é compacto, e praticamente toda a sua massa está no núcleo. Além de

girarem afastados do núcleo, os elétrons são muito menores que os prótons.

Page 10: Apostila de Química Geral

10

Os prótons e elétrons tem cargas contrárias (positiva e negativa) como os dois lados das

pilhas. Se um átomo comum tem três prótons, também terá três elétrons para equilibrar a sua

carga. Além disso, os prótons e elétrons se atraem e mantém os átomos unidos como um

adesivo.

2.1. Modelos atômicos

Sabe-se que o átomo existe, sem que ninguém o possa ver. Por isso, foram feitas muitas

teorias que se modificaram conforme o avanço da química.

2.1.1. Modelo de Demócrito (por volta de 400 anos a.C)

Por volta de 400 anos a.C. o filósofo grego Demócrito sugeriu que a matéria não é

contínua, isto é, ela é feita de minúsculas partículas indivisíveis. Essas partículas foram

chamadas de átomos. Esta teoria defendia que se um objeto fosse dividido em partes cada vez

menores, o resultado seria pedaços tão pequenos que não seria possível dividi-los. E chamou

esses pequenos pedaços de átomos.

Demócrito postulou que todas as variedades de matéria resultam da combinação de

átomos de quatro elementos: terra, ar, fogo e água.

Demócrito baseou seu modelo na intuição e na lógica. No entanto foi rejeitado por um

dos maiores lógicos de todos os tempos, o filosofo Aristóteles. Este reviveu e fortaleceu o

modelo de matéria contínua, ou seja, a matéria como "um inteiro".

2.1.2. Modelo de Dalton (1803)

John Dalton (1766-1844), professor inglês que enunciou as leis das pressões parciais e

a lei das proporções múltiplas e, principalmente, a teoria atômica. Ele estudou também um

defeito que ele mesmo tinha na visão e que hoje leva o seu nome: o DALTONISMO.

Page 11: Apostila de Química Geral

11

O daltonismo é uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade

de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em

distinguir o verde do vermelho. Esta perturbação tem normalmente origem genética, mas pode

também resultar de lesão nos orgãos responsáveis pela visão, ou de lesão de origem

neurológica. Uma vez que esse problema está geneticamente ligado ao cromossoma X, ocorre

mais frequentemente entre os homens (no caso das mulheres, será necessário que os dois

cromossomas X contenham o gene anômalo). Os portadores desta anomalia apresentam

dificuldade na distinção de determinadas cores primárias, como o verde e o vermelho,

enxergando, em vez delas, as cores cinza, amarela ou azul. É possível que esta anomalia seja

resultado do mau funcionamento dos cones existentes na retina, provocado pela presença de

alelos defeituosos, que não formam pigmentos necessários para a percepção de determinadas

cores.

Todo modelo não deve ser somente lógico, mas também consistente com a experiência.

No século XVII, experiências demonstraram que o comportamento das substâncias era

inconsistente com a ideia de matéria contínua e o modelo de Aristóteles desmoronou.

Em 1808, John Dalton propôs a ideia de que as propriedades da matéria podem ser

explicadas em termos de comportamento de partículas finitas, unitárias. Dalton acreditou que o

átomo seria a partícula elementar, a menor unidade de matéria. O modelo simplesmente prevê

que os átomos existem, e não sua constituição.

Surgiu assim o modelo de Dalton: átomos vistos como esferas minúsculas, rígidas e

indestrutíveis. Todos os átomos de um elemento são idênticos.

A teoria de John Dalton foi baseada no seguinte modelo:

1 - Toda matéria é composta de partículas fundamentais, os átomos.

(Ele acreditou que o átomo seria a partícula elementar, a menor unidade de

matéria. O que não é verdade; pois o átomo se subdivide em: prótons, elétrons e

nêutrons. Os átomos são formados de pequenas partículas).

2 - Os átomos são permanentes e indivisíveis, eles não podem ser criados nem

destruídos.

(Os átomos são divisíveis, pois tem uma estrutura interna e são formados por outras

partículas: elétrons, prótons e nêutrons. Com a descoberta da radioatividade em 1896 e sua

Page 12: Apostila de Química Geral

12

interpretação soube-se que um átomo de um elemento pode ser transformado em um átomo de

outro elemento).

3 - Os elementos são caracterizados por seus átomos. Todos os átomos de um dado

elemento são idênticos em todos os aspectos. Átomos de diferentes elementos tem diferentes

propriedades.

(Devido à existência dos isótopos, todos os átomos de um dado elemento podem não ter

a mesma massa (massa = prótons mais nêutrons)).

4 - As transformações químicas consistem em uma combinação, separação ou rearranjo

de átomos.

(Explicou com sucesso porque a massa é conservada nas reações químicas (se cada

átomo tem sua própria característica e se os átomos são rearranjados, permanecendo

inalterados durante uma reação química, então a massa total dos átomos dos reagentes deve

ser a mesma que a dos átomos dos produtos).

5 - Compostos químicos são formados de átomos de dois ou mais elementos em uma

razão fixa.

(A Lei da Composição Definida é também explicada com sucesso: se cada composto é

caracterizado por proporções fixas entre os números de átomos dos seus elementos

componentes e se cada átomo de um dado elemento tem a mesma massa, então a

composição de cada composto deve ser sempre a mesma.)

Dalton deixou dúvidas em vários pontos, por exemplo, na distinção entre um átomo e

uma molécula. Isto o levou a propor fórmulas incorretas para certos compostos. Porém, mesmo

assim, sua contribuição para o entendimento químico foi de grande valor.

2.1.3. Modelo de Thomson (1898)

Page 13: Apostila de Química Geral

13

Foi o primeiro modelo detalhado do átomo. Foi Thomson que lançou a ideia de que o

átomo era um sistema descontínuo, portanto, divisível. Mas sua descrição não era satisfatória

porque não permitia explicar as propriedades químicas do átomo.

Thomson sugeriu que um átomo poderia ser uma esfera carregada positivamente na

qual alguns elétrons estão incrustados, e apontou que isto levaria a uma fácil remoção de

elétrons dos átomos.

Na verdade Thomson estava mesmo era envolvido na descoberta do elétron onde deu

sua maior contribuição. Por se tratar de uma pessoa de alta influência na época, Thomson

tratou de propor alguma explicação para o átomo. Seu modelo conhecido como PUDIM DE

AMEIXAS, já que o átomo seria uma massa compacta com cargas alternadas em seu interior,

foi muito infeliz mesmo para sua época e não teve muita contribuição como modelo atômico

propriamente.

2.1.4. Modelo de Rutherford (1911)

É a base do modelo que estudamos até hoje.

O átomo é um sistema neutro, ou seja, o número de cargas positivas e negativas é igual.

O átomo é um sistema descontínuo onde prevalecem os espaços vazios.

Rutherford propôs um modelo atômico: o átomo seria como um sistema solar em

miniatura, cujo "sol" - o núcleo - concentra quase toda a massa e toda a carga positiva do

sistema; gravitando em torno do núcleo, em órbitas elípticas, estão os elétrons, cuja soma de

cargas negativas é igual à carga positiva nuclear com o que se tem o equilíbrio elétrico e a

consequente estabilidade do conjunto.

Se o átomo tivesse o tamanho do Estádio do Morumbi, o núcleo seria o tamanho de uma

azeitona. Surgiu assim o modelo nuclear do átomo.

Page 14: Apostila de Química Geral

14

Um dos experimentos conduzidos pela equipe de Rutherford revolucionou o modo como

os físicos da época passaram a imaginar o átomo. Foram bombardeadas finas lâminas de ouro,

para estudo de deflexões (desvios) de partículas alfa.

De acordo com o modelo de Thomson, esses desvios seriam improváveis, pois sendo as

partículas alfa muito mais leves do que os átomos da lâmina de ouro, os elétrons teriam tanto

dificuldade para desviar suas trajetórias quanto bolas de gude para desviar balas de canhão.

Para perceber possíveis desvios, utilizou-se uma placa de material fosforescente que

emite luz quando colidida pela radiação alfa. Dessa maneira, ao colocar uma fina lâmina de

ouro entre a chapa fosforescente e o material radioativo, a luminosidade na chapa deveria

cessar, pois a lâmina de ouro bloquearia a passagem da radiação.

Para surpresa de Rutherford, uma grande luminosidade continuou aparecendo do outro

lado da lâmina de ouro, indicando que a radiação alfa havia atravessado sem a menor

dificuldade. Além disso, ele observou o surgimento de uma pequena luminosidade em outras

partes da chapa. Isso evidenciava que a trajetória de uma parte da radiação alfa era desviada

por algo na lâmina de ouro.

Com bases nas suas observações foi possível notar que existiriam espaços vazios entre

os átomos, por onde estava passando a radiação.

2.2. Modelo atômico atual

Somente neste modelo é conhecida a existência do nêutron (1932).

Hoje, acreditamos que, com uma exceção, o núcleo de muitos átomos contém ambas as

partículas: prótons e nêutrons (exceto o núcleo de muitos isótopos comuns de hidrogênio que

contém um próton e nenhum nêutron). Portanto, pela convenção, um próton tem uma carga de

+1, um elétron de -1 e um nêutron de 0.

Em resumo, podemos então descrever um átomo como apresentando um núcleo central,

que é pequeníssimo, mas que contém a maior parte da massa do átomo e é circundado por

uma enorme região extranuclear contendo elétrons (carga -1). O núcleo contém prótons (carga

+1) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo não tem carga devido ao número de prótons

Page 15: Apostila de Química Geral

15

ser igual ao número de elétrons. A soma das massas dos elétrons em um átomo é

praticamente desprezível em comparação com a massa dos prótons e nêutrons.

2.2.1. Teoria atômica

Átomo (unidade constituinte da matéria). Apresenta-se em 2 regiões:

- Núcleo: região central extremamente pequena; alta densidade; responsável pela massa

do átomo; constituído por prótons e nêutrons.

- Eletrosfera: região periférica; predomínio de espaços vazios; responsável pelo volume;

constituída por elétrons.

2.2.2. Átomos

Um átomo individual é geralmente identificado especificando dois números inteiros: o

número atômico Z e o número de massa A.

O número atômico Z é o número de prótons no núcleo. Ex: O número atômico do átomo

de sódio é 11, vale dizer que um átomo de sódio tem 11 prótons.

O número de massa A é o número total de núcleons (prótons mais nêutrons) no núcleo.

Nota-se, portanto que o número de nêutrons é igual a A - Z (=número de nêutrons).

O átomo isolado é neutro, pois o número de elétrons e prótons se igualam quando não

há ligação atômica.

Um átomo específico é identificado pelo símbolo do elemento com número atômico Z

como um índice inferior e o número de massa como um índice superior. Como abaixo:

16

8

A

Z X O

X = indica um átomo do elemento X

Z = número atômico

A = número de massa

16 = prótons + nêutrons, logo, nêutrons = 16 – 8 = 8

8 = número de prótons = número de elétrons

Page 16: Apostila de Química Geral

16

O exemplo acima se refere a um átomo de oxigênio com um número atômico 8 e um

número de massa 16.

O que pode diferenciar é o número de nêutrons (alterando assim a massa atômica(A)).

Todos os átomos de um dado elemento têm o mesmo número atômico, porque todos

tem o mesmo número de prótons no núcleo. Por essa razão, o índice inferior representando o

número atômico é algumas vezes omitido da identificação de um átomo individual. Por

exemplo, em vez de escrever: 16

8O

É suficiente escrever 16O para representar um átomo de oxigênio.

2.2.3. Isótopos

A palavra “isótopos” vem do grego e significa "mesmo lugar" - na Tabela Periódica os

isótopos de um elemento ocupam o mesmo lugar.

São átomos de um mesmo elemento que apresentam mesmo número atômico (prótons

representado por Z) e diferentes números de massa (prótons mais nêutrons representado por

A), pois tem diferentes números de nêutrons.

As propriedades químicas dos isótopos são semelhantes, pela existência do mesmo

número de elétrons.

O hidrogênio é um elemento que apresenta três isótopos, que são os únicos a

receberem nomes especiais. São isótopos do hidrogênio: o prótio , o deutério , e o

trítio .

Número de nêuntrons: 8 9 10

16 O

17 O

18 O

8 8 8

Cada um destes acima tem 8 prótons no seu núcleo. Isto é o que faz com que seja um

átomo de oxigênio.

Page 17: Apostila de Química Geral

17

2.2.4. Isóbaros

São aqueles átomos onde os números atômicos diferem, porém, há um mesmo número

de massa. São átomos de diferentes elementos, por isso suas propriedades não se

assemelham.

Exemplo: cálcio e potássio.

O potássio 40 é isóbaro do cálcio 40, porque o potássio 40 tem Z=19 e A=40, e o cálcio

40 tem Z=20 e A=40.

2.2.5. Isótonos

Átomos de mesmo número de nêutrons e possuidores de diferentes números atômicos,

e diferentes números de massa.

Exemplo: 3 4

1 2H He

tritio

Exemplo: flúor e neônio. 19 20

9 10F Ne

9 ≠ 10

Entretanto: 19 - 9 = 10 n

20 -10 = 10 n

São átomos de elementos químicos diferentes, de diferentes números atômicos,

diferentes números de massa, e mesmo número de nêutrons. Ex: o hidrogênio é isótono do

hélio 4, porque o H (trítio) tem Z=1 e A=3, então tem 2 nêutrons (A-Z), e o hélio tem Z=2 e A=4,

então também tem 2 nêutrons.

Page 18: Apostila de Química Geral

18

ALÓTROPOS: substâncias diferentes formadas pelo mesmo elemento químico. Ex:

C(grafite) e C(diamante); O2 (gás oxigênio) e O3 (gás ozônio); P (fósforo branco) e P

(vermelho).

2.3. Moléculas

Os átomos podem unir-se para formar partículas maiores chamadas moléculas.

A molécula é a menor unidade identificável em que uma substância pura simples ou

composta, pode ser dividida e que retém a composição e as propriedades químicas da

substância.

Se ela é formada por um átomo só ou por átomos iguais, é uma substância pura simples

(ex: ferro, oxigênio); no caso de os átomos unidos entre si serem diferentes, a substância pura

é composta (Ex: água, açúcar, gás carbônico).

Uma molécula é um composto de partículas que consistem em 2 ou mais átomos

quimicamente ligados um ao outro. Ex: O2, O3... (já são moléculas).

2.4. Elétrons

Elétrons são minúsculas partículas que vagueiam aleatoriamente ao redor do núcleo

central do átomo, sua massa é cerca de 1840 vezes menor que a do núcleo.

Existem 7 camadas em torno do núcleo e nelas estão os elétrons que orbitam o núcleo.

Cada camada pode conter um número limitado de elétrons.

Para explicar a estrutura do átomo, o físico dinamarquês Niels BOHR desenvolveu, em

1913, uma hipótese conhecida como teoria atômica de BOHR. Ele levantou a suposição de que

os elétrons estão arrumados em camadas definidas, ou níveis quânticos, a uma distância

considerável do núcleo. A disposição dos elétrons é chamada de configuração eletrônica (os

elétrons só podem se mover em determinadas órbitas).

Page 19: Apostila de Química Geral

19

2.4.1. Número máximo de elétrons nos níveis de energia

Os elétrons da eletrosfera distribuem-se em sete camadas eletrônicas que são

designadas pelas letras do alfabeto: K, L, M, N, O, P, Q.

Camada Número máximo de elétrons

K 2

L 8

M 18

N 32

O 32

P 18

Q 8

Seja qual for a última camada de um átomo, ele nunca pode possuir mais de 8 elétrons.

A penúltima camada geralmente tem 8 ou 18 elétrons. Quando um átomo se combina com

outro, há uma tendência a completar-se o n° máximo de elétrons da última camada.

Quanto mais afastado do núcleo, maior a energia do elétron.

Os orbitais correspondem a regiões do átomo com maior probabilidade de se encontrar

determinado elétron (maior manifestação eletrônica). Cada orbital acomoda no máximo dois

elétrons e, quando os elétrons ocupam um mesmo orbital, são ditos emparelhados.

O Spin Eletrônico é uma propriedade possuída pelos elétrons. Quando há dois elétrons

no mesmo orbital, seus spins estão em direções opostas, havendo uma compensação de

forças magnéticas.

- Os orbitais são representados por:

- Os elétrons em um orbital são representados por “meia seta”, e podem estar orientados

para cima ou para baixo.

Ex: os elétrons dos átomos de hidrogênio e hélio.

Page 20: Apostila de Química Geral

20

Em uma terminologia química, dois elétrons com spins em direções opostas são ditos

spins antiparalelos. As substâncias que possuem um ou mais elétrons desemparelhados são

fracamente atraídas em um campo magnético. Estas substâncias são chamadas

paramagnéticas. Aquelas que não possuem elétrons desemparelhados, não sendo, portanto,

atraídas em campo magnético, são chamadas diamagnéticas. A intensidade da atração

depende, logicamente, do número de elétrons desemparelhados na substância.

PARAMAGNÉTICAS: atraídos pelo ímã (somente uma flechinha no orbital).

DIAMAGNÉTICAS: repelidas pelo ímã (com duas flechinhas no orbital).

SPIN emparelhados: o campo magnético é cancelado pelo campo magnético do

segundo spin oposto.

- Subcamadas (ou subníveis de energia): Os orbitais em um átomo são agrupados em

subcamadas e, na ausência de qualquer campo magnético aplicado externamente, todos os

orbitais de uma mesma subcamada tem a mesma energia. Em átomos no seu estado

fundamental podem existir quatro tipos de subcamadas, designadas pelas letras s, p, d, f, que

consistem em 1, 3, 5 e 7 orbitais, respectivamente. Costuma-se representar os orbitais nas

subcamadas por quadrados como a ilustração abaixo:

- Camadas (ou níveis de energia): Um agrupamento de subcamadas é denominado

camada. Todos os elétrons em uma dada camada estão à mesma distância média do núcleo.

Dois métodos equivalentes são normalmente utilizados para a designação das camadas: K, L,

M, N etc.; isto é, a primeira camada (n=1) é denominada camada K, a segunda camada (n=2) é

L, e assim por diante.

Hidrogênio Tem um único elétron.

Hélio Tem 2 elétrons emparelhados num orbital.

Page 21: Apostila de Química Geral

21

A camada K (n = 1), por exemplo, consiste em apenas uma subcamada, chamada 1s. A

camada L (n = 2) consiste em duas subcamadas, a 2s e a 2p, e a camada M (n = 3) em três,

3s, 3p e 3d.

2.4.2. Distribuição eletrônica

- DIAGRAMA DE ORBITAIS:

O (Z = 8): (Z é o número atômico, número de prótons)

- NOTAÇÃO ESPECTROSCÓPICA

O (z = 8): 1s2 2s2 2p4

Ex: átomo de Silício: Si (Z = 14)

- Diagrama de orbitais:

- Notação espectroscópica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2

Ex: átomo de Enxofre: S (Z = 16)

- Diagrama de orbitais:

- Notação espectroscópica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4

1

s

2

s 2p

3

s 3p

1

s

2

s 2p

3

s 3p

1

s

2

s 2p

Page 22: Apostila de Química Geral

22

2.4.3. Convenção cerne do gás nobre

Gás nobre é um gás a temperatura e pressão ambiente, e é nobre, tem pouca tendência

a reagir quimicamente (porque tem a sua última camada completa, com 8 elétrons).

Para um átomo posterior ao gás nobre, a parte da configuração eletrônica do gás nobre

pode ser abreviada, colocando-se o símbolo do gás nobre entre colchetes e findando

(completando) a configuração.

Gases nobres:

Hélio [He] (Z = 2) 1s2

Neônio [Ne] (Z = 10) 1s2 2s2 2p6

Argônio [Ar] (Z = 18) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6

Criptônio [Kr] (Z = 36) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p6

Xenônio [Xe] (Z = 54) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p6 4d10 5s2 5p6

Randônio [Rn] (Z = 86) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p6 4d10 5s2 5p6 5d10 6s2 6p6

Exemplos de configurações:

Silício – Si (z = 14): [Ne] 3s2 3p2

Lítio - Li (Z = 3): [He] 2s1

Oxigênio – O (Z = 8): [He] 2s2 2p4

Sódio – Na (Z = 11): [Ne] 3s1

Enxofre – S (Z = 16): [Ne] 3s2 3p4

2.4.4. Configurações eletrônicas

DIAGRAMA DE LINUS PAULING: sequência de preenchimento das subcamadas.

Até hoje são conhecidas sete camadas eletrônicas, e suas subcamadas estão descritas

abaixo, no diagrama de Linus Pauling, onde a ordem crescente de preenchimento dos elétrons

está indicada pelas setas:

Page 23: Apostila de Química Geral

23

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d10 7p6

2.4.5. Regra de Hund

Os elétrons são distribuídos em um átomo segundo uma regra conhecida como regra de

Hund:

“Ao ser preenchida uma subcamada, cada orbital dessa subcamada recebe inicialmente

apenas um elétron; somente depois de o último orbital dessa subcamada ter recebido seu

primeiro elétron começa o preenchimento de cada orbital semicheio com o segundo elétron”.

Exemplo: para o átomo de potássio (19K):

19K 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1

Os números sobrescritos na letra correspondem ao número de elétrons existentes na

subcamada. Fazendo a distribuição eletrônica nos orbitais para o potássio, teremos:

EXISTEM EXCEÇÕES: (nem sempre isso ocorre, um exemplo é o silício (Si) (Z = 14).

Cromo – Cr (Z = 24): [Ar] 3d5 4s1 (exceção)

Page 24: Apostila de Química Geral

24

Cobre – Cu (Z = 29): [Ar] 3d10 4s1 (exceção)

Observe que no átomo de cromo a subcamada 3d está semipreenchida (com um elétron

em cada orbital) e no átomo de cobre está completamente preenchida (2 elétrons em cada

orbital). Há evidências de que a presença de subcamadas totalmente ou semipreenchidas

conferem um grau adicional de estabilidade aos átomos. Como as camadas 3d e 4s estão

próximas em termos de energia, nos átomos Cr e Cu, um dos elétrons da subcamada 4s

“desloca-se” para a subcamada 3d.

2.5. Massa atômica

Expressa em gramas, a massa de um átomo de oxigênio é 2,7 x 10-23g. Esse número é

extremamente pequeno.

Quando indicamos massas de átomos é conveniente usarmos uma unidade de massa

que seja muito menor que um grama. Indicar a massa de um átomo em gramas é como

expressar a massa de uma pulga em toneladas.

A medida de uma grandeza é feita por comparação com uma grandeza padrão

conveniente escolhida. Desta forma, a medida de massa de um corpo é feita comparando-se a

massa de um determinado corpo com a massa de um padrão adequadamente escolhido.

Átomos individuais são muito pequenos para serem vistos e muito menos pesados.

Porém, é possível determinar as massas relativas de átomos diferentes, quer dizer, podemos

determinar a massa de um átomo comparando com um átomo de outro elemento utilizado

como padrão.

Em 1961, na Conferência da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC),

adotou-se como padrão de massas atômicas o isótopo 12 do elemento carbono (12C), ao qual

se convencionou atribuir o valor de 12 unidades de massa.

Uma unidade de massa atômica (1u) corresponde desta forma a 1/12 de massa de um

átomo de isótopo 12 do carbono.

Essa é a chamada unidade de massa atômica - 1 u.m.a. = 1/12 da massa do carbono

12.

Page 25: Apostila de Química Geral

25

Através disso, é possível estabelecer uma relação com a massa atômica de um átomo

qualquer, descobrindo-se quantas vezes a massa atômica do átomo é maior que 1/12 do

carbono 12.

O valor de 1 u é de 1,66 · 10–24 g, o que corresponde aproximadamente à massa de

um próton ou de um nêutron.

1,66 x 10-24 g = 1,66 x 10-27 kg

Quando dizemos que a massa atômica de 32S é igual a 32u, concluímos que:

- A massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32u.

- A massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 vezes a massa de 1/12 do átomo de

C-12.

- A massa de um átomo 32S é igual a 2,7 vezes a massa de um átomo de C-12.

32 x (1/12) = 2,67

O equipamento utilizado na determinação da massa atômica é denominado

ESPECTÔMETRO DE MASSA.

2.6. Massa Molecular

A massa molecular das substâncias é igual à somatória das massas atômicas (A) dos

elementos constituintes. Representa quantas vezes a massa da molécula é maior que a

unidade de massa atômica (u).

Exemplo: para a molécula C12H22O11 (açúcar, sacarose), a massa molecular será:

12 átomos de carbono = 12 x 12,0107 u = 144,1284 u

22 átomos de hidrogênio = 22 x 1,0079 u = 22,1738 u

Page 26: Apostila de Química Geral

26

11 átomos de oxigênio = 11 x 15,9994 = 175,993 u

E a soma 342,2967 u

2.7. Número de Avogadro

Um único átomo é tão pequeno que, para que uma amostra de matéria possa ser vista e

manipulada, esta precisa consistir em um enorme número de átomos. Por essa razão, é

conveniente especificar um número total de átomos em uma amostra, não como átomos

individuais, mas, preferencialmente, em termos de “pacotes” consistindo em um certo número

de átomos, do mesmo modo que indicamos o número de ovos em uma cartela por dúzia.

Sejam as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de alumínio e 40 g de cálcio.

Experimentalmente verifica-se que o número de átomos N, existentes em cada uma das

amostras, é o mesmo, embora elas possuam massas diferentes. Porém, quantos átomos

existem em cada uma dessas amostras? Várias experiências foram realizadas para determinar

esse número conhecido como número de Avogadro (N) e o valor encontrado é igual a:

6,02x1023

Assim, o número de Avogadro é o número de átomos em x gramas de qualquer

elemento, sendo x a massa atômica do elemento, portanto existem:

• 6,02 · 1023 átomos de C em 12 g de C (MAC = 12 u)

• 6,02 · 1023 átomos de Al em 27 g de Al (MAAl = 27 u)

• 6,02 · 1023 átomos de Ca em 40 g de Ca (MACa = 40 u)

O número de Avogadro é o número de átomos de um elemento, que deve ser reunido

com a finalidade de que o grupo inteiro apresente uma massa em gramas que é

numericamente igual à massa atômica em u. Para cada elemento este é 6,02 x 1023 átomos.

Número de Avogadro: É o número de átomos ou moléculas existentes em 1 atg

(átomo-grama) ou molg (molécula-grama) de qualquer elemento ou substância química.

Contém 6,02x1023 partículas elementares (átomos, moléculas, íons, elétrons, prótons,

nêutrons, etc).

Page 27: Apostila de Química Geral

27

2.8. Mol

É o conjunto de 6,02 x 1023 partículas quaisquer, o que vale dizer:

1 mol de átomos = um mol de moléculas = 6,02 x 1023 moléculas.

Um mol contém sempre o mesmo número de partículas; não importa qual a substância.

Ex: um mol de sódio contém o mesmo número de átomos que um mol de ferro. Sendo que: 1

mol = 6,02 x 1023 partículas.

Segundo a IUPAC, mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades

elementares quantos são os átomos de carbono-12 contidos em 0,012 kg do C-12. Constante

de Avogadro é o número de átomos de C-12 contidos em 0,012 kg de C-12 e seu valor é

6,02x1023mol -1.

“Mol é a quantidade de substância que contém 6,02 x 1023 unidades da substância em

questão e é unidade de quantidade de matéria.”

1 mol de H tem 1g e 6,02 x 1023 átomos de hidrogênio

2 mols de H tem 2g e 2 x ( 6,02 x 1023) átomos de hidrogênio

3 mols de H tem 3g e 3 x ( 6,02 x 1023) átomos de hidrogênio

1 mol de H2O tem 18g e 6,02 x 1023 moléculas de água

2 mols de H2O tem 36g e 2 x (6,02 x 1023) moléculas de água

3 mols de H2O tem 54g e 3 x (6,02 x 1023) moléculas de água

1 mol de H2O tem 18g e 6,02 x 1023 átomos de oxigênio e 2 x (6,02 x 1023) átomos de

hidrogênio

2 mols de H2O tem 36g e 2 x (6,02 x 1023) átomos de oxigênio e 4 x (6,02 x 1023)

átomos de hidrogênio

3 mols de H2O tem 54g e 3 x (6,02 x 1023) átomos de oxigênio e 6 x (6,02 x 1023)

átomos de hidrogênio

Page 28: Apostila de Química Geral

28

O mol é a linguagem das reações químicas. Os coeficientes representam número de

mols.

2 NaOH + 1 H2SO4 => 1 Na2SO4 + 2 H2O

(Hidróxido de sódio + ácido sulfúrico → sulfato de sódio (sal) + água)

Reagentes: 2 mols de NaOH e 1 mol de H2SO4

Produtos: 1 mol de Na2SO4 e 2 mols de H2O

6,02 x 1023 átomos e 1 mol de átomos são medidas equivalentes.

Exercício 2.1:

Calcule a quantidade de átomos de ferro em uma amostra deste material que

corresponde a 2 mols de ferro.

Exercício 2.2:

Quantos mols de átomos de ferro estão presentes em 25 gramas de ferro?

Page 29: Apostila de Química Geral

29

3. Estequiometria

A palavra estequiometria é de origem grega e significa medida de uma substância. É

definida como o estudo das quantidades relativas de elementos combinados em compostos e

das quantidades relativas de substâncias consumidas e formadas em reações químicas.

A estequiometria é de extrema importância no cotidiano, principalmente nas indústrias ou

laboratórios, pois objetiva calcular teoricamente a quantidade de reagentes a ser usada em

uma reação, prevendo a quantidade de produtos que será obtida em condições

preestabelecidas.

Lei de Proust: nas reações químicas átomos não são criados ou destruídos. Os átomos

são conservados na reação, todos os átomos nos reagentes devem ter correspondentes nos

produtos.

CNTP: Condições normais de T e P (P = 1atm, T = 0°C = 273K)

Exemplo de balanceamento estequiométrico:

Reação de combustão do álcool etílico:

Balanceando a equação, ficamos com:

2 6 2 2 2

2 6 2 2 2

2 6 2 2 2

2 6 2 2 2

: 2

: 2 3

: 3 2 3

C H O O CO H O

C C H O O CO H O

H C H O O CO H O

O C H O O CO H O

Estabelecida a proporção em mols, pode-se fazer inúmeros cálculos, envolvendo os

reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando as relações de várias maneiras.

Page 30: Apostila de Química Geral

30

Exercício 3.1:

Balancear a equação da queima do hexano pelo oxigênio para formar dióxido de

carbono e água (reação de combustão).

C6H14 + O2 → CO2 + H2O

Exercício 3.2:

A experiência mostra que o zinco e o ácido clorídrico (solução aquosa de cloridreto)

reagem entre si para formar o cloreto de zinco, com desprendimento de hidrogênio, segundo a

reação: 2 22Zn HCl ZnCl H .

Calcule:

a) a massa de cloreto de zinco que pode ser obtida a partir de 13,08g de zinco;

b) a massa de ácido clorídrico que será consumida nessa reação (referente a letra “a”);

c) a massa de hidrogênio que será obtida na mesma reação (referente a letra “a”);

Exercício 3.3:

O sulfeto de zinco sofre combustão de acordo com a equação:

2ZnS + 3O2 → 2ZnO + 2SO2

Partindo de 28L de oxigênio nas CNTP, calcule:

a) A massa, em gramas, de sulfeto de zinco que reage.

Page 31: Apostila de Química Geral

31

b) O número de moléculas de óxido de zinco que reage.

c) O número de mols e o volume nas CNTP, de dióxido de enxofre que se forma.

3.1. Problemas com reagentes limitantes

Vimos que os coeficientes em uma equação balanceada indicam a relação de números

de mols das espécies dos reagentes e produtos.

Exemplo: 2 2 22 2H O H O

2:1 – esta razão é chamada de “razão estequiométrica” dos reagentes. Nada mais é que:

2 moléculas de hidrogênio para 1 de oxigênio, para formar 2 moléculas de água.

Razão fixa: se uma quantidade adicional (um excesso) de qualquer um dos reagentes

estiver presente além da razão estequiométrica, o excesso permanecerá sem reagir.

Exemplo: Se 2,5 mols de moléculas de H2 e 1 mol de moléculas de O2 estiverem

presentes no início da reação, somente dois mols de moléculas de H2 reagirão, deixando

0,5mol sem reagir.

OXIGÊNIO: reagente limitante (devido à quantidade de água formada ser limitada pela

quantidade de oxigênio presente, não pelo hidrogênio).

HIDROGÊNIO: encontra-se em excesso.

“Uma vez identificado o reagente limitante, a quantidade deste (em mols) pode ser usada

para calcular as quantidades de produtos formados.”

Exercício 3.4:

3,65g de H2 e 26,7g de O2 são misturados e reagem. Qual o reagente limitante e qual o

reagente em excesso? Quantos gramas de H2O são formados?

Page 32: Apostila de Química Geral

32

4. Transformações químicas

Chamamos fenômeno a toda alteração sofrida por um sistema. Os fenômenos podem ser:

físicos ou químicos.

A Transformação física é a transformação que não altera a identidade química da

substância.

As mudanças de estado são exemplos deste tipo de transformação. O ferro fundido, por

exemplo, ainda é ferro. Um pedaço de fio de cobre pode ser dobrado e não se transforma em

outra substância, podendo até ser finamente dividido em grânulos de pó.

A Transformação química é a transformação que altera a identidade química das

substâncias. São as chamadas reações químicas. São mais significativas ou fundamentais do

que as transformações físicas. Na transformação química as substâncias são destruídas e

novas substâncias são formadas.

São mais conhecidas como REAÇÕES QUÍMICAS. Ex: corrosão, combustão, queima da

madeira, acidez do leite, cozimento do pão.

Exercício 4.1:

Qual dos fenômenos a seguir não envolve reações químicas? Por quê?

a) Fusão de gelo.

b) Digestão de alimentos.

c) Queima de vela.

e) Explosão de dinamite.

Page 33: Apostila de Química Geral

33

4.1. A lei das transformações químicas

A observação de muitas reações químicas ao longo do tempo revelou certo número de

consistências conhecidas por LEIS DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS. A primeira destas

leis foi enunciada por um químico francês, Lavoisier, em 1774, e é agora denominada LEI DA

CONSERVAÇÃO DA MASSA. Nas reações químicas não há destruição nem criação de

matéria, apenas a transformação.

ENUNCIADO QUÍMICO: "Nas reações químicas realizadas em recipientes fechados, a

soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos".

ENUNCIADO FILOSÓFICO: "A matéria não pode ser criada nem destruída, pode

apenas ser transformada". Ou ainda, "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se

transforma".

É interessante notar que durante séculos a humanidade não despertou para a idéia da

conservação da massa numa reação química. Os sistemas montados eram sempre abertos e,

com isso, os resultados obtidos apresentavam sempre uma variação de massa, uma vez que

os gases podiam sair e entrar no sistema. Os antigos acreditavam que, quando se queimava

uma substância, a matéria desaparecia. Mas na verdade esquecia-se de computar na massa

final os gases que se desprendiam da reação, ou seja, eram computadas apenas as cinzas.

Exercício 4.2:

O carbonato de cálcio é decomposto em óxido de cálcio e dióxido de carbono. Se 25,4g

de carbonato de cálcio são utilizados formando 10,3g de óxido de cálcio, qual a massa de

dióxido de carbono será formada?

Page 34: Apostila de Química Geral

34

5. Compostos iônicos e covalentes

Toda e qualquer matéria que conhecemos é formada, de algum modo, pelos elementos

que aparecem listados na tabela periódica. No entanto, quando verificamos a composição das

substâncias, notamos que é muito raro encontrar os átomos isolados. Eles quase sempre estão

unidos formando agregados.

Um dos aspectos mais intrigantes da química é o estudo das forças que agem entre os

átomos. As mais fortes destas forças, denominadas ligações químicas, são forças que unem

átomos formando moléculas, agrupamentos de átomos ou sólidos iônicos.

Para haver ligação química é necessário que no mínimo dois átomos aproximem-se e

que, além disso, cada um deles sofra algum tipo de alteração em sua distribuição de elétrons,

em função desta aproximação. Isso significa que um átomo pode ligar-se de maneira diferente,

dependendo do outro átomo que formará o par de átomos ligados.

Existem duas classes principais de forças de ligação. Uma envolve a transferência de

elétrons entre os átomos; ela produz íons e é chamada de ligação iônica. A outra ocorre entre

moléculas e envolve o compartilhamento de elétrons, ela é chamada de ligação covalente.

5.1. Ligações iônicas

Na ligação iônica as forças eletrostáticas atraem os íons de cargas opostas.

Tomemos como exemplo o modelo constituído de sódio e cloro. Conforme a posição na

tabela periódica, sabemos que o sódio possui um elétron mais externo, enquanto o cloro possui

sete elétrons mais externos:

Na (Z = 11): 1s22s22p63s1

Cl (Z = 17): 1s22s22p63s23p5

A diferença na quantidade de elétrons mais externos (valência) e sua distribuição

eletrônica entre os dois átomos provocam uma grande diferença na atração entre esses dois

elétrons e os respectivos núcleos. Os elétrons externos do cloro são mais fortemente atraídos

pelo respectivo núcleo do que o único elétron de valência do sódio é atraído pelo seu núcleo.

Page 35: Apostila de Química Geral

35

Após essas considerações, podemos imaginar o que ocorrerá quando os dois átomos

estiverem próximos o suficiente, de modo que o núcleo de um deles atrai também os elétrons

mais externos do outro átomo. No caso do cloreto de sódio, o núcleo do cloro atrai fortemente o

único elétron de valência do sódio e o cloro passa a se comportar como um íon Cl-

(denominado cloreto).

