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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO TC Cav EMERSON LU˝S DE ARAJO P´NGARO Rio de Janeiro 2018 Aquisiªo de sistemas militares complexos e o Suporte Logstico Integrado: desenvolvendo um novo conceito

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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

TC Cav EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO

Rio de Janeiro 2018

Aquisição de sistemas militares complexos e o

Suporte Logístico Integrado: desenvolvendo um

novo conceito

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TC Cav EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO

AQUISIÇÃO DE SISTEMAS MILITARES COMPLEXOS E O SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO: DESENVOLVENDO UM NOVO CONCEITO

Tese de Doutorado apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a qualificação no curso de Pós-graduação Stricto Sensu (Doutorado) em Ciências Militares.

Orientador: Cel (Dr.) Carlos Eduardo De Franciscis Ramos

Rio de Janeiro 2018

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P191a Pângaro, Emerson Luís de Araújo

Aquisição de sistemas militares complexos e o Suporte Logístico Integrado: desenvolvendo um novo conceito. / Emerson Luís de Araújo Pângaro. - 2018.

175 f.: il.; 30 cm. Orientação: Carlos Eduardo De Franciscis Ramos Tese (Doutorado em Ciências Militares) - Escola de Comando e Estado-Maior, Rio de

Janeiro, 2018. Bibliografia: f. 139-148.

1. LOGÍSTICA. 2. AQUISIÇÃO DE SISTEMAS MILITARES COMPLEXOS. 3. SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO. I. Título

CDD 355

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À minha esposa Greice e ao meu filho Rafael, pela

compreensão de que o adiamento das nossas horas

de lazer juntos ocorreu por um motivo nobre.

Aos meus pais, Odilon, que onde quer que esteja

estará sempre vibrando com as nossas conquistas e

me mandando uma energia positiva, e Neide, que

sempre me incentivou e soube compreender o meu

afastamento de casa desde adolescente, apoiando a

busca dos meus ideais.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente e Deus, por ter me permitido viver para realizar este Curso dando

continuidade a um projeto de vida na caserna.

À minha esposa Greice, que foi a primeira pessoa a me incentivar a enfrentar este

grande desafio. Se não fosse você, certamente eu não teria tido forças para concluir o

Doutorado, e ao meu filho Rafael, que é o meu esteio nas horas mais árduas, meu

agradecimento pela compreensão e paciência ao longo desses quatro anos. A ambos,

meu pedido mais sincero de desculpas por não poder ter sido mais participativo nas

atividades de lazer da família, e um esposo e pai mais presente, devido às horas em

que fui absorvido pelo Curso.

Aos meus ex-comandantes, Excelentíssimo Sr General-de-Exército Sinclair James

Mayer e Excelentíssimo Sr General-de-Divisão Adalmir Manoel Domingos, que

sempre me estimularam na carreira e na consecução deste objetivo; os senhores

tornaram possível que eu adquirisse o cabedal de conhecimentos necessário para

realizar esta pesquisa científica.

Ao meu comandante, Excelentíssimo Sr Gen Bda Eugênio Pacelli Vieira Mota, pelo

incentivo e constante apoio no desenvolvimento do trabalho, engajando-se

pessoalmente na participação de Oficiais-Generais e Oficiais QEMA, com larga

experiência nacional e internacional na área desta pesquisa, contribuindo de maneira

decisiva para o aumento qualitativo do estudo.

Meus comandantes, seus exemplos de integridade moral, dedicação, inteligência,

honradez, honestidade e senso de justiça, sempre me servirão de estímulo na carreira

e exemplo de como pautar a vida, como soldado e cidadão.

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Aos colegas de turma da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME

15/16), pela oportunidade da troca de experiências e contínuo aprendizado com

pessoas de reconhecida e destacada capacidade profissional.

Ao Cel De Franciscis, meu orientador, que apesar da atribulada vida cotidiana aceitou

o desafio desta orientação, contribuindo para o engrandecimento e definindo o correto

rumo de minha pesquisa, com observações sempre corretas e oportundas.

Ao professor João Dalla Costa, que prontamente se engajou na busca de soluções

para que a pesquisa alcançasse os melhores resultados, colaborando em perfeita

harmonia e sinergia com o meu orientador ao longo de toda a pesquisa.

Ao professor Eduardo Atem de Carvalho, pelo incentivo e disponibilidade em ensinar

e trocar ideias, bem como pela disponibilização de material de pesquisa de relevância

para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Cel Migon e TC Rafael Pinheiro, coordenadores do curso de Pós-Graduação

durante meu curso, pelo companheirismo, pela dedicação e esmero com que

desempenharam a função, sempre estando disponíveis e procurando sanar todas as

dificuldades encontradas, com a proposição de soluções objetivas.

Aos professores do Instituto Meira Mattos (IMM), pela oportunidade de crescimento e

engrandescimento intelectual e pelas brilhantes aulas ministradas no Programa de Pós-

Graduação em Ciências Militares, que contribuíram para a formação dos pilares de

sustentação na elaboração deste trabalho..

Às empresas AVIBRÁS, IVECO, Krauss-Maffei Wegmann (KMW) e Rheinmetall

Land Systems (RLS), em especial ao Eng Marcos Agmar de Lima Souza

(AVIBRÁS), Sr Kleber Ribas (IVECO), Sr Markus Schmidt (KMW) e Sr Jörg Uecker

(RLS) pela pronta disponibilidade, paciência, cooperação e apoio à realização desse

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trabalho. Essas 04 empresas nacionais e estrangeiras, de reconhecida capacidade

técnica, foram parceiras de relevo no desenvolvimento desta pesquisa científica.

Aos Comandantes das seguintes Organizações Militares: TC Stephan, do Parque

Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3); Cel Damaso, do Parque

Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5); Cel Maia Barbosa, do

Parque Regional de Manutenção da 9ª Região Militar (Pq R Mnt/9); Cel Eifler, do

Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP); Cel Fontes, da Escola de Sargentos de

Logística (Es S Log); e Cel Colombo, do Centro de Instrução de Blindados (C I Bld).

Agradeço pelo apoio e contribuição plena na disponibilização e incentivo à participação

de parcela de seus efetivos no grupo amostral, participação essa de caráter

fundamental à condução da pesquisa científica.

A todos os meus irmãos de farda, Oficiais-Generais, Oficiais, Subtenentes e Sargentos,

participantes da pesquisa de campo, pela disponibilidade e contribuição indispensável

ao trabalho. Sua participação permitiu a obtenção da visão de um seleto universo de

militares composto a partir dos mais altos níveis decisórios e com alta capacitação

técnica.

A todos os que se dispuserem a ler este trabalho e as suas conclusões e contribuições,

agradeço à atenção dispensada esperançoso de que gostem do que vão encontrar, e

que os resultados da pesquisa lhes sejam úteis em alguma oportunidade.

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RESUMO

A transformação na ordem mundial no período pós Guerra-Fria e a atual grande guerra contra o terrorismo, precipitada com os atentados de 11 de setembro, têm desafiado a obtenção da paz e segurança internacional. A crescente evolução no emprego operacional de tropas militares, decorrente de diferentes cenários de emprego, tem conduzido ao uso de sistemas de armas cada vez mais complexos. Alinhada com essa conjuntura, a Política Nacional de Defesa estabeleceu como Objetivo Nacional de Defesa a estruturação das Forças Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os planejamentos estratégicos e operacionais. Nesse contexto, no bojo dos Projetos Estratégicos de Defesa, as Forças Armadas têm desencadeado um processo de transformação, que engloba diversos projetos de aquisição de produtos de defesa, o que indica o crescimento em alta escala das demandas da base logística de defesa. A experiência mostra que a função de combate logística não tem sido capaz de atender, com a eficácia desejada, às necessidades atuais. A insuficiência de recursos orçamentários consubstancia-se como uma das principais razões dessa incapacidade, pois as necessidades do sistema logístico são bastante superiores às capacidades financeiras e operacionais, gerando uma grande demanda reprimida. A dificuldade precípua reside em conseguir o melhor custo-benefício na aquisição de novos sistemas com as exigências tecnológicas atuais, mantendo-os operacionais durante a vida útil estimada. Desse modo, conclui-se pela necessidade da implantação de práticas inovadoras nos processos de aquisição de sistemas militares de alta tecnologia, com os consequentes reflexos na implementação e avaliação das políticas e estratégias relacionadas a esse assunto. Acredita-se que seja recomendável a normatização e validação de um processo que seja capaz de padronizar procedimentos nas aquisições de produtos de defesa, que visem a identificar os parâmetros determinantes da melhor relação custo-benefício e que identifique os riscos no atingimento dos objetivos. O processo delineado como Suporte Logístico Integrado (SLI) abrange o estado da arte referente à logística de material de emprego militar. Nesse contexto, visualiza-se que a inserção da análise de elementos do SLI durante o processo decisório que vise à aquisição de sistemas militares complexos possa fornecer subsídios relevantes ao desenvolvimento e à manutenção das capacidades desses sistemas de armas. Assim, o presente trabalho tem o escopo de verificar a importância dos elementos de Suporte Logístico Integrado como determinantes das decisões estratégicas dos processos de aquisição de sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.

Palavras-chave: 1. Logística. 2. Aquisição de sistemas militares complexos. 3. Suporte Logístico Integrado.

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ABSTRACT The transformation of the world order in the post-Cold War period and the present great war against terrorism, precipitated by the attacks of 11th September, have challenged the achievement of international peace and security. The growing evolution in operational use of military troops, due to different scenarios of employment, has led to the use of increasingly complex weapons systems. Aligned with this situation, the National Defence Policy established as National Defence Objective structuring the armed forces around capabilities, providing them with personnel and material compliant with the strategic and operational planning. In this context, in the midst of the Defense Strategic Projects, the Armed Forces have unleashed a transformation process, which includes several projects for defense products acquisition, which indicates the full-scale growth of defense logistics base demands. Experience shows that the logistics combat role has not been able to meet the current needs with the desired efficiency. The lack of budgetary resources is consolidated as one of the main reasons for this inability, because the logistics system needs are far above the financial and operational capacity, generating a large restrained demand. The primary difficulty stays in getting the best cost-benefit relationship on purchasing new systems with current technological requirements, keeping them operational during their estimated life cycle. Thus, it can be concluded that there is a need to implement innovative practices in the acquisition process of military high-tech systems, with consequent impacts on the implementation and assessment of policies and strategies related to this issue. It is believed that the standardization and validation of a process that is able to standardize procedures in the procurement of defense products is recommended, aimed to identify the parameters of the best cost-benefit relationship and to identify the risks in achieving objectives. The process outlined as Integrated Logistic Support (ILS) covers the state of the art regarding the logistics of military products. In this context, it seems that the inclusion of ILS elements analysis during the decision making process of complex military systems acquisition can provide significant subsidies for the development and maintenance of the capabilities of these weapon systems. Thus, this study has the scope to verify the importance of the elements of Integrated Logistic Support as determinants of strategic decisions of complex military systems acquisition process in the Brazilian Army.

Keywords: 1. Logistics. 2. Complex military systems acquisition. 3. Integrated Logistics Support.

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RESUMEN

La transformación del orden mundial en el período Posguerra Fría, y la actual guerra contra el terrorismo, desarrollada luego de los atentados de 11 de septiembre, han desafiado la obtención de la paz y la seguridad internacional. La creciente evolución del empleo operacional de las tropas militares, de forma concurrente en diferentes escenarios de empleo, ha ocasionado que se usen sistemas de armas cada vez mas complejos. Alineada con esa coyuntura, la Política Nacional de Defensa estableció como un Objetivo Nacional de Defensa la estructuración de las Fuerzas Armadas basados en capacidades, dotándolas de personal y material compatibles con la planificación estratégica y operacional. En el contexto de los Proyectos Estratégicos de Defensa, las Fuerzas Armadas han desarrollado un proceso de transformación que engloba diversos proyectos de compra de productos de defensa, lo que indica el crecimiento en alta escala de las demandas de la base logística de defensa. La experiencia muestra que la función de combate logística no ha sido capaz de atender las necesidades actuales con la eficiencia deseada. La insuficiencia de los recursos presupuestarios se considera como la principal razón de esa incapacidad, pues las necesidades del sistema logístico son bastante superiores a las capacidades financieras y operacionales, generando una gran demanda reprimida. La principal dificultad consiste en conseguir el mejor costo-beneficio en la adquisición de nuevos sistemas con las exigencias tecnológicas actuales, manteniéndoles operacionales durante la vida útil estimada. De ese modo, se concluye la necesidad de implantación de prácticas innovadoras en los procesos de adquisición de sistemas militares de alta tecnología, con los consecuentes reflejos en la implementación de y evaluación de las políticas y estrategias relacionadas es éste asunto. Se cree que es recomendable la normalización y validación de un proceso que sea capaz de establecer los procedimientos en las adquisiciones de los productos de defensa, que permitan identificar los parámetros determinantes de la mejor relación costo-beneficio y que permita identificar los riesgos en la consecución de este objetivo. El proceso delineado como Apoyo Logístico Integrado (SLI), abarca el estado del arte en relación a la logística del material de empleo militar. En este contexto, se visualiza que la inserción de análisis de elementos de SLI durante el proceso de toma de decisiones, en la compra de sistemas militares complejos pueda proporcionar las herramientas relevantes al desarrollo y el mantenimiento de las capacidades de estos sistemas de armas. Así, el presente trabajo busca verificar la importancia de plos elementos de Apoyo Logístico Integrado como determinantes de las decisiones estratégicas de los procesos de adquisición de sistemas militares complejos en el Ejército Brasileño. Palabras clave: 1. Logistica. 2. Adquisición de sistemas militares complejos 3. Apoyo Logístico Integral.

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LISTA DE ABREVIATURAS

Análise do Suporte Logístico Integrado ASL

Capacidades Operativas CO

Carro de Combate CC

Comando Logístico COLOG

Compreensão das Operações COMOP

Condicionantes Doutrinárias e Operacionais CONDOP

Direito Internacional dos Conflitos Armados DICA

Disponibilidade Adquirida Da

Disponibilidade Inerente Di

Disponibilidade Operacional Do

Doutrina Militar Terrestre DMT

Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e

Infraestrutura

DOAMEPI

Empresas Militares Privadas EMP

Escritório de Projetos do Exército EPEx

Estado-Maior do Exército EME

Estratégia Nacional de Defesa END

Intervalo de Tempo Entre Falhas ITEF

Intervalo de Tempo Entre Manutenções ITEM

Intervalo de Tempo Entre Manutenções Corretivas ITEMC

Intervalo de Tempo Entre Manutenções Preventivas ITEMP

Intervalo de Tempo Para Reparação ITPR

Intervalo de Tempo Total Provocado por Manutenções ITTPM

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Krauss-Maffei Wegmann KMW

Livro Branco de Defesa Nacional LBDN

Norma Administrativa Relativa aos Materiais de Gestão da Diretoria

de Material

NARMAT

North Atlantic Treaty Organization NATO

Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN

Planejamento Baseado em Capacidades PBC

Política Nacional de Defesa PND

Produtos de Defesa PRODE

Produto Interno Bruto PIB

Programas de desenvolvimento de submarinos convencionais e de

propulsão nuclear da Marinha do Brasil

PROSUB

Requisitos Técnicos, Logísticos e Industriais RTLI

Revolução em Assuntos Militares RAM

Revolução Técnica Militar RTM

Reunião Decisória RD

Rheinmetall Land Systems RLS

Sistemas e Materiais de Emprego Militar SMEM

Sistema de Monitoramento de Fronteiras SISFRON

Suporte Logístico Integrado SLI

Vetores de Transformação VT

Viatura Blindada de Combate Carro de Combate VBCCC

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. O problema da visibilidade total dos custos............................................ 20

2. Fatores determinantes da geração de capacidades.............................. 55

3. Elementos básicos de Suporte Logístico Integrado................................ 66

4. Níveis de Gerenciamento....................................................................... 71

5. Áreas e grupos funcionais....................................................................... 76

6. Taxa de falhas......................................................................................... 92

7. Elementos do SLI considerados mais relevantes por segmento............ 111

8. Elementos do SLI considerados menos relevantes por segmento......... 111

9. Elementos do SLI com relevância estatística......................................... 118

10. Itens do Plano de Manutenção............................................................... 120

11. Itens do Ferramental especial e equipamentos de teste e suporte........ 122

12. Itens do Suprimento................................................................................ 123

13. Itens da Documentação Técnica............................................................. 124

14. Itens do Pessoal Especializado.............................................................. 125

15. Itens do Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento................... 126

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráficos Página

1. Compara Tópicos para Militares............................................................. 172

2. Compara Tópicos para Generais............................................................ 172

3. Compara Tópicos para Industria............................................................. 173

4. Compara Itens por Tópico para Militares................................................ 173

5. Compara Itens por Tópico para Industria................................................ 174

6. Compara Militares e Industria por Tópico............................................... 174

7. Compara Ramo de Atividade por Tópico................................................ 175

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LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1. Comparação da formulação teórica de Birkler, Kent e Neu com as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar...........................................................

59

2. Quadro resumo dos elementos de SLI........................................... 67

3. Fases do desenvolvimento do treinamento.................................... 78

4. Força de trabalho e requisitos de pessoal...................................... 84

5. Fases do desenvolvimento do treinamento.................................... 94

6. Legenda das questões................................................................... 106

7. Comparação entre Tópicos para o Segmento Militar...................... 108

8. Comparação entre Tópicos para Oficiais-Generais....................... 108

9. Comparação entre tópicos para o Segmento Industrial................. 110

10. P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Militar.. 115

11. P-valores da comparação entre tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais............................................................................ 115

12. P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Industrial......................................................................................... 116

13. Compara Itens por Tópico para o Segmento Militar....................... 119

14. P-valores da tabela 13.................................................................... 121

15. Compara Itens por Tópico para o Segmento Industrial.................. 127

16. Compara os Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial........................................................................ 129

17. Compara os itens dos Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial..................................................................... 131

18. Compara Ramo de Atividade por Tópico....................................... 133

19. Sequência de atividades do SLI....................................................... 137

20. Momento de análise dos elementos mais relevantes do SLI........... 138

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO�����������������������... 17 1.1 PROBLEMA��������������������.����... 23 1.2 JUSTIFICATIVA����..������������..������. 23 1.3 OBJETIVO..�����������������.�������... 25 1.4 HIPÓTESE����������...��������������... 25 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA............................................................... 26

2 REFERENCIAL METODOLÓGICO��������������� 27 2.1 VARIÁVEIS........................................................................................... 27 2.1.1 Definição conceitual das variáveis.................................................... 28 2.1.2 Relação entre variáveis...................................................................... 28 2.2 MÉTODO DE ABORDAGEM�����������������... 29 2.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO........................................................ 30 2.4 TÉCNICAS�������������������������. 31 2.5 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO........................................................... 33 2.6 TIPO DE AMOSTRAGEM..................................................................... 36 2.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA........................................................... 39 2.7.1 Teste de Friedman............................................................................... 39 2.7.2 Teste de Wilcoxon............................................................................... 40 2.7.3 Teste de Kruskal-Wallis...................................................................... 41 2.7.4 Teste de Mann-Whitney...................................................................... 42 2.7.5 Intervalo de Confiança para Média.................................................... 43 2.7.6 P-valor.................................................................................................. 44 2.7.7 Legenda................................................................................................ 44 2.7.8 Software............................................................................................... 45

3 REFERENCIAL TEÓRICO����������.��������.. 46 3.1 TRANSFORMAÇÃO MILITAR E O AMBIENTE OPERACIONAL

MODERNO............................................................................................ 47 3.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO E O CICLO DE VIDA DOS

MATERIAIS........................................................................................... 55 3.3 ANÁLISE DO SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO (ASL)................. 61 3.4 SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO.................................................. 62 3.4.1 Definição militar de Suporte Logístico Integrado............................ 62 3.4.2 Definição acadêmica de Suporte Logístico Integrado..................... 65

4 ELEMENTOS DE SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO.................... 69

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS......................... 105 5.1 RESULTADOS...................................................................................... 105 5.1.1 Comparação entre os tópicos para o Segmento Militar.................. 107 5.1.2 Comparação entre os tópicos para o subgrupo de Oficiais-

Generais............................................................................................... 108

5.1.3 Comparação entre os tópicos para o Segmento Industrial............ 110 5.1.4 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Militar 112 5.1.5 Comparação entre os tópicos aos pares para o subgrupo dos

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Oficiais-Generais................................................................................. 113 5.1.6 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento

Industrial.............................................................................................. 114

5.1.7 Elementos de SLI com relevância estatística................................... 117 5.1.8 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o

Segmento Militar................................................................................. 118

5.1.9 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento Industrial............................................................................

126

5.1.10 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por Elemento do SLI...........................................................................

128

5.1.11 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por itens dos Elemento do SLI...........................................................

130

5.1.12 Comparação dos ramos de atividade do Segmento Militar............ 132

6 CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES..................................................... 134

REFERÊNCIAS���������......������...........���.����.. 139

APÊNDICE A � QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR.................................. 149

CARTA AO ENTREVISTADO���������������������.. 149 SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO���������.. 150 QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR����������������... 151

APÊNDICE B � QUESTIONÁRIO DO SEGMENTO INDUSTRIAL.................... 158

CARTA AO ENTREVISTADO���������������������.. 158 SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO���������.. 160 QUESTIONÁRIO SEGMENTO INDUSTRIAL��������������... 162

APÊNDICE C � GRÁFICOS............................................................................... 172

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1 INTRODUÇÃO

Exatamente no momento em que se realiza este trabalho, o Brasil enfrenta uma

grave crise econômica. A �economia do Brasil sofreu, no ano passado, a sua pior queda

em um quarto de século, com a queda global das commodities, uma crise política

interna e o aumento da inflação, que forçaram ao corte dos gastos e à redução dos

empregos�12 (ALLEN, 2016), tendo como reflexos o fato de que �as expectativas para o

futuro não são positivas� (IBOPE, 2015, p. 01). Essa crise impacta sobremaneira todos

os projetos em andamento para aquisição de produtos de defesa, em especial: os

programas de desenvolvimento de submarinos convencionais e de propulsão nuclear

da Marinha do Brasil (PROSUB); os projetos Guarani, Astros 2020 e SISFRON do

Exército; e o projeto de aquisição dos caças Gripen NG, da Força Aérea Brasileira.

Tomando-se por base o ambiente regional no qual o Brasil se insere, não restam

muitas dúvidas de que, levando-se em consideração os conflitos interestatais, �a

América do Sul encontra-se dentre as regiões menos violentas do planeta� (ALSINA

JUNIOR, 2009, p.179). Essa aparente condição de estabilidade regional tem levado os

países da região a concentrarem seus esforços nacionais na busca do desenvolvimento

econômico e social, em detrimento aos investimentos na área de defesa, com graves

efeitos para esse setor. Constata-se, assim, que a questão orçamentária desponta

como um dos principais óbices aos projetos de reestruturação das Forças Armadas.

Ainda, no Brasil o grau de importância atribuído ao fomento da estabilidade

regional e da negação de pretensões hegemônicas tem apresentado como reflexo uma

baixa articulação entre as políticas externa e de defesa, com graves prejuízos para esta

última. Alia-se a essa situação a percepção de que a adoção de atitudes mais incisivas

no campo da segurança poderia ser um �fator negativo para o avanço dos interesses

econômico-comerciais brasileiros, ao dar ensejo a ressentimentos e desconfianças nos

Estados vizinhos� (ALSINA JUNIOR, 2009, p. 181).

1 No decorrer do trabalho serão apresentadas diversas citações de obras escritas em idiomas estrangeiros. Todas as passagens serão apresentadas em Português e, quando se acreditou ser conveniente e oportuno, o trecho no original da obra consultada foi apresentado no rodapé. 2 Texto de autoria de Katie Allen, publicado no jornal �The Guardian�, no dia 03 de março de 2016, no original: �Brazil�s economy suffered its worst slump for quarter of a century last year as a global commodity rout, a domestic political crisis and rising inflation forced businesses to slash spending and jobs�.

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Talvez por essa razão, nota-se que o Brasil tem investido cada vez menos em

defesa. Segundo José Goñi, ex-ministro da Defesa do Chile entre 2007 e 2009, esse

�quadro precisa mudar e a região deve investir mais em pesquisas para aprimorar as

capacidades em defesa e, desse modo, diminuir sua dependência estratégica de

fornecedores externos de tecnologia� (SAINT-PIERRE; PALACIOS JUNIOR, 2014, p.32).

No âmbito do Comando do Exército, o portal da transparência do governo federal

mostra que no ano de 2014, a Força Terrestre foi responsável pela execução

orçamentária de R$ 34,3 bilhões de reais.

Pode-se concluir que o perfil de gastos de defesa do Brasil não permite o

atendimento em quantidade compatível com a demanda e o nível de modernização que

proporcionariam à Força Terrestre a capacidade para ser empregada de forma eficaz.

A Estratégia Nacional de Defesa (END)3 estabelece que o Exército Brasileiro

cumprirá sua destinação constitucional sob a orientação dos conceitos estratégicos de

flexibilidade4 e elasticidade5. Define, ainda, que a flexibilidade inclui o requisito

estratégico de mobilidade (BRASIL, 2012).

É certo que a flexibilidade e a elasticidade somente são atingidas mediante a

operacionalidade plena dos sistemas de equipamentos militares. No caso em análise,

somente com o emprego de recursos de forma econômica e eficiente, os resultados

relativos à operacionalidade plena poderão ser atingidos.

Por sua vez, a Política Nacional de Defesa (PND)6 assevera que:

Torna-se essencial estruturar a Defesa Nacional de modo compatível com a estatura político-estratégica do País para preservar a soberania e os interesses

3 A Estratégia Nacional de Defesa � END � é documento formalizado por Decreto aprovado pelo Presidente da República, mas do qual participaram na sua elaboração um Comitê Ministerial, criado com esta finalidade específica, e consultoria especializada de cidadãos nacionais renomados em conhecimento no assunto, bem como dos Comandantes das três Forças Armadas �Aeronáutica, Exército e Marinha. (CARVALHO DE OLIVEIRA; VIANA e SILVA, 2011, p. 01). 4 A Estratégia Nacional de Defesa define o termo flexibilidade - �capacidade de empregar forças militares com o mínimo de rigidez preestabelecida e com o máximo de adaptabilidade à circunstância de emprego da força� (BRASIL, 2012, p. 75, grifos nossos). 5 A Estratégia Nacional de Defesa define o termo elasticidade - �capacidade de aumentar rapidamente o dimensionamento das forças militares quando as circunstâncias o exigirem, mobilizando em grande escala os recursos humanos e materiais do País� (BRASIL, 2012, p. 77, grifos nossos). 6 A �Política Nacional de Defesa (PND) é o documento condicionante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada essencialmente para ameaças externas, estabelece objetivos e orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil em todas as esferas do Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional�. (BRASIL, 2012, p. 11).

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nacionais. Assim, da avaliação dos ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais de Defesa:

[�]

XI � desenvolver o potencial de logística de defesa [�] (BRASIL, 2012, p. 29-30).

Para a consecução dos Objetivos Nacionais de Defesa, a Política Nacional de

Defesa estabelece como diretriz estratégica o aprimoramento da logística militar.

Da mesma forma, propõe como Objetivo Nacional de Defesa a estruturação das Forças

Armadas em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com

os planejamentos estratégicos e operacionais (BRASIL, 2005).

Tomando-se como referencial a definição contida no manual �Logística - EB20-

MC-10.204� - a logística militar é �o conjunto de atividades relativas à previsão e à

provisão dos recursos e dos serviços necessários à execução das missões das Forças

Armadas� (BRASIL, 2014, p. 1-3).

Importa destacar que os custos de pós-produção, incluindo a logística, excedem

os custos de desenvolvimento e produção em duas ou três vezes (FLINT, 2007;

GEARY; VITASEK, 2008).

No mesmo sentido, Glas e colaboradores (2013) informam que pesquisas

indicam que as �despesas de suporte a um sistema de armas, incluindo as relacionadas

à logística, podem exceder em duas ou três vezes os custos de desenvolvimento e

produção do sistema� (GLAS e colab., 2013, p. 97, tradução nossa).

Da mesma forma, argumentam Gruneberg e colaboradores (2007) que hoje, os

�Estados Unidos da América gastam mais em peças de reposição e na reparação de

sistemas do que na compra de novos equipamentos, o que demanda novas estratégias

para as mudanças recentes� (GRUNEBERG e colab., 2007, p. 692).

Acrescenta-se que, quanto mais complexos os materiais, mais altos serão os

custos estimados de sua manutenção operacional. Quando se trata de produtos de

defesa (PRODE), essa relação tende a se agravar ainda mais, principalmente devido à

especificidade do material e à carência de fornecedores e de consumidores.

Visualizando tal óbice, a OTAN estabelece um instrumento normativo que orienta

a inclusão da ferramenta chamada Suporte Logístico Integrado (SLI) em programas

armamentistas multinacionais, pois as decisões acerca dos �requisitos de suporte têm o

Page 22: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

20

maior impacto no desempenho do sistema, no seu custo ao longo da vida útil e na

sustentabilidade, quando tomadas no início do período de concepção de um projeto e

de um sistema� (OTAN, 2011, p. 01).

Este raciocínio foi o mesmo utilizado por Blanchard (2013), ao esquematizar os

custos durante o ciclo de vida de um sistema na forma de �iceberg�, conforme

demonstrado na Figura 8 abaixo:

Em sua divisão, o autor caracteriza o custo da aquisição do item propriamente

dito, como a ponta de um �iceberg�, no qual a porção submersa esconde a maior parte

de seu volume. Segundo ele, para muitos sistemas,

os custos associados ao desenvolvimento, construção, aquisição, e instalação dos equipamentos principais, produção e assim por diante, são relativamente bem conhecidos. Nós negociamos e tomamos decisões normalmente baseados nesses custos; contudo, os custos associados à utilização e manutenção e suporte ao sistema ao longo da sua vida estimada estão, de certa forma, escondidos (BLANCHARD, 2013, p.24, tradução nossa).

Assim, é notável a necessária e efetiva mudança no gerenciamento do processo

de preparação para operações no ambiente do amplo espectro que caracteriza o

emprego militar. Faz-se mister otimizar ao máximo os recursos disponíveis. A

obsolescência dos equipamentos, a complexidade na sua manutenção, a demanda por

Figura 1 - O problema da visibilidade total dos custos Fonte: BLANCHARD, 2013, p. 25

Page 23: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

21

qualificação do pessoal (tanto de operação, como de manutenção), assim como outras

diversas variáveis precisam ser consideradas para a tomada de decisões estratégicas

acertadas, que garantam a operacionalidade das Forças Armadas no presente e no

futuro. Há necessidade da busca de soluções modernas, que atuem no sentido da

preparação e desenvolvimento das capacidades necessárias para o desempenho das

suas funções constitucionais, em um ambiente cada vez mais complexo.

Dentro desse panorama, entende-se ser recomendável a sistematização de um

processo que seja capaz de padronizar procedimentos nas aquisições de produtos de

defesa, identificando os parâmetros determinantes da melhor relação custo-benefício e

os riscos no atingimento dos objetivos.

Nesse sentido, o presente trabalho desenvolveu como tema o Suporte Logístico

Integrado (SLI) e teve por objeto de estudo seus elementos integrantes, com o escopo

de identificar quais dentre eles podem ser determinantes das decisões estratégicas dos

processos de aquisição de sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.

A delimitação da pesquisa atende aos seguintes fatores:

1) Para fins deste estudo, produtos e sistemas militares complexos são

definidos como bens de capital, sistemas ou unidades de controle de alto custo e alta

tecnologia (HOBDAY, 2000). A dificuldade na produção, integração e desenvolvimento

deste tipo de produto/sistema é a característica mais emblemática do seu processo

produtivo.

2) As viaturas blindadas de combate são sistemas que, por sua alta

complexidade tecnológica e alto custo de investimento e manutenção, são

representantes fidedignos do universo de sistemas militares complexos;

3) A qualificação da tese é baseada em pesquisa quantitativa (survey) com

quatro indústrias de produtos de defesa, sendo duas nacionais e duas alemãs,

fabricantes de diversos produtos de alta complexidade tecnológica. A pesquisa será

restrita a empresas que aceitaram o convite para participarem do estudo, sendo que o

número de colaboradores com o estudo foi limitado à quantidade disponibilizada pelas

mesmas. Além disso, foram selecionadas apenas empresas fabricantes de viaturas

blindadas de combate em utilização pelo Exército Brasileiro.

Page 24: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

22

4) A elaboração de um questionário piloto, enviado via web a um efetivo do

segmento militar - delimitado aos oficiais-alunos do mestrado e doutorado do segundo

ano do Curso de Estado-Maior do Exército (Turma 15/16) - e à empresa Avibrás

(participante do segmento industrial), teve por escopo fornecer subsídios que

permitiram o aperfeiçoamento do questionário final, evitando ambiguidades e

dificuldades de interpretação.

5) A literatura compulsada acerca do Suporte Logístico Integrado demonstra

a existência de concepções de origem militar e acadêmica. A pesquisa utilizará o

referencial teórico acadêmico e trará a visão militar mediante o levantamento de dados

por meio de questionário aplicado no universo de militares do Exército Brasileiro.

Observa-se que o Exército Brasileiro sinaliza as viaturas blincadas de combate

como componente material vital da função de combate movimento e manobra. O

Escritório de Projetos do Exército (EPEx)7, define o postfólio estratégico do Exército

como sendo dividido em três vertentes principais: defesa da sociedade, geração de

força e dimensão humana. O primeiro grupo abrange sete programas estratégicos, dos

quais dois deles correspondem a viaturas blincadas: Guarani e Astros 2020. Isso

demonstra a importância estratégica das viaturas blindadas de combate.

Da mesma forma, os irmãos Carvalho (2016) aduzem que as transformações

atuais trazidas pelos conflitos híbridos apontam para um novo caminho a seguir. O uso

de munições especiais, armas tecnológicas e o combate em ambiente urbano

(multiplicador do poder de combate do oponente pelas características do ambiente

operacional) tornaram a Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBCCC) o

"único tipo de veículo com couraça capaz de sobreviver aos repetidos ataques destas

armas e ainda ser capaz de interditar e negar o livre movimento do inimigo"

(CARVALHO, E.; CARVALHO, R., 2016, p. 66).

Os autores, ilustram o caráter da alta complexidade tecnológica e alto custo de

investimento e manutenção, que tornam as viaturas blindadas um sistema militar

complexo, haja vista que os carros de combate "são os itens terrestres mais caros no

7 O EPEx é o órgão de coordenação executiva do Estado Maior do Exército (EME) para fins de

governança do Portfólio Estratégico do Exército, constituindo-se no escritório de projetos de mais alto nível da Força. Seu domínio na internet pode ser acessado pelo seguinte endereço: http://www.epex.eb.mil.br/.

Page 25: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

23

inventário de um exército", sendo premente a solução da sua manutenibilidade. A sua

manutenção exige dedicação quase que exclusiva do pessoal especializado

podendo causar o comprometimento do bom andamento da operação, como recentemente descobriram os britânicos no Iraque, onde os custos associados com o emprego da Força de CCs Challenger 2 ocasionou gastos inesperados e uma taxa de ocupação da linha de suprimentos de cerca de 70% (CARVALHO, E.; CARVALHO, R., 2016, p. 67).

