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www.concursospsicologia.com Psicologia Organizacional Aula 1 - Introdução à Psicologia Organizacional Prof.ª Luciana Castro 4 1– O que é Psicologia Organizacional? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 2 – Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 2.1 – Publicações em Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.2 – Temáticas em Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . 12 3 – Breve histórico da Psicologia Organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4 – Atuação do psicólogo organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.1 – Áreas de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4.2 – Ramos ou subespecialidades de atuação em Psicologia da Organização e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.3 – Quem é o psicólogo organizacional brasileiro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.4 – Exemplos de atuação do psicólogo organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.5 – Críticas ao modelo clássico de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4.6 – Linhas inovadoras de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4.7 – Competências esperadas dos profissionais da Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 5 – Ética na Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5.1 – Código de Ética e Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . 34 5.2 – Os seis princípios éticos da American Psychological Association . . . . . . . . . . 39

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1– O que é Psicologia Organizacional? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

2 – Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

2.1 – Publicações em Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.2 – Temáticas em Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3 – Breve histórico da Psicologia Organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 – Atuação do psicólogo organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.1 – Áreas de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4.2 – Ramos ou subespecialidades de atuação em Psicologia daOrganização e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.3 – Quem é o psicólogo organizacional brasileiro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.4 – Exemplos de atuação do psicólogo organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4.5 – Críticas ao modelo clássico de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.6 – Linhas inovadoras de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.7 – Competências esperadas dos profissionais daPsicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5 – Ética na Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.1 – Código de Ética e Psicologia Organizacional e do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . 34

5.2 – Os seis princípios éticos da American Psychological Association . . . . . . . . . . 39

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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL1 O que é Psicologia Organizacional?

Spector (2005; 2014) subdivide a Psicologia em diversas especialidades, algumas preocupadas basicamente com o conhecimento da Psicologia enquanto ciência (Psicologia Experimental); outras, concentradas tanto na ciência psicológica, quanto na aplicação dos conhecimentos produzidos no mundo real (fora do âmbito da pesquisa). A Psicologia Organizacional se enquadra na segunda categoria, por se ocupar tanto da produção de conhecimento da ciência psicológica, quanto de sua aplicação.

“A Psicologia Organizacional refere-se ao desenvolvimento e à aplicação de princípios científicos no ambiente de trabalho.” (SPECTOR, 2005, p. 5)

Assim, pode-se dizer que há dois aspectos importantes no campo da Psicologia Organizacional: o estudo do lado humano das organizações e a aplicação dos princípios e descobertas obtidos nas pesquisas.

O estudo do lado humano das organizações diz respeito à condução de pesquisas sobre as pessoas no ambiente de trabalho. A aplicação dos princípios e das descobertas obtidos nas pesquisas se refere à atividade prática dos psicólogos como consultores ou funcionários das organizações.

O campo da Psicologia Organizacional apresenta duas divisões principais: Psicologia Industrial e Psicologia Organizacional.

PsicologiaOrganizacional

Industrial (recursos humanos)Gerenciamento por meio do uso apropriado de recursos humanos

OrganizacionalCompreensão do comportamento individual e aumento do bem-estar no ambiente de trabalho

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Zanelli e Bastos (2009, p. 484) descrevem três interfaces pertinentes ao campo da POT:

Comportamento / Fazer humano

Psicólogo do trabalho

- Mercado de trabalho- Análise de trabalho (cargas)- Desempenho- Desempenho/fatores- Saúde/estresse no trabalho

Psicologia organizacional

- Atitudes, percepções, emoções- Motivação, satisfação- Liderança, processos decisórios- Gestão, poder e con�ito- Cultura organizacional- Processos de mudanças

Gestão de pessoas

- Recrutamento, seleção- Educação e treinamento- Avaliação de desempenho- Planos de carreira- Desenvolvimento gerencial

Trabalho Organizações

Âmbitos de análise

- Individual- Grupal- Organizacional- Ambiental

Zanelli e Bastos (2009, p. 483).

Psicologia do Trabalho – comportamento humano e trabalho

Estuda, entre outros fenômenos, a natureza dos processos de organização do trabalho e seus impactos psicossociais, principalmente sobre a qualidade de vida e a saúde do trabalhador (individual e coletivamente).

