ARCO E FLECHA.doc

116
História - Antigüidade Podemos precisar a data de origem de todos os esportes conhecidos nos tempos modernos e antigos, mas como o arqueirismo isso não aconteceu pois todas as informações que possuímos se perdem nas origens mais remotas da civilização humana. Pesquisas feitas em restos arqueológicos trançando-se a presença de Carbono 14, informam a presença do arqueirismo cerca de 25.000 anos atrás, tão antigo portanto como as mais remotas manifestações de civilização, e a descoberta dessa arma formidável pelo homem primitivo assegurou a sua sobrevivência , permitindo caçar, e a se defender ou atacar outros grupos hostis, nas guerras tribais de outrora. Podemos afirmar sem medo de erro, que somente a descoberta do fogo se ombreou em importância com a do arqueirismo, permitindo a ascensão da espécie humana na superfície do planeta. Da Antigüidade até a Idade Média Do período que compreende desde os tempos bíblicos até o século XVI, encontramos inúmeras referências escritas sobre o arqueirismo, porém a maioria delas encarando-se sob o ponto de vista da sua utilidade como arma de guerra, nada especializada sobre esportes , a não ser alguns informes sobre os jugos olímpicos gregos, a festividades egípcias, assírias, babilônicas e depois os jogos romanos no Coliseu. Nesse período que vai até o final da Idade Média, o poder de uma nação, tanto de conquista como de defesa dependia inteiramente do valor e destreza de seus arqueiros infantes ou montados, e os episódios históricos que conhecemos desde os nossos estudos infantis sobre História Geral nos esclarecem tal fato. Temos também as lendas gregas estáticas sobre seus heróis arqueiros. Na Europa, Inglaterra é que tem a primazia do desenvolvimento do arqueirismo, o célebre "arco-longo" inglês e as flechas bem emplumadas para precisão do tiro escreveram páginas memoráveis nas batalhas e asseguraram a grandeza da Grã Bretanha, batalhas tais como Crecy, Poitiers e Agincourt, e foi tambémo poder dos arqueiros dos

Transcript of ARCO E FLECHA.doc

Page 1: ARCO E FLECHA.doc

História - Antigüidade

Podemos precisar a data de origem de todos os esportes conhecidos nos tempos modernos e antigos, mas como o arqueirismo isso não aconteceu pois todas as informações que possuímos se perdem nas origens mais remotas da civilização humana. Pesquisas feitas em restos arqueológicos trançando-se a presença de Carbono 14, informam a presença do arqueirismo cerca de 25.000 anos atrás, tão antigo portanto como as mais remotas manifestações de civilização, e a descoberta dessa arma formidável pelo homem primitivo assegurou a sua sobrevivência , permitindo caçar, e a se defender ou atacar outros grupos hostis, nas guerras tribais de outrora. Podemos afirmar sem medo de erro, que somente a descoberta do fogo se ombreou em importância com a do arqueirismo, permitindo a ascensão da espécie humana na superfície do planeta.

Da Antigüidade até a Idade Média

Do período que compreende desde os tempos bíblicos até o século XVI, encontramos inúmeras referências escritas sobre o arqueirismo, porém a maioria delas encarando-se sob o ponto de vista da sua utilidade como arma de guerra, nada especializada sobre esportes , a não ser alguns informes sobre os jugos olímpicos gregos, a festividades egípcias, assírias, babilônicas e depois os jogos romanos no Coliseu.

Nesse período que vai até o final da Idade Média, o poder de uma nação, tanto de conquista como de defesa dependia inteiramente do valor e destreza de seus arqueiros infantes ou montados, e os episódios históricos que conhecemos desde os nossos estudos infantis sobre História Geral nos esclarecem tal fato. Temos também as lendas gregas estáticas sobre seus heróis arqueiros.

Na Europa, Inglaterra é que tem a primazia do desenvolvimento do arqueirismo, o célebre "arco-longo" inglês e as flechas bem emplumadas para precisão do tiro escreveram páginas memoráveis nas batalhas e asseguraram a grandeza da Grã Bretanha, batalhas tais como Crecy, Poitiers e Agincourt, e foi tambémo poder dos arqueiros dos barões ingleses que forçaram ao Rei João a assinatura da Magna Carta.

Foi na Inglaterra que se escreveu o primeiro livro sobre o ensinamento da arte do arqueirismo: "TOXOPHILUS" de Robert Ascham, o qual era instrutor da Rainha Elizabeth, isto em 1545. Apesar do seu texto em inglês arcaico, o seu conteúdo é atual, não difere em nada do que se tem escrito modernamente.

Os antigos reis ingleses baixaram éditos obrigando a todos os jovens ingleses a terem arcos e um número obrigatório de flechas sempre a mão. Isto criava uma espécie de milícia nacional sempre armada de prontidão, contra as repetidas invasões dos vikings, normandos, etc... e para que o interesse sobre o arqueirismo permanecesse aceso, eram promovidos vários torneios nacionais e regionais nos contatos ingleses e os vencedores recebiam honras de heróis nacionais e favores de realeza, inclusive bons prêmios em dinheiro, e a guerra das duas rosas marcou o ápice da fama do arqueirismo como principal arma de guerra. A descoberta da pólvora e a introdução das armas de fogo, tornaram então obsoleto para a guerra.

Da Renascença até a Era Moderna

Page 2: ARCO E FLECHA.doc

Apesar de substituído como arma de guerra, o arqueirismo entretanto continuou, principalmente na Inglaterra, como um esporte, tanto de interesse popular como da aristocracia. Não existem competições, considerava-se um ato de elegância e de educação aprimorada saber-se atirar uma flecha de maneira correta.

Os ingleses praticavam com o arqueirismo, um jogo que intitulavam de ROVER (passeio) o qual desenrolava da seguinte maneira: 1 grupo de arqueiros saía através de um bosque ou de um relvado e um deles indicava um obstáculo qualquer do local como o primeiro alvo (uma árvore, uma moita, etc...) e em seguida todos atiravam no mesmo. O que chegasse perto da marca escolhida era proclamado capitão do grupo e escolha o alvo seguinte. Este ROVER GAME incrementou o gosto pelo arqueirismo e fez notar a necessidade de competições organizadas, pois tudo aquilo que é esporte depende desse ponto fundamental. Em fins do século XVIII fundou-se a REAL SOCIEDADE DE TOXOPHILLIA e em 1844 aconteceu o 1º campeonato Inglês de Arqueirismo. Modernamente o arqueirismo inglês é controlado pela GRAND NATIONAL ACRCHERY SOCIETY, na região de Essex.

Na América o arqueirismo foi introduzido nos E.U.A. por um grupo de entusiastas em 1828, os quais criaram ao ARQUEIROS UNIDOS DE FILADÉLFIA, que competiram regularmente durante 20 anos, até se desencadear a Guerra Civil. Em 1879 fundou-se a NATIONAL ARCHERY ASSOCIATION (N.A.A) e realizou-se o 1º campeonato estadunidense neste mesmo ano, e desde essa época nunca pararam as competições durante os anos de guerra as competições eram realizadas por correspondência (MAIL MATCH).

A partir de 1930 as competições nos E.U.A. se estenderam de costa a costa, e o aparecimento de novos arcos e materiais para as flechas, a preços e facilidade mais acessíveis aos esportistas, e nos dias de hoje acredita-se que existam mais arqueiros praticantes do que em todas hordas de Gengis Kahn, ou nos efetivos dos exércitos europeus. Surgiram publicações técnicas especializadas, tais como as revistas BOW AND ARROW e THE ARCHERY ' S MAGAZINE.

Em 1940 a caça com arco e flecha foi legalizada em alguns estados americanos o que abriu um campo novo para milhares de novos praticantes que não se interessavam pelo tipo de competição ao alvo e então foi fundada a NATIONAL FIELD ARCHERY ASSOCIATION (N.A.F.A.) que realizou o seu primeiro campeonato em 1946. Por outro lado os arqueiros profissionais organizaram a PROFESSIONAL ARCHERS ASSOCIATION (P.A.A.) e os fabricantes de equipamento fundaram a ARCHERY MANUFACTURES ORGANIZATION (A.M.O.) esta última é que financia as despesas de viagens das equipes americanas ao exterior. Na Europa, berço do arqueirismo esportivo, o esporte evoluiu também de maneira grandiosa e em 1930 criou-se então o organismo internacional denominado FEDERATION INTERNATIONALE DE TIR L'ARC, conhecida pela sua sigla FITA. Antes disto o arqueirismo já tinha considerado esporte olímpico em 1908 e 1920, e agora novamente em 1972 e 1976, depois de consideráveis esforços desenvolvidos pelos países interessados.

Foi grande a modificação do panorama técnico no Brasil, desde a introdução do arqueirismo até os dias de hoje. Os arcos primitivos foram de madeira, muitos deles feitos de irí (ou airí) uma madeira fibrosa de palmeira, muito elástica, e esses arcos

Page 3: ARCO E FLECHA.doc

adaptados de arcos indígenas até hoje os encontramos em clubes servindo de material para os novatos.

Também as flechas, elaboradamente feitas à mão, e empenadas com penas de peru, tingidas ou não, até hoje prestam bons serviços às classes menores (infantis e juvenis) ou para aprendizado de adultos.

A seguir aparecem os arcos de aço, que marcaram época e muitos recordes, eram de fabricação sueca (SEFAB), ou então ingleses da marca APOLLO. Acompanhando esta nova conquista vieram os outros complementos tais como flechas de tubo de aço (SEFAB e PATHFINDER) , flechas de alumínio temperado marca EASTON e finalmente as flechas de carbono-alumínio também da marca EASTON .

Essas flechas de uma qualidade insuperável, altamente resistentes, hoje dominam as preferências dos arqueiros, devido à precisão do seu vôo, resultado de um equilíbrio quase perfeito.

Os arcos modernos são todos laminados de fibra de vidro madeira e carbono com o corpo em alumínio e magnésio, evoluíram do LONGBOW (arco longo e reto) para o deflexo e depois para o deflexo-reflexo, onde o limbo ou parte flexível é caprichosamente recurvo em duas curvas que trabalham em oposição, conferindo uma resposta elástica inexcedível no tiro. Mais modernos ainda são os arcos compostos, surgidos em 1969.

Também os acessórios indispensáveis sofreram evolução, as cordas para os arcos, antigamente feitas laboriosamente com linha crua encerada, ou de linho, foram substituídas por um novo material sintético, o fio de FAST FLIGHT, um poliester inextensível.. Os aparelhos de pontaria sofreram melhoras consideráveis, existindo até miras telescópicas e elétricas.

Os alvos, laboriosamente pintados à mão, hoje já são impressos.

1. O ARCO

1.1 Arama elástica que consiste numa haste de madeira, aço, laminados ou outro material flexível, cujas extremidades estão ligadas por uma corda, que quando retesada e solta arremessa a flecha.

2.1 Nomenclatura de um arco para tiro ao alvo, para principiantes. Fig. 1

Page 4: ARCO E FLECHA.doc

3.1. Arco encordoado e arco armado. Fig. 2

2. DETALHES

Arcos para destros tem a janela de visada do lado esquerdo. Fig.3

Page 5: ARCO E FLECHA.doc

 

Empunhado com a mão esquerda. Visada com o olho direito.Armado com a mão direita.

Arcos para canhotos tem a janela de visada do lado direito. Fig. 4

 

Empunhado com a mão direita. Visada com o olho esquerdo.Armado com a mão esquerda

Page 6: ARCO E FLECHA.doc

3.2. O tamanho de um arco não deverá ser maior do que a envergadura do arquiteto ou do que a altura do mesmo, e nunca menor do que o tamanho da distância do chão a parte inferior do queixo. Isso evitará flexão excessiva dos limbos. Fig. 5

4.2. A medida da envergadura de um arco é feita seguindo a curvatura dos limbos, de ponta a ponta. Fig. 6

Page 7: ARCO E FLECHA.doc

6.2 A seleção do arco quando se dispõe de um técnico para consultar torna-se mais fácil. Ele irá considerar o comprimento da puxada e a distância entre o olho e base do queixo do arqueiro. Fig. 8

Quanto maior essa distância, maior margem de alça terá o arqueiro. Isso permitirá selecionar o arco de menor força de puxada adequado a cada pessoa, para iniciar-se no esporte. Sem esse auxílio, você poderá adquirir um arco de puxada fraca e não conseguir graduação de alça para as distâncias menores.

Então você sempre opinará por um arco com força de puxada próximo do máximo que você possa suportar.

7.2 Os arcos são geralmente fabricados com as seguintes forças para 71 cm (28 pol) de puxada.

Infantil: Kg - 6.8 9.0 11.3

Lbs - 15 20 25

Estes dados podem variar com a robustez e desenvolvimento do atleta.

Juvenil e Adulto:

Kg - 12.7 13.6 14.9 13.6 18.1 19.0

Lbs - 28 30 33 36 40 42

8.2 A corda do arco

Para os arcos de madeira, de uma só peça, a corda poderá ser feita com linha extra ou linha crua com 8 a 10 pernas. O enrolado pode ser feito com fio torcido de nylon 210/8,

Page 8: ARCO E FLECHA.doc

facilmente encontrado no comércio, Encere bem o fio com cera de abelha, antes de fazer a corda. Veja em ANEXOS sob o título "como fazer uma corda de arco" item 2.1

9.2 Para medir a força da puxada de um arco, basta pendurá-lo pela empunhadura, e pelo ponto de encaixe da flecha na corda, penduram-se pesos para armá-los até atingir o comprimento da puxada ou o máximo de 28 pol. (71 cm), medidos, do ponto

de encaixe da flecha na corda da empunhadura (A.M.O.). Fig. 10

3. ACESSÓRIOS

1.3 A alça de mira, é nada mais do que uma régua adaptada à janela do arco, por onde desliza um cursor com uma referência ou visor, correspondendo à massa de mira de um rifle, porém, funcionando de modo inverso. Neste você suspende a alça para maior distância de tiro enquanto que no arco baixa-se a massa (visor) para o tiro mais distante. Fig. 11

Page 9: ARCO E FLECHA.doc

2.3 O descanso de flecha tem a finalidade de apoiar a mesma à janela do arco. É instalado de modo que o apoio da flecha corresponda ao ponto pivot, ou fundo do encaixe da mão, na empunhadura.

Encontram-se nas casas especializadas, em modelos variados.

Este é um dos mais simples. Você pode fazer um. Fig. 12

3.3. O beijador é um pequeno disco colocado na corda do arco, acima do batente de flecha. É uma referência para auxiliar o encaixe dos dedos do gatilho, sob o queixo. Não é obrigatório. Deverá ficar entre os lábios, quando os dedos do gatilho estiverem sob o queixo. Figs 13, 13-a e 13-b

Page 10: ARCO E FLECHA.doc

O clicador, adaptado à janela do arco, é nada mais do que um medidor de puxada. Existem vários modelos, e para um atuo treinamento, somente o clicador ajustável é o recomendado. Fig. 14

Page 11: ARCO E FLECHA.doc

Figura 13-b

5.3 O botão de pressão, tem a função de absorver o choque da flecha com o arco, reduzindo ao mínimo os efeitos de uma má largada. Fig . 15

6.3. O estabilizador tem a função de permitir melhor firmeza na pontaria. São hastes ôcas ou maciças com um peso numa das extremidades e a outra rosqueada , inserida na empunhadura do arco. O comprimento da haste varia com a necessidade de cada arqueiro, mas não deverá exceder de 58cm (23 pol) . Fig. 16

7.3. O compensador de torque é destinado a absorver todas as vibrações produzidas pelo arco em ação. Contém borracha como amortecedor e é instalado entre o estabilizador e a empunhadura do arco. Podem e devem ser calibrados para cada arqueiro. Fig. 17

Page 12: ARCO E FLECHA.doc

4. A FLECHA - 90% DO TIRO

1.4 A flecha terá o comprimento da distância, entre o tórax do arqueiro e a ponta dos dedos médios, com os braços e mãos estendidos à frente do corpo, segurando a mesma. Quando tomar a medida da sua flecha. arredonde para a medida em polegadas, imediatamente maior. Ex: medida em centímetros foi 63 que corresponde a 24 polegadas e 3/ 4; considere 25 polegadas.

Assim você poderá encurtá-la caso necessário. Fig. 18

2.4. Inicialmente as flechas poderão ser de madeira. A vareta ( haste) deverá ser cilíndrica ( roliça), de madeira leve com fibras (veios) paralelos ao longo da vareta, sem empeno e com o diâmetro de sete e oito milímetros.

Page 13: ARCO E FLECHA.doc

3.4. As penas, normalmente são de asa de peru, mas poderão ser de qualquer ave do mesmo porte, desde que sejam utilizadas as penas maiores da ponta das asas, as remígias.,Se você usar penas de asa direita, deverá montá-las para a flecha girar para a direita ou reta, se da asa esquerda, para girar à esquerda ou reta.

Um modo prático para saber se uma pena é de asa direta ou esquerda, é compará-la com as mãos, como indicado. Atualmente está se generalizando o uso de penas de material plástico. Fig. 19

A montagem usual é de três penas a 120º ( Fig. 21-b ) que poderão ser montadas, retas, diagonais, ou helicoidais.

Atualmente a colagem reta das penas está sendo a mais usada. Evidentemente, é a que permite maior velocidade à flecha, por ser a de menor resistência ao ar. Fig. 20

A montagem somente poderá ser feita com perfeição, e isso é muito importante, com o auxílio de um gabarito ( colador de penas) e por pessoas habilidosa ou habilitada. Há vários modelos, e este é um dos mais simples.

Page 14: ARCO E FLECHA.doc

A pena guia é geralmente de cor diferente das outras duas e colada perpendicularmente ao entalhe da rabeira. Os coladores têm um indicativo da pena guia e a colagem deve iniciar-se pela mesma.

Porém se você pretende iniciar-se e ainda não pode dispor de flecha de tubo de alumínio endurecido, então poderá, com um pouco de habilidade, e utilizando-se dos mesmos recursos dos nossos indígenas, preparar suas próprias flechas. Então proceda do modo como segue.

Gravura esquematizada de uma pena para indicar sua nomenclatura.