Por fim, a pesquisa utiliza o modelo de gestão do ciclo de vida delineado pelas

Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego

Militar (EB10-IG-01.018), tendo por premissa a aplicação do termo aquisição como

gênero para as seguintes espécies de SMEM:

I - sistema ou material a ser pesquisado e desenvolvido por iniciativa do

Exército;

II - sistema ou material em uso corrente no Exército, em processo de

revitalização, repotencialização ou modernização;

III - sistema ou material em desenvolvimento ou já desenvolvido, por iniciativa

de terceiros, de interesse do Exército.

Dessa forma, o presente estudo é aplicável à obtenção de sistemas militares por

meio da: a) aquisição; b) pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I); c) aquisição e

por PD&I (conjugando a visão temporal e evolutiva das capacidades).

1.1 PROBLEMA

Quais elementos do Suporte Logístico Integrado são requisitos logísticos

determinantes na concepção integrada durante a fase de formulação conceitual da

Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar complexos?

1.2 JUSTIFICATIVA

O que o presente trabalho buscou foi contribuir para a adequação,

sustentabilidade e estabelecimento de estratégias logísticas aplicáveis ao processo

decisório inerente à aquisição de produtos de defesa complexos pelo Exército

Brasileiro.

A pesquisa realizou uma investigação científica sobre o processo de aquisição

de sistemas militares complexos. O objetivo prioritário foi contribuir para a elaboração

Page 26: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

24

de processo sistêmico, com a inserção de parâmetros que permitam a que o Exército

Brasileiro adquira produtos de defesa complexos mediante a avaliação prévia de

elementos de Suporte Logístico Integrado mais relevantes.

É notório que se leva um tempo considerável para se realizar o desenvolvimento

e a aquisição de produtos de defesa, muitos dos quais não atingem as expectativas

operacionais em termos de qualidade, desempenho, índice de disponibilidade e custo-

benefício.

Observa-se, por exemplo, que o Exército Brasileiro alinhado nessa direção,

estabeleceu em 10 de fevereiro de 2016 a Diretriz para a Implantação da Diretoria de

Sistemas e Material de Emprego Militar. Como uma das justificativas para a criação

dessa Diretoria, destaca-se:

O Processo de Transformação do Exército levou ao estabelecimento de variados projetos estratégicos e projetos estruturantes, todos eles contemplando a obtenção de sistemas e materiais de emprego militar com elevado grau de complexidade tecnológica. Com intuito de atender a todas estas demandas complexas e, principalmente, de entregar à Força Terrestre capacidades com as qualidades desejadas e nos prazos adequados, torna-se essencial a criação de uma organização altamente especializada e com a competência de estruturar a melhor solução possível, sob o ponto de vista estratégico, operacional, científico-tecnológico e administrativo (BRASIL, 2016, p.36, grifo nosso).

Os benefícios de um efetivo e sustentável Suporte Logístico Integrado �resultam

em um sistema de armas operacional, no aperfeiçoamento funcional do planejamento

estratégico e em custos operacionais reduzidos� (LAMBERT, 2008, p. 12, tradução

nossa). É nesse mesmo azimute que a OTAN estabelece que o processo do SLI deve,

em relação ao ciclo de vida, �começar na fase de concepção do programa armamentista

e continuar ao longo de toda sua vida útil (OTAN, 2011, p. 02, tradução nossa).

Da mesma forma, para Blanchard (2013) a logística deve ser considerada como

um �elemento inerente ao próprio desenvolvimento do sistema, haja vista que ela

constitui a maior atividade a ser desenvolvida na construção e/ou produção do sistema

e de seus componentes� (BLANCHARD, 2013, p. 01, tradução nossa).

Page 27: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

25

1.3 OBJETIVO

O presente estudo buscou fornecer subsídios e dados científicos concretos,

como pressuposto teórico para o aperfeiçoamento do processo de aquisição de

produtos de defesa complexos pelo Exército Brasileiro, calcado na definição prévia de

fatores críticos que afetam os sistemas militares, particularmente no pós-venda.

Pretendeu-se, dessa forma, definir um novo conceito que inclua elementos de Suporte

Logístico Integrado diretamente no processo decisório dos altos escalões quando da

formulação conceitual que visa à aquisição de produtos de defesa complexos.

Também se pretendeu colaborar com a Força Terrestre em termos de fornecer

subsídios e, complementarmente instruções, que permitam à complementação das

Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego

Militar (EB10-IG-01.018), em especial no que concerne aos Requisitos Técnicos,

Logísticos e Industriais (RTLI) durante a fase da formulação conceitual.

Adicionalmente, acreditou-se na possibilidade de ilustrar às autoridades civis e

militares, em diferentes níveis, a real necessidade do estabelecimento de um processo

sistematizado de aquisições militares, assim como é realizado em diversas potências

militares do planeta, adotando-se um modelo de gestão pública adequado às

características nacionais e à estatura político-militar do país.

1.4 HIPÓTESE

Acredita-se que a análise dos elementos do SLI, na fase decisória acerca da

aquisição, possa contribuir sobremaneira à seleção dos requisitos técnicos, logísticos e

industriais mais apropriados ao projeto de aquisição específico. Além disso, possibilita a

adoção de um processo sistematizado e a uma correta avaliação do sistema militar que

está em exame para fins de aquisição pelo Exército Brasileiro.

Visualiza-se, portanto, que os elementos do Suporte Logístico Integrado são

altamente relevantes, sendo assim requisitos logísticos determinantes na concepção

integrada durante a fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo de Vida dos

Sistemas e Materiais de Emprego Militar complexos.

Page 28: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

26

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

A pesquisa foi estruturada em seis capítulos.

A Introdução foi desenvolvida prioritariamente com o propósito de avaliar o

cenário atual dos investimentos em defesa no Brasil e sua influência sobre a gestão dos

materiais de defesa, delinear o tema, seu problema e apresentar as hipóteses de

pesquisa.

No segundo capítulo, onde se abordou o referencial metodológico, foram

explorados o método de abordagem, o método de procedimento, assim como as

técnicas para a coleta de informações. Ainda, foram discriminados o universo da

pesquisa e o tipo de amostragem. Também foi descrita a metodologia estatística

adotada na pesquisa.

O referencial teórico foi explorado no terceiro capítulo, onde se realizou uma

pesquisa exploratória com o objetivo de obter uma clara definição teórica acerca do

Suporte Logístico Integrado.

Os Elementos de Suporte Logístico Integrado foram estruturados e discutidos

no quarto capítulo. Orientou-se a pesquisa de maneira integrada sobre as diversas

variáveis componentes do SLI e como elas podem influenciar o processo de aquisição

de sistemas militares complexos.

Os resultados obtidos na pesquisa de campo foram apresentados e discutidos

no quinto capítulo.

Por fim, o sexto capítulo, entitulado de �Conclusão e Contribuições�, teve o

intuito precípuo de verificar se a hipótese levantada como resposta ao problema

formulado se apresentou válida após a realização da pesquisa, inferindo-se sobre a

importância relativa dos Elementos do Suporte Logístico Integrado para o processo de

aquisição de produtos de defesa complexos.

Page 29: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

27

2 REFERENCIAL METODOLÓGICO

2.1 VARIÁVEIS

Segundo Marconi e Lakatos (2014), a toda hipótese corresponde ao menos

duas variáveis, que são conceitos operacionais que contém ou apresentam valores, tais

como quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços, etc. Sendo esse

conceito, por sua vez, um objeto, processo, agente, fenômeno ou problema.

(MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 108).

Na presente pesquisa foram definidas as seguintes variáveis:

a) Suporte Logístico Integrado � variável independente global (X);

b) Fase decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo �

variável dependente (Y); e

c) Elementos do Suporte Logístico Integrado � variáveis componentes (P). São

consideradas as seguintes variáveis como elementos de Suporte Logístico Integrado:

a. Plano de Manutenção;

b. Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte;

c. Suprimento;

d. Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte;

e. Documentação técnica;

f. Instalações e infraestrutura;

g. Pessoal especializado;

h. Treinamento, instrução e suporte;

i. Recursos computacionais;

j. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade;

k. Gerenciamento da configuração;

l. Requisitos operacionais do sistema;

m. Obsolescência; e

n. Descarte.

Page 30: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

28

2.1.1 Definição conceitual das variáveis

A variável é um conceito que contém diversos valores admitindo a existência de

uma variável independente e de uma variável dependente. A variável independente,

conforme relata Van Evera, é aquela que enquadra o fenômeno causal de uma teoria,

ou a hipótese. Já a dependente é a que configura o fenômeno causado pela variável

independente (VAN EVERA, 1997).

Para Marconi e Lakatos (2014), �a variável independente é aquela que

influencia, determina ou afeta outra variável�. Assim, consubstancia-se como um fator

determinante, ou uma condição ou, ainda, uma causa para determinado resultado ou

consequência (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 122).

A variável independente global - muito comum nas ciências sociais - é aquela

que engloba diversos elementos, conceitos ou indivíduos, podendo ser caracterizada

por uma pluralidade de dimensões (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 138).

Já a variável dependente �consiste naqueles valores (fenômenos, fatores) a

serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou

afetados pela variável independente� (MARCONI; LAKATOS, 2014, p. 122).

2.1.2 Relação entre variáveis

A pesquisa investigou a influência relativa das variáveis componentes (P) -

elementos de Suporte Logístico Integrado � sobre a variável dependente (Y): fase

decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo.

Na análise da relação entre uma variável independente global (o Suporte

Logístico Integrado) e uma variável dependente (fase decisória do processo de

aquisição de sistema militar complexo) é importante saber qual das variáveis

componentes do conceito global ou quais delas associadas se configuram como o

responsável decisivo pela variável dependente observada. O Suporte Logístico

Integrado é um conceito global, composto por diversos elementos integrantes, que se

caracterizam como sendo os subconceitos ou variáveis componentes na pesquisa.

Page 31: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

29

2.2 MÉTODO DE ABORDAGEM

A pesquisa utilizou o método de abordagem indutivo, que tem o propósito de,

partindo de dados particulares suficientemente constatados, inferir uma verdade geral

ou universal, não contida nas partes examinadas. O método indutivo é responsável pela

generalização, isto é, parte-se de algo particular para uma questão mais ampla. Assim,

pretende-se partir de premissas e, por meio de um argumento indutivo correto,

sustentando-se sua verossimilhança, chegar a uma conclusão cujo conteúdo seja mais

amplo do que o contido nas premissas.

Nesse sentido, utilizou-se o conceito formulado por Mill (1843), segundo o qual a

indução é �a operação mental pela qual inferimos que aquilo que sabemos ser

verdadeiro em um caso ou casos específicos, será verdadeiro em todos os casos que

se assemelham ao primeiro em certos aspectos designáveis� (MILL, 1843, p. 352,

tradução nossa).

De acordo com o método indutivo, baseando-se na observação e análise dos

fatos e fenômenos, buscar-se-á a sua aproximação a fim de descobrir a relação

constante existente entre eles. Segundo os ensinamentos de Mill (1843), a indução é

�um processo de inferência, que procede do conhecido ao desconhecido� (MILL, 1843,

p. 352, tradução nossa).

Dessa forma, baseando-se em premissas verdadeiras, pretende-se chegar a

uma conclusão que seja sustentável e verossímil quando da generalização dessa

relação.

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam (MARCONI; LAKATOS,

2007, p. 86).

Assim, no raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos

da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de

generalizações. A presente pesquisa estudou os elementos de Suporte Logístico

Integrado mediante pesquisa bibliográfica e de levantamento de dados (survey). Esta

última utilizou como base referencial, os dados de Suporte Logístico Integrado

aplicáveis a viaturas blindadas de combate, que são uma espécie do gênero sistema

Page 32: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

30

militar complexo. Dessa forma, os resultados obtidos para o universo considerado de

viaturas blindadas de combate foram generalizados para os processos de aquisição de

qualquer sistema militar complexo.

2.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO

No que tange ao método de procedimento, o trabalho empregou, de forma

concomitante, os seguintes métodos: comparativo, monográfico e estatístico.

O método comparativo estuda semelhanças e diferenças entre diversos tipos de

grupos e sociedades, realizando comparações com a finalidade de verificar similitudes e

explicar divergências. Esse método �permite analisar o dado concreto, deduzindo do

mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui uma verdadeira

'experimentação indireta'� (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 89).

O trabalho realizou uma análise comparativa, a partir da metodologia

investigativa proposta por Mill (1843), segundo o qual �os mais simples e óbvios

métodos de destaque de circunstâncias dentre as quais precedem ou se sucedem a um

fenômeno, com as quais estão realmente conectadas por uma lei invariável�, são: o

Método da Concordância e o Método da Diferença (MILL, 1843, p. 450, tradução

nossa, grifo nosso).

Nesse sentido, esclarece Skocpol (1985) que:

Existem duas vias principais de procedimento. A primeira consiste em tentar estabelecer que um certo número de casos que tem em comum o fenômeno que se pretende explicar partilham também um conjunto de fatores causais, embora variem de outros modos que possam ter parecido causalmente relevantes. Esta abordagem é aquela a que Mill chamou o �Método da Concordância�. O segundo consiste na contrastação que se pode fazer entre os casos nos quais estão presentes os fenômenos a ser explicados e as suas causas hipotéticas e outros casos que, embora tanto os fenômenos como as causas neles se não verifiquem, sejam, noutros aspectos, tão semelhantes quanto possível aos casos positivos. A este processo interpretativo chamou Mill �Método da Diferença�. [...] Na prática, contudo, é frequentemente possível � e certamente desejável �, harmonizar estas duas lógicas comparativas (SKOCPOL, 1985, p. 49, tradução nossa).

Para constatar a importância relativa dos elementos de Suporte Logístico

Integrado, realizou-se uma análise comparativa entre eles, detectando-se qual ou quais

devem integrar o processo de aquisição de sistemas militares complexos.

Page 33: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

31

A pesquisa investigou a importância relativa dos elementos de Suporte Logístico

Integrado em relação às viaturas blindadas de combate, inferindo acerca da importancia

da sua inclusão nos processos de aquisição de sistemas militares complexos

conduzidos no âmbito do Exército Brasileiro. Utilizou-se da análise comparativa da

concepção logística constatada no Exército Brasileiro e nas empresas fabricantes das

principais viaturas blindadas de combate utilizadas no Exército Brasileiro, concluindo-se

sobre práticas a serem mantidas e verificando oportunidades de melhoria.

O método monográfico tem como princípio que o estudo de um caso em

profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos

os casos semelhantes (GIL, 2008). Assim, no método monográfico se estudam

determinadas condições ou grupos com o fito de se obter generalizações típicas do

método de abordagem indutivo. Na presente pesquisa foram estudados os elementos

de Suporte Logístico Integrado, apresentando-se os delineamentos e diretrizes gerais

passíveis de comporem o processo de aquisição de produtos de defesa complexos pelo

Exército Brasileiro.

Conforme Gil, o método estatístico �se fundamenta na aplicação da teoria

estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em

ciências sociais�. (GIL, 2008, p. 17). O método estatístico permite obter �representações

simplificadas partindo-se de conjuntos complexos e constatar se essas verificações

simplificadas se relacionam (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 90). O presente estudo

verificou a relação de causa e efeito entre a inclusão dos elementos de Suporte

Logístico Integrado no processo de aquisição de sistemas militares complexos no

Exército Brasileiro e a sua adequação operacional, efetividade logística8 e financeira no

pós-venda.

2.4 TÉCNICAS

Para a coleta de informações foram utilizadas as técnicas da documentação

indireta, incluindo a pesquisa documental e bibliográfica. Também realizou-se uma

pesquisa de levantamento (survey), abrangendo a observação direta extensiva de uma

8 Segundo o Manual de Campanha EB20-MC-10.204 - �Logística�, que define o termo �efetividade logística� como sendo a capacidade de produzir e obter resultados desejados de forma continuada por meio de processos eficientes, segundo critérios ou normas estabelecidas.

Page 34: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

32

amostra de uma população-alvo, utilizando-se o meio do questionário via web, no intuito

de analisar as variáveis componentes (P), ou seja, os elementos de Suporte Logístico

Integrado e sua influência na variável dependente (Y), qual seja, na fase decisória do

processo de aquisição de sistemas militares complexos.

A opção do meio eletrônico teve por fundamento a vantagem de que permite o

acesso a um número maior de respondentes, além de que possibilita a análise

instantânea dos dados coletados. Além disso, em razão da localização em regiões

geograficamente dispersas e da dificuldade de acesso aos respondentes, inclusive com

empresas localizadas na Alemanha, o questionário por meio eletrônico mostrou-se

como a ferramenta mais útil à pesquisa em tela (VERGARA, 2012).

O questionário é um instrumento de pesquisa que permite a coleta de dados

mediante a elaboração de uma série de perguntas que devem ser respondidas sem a

presença do pesquisador (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 89). Esse método de coleta

de dados no campo investiga as variáveis por meio das questões formuladas pelo

pesquisador, que as orienta no sentido de esclarecer o que pretende investigar

(VERGARA, 2012). Segundo Barbetta (2014), o questionário é o instrumento da

pesquisa de levantamento em que �a observação é feita naturalmente e sem a

interferência do pesquisador� (BARBETTA, 2014, p. 25).

Primeiramente elaborou-se um questionário piloto, que é destinado à realização

de um pré-teste, a fim de que pudessem estar consolidados no questionário final, os

requisitos de fidedignidade, validade e operabilidade. Buscou-se também que o

questionário final possuísse um vocabulário acessível e com significado claro. O

questionário piloto foi precedido de consentimento na adesão à pesquisa.

Posteriormente, foi explanada uma nota de esclarecimento conceitual, que visou a

apontar a importância da pesquisa, despertar o interesse pelo preenchimento do

questionário, assim como permitir ao leitor o esclarecimento técnico do assunto em

análise (VERGARA, 2012).

O questionário piloto foi submetido à aprovação de um júri de avaliação

composto pelos professores doutores: Cel Carlos Eduardo De Franciscis Ramos; João

Marcelo Dalla Costa; e Ricardo Borges Gama Neto.

Page 35: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

33

Após aprovação, o questionário piloto foi enviado a uma amostra reduzida do

segmento militar e do segmento industrial. Após a organização, tabulação dos dados e

consolidação dos resultados obtidos, os questionários finais foram validados e

aplicados conforme o universo amostral da pesquisa. Os dados primários coletados

foram avaliados conforme os objetivos pretendidos, a fim de checar as hipóteses

levantadas na presente pesquisa científica.

Teve-se como principal objetivo a realização de inferências a partir de resultados

obtidos em amostras representativas (CERVI, 2008). Assim, pretendeu-se estabelecer

uma relação de causa e efeito, para constatar em que medida os elementos de SLI

podem ser relevantes para o processo de aquisição de sistemas militares complexos

(VENESSON, 2008).

2.5 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO

De acordo com Marconi e Lakatos, universo ou população �é o conjunto de seres

animados ou inanimados que representam pelo menos uma característica em comum�.

As mesmas autoras afirmam ainda que a amostra é �uma porção ou parcela,

convenientemente selecionada do universo (população)� (MARCONI e LAKATOS,

2010, p. 206). No mesmo sentido, Barbetta relata que a �população é o conjunto de

elementos para os quais desejamos que as nossas conclusões sejam válidas [...] uma

parte desses elementos é dita uma amostra� (BARBETTA, 2014, p. 15, grifos do autor).

Na presente pesquisa, considerou-se como população o Segmento Militar e o

Segmento Industrial. O Segmento Militar foi representado por conglomerados de

oficiais, subtenentes e sargentos com conhecimento adequado da área de aquisição,

gerenciamento ou manutenção de sistemas militares complexos, identificados em três

diferentes estratos: a) nível decisório; b) nível técnico; c) ensino9.

Para a fase quantitativa do trabalho, o segmento militar foi estruturado em três

estratos conforme segue:

9 Os dados referentes ao segmento militar foram obtidos na base de dados do Departamento Geral do Pessoal (DGP), órgão central responsável pelo controle de pessoal do Exército Brasileiro.

Page 36: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

34

1) Estrato I - nível decisório

Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento de oficiais no

serviço ativo do Quadro de Estado-Maior das Armas (QEMA) do Exército e que

desempenham atualmente funções de assessoria dos altos escalões do Comando do

Exército. Engloba, também, os Oficiais-Generais até o último posto da carreira,

responsáveis diretos pela assessoria na tomada de decisões estratégicas de aquisições

de produtos de defesa de alta tecnologia. Nesse estrato estão presentes, ainda, os

Oficiais-Generais e oficiais do QEMA do Quadro de Material Bélico e oficiais generais e

oficiais do Quadro de Engenheiros Militares, que são os responsáveis no Exército

Brasileiro pelas decisões estratégicas de apoio logístico e manutenção dos

equipamentos militares durante o seu ciclo de vida.

Assim, o estrato é composto por:

a) Oficiais das Armas e do Quadro de Material Bélico (QMB) no serviço ativo,

pertencentes ao Quadro de Estado-Maior das Armas do Exército (QEMA)10, formados

na Academia Militar das Agulhas Negras entre 1977 e 1999; e

b) Oficiais do Quadro de Engenheiros Militares (QEM), com formação

concluída entre 1977 e 1999.

Nesse sentido, a amostra foi composta por 825 (oitocentos e vinte e cinco

militares).

2) Estrato II - nível técnico

Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento dos militares

especialistas que servem em Organizações Militares (OM) responsáveis pela

manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro.

Compõe o estrato o seguinte universo:

- Oficiais e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de viaturas (Mec

Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Mnt Armt) das seguintes Organizações

Militares do Exército:

10 Foram incluídos no universo da pesquisa os alunos que estão cursando o segundo ano da Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), pois os mesmos terão concluído o curso à época da remessa dos questionários e do término deste trabalho.

Page 37: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

35

1. Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3); 2. Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5); 3. Parque Regional de Manutenção da 9ª Região Militar (Pq R Mnt/9); 4. Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP).

Nesse sentido, esse estrato foi composto por 131 (cento e trinta e um) militares.

3) Estrato III - nível ensino

Esse estrato foi definido por possibilitar o enquadramento dos militares

especialistas em sistemas de alta tecnologia e que servem nas Organizações Militares

(OM) responsáveis pela instrução de manutenção desses equipamentos no Exército

Brasileiro. O universo é composto por:

a) Oficiais instrutores e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de

viaturas (Mec Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Armt) monitores da Escola de

Sargentos de Logística (Es S Log); e

b) Oficiais instrutores e subtenentes/sargentos (St/Sgt) do QMB mecânicos de

viaturas (Mec Vtr Auto) e mecânicos de armamento (Mec Armt) monitores do Centro de

Instrução de Blindados (C I Bld).

Este estrato, por sua vez, foi composto por 95 (noventa e cinco) militares.

4) Estrato IV - segmento industrial

O segmento industrial, que compõe o Estrato IV, é constituído por

representantes especialistas em SLI das seguintes empresas:

a) Krauss-Maffei Wegmann (KMW); b) Rheinmetall Land Systems (RLS); c) Avibrás Indústria Aeroespacial S/A; e d) IVECO.

Este estrato foi composto por 09 (nove) especialistas.

O segmento industrial foi definido com base nas principais viaturas blindadas de

combate � sistemas militares complexos - em utilização no Exército Brasileiro:

LEOPARD, GEPARD, ASTROS e GUARANI. Nesse sentido, as empresas alemãs

Krauss-Maffei Wegmann (KMW) e Rheinmetall Land Systems (RLS) foram

selecionadas por serem as fabricantes (OEM � Original Equipment Manufacturer) das

viaturas blindadas carros de combate (VBC) e das viaturas blindadas de apoio da

Page 38: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

36

plataforma LEOPARD, além do sistema de defesa antiaéreo GEPARD, veículos que

guarnecem as duas Brigadas Blindadas do Exército Brasileiro (5ª Brigada de Cavalaria

Blindada e 6ª Brigada de Infantaria Blindada). A empresa brasileira Avibrás Indústria

Aeroespacial S/A foi selecionada por ser a fabricante da viatura blindada ASTROS

(sistema de foguetes de artilharia para saturação de área). Já a empresa IVECO é a

fabricante do veículo GUARANI, núcleo do projeto que se encontra em fase de

implantação e cujas primeiras viaturas já foram entregues à Força Terrestre.

A técnica utilizada para a estratificação dos segmentos militar e industrial foi a

amostragem por julgamento, por se mostrar mais adequada ao escopo da pesquisa,

estabelecendo-se estratos que �representem razoavelmente bem a população de onde

foram extraídas� (BARBETTA, 2014, p. 54).

2.6 TIPO DE AMOSTRAGEM

A amostragem é uma etapa de grande importância no delineamento da pesquisa,

capaz de determinar a validade dos dados obtidos. O procedimento de amostragem foi

realizado por meio de amostras aleatórias simples, onde os resultados podem ser

projetáveis para a população total utilizando-se da inferência estatística. Nesse tipo de

amostragem, os elementos da amostra são selecionados aleatoriamente e todos eles

possuem probabilidade conhecida de serem escolhidos (MACHADO, 2012).

Em relação ao erro amostral, que é a diferença entre o valor estimado pela

pesquisa e o verdadeiro valor, estabeleceu-se que o erro amostral máximo admitido

pela pesquisa é 10%. Quanto à probabilidade de que o erro amostral efetivo seja menor

do que o erro amostral admitido pela pesquisa, admitiu-se que o nível de confiança seja

de 95%.

Dessa forma, a fim de calcular o tamanho amostral utilizou-se a seguinte fórmula:

Page 39: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

37

Onde:

n � amostra calculada

N � população

Z- variável normal padronizada associada ao nível de confiança

p � verdadeira probabilidade do evento

e - erro amostral

A especificação do erro amostral tolerável deve ser feita sobre o enfoque

probabilístico, pois por maior que seja a amostra, existe o risco de o sorteio gerar uma

amostra com características bem diferentes das características da população de onde

ela está sendo extraída.

Assim, para um nível de confiança de 95%, segundo as populações alvo acima

descritas, obtém-se os seguintes valores para cada erro amostral entre 5% a 15%,

considerando-se que o tamanho amostral estipulado garanta análises estatísticas que

serão fidedignas (SANTOS, 2016):

Considerando o universo do Segmento de Militares, para um efetivo considerado

de 1.051 (um mil e cinquenta e um) militares, admitindo-se um erro amostral de 10%,

obtém-se como resultado uma amostra mínima de 89 militares. Já para o Segmento

Industrial, o efetivo amostral é de 09 (nove) especialistas para o erro amostral

considerado.

A pesquisa obteve o seguinte N-Amostral para cada universo considerado:

Segmento Militar: 269 (duzentos e sessenta e nove); Segmento Industrial: 09 (nove).

Dessa forma, foi garantido o tratamento estatístico para os resultados apresentados

neste trabalho.

Após a coleta das informações do universo amostral, foi caracterizada a

distribuição de frequências11. A seguir, foi conduzida uma análise exploratória de dados

na busca de um padrão ou modelo que pudesse orientar análises posteriores. Por meio

da inferência estatística, a partir do universo amostral em tela, os dados estatísticos

codificados permitiram estimar os parâmetros da população-alvo (AGRESTI; FINLAY,

2012).

11 �A distribuição de frequências compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências dos diferentes resultados observados� (BARBETTA, 2014, p. 16).

Page 40: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

38

A inferência estatística foi apresentada por meio de estimação intervalar, ou seja,

�por um conjunto de números em torno da estimativa por ponto dentro do qual o valor

do parâmetro deve estar� (AGRESTI; FINLAY, 2012, p. 131), delimitados em seus

extremos pelo intervalo de confiança que, conforme acima explanado, teve como nível

de confiança 0,95 ou 95%. Além disso, a inferência estatística foi precedida do teste de

significância bilateral para a média, considerando como hipótese nula (H0) que a

variável componente analisada (elemento do SLI) é igual ou inferior a 4,60 e como

hipótese alternativa (Ha), que a variável componente assume valor superior a 4,60 para

a média, conforme abaixo representado:

Ho: µ = µ0 µ0 ! 4,60 (µ0 ! ¾ x Média das Amostras); e

Ha: µ " µ0 µ0 > 4,60 (µ0>¾ x Média das Amostras).

A hipótese alternativa considera que os elementos de SLI são altamente

relevantes somente quando apresentam grau de relevância superior a 4,60, em uma

escala de 1 a 5. Esse valor representa o limite de corte do Q3 (o terceiro quartil -

percentil 75%) de todas as médias (42 no total) das amostras consideradas. Assim,

tendo em vista o rigor científico, considera-se determinante apenas a variável (elemento

de SLI) que apresenta média situada no quartil (25%) superior dos segmentos

analisados.

A pesquisa realizou a comparação dos segmentos militar e industrial mediante a

técnica da comparação dos grupos pela razão dos parâmetros observados para cada

variável componente da variável independente global (Suporte Logístico Integrado).

Assim, quanto à amostragem, foi utilizada a classificação de Marconi e Lakatos

(2010). Nesse sentido, os questionários fechados foram empregados segundo uma

abordagem quantitativa, a técnica de amostragem empregada foi a probabilista

estratificada proporcional � a amostragem foi aleatória nos estratos.

O critério para a formação dos estratos teve por finalidade evitar distorções na

composição da amostra. Em virtude de se obter as amostras de forma aleatória, a

amostragem probabilista permitiu o tratamento estatístico nesta fase. A forma

estratificada permite que o pesquisador constitua os estratos, segundo as necessidades

de seu estudo. Em cada estrato levantado pode-se retirar aleatoriamente amostras

Page 41: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

39

proporcionais à população total contida em cada um deles, constituindo, assim, o

critério de amostragem probabilista estratificado proporcional (MARCONI e LAKATOS,

2002).

2.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA

2.7.1 Teste de Friedman

O Teste de Friedman é um teste não paramétrico para se verificar se os

tratamentos aplicados junto aos indivíduos surtiram efeito ou não. Esse teste é utilizado

quando há dados pareados e se tem a necessidade de comparar três ou mais variáveis

simultaneamente. Além disso, é um teste utilizado para variáveis quantitativas e

ordinais (como é o caso do estudo conduzido nesta pesquisa). O teste de Friedman é

definido em base da seguinte hipótese:

îíì

diferença. alguma Existe :H

efeito. temnão os tratamentOs :H

1

0

Para se fazer o teste de Friedman, deve-se proceder do seguinte modo:

a) Calcular a estatística de teste

( )( )å

=

+-+

=K

j

j KbRKbK

T1

2 131

12

Onde:

b = tamanho da amostra;

K = número de tratamentos;

Rj = soma dos postos do tratamento j.

b) Obter da tabela Qui-quadrado, o valor 2

ac com (K-1) graus de liberdade tal

que ( ) acc a => 22P

c) Se 2

ac>T , rejeita-se 0H .

Page 42: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

40

2.7.2 Teste de Wilcoxon

O Teste de Wilcoxon também é um teste não paramétrico utilizado para se

verificar se o tratamento aplicado junto aos indivíduos surtiu efeito ou não. Esse teste

não paramétrico é utilizado quando se pode determinar tanto a magnitude quanto a

direção dos dados (como é o caso do estudo conduzido nesta pesquisa) e tem-se a

necessidade de comparar as variáveis duas a duas. O teste de Wilcoxon é definido em

base da seguinte hipótese:

îíì

grupos). os entre diferença (há efeito têmos tratamentOs :H

grupos). os entre diferença há (não efeito temnão os tratamentOs :H

1

0

Para fazer o teste de Wilcoxon, deve-se proceder do seguinte modo:

a) Para cada par, calcular iii yxd -= (diferença entre os dois tratamentos);

b) Atribuir postos ( ip ) ao valor absoluto destas diferenças. No caso de empate,

atribuir a média dos postos empatados. (Não se atribui posto a diferenças

iguais a zero);

c) Se 0<id , então o posto ( ip ) assumirá o valor negativo, isto é, ip- ;

d) Obter J = número de observações com postos negativos;

e) Obter L = número de observações com postos positivos;

f) Obter T = soma dos postos com sinal menos freqüente;

g) Obter N = número de diferenças ( ip ) diferentes de zero;

h) Calcular:

Para calcular o teste utiliza-se a seguinte fórmula:

T

Tcal

TZ

sm-

= Onde: ( )

4

1+=

NNTm

( )( )24

121 ++=

NNNTs

Da mesma maneira deve-se concluir que:

- Se 22

aa ZZZ cal ££- , não se pode rejeitar 0H , isto é, a um determinado risco a ,

pode-se dizer que não existe diferença entre os grupos.

Page 43: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

41

- Se 2

aZZcal > ou 2

aZZcal -< , rejeita-se 0H , concluindo-se, com risco a , que há

diferença entre os dois grupos.

2.7.3 Teste de Kruskal-Wallis

O Teste de Kruskal-Wallis é aplicado quando há a mesma configuração de dados

do Teste de Mann-Whitney, porém aqui a diferença está em que são comparadas mais

de duas variáveis simultaneamente, ou seja, mede-se apenas se existe diferença entre

os grupos, mas não há conclusão em qual grupo está a diferença. A hipótese para este

teste é a seguinte:

îíì

diferentes são médias das uma menos pelo :

iguais são populaçõesk de médias As :

1

0

H

H

Tratamentos

Elemento da

Amostra 1 2 3 K

in

M

2

1

kknnnn

k

k

xxxx

xxxx

xxxx

L

MMMM

L

L

321 321

2322212

1312111

Procedimento:

1) Ordenar todas as observações independentemente a qual amostra pertença e

atribuir postos (classificação ordinal).

2) Somar os postos das observações de cada amostra.

3) Calcular:

4) )1(3)1(

12

1

2

0 +-+

= å=

Nn

R

NNT

k

i i

i

Onde:

atamentosulações/trgrupos/pop de número K

nN

i amostra da tamanho n

i amostra da postos dos soma

1

i

=

+++=

=

=

k

i

nn

R

K2

Page 44: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

42

5) Obter da tabela Qui-Quadrado, o valor 2

ac com (k-1) graus de liberdade tal que

acc a => )( 22P .

6) Se ,2

0 ac>T rejeita-se 0H .

2.7.4 Teste de Mann-Whitney

O Teste de Mann-Whitney é um teste não paramétrico (utilizado em baixas

amostragens). Esse teste é usado quando há amostras independentes e tem-se a

necessidade de comparar sempre duas-a-duas as variáveis. Assim, ele é composto

pela seguinte hipótese:

îíì

diferentes populações de são amostras duas As

população única uma de proveêm amostras duas As

:

:

1

0

H

H

Procedimento:

a) Ordenar todas as observações independentemente a qual amostra pertença e

atribuir postos;

b) Obter

2 grupo ao espertencent sobservaçõe das postos dos soma P

1 grupo ao espertencent sobservaçõe das postos dos soma

2

1

=

=P

( )2

1111

+-=

nnPT

c) Calcular

( )12

1

2

2121

21

0++

-=

nnnn

nnT

T

onde:

2 amostra da tamanho n

1 amostra da tamanho

2 =

=1n

d) Obter na tabela normal padrão, o valor 2

aZ tal que ( )22

aa => ZZP e

( )22

aa =-< ZZP

Page 45: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

43

e) Se 2

0 aZT > ou 2

0 aZT -< , rejeite 0H

2.7.5 Intervalo de Confiança para Média

O intervalo de confiança para a Média é uma técnica utilizada quando se quer ver

o quanto a média pode variar numa determinada probabilidade de confiança. É um tipo

de estimativa por intervalo de um parâmetro populacional desconhecido, calculado a

partir de observações, e que pode variar de amostra para amostra. Uma certa

frequência (nível de confiança) inclui o parâmetro de interesse real não observável.

