apostila-quinhentismo
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7/28/2019 apostila-quinhentismo
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Aula 01
A Literatura no PerodoColonial Brasileiro
Estudar literatura , basicamente, ampliar
nossas habilidades de leitura do texto literrio.
No Ensino Mdio, esse estudo acrescido da
histria literria, que objetiva acompanhar a
evoluo cronolgica da literatura de
determinado povo e cultura, observando suas
transformaes de acordo com o momento
histrico. Por isso, a histria da literatura
organiza-a em movimentos, perodos e
geraes.
Quinhentismo (Sculo XVI)
Viemos buscar cristo e especiariasO Quinhentismo corresponde poca do
descobrimento do Brasil, movimento paraleloao Classicismo Portugus que, por sua vez,possui ideias relacionadas diretamente aoRenascimento. A literatura do Quinhentismotem como tema central os prprios objetivosda expanso martima: a conquista espiritual ea conquista martima.
Literatura Informativa
A literatura informativa se refere aos relatosdos viajantes, que eram enviados a corteportuguesa. O contedo deste tipo de literaturadescrevia a natureza brasileira, com foco nosaspectos exticos, nos nativos e nas riquezasnaturais. Dentre os autores destes relatos,destacam-se:
Pero Vaz de Caminha Carta a El-Rei Dom
Manuel;
Fernandes Brando Dilogos das Grandezasdo Brasil;
Pero Magalhes Gndavo Histria da
Provncia de Santa Cruz.
Viagem ao Brasil Jean de Lry
Entre os Tupinambs Hans Staden
Literatura de CatequeseLigada Contrar-reforma a literatura de
catequese tinha como objetivo de ampliar a f
crist, atravs da catequizao dos nativos.
Utilizava como recursos o teatro e a
compreenso da lngua Tupi, por parte de seus
autores. Dentre os escritores desta literatura,
destacam-se:
O Padre Jos de Anchieta que utilizava o
teatro e a poesia como forma de expresso.
Padre Manuel da Nbrega conhecido por
Cartas do Brasil e Dilogo sobre a
converso do gentio.
Barroco (sculo XVII)
Principais caractersticas:
Convivendo com o sensualismo e os prazerestrazidos pelo Renascimento, os valores
espirituais to fortes na Idade Mdia e
desprezados pelo Renascimento voltaram a
exercer forte influncia sobre a mentalidade
da poca. Uma nova onda de religiosidade foi
trazida pela Contra-Reforma e pela fundao
da Companhia de Jesus. Neste sentido, o
homem do sculo XVII era um homem dividido
entre duas mentalidades, duas formas
diferentes de ver o mundo:
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Renascimento influncia dos clssicos
(racionalismo, equilbrio, clareza, linearidade
de contornos), viso antropocntrica ouhumanista, sensualismo, valorizao da vida
corprea, etc.; Idade Mdia teocentrismo,
valorizao da vida espiritual, f, etc.
A Arte Barroca ir expressar esta tenso entre
ideias e sentimentos opostos. Destacam-se
dois autores da literatura barroca no Brasil:
Gregrio de Matos Guerra, nascido na Bahia
em 1633, tambm conhecido como Boca de
Inferno, o primeiro poeta brasileiro e o
maior poeta do Perodo Colonial. Sua obra
costuma ser dividida em trs vertentes
bsicas: lrico-amorosa, lrico-religiosa e
satrica.
Abaixo citamos alguns poemas de Gregrio de
Matos Guerra:
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor; mas no porque hei pecado,
Da vossa alta clemncia me despido;
Porque, quanto mais tenho delinqido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar- vos sobeja um s gemido:Que a mesma culpa, que vos h ofendido,
Vos tem para o perdo lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e j cobrada,
Glria tal e prazer to repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra Historia,
Eu sou, senhor, a ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e no queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glria.
A Cidade da BahiaA cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha
No sabem governar sua cozinhaE podem governar o mundo inteiro
Em cada porta um freqentado olheiro
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para levar Praa e ao Terreiro
Muitos mulatos desavergonhados
Trazidos pelos ps os homens nobres
Posta nas palmas toda picardia*
Estupendas usuras nos mercados
Todos os que no furtam, muito pobres
E eis aqui a cidade da Bahia.
Mesma Dona ngela
Anjo no nome, Anglica na cara,
Isso ser flor, e Anjo juntamente,Ser Anglica flor, e Anjo florente,
Em quem, seno em vs se uniformara?