Fig. 22

Page 15: ARCO E FLECHA.doc

Primeiramente selecione duas penas tão iguais quanto possível, eliminando das mesmas a parte fronteira chamada barba e corte a haste pelo meio no sentido da raiz para a ponta. Fig. 23

Em seguida corte a pena como indicado deixando um centímetro e meio de haste em cada extremidade. Fig. 24

A seguir cole e amarre-as à vareta, diametralmente opostas como indicado. Fig. 25

Page 16: ARCO E FLECHA.doc

Revestir os enrolados com cola- tudo. Fig. 26

4.4 A rabeira é a parte traseira da flecha, que encaixa na corda do arco... Deve prender a flecha à corda sem deixá-la cair, porém, permitindo uma saída fácil quando disparada.

É muito importante que a pressão da rabeira sobre a corda seja muito bem igualada em todas as flechas, pois a variação exagerada dessa pressão, causa variação na altura do tiro. Fig. 27

Nas flechas de madeira consiste um encaixe na própria vareta, feito no sentido perpendicular, às fibras de madeira e revestido com araldite rápido. Primeiramente faça dois rebaixos diametralmente opostos, paralelos às fibras da madeira como indicado.

Faça um furo com broca para metal, na espessura do diâmetro da corda ( não use verruma). Fig. 28

Page 17: ARCO E FLECHA.doc

A seguir, usando uma serra fina, abra o encaixe, completando o acabamento com lixa e uma camada de araldite rápido. As rabeiras à venda no comércio especializado, são de material plástico e variam de modelo de acordo com os fabricantes.

Devem ser coladas na flecha, bem alinhadas com o tubo e basta fazê-lo girar para certificar-se disso. Qualquer defeito de montagem modifica o tiro. Fig. 29

5.4 A vareta ( tubo) da flecha, quando feita de alumínio endurecido, será selecionada pela espessura da parede e diâmetro externo do tubo, em função do comprimento da flecha e da força de puxada do arco. Fig. 30

6.4 As ponteiras para as flechas de madeira são comumente feitas de balas de fuzil, das quais se retira o chumbo de enchimento. A vareta de madeira deve penetrar totalmente na ponteira. Fig. 31

Para as flechas de alumínio, as ponteiras são feitas de aço. São introduzidas justas ao tubo, mas mesmo assim convém colar com araldite.

É muito importante que todas as flechas de um conjunto para tiro em competição, tenham o mesmo peso e o mesmo centro de equilíbrio.

A indicação da flecha é dada em quatro algarismos. Ex.1516, onde os dois primeiros (15) indicam que o tubo tem 15/ 64" de diâmetro externo. Os outros dois (16) indicam que a espessura da parede do tubo é de 016".

Antes de entrar na tabela, verifique a força em Kg da puxada do seu arco, para o comprimento de sua flecha. Transforma-se em 1bs dividindo-as por 2.2 e procure na primeira coluna da direita (atual Bow wt) onde está enquadrada a força em libras, do seu arco ; daí siga na horizontal para a esquerda até encontrar a coluna correspondente ao comprimento, em polegadas, da sua flecha (arrow lenght); no cruzamento você encontrará de uma a três opções, indicadas na última coluna direita, referentes ao peso

Page 18: ARCO E FLECHA.doc

da flecha ( shaft weight) (ex. light - extra leve) (light - leve) , ( medium - médio) , ( Heavy - pesada)

A seleção quanto ao peso da flecha dependerá das suas dificuldades quanto a limitação da alça e comprimento da sua puxada em função da força do seu arco. Para arcos fracos prefira flecha mais leve. Para arcos fortes, flechas de peso médio e pesada.

A cola para as penas e rabeiras deverá ser do tipo cola-tudo, de forte aderência, não solúvel em água depois de seca e com tempo de secagem mais ou menos rápido.

5. O ALVO ( F. I. T. A)

1.5 Existem dois tamanhos de alvos circulares, um de 122 cm e outro de 80 cm de diâmetro. Esses alvos se dividem em cinco faixas concêntricas, coloridas, do centro para a borda, em: amarelo, vermelho, azul claro, preto e branco.

Cada faixa de cor é dividida por uma linha fina em duas zonas concêntricas de igual largura, somando, portanto, um total de dez zonas de pontuação, de igual largura, medidas a partir do centro amarelo.

Zonas de 6,1 cm para os alvos de 122cm.

Zonas de 4,0 cm para os alvos de 80cm.

As linhas divisórias dentro de cada cor, serão totalmente incluídas, em cada caso, dentro da zona de maior pontuação.

Tanto a linha de limitação do bordo, como as linhas divisórias entre cores ou dentro de cada cor, não excederão de 2 milímetros, de largura tanto nos alvos de 122 cm como nos de 80 cm.

O Centro do alvo se dominará ponto central e será indicado por um pequeno " x " cujos traços não excederão de 2 milímetros.

A contagem de pontos será feita do centro para a borda do seguinte modo:

Figura 33

amarelo- 10+ , 10 e 9; vermelho- 8 e 7;

Page 19: ARCO E FLECHA.doc

azul- 6 e 5; preto- 4 e 3; branco- 2 e 1.

Na figura é mostrado o alvo de 18,30 e 50 metros que têm apenas as cores azul para amarelo valendo respectivamente de 6 a 10 pontos. Fig. 33

2.5. As almofadas podem ser de palha de " tabôa"( planta de brejos) em várias camadas sobrepostas, entremeadas com placas de câmara de ar grossa, abertas. Estas amortecem o impacto e impedem que a flecha atravesse o alvo.

Você encomendará as esteiras na dimensão de 90 x 90 cm, para salvos menores e com 1,30 x 1,30cm, para os alvos maiores.

No mínimo 5 esteiras deverão ser usadas para cada almofada e serão colocadas uma sobre as outras cruzando as fibras entremeando a borracha na área de esteira, entre as três primeiras somente. Figs. 34a e 34b

Page 20: ARCO E FLECHA.doc

Outros materiais podem ser usados para confecção das almofadas, como: isopor de alta densidade, serragem de madeira prensada, papelão corrugado, palha de arroz ou crina vegetal comprimida.

Uma vez arrumadas as esteiras e a borracha, utilizando só uma agulha de colcheiro de 30 a 40 cm ( agulha de lardagem) e fio de algodão forte, costure-as apertando-as bem entre si, com pontos largos , de mais ou menos 15 cm. Fig. 35

Marque com tinta a frente do alvo.

A almofada também pode ser feita com esteira enrolada e cinturada bem apertada, para receber o impacto no sentido das fibras da palha.

Sobre uma das faces da almofada será fixada uma placa de papelão corrugado, onde se aplicará o alvo.

Esse tipo de almofada deverá ter 50cm de espessura.

As esteiras devem ser encomendadas com 50cm de largura e com 3 a 5 metros de comprimento. Fig. 36

Page 21: ARCO E FLECHA.doc

Será enrolada bem apertada até atingir um diâmetro de 1 metro, que será reduzido para 90 cm depois de cinturado. Este tipo é mais dispendioso e trabalhoso, entretanto, é muito mais resistente para os treinos e muito mais durável, tendo ainda a vantagem de se poder substituir o centro da mesma, local que mais se estraga na almofada.

3.5. O cavalete pode ser feito de 3 peças de madeira bastante fortes para suportar o peso da almofada. Fig. 37

Os cavaletes quando armados deverão ficar com uma inclinação de mais ou menos 15º . A almofada e o alvo deverão acompanhar essa inclinação (f.i.t.a)

O centro do alvo deverá estar a 1.30 em vertical do solo. ( F.I.T.A. ) Fig. 38

As pernas dos cavaletes deverão ser fixadas ao solo e a almofada ao cavalete. Cavaletes tem caído pelo efeito do vento por não estarem fixados ao solo causando prejuízos, pelas flechas quebradas.

6. O EQUIPAMENTO

1.6. O arco deverá ter uma capa ou estojo para protege-lo quando transportado e quando não está em uso.

Page 22: ARCO E FLECHA.doc

2.6. As flechas devem ser acondicionadas numa caixa com prendedores para protege-las quando transportada de um local a outro. Fig. 39

3.6. Um arqueiro deve possuir pelo menos uma dúzia de flechas. Elas devem ser tratadas com cuidado e periodicamente polidas com um pano seco, e para evitar oxidação esfregue-as com um pano embebido em óleo contendo silicone.

Há vários modelos de aljava. São usadas como porta flechas, permitindo que as mesmas estejam ao alcance do arqueiro quando em ação.

Modelo usado para prender no cinto. Fig. 40

5.6 A dedeira poderá ser em forma de plaqueta de proteção conjunta para os dados de gatilho. Fig. 41

Page 23: ARCO E FLECHA.doc

6.6 A braçadeira protegerá o ante- braço das chicotadas do arco. E quando isso acontece é por demais doloroso para um braço desprotegido. Pode ser de couro ou plástico. Fig. 42

7.6 Um descanso para arco pode ser feito com vergalhão de ferro de 8mm = 5/ 16 pol. e pode ser conjugado com aljava de solo. É utilizado para descanso de arco em treinos ou competições.

Page 24: ARCO E FLECHA.doc

8.6 A camisa para tiro com arco deve ser justa ao corpo, não ter colarinho nem bolsos. O ideal é a camisa de malha, meia manga para o verão e com mangas compridas justas e gola de tubo para o inverno. Fig. 44

9.6 O esquadro de arco é uma régua "T" que quando adaptada à corda e apoiada ao descanso de flecha, determina o local para fixar o batente da flecha. Serve também para medir a altura da corda. Fig. 45

Page 25: ARCO E FLECHA.doc

10.6 O encordoador serve para colocar a corda em seu lugar quando a alça do limbo superior foi retirada .

 

7. TREINAMENTO INICIAL

1.7 Um arqueiro poderá iniciar seu próprio treinamento seguindo as instruções contidas neste manual.

2.7 Dez itens deverão ser lembrados ao atirar cada flecha, são eles:

1º Postura

Busto na vertical , com afastamento das pernas sobre a linha de tiro de modo a permitir o equilíbrio do corpo. O pé de trás poderá estar ligeiramente recuado ou avançado de modo a proporcionar o equilíbrio, principalmente quando houver vento lateral. Fig. 46

Page 26: ARCO E FLECHA.doc

2º Empunhamento do arco

Segurar sem apertá-lo ou apoiá-lo entre os dados polegar e indicador, com a mão aberta, sem enrijecer os dedos, quando usar pulseira. Encaixe no prolongamento do pulso e do braço. Manter o arco na vertical. Fig. 47

Page 27: ARCO E FLECHA.doc

3º Braço que segura o arco

Esticado, com o cotovelo girado para fora. Mão no alinhamento do antebraço. Fig. 48

4º Dedos de Gatilho

Puxar a corda usando apenas 3 dedos, o indicador, o médio e o anular, encaixando-a na articulação da primeira falange e mantendo a rabeira da flecha entre os dedos indicador e médio. Manter sempre o mesmo, o encaixe da corda nos dedos. Não apertar a rabeira da flecha entre os dedos. Um separador na dedeira é permitido. Fig. 4

Page 28: ARCO E FLECHA.doc

5º Posição da Corda

Inclinar a cabeça para o ombro do braço que segura o arco, de modo a alinhar a corda pelo centro do nariz e do queixo, a fim de auxiliar a manter o arco na vertical. Fig. 50

Page 29: ARCO E FLECHA.doc

 

6º Visada da Corda e do Alvo

Visar a corda tangenciando a ponta do visor e manter sempre a mesma posição quando visando o centro do alvo para tiro. Fig. 51

7º Respiração

Deverá estar paralisada a meio em ser trancada. O pulmão não deverá estar nem cheio nem todo vazio.

8 º Largada

Abrir rápido e uniformemente os dedos de gatilho, ao mesmo tempo puxando a mão para trás sem desviá-la para o lado.

9º Braço em Pontaria

Manter o braço em posição de tiro, até ouvir o impacto de sua flecha no alvo. Não tente vê-la em vôo.

10º Dúvida

No caso de estar em dúvida de não haver executado corretamente qualquer dos itens anteriores ou " clic" demorado, desarme, relaxe e torne a armar.

Obs: É essencial que todos os itens sejam repetidos sempre iguais. A variação de um deles modificará o seu tiro. Não tenha pressa em começar a contar pontos, treine-se com calma. De um bom começo dependerá sua forma futura.

3.7 Para que um arco possa ser usado necessitamos em primeiro lugar encordoá-lo.

Você pode encordoar o seu arco de dois modos, o convencional ou usando um encordoador.

Pelo convencional você começa por colocar uma das alças da corda em seu local na ponta do limbo inferior, segure o arco pelo limbo superior com a mão esquerda e a outra

Page 30: ARCO E FLECHA.doc

alça da corda com a mão direita, enfie a perna esquerda entre o arco a corda, apoiando a empunhadura do arco por trás da coxa esquerda e o limbo inferior sobre o peito do pé direito, pressione para a direita o limbo superior enquanto coloca em seu lugar, a outra alça da corda que você está segurando com a mão direita. Fig. 52

Usando um encordoador você começa por colocar o terminal maior na extremidade do limbo inferior do qual não se retira a alça. Na extremidade do limbo superior, colocar o terminal menor. Segurar, o arco pela empunhadura com a mão direita, pisar a corda, do encordoador, com o pé direito e levantar o arco para flexionar os limbos de modo a permitir deslizar a outra alça para o seu encaixe, com a mão esquerda.

Se a corda do encordoador estiver comprida demais use o recurso de um nó de catau para encurtá-la, ou encurte-a definitivamente para o tamanho do seu arco.

Page 31: ARCO E FLECHA.doc

4.7 Localiza-se o local do batente de flecha, utilizando um esquadro de arco ou mesmo um esquadro comum para desenho que você pode prender à corda com esparadrapo. Com uma agulha e linha de cozer passe a linha através do enrolado da corda, fazendo a seguir um minúsculo novelo que você cobrirá com cola-tudo.

As Figuras 53 e 53a falam por si.

6.7 Para retirar a flecha do alvo, coloque-as entre os dedos, indicador e médio da mão esquerda com a costa da mesma encostada ao alvo e puxe a flecha com a outra mão

Page 32: ARCO E FLECHA.doc

tendo o cuidado de não entortar a vareta (haste). Em competições usam-se almofadas novas de fixação forte e para retirar uma flecha de alumínio, há necessidade do auxílio de uma esponja sintética para não escorregar a mão que a puxar. Fig. 54

Para retirar uma flecha que penetrou sob a grama você terá de caminhar com cuidado para não pisá-la, pois poderá quebrá-la ou entortá- la. Terá bastante dificuldades para localizá-la. Não puxe para trás.

Arranque a grama ou capim para descobrir sua ponta, e então puxe-a no mesmo sentido em que penetrou. Nas grandes competições, onde há um número considerável de arqueiros, tem sido usado um detetor de metais para localizá-las, evitando perda de tempo e perda de flechas.

7.7. O local de treinamento, enquanto o arqueiro se familiariza com o manuseio do seu arco e flecha, pode ser uma faixa de terreno plano de 10x80m, de preferência com o capim baio ou grama. Porém havendo um barranco sem pedras ou um amontoado de areia por trás do alvo, 10x35m serão suficientes para os primeiros treinos. Fig. 55

8.7 Segurança- Não esqueça de que o arco é uma arma primitiva, e como tal, também tem suas regras de segurança.

Nunca aponte um arco armado e com flecha em direção a uma pessoa.

Page 33: ARCO E FLECHA.doc

Nunca dispare uma flecha para cima, a não ser em competição ou treino em local apropriado para essa modalidade de tiro ( clout, alvo na horizontal e no solo).

Nunca arme um arco fora da linha de tiro.

Nunca retire flechas do alvo com pessoas assistindo, próximas ao mesmo, na direção em que as flechas serão retiradas.

Nunca reinicie os disparos antes que todos os atiradores tenham regressado à linha de espera.

9.7 Inicie-se com um arco de madeira, de puxada fraca, para familiarizar-se com os itens de 1 a 6 do parágrafo 2.6, sem flecha, até que consiga repetir instintivamente os seis itens citados sempre que armar o arco para tiro.

Nunca solte a corda de um arco, sem flecha, isso poderá ocasionar a quebra dos limbos ou da corda. Fig. 56

8. TREINAMENTO AVANÇADO

1.8 Quando um aprendiz de arqueiro adquiriu bastante desembaraço e que se inicia no treinamento avançado, logo percebe que necessita de um arco de melhor rendimento. Fig. 63

Page 34: ARCO E FLECHA.doc

Figura 63

2.8 Deverá dar muita atenção e cuidados ao seu material de tiro, principalmente às suas flechas. Todas as flechas para uma série de tiros deverão estar com o mesmo peso e com o mesmo centro de equilíbrio.

A pesagem poderá ser feita numa balança para cartas e o centro de equilíbrio, determinado como segue:

1º meça o comprimento total de sua flecha. 2º determine o meio desse comprimento e marque-o na flecha. 3º calcule o valor de 7% do comprimento total e marque-o a partir da marca do meio para a ponta. 4º calcule o valor de 10% do comprimento total e marque-o também a partir da marca do meio para a ponta. O Centro de equilíbrio deverá estar contido entre as marcas de 7º e 10º. Porém, em todas flechas de uma série deverão estar no mesmo ponto.

Normalmente as flechas necessitam de ponteira mais pesada, ou você substitue a ponteira por uma mais pesada ou retira a anterior aquecendo ligeiramente a ponta do tubo e adicionando chumbo no interior da mesa, em quantidades iguais, previamente experimentadas e no mesmo local, no interior do tubo da ponteira, colando o contrapeso com araldite ou prensando-o. Fig. 64

Entretanto de nada adiantará um arco de alto rendimento, de marcas mundialmente famosas, se por trás dele não há um bom arqueiro.

Page 35: ARCO E FLECHA.doc

São peças de acabamento aprimorado, possuem limbos com curvatura para arremesso veloz e equipados com acessórios para proporcionar um tiro de precisão, tais como: alça de mira de ajuste milimétrico, montada numa extensão bem a frente da janela, descanso da flecha de menor atrito, clicador, e estabilizadores conjugados com o compensador de torque.

3.8 A distância de tiro que no treinamento inicial foi limitada a 30 metros, nesta segunda etapa será ampliada para 50, 60, 70 e 90 metros que serão as distâncias oficiais para competições.

Distâncias para damas 70-60-50-30m (f.i.t.a) Distâncias para cavalheiros 90-70-50-30m (f.i.t.a) Com o aumento das distâncias, o cursor da alça de mira será ajustado cada vez mais baixo. Pequenas correções laterais podem ser necessárias com o ajuste horizontal do visor. Porém, se há vento lateral e o ajuste horizontal do visor chegou o limite, então impõem-se uma outra correção da qual trataremos no parágrafo 6.8 mais adiante.

A proporção que aumenta a distância de tiro, maior precisão é exigida da visada para o alvo. O tiro será tanto mais certeiro quanto maior for a capacidade do arqueiro, de parar em pontaria, o braço que segura o arco.

4.8 Existe um grande número de modelos de alças de mira e alguns deles de preço bem elevado. Esses modelos possuem uma extensão regulável onde é fixada a régua do cursor. Este possue ajustagem graduada bastante precisa. Fig. 65

Figura 65

A esta etapa do treinamento o arqueiro já poderá folhear um catálogo de qualquer casa especializada ou aconselhar-se diretamente com a federação, clube ou outro arqueiro.

5.8 Os descansos de flecha de menor atrito são identificados nos catálogos em língua inglesa, pelo nome de flip rest, e, como o próprio nome indica, eles permitem à flecha uma saída mais veloz, pois praticamente se recolhem quando a mesma é disparada. Há vários modelos. Fig. 66

Page 36: ARCO E FLECHA.doc

6.8 Quando você atira com vento lateral, principalmente nas distâncias acima de 30m, o efeito do vento se faz sentir com maior intensidade. Somente muita prática permitirá ao arqueiro atingir o alvo no primeiro tiro

Então um novo tipo de correção se faz necessária; mudar o local de visada da corda. Essa correção obedece à mesma regra de correção de alça. Se a fecha desviou-se para a esquerda, visar a corda mais a esquerda, se desviou-se a direita visar mais a direita. Figs. 67 e 67a

7.8 Quando você estiver se exercitando em campo aberto, sob céu azul sem nuvens observe que se uma nuvem encobrir o sol o tiro sofrerá um desvio, geralmente lateral.

Ao por do sol, quando a luminosidade diminue com a aproximação da noite, observa-se uma alteração para baixo na altura do tiro.

8.8 A seleção do tamanho adequado das penas as suas flechas somente poderá ser feita por tentativas, pois é individual e vários fatores tem influência, tais como: comprimento e peso das flechas, a largada do arqueiro, a velocidade da flecha e a força de puxada do arco.

9.8 Acontece algumas vezes a arqueiros, durante o período de competições, como por exemplo, durante o comprimento do calendário para um ano, estar em ótima forma quando das primeiras e declinar em sua capacidade de tiro no curso das competições, sem um motivo aparente.

Page 37: ARCO E FLECHA.doc

Compete ao próprio arqueiro fazer sua auto crítica e análise para encontrar as causas. Elas podem ser as mais variadas e como exemplo cito algumas: noite mal dormida, preocupação com o trabalho ou estudo, estado emocional alterado pelas mais variadas causas que você possa imaginar, estafa muscular por excesso de esforço físico, abuso de álcool ou fumo, etc. Enxarcar-se de líquido em meio a uma série de tiros, dar-lhes-á um afrouxamento muscular de alguns minutos e certamente afetarão os seus tiros.

10.8 Se você está participando de um torneio, um campeonato ou mesmo um treinamento, ao assumir o seu lugar na linha de tiro, deverá manter-se calmo e lembrar-se dos 10 ítens que não obrigatórios ao disparar cada um deles.

Portanto, da sua capacidade em concentrar-se dependerá o número de pontos a alcançar.

E lembre-se:

Perde-se ou ganha-se uma competição, por um ponto apenas.

Atire cada flecha como se dela dependesse você ganhar a competição.

9. CONSELHOS

1.9 Quando você já está no estágio avançado de treinamento vai apurando a sua capacidade de observação. Vai observar que embora tenha caprichado em todos os 9 itens que antecedem o tiro, houve algo que interferiu, modificando-o.

Se você substitui por outro, qualquer equipamento ou acessório, tais como, dedeira, batente de flecha, beijador, alça de mira, descanso de flecha, a corda do arco, etc. esteja certo de que qualquer alteração, por mínima que seja em qualquer deles, irá modificar o seu tiro até você habituar-se com a mudança. Nunca substitua uma dedeira já bastante gasta no curso de uma competição. Substitua-a com tempo bastante para que se ámolde aos seus dedos.

Inspecione periodicamente o seu material para evitar surpresas.

Certifique-se de que não houve alteração na fixação do batente de flecha e do beijador.

Confira se a altura das corda está dentro dos limites indicados pelo fabricante do arco e na que você usa.

Verifique se todos os estabilizadores serão bem fixados ao arco.

Tenha sempre rabeiras de flecha sobressalentes, previamente calibradas para a corda em uso.

2.9 O emprego de estabilizadores no seu arco além de cumprirem a finalidade a que se destinam, tornam o arco mais pesado, tornando-o muito melhor para apontar com mais precisão.

Procure a melhor calibragem para você, dos compensadores de toque. Quando os adquirir verifique que tenham vindo acompanhados das chaves adequadas para esse fim.

Page 38: ARCO E FLECHA.doc

3.9 Nunca, sob pretexto algum, deixe um arco de limbos laminados, dentro de um carro fechado e ao sol. Se assim o fizer terá a desagradável surpresa de encontrá-lo com os limbos empenados. Ele fica ao sol enquanto você está atirando, porém ao ar livre.

4.9 Anote e tenha sempre a mão as anotações de alça para cada distância de tiro. Um pequeno caderno de notas preso a aljava é muito útil para esse fim.

10. ANEXOS

1.10 Um arco reto inicial, somente para tiro, nas primeiras distâncias de treinamento, pode ser feito segundo a planta a seguir, sobre quadrículas, que torna fácil a ampliação.

De ponta a ponta o arco deverá ter o tamanho de sua altura ou sua envergadura .

Os limbos, superior e inferior são constituídos de uma peça inteiriça sobre a qual é aplicada e colada a madeira da empunhadura.

A madeira dos limbos poderá ser ipê, peroba, ou outra qualquer madeira dura e flexível, com a condição essencial, de ter as fibras bem paralelas em toda a extensão do arco e total ausência de nós. Para empunhadura pode ser usada qualquer madeira não muito macia mas que permita ser facilmente trabalhada. Fig. 68

Page 39: ARCO E FLECHA.doc

2.10 Uma corda para arco é feita com fios de " Dacron", com alças nas extremidades. É possível fazê-la entre dois pregos grandes fixados nas extremidades de uma peça de madeira ( gabarito) com seção de 5x10cm, no comprimento desejado. Para arco indicado em 1.10, poderá ser feita com 6 a 8 fios de linha crua fina ( linha de sapateiro). Fig. 69

O gabarito quando em uso deverá ser fixado com grampos numa mesa.

O pino central também chamado separador é usado para manter os fios separados enquanto é feito o enrolamento de proteção das alças da corda e deverá ser colado inclinado para manter uma separação de 15cm entre as duas pernas dos fios estendidos.

Page 40: ARCO E FLECHA.doc

Para fazer a corda proceda como segue:

Enfie os pregos, um em cada extremidade da peça de madeira, separados no tamanho da corda que você deseja fazer. Se não há uma corda 15cm menor do que o comprimento do arco. De um laço com a ponta do fio em um dos pregos da extremidade e estenda entre este e o do outro extremo, tantas pernas bem esticadas quantas sejam necessárias para a força do arco.

As bobinas de fio de Dracon trazem anexo uma tabela indicando o número de pernas do fio de acordo com a força do arco

Corte o fio quando a última perna chegar ao prego por onde começou a estende-lo e dê um nó " direito" emendando as duas pontas, misturando as mesmas entre os fios. Gire a corda ao redor dos pregos até que o nó esteja a 5 cm do prego de início. Fig. 70

Usando uma caneta faça uma marca em ambas as pernas do fio estendido, a 4cm de cada prego das extremidades.

Gire novamente a corda em redor dos pregos, várias vezes, para a direita e para a esquerda, para equilibrar a tensão entre todas as pernas do fio, parando com os pontos anteriormente marcados, um em frente e outro, aproximadamente ao meio da corda. Fig. 71

Passe uma das pernas pelo separador.

Você agora poderá fazer o enrolado na parte da corda que irá formar as alças da mesma.

Fio de " Nylon Torcido 210/8" é o que usamos para esse fim.

Um enrolador deverá ser usado. Fig. 72 e 72a

Page 41: ARCO E FLECHA.doc

Introduza a ponta do fio do enrolador entre os fios da corda como mostra a Fig. 73 .

Faça o enrolado com as voltas unidas e arremate-o . Fig. 64

Page 42: ARCO E FLECHA.doc

Uma vez prontos os enrolados das alças, gire novamente a corda até que as mesmas fiquem ao redor dos pregos como indica a Fig. 75 .

Agora você irá unir as duas pernas da corda com um enrolado idêntico aos anteriores, fazendo uma alça em cada extremidade. Fig. 76

Terminadas as duas alças retire o prego a do lado direito, torça a corda 10 ou 15 voltas e coloque-a novamente no prego. Determine o centro da corda e marque 10 cm para cada lado do mesmo. Faça enrolado entre essas marcas do mesmo modo que os anteriores, e estará pronta a corda. Fig. 77

3.10 Você pode fazer um enrolador do mesmo modo e com os mesmos materiais como fizemos o nosso, no clube:

Material:

1 carretel de linha , vazio

1 parafuso de plástico com porca de orelha (usando para fixar tampa de vaso sanitário)

1 régua de madeira ou chapa de alumínio Fig. 78

Page 43: ARCO E FLECHA.doc

4.10 Um descanso de flecha pode ser feito de material plástico aproveitado de qualquer embalagem comercial, de litro de álcool, por exemplo. Para colá-la ao arco marca-se previamente com lápis a sua localização no mesmo. Passe uma camada fina de cola para couro ou fórmica, na área marcada e no descanso. Deixe ser aplicado na posição definitiva, pois a colagem é imediata.

Para o separador use um disco de feltro de 2mm de espessura. Fig. 79

5.10 Um beijador pode ser feito com um ou mais discos de plásticos que tenham 1 cm de diâmetro.

Com uma broca de espessura da corda faça um furo central e com uma serra fina faça um corte da borda para o centro. Para fixá-lo, depois de marcada a posição do mesmo, faça um pequeno novelado na parte superior e outro na parte inferior, do mesmo modo como o indicado para o batente de flechas, revestindo-os com cola-tudo ou araldite rápido. Fig.80

6.10 Os alvos estão descritos no item 1.5 do capítulo 5. Podem ser feitos com o auxílio de uma régua de madeira onde se fazem furos para fixar o prego central como eixo de rotação e os outros furos com diâmetro apenas para passar a mina de um lápis duro, nº3, bem apontada.

Page 44: ARCO E FLECHA.doc

Preparar uma régua para cada tamanho de alvo. Fig. 8

7.10 O Clicador descrito no item 4.3 é confeccionado com ajaras de fórmica e nas cores que você desejar. D'uma régua da largura indicada você cortará os pedaços conforme desenho.

Os furos para os parafusos deverão ser feitos nas duas poças ao mesmo tempo com a parte menor sobreposta à maior e fixada e com fita adesiva. Feitos os furos separe as peças e no verso da maior faça os rebaixos para encaixo das porcas. Junte-as novamente fixando-as com os parafusos e porcas. Com uma lima rebaixe os parafusos e um pouco das porcas.

Usando cola para couro, cole dois pedaços de couro, cuja espessura não deverá ultrapassar mais de meio milímetro, da altura das porcas acima do verso de fórmica.

Page 45: ARCO E FLECHA.doc

Encha com araldite rápido o espaço entre os dois pedaços, enchendo bem os rebaixos ao redor das porcas.

A mola poderá ser feita de corda não muito forte, de relógio despertador. Fig. 82

8.10 Uma pulseira simples e prática pode ser feita de corda de nylon trançado, muito usada nos secadores de roupa.

Corte um pedaço com tamanho suficiente para contornar o seu pulso, passar entre os dedos indicador e médio, contornar a empunhadura do arco e voltar ao pulso.

Com o auxílio de uma chama de isqueiro cole as pontas dos fios que a compõem.

Numa das extremidades faça uma alça como indicado no desenho, introduzindo uma das pontas, na parte previamente afrouxada onde você prepara a entrada para a ponta, com um lápis. Introduza uns 2 cm de ponta para o centro da parte afrouxada.

Esticada a corda, a ponta ficará presa e a alça pronta.

Faça passar pela alça a outra ponta e terá um laço que ficará ao redor do pulso da mão que segura o arco.

Depois de marcado o tamanho adequado para você, faça uma alça na outra ponta, prendendo com a mesma o mosquetão de fixação.

9.10 Planta para cavalete. Fig. 84

Page 46: ARCO E FLECHA.doc

10.10 Planta para um descanso de arco. Fig. 85

Page 47: ARCO E FLECHA.doc

11.10 Planta para um esquadro de arco. Fig. 86

12.10 Planta para uma mira elementar. Fig. 87

Page 48: ARCO E FLECHA.doc

13.10 Molde para aljava que deverá ser feita em couro ou plástico não muito finos. Fig. 88

14.10 A dedeira deverá ser feita de material bem flexível, de preferência couro. Fig. 89

Page 49: ARCO E FLECHA.doc

15.10 A Braçadeira será de material resistente, couro ou plástico. Fig. 90

16.10 Um encordoador pode ser feito com o mesmo tipo de corda usado para a pulseira um pouco mais fina. Siga as instruções da planta. Fig. 91

Page 50: ARCO E FLECHA.doc

17.10 Nomenclatura em Inglês

Alça de mira - Bow sight Arco - Bow Arco para destro - Right hand bow Arco para canhoto - Left hand bow Almofada - Wound straw target or Grass Target Alvo - Target Aljava - Quiver Botão de pressão - Cushion plunger Braçadeira - Armguard Beijador - Kisser Capa de arco - Bow Case Cavalete - Wood target stand Clicador - Clicker Corda de arco - Bow string Compensador de Torque - Torque flight compensador (TFC) Descanso de arco - Bow rest Descanso de Flecha - Arrow rest Dedeira - Tab Estabilizador - Estabilizer Estojo para flechas - Arrow Case Esquadro de arco - Bow square Enrolador - String server

Page 51: ARCO E FLECHA.doc

Flecha - Arrow Força de puxada do arco - Bow Weight Penas - Feather or vanes Ponteira - Point Rabeira - Arrow nock

Ginástica específica para o arqueiro, recomendada pelo professor de halterofilismo e ginástica, Sr. Dinarte Carvalho Costa

Aquecimento: corrida lenta. Maça, para os ombros, braços, antebraço e punhos. Pular corda. Exercite-se o quanto puder sem atingir a estafa. Fig. 92

Ombros: Elevação alternada dos braços estendidos até a vertical. Começar com halteres de 3 Kg passando para 4 depois de uma ou duas semanas; 1 vez = 10 exercícios até 3 x 10.

Page 52: ARCO E FLECHA.doc

Elevação dos braços estendidos até a horizontal.

a) de frente; b) de lado; c) oblíquo. Começar com halteres de 2 Kg passando para 3 Kg, depois de uma ou duas semanas; 1 vez = 10 exercícios 3 x 10.

Auto-oposição:: Extensão do braço da corda freiado pelo braço do arco e vice-versa.Exercite-se o Quanto puder sem cansar-me.

Flexão do antebraço sobre o braço: com halteres em supinação, com os braços em ângulo reto, trazer os halteres em contacto com o peito sem mexer os cotovelos. Halteres de 5 Kg.

1 vez = 10 exercícios, 2 x 10.

Page 53: ARCO E FLECHA.doc

Em apoio invertido, com as mãos sobre um banco, flexão e repulsão. O quanto puder.

Apoiado de frente ao solo, flexão e repulsão. O quanto puder.

Antebraço e mãos:

Amassamento manual de uma bola de tênis fazendo depressão de 1 cm. O quanto puder.

Enrolar a correia com as mãos alternando uma com a outra, num sentido e noutro. O peso do haltere será de 1 até 3 Kg.

Pernas estendidas, busto inclinado em angulo reto com o corpo, costa chata. Braço

Page 54: ARCO E FLECHA.doc

estendido, elevação lateral, simultânea para os lados do corpo até a horizontal. Halteres de 2 Kg. 3 x 10 vezes.

Em pé, pernas estendidas, busto inclinado, costa chata com a cabeça apoiada, os braços na vertical com o solo. Trazer uma barra ( na falta de halteres) em contato com o peito. 3 x 10 vezes.

1- Deitado de barriga, levantando os cotovelos o mais alto possível.

2- Na mesma posição do corpo estender os braços em cruz e levá-los sobre a nádega. Halteres de 1 até 2 Kg. 2 x 10 vezes.

Cilha - esta pode ser feita com uma faixa larga de couro com 15 a 20 cm de largura. De 6 a 10 sandows (3 ou 5 por ombro) ligados à cilha com suas extremidades reunidas num mosquetão que será preso a um grampo fechado fixo à parede. Este exercício, estritamente para o trabalho das espáduas, deve ser executado com os ombros descontraídos, sem nenhuma resistência e tensão, mantendo o corpo sendo puxado para a parede nos movimentos basculantes de afastamento e aproximação.

Page 55: ARCO E FLECHA.doc

Executar um exercício com separação das mãos uma vez e meia a largura dos ombros. Com barra na falta de halteres. Halteres de 7 Kg. 2 x 10 vezes. Fig. 105

Deitado de costa, braços estendidos na horizontal, traze-los à vertical perpendicular ao corpo. 2 x 10 vezes. Halteres de 2 até 5 Kg. Fig. 106

Posição sentado, busto inclinado apoiado sobre os cotovelos;

a) Trazer as duas pernas juntas até o peito.

b) Ou uma após a outra. O quanto puder.Fig. 107

Deitado de barriga sobre o solo. Com o corpo estendido, levantar os ombros e as pernas do solo. O quanto puder. Fig. 108

Deitado de barriga sobre o solo. Com o corpo estendido, levantar os ombros e as pernas do solo. O quanto puder. Fig. 108

Page 56: ARCO E FLECHA.doc

Membros inferiores. Com barra ou bastão, os calcanhares sobre um pedaço de madeira para manter o equilíbrio, o tronco na vertical durante o exercício. Ergue-se, depois agachar-se. O quanto puder.