Enquanto isso, o sódio passa a se comportar como um íon Na+. As duas espécies ligam-

se, então, por forças eletrostáticas entre íons de cargas opostas. O modelo “cloreto de sódio”,

utilizado nos argumentos anteriores, nos permite elaborar o conceito de ligação iônica:

“A ligação iônica consiste na interação entre íons positivos (cátions) e negativos (ânions),

e, em função da interação entre as forças eletrostáticas existentes entre os íons de cargas

opostas, não existe nenhum vínculo relativo à origem de cada íon.”

A ligação iônica acontece quando se unem um metal do lado esquerdo da tabela

periódica, de baixa eletronegatividade, e um não-metal do lado direito, de eletronegatividade

elevada.

5.1.1. As estruturas de Lewis

Em 1916, o químico norte americano G. N. Lewis desenvolveu um método de colocar os

elétrons em átomos, íons e moléculas. Este método faz uso de diagramas, agora chamados de

“estruturas de Lewis”. A estrutura de Lewis para um átomo consiste no seu símbolo químico,

rodeado por um número de pontos correspondentes ao número de elétrons da camada de

valência do átomo.

Exemplo: Escreva a estrutura de Lewis para o cloreto de cálcio.

O cálcio, do grupo IIA da tabela periódica, possui dois elétrons de valência, e o cloro, do

grupo VIIA, possui sete. Ao perder seus elétrons de valência, o cálcio converte dois átomos de

Cl em íons.

2 2 6 2 5

17 1 2 2 3 3Cl s s p s p (ganha 1 elétron)

2 2 6 2 6 2 2

20 1 2 2 3 3 4 [ ]4Ca s s p s p s ou Ar s (perde 2 elétrons)

Page 36: Apostila de Química Geral

36

Exercício 5.1:

Escreva a estrutura de Lewis para o óxido de alumínio.

5.2. Ligações covalentes

Vimos que quando um átomo possui uma energia de ionização baixa e outro apresenta

uma afinidade eletrônica alta, um ou mais elétrons podem se transferir do primeiro para o

segundo para formar uma ligação iônica.

A ligação covalente ocorre quando os dois átomos têm a mesma tendência de ganhar e

perder elétrons. Sob essas condições, a transferência total de um elétron não acontece. Em

vez disso, os elétrons ficam compartilhados entre os átomos. Neste tipo de ligação não há a

formação de íons, pois as estruturas formadas são eletronicamente neutras.

É o que ocorre entre átomos com eletronegatividades iguais ou muito próximas. A

atração do par eletrônico é exercida pelos átomos na mesma intensidade.

A ligação covalente é a ligação mais comum no corpo humano e é mais estável que uma

ligação iônica. Quando uma ligação covalente é formada, nenhum dos átomos envolvidos

perde ou ganha elétrons. Em vez disso, os dois átomos compartilham um, dois ou três pares de

elétrons. Uma maneira que o átomo de hidrogênio pode usar para completar sua camada

eletrônica mais externa é combinar-se com outro átomo de hidrogênio para formar a molécula

de H2. Na molécula de H2, os dois átomos compartilham um par de elétrons. Cada átomo de

hidrogênio tem seu próprio elétron, mais um elétron do outro átomo. Quando um par de

elétrons é compartilhado entre dois átomos, como na molécula de H2, uma única ligação

Page 37: Apostila de Química Geral

37

covalente é formada. Quando dois ou três pares de elétrons são compartilhados entre dois

átomos, uma ligação covalente dupla ou tripla é formada.

Os mesmos princípios que se aplicam à ligação covalente entre átomos do mesmo

elemento, também se aplicam a átomos de diferentes elementos. O metano (CH4) é um

exemplo de ligação covalente entre átomos de diferentes elementos. A camada eletrônica mais

externa do átomo de carbono pode conter 8 elétrons, mas possui apenas quatro dele mesmo.

Cada átomo de hidrogênio pode conter dois elétrons, mas possui apenas um dele mesmo. Na

molécula de metano, o átomo de carbono compartilha quatro pares de elétrons, um com cada

átomo de hidrogênio.

Previsão dos tipos de ligação:

Conforme os elementos:

Ligação iônica: metal + não-metal.

Ligação covalente: não-metal + semimetal.

Diferença de eletronegatividade:

A ligação iônica ocorre quando há diferença de eletronegatividade superior a 1,9 (∆ > 1,9).

A ligação covalente ocorre quando a diferença for inferior a 1,9 (∆ < 1,9).

Page 38: Apostila de Química Geral

38

6. Geometria molecular

A forma molecular somente se torna uma incógnita quando existem pelo menos três

átomos presentes. Se existirem somente dois átomos, não há dúvidas de como eles estão

agrupados; um está exatamente ao lado do outro. Mas quando existem três ou mais átomos em

uma molécula achamos que seu formato pode, geralmente, ser considerado derivado de uma

das cinco estruturas geométricas básicas, como pode ser visto na figura abaixo:

Moléculas lineares: Em uma molécula linear, os átomos estão

dispostos em uma linha reta. Todas as moléculas diatômicas

poderiam então ser consideradas lineares. Quando existem três

átomos presentes em uma molécula linear, o ângulo formado pelas

ligações, que chamamos de ângulo de ligação, é de 180°. Ex: BeCl2.

Page 39: Apostila de Química Geral

39

Moléculas triangulares planas: É uma molécula em que três

átomos estão localizados nos vértices de um triângulo e estão

ligados a um quarto átomo que está no centro deste triângulo. Nesta

molécula, os quatro átomos estão ligados no mesmo plano e os

ângulos de ligação são todos iguais a 120°. Ex: BCl3.

Moléculas tetraédricas: Um tetraedro é uma figura geométrica de

quatro lados, com formato de uma pirâmide, com faces triangulares.

É uma molécula em que quatro átomos, localizados nos vértices do

tetraedro, estão ligados a um quinto átomo no centro desta estrutura.

Todos os ângulos de ligação em uma molécula tetraédrica são

idênticos, valendo 109,5°. Ex: CH4.

Moléculas bipiramidais triangulares: Uma bipirâmide triangular

consiste em duas pirâmides triangulares (pirâmides com faces

triangulares) que compartilham uma mesma base. Nesta molécula o

átomo central está localizado no meio do plano compartilhado pelas

pirâmides triangulares superior e inferior, e está ligado a cinco

átomos que estão nos vértices. Ex: PCl5.

Moléculas octaédricas: Um octaédrico é uma figura de oito lados,

que você pode imaginar como duas pirâmides quadradas

compartilhando uma base quadrada. O octaedro tem apenas seis

vértices, e em uma molécula octaédrica encontramos um átomo no

centro do octaedro ligado a seis outros átomos localizados nesses

vértices. Todas as ligações em uma molécula octaédrica são

equivalentes, com ângulos de 90° entre as ligações adjacentes. Ex:

SF6.

Page 40: Apostila de Química Geral

40

6.1. Como prever os formatos das moléculas

Para prever os formatos das moléculas, utiliza-se a teoria da repulsão do par eletrônico

da camada de valência.

A teoria é baseada na noção de que os pares de elétrons da camada de valência,

carregados negativamente, permanecem tão separados quanto possível, de modo a minimizar

suas repulsões mútuas. Para conseguir essa minimização, os pares de elétrons se arranjarão

em torno do átomo central o mais afastado possível.

Considere o BeCl2, uma molécula com apenas dois pares de elétrons em torno do átomo

central. Esses elétrons estão arranjados a 180° para separação máxima:

A estrutura molecular pode ser agora rotulada como uma estrutura linear. Quando

apenas dois pares de elétrons circundam um átomo, eles devem ser colocar a 180° para

produzirem uma estrutura linear.

O que ocorre quando há três pares de elétrons no átomo central? Considere a molécula

de BF3. A maior separação dos pares de elétrons ocorrerá quando os ângulos entre os átomos

forem de 120°:

Esse arranjo de átomos é planar e geralmente chamado de trigonal planar.

Considere agora a situação mais comum, CH4, com quatro pares de elétrons no átomo

de carbono central. Nesse caso, o átomo central exibe uma estrutura eletrônica de gás nobre.

Que arranjo atenuará as repulsões entre os pares eletrônicos? A princípio parece que um

ângulo de 90°, com todos os átomos no mesmo plano, é uma escolha óbvia. Entretanto,

devemos considerar que as moléculas são tridimensionais. Esse conceito resulta numa

estrutura na qual os pares de elétrons estão, na verdade, a 109,5°.

Page 41: Apostila de Química Geral

41

Resumo das principais formas moleculares:

A= átomo central ; X= átomos ligantes ; E=pares de elétrons não ligantes

Duplas e triplas ligações contam como uma ligação simples (um par de elétrons).

Tipo de molécula ou íon Forma

AX2 Linear CO2

AX3 Triangular BCl3

AX2E Angular SnCl2

AX4 Tetraédrica CH4

AX3E Piramidal NH3

AX2E2 Angular H2O

AX5 Bipirâmide trigonal PCl5

AX4E Tetraédrica irregular SF4

AX3E2 Forma de T ClF3

AX2E3 Linear XeF2

AX6 Octaédrica SF6

AX5E Piramidal base quadrada BrF5

AX4E2 Quadrado planar XeF4

Page 42: Apostila de Química Geral

42

7. Sólidos

7.1. Estruturas cristalinas e amorfas

A maioria das substâncias elementares conhecidas é sólida à temperatura de 25°C e

1atm. Apenas 11 substâncias elementares apresentam-se no estado gasoso sob essas

condições (H2, N2, O2, F2, Cl2 e os seis gases nobres) e somente duas substâncias elementares

apresentam-se no estado líquido (Hg e Br2). Muitos compostos comuns são gases (como CO2 e

CH4 / metano) e líquidos (H2O), mas, assim como ocorre com as substâncias elementares, a

maioria dos compostos é também sólida.

Os sólidos são bastante diferentes dos gases: são duros e rígidos, não mostrando

praticamente tendência em fluir ou difundir, e são geralmente incompressíveis. Os sólidos

consistem em partículas (átomos, íons ou moléculas) muito próximas umas das outras e

ligadas fortemente entre si. Comparado com um gás que apresentam moléculas muito

espaçadas, um sólido apresenta uma estrutura extremamente compacta, na qual as partículas

estão fortemente interligadas.

Contrariamente ao que ocorre com um gás, em que o volume cai pela metade ao

dobrarmos a pressão, em um sólido é necessário uma pressão da ordem de 106 para um

mesmo decréscimo de volume.

Tradicionalmente, um sólido é definido como uma substância que mantém um volume e

uma forma fixos. Em outras palavras, o tamanho e a forma de um sólido não são influenciados

pelo tamanho e forma do recipiente no qual ele está contido. Uma definição moderna de sólido

baseia-se de preferência na estrutura interna e não em propriedades físicas.

Uma das características mais notáveis dos sólidos é a sua ocorrência como cristais. O

crescimento extremamente lento num meio uniforme é necessário para a obtenção de cristais

grandes e perfeitamente formados. Como estas condições não são geralmente atingidas, é

comum obter-se cristais que apresentam distorções (sólidos amorfos). Tais distorções são o

resultado de condições não uniformes na vizinhança do cristal em crescimento, que favorecem

o crescimento mais rápido em certas direções do que em outras. As impurezas muitas vezes

afetam a forma de um cristal.

Page 43: Apostila de Química Geral

43

Em um sólido cristalino os átomos, íons ou moléculas estão ordenados em arranjos

bem definidos. Esses sólidos geralmente têm superfícies planas ou faces que fazem ângulos

definidos entre si. Exemplo de sólidos cristalinos: quartzo e diamante.

Sólido amorfo é aquele cujas partículas não tem estrutura regular. Eles não possuem

faces e formas bem definidas. Muitos sólidos amorfos são misturas de moléculas que não se

encaixam muito bem. Exemplo de sólidos amorfos: borracha e vidro.

O vidro é um líquido de alta viscosidade ou um sólido amorfo.

A estrutura dos átomos e moléculas do vidro é desordenada como num líquido. A

química considera sólido todo aquele que tem um arranjo ordenado de átomos, moléculas ou

íons. Por exemplo: o sal de cozinha cristaliza num sistema cúbico, a sacarose em sistema

hexagonal. Como a estrutura do vidro é desordenada, considera-se que ele é um líquido de alta

viscosidade a temperatura ambiente.

O vidro é um líquido de alta viscosidade e de baixíssima fluidez, o que dá a impressão

de um sólido, porém se o mesmo for deixado na posição vertical por centenas de anos

poderemos observar seu escoamento que aparece com a diminuição da espessura da parte de

cima do vidro e um aumento na espessura da base do vidro, como ocorre em algumas

catedrais da Europa.

A viscosidade de um fluido é basicamente uma medida de quanto ela gruda. A água é

um fluido com pequena viscosidade. Coisas como xampu ou xaropes possuem densidades

maiores. A viscosidade também depende da temperatura. O óleo de um motor, por exemplo, é

muito menos viscoso a temperaturas mais altas do que quando o motor está frio.

7.2. Células unitárias

Page 44: Apostila de Química Geral

44

A estrutura física dos materiais sólidos depende fundamentalmente do arranjo estrutural de

seus átomos, íons ou moléculas. A grande maioria dos materiais comumente utilizados em

engenharia, particularmente os metálicos, exibe um arranjo geométrico de seus átomos bem

definido, constituindo uma estrutura cristalina. Um material cristalino, independente do tipo de

ligação encontrada no mesmo, caracteriza-se por apresentar um agrupamento ordenado de seus

átomos, íons ou moléculas, que se repete nas três dimensões. Os arranjos atômicos em um sólido

cristalino podem ser descritos usando, como referência, os pontos de intersecção de uma rede de

linhas nas três dimensões. Em um cristal ideal, o arranjo destes pontos em torno de um ponto

particular deve ser igual ao arranjo em torno de qualquer outro ponto da rede cristalina. Dessa

maneira, é possível descrever um conjunto de pontos ou posições atômicas repetitivo,

denominado de célula unitária.

Uma célula unitária é também definida como a menor porção do cristal que ainda

conserva as propriedades originais do mesmo. Através da adoção de valores específicos, como

parâmetros axiais e ângulos interaxiais, pode-se obter células unitárias de diversas naturezas. O

estudo da estrutura interna dos materiais necessita da utilização de 7 arranjos atômicos básicos,

que podem representar as estruturas de todas as substâncias cristalinas conhecidas.

Page 45: Apostila de Química Geral

45

A mais simples dela é a célula unitária cúbica, na qual todos os lados são iguais em

comprimento e todos os ângulos são de 90°.

Existem três tipos de células unitárias cúbicas:

Page 46: Apostila de Química Geral

46

Quando os pontos de redes estão tão somente nos vértices, a célula unitária é chamada

cúbica simples (CCS). Quando também aparece um ponto de rede no centro da célula unitária,

a célula é cúbica de corpo centrado (CCC). Quando a célula tem pontos de rede no centro de

cada face, bem como em cada vértice, ela é cúbica de face centrada (CFC).

A maioria dos metais tem este tipo de estrutura (cúbica). O níquel, por exemplo, tem uma

célula unitária cúbica de face centrada (CFC), enquanto o sódio tem célula cúbica de corpo

centrado.

7.3. Defeitos nos sólidos

O estado sólido é quase sempre caracterizado por irregularidades internas conhecidas

como defeitos. Isto inclui irregularidades conhecidas como defeitos lineares ou deslocamentos,

nos quais a regularidade do retículo cristalino é interrompida ao longo da linha, e defeitos

pontuais, que incluem vazios e posições intersticiais, centros de cor e centros de impurezas.

Diversas propriedades dos materiais metálicos são profundamente afetadas pela

presença de defeitos cristalinos e frequentemente determinadas características são

intencionalmente alteradas pela introdução de quantidades controladas de defeitos. Exemplos:

dopagem de semicondutores, endurecimento de metais e ligas por encruamento (deformação a

frio), refino do tamanho de grão.

Os defeitos cristalinos são imperfeições que ocorrem no arranjo periódico regular dos

átomos em um cristal. Podem envolver irregularidades: na “posição dos átomos” e no “tipo de

Page 47: Apostila de Química Geral

47

átomos”. O tipo e o número de defeitos dependem: do material, da “história” de processamento

do material e do meio ambiente.

É considerado defeito cristalino toda e qualquer alteração que possa modificar a ordem

do material perfeito. Desse modo são defeitos: um átomo fora de seu lugar, a falta de um

átomo, um átomo de impureza de tamanho diferente que o da rede, um empilhamento alterado,

uma superfície irregular, um precipitado, uma bolha, enfim, tudo que perturba a organização

perfeita.

7.3.1. Defeitos Lineares (ou deslocamentos)

Um defeito linear, também chamado deslocamento, é uma irregularidade estrutural que

segue uma linha no cristal. Existem dois tipos comuns de deslocamento: o deslocamento em

cunha e o deslocamento helicoidal.

Deslocamento em cunha: é uma camada

de partículas que não tem continuidade

dentro do cristal.

Deslocamento helicoidal: consiste em camadas de átomos enroladas ao redor de um

eixo que passa através do cristal, como se fosse a rosca de um parafuso. A discordância em

hélice pode ser imaginada como sendo o resultado da aplicação de uma tensão de

cisalhamento.

Por exemplo, a corrosão de metais ocorre mais rapidamente onde há alta concentração

de deslocamentos. Muitos metais são moles em parte devido ao fato de a deformação criar

muitos deslocamentos que, propagando-se através do cristal, permitem que camadas de

átomos se desloquem uma em relação à outra. Excessivos trabalhos a frio de um metal o

tornam frágil devido à criação de uma alta concentração de deslocamentos numa única região.

(Um pedaço de metal pode ser quebrado após ser dobrado várias vezes em um mesmo lugar).

Page 48: Apostila de Química Geral

48

7.3.2. Defeitos Pontuais

Existem vários tipos de defeitos pontuais; dois dos mais comuns são o vazio e a

posição intersticial.

- Vazio: é uma posição na qual um átomo, um íon ou uma molécula está fora de sua

posição no cristal.

- Intersticial: é uma partícula aprisionada entre posições cristalinas.

Também classificados como defeitos pontuais, temos os centros de impurezas, que são

átomos, íons ou moléculas estranhas em pontos do retículo. Isto ocorre geralmente em todos

os sólidos, e em alguns deles dá origem ao fenômeno de semicondutividade.

Um semicondutor é uma substância cuja condutividade elétrica aumenta com o aumento

da temperatura. Num metal normal, um aumento na temperatura provoca um aumento na

amplitude da vibração dos íons no cristal, o que limita a liberdade de movimento dos elétrons

deslocalizados e, consequentemente, a condutividade do metal decresce. A baixas

temperaturas, um semicondutor é um fraco condutor de eletricidade porque a maioria de seus

elétrons estão ligados aos átomos específicos. À medida que a temperatura aumenta, alguns

elétrons são liberados, podendo se movimentar, o que resulta num aumento da condutividade

elétrica. Uma substância pura que exibe este fenômeno é chamada de semicondutor intrínseco.