Preocupa-se em entender como o desempenho humano no trabalho é afetado por fatores pessoais, ambientais e pela maneira como o trabalho é organizado.

Tem ainda como foco de interesse o desemprego, o afastamento do trabalho por aposentadoria e os seus impactos, e o processo de preparação para a inserção no trabalho.

• Mercado de trabalho;• Análise do trabalho (cargos);• Desemprego;• Desempenho/fatores (pessoais, ambientais, organização do trabalho);• Saúde/estresse no trabalho.

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Psicologia Organizacional – comportamento no trabalho e organização

Busca entender e lidar com processos psicossociais que caracterizam as organizações de trabalho (conjunto de pessoas cujas ações precisam ser coordenadas, a fim de atingir metas e objetivos que definem a missão de uma organização).

A compreensão dos fenômenos organizacionais envolve o exame de como se articulam os processos microorganizacionais, apoiados na diversidade individual (atitudes, crenças, valores, percepções, construção de significados, emoções etc.), como, a partir dessa articulação, emergem os processos macroorganizacionais (estruturas, cultura, poder, política etc.), e como estes constituem o contexto que configura, limita e afeta os processos microorganizacionais.

• Atitudes, percepções, emoções;• Motivação, satisfação;• Liderança, processos decisórios;• Gestão, poder e conflito;• Cultura organizacional;• Processos de mudança.

Gestão de Pessoas – ação humana e organização

Conjunto de políticas e práticas que revelam a estratégia utilizada para organizar a ação individual e coletiva de modo coerente com os objetivos e a missão da organização. Apoiadas em concepções e políticas gerais, as práticas de gestão de pessoas definem como a organização capta, integra, avalia, desenvolve e retém seus membros.

• Recrutamento, seleção;• Educação e treinamento;• Avaliação de desempenho;• Planos de carreira;• Desenvolvimento gerencial.

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Zanelli e Bastos (2009) destacam, ainda, três características da POT:

1) “Há uma ampla diversidade de fenômenos que suscitam interesse de pesquisa e demandam intervenções do psicólogo organizacional e do trabalho” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 484).

Assim como Spector (2005; 2014), os autores afirmam que muitos tópicos podem ser analisados e estudados sobre prismas oriundos dos demais subcampos. A avaliação de desempenho, por exemplo, mais que uma ferramenta de gestão (de pessoas), implica na análise do trabalho e nas condições em que este é executado (Psicologia do Trabalho).

2) “O domínio da Psicologia Organizacional e do Trabalho envolve vários âmbitos de análise e de intervenção” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 485).

São quatro âmbitos indicados: individual, grupal, organizacional e contextual (ambiental):

- Individual: prioriza o papel do indivíduo e a sua história particular como determinantes mais críticos (p. ex., qualidade de desempenho, satisfação no trabalho, nível de estresse etc.).

- Grupal: os processos configuram a dinâmica dos grupos e das equipes no ambiente de trabalho (p. ex., estilos de liderança, comunicação, conflitos etc.).

- Organizacional: elementos que configuram a organização como unidade global e cujas características interagem com processos grupais e individuais na determinação dos mesmos resultados (p. ex., características estruturais, dinâmica cultural e política da empresa, modelo de organização do trabalho, desenho das tarefas etc.).

- Contextual ou ambiental: diz respeito às características do meio onde a organização está inserida (p. ex., mudanças tecnológicas, políticas, sociais, culturas e econômicas.)

ACERTE O ALVO:

Seja qual for o fenômeno, tanto no plano da pesquisa quanto no campo da intervenção, este não pode ser abordado levando em conta apenas fatores individuais. “Níveis elevados de estresse, por exemplo, não podem ser explicados apenas por características de personalidade, desconsiderando padrões de relações entre chefia e trabalhador, estruturas de poder, cargas de trabalho, organização do processo produtivo, pressupostos culturais e, até mesmo, políticas macroeconômicas que fragilizam o trabalho e geram insegurança” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 486).

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3) “A Psicologia Organizacional e do Trabalho, para cumprir a sua missão como área de conhecimento e campo de intervenção, requer, necessariamente, estreita interface com outras áreas e campos” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 486).