O Regulamento que pode ser lido abaixo está desatualizado e portanto já foi mudado em muitos pontos. Sirva-se dele apenas como referência básica para regularizar uma possível competição.

2.11 Regulamento de Tiro ao Alvo com Arco (F.I.T.A.).

Artigo 700 - O Round F.I.T.A.

O Round F.I.T.A. consiste de 36 flechas atiradas nas seguintes distâncias.

90, 70, 50 e 30 metros para cavalheiros. 70, 60, 50 e 30 metros para damas. O Tiro será realizado em uma única direção, começando pelas distâncias maiores e terminando pelas distâncias menores na ordem acima indicada.

Um round pode ser atirado em um só dia ou em dois dias consecutivos. Se o round é atirado em dois dias, no primeiro atiram-se as distâncias maiores e no segundo as distâncias menores. Antes do início dos tiros de cada dia serão atiradas sob a supervisão do capitão de campo, duas séries de três flechas de ensaio e seus pontos não serão anotados.

Quando em um programa de competição coincidam um round F.I.T.A. e outras modalidades de tiro para serem realizadas total ou parcialmente no mesmo dia, o round F.I.T.A. será atirado sempre em primeiro lugar.

Artigo 701 - Alvos

Descrição

a) Existem dois tamanhos de alvos F.I.T.A. standars circulares, um de 122 centímetros e outro de 80 centímetros de diâmetro.

Esses alvos se dividem em cinco zonas concêntricas, coloridas, respectivamente, começando pelo centro, como segue: amarelo, vermelho, azul claro, preto e branco.

Cada zona de cor é dividida, por uma linha fina, em duas zonas concentricas de igual

Page 57: ARCO E FLECHA.doc

largura, resultando portanto, um total de dez zonas de pontuação de igual dimensão, medidas a partir do centro do amarelo:

6,1 cm no alvo de 122 cm

4,0 cm no alvo de 80 cm

As linhas divisórias entre as cores, assim como as divisórias dentro de cada cor, serão totalmente incluídas, dentro da zona de pontuação.

A linha que limita o bordo exterior do alvo será incluída dentro da zona de pontuação.

Tanto a linha de limitação do bordo como as linhas divisórias entre cores ou dentro de cada cor, não excederão de 2 mm de largura, tanto nos alvos de 122 cm como nos de 80cm.

O centro do alvo será denominado "ponto central" e será indicado por um pequeno "x" cujos traços não excederão de 2 mm.

b) Valores de pontuação e especificação de cor.

Escala Munsell

Zona interior 10 Amarelo 5y 8/12

Zona exterior 9

Zona interior 8 Vermelho 8.3 r 3.9/13.5

Zona exterior 7

Zona interior 6 Azul Claro 6B 6/8

Zona exterior 5

Zona interior 4 Preto n2

Zona exterior 3

Zona interior 2 Branco n9

Zona exterior 1

c) Tolerância de medidas

As variações apreciáveis no diâmetro de cada uma das zonas de que consta o alvo, medidas em separado, não excederá de 3 milímetros no alvo de 122 centímetros e de 2 milímetros no alvo de 80 centímetros.

Zona Diâmetros do Tolerância Diâmetros no alvo Tolerância

Page 58: ARCO E FLECHA.doc

alvo de 122 cm de 80 cm

cm mm cm mm

______ _____________ __________ ________________ ____________

10 12,2 3 8 2

9 24,4 3 16 2

8 36,6 3 24 2

7 48,8 3 32 2

6 61,0 3 40 2

5 73,2 3 48 2

4 85,4 3 56 2

3 97,6 3 64 2

2 109,8 3 72 2

1 122,0 3 80 2

Tamanho dos alvos a utilizar nas diferentes distâncias.

Para os distâncias de 90,70 e 60 metros se utilizarão os alvos de 122 cm.

Para as distâncias de 50 e 30 metros se utilizarão os alvos de 80 cm.

A superfície da almofada, será redonda ou quadrada, sobre a qual se colocará o alvo, excederá dos 122 cm em qualquer sentido, a fim de assegurar que qualquer flecha que alcance a almofada, fora da linha exterior do alvo, fique cravada.

Artigo 702 - Disposição do Campo de Tiro

a) O campo de tiro será traçado em esquadro e cada distância deverá ser medida com precisão, a partir do ponto sob a vertical do amarelo de cada alvo na linha de tiro.

b) Será estabelecida uma linha de espera atrás da linha de tiro e a uma distância desta inferior a 5 metros.

c) Cada almofada será situada sobre o terreno num ângulo de aproximadamente 15 graus.

d) O Centro do amarelo do alvo estará situado a 130 cm acima do terreno. A tolerância nessa medida não excederá de 5 cm. (Centro dos amarelos de uma série de alvos situados no terreno de tiro deverão estar no mesmo alinhamento).

Page 59: ARCO E FLECHA.doc

Artigo 703 - Equipamento dos Arqueiros

Neste artigo se estabelece o tipo de equipamento permitido aos arqueiros usar, quando atirarem sob as normas da F.I.T.A.

A utilização das partes do equipamento não mencionadas neste artigo não serão permitidas, sem a previa aceitação pelo Congresso da F.I.T.A.

Será necessário também apresentar ao Congresso o equipamento ou parte do mesmo cuja aprovação é solicitada.

a) O arco pode ser de qualquer tipo, sempre que se ajuste aos princípios aceitos para o mesmo, assim como ao significado da palavra arco tal como se entende para o tiro ao alvo, quer dizer: um instrumento que é composto de empunhadura e dois limbos ou braços flexíveis unidos a ela por um dos extremos terminando o outro extremo de cada limbo, em ponta com fendas para fixar a corda.

O arco está concebido para o uso de uma só corda entre as pontas dos limbos em que estão feitas as fendas, assim como para ser segurado com uma das mãos aplicada a empunhadura, enquanto os dedos da outra puxam a corda e a soltam rápido no momento apropriado.

b) A corda do arco pode ser fabricada de qualquer número de fios de material escolhido para esse fim, e sua parte central estará protegida de forma a se poder aplicar sobre ela os dedos que a esticarão. Nesta zona protegida pode adicionar-se uma referência sobre a qual se encaixa a rabeira da flecha, podendo colocar-se na mesma, um ou dois pontos de localização. Igualmente, cada um dos terminais da corda formará uma alça que serão encaixadas nas fendas dos extremos dos limbos quando encordoar-se o arco.

Também é permitido colocar na corda uma protuberância, que não poderá exceder de 1cm de diâmetro, em qualquer direção e que poderá servir como referência para os lábios ou nariz.

Com o arco não poderá ser usada de modo algum para apontar, através de um visor, marca ou qualquer outro meio colocado na mesma.

c) Um suporte para apoiar a flecha pode ser aplicado sobre o arco, podendo ser removido. Igualmente pode colocar-se um indicador de puxada, desde que não seja elétrico ou eletrônico e não ofereça ajuda adicional para apontar.

d) Um visor, um sinal no arco ou um ponto de referência sobre o terreno podem ser utilizados, porém não será permitido o uso ao mesmo tempo de mais de um desses elementos.

I) O visor estará unido ao arco pela alça de mira e poderá mover-se em sentido horizontal e vertical para poder ajustar a pontaria, porém, deverá submeter-se as seguintes normas: não terá lentes ou prismas incorporadas ou qualquer outro dispositivo que aumente a imagem.

Page 60: ARCO E FLECHA.doc

II) Um sinal no arco é uma marca simples referente a alça de mira. Tal sinal pode ser feito com um lápis, fita adesiva ou material semelhante.

No arco pode instalar-se uma fita com as distâncias marcadas, porém de forma alguma poderá servir de ajuda para mirar.

III) Um ponto de referência sobre o terreno é uma marca situada na zona compreendida entre a linha de tiro e o alvo. Esse ponto não poderá exceder em suas dimensões de 7,5 cm de diâmetro nem excederá de 15 cm de altura sobre o solo.

e) Serão permitidos estabilizadores no arco sempre que:

I) Não sirvam de referência para a corda.

II) Não toquem mais do que o arco.

III) Não representem obstáculos para os outros arqueiros quando situados na linha de tiro.

O número de estabilizadores não poderá exceder de 4 por arco. Será permitido assim mesmo instalar no mesmo um compensador de torque.

f) Poderão ser utilizadas flechas de qualquer tipo, sempre que se ajustem ao princípio aceito e significado da palavra flecha, como vem sendo utilizado no tiro ao alvo com arco e não causem a este, dano excessivo.

Uma flecha será formada da haste, da ponta, da rabeira com ranhura par encaixá-la na corda, das penas, e se desejado, um desenho ou marca que a distinga.

As flechas de cada arqueiro terão escrito o nome do mesmo ou o seu emblema e as penas serão em todas, das mesmas cores. Se tiverem algum desenho ou marca, este será idêntico em todas elas.

g) Será permitido usar protetores para os dedos em forma de dedais, dedeiras, fita adesiva, etc., para retezar e soltar a corda, sempre que sejam flexíveis e não possuam nenhum dispositivo que ajuda a manter e soltar a mesma.

Poderá ser usado um separador para os dedos, e na mão que empunha o arco podem ser usadas luvas, mitenes ou similares.

h) Podem utilizar-se binoculos, lunetas ou outros auxílios visuais entre cada tiro, para localizar os impactos.

Poderão ser utilizados óculos usuais (necessários) ou óculos para tiro desde que estejam providos de lentes semelhantes as usadas normalmente pelo arqueiro, assim como óculos de sol. Nenhum deles poderá estar dotado de colimador, retículo, diafragma ou cristais marcados de alguma forma que possam ajudar a pontaria.

i) Serão permitidos também acessórios tais como, protetores para o braço, o busto, correia para sustentar o arco, cinturão com aljava e com borlas para limpar a flecha e

Page 61: ARCO E FLECHA.doc

marcadores para a posição dos pés, desde que não sobressaiam sobre o terreno mais do que 1 cm.

Artigo 704 - Controle de Tiro e Segurança

a) Será designado um capitão de campo para controlar o tiro e para garantir a observância do limite de tempo de dois minutos e meio, para a realização do disparo da série de três flechas, assim como responsabilizar-se pelas medidas de segurança.

O capitão de campo controlará os tiros com um apito. Um toque de apito será o sinal para o começo das mesmas.

Dois toque de apito será o sinal para que os arqueiros avancem até os alvos para anotar os pontos e recolher as flechas.

Uma série de toques de apito será o sinal para que cessem os disparos.

Se os tiros suspensos por alguma razão durante a realização de uma série, um toque de apito será o sinal para recomeçar.

b) Em todas as competições serão designados pelo menos dois oficiais de campo.

Esses oficiais atuarão sob a direção do Capitão do Campo e serão responsáveis por:

I) Inspeção do equipamento dos arqueiros antes do começo da Competição e em qualquer momento durante a realização da mesa.

II) Comprovar que os tiros sejam efetuadas de acordo com as presentes regras.

III) Resolver as disparidades dos critérios e as dúvidas em relação com o tiro e as pontuações.

c) Será permitido atirar duas séries de três flechas de ensaios sob o controle do Capitão de Campo, precedendo os tiros de cada dia.

Não serão permitidos outros tiros em qualquer direção no campo de tiro, durante os dias de competição.

d) Nenhum arqueiro poderá armar seu arco, com ou sem flecha exceto quando esteja situado na linha de tiro.

Se o arco é armado com uma flecha, o arqueiro poderá apontar para o alvo somente depois de certificar-se de que não há pessoas em frente ou atrás do mesmo.

Se um arqueiro, enquanto arma o arco com uma flecha antes do inicio dos tiros ou nos intervalos entre os mesmos, solta a flecha, intencionalmente ou não, essa flecha será contada como se houvesse sido disparada para a distância correspondente, porém não contará ponto, mesmo tendo alcançado o alvo. Será anotada.

Page 62: ARCO E FLECHA.doc

e) Enquanto se realizam os tiros somente poderão permanecer na linha de tiro os arqueiros na sua vez de revezamento para atirar. Todos os demais participantes, com seu equipamento permanecerão atrás, na linha de espera. Quando um arqueiro houver disparado uma série de flechas deverá retornar para a linha de espera.

f) Nenhum arqueiro poderá tocar o equipamento de outro participante sem seu prévio consentimento.

g) Se um arqueiro chega ao local da competição depois de haverem começado os tiros, deixará de atirar o número de flechas que tenham sido disparadas, a menos que o Capitão de Campo considere que o atraso na chegada tenham sido motivado por circunstâncias alheias a sua vontade, e em tal caso lhe será permitido atirar o número de flechas que não foi possível disparar por tal atraso, uma vez que tenham terminado todos os tiros da série da distância que se está efetuando.

h) Ao capitão de Campo será facultado ampliar o tempo de dois números e meio, em circunstâncias excepcionais.

Nas divergências o Capitão do Campo ouvirá previamente os Oficiais de Campo.

i) Para o controle visual de tempo nos jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e Internacionais, veja-se os artigos 313 e 320 (a). Nas competições restantes e sob os controle do Capitão de Campo, podem utilizar-se qualquer dos métodos de luzes, placas, uma bandeira ou qualquer outro dispositivo, a vontade dos organizadores.

Artigo 313 - Ordem de tiro e controle de tempo

a) Sobre cada alvo os arqueiros atirarão de um em um com arranjo ao seguinte turno rotativo.

Por exemplo: três arqueiros por alvo:

a, b, c - c, a, b - b, c, a - a,b,c . etc.

b) Dois minutos e meio (2 1/2 minutos) será o tempo permitido a um arqueiro para atirar uma série de três flechas (veja-se Art. 705 b).

Um sinal de aviso será dado 30 segundos ( 1/2 minuto) antes de que o tempo de 2 1/2 minutos permitido expire.

c) O tempo limite de 2 1/2 minutos será controlado pelo diretor de tiro e seus ajudantes mediante:

Luzes: verde, amarela e vermelha.

Placas: amarelas com listas pretas ( veja-se Art. 320 a)

Qualquer dos dois métodos pode ser usado para controle nos campeonatos mundiais e internacionais, porém nos jogos olímpicos serão usadas somente luzes.

Page 63: ARCO E FLECHA.doc

d) Quando se controla o tiro por meio de luzes:

I) Vermelho: Os arqueiros " A " ocuparão a linha de tiro.

Verde: Ao tocar para esta cor, o Diretor de tiro dará um sinal com apito ou outro sinal auditivo para indicar o início dos tiros.

Amarelo: Esta luz será acesa como advertência 30 segundos antes de expirar o tempo total de 2 1/2 minutos.

Vermelho: Indica que o tempo limite de 2 1/2 minutos terminou, e dois toques de apito ou sinal auditivo serão dados mesmo que algum arqueiro não tenha completado seus tiros.

Os arqueiros "A" se retirarão para a linha de espera.

Os arqueiros "B" se adiantarão para ocupar a linha de tiro e aguardarão a luz Verde para começar os tiros. Tudo será repetido como anteriormente se indicou.

Os arqueiros "C" entrarão em continuação.

Para as distâncias em que se atirem 6 flechas (2 séries de 3 flechas), o ciclo anteriormente citado se repetirá antes de se proceder à contagem dos pontos. Permanecendo acesa a luz vermelha, se fará soar 3 toques de apito ou outro sinal auditivo, para indicar que deverá proceder-se a anotação dos pontos e retirada das flechas dos alvos.

II) O turno de tiro dos arqueiros A,B e C será trocado por rotação na disposição de ordem já indicada.

III) Se os arqueiros terminarem de atirar suas flechas antes de expirar o tempo limite, o sinal de início para a série seguinte será dado imediatamente.(quando se atirem 6 flechas).

IV) O tempo concedido para que os arqueiros de uma letra abandonem a linha de tiro e seja esta ocupada pelos arqueiros da letra seguinte, será de 20 segundos.

V) Se o tiro for interrompido durante uma série, por qualquer motivo o tempo limite será compensado com o tempo por completar no momento da interrupção.

IV) A ordem de tiro pode ser modificada temporariamente com a finalidade de trocar uma corda ou realizar outro ajuste qualquer essencial no equipamento.

Se essa situação exigir o abandono da linha de tiro, o arqueiro poderá retroceder à linha de espera, devendo antes de chamar a atenção do Comitê Técnico. Uma vez comprovada a necessidade de abandono da linha de tiro para que as flechas não disparadas, o sejam antes de ser realizada a contagem e retirada das mesmas, do alvo, nessa série. Esta ocorrência deverá ser anunciada por alto-falantes.

e) Quando o tiro é controlado por placas:

Page 64: ARCO E FLECHA.doc

A face amarela com listas pretas será mostrada para os arqueiros como sinal de advertência de que falta somente meio (1/2) minutos dos 2 1/2 minutos do tempo limite.

O lado amarelo da placa estará voltado para os arqueiros durante o resto do tempo.

Os toques de apito e as dispostas para o controle por luzes.

Artigo 320 - Material Diverso

Além do equipamento habitual utilizado nos torneios de tiro com arco, os organizadores deverão fornecer:

a) Sinais visuais, luzes ou placas. Seja qual for o sistema de sinais que se utilize, estes deverão estar colocados no espaço compreendido entre os alvos de damas e cavalheiros, assim como em ambos os lados de campo, com o objetivo de que os arqueiros que atirem à direita ou esquerda possam observá-los. Serão instalados a 10 metros a contar da linha de tiro, em cada lado do campo, na parte livre. É essencial que a colocação das placas na zona intermediária entre damas e cavalheiros tenham faces duplas e opostas a fim de que a mesma face de ambas (amarela ou amarela com listas pretas), apareça simultaneamente para atiradores masculinos e femininos.

I) Luzes - As cores destas deverão ser verde, amarelo e vermelho, e colocadas nesta ordem começando com o vermelho na parte superior.

Os sinais luminosos devem funcionar com absoluta sincronização na troca de cores, a fim de que em todos apareçam ao mesmo tempo cada uma delas.

II) Placas - As medidas destas não poderão ser menores de 120x80 cm. Deverão, ademais. estar instaladas firmemente, para resistir a ventos de qualquer grau e força, e permitam ser giradas com absoluta facilidade em ambos os sentidos. Uma face destas placas apresentará listas oblíquas amarelas e pretas, de 20 a 25 cm de largura, em um ângulo de 45 graus com a horizontal do campo.

b) Os participantes serão analisados relativamente aos números 1a,1b,1c,2a,2b,2c, etc.

c) Um dispositivo que analise mediante letras na ordem de tiro: A,B,C. C,A,B , ETC. Os tipos de letras serão suficientemente grandes para poderem ser claramente vistos por todos os participantes. Serão necessários dois ou mais destes dispositivos.

d) Um grande painel para marcar simultaneamente os totais acumulados depois de cada série, correspondendo ao menos aos oito primeiros atiradores da categoria masculina e feminina.

e) Outro grande painel onde apareçam o número de pontos progressivamente de todos os competidores depois de completada cada distância.

f) Bandeiras, ou qualquer outro sistema, que permita, tanto aos apontadores d=na linha dos alvos, como aos participantes na linha de tiro, chamar a atenção da Comissão Técnica quando requerida sua assistência.

Page 65: ARCO E FLECHA.doc

g) Bandeirolas, de qualquer material leve e de cor facilmente distinguível (tal como amarelo), que colocadas centralmente acima dos alvos, sirvam como indicadores da direção e da força do vento. Deverão estar colocadas a uma distância não inferior de 40cm acima do cavalete que suporta o alvo ou da placa indicadora do número de ordem deste, porém sempre na localização que resultar mais alta. As medidas das bandeirolas não serão maiores de 30cm nem menores de 25cm.

h) Uma plataforma elevada com assento, ou uma cadeira de juiz de tênis, para acomodação do diretor de tiro.

i) Equipamento de altofalantes.

j) Assentos suficientes por trás da linha de espera, para todos os participantes, Capitães de Equipe e cargos oficiais.

Artigo 705 - Tiro

a) Cada arqueiro deverá realizar seus tiros em séries de 3 flechas.

b) O tempo máximo permitido a cada arqueiro para atirar uma série de 3 flechas será de dois minutos e meio. Qualquer flecha que não tenha sido disparada dentro tempo limite não poderá ser então disparada. Qualquer disparo que for realizado depois de expirado o tempo limite, será penalizado com a anulação do impacto de maior pontuação naquela série de Três ou seis flechas, segundo a distância. Sem prejuízo, se for necessário a um arqueiro a troca de uma corda ou fazer um ajuste essencial no seu equipamento, deverá informar o Capitão de Campo, que poderá conceder ao mesmo, um tempo suplementar.

c) Os arqueiros realizarão seus tiros em posição de pé, ereta e sem apoio algum, situando os pés, um de cada lado da linha de tiro, exceto as pessoas que possuam lesão permanente.

d) Considera-se que uma flecha não foi disparada quando o arqueiro possa tocá-la com o arco sem mover os pés da posição que ocupa na linha de tiro.

e) Enquanto um arqueiro se encontra situado na linha de tiro não poderá receber de outra pessoa nenhuma classe de ajuda ou informação, por palavra ou qualquer outro meio, exceto quando se tratar de realizar alguma troca essencial em seu equipamento.

Artigo 706 - Contagem dos Pontos

a) Será designado um apontador para cada alvo.

b) Nos campeonatos mundiais, nas distâncias de 90,70 e 60 metros a contagem será feita ao fim de cada segunda série de 3 flechas (6 flechas no total), porém em outras competições a contagem poderá ser feita na forma precedente ou depois de cada série de 3 flechas.

Nas distâncias de 50 e 30 metros a contagem será feita sempre depois de cada série de 3 flechas.

Page 66: ARCO E FLECHA.doc

c) Os apontadores anotarão nas folhas de marcação os pontos de cada impacto, a medida que o arqueiro a quem pertençam as flechas mencione os pontos das mesmas, conferidas pelos outros arqueiros que atirem no mesmo alvo. Somente as flechas cujo impacto tenham o valor de 10 pontos serão consideradas como "outros".]

d) Nem as flechas, nem o alvo poderão ser tocados até que todas as flechas cravadas no mesmo tenham sido apontadas na folha de marcação.

e) Cada flecha será apontada de acordo com a posição que a haste ocupe no alvo.

f) Se no alvo e na almofada forem encontradas mais de 3 flechas (ou mais de 6, segundo o caso) pertencentes ao mesmo arqueiro, serão apontadas partindo dos zeros ou das de mais baixa pontuação, até completar a série.

Se um arquivo reincidir nessa falta poderá ser desclassificado.

g) Quando a haste de uma flecha tocar a divisória entre duas cores ou a divisória entre zonas de uma mesma cor, a flecha será apontada para a pontuação maior.

h) Se os furos deixados pelo impacto das flechas não forem marcados adequadamente após a retirada das mesmas ao término de cada série, o impacto de flecha repelida não será anotado.

i)

I) Quando uma flecha foi repelida, esta será anotada, de acordo com o orifício de impacto deixado pela mesma sempre que todos os orifícios anteriores tenham sido marcados adequadamente e todos os impactos sem marcar ou sinais de flechas repelidas, possam identificar-se.

Quando uma flecha foi repelida, o arqueiro afetado, depois de atirar uma série de 3 flechas, permanecerá na linha de tiro, com seu arco mantido por cima de sua cabeça, como sinal indicativo ao Capitão de Campo e Comissão Técnica. Os outros arqueiros na linha de tiro, nessa ocorrência, se retirarão para a linha de espera, uma vez disparada sua série de 3 flechas.

O capitão de campo interromperá nesse momento os tiros, enquanto um membro da Comissão Técnica, junto com o arqueiro em questão e com o seu capitão de equipe se for possível, irão até o alvo para julgar o impacto e estabelecer o ponto da flecha repelida, marcando o orifício produzido. Em seguida providenciará a anotação dos pontos dessa série, correspondente a tal arqueiro.

A flecha repelida será deixada atrás do alvo até o momento em que se tenha anotada a série.

O Capitão de Campo se certificará de que o campo de tiro esteja de novo desempedido e dará o sinal para recomeçarem os tiros.

II) No caso de flecha que atravesse o alvo, será anotada de acordo com o orifício deixado pela mesma.

Page 67: ARCO E FLECHA.doc

III) No caso de flecha que se crave no alvo, havendo mudado sua trajetória, será anotada em conseqüência desta circunstância, de acordo com o seu impacto no alvo.

IV) No caso de flecha desviada para fora do alvo, será anotada de acordo com a flecha que foi golpeada, sempre e quando a mesma possa ser identificada.

V) No caso da flecha tocar o solo antes do seu impacto no alvo, não será anotada.

VI) No caso da flecha atingir outro alvo que não corresponda ao designado para o arqueiro, a mesma não será anotada.

j) O Capitão de Campo se assegurará de que uma vez realizada a anotação, não fiquem flechas cravadas nos alvos antes de dar o sinal para início de uma nova série. Não obstante, se por inadvertência isso aconteça, não se interromperão os tiros dessa série.

O arqueiro a quem pertençam as flechas não retiradas poderá optar por utilizar outras ou atirar após o término dos tiros nessa distância. Em ambos os casos, o Capitão de Campo intervirá na marcação daquela série assegurando-se de que as flechas que ficaram no alvo foram anotadas na relação da pontuação do arqueiro, antes de serem retiradas quaisquer flechas da série em questão.

k) No caso em que um participante esqueça suas flechas no solo ou na zona dos alvos, pode usar outras quando informar com antecedência essa intenção, ao Capitão de Campo antes de realizar seus tiros. O capitão de Campo fará a comprovação que considera pertinente, de acordo com as circunstâncias.

l) Um arqueiro poderá autorizar seu Capitão de Equipe ou outro arqueiro do seu alvo para retirar suas flechas e controlar a anotação.

m) As folhas de marcação deverão ser assinadas pelo apontador e pelo arqueiro como confirmação de que o arqueiro está de acordo com seus pontos e que posteriormente não haverá reclamação alguma sobre as mesmas.

Se o apontador participar dos tiros suas folhas de anotação serão assinadas ao mesmo tempo por outro arqueiro do mesmo alvo.

n) Em caso de empate na anotação dos pontos, se elucidarão como segue:

I) Individuais - pelo maior número de impactos com pontos. Se ainda permanecer o empate, serão considerados os ouros ou quantidade de 10 pontos.

II) Por equipe, será declarada ganhadora a equipe a que pertença o arqueiro de maior pontuação individual.

Se não houver diferença de pontuação entre os primeiros classificados de cada equipe, será tomada em consideração a maior pontuação individual entre os segundos classificados.

Se persistir o empate, as equipes serão consideradas em igualdade.

Page 68: ARCO E FLECHA.doc

A súmula é um registro dos arqueiros inscritos para um torneio, competição ou campeonato, incluindo o registro das folhas de acompanhamento contendo os resultados parciais, totais e classificação, para um "round Fita" simples ou duplo. Anexo uma folha de cada com exemplo de preenchimento.

As flexões dão-se como segue:

Na 1ª a ponta e a rabeira movem-se para o lado do braço que Segura o arco enquanto que o meio da flecha forma uma barriga para o lado da janela.

2ª ao se aproximar a corda da sua posição de repouso a rabeira passa para o lado oposto da linha de centro. Nesse ponto o tubo da flecha está com uma flexão oposta a inicial.

Pode-se agora visualizar a flecha passando pelo arco com a curvatura para fora da janela ocasionando uma boa folga, o que é uma ajuda ao arqueiro.

A 3ª ao passar a corda pela posição de repouso ainda movendo-se para frente uma flexão semelhante a primeira ocorre no tubo, o que também é favorável, uma vez que o choque inicial levou a rabeira em direção as pontas dos dedos de gatilho. Esse movimento permite que as penas passem sem tocar na sua janela ou no seu descanso de flecha após os primeiros 7 a 10 cm de deslocamento depois de abandonar a corda. Quando isso acontece sem uma flexão excessiva então a flecha está ajustada ao arco.

Estudando o Funcionamento de um Arco

Definição de máquina nos diz que é um aparelho ou instrumento próprio para transmitir movimento.

Desse modo sendo o arco uma máquina a sua fonte e fornecida pela ação de mola proveniente da flexão dos seus limbos fornecendo a energia que lançará a flecha em sua trajetória de vôo.

Page 69: ARCO E FLECHA.doc

Cada limbo é uma mola independente, mas atuarão juntos ligados pela corda do arco. Se o limbo superior é mais forte do que o limbo inferior, ou vice-versa, eles não funcionarão em sincronia. O ideal seria ter ambos os limbos atuando próximo da igualdade, o que nos daria um bom desempenho.

Desse modo, há um único ponto ao longo da corda, no qual a flecha pode ser encaixada, de modo que ao ser liberada a energia acumulada nos limbos, a flecha não será desviada ou puxada para qualquer deles, mas lançada com o equilíbrio das forças de ambos em trajetória reta, sem balanços.

O ponto na corda localizado como acima descrito é chamado batente de flecha (nocking point).

A localização exata desse ponto varia tanto de um arco para outro.

Varia a largura dos dedos do arqueiro, nos retesar a corda, variando em conseqüência a energia de cada limbo o que requer uma nova localização do batente de flecha (nocking point) para que se consiga o equilíbrio entre os limbos.

Calibragem das Rabeiras

Para calibrar as rabeiras mantenha o arco encordoado apoiado pela primeira curvatura dos limbos entre os encostos de duas cadeiras, com a empunhadura para baixo.

Encaixe a rabeira da flecha no ponto do "batente de flecha" apoiando o tubo ao "descanso de flecha" porém passando por fora do clicador.

Ela deverá ficar presa à corda mas deverá ser lançada ao solo com um leve pinçado na mesma (pinçar a corda com os dedos polegar a indicador, puxando-a para cima 5 a 10 cm e largando). Fig. 11

Regulagem do Arco

O primeiro trabalho de um arqueiro após adquirir o seu arco deverá ser obrigatoriamente a regulagem do mesmo.

Page 70: ARCO E FLECHA.doc

Essa regulagem consiste em encontrar a flecha adequada para determinado arco e o ponto ideal ao longo da corda para localização do Batente de flecha (nocking point).

Esse trabalho pode ser fácil e rápido se acidentalmente você encontra um ponto ideal do batente de flecha; como também pode parecer impossível de encontrá-lo . Requer um trabalho persistente, mas você o encontrará.

Para evitar desperdício de tempo selecione três flechas perfeitas (tubo se empeno, rabeira corretamente instalada e calibrada, colagem de penas perfeitas, peso e balanceamento igualados tanto quanto possível, diâmetro e espessura do tubo em acordo com o comprimento da flecha e força do arco, dados pelo fabricante.

A regulagem de um arco é assunto estritamente pessoal, você deverá procurar harmonizar arco, flecha e arqueiro. Não poderá ser feito para você e sim por você. Há um ponto ideal de harmonia para o trio citado, uns melhores do que outros, de bom para excelente quanto ao vôo da flecha.

Uma flecha que entra em vôo com a rabeira descrevendo círculos é porque tem o tubo excessivamente duro para o seu comprimento e força de lançamento. Fig. 112

Se entra em vôo oscilando na horizontal é porque tem o tubo excessivamente flexível para o seu cumprimento e força de lançamento.

Se entra em vôo oscilando na vertical indica que o batente de flecha está localizado muito baixo.

Se entra em vôo com movimento ovalado foi provocado por uma largada defeituosa.

Se entra em vôo reto e perfeito indicará que a harmonia foi conseguida, isto é, o equilíbrio ideal entre o arco, flecha e arqueiro.

Localização do Ponto Ideal do "Batente de Flecha"

Page 71: ARCO E FLECHA.doc

arque inicialmente um ponto sobre o qual será enrolada uma fita de esparadrapo com mais ou menos cinco milímetros, 5mm, de largura até atingir a espessura de cinco milímetros.

Este será o batente para início da procura do ponto ideal.

Coloque no arco uma flecha sem penas e atire normalmente de qualquer distância entre dois a vinte passos.

Se a flecha penetrar no alvo com a rabeira para baixo, indicará que o batente está baixo. Se penetrar com a rabeira para o alto, indicará que o batente está alto. Fig. 113

FAZENDO SEU ARCO

O arco e flecha tem atraído muito a atenção de jovens de 8 a 80 anos nos dias de hoje. É fascinante ver como brilham os olhos de uma criança ao ver alguém praticando tiro com arco. Quando estou treinado em nossa Associação, às vezes chega um grupo de crianças de oito a doze anos e ficam de longe olhando com os seus olhinhos fixos no alvo. Quando chegamos a fazer um bom agrupamento de flechas no alvo ficam admirados, soltando exclamações próprias da idade.

Mas, em face do alto custo do equipamento utilizado hoje em dia, muitos tem optado por fabricar o seu próprio arco. Mas o que tem levado muitos arqueiros a optarem pelo arco primitivo ou mesmo nativo é somente uma: satisfação pessoal. Há também o

Page 72: ARCO E FLECHA.doc

romance do esporte fazendo com que você retorne às bases do arco primitivo. É claro que esta modalidade é muito mais difundida no exterior, com associações próprias e inúmeros artigos e livros editados a respeito.

Aqui no Brasil, o arco primitivo mais conhecido é o arco do nosso índio, o índio brasileiro, o qual também é chamado de arco nativo. Interessante como o estrangeiro tomou a iniciativa e estudou tais arcos. Existe até um livro publicado sobre o arco do índio sul-americano, o que nada mais é senão o arco do nosso índio, o arco nativo.

Por ocasião da primeira etapa do 1º Torneio da Federação Goiana de Tiro com Arco, em março/2000, esteve aqui em Goiânia arqueiros do Estado do Mato Grosso, disputando a modalidade do "Arco Nativo". É impressionante ver aqueles arcos atirarem aquelas flechas enormes, as quais pareciam perdizes assustadas alçando vôo no meio do pasto quando a gente delas se aproxima. Ali estiveram expostas uma variedade de flechas dos índios de várias nações, tais como Gavião, Xavantes etc., as quais chamavam a atenção pelo esmero e beleza da sua confecção. Os arcos também eram notados pela aspecto primitivo e madeira usada.

Contudo o arco primitivo ou o arco nativo não se restringe somente ao arco do índio brasileiro. Temos que nos reportar ao passado do homem moderno para verificar que vários tipos de arcos foram elaborados naqueles tempos. O que caracteriza o arco primitivo é a sua total ausência de material sintético ou moderno na sua elaboração. Podemos citar aqui o famoso "longbow" inglês; o "flatbow" do índio norte-americano; os famosos arcos recurvos e compostos da Ásia, Coréia, Turquia, e mesmo Egito, os quais eram compostos de madeira, chifre de búfalo d'água e "sinew" (tendão da pata de veados, búfalos, etc.), famosos pela durabilidade e velocidade de seus tiros, dando especial fama aos turcos. Não poderíamos esquecer aqui dos arcos japoneses, os quais são feitos de bambu e tiras de outras madeiras em seu interior e moldados em sua forma peculiar tão atraente.

Muito se poderia falar sobre a origem e elaboração de tais arcos até os dias atuais, mas a finalidade precípua de nosso artigo é repassar a técnica do fabrico do arco primitivo, em dois modelos a escolher. Este artigo vem também resgatar a falta do assunto em nossa língua portuguesa, já que existem inúmeras páginas na Internet esgotando exaustivamente o assunto sobre o arco primitivo.

Pessoalmente confeccionei três arcos primitivos, de Ipê Roxo, especialmente o similar ao flatbow do índio norte-americano, por me parecer mais atraente. Fiz um simples e outro com sinew aplicado em suas costas, o qual aumentou substancialmente a sua força. No entanto, havia feito um protótipo com sinew o qual em vez de fortalecer o arco, o sinew roubou metade de sua força. A conclusão que cheguei foi que o sinew usado para o '"backing" (colagem das fibras do tendão nas costas do arco) foi de gado confinado. Como o gado confinado não faz exercício nenhum, a não ser comer, é claro que o tendão do animal será fraco. Todos os três acabaram quebrando, em face de falhas na sua elaboração. Mas enquanto estavam atirando deram-me enorme satisfação não só no prazer da sua elaboração, como no próprio uso em si.

Desnecessário será dizer aqui o enorme trabalho despendido para a confecção dos arcos. No entanto, quando você tem o produto finalmente acabado e faz o primeiro tiro com ele, algo mexe com você. Talvez toda a nossa herança ancestral venha à tona nesse

Page 73: ARCO E FLECHA.doc

instante, quando o potencial de tal instrumento foi descoberto e as possibilidades de se conseguir, com mais facilidade, colocar o alimento na mesa para a mulher e os filhos, sem arriscar tanto a vida para conseguir encher a barriga faminta.

O LONGBOW

O longbow é o arco que mais se aproxima do índio brasileiro pela sua forma. Contudo, aqui iremos considerar o termo "longbow" o arco com pontas retas fabricados pelos antigos arqueiros ingleses. Este arco tem, em geral, mais ou menos 1,70 a 1,80 m de comprimento, cujas extremidades são finas, embora mais "gordas" do ponto de vista do arco flatbow. Em suma o arco é ligeiramente menor do que o arqueiro e sem qualquer curvatura drástica nas suas lâminas. Na realidade, o que caracteriza o termo "longbow" é a sua aparência e não os materiais com que ele foi fabricado. O arco em causa pode ser construído inteiramente de madeira e coberto de materiais tais como couro cru, ou sinew (tendão) ou ele pode ser feito de laminações de madeira, fibra de vidro ou qualquer outra fibra sintética.

O FLATBOW

O flatbow é feito menor do que o longbow e quase sempre com as lâminas mais largas. Para entender o princípio básico da madeira no flatbow temos ver o arco através de um corte transversal. Quando fazemos um corte transversal no arco verificamos que a sua espessura medindo das suas costas ao seu ventre. A pergunta é : de que lado é a costa do arco e de que lado é a seu ventre? Bem, se você segurar o arco em posição de tiro, com o braço esticado à sua frente, o ventre do arco estará voltado para a sua face e as costas, é claro, o lado oposto. Quando você puxa a corda de um arco em posição de tiro, a costa do arco é esticada e o ventre é comprimido. Quanto maior é a espessura do arco, maior é a força de quebra imposta ao ventre. Muito se pode fazer para minimizar a força de quebra na costa de um arco, através de fibra de sinew, couro cru, etc., mas pouco se pode fazer em relação ao ventre do arco. Um bom bowyer (fabricante de arco) não ousaria em fazer um arco de madeira com uma seção transversal muito grossa. Em arquearia isto é chamada de "stacking", ou seja, empilhamento dos anéis de crescimento da madeira no braços do arco. Os antigos longbows ingleses eram conhecidos pelo seu elevado desenho de "stacking".

Por outro lado, um arco cuja seção transversal é relativamente fina das costas ao ventre pode dobrar-se substancialmente sem quebrar-se. É o caso do flatbow. Exemplo: você pode dobrar substancialmente uma régua de madeira, mas nem de longe poderá dobrar um palito de dentes por causa da sua forma arredondada. Ele dobrará somente um pouco antes de quebrar-se. O lendário Jay Massey, famoso bowyer primitivista do Alaska, em seu livro The Bowyer's Craft, menciona que o dilema do arqueiro que se aventura em fazer uma arco de madeira é fazer um arco grosso, o qual é difícil de puxar e se puxado, poderá, talvez, quebrar ou fazer um arco fino, que poderá não ter força nenhuma. E, como o próprio Jay recomenda, "...são limites dentro dos quais você terá que trabalhar". E é justamente assim que o flatbow é feito: nem tão grosso, nem tão fino – porém com suas lâminas mais largas. A largura das lâminas é que o faz forte. Contudo não vá fazer um arco com lâminas tão largas que possa parecer mais asas de um avião do que um arco! Você não poderá vergá-lo.

A MADEIRA

Page 74: ARCO E FLECHA.doc

Os arcos primitivos europeus e norte-americanos eram e são ainda confeccionados por duas espécies principais de madeiras obtidas das seguintes árvores: o Yew e a Osage Orange. Até o Sassafrás é usado para se fazer arcos. O Yew é o preferido para os longbows e o Osage Orange para os flatbows. Como são árvores não cultivadas no Brasil, recomendamos três madeiras relativamente fáceis de se obter. A primeira é o Ipê Roxo, a segunda o Pau Brasil e a terceira é a Aroeira (Gonçalo Alves). Esta última me foi recomendada pessoalmente, juntamente com o Ipê, por Mike R. Rigazio ([email protected]), bowyer norte-americano.

O Pau Brasil é o preferido pelos fabricantes de arco de violinos, pela sua flexibilidade e beleza. O programa Globo Rural, da Rede Globo de Televisão realizou uma reportagem excelente sobre esta árvore maravilhosa que deu origem ao nome do nosso País. Em determinada parte da reportagem o locutor mostrou uma das utilizações do Pau Brasil pelos nossos índios: o arco. Foi uma pena não ter discorrido mais sobre esta utilização.

O Ipê Roxo é, para mim, a madeira de primeira escolha, tendo em vista ser mais fácil de encontrar e, sobretudo, de se trabalhar. Os índios brasileiros utilizam muito o Pati, que é extraída da palmeira que leva o mesmo nome. Também utilizam o Roxinho. Bem, por não ter experimentado qualquer madeira extraída da palmeira Pati, não poderia sugeri-la na confecção dos arcos deste artigo, pela simples razão da variação do seu desempenho, que é diferente de madeira para madeira. Um arco confeccionado com Ipê Roxo pode ser mais forte do que o Pati ou o Pau Brasil, ou vice-versa. Até mesmo arcos da mesma madeira, com as mesmas medidas, podem variar de potência. No entanto, caso queira experimentar, conte-me depois como foi.

O arco é nada mais nada menos do que uma mola. Puxa-se a corda, o arco é vergado. Solta-se a corda e o arco volta a posição de repouso instantaneamente. É o princípio da mola. Quando se faz um corte transversal em um tronco de árvore pode-se ver seus anéis de crescimento. Esses anéis são formados anualmente e é utilizado para se verificar a idade provável da árvore. Esses anéis são mais salientes quando a árvore sofre a ação dos ventos frios do inverno. Quanto mais anéis tiver uma árvore, mais idosa ela será. Quando os anéis de crescimento crescem mais perto uns dos outros, em algumas árvores, melhor o seu efeito "mola". É o caso do Osage Orange dos Estados Unidos. O Pau Brasil tem esta característica também. Não tão saliente quanto o Osage Orange, mais é fácil de se ver no corte transversal. O Ipê Roxo não tem esta característica mais saliente, mas pode-se verificar também. Quando nos deparamos com uma árvore adulta, devemos ter um sentimento de respeito por aquela espécie vegetal. Ela poderá ser muito mais velha do que você. As vezes passo pela avenida Araguaia que passa entre o Parque Mutirama e o Parque Botafogo, no setor central de Goiânia, em Goiás, e ergo meus olhos para aquelas árvores centenárias que já estavam ali muito antes da fundação da cidade, penso comigo mesmo por quanto tempo mais elas irão resistir à poluição dos veículos que trafegam por aquela avenida e quantas irão resistir a depredação pela mão do homem.

Outro aspecto a ser levado em consideração na madeira a ser utilizada para a confecção do arco é o seu fator de umidade. Não se pode fazer um arco de madeira verde, por razões óbvias. Por outro lado não se pode fazer um arco de madeira muito seca, pois irá quebrar na primeira puxada da corda, não importa quão bem foi confeccionado. A compra de um aparelho para se medir a umidade da madeira será um bom investimento, principalmente se você optar por ser um bowyer profissional (e porque não? Fred Bear,

Page 75: ARCO E FLECHA.doc

um dos pioneiros americanos fabricantes de arco começou fabricando arcos para si e para os amigos!). Caso não possa adquirir esse aparelho, a solução está nas mãos. Uma madeira está pronta para ser trabalhada se estiver seca e aquecida ao toque das mãos e imprópria para o trabalho se apresentar fria e úmida ao toque. Somente a prática lhe fará hábil em identificar a madeira que estiver no ponto para ser trabalhada. Por outro lado, se tiver o aparelho para medir a umidade da madeira, esta deverá estar entre 8 e 13% de umidade para poder ser trabalhada. Outra solução será conseguir madeira nova e estocá-la pelo período de dois anos ou mais. Neste caso, você a corta em pequenas toras cortadas ao meio, sentido transversal, semelhante ao aspecto de se rachar lenha, só que será uma lenha maior, um pouco maior do que o arco que deseja construir, tire sua casca e sele com algum material vedante, tal como uma seladora, cola de sapateiro ou parafina, os lados extremos da madeira. Isto evitará que rache, secando lentamente e por igual. O ambiente de secagem deverá ser bem ventilado e a madeira não deverá se expor ao sol diretamente.

Outra forma de se obter uma madeira seca para se trabalhar é construir uma caixa de secagem, com lâmpadas para aquecimento, a qual irá secar rapidamente a madeira, porém a qualidade da madeira a ser trabalhada será um pouco inferior, segundo dizem os melhores bowyers.

Partindo do pressuposto que você dispõe de uma madeira já seca para ser trabalhada, deve observar os anéis de crescimento, os quais serão as costas do arco, que ficará do lado oposto ao arqueiro quando estiver atirando. A parte externa da madeira, responsável pela condução da seiva da madeira não será utilizada por ser muito fraca. Então você deve voltar a sua atenção para a parte mais interna da madeira, ou seja próxima ao cerne, de cor escura.

Mike R. Rigazio recomenda que, em se tratando de madeira dura, deve-se retirar a parte externa do tronco que está diretamente abaixo da casca, mais clara e voltar-se para a parte logo abaixo, que é mais escura, perto do cerne. Se a madeira usada for branca, ou clara, não há necessidade de se excluir tal parte.

Todo cuidado para com a madeira ao confeccionar o arco é pouco. Você pode danificar, desbastar errado e enfraquecer o arco. Os "nós" que aparecem na madeira também é um ponto crítico para o arco. Se o nó da madeira ficar na extremidade lateral da superfície do arco, ou seja, na beirada, com certeza o arco quebrará. No entanto se o nó ficar no meio da lâmina, mesmo a parte central do nó saindo e deixando um buraco, tem solução. Você tem que usar uma furadeira e tirar fora o nó. Se o nó da madeira for maior do que o diâmetro de um giz de escola, esqueça. Não use a madeira. No entanto se for do diâmetro de um giz de escola ou menos, retire o nó com a furadeira e, a seguir, confeccione um "Dutchman plug", ou seja um pedaço da mesma madeira, nas mesmas dimensões, com o anel de crescimento voltado para o lado longitudinal à lâmina do arco, que é o lado mais forte do "Dutchman plug" e cole-o no lugar com uma boa cola de madeira ou de couro.

Embora haja caso de arcos com um buraco no lugar do nó que tenham tido vida longa, com o tempo, se não fizer este reparo, irá levantar pequenas lascas de madeira em volta que logo irá danificar o arco. Os turcos tiravam fora o nó e colocavam no lugar uma pequena bucha de sinew (tendão de animal) colada com cola de couro. Os turcos ficaram famosos pelos arcos compostos (madeira, sinew, cifre de búfalo d'água)

Page 76: ARCO E FLECHA.doc

pequenos e potentes de até 110 libras de força, que lançavam flechas especiais até 800 metros!

COMO FAZER

O material que irá utilizar para confeccionar o arco será uma morsa grande (nº4), guarnecida com um pedaço de tapete liso (desses que se usa para forrar a carroceria de camionetas) de borracha ou um bom pedaço de couro para não estragar a madeira ao prendê-la na morsa, fita métrica, uma régua de metal, paquímetro (para as medidas de espessura), lápis de marceneiro ou uma boa caneta ponta porosa, uma machadinha bem afiada para desbastar a madeira, uma raspadeira, uma raspilha e lixas. Você também pode prender a madeira em um banco comprido e sem encosto, com dois grampos de rosca chamado "sargento" e trabalhar em cima da madeira com uma enxó. Uma grosa e uma lima redonda também será de boa valia. Nos Estados Unidos os bowyers usam uma ferramenta muito rara por aqui mas que é de extrema valia: a "drawknife". Consiste em uma lâmina de aço, com um único fio, bem afiada, com dois cabos nas extremidades. Pode-se fazer uma de forma caseira, aproveitando a folha de uma lima de 20 a 30 cm. Para fazer o fio e o lugar de se colocar o segundo cabo será necessário destemperá-la e depois temperá-la novamente. É um trabalho exaustivo, porém de extrema valia para quem estiver disposto e quiser ser um verdadeiro bowyer. Acho mais simples importar uma. Já vem afiada e pronta para uso. Muito provavelmente poderá ser achada em lojas especializadas em ferramentas importadas de marcenaria, em São Paulo - SP.

Primeiramente você deverá trabalhar as costas do arco (a parte oposta à face do arqueiro quando está atirando). Lembre-se de duas coisas de extrema importância: 1) as fibras da madeira deverão estar no sentido longitudinal para que o arco tenha força e não se quebre facilmente. 2) os anéis de crescimento da madeira deverão estar como originalmente na madeira: uma sobre a outra (efeito mola). Portanto não faça cortes transversais na peça escolhida para o arco.

Caso não tenha uma peça em bom tamanho para se fazer um arco, você poderá improvisar, com sucesso, o que se chama de junção em "cauda de peixe", o que é nada mais nada menos do que a junção de duas peças de madeira em recorte próprio semelhante à cauda de peixe, colando-as fortemente e, para reforço, introduzindo um pinho de metal na parte central da junção. Esta junção tem dois cortes próprios, os quais deverão ser efetuadas, para melhor feitio, já que serão encaixadas entre si, em uma serra de fita. Após a colagem das peças de madeira uma na outra, dá-se prosseguimento ao desbaste da peça para se chegar à forma do arco. O punho deverá estar situado justamente na junção das peças, e o pino de metal (o qual poderá ser um prego destituído da cabeça e da ponta) colocado com cola somente após o desbaste para se chegar ao punho.

Após tirar a parte abaixo da casca da madeira, você deverá chegar a uma forma bem aplainada da madeira.

O passo seguinte será, com um lápis de marceneiro ou uma boa caneta ponta porosa, marcar as medidas do arco nas costas da madeira, primeiramente traçando uma linha longitudinal central. Depois marque o centro do arco no sentido transversal e, após, as medidas de desbaste até a ponta das lâminas onde será feito o "nock" (parte onde é encaixada a corda do arco). Com as medidas postas nesta parte da peça de madeira,

Page 77: ARCO E FLECHA.doc

estará então desenhado o arco em si, pois unindo as medidas chega-se ao desenho do arco na peça.

Após efetuar as marcas da medida, deverá virar a madeira e trabalhar o ventre do que será o futuro arco. Marque o centro do futuro arco e comece a desbastar a partir daí, uma metade de cada vez. Quando tiver chegado próximo a parte mais grossa do futuro arco é hora de fazer as marcas das medidas de espessura. Tire a madeira do suporte de sargentos ou da morsa e, aproveitando as marcas feitas nas costas do futuro arco, marque as medidas de largura e espessura. A partir daí, trabalhando o ventre e os lados do futuro arco, é melhor usar um paquímetro, sempre auferindo as medidas para dar o caimento perfeito e simultâneo de cada medida. O trabalho é maior quando se faz o desbaste com o punho do arco na própria madeira (é a parte mais espessa do arco). Se o punho for colado após, o trabalho de desbaste é mais rápido. Contudo, como o punho colado é algo mais complicado, fixaremos nossa atenção no punho esculpido no próprio arco.

Quando o desbaste está muito próximo das medidas de finalização e a madeira já apresentar uma forma tosca do futuro arco, é hora de mudar para uma raspadeira de metal ou vidro e ir, com paciência, fazendo os desbastes até chegar a forma final do arco. É um trabalho muito especial e paciente, pois qualquer erro nas medidas poderá enfraquecer ou arruinar o arco.

Com a forma tosca do arco, é hora de se fazer um nock (lugar onde encaixa as cordas) provisório e, com uma corda de nylon, em tamanho maior do que o arco, fazer uma amarra simples nas extremidades do arco e, segurando no punho do arco, puxe levemente a corda e verifique se ambas as lâminas estão se curvando por igual.

Caso tenha disponibilidade ou tenha intenção de se tornar um bowyer, pode utilizar um ótimo método para auferir a curvatura das lâminas. Embora simples, requer um certo trabalho. Se tiver uma garagem, ou mesmo um cômodo onde você trabalha sua oficina de hobby, e dispor de um poste de madeira ou uma pilastra, ou mesmo a própria parede do lugar, parafuse nela uma lâmina de compensado de 1,90 m de largura por 1 m de altura e cole cartolina em toda a sua extensão. A seguir, risque um quadriculado de em toda a sua extensão. Este quadriculado poderá ficar a seu critério, dependendo do mais fiel possível irá querer averiguar a curvatura das lâminas. Eu creio que retângulos de 8x4 cm é mais do que suficiente para o serviço. A seguir procure o centro exato do painel e parafuse ali, com dois parafusos tipo nº 8 de rosca soberba, um suporte no formato de um triângulo com a parte superior abaulada para assentar o punho do arco, na 2ª linha do início superior do quadriculado. Após, umas duas linhas do quadriculado, contando debaixo para cima, na parte central do painel, alinhado com o suporte para o arco, fixe uma pequena roldana. Lembre-se de que a fixação destes dispositivos deverá ser bem feito para não danificar o painel e, é claro, não acontecer nenhum acidente, como a roldana se soltar pela ação da corda e vier atingir seu rosto e, pior ainda - seus olhos.

Com o painel pronto, ponha o arco no suporte, amarre uma corda de nylon na corda do arco e passe a extremidade da corda pela roldana. A seguir vá puxando levemente e verificando a curvatura das lâminas. Se uma das lâminas do arco não está curvando igual a outra, ou seja, uma estiver curvando mais do que a outra, é sinal de que a que estiver curvando menos deverá ser mais desbastada até curvarem por igual. Se isto

Page 78: ARCO E FLECHA.doc

acontecer desbaste até conseguir uma simetria aceitável. Caso não use o painel auferidor de lâminas, o recurso é o mencionado anteriormente, usando as mãos para vergar levemente as lâminas com a mão e os olhos para discernir a simetria de curvatura.

Com as lâminas curvando por igual, é hora de se fazer o acabamento com uma raspadeira de metal ou vidro, e após, passando a usar uma boa lixa para finalizar.

Após este trabalho você já tem em mãos o que se pode chamar de um arco semi-acabado. É hora de se colocar a corda no arco e verificar os pontos que precisam ser mais desbastados. Após este procedimento, se o arco já estiver bem desbastado, dobrando as lâminas, por igual, parte-se para o trabalho de lixa. Comece com uma lixa de madeira grossa e finalize com uma de granulação fina, a mais fina que puder encontrar. Nesta fase de acabamento o arco começa a apresentar-se atraente e a vontade que temos é a de darmos uns tiros com ele. Calma. Vá devagar. Contenha a sua vontade de puxar a corda do arco até o queixo completamente, principalmente se você tem braços compridos. Lembre-se que o padrão internacional de puxada para arcos simples é de 28 polegadas. Outra coisa de que deverá se lembrar também que um arco sem nenhuma proteção nas suas costas é um arco 80% quebrado. Assim sendo, a coisa mais sensata a fazer é fazer uma aplicação de couro cru ou sinew (fibra de tendões) nas costas do arco. Isto manterá as fibras da madeira fixas na madeira enquanto é submetido ao "esticamento" pela puxada de tiro. Dos métodos citados, o que mais dará segurança ao seu arco é a aplicação de fibras de sinew. O couro cru é bom mas não tão bom quanto o sinew.

APLICAÇÃO DE SINEW

O sinew, são fibras derivadas dos tendões de animais ativos. Ativos porque se for extraído de animais em confinamento, tipo gado confinado, serão tendões fracos e atuarão de forma inversa no arco, enfraquecendo-o. A função da aplicação de materiais nas costas do arco, como mencionamos anteriormente, é evitar o arco de quebrar, tendo em vista que o auxilia a manter as fibras da madeira nas costas do arco - as quais estão sob tensão quando o arco está em posição de tiro – evitando de se levantarem. Seria mais ou menos "um arrepiar de fibras" tal qual os cabelos do braço quando se está com frio.

O lendário Saxton Pope escreveu que quebrou vários arcos até atender o conselho do último índio selvagem americano, cujo nome era Ishi, de aplicar fibras de sinew no arco.

Mas atente para isso: uma simples aplicação de sinew ou couro cru ou mesmo couro comum nas costas do arco não irá garantir o arco de quebrar se você não estiver seguindo as linhas longitudinais de crescimento na sua peça de madeira ao construir seu arco!

Os tendões do sinew mais usados são os da pata traseira do animal. São maiores do que as das patas dianteiras e rendem mais. A lógica é que o animal dispensa mais energia através de suas patas traseiras ao deslocar-se, em corrida, por exemplo, todo o seu corpo para frente. O ideal seria usar tendões de animais silvestres tais como o Veado. Como a caça no Brasil está proibida, o recurso será apelar para sinew de gado. O tendão de búfalo será ótimo. O tendão que procuramos está localizado na parte traseira da pata do

Page 79: ARCO E FLECHA.doc

animal, logo acima do casco. Sua cor é branca. Não use quaisquer outros tendões brancos ou amarelados do pescoço ou outro local em que encontre tendão. Use somente o indicado ou o resultado do trabalho lhe deixará frustado.

De posse dos tendões, limpe o mesmo de quaisquer resquícios de carne ou gordura, os quais podem arruinar os tendões, deteriorando-os. Após esta limpeza, coloque para secar durante algumas semanas. Depois de secos terão uma consistência dura e uma aparência de âmbar transparente, os quais deverão ser processados da seguinte forma para se obter as fibras. Com uma pedra de forma achatada e um martelo de madeira, bata em cada tendão até ele se desmembrar em filamentos. O martelo de madeira é a melhor opção para bater o tendão, tendo em vista que não irá estragar os filamentos. Após malhar os tendões, quaisquer sobras de tecido muscular ou gordura ficarão à parte dos filamentos que terão a cor esbranquiçada.

O passo seguinte será obter a cola para a aplicação do sinew. A cola que se deve usar é a cola obtida do couro. Não compre cola de couro pronta, mesmo porque é dificílima de se encontrar. Mas isto não é problema. Você poderá obtê-la, fervendo em água pedaços de couro de gado abatido e alguns tendões juntos. Poderá usar cabeças e caudas de peixe também. Demorará um pouco para se chegar ao resultado, já que é uma operação que irá consumir certo tempo, mas compensa. A grossa geléia que sobrar no fundo da panela é cola de couro.

A aplicação do sinew não deverá ser algo imediato à confecção da cola de couro. Deixe a cola secar e descansar na geladeira uns três dias antes de processá-la para aplicação. Enquanto isto verifique se o arco está curvando simetricamente, faça os devidos desbastes nos pontos que precisarem de ajuste. Use sempre uma corda mais longa do que o que irá usar no arco quando pronto, lembrando sempre de não puxar muito a corda, senão todo o trabalho estará arruinado.

Quando tudo estiver pronto, coloque o arco em uma morsa forrada com um couro grosso ou borracha (a borracha costuma deixar a madeira do arco manchada; dê preferência ao couro grosso) com as costas voltadas para cima. Passe um pano embebido em acetona para tirar quaisquer resquícios de gordura.

Misture as granulações de cola de couro em uma panela ou marmita velha que tiver em casa com água quente e espere reconstituir a consistência de uma sopa média, nem tão grossa, nem tão fina. Aqueça a cola de couro de forma que você possa pegá-la confortavelmente com os dedos, o que deverá ser uma temperatura em torno de 48 a 54 graus centígrados. Atenção! Se a cola estiver quente demais irá cozinhar o sinew tornando em uma consistência emborrachada e ficará imprópria para o uso!

Aplique, a seguir uma camada bem liberal de cola nas costas do arco. Se puder conseguir algum amigo para ajudá-lo nesta tarefa, será muito bom, pois é um serviço em que irá molhar ambas as mãos com a cola.

Pegue um dos sinews desfibrados e coloque-o na cola de couro quente, mexendo-os na cola alguns segundos até que fiquem de consistência macia. Tire o sinew da panela e, com os dedos, retire o excesso de cola. Aplique então sobre o arco partindo do centro do mesmo, na altura do punho, para as pontas. Tome o cuidado especial de aplicar o sinew em camada grossa, mas espalhe-o bem em camada fina sobre as costas do arco. As

Page 80: ARCO E FLECHA.doc

rebarbas poderão ser lixadas após a secagem do sinew. Ao chegar nas pontas, envolva as pontas com um pouco de sinew para fixá-lo bem e evitar que descole, em caso de alguma falha nessa área. Após aplicada a primeira camada de sinew, pincele outra mão de cola de couro e, de imediato, passe a aplicar outra camada fina de sinew. Após esta tarefa, deixe o sinew aplicado descansar alguns minutos e então envolva cuidadosamente todo o arco com uma atadura. Este procedimento não necessário, contudo, faz com que o sinew fique mais bem assentado e tenha uma melhor aparência.

Agora aguarde a cola de couro e o sinew secar completamente uma ou duas semanas e aplique uma terceira camada de sinew. Se duas camadas de sinew é o que você quer então aguarde o arco secar duas semanas inteiras em um local bem seco e ventilado.

Tendo secado o arco e o sinew por duas semanas, retire a bandagem. Se a bandagem não quiser sair, lixe-a totalmente com uma lixa grossa e ponha uma corda mais longa no arco para verificar se as lâminas estão curvando simetricamente. Se o arco não parece estar suficientemente forte, aplique outra camada de sinew. Se estiver forte demais, retire mais madeira do ventre do arco (a parte que fica voltada para sua face quando em posição de tiro) com uma raspadeira.

Se o sinew estiver bem seco e as lâminas do arco estiverem curvando simetricamente, você poderá encordoar o arco e fazer, com segurança, o primeiro tiro. Após esta primeira série de tiros o sinew sofrerá uma certo assentamento e o arco perderá um pouco a sua força, mas não muito.

Se você lixou o sinew nas costas do arco, você deverá cobri-lo para evitar que as fibras do sinew se levantem como cabelo arrepiado. Qualquer espécie de couro fino servirá. Couro cru, couro de cobra ou mesmo de algumas espécies de peixe poderá ser aplicado. Contudo deverá atentar para a questão de se usar sempre cola de couro e esperar duas semanas para secar completamente antes de atirar com o arco. O que se precisa deixar bem claro aqui é que o processo de elaboração do arco primitivo não é algo assim industrial. É primitivo mesmo e como as coisas antigamente caminhavam de forma mais devagar do que os dias hodiernos, demora certo tempo para submeter a nossa mente a um processo lento de se fazer as coisas. Aliás, eu, pessoalmente usaria o termo mais apropriado para deixar um arco com sinew aplicado descansar: cura. O arco tem que curar tal como um bom queijo.

TOQUE FINAL NO ARCO COM SINEW APLICADO

Esta é uma parte de suma importância para que o arco tenha maior durabilidade. Como é uma peça elaborada com materiais naturais e com aplicação de produtos à base de água, a umidade é o seu maior inimigo. Os índios americanos tornavam o arco resistente à umidade esfregando várias demãos de gordura de urso ou outros tipos de gordura animal. Os europeus usavam o se chama de "French polish", que a combinação de óleo de linhaça e goma-laca. Esta mistura em igual parte de óleo de linhaça e goma-laca deverá ser esfregada no arco em mais ou menos uma dúzia de vezes para se obter uma proteção satisfatória. Os mais modernos bowyers, apesar de arqueiros primitivos, dão uma boa cobertura de poliuretano. Especial cuidado deverá ser dispensado aos nocks (lugar onde encordoa-se o arco).

Page 81: ARCO E FLECHA.doc

Com o arco pronto talvez gostaria de dar um toque de classe no mesmo, calçando o punho com couro. Uma vaqueta seria ótimo. O couro poderá ser colado ou, de preferência, costurado, à mão, no punho do arco. Isto lhe dará uma maior confiança na empunhadura. A costura deverá ser efetuada com duas agulhas e linha de sapateiro grossa, semelhante as que usam para costurar bolas de futebol.

APLICAÇÃO DE COURO CRU

A aplicação de couro cru segue um processo semelhante. Poderemos chamar de couro cru para aplicação em arcos, não aquele couro de gado ou animal silvestre seco. É uma espécie de couro especial clarificado, meio transparente muito usado para confeccionar maletas de couro de excelente qualidade. Temos informações de uso bem sucedido daqueles couros industrializados na forma daqueles ossos grandes para cachorros fortalecerem seus dentes tentando roê-los.

O couro cru é um material inerte. Inerte pois não irá adicionar, como o sinew, força alguma ao arco. Poderá até diminuir um pouco a força do arco. A relação custo/benefício da sua aplicação é somente uma: irá manter as fibras da madeira no seu devido lugar evitando de quebrar o arco, se, e somente se, você seguir o sábio conselho de, ao desbastar a peça de madeira para fazer o arco, seguir as linhas dos anéis de crescimento da madeira. Se você cortou-a transversalmente ou em uma determinada parte do arco você desviou de seguir esta recomendação, o couro cru pouco ou nada poderá fazer para salvar seu arco e você ficará frustado. Portanto se você tem a intenção de fazer uma aplicação de couro cru no seu arco – siga esta recomendação e o mais importante: em face da perda de força do mesmo, altere as medidas do arco para fazê-lo mais forte. Se ficar mais forte do que você possa vergá-lo, é só desbastá-lo no ventre até chegar ao seu ponto ideal.

Você precisará de duas tiras do couro cru cortadas um pouco mais largas do que o seu arco e pelo menos a 50% maior do que cada lâmina. Mergulhe as tiras em água morna por uma meia hora para que amoleçam. Enquanto elas ficam de molho, você pode ir preparando as costas de seu arco para receber a aplicação, raspando e lixando com uma lixa grossa.

Fixe então o seu arco em uma morsa com a sua barriga para baixo e aplique a cola de couro em toda extensão de suas costas. Não use epoxi. Não funcionará. Use sempre cola de couro elaborada naturalmente. Aplique também uma demão de cola nas tiras de couro. Fixe o couro nas costas do arco e aplique outra demão de cola por cima e retire o excesso com os dedos. Semelhante à aplicação com sinew, envolva o arco todo em uma bandagem larga para assentar perfeitamente o couro nas costas do arco. É uma operação bem lambuzada, mas necessária. Os excessos de cola e couro poderão ser lixadas depois. Lembre-se: a cola de couro leva cerca de uma semana ou mais para ficar completamente seca!

A finalização do processo é a mesma da aplicação do sinew. A vantagem de se fazer um arco maior do que o normal é a seguinte: se o arco ficar muito fraco e não se puder desbastar muito o seu ventre, você tem ainda uma última alternativa: poderá remover uns três ou seis centímetros das pontas. Com isto ele ficará mais forte.

Page 82: ARCO E FLECHA.doc

Outro ajuste importante que poderá ser feito no arco é a correção da lâmina. Se a lâmina do arco, quando o mesmo estiver encordoado, estiver virando para um lado, deslocando a corda fora do eixo central do arco, retire um pouco de madeira na lateral oposta. A lâmina do arco torcerá para o lado mais fraco. Faça isto com moderação até a corda voltar ao eixo central, um pouco de cada vez e vá checando até conseguir a correção desejada.

A CORDA DO ARCO

Os antigos arqueiros ingleses e índios americanos usavam para elaborar a corda de seus arcos o sinew torcido, couro cru, seda, e outros estranhos materiais, até mesmo algumas raízes fibrosas. O índio sul-americano também usa fibras muito parecidas com o sisal. Hoje confeccionar uma corda para um arco primitivo é um trabalho extremamente cansativo (o próprio arco o é) e somente compensará palmilhar por esse caminho se você for extremamente fundamentalista, um purista. Por outro lado é bem mais simples optar para materiais mais modernos neste caso, como o Dacron B50, um derivado do polyester. O material mais moderno é o Fast Flight. Contudo para arcos primitivos é um autêntico destruidor de nocks, quebrando as pontas dos arcos.

Outra opção seria o Kevlar. Contudo, o ideal é você pedir a um amigo arqueiro que possua um Jig (gabarito) para se confeccionar cordas para arco para, quando aprender, você fazer sua própria corda. Porque batemos nesta tecla? A razão é simples. Se confeccionamos um arco fraco, uma corda de poliester será o suficiente. Contudo em arcos de 35 libras de força em diante, este material será impróprio para o uso, sendo esticada demais pela força do arco e irá, com certeza rebentar, e o encordoamento de arco com cordas mais grossas não deixará você encaixar o nock da flecha. Portanto, nada melhor do que usarmos uma corda confeccionada com material moderno.

Fonte: www.geocitie.com

                                                                      FAZENDO SUA FLECHA

O arqueiro enche de ar os pulmões, prende a respiração, olha o alvo com a concentração que o tiro requer e relaxa os dedos, liberando a flecha, que, por sua vez, acerta o alvo com precisão. Isto pode não acontecer se você, um primitivista que convicção, ou por economia, não confeccionou a flecha com carinho, de forma a ter o balanço necessário para o vôo correto.

Este artigo é a continuação do artigo que elaboramos sobre a construção de um arco primitivo. O arco sem a flecha para nada serve. Um é a razão da existência do outro e

Page 83: ARCO E FLECHA.doc

vice-versa., se bem que, se aumentarmos o comprimento da flecha, o seu diâmetro e, com um balanceamento correto, a poderemos usar com um lançador primitivo, o Atlatl, e fazê-la mortífera. Mas este é um assunto para estudarmos depois. Nossa meta é passar-lhe o conhecimento básico para elaboração da flecha – a munição do arco.

A MADEIRA

Embora, nos dias atuais, os materiais usados para elaboração de flechas estejam, de forma fantástica, extremamente modernos, que vão do alumínio aeronáutico ao grafite e carbono, extremamente resistentes, sobremaneira duráveis, iremos nos ater ao mais simples e original elemento para a elaboração de nossas flechas: a madeira. Isto porque o arco primitivo requer, em sua essência, uma flecha que “case” com sua característica original. Arco de madeira – flecha de madeira. É claro que você pode optar por atirar com flechas de material moderno e a performance poderá ser até melhor. Alguns tradicionalistas mais iminentes atiram com flechas de alumínio e fazem muito bem (ótimamente bem, eu diria), como o famoso Bayron Ferguson. Mas, o elemento chave da questão é o prazer de você atirar uma flecha que você mesmo fez. E, se ela tiver uma trajetória perfeita, conforme você espera que tenha, a satisfação é indescritível.

No Brasil, temos várias madeiras pela qual você poderá optar. Você poderá iniciar com o Pinho de Riga, muito usado em cartelas de tecidos, e passar pelo Cedro, Pau-Brasil (usado também na confecção do próprio arco) e a aromática e bonita Cerejeira. Em minha experiência, o pinho é muito fácil de trabalhar. Para principiantes, é o melhor. É excelente para arcos de menor potência. Contudo, não perdoa as más “largadas” (quando você relaxa os dedos para soltar a corda do arco, ao atirar). A mais tolerante e resistente, de todas que experimentei, foi a Cerejeira. Muito cheirosa e de uma cor amarelada, ela é extremamente flexível e a que mais tolerou minhas más largadas, quebrando menos. Outros tipos de madeira de árvores tipo olmo, freixo ou salgueiro (árvores mais flexíveis)

O PARADOXO

Quando você puxa a corda do seu arco e mira o alvo, imagine uma linha que se inicia na rabeira (nock) e vai até a ponta da flecha. Estendendo esta linha imaginária até o alvo – ela passará à esquerda do alvo. Veja bem, neste caso você não é um arqueiro canhoto. Se for, a linha imaginária passará à direita do alvo. Arcos primitivos, principalmente o estilo longbow, não são arcos de tiro centralizado como os arcos compostos modernos. Você passa a flecha ao lado do arco e a flecha é atirada lateralmente ao arco e não no centro do arco. É o paradoxo: a flecha, ao ser atirada, começa por ser apontada fora da lateral do arco, flexiona como um peixe até sair do arco – e voa reta em frente.

