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Doc.4 - Áreas de investigação e de aplicação da Psicologia A Psicologia como ciência pura ou de investigação produz teorias sobre as várias facetas do comportamento humano. Os investigadores especializam-se no estudo de certas áreas do comportamento e processos mentais. Irá conhecer essas áreas ao longo dos três anos em que estudará esta disciplina, porque elas correspondem aos temas do programa: A Psicologia pura ou de investigação estuda os fundamentos dos fenómenos psi- cológicos, apesar das diferenças existentes entre os objectos de cada uma das áreas. Como analisa as bases biológicas, sociais e culturais do comportamento, não trata directamente da aplicação das teorias. A investigação em psicologia científica pressupõe a criação de métodos de medição e de controlo, que vão desde a construção de testes e a realização de experiências laboratoriais até aos procedimentos estatísticos computorizados. Nos EUA, por exemplo, mais de 10% dos psicólogos dedicam-se à investigação pura, realizando trabalhos que podem depois ter ou não aplicação directa na vida prática. Partiremos da análise dos casos do João e da Isabel, para identificar as principais áreas de investigação existentes em Psicologia. Cada área da Psicologia teórica estuda uma categoria de fenómenos psicológicos, alguns dos quais são, directa ou indirectamente, observáveis nestes jovens e referidos no texto que se segue. Os processos cognitivos ou do conhecimento e os processos afectivos ou emocionais estão intimamente relacionados e constituem uma área de inves- tigação que estuda temas, tais como a percepção, o pensamento, a memória, a inteligência natural e artificial (ligados ao conhecimento) e a motivação, a frustração e as emoções (ligados à afectividade). A psicologia dos processos cognitivos relaciona-se com várias disciplinas entre elas a Psicolinguística e a Inteligência Artificial , especializadas em temas mais restritos. A Psicolinguística é uma ciência que aborda os processos psicológicos relacionados com a aquisição e produção da linguagem, com o seu reconhecimento, com a sua compreensão e com a sua memorização. Combinando a Psicologia com a linguística, considera a linguagem como instrumento de comunicação. A Psicolinguística investiga os mecanismos neuropsicológicos subjacentes aos processos de comunicação e às estruturas linguísticas e gramaticais da linguagem. A Inteligência Artificial [IA] é uma disciplina científica que apoia a Psicologia 1

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Doc.4 - Áreas de investigação e de aplicação da Psicologia

A Psicologia como ciência pura ou de investigação produz teorias sobre as várias facetas do comportamento humano.Os investigadores especializam-se no estudo de certas áreas do comportamento e processos mentais. Irá conhecer essas áreas ao longo dos três anos em que estudará esta disciplina, porque elas correspondem aos temas do programa:A Psicologia pura ou de investigação estuda os fundamentos dos fenómenos psi-cológicos, apesar das diferenças existentes entre os objectos de cada uma das áreas. Como analisa as bases biológicas, sociais e culturais do comportamento, não trata directamente da aplicação das teorias. A investigação em psicologia científica pressupõe a criação de métodos de medição e de controlo, que vão desde a construção de testes e a realização de experiências laboratoriais até aos procedimentos estatísticos computorizados.Nos EUA, por exemplo, mais de 10% dos psicólogos dedicam-se à investigação pura, realizando trabalhos que podem depois ter ou não aplicação directa na vida prática.Partiremos da análise dos casos do João e da Isabel, para identificar as principais áreas de investigação existentes em Psicologia. Cada área da Psicologia teórica estuda uma categoria de fenómenos psicológicos, alguns dos quais são, directa ou indirectamente, observáveis nestes jovens e referidos no texto que se segue.

Os processos cognitivos ou do conhecimento e os processos afectivos ou emocionais estão intimamente relacionados e constituem uma área de inves-tigação que estuda temas, tais como a percepção, o pensamento, a memória, a inteligência natural e artificial (ligados ao conhecimento) e a motivação, a frustração e as emoções (ligados à afectividade).

A psicologia dos processos cognit ivos relaciona-se com várias disciplinas entre elas a Psicolinguística e a Inteligência Art if ic ial , especializadas em temas mais restritos.

A Psicolinguística é uma ciência que aborda os processos psicológicos relacionados com a aquisição e produção da linguagem, com o seu reconhecimento, com a sua compreensão e com a sua memorização.

Combinando a Psicologia com a linguística, considera a linguagem como instrumento de comunicação.

A Psicolinguística investiga os mecanismos neuropsicológicos subjacentes aos processos de comunicação e às estruturas linguísticas e gramaticais da linguagem.

A Inteligência Art if icial [IA] é uma disciplina científica que apoia a Psicologia

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cognitiva e constitui hoje um domínio do conhecimento cada vez mais "na moda".

Procura investigar os processos que permitem reproduzir, através de tecnologias,

o processamento da informação. É, por um lado, uma ciência que procura estudar

e compreender o fenómeno da inteligência com o objectivo de construir teorias e

modelos do pensamento humano sob a forma de programas de computador. É,

por outro lado, um ramo da engenharia que, baseando-se nesses modelos,

procura construir instrumentos para apoiar a inteligência humana. Assim, por

exemplo, uma actividade perceptiva como a visão pode ser substituída por uma

célula fotoeléctrica; algumas actividades cognitivas são assumidas por

computadores e muitas das actividades manipulativas são realizadas por

mecanismos robóticos.

A Psicologia dos processos emocionais aborda os fenómenos relacionados

com a energia psicológica envolvida nos comportamentos. Inclui a Psicologia da

Motivação, dimensão da investigação psicológica que estuda o processo

energético que desencadeia, orienta e mantém cada comportamento. Todos os

comportamentos pressupõem motivações conscientes ou inconscientes.

Existem diferentes níveis de motivação correspondentes aos impulsos orgânicos

inatos (fome, sede, necessidade de oxigénio, etc.) e às tendências aprendidas

(hábitos, padrões de cultura, etc.).

Quando as motivações enfrentam obstáculos à sua realização, surgem as

frustrações e os conflitos.

PSICOBIOLOGIA

Esta grande área da Psicologia teórica estuda as funções e actividades mentais e

comportamentais, nas suas relações com os processos biológicos. De facto,

todos os processos cognitivos, como a memória ou a inteligência, os movimentos

e actividades que realizamos para falar, ler ou escrever envolvem órgãos com

uma dada forma, especialmente um cérebro com certas características de

funcionamento, além dos músculos e meios de transmissão nervosa. Também os

processos emocionais implicam a activação de diferentes processos orgânicos.

Assim, a Psicobiologia relaciona-se com a genética, que estuda os fundamentos

da formação e transmissão de

características no indivíduo

(comportamento e personalidade)

e na espécie. Relaciona-se com a

(do grego morfos), que estuda a

influência da forma do corpo no

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comportamento dos indivíduos; com a f isiologia que estuda o funcionamento dos

órgãos do corpo e com a neuropsicologia, entre outras.

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A neuropsicologia analisa os mecanismos biológicos do sistema nervoso

que estão subjacentes a todos os nossos comportamentos e processos

mentais. Recentemente, o desenvolvimento tecnológico dos meios de

observação do sistema nervoso como, por exemplo, a tomografia axial

computorizada (TAC), a ressonância magnética (RM) ou o

electroencefalograma (ECG), provocaram um grande desenvolvimento na

neuropsicologia. Actualmente, mesmo as minúsculas células nervosas – os

neurónios – são observáveis através de microscópios electrónicos.

Psicologia Social

A Psicologia social estuda as Interacções sociais entre os indivíduos, entre

os indivíduos e os grupos e as dos grupos entre si. Procura analisar a influência

social no comportamento e na construção da personalidade: a formação de atitu-

des, preconceitos, estereótipos, padrões culturais, etc. Além disso, investiga os

fenómenos ligados à dinâmica dos grupos restritos, como, por exemplo, os

fenómenos de liderança, conformismo e obediência.

Na realidade somos, por natureza, seres sociais: nascemos incompletos e é na

sociedade que construímos a nossa humanidade (aprendendo a falar, a pensar,

a agir e a ser).

Psicologia do desenvolvimento

Esta importante área da Psicologia de investigação descreve e explica as

transformações quantitat ivas e qualitat ivas que vão ocorrendo nos

indivíduos. As transformações quantitativas dizem respeito, fundamentalmente,

ao crescimento físico. As qualitativas referem-se, sobretudo, aos aspectos

afectivos e intelectuais da personalidade.

A Psicologia do desenvolvimento, como objecto de investigação científica, está

associada ao período pós-darwinista, dado que, nos finais do século XIX, Darwin

aprofundou a ideia de evolução. Além disso, nos últimos 100 anos, multiplica-

ram-se as concepções sobre a criança, o que levou a considerar o século XX

como o «século da criança».

Nas últimas décadas, o conceito de desenvolvimento não abrange apenas

o desenvolvimento infantil, terminando com o final do crescimento biológico ou

«maturidade», mas aplica-se a todo o ciclo vital. O desenvolvimento dos

indivíduos é, assim, uma mistura de maturação ou desenvolvimento gradual e

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de

mutação ou transformação brusca. O desenvolvimento é, portanto, um misto de

evolução e revolução, de continuidade e de ruptura.

Uma característica geral do desenvolvimento é que ele é progressivo. Por exem-

plo, o desenvolvimento das competências manuais obedece a uma sequência

em que aumenta a precisão dos movimentos.

O desenvolvimento surge, assim, segundo os diferentes autores, associado à

predominância da maturação genética, à predominância de factores ambientais

ou, mais frequentemente, como resultado da interacção entre os dois tipos de

factores.

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Psicopatologia1.2.

Esta área de investigação da Psicologia é transversal, abarcando todas as

temáticas de investigação psicológica, todos os tipos de comportamentos

e de processos mentais, desde que estejam ligados a distúrbios

comportamentais e/ou a doenças mentais. Os dois ramos principais das

doenças mentais são as neuroses (Alteração global e grave da

personalidade, geralmente de origem orgânica.) e as psicoses.

(perturbação grave do psiquismo que provoca desordens do

comportamento sem perada da referência à realidade).

No que diz respeito ao ser humano normal, a Psicopatologia fornece

contributos para o conhecimento dos mecanismos mentais. Por exemplo,

o exagero de um traço de personalidade – agressividade, hiperactividade,

apatia - permite conhecer "melhor essa característica num indivíduo

normal.

Estas áreas de investigação que referimos não formam compartimentos

estanques, incomunicáveis entre si. Ao contrário, elas estabelecem

constante diálogo, pois só assim é possível compreender e explicar o

comportamento humano que, como já referimos, se caracteriza pela

complexidade Na verdade, se o ser humano é simultaneamente biológico,

social e cultural, todo o seu pensar, sentir e agir (isto é, todo o seu

comportamento) traduzem essas três dimensões de forma integrada.

Da mesma forma, também entre a Psicologia de investigação e a

Psicologia aplicada existe uma interdependência. Na verdade, como

poderíamos aplicar conhecimentos – ajudando a melhorar a qualidade de

vida das pessoas e tratando psicoses e neuroses – se não houvesse

investigação? E, por outro lado, a aplicação dos conhecimento na vida

prática permite enriquecer as teorias, fornecer casos concretos que

sustentam o conhecimento teórico ou até detectar lacunas que permitem

melhorá-lo.

Quais as áreas da psicologia aplicada?

A psicologia como ciência prática ou aplicada refere-se a áreas de

intervenção da Psicologia que são utilizadas nas mais variadas situações da

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sociedade contemporânea. Assim, pode-se encontrar um psicólogