Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas...

17
1947

Transcript of Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas...

Page 1: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

1947

Page 2: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Jorge de Lima

1893 - 1953

Page 3: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Nascimento = 1893 – União dos Palmares (AL)

Mudança para Maceió (1902)Salvador – Curso de medicina (1909)

Estreia literária (1914) “XIV ALEXANDRINOS”Exercício da Medicina em Maceió (1915)

Deputado estadual (1918-1922)Mudança para o Rio de Janeiro (1930)

Falecimento = 1953 – Rio de Janeiro (RJ)

TRAJETÓRIA

Page 4: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

XIV Alexandrinos (1914)O Mundo do Menino Impossível (1925)Poemas (1927)Novos Poemas (1929)O acendedor de lampiões (1932)Tempo e Eternidade (1935)A Túnica Inconsútil (1938)Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)Poemas Negros (1947)Livro de Sonetos (1949)Obra Poética (1950)Invenção de Orfeu (1952)Antologia Poética (1969)

JORGE DE LIMA

LIVROS DE POESIA

Os anjos da noite Bizo (1934)Calunga (1935)A mulher obscura (1939)Guerra dentro do beco (1950)

ROMANCES

Page 5: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

• O MEDO• BAHIA DE TODOS OS SANTOS• FLORIANO, PADRE CÍCERO, LAMPIÃO• CALABAR• PAI JOÃO

• DIABO BRASILEIRO• ESSA NEGRA FULÔ• MÊS DE MAIO• COMIDAS• INVERNO• MADORNA DE IAIÁ• SANTA RITA DURÃO• JOAQUINA MALUCA

• NORDESTE

• A NOITE DESABOU SOBRE O CAIS

POEMAS1927

• BICHO ENCANTADO• BANGUÊ• HISTÓRIA• DEMOCRACIA• RETRETA DO VINTE• QUICHIMBI SEREIA NEGRA• ZEFA LAVADEIRA*• BENEDITO CALUNGA• LADEIRA DA GAMBOA• PASSARINHO CANTANDO• EXU COMEU TARUBÁ• ANCILA NEGRA• O BANHO DAS NEGRAS*• CACHIMBO DO SERTÃO• OBAMBÁ É BATIZADO• POEMA DE ENCANTAÇÃO• REI É OXALÁ, RAINHA É IEMANJÁ• FOI MUDANDO, MUDANDO• JANAÍNA• QUANDO ELE VEM• XANGÔ• PRA DONDE QUE VOCÊ ME LEVA*• MARIA DIAMBA• OLÁ! NEGRO

NOVOSPOEMAS

1929

POEMAS ESCOLHIDOS - 1932

TEMPO E ETERNIDADE

1935

24POEMASINÉDITOS

POEMAS NEGROS – 1947 = 39 POEMAS

15 POEMAS NÃO INÉDITOS

*POEMASEM

PROSA

Page 6: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

*Linguagem moderna: oralidade coloquial (“que coisa gostosa só é maginar”)

*Expressões regionalistas (“banguê”; “engenho da minha avó”; “massoca”; “cabra”)

*Africanismos(“congos”, cabindas, angolas”; “mandinga”; “Oxalá”)

*Predomínio de poemas com versos livres

*Poemas em prosa

Linguagem e Estilo

Page 7: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Quichimbi sereia negra

Bonita como os amores

Que tem partes de chigonga

Não tem cabelos no corpo,

É lisa que nem muçum

MUSICALIDADE

Qui chim bi se rei a ne

bo ni ta co moos a mo

que tem par tes de chi gon

não tem ca be los no cor

É li sa que nem mu çum

Ora, se deu que chegou

(isso já faz muito tempo)

No banguê dum meu avô

Uma negra bonitinha

Chamada negra Fulô

O ra se deu que che gou

is so já faz mui to tem

no ban guê dum meu a vô

U ma ne gra bo ni ti

cha ma da ne gra Fu lô

VERSOS REDONDILHOS MAIORES = SETE SÍLABAS POÉTICAS

Page 8: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

HISTÓRIAEra princesa.Um libata a adquiriu por um caco de espelho. (...)Peça muito boa: não faltava um dente (...)No tombadilho o capitão deflorou-a. (...)Depois foi ferrada com uma âncora nas ancas,Depois foi possuída pelos marinheiros (...)Apaixonou o sinhô,Enciumou a Sinhá,apanhou, apanhou, apanhou.

TEMÁTICA

OLÁ! NEGROOs netos de teus mulatos e de teus cafuzosE a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredorTentarão apagar a tua cor! (...)Não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!Pai-João, Mãe-Negra, Fulô, Zumbi (...)A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!

História e acultura dos negros

brasileiros

Page 9: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

NORDESTENordeste, terra de São Sol!Irmã enchente, vamos dar graças a nosso Senhor,Que a minha madrasta Seca torrou seus anjinhosPara os comer.(...)Sertão! Pedra Bonita!Tragam uma virgem para D. Lampião!

TEMÁTICA

BANGUÊCadê você meu país do Nordeste!Que eu não vi nessa Usina Central Leão de minha terra,Ah! Usina, você engoliu os banguezinhos do país das

alagoas!(...)Cadê você meu país de banguêsCom as cantigas da boca da moenda:“tomba cana João que eu já tombei”

REGIONALISMO

Page 10: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no banguê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô! ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história,que eu estou com sono, Fulô!

Essa negra Fulô! "Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! "minha mãe me penteou minha madrasta me enterrou pelos figos da figueira que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá Chamando a negra Fulô!) Cadê meu frasco de cheiro Que teu Sinhô me mandou? — Ah! Foi você que roubou! Ah! Foi você que roubou!

O Sinhô foi ver a negra levar couro do feitor. A negra tirou a roupa, O Sinhô disse: Fulô! (A vista se escureceu que nem a negra Fulô).

ESSA NEGRA FULÔ

Page 11: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê meu lenço de rendas, Cadê meu cinto, meu broche, Cadê o meu terço de ouro que teu Sinhô me mandou? Ah! foi você que roubou! Ah! foi você que roubou!

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar sozinho a negra Fulô. A negra tirou a saia e tirou o cabeção, de dentro dele pulou nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê, cadê teu Sinhô que Nosso Senhor me mandou? Ah! Foi você que roubou, foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!

ESSA NEGRA FULÔ

Ilustração de Lasar Segall

Page 12: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

ZEFA LAVADEIRA(Trecho de A Mulher Obscura)

Depois de lavar a roupa dos outros, Zefa lava a roupa que a cobre nomomento. Depois deixa-a corando sobre o capim. Então Zefa lavadeiraensaboa o seu próprio corpo, vestido do manto de pele negra com quenasceu. Outras Zefas, outras negras vêm lavar-se no rio. Eu estou ouvindotudo, eu estou enxergando tudo. Eu estou relembrando a minha infância. Aágua, levada nas cuias, começa o ensaboamento; desce em regatos deespuma pelo dorso, e some-se entre as nádegas rijas. As negras aparam aespuma grossa, com as mãos em concha, esmagam-na contra os seiospontudos, transportam-na, com agilidade de símios, para os sovacos, para osflancos; quando a pasta branca de sabão se despenha pelas coxas, as mãoscôncavas esperam a fugidia espuma nas pernas, para conduzi-la aos sexosem que a África parece dormir o sono temeroso de Cam.

Page 13: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Tempos e tempos passaramPor sobre teu ser.Da era cristã de 1500Até estes tempos severos de hoje,Quem foi que formou de novo teu ventre,Teus olhos, tua alma?Te vendo, medito: foi negro, foi índio ou foi cristão?

Os modos de rir, o jeito de andar,Pele,Gozo,Coração...Negro, índio ou cristão?Quem foi que te deu esta sabedoria,Mais dengo e alvura,Cabelo escorrido, tristeza do mundo,Desgosto da vida, orgulho de branco, algemas, resgates, alforrias?Foi negro, foi índio ou foi cristão?

Quem foi que mudou o teu leite,Teu sangue, teus pés, Teu modo de amarTeus santos, teus ódios,Teu fogo,Teu suor,Tua espuma,Tua saliva, teus abraços, teus suspiros, tuas comidas,Tua língua?Te vendo, medito: foi negro, foi índio ou foi cristão?

FOI MUDANDO, MUDANDO

Page 14: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Capeta, dente-de-ouro, tome galinha preta,Quero dormir com a Zefa!Capeta, bode preto, quero dormir com a Zefa!

Diabo brasileiro

Fez mandinga para o Sinhô a amar.A Sinhá mandou rebentar-lhe os dentes:Fute, Cafute, Pé-de-pato, não-sei-que-diga,Avança na branca e me vinga.Exu escangalha ela, amofina ela,Amuxila ela que eu não tenho defesa de homem,Sou só uma mulher perdida neste mundão.Neste mundão.Louvado seja Oxalá.Para sempre seja louvado.

História

Na noite aziaga, na noite sem fimRecende o fartum. Recende o fartum.

Senhor do Bomfim! Senhor do Bonfim!Oxum! Ô! Ê!

Redobram o tantã, incensam maconha!Sorri Oxalá!

Xangô

Cachimbo de barro Massado com as mãos, Canudo comprido, que bom!-Me dá uma fumaçada!-Que coisa gostosa só é maginar! Sertão vira brejo,A seca é fartura Desgraça nem há!

Cachimbo do sertão

Mecanismos de evasão dos negros perante o sofrimento

Religião, magia, mandingas Fumo (maconha)

Page 15: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

Joaquina Maluca, você ficou lesa,não é?Talvez pra não verO que o mundo lhe faz.Você ficou lesa, não foi?Talvez para não ver o que o mundo lhe fez.Joaquina Maluca, você foi bonita, não foi?Você tem um resto de graça meninaNão sei onde é...

Tão suja de vício,Nem sabe o que foi.Tão lesa, tão pura, tão limpa de culpa,Nem sabe o que é!

Joaquina Maluca

Há muita coisa a recalcar e esquecer:O dia em que te afogaste,Sem me avisar que ias morrer,Negra fugida na morte,Contadeira de histórias do teu reino,Anjo negro degradado para sempre, Celidônia, Celidônia, Celidônia!

Depois: nunca mais os signos do regresso.Para sempre tudo ficou como um sino ressoando.E eu parado em pequeno,Mandingando e dormindo,Muito dormindo mesmo

Ancila negra

Mecanismos de evasão dos negros perante o sofrimento

Loucura Morte

Page 16: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prefácio de Gilberto Freire

“Há quem fale em “gulodice de pitoresco” para procurar diminuir,com essa generalização de desprezo, aqueles artistas escritores doNordeste (...) Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bemdo nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina.

(...) Jorge de lima não nos fala dos seus irmãos, descendentes deescravos, com resguardos profiláticos de poeta arrogantemente branco,erudito, acadêmico, a explorar o pitoresco do assunto (...) Seu verbo depoeta se torna carnalmente mestiço quando fala de “democracia”,“comidas”, de “Nosso Senhor do Bonfim”, embora a metadearistocrática desse nordestino (...) não esqueça que a “bisavó dançouuma valsa com D. Pedro II”, nem que “o avô teve banguê”.

Page 17: Apresentação do PowerPoint · XIV Alexandrinos (1914) O Mundo do Menino Impossível (1925) Poemas (1927) Novos Poemas (1929) O acendedor de lampiões (1932) Tempo e Eternidade (1935)