Se a flecha não tiver esta flexibilidade, ela irá chocar-se contra a lateral do arco e, em vez de cessar a flexão, ela irá se flexionando para um lado e para outro (ela vai para um lado, a pena tenta estabilizar e a flecha volta para outro lado, e vice-versa) até o alvo, em tal impacto em forma lateral que, ao penetrar no alvo, irá pender-se de tal forma para um lado e poderá quebrar-se, em vez de apenas vibrar, tendo em vista a força cinética impetrado pelo arco. Se não quebrar, irá ficar pendida de lado, em vez de ficar reta, alinhada com o alvo.

AS VARETAS

Page 84: ARCO E FLECHA.doc

Qualquer que seja a madeira escolhida, o importante é você se certificar se ela está bem seca (não muito seca, pois quebrará com facilidade), e cortada seguindo as linhas de linhas de crescimento do tronco da madeira, como no caso do corte para arco. Seguindo este processo, será resistente e não emborcará tão fácil. Se a madeira estiver úmida, ela emborcará facilmente, arruinando a flecha.

Primeiramente, você precisa conhecer o tamanho das flechas que irá precisar. De posse de seu arco, uma fita métrica em polegadas (ou centímetros), e um amigo, segure o seu arco como se fosse atirar (não precisa encordoar o seu arco), puxando a fictícia corta do arco até o seu queixo, ou até onde você costuma puxar para atirar (varia de arqueiro para arqueiro) e peça ao amigo para medir do punho no arco até os seus dedos no queixo. Adicione duas polegadas para a ponta (ou os centímetros correspondentes. Eu uso polegadas por pura comodidade. É o sistema métrico usual no arqueirismo mundial).

O diâmetro da flecha vai depender da potência de seu arco. Se for um arco muito forte, diâmetro maior, é a lógica. Levando em conta que você é iniciante e, com certeza, o seu arco primitivo estará em uma potência entre 30 a 50 libras, o ideal é usar uma flecha de diâmetro de 5/16 a 11/32 polegadas. Isto é, entre 7,93 mm a 8,73 mm de diâmetro. Se usar pontas de alvo de aço (field points) prontas para uso, vendidas em lojas do ramo, irão servir, com um pouco de adaptação. Neste caso, o ideal é saber qual o diâmetro correto de suas flechas antes comprá-las.

O próximo passo é você elaborar um Jig (gabarito). Veja bem, os termos em inglês são usados aqui para você ir se familiarizando com a linguagem mundial do arco e flecha, já que nós, brasileiros, estamos assimilando o know-how milenar deles no esporte, e você, caso queira se enveredar pelo mundo da internet, irá encontrar muita coisa .....na língua inglesa!

O Jig em questão aqui é o de uso muito antigo, bem medieval. É chamado, em inglês, de “Shuting Board”. Consiste em dois caibros de madeira de cinco centímetros de largura cada um, pelo tamanho da flecha que você irá confeccionar. Cada caibro sofrerá, em uma das extremidades, um chanfro, no sentido longitudinal, em forma de cunha, os quais, quando ajuntados, com os chanfros de maneira oposta entre si, terão uma profundidade de 6,5 centímetros, mais ou menos. Lança-se mão de uma pequena placa de madeira cortada na forma quadrada de 10x10x2 centímetros e cola-se em uma das extremidades dos caibros. Você poderá parafusar, se quiser, não importa a forma de unir os caibros e a placa de madeira. Olhando de cima, o Jig deverá estar parecendo uma canaleta em profundidade triangular, devido aos chanfros, com uma das extremidades da canaleta livre e a outra tampada pela placa. A finalidade da placa é frear a vareta, em uma das extremidades, para aparelhá-la. Para cilindrar uma vareta de 1,5x1,5 de espessura - é bastante simples:

1) Ponha a vareta na canaleta

2) Aplaine uma quina da vareta com uma raspadeira (poderá usar até um caco de vidro, mas, cuidado! Lembre-se que se você cortar algum tendão dos dedos, pode dizer adeus ao arco e flecha!)

3) Vire então a vareta um quarto de volta e aplaine a próxima quina

Page 85: ARCO E FLECHA.doc

4) Faça isto novamente até ter 8 quinas na vareta

5) Idem até ter 16 quinas e assim por diante.

Faça uma averiguação do diâmetro constantemente. Quando você tiver a vareta o mais cilíndrico possível, lixe bem a vareta. Não se preocupe se a vareta não ficou perfeitamente cilíndrica. As imperfeições internas-esportes da madeira afetam muito mais o vôo da flecha do que uma pequena área externa imperfeita. Mas se você quiser uma vareta o mais próximo do ideal, você tem mais um recurso. Faça um segundo pequeno Jig que consiste em um furo, em uma pequena peça de madeira de 8x3x2 cm, na medida do diâmetro da flecha que você deseja (uma broca de furadeira na medida certa, adquirida em uma loja própria facilitará isto). A medida em que for lixando a vareta, passe a vareta pelo furo do Jig feito e vá checando as bordas. Onde a vareta não passar pelo furo, marque com um lápis e lixe até conseguir passá-la pelo furo do Jig. Faça assim até a vareta passar livremente pelo furo, sem impedimento e a vareta estará o mais próximo do ideal.

Outro recurso para fazer varetas cilíndricas de flechas é bem mais moderno e bem mais cômodo, mas muito mais caro. Consiste em você encomendar a um torneiro mecânico que faça um torno para cabides, mas com as facas apropriadas para sua medida de diâmetro de suas flechas. Adicione um bom motor elétrico e uma bancada e pronto. Creio eu que um arqueiro primitivista irá pautar pela solução mais barata e recompensadora, embora mais trabalhosa.

RABEIRAS (NOCK’S)

A rabeira (nock: atenha-se ao nome em inglês, pois poderei usá-lo tanto um como outro), é o lugar onde a corda do arco assenta-se para transmitir à flecha a energia estocada pela “mola” retesada de seus braços (braço: parte superior e inferior de um arco, acima e abaixo do punho). Essa energia transmitida pela corda é que irá impelir a flecha. É extremamente brusca nos arcos primitivos, decrescendo sua força à medida que a corda volta ao repouso. Nos arcos compostos modernos, os quais usam roldanas para estocar a energia acumulada pelos braços do arco, o sentido é inverso devido ao let-off (let-off: é a quebra brusca de potência/energia que as roldanas do arco composto concedem ao arco, diminuindo a sua força em 50, 60, 65 e até mesmo 80% de sua potência total). Nesses arcos, quando solta-se a corda, a potência do arco é retomada de força brusca, porém aumentando sua velocidade gradativamente até o máximo, o que ocorre até finalmente a corda encontrar-se em repouso. Assim, depreende-se que, com estes mecanismos, se dois arcos de igual potência, um primitivo/tradicional e um composto, o arco composto lançará a flecha a uma velocidade maior, embora a potência seja similar ao arco primitivo ou tradicional.

Em face desta enorme energia transmitida à flecha ser aplicada ao nock, este necessita ser fortalecido, pois, do contrário, não resistirá. Se uma corda cortar a flecha ao meio, pela sua desguarnecida rabeira, a energia que haveria de ser transmitida à flecha é aplicada ao arco danificando-o, tendo a sua corda partida, para dizer que este seria o mínimo dano provável.

Há várias formas pelas quais se pode fortalecer o nock. No entanto, antes de fazê-lo, como abrir o nock na vareta da flecha?

Page 86: ARCO E FLECHA.doc

Primeiro ponto: você precisa obedecer às linhas de crescimento da madeira. Isto é, lembre-se sempre de uma camada de molas uma sobre a outra. São os anéis de crescimento da madeira. Cada anel, um ano de vida. Por isto as madeiras com uma camada de linhas mais condensada umas às outras são mais fortes e resistem mais à quebra, pois são mais flexíveis.

Segundo ponto: se você cortou as varetas das flechas obedecendo este critério, como foi recomendado no princípio, pegue uma vareta e escolha o lado que irá ser a ponta e a rabeira. Escolhido o lado, observe as linhas de crescimento da madeira. Elas deverão parecer como várias camadas umas às outras, como especificado. Observando as camadas no sentido horizontal, trace, com o lápis, no sentido vertical contrário às linhas, o lugar em que irá abrir o nock.

Terceiro ponto: Com a linha para o nock marcado na vareta, pegue três ceguetas (lâminas de serra 18 ou 24 para cortar metais) e prenda-as juntas com uma fita adesiva. Elas abrirão um corte de 3/32”, aproximadamente, na vareta. Antes, marque a profundidade, com um lápis, de aproximadamente 3/8”. Você pode optar por ter um nock mais profundo nas suas flechas, garantindo que não vão escapulir da corda.

Quarto ponto: Prenda a vareta em uma bancada de serviço ou em uma mesa de cozinha, com um sargento (clamp), daqueles usados em marcenarias. Tenha o especial cuidado para que os sargentos não danifiquem a vareta, tão cuidadosamente elaborada. Cubra-a com um pedaço de couro ou borracha macia, antes de prendê-la com o sargento. Se você tiver uma morsa, tudo bem. Os cuidados para não danificar a vareta são os mesmos.

Quinto ponto: Com as três serras atadas com fita adesiva (aquelas usadas para tapar buracos em tênis dos filhos adolescentes são ótimas!) faça, cautelosamente, o corte do nock, em medidas laterais iguais (ponha as serras em cima da vareta e, centralizando, risque com o lápis de um lado e do outro) para não fazer um lado do nock mais fino que o outro, até a profundidade desejada. Faça isto com as varetas restantes. Dica: treine antes em uma vareta que foi descartada, para você sentir-se seguro e não prejudicar todo o trabalho nas varetas.

Sexto ponto: Com a abertura do nock pronto, de posse de uma lima tamanho médio, você passa então a dar o acabamento nas bordas da madeira, no fundo do corte, aplainando bem. Feito isto, com uma lixa de granulação fina finalize o serviço.

Sétimo ponto: O ponto mais fraco de um nock não reforçado é o leito, onde a corda faz o contato com a vareta. Se o nock falha é no leito que ele racha. Portanto é de extrema importância você reforçar o nock. Há várias maneiras de reforçar o nock, mas a mais simples é você passar uma linha de espessura duas vezes mais grossa do que uma linha de costura, de preferência aquelas usadas em confecção de estofados de carros. Primeiramente enrole, de forma simétrica (não faça um novelo de lã, enrole cada volta corretamente) a base do nock para firmar a linha. Depois passe a linha no leito do nock e de cada lado, simetricamente, até você sentir que está firme e apresentando bem à vista. Desça simetricamente cerca um centímetro e meio e fixe a ponta com uma fita adesiva.

Page 87: ARCO E FLECHA.doc

Oitavo ponto: Prepare uma cola epóxi de secagem rápida, tipo 5 minutos e aplique sobre a linha, cobrindo toda sua extensão. A finalidade é fixar não só a ponta da linha, mas proteger todo o enrolamento. Pronto. Você agora dispõe de um nock durável. Agindo assim, você vai notar que a flecha pode até quebrar, estragar, perder as penas – antes de estragar o nock.

Existem outras formas de se reforçar os nocks, usando, inclusive a técnica de se fazer uma cunha de madeira dura e inserir na ponta da vareta antes de fazer o nock. É trabalhoso, mas eficaz. A forma anterior é mais fácil de se fazer.

ENDIREITAMENTO DA VARETA

Um dos maiores problemas encontrados por aqueles que usam flechas de madeira é a facilidade com que elas se entortam com a ação do tempo e umidade. Isto pode ser resolvido com alguns cuidados, os quais o arqueiro primitivista deve prestar especial atenção.

Existem duas maneiras de endireitar uma boa vareta de flecha. A forma mais primitiva possível, consiste em você acender uma chama no fogão de cozinha, ou qualquer outra forma de se obter uma chama segura e sobrepô-la, a uma distância que não chamusque a madeira da vareta. Com o esquentamento, as fibras da madeira tornam-se maleáveis, apropriadas para você endireitar. O trabalho é todo feito no “olhômetro”, pois você submete o local torto da vareta ao calor e aplica uma força regular naquele lugar, tomando cuidado para não quebrá-la. Fazendo assim, a madeira assumirá uma forma retilínea.

Outra forma de se endireitar uma vareta torta é você confeccionar um gancho de metal, não ferroso, na forma e tamanho de um gancho de cabides e inseri-lo em um cabo de madeira. De posse de uma vareta torta, marque o ponto mais torto da vareta com um lápis, vire a parte torta para cima e, com o gancho – esfregue-o, friccionando rapidamente para obter calor e forçando-a para baixo simultaneamente. Aos poucos você notará que o calor obtido pela fricção do gancho na madeira e a pressão no sentido antagônico à parte torta - irá tornando a vareta reta.

Com suas varetas prontas, uma dúzia mais ou menos, você desejará mantê-las protegidas da umidade, impedindo que elas entortem novamente. Você tem um caminho seguro a trilhar para obter este resultado. Não perca tempo passando óleo de peroba ou qualquer outro óleo nas varetas. O melhor caminho é você usar uma seladora de boa qualidade, destas que se compram em lojas para marcenarias. Uma boa esfregada de acetona para tirar a gordura superficial da madeira e mais umas duas demãos de seladora, acompanhadas de uma boa lixada farão com as varetas fiquem protegidas contra a umidade. Os americanos usam um conteiner cheio de seladora, no qual deixam as varetas imersas por 12 a 24 horas e as retiram para secar. É claro que a imersão dará total garantia contra umidade. Eu, pessoalmente, usei a primeira opção sem maiores problemas com umidade. Se uma das flechas, devido ao tempo, teimava em entortar-se, eu simplesmente esquentava-a ao fogo e a desentortava. Estava pronta para ser usada.

PONTAS

Page 88: ARCO E FLECHA.doc

Hoje temos vários tipos de pontas, para alvo estático, à venda em lojas de materiais para arco e flecha, nacional e estrangeiras. Você pode mandar fazê-las em um torneiro mecânico ou adquiri-las prontas. Os primitivos arqueiros usavam do osso ao metal. Todas funcionando muito bem, com algumas restrições.

Como você irá querer uma durabilidade maior nas pontas de treino, será bom comprar as “field points” para suas flechas. Caso você quebre alguma flecha, poderá retirá-las da vareta esquentando a ponta no fogo e puxando com um alicate. Cole-as sempre com Araldite.

As pontas de treino tem uma vantagem: você pode aproveitá-las para fazer pontas de caça. O processo é simples. Primeiramente você necessita de encontrar aquelas tiras de aço grossas que as firmas que vendem tubos de irrigação e canalização de grosso calibre, a usam para transportá-las. As molas de portas de aço são inviáveis. São extremamente endurecidas para a finalidade que se propõem e não há serra que as serre sem primeiro destemperar.

Serre, então, com uma cegueta para metal, as tiras de aço em tamanhos 5 ou 6 centímetros. Desenhe, com uma caneta para retroprojetores, uma ponta triangular em cada pedaço. Note bem: não é apenas desenhar a forma triangular na peça. Meça com a régua o centro, marque, tire uma linha central, das extremidades inferiores da peça trace duas retas até o centro marcado na parte superior e pronto. Mantenha sempre as medidas, as quais podem variar dependendo do tamanho da ponta. Coloque, a seguir, a peça em uma morsa e com uma lima dê o ponto de inicio para a cegueta e serre seguindo as linhas das extremidades desenhadas. Você terá, após o corte, uma peça triangular de 3x5 cm (as medidas variam com o tamanho da ponta que desejar). Separe de lado e faça o mesmo com as outras peças. Passo seguinte é você dar o primeiro desbaste para o futuro afiamento.

Dica: Para melhor travamento da lâmina na ponta de treino, faça, na base da lâmina, um rebaixamento na medida um pouco maior que a largura maior da ponta de treino, ou seja, a base que vai “vestida” na vareta.

Quando você tiver todas as pontas prontas é hora de trabalhar a ponta de treino. Prenda uma ponta de treino na morsa de forma que a morsa não danifique a parte oca da ponta. Com uma lima, desbaste um pouco a ponta de treino. A seguir dê um pique, com a lima, na ponta desbastada, para abrir caminho para a cegueta. Pegue a cegueta e, com cuidado, abra a ponta de treino o suficiente para encaixar a lâmina de aço. Note bem: a parte que você irá abrir na ponta de treino é a parte densa e não a parte oca onde encaixa a vareta da flecha! Lembre-se de manter o corte reto, pois se você não tiver mão firme e manter uma trajetória reta com a cegueta, a lâmina não se assentará direito e ficará inutilizada para o tiro.

Possivelmente você terá que usar umas duas ceguetas juntas para que haja espaço suficiente para encaixar a lâmina. Isto feito, encaixe a lâmina e estando tudo de acordo com a especificação, retire a lâmina e fure com uma furadeira elétrica um pequeno furo, da grossura de um prego fino de, no máximo, 2 mm de espessura, na ponta de treino chanfrada. Vaze de um lado a outro. Pegue a lâmina novamente e insira na ponta de treino. Assente ela de forma que não penda para direita ou para a esquerda. A seguir, fure a lâmina através dos orifícios da ponta de treino na qual ela está assentada. Para

Page 89: ARCO E FLECHA.doc

finalizar, com um pedaço de prego cortado no tamanho certo, insira no buraco travando a lâmina na ponta de treino e uma pequena bigorna ou pedaço de ferro próprio para esta finalidade e martele em ambas as extremidades do pedaço de prego, rebitando-o. Desbaste com a lima ou no esmeril se ficou muito saliente.

Com a ponta pronta, é só afiar. Essas lâminas já vem zincadas e não precisa temperar para endurecê-las, pois sua dureza é suficiente para caça. Só certifique-se de que a lâmina está perfeitamente em ângulo reto com a ponta de treino para que a flecha não se desvie da trajetória. Você sabe, a ponta de caça é, na realidade uma pequena asa delta. Qualquer defeito na asa/lâmina, haverá planeio e desvio de trajetória.

Afie suas pontas como você afia uma faca de caça. Existem, no mercado estrangeiro, alguns artefatos específicos para afiação de lâminas de pontas de caça. Infelizmente, em nosso país, ainda não há fabricantes para esta artefato, pela óbvia razão de que o esporte (caça), em tese, não existe aqui.