Quem veria uma flor, que a no cortara
De verde p, de rama florescente?
E quem um Anjo vira to luzente,
Que por seu Deus, o no idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Freis o meu custdio, e minha guarda,
Livrara eu de diablicos azares.
Mas vejo, que to bela, e to galharda,
Posto que os Anjos nunca do pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e no me guarda.
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Moraliza o poeta nos ocidentes do Sol ainconstncia dos bens do mundo
Nasce o Sol, e no dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contnuas tristezas a alegria.
Porm se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a luz , por que no dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura no se d constncia,
E na alegria sinta-se a tristeza.
Comea o mundo enfim pela ignorncia,
E tem qualquer dos bens da natureza
A firmeza somente na inconstncia.
Padre Antnio Viera (1608
1697)Considerado o maior orador sacro da nossa
histria, Vieira escreveu cerca de duzentos
sermes. Foi uma espcie de cronista da
histria imediata. Foi tambm um defensor
dos ndios e dos cristos-novos. Sua obra se
divide em quatro temticas bsicas: a arte de
pregar, a causa do indgena, o problema da
escravizao do africano e a questo
holandesa. Em todas elas, evidentemente, so
debatidas questes existenciais e religiosas.
Obra Principal: Sermes
Arcadismo (sculo XVIII)Contexto Histrico
- Influncia do Iluminismo, representado por
filsofos como Rousseau e Voltaire;
- No Brasil: ocorre em Minas Gerais (ciclo do
ouro);
- Ouro incrementou o incio de uma vida
urbana;
- Poetas so ligados ao movimento daInconfidncia Mineira.
Principais caractersticas:
O Arcadismo, tambm chamado
neoclassicismo, recebeu este nome como uma
referncia Arcdia, regio campestre do
Peloponeso, na Grcia antiga, tida como ideal
de inspirao potica. Podemos dividir seus
autores em lricos e picos.
A poesia lrica, no Brasil, tem como principais
autores Toms Antnio Gonzaga, que escreveu
Cartas Chilenas, uma obra satrica e a
principal obra rcade do pas: Marlia de
Dirceu.J Cludio Manuel da Costa autor deObras poticas, com influncia da lrica
camoniana, e Vila Rica, poema narrativo
sobre Vila Rica, sendo este um poema pico.
Toms Antnio Gonzaga foi dos maiores
escritores do Arcadismo brasileiro. Sua obra,na verdade, vai alm das limitaes desta
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escola, rodeando o pr-romantismo,
principalmente ao referir-se mulher amada.
Obras:
Marlia de Dirceu (1792) - Dividido em 3 partes:
Pastor Dirceu declara seu amor e celebra abeleza de sua pastora, Marlia;
Traduz estado de esprito do tempo em queesteve na priso;
Poemas variados.
Cartas Chilenas (1845) obra satrica:
Cartas de Critilo para Doroteu
Crticas a Fanfarro Minsio
Na poesia pica do arcadismo brasileiro
iniciou-se a delineao de uma literaturanacionalista, diferente da europeia por utilizar
como temtica a histria colonial em meio
descrio da paisagem tropical do pas e ainsero do ndio como personagem.
Entre os autores de poesia pica destaca-se
Santa Rita Duro, que escreveu a obra
Caramuru, utilizando o Modelo de Cames
para contar a Lenda do descobrimento, atravs
dos personagens Diogo, Paraguau e Moema.
Outro destaque Baslio da Gama, autor de O
Uraguai, poema pico pr-romntico, que
aborda como tema a tomada das misses,atravs dos personagens Lindia e Sep
Tiaraj.
Cludio Manuel da Costa - Utilizando o
pseudnimo Glauceste Satrnio (musa
inspiradora Nise, a pastora inacessvel), foi
um dos introdutores do Arcadismo no Brasil.
No entanto, considerado um poeta de
transio (Barroco > Arcadismo) por
apresentar, ainda, uma temtica barroca (a
brevidade dolorosa do amor e da vida).
Cultuou o soneto de Cames como modelo
para seus poemas.
Obras:
Obras Poticas (1768)
Vila Rica (1839): poema narrativo sobre a
fundao de Vila Rica.
J rompe, Nise, a matutina auroraO negro manto, com que a noite escura,Sufocando do sol a face pura,Tinha escondido a chama brilhadora.
Que alegre, que suave, que sonoraAquela fontesinha aqui murmura!E nestes campos cheios de verduraQue avultado o prazer tanto melhora!
S minha alma em fatal melancolia,Por te no poder ver, Nise adorada,No sabe inda, que coisa alegria;
E a suavidade do prazer trocada,Tanto mais aborrece a luz do dia,Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.
Que deixa o trato pastoril amadoPela ingrata, civil correspondncia,Ou desconhece o rosto da violncia,Ou do retiro a paz no tem provado
Que bem ver nos campos transladadoO gnio do pastor, o da inocncia!
E que mal no trato, e na aparnciaVer sempre o corteso dissimulado!
Ali respira amor, sinceridade;Aqui sempre a traio seu rosto encobre;Um s trata a mentira, outro a verdade:
Ali no h fortuna que soobre;Aqui quanto se observa, variedade:Oh ventura do rico! Oh bem do pobre.
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Exerccios
Instruo: aps a leitura do texto abaixo(extrado da Carta de Caminha), responda questo 1.
Nela at agora no pudemos saber que hajaouro nem prata, nem nenhuma cousa demetal, nem de ferro; nem lho vimos. A terra,porm, em si, de muito bons ares.(...)
Mas o melhor fruto que nela se pode fazer
me parece que ser salvar esta gente. E estadeve ser a principal semente que vossa Altezaem ela deve lanar. E que no houvesse maister aqui esta pousada para esta navegao deCalecute, bastaria, quanto mais, disposiopara se nela cumprir e fazer o que VossaAlteza tanto deseja, a saber, acrescentando denossa santa f.
1) A respeito da Carta, de Caminha, podemosafirmar que
(A) no h preocupao com a conquistamaterial.
(B) a nica preocupao era a catequese dosndios.
(C) representativa do Barroco brasileiro.
(D) apresenta tanto preocupao materialquanto espiritual.
(E) no cita, em momento algum, os nativos
brasileiros.
2) Considere as seguintes afirmaes sobre oBarroco brasileiro.
I.A arte barroca caracteriza-se por apresentardualidades, conflitos, paradoxos e contrastes,que convivem tensamente na unidade da obra.
II. O conceptismo e o cultismo, expresses da
poesia barroca, apresentam um imaginrio
buclico, sempre povoado de pastoras eninfas.
III. A oposio entre Reforma e Contra--Reforma expressa, no plano religioso, osmesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.
Quais esto corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas l e III.
(E) I, II e III.
3) Pode-se reconhecer nos versos abaixo, deGregrio de Matos,
Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha."
(A) o carter de jogo verbal prprio do estilobarroco, a servio de uma crtica, em tom destira, do perfil moral da cidade da Bahia.
(B) o carter de jogo verbal prprio da poesiareligiosa do sculo XVI, sustentando piedosalamentao pela falta de f do gentio.
(C) o estilo pedaggico da poesia neoclssica,por meio da qual o poeta se investe dasfunes de um autntico moralizador.
(D) o carter de jogo verbal prprio do estilobarroco, a servio da expresso lrica doarrependimento do poeta pecador.
(E) o estilo pedaggico da poesia neoclssica,
sustentando em tom lrico as reflexes dopoeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.
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4) Quanto ao perodo barroco e seusrepresentantes na literatura colonialbrasileira, correto afirmar que
(A) os sermes de Antnio Vieira apresentamuma retrica complexa pela exuberncia deimagens e pelos postulados morais ereligiosos.
(B) a obra de Gregrio de Matos se distinguepela sua unidade temtica, expressa por umtom satrico.
(C) a poesia irreverente de Gregrio de Matossatiriza diferentes tipos sociais, exceo feitaaos representantes da Igreja.
(D) o predomnio dos valores transcendentais,motivados pela Reforma, marca o estilobarroco da obra de Vieira.
(E) Gregrio de Matos se ateve ao uso da lnguaculta da Metrpole, ao contrrio de Vieira, queutilizou termos indgenas, africanos epopulares.
5) Leia as afirmaes abaixo sobre oArcadismo brasileiro.
I. Os poetas rcades colocavam-se comopastores para realizarem, dessa forma, o idealde uma vida simples em contato com anatureza.
II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha
reproduzido muito dos modelos europeus,apresentou caractersticas prprias, como aincorporao do elemento indgena e a stirapoltica.
III. O tema do Carpe diem, em que o poetaexpressa o desejo de aproveitar intensamenteo momento presente, fugaz e passageiro, foiignorado pelos rcades brasileiros,excessivamente racionalistas.
Quais esto corretas?
(A) Apenas I.(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
Gabarito
1 D 2 D 3 A 4 A 5 C