Os estudos e intervenções da POT têm se tornado visivelmente interdisciplinares. Para compreender as questões organizacionais e do trabalho, é necessária a interface com a Sociologia, a Antropologia, as Ciências Políticas e outras áreas.

Observe as principais contribuições da Psicologia e de outras áreas nos estudos das organizações de trabalho:

Áreas ou subáreas Principais contribuições

Psicologia Geral Aprendizagem, motivação, personalidade, percepção, emoções, tomada de decisão individual, mensuração de atitudes, estresse.

Psicologia SocialMudança comportamental, mudança de atitude, liderança, comunicação, processos grupais, tomada de decisão em grupo, cognição social. Dinâmica de grupo, equipes de trabalho, comunicação, comportamento intergrupal.

SociologiaPoder, política, conflito. Dinâmica do mundo do trabalho. Emprego e desemprego. Processo de trabalho. Organização do trabalho. Qualificação e desqualificação da força de trabalho.

AdministraçãoTeoria das Organizações, tecnologia organizacional, mudança organizacional, cultura organizacional. Ambiente organizacional. Estratégias organizacionais.

Antropologia Diversidade cultural: valores e atitudes comparadas. Análise transcultural. Cultura organizacional.

Ciências Políticas Conflitos, políticas intraorganizacionais, poder.

Economia Dinâmica produtiva. Impacto de novas tecnologias. Produtividade. Emprego e desemprego. Políticas macroeconômicas.

Educação Qualificação para o trabalho. Aprendizagem em contexto de trabalho. Tecnologias instrucionais.

Adaptado de Zanelli e Bastos (2009, p. 487)

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3 Breve histórico da Psicologia Organizacional

De acordo com Spector (2005; 2014), a Psicologia Organizacional é criação do século XX, com raízes no século XIX. Seu surgimento está claramente associado à crescente industrialização desse período, coincidindo com o despontar da Psicologia como campo geral de estudo e aplicação (ZANELLI, BASTOS, 2009).

Veja a seguir, a linha histórica da Psicologia Organizacional.

História da Psicologia Organizacional no mundo

1889 Luigi Patrizi cria o laboratório de Psicologia do Trabalho, em Modena, Itália.

Anos de 1890

- Emil Kraepelin, na Alemanha

- Angelo Mosso, na Itália

Investigação dos aspectos psicofisiológicos associados à fadiga e às cargas de trabalho.

1903 Walter Dill Scott publica obra sobre Psicologia da Publicidade: Theory of advertising.

1911

Frederick Winslow Taylor publica The principles of scientific management. A Administração Científica ou Taylorismo é considerada a principal influência sobre o campo da Psicologia Organizacional.

Uma importante influência no campo da psicologia organizacional foi a obra de Frederick Winslow Taylor, um engenheiro que passou a carreira estudando a produtividade dos funcionários no final do século XIX e início do século XX. Taylor desenvolveu o que chamou de administração científica, como uma abordagem para gerir trabalhadores de manufatura em fábricas. A administração científica propõe inúmeros princípios para orientar as práticas organizacionais (SPECTOR, 2014, p. 10).

A ORT se fundamenta nos seguintes aspectos (CHIAVENATO, 2014):

Análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos. O estudo dos tempos e movimentos permite a racionalização do método de trabalho do operário e a fixação dos tempos-padrão para a execução das tarefas, o que proporciona vantagens:

- eliminação do desperdício do esforço do funcionário e dos movimentos inúteis;

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Início séc. XX

Da economia escravocrata para a industrialização. Tentativas de racionalização e procura de caráter científico e inovador no controle dos processos produtivos.

Léon Walther traz a Psicotécnica para o Brasil (acolhida como instrumental para a viabilização das propostas tayloristas).

Posteriormente, Henri Piéron desencadeia estudos dos testes psicológicos em curso de Psicotécnica na Escola Normal de São Paulo.

1924

Primeiras aplicações de testes no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, sob a direção de Roberto Mange.

Expansão da aplicação de testes psicológicos (exame psicotécnico), com a finalidade de selecionar empregados, principalmente nas empresas ferroviárias.