Existem quatro tipos básicos de defeitos pontuais:

As impurezas intersticiais podem ser de átomos da própria espécie ou de espécie

diferente. Os isótopos podem ser considerados impurezas.

Um defeito de Frenkel associa uma vaga com uma impureza intersticial.

Page 49: Apostila de Química Geral

49

8. Soluções

A maior parte das substâncias que encontramos no dia-a-dia são misturas. Muitas

misturas são homogêneas, isto é, seus componentes estão misturados uniformemente no nível

molecular. Misturas homogêneas são chamadas “soluções”. As soluções podem ser gases,

líquidos ou sólidos.

As propriedades de uma mistura heterogênea são uma combinação das propriedades

individuais de seus componentes. Por exemplo: uma mistura de areia e sal exibe as

propriedades de ambos: areia e sal. Em contraste, as propriedades de uma mistura

homogênea, uma solução, pode não estar relacionada simplesmente com aquelas dos seus

componentes individuais. Sendo assim, o ponto de congelamento da água salgada é menor

que aquele do sal puro ou da água pura. Em resumo, como a água salgada não é uma

substância pura, ela congela num intervalo de temperaturas diferente do intervalo para a água

pura.

Algumas vezes uma mistura pode ser identificada como uma solução por uma mera

inspeção visual. Se diferentes fases podem ser vistas a olho nu ou por meio de um

microscópio, a mistura é heterogênea e não é uma solução; se somente uma fase está

presente, então, é uma solução. Contudo, a distinção entre misturas homogêneas e

heterogêneas por meio visual é algumas vezes difícil ou impraticável, especialmente quando o

tamanho das partículas é extremamente pequeno. Exemplo: leite e seus derivados, sangue...

Solução é toda mistura homogênea constituída por duas ou mais substâncias numa só

fase, onde o tamanho médio de partícula é de no máximo 1 nm (n=nano=10-9).

As soluções são formadas por um solvente (geralmente o componente em maior

quantidade) e um ou mais solutos (geralmente componente em menor quantidade). Por serem

muito comuns, as soluções onde o solvente é a água são chamadas de SOLUÇÕES

AQUOSAS.

A água, no entanto, é sempre considerada como solvente, não importando a proporção

desta na solução. Exemplos: o vinagre é uma solução com aproximadamente 4% de ácido

acético. Nesta solução, o ácido acético é o soluto e a água é solvente; o álcool a 70% é uma

solução na qual o soluto é o álcool e a água é o solvente.

Page 50: Apostila de Química Geral

50

Um método de laboratório comumente usado para decidir quando a mistura é

homogênea ou heterogênea baseia-se na medida da temperatura de mudança de fase. Por

exemplo, uma curva de aquecimento obtida de uma mistura heterogênea de dois componentes

sólidos apresenta dois patamares de temperatura, em intervalos durante os quais a

temperatura permanece constante na temperatura de fusão característica de cada componente.

Em comparação, pelo fato de o ponto de fusão de uma solução sólida, aumentar gradualmente

com o progresso da fusão, a curva de aquecimento e ponto de fusão de uma solução sólida

apresenta uma quebra (mudança de inclinação) quando a fusão inicia e outra quebra quando

esta termina. Se a temperatura de mudança de fase de uma substância, tal como este ponto de

fusão, varia com o prosseguimento da mudança de fase, isto é uma boa evidência de que a

substância é uma solução.

8.1. Classificação das soluções

A classificação das soluções pode ser feita sob diferentes critérios:

a) De acordo com o tamanho das partículas dispersas:

Page 51: Apostila de Química Geral

51

Classificação Tamanho das partículas dispersas Solução verdadeira Até 1 nm (nanômetro) [limonada ou água do mar]

Solução coloidal (sistema coloidal) De 1 nm a 100 nm [leite, gelatina]

Solução grosseira (suspensão) maior que 100 nm [atmosfera empoeirada]

b) Quanto ao estado físico (estado de agregação da solução):

O estado de agregação do solvente é que determina o estado de agregação da solução.

- Sólidas: Neste caso o solvente é sólido, e o soluto pode ser sólido, líquido ou gasoso.

Ex: bronze; liga de cobre e mercúrio; ouro utilizado em jóias; paládio e hidrogênio; S-G: ar e

poeira (fumaça). S-L: água mais sal. S-S: ouro.

- Líquidas: O solvente é líquido, e o soluto pode estar em qualquer um dos estados

físicos: sólido, líquido ou gasoso. Ex: água açucarada; água salgada; água da torneira; vinho;

- Gasosas: Tanto o solvente como o soluto são gasosos. Ex: ar; qualquer mistura de

gases. Não é possível preparar uma mistura heterogênea de 2 gases porque todos os gases

misturam-se uniformemente um com o outro em qualquer proporção.

c) Quanto à proporção soluto/solvente:

- Solução diluída: São soluções que apresentam pequena quantidade de soluto em

relação à quantidade de solvente. São, geralmente, consideradas como soluções diluídas

aquelas que apresentam menos de 0,1 mol de soluto por litro de solução. Exemplos: solução

0,1 molar de NaCl; solução 2% de HCl; solução 10 g/L de H2SO4.

- Solução concentrada: São soluções que apresentam grande quantidade de soluto em

relação à quantidade de solvente. As soluções concentradas apresentam, porém, menor

quantidade de soluto que a solução saturada. Exemplos: solução de HCl 25%; solução 1000g/L

de H2SO4.

- Solução insaturada: São soluções que apresentam quantidade inferior de soluto que a

quantidade de solvente em questão, à determinada temperatura, pode dissolver.

- Solução saturada: São soluções estáveis que apresentam quantidade máxima de

soluto possível de dissolver numa determinada quantidade de solvente, a uma dada

temperatura. Exemplos: solução saturada de NaCl: 360 g/L a 20ºC; solução saturada de KNO3:

316 g/L a 20ºC.

- Solução supersaturada: São soluções que apresentam uma quantidade maior de soluto

que soluções saturadas, nas mesmas condições de temperatura e pressão.

Page 52: Apostila de Química Geral

52

8.2. Concentração das soluções

Existem muitas formas de expressar a concentração de soluções, ou seja, a proporção

entre quantidades de soluto e solvente, ou entre quantidades de soluto e solução.

Concentração comum ou concentração em g/L

É a razão entre a massa de soluto, em gramas, e o volume de solução em litros.

Onde:

C = concentração (g/L)

m1 = massa do soluto (g)

V = Volume de solução (L)

Exemplo: Uma solução 1 g/L possui um grama de soluto dissolvido em um litro de

solução; uma solução 20 g/L possui 20 gramas de soluto dissolvidos em um litro de solução.

Concentração em massa ou título

É a razão entre a massa de soluto e a massa de solução.

Onde:

T = título

m1 = massa do soluto

m2 = massa do solvente

m1 + m2 = m (massa da solução)

O título de uma solução é um número sem unidades, maior que zero e menor que um.

Geralmente utiliza-se o título expresso em porcentagem. Para isso, multiplica-se o título em

massa por 100.

Page 53: Apostila de Química Geral

53

O título nos dá a porcentagem em peso de uma solução, ou seja, a quantidade em

gramas de soluto que existem em 100 gramas de solução.

Exemplo: Uma solução de KCl 10% possui 10 gramas de KCl em 100 g de solução.

Concentração molar ou molaridade

É a razão entre o número de mols de soluto e o volume de solução dado em litros.

Em química esta unidade de concentração é a mais importante. Indica o número de mols

de soluto adicionado ao solvente em quantidade suficiente para completar um litro de solução.

Onde:

M = Concentração em mol/L

n1 = número de mols de soluto

V = volume de solução (L)

m1 = massa de soluto (g)

PM = massa molar do soluto (g/mol)

A concentração molar ou molaridade nos indica o número de mols de soluto que existe

em um litro de solução.

Exemplo: Uma solução 1M possui um mol de soluto dissolvido em um litro de solução.

Uma solução 0,5M possui 0,5 mols de soluto dissolvidos em um litro de solução.

É importante notar que a molaridade refere-se à quantia de soluto por litro de solução e

não por litro de solvente. Se um litro de água for adicionado a um mol de soluto, é provável que

o volume final não seja exatamente 1 litro, e a concentração final não será exatamente 1 molar.

Portanto, ao preparar soluções de uma determinada molaridade, quase sempre iremos

dissolver o soluto em uma quantidade de solvente menor do que o volume desejado, para

então completar o volume final com mais solvente.

Exercício 8.1:

Uma solução é preparada pela dissolução de 4,35g de glicose (C6H12O6) em 25 mL de

solução. Calcule a molaridade de glicose na solução.

Page 54: Apostila de Química Geral

54

Exercício 8.2:

Quantos gramas de sulfato de cobre II (CuSO4) são necessários para preparar 100 mL

de uma solução aquosa de 1mol/L?

Exercício 8.3:

Calcule a concentração molar de 750 mL de uma solução aquosa que contém 30 g de

NaOH.

Exercício 8.4:

Uma solução contém 5g de tolueno (C7H8) e 225g de benzeno, bem como a densidade

de 0,876 g/mL. Calcule a molaridade do tolueno na solução.

Fração molar

A fração molar de uma solução é a relação entre o número de mols deste componente e

o número total de mols da solução.

Se a solução apresenta apenas um tipo de soluto, a expressão da Fração Molar será:

Onde:

FM1 = fração molar do soluto;

FM2 = fração molar do solvente;

n1 = número de mol de soluto;

n2 = número de mol de solvente.

Se a solução apresentar mais de um soluto, calcula-se a relação entre o número de mols

do soluto ou solvente em questão, e o somatório do número de mols dos demais componentes.

Para obter a percentagem molar de uma solução, multiplica-se a fração molar por 100.

%M = FM x 100

Page 55: Apostila de Química Geral

55

Unidade: A fração molar não tem unidade, é um número maior que zero e menor que

um, quando multiplicado por 100 (porcentagem molar) se expressa o resultado em mols %.

A porcentagem molar nos indica o número de mols de um componente de uma solução,

que existem em 100 mols de solução. A fração molar nos indica a fração de mols de um

componente por mol de solução.

Uma solução de NaCl que tem uma porcentagem molar de 5%, possui 5 mols de NaCl

dissolvidos em 95 mols de água, ou 100 mols de solução. Esta mesma solução teria fração

molar igual a 0,05 ou 0,05 mols em 0,95 mols de água.

A soma das frações molares de todos os componentes de uma solução é igual a uma

unidade, e a soma das porcentagens molares é igual a 100.

Exercício 8.5:

Uma solução de ácido clorídrico contém 36% de HCl em massa. Calcule a fração molar

de HCl na solução.

8.3. Diluição das soluções

Diluir uma solução é acrescentar a ela o solvente puro com o objetivo de diminuir sua

concentração.

O procedimento mais simples, geralmente aplicado, para diluir uma solução, é a adição

de solvente à solução (a quantidade de soluto permanece constante).

Page 56: Apostila de Química Geral

56

Na diluição de soluções a massa de soluto, inicial e final, é a mesma, somente o volume

é maior, logo, a concentração da solução será menor. Como a massa de soluto permanece

inalterada durante a diluição, pode-se escrever:

C1.V1 = C2.V2

e também

M1.V1 = M2.V2

Exercício 8.6:

70mL de uma solução aquosa de brometo de sódio, NaBr, 0,207 mol/L, é diluída pela

adição de uma quantidade de água suficiente para aumentar seu volume para 125 mL. Qual é a

nova concentração molar?

Preparando soluções de concentração conhecida

Uma tarefa que os químicos devem executar frequentemente é preparar determinado

volume de uma solução de concentração conhecida. Há duas maneiras comuns de se fazer

isso.

Balão volumétrico

- Combinando uma massa determinada de soluto com o solvente

Suponha que se deseja preparar 2,00L de uma solução 1,50M de Na2CO3 (carbonato de

sódio). Você tem Na2CO3 sólido, água e um balão volumétrico de 2,00L. Para preparar a

solução, é preciso pesar a quantidade necessária de Na2CO3 de forma tão precisa quanto

possível, colocar cuidadosamente todo o sólido no balão volumétrico e, então, adicionar água

Page 57: Apostila de Química Geral

57

para dissolver o sólido. Após sua dissolução completa, adiciona-se mais água até se atingir o

volume de 2,00L. A solução terá então a concentração desejada e o volume especificado.

Mas qual massa de Na2CO3 é necessária para se obter 2,00L de Na2CO3 1,50M?

Massas atômicas: Na = 23u; C = 12u; O = 16u.

Primeiro, calcule a quantia necessária de substância:

2 32 3

2 3

2 3

1,50 Na2,00 3,00 Na

1,00

1 1,5

2

3

mol COL x mol de CO sao necessarios

Lsolucao

L de solucao mol de Na CO

L x

x mol de Na CO

E, a seguir, a massa em gramas:

2 32 3 2 3

2 3

2 3

106,0 Na3,00 318 Na

1 Na

1 106

3

318

g COmol Na CO x g CO

mol CO

mol de Na CO g

mol x

x g

Assim, para preparar a solução desejada, é necessário dissolver 318g de Na2CO3 em

água suficiente para completar 2,00L de solução.

Exercício 8.7:

Um experimento no laboratório requer 350 mL de uma solução 0,5 M de Na2SO4. Você

recebe Na2SO4 sólido, água e um balão volumétrico de 350 mL. Descreva como preparar a

solução requerida. Massas atômicas: Na = 23u; S = 32u; O = 16u.

- Diluindo uma solução mais concentrada

Outro método para se preparar uma solução de determinada concentração é a partir de

uma solução concentrada e adicionar água até atingir a concentração mais baixa desejada.

Suponha que você precise de 500 mL de uma solução 0,0010 M de dicromato de

potássio, K2Cr2O7, para utilizar em uma análise química. Você tem uma solução 0,100 M de

K2Cr2O7 disponível. Para fazer a solução 0,0010 M requerida, coloque um volume medido da

solução de K2Cr2O7 mais concentrada em um balão e, então, adicione água até que o K2Cr2O7

Page 58: Apostila de Química Geral

58

esteja contido em um volume maior de água, isto é, até que esteja menos concentrado (ou

mais diluído).

Que volume de solução 0,100 M de K2Cr2O7 deve ser diluído para se preparar a solução

0,0010 M?

Se o volume e a concentração de uma solução forem conhecidos, a quantia de soluto

também será conhecida. Consequentemente, a quantia de K2Cr2O7 que deve estar na solução

diluída final é:

M = n1/V

Sendo: V = 0,500L e M = 0,0010M

Quantia de K2Cr2O7 na solução diluída = (0,500L) (0,0010 mol/L) = 0,00050mol K2Cr2O7

(este valor é o mesmo, constante).

Uma solução mais concentrada que contém essa quantia de K2Cr2O7 deve ser colocada

em um balão de 500 mL e então ser diluída ao volume final. O volume de K2Cr2O7 0,100 M que

deve ser transferido e diluído é 5,0 mL, conforme o cálculo abaixo:

Mc.Vc (concentrado) = Md.Vd (diluído)

0,1 x Vc = 0,001 x 0,5

Vc = 0,005L = 5mL

Assim, para preparar 500 mL de K2Cr2O7 0,0010 M, colocamos 5,0 mL da solução de

K2Cr2O7 concentrada em um balão volumétrico de 500mL e avolumamos com água até o

menisco.

Exercício 8.8:

Quantos mililitros de 3M de H2SO4 são necessários para preparar 450mL de H2SO4

0,10mol/L de H2SO4? Descreva como preparar a solução requerida.

Porcentagem de massa, ppm e ppb

Page 59: Apostila de Química Geral

59

- partes por: milhão: 1.000.000

bilhão: 1.000.000.000

ppm massa: expressa a massa do soluto (disperso), em μg (micrograma), existentes em

1g (1 milhão de μg) da solução.

Ex: quando se afirma que a água poluída de um rio contém 5 ppm em massa de

mercúrio significa que 1g da água deste rio contém 5μg de mercúrio.

ppm volume: (só pode ser usada quando os componentes da solução são todos

líquidos ou gases). Indica o volume de soluto, em mL, existentes em 1m3 (1 milhão de mL) de

solução.

Ex: o ar (solução gasosa) contém 8 ppm de gás hélio, portanto, em casa 1m3 do ar

atmosférico existe 8 mL de hélio.

8.4. Solubilidade

Solubilidade ou coeficiente de solubilidade é a máxima quantidade de uma substância

que pode ser dissolvida em uma quantidade específica de solvente a uma dada pressão e

temperatura.

A solubilidade é a propriedade que as substâncias têm de se dissolverem

espontaneamente numa outra substância denominada de solvente. A quantidade de substância

que se dissolve em determinada quantidade de solvente varia muito de substância para

substância.

O álcool, por exemplo, possui solubilidade infinita em água, pois água e álcool se

misturam em qualquer proporção. Grande parte das substâncias, por sua vez, possui

solubilidade limitada, ou são insolúveis.

“O semelhante dissolve semelhante” (mas nem sempre funciona).

APOLAR: os átomos têm igual eletronegatividade. Ex: O2; óleo (azeite).

POLAR: os átomos têm eletronegatividade diferentes. Ex: água, NH3.

A afinidade entre soluto e solvente é que determina a formação da solução. Substâncias

polares são solúveis em solventes polares, e as apolares em apolares.

Page 60: Apostila de Química Geral

60

O coeficiente de solubilidade geralmente é expresso em gramas por 100 gramas ou

1000 gramas de solvente. Quando o coeficiente de solubilidade é muito pequeno, como do

AgCl, diz-se que a substância é insolúvel. Quando o soluto e o solvente são líquidos e não se

dissolvem entre si, diz-se que os mesmos são imiscíveis.

Ex: o coeficiente de solubilidade do KNO3(nitrato de potássio) em água é 31,6g/100gH2O

a 20°C; isso significa que são dissolvidos 31,6g de KNO3 em cada 100g de H2O a 20°C.

O coeficiente de solubilidade permite dividir as soluções em insaturada, saturada e

supersaturada.

A pressão e a temperatura são dois fatores externos que influenciam a solubilidade,

ambos afetam a solubilidade de gases em líquidos, enquanto somente a temperatura é um fator

importante na solubilidade de sólidos em líquidos.

Geralmente, à medida que a temperatura aumenta, a solubilidade dos sólidos aumenta.

Algumas vezes, a solubilidade diminui quando a temperatura aumenta (por exemplo Ce2(SO4)3,

que é uma exceção).

Os gases se tornam menos solúveis à medida que a temperatura aumenta (aumentando

a temperatura, diminui a solubilidade).

A variação da solubilidade com a temperatura é utilizada pelos químicos para purificar

compostos. Uma amostra impura de determinado composto é dissolvida em um solvente a alta

temperatura porque a solubilidade é geralmente maior sob essas condições. A solução é

resfriada de modo a diminuir a solubilidade e, quando o limite da solubilidade é atingido à

temperatura mais baixa, formam-se cristais do composto puro. Se o processo é feito devagar e

cuidadosamente, às vezes podemos obter cristais muito grandes.

A variação da pressão só é representativa quando o soluto é um gás em um solvente

líquido. A solubilidade de sólidos e líquidos em solventes líquidos é praticamente independente

da pressão (porque a pressão não altera muito o volume da solução).

Quanto maior a pressão, mais próximas as moléculas de gás estarão do solvente e

maior a chance da molécula de gás atingir a superfície e entrar na solução.

Consequentemente, quanto maior for a pressão, maior a solubilidade. Quanto menor a pressão,

menor a quantidade de moléculas de gás próximas ao solvente e menor a solubilidade.

Page 61: Apostila de Química Geral

61

As bebidas carbonadas são engarrafadas com uma pressão parcial de CO2 > 1 atm. Ao

abrirmos a garrafa, a pressão parcial de CO2 diminui e a solubilidade do CO2 também diminui.

Consequentemente, bolhas de CO2 escapam da solução.

Quase todo mundo já abriu uma garrafa de Coca Cola e viu as bolhas minúsculas que

imediatamente emergem do líquido. O gás (neste caso gás carbônico) é dissolvido na água,

que compõe a maior parte do refrigerante. A solubilidade do gás é mais alta sob pressão na

garrafa fechada do que é quando ela é aberta, o resultado do princípio químico conhecido

como a Lei de Henry, que estabelece que a solubilidade de um gás em um líquido é

diretamente proporcional à pressão parcial do gás. Mergulhadores estão familiarizados com o

fato que um abaixamento súbito da pressão pode provocar a liberação de bolhas de nitrogênio

no sangue, sendo este um risco mortal para mergulhadores que sobem muito rápido à

superfície.

Page 62: Apostila de Química Geral

62

9. Propriedades Coligativas

Adicionar um soluto a um líquido puro mudará as propriedades do líquido. De fato, essa é

a razão pela qual algumas soluções são preparadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a

adição de anticongelante ao radiador dos carros impede que o líquido de refrigeração ferva no

verão e congele no inverno. As mudanças que ocorrem nos pontos de congelamento e de

ebulição quando uma substância é dissolvida em um líquido puro são duas propriedades que

examinaremos detalhadamente.

As propriedades coligativas são aquelas que idealmente dependem apenas do número

de partículas de soluto por molécula de solvente, e não da identidade do soluto.

Cada uma das propriedades coligativas depende da diminuição da tendência de escape

das moléculas do solvente pela adição das partículas do soluto. Tendência ao escape é a

tendência apresentada pelas moléculas para escapar da fase na qual se encontram.

Em uma solução, as moléculas de soluto ocupam um determinado lugar e compartilham

o espaço com as do solvente líquido. Além disso, acontecem interações entre os dois tipos de

moléculas, geralmente de atração. Dessa maneira, a pressão de vapor de uma solução é

menor que a do solvente puro.

Quanto maior é o número de moléculas de soluto dissolvidas, maior é a diferença. Os

efeitos das propriedades coligativas dependem do número de moléculas dissolvidas.

A diminuição da pressão de vapor das soluções explica porque elas fervem em

temperaturas maiores e porque se solidificam em temperaturas menores. Uma solução de

açúcar em água ferve a uma temperatura maior do que a água pura, pois a interação das

moléculas de açúcar com a água diminui a pressão de vapor dela. O efeito da diminuição do

ponto de fusão é aproveitado nos países frios, jogando-se sal nas ruas para derreter o gelo.

Durante o estudo de cada uma das propriedades coligativas, será necessário sempre

comparar o comportamento da solução com o respectivo solvente puro.

Para ilustrar um exemplo de tal comparação, verifique que ao se aquecer água pura, ao

nível do mar, a temperatura de ebulição da água (solvente puro) é igual a 100°C. No entanto,

quando se aquece uma solução aquosa de cloreto de sódio, percebe-se que o ponto de

ebulição da água sofre um aumento.

Page 63: Apostila de Química Geral

63

A elevação do ponto de ebulição da água na solução aquosa foi ocasionada pela

presença do soluto. Com isso, percebe-se que a adição de um soluto sempre irá produzir

efeitos em algumas propriedades físicas de um solvente, que são: aumento do ponto de

ebulição, diminuição do ponto de congelamento, diminuição da pressão de vapor, aumento da

pressão osmótica.

Uma utilidade prática do abaixamento da temperatura de congelamento é a utilização de

água e etilenoglicol no radiador de carros de países de clima frio, a mistura pode baixar a

temperatura até –35° C.

Propriedades Coligativas:

- Tonometria ou Tonoscopia

- Ebuliometria ou Ebulioscopia

- Criometria ou Crioscopia

- Osmometria ou Osmoscopia

As denominações tonoscopia, ebulioscopia, crioscopia e osmoscopia são mais

precisamente os nomes das propriedade coligativas, enquanto as denominações tonometria,

criometria e osmometria são os estudos das medidas das propriedades.

9.1. Tonometria

“Quanto mais soluto, menor a pressão de vapor, maior a temperatura de ebulição e

menor a de congelamento”.

Pressão de vapor: é a pressão exercida por um gás em equilíbrio com o seu líquido. No

líquido a pressão de vapor aumenta com o aumento da temperatura.

É uma propriedade física que depende intimamente do valor da temperatura. Qualquer

que seja a temperatura, a tendência é de o líquido se vaporizar até atingir equilíbrio

termodinâmico com o vapor; em termos cinéticos, esse equilíbrio se manifesta quando a taxa

de líquido vaporizado é igual à taxa de vapor condensado.

Em relação à pressão de vapor de um solvente puro, pode-se dizer que sempre ela será

maior do que a pressão de vapor de uma solução. Isso decorre do fato de que as partículas do

soluto roubam energia cinética das moléculas do solvente, impedindo que parte destas ganhe o

Page 64: Apostila de Química Geral

64

estado de vapor. As partículas dispersas constituem uma barreira que dificulta a movimentação

das moléculas do solvente do líquido para a fase gasosa.

A diferença entre a pressão máxima de vapor do solvente puro e a pressão máxima de

vapor do solvente em solução denomina-se abaixamento da pressão máxima de vapor. Com

isso, é possível estabelecer a seguinte condição para as soluções: Quanto maior a quantidade

de partículas em uma solução, menor será a sua pressão de vapor.

9.2. Ebuliometria

É o estudo do aumento do ponto de ebulição de um solvente quando se adiciona a ele

um soluto não-volátil. Ocorre a elevação do ponto de ebulição devido à diminuição da pressão

de vapor. Em relação ao ponto de ebulição de uma solução, é possível afirmar que ele sempre

será maior que o ponto de ebulição do solvente puro.

Ponto de ebulição de um líquido é a temperatura na qual a pressão de vapor do líquido é

igual à pressão externa ou pressão atmosférica.

Quando adicionamos soluto não-volátil a um solvente líquido, também ocorre aumento

da temperatura de ebulição. O soluto não-volátil atrapalha a evaporação das moléculas,

roubando-lhes energia cinética.

Se tomarmos um solvente puro e uma solução, observaremos que a solução ferverá a

uma temperatura superior à temperatura de ebulição do solvente. O aumento da temperatura

de ebulição, após adicionarmos soluto, denomina-se elevação da temperatura de ebulição.

Assim pode-se afirmar que: “Quanto maior a quantidade de partículas dispersas em

uma solução, maior será o seu ponto de ebulição”. (Por isso temos INTERVALO de

ebulição e não PONTO de ebulição).

Uma solução tem ponto de ebulição variável, pois, à medida que o solvente vaporiza, a

concentração da solução restante aumenta, fazendo com que a temperatura de ebulição

aumente.

Page 65: Apostila de Química Geral

65

A pressão de vapor de um líquido está diretamente relacionada com o ponto de ebulição.

O éter e a acetona apresentam pontos de ebulição baixo, 34,6 e 56ºC, respectivamente,

apresentam elevada pressão de vapor, por isso, são muito voláteis. Quanto maior é a pressão

de vapor de um líquido, menor será o seu ponto de ebulição.

9.3. Criometria

É o estudo do abaixamento do ponto de congelamento de um solvente quando se

adiciona a ele um soluto não-volátil. Em relação ao ponto de congelamento de uma solução, é

possível afirmar que a solução apresentará sempre ponto de congelamento menor do que o do

solvente puro.

“Quanto maior a quantidade de partículas dispersas em uma solução, menor será o seu

ponto de congelamento”.

Uma maneira de explicar o fenômeno da elevação do ponto de ebulição é dizer que as

partículas de soluto diminuem a tendência de escape do solvente, portanto, precisamos

compensar isto promovendo o aumento da temperatura a fim de conseguir fervê-lo. Mas a

tendência de escape significa a tendência de escapar para qualquer outra fase; então podemos

usar um argumento semelhante para justificar o fato de que um soluto abaixa o ponto de

congelamento de um solvente.

A presença de moléculas estranhas (soluto) muda as forças de atração e "atrapalham"

a organização do cristal sólido, necessitando que se retire mais energia (calor) para que o

movimento diminua. Desta forma a temperatura de congelamento de uma solução é menor

que a temperatura de congelamento do solvente puro.

Page 66: Apostila de Química Geral

66

Exemplo: Uma solução com 10% de sal congela a -6°C, e uma solução com 20% de sal

congela a -16°C.

9.4. Osmometria ou Osmoscopia (pressão osmótica)

Entende-se por osmose a passagem de um solvente (líquido) por meio de uma

membrana semipermeável, de um meio menos concentrado (diluído) para o meio mais

concentrado.

Para impedir a passagem do solvente para o meio mais concentrado, é necessário

aplicar uma pressão sobre a solução concentrada, que será chamada de pressão osmótica.

Dessa forma, podemos definir pressão osmótica como “a pressão que se deve aplicar à

solução para não deixar o solvente atravessar a membrana semipermeável”.

Osmose reversa: consiste em aplicar uma elevada pressão para fazer com que a água

flua de uma solução mais concentrada para uma solução menos concentrada, através de uma

membrana semipermeável. Podemos utilizar a osmose reversa para obter a dessalinização das

águas dos oceanos, já que a pressão osmótica da água do mar é da ordem de 30 atm. Se

aplicarmos uma pressão superior a 30 atm, o fluxo osmótico será revertido e poderemos obter

água potável.

Page 67: Apostila de Química Geral

67

10. Cinética e mecanismos das reações

As reações químicas precisam de certo tempo para se completar. Algumas reações são

extremamente rápidas, como, por exemplo, as explosões, enquanto que outras são muito

lentas, como é o caso da formação do petróleo. O estudo da velocidade das reações químicas

e dos fatores que podem acelerá-la ou retardá-la constitui a chamada cinética química. Este

estudo é sem dúvida de grande importância na nossa vida cotidiana, já que muitas reações

químicas de interesse industrial podem ser aceleradas, gastando menos tempo para ocorrerem

e, portanto, tornando o processo mais econômico.

Você já deve ter percebido que o papel dos livros muda de cor com o tempo. Primeiro

ele se torna amarelo e depois de muitos anos adquire uma tonalidade café. O que acontece é a

combustão lenta da celulose do papel.

O papel “queima” espontaneamente e lentamente à temperatura ambiente. Mas o

processo é extremamente lento e só é visível com a passagem dos anos.

Como se vê, não basta saber se um processo químico é espontâneo ou não, pois pode

acontecer em um segundo ou em 100 anos. Por isso, é imprescindível saber qual é a

velocidade de uma reação química e por quais fatores ela é influenciada. Esse é o objeto do

estudo da cinética química.

10.1. Velocidade das reações

A velocidade de um evento é definida como a variação que ocorre em determinado

intervalo de tempo. A velocidade de uma reação química – sua taxa de reação – é a variação

na concentração dos reagentes ou produtos por unidade de tempo. Portanto, as unidades para

a velocidade de reação são geralmente “mol/L / s”.

A velocidade de uma transformação química pode ser quantificada medindo-se a taxa de

aparecimento de um produto ou de desaparecimento de um reagente. Por exemplo:

Transformação na concentração de um reagente

Tempo necessário para que ocorra a transformaçãovelocidade

Page 68: Apostila de Química Geral

68

Acontece que a velocidade de uma reação não é constante.

A figura acima (curva típica de velocidade de reação) mostra um exemplo de como esse

parâmetro se altera a medida que uma reação vai se completando.

A velocidade depende da concentração dos reagentes. É rápida no início, ou seja,

quando existe uma alta concentração de reagentes, e diminui quando esses se esgotam (ou

quando chegam ao equilíbrio, pois nem sempre tem mais produto que reagente).

A velocidade média de consumo de um reagente ou de formação de um produto é

calculada em função da variação da quantidade de reagentes e produtos pela variação do

tempo.

Quantidade: mol/L (é o mais comum).

Tempo: s (segundos), h (horas), min (minutos).

Quando é calculada, a variação da quantidade consumida (reagentes), esta será

negativa, porque a variação corresponde à quantidade final menos inicial. Para evitar o

surgimento de velocidade negativa, usamos o sinal negativo na expressão ou a variação em

módulo, sempre que nos referimos aos reagentes.

Exemplo:

N2(g) + 3H2(g) 2 NH3(g)

vm de consumo de N2 =

vm de consumo de H2 =

Page 69: Apostila de Química Geral

69

vm de formação de NH3 =

Os reagentes são consumidos durante a reação e a sua quantidade diminui com a

variação do tempo, enquanto os produtos são formados e suas quantidades aumentam com o

tempo. Graficamente, podemos representar.

NH3 → produto

H2 e N2 → reagentes

Para calcularmos a velocidade média de uma reação sem especificar formação ou

consumo deste ou daquele produto ou reagente, basta dividirmos a velocidade média de

consumo ou formação pelo coeficiente estequiométrico apropriado. Para a reação:

N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g)

vm da reação =

(H2 é consumido 3 vezes mais rapidamente que N2 – um mol de N2 consome 3 mols de H2.)

Para reações que ocorrem em várias etapas, usar na expressão de velocidade apenas a

etapa lenta.

10.2. Mecanismos de reações em multietapas

Como mencionado, a maioria das reações ocorre em uma sequência de etapas, e não

por meio de um único processo elementar.

Para uma reação de muitas etapas, observa-se que uma dessas etapas é

consideravelmente mais lenta do que as outras. Neste caso a velocidade da reação global é

Page 70: Apostila de Química Geral

70

determinada (limitada) pela velocidade da etapa lenta. A etapa mais lenta de um mecanismo é

denominada “etapa determinante da velocidade” (ou etapa limitante da velocidade).

Considere a reação: 2A + B → C + D

E suponhamos que o mecanismo da reação consiste em duas etapas:

(K1 e k2 são constantes de velocidade)

Etapa 1: A + B → C + I (k1) (não é constante de equilíbrio) (rápida)

Etapa 2: A + I → D (k2) (lenta)

Neste caso, a velocidade da reação global é a velocidade da segunda etapa:

Velocidade = k2 [A] [I]

Entretanto, as equações de velocidade correspondentes a reações globais não são

escritas em termos de concentrações de intermediários, [I] neste caso, que geralmente tem

somente uma existência passageira e cujas concentrações não são geralmente mensuráveis.

Precisamos recorrer, então, a uma combinação de química e álgebra, de modo que possamos

eliminar [I] da equação da velocidade. Podemos fazer isto se reconhecermos que a primeira

etapa no mecanismo, sendo mais rápida que a segunda, atingirá logo o equilíbrio. Isto acontece

porque a formação do intermediário [I] na primeira etapa ocorre rapidamente; [I] é consumido

lentamente na segunda etapa. Assim podemos reescrever o mecanismo como sendo:

Etapa 1: A + B ↔ C + I (Kc1) (rápida; equilíbrio)

Etapa 2: A + I → D (k2) (lenta)

Onde Kc1 é a constante de equilíbrio para a etapa 1.

A condição de equilíbrio para a etapa 1 é:

1

[ ][ ]

[ ][ ]

C IKc

A B (supondo todos os elementos no estado gasoso)

Solucionando para [I], obtemos:

1[ ][ ][ ]

[ ]

Kc A BI

C (Nosso objetivo é eliminar a [I], por isso que o isolamos na equação)

Substituindo essa expressão na equação de velocidade da etapa 2: 2[ ][ ]velocidade k A I

Obtemos: 2

1 2[ ] [ ]

[ ]

Kc k A Bvelocidade

C

Uma série de experiências designadas para obter a lei da velocidade para essa reação

traduz o seguinte:

Page 71: Apostila de Química Geral

71

2

exp[ ] [ ]

[ ]

k A Bvelocidade

C

Onde kexp representa o valor da constante da velocidade específica observada

experimentalmente (global) numa reação, e é igual a Kc1 k2 (note que a lei da velocidade não

contém um termo para a concentração do intermediário I).

Outro exemplo:

Supondo todos no estado gasoso, escrever a equação da velocidade para o seguinte

mecanismo:

Etapa 1: A + B → C + D k1 (rápida)

Etapa 2: C + B → E k2 (lenta)

Etapa 3: E + A → F k3 (rápida)

Reação Global: 2A + 2B → D + F

Intermediários: C, E

V = k2 [C] [B]

11

2 1

2

exp

[ ][ ] [ ][ ][ ]

[ ][ ] [ ]

[ ][ ]. [ ]

[ ]

[ ][ ]

[ ]

C D Kc A BKc C

A B D

A BV k Kc B

D

A BV k

D

10.3. Condições de ocorrência

Para que uma reação química se processe, devem ser satisfeitas determinadas

condições. São elas:

Afinidade Química

É a tendência intrínseca de cada substância de entrar em reação com outra substância.

Por exemplo: ácidos tem afinidades por bases, não-metais tem afinidades por metais.

Contato entre as Moléculas dos Reagentes

Page 72: Apostila de Química Geral

72

As reações químicas ocorrem como resultado de choques entre as moléculas dos

reagentes que se encontram em movimento desordenado e contínuo.

Exemplo: A2 + B2 2AB

Para haver reação, o choque entre as moléculas deve provocar rompimento das ligações

presentes em A2 e B2, permitindo que novas ligações aconteçam, formando assim a substância

AB. Este tipo de choque é denominado por choque efetivo.

O choque será efetivo se houver:

a) direção correta: as moléculas dos reagentes devem colidir numa orientação e num

ângulo adequados.

Ângulo e orientação são favoráveis à ocorrência da reação.

b) energia de ativação: as moléculas dos reagentes devem colidir com energia suficiente

para formar o complexo ativado, que é um composto intermediário e altamente instável,

resultante de choques eficientes, em que as ligações iniciais se enfraquecem e as novas

ligações começam a se formar. O complexo ativado é o composto mais energético da reação

toda.