Como os dados observados são amostras aleatórias da população, o intervalo de

confiança construído a partir dos dados também é aleatório. Entretanto, o intervalo de

confiança calculado a partir de uma amostra particular não inclui necessariamente o

valor real do parâmetro. Quando se tem 99% de confiança de que o valor real do

parâmetro está no intervalo de confiança, significa que 99% dos intervalos de confiança

observados têm o valor real do parâmetro. Tomando�se qualquer amostra particular, o

parâmetro populacional desconhecido pode ou não pode estar no intervalo de confiança

observado.

O nível de confiança é a frequência com a qual o intervalo observado contém o

parâmetro real de interesse quando o experimento é repetido várias vezes. Em outras

palavras, o nível de confiança seria a proporção de intervalos de confiança construídos

em experimentos separados da mesma população e com o mesmo procedimento que

contém o parâmetro de interesse real. Em geral, refere�se a intervalo de confiança

quando as duas extremidades de estimativa intervalar são finitas.

O nível de confiança desejado é determinado pelo pesquisador, não pelos dados.

Se um teste de hipótese for realizado, o nível de confiança é o complemento do nível de

significância. Isto é, um intervalo de confiança de 95% reflete um nível de significância

de 0,05.

Essa técnica é descrita da seguinte maneira:

as

ms

aa -=÷÷ø

öççè

æ+££- 1

22 nZx

nZxP

Page 46: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

44

Onde:

x = média amostral;

2aZ

= percentil da distribuição normal;

s = variância amostral (estatística não viciada da variância populacional);

m = média populacional;

a = nível de significância.

2.7.6 P-valor

Lembra-se que o resultado de cada comparação possui uma estatística chamada

de p-valor. Esta estatística é que ajuda a concluir sobre o teste realizado.

Primeiramente, estabelece-se a hipótese nula ( 0H ) de nenhuma diferença

estatística entre os grupos e a hipótese alternativa ( 1H ) de uma diferença estatística.

Em seguida, seleciona-se um teste estatístico para computar uma estatística de teste,

que é uma medida numérica padronizada da diferença entre os grupos. Sob a hipótese

nula, espera-se que o valor da estatística de teste seja pequeno, mas há uma pequena

probabilidade que essa seja grande, somente por acaso. Uma vez calculada a

estatística de teste, a utiliza-se para calcular o p-valor. O p-valor é definido como a

probabilidade de se observar um valor da estatística de teste maior ou igual ao

encontrado. Tradicionalmente, o valor de corte para rejeitar a hipótese nula ( 0H ) é de

0,05, o que significa que, quando não há nenhuma diferença, um valor tão extremo para

a estatística de teste é esperado em menos de 5% das vezes.

Quando se utiliza um valor de corte de 0,05 para o p-valor, caso o resultado de

p-valor encontrado seja maior que o nível de significância adotado (erro ou a ), concluir-

se-á, portanto, que a hipótese nula ( 0H ) é a hipótese verdadeira, caso contrário,

concluir-se-á que a hipótese alternativa ( 1H ) é a verdadeira.

2.7.7 Legenda

Para fins de interpretação das tabelas demonstrativas dos resultados estatísticos,

utilizou-se a seguinte legenda:

Page 47: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

45

1) p-valores: considerados estatisticamente significativos perante o nível de

significância adotado.

2) p-valores: que por estarem próximos do limite de aceitação, são considerados

que tendem a ser significativos (até 5 pontos percentuais acima do valor do alfa

adotado).

3) aaaaaaa: valores que atendem à Hipótese Alternativa.

4) aaaaaaa: Valores que atendem à Hipótese Nula e são menos relevantes.

5) - x -: quando não foi possível utilizar a estatística, nós colocamos estes símbolos.

2.7.8 Software

Para a analise estatística foram utilizados os softwares: SPSS V20, Minitab 16 e

Excel Office 2010.

Page 48: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

46

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A ordem internacional foi profundamente transformada em razão de dois

acontecimentos detonadores � o final da Guerra Fria e o 11 de Setembro � que

conduziram a alterações substanciais na estrutura de poder mundial. O

desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991

significou o advento de um novo recorte geopolítico mundial, atualmente caracterizado

por um modelo complexo e original na estrutura de poder que pode ser designado por

uni-multipolar. O paradigma do pós-Guerra Fria é caracterizado por uma ordem

multifacetada e complexa, com a coexistência de dois vastos movimentos geopolíticos e

geoestratégicos:

[...] a �grande guerra� contra o terrorismo, a proliferação das armas de destruição massiva e os Estados Párias; e o jogo de �contenções múltiplas� entre a pressão hegemónica dos EUA e os que se batem no sentido de conter ou mesmo contrariar essa hegemonia (TOMÉ, 2003, p. 77, grifos do autor).

A concretização cada vez mais patente do fenômeno da globalização tem

relativizado os conceitos de soberania e autodeterminação. A nova estrutura do poder

mundial altera a relação entre os Estados-Nação, antes alinhados sob o manto das

ideologias capitalista (bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos da América) e

comunista (bloco oriental liderado pela URSS).

Segundo Croft (2008), �o terrorismo global ou a religião são a novidade nos

estudos de defesa e segurança como fatores de segurança internacional�. Não é por

menos que é comprovada a aparição de novos desafios, materializados, por exemplo,

por conflitos regionais, terrorismo e migrações em massa gerando pressões

demográficas, e que têm desafiado a obtenção da paz e segurança internacionais

(CROFT, 2008, p. 502).

Há que se observar que o advento da �Era da Informação� maximiza a

complexidade e a volatilidade das relações do mundo contemporâneo, trazendo consigo

ameaças à segurança e à paz internacional, ainda desconhecidas na sua plenitude, o

que impacta diretamente a Política de Defesa dos Estados. Cabe ao Estado, por meio

da Política, fixar os objetivos políticos por ordem de prioridade, orientando a aplicação

das expressões do Poder Nacional e alocando os recursos para atingi-los. Essas

nuances indicam a necessidade de ajuste e transformação das Forças Armadas, que

Page 49: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

47

devem se organizar para o desenvolvimento de novas capacidades, que permitam

torná-las eficientes, em um ambiente operacional extremamente complexo.

A busca da obtenção de novas capacidades passa necessariamente pela

aquisição de novos equipamentos, não só decorrente da evolução natural dos mesmos,

mas também pela suscetibilidade aos ataques da obsolescência, porque no final do seu

ciclo de vida, devido ao desgaste dos materiais, uma taxa de falhas crescente se

associa ao período de mortalidade senil do equipamento. Neste período as falhas se

tornam inevitáveis por perda na resistência dos materiais, originadas por corrosão,

fadiga, trincas, deterioração mecânica, elétrica ou química, causando a baixa

disponibilidade e o aumento exponencial dos custos de manutenção (SELLITTO, 2005).

Com orçamentos cada vez mais limitados e necessidades operacionais

crescentes, �os comandantes militares têm que utilizar os seus limitados recursos de

forma eficiente, combinando fatores como armamento, pessoal e unidades militares

para �produzir� segurança e proteção� (HARTLEY, 2012 p. 01, tradução nossa).

É nesse sentido que Blanchard (2013) assevera ser necessário ter um bom

entendimento do ambiente operacional atual como um pré-requisito para a

determinação dos parâmetros logísticos e requisitos correlacionados. As características

do ambiente devem ser inter-relacionadas e necessitam ser avaliadas de forma

conjunta, a fim de que se possam determinar os requisitos operacionais para o sistema

militar e para a logística e infraestrutura de manutenção (BLANCHARD, 2013 p. 02).

3.1 TRANSFORMAÇÃO MILITAR E O AMBIENTE OPERACIONAL MODERNO

Segundo Sloan (2008) as �origens intelectuais da transformação militar podem

ter seu lastro na �Revolução Técnica Militar (RTM)12 e na Revolução em Assuntos

Militares (RAM)13�. A progressão intelectual começou com a �RTM nos anos 80 e início

dos anos 90, depois prosseguiu para a RAM em meados e final dos anos 90, e

finalmente fez a transição retórica para a transformação militar em torno da virada do

século� (SLOAN, 2008, p. 01-02, tradução nossa).

12 Do Inglês, Military Technical Revolution (MTR). 13 Do Inglês, Revolution in Military Affairs (RMA).

Page 50: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

48

O Exército Norte-Americano conduziu pesquisa e desenvolvimento em

tecnologias militares avançadas ao longo da década de 1980, que foram

experimentadas por meio de jogos de guerra e exercícios de simulação. Contudo, essas

tecnologias só puderam ser efetivamente testadas em combate, em 1991, durante a

Guerra do Golfo. Essas tecnologias, que foram cruciais para o sucesso das forças de

coalizão na Guerra do Golfo, �incluindo o desenvolvimento nas áreas de comando e

controle, comunicações, inteligência e sensores de vigilância, munições guiadas com

precisão e a supressão dos sistemas de defesa aérea inimiga� (SLOAN, 2008, p. 02,

tradução nossa).

A revolução tecnológica da Guerra do Golfo chegou a permitir ao Escritório de

Pesquisa do Pentágono14, à realização de uma analogia com o período entre guerras,

quando a Alemanha combinou novas tecnologias que acabaram de emergir nos últimos

estágios da �Primeira Guerra Mundial com as novas mudanças doutrinárias e

organizacionais para produzir sua revolucionária �Blitzkrieg15�, durante a Segunda

Guerra Mundial� (SLOAN, 2008, p. 03, tradução nossa).

Apesar dos grandes avanços trazidos, as Forças Armadas Norte-Americanas

�tiveram que ir além da Revolução Técnica Militar, e olhar mais amplamente para as

mudanças doutrinárias e organizacionais que a acompanham, o que traria uma

Revolução em Assuntos Militares� (SLOAN, 2008, p. 03, tradução nossa).

A crescente evolução experimentada nos equipamentos militares, munições

guiadas com precisão; inteligência, vigilância e reconhecimento, comando e controle,

processamento de comunicações e computação, influenciaram o ciclo de tomada de

decisão em operações, dando origem à Revolução em Assuntos Militares. Nesse

sentido, foi necessária uma modificação no processamento da informação. O chamado

ciclo �observar, orientar-se, decidir e agir (OODA)�16, sofreu uma rápida e profunda

transformação. Com efeito, os �avanços tecnológicos nos anos entre a Guerra do Golfo

e o conflito no Afeganistão foram tais, que em alguns cenários o ciclo OODA foi

14 Aqui se refere ao �Office of Net Assessment�, que é o escritório que serve como o "think tank interno" do Pentágono, que projeta o futuro das forças armadas armericanas para 20 ou 30 anos, muitas vezes com a ajuda de empresas contratadas externas, e produz relatórios sobre os resultados de suas pesquisas. O Diretor do �Office of Net Assessment� é o principal assistente do Secretário de Defesa norte-americano em matéria de projeção de cenários. 15 Forma inovadora de guerra utilizada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. 16 Tradução do conceito do ciclo em Inglês: observe-orient-decide-act (OODA).

Page 51: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

49

reduzido de dois ou três dias para menos de trinta minutos (SLOAN, 2008, p. 05,

tradução nossa).

Os irmãos Carvalho (2016) apontam que os conflitos modernos (híbridos)

passaram para um novo patamar, onde "os tempos nos campos de batalha se tornaram

curtos e determinados pela magnitude e sucesso da ofensiva midiática do oponente"

(CARVALHO E.; CARVALHO R., 2016, p. 18).

Indicam, os citados autores, que

a tecnologia passa a ser cada vez mais fator preponderante para aumentar a coordenação entre os meios e dar poder decisório aos escalões inferiores, enquanto que se mantém as ações no campo alinhadas aos objetivos estratégicos (CARVALHO E.; CARVALHO R., 2016, p. 18).

Assim, foram necessárias mudanças na doutrina militar norte-americana. Para o

cenário estadunidense, foi necessário fazer a mudança dos maciços, pesados e mais

estáticos exércitos da Guerra Fria, que estavam localizados na Europa e lá lutariam,

para tropas �mais leves, operativas, expedicionárias, e que, embora localizadas na

Europa ou na América do Norte, seriam empregadas em diferentes teatros de operação

ao redor do mundo� (SLOAN, 2008, p. 05, tradução nossa).

Há diferentes e numerosas perspectivas na definição do que compõe a

transformação militar. A concepção varia desde um ponto de vista restrito, em como a

tecnologia pode impactar o cenário de guerra, até noções mais amplas, que buscam

incorporar em um mesmo contexto as �mudanças de natureza tecnológica, doutrinária e

organizacional, ou ainda, em como a transformação pode auxiliar as Forças Armadas

na sua adaptação aos desafios surgidos no pós 11 de setembro� (SLOAN, 2008, p. 01,

tradução nossa).

Nesse mesmo sentido, Da Silva (2013) relata que Covarrubias concebe os

processos de transformação das Forças Armadas enquadrando-os como: adaptação,

modernização e transformação. Dessa forma,

a adaptação se restringe a adequar a estrutura já existente, sem mudança nas tarefas previstas; a modernização consiste no aprimoramento de capacidades para o melhor cumprimento da missão, ainda sem mudanças de tarefas previstas; e transformação se trata do desenvolvimento de capacidades para o cumprimento de novas missões e/ou funções (DA SILVA, 2013, p. 35).

Assevera, ainda, Da Silva (2013), que a "transformação é a concretização de

uma mudança de profundas repercussões, com alcance nos níveis técnico (tanto nas

Page 52: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

50

capacidades materiais como na doutrina), tático (no concernente à doutrina),

estratégico e político (DA SILVA, 2013, p. 35).

Kugler (2008) ensina que, apesar da ideia de transformação ter sua origem na

década de 90, os maiores esforços na sua implementação nos Estados Unidos

ocorreram a partir de 2001, com o início da guerra ao terrorismo. Kugler assim define

transformação:

O propósito central da transformação da defesa era tomar vantagem das redes de informação, munições precisas, equipamentos de ilusão de radares e outras novas tecnologias, sistemas de armas, doutrinas e estruturas, com o fim de realizar grandes mudanças nas Forças Armadas dos Estados Unidos, de maneira que produzissem incremento substancial nas suas capacidades de combate para conduzir operações da Era da Informação, com poderes de rede, e para reforçar a superioridade militar sobre adversários (KUGLER, 2008, p. 09, tradução nossa).

O próprio Kugler (2008) descreve que o plano principal dos Estados Unidos era

estabelecer a total integração das suas funções de combate: comunicações,

inteligência, operações e logística. Com isso, haveria um �grande acréscimo na

velocidade do fluxo de informações, criando a consciência situacional17 comum a todos

os escalões envolvidos e aos respectivos serviços componentes� (KUGLER, 2008, p.

09).

Em pesquisa conduzida pela National Security Research Division (RAND)18,

Asch e Hosek (2004) chegaram à conclusão de que o propósito do esforço de

transformação militar é assegurar que a força militar �tenha as capacidades necessárias

a defender os Estados Unidos contra um espectro desconhecido e incerto de ameaças�

(ASCH; HOSEK, 2004, p. 02, tradução nossa).

Nos meios militares e acadêmicos dos Estados Unidos, transformação significa a

passagem de um modelo atual para um modelo futuro de Forças Armadas (OLIVEIRA,

2009). Neal e Wells (2011) ressaltam que �muitas das capacidades que podem ser

17 O Manual �Doutrina Militar Terrestre - EB20-MF-10.102� assim define o termo consciência situacional: Em todos os níveis, os comandantes necessitam obter uma percepção atualizada e que reflita a realidade sobre o ambiente e a situação de tropas amigas e oponentes. A consciência situacional contribui com a decisão adequada e oportuna em qualquer situação de emprego, permitindo que os comandantes possam se antecipar aos oponentes e decidir pelo emprego de meios na medida certa, no momento e local decisivos, proporcionalmente à ameaça (BRASIL, 2014, p 7-3). 18 RAND é uma instituição sem fins lucrativos, existente há mais de 70 anos, com estabelecimento em 46 países e um efetivo de aproximadamente 1.800 pessoas,que presta suporte no aperfeiçoamento da política e no auxílio ao processo de tomada de decisão por meio da pesquisa e análise. Para maiores informações acessar o link: http://www.rand.org/about.html.

Page 53: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

51

aplicadas em diferentes contingentes, podem ser desenvolvidas a custos relativamente

baixos� (NEAL; WELLS, 2011, p. 02, tradução nossa).

A transformação militar nos Estados Unidos ganhou maior vulto a partir do

governo Bush (2001), que reforçou sua promessa de campanha em dar suporte a um

longo programa de transformação. A ênfase na inteligência em tempo real, nas

munições de alta precisão e nos sucessos operacionais dos protótipos de

equipamentos, como os veículos aéreos não-tripulados [no Inglês unmanned aerial

vehicles (UAV), mais conhecidos como �Drones�] deram o impulso necessário ao

compromisso do governo norte-americano em expandir os nascentes programas

tecnológicos (DOMBROWSKI e colab., 2002, p. 523, tradução nossa).

Hamilton assim define o termo �transformação�:

[...] é um termo surgido na administração Bush para descrever uma total reorganização da política de defesa norte-americana e prioridades em resposta àquilo que o governo acreditava serem as ameaças do século XXI. Bush utilizou o termo pela primeira vez em um discurso em 1999 na cidade de Citadel, Carolina do Sul para descrever como ele iria mudar as Forças Armadas americanas se ele fosse eleito presidente (HAMILTON, 1999, p. 03, tradução nossa).

No mesmo sentido Farrel e colaboradores (2013) asseveram que, �na melhor de

todas as expressões, transformação reforça a eficácia e conduz à vitória estratégica�

(FARREL e colab., 2013, p. 192, tradução nossa). Assim, o termo representa algo

significativo, que imponha uma mudança radical na capacidade de obter resultados,

obtendo-se o máximo de eficiência.

O estabelecimento de programas de transformação que visem ao aumento da

capacidade militar torna-se imperioso para as Forças Armadas ao redor do planeta. �O

desenvolvimento dessa capacitação será valorosa contribuição em benefício do

enfrentamento do que se espera do futuro próximo, permeado pelo caos, complexidade

e surpresa� (NEAL;WELLS, 2011, p. 02).

Assim, as Forças Armadas ao redor do planeta buscaram adaptar-se às rápidas

evoluções do combate moderno seja por meio de novos equipamentos e sistemas de

armas, seja por transformações em suas estruturas organizacionais.

Alinhado com a tendência internacional, o Brasil, consubstanciou na Política

Nacional de Defesa, como Objetivos Nacionais de Defesa, a manutenção de �Forças

Armadas modernas, integradas, adestradas e balanceadas, e com crescente

Page 54: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

52

profissionalização, operando de forma conjunta e adequadamente desdobradas no

território nacional�. Ainda, a PND determinou que a sua estruturação deve ser baseada

�em torno de capacidades, dotando-as de pessoal e material compatíveis com os

planejamentos estratégicos e operacionais� (BRASIL, 2012, p. 29-30).

O Brasil, em função da sua importância geopolítica regional, amplia cada vez

mais sua participação no cenário internacional, o que impõe novos desafios e metas

para o país e, por consequência, para suas Forças Armadas.

Com aprovação da primeira edição da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008,

o Exército Brasileiro (EB) iniciou o estabelecimento de programas para a

implementação de um Processo de Transformação, �mediante um planejamento

orientador consubstanciado no Projeto de Força do EB e no Manual de Transformação

do Exército� (PROFORÇA, p.13). A implantação se desenvolve nos dias atuais em

consonância com o estabelecido nesses documentos e visa à preparação da Força

Terrestre para o ambiente operacional até o ano de 2030.

O Manual de Transformação (2015) é o documento no qual o Estado-Maior do

Exército (EME) dá partida ao "Processo de Transformação� da Força Terrestre. Da

mesma forma que os norte-americanos, percebe-se que adotou a concepção mais

ampla de transformação, segundo a categorização proposta por Elionor Sloan (2008),

acima explanada, conforme se observa abaixo:

Transformação é o processo de desenvolvimento e implementação de novos conceitos e capacidades operacionais conjuntas, modificando o preparo, o emprego, as mentes, os equipamentos e as organizações, para atender às demandas operacionais de um ambiente sob evolução continuada (BRASIL 2015, p. 46)

Desse modo, essas aproximações colocam ênfase diferenciada nos seguintes

elementos:

a) mudança organizacional radical;

b) importância de inovações tecnológicas;

c) natureza integradora das mudanças implementadas;e

d) necessidade de desenvolvimento de novas capacidades.

Percebe-se que o vocábulo �capacidade� é o núcleo do termo �transformação�,

que é concebida como a aquisição de novas capacidades de emprego operacional. As

Page 55: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

53

outras variáveis orbitam ao redor da aquisição de novas capacidades, como inovação

tecnológica, integração, reforma estrutural, etc.

O desenvolvimento de capacidades necessárias para cumprir missões ou

desempenhar novas funções, não se resume apenas em aquisições ou

desenvolvimento de materiais, mas em um processo amplo, que inclui diversas

variáveis que, integradas, permitem a aquisição de um novo paradigma de poder de

combate.

A fim de que possam cumprir suas missões, os militares devem ter uma certa

capacidade que seja a representação das possibilidades que cada força possui. As

capacidades militares permitem aos países a defesa contra ameaças externas e

internas, ao mesmo tempo em que permitem que os Estados atinjam objetivos definidos

pela política governamental.

De acordo com Peter Paret (2000):

o poder militar expressa e implementa o poder do Estado em uma variedade de maneiras e além das fronteiras, e é também um dos instrumentos com o que o poder político é originalmente criado e permanentemente mantido (PARET, 1989 apud TELLIS e colab., 2000, p.133)

Uma definição sobre capacidade militar é como sendo �o nível resultante do

poder nacional consubstanciado na premissa de que organizações militares do Estado

recebem recursos nacionais e os transformam em capacidades de combate

específicas� (TELLIS e colab., 2000, p. 134).

Assim, a capacidade militar é o produto resultante dos recursos que são providos

à expressão militar do poder nacional e que são transformados em efetivas

capacidades operacionais. É importante mencionar que a capacidade militar não é

avaliada em termos de soma de recursos, ou de quantidade de efetivos ou viaturas,

mas sim de possibilidade do desenvolvimento de tarefas específicas19.

Portanto, em se tratando da expressão militar, o que se busca é a associação e

integração de todos os meios militares - pessoal, equipamentos, tecnologia, viaturas,

mísseis, sistemas de armas, etc. - por meio do desenvolvimento da doutrina e tática de

emprego, do treinamento intensivo, da manutenção e desenvolvimento dos preceitos da

19 Como comprovação histórica cita-se a Guerra do YomKippur, em que o pequeno efetivo das forças israelenses derrotou os exércitos sírio e egípcio bem mais numerosos e com maior quantidade de meios.

Page 56: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

54

disciplina, da hierarquia e da liderança, tendo como resultado o desenvolvimento de

capacidades.

O manual Doutrina Militar Terrestre descreve, ainda, que o �Processo de

Transformação do Exército busca dotar a Força Terrestre de novas capacidades,

objetivando preparar suas tropas para o cumprimento de missões e tarefas na Era do

Conhecimento� (BRASIL, 2014, p. 3-5, grifos nossos).

Nesse sentido, o manual da Doutrina Militar Terrestre assevera que com �a

necessidade premente de desenvolver capacidades completas, o Exército Brasileiro

passa a adotar a geração de forças por meio do Planejamento Baseado em

Capacidades (PBC)� (BRASIL, 2014, p. 3-3), e assim define o termo:

Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura � que formam o acrônimo DOAMEPI. Para que as unidades atinjam o nível máximo de prontidão operativa, é necessário que possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude (BRASIL, 2014, p. 3-3, grifos nossos).

A geração de capacidades exige o atendimento integrado dos seus fatores

determinantes, também designados como Vetores de Transformação (VT): Doutrina

(D), Organização (e/ou processos) (O), Adestramento (A), Material (M), Educação (E),

Pessoal (P) e Infraestrutura (I) (BRASIL, 2014, p. 3-3).

Assim, os Vetores de Transformação (VT) compreenderão os estudos, os

diagnósticos, as concepções, os planejamentos, os processos, as ferramentas, os

recursos humanos, as capacitações e os meios necessários (BRASIL, 2015, p. 30).

Conforme representa a figura abaixo:

Page 57: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

55

Figura 2 � Fatores determinantes da geração de capacidades Fonte: BRASIL, 2014, p. 3-3

Percebe-se, como se verá adiante, que os Elementos de Suporte Logístico

Integrado podem ser considerados como parte integrante dos Vetores de

Transformação.

Nesse sentido, passa-se a descrever as atividades inerentes ao processo de

transformação das Forças Armadas, segundo o conceito teórico concebido por Birkler,

Kent e Neu (1998).

3.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO E O CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS

Para Birkler, Kent e Neu (1998) um processo de transformação das Forças

Armadas deve seguir 04 principais atividades, realizadas de forma coordenada e

consecutiva: a) planejadores estratégicos estabelecem as demandas para as

capacidades militares; b) formuladores especialistas concebem opções; c) tomadores

de decisão de alto escalão escolhem dentre as opções possíveis; d)

implementação das decisões tomadas (BIRKLER, e colab., 1998, p. 03-07, tradução

nossa, grifo nosso).

Como primeira atividade do processo, os planejadores estratégicos devem definir

as principais missões que devem ser desempenhadas pelas Forças Armadas. No

Brasil, o Presidente da República, na condição de comandante supremo das Forças

Armadas, assessorado pelo Ministro de Estado da Defesa e pelo Conselho Militar de

Defesa, �é responsável pelo emprego dos meios militares e pela condução estratégica

das forças� (BRASIL, 2012, p. 153).

Page 58: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

56

No âmbito do Ministério da Defesa, a Secretaria de Produtos de Defesa

(SEPROD) é responsável por normalizar e supervisionar �as ações relativas ao controle

das importações e exportações de produtos de defesa�, além de representar o

�Ministério da Defesa perante outros ministérios, em fóruns nacionais e internacionais

que envolvam produtos de defesa e nos assuntos ligados a ciência, tecnologia e

inovação� (BRASIL, 2012, p. 62).

Os tomadores de decisão podem ser auxiliados por especialistas militares e

analistas e os resultados finais desse processo devem ser: a) a orientação estratégica

das Forças Armadas; b) a descrição da visão dos objetivos operacionais que devem ser

atingidos pelas Forças Armadas; c) estabelecimento das características das

capacidades militares julgadas mais relevantes para enfrentar os desafios futuros (os

requisitos operacionais); d) identificar deficiências operacionais que devem ser

atendidas prioritariamente (BIRKLER e colab., 1998, p. 4, tradução nossa).

Na segunda etapa, o esforço estará direcionado em como atender a demanda

fixada no passo anterior e no �entendimento das tecnologias emergentes, da realidade

dos ambientes operacionais enfrentados pela força militar, e do ambiente estratégico

definido pelos planejadores� (BIRKLER e colab., 1998, p. 5, tradução nossa). Em razão

da envergadura e alta complexidade, essa etapa deve ser realizada por equipes

multidisciplinares compostas por especialistas militares e técnicos, que irão buscar a

formulação de conceitos que atinjam a criação das capacidades desejadas. Nesse

momento, o planejamento não está sujeito a restrições de qualquer ordem (Ex:

orçamentárias, pessoal, etc.). Após a avaliação do potencial técnico e operacional,

algumas formulações serão merecedoras de maior aprofundamento conceitual. O

produto dessa etapa do processo de transformação é uma �série de formulações que

são tecnicamente viáveis, operacionalmente relevantes e estão prontas para o

desenvolvimento� (BIRKLER e colab., 1998, p. 5, tradução nossa).

Percebe-se que nessa etapa é que serão consolidados de forma conceitual, os

fatores determinantes da geração de capacidades: Doutrina (D), Organização (e/ou

processos) (O), Adestramento (A), Material (M), Educação (E), Pessoal (P) e

Infraestrutura (I).

Page 59: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

57

Na terceira etapa, com o assessoramento de especialistas técnicos e

operacionais, os tomadores de decisão escolhem quais dentre as formulações deverão

ser implementadas. Nessa etapa, segundo os autores, �os custos de desenvolvimento e

aquisição, a demanda de pessoal adicional, treinamento e especialização, a

infraestrutura necessária�, deverão ser levados em consideração (BIRKLER e colab.,

1998, p. 6, tradução nossa). Frequentemente programas serão descartados devido às

restrições impostas. Os tomadores de decisão normalmente terão que combinar os

requisitos estabelecidos pelos planejadores estratégicos e as concepções formuladas

para poderem optar pelos programas que mais se aproximam e atendem ao

desenvolvimento das capacidades desejadas.

Na última etapa, o processo de transformação é completado pela implementação

das decisões tomadas. Nesse momento serão disparados os projetos de cada

programa: doutrina de emprego, reestruturação organizacional, aquisição do material,

infraestrutura, treinamento, cadeia logística, etc .

No Exército Brasileiro, os principais processos, atividades e eventos que

envolvem a gestão dos produtos de defesa foram regulamentados pelas Instruções

Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar

(EB10-IG-01.018). Essa norma estabelece a sistemática para as atividades e os

eventos que ocorrem durante o ciclo de vida dos Sistemas e Materiais de Emprego

Militar (SMEM), atribuindo as responsabilidades aos diversos órgãos envolvidos.

Essa norma aplica-se aos sistemas militares complexos, objeto desta pesquisa,

pois abrange os seguintes tipos de Sistemas de Materiais de Emprego Militar:

I - sistema ou material a ser pesquisado e desenvolvido por iniciativa do Exército; II - sistema ou material em uso corrente no Exército, em processo de repotencialização ou modernização; III - sistema ou material em uso corrente no Exército em processo de revitalização; IV - sistema ou material em uso corrente no Exército; V - sistema ou material em desenvolvimento ou já desenvolvido, por iniciativa de terceiros, de interesse do Exército; [...] (BRASIL, 2016, p. 05).

O modelo do ciclo de vida é a base para o entendimento de como os sistemas

são concebidos, desenvolvidos, testados, produzidos ou adquiridos e utilizados. Entre

as ações previstas, estão compreendidas às ligadas à aquisição do sistema, e de todo o

montante necessário à sua operação, seu acompanhamento durante a vida útil e seu

Page 60: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

58

destino final, seja a simples alienação, sua repotencialização ou modernização.

Para isso, agrupa os blocos de atividades, dividindo o ciclo de vida em 04

(quatro) fases:

a. 1ª Fase: formulação conceitual.

b. 2ª Fase: obtenção.

c. 3ª Fase: produção utilização e manutenção.

d. 4ª Fase: desativação.

A fase de formulação conceitual inicia-se pela elaboração da Compreensão das

Operações (COMOP), documento que traduz uma ou mais �Capacidades Operativas

(CO) em informações necessárias para �orientar a concepção integrada de SMEM,

tais como: a missão, o ambiente operacional, os tipos de operações, as funcionalidades

a serem executadas e as intenções (desempenho esperado)� (BRASIL, 2016, p. 06,

grifos nossos).

Durante essa fase, é considerada a:

Transição de determinada capacidade ao longo do tempo (curto, médio e longo prazo), passando de uma situação de lacuna de capacidade para outra de manutenção da capacidade existente, chegando até a uma etapa de transformar, degradar ou extinguir uma capacidade excedente (BRASIL, 2016, p. 06, grifos nossos).

Assim, pode-se perceber claramente a correlação existente entre a gestão do

ciclo de vida dos materiais, na fase de formulação conceitual, com o processo de

transformação do Exército que, conforme anotado acima, estabeleceu a �necessidade

premente de desenvolver capacidades completas�, e �passa a adotar a geração de

forças por meio do Planejamento Baseado em Capacidades (PBC)� (BRASIL, 2014,

p. 3-3, grifos nossos).

Como uma subfase (ou etapa) teórica da formulação conceitual, as Instruções

Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar

(EB10-IG-01.018) definem a concepção integrada do SMEM. Nessa etapa procura-se

traduzir, da forma mais ampla possível, conceitual e quantitativamente, os possíveis

sistemas e materiais, correntes e futuros, que �preencherão as lacunas de

capacidades existentes no Exército Brasileiro. Serão definidos o emprego doutrinário

dos futuros SMEM (Condicionantes Doutrinárias e Operacionais - CONDOP) e outros

conceitos, como os Requisitos Operacionais (RO), Requisitos Técnicos, Logísticos e

Page 61: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

59

Industriais (RTLI), Mapa de Tecnologias (MAPATEC) e dos projetos conceituais de

materiais de emprego militar (corrente e/ou futuro).

Percebe-se que as três primeiras etapas concebidas no fluxograma delineado

por Birkler, Kent e Neu (1998) estão contidas na fase de formulação conceitual da

gestão do ciclo de vida das Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos

Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018).

Desse modo, de forma a ilustrar esquematicamente a concepção teórica

formulada por Birkler, Kent e Neu (1998) em comparação às Instruções Gerais para a

Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-

01.018), tem-se o seguinte quadro:

Birkler, Kent e Neu EB10-IG-01.018

1ª Etapa Definição das principais missões que devem ser desempenhadas

1ª Fase Formulação

conceitual

Diretriz de Iniciação de Projeto - elaboração da Compreensão das Operações (COMOP)

2ª Etapa Formulação de conceitos que atinjam a criação das capacidades desejadas

Concepção integrada

do SMEM

3ª Etapa

Tomadores de decisão escolhem quais dentre as formulações deverão ser implementadas

1ª Reunião Decisória - determinará o prosseguimento ou não do ciclo de vida para a fase de obtenção

4ª Etapa Implementação das decisões tomadas

2ª Fase Obtenção

Ordem emanada na 1ª RD para que seja dado prosseguimento à obtenção dos SMEM

Tabela 1: Comparação da formulação teórica de Birkler, Kent e Neu com as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar Fonte: elaborado pelo autor

Na Tabela 1, foram destacados os campos da 2ª Etapa do modelo conceitual

de Birkler, Kent e Neu e a etapa da concepção integrada da Fase de Formulação

Conceitual às Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas e

Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018).

O que se verifica, é que a criação conceitual das capacidades, que levarão à

transformação militar, é concomitantemente planejada com a fase de formulação

conceitual do sistema ou material de emprego militar.

Page 62: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

60

No mesmo sentido aludido por Blanchard (1998), que destaca a importância

vital da logística para o sistema, admite-se que ela deva influenciar de maneira

determinante o processo decisório de aquisição de produtos militares. Nesse sentido,

acredita-se que, no contexto da definição dos Requisitos Técnicos, Logísticos e

Industriais (RTLI), a avaliação dos elementos de Suporte Logístico, na etapa da

concepção integrada da fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo de Vida

dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar, seja o momento e a forma mais

adequados para se definir as condicionantes logísticas para as aquisições de

produtos de defesa complexos, possibilitando as melhores condições para o

desenvolvimento e a manutenção das capacidades necessárias ao cumprimento

das missões constitucionais pelo Exército Brasileiro.

No mesmo sentido, discursa Blanchard (2013) que os requisitos logísticos, vistos

por uma perspectiva integrada, incluem atividades ao longo de cada fase do ciclo de

vida do sistema. Ressalta, ainda, que os requisitos logísticos devem ser considerados

por ocasião do desenvolvimento ou concepção de um novo sistema, �a fim de

assegurar a apropriada confiança, possibilidade de manutenção, sustentabilidade,

produtividade e descarte� (BLANCHARD, 2013, p. 15).

Para Blanchard (1998) a logística desempenhada no setor comercial pode ser

realizada de diversas formas ou perspectivas, sendo observada mais comumente a que

�leva em consideração as funções de aquisição, fluxo de material, transporte,

instalações, distribuição e atividades associadas relacionadas ao gerenciamento da

cadeia de suprimento�. Diversamente, no setor da defesa, a orientação da logística para

o ciclo de vida de sistemas grandes, complexos e altamente sofisticados, como é o

caso das viaturas blindadas de combate, �é realizada de uma forma mais completa e

sofisticada� (BLANCHARD, 1998, p. 01, tradução nossa).

Por fim, Blanchard (1998) confirma que as atividades logísticas:

[...] poderiam ser integradas e consideradas como um �elemento� principal do sistema; [...] a infraestrutura logística e de suporte seja concebida como uma parte inerente do processo de engenharia do sistema, aplicada no

Page 63: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

61

desenvolvimento de sistemas desde o início20. (BLANCHARD, 1998, p. 08, tradução nossa, grifos nossos).

Tendo por base essas premissas teóricas, o presente trabalho buscou fornecer

subsídios de forma a complementar as Instruções Gerais para a Gestão do Ciclo de

Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar, formulando estratégias aplicáveis à

concepção integrada dos sistemas militares complexos. Teve-se como objetivo definir

quais elementos de Suporte Logístico Integrado que podem ser inseridos, aproveitados

ou indicadores dos requisitos logísticos determinantes a serem conceituados

durante a fase de formulação conceitual para aquisição de sistemas militares

complexos.

Buscou-se, enfim, descobrir se o Suporte Logístico Integrado deve ser

sistematicamente utilizado como ferramenta de apoio à decisão, apta a subsidiar os

processos de aquisição de produtos ou sistemas militares que, devido à sua

complexidade tecnológica, requerem um suporte controlado, sinérgico, eficiente e

economicamente aceitável durante seu ciclo de vida.

3.3 ANÁLISE DO SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO (ASL)

A aquisição de um sistema militar exige que os requisitos logísticos sejam

avaliados de forma oportuna, fato que exige um processo delineado para assegurar sua

correta configuração logística durante a fase de aquisição do produto (S3000L, 201021).

A Análise do Suporte Logístico Integrado (do Inglês Logistics Support Analysis -

LSA) é um processo disciplinado e estruturado que visa a analisar, definir e quantificar

os requisitos de suporte logístico, de modo a aumentar a eficiência da manutenção e a

reduzir os custos durante o ciclo de vida do sistema.

A ASL é, em suma, um processo que visa a �integrar a concepção/aquisição de

um sistema com os seus requisitos de suporte e avalia a sua sustentabilidade e

requisitos de disponibilidade�. As informações logísticas relevantes consistem na

20 No original: �could be integrated and considered as a major "element" of the system; [�] the logistics and support infrastructure be addressed as an inherent part of the systems engineering process, applied in the development of systems from the beginning� (BLANCHARD, 1998, p. 08). 21 S3000L é uma norma elaborada pela Liga das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa Europeia e Norte-Americana, que foi desenvolvida com o fito de estabelecer uma especificação global do processo da Análise de Suporte Logístico, definindo os requisitos gerais para o gerenciamento da configuração do Suporte Logístico Integrado de um sistema.

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62

�identificação, otimização e rastreamento dos recursos de SLI (Ex: peças, força de

trabalho, pessoal, treinamento, ferramental especial e equipamentos de testes, meios

de instrução, infraestrutura, e documentação técnica)� (S3000L, 2010, p. 06).

De forma geral, a ASL é dividida nas seguintes fases:

a) determinação inicial e estabelecimento dos critérios logísticos, como funções

que implicam na aquisição ou design do sistema militar;

b) avaliação dos diversos sistemas militares disponíveis para aquisição ou

desenvolvimento;

c) identificação dos elementos de Suporte Logístico Integrado;

O desenvolvimento de uma ASL nas fases iniciais de aquisição de um sistema

militar definirá, de forma qualitativa os requisitos de suporte ao sistema, gerando a

melhor relação custo-benefício a um nível mais alto de disponibilidade.

3.4 SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO

O Suporte Logístico Integrado22 (SLI) surgiu da necessidade pela busca de

soluções modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção

de equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida.

3.4.1 Definição militar de Suporte Logístico Integrado

Impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela natureza de emprego e

evolução do teatro de operações, demandam tecnologias cada vez mais avançadas, as

Forças Armadas foram as predecessoras no �estabelecimento de uma nova sistemática

que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas, limitadas pela

redução dos orçamentos destinados às Forças Armadas� (NEIVA, 2005, p. 108).

Nesse panorama, em 1955 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da

América (DoD) emitiu a Diretriz 3232.1, cujo escopo era estabelecer normas que

contribuíssem para a eficiência econômica e operacionalidade da cadeia logística.

Desde aquele momento, já ficava patente a preocupação com o rápido crescimento da

complexidade dos equipamentos e o seu impacto na operacionalidade das Forças

Armadas (BABBITT, 1976).

22 No Inglês �Integrated Logistics Support (ILS)�.

Page 65: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

63

O seguinte trecho traduz a noção do problema visualizado àquela época:

O Departamento de Defesa está adquirindo e utilizando progressivamente quantidades maiores de material de crescente complexidade e custos. Os Departamentos Militares responsáveis por atividades de manutenção altamente desenvolvidas, reconheceram, em larga escala, o impacto dessas significantes mudanças além de suas capacidades (BABBITT, 1976, p. 04, tradução nossa).

Após isso, grandes esforços foram realizados pelas três Forças Armadas norte-

americanas, no sentido da busca de soluções para o problema, e que foram

desenvolvidas e implantadas em diversos programas de aquisição de equipamentos

militares ao longo de cerca de 10 anos.

A primeira consolidação ocorreu em 1964, com a emissão da Diretriz DODD

4100.35 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América estabelecendo,

pela primeira vez de forma institucionalizada, um conceito de Suporte Logístico

Integrado. Nesse sentido:

O objetivo primário desta Diretriz é assegurar um suporte logístico eficiente para sistemas e equipamentos que seja sistematicamente planejado, adquirido e gerenciado como um todo (pela interligação dos elementos de suporte logístico) para obter o máximo de operacionalidade do material a um ótimo custo-eficiência (BABBITT, 1976, p. 05, tradução nossa).

Portanto, a padronização consolidada em uma Diretriz emitida pelo DoD resultou

da necessidade de consolidar, padronizar e enfatizar práticas logísticas que

aumentassem a eficiência, mantendo os custos em níveis aceitáveis.

A definição do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (DoD)

para essa nova atividade é a seguinte:

Suporte Logístico Integrado é o conjunto de todas as considerações necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um sistema/equipamento durante seu ciclo de vida (DOD DICTIONARY, 2010, p. 128, tradução nossa).

Nessa mesma linha de raciocínio, a Organização do Tratado do Atlântico Norte

(OTAN) � sigla traduzida do original em Inglês �North Atlantic Treaty Organization

(NATO)� � descreve o conceito de SLI em seu guia sobre Suporte Logístico Integrado

para programas multinacionais de armamento:

Suporte Logístico Integrado é o gerenciamento e o processo técnico por meio do qual as considerações de soluções ao suporte logístico do material (hardware ou software) são integradas desde os estágios iniciais e por todo o ciclo de vida de um programa de armamento e pelo qual todos os elementos de

Page 66: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

64

suporte logístico são planejados, adquiridos, implementados, testados e providos de forma tempestiva, eficiente e a um custo economicamente viável (OTAN, 2011, p. 01, tradução nossa).

A definição mais recente proposta pelo Exército Estadunidense está disposta

no Ato de Revisão Rápida23 ao marco regulatório do Suporte Logístico Integrado, a

�Army Regulation 700-127�:

Suporte Logístico Integrado é o processo que facilita o desenvolvimento e integração de todos os elementos de suporte logístico para a aquisição, testes, operação e suporte aos sistemas do Exército. Desde os primeiros estágios dos sistemas, a estratégia de aquisição e o plano de sustentabilidade para o ciclo de vida assegurarão que os requisitos para cada um dos elementos do SLI foram apropriadamente planejados, estimados e implementados. Estas ações habilitarão ao sistema adquirir a capacidade operacional requerida pelo combate durante o cilco de vida, de forma tempestiva (RAR, 2012, p. 12, tradução nossa).

Segundo a definição do Exército dos Estados Unidos, o Suporte Logístico

Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre os seus elementos

logísticos. Os principais elementos de um SLI relacionados a todo o ciclo de vida de um

sistema operacional são (RAR, 2012, p. 13, tradução nossa):

1. Plano de Manutenção;

2. Pessoal e força de trabalho;

3. Suprimento;

4. Equipamentos de suporte e de testes;

5. Dados técnicos;

6. Treinamento e suporte ao treinamento;

7. Suporte e recursos computacionais;

8. Instalações;

9. Embalagem, depósito, manuseio e transporte; e

10. Parâmetros de influência relacionados à logística.

Da mesma forma, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)

atualmente define que o natural fortalecimento ao modelo de suporte logístico

desenvolvido desde a II Guerra Mundial é o Suporte Logístico Integrado. Assim, dispõe:

O SLI procura maximizar a eficiência de qualquer sistema tanto da perspectiva operacional como econômica, através de um conceito para toda a vida útil, assegurando que o sistema esteja pronto para o uso pelo máximo período de

23 Do Inglês �Rapid Action Revision-RAR�.

Page 67: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

65

tempo ao mesmo tempo que usa o mínimo de montante de recursos� 24(OTAN,

2016, tradução nossa).

O Guia de Suporte Logístico Integrado da OTAN para Programas de Armas

Multinacionais enumera como elementos constituintes:

a. Plano de Manutenção b. Suprimento c. Pessoal d. Equipamentos de teste e de suporte e. Influência da concepção/interface f. Documentação técnica g. Treinamento e suporte à instrução h. Instalações e infraestrutura i. Embalagem, manuseio, depósito e transporte (OTAN, 2011, p.3-6, tradução nossa).

Essa mesma norma estabelece que o processo do SLI pode ser aplicado na sua

totalidade a programas que envolvam sistemas miltares complexos, envolvendo a

incorporação de novas tecnologias, desenvolvimento, integração e produção (OTAN,

2011).

3.4.2 Definição acadêmica de Suporte Logístico Integrado

Na literatura acadêmica diferentes concepções sobre Suporte Logístico

Integrado são encontradas e geralmente estão associadas à engenharia e à indústria.

Para Blanchard, o Suporte Logístico Integrado é:

a função gerencial que provê o planejamento inicial, o custeio, e controles que ajudam a assegurar que o consumidor final (ou usuário) receberá um sistema que não apenas atenderá aos requisitos de desempenho, mas que possa ser suportado rápida e economicamente ao longo do seu ciclo de vida programado. O maior objetivo do SLI é assegurar a integração dos vários elementos de suporte (por exemplo, equipamentos de teste e de suporte, componentes reparáveis e de reposição, etc.) 25. (BLANCHARD, 1992, p. 13, tradução nossa).

Blanchard ilustra ainda, que os elementos de Suporte Logístico Integrado podem ser esquematicamente inseridos em seus grupos funcionais da forma abaixo:

24 No original: �ILS seeks to maximise the effectiveness of any system from both the operational and financial perspective, through a total life cycle concept, by ensuring that the system is ready for use for the maximum amount of time whilst using the minimum amount of resources� (OTAN, 2016). 25 No original: �management function that provides the initial planning, funding, and controls which help to assure that the ultimate consumer (or user) will receive a system that will not only meet performance requirements, but one that can be expeditiously and economically supported throughout its programmed life cycle. A major ILS objective is to assure the integration of the various elements of support (i.e., test and support equipment, spare/repair parts, etc� (BLANCHARD, 1992, p. 13).

Page 68: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

66

Figura 3 � Elementos básicos de Suporte Logístico Integrado Fonte: Blanchard, 1998, p. 06

No mesmo sentido, Lambert (2008) considera que o SLI consiste de planos, que

incluem manutenção, pessoal e força de mão-de-obra, além de treinamento e

equipamentos, embalagem, manuseio, depósito e transporte. Abrange também a

infraestrutura e recursos computacionais para o gerenciamento dos dados e para o

adequado suporte de suprimento (consumíveis e peças de reparação). Por fim, �o SLI

inclui também a documentação técnica, o gerenciamento da configuração e

confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade do sistema� (LAMBERT, 2008, p. 13).

Já na concepção delineada por Jones (2006), um dos mais destacados autores

sobre o tema, �o Suporte Logístico Integrado consiste em um gerenciamento unificado

de todas as atividades para o desenvolvimento e suporte a um sistema, que o tornem

DOCUMENTAÇÃO

TÉCNICA

RECURSOS

COMPUTACIONAIS

TREINAMENTO E

SUPORTE

EMBALAGEM,

MANUSEIO,

ARMAZENAGEM E

TRANSPORTE

FERRAMENTAL E

EQUIPAMENTOS

DE TESTE

INFRAESTRUTURA

DE MANUTENÇÃO

PESSOAL

ESPECIALIZADO

DE MANUTENÇÃO

SUPRIMENTO

MANUTENÇÃO E

PLANEJAMENTO

DO SUPORTE

SUPORTE

LOGÍSTICO

Page 69: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

67

capaz de alcançar seus objetivos, a um custo aceitável�26 (JONES, 2006, p. 10,

tradução nossa).

O Suporte Logístico Integrado, quando adequadamente compreendido e

aplicado, pode fornecer os meios para identificar e resolver problemas de logística, com

frequência antes que eles se apresentem (HUTCHINSON, 1987).

Tomando-se por base a tabela elaborada por Lambert (2008), e atualizando-a

com o conceito trazido pela OTAN (OTAN, 2011), com publicações mais recentes de

Jones (2006) e a atualização do Army Regulation 700-127 (2012), tem-se que

(LAMBERT, 2008, p. 113):

Autor/Fonte

Elementos do SLI

Nato

Guid

ance

on

Inte

grate

d Log

istic

s S

upp

ort (2

011)

Arm

y R

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latio

n

700

-127

(201

2)

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hin

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(198

7)

Bla

nchar

d (

199

2)

Jone

s (2

006)

Lam

ber

t (2

008)

Plano de Manutenção X X X X X X Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte

X X X X X -

Suprimento X X X X X X Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte X X X X X X Documentação técnica X X X X X X Instalações e infraestrutura X X X X X X Pessoal especializado X X - X X X Treinamento, instrução e suporte X X X X X X Recursos computacionais - X - X X X Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade - - X X X X Gerenciamento da configuração - - - X X X Requisitos operacionais do sistema - - - X X - Parâmetros de influência relacionados à logística - X - - - - Obsolescência - - X X X X

Descarte - - - X X X

Influência da concepção/interface X - - - - - Tabela 2- Quadro resumo dos elementos de SLI Fonte: Elaborado pelo autor

26

No original: �is the disciplined and unified management of all activities necessary to produce a supportable system design and a reasonable support capability to achieve a predetermined set of measurable objectives within an acceptable cost of ownership� (JONES, 2006, p. 10).

Page 70: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

68

Assim, o Suporte Logístico Integrado é uma aproximação interativa e unificada

para o gerenciamento de atividades técnicas necessárias à gestão de materiais. Essas

atividades são necessárias para influenciar a operacionalidade e requisitos dos

equipamentos bem como para delinear as especificações de um suporte logístico

adequado. Nesse sentido, Lambert (2008) ressalta que o Suporte Logístico Integrado e

sua metodologia podem ser usados em países em desenvolvimento, �especialmente

onde os recursos e os fundos são escassos e os sistemas são utilizados além do seu

ciclo de vida estimado� (LAMBERT, 2008, p. 14, tradução nossa).

Em suma, o SLI define os requisitos de suporte logístico melhores relacionados

ao sistema, com o escopo de prover um apoio adequado visando à eficiência e à

operacionalidade em alto nível, obtidas ao mais baixo custo possível. Para fins deste

estudo, utilizou-se como elementos de Suporte Logístico Integrado o modelo teórico

formulado por Blanchard (1992) e Jones (2010), por ser o mais completo.

Page 71: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

69

4 ELEMENTOS DE SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO

O gerenciamento científico de Frederick Taylor (1911) (ou gerenciamento de

tarefas) está preocupado com a realização de uma tarefa de forma científica e de uma

maneira específica. Taylor sublinhou a importância de garantir operações internas são

tão racionais, previsíveis e eficientes quanto possível. O autor propõe que �o principal

objetivo do gerenciamento é obter o máximo de sucesso27 para o empregador e o

empregado� (TAYLOR, 1911, p. 41, tradução nossa)

A "ideia da tarefa" é �o elemento mais importante na gestão científica� (HANDEL,

2003, p 27, tradução nossa). O gerenciamento das tarefas é relevante no Suporte

Logístico Integrado onde as ações de manutenção são orientadas por tarefas,

considerando que recursos específicos deverão ser alocados para tarefas específicas.

Henri Fayol (1949) foi pioneiro nos princípios da gestão do planejamento,

organização, comando, coordenação e controle. Ele também propôs 14 princípios para

sustentar seu sistema de pensamento gerencial. Fayol usou o termo

"Departamentação", que classifica os recursos organizacionais com base em

processos, objetivos, área geográfica, clientes e etc (CARDULLO, 1996, p. 222).

Fayol (1949) descreve uma organização burocrática, onde a especialização na

função e a divisão do trabalho permite que as pessoas dominem com proficiência e

conhecimento suas respectivas tarefas. Para Fayol, o gerenciamento denota olhar para

o futuro, implicando que o planejamento e a previsão são elementos centrais para os

negócios. Os princípios de Fayol são:

pertinentes ao Suporte Logístico Integrado onde as ações de manutenção são planejadas em detalhes (em alguns ambientes, mesmo aos minutos e segundo), estas ações planejadas são organizadas por plano de manutenção (ou seja, inspeções mensais, manutenção preventiva anual), e os recursos são alocados a essas tarefas, seja pessoal, equipamentos ou peças sobressalentes. Esses itens são gerenciados para controlar o tempo, custo e esforço que esses recursos gastam (LAMBERT, 2009, p. 19, tradução nossa, grifo nosso).

A contribuição de Woodward (1958) para o gerenciamento operacional foi na

forma das estruturas organizacionais para diferentes categorias de produção. Tais

estruturas se concentram em cadeias e níveis de comando dentro da hierarquia

organizacional. �Os processos de produção incluem a produção unitária, a produção em 27

O autor utiliza a expressão �prosperidade máxima�.

Page 72: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

70

massa e a produção em processos, cada um desses processos de produção divididos

ainda em sub-categorias�. A pesquisa de Woodward envolveu empresas de

manufaturas entre 1953 e 1957. A contribuição de Woodward é evidente em empresas

de engenharia e organizações que realizam manutenção onde existe pequena

hierarquia (LAMBERT, 2009, p. 20, tradução nossa).

De acordo com Woodward (1958), a tecnologia é o principal determinante da

estrutura das empresas de fabricação. Woodward concluiu que a estrutura

organizacional difere entre "unidade e lotes pequenos", "grande produção e produção

em massa" e "processo de produção". Cadeias de comando eram mais longas e as

hierarquias mais altas na produção e processos tecnológicos (PUGH; HICKSON, 2007,

p. 21, tradução nossa). As conclusões de Woodward acerca das estruturas

organizacionais �são aplicáveis ao Suporte Logístico Integrado, onde as organizações

envolvidas no desenvolvimento de sistemas complexos de alta tecnologia possuem

certas estruturas organizacionais, dependendo do produto que elas projetam e

fabricam� (LAMBERT, 2009, p. 20, tradução nossa).

Para Hutchinson (1987) a ferramenta do gerenciamento da manutenção é um

dos primeiros passos a serem efetuados no contexto do Suporte Logístico Integrado.

Para Hutchinson, �gerenciamento é a arte de se obter as coisas realizadas por meio de

outros. Os gerentes apoiam os objetivos traçados organizando o trabalho dos outros�

(HUTCHINSON, 1987, p. 217, tradução nossa).

Hutchinson (1987) define, conforme ilustra a Figura 11 abaixo, três níveis de

gerenciamento: a) gerenciamento de primeira linha (ou primeiro nível); b)

gerenciamento intermediário; c) gerenciamento de alto nível.

Page 73: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

71

Figura 4 � Níveis de Gerenciamento Fonte: HUTCHINSON, 1987, p. 218

O gerenciamento de primeiro nível é diretamente responsável pela produção e

serviços proporcionados pela organização. Este nível representa a transição entre o

gerenciamento e o não-gerenciamento. Por esse motivo neste nível há uma grande

mistura entre as habilidades gerenciais e as técnicas, requerendo um especial

conhecimento de todas as atividades diretamente realizadas pelos especialistas. O

gerenciamento intermediário é envolvido nas estratégias globais e políticas

desenvolvidas pelo gerenciamento de alto nível e as traduz em planos específicos de

ação para implementação pelo gerenciamento de primeiro nível. Já o gerenciamento de

alto nível é responsável pelas ações globais e pelo estabelecimento dos planos e das

políticas da instituição (HUTCHINSON, 1987, p. 217).

Nesse contexto, a filosofia de manutenção ditada pelo gerenciamento de alto

nível é usada para gerar um conceito de manutenção, que por sua vez sirva de base

para a concepção de um plano de manutenção. Essa filosofia representa as

perspectivas da organização em relação aos objetivos que devem ser alcançados pela

manutenção. A filosofia de manutenção para um sistema militar complexo conterá uma

política sobre manutenção preventiva e corretiva e sobre reparação e descarte de itens

(LAMBERT, 2009, p. 114).

Um conceito de manutenção abrange as tarefas a serem realizadas nos

diferentes níveis de manutenção, as políticas de reparo para os níveis de manutenção,

Page 74: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

72

o planejamento das tarefas de manutenção, as responsabilidades organizacionais,

elementos de suporte, ambientes de manutenção e de suporte, requisitos de eficácia e

disponibilidade de recursos. O ponto culminante no processo de planejamento da

manutenção é o �desenvovimento de um plano de manutenção detalhado que

documenta exatamente como a manutenção será cumprida para o sistema� (JONES,

2006, p. 14.4).

No que tange a ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte, os

sistemas e subsistemas normalmente requerem o uso de equipamentos adicionais para

prestar o suporte à sua operação e manutenção. Qualquer item do equipamento que

seja destinado ao suporte é categorizado genericamente como equipamento de

suporte.

Para Jones (2006), o equipamento de suporte pode ser um item especialmente

desenhado para um uso específico, ou ter uso múltiplo. �Os equipamentos adicionais

necessários para o apoio à operação do sistema são chamados de equipamentos de

suporte à operação� (JONES, 2006, p. 17.1, tradução nossa).

Os equipamentos militares, principalmente em razão da sua utilização em

situações críticas, em que estão expostos ao limite da capacidade de resistência e

desempenho, requerem manutenções periódicas, serviços e reparos que exigem

redobrada atenção para que seja mantida sua disponibilidade..

Para a consecução dessas atividades de manutenção, notadamente as de maior

complexidade, normalmente são utilizados vários tipos de equipamentos de testes e

ferramentas especiais, que podem ser desenvolvidos para atender às seguintes

finalidades e condicionantes: a) operação em ambientes operacionais específicos; b)

adequação às capacidades operacionais requeridas pelo material; c) capacidade e

habilitação do pessoal de operações e de manutenção.

Jones (2006) fornece um lista de equipamentos de suporte comumente

observados em relação a sistemas complexos: a) ferramentas manuais e de medição;

b) �kits� de ferramentas; c) equipamentos de suporte; d) equipamentos de suporte à

manutenção; e) equipamentos de teste eletrônico de uso geral; f) equipamentos de

teste eletrônico de uso especial; f) equipamento de teste automático; g) equipamento de

Page 75: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

73

teste de fábrica; h) equipamentos de manuseio de materiais; i) equipamentos de

suporte e testes móveis; j) equipamentos de suporte e testes instalados.

O planejador deve ter em mente que equipamentos de suporte e ferramental

especial tendem a ter um custo elevado, tanto no curto quanto no longo prazo. Como

exemplo de equipamentos de suporte e testes especial cita-se estações eletrônicas de

testes de componentes e subsistemas do sistema de armas Leopard e do Gepard,

recentemente adquiridos pelo Exército Brasieiro. O valor adquire proporções ainda

maiores quando não há a possibilidade do uso dual (uso civil e militar) do equipamento

de suporte.

Importa mencionar que equipamentos de testes e de suporte, além do

ferramental especial, quando instalados em infra-estrutura que adquiram funções

voltadas para manutenções de nível mais elevado, tendem a ter uma complexidade

maior, o que demanda um suporte logístico mais aperfeiçoado. Dessa forma, requerem

suprimento, pessoal especializado para realizar a sua própria manutenção, calendário

de manutenções preventivas e equipamentos de testes, aferição e certificação.

A manutenção do equipamento tem impacto significativo no cálculo a ser

realizado para o custo do ciclo de vida útil do sistema ou produto de defesa. O conceito

de manutenção aqui evocado inclui a manutenção preventiva, a corretiva e a

modificadora.

Conceitua-se manutenção preventiva como o conjunto de procedimentos

periódicos, envolvendo ações sistemáticas, visando a reduzir ou a evitar falhas ou

queda no desempenho do material e, ainda, reduzir a possibilidade de avarias e

degradações, através de inspeções, testes, reparações ou substituições (BRASIL,

2003, p. 9-3).28

A manutenção corretiva destina-se à reparação ou recuperação do material

danificado para repô-lo em condições de uso, podendo ser planejada ou não. A

planejada ocorre quando visa à correção do desempenho menor que o esperado, por

decisão técnica, baseada em acompanhamento preditivo. Já a corretiva não planejada

28

Apesar de revogado pelo Manual de Campanha EB 20-MC-10.204, o Manual de Campanha C 100-10 - Logística Militar Terrestre apresenta conceitos fundamentais para a logística militar e que não foram reproduzidos ou atualizados pela norma em vigor. Por esses motivos, o presente trabalho adota indistintamente os conceitos de manutenção expressos em ambos manuais.

Page 76: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

74

visa à correção da falha, ocorrida de maneira aleatória, quando não há tempo para a

preparação do serviço, o que, normalmente, implica elevação de custos de manutenção

e maiores prejuízos para as operações (BRASIL, 2003, p. 9-3).

Por fim, a manutenção modificadora consiste nas ações destinadas a adequar

o equipamento às necessidades ditadas pelas exigências operacionais, logísticas e/ou

técnicas de acordo com os parâmetros de desempenho estabelecidos segundo a

doutrina de emprego do material. As exigências logísticas caracterizam-se pela

necessidade de solucionar problemas de suprimento ou, ainda, para simplificar tarefas

e otimizar os trabalhos da própria manutenção. Já as exigências técnicas surgem

quando o material apresenta elevado índice de panes, configurando um problema

crônico, caso em que são conduzidas ações, juntamente com o fabricante, visando a

reduzir a quantidade de serviços de manutenção ou a maximizar a eficiência do

material. Como consequência, investigam-se as causas das falhas, ao invés de apenas

repará-las, alterando, se necessário, seu projeto, seus padrões de operação e de

manutenção (BRASIL, 2003, p. 9-3).

Neste ponto, importa mencionar o conceito de manutenção preditiva, que não é

um substituto para os métodos e conceitos de manutenção acima explanados. É,

segundo Mobley (2002), um método adicional, que visa ao atingimento de um plano de

manutenção completo e abrangente. A manutenção preditiva consiste no

monitoramento regular das condições atuais e da eficiência operacional do sistema

militar, com o fito de: "assegurar o máximo intervalo de tempo entre as manutenções;

minimizar o o número e o custo de interrupções não programadas criadas por falhas no

sistema; e aumentar a disponibilidade do equipamento" (MOBLEY, 2002, p. 60,

tradução nossa).

Diferentemente da manutenção preventiva, baseada em intervalos de tempo pré-

determinados, a manutenção preditiva tem como parâmetro as condições operacionais

do sistema29. Assim, a manutenção preditiva compreende o monitoramento do

desempenho e dos parâmetros significativos do sistema, com base em condições

técnicas de medição da degradação de itens, indicando a substituição antecipada de

conjuntos ou subsistemas que apresentem risco de falha (FURCH, 2010).

29

Conforme Furch (2010), manutenção preventiva (schedule based) e manutenção preditiva (condition based).

Page 77: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

75

Desse modo, a manutenção preditiva é baseada em avaliações periódicas das

condições técnicas dos subsistemas monitorados, mediante a aplicação, no sistema

militar complexo, de mecanismos tecnológicos de aferição e diagnóstico (FURCH,

2010).

Os benefícios advindos da manutenção preditiva podem variar desde o

monitoramento para prevenção de acidentes, até o seu uso como ferramenta de

gerenciamento (com significativa "otimização pela redução de falhas em mais de 30%")

da manutenção de um sistema complexo (MOBLEY, 2002, p. 60-61, tradução nossa).

Assim, o foco do programa de manutenção preditiva deve ser

eliminar paralizações de manutenção desnecessárias, ambas preventiva ou corretiva; eliminação de tarefas de manutenção preventivas e corretivas; extenção da vida útil de sistemas críticos; e redução dos custos ao longo do ciclo de vida útil desses sistema (MOBLEY, 2002, p. 61, tradução nossa)

Em consequência, "os custos de manutenção do sistema ao longo do seu ciclo

de vida são muitas vezes menores que os da manutenção preventiva e corretiva".

Contudo, importa mencionar que os custos iniciais para a aquisição dos sistemas

diagnósticos é relativamente alto. Dessa feita, é necessário considerar se o custo de

"aquisição dos equipamentos técnicos diagnósticos, somados aos custos de

manutenção do sistema militar, não serão maiores que os custos de manutenção sem o

uso desses equipamentos de manutenção preditiva" (FURCH, 2010, p. 115). Ou seja,

mister se faz availar o sistema complexo no momento da sua concepção, para fins de

avaliação do seu ciclo de vida útil, para se decidir sobre o uso da manutenção preditiva.

É fundamental lembrar, que para a consecução da manutenção, em qualquer

das suas formas e concepções, há necessidade da disponibilização de suprimento,

outro elemento do Suporte Logístico Integrado. Para a Marinha dos EUA, a definição de

suprimento inclui o sistema de suporte para �identificar, documentar, adquirir,

armazenar e distribuir as peças necessárias para realizar a manutenção de

componentes� (NAVSEA, 2018).

No Exército Brasileiro, de acordo com o Manual de Logística EB20-MC-10.204, a

Logística divide-se em áreas funcionais de apoio ao pessoal, de apoio de material e de

apoio de saúde. O �apoio de material� consiste no:

Page 78: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

76

planejamento e na execução das atividades relacionadas: à previsão, provisão e manutenção de materiais às forças apoiadas; ao movimento de pessoas e cargas por diversos modais e à adequação da infraestrutura física, instalações e benfeitorias necessáriasnao apoio logístico (BRASIL, 2014, p. 3-1).

A Norma Administrativa Relativa aos Materiais de Gestão da Diretoria de Material

� NARMAT assim esquematiza as áreas funcionais de apoio

Figura 5 - Áreas e grupos funcionais Fonte: NARMAT, 2017, p. 7

Nesse contexto, o grupo funcional suprimento refere-se ao conjunto de

atividades que trata da �previsão e provisão de todas as classes de material e peças de

reparação usadas nos equipamentos necessários ao apoio logístico à Força Terrestre�

(BRASIL, 2014, p. 3-1).

Jones (2006) destaca que a determinação do alcance (número e variedade de

itens) e profundidade, ou escala (quantidade de cada item), do suprimento a ser

adquirido em suporte à manutenção é �o fator mais importante para o atingimento do

nível aceitável de disponibilidade� (JONES, 2006, p. 18.1, tradução nossa).

Dessa forma, mister se faz a identificação da demanda de suprimentos para o

atendimento às necessidades de manutenção. Lança-se mão de projeções estatísticas,

baseadas na experiência passada no uso do equipamento, assim como o perfil de

utilização do usuário, que permitem uma sinalização da quantidade de suprimento.

Contudo, é certo que diversos fatores influenciam a manutenção dos equipamentos,

com impacto direto na demanda de suprimento, tais como: idade e modo de uso do

equipamento, condições ambientais, infraestrutura de transporte, energia e

telecomunicações.

Page 79: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

77

Desse modo, o suprimento inclui os métodos, práticas e procedimentos de

gestão utilizados na determinação dos requisitos de bens e serviços e sua aquisição,

recebimento, armazenamento, emissão e disposição final.

Observa-se, ainda, que os requisitos de embalagem, manuseio, armazenagem e

transporte precisam ser determinados para que peças, sobressalentes e componentes

de reparação possam ser disponibilizados, em boas condições de utilização, para as

atividades de manutenção.

Sua finalidade é eliminar ou reduzir danos e proteger o item, seja de condições

ambientais e de transporte adversas, seja proporcionando segurança na armazenagem.

Mecanismos de manipulação adequados precisam ser usados para mover o item,

manual ou mecanicamente. Além disso, o item deve ser armazenado em um ambiente

controlado que o preserve, por um certo período de tempo. Finalmente, o item precisa

ser transportado para chegar ao seu destino em boas condições de utilização.

Nesse sentido, Hutchinson (1987) adverte que uma característica fundamental

da cadeia logística é a necessidade de uma suave e ordenada progressão do fluxo de

suprimento, sendo que �a função primordial dos depósitos é aumentar a eficiência do

fluxo logístico, proporcionando-o em tempo e espaço úteis� (HUTCHINSON, 1987, p.

88, tradução nossa).

Dessa forma, os depósitos representam um fator importante em termos de

instalações necessárias à logística integrada, proporcionando �uma redução global nos

custos de distribuição e melhorando o serviço ao usuário� (HUTCHINSON, 1987, p. 90,

tradução nossa).

Porém, Hutchinson adverte que �os depósitos, por sua natureza, representam

uma interrupção do fluxo de suprimento ao longo da cadeia logística�. Isso porque o

fluxo é interrompido toda vez que os itens são armazenados para posterior transporte.

Toda estocagem (interrupção) determina que o manuseio dos itens de suprimento seja

necessário, tornando-se parte integrante do processo logístico, pois toda vez que

precisam ser removidos dos caminhões e transferidos para depósitos, há necessidade

de que o suprimento seja manuseado (HUTCHINSON, 1987, p. 88, tradução nossa).

O �manuseio do suprimento é uma atividade logística concernente à recepção,

transferência, seleção e transporte do material� que é crítica na rede de distribuição e

Page 80: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

78

tem como objetivo primordial a manutenção do fluxo da carga, dentro da cadeia

logística (HUTCHINSON, 1987, p. 89, tradução nossa).

No mesmo sentido, Blanchard (2013) afirma que o transporte constitui uma

�atividade que permeia várias facetas da infraestrutura de suporte logística e de

manutenção� (BLANCHARD, 2013, p. 94, tradução nossa).

Adverte, ainda, Hutchinson (1987) que �o manuseio dos itens de suprimento é

necessário, contudo deve ser minimizado�, pois representa um custo adicional e

materializa as imperfeições no fluxo de suprimento (HUTCHINSON, 1987, p. 88,

tradução nossa).

Nesse sentido, a figura abaixo sumariza observações importantes relativas à

embalagem, manuseio, armazenagem e transporte:

Elemento SLI Atividade Observações

Embalagem, manuseio,

armazenagem e transporte

Utilização ideal do espaço disponível

O espaço requerido para o armazenamento de suprimento varia significativamente de acordo com a eficiência na alocação e na armazenagem dos itens. Deve ser considerada a necessidade de construção de novas instalações e novos equipamentos a fim de superar ineficientes depósitos que tendem a causar atrasos na disponibilização de itens, acarretando interrupções no fluxo de suprimento.

Redução de danos e perdas

Neste ponto encontra-se a maior oportunidade para a redução de custos, haja vista que danos e perdas acarretadas no suprimento são responsáveis pelo alto impacto na tabela de custos da cadeia logística.

Aumento da eficiência

Também produz grande redução de custos. A economia na transferência de material entre as áreas de armazenagem até o usuário final diminui o tempo médio para a entrega às atividades de manutenção, aumentando assim a produtividade.

Aperfeiçoamento das condições de

trabalho

O manuseio do suprimento é a atividade logística mais intensa e trabalhosa. A confiança dos funcionários no local de trabalho é fundamental para a produtividade. Desse modo, um local limpo, arejado, bem iluminado e seguro é necessário para o aumento da eficiência e, consequentemente, para a redução de custos.

Tabela 3 � Fases do desenvolvimento do treinamento Fonte: elaborado pelo autor

Page 81: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

79

Não há dúvidas que a documentação técnica, outro item do SLI, compreende

uma grande variedade de materiais destinados a fornecerem informação sobre um

equipamento ou produto. Entende-se que o termo documentação técnica �não está

limitado a um livro ou manual contituído de páginas impressas. Ao contrário, ele se

refere a toda mídia (microfilme, vídeo, arquivos digitais, etc) que tem o propósito de

informar� (HUTCHINSON, 1987, p. 160, tradução nossa).

A documentação técnica deve ser desenvolvida de acordo com as necessidades

do usuário. Ela disponibiliza a um público definido, a assistência necessária para a

realização de determinadas tarefas ou a fim de que sejam atingidos determinados

objetivos, de forma a que uma pessoa inexperiente possa levar a cabo atividades

desempenhadas por pessoal especializado. A preparação de um manual técnico é

realizada por meio de um processo de coleta de informações de todas as atividades de

operação e manutenção necessárias para o suporte a um equipamento, para depois

organizá-la de modo a torná-la de fácil uso e entendimento.

Os dados técnicos e documentação técnica incluem todas as informações

relativas a um sistema específico, bem como todas as informações de suporte e

equipamento de teste, documentação de treinamento, manuais técnicos, etc. Incluem,

mas não se limitam a, todo o software e itens de mídia, documentação, manuais

técnicos, especificações, desenhos, documentação de projeto e listas de materiais.

No mesmo sentido, Jones (2006) assevera que o termo �documentação técnica�

se refere à serie de documentos que �proporcionam instruções ao usuário em como

instalar, operar e manter o equipamento. Dessa forma, os manuais técnicos são �um

dos mais importantes documentos que são produzidos pelo fabricante�. Por isso, deve

propiciar aos operadores ou ao pessoal da manutenção toda a informação necessária,

por meio de �narrativas e desenhos descritivos acerca dos procedimentos de operação

e manutenção, equipamentos de testes e ferramental necessários, informação de

referência, e identificação de componentes e reparáveis� (JONES, 2006, p. 19.1,

tradução nossa).

Page 82: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

80

Segundo Jones (2006), a história do desenvolvimento dos manuais técnicos

difere significativamente entre cada ramo militar30. Dessa forma, como cada vez mais

evolui a �necessidade de manuais para o suporte a equipamentos crescentemente

complexos, cada serviço criou seu próprio método de preparação de manuais para

preencher requisitos específicos�. Esse processo de evolução culminou tendo como

resultado que, entre os diferentes ramos militares, haja diferentes exigências para o

conteúdo e o formato dos manuais técnicos, o que torna cada vez mais difícil para os

fabricantes produzirem uma documentação técnica que atenda à expectativa do usuário

(JONES, 2006, p. 19.1, tradução nossa).

Nesse sentido, há inúmeras formas de produção, formatação, redação

organização e impressão da documentação técnica. Cada equipamento deve ser

examinado com profundidade a fim de que sejam determinados com o máximo de

precisão os requisitos necessários para os manuais técnicos.

Ao desenvolver documentação técnica de manutenção e de operação, o autor

precisa ter em mente os níveis de habilidade do pessoal que o utilizará o sistema militar

complexo. Esses documentos precisam ser escritos de maneira que o pessoal de

manutenção e operação possa entender seu conteúdo, o que inclui clareza de

linguagem e desenhos claramente compreensíveis.

Jones (1995) cita que os dados técnicos e a documentação técnica incluem as

instruções de operação e de manutenção do sistema, e recomenda que

O usuário do equipamento precisa de instruções sobre como operar e manter o sistema. A documentação técnica é preparada pela disciplina de publicações técnicas que acompanha o sistema. Esta documentação descreve todas as ações necessárias para a operação e manutenção do sistema (JONES, 1995, p. 1.5, tradução nossa).

Jones (2006) cita, ainda, que na preparação e desenvolvimento de manuais

técnicos, tem-se observado comumente a divisão em três grupos básicos: �manuais do

operador, manuais de manutenção e manuais de componentes. Cada tipo de

manual tem seu propósito e escopo específico� (JONES, 2006, p. 19.1, grifo nosso,

tradução nossa).

30

No Exército Brasileiro, a Linha Militar Bélica compreende 7 ramos militares: Arma de Infantaria, Arma de

Cavalaria, Arma de Artilharia, Arma de Engenharia, Arma de Comunicações, Serviço de Intendência e Quadro de

Material Bélico.

Page 83: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

81

O manual do operador, de modo geral, deve �conter toda a informação que o

operador (ou tripulação) necessita para operar e manter um item do equipamento�

(JONES, 2006, p. 19.1, tradução nossa). Já os �manuais de manutenção são

preparados para o uso de cada escalão de manutenção que proporciona o suporte a

um sistema� (JONES, 2006, p. 19.27, tradução nossa).

Destaca-se que a capacidade de um sistema militar desempenhar bem suas

missões depende fundamentalmente de como o sistema é operado e manutenido, e

essas atividades não podem ser realizadas adequadamente sem uma documentação

técnica útil, de fácil entendimento e eficiente.

No mesmo sentido, também se verifica que as instalações e a infraestrutura

possibilitam ao usuário de determinado sistema ou equipamento que o armazene, utilize

ou realize a sua manutenção da forma apropriada. O sucesso da logística integrada a

um sistema militar complexo requer a construção e aquisição de estruturas

especialmente desenvolvidas para que a função logística possa ser desempenhada na

sua plenitude, com eficiência e oportunidade. �Essas estruturas ou construções

abrangem uma grande variedade de formas e tipos e servem para múltiplas funções�

(HUTCHINSON, 1987, p. 74, tradução nossa).

Como já visto acima, os depósitos servem para a armazenagem de suprimentos

e equipamentos destinados à manutenção do sistema. No Exército Brasileiro, é comum

também, as garagens e os depósitos serem utilizados para a guarda dos sistemas

durante a fase de recebimento técnico, normalmente a cargo dos Parques de

Manutenção e Batalhões Logísticos.

Adicionalmente, instalações adequadas também são necessárias para dar

suporte às atividades inerentes ao treinamento e instrução. Assim, tanto o pessoal de

manutenção como o de operação de um sistema militar complexo é normalmente

treinado em um equipamento desenvolvido pelo fabricante, em uma instalação

especialmente projetada para essa atividade.

Ainda, outras instalações podem ser especialmente desenvolvidas para

propiciarem suporte às atividades de manutenção do sistema. Um fator importante a ser

destacado neste ponto, é a avaliação da necessidade de estocagem de suprimento (e

Page 84: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

82

muitas vezes munição31, que pode ser considerada como um suprimento necessário à

manutenção operativa do sistema, por exemplo). A profundidade do estudo no

dimensionamento do volume, peso e características do suprimento - muitas vezes

sujeito a restrições ambientais - de acordo com o perfil de utilização do usuário,

conduzirá à correta mensuração das instalações de apoio logístico ao sistema

considerado.

Segundo Jones (2006), as instalações podem ser classificadas quanto (JONES,

2006, p. 21.2, tradução nossa).

- Função de Suporte ao Sistema Militar

a. Armazenagem

b. Operações

c. Suprimento

d. Treinamento

e. Distribuição

f. Administração

g. Alojamento

h. Manutenção

- Tipo

a. Permanente

b. Móvel

c. Especial ou de uso geral

d. Compartilhada

e. Dedicada

- Características da construção

a. Prédio, abrigo móvel, doca, subterrânea, módular, etc.

b. Básica

c. Com capacidades específicas

d. Com equipamentos específicos 31

Munição é um item de suprimento que deverá ser levado em consideração com especial atenção. Isso pode ser afirmado tendo em vista as restrições ao transporte e armazenamento desse item de suprimento, que trazem impacto significativo na infraestrutura logística de apoio a um sistema militar.

Page 85: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

83

É importante notar que as instalações tèm uma participação altamente relevante

no custo relativo à aquisição de um sistema militar, representando um investimento de

longo prazo que deve ser muito bem avaliado. Por essas razões, normalmente são

utilizadas por mais de um produto, além do que a terceirização para o setor privado

também tem sido uma opção.

Sistemas militares complexos podem requerer requisitos de infraestrutura

específicos. As instalações permanentes, que proporcionam maior suporte ao produto

com altos parâmetros tecnológicos, são críticas e essenciais �para assegurar que o

sistema seja capaz de cumprir sua missão ao melhor custo ao longo do seu ciclo de

vida� (JONES, 2006, p. 21.2, tradução nossa).

Além disso, todo sistema militar requer pessoal para sua operação e

manutenção. Segundo Jones (2006), o pessoal �é o fator mais caro no custo de um

sistema�. Assim, o planejamento logístico a um sistema tem que ser minudentemente

executado para propiciar o �conhecimento da utilização de pessoal, determinação das

necessidades de pessoal, e em como um programa de aquisição de um sistema pode

afetar os recursos de pessoal� (JONES, 2006, p. 16-1, tradução nossa).

Nesse sentido, Jones estabelece uma classificação de pessoal empregado em

um sistema militar complexo, e que foi categorizada conforme tabela abaixo32:

TIPO CATEGORIA

Operação

ü Operadores

ü Tripulação

ü Suporte à Operação

ü Supervisão

ü Comando e Controle

Suporte ü Infraestrutura de manutenção

ü Infraestrutura de suprimento

Treinamento

ü Operação

ü Suporte

ü Supervisão

32 A tabela apresentada foi concebida para sistematizar de maneira a facilitar o entendimento da tipologia apresentada por Jones (2006) e adequá-la à classificação baseada em um sistema militar complexo.

Page 86: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

84

ü Controle tático

ü Instrutores e monitores

Tabela 4 � Força de trabalho e requisitos de pessoal Fonte: JONES, 2006, p. 16-2 (tradução nossa)

Em relação a custos de formação de pessoal, algumas considerações são

relevantes, pois esse fator tem impacto determinante na estrutura de manutenção do

Exército, sendo um dos pilares de sustentação do sistema logístico.

A formação de pessoal especializado requer tempo e alto investimento, tendo

uma relação diretamente proporcional à complexidade tecnológica do material. E isso

se refere não somente à ocasião da implantação de um novo sistema, mas também à

sua manutenção em grau compatível com a demanda durante todo o ciclo de vida do

equipamento.

Um fator a ser considerado e que tem impacto não só no Exército Brasileiro, mas

também pode ser observado em várias Forças Armadas de países com grande tradição

militar, é alta rotatividade de pessoal nas funções. Esse efeito é decorrente da situação

normal de transferências entre unidades e que são típicas em efetivos militares, como é

o caso do Exército Brasileiro. Em que pese os efeitos benéficos gerados pela

rotatividade de pessoal na Força Terrestre, via de regra eles causam impactos

negativos para a logística, haja vista a perda de pessoal especializado no desempenho

da função logística de manutenção.

Conforme acima mencionado, a formação de pessoal requer tempo e alto grau

de investimento, o que na maioria das vezes, é incompatível com o alto índice de

transferências que ordinariamente se observa nas Unidades Militares. Alia-se a esse

fato, que a perda de pessoal especializado na função de manutenção também pode ser

gerada por outros fatores, como: a) envelhecimento e perda da capacidade para

desempenho da função ou morte; b) aposentadoria; c) evasão mediante a contratação

pelo mercado privado que, muitas das vezes, oferece salários mais vantajosos; e d)

desvio de função.

Os dois primeiros fatores são decorrentes do decurso normal do tempo, e fazem

parte dos cálculos normais dos planos de substituição do pessoal especializado.

Contudo, os dois últimos fatores causam uma evasão anômala e prematura do sistema,

Page 87: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

85

gerando reflexos negativos para toda a estrutura de manutenção do equipamento ou

sistema considerado.

O terceiro fator indica, além da questão de política salarial e plano de carreira, a

necessidade de permanente mapeamento e contato com o pessoal especializado, com

o intuito de possibilitar a formação de grupos de estudos para a solução de questões

relacionadas ao sistema considerado, além da mobilização, em caso de necessidade.

A fim de minimizar os impactos da evasão para a iniciativa privada, visualiza-se,

por exemplo, a adoção de medidas de compensação pecuniária para quem trabalhe na

função logística do equipamento (decorrente da longa permanência na função ou pelo

desgaste físico decorrente da atividade), no mesmo formato que já ocorre com outras

tropas de natureza especial no Exército Brasileiro, como a Aviação por exemplo.

Já o desvio de função, que é caracterizado quando um militar especialista é

retirado da sua área para o desempenho de outras atividades na Organização Militar

(normalmente administrativas), pode ser combatido com políticas e diretrizes dos

órgãos de pessoal e de material do Exército, que visem a coibir essa prática que é

extremamente danosa ao sistema de manutenção da Força Terrestre.

A cada período de 02 anos em que se perde pessoal no sistema de manutenção,

o nível de conhecimento no Exército tende a permanecer baixo e cada vez mais

distante da iniciativa privada, pois se inicia um novo ciclo de formação em períodos de

tempo muito curtos.

As Forças Armadas ao redor do planeta têm como meta o atingimento do mais

alto índice de operacionalidade. Para alcançar esse fim, muito se questionaou se

somente com a capacidade plena em mão-de-obra e infraestrutura para realizar a

manutenção completa (preventiva e corretiva) dos produtos de defesa33, os altos níveis

de eficiência operacional poderiam ser atingidos e mantidos.

Em razão dos altos custos associados ao estabelecimento e manutenção da

autossuficiência, a terceirização tem sido uma saída que, além da redução dos custos,

ainda pode agregar a melhoria dos resultados e o aumento da eficiência. Nesse

sentido, tem-se observado o movimento progressivo de diversas Forças Armadas no

33 Normalmente, somente a manutenção reparadora de alta complexidade ficava sob o encargo da indústria ou, em alguns casos, por meio de uma parceria desenvolvida entre a Força Armada e o parceiro privado.

Page 88: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

86

sentido da terceirização das atividades de manutenção ao setor privado, ocasião em

que empresas são contratadas para executar serviços que, a priori, seriam executados

pelos próprios militares. Essa tendência retrata também a necessidade de adaptação à

crescente evolução, diversidade e especificidade tecnológica dos materiais complexos

utilizados pelos militares, à redução dos efetivos militares e do orçamento de defesa.

Com efeito Hartley (2015) sintetizou que o Ministério da Defesa e as Forças

Armadas têm que decidir entre assumir as atividades �in house� ou comprar as

mercadorias e serviços no mercado privado, isto é, uma decisão de �fazer ou comprar� �

(HARTLEY, 2015, p. 01, tradução nossa).

Foi nesse contexto que, a partir de 1983, o Ministério da Defesa Britânico,

buscando uma maior eficiência e uma melhor relação de custo-benefício, desenvolveu

uma iniciativa na �contratação de serviços de suporte, que poderiam ser realizados de

forma mais econômica pelo setor privado e sem perda da capacidade operacional�

(HARTLEY, 2015, p. 01, tradução nossa).

A gestão logística e as estratégias de negócios também se tornaram um foco

significativo dentro do Departamento de Defesa Norte-Americano, na tentativa de

aumentar a flexibilidade de produção e aumentar a economia. �Com prioridades

conflitantes e recursos limitados, não é surpresa que o Departamento de Defesa esteja

focado em métodos para melhorar a relação custo-eficácia da Base Industrial de Defesa

dos Estados Unidos� (McKenna, 2002, p. 02, tradução nossa).

Um dos principais aspectos que surgem quando se trata da possibilidade de

terceirização da manutenção por parte de uma Força Armada é a perda de capacidade

operacional. Isso porque ao terceirizar, ou seja, ao passar à iniciativa privada as tarefas

de manutenção de equipamentos que normalmente seriam executadas nas unidades

militares, invariavelmente perde-se o conhecimento, a habilitação e a qualificação do

pessoal militar para a realização dessas atividades. Por outro lado, a terceirização libera

efetivos militares para outras atividades, inclusive operacionais.

Além disso, importa mencionar que há diferenças substanciais entre a produção

ou aquisição de um sistema ou equipamento e a contratação de serviços. Por exemplo,

�serviços não podem ser inventoriados, requerem o contato do cliente, e uma atuação

conjunta, e têm requisitos específicos do cliente�. Além disso, observa-se que a falta de

Page 89: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

87

tangibilidade, a dificuldade definição e mensuração, tornam ainda mais difícil a

avaliação da qualidade e o desempenho dos serviços contratados (FERRER e colab.,

2006, p. 01, tradução nossa).

Acrescenta-se ainda, que os serviços compreendem uma vasta gama de

atividades, sendo algumas mais diretamente relacionadas à atividade-fim das Forças

Armadas, e outras, afetas à atividade-meio. Uma classificação teórica dos serviços

passíveis de terceirização é apresentada por McKenna (2002):

1) Aqueles diretamente ligados ao combate e melhor realizado pelas Forças

Armadas. Nessas áreas, o Ministério de Defesa investirá em processos e tecnologia

para melhorar o desempenho.

2) Ações ou processos indiretamente ligados à capacidade de combate que

podem ser compartilhados pelos setores público e privado. Nessas áreas, o Ministério

da Defesa procurará definir novos métodos de parcerias público-privadas para melhorar

desempenho.

3) Tarefas não ligadas ao combate e melhor desempenhadas pelo setor

privado. Nessas áreas, o Departamento de Defesa buscará privatizar ou terceirizar

funções ou definir novos mecanismos de parcerias com empresas privadas ou outras

agências públicas.

Ressalta-se que, após o fim da Guerra Fria, tem sido observada a crescente

participação de Empresas Militares Privadas (EMP) em conflitos internacionais

(SINGER, 2003). Muitas vezes, os próprios Estados que estão em um dos lados do

conflito são os responsáveis por contratar tais empresas. Há, assim, a substituição dos

exércitos nacionais por exércitos privados formados por sujeitos das mais diversas

nacionalidades e culturas, unidos por um contrato estabelecido.

Com efeito, durante a Guerra do Golfo, os EUA terceirizaram a manutenção de

equipamentos e os contratados trabalharam como técnicos juntamente com militares

americanos, como Mc Kenna assim retrata:

rotineiramente os contratados voaram com os militares em missões de vigilância e reconhecimento, em aeronaves-radar de aquisição de alvos, e até mesmo realizaram incursões em áreas avançadas dentro Iraque e Kuwait com as forças de combate americanas. (McKENNA, 2002, p. 08, tradução nossa).

Page 90: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

88

Dessa maneira, empresas civis têm aumentado sua participação em recentes

operações militares norte-americanas, como a participação na �Somália, Macedônia e

Ruanda, bem como as advindas dos furacões Andrew e Iniki e numerosos outros

desastres naturais domésticos e internacionais� (McKENNA, 2012, p. 08, tradução

nossa).

Essa terceirização das Forças Armadas no Teatro de Operações traz à baila

importantes questões como os direitos, deveres e limitações destas empresas privadas

perante o Direito Internacional, com especial destaque ao Direito Internacional dos

Conflitos Armados (DICA) e à Proteção Internacional dos Direitos Humanos; ao papel

do Estado como um ator internacional; e à própria legitimidade para a atuação do setor

privado como parte no conflito. No entanto, essas questões, ultrapassam o objetivo

deste trabalho, que, neste tópico, visa a apresentar a terceirização como uma

ferramenta em apoio à logística militar.

O setor privado rotineiramente conduz revisões de suas práticas de negócios na

área de gerenciamento de logística. A demanda pela terceirização de muitos processos

de manutenção (preventiva e reparadora) e fornecimento de suprimento para as Forças

Armadas é o resultado da necessidade de criar um modelo de gestão logística mais

eficaz para conservar recursos humanos, materiais e econômicos.

Contudo, a depender da complexidade e da quantidade das ações terceirizadas,

a consequência resultante desse processo a médio e longo prazos, tende a ser o

comprometimento na realização das atividades de manutenção, com reflexos negativos

na operacionalidade da Força Terrestre. Além disso, diferentemente da iniciativa

privada, �a logística militar deve estar apta continuamente a manter a prontidão para o

combate de todos os processos envolvendo tropas militares empregadas em qualquer

ambiente operacional� (GLAS, 2013, p. 98, tradução nossa).

Nesse ponto, cita-se que, a terceirização de atividades logísticas no Teatro de

Operações, demonstrou a dificuldade de adaptação dos contratados às normas

militares, os problemas de comunicação advindos da diversidade de idiomas e a perda

de flexibilidade. Considera-se que a liberdade de um comandante e sua capacidade de

�improvisar ou de se adaptar rapidamente através de táticas, emprego de armas e

Page 91: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

89

emprego de tropas, há muito tempo é considerado essencial para a vitória no combate�

(McKENNA, 2002, p. 12, tradução nossa).

No Brasil, a terceirização é bastante comum e tem aumentado com a evolução

da logística. No período de 1998 a 2003, a terceirização brasileira ampliou-se em 47%,

passando de 41% para 60% o índice de terceirização logística brasileiro (FIGUEIREDO,

2004).

As principais iniciativas de terceirização observadas nas Forças Armadas

brasileiras, no que tange a aspectos da atividade-fim, dizem respeito, basicamente, a

(MARQUES, 2014):

- reparo e manutenção de materiais de emprego militar (viaturas, aeronaves; e

embarcações);

- transporte de materiais diversos (materiais de emprego militar, ferramental,

simuladores, suprimento, etc); e

- fornecimento direto às Organizações Militares, de diversas categorias de

material, como gêneros, suprimentos e medicamentos � com vantagens

preponderantes na redução de estoques.

Cita-se como exemplos relevantes da terceirização na história recente das

Forças Armadas Brasileiras: o Suporte Logístico da Frota de helicópteros EC-725; o

Suporte Logístico Integrado das Viaturas Blindadas de Combate Leopard 1A5 BR; o

transporte de todo o material para a implantação do Projeto Leopard no Brasil.

Assim, a situação teoricamente desejável, de que uma Força Armada pudesse

realizar todas as atividades de manutenção com pessoal e equipamentos próprios

(autossuficiência), pois seria a única forma de possuir o �know how� que é mantido em

tempo de paz e que será o mesmo utilizado no tempo de conflito, tornando-se

totalmente independente da iniciativa privada, atualmente se afasta da realidade.

Mister lembrar que a finalidade do investidor privado é o lucro, enquanto que a

de uma Força Armada é prestar um serviço à Nação, planejando, coordenando e

conduzindo o movimento e a manutenção de suas tropas empregadas em missão.

O setor privado atua em condições relativamente estáveis que permitem ajustar e definir processos e interfaces com um objetivo maior: a lucratividade. Em contraste, cooperação em um contexto militar significa agir possivelmente em condições de combate extremamente instáveis e perigosas, ao mesmo tempo tentando alcançar múltiplos objetivos militares, políticos e econômicos (GLAS, 2013, p. 98, tradução nossa).

Page 92: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

90

Na execução dos seus trabalhos, ambos têm suas rotinas, mas a pressão pela

busca do lucro, otimiza as rotinas e aumenta a eficiência do setor privado, interferindo

em sua cultura organizacional e na sua visão institucional. Para as Forças Armadas, a

ausência de pressão na obtenção do lucro e pela otimização de processos,

estabelecem uma cultura, uma visão e uma rotina organizacionais que se apresentam

mais duradouras e estáveis, porém com prejuízos à presteza, eficiência e efetividade.

É de se ressaltar que a opção da terceirização traz como ponto de partida a

definição dos limites de até onde e quais atividades terceirizar? Ou seja, até que ponto

uma Força Armada estará disposta em otimizar custos e eficiência abdicando parcial ou

totalmente da sua autossuficiência.

Essa é uma decisão que ultrapassa os objetivos deste trabalho, haja vista que,

além de fatores de ordem técnica, também envolve questões que permeiam os níveis

tático, político e estratégico. Ressalta-se, ainda, que em um país de dimensões

continentais, caracterizado pela concentração industrial no eixo Centro-Sul, a distância

pode se constituir como fator limitador para a terceirização em lugares mais

remotos.

Contudo, há parâmetros técnico-objetivos que poderão delinear a decisão pela

terceirização a fim de torná-la uma realidade factível e válida. Cita-se aqui a estimativa

do ciclo de vida do sistema de armas e os custos com formação de pessoal

especializado.

De acordo com as Instruções Reguladoras da Sistemática para

Elaboração/Revisão de Condicionantes Doutrinárias e Operacionais do Exército

Brasileiro (CONDOP), ciclo de vida é:

o conjunto de procedimentos que abrange a identificação de uma necessidade ou carência, seu atendimento por intermédio de um sistema ou material, a confrontação deste com a concepção operativa e os requisitos estabelecidos, a avaliação técnica e operativa, a oportuna revitalização, repotencialização ou modernização e o desfazimento do referido sistema ou material (BRASIL, 2014, p. 21)

A visualização preliminar do período de adoção, que corresponde a um mínimo

de vida útil, englobando a fase de utilização prevista no ciclo de vida projetado para o

sistema ou material, incluindo uma vida suplementar, decorrente de possíveis

revitalizações, repotencializações ou modernizações, é fator de fundamental

Page 93: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

91

importância para a definição da parcela de terceirização ou de aquisição de

capacidade autônoma por parte da Força Armada.

Isso porque, há uma relação diretamente proporcional entre o ciclo de vida e o

montante de recursos empregados em um determinado produto de defesa. Estima-se

que aproximadamente 70% do total de gastos realizados com um sistema de armas é

usado para a logística e manutenção (BERKOWITZ e colab., 2004).

Observa-se que os gastos decorrentes da implantação da infra-estrutura,

ferramental especial e da formação de pessoal especializado, que são evidentemente

maiores no início de cada projeto, necessitam ser compensados e diluídos ao longo do

ciclo de vida do equipamento. Ressalta-se o aumento exponencial dos custos de acordo

com a complexidade do material.

Alia-se a esse fato o comportamento da taxa de falhas do equipamento. Segundo

Sellitto (2004) essa taxa é decrescente no período inicial, também chamado de período

de �mortalidade infantil� ou de falhas prematuras do equipamento Neste período as

falhas são atribuídas mais a deficiências iniciais do projeto e dos componentes, sendo

sanadas à medida em que são identificadas. Posteriormente, uma taxa de falhas

constante se associa ao período de maturidade do equipamento. Neste período

ocorrem falhas pouco previsíveis, puramente aleatórias. Finalmente, uma taxa de falhas

crescente se associa ao período de mortalidade senil, no final do ciclo de vida, por

desgaste dos materiais. Neste período as falhas se tornam inevitáveis por perda na

resistência dos materiais, indicando-se uma política de reposição preventiva.

Segundo Sellitto (2006), a análise do comportamento da taxa de falha de um

equipamento ao longo do tempo pode ser representada por uma curva que possui a

forma de uma banheira, a curva da banheira (bathtube curve), como na figura abaixo. A

curva representa as fases da vida características de um sistema: mortalidade infantil ou

falhas prematuras, maturidade ou vida útil e mortalidade senil ou fim da vida útil.

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92

Figura 6 � Taxa de Falhas Fonte: SELLITTO, 2006

Assim, para o caso de produtos com ciclos de vida curtos, a terceirização tende a

ser a melhor opção. Isso ocorre quando a Força Terrestre opta, por exemplo, pela

adoção de materiais como uma solução ínterim (apenas pelo prazo em que se finaliza o

desenvolvimento ou aquisição de outro produto), ou quando um equipamento em breve

entrará em fase de desmilitarização e desfazimento, ou seja, já se encontra em fase

terminal.

Cumpre ressaltar que a obsolescência dos itens de suprimento e ferramental

especial essenciais, em razão da contínua evolução dos sistemas de armas, que

invarialvelmente são substituídos por outros mais modernos, torna cada vez menos

atrativa, ao setor privado, a assunção de contratos de serviços para a manutenção e

suporte de sistemas ou materiais de emprego militar com idade avançada. Acrescenta-

se nesse período, ainda, o fato da taxa de falhas aumentar exponencialmente,

diminuindo a lucratividade e afastando a iniciativa privada. Assim, equipamentos em

fase senil tendem a tornar a terceirização extremamente onerosa e inviável

economicamente.

Quanto mais longo o ciclo de vida, mais a terceirização adquirirá, em relação aos

custos, uma tendência à estabilização e equilíbrio em relação ao conceito da

autossuficiência.

Dessa forma, conclui-se que quanto menor o ciclo de vida estimado, maior a

possibilidade e melhor a relação custo-benefício da terceirização.

Page 95: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

93

Em relação ao treinamento, a instrução e o suporte, verifica-se que proporcionam

as condições necessárias para a correta utilização e operação dos equipamentos e

sistemas por parte dos usuários e do pessoal de manutenção, permitindo máximo

aproveitamento e o aumento da vida útil dos materiais.

Esse elemento abrange todas as técnicas de treinamento, processos e

equipamentos de suporte ao treinamento que são usados para apoiar o sistema militar

adquirido. Conforme define Galloway (1996), são:

os processos, procedimentos, técnicas, dispositivos, equipamentos de treinamento usados para treinar funcionários e terceirizados para operar e dar suporte ao sistema, incluindo: treinamento individual e em grupo; inicial, formal e on-the jpb training34; e o apoio logístico necessário para sustentá-lo (GALLOWAY, 1996, p. 27, tradução nossa).

No mesmo sentido, Finkelstein e Guertin (1988) definem o treinamento como

todos os processos, procedimentos, técnicas, dispositivos e equipamentos usados para

�treinar o pessoal civil e militar na operação e suporte de um novo produto. Isso inclui

treinamento individual e em grupo; treinamento de novos equipamentos; treinamento

inicial, formal e �on-the-job training�; e treinamento de suporte logístico (FINKELSTEIN;

GUERTIN, 1998, p. 133).

Jones (2006) divide o treinamento em quatro categorias: a) treinamento de

operação; b) treinamento de manutenção; c) treinamento de supervisão; d) treinamento

dos instrutores. Define, ainda, que essas categorias podem ser subdivididas em duas

fases: inicial e sustentabilidade. Apesar de que o treinamento conduzido para formar

pessoal possa ser idêntico em ambas as fases, os métodos de condução e os

propósitos podem variar ao longo do tempo. Conclui que �o desenvolvimento de um

programa de treinamento e identificação dos equipamentos necessários para seu

suporte são conduzidos mediante análise como parte do SLI�. Acrescenta, ainda, que

as �empresas contratadas devem apresentar o �currículum� de treinamento ao pessoal

militar� (JONES, 2006, p. 20.1, tradução nossa).

34 On-the-job training é um método muito utilizado atualmente onde o indivíduo recebe o seu treinamento participando da rotina no próprio posto de trabalho, em contato direto com os funcionários na execução rotineira das suas tarefas diárias. No Exército Brasileiro, esse método foi utilizado para a formação dos mecânicos especialistas das Viaturas Leopard e Gepard, em que os militares brasileiros foram formados nas empresas alemãs KMW e RLS.

Page 96: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

94

A figura abaixo demonstra quando cada fase do treinamento é normalmente

planejada, preparada e conduzida:

FASES DA AQUISIÇÃO DO EQUIPAMENTO

CONCEPÇÃO DESENVOLVIMENTO DETALHAMENTO PRODUÇÃO EMPREGO

Planejamento Inicial do Treinamento Preparação Condução Condução

Planejamento da Sustentabilidade Preparação

Tabela 5 � Fases do desenvolvimento do treinamento Fonte: JONES, 2006, p. 20.1.

O treinamento inicial tem o propósito de treinar os operadores e o pessoal

especializado em manutenção, que são os militares que irão operar e manter o sistema

ou material de emprego militar, �durante o momento que precede e durante o

recebimento do equipamento� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).

Os militares selecionados para esta fase, normalmente devem pertencer às

unidades que serão responsáveis pelo novo equipamento, tanto em relação à sua

operação quanto às unidades de manutenção.

Essa fase, em virtude do desconhecimento, da falta de conhecimento técnico e

de experiência no manuseio do euipamento, é caracterizada normalmente por ser �mais

flexível e detalhada do que a fase de treinamento posterior, quando o equipamento já

está em uso pelos militares� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).

Essa falta de conhecimento técnico e operacional também deve ser levada em

consideração em conjunto com a falta de uma base histórica de treinamento e

operação, que determina o perfil do usuário. Esses fatores deverão ser

continuamente monitorados e uma base de dados deve ser formada desde o início da

adoção do sistema, de forma ao levantamento de dados que visam a aperfeiçoar o

treinamento durante o ciclo de vida útil do equipamento.

Lembra-se aqui, que o perfil do usuário será um dos importantes fatores a serem

considerados quando de um eventual contrato de Suporte Logístico Integrado, haja

vista que é um item que causa forte impacto sobre o suprimento. Há uma relação direta

de causalidade entre um alto perfil de uso e o aumento da necessidade de itens de

suprimento, como suconjuntos, peças e reparáveis.

Page 97: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

95

O perfil do usuário inclui tanto as atividades operacionais, como as atividades de

formação e treinamento. Como no início, o comprador muitas vezes não dispõe de

informações suficientes para determinar o perfil do usuário em relação ao treinamento,

deverá solicitar uma proposta de perfil para o treinamento à empresa desenvolvedora,

ou recorrer a outras Forças Armadas amigas, que já possuam o equipamento em uso,

sempre que haja essa possibilidade.

O propósito da fase de sustentabilidade é proporcionar a adequada substituição

do pessoal às unidades que operam e mantêem o novo equipamento. Os militares que

recebem o treinamento durante essa fase, normalmente devem recebê-lo antes da sua

designação, nomeação (transferência) para postos ou funções que envolvam o sistema

militar correspondente.

Essa fase �tende a ser mais rígida e menos flexível do que a fase inicial, contudo,

ela é personalizada e adequada aos dados já obtidos na fase anterior e durante as

operações como o novo sistema de armas� (JONES, 2006, p. 20.2, tradução nossa).

Ressalta-se que essa fase se inicia logo após a inicial e se entende por todo o

ciclo de vida útil do sistema militar, sendo uma das ferramentas que além do

manutenção da disponibilidade do equipamento em altos índices, também corrobora

diretamente para a segurança na sua operação.

O termo �recursos computacionais� como elemento do Suporte Logístico

Integrado é definido de forma variada. Biedenbender e colab. (1993) o descrevem

incluindo todos os recursos necessários para operação e suporte de software

incorporado e definem o suporte de recursos computacionais como incluindo �[...] todo o

equipamento de informática, software, documentação, pessoal e suprimentos

necessários para operar e dar suporte a todos os softwares incorporados�

(BIEDENBENDER e colab., 1993, p. 281).

Galloway (1996), no mesmo sentido, também define recursos computacionais

como a utilização dos recursos para a operação e o suporte de "sistemas

informacionais incorporados" e define esse elemento como �[...] instalações, hardware,

software, mão-de-obra e habilidades necessárias para operar e dar suporte a sistemas

computacionais incorporados" (GALLOWAY, 1996, p. 27).

Page 98: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

96

Langford (1995) usa o termo "subsistema" em vez de "sistema", mencionando

ainda os "suprimentos" necessários para a operação. Contudo ele não menciona o

suporte para o sistema de software. Sua definição deste elemento do Suporte Logístico

Integrado inclui "[...] todas as instalações com destinação informacional, equipamentos,

software, firmware, documentação associada, pessoal qualificado e suprimentos

necessários para operar um subsistema computadorizado incorporado"

(LANGFORD,1995, p. 453).

A definição mais recente proposta pelo Exército Estadunidense está disposta no

Ato de Revisão Rápida (do Inglês, Rapid Action Revision-RAR) ao marco regulatório do

Suporte Logístico Integrado, a �Army Regulation 700-127� que assevera que o software

associado a um sistema é um componente integral desse sistema, e que o suporte ao

software será abordado através do programa SLI. A �modernização do sistema envolve

atualizações ou mudanças de software, e os custos de suporte ao software pós-

implantação podem ser significativos ao longo da vida do sistema�. A eficácia do

software do sistema tem um impacto direto na prontidão do sistema (RAR, 2012, p. 43,

tradução nossa).

A �Army Regulation 700-127� define recursos computacionais como:

hardware, instalações, documentação, pessoal, software e mão-de-obra necessários para dar suporte e operar sistemas de computadores e recursos informacionais, que também incluem sistemas integrados e autônomos (RAR, 2012, p. 43, tradução nossa).

Para Blanchard (2013) os recursos computacionais abrangem todos os

�computadores, software associado, componentes de conexão, redes e interfaces

necessárias para suportar o fluxo de informações do dia-a-dia para todas as funções de

logística�. Inclui ainda, as atividades de manutenção programadas e não programadas e

requisitos especiais de monitoramento e relatórios, tais como os que pertencem ao

acesso a dados, à implementação de programas de monitoramento de condições e o

suporte de capacidades de diagnóstico do sistema (BLANCHARD, 2013, p. 13).

Assim, os recursos computacionais são necessários para dar suporte à operação

e ao monitoramento do sistema militar complexo em todos os níveis de manutenção,

fornecendo as condições necessárias para o atingimento da máxima operacionalidade

ao longo do ciclo de vida útil, com a melhor relação custo-benefício.

Page 99: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

97

Em relação a outro elemento do SLI, a confiabilidade, disponibilidade e

sustentabilidade, nota-se que, embora existam várias definições para o termo

"confiabilidade", Finkelstein e Guertin (1988), consideram-no como sendo as

características de desempenho dos sistemas que refletem a capacidade para executar

sua função primária dentro de um ambiente específico durante uma intervalo de tempo

considerado. A confiabilidade tem natureza quantitativa e probabilística, e pode ser

definida como a "[...] probabilidade de operações bem sucedidas por um período de

tempo delimitado em condições e ambientes operacionais específicos ".

(FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 53, tradução nossa).

Hutchinson (1987) também considera a confiabilidade como probabilística,

sustentando que o sistema irá desempenhar sua função durante um período específico

em condições ambientais específicas.

De uma perspectiva de gerenciamento do conhecimento, Awad e Ghaziri (2004)

definem confiabilidade como a entrega, pelo sistema militar complexo, de informações

confiáveis, precisas e consistentes, ou seja, '[...] o quão bem o sistema entrega a

informações ou soluções com consistência, precisão e integridade�. Isso também

significa detecção e remoção de anomalias (como redundância, ambivalência e

deficiência) (AWAD; GHAZIRI, 2004, p. 217, tradução nossa).

Jones (2006) define a confiabilidade de um sistema militar complexo no sentido

daquele que executa sua função primária, em condições predefinidas e sem falhas. A

confiabilidade é o resultado de projeções e cálculos estatísticos de fallhas, o que, em

suma, é "a probabilidade de um sistema militar complexo executar sua missão sem

falhas, assumindo que seja utilizado dentro das condições para as quais foi projetado�

(JONES, 2006, p.4.1, traduçao nossa).

Da mesma forma, existem variadas definições para o termo "disponibilidade".

Jones (2006), por exemplo, visualiza-o como a probabilidade de o sistema militar

complexo estar em um estado operável (em prontidão), em um momento específico no

tempo. Em outras palavras, o sistema precisa estar operacional quando necessário.

De outra banda, Langford (1995) vê a disponibilidade como a prontidão do

sistema para cumprir sua finalidade principal, a missão precípua para a qual foi

concebido. A disponibilidade pode ser considerada como a probabilidade de um sistema

Page 100: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

98

estar operacional em um determinado momento no tempo para desempenhar uma

missão ou função.

Moubray (1991) define a disponibilidade (tempo de atividade), como "[...] uma

medida da quantidade de tempo em que o equipamento ou sistema é capaz de estar

operacional" (MOUBRAY, 1991, p. 254, tradução nossa). No mesmo sentido Blanchard

afirma que disponibildade é o grau de medida em que um sistema está em estado

operacional no início de uma missão quando a mesma é desencadeada em um

momento desconhecido e de forma aleatoria (BLANCHARD, 1992, p. 22).

Apresenta-se a seguir três definições de disponibilidade, que são: disponibilidade

inerente, alcançada e operacional.

a. Disponibilidade inerente (Di)

Percentual líquido do tempo em que �o sistema deveria, teoricamente, estar

disponível para a sua missão pretendida� (JONES, 1995, p. 5.2, tradução nossa).

Di = ITEF / (ITEF + ITPR)

ITEF � Intervalo de Tempo Entre Falhas

ITPR - Intervalo de Tempo Para Reparação

b. Disponibilidade adquirida (Da)

É a probabilidade de que �um sistema ou um equipamento, quando usado sob

condições pré-estabelecidas, em um ambiente de suporte ideal, operará de modo

satisfatório a qualquer momento" (BLANCHARD, 1992, p. 70, tradução nossa).

Da = ITEM / (ITEM + ITEMC + ITEMP) (Jones, 1995, p. 5.2, tradução nossa).

ITEM � Intervalo de Tempo Entre Manutenções

ITEMC - Intervalo de Tempo Entre Manutenções Corretivas

ITEMP - Intervalo de Tempo Entre Manutenções Preventivas

c. Disponibilidade operacional (Do)

É a probabilidade de �um sistema ou equipamento, quando usado sob

determinadas condições em um ambiente operacional atual, operará satisfatoriamente

toda vez que necessário� (BLANCHARD, 1992, p. 70, tradução nossa).

Do = ITEM / (ITEM + ITTPM) (Jones, 1995, p. 5.3, tradução nossa).

Page 101: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

99

ITEM � Intervalo de Tempo Entre Manutenções

ITTPM � Intervalo de Tempo Total Provocado por Manutenções

Igualmente, existem numerosas definições para o termo "sustentabilidade",

dependendo do histórico dos autores e do contexto de aplicação. Finkelstein e Guertin

(1988) vêem a sustentabilidade como a capacidade de resposta no reparo de um item

defeituoso ao seu estado operacional:

[...] a facilidade e rapidez com que um item defeituoso pode ser restaurado à sua condição operacional. É decorrente da concepção do projeto do sistema, disponibilidade de pessoal especializado, equipamentos de teste e manutenção adequados e ambiente operacional (FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 72, tradução nossa)

Hutchinson (1987) vê a sustentabilidade como uma ocorrência probabilística, o

reparo de um sistema com falha dentro de um período de tempo específico. No mesmo

sentido, para Jones (2006) a sustentabilidade é uma previsão estatística, que é

influenciada por condições ambientais e disponibilidade de recursos, podendo ser

definida como a "probabilidade de um item defeituoso poder ser reparado em um

período de tempo específico, utilizando-se de um conjunto específico de recursos

disponíveis" (JONES, 2006, p. 4.18, tradução nossa).

Langford (1995), assim como Jones (2006), assinala uma medida quantitativa à

definição de sustentabilidade, a de que o sistema será restaurado à sua prontidão

operacional, dentro de um período de tempo especificado, usando vários recursos.

Assim, Langford define a sustentabilidade como �a medida da capacidade de um

sistema ser restaurado a um nível específico de prontidão operacional, dentro de

intervalos definidos, com o uso de recursos de pessoal, instalações e equipamentos"

(LANGFORD, 1995, p. 55, tradução nossa).

Blanchard (2004) vê a sustentabilidade como a capacidade de manutenção do

sistema, incluindo características de projeto expressas por meio do custo de

manutenção, intervalos de tempo de manutenção e fatores de freqüência de

manutenção.

Como elemento do SLI, o gerenciamento da configuração no que se refere a

sistemas militares complexos é discutido nesta seção. Mais uma vez, numerosas

definições do termo "gerenciamento da configuração" são encontradas na literatura

Page 102: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

100

científica sobre o tema. O gerenciamento da configuração envolve a identificação das

características físicas e funcionais dos itens (seja equipamento, subsistema, conjunto,

peças, etc.), que executam uma função específica, conforme definido no seu desenho

técnico ou outra documentação relevante, incluindo seu controle ao longo de seu ciclo

de vida. Isto é, o gerenciamento de configuração pode ser considerado como a linha de

base para a rastreabilidade.

Finkelstein e Guertin (1988) definem o gerenciamento da configuração como

sendo a �[�] sistemática abordagem que estabelece e mantém a identificação, o

controle e as contas da configuração de produtos selecionados e partes componentes�

(FINKELSTEIN; GUERTIN, 1988, p. 91, tradução nossa). Apontam, ainda, que o

gerenciamento de configuração pode fornecer uma descrição atual de um sistema de

hardware ou software em desenvolvimento e fornecer rastreabilidade a configurações

de padrão desse item.

Do ponto de vista da engenharia de sistemas, Langford (1995) define o

gerenciamento da configuração como o processo de identificação e do controle de

mudanças das características físicas e funcionais de um item em todo o seu ciclo de

vida.

Blanchard (2004) entende o gerenciamento da configuração a partir de uma

perspectiva de gerenciamento, onde as características físicas e funcionais de um item

são identificadas no início de seu ciclo de vida e para as quais o controle de mudanças

é aplicado durante seu ciclo de vida. Para Blanchard, o gerenciamento da configuração

pode ser definido como uma técnica de gerenciamento usada para �identificar as

características funcionais e físicas de um item nas fases iniciais de seu ciclo de vida,

controlar as mudanças nessas características e registrar e relatar o seu processamento

e o status de implementação". Acrescenta o autor, ainda, que o gerenciamento de

configuração é a linha de base do gerencimento do sistema militar complexo, pois inclui

o monitoramento e controle das alterações nas configurações inicialmente definidas no

projeto do sistema, que influenciam diretamente o seu suporte logístico, com

consequências diretas no custo de manutenção ao longo da sua vida útil

(BLANCHARD, 2004, p. 39, tradução nossa).

Page 103: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

101

O modelo conceitual dos sistemas e materiais de emprego militar (MEM) tem

início com a sua concepção de operação. Esta guarda estreita relação com a Doutrina

Militar Terrestre (DMT) vigente ou em evolução, permitindo a definição das

características operativas necessárias para o desempenho de determinada capacidade.

Antes que qualquer sistema militar complexo possa ser suportado e mantido, os

requisitos operacionais do sistema devem ser conhecidos, incluindo sua missão, seus

parâmetros de desempenho, ambiente operacional de emprego, ciclo de vida útil,

condições ambientais, perfi de utilização do usuário, etc.

Os requisitos operacionais do sistema indicam o tipo e a complexidade das

atividades de manutenção e equipamentos de suporte que serão necessários para

manutenção do equipamento. No Exército Brasileiro, o tema está regulamentado pelas

Instruções Reguladoras para o Processo de Concepção das Condicionantes

Doutrinárias e Operacionais � CONDOP (EB20-IR-10.005). Nessa Norma estão

consubstanciadas as diretrizes que determinam os parâmetros de emprego e o

desempenho esperado de determinado sistema militar, considerando a Doutrina Militar

Terrestre (DMT).

Segundo Blanchard (2004), os requisitos operacionais incluem a missão do

sistema, seus parâmetros de desempenho, emprego operacional, ciclo de vida,

requisitos de utilização, fatores de eficácia e ambiente operacional. Esses requisitos

operacionais são importantes, pois determinam o tipo e a complexidade das tarefas de

manutenção e os recursos necessários para dar suporte e manter o sistema.

Antes que os requisitos operacionais possam ser definidos, a função do sistema

deve primeiramente ser estabelecida. Tais aspectos, incluem questões ambientais, o

perfil de utilização do usuário (taxa de uso do sistema), os riscos do sistema para o

meio ambiente (por exemplo, eliminação de resíduos), suporte, custo total de

desenvolvimento, desempenho e a infraestrutura de apoio (JONES, 2006, p. 2.1-2.7).

Finkelstein e Guertin (1988) argumentam que o conceito de manutenção é

desenvolvido concomitantemente aos requisitos operacionais do sistema. Além disso, o

ciclo de vida útil, o ambiente operacional e o desempenho do sistema precisam ser

definidos pois são determinantes para o sucesso da missão do sistema militar

complexo.

Page 104: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

102

Sob um ponto de vista militar, o Departamento de Administração de Sistemas de

Defesa dos Estados Unidos (1986) define que os requisitos operacionais dos sistemas

incluem a distribuição e o emprego operacional, o cenário ou perfil da missão, os

parâmetros de desempenho, ambientes operacionais onde será utilizado, requisitos de

eficácia e vida útil operacional do sistema.

Em relação a outro elemento do SLI, a obsolescência de equipamentos e

componentes, nota-se que o planejamento para essa eventualidade é importante, pois é

muito provável que o sistema militar complexo, no final do seu ciclo de vida, passe à

situação do descomissionamento e descarte. Essa situação avulta de importância em

países como o Brasil, que tendem a comprar produtos de defesa de alta tecnologia de

�segunda mão� das potências militares e que passam, normalmente, à situação de

usuário final desses equipamentos.

A obsolescência é o estado em que um componente, uma peça ou um conjunto

não está mais disponível para aquisição junto ao fabricante original. É o ponto no ciclo

de vida de um sistema em que peças sobressalentes e de reparo apresentam

descontinuidade na sua produção. Essa falta pode ser devida a vários motivos, como o

fato de o fornecedor não estar mais no negócio ou ter parado a produção de um item

específico. Segundo Howard (2002), a obsolescência também afeta componentes não

eletrônicos, embora o efeito possa não ser aparente por alguns anos, uma vez que

sistemas não eletrônicos podem ser sustentáveis por mais tempo. Boyle (2005)

argumenta que os fabricantes tiveram que lidar com a obsolescência desde o início da

indústria manufatureira.

A obsolescência afeta muitos sistemas com ciclos de vida longos e, embora seja

tradicionalmente ligada ao gerencimento da indústria de defesa, atualmente também

tem sido uma preocupação de outras indústrias, como as nucleares, médicas, de

energia, telecomunicações, ferrovias e petroquímicas. A obsolescência também pode

ser considerada quando há a diminuição das fontes de fabricação e a escassez de

material devido à descontinuidade na produção.

Haub (1997) argumenta que a obsolescência não afeta apenas todos os

equipamentos e produtos, mas também ferramental especial, equipamentos de teste e

software de apoio aos sistemas. Normalmente, se um componente se tornar obsoleto, o

Page 105: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

103

mesmo acontece com o conjunto do qual ele faz parte. Assim, é usual que sistemas

antigos e sistemas militares complexos sintam mais fortemente os efeitos da

obsolescência. Tradicionalmente, as respostas à obsolescência têm sido de forma

reativa (Burrows, 2003).

Finkelstein e Guertin (1988) afirmam que a obsolescência também ocorre devido

ao novo design do equipamento do fabricante, ou devido a equipamentos desgastados

que são reprojetados para encorajar as vendas, em um perído de tempo menor do que

o esperado pelo usuário.

Os custos associados à obsolescência incluem a deterioração de itens em

estoque e itens obsoletos sendo substituídos por um produto tecnologicamente mais

avançado. De acordo com Hutchinson (1987), tais custos devem ser abordados com

cautela, pois podem ter alto impacto no ciclo de vida do material.

Para alcançar um custo total mais baixo, o gerenciamento da obsolescência

durante o ciclo de vida de um equipamento precisa ser implementado contratualmente,

e deve ser considerado nos mais altos níveis de gerenciamento de um sistema militar

complexo. É importante a concepção de um plano de obsolescência, no qual sejam

considerados a identificação, o momento e a maneira pela qual um equipamento ou

conjunto deve ser descomissionado.

Por fim, destaca-se que todos os equipamentos militares terminam seu ciclo de

vida e necessitam ser descartados. Em se tratando de sistemas militares complexos, a

questão do descomissionamento e descarte tornam-se ainda mais relevantes, em razão

dos materiais e substâncias dos componentes.

Em certos casos, após o término do seu ciclo de vida útil e entrada na fase de

descarte, o sistema militar complexo pode ser designado para ser �canibalizado�. A

�canibalização� de sistemas militares é um termo mundialmente conhecido entre os

militares e uma atividade comumente executada nas Forças Armadas. Consiste na

retirada de componentes e subsistemas de um equipamento para serem reutilizados em

outros sistemas militares ainda ativos, permitindo o aumento da disponibilidade dos

materiais e a redução nos custos de manutenção, já que não há compra de novos

equipamentos.

Page 106: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

104

Para Jones (2006), a eliminação implica que o sistema seja retirado de operação,

descartando-o ou salvando-o, a fim de preservar os recursos que são necessários para

o suporte de um sistema similar ou um novo. O referido autor sustenta que a

eliminação de equipamentos ou um sistema é um elemento cujo custo é

freqüentemente ignorado. No entanto, o sistema ou equipamento pode possuir um valor

de revenda ou salvamento compensando o custo de descarte. Jones indica que os

custos típicos de eliminação são a remodelagem, reciclagem, descarte do sistema,

arquivamento e gerenciamento de dados, encerramento do inventário, desmilitarização,

gerenciamento de resíduos (eliminação de materiais perigosos) e embalagem,

manuseio, armazenamento e transporte.

Blanchard (2004) afirma que as atividades de Suporte Logístico Integrado são

necessárias na fase de reciclagem de sistemas militares ou durante a fase de

descomissionamento e eliminação do sistema. Elas incluem a remoção de itens

obsoletos do inventário, reciclando-os para reutilização em outros aplicativos e a

desagregação e eliminação dos itens que não podem ser reutilizados. Importância

fundamental deve ser dada ao descarte sem degradação do meio ambiente, ou seja,

sem contaminação da água, ar ou solo e sem geração de poluição sonora, radiação ou

lixo sólido.

Finalmente , conforme Blanchard (2004), o descarte é o estágio final dentro do

ciclo de vida do sistema militar complexo. Todo equipamento, sistema ou componente

precisa ser projetado tendo-se em conta seu descarte, e os procedimentos devem ser

implementados usando-se os recursos do Suporte Logístico Integrado. Deve-se garantir

que esses métodos e seus resultados estejam de acordo com os requisitos ecológicos,

políticos, sociais, ambientais e de segurança e economicamente viáveis.

Page 107: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

105

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 RESULTADOS

Define-se para este trabalho um nível de significância (quanto se admite errar

nas conclusões estatísticas, ou seja, o erro estatístico que se está cometendo nas

análises) de 0,05 (5%). Lembra-se também que todos os intervalos de confiança

construídos ao longo do trabalho, foram construídos com 95% de confiança estatística.

Ressalta-se que são utilizados testes estatísticos não paramétricos, pois mesmo

a amostragem sendo bem superior a 30 sujeitos, o que pelo Teorema do Limite Central,

garante que a distribuição tende a uma distribuição Normal, no caso da pesquisa

observa-se a ocorrência basicamente de variáveis ordinais e não continuas. Além disso

a normalidade foi testada e a mesma não foi assegurada.

Ilustra-se a seguir a legenda adotada ao longo do trabalho para os Elementos do

Suporte Logístico Integrado (definidos como tópico). Os itens de cada Elemento do SLI

considerado representam atividades relacionadas ao tópico e que também são objeto

desta pesquisa científica:

Tópico Item 1 Item 2 Item 3

Plano de Manutenção

Estabelecimento da relação homem/hora para as

atividades de manutenção preventiva em cada escalão

Definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão

Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra

e indústria

Definição dos escalões de manutenção

Ferramental especial,

equipamentos de suporte e de testes

Padronização da instrução e do treinamento na operação

do ferramental especial e equipamentos de testes

Definição dos requisitos logísticos necessários para o

ferramental especial e equipamentos de teste

Definição das necessidades de

ferramental especial e equipamentos de teste

e suporte de acordo com os escalões e

níveis de manutenção

Suprimento Pré-posicionamento de

suprimento para as atividades de manutenção

Definição dos testes e procedimentos de aceitação do

suprimento

Definição do nível mínimo de estoque

Embalagem, manuseio,

armazenagem e transporte

Suporte e recursos computacionais compatíveis

e adequados ao gerenciamento do suprimento

em estoque

Instalações adequadas para armazenagem do suprimento

(espaço, volume, meio ambiente, condições de

umidade, etc)

Condições de embalagem, manuseio

e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento

Documentação técnica

Padronização da documentação técnica por

níveis de manutenção e operação

Manuais de operação e de manutenção de fácil

entendimento

Manuais de operação e de manutenção

adequados ao material

Instalações e infraestrutura

Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às

condições ambientais

Adequação das instalações e infraestrutura às atividades

operacionais e de manutenção (piso, garagens, talhas,

Adequação das instalações de

manutenção e depósito para a distribuição e

Page 108: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

106

(controle de temperatura e umidade, controle de

resíduos, etc)

depósitos, etc) fluxo do suprimento

Pessoal especializado

Normatização do plano de movimentação do pessoal

especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na

movimentação, etc)

Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a

atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal

qualificado para operar e manter sistema

Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de

especialização do pessoal de operação e

de manutenção

Treinamento, instrução e suporte

ao treinamento

Reaproveitamento do pessoal especializado para o

novo sistema adquirido

Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível

de especialização dos instrutores e monitores

Adequação dos equipamentos de

treinamento e meios auxiliares de instrução

Suporte e recursos computacionais

Teste e verificação da precisão e eficiência do

software

Identificação dos requisitos de software para apoio à operação

e manutenção do sistema

Definição da política de proteção de dados e

dos direitos autorais do software

Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade

Identificação de peças e conjuntos com excessivo

número de falhas

Definição do nível de disponibilidade operacional

desejado

Condução de análises de confiabilidade,

manutenção e disponibilidade

Gerenciamento da configuração

Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros

de emprego

Adaptação ou integração de novos subsistemas

Adaptação contínua em função das experiências

operacionais

Requisitos operacionais do

sistema

Definição dos parâmetros de rendimento do sistema

Definição do ciclo de vida do sistema

Definição das necessidades

operacionais de emprego do sistema

Obsolescência Monitoramento das

condições dos fornecedores de produtos críticos

Definição da obsolescência de ferramental especial e software

Definição contratual do gerenciamento da

obsolescência

Descarte

Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros

produtos

Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a

melhor relação custo-benefício

Adequação da reciclagem,

reaproveitamento ou descarte em

atendimento aos requisitos ambientais e

ecológicos

Tabela 6: Legenda das questões Fonte: elaborado pelo autor

A mediana é uma medida de posição, ela divide a amostra ao meio, ou seja, 50%

dos indivíduos estão acima do valor da mediana e 50% estão abaixo. Esta é uma

estatística analisada em relação à média, pois quanto mais próximo seu valor for em

relação à média, mais simétrica será a distribuição e uma distribuição assimétrica

possui uma grande variabilidade.

A variabilidade é medida pelo desvio padrão. Quanto mais próximo (ou maior)

esse valor for em relação à média, maior será a variabilidade, o que é ruim, pois assim

não há uma homogeneidade dos dados.

Page 109: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

107

A moda é uma estatística que mostra simplesmente o valor que mais ocorre na

amostra. O intervalo de confiança (IC) ora somado e ora subtraído da média, mostra a

variação da média segundo uma probabilidade estatística. Também aqui, esses limites

não têm nada a ver com o calculo de mais ou menos um desvio padrão em relação à

média. Lembrando que o IC é mais confiável, pois há uma probabilidade estatística

associada em seu cálculo.

Deve-se ressaltar que o teste não paramétrico não faz a comparação dos grupos

pela média e sim pela posição dos dados. Mesmo não tendo utilizado a média para a

comparação, pode-se utilizá-la como estatística descritiva para que haja o entendimento

do que ocorre nos resultados.

Inicia-se a seguir a análise dos resultados comparando-se os tópicos, que são

os Elementos do Suporte Logístico Integrado. Como as variáveis são pareadas (mesmo

sujeito é pesquisa e controle dele mesmo), utiliza-se o teste de Friedman. Assim,

compara-se os tópicos em dois grupos: Segmento Militar e Segmento Industrial.

Também, em virtude da importância do nível decisório para a aquisição de

sistemas militares complexos, realiza-se a análise para um subgrupo especial do

segmento militar: os Oficiais-Generais. Destaca-se a participação ao todo de 26 (vinte e

seis) Oficiais-Generais, assim distribuídos:

a) General-de-Exército: 05 b) General-de-Divisão: 07 c) General-de-Brigada: 14

5.1.1 Comparação entre os tópicos para o Segmento Militar

Militares Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Plano de Manutenção

4,61 5 0,67 5 233 0,09

<0,001

Ferramental 4,58 5 0,63 5 232 0,08

Suprimento 4,78 5 0,52 5 234 0,07

Embalagem 3,76 4 0,82 4 232 0,11

Documentação 4,53 5 0,71 5 230 0,09

Instalações 4,36 4 0,72 5 233 0,09

Pessoal Esp. 4,78 5 0,54 5 233 0,07

Treinamento 4,69 5 0,54 5 233 0,07

Suporte 4,08 4 0,74 4 232 0,09

Confiabilidade 4,42 5 0,66 5 234 0,08

Ger. Configuração 4,04 4 0,74 4 231 0,10

Req. Operacionais 4,22 4 0,76 4 233 0,10

Page 110: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

108

Obsolescência 3,86 4 0,78 4 231 0,10

Descarte 3,53 4 0,93 4 232 0,12

Tabela 7: Comparação entre Tópicos para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor

Analisando-se os resultados obtidos para o Segmento Militar, verifica-se que

existe diferença estatisticamente significante entre todos os Elementos de Suporte

Logístico Integrado, haja vista que o p-valor entre eles foi inferior a 0,001, o que resulta

em alta relevância estatística entre os Elementos do SLI.

Conclui-se, ainda, que há 04 (quatro) Elementos de Suporte Logístico Integrado

com média relevante, superior a 4,60, que são: Suprimento (4,78), Pessoal

Especializado (4,78), Treinamento (4,69) e Plano de Manutenção (4,61).

Ressalta-se nesse ponto, que os Elementos do SLI considerados mais

relevantes (maior média) observados para o Segmento Militar são Suprimento e

Pessoal Especializado.

Observou-se, também, que há 03 (três) Elementos do SLI com média menos

relevante, sendo inferior a 4,00, que são: a) Obsolescência (3,86); b) Embalagem,

manuseio, armazenagem e transporte (3,76); c) Descarte (3,53).

5.1.2 Comparação entre os tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais

Generais Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Plano de Manutenção

4,54 5 0,86 5 26 0,33

<0,001

Ferramental 4,65 5 0,63 5 26 0,24

Suprimento 4,81 5 0,49 5 26 0,19

Embalagem 3,88 4 0,86 4 26 0,33

Documentação 4,54 5 0,65 5 26 0,25

Instalações 4,23 4 0,71 4 26 0,27

Pessoal Esp. 4,85 5 0,46 5 26 0,18

Treinamento 4,85 5 0,37 5 26 0,14

Suporte 4,12 4 0,82 4 26 0,31

Confiabilidade 4,42 4,5 0,64 5 26 0,25

Ger. Configuração 4,31 4 0,62 4 26 0,24

Req. Operacionais 4,42 5 0,81 5 26 0,31

Obsolescência 3,92 4 0,74 4 26 0,29

Descarte 3,54 3,5 1,03 3 26 0,40

Tabela 8: Comparação entre Tópicos para Oficiais-Generais Fonte: elaborado pelo autor

Page 111: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

109

Em relação ao subgrupo de Oficiais-Generais, igualmente se verificou que existe

diferença estatisticamente significante entre os Elementos de Suporte Logístico

Integrado, haja vista que o p-valor entre eles foi inferior a 0,001, o que resulta em alta

relevância estatística entre os Elementos do SLI.

Da mesma forma que ocorre no Segmento Militar, conclui-se também que há 04

(quatro) Elementos de Suporte Logístico Integrado considerados mais relevantes, com

média superior a 4,60: Pessoal Especializado (4,85), Treinamento (4,85),

Suprimento (4,81) e Ferramental (4,65).

Contudo, somente em 03 (três) Elementos do SLI considerados mais relevantes,

há igualdade entre o subgrupo de Oficiais-Generais em relação ao apresentado pelo

Segmento Militar como um todo, que são: Suprimento, Pessoal Especializado e

Treinamento.

A diferença ocorreu em relação quarto tópico mais relevante. Para os Oficiais-

Generais, o quarto Elemento do SLI com maior relevância é o Ferramental. Já para o

Segmento Militar como um todo, o quarto elemento mais relevante é o Plano de

Manutenção.

Outra constatação relevante é o fato de que tanto para o Segmento Militar, como

para o subgrupo dos Oficiais-Generais, o Elemento do SLI considerado mais

relevante, e no qual os dois universos apontam de forma uníssona, é o Pessoal

Especializado.

Da mesma forma que se observou em relação ao Segmento Militar, para os

Oficias-Generais também há 03 (três) Elementos do SLI considerados menos

relevantes, com média inferior a 4,00, que são: a) Obsolescência (3,92); b)

Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte (3,88); c) Descarte (3,54).

Uma segunda observação em relação aos itens considerados menos relevantes,

é que tanto para o Segmento Militar como um todo, como para os Oficiais-Generais, a

ordem de importância é a mesma. Assim, o item considerado com uma significância um

pouco maior é a obsolescência, sendo que o Elemento de SLI mesmo relevante, para

os dois grupos, é o descarte.

Page 112: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

110

5.1.3 Comparação entre os tópicos para o Segmento Industrial

Industria Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Plano de Manutenção

4,11 4 0,93 5 9 0,61

<0,001

Ferramental 4,56 5 0,53 5 9 0,34

Suprimento 4,44 5 0,73 5 9 0,47

Embalagem 2,89 3 0,93 3 9 0,61

Documentação 4,78 5 0,44 5 9 0,29

Instalações 4,11 4 0,78 4 9 0,51

Pessoal Esp. 4,00 4 1,00 4 9 0,65

Treinamento 4,67 5 0,71 5 9 0,46

Suporte 3,11 3 0,78 3 9 0,51

Confiabilidade 4,11 4 0,60 4 9 0,39

Ger. Configuração 4,11 4 0,60 4 9 0,39

Req. Operacionais 4,11 4 0,78 4 9 0,51

Obsolescência 3,78 4 1,20 5 9 0,79

Descarte 3,11 3 0,78 3 9 0,51

Tabela 9: Comparação entre tópicos para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor

Em relação ao Segmento Industrial, também se observa que existe diferença

estatisticamente significante entre os Elementos de Suporte Logístico Integrado, haja

vista que o p-valor apresentado foi inferior a 0,001.

De forma diferente do que foi constatado em relação ao Segmento Militar e ao

subgrupo dos Oficiais-Generais, há apenas 02 (dois) Elementos do Suporte Logístico

Integrado considerados com alta relevância, com média superior a 4,60:

Documentação técnica (4,78) e Treinamento (4,67).

Assim, o único item do SLI com relevância estatística e que apresenta

uniformidade em relação aos três universos considerados, é o Treinamento.

Constata-se, também que, da mesma forma que se observou em relação ao

Segmento Militar e ao subgrupo dos Oficias-Generais, aqui também há 03 (três)

Elementos do SLI considerados menos relevantes, com média inferior a 4,00, e que se

repetem nos três universos considerados, que são: a) Obsolescência (3,78); b)

Descarte (3,11); c) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte (2,89).

A única diferença aqui, reside no fato de que o item considerado menos

relevante de todos não é o Descarte, mas sim a Embalagem, manuseio,

armazenagem e transporte.

Page 113: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

111

Desse modo, a fim de facilitar a interpretação dos dados observados para os três

universos considerados, representa-se no Diagrama de Venn abaixo os Elementos de

SLI considerados mais relevantes, para cada universo analisado:

Figura 7: Elementos do SLI considerados mais relevantes por segmento Fonte: elaborado pelo autor

De igual modo, ilustra-se abaixo, também pelo Diagrama de Venn, os Elementos

do SLI considerados menos relevantes:

Figura 8: Elementos do SLI considerados menos relevantes por segmento Fonte: elaborado pelo autor

Page 114: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

112

Como há muitos tópicos e houve significância estatística, há necessidade de

utilizar o teste de Wilcoxon para comparar todos os tópicos aos pares, a fim de que

possa ser determinado entre quais tópicos a diferença observada é estatisticamente

relevante.

Os p-valores são mostrados nas tabelas a seguir, que demonstram entre quais

tópicos a diferença pode ser considerada relevante e para quais Elementos do SLI a

diferença não é estatisticamente relevante, considerando-se o Segmento Militar, o

subgrupo dos Oficiais-Generais e o Segmento Industrial.

5.1.4 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Militar

Para o Segmento Militar, conforme já estudado, 04 (quatro) Elementos do SLI

apresentaram média relativamente alta, indicando a relevância desses tópicos:

Suprimento (4,78), Pessoal Especializado (4,78), Treinamento (4,69) e Plano de

Manutenção (4,61).

Esses itens foram analisados aos pares, entre si e com todos os outros Elementos

do SLI na Tabela 10. Para fins de entendimento do estudo e interpretação da Tabela,

foram destacados em amarelo os 04 tópicos citados e todos os p-valores que

indicaram que há diferença estatisticamente relevante, ou seja, que estão abaixo do

valor de corte de 0,05 para o p-valor.

Observa-se que os dois tópicos Suprimento e Pessoal Especializado, que

apresentaram a maior média de 4,78, em todos os cruzamentos esses dois Elementos

de SLI apresentaram que são estatisticamente diferente de todos os demais, mas

são iguais entre si (p-valor = 0,890). Tal fato comprova que Suprimento e Pessoal

Especializado são os mais importantes, pois têm a maior média, e não são iguais a

nenhum outro Elemento do SLI, tendo importância estatística tecnicamente igual

entre si.

Por outro lado, em relação aos outros 02 tópicos relevantes, Treinamento e Plano

de Manutenção, se observa que Treinamento é estatisticamente diferente de todos

os demais tópicos, mas tecnicamente não apresenta diferença estatística relevante

em relação ao Plano de Manutenção (p-valor = 0,158). Já o Plano de Manutenção

tecnicamente não apresenta diferença de relevância estatística também em relação a

Ferramental (p-valor = 0,424) e Documentação técnica (p-valor = 0,133).

Page 115: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

113

Ao se estudar os itens Ferramental e Documentação técnica, observa-se que o

item Ferramental é estatisticamente diferente de todos os demais, mas

tecnicamente de igual relevância a Documentação técnica (p-valor = 0,335). E, por sua

vez, o item Documentação técnica só não apresenta diferença estatisticamente

relevante, além do tópico Ferramental, também em relação ao Plano de Manutenção (p-

valor=0,133) � que já é um item considerado relevante.

Desse modo, tendo-se em conta que o N-amostral do Segmento Militar é alto (231

a 234), permite-se concluir, mediante uma interpretação extensiva, que podem ser

considerados como tópicos de relevância estatística para o Segmento Militar, além de

Suprimento, Pessoal Especializado, Treinamento e Plano de Manutenção, também

Ferramental e Documentação técnica.

5.1.5 Comparação entre os tópicos aos pares para o subgrupo dos Oficiais-Generais

Para o subgrupo de Oficiais-Generais, conforme já estudado, 04 (quatro)

Elementos do SLI apresentaram média relativamente alta, indicando a relevância

desses tópicos: Pessoal Especializado (4,85), Treinamento (4,85), Suprimento (4,81)

e Ferramental (4,65).

Observa-se, segundo os p-valores apresentados na Tabela 11, que o tópico

Pessoal Especializado, em todos os cruzamentos, à exceção de Ferramental (p-

valor=0,248), Suprimento (p-valor=0,783) e Treinamento (p-valor=1,000), apresentou-se

estatisticamente diferente de todos os demais.

Já o item Treinamento, não apresentou diferença estatisticamente relevante em

relação a somente um item ainda não considerado estatisticamente relevante: Plano de

Manutenção (p-valor=0,107).

Para o item Ferramental, observa-se a igualdade de relevância estatística em

relação aos seguintes itens ainda não considerados de alta importância: Documentação

técnica (p-valor=0,477), Confiabilidade (p-valor=0,277), Gerenciamento da

Configuração (p-valor=0,132) e Requisitos Operacionais (p-valor=0,311).

Em relação a Suprimento, constata-se que não apresentou diferença

estatisticamente relevante em relação aos seguintes itens ainda não considerados

Page 116: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

114

estatisticamente relevantes: Plano de Manutenção (p-valor=0,223) e Documentação

Técnica (p-valor=0,124).

Contudo, devido ao N-amostral para o subgrupo de Oficiais-Generais ser baixo

(26), não se permite para fins deste estudo científico, que se realize uma interpretação

extensiva no sentido de incluir outros itens além de Pessoal Especializado,

Treinamento, Suprimento e Ferramental, como Elemento do SLI de alta relevância.

5.1.6 Comparação entre os tópicos aos pares para o Segmento Industrial

No Segmento Industrial, os Elementos de SLI mais importantes foram

Documentação técnica (4,78) e Treinamento (4,67). Segundo os p-valores

apresentados aos pares na Tabela 12, o tópico Documentação técnica não apresenta

diferença estatísticamente relevante em relação a: Treinamento (p-valor = 0,317),

Ferramental (p-valor = 0,317) e Suprimento (p-valor = 0,257).

Já o item Treinamento não apresentou diferença estatisticamente relevante,

além de Documentação técnica, como acima verificado, também em relação a mais os

seguintes itens: Requisitos operacionais (p-valor=0,129), Plano de Manutenção (p-

valor=0,129), Ferramental (p-valor=0,655) e Suprimento (p-valor=0,480).

Para o Segmento Industrial, devido ao N-amostral ser baixo (9), também não se

permite para fins deste estudo científico, que se realize uma interpretação extensiva no

sentido de incluir outros itens além de Documentação técnica e Treinamento, como

Elemento do SLI de alta relevância.

Denota-se, portanto, que para o Segmento Industrial, os itens Documentação

técnica e Treinamento são considerados altamente relevantes e apresentam

tecnicamente a mesma significância estatística entre si.

.

Page 117: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

115

Militares Plano Manutenção

Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal

Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade

Ger. Configuração

Req. Operacionais

Obsolescência

Ferramental 0,424

Suprimento 0,001 <0,001

Embalagem <0,001 <0,001 <0,001

Documentação 0,133 0,335 <0,001 <0,001

Instalações <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,001

Pessoal Esp. 0,001 <0,001 0,890 <0,001 <0,001 <0,001

Treinamento 0,158 0,014 0,015 <0,001 0,002 <0,001 0,013

Suporte <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001

Confiabilidade 0,001 0,007 <0,001 <0,001 0,080 0,238 <0,001 <0,001 <0,001

Ger. Configuração <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,600 <0,001

Req. Operacionais <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,025 <0,001 <0,001 0,014 <0,001 0,002

Obsolescência <0,001 <0,001 <0,001 0,137 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001

Descarte <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001

Tabela 10: P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor

Generais Plano Manutenção

Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal

Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade

Ger. Configuração

Req. Operacionais

Obsolescência

Ferramental 0,714

Suprimento 0,223 0,102

Embalagem <0,001 0,004 <0,001

Documentação 0,851 0,477 0,124 0,004

Instalações 0,127 0,008 0,001 0,161 0,033

Pessoal Esp. 0,098 0,248 0,783 0,001 0,075 <0,001

Treinamento 0,107 0,190 0,739 <0,001 0,059 0,002 1,000

Suporte 0,008 0,035 0,005 0,272 0,032 0,490 <0,001 0,001

Confiabilidade 0,477 0,227 0,039 0,020 0,572 0,244 0,001 0,005 0,021

Ger. Configuração 0,109 0,132 0,014 0,008 0,206 0,672 0,002 0,002 0,197 0,317

Req. Operacionais 0,366 0,311 0,075 0,006 0,512 0,454 0,017 0,019 0,046 1,000 0,317

Obsolescência 0,006 0,004 0,001 0,816 0,002 0,157 <0,001 <0,001 0,260 0,011 0,018 0,012

Descarte <0,001 0,001 <0,001 0,116 0,001 0,014 <0,001 <0,001 0,009 <0,001 0,001 0,001 0,031

Tabela 11: P-valores da comparação entre tópicos para o subgrupo de Oficiais-Generais Fonte: elaborado pelo autor

Page 118: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

116

Industria Plano Manutenção

Ferramental Suprimento Embalagem Documentação Instalações Pessoal

Esp. Treinamento Suporte Confiabilidade

Ger. Configuração

Req. Operacionais

Obsolescência

Ferramental 0,157

Suprimento 0,453 0,655

Embalagem 0,026 0,006 0,006

Documentação 0,084 0,317 0,257 0,007

Instalações 0,931 0,157 0,083 0,016 0,034

Pessoal Esp. 0,783 0,102 0,102 0,031 0,053 0,655

Treinamento 0,129 0,655 0,480 0,011 0,317 0,059 0,058

Suporte 0,014 0,010 0,016 0,414 0,007 0,024 0,039 0,006

Confiabilidade 1,000 0,102 0,257 0,014 0,014 1,000 0,785 0,059 0,024

Ger. Configuração 1,000 0,157 0,366 0,026 0,034 1,000 0,763 0,096 0,024 1,000

Req. Operacionais 1,000 0,206 0,317 0,016 0,063 1,000 0,792 0,129 0,030 1,000 1,000

Obsolescência 0,454 0,068 0,131 0,084 0,041 0,414 0,480 0,039 0,131 0,380 0,317 0,546

Descarte 0,047 0,006 0,005 0,414 0,007 0,011 0,033 0,011 1,000 0,014 0,024 0,047 0,058

Tabela 12: P-valores da comparação entre tópicos para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor

Page 119: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

117

5.1.7 Elementos de SLI com relevância estatística

Assim, pode-se inferir, após a interpretação dos dados observados para os três

universos considerados, e mediante a constatação de relevância estatística realizada

aos pares entre todos os tópicos, que podem ser considerados com relevância

estatística, os seguintes Elementos de Suporte Logístico Integrado:

a) Elementos de SLI com relevância estatística para o Segmento Militar

Ø Pessoal Especializado

Ø Treinamento

Ø Suprimento

Ø Ferramental

Ø Documentação técnica

Ø Plano de Manutenção

b) Elementos de SLI com relevância estatística para o subgrupo de Oficiais

Generais:

Ø Pessoal Especializado

Ø Treinamento

Ø Suprimento

Ø Ferramental

c) Elementos de SLI com relevância estatística para o Segmento Industrial:

Ø Documentação Técnica

Ø Treinamento

Igualmente, a fim de facilitar a interpretação dos dados observados para os três

universos considerados, representa-se no Diagrama de Venn abaixo os Elementos de

SLI considerados mais relevantes, para cada universo analisado:

Page 120: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

118

Figura 9: Elementos do SLI com relevância estatística Fonte: elaborado pelo autor

Pode-se constatar que o Segmento Militar como um todo contém todos os

Elementos do SLI considerados relevantes pelo subgrupo de Oficias-Generais e pelo

Segmento Industrial.

5.1.8 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento Militar

A seguir passa-se a comparar os itens descritos na Tabela 6, que representam

atividades relacionadas a cada Elemento do SLI considerado no Segmento Militar.

Tendo em vista que os tópicos considerados com relevância estatística para o

Segmento Militar, já foram demonstrados no capítulo anterior, serão abordados:

Pessoal especializado, Treinamento, Suprimento, Ferramental, Documentação

Técnica e Plano de Manutenção.

Como as variáveis são pareadas (mesmo sujeito é pesquisa e controle dele

mesmo), utiliza-se novamente o teste de Friedman.

Page 121: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

119

Militares Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Plano Manutenção

Item 1 1,96 2 0,92 1 232 0,12

0,510 Item 2 1,98 2 0,77 2 232 0,10

Item 3 2,06 2 0,75 2 232 0,10

Ferramental

Item 1 1,88 2 0,84 1 231 0,11

<0,001 Item 2 1,85 2 0,76 2 231 0,10

Item 3 2,27 2 0,78 3 231 0,10

Suprimento

Item 1 1,93 2 0,84 1 229 0,11

0,005 Item 2 1,90 2 0,80 1 229 0,10

Item 3 2,17 2 0,79 3 229 0,10

Embalagem

Item 1 1,87 2 0,86 1 229 0,11

0,031 Item 2 2,11 2 0,83 3 229 0,11

Item 3 2,02 2 0,74 2 229 0,10

Documentação Técnica

Item 1 1,86 2 0,85 1 230 0,11

0,022 Item 2 2,04 2 0,85 3 230 0,11

Item 3 2,10 2 0,73 2 230 0,09

Instalações

Item 1 1,79 2 0,86 1 227 0,11

<0,001 Item 2 2,14 2 0,84 3 227 0,11

Item 3 2,07 2 0,70 2 227 0,09

Pessoal Esp.

Item 1 1,80 2 0,81 1 227 0,11

0,001 Item 2 2,15 2 0,80 3 227 0,10

Item 3 2,05 2 0,80 2 227 0,10

Treinamento

Item 1 1,86 2 0,86 1 228 0,11

0,004 Item 2 1,97 2 0,88 1 228 0,11

Item 3 2,17 2 0,68 2 228 0,09

Suporte

Item 1 1,83 2 0,75 2 229 0,10

0,005 Item 2 2,10 2 0,87 3 229 0,11

Item 3 2,07 2 0,80 3 229 0,10

Confiabilidade

Item 1 1,89 2 0,87 1 228 0,11

0,001 Item 2 1,90 2 0,83 1 228 0,11

Item 3 2,21 2 0,71 2 228 0,09

Ger. Configuração

Item 1 1,95 2 0,88 1 225 0,12

<0,001 Item 2 1,80 2 0,76 1 225 0,10

Item 3 2,26 2 0,73 3 225 0,10

Req. Operacionais

Item 1 1,67 1 0,79 1 226 0,10

<0,001 Item 2 2,09 2 0,78 2 226 0,10

Item 3 2,24 2 0,77 3 226 0,10

Obsolescência

Item 1 1,84 2 0,82 1 226 0,11

<0,001 Item 2 1,96 2 0,78 2 226 0,10

Item 3 2,21 2 0,81 3 226 0,11

Descarte

Item 1 1,75 2 0,79 1 227 0,10

<0,001 Item 2 2,02 2 0,84 3 227 0,11

Item 3 2,23 2 0,75 3 227 0,10

Tabela 13: Compara Itens por Tópico para o Segmento Militar Fonte: elaborado pelo autor

Page 122: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

120

Ao se observar a Tabela 13, percebe-se que, à exceção dos itens relativos ao

Plano de Manutenção, para todos os demais Elementos do SLI existe significância

estatística entre seus itens componentes.

Desse modo, conclui-se que para o Segmento Militar, pode-se considerar que

não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados

pertencentes ao Plano de Manutenção, que são: item 1) estabelecimento da relação

homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão; item 2)

definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de

Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria; item 3) definição dos escalões de

manutenção.

A correlação entre o Elemento de SLI Plano de Manutenção e seus itens pode

ser melhor entendida na esquematização abaixo:

Figura 10: Itens do Plano de Manutenção Fonte: elaborado pelo autor

Page 123: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

121

Como para todos os demais Elementos de SLI os itens componentes

apresentaram diferença estatística relevantes entre si, utiliza-se o teste de Wilcoxon

para se realizar a comparação dos itens aos pares, e determinar com precisão entre

quais itens ocorre a diferença, dentro de cada tópico considerado, cujo resultado é

apresentado na Tabela 14:

Item 1 Item 2

Plano Manutenção

Item 2

Item 3

Ferramental Item 2 0,521

Item 3 <0,001 <0,001

Suprimento Item 2 0,620

Item 3 0,007 0,003

Embalagem Item 2 0,021

Item 3 0,104 0,264

Documentação Técnica

Item 2 0,104

Item 3 0,004 0,495

Instalações Item 2 0,001

Item 3 0,002 0,514

Pessoal Esp. Item 2 <0,001

Item 3 0,009 0,337

Treinamento Item 2 0,419

Item 3 <0,001 0,032

Suporte Item 2 0,003

Item 3 0,004 0,851

Confiabilidade Item 2 0,847

Item 3 <0,001 0,001

Ger. Configuração

Item 2 0,032

Item 3 <0,001 <0,001

Req. Operacionais

Item 2 <0,001

Item 3 <0,001 0,121

Obsolescência Item 2 0,387

Item 3 <0,001 0,019

Descarte Item 2 0,006

Item 3 <0,001 0,025

Tabela 14: P-valores da tabela 13 Fonte: elaborado pelo autor

Na Tabela 14 observa-se somente os p-valores destas comparações, onde basta

cruzar a linha com a coluna para encontrar o p-valor necessário.

Para o Elemento de SLI Ferramental especial, equipamentos de suporte e de

testes, observa-se que há relevância estatística do item 3, que tem a maior média

(2,27), quando comparado com o item 1 (p-valor=<0,001) e ao item 2 (p-valor=<0,001).

Page 124: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

122

Já entre os itens 1 e 2, não há diferença estatisticamente relevante (p-valor=0,521).

Desse modo, conforme descrito na Figura 22, o item 3 (definição das necessidades

de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os

escalões e níveis de manutenção), é o mais importante e estatisticamente

relevante face aos outros dois: item 1) padronização da instrução e do treinamento

na operação do ferramental especial e equipamentos de testes; item 2) definição dos

requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste.

Figura 11: Itens do Ferramental especial e equipamentos de teste e suporte Fonte: elaborado pelo autor

Para o Elemento de SLI Suprimento também se observa a relevância

estatística do item 3, que tem a maior média (2,17), quando comparado com o item 1

(p-valor=0,007) e ao item 2 (p-valor=0,003). Já entre os itens 1 e 2, não há diferença

estatisticamente relevante (p-valor=0,620). Desse modo, o item 3 (Definição do nível

mínimo de estoque), é o mais importante e estatisticamente relevante face aos

outros dois: item 1) pré-posicionamento de suprimento para as atividades de

manutenção; item 2) definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento.

Page 125: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

123

Figura 12: Itens do Suprimento Fonte: elaborado pelo autor

Para o Elemento de SLI Documentação técnica igualmente se observa a

relevância estatística do item 3, que tem a maior média (2,10), quando comparado

apenas com o item 1 (p-valor=0,004). Contudo, apresenta igualdade técnica ao item 2

(p-valor=0,495), que, por sua vez, também não apresenta diferença estatisticamente

relevante em relação ao item 1 (p-valor=0,104). Desse modo, pode-se considerar que

não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados

pertencentes à Documentação técnica, que são: item 1) padronização da

documentação técnica por níveis de manutenção e operação; item 2) manuais de

operação e de manutenção de fácil entendimento; item 3) manuais de operação e de

manutenção adequados ao material.

Page 126: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

124

Figura 13: Itens da Documentação Técnica Fonte: elaborado pelo autor

Para o Elemento de SLI Pessoal especializado se observa a relevância

estatística do item 1, que tem a menor média (1,80), quando comparado com o item 2

(p-valor=<0,001) e 3 (p-valor=0,009). Já entre os itens 2 e 3, não há diferença

estatisticamente relevante (p-valor=0,337). Desse modo, o item 1 (Normatização do

plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade

na movimentação, etc)), é o menos importante e estatisticamente diferente face aos

outros dois: item 2) Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e

manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal

qualificado para operar e manter sistema; item 3) Definição da quantidade, requisitos,

habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção.

Page 127: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

125

Figura 14: Itens do Pessoal Especializado Fonte: elaborado pelo autor

Para o Elemento de SLI Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento

também se observa a relevância estatística do item 3, que tem a maior média (2,17),

quando comparado com o item 1 (p-valor=<0,001) e ao item 2 (p-valor=0,032). Já entre

os itens 1 e 2, não há diferença estatisticamente relevante (p-valor=0,419). Desse

modo, o item 3 (Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de

instrução), é o mais importante e estatisticamente relevante face aos outros dois:

item 1) Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido; item

2) Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos

instrutores e monitores.

Page 128: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

126

Figura 15: Itens do Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento Fonte: elaborado pelo autor

5.1.9 Comparação entre os itens de cada Elemento do SLI para o Segmento

Industrial

A seguir passa-se a comparar os itens descritos na Tabela 6, que representam

atividades relacionadas a cada Elemento do SLI considerado no Segmento Industrial.

Tendo em vista que os tópicos considerados com relevância estatística para o

Segmento Industrial, já demonstrados no capítulo anterior, serão abordados:

Treinamento e Documentação Técnica.

Como as variáveis são pareadas (mesmo sujeito é pesquisa e controle dele

mesmo), utiliza-se novamente o teste de Friedman.

Page 129: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

127

Industria Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Manutenção

Item 1 1,89 2 0,93 1 9 0,61

0,717 Item 2 2,22 2 0,83 3 9 0,54

Item 3 1,89 2 0,78 2 9 0,51

Ferramental

Item 1 1,67 1 0,87 1 9 0,57

0,368 Item 2 2,33 2 0,71 2 9 0,46

Item 3 2,00 2 0,87 3 9 0,57

Suprimento

Item 1 2,33 2 0,71 2 9 0,46

0,121 Item 2 1,44 1 0,53 1 9 0,34

Item 3 2,22 3 0,97 3 9 0,63

Embalagem

Item 1 2,25 2 0,71 2 8 0,49

0,687 Item 2 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

Item 3 1,88 2 0,83 1 8 0,58

Documentação Técnica

Item 1 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

0,687 Item 2 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

Item 3 1,88 2 0,64 2 8 0,44

Instalações

Item 1 1,88 2 0,83 1 8 0,58

0,882 Item 2 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69

Item 3 2,00 2 0,76 2 8 0,52

Pessoal Esp.

Item 1 2,00 2 0,93 3 8 0,64

0,882 Item 2 1,88 2 0,83 2 8 0,58

Item 3 2,13 2 0,83 3 8 0,58

Treinamento

Item 1 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69

0,687 Item 2 2,13 2 0,83 3 8 0,58

Item 3 1,75 2 0,71 2 8 0,49

Suporte

Item 1 2,13 2 0,64 2 8 0,44

0,882 Item 2 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

Item 3 2,00 2 0,93 1 8 0,64

Confiabilidade

Item 1 2,50 2,5 0,53 3 8 0,37

0,223 Item 2 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

Item 3 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

Ger. Configuração

Item 1 2,38 3 0,92 3 8 0,63

0,034 Item 2 2,38 2 0,52 2 8 0,36

Item 3 1,25 1 0,46 1 8 0,32

Req. Operacionais

Item 1 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

0,607 Item 2 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

Item 3 2,00 2 0,76 2 8 0,52

Obsolescência

Item 1 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

0,417 Item 2 1,63 1,5 0,74 1 8 0,52

Item 3 2,13 2 0,83 3 8 0,58

Descarte

Item 1 2,00 2 0,93 1 8 0,64

0,135 Item 2 1,50 1 0,76 1 8 0,52

Item 3 2,50 2,5 0,53 2 8 0,37

Tabela 15:Compara Itens por Tópico para o Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor

Page 130: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

128

Ao se observar a Tabela 15, percebe-se que, à exceção dos itens relativos ao

Gerenciamento de Configuração (p-valor=0,034), para todos os demais Elementos do

SLI não existe significância estatística entre seus itens componentes.

Desse modo, conclui-se que, para o Segmento Industrial, pode-se considerar

que não há diferença estatisticamente significativa entre os três itens apresentados

pertencentes à Documentação Técnica e ao Treinamento.

Assim, para o Elemento do SLI Documentação Técnica, apresentaram

resultados estatísticos de relevância com igualdade técnica: item 1) padronização da

documentação técnica por níveis de manutenção e operação; item 2) manuais de

operação e de manutenção de fácil entendimento; item 3) manuais de operação e de

manutenção adequados ao material.

E para o Elemento do SLI Treinamento, instrução e suporte ao treinamento,

também apresentaram resultados estatísticos com a mesma significância, os três itens:

item 1) reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido; item

2) definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos

instrutores e monitores; item 3) adequação dos equipamentos de treinamento e meios

auxiliares de instrução.

Conclui-se, por fim, que há diferença estatisticamente significante entre os itens

constituintes dos Elementos do SLI, somente para o Segmento Militar e em relação

aos seguintes tópicos: a) Ferramental especial, equipamentos de suporte e de

testes, b) Suprimento, c) Pessoal Especializado; d) Treinamento, instrução e

suporte ao treinamento.

5.1.10 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por

Elemento do SLI

Prosseguindo, compara-se na Tabela 16 o Segmento Militar e o Segmento

Industrial para cada Elemento de SLI considerado, utilizando-se o teste de Mann-

Whitney.

Page 131: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

129

Tópicos Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Manutenção Industria 4,11 4 0,93 5 9 0,61

0,051 Militares 4,61 5 0,67 5 233 0,09

Ferramental Industria 4,56 5 0,53 5 9 0,34

0,675 Militares 4,58 5 0,63 5 232 0,08

Suprimento Industria 4,44 5 0,73 5 9 0,47

0,043 Militares 4,78 5 0,52 5 234 0,07

Embalagem Industria 2,89 3 0,93 3 9 0,61

0,005 Militares 3,76 4 0,82 4 232 0,11

Documentação técnica Industria 4,78 5 0,44 5 9 0,29

0,325 Militares 4,53 5 0,71 5 230 0,09

Instalações Industria 4,11 4 0,78 4 9 0,51

0,279 Militares 4,36 4 0,72 5 233 0,09

Pessoal Esp. Industria 4,00 4 1,00 4 9 0,65

<0,001 Militares 4,78 5 0,54 5 233 0,07

Treinamento Industria 4,67 5 0,71 5 9 0,46

0,826 Militares 4,69 5 0,54 5 233 0,07

Suporte Industria 3,11 3 0,78 3 9 0,51

0,001 Militares 4,08 4 0,74 4 232 0,09

Confiabilidade Industria 4,11 4 0,60 4 9 0,39

0,120 Militares 4,42 5 0,66 5 234 0,08

Ger. Configuração Industria 4,11 4 0,60 4 9 0,39

0,874 Militares 4,04 4 0,74 4 231 0,10

Req. Operacionai Industria 4,11 4 0,78 4 9 0,51

0,602 Militares 4,22 4 0,76 4 233 0,10

Obsolescência Industria 3,78 4 1,20 5 9 0,79

0,958 Militares 3,86 4 0,78 4 231 0,10

Descarte Industria 3,11 3 0,78 3 9 0,51

0,166 Militares 3,53 4 0,93 4 232 0,12

Tabela 16: Compara os Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor

Concluí-se que existe diferença estatisticamente significante entre os grupos

para: Suprimento; Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte; Pessoal

especializado e Suporte e recursos computacionais (todos com p-valores abaixo de

0,05). Nota-se que, dos Elementos do SLI relevantes (assinalados em amarelo), a

média do Segmento Militar só não é maior que a do Segmento Industrial para o tópico

Documentação Técnica.

Para os Elementos Suprimento e Pessoal Especializado, o Segmento Militar,

apresenta média maior do que da Indústria e tem um p-valor abaixo do valor de corte,

ou seja, são significativamente mais importantes para os Militares do que para a

Indústria.

Page 132: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

130

5.1.11 Comparação entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial por itens

dos Elementos do SLI

Continuando com a comparação entre os dois segmentos, analisa-se agora os

resultados para os itens em cada um dos tópicos, utilizando-se o teste de Mann-

Whitney, cujo resultado é apresentado na Tabela 17:

Itens Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Manutenção

Item 1 Industria 1,89 2 0,93 1 9 0,61

0,834 Militares 1,96 2 0,92 1 232 0,12

Item 2 Industria 2,22 2 0,83 3 9 0,54

0,364 Militares 1,98 2 0,77 2 232 0,10

Item 3 Industria 1,89 2 0,78 2 9 0,51

0,500 Militares 2,06 2 0,75 2 232 0,10

Ferramental

Item 1 Industria 1,67 1 0,87 1 9 0,57

0,438 Militares 1,88 2 0,84 1 231 0,11

Item 2 Industria 2,33 2 0,71 2 9 0,46

0,062 Militares 1,85 2 0,76 2 231 0,10

Item 3 Industria 2,00 2 0,87 3 9 0,57

0,325 Militares 2,27 2 0,78 3 231 0,10

Suprimento

Item 1 Industria 2,33 2 0,71 2 9 0,46

0,151 Militares 1,93 2 0,84 1 229 0,11

Item 2 Industria 1,44 1 0,53 1 9 0,34

0,104 Militares 1,90 2 0,80 1 229 0,10

Item 3 Industria 2,22 3 0,97 3 9 0,63

0,771 Militares 2,17 2 0,79 3 229 0,10

Embalagem

Item 1 Industria 2,25 2 0,71 2 8 0,49

0,192 Militares 1,87 2 0,86 1 229 0,11

Item 2 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

0,457 Militares 2,11 2 0,83 3 229 0,11

Item 3 Industria 1,88 2 0,83 1 8 0,58

0,594 Militares 2,02 2 0,74 2 229 0,10

Documentação

Item 1 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

0,993 Militares 1,86 2 0,85 1 230 0,11

Item 2 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

0,487 Militares 2,04 2 0,85 3 230 0,11

Item 3 Industria 1,88 2 0,64 2 8 0,44

0,363 Militares 2,10 2 0,73 2 230 0,09

Instalações

Item 1 Industria 1,88 2 0,83 1 8 0,58

0,720 Militares 1,79 2 0,86 1 227 0,11

Item 2 Industria 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69

0,989 Militares 2,14 2 0,84 3 227 0,11

Item 3 Industria 2,00 2 0,76 2 8 0,52

0,768 Militares 2,07 2 0,70 2 227 0,09

Pessoal Esp. Item 1 Industria 2,00 2 0,93 3 8 0,64

0,523 Militares 1,80 2 0,81 1 227 0,11

Page 133: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

131

Item 2 Industria 1,88 2 0,83 2 8 0,58

0,348 Militares 2,15 2 0,80 3 227 0,10

Item 3 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58

0,802 Militares 2,05 2 0,80 2 227 0,10

Treinamento

Item 1 Industria 2,13 2,5 0,99 3 8 0,69

0,418 Militares 1,86 2 0,86 1 228 0,11

Item 2 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58

0,624 Militares 1,97 2 0,88 1 228 0,11

Item 3 Industria 1,75 2 0,71 2 8 0,49

0,096 Militares 2,17 2 0,68 2 228 0,09

Suporte

Item 1 Industria 2,13 2 0,64 2 8 0,44

0,236 Militares 1,83 2 0,75 2 229 0,10

Item 2 Industria 1,88 1,5 0,99 1 8 0,69

0,491 Militares 2,10 2 0,87 3 229 0,11

Item 3 Industria 2,00 2 0,93 1 8 0,64

0,813 Militares 2,07 2 0,80 3 229 0,10

Confiabilidade

Item 1 Industria 2,50 2,5 0,53 3 8 0,37

0,044 Militares 1,89 2 0,87 1 228 0,11

Item 2 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

0,598 Militares 1,90 2 0,83 1 228 0,11

Item 3 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

0,107 Militares 2,21 2 0,71 2 228 0,09

Ger. Configuração

Item 1 Industria 2,38 3 0,92 3 8 0,63

0,183 Militares 1,95 2 0,88 1 225 0,12

Item 2 Industria 2,38 2 0,52 2 8 0,36

0,029 Militares 1,80 2 0,76 1 225 0,10

Item 3 Industria 1,25 1 0,46 1 8 0,32

<0,001 Militares 2,26 2 0,73 3 225 0,10

Req. Operacionais

Item 1 Industria 1,75 1,5 0,89 1 8 0,61

0,797 Militares 1,67 1 0,79 1 226 0,10

Item 2 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

0,556 Militares 2,09 2 0,78 2 226 0,10

Item 3 Industria 2,00 2 0,76 2 8 0,52

0,354 Militares 2,24 2 0,77 3 226 0,10

Obsolescência

Item 1 Industria 2,25 2,5 0,89 3 8 0,61

0,174 Militares 1,84 2 0,82 1 226 0,11

Item 2 Industria 1,63 1,5 0,74 1 8 0,52

0,236 Militares 1,96 2 0,78 2 226 0,10

Item 3 Industria 2,13 2 0,83 3 8 0,58

0,751 Militares 2,21 2 0,81 3 226 0,11

Descarte

Item 1 Industria 2,00 2 0,93 1 8 0,64

0,416 Militares 1,75 2 0,79 1 227 0,10

Item 2 Industria 1,50 1 0,76 1 8 0,52

0,084 Militares 2,02 2 0,84 3 227 0,11

Item 3 Industria 2,50 2,5 0,53 2 8 0,37

0,367 Militares 2,23 2 0,75 3 227 0,10

Tabela 17: Compara os itens dos Elementos do SLI para o Segmento Militar e Segmento Industrial Fonte: elaborado pelo autor

Page 134: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

132

Foram significantes apenas o Item 1 de Confiabilidade e os Itens 2 e 3 para

Gerenciamento de Configurações. Verifica-se, assim, que existem poucas diferenças

estatisticamente significantes entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial para

os itens dos Elementos do SLI.

5.1.12 Comparação dos ramos de atividade do Segmento Militar

Nesta seção, analisa-se o Segmento Militar, utilizando-se como ferramenta o

teste de Kruskal-Wallis, a fim de verificar a relevância estatística entre os ramos de

atividade militar considerados na pesquisa, para cada Elemento de Suporte Logístico

Integrado.

Média Mediana Desvio Padrão

Moda N IC P-valor

Manutenção

Decisório 4,60 5 0,66 5 162 0,10

0,664 Ensino 4,56 5 0,78 5 41 0,24

Técnico 4,73 5 0,52 5 30 0,19

Ferramental

Decisório 4,57 5 0,64 5 161 0,10

0,591 Ensino 4,66 5 0,62 5 41 0,19

Técnico 4,57 5 0,63 5 30 0,22

Suprimento

Decisório 4,80 5 0,53 5 163 0,08

0,171 Ensino 4,78 5 0,47 5 41 0,15

Técnico 4,67 5 0,55 5 30 0,20

Embalagem

Decisório 3,78 4 0,84 4 161 0,13

0,644 Ensino 3,80 4 0,71 4 41 0,22

Técnico 3,63 4 0,85 4 30 0,30

Documentação

Decisório 4,52 5 0,72 5 161 0,11

0,957 Ensino 4,55 5 0,68 5 40 0,21

Técnico 4,55 5 0,74 5 29 0,27

Instalações

Decisório 4,37 4 0,70 5 162 0,11

0,941 Ensino 4,37 4 0,73 5 41 0,22

Técnico 4,30 4 0,79 5 30 0,28

Pessoal Esp.

Decisório 4,78 5 0,57 5 162 0,09

0,688 Ensino 4,76 5 0,49 5 41 0,15

Técnico 4,77 5 0,50 5 30 0,18

Treinamento

Decisório 4,68 5 0,57 5 163 0,09

0,444 Ensino 4,78 5 0,42 5 40 0,13

Técnico 4,63 5 0,49 5 30 0,18

Suporte

Decisório 4,06 4 0,74 4 161 0,11

0,765 Ensino 4,15 4 0,73 4 41 0,22

Técnico 4,13 4 0,73 4 30 0,26

Confiabilidade

Decisório 4,43 5 0,64 5 163 0,10

0,981 Ensino 4,39 5 0,70 5 41 0,22

Técnico 4,40 5 0,72 5 30 0,26

Ger. Configuração

Decisório 4,01 4 0,72 4 160 0,11 0,425

Ensino 4,15 4 0,82 4 41 0,25

Page 135: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

133

Técnico 4,07 4 0,74 4 30 0,26

Req. Operacionais

Decisório 4,24 4 0,72 4 162 0,11

0,384 Ensino 4,29 4 0,81 4 41 0,25

Técnico 4,03 4 0,89 4 30 0,32

Obsolescência

Decisório 3,89 4 0,77 4 161 0,12

0,656 Ensino 3,83 4 0,75 4 40 0,23

Técnico 3,73 4 0,91 4 30 0,32

Descarte

Decisório 3,58 4 0,93 4 161 0,14

0,296 Ensino 3,49 3 0,81 3 41 0,25

Técnico 3,27 3 1,11 3 30 0,40

Tabela 18: Compara Ramo de Atividade por Tópico Fonte: elaborado pelo autor

Da análise da Tabela 18, conclui-se que não existe diferença estatisticamente

significante entre os ramos de atividades militares � nível decisório, nível técnico e

nível ensino - em relação aos Elementos de Suporte Logístico Integrado.

Page 136: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

134

6 CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES

Ao concluir o presente estudo, observa-se que existem desafios significativos para

o apoio e manutenção de um sistema militar complexo, com conseqüências relevantes

no processo decisório para a aquisição desse tipo de equipamento.

Isso torna-se especialmente evidente, haja vista que o Brasil é um país que

tradicionalmente investe pouco em defesa. Em conseqüência, resulta no fato de que,

usualmente, as Forças Armadas brasileiras têm adquirido sistemas militares complexos

de países desenvolvidos (equipamentos de segunda mão), por falta do incentivo à

pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias nacionais.

Tem-se como reflexo o fato de que o Brasil é, normalmente, o usuário final desses

equipamentos de alta tecnologia que se encontram na fase final do seu ciclo de vida.

Dessa forma, tais sistemas tendem a apresentar uma alta taxa de falha e são mais

suscetíveis à obsolescência.

Torna-se evidente a necessidade pela busca de soluções modernas com maior

efetividade na aplicação dos recursos públicos, a fim de que seja atingido o melhor

custo-benefício na aquisição de novos sistemas militares com as exigências

tecnológicas atuais, mantendo-os operacionais durante a vida útil estimada.

Verificou -se a necessidade da implantação de práticas inovadoras nos processos

de aquisição de sistemas militares complexos, com os consequentes reflexos na

implementação e avaliação das políticas e estratégias relacionadas a esse assunto

Chegou-se à conclusão de que a normatização e validação de um processo �sui

generis�, adequado à realidade do Exército Brasileiro, que seja capaz de padronizar

procedimentos, e que vise a identificar os parâmetros determinantes da melhor relação

custo-benefício, é uma ferramenta relevante no apoio à decisão para as aquisições de

sistemas militares complexos.

Nesse contexto, o processo delineado como Suporte Logístico Integrado (SLI),

que abrange o estado da arte referente à logística de material de emprego militar, foi o

alvo da investigação do presente estudo científico. Buscou-se verificar se a inserção da

análise de elementos do SLI durante o processo decisório que vise à aquisição de

sistemas militares complexos, poderia fornecer subsídios relevantes ao

desenvolvimento e à manutenção das capacidades desses sistemas de armas.

Page 137: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

135

Nesse sentido, conclui-se que existe diferença estatisticamente significante entre

todos os Elementos de Suporte Logístico Integrado nas três comparações realizadas:

Segmento Militar, Subgrupo de Oficiais-Generais e Segmento Industrial.

Tal constatação prova a importância da investigação científica realizada no

presente trabalho, no sentido de investigar a influência relativa das variáveis

componentes (P) - elementos de Suporte Logístico Integrado � sobre a variável

dependente (Y): fase decisória do processo de aquisição de sistema militar complexo.

Por meio da pesquisa científica realizada, constatou-se que apenas algumas

variáveis componentes do conceito global do SLI se configuram como

responsáveis decisivas pela variável dependente considerada: fase decisória do

processo de aquisição de sistema militar complexo.

Assim, para o Exército Brasileiro, apenas alguns Elementos do Suporte Logístico

Integrado têm importância relativa considerável e estatisticamente relevante para

influenciar o processo de tomada de decisão de um sistema militar complexo.

Este estudo científico buscou verificar quais variáveis componentes do conceito

global do Suporte Logístico Integrado se configuram como responsáveis decisivas pela

variável dependente considerada: a fase decisória do processo de aquisição de sistema

militar complexo.

Nesse sentido, a pesquisa considerou que o resultado de significância estatística

constatado pelo Segmento Militar e pelo Segmento Industrial devem receber tratamento

igualitário, a fim de que processo decisório seja completo, incluindo todas as variáveis

de relevância científica encontradas.

Assim, pode-se inferir que os Elementos de Suporte Logístico Integrado que

possuem importância relativa considerável e estatisticamente relevante, atuando

como Vetores de Transformação (DOAMEPI), capazes para influenciar o ciclo de

vida dos materiais, e, por conseqüência, o processo de tomada de decisão de um

sistema militar complexo pelo Exército Brasileiro, são:

Ø Pessoal Especializado

Ø Treinamento

Ø Suprimento

Ø Ferramental

Page 138: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

136

Ø Documentação técnica

Ø Plano de Manutenção

Concluiu-se, também, que não existe diferença estatisticamente significante

entre os ramos de atividades militares � nível decisório, nível técnico e nível

ensino - em relação aos Elementos de Suporte Logístico Integrado.

O estudo também permitiu concluir que o Segmento Militar e o Segmento

Industrial consideram que há 03 (três) Elementos do SLI considerados com menor

relevância estatística, que são: a) Obsolescência; b) Descarte; c) Embalagem,

manuseio, armazenagem e transporte.

O presente trabalho também avaliou atividades relacionadas a cada Elemento do

SLI, a fim de estabelecer um escalonamento de prioridade entre elas quando da

aquisição de sistemas militares complexos.

Verificou-se que existem poucas diferenças estatisticamente significantes

entre o Segmento Militar e o Segmento Industrial para os itens considerados dos

Elementos do SLI.

Para o Segmento Militar, houve diferença estatística relevante entre parte dos

itens apresentados, o que permite ao presente estudo apresentar uma sugestão em

relação ao estabelecimento de prioridades em futuros processos de aquisição de

sistemas militares complexos. Assim, para os seis elementos do SLI considerados com

relevância estatística, sugere-se a seguinte sequência de atividades a serem

desenvolvidas, em ordem de prioridade:

Plano de Manutenção Prioridade

- Estabelecimento da relação homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão

- Definição dos níveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria

- Definição dos escalões de manutenção

Ferramental Especial, Equipamentos de Suporte e de Testes Prioridade

1ª - Definição das necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção

Page 139: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

137

- Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes

- Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste

Suprimento Prioridade

1ª - Definição do nível mínimo de estoque

2ª - Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção

- Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento

Documentação técnica Prioridade

- Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação

- Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento

- Manuais de operação e de manutenção adequados ao material

Pessoal Especializado Prioridade

- Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema

- Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção

2ª - Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)

Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento Prioridade

1ª - Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução

- Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido

- Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores

Tabela 19: Sequência de atividades do SLI Fonte: elaborado pelo autor

Esses 06 Elementos do SLI - Plano de Manutenção; Ferramental Especial,

Equipamentos de Suporte e de Testes; Suprimento; Documentação Técnica; Pessoal

Especializado; Treinamento, Instrução e Suporte ao Treinamento - devem ser avaliados

na etapa da concepção integrada da fase de formulação conceitual da Gestão do Ciclo

de Vida dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (EB10-IG-01.018), momento em

que possibilitará as melhores condições para o criação, desenvolvimento e manutenção

Page 140: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

138

das capacidades, que levarão à transformação militar, necessária ao cumprimento das

missões constitucionais pelo Exército Brasileiro, conforme ilustrado na Tabela 20

abaixo:

EB10-IG-01.018

1ª Fase Formulação conceitual

Diretriz de Iniciação de Projeto - elaboração da Compreensão das Operações (COMOP) Concepção integrada do SMEM

1ª Reunião Decisória - determinará o prosseguimento ou não do ciclo de vida para a fase de obtenção

2ª Fase Obtenção Ordem emanada na 1ª RD para que seja dado prosseguimento à obtenção dos SMEM

Tabela 20: Momento de análise dos elementos mais relevantes do SLI Fonte: elaborado pelo autor

Assim, o presente trabalho identificou quais Elementos de Suporte Logístico

Integrado são determinantes das decisões estratégicas dos processos de aquisição de

sistemas militares complexos no Exército Brasileiro.

_______________________________________ EMERSON LUÍS DE ARAÚJO PÂNGARO - TC

Page 141: Aquisiçªo de sistemas militares complexos e o Suporte ...

139

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR

CARTA AO ENTREVISTADO Nota de envio de e-mail Prezado senhor, Atualmente estou cursando o Doutorado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica que é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. O senhor foi selecionado por pertencer a um ou mais dos seguintes universos da pesquisa: a) tomador de decisão ou assessor dos altos escalões do Comando do Exército; b) especialista servindo em Organização Militar (OM) responsável pela manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro; c) especialista servindo em Organização Militar (OM) responsável pela instrução de manutenção das viaturas blindadas de combate do Exército Brasileiro. A sua participação é muito importante para a validação do processo da pesquisa. O prazo final para o preenchimento da pesquisa é 14 AGO 17!! Link da pesquisa: [LinkDePesquisa] Cordialmente

Tenente Coronel PANGARO

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SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO Prezado entrevistado, Atualmente estou cursando o Doutorado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica para a minha tese por meio do questionário anexo. Este é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. Eu ficaria extremamente agradecido se o Senhor pudesse dispensar uma parcela do seu valioso tempo para responder e completar o questionário a fim de que possam ser obtidos dados para a pesquisa empírica. A pesquisa empírica diz respeito ao Suporte Logístico Integrado em veículos blindados. A solução completa ao questionário não deve tomar mais do que 15 minutos do seu tempo. A pesquisa busca determinar em que medida os elementos de Suporte Logístico Integrado, devido à sua importância, podem ser determinantes das decisões estratégicas no âmbito dos processos de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. Solicito que sejam respondidas todas as questões com a maior atenção e veracidade possível, usando a sua experiência pessoal e profissional acerca do Suporte Logístico Integrado para veículos blindados. A resposta será útil se enviada até 30 de julho de 2017. Agradeço muitíssimo pela sua paciência, cooperação e apoio à realização desse trabalho. Sinceramente Emerson Luís de Araújo Pângaro � Ten Cel

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QUESTIONÁRIO SEGMENTO MILITAR SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO

Ao responder esse questionário, declaro para todos os fins ter sido orientado quanto ao seu teor e compreendido a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

Concordo*

*A sua não aceitação inabilitará a participação e conclusão deste questionário Solicito a gentileza de responder às questões abaixo, marcando com um �X� a opção que melhor retrate o seu posicionamento acerca do questionado. SEÇÃO A: INFORMAÇÃO GERAL � somente para fins estatísticos Embora as perguntas dentro desta seção possam ser pessoais, solicito que preencha as opções, pois todas as informações serão mantidas em sigilo. A informação poderá ser utilizada apenas para fins demográficos estatísticos. Sua identidade será totalmente preservada. 1) Gênero Masculino Feminino 2) Em qual ramo é sua atividade principal de atuação atual

Tomador de decisões ou assessor de alto nível decisório

Técnico Instrução/Ensino

3) Qual a sua formação básica

Curso de Oficiais de Cavalaria (AMAN)

Curso de Oficiais do Quadro de Material Bélico (AMAN)

Curso de Oficiais do Quadro de Engenheiros Militares (IME)

Curso de Oficiais da AMAN (outra Arma)

Curso de mecânico de armamento (Mec Mnt Armt)

Curso de mecânico de viaturas (Mec Vtr Auto) 4) Qual o seu ano ou turma de formação

1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981

1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

2014 2015 2016

5) Qual o seu posto ou graduação

General de Exército

General de Divisão

General de Brigada

Coronel

Tenente-Coronel

Major Capitão Primeiro Tenente

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152

Segundo Tenente

Aspirante a Oficial

Subtenente Primeiro Sargento

Segundo Sargento

Terceiro Sargento

Cabo Soldado

6) Se oficial, marque os cursos que possui

AMAN EsAO IME CAEM CPEAEx Mestrad

o em Operações Militares

Mestrado em Ciências Militares

Mestrado do IME ou outra Instituição de Ensino Superior

Doutorado em Ciências Militares

Doutorado do IME ou outra Instituição de Ensino Superior

7) Qual sua Organização Militar (OM)

Pq R Mnt/3

AGSP Pq R Mnt/9

Es S Log

C I Bld

COLOG EME AMAN EsAO ECEMEOutra

______________________

SEÇÃO B: NOTA DE ESCLARECIMENTO CONCEITUAL

O Suporte Logístico Integrado (SLI) surgiu da necessidade da busca de soluções

modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção de

equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida.

As Forças Armadas, impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela

natureza de emprego e evolução do teatro de operações, requerem tecnologias cada

vez mais avançadas, foram as predecessoras no estabelecimento de uma nova

sistemática que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas.

Após longo debate doutrinário, atualmente há o consenso comum de que o

Suporte Logístico integrado é a solução que engloba todas as considerações

necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um

sistema/equipamento durante seu ciclo de vida.

O Suporte Logístico Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre

os elementos logísticos de um sistema. Os principais elementos de um SLI relacionados

a todo o ciclo de vida de um sistema operacional são:

1. Plano de Manutenção;

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153

2. Pessoal especializado;

3. Suprimento;

4. Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes;

5. Documentação técnica;

6. Treinamento, instrução e suporte ao treinamento;

7. Suporte e recursos computacionais;

8. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade;

9. Gerenciamento;

10. Requisitos operacionais do sistema;

11. Instalações e infraestrutura;

12. Embalagem, armazenagem, manuseio e transporte;

13. Obsolescência e descarte.

A presente pesquisa visa à análise dos elementos acima, constituintes do

Suporte Logístico Integrado, para constatar sua importância relativa, concluindo-se

sobre aqueles que podem influenciar decisivamente o processo de aquisição de

viaturas blindadas de combate e outros sistemas militares complexos pelo Exército

Brasileiro.

SEÇÃO C: SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO

Por favor, avalie a importância dos seguintes itens com relação aos elementos de

suporte logístico integrado e como eles influenciam o processo decisório de

aquisição de viaturas blindadas de combate, em uma escala de 1 a 5, onde "5" é o

mais importante e "1" é o menos importante.

OBS: Após selecionar um item, caso o Sr deseje alterar sua resposta, basta selecionar outro item que o Sr avalie mais adequado. Só é possível marcar uma alternativa por questão. As questões são independentes, portanto a prioridade atribuída a uma questão poderá ser repetida nas demais.

8a) Plano de Manutenção 1 2 3 4 5

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8b) Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte

1 2 3 4 5

8c) Suprimento 1 2 3 4 5

8d) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte

1 2 3 4 5

8e) Documentação técnica 1 2 3 4 5

8f) Instalações e infraestrutura 1 2 3 4 5

8g) Pessoal especializado 1 2 3 4 5

8h) Treinamento, instrução e suporte ao treinamento

1 2 3 4 5

8i) Suporte e recursos computacionais 1 2 3 4 5

8j) Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade

1 2 3 4 5

8k) Gerenciamento da configuração 1 2 3 4 5

8l) Requisitos operacionais do sistema 1 2 3 4 5

8m) Obsolescência 1 2 3 4 5

8n) Descarte 1 2 3 4 5

Na sua opinião, por favor classifique em ordem de importância as opções para cada elemento do SLI considerado, em uma escala de 1 a 3, em que: a mais importante = "3� e a menos importante = "1". OBS: ao clicar e atribuir uma prioridade a uma assertiva, o sistema ordenará automaticamente as outras 02. Contudo, o Sr poderá ordenar a segunda e a terceira assertivas, bastando para isso atribuir a prioridade desejada a cada uma delas.

9) Plano de Manutenção

Definição dos escalões de manutenção

Estabelecimento da relação homem/hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão

Definição dos niveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e indústria

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10) Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes

Definição das necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção

Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes

Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste

11) Suprimento

Definição do nível mínimo de estoque

Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento

Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção

12) Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte

Instalações adequadas para armazenagem do suprimento (espaço, volume, meio ambiente, condições de umidade, etc)

Condições de embalagem, manuseio e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento

Suporte e recursos computacionais compatíveis e adequados ao gerenciamento do suprimento em estoque

13) Documentação técnica

Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento

Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação

Manuais de operação e de manutenção adequados ao material

14) Instalações e infraestrutura

Adequação das instalações e infraestrutura às atividades operacionais e de manutenção (piso, garagens, talhas, depósitos, etc)

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Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às condições ambientais (controle de temperatura e umidade, controle de resíduos, etc)

Adequação das instalações de manutenção e depósito para a distribuição e fluxo do suprimento

15) Pessoal especializado

Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção

Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema

Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)

16) Treinamento, instrução e suporte ao treinamento

Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido

Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores

Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução

17) Suporte e recursos computacionais

Identificação dos requisitos de software para apoio à operação e manutenção do sistema

Definição da política de proteção de dados e dos direitos autorais do software

Teste e verificação da precisão e eficiência do software

18) Confiabilidade, Condução de análises de confiabilidade,

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disponibilidade e sustentabilidade

manutenção e disponibilidade

Definição do nível de disponibilidade operacional desejado

Identificação de peças e conjuntos com excessivo número de falhas

19) Gerenciamento da configuração

Adaptação contínua em função das experiências operacionais

Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros de emprego

Adaptação ou integração de novos subsistemas

20) Requisitos operacionais do sistema

Definição dos parâmetros de rendimento do sistema

Definição do ciclo de vida do sistema

Definição das necessidades operacionais de emprego do sistema

21) Obsolescência

Definição contratual do gerenciamento da obsolescência

Definição da obsolescência de ferramental especial e software

Monitoramento das condições dos fornecedores de produtos críticos

22) Descarte

Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a melhor relação custo-benefício

Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros produtos

Adequação da reciclagem, reaproveitamento ou descarte em atendimento aos requisitos ambientais e ecológicos

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SEGMENTO INDUSTRIAL

CARTA AO ENTREVISTADO

Nota de envio de e-mail Dear respondent Prezado senhor, As contact already established, your company was willing to collaborate with the empirical research that I am conducting to verify the importance of the Integrated Logistic Support (ILS) elements in the acquisition process of complex military systems. Conforme contato já estabelecido, a sua empresa se dispôs a colaborar com a pesquisa empírica que estou conduzindo para verificar a importância dos elementos do Suporte Logístico Integrado (SLI) no processo de aquisição de sistemas militares complexos. You were selected because you are an ILS specialist and belong to one of the following companies participating in the research: - German Industries:

a) Krauss-Maffei Wegmann (KMW); and b) Rheinmetall Landsysteme (RLS)

- Brazilian Industries:

a) AVIBRÁS; e b) IVECO

O senhor foi selecionado por ser especialista em SLI e pertencente a uma das seguintes empresas participantes da pesquisa: - Indústrias Alemãs: a) Krauss-Maffei Wegmann; e b) Rheinmetall Landsysteme (RLS). - Indústrias Brasileiras: a) AVIBRÁS; e b) IVECO. Your participation is very important for the validation of the research process and to allow the research to identify opportunities for improvement the acquisition process of complex military systems by the Brazilian Army. A sua participação é muito importante para a validação do processo da pesquisa e para permitir à pesquisa identificar oportunidades de melhorias no processo de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro.

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The deadline for completing this survey is 10th SEPT 17!! O prazo final para o preenchimento da pesquisa é 10 SET 17!! Cordially, Cordialmente, LtCol / Tenente Coronel PANGARO

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REQUEST TO ANSWER A QUESTIONNAIRE SOLICITAÇÃO PARA RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO

Dear respondent, Prezado entrevistado I am currently an enrolled student for the Doctor of Military Sciences Degree at Brazilian Army General Staff School (Meira Mattos Institute). I am conducting empirical research for my thesis via the attached questionnaire. This is in partial fulfillment of the requirements for this Degree. Atualmente estou cursando o Doutorado em Ciências Militares na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Instituto Meira Mattos). Estou conduzindo uma pesquisa empírica para a minha tese por meio do questionário anexo. Este é um requisito parcial para a conclusão do Doutorado. I would be extremely grateful if you would take some of your valuable time to respond and complete the attached questionnaire in order that I may obtain data for the empirical research. The empirical research being conducted concerns to Integrated Logistics Support of Armored Combat Vehicles. The questionnaire should not take more than 15 minutes of your time to complete. Eu ficaria extremamente agradecido se o Senhor pudesse dispensar uma parcela do seu valioso tempo para responder e completar o questionário anexo a fim de que possam ser obtidos dados para a pesquisa empírica. A pesquisa empírica diz respeito ao Suporte Logístico Integrado em veículos blindados. A solução completa ao questionário não deve tomar mais do que 15 minutos do seu tempo. The scope of this study is to determinate in what extent the Integrated Logistics Support elements, due to their relevance, can influence the strategic decision regarding complex military system acquisition process in the Brazilian Army. A pesquisa busca determinar em que medida os elementos de Suporte Logístico Integrado, devido à sua importância, podem ser determinantes das decisões estratégicas no âmbito dos processos de aquisição de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. It is very important to mention that all questions shall be answered with all your attention and as truly as possible, using your personal and professional experience about Integrated Logistics Support for armored vehicles. Solicito que sejam respondidas todas as questões com a maior atenção e veracidade possível, usando a sua experiência pessoal e profissional acerca do Suporte Logístico Integrado para veículos blindados. Your answer will be useful if sent till 10th September 2017. A resposta será útil se enviada até 10 de Setembro de 2017.

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I thank you a lot for your patience, cooperation and support to the accomplishment of this work. Agradeço muitíssimo pela sua paciência, cooperação e apoio à realização desse trabalho. Sincerely yours, Sinceramente Emerson Luís de Araújo Pângaro � Lt Col/Ten Cel

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QUESTIONNAIRE � INTEGRATED LOGISTICS SUPPORT INDUSTRY

QUESTIONÁRIO - SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO INDÚSTRIA

In answering this questionnaire, I declare for all purposes that I have been instructed as to the content of all mentioned here and understood the nature and purpose of the study, I manifest my consent to participate, being fully aware that there is no economic value, received or paid for my participation. Ao responder esse questionário, declaro para todos os fins ter sido orientado quanto ao seu teor e compreendido a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

I agree / Concordo*

*If you do not agree, you will not be able to participate and conclude this questionnaire *A não aceitação inabilitará a participação e conclusão deste questionário

SECTION A: GENERAL INFORMATION � only for statistical purposes SEÇÃO A: INFORMAÇÃO GERAL � somente para fins estatísticos Although the questions in this section may be personal, I kindly ask you to fill them out, since all information will be kept in secret. The information will be used only for demographic statistical purposes. Your identity will be entirely preserved. Embora as perguntas dentro desta seção possam ser pessoais, solicito que preencha as opções, pois todas as informações serão mantidas em sigilo. A informação poderá ser utilizada apenas para fins demográficos estatísticos. Sua identidade será totalmente preservada. 1) Gender/Gênero Male/Masculino Female/Feminino 2) In which direction is your basic training? Qual a sua formação básica?

Engineering Engenharia

Financial Finanças

Management Gerenciamento

3) Age/Idade 4) Organization

name Organização

5) Current main system/project involved with

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Principal sistema ou projeto em que está envolvido SECTION B: CONCEPT CLARIFICATION NOTE SEÇÃO B: NOTA DE ESCLARECIMENTO CONCEITUAL Integrated Logistic Support (ILS) arose from the need to search for modern and creative solutions which call for the reduction of maintenance costs of technologically complex equipment throughout its life cycle. O Suporte Logístico Integrado (SLI) surgiu da necessidade da busca de soluções modernas e criativas que implicassem na redução dos custos de manutenção de equipamentos de alta complexidade tecnológica durante todo o seu ciclo de vida. Various Armed Forces, driven by demand of equipment that by the nature of employment and development of theater of operations, increasingly require advanced technologies, were the forerunners in establishing a new system that would suit contemporary logistic demands. Diversas Forças Armadas, impulsionadas pela demanda de equipamentos que, pela natureza de emprego e evolução do teatro de operações, requerem tecnologias cada vez mais avançadas, foram as predecessoras no estabelecimento de uma nova sistemática que pudesse se adequar às demandas logísticas contemporâneas. After long doctrinal debate, currently there is common consensus that the Integrated Logistic Support is the solution that encompasses all the considerations necessary to ensure the effective and economically viable support for a system / equipment during its life cycle. Após longo debate doutrinário, atualmente há o consenso comum de que o Suporte Logístico integrado é a solução que engloba todas as considerações necessárias para assegurar o apoio efetivo e economicamente mais viável para um sistema/equipamento durante seu ciclo de vida. Integrated Logistic Support is characterized by harmony and coherence between the logistical elements of a system. The main elements of an ILS related to the entire life cycle of an operating system are: 1. Maintenance Plan; 2. Specialized personnel; 3. Supply; 4. Special tooling, support equipment and testing; 5. Technical Documentation; 6. Training, education and training support; 7. Support and computing resources; 8. Reliability, availability, and sustainability; 9. Management;

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10. System operational requirements; 11. Facilities and infrastructure; 12. Packaging, storage, handling and transportation; 13. Obsolescence and disposal. O Suporte Logístico Integrado é caracterizado pela harmonia e coerência entre os elementos logísticos de um sistema. Os principais elementos de um SLI relacionados a todo o ciclo de vida de um sistema operacional são: 1. Plano de Manutenção; 2. Pessoal especializado; 3. Suprimento; 4. Ferramental especial, equipamentos de suporte e de testes; 5. Documentação técnica; 6. Treinamento, instrução e suporte ao treinamento; 7. Suporte e recursos computacionais; 8. Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade; 9. Gerenciamento; 10. Requisitos operacionais do sistema; 11. Instalações e infraestrutura; 12. Embalagem, armazenagem, manuseio e transporte; 13. Obsolescência e descarte. This research aims to analyze the elements above, Integrated Logistic Support constituents, to find their relative importance, concluding on those who can decisively influence the acquisition process of armored combat vehicles and complex military systems by the Brazilian Army. A presente pesquisa visa à análise dos elementos acima, constituintes do Suporte Logístico Integrado, para constatar sua importância relativa, concluindo-se sobre aqueles que podem influenciar decisivamente o processo de aquisição de viaturas blindadas de combate e de sistemas militares complexos pelo Exército Brasileiro. SECTION C: INTEGRATED LOGISTICS SUPPORT SEÇÃO C: SUPORTE LOGÍSTICO INTEGRADO

Please evaluate and rate the SIGNIFICANCE of the following items, as they relate to the Integrated Logistics Support and how they influence the decision making process of armored combat vehicles acquisition. Rate on a scale of 1 to 5, where "5" is the most necessary and "1" is least necessary. NOTE: After selecting an item, if you wish to change your answer, simply click again on the selected item to deselect it, and after that, select one that you rate more appropriate.

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You can mark only one alternative per question. The questions are independent, so the priority given to a question may be repeated in the other.

Por favor, avalie a importância dos seguintes itens com relação aos elementos de suporte logístico integrado e como eles influenciam o processo decisório de aquisição de viaturas blindadas de combate, em uma escala de 1 a 5, onde "5" é o mais importante e "1" é o menos importante. OBS: Após selecionar um item, caso o Sr deseje alterar sua resposta, basta selecionar outro item que o Sr avalie mais adequado. Só é possível marcar uma alternativa por questão. As questões são independentes, portanto a prioridade atribuída a uma questão poderá ser repetida nas demais.

6a) Maintenance Plan/Plano de Manutenção 1 2 3 4 5

6b) Special Tools and Test Equipment (STTE) /Ferramental especial e equipamentos de testes e de suporte

1 2 3 4 5

6c) Supply/Suprimento 1 2 3 4 5

6d) Packing, packaging, handling, storage and transportation/Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte

1 2 3 4 5

6e) Technical documentation/Documentação técnica

1 2 3 4 5

6f) Facilities and infrastructure/Instalações e infraestrutura

1 2 3 4 5

6g) Qualified personnel/Pessoal especializado 1 2 3 4 5

6h) Training, instruction, and training support /Treinamento, instrução e suporte ao treinamento

1 2 3 4 5

6i) Computer resources and support/Suporte e recursos computacionais

1 2 3 4 5

6j) Reliability, availability and sustainability/ Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade

1 2 3 4 5

6k) Management configuration/Gerenciamento da configuração

1 2 3 4 5

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6l) System requirement/Requisitos operacionais do sistema

1 2 3 4 5

6m) Obsolescence/Obsolescência 1 2 3 4 5

6n) Disposal/Descarte 1 2 3 4 5

In your opinion, please rank the assertives related to each considered ILS Element in order of significance, on a scale of 1 to 3, where "3" is the most important and "1" is least important. NOTE: after choosing one priority to one assertive, the system will automatically give one priority to the other two options. Nevertheless, you will be able to classify the second and the third statements according to your understanding, just choosing their priority selecting the corresponding number in the selection box. Na sua opinião, por favor classifique em ordem de importância as opções para cada elemento do SLI considerado, em uma escala de 1 a 3, em que: a mais importante = "3� e a menos importante = "1". OBS: ao clicar e atribuir uma prioridade a uma assertiva, o sistema ordenará automaticamente as outras 02. Contudo, o Sr poderá ordenar a segunda e a terceira assertivas, bastando para isso atribuir a prioridade desejada a cada uma delas.

7) Maintenance Plan/Plano de Manutenção

Definition of Maintenance Echelons/Definição dos escalões de manutenção

Definition of man-hour relationship to preventive maintenance activities related to each echelon/Estabelecimento da relação homem-hora para as atividades de manutenção preventiva em cada escalão

Definition of maintenance levels for: Unit, Logistic Batallion, Maintenance Park, Arsenal, Industry/Definição dos niveis de manutenção: OM, Batalhão Logístico, Parque Regional de Manutenção, Arsenal de Guerra e Indústria

8) Special Tools and Test Equipment (STTE) /Ferramental especial,

Special Tools and Test Equipment (STTE) needs according to echelons and maintenance levels/Definição das

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equipamentos de suporte e de testes

necessidades de ferramental especial e equipamentos de teste e suporte de acordo com os escalões e níveis de manutenção

Instruction and training standardization for the operation of Special Tools and Test Equipment (STTE)/Padronização da instrução e do treinamento na operação do ferramental especial e equipamentos de testes

Logistics requirements necessary for Special Tools and Test Equipment (STTE)/ Definição dos requisitos logísticos necessários para o ferramental especial e equipamentos de teste

9) Supply/Suprimento

Definition of minimum stock level/Definição do nível mínimo de estoque

Definition of procedures and acceptance tests of supply/Definição dos testes e procedimentos de aceitação do suprimento

Supply pre-positioning for maintenance activities/Pré-posicionamento de suprimento para as atividades de manutenção

10) Packing, packaging, handling, storage and transportation/Embalagem, manuseio, armazenagem e transporte

Appropriate facilities for supply storage (space, volume, enviroment, humidity conditions, etc)/Instalações adequadas para armazenagem do suprimento (espaço, volume, meio ambiente, condições de umidade, etc)

Packing conditions, handling and transportation appropriate to type, dimensions and weight of supply/Condições de embalagem, manuseio e transporte do suprimento adequados ao tipo, dimensões e peso do suprimento

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Support and IT resources compatible and appropriate to suppy management in stock/Suporte e recursos computacionais compatíveis e adequados ao gerenciamento do suprimento em estoque

11)Technical documentation /Documentação técnica

Operation and Maintenance Manuals readable and easy understanding/Manuais de operação e de manutenção de fácil entendimento

Technical documentation standardization by levels of maintenance and operation/ Padronização da documentação técnica por níveis de manutenção e operação

Operation and Maintenance Manuals appropriate to material/Manuais de operação e de manutenção adequados ao material

12) Facilities and infrastructure/Instalações e infraestrutura

Adaptation of facilities and infrastructure to operational and maintenance activities (ground, garages, cranes, depots, etc)/ Adequação das instalações e infraestrutura às atividades operacionais e de manutenção (piso, garagens, gruas, depósitos, etc)

Definition of facilities and infrastructure requirements associated to enviromental conditions (temperature and humidity control, waste control, etc)/Definição dos requisitos das instalações de operação e manutenção associados às condições ambientais (controle de temperatura e umidade, controle de resíduos, etc)

Facilities and infrastructure adequacy to distribution and supply flow/Adequação das instalações de manutenção e depósito para a distribuição e fluxo do suprimento

13) Qualified personnel/ Definition of quantity, requirements,

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Pessoal especializado qualifications and level of specialization of operation and maintenance personnel/ Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização do pessoal de operação e de manutenção

Development of a personnel policy that aims to atract and retain, for a reasonable period, qualified personnel to operate and maintain the system/ Desenvolvimento de uma política de pessoal que vise a atrair e manter nas OM operacionais e de manutenção, por prazo razoável, o pessoal qualificado para operar e manter sistema

Standardization of qualified personnel moving plan (minimum period in a location, moving priority, etc)/Normatização do plano de movimentação do pessoal especializado (tempo mínimo de sede, prioridade na movimentação, etc)

14) Training, instruction, and training support /Treinamento, instrução e suporte ao treinamento

Reutilization of specialized personnel to a new system procured/Reaproveitamento do pessoal especializado para o novo sistema adquirido

Definition of quantity, requirements, qualifications and level of specialization of instructors/Definição da quantidade, requisitos, habilitações e nível de especialização dos instrutores e monitores

Adequacy of training and auxiliary equipment/Adequação dos equipamentos de treinamento e meios auxiliares de instrução

15) Computer resources and support/Suporte e recursos computacionais

Identification of software requirements to support system operation and maintenance/Identificação dos requisitos de software para apoio à operação e

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manutenção do sistema

Definition of data protection and copyright policy of the software/Definição da política de proteção de dados e dos direitos autorais do software

Testing and checking software accuracy and efficiency/Teste e verificação da precisão e eficiência do software

16) Reliability, availability and sustainability/ Confiabilidade, disponibilidade e sustentabilidade

Conduction of reliability, maintenance and availability analysis/Condução de análises de confiabilidade, manutenção e disponibilidade

Setting the desired operational availability percentage/Definição do nível de disponibilidade operacional desejado

Identification of parts and assemblies with excessive number of failures/Identificação de peças e conjuntos com excessivo número de falhas

17)Management configuration/Gerenciamento da configuração

Continuous adaptation based on operational experiences/Adaptação contínua em função das experiências operacionais

Assessment of the operational requirements of the system according to the future employment scenarios/Avaliação dos requisitos operacionais do sistema em função dos cenários futuros de emprego

Adaptation or integration of new subsystems/Adaptação ou integração de novos subsistemas

18) System requirement /Requisitos operacionais do sistema

Definition of the system performance parameters/Definição dos parâmetros de rendimento do sistema

Definition of system life cycle/Definição do

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ciclo de vida do sistema

Definition of system operational needs /Definição das necessidades operacionais de emprego do sistema

19)Obsolescence/ Obsolescência

Contractual definition of obsolescence management/Definição contratual do gerenciamento da obsolescência

Definition of obsolescence of special tooling and software/Definição da obsolescência de ferramental especial e software

Monitoring the conditions of critical product suppliers/Monitoramento das condições dos fornecedores de produtos críticos

20) Disposal/Descarte

Preparation of the system for disposal in order to achieve the best cost-benefit ratio/ Preparação do sistema para o descarte de forma a atingir a melhor relação custo-benefício

Reuse or recycling of subsystems and components in other products/ Reaproveitamento ou reciclagem dos subsistemas e componentes em outros produtos

Adequacy of recycling, reuse or disposal in compliance with environmental and ecological requirements/ Adequação da reciclagem, reaproveitamento ou descarte em atendimento aos requisitos ambientais e ecológicos

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APÊNDICE C - GRÁFICOS

Gráfico 1: Compara Tópicos para Militares Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 2:Compara Tópicos para Generais Fonte: Elaborado pelo autor

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Gráfico 3:Compara Tópicos para Industria Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 4: Compara Itens por Tópico para Militares Fonte: Elaborado pelo autor

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Gráfico 5: Compara Itens por Tópico para Industria Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 6: Compara Militares e Industria por Tópico Fonte: Elaborado pelo autor

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Gráfico 7: Compara Ramo de Atividade por Tópico Fonte: Elaborado pelo autor