1925

No Recife, Ulysses Pernambuco, neurologista e psiquiatra, cria o Instituto de Psicologia de Pernambuco, que, a partir de 1929, passaria a se chamar Instituto de Seleção e Orientação Profissional de Pernambuco.

1930

Criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), importante na difusão das aplicações da Psicologia ao trabalho no Brasil. Sobre o IDORT, Zanelli e Bastos (2009) afirmam:

(...) veio atender a uma expectativa, então já remota, entre os empresários paulistas, e serviu para treinar profissionais psicotécnicos, em sua maioria engenheiros dedicados aos problemas de ajustamento humano ao trabalho, e passou a ter considerável penetração nas empresas. O IDORT teve importância crucial na difusão das aplicações da Psicologia ao trabalho no Brasil. A difusão das atividades de inserção do psicólogo aos contextos de trabalho no País reproduz a busca de racionalização e se generalizou na sociedade, sobretudo pela crença na aplicação de testes psicológicos, com claro e restrito objetivo econômico de aumentar a produtividade das empresas. Isso impulsionou não apenas a área, mas o campo de atuação da Psicologia como um todo, que ganhou legitimidade. A Psicologia, uma jovem ciência, na primeira metade do século XX, passou a figurar entre as disciplinas que forneciam apoio e legitimidade aos métodos administrativos e suas correspondentes práticas.

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1930

Quando a profissão foi reconhecida legalmente, na década de 1960, o campo da Psicologia aplicada ao trabalho já estava consolidado (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 473-474).

Expansão das organizações produtivas brasileiras, com a instalação de multinacionais e o aumento da competitividade. Cenário: mão de obra desqualificada e atividades administrativas centradas na produção. As preocupações com a formação profissional começam a ganhar força, atraindo também profissionais vinculados à Psicologia.

Diretos e benefícios aos trabalhadores, impactando as relações de trabalho.

Autores voltados para a aplicação da Psicologia ao trabalho neste período:

Roberto Mange: engenheiro, inicia, em 1924, farta produção científica em Psicologia Industrial. No seu trabalho no Centro Ferroviário do Estado de São Paulo, contou com a colaboração de Anniela Ginsberg (Psicologia Experimental e Clínica, em 1932) e Betty Katzenstein (Psicotécnica, em 1933).

Emilio Mira y López: em 1947, Mira y López dirigiu o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e publicou livros sobre orientação profissional.

Oswaldo de Barros Santos: autor do primeiro texto brasileiro de orientação profissional, dirige, de 1938 a 1942, o Gabinete de Psicotécnica da Escola Técnica Getúlio Vargas, em São Paulo.

A gestão presidencial de Juscelino Kubitschek (fase desenvolvimentista) se destaca pela vinda de montadoras internacionais ao Brasil, provocando mudanças nos modelos de gestão empresarial.

A partir daí, surgem efetivamente os primeiros investimentos na qualificação dos trabalhadores e as preocupações com métodos de gestão mais apropriados às condições e características da realidade brasileira, embora seja evidente o quanto continuam sendo reproduzidas as elaborações originadas em países colonizadores (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 474).

Livro Industrial psychology, de Joseph Tiffin (1942). Em 1958, Ernest McCormick compartilha a autoria na revisão do texto. A partir do final da década de 1960, o livro traduzido é tem ampla e duradoura utilização na formação de psicólogos brasileiros.

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2001

Primeiro número da Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) – primeiro periódico do Brasil, sob financiamento inicial do Conselho Federal de Psicologia, após debates entre os membros do Grupo de Trabalho em Psicologia Organizacional e do Trabalho (GTPOT), originados principalmente em simpósios da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP).

A história dessa área de conhecimento está repleta de exemplos de como os psicólogos organizacionais ajudaram a melhorar as organizações e as condições de trabalho para os funcionários. A psicologia organizacional cresceu enormemente de um foco inicial na eficiência e produtividade, especialmente nos Estados Unidos, às várias e diversificadas área que temos atualmente. A psicologia organizacional tem muito a contribuir para o funcionamento das organizações e para o bem-estar dos funcionários e o futuro da área parece promissor, já que as organizações continuam a precisar de ajuda para lidar com questões relativas aos funcionários (SPECTOR, 2014, p. 13).