Chamamos energia de ativação à quantidade de energia (mínima) que devemos dar

aos reagentes para que eles se transformem em complexo ativado. Se representarmos em

gráfico os níveis de energia dos reagentes, complexo ativado e produtos em função do caminho

da reação, teremos:

Page 73: Apostila de Química Geral

73

Gráfico 1 Reação exotérmica ( H < 0)

1) Energia de ativação (Ea)

2) Variação de entalpia ( H)

O gráfico 1 mostra a energia dos reagentes durante a reação química. Nesse diagrama

tem-se:

- À esquerda, a energia total dos reagentes.

- No centro, a energia do chamado complexo ativado, que é uma espécie onde se

concentra toda a energia da colisão, na qual algumas ligações se rompem ao mesmo tempo

que outras estão se formando.

- À direita, a energia dos produtos. Na figura, a energia dos produtos é menor que a dos

reagentes, correspondendo assim a uma reação exotérmica.

Independente da variação global de energia (endotérmica ou exotérmica), a energia

necessária para alcançar o ponto do complexo ativado (energia de ativação, Ea) é sempre

positiva. A magnitude da energia de ativação determinará a velocidade de reação (quanto

menor Ea, maior a velocidade), enquanto a diferença entre as energias de reagentes e

produtos indica a variação de entalpia (∆H).

Page 74: Apostila de Química Geral

74

Gráfico 2 Reação endotérmica ( H > 0)

1) Energia de ativação

2) Variação de entalpia ( H)

Portanto, toda colisão que ocorre e resulta em reação é chamada colisão eficaz ou

efetiva, colisão que ocorre e não resulta em reação é chamada de colisão não-eficaz ou não

efetiva.

10.4. Fatores que influem na velocidade das reações

Sabemos que a velocidade da reação depende, evidentemente, do número de choques

entre moléculas, da violência com que estes choques ocorrem e da orientação correta das

moléculas no instante do choque. Entretanto, existem certos fatores externos que influem na

velocidade de uma reação. São eles:

Estado Físico dos Reagentes

De maneira geral, os gases reagem mais rapidamente que os líquidos, e estes mais

rapidamente que os sólidos, já que no estado gasoso as moléculas se locomovem com muita

facilidade, provocando um grande número de choques, o que facilita a quebra de suas ligações.

Já no estado sólido, a superfície de contato, para que ocorra o choque, é pequena, fazendo

com que, em geral, a reação seja bastante lenta.

Page 75: Apostila de Química Geral

75

Temperatura

A velocidade de uma reação aumenta com o aumento da temperatura (existem raras

exceções).

Exemplo claro de que as reações acontecem a velocidades diferentes quando a

temperatura varia pode ser observado todos os dias na geladeira da sua casa. Se a comida

não é guardada na geladeira, ela se decompõe muito mais rapidamente. Basta, porém, diminuir

em 20°C a temperatura para que a velocidade de decomposição se reduza aproximadamente a

um quarto. A diminuição é ainda maior quando se utiliza o congelador. É por isso que muitos

alimentos são transportados congelados.

Todo aumento de temperatura provoca o aumento da energia cinética média das

moléculas, fazendo com que aumente o número de moléculas em condições de atingir o estado

correspondente ao complexo ativado, aumentando o número de colisões eficazes ou efetivas e,

portanto, provocando aumento na velocidade da reação.

Pressão

A pressão só apresenta influência apreciável na velocidade de reações em que pelo

menos um dos reagentes é gasoso. O aumento da pressão causa diminuição de volume

acarretando aumento no número de choques, o que favorece a reação e, portanto, aumenta a

sua velocidade.

Com a diminuição da pressão, aumenta o volume do recipiente, diminuindo o número de

choques moleculares entre os reagentes e, portanto, diminuindo a velocidade da reação.

Superfície do Reagente Sólido

Quanto maior a superfície do reagente sólido, maior o número de colisões entre as

partículas do reagente e maior a velocidade da reação.

Page 76: Apostila de Química Geral

76

Em uma reação que ocorre com presença de pelo menos um reagente sólido, quanto

mais finamente dividido for este sólido, maior será a superfície de contato entre os reagentes.

Exemplo: Zn(s) + 2 HCl(aq) ZnCl2(aq) + H2(g)

Na equação acima, que representa a reação, se utilizarmos, num primeiro experimento,

zinco em barra e, num segundo, zinco em pó, a velocidade da reação no segundo será muito

maior que no primeiro experimento.

Catalisador

↓ Ea (Energia de Ativação)

Não desloca o equilíbrio, apenas faz com que cheguemos mais rapidamente a ele.

O catalisador não desloca o equilíbrio porque aumenta a velocidade da reação direta e

inversa na mesma proporção. O catalisador apenas diminui o tempo necessário para que o

estado de equilíbrio seja atingido. Porque ele diminui a energia de ativação, facilitando a

ocorrência da reação, aumentando a velocidade da mesma.

Sabemos poucos detalhes das reações que acontecem na superfície dos catalisadores

no nível molecular. O que pode ser afirmado com certeza é que: “As moléculas reagentes são

adsorvidas em uma superfície definida do catalisador e é lá que acontece a reação (sítio ativo)”.

Catalisador é a substância que aumenta a velocidade de uma reação, sem sofrer

qualquer transformação em sua estrutura. O aumento da velocidade é conhecido como

catálise. O catalisador acelera a velocidade, alterando o mecanismo da reação, o que provoca

a formação de um complexo ativado de energia mais baixa. São características dos

catalisadores:

a) o catalisador não fornece energia à reação;

b) o catalisador participa da reação formando um complexo ativado de menor energia;

c) o catalisador não altera o H da reação;

d) o catalisador pode participar das etapas da reação, mas não é consumido pela mesma.

Page 77: Apostila de Química Geral

77

Alguns exemplos de catalisadores:

- A alumina (Al2O3) é utilizada na desidratação de álcoois.

- Elementos como prata (Ag), cobre (Cu), platina (Pt), ferro (Fe), níquel (Ni) e seus óxidos, bem

como o dióxido de manganês (MnO2), são utilizados em reações de oxidação.

- O fosfato de níquel, o cálcio e o óxido de crômio catalisam a desidrogenação de um derivado

de petróleo chamado butano. Esse processo é usado na formação do butadieno industrial que,

por sua vez, é empregado na produção de borracha sintética.

As reações envolvendo catalisadores podem ser de 2 tipos:

• catálise homogênea: catalisador e reagentes no mesmo estado físico;

• catálise heterogênea: catalisador e reagentes em estados físicos diferentes.

Exemplos:

Catálise homogênea

(SO2 – dióxido de enxofre, NO2 – óxido nítrico, SO3 – trióxido de enxofre)

Catálise heterogênea

Inibidor

O inibidor é uma substância que diminui a velocidade das reações, por formar um

complexo ativado de alta energia de ativação. Contudo, o inibidor é consumido pela reação.

Eleva a barreira de ativação e reduz a velocidade da reação. Um exemplo muito

importante é o dos conservantes de alimentos, que diminuem sua velocidade de oxidação e

decomposição. Outro exemplo é constituído pelos antioxidantes e outros aditivos dos plásticos,

que prolongam sua vida útil.

Page 78: Apostila de Química Geral

78

Concentração dos Reagentes

Lembrando que uma reação se processa por meio de choques moleculares, conclui-se

que um aumento de concentração dos reagentes determina um aumento da velocidade da

reação, pois aumentando-se a concentração, aumenta-se o número de moléculas reagentes e,

consequentemente, aumenta também o número de choques moleculares.

Vamos analisar a reação entre A e B em 3 situações diferentes, todas ocorrendo num

recipiente de mesmo volume: A + B AB

1a situação 1 molécula de A e 1 molécula de B

Se houver uma molécula de A e 1 molécula de B, haverá certa probabilidade de choque e, consequentemente, certa velocidade de reação.

2a situação Dobramos a concentração de um dos

reagentes:

Ao se dobrar a concentração de A (ou de B), a probabilidade de a molécula de um dos reagentes chocar-se com a molécula do outro reagente dobra, e, consequentemente, a velocidade da reação aumenta duas vezes.

3a situação Dobrando a concentração dos dois

reagentes.

Se duplicarmos simultaneamente o número de moléculas de A e B, a probabilidade de choque será quatro vezes maior e a velocidade quadruplicará.

Concluindo, podemos dizer que o aumento da concentração dos reagentes (número de moléculas por unidade de volume) aumenta o número de choques, fazendo aumentar a velocidade das reações.

Page 79: Apostila de Química Geral

79

11. Equilíbrio Químico

É a situação na qual as concentrações dos participantes da reação não se

alteram, pois as reações direta e inversa estão se processando com velocidades iguais.

Consideremos a equação genérica:

em que v1 é a velocidade da reação direta e v2 a velocidade da reação inversa.

No início v1 é o máximo porque as concentrações de A e B apresentam valores

máximos, enquanto que v2 é igual a zero, porque C e D ainda não foram formados. À

medida que a reação ocorre, A e B diminuem, e C e D aumentam, portanto v1 diminui e

v2 aumenta, até que as duas velocidades se igualem. No instante em que v1 = v2,

podemos dizer que o sistema atinge o estado de equilíbrio.

Atingido o estado de equilíbrio, a reação química continua a ocorrer (nível

microscópico) nos dois sentidos, com a mesma velocidade e, portanto, as concentrações

de reagentes e produtos ficam constantes. Por isso, podemos dizer que o equilíbrio é um

equilíbrio dinâmico.

Ao considerarmos o sistema como um todo (nível macroscópico), aparentemente

a reação “parou” de acontecer, porque as concentrações de reagentes e produtos

permanecem inalteradas indefinidamente.

Para que o estado de equilíbrio possa ser atingido, é necessário que:

– o sistema encontre-se num recipiente fechado;

– a temperatura fique constante.

Graficamente, podemos representar:

Page 80: Apostila de Química Geral

80

11.1. O estado de equilíbrio

Considere a reação entre o dióxido de carbono e hidrogênio para formar

monóxido de carbono e água:

CO2(g) + H2(g) CO(g) + H2O(g)

Suponha que certa quantidade de CO2 e de H2 estão contidos em um recipiente e

que dispomos de um instrumento que nos permita acompanhar esta reação. Assim que

ela ocorre, observamos que as concentrações dos reagentes diminuem e que as dos

produtos aumentam, como é mostrado na figura abaixo.

A velocidade da reação de formação de produto diminui com o tempo, devido ao

decréscimo de [CO2] e [H2]. Ao mesmo tempo, a velocidade da reação inversa aumenta,

devido a [CO] e [H2O] aumentarem por causa da reação de formação de produtos.

Existem maneiras diferentes de se estabelecer um equilíbrio. Considere,

novamente, a reação:

CO2(g) + H2(g) CO(g) + H2O(g)

Page 81: Apostila de Química Geral

81

Diferentes condições para o equilíbrio CO2(g) + H2(g) CO(g) + H2O(g)

(A) Um mol de cada, CO2 e H2, é introduzido no recipiente vazio.

(B) Um mol de cada, CO e H2O, é adicionado ao recipiente.

(C) São introduzidos diferentes números de mols de H2 e CO2.

(D) São colocados números iguais de mols de CO2 e H2 além de certa quantidade

de CO.

Os equilíbrios químicos são classificados em dois grupos: os equilíbrios

homogêneos e os heterogêneos.

No equilíbrio homogêneo todos os participantes encontram-se na mesma fase. No

equilíbrio heterogêneo os participantes estão em mais de uma fase.

11.2. Deslocamento do equilíbrio químico de uma reação

Quando uma reação química atinge o equilíbrio ela tem a tendência de

permanecer assim indefinidamente, desde que não haja perturbação externa.

Já sabemos que toda reação química reversível tende a um equilíbrio em que as

velocidades da reação direta e inversa são iguais:

Reagentes Produtos (equilíbrio: v1 = v2)

Em consequência, as concentrações de cada substância presente no equilíbrio

permanecem inalteradas. Qualquer fator que altere esta condição (v1 = v2) desequilibra a

reação, até se atingir um novo equilíbrio, no qual as concentrações dos reagentes e

produtos se modificaram em relação aos valores originais.

Em resumo, podemos dizer que deslocar o equilíbrio significa provocar diferença

nas velocidades das reações direta e inversa, e, consequentemente, modificações nas

concentrações das substâncias, até que um novo estado de equilíbrio seja atingido.

Se, no novo equilíbrio, a concentração dos produtos for maior que a concentração

original, dizemos que houve deslocamento para a direita (sentido de formação dos

produtos), já que v1 foi maior que v2:

Reagentes Produtos [produtos] > [produtos inicial]

Page 82: Apostila de Química Geral

82

No entanto, se a concentração dos reagentes for maior do que na situação

anterior de equilíbrio, dizemos que houve deslocamento para a esquerda (sentido de

formação dos reagentes), já que v2 foi maior que v1:

Reagentes Produtos [reagentes] > [reagentes inicial]

Em 1884, Le Châtelier enunciou o princípio geral que trata dos deslocamentos

dos estados de equilíbrio, que ficou conhecido como Princípio de Le Châtelier.

“Quando uma força externa age sobre um sistema em equilíbrio, este se desloca,

procurando anular a ação da força aplicada.”

As forças capazes de deslocar o equilíbrio químico são:

a) concentração dos reagentes ou produtos;

b) pressão sobre o sistema;

c) temperatura.

Efeito da concentração:

“Quando aumenta a concentração de um reagente, o sistema tenderá a formar

produtos para minimizar a alteração, fazendo desaparecer os reagentes. Da mesma

maneira, aumentando a concentração de um produto, o sistema se deslocará para o

lado dos reagentes, para minimizar a alteração, fazendo desaparecer os produtos.”

Um aumento na concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos)

desloca o equilíbrio no sentido de consumir a substância adicionada. O aumento na

concentração provoca aumento na velocidade, fazendo com que a reação ocorra em

maior escala no sentido direto ou inverso.

Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos)

desloca-se o equilíbrio no sentido de refazer a substância retirada. A diminuição na

concentração provoca uma queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo

com que a reação ocorra em menor escala nesse sentido.

Efeito da pressão:

Um aumento na pressão desloca o equilíbrio no sentido do menor volume

gasoso. Uma diminuição na pressão desloca o equilíbrio no sentido do maior volume

gasoso.

Exemplo:

Page 83: Apostila de Química Geral

83

• Aumento de pressão desloca o equilíbrio para a direita (menor volume). (Porque

assim reduz o número de moléculas, e portanto, a pressão total no recipiente. O

aumento da pressão é minimizado pela diminuição do número de moléculas de gás.)

• Diminuindo a pressão, desloca-se o equilíbrio para a esquerda (maior volume).

Em resumo: “Se em um sistema de gases em equilíbrio a pressão é aumentada, a

reação se deslocará para o lado com menor número de mols de gás, a fim de atenuar a

elevação da pressão. Por outro lado, se a pressão diminui, a reação se deslocará para o

lado com maior número de mols de gás para ajudar a não reduzir a pressão.”

Exemplo:

Em uma garrafa de refrigerante tem-se o seguinte equilíbrio:

2 2 2 3( ) ( ) ( )CO g H O l H CO aq

H2CO3 – ácido carbônico (é o ácido das águas minerais gaseificadas e dos

refrigerantes, é um ácido fraco).

Como o único gás é o dióxido de carbono, ao destampar a garrafa e reduzir a

pressão, a reação se desloca no sentido do CO2 e água, e o refrigerante derrama-se na

mesa devido ao borbulhamento súbito.

Efeito da temperatura:

Um aumento na temperatura desloca o equilíbrio no sentido endotérmico (lado

que absorve calor). Uma diminuição na temperatura desloca o equilíbrio no sentido

exotérmico (lado que libera calor).

Exemplo:

N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) Δ H = – 92,2 kJ (EXOTÉRMICO)

N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) + 92,2kJ

↑T ← (deslocamento para ESQUERDA)

(para consumir um pouco de calor adicionado)

A temperatura é o único fator que desloca o equilíbrio e altera o valor da

constante de equilíbrio. Por exemplo, um aumento na temperatura provoca aumento do

valor da constante de equilíbrio para reações endotérmicas ( H >0) e diminuição para

exotérmicas ( H < 0).

Exemplo:

Dada a reação genérica:

Page 84: Apostila de Química Geral

84

aA(g) + bB(g) cC(g) + dD(g)

Alteração no equilíbrio Resultado

Adição de reagente No sentido dos produtos

Adição de produto No sentido dos reagentes

Retirada de reagente No sentido dos reagentes

Aumento da pressão No sentido da contração do volume (no sentido daquele que tiver o menor volume)

Diminuição da pressão No sentido da expansão do volume

Aumento da temperatura No sentido da reação endotérmica

Diminuição da temperatura No sentido da reação exotérmica

11.3. Constante de equilíbrio em termos de concentrações molares (Kc)

Dada uma reação reversível qualquer:

aA + bB cC + dD

Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage, temos:

• para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b

• para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d

No equilíbrio: v1 = v2 (no equilíbrio, as reações em ambas as direções ocorrem

com a mesma velocidade)

K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d

A relação K1/K2 é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de

concentração molar (Kc):

Essa expressão é conhecida como a LEI DE AÇÃO DAS MASSAS.

Page 85: Apostila de Química Geral

85

PRODUTOSKc

REAGENTES

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concentrações dos produtos

da reação e das concentrações dos reagentes da reação, todas elevadas a expoentes

que correspondem aos coeficientes da reação.

Observações:

a) A constante de equilíbrio Kc não varia com a concentração nem com a pressão,

mas varia com a temperatura.

Vimos que o princípio de Lê Châtelier nos permite perceber como a mudança da

temperatura afetará o equilíbrio. Isso equivale a prever o efeito de uma mudança de

temperatura numa constante de equilíbrio. Para uma reação exotérmica (∆H < 0)

Reagentes ↔ Produtos + Calor

Um aumento na temperatura desloca o equilíbrio para a esquerda, consumindo

parte do calor adicionado, minimizando assim o aumento da temperatura (para uma

quantidade de calor definida), visto que um deslocamento do equilíbrio para a esquerda

favorece mais os reagentes que os produtos; isto equivale a dizer que um aumento da

temperatura diminui o valor da constante de equilíbrio.

Para uma reação endotérmica (∆H > 0)

Calor + Reagentes ↔ Produtos

Um aumento na temperatura provoca um deslocamento para a direita, o que

equivale a dizer que a temperatura aumenta o valor da constante de equilíbrio.

b) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento da reação.

c) O valor numérico de Kc depende de como é escrita a equação química.

Por exemplo:

Page 86: Apostila de Química Geral

86

Exercício 11.1:

Para o equilíbrio H2(g) + I2(g) ↔ 2HI(g)

O valor da constante de equilíbrio é 60 a 350°C. Se, no recipiente, as

concentrações das três substâncias acima são:

[H2] = 0,10 mol/L

[I2] = 0,001 mol/L

[HI] = 0,10 mol/L

De que maneira estas concentrações mudarão, à medida que o sistema se

aproxima do equilíbrio, se a temperatura for mantida a 350°C?

11.4. Constante de equilíbrio em termos de pressões parciais (Kp)

Quando os componentes do equilíbrio são substâncias gasosas, além da

constante Kc, podemos expressar a constante de equilíbrio em termos de pressões

parciais (Kp).

Assim para a reação: aA(g) + bB(g) cC(g) + dD(g)

a constante de equilíbrio pode ser:

constante de equilíbrio em termos de concentração molar Kc.

(os expoentes são os coeficientes da equação)

ou

constante de equilíbrio em termos de pressões parciais Kp.

Portanto, concluímos que Kp é a razão entre o produto das pressões parciais dos

produtos gasosos e o produto das pressões parciais dos reagentes gasosos, estando

todas as pressões elevadas a expoentes iguais aos respectivos coeficientes, na

equação química balanceada.

Observação: Para equilíbrio em sistema heterogêneo, o estado sólido não

participa das expressões Kp e Kc, o estado líquido participa somente de Kc, e o estado

gasoso participa das duas expressões.

Exemplos:

a) CaCO3 (s) CaO(s) + CO2 (g)

Kc = [CO2]

Page 87: Apostila de Química Geral

87

Kp = pCO2

b) Ca(s) + 2H+(aq) ↔Ca2+

(aq) + H2(g)

Kp = pH2

c) Zn(s) + 2Ag+(aq) ↔ Zn2+

(aq) + 2Ag(s)

Kp não é definido, pois não encontramos substância no estado gasoso.

Resumindo:

Kp Kc

Sólido NÃO NÃO

Líquido NÃO SIM

Gasoso SIM SIM

Exercício 11.2:

2 2( ) ( ) 2 ( )H g Br g HBr g

Suponha que 1mol de H2 e 1 mol de Br2 sejam colocados em um frasco de 1L a

1000K. Quando o equilíbrio é atingido, forma-se 0,820mol de HBr. Calcule a constante

de equilíbrio Kc. (Se fosse 2L seria: 1mol/2L = 0,5mol/L)

Exercício 11.3:

Suponha que um tanque contenha inicialmente SO3 com uma pressão de 5atm a

800K. Quando a reação 3 2 22 ( ) 2 ( ) ( )SO g SO g O g (decomposição do trióxido de

enxofre) atinge o equilíbrio, a pressão de vapor de O2 é 0,02atm. Calcule Kp.

Page 88: Apostila de Química Geral

88

12. Equilíbrio Ácido-Base

Os ácidos e bases são importantes em inúmeros processos químicos que ocorrem

ao nosso redor, desde processos industriais até processos biológicos, desde reações no

laboratório até aquelas em nosso ambiente. O tempo necessário para um objeto

metálico imerso em água se corroer, a habilidade do ambiente aquático dar suporte à

vida de peixes e plantas, o destino de poluentes removidos do ar pela chuva e até

mesmo as velocidades das reações que mantem nossa vida, todos dependem de

maneira crítica da acidez e basicidade das soluções.

EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE: este equilíbrio existe quando não ocorrer apreciável

variação do caráter ácido ou básico de uma solução. No organismo humano é

indispensável para não termos problemas com acidez elevada (acidose) ou alcalinidade

elevada (alcalose). Pode ser controlado com a medida do pH do meio.

Definições de Ácidos e Bases:

Solvente Ácido Base

Arrhenius

Água Composto de hidrogênio que se dissocia em água para dar íons H+.

Composto de hidróxido que se dissocia em água formando íons hidróxido (OH-).

Brønsted-Lowry

Qualquer solvente Composto que fornece

prótons. Composto que aceita prótons.

Lewis Não está limitado

Receptor de um par de elétrons

Doador de um par de elétrons

12.1. Forças relativas de ácidos e bases

A força dos ácidos é determinada por sua capacidade de se dissociar em íons em

solução aquosa. Isso depende, entre outras coisas, do grau de ionização da ligação

entre o átomo de hidrogênio e o restante da molécula. As ligações muito polares, nas

quais o hidrogênio está ligado a átomos muito eletronegativos como o F, O ou Cl, dão

lugar a espécies muito dissociadas. Diz-se que um ácido é forte quando mais de 50%

Page 89: Apostila de Química Geral

89

está dissociado, ou seja, se na reação geral a seguir, na qual HA representa um ácido

qualquer, o equilíbrio está deslocado para a direita:

2 3HA H O H O A

Um caso que isso acontece é do ácido clorídrico (sendo ele um ácido forte):

2 3HCl H O H O Cl

(equilíbrio deslocado para o lado dos produtos)

Ácidos fracos:

Uma maneira de caracterizar a força dos ácidos fracos é medindo a constante de

equilíbrio da reação geral.

2 3HA H O H O A

Onde A- é a base conjugada do ácido HA. A expressão da constante de equilíbrio é:

3

2

[ ][ ]

[ ][ ]

H O AK

HA H O

Como a concentração da água em soluções diluídas é praticamente constante,

podemos passá-la para o lado esquerdo e definir uma nova constante, chamada

constante de dissociação ácida:

(O que varia é a concentração do ácido ou da base... e os íons.)

3[ ][ ]

[ ]

H O AKa

HA

“Quanto maior é a constante Ka, mais forte é o ácido.”

Bases fracas:

Da mesma maneira que nos ácidos, a reação das bases fracas com água pode

ser quantificada em relação ao valor da constante de equilíbrio da reação geral:

2B H O BH OH

Cuja constante de equilíbrio é: 2

[ ][ ]

[ ][ ]

BH OHK

B H O

Novamente, a concentração da água no denominador é constante, e podemos

escrever uma constante de dissociação básica:

[ ][ ]

[ ]

BH OHKb

B

Page 90: Apostila de Química Geral

90

“Quanto maior for a constante Kb, mais forte será a base.”

Exercício 12.1:

Se em uma solução 0,053 mol/L de ácido clorídrico a concentração de íons

hidrônio, [H3O+], é de 1,4x10-3 mol/L, qual é o valor de Ka deste ácido?

A reação de dissociação é:

2 3( ) ( ) ( ) ( )HCl aq H O l H O aq Cl aq

Exercício 12.2:

O hidróxido de sódio, NaOH, tem Kb = 3,8 x 10-3. Ele reage com água de acordo

com a equação: 2( ) ( ) ( ) ( )NaOH l H O l Na aq OH aq

Calcule a concentração de íons hidroxila no equilíbrio em uma solução 0,23M da

base.

12.2. A constante de dissociação da água

A água pura é neutra, não tem as propriedades nem de um ácido e nem de uma

base. Entretanto, essa neutralidade não significa que na água pura não existam íons

H3O+ (hidrônio, ácido) ou OH- (hidroxila, base).

A reação de ionização da água é: 2 2 3H O H O H O OH

A constante de equilíbrio da reação é: 3

2

2

[ ][ ]

[ ]

H O OHK

H O

Como a concentração da água no denominador é constante, a razão pela qual

podemos definir uma nova constante, chamada constante de dissociação da água:

3 3[ ][ ] [ ] [ ]Kw H O OH H O H

Cujo valor é de 1x10-14 mol2/L2 a 25°C.

Na água pura, as concentrações de [H3O+] e [OH-] são iguais a 1x10-7 mol/L.

Quando se acrescenta um ácido, a concentração de íons hidrônio aumenta e a de íons

hidroxila diminui, a fim de manter constante o produto 3[ ][ ]H O OH . Isso ocasiona o

predomínio das propriedades ácidas, ou seja, a concentração de íons hidrônio supera à

dos íons hidroxila: 3[ ] [ ]H O OH . Por outro lado, acrescentando uma base, aumenta-

Page 91: Apostila de Química Geral

91

se a concentração de hidroxila, e a concentração de íons hidrônio diminui. A solução se

torna básica: 3[ ] [ ]H O OH .

Como toda ionização, a da água também atinge um equilíbrio, chamado

equilíbrio iônico da água. Um litro de água a 25ºC tem massa igual a 1000 g. Portanto,

em 1 litro, temos aproximadamente 55,5 mols de água:

Destes 55,5 mols, constata-se experimentalmente que apenas 10–7 mols sofrem

ionização. A constante de ionização da água pode ser determinada pela equação:

No entanto, a 25ºC, a quantidade de água que fica sem se ionizar assume o valor

de (55,5 – 10–7) mols/L, que é praticamente o valor inicial de 55,5 mols/L. Podemos

então concluir que a concentração de água ([H2O]) é praticamente constante e, portanto,

O produto iônico da água, Kw (ou constante de ionização da água), tem valor igual

a 10–14 a 25 ºC. Kw é uma constante de equilíbrio e como tal não é afetada pela variação

na concentração de H+ ou OH–, mas varia com a temperatura.

– Para soluções ácidas: [H+] > [OH-]

– Para soluções básicas: [H+] < [OH-]

– Para soluções neutras (ou água pura): [H+] = [OH-]

A 25°C podemos afirmar que:

- Soluções ácidas: [H+] > 10–7 mol/L

[OH-] < 10–7 mol/L

- Soluções básicas: [H+] < 10–7 mol/L

[OH-] > 10–7 mol/L

- Soluções neutras: [OH-] = 10–7 mol/L

Page 92: Apostila de Química Geral

92

12.3. Escala de pH

Expressar a concentração de íons em números tão pequenos não é prático.

Sendo proposto assim o uso do expoente para expressar a acidez ou a basicidade,

definindo assim a escala de pH.

Nessa escala, a concentração de [H3O+] (hidrônio) da água neutra, 1x10-7 mol/L,

corresponde a um valor de pH igual a 7.

De maneira similar, quando [H3O+] = 1x10-11mol/L, o pH é 11 e a solução é básica,

como vimos.

Para não se trabalhar com potências negativas, como, por exemplo,

7[ ] 10 /H mols L , Peter L. Sörensen propôs uma nova escala para as medidas de

acidez e basicidade das soluções, utilizando logaritmo segundo as definições:

[ ] 10 pHH (operação inversa / antilog)

[ ] 10 pOHOH

14pH pOH

A letra p, minúscula, significa potencial; portanto:

– pH é o potencial hidrogeniônico da solução, (hidrônio).

– pOH é o potencial hidroxiliônico da solução, (hidroxila).

Solução: Ácida: pH < 7, pOH > 7

Neutra: pH = 7, pOH = 7

Básica: pH > 7, pOH < 7

Como [H3O+] está diretamente relacionada com [OH-] através de Kw, é válida a

relação:

Portanto:

Page 93: Apostila de Química Geral

93

- Para soluções ácidas:

- Para Soluções Básicas:

- Para Soluções Neutras:

Exemplo: Qual o pH e o pOH de uma solução de concentração hidrogeniônica

igual a 10–5 ?

Hidrogeniônica – hidrônio (H+ ou H3O+)

Escala de pH:

[H3O+] mol/L Potência pH pOH Exemplos

1 100 0 14 Muito ácido

0,1 10-1 1 13 Suco gástrico

0,01 10-2 2 12 Suco de limão

0,001 10-3 3 11 Moderadamente ácido Vinagre, coca-cola

0,0001 10-4 4 10 Tomate

0,00001 10-5 5 9 Café

0,000001 10-6 6 8 Saliva

0,0000001 10-7 7 7 Neutro Sangue humano

0,00000001 10-8 8 6 Bicarbonato de sódio

0,000000001 10-9 9 5

0,0000000001 10-10 10 4 Moderadamente básico Leite de magnésia

0,00000000001 10-11 11 3

0,000000000001 10-12 12 2

0,0000000000001 10-13 13 1 NaOH 0,1mol/L

0,00000000000001 10-14 14 0 Muito básico

Page 94: Apostila de Química Geral

94

Exercício 12.3:

O ácido carbônico é o ácido das águas minerais gaseificadas e dos refrigerantes.

Uma solução aquosa 0,12M do ácido carbônico, H2CO3, tem pH de 3,63. Qual é o valor

de Ka para este ácido?

Equação para o equilíbrio que representa a interação entre o ácido carbônico e

água é: 2 3 2 3 3( ) ( ) ( ) ( )H CO aq H O l H O aq HCO aq

Page 95: Apostila de Química Geral

95

13. Reações de oxirredução

Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e redução abrangem

um amplo e diversificado conjunto de processos. Muitas reações de oxirredução são

comuns na vida diária e nas funções vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o

apodrecimento das frutas, a respiração e a fotossíntese.

Oxidação é o processo químico em que uma substância perde elétrons, partículas

elementares de sinal elétrico negativo. O mecanismo inverso, a redução, consiste no

ganho de elétrons por um átomo, que os incorpora a sua estrutura interna. Tais

processos são simultâneos, ao qual chamamos de reação de oxirredução. Na reação

resultante, chamada oxirredução ou redox, uma substância redutora cede alguns de

seus elétrons e, consequentemente, se oxida, enquanto outra, oxidante, retém essas

partículas e sofre assim um processo de redução. Ainda que os termos oxidação e

redução se apliquem às moléculas em seu conjunto, é apenas um dos átomos

integrantes dessas moléculas que se reduz ou se oxida.

Agente REDUTOR: perde elétrons, se oxida.

Agente OXIDANTE: ganha elétrons, se reduz.

Sem dúvida, o oxigênio é o agente oxidante mais comum, pois se combina

facilmente com outro elemento ou composto para formar o correspondente óxido.

Entretanto, seu poder oxidante não é excepcional, pois se assim fosse os seres vivos

queimar-se-iam rapidamente.

Exemplo: Quando o zinco metálico é adicionado a um ácido forte, os elétrons são

transferidos dos átomos de zinco (o zinco é oxidado) para os íons de hidrogênio (o

hidrogênio é reduzido): Zn(s) + 2H+(aq) → Zn2+

(aq) + H2(g)

A seguir é apresentado um exemplo de transferência de partículas que pode ser

classificado como oxirredução:

1) Obtenção de ferro metálico com monóxido de carbono:

2 3 23 2 3Fe O CO Fe CO

Três átomos de oxigênio são transferidos de óxido de ferro (III) ao monóxido de

carbono.

O Fe2O3 se reduz (perde O2) e o CO se oxida (ganha O2).

Fe2O3: agente oxidante (faz com que o outro elemento se oxide).

CO: agente redutor (faz com que o outro elemento se reduza).

Page 96: Apostila de Química Geral

96

13.1. Número de oxidação

Para explicar teoricamente os mecanismos internos de uma reação do tipo redox

é preciso recorrer ao conceito de número de oxidação, determinado pela valência do

elemento (número de ligações que um átomo do elemento pode fazer), e por um

conjunto de regras deduzidas empiricamente:

(1) quando entra na constituição das moléculas monoatômicas, diatômicas ou

poliatômicas de suas variedades alotrópicas, o elemento químico tem número de

oxidação igual a zero. Exemplo: O2, O3, N2, H2.

(2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em todas as suas

combinações com outros elementos, exceto nos peróxidos, quando esse valor é -1.

(3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus compostos, exceto

nos hidretos metálicos, quando o número é -1.

(4) os outros números de oxidação são determinados de tal maneira que a soma

algébrica global dos números de oxidação de uma molécula ou íon seja igual a sua

carga efetiva.

Assim, é possível determinar o número de oxidação de qualquer elemento

diferente do hidrogênio e do oxigênio nos compostos que formam com esses dois

elementos.

Nox fixo:

-Família: 1A (Hi, Li, Na, K, Rb, Cs, Fr) = +1

-Família: 2A (Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra) = +2

-Família: 6A (O, S, Se, Te, Po) = -2

-Família: 7A ( F, Cl, Br, I, At) = -1

-Ag = +1

-Zn, Ca = +2

Page 97: Apostila de Química Geral

97

14. Eletroquímica

A matéria é composta de partículas eletricamente carregadas. Portanto não é

surpreendente que seja possível converter energia química em energia elétrica e vice-

versa. O estudo destes projetos de interconversão é uma parte importante da

eletroquímica, cujo objetivo é o estudo da relação entre energia elétrica e transformação

química.

Uma corrente elétrica pode provocar uma reação química ou, uma reação química

pode produzir uma corrente elétrica. A relação entre estes dois fenômenos é estudada

por um ramo da química chamado Eletroquímica.

Uma célula eletroquímica é um dispositivo que utiliza reações de oxirredução para

produzir a interconversão de energia química e elétrica. Existem dois tipos de células

eletroquímicas: as células galvânicas (ou voltaicas), nas quais a energia química é

convertida em energia elétrica, e as células eletrolíticas, nas quais energia elétrica é

convertida em energia química.

14.1. Célula Galvânica

A energia liberada em uma reação redox espontânea pode ser usada para

realizar trabalho elétrico. Esta tarefa é efetuada por uma célula galvânica (ou voltaica),

dispositivo no qual a transferência de elétrons ocorre pelo caminho externo em vez de

diretamente entre os reagentes.

Consideremos a reação de oxirredução simples:

Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+

(aq) + Cu(s)

que ocorre espontaneamente quando mergulhamos uma barra de zinco metálico em

uma solução aquosa de sulfato de cobre II, ou sulfato cúprico , CuSO4, como é mostrado

na figura abaixo:

Page 98: Apostila de Química Geral

98

Imediatamente após a imersão notamos um depósito escuro sobre a superfície do

zinco. Este depósito consiste em partículas finamente divididas de cobre metálico e

cresce formando uma camada grossa e esponjosa; ao mesmo tempo a cor azul

característica da solução de CuSO4 descora gradualmente, indicando que os íons de

cobre hidratados Cu(H2O)42+ são consumidos na reação. Além disto, o zinco metálico

corrói lentamente, provocando o deslocamento do depósito de cobre metálico que acaba

se depositando no fundo do recipiente.

A reação entre zinco e íons de cobre II é espontânea; o zinco é oxidado e os íons

cúpricos são reduzidos:

Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e- (oxidação)

2e- + Cu2+(aq) → Cu(s) (redução)

Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+

(aq) + Cu(s) (equação completa)

Suponhamos agora que separemos fisicamente a barra de zinco da solução de

cobre. A barra de zinco é imersa em uma solução de sulfato de zinco e a barra de cobre

encontra-se imersa em uma solução de sulfato de cobre, e as duas encontram-se

interligadas eletricamente mediante um fio.

Este dispositivo forma uma célula galvânica. As duas metades são chamadas

compartimentos e são interligadas por uma ponte salina. As barras de zinco e de cobre

são denominadas eletrodos e fornecem a superfície na qual ocorrem as reações de

oxidação e de redução. Cada eletrodo e o meio onde o mesmo está imerso formam uma

Page 99: Apostila de Química Geral

99

semipilha. O circuito elétrico que conecta os dois eletrodos fora das células é

denominado circuito externo.

Se os eletrodos de zinco e de cobre forem ligados entre si por meio de um circuito

externo, haverá um escoamento de elétrons através deste circuito, do eletrodo de zinco

para o eletrodo de cobre em cuja superfície serão recebidos pelos íons de Cu2+. Estes

íons são reduzidos e os átomos de cobre resultantes se depositam sobre a superfície do

eletrodo de cobre, em um processo denominado eletrodeposição. O eletrodo de cobre é

denominado cátodo, ou seja, é o eletrodo onde ocorre a redução. A semi-reação do

cátodo é: 2e- + Cu2+(aq) → Cu(s).

Os átomos da superfície do zinco perdem elétrons (são oxidados) e se tornam

íons. À medida que os elétrons deixam o metal saindo pelo circuito externo, os íons se

dissolvem na solução aquosa. O eletrodo de zinco é denominado ânodo, isto é, o

eletrodo onde ocorre a oxidação. A semi-reação de oxidação é: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e-.

A ponte salina consiste em um tubo em U cheio de uma solução de cloreto de

potássio. Na ponte salina os íons Cl- migram em direção ao ânodo e os íons K+ em

direção ao cátodo, à medida que a célula se descarrega.

Qualquer célula que use esta reação se chama pilha de Daniell, nome dado por

seu inventor o químico inglês J. F. Daniell.

14.1.1. Diagrama de células

As células galvânicas são comumente representadas mediante a notação

simplificada chamada diagrama de célula. O diagrama da pilha de Daniell vista

anteriormente é:

Zn(s) │ Zn2+(aq) ║ Cu2+

(aq) │ Cu(s)

A convenção geralmente seguida apresenta o ânodo na esquerda do diagrama e

o cátodo na direita.

Um diagrama de célula é muitas vezes escrito para mostrar a fórmula completa do

soluto em cada compartimento da célula, como por exemplo:

Zn(s) │ ZnSO4(aq) ║ Cu SO4(aq) │ Cu(s)

Page 100: Apostila de Química Geral

100

14.1.2. Força eletromotriz (fem) das pilhas

Podemos comparar o fluxo de elétrons provocado por uma célula voltaica ao fluxo

de água em uma queda d’água. A água flui espontaneamente sobre uma queda d’água

por causa da diferença na energia potencial entre o topo da queda e o rio abaixo.

Igualmente, os elétrons fluem do ânodo de uma célula voltaica para o cátodo devido à

diferença na energia potencial. A energia potencial dos elétrons é mais alta no ânodo

que no cátodo, e eles fluem espontaneamente por um circuito externo do ânodo para o

cátodo.

A diferença na energia potencial por carga elétrica (diferença de potencial) entre

dois eletrodos é medida em unidade de volts. Um volt (V) é a diferença potencial

necessária para fornecer 1J de energia para uma carga de 1 Coulomb (C).

A diferença de potencial entre dois eletrodos em uma célula voltaica fornece a

força diretora que empurra os elétrons por um circuito externo. Consequentemente

chamamos essa diferença de potencial de força eletromotriz ou fem. A fem de uma

pilha, denominada Ecel, é também denominado potencial da célula. Para qualquer

reação da célula que prossegue espontaneamente, o potencial da célula será positivo.

A fem de uma célula voltaica depende das reações específicas que ocorrem no

cátodo e no ânodo, das concentrações de reagentes e produtos e da temperatura.

Para a célula voltaica Zn-Cu, o potencial da célula a 25°C é 1,10V.

Zn(s) + Cu2+(aq, 1mol/L)) → Zn2+

(aq, 1mol/L) + Cu(s) E°cel = +1,10V

O índice “°” indica condições de estado-padrão.

Os potenciais-padrões de redução e oxidação são tabelados. Assim, podem-se

calcular os potenciais de célula para uma infinidade de tipos de pilhas diferentes, por

meio da seguinte equação:

E°cel = E°red(cátodo) - E°red (ânodo)

Exercício 14.1:

Para a célula voltaica Zn – Cu, temos:

Zn(s) + Cu2+(aq, 1mol/L)) → Zn2+

(aq, 1mol/L) + Cu(s) E°cel = +1,10V

Conhecendo o potencial-padrão de redução de Zn2+, -0,76V, calcule E°red para a

redução de Cu2+ a Cu.

2e- + Cu2+(aq, 1mol/L) → Cu(s)

Page 101: Apostila de Química Geral

101

14.1.3. Espontaneidade de reações redox

Temos observado que as células voltaicas usam as reações redox que ocorrem

espontaneamente. Qualquer reação que pode ocorrer em uma célula voltaica para

produzir uma fem positiva deve ser espontânea. Consequentemente é possível decidir

se uma reação redox será espontânea usando os potenciais de semicélula para calcular

a fem associada a ela. Portanto:

E° = E°red(processo de redução) - E°red (processo de oxidação)

Se E° for um valor positivo, indica um processo espontâneo. Se E° for um valor

negativo, indica um processo não espontâneo.

14.2. Eletrólise

O segundo tipo de célula eletroquímica é a célula eletrolítica. Nesta célula, a

energia elétrica proveniente de uma fonte externa é utilizada para produzir reações

químicas. Ou seja, é possível usar energia elétrica para fazer com que reações de

oxirredução não espontâneas ocorram. Por exemplo, a eletricidade pode ser usada para

decompor o cloreto de sódio fundido em seus elementos componentes:

2NaCl(l) → 2Na(l) + Cl2(g)

Tais processos, produzidos por uma fonte externa de energia elétrica, são

chamados reações de eletrólise e ocorrem em células eletrolíticas.

14.2.1. Reações não-espontâneas e células eletrolíticas

Considerando-se a célula galvânica operando a 25ºC:

Sn(s) │ Sn2+(aq) ║Cu2+

(aq) │ Cu(s)

Esta célula é mostrada na figura abaixo.

Page 102: Apostila de Química Geral

102

O ânodo consiste em uma barra de estanho imersa numa solução contendo

estanho II. O cátodo é o mesmo da célula de Daniel. As reações do eletrodo e da célula

são:

Ânodo de estanho: Sn(s) Sn+2(aq)+ 2e-

Cátodo de cobre: Cu2(aq) + 2e- Cu(s)

Célula: Sn(s) + Cu2(aq) Sn2

(aq) + Cu(s)

Estando os íons no estado padrão, a tensão produzida pela célula galvânica é

0,48V.

Page 103: Apostila de Química Geral

103

Aplicando uma tensão em oposição à tensão da célula, como mostrado na

seqüência de figuras acima, promove-se reação não espontânea, ou seja, esta será uma

célula eletrolítica e as reações são:

Cátodo de estanho: Sn(s) ← Sn2+(aq)+ 2e-

Ânodo de cobre: Cu2+(aq) + 2e- ← Cu(s)

Célula: Sn(s) + Cu2+(aq) ← Sn2+

(aq) + Cu(s)

14.2.2 Eletrólise da salmoura (solução aquosa de NaCl)

Como ilustrado na figura ao lado, a

eletrólise de soluções aquosas de eletrólitos é,

algumas vezes, mais complexa por causa da

possibilidade da água ser oxidada ou reduzida.

A reação de oxidação da água é

2H2O → O2(g) + 4H+(aq) + 4e-

e a redução

2H2O + 2e- → H2(g) + 2OH-(aq)

Em soluções ácidas, outra reação que

pode ocorrer é a redução do H+, que é:

2H+(aq) + 2e- → H2(g)

Page 104: Apostila de Química Geral

104

Considere uma célula que contém uma solução aquosa 1M de NaCl. Como

existem muitas espécies presentes na célula, várias são as reações anódicas (oxidação)

e catódicas possíveis:

No ânodo:

No cátodo:

Aplicando-se um potencial suficientemente alto e em solução de concentração

elevada, verificasse que no ânodo produz-se Cl2(g):

2Cl-(aq) → Cl2(g)+ 2e-

No cátodo, forma-se H2(g), assim sabemos que sofreu redução ou o H+ ou H2O. A

concentração de moléculas de H2O na solução de NaCl é muito maior que a do íon H+.

Constatamos que a reação catódica será:

2e- + 2H2O → H2(g) + 2OH-(aq)

Mesmo que o H+(aq) fosse a espécie que estivesse sendo reduzida na realidade a

reação eletrolítica anterior representa melhor a transformação global, pois pode ser

considerado como sendo a combinação de :

2e- + 2H+(aq) → H2(g)

seguida pelo deslocamento do equilíbrio da água (auto dissociação da água):

H2O ↔ H+(aq) + OH-

(aq)

Portanto, durante a eletrólise dessas soluções aquosas de NaCl a reação total

será:

Page 105: Apostila de Química Geral

105

15. Corrosão

As reações de corrosão são reações de oxirredução espontâneas nas quais um

metal é atacado por alguma substância em seu ambiente e é convertido em um

composto não desejado.

Em alguns casos, pode-se admitir a corrosão como o inverso do processo

metalúrgico, cujo objetivo principal é a extração do metal a partir de seus minérios ou de

outros compostos, ao passo que a corrosão tende a oxidar o metal. Assim, muitas vezes

o produto da corrosão de um metal é bem semelhante ao minério do qual é

originalmente extraído. O óxido de ferro mais comumente encontrado na natureza é a

hematita, Fe2O3, e a ferrugem é o Fe2O3 hidratado, Fe2O3.nH2O, isto é, tendendo a

retornar a sua condição de estabilidade.

Quando o processo de oxidação não é inibido de alguma forma, ele pode ser muito

destrutivo. Entretanto, a oxidação também pode formar uma camada de óxido protetor

isolante que previne a reação adicional do metal abaixo da camada. Com base no

potencial-padrão de redução para Al3+, por exemplo, esperaríamos que o alumínio

metálico fosse facilmente oxidado. Entretanto, as muitas latas de alumínio que sujam o

ambiente são amplas evidências de que esse material sofre apenas corrosão química

muito lenta. A excepcional estabilidade do alumínio ativo ao ar deve-se à formação de

um revestimento protetor fino de óxido – hidrato de Al2O3 – na superfície do metal. O

revestimento de óxido é impermeável a O2 ou H2O, portanto protege o metal da camada

inferior de corrosão adicional.

15.1. A corrosão do ferro

A ferrugem é um processo de corrosão conhecido que implica impacto econômico

significativo. A ferrugem requer tanto oxigênio quanto água. Outros fatores, como pH da

solução, presença de sais, o contato com metais mais difíceis de oxidar que o ferro e o

desgaste no ferro, por exemplo, podem acelerar a ferrugem.

A corrosão do ferro é eletroquímica por natureza. Não apenas o processo de

corrosão envolve a oxidação e a redução, mas o metal por si só conduz eletricidade.

Page 106: Apostila de Química Geral

106

Portanto, os elétrons podem mover-se por ele de uma região onde ocorre oxidação para

outra onde há redução, como em células voltaicas.

Como o potencial-padrão de redução para a redução de Fe2+(aq) é menos positivo

que aquele para a redução de O2, Fe(s) pode ser oxidado por O2(g).

Cátodo: O2(g) + 4H+(aq) + 4e- → 2H2O(l) E° = 1,23 V

Ânodo: Fe(s) → Fe2+(aq) + 2e- E° = -0,44 V

Uma parte do ferro pode servir como ânodo onde ocorre oxidação de Fe a Fe2+. Os

elétrons produzidos migram pelo metal para a outra parte da superfície que serve como

cátodo, onde O2 é reduzido. A redução de O2 necessita de H+, de forma que a

diminuição da concentração de H+ (aumento do pH) torna a redução de O2 menos

favorável. O ferro em contato com uma solução cujo pH é maior que 9 não sofre

corrosão.

O Fe2+ formado no ânodo é eventualmente mais oxidado a Fe3+, que forma o óxido

de ferro (III) hidratado conhecido como ferrugem.

4 Fe2+(aq) + O2(g) + 4H2O(l) → 2Fe2O3 .x H2O(s) + 8H+

(aq)

Uma vez que o cátodo é geralmente a área que tem maior suprimento de O2, a

ferrugem normalmente deposita-se lá.

Page 107: Apostila de Química Geral

107

16. Combustão

A combustão é definida como sendo uma reação química violenta, com produção

de luz e calor. Várias reações químicas podem resultar no fenômeno da combustão: a

combinação do carbono, do hidrogênio, do enxofre e outros elementos com o oxigênio; a

combinação do cloro com o hidrogênio; a combinação do iodo com o fósforo e outras.

Contudo, o primeiro exemplo citado constitui o mais empregado. É este tipo de

combustão que nos interessa.

O principal objetivo da combustão é a obtenção de calor, embora, algumas vezes,

a finalidade seja a obtenção de luz, produtos químicos, etc. O calor de combustão é o

calor resultante das reações exotérmicas que se desenvolvem no processo de

combustão. A quantidade de calor produzida é medida em calorias (poder calorífico).

A maioria dos combustíveis industriais são compostos de carbono, hidrogênio e

enxofre (este em pequena proporção). Na combustão a reação que ocorre é

denominada basicamente de oxidação. Assim, quando o carbono puro (C) é queimado,

a reação que se passa é:

Portanto, quando o carbono puro queima totalmente, produz somente o dióxido de

carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico, acompanhado da liberação de

97.200 Kcal. Quando a queima não é total, obtém-se em lugar de dióxido de carbono

(CO2), o monóxido de carbono (CO), e a reação escreve-se:

Evidentemente, deve-se orientar a queima no sentido de se obter CO2, pois se tem

assim uma liberação bem maior de calor. Na prática, queimam-se combustíveis que não

se compõem apenas de carbono (C), mas também de hidrogênio (H) e enxofre (S).

Assim, numa combustão as reações são, em última análise:

Page 108: Apostila de Química Geral

108

Podemos dizer que nas reações acima:

a) 12 Kg de C reagem com 32 Kg de O2 formando 44 Kg de CO2 e liberando

97.200 Kcal. Se 12 Kg de C, para formar CO2, liberam 97.200 Kcal, 1 Kg libera 8.100

Kcal.

b) 4 Kg de H2 reagem com 32 Kg de O2 formando 36 Kg de H2O, liberando

136.400 Kcal. Se 4 Kg de H2 liberam 136.400 Kcal, 1Kg libera 34.100 Kcal.

c) 32 Kg de S reagem com 32 Kg de O2 formando 64 Kg de SO2 e liberando

70.400 Kcal. Se 32 Kcal de S liberam 70.400 Kcal, 1 Kg libera 2.200 Kcal.

d) 12 Kg de C reagem com 16 Kg de O2 formando 28 Kg de CO e liberando

28.880 Kcal. Se 12 Kg de C, para formar CO liberam 28.880 Kcal, 1 Kg libera 2.407

Kcal.

e) 28Kg de CO reagem com 16 Kg de O2 formando 44 Kg de CO2 e liberando

68.320 Kcal. A quantidade de calor liberado por Kg em termos de C é igual a 5.693 Kcal.

16.1. Combustão industrial

Na combustão utilizada para fins industriais os detalhes dos diversos estágios que

ocorrem na queima dos combustíveis não tem aparentemente maior interesse, posto

que os produtos intermediários que possam se formar, muitas vezes, dificilmente teriam

ação sobre o material exposto ao aquecimento. Contudo, todo o cuidado deve ser

tomado para que esses produtos atinjam o seu estágio final antes de passarem aos

gases da chaminé. Por outro lado, há operações que requerem chamas redutoras ou

oxidantes e, nestas condições o cuidado deve ser tomado para que um tipo indesejável

de chama não ocorra.

Se o objetivo é obter máximo de calor, a finalidade será o maior rendimento da

combustão.

Não basta, porém, que o rendimento calorífico atenda às necessidades

requeridas, é preciso que isso seja feito de forma econômica. Para se atingir tal objetivo

são necessários dois passos importantes:

Page 109: Apostila de Química Geral

109

1º - ter uma combustão eficiente, regulando a quantidade de ar e proporcionando

perfeita mistura ar-combustível;

2º - transferir o máximo de calor obtido na combustão para o material a ser

aquecido.

A simples observação de urna combustão industrial pode não revelar o que se

perde de combustível. Somente o controle exercido na combustão pode revelar o que na

realidade se passa ali.

Economizar combustível é um dever social. Fala-se em crise de energia, em

escassez da combustíveis, mas o que se perde atualmente na combustão industrial é

estarrecedor.

Há um ponto crítico, é verdade, em que se cruzam as linhas de economia e

interesse industrial; é o ponto em que o mínimo de combustível é gasto e o máximo de

produção é atingido. Este ponto varia conforme o tipo de indústria. A localização deste

ponto em cada indústria constitui o objetivo do estudo da combustão industrial.

16.2. Ar de combustão

O ar de combustão, por sua vez, nada mais é que o ar atmosférico que toma

parte na combustão; este ar, às vezes, entra em combustão sem maiores cuidados, mas

em casos especiais ele pode receber tratamento especial como filtragem, aquecimento,

enriquecimento com oxigênio, etc.

A medição do ar na combustão industrial é muito difícil. Nas instalações onde o ar

de combustão é suprido exclusivamente por meio de sopradores, esta medição é fácil,

porém, na maioria dos casos, a quantidade de ar de combustão é calculada com base

na análise dos gases de combustão.

Ao ar de combustão deve ser dada toda a atenção, pois a ele e às suas

condições deve-se uma boa eficiência da combustão.

Um excesso de ar de combustão, além de certo limite, pode acarretar prejuízo;

porque o ar que não participa da combustão tende a esfriar a chama sem contribuir para

a reação. Quanto maior for o excesso de ar, maior será o aumento da velocidade de

circulação dos gases quentes com consequente perda de calor para a chaminé. Por

outro lado, a insuficiência de suprimento desse ar resulta igualmente um prejuízo.

Page 110: Apostila de Química Geral

110

Devido às condições fortuitas necessárias, caso forneçamos somente o ar exato,

dificilmente obteremos o aproveitamento máximo do combustível.

A quantidade de ar para a combustão pode ser teoricamente calculada com base

na composição do combustível usado, isto é, na sua análise elementar. Esta

composição é possível de ser deduzida, igualmente da análise dos gases de

composição. Como a maioria dos combustíveis industriais são constituídos de carbono e

hidrogênio, as quantidades de CO2 e H2O presentes nos gases permitem calcular as

quantidades correspondentes de C e de H2 que os geraram, e daí, a composição

percentual do combustível.

No processo de combustão industrial, é quase impossível obter uma combustão

completa sem que se tenha um excesso de ar. Assim, excesso de 100% e até 500% são

comuns na queima de combustíveis sólidos. Por outro lado, com combustíveis líquidos e

gasosos pode-se limitar esse excesso a percentagens tão baixas como 10% e 3%. Na

prática, a quantidade de ar de combustão é regulada pela otimização da combustão

desejada e, isto alcançado, nada mais é necessário do que mantê-la.

O conhecimento prévio das quantidades necessárias de ar de combustão é de

primordial importância para os cálculos das câmaras de combustão, dutos, chaminés,

exaustores e outros equipamentos. Como a quantidade de combustível a ser usada num

mesmo equipamento pode variar de acordo com as necessidades, as quantidades de ar

admitidas à combustão devem ser igualmente variadas e, para este fim, certos

dispositivos devem ser previstos, que podem ser de regulagem manual ou automática.