Pode-se dizer que o movimento do desenvolvimento da POT no Brasil seguiu o movimento mais geral do campo no cenário internacional, com algum atraso. Sampaio (1998) e Freitas (2002), apud Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014), identificam três principais fases no desenvolvimento da área no Brasil, conforme a seguinte representação:

Psicologia OrganizacionalÊnfase na produtividade das empresas, ampliando o foco

de atuaçãoTrabalho com grupos

Psicologia Industrial

A partir dos anos de 1930Psicotécnica

Seleção e colocação de pessoal

Psicologia do trabalhoMaior ampliação do foco, com ênfase nas questões de saúde

Preocupação alémdas organizações

Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014, p. 558)

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Vejamos um exemplo de como os princípios da administração científica de Taylor foram cobrados pelo Instituto AOCP, no concurso para psicólogo organizacional da EBSERH, em 2015:

QUESTÃO 01. (INSTITUTO AOCP/EBSERH/2015) Apesar de ter sido desenvolvida há mais de um século, a Administração Científica do Trabalho taylorista ainda é muito praticada. Esta apresenta uma constituição solidificada por diversos princípios. Assinale a alternativa que apresenta um desses princípios.

a) A responsabilidade pela organização do trabalho é do “chão de fábrica”, pois, nesse modelo, é valorizada a grande massa de mão de obra pensante e planejadora.

b) A forma de melhor realizar o trabalho deve ser estabelecida pela “tentativa e erro”, embasada em experimentações cotidianas, de modo a rechaçar qualquer forma de trabalho científica e precisa, a fim de melhor adaptar-se ao mercado flexível.

c) Os processos seletivos devem ser organizados seguindo a máxima “do lugar certo e adaptável para a pessoa certa”.

d) A eficiência do desempenho do trabalhador requer que ele seja treinado metodicamente na tarefa sob a sua responsabilidade.

e) O investimento na maturidade técnica e operacional dos trabalhadores é realizado de modo a eliminar a necessidade de supervisão.

De acordo Bastos (2003), apud Tonetto et al. (2008),o termo POT, empregado desde a década de 1990, tem por objetivo contemplar a diversidade da área, de modo a propor a existência de dois grandes eixos de fenômenos que envolvem aspectos psicossociais: as organizações, enquanto ferramenta social formadora de coletivos humanos, e o trabalho, enquanto atividade básica do ser humano reprodutora de sua própria existência e da sociedade.

Assim, Tonetto et al. (2008) afirmam, a partir de Zanelli e Bastos (2004) e Malvezzi (2004), que os fenômenos organizacionais são considerados processos psicossociais que estruturam a vida dos indivíduos e o funcionamento das sociedades. De modo semelhante, o trabalho é concebido enquanto elemento transformador não apenas da matéria, mas também da vida psíquica, social, cultural, política e econômica.

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Vejamos um exemplo de como esse conteúdo foi cobrado pelo Instituto AOCP, no concurso para psicólogo do Colégio Pedro II, em 2013:

QUESTÃO 02. (INSTITUTO AOCP/COLÉGIO D. PEDROII/2013) O termo Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), empregado desde seus primórdios, tem por objetivo contemplar a atual diversidade da área. Desse ponto de vista, assinale a alternativa correta.

a) Os fenômenos organizacionais são considerados como processos objetivos, que estruturam a vida das organizações e o funcionamento das sociedades.

b) O trabalho é concebido enquanto elemento transformador não apenas da matéria, mas também da vida psíquica, social, cultural, política e econômica.

c) Um dos principais desafios na área de POT é compreender como interagem os múltiplos aspectos que desintegram a vida das pessoas, grupos e organizações em um mundo em constante transformação, de modo exclusivo a recusar formas de promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar.

d) É preciso incentivar que as pessoas tenham que se adaptar a condições que ultrapassem seus próprios limites, como aprender habilidades em prazos mais curtos do que o necessário ou mesmo alterar aspectos de sua identidade.

e) Faz-se desnecessária a interface com outras áreas do conhecimento, tais como Sociologia, Antropologia, Ciências Políticas, Educação, Economia e Administração.

4 Atuação do psicólogo organizacional

Os trabalhos iniciais do que hoje conhecemos como Psicologia Organizacional se concentravam em questões de desempenho no trabalho e eficiência organizacional. À medida que foram ganhando maior porte, as organizações começaram a contratar psicólogos organizacionais para atender aos crescentes problemas funcionais, principalmente aqueles relevantes para a produtividade.

A Psicologia tem longa tradição de interesse no comportamento ético e no bem-estar das pessoas. O objetivo do psicólogo é melhorar a condição humana por meio da aplicação da Psicologia. Para o psicólogo organizacional, isso implica ajudar a melhorar o funcionamento das organizações e o bem-estar dos funcionários. (SPECTOR, 2014).

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Assim, podemos entender que os dois principais focos de atuação do psicólogo organizacional são:

• Eficiência organizacional, por intermédio da seleção de pessoas mais capazes, do treinamento de pessoas para realizar melhor o trabalho, da criação de tarefas mais adequadas e do desenvolvimento das organizações para melhorar seu funcionamento.

• Bem-estar das pessoas, visando a transformar as organizações em ambientes mais saudáveis e seguros para as pessoas trabalharem, ainda que sem a melhoria direta da eficácia da organização.

A atuação do psicólogo organizacional é influenciada pelas transformações do contexto e pelo desenvolvimento da ciência. Observando a história da POT, percebe-se que a amplitude e o escopo da atuação profissional têm sido efetivamente alargados.

4.1 Áreas de atuação

Os psicólogos organizacionais têm diferentes funções em ampla variedade de ambientes (SPECTOR, 2014; 2005), desempenhando atividades profissionais voltadas à pesquisa científica ou à prática. Spector (2014) descreve as principais atividades dos profissionais voltados à pesquisa e ao ensino (professores universitários), e dos psicólogos organizacionais de atuação prática.

PSICÓLOGO ORGANIZACIONALE DO TRABALHO

- Analisar a natureza do trabalho (análise do trabalho);- Conduzir análises para encontrar a solução para problemas organizacionais;- Conduzir levantamentos para se informar sobre os sentimentos e opiniões dos funcionários;- Projetar sistema de avaliação do desempenho dos funcionários;- Projetar sistema de seleção de funcionários;- Projetar programa de treinamento;- Desenvolver testes psicológicos;- Avaliar a e�cácia de uma atividade ou prática, como um programa de treinamento;- Implementar mudança organizacional, como um novo sistema de remuneração para fun-cionários de bom desempenho.

Pro�ssionais voltados àpesquisa e ao ensino

- Lecionar;- Realizar pesquisas;- Elaborar artigos de pesquisa e apresentá-los;- Publicar artigos em periódicos cientí�cos;- Prestar serviços de consultoria a organizações;- Escrever livros didáticos;- Orientar alunos de graduação e pós-graduação;- Fornecer informações ao público;- Elaborar cursos;- Manter-se atualizado na área;- Ajudar a administrar as funções relacionadas ao ensino de sua instituição.

Pro�ssionais voltadosà prática

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Algumas atividades práticas demandam a condução de pesquisas para decidir a melhor abordagem para solucionar o problema em questão (SPECTOR, 2014,p. 5).

(...) a atividade de pesquisa em contextos organizacionais e frente a problemas de trabalho é vista como atividade fundante de todo o campo, básica para quaisquer níveis de intervenção e para quaisquer atividades nos seus vários subcampos de atuação (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 479 – grifos nossos).

Vejamos um exemplo de como o campo de atuação do psicólogo organizacional foi cobrado pela banca FUNRIO, no concurso para psicólogo do Instituto Federal da Bahia, em 2014:

QUESTÃO 03. (FUNRIO/IFB/2014) Nas organizações de trabalho, o Psicólogo tem um amplo campo de atuação. Um desses campos será o de contribuir para a produção teórica sobre o comportamento humano no contexto organizacional (ZANELLI, 2002). Para atingir esse objetivo, o Psicólogo deve

a) Planejar programas de treinamento.

b) Desenvolver pesquisas.

c) Supervisionar atividades de registros.

d) Acompanhar o processo de adaptação.

e) Planejar e acompanhar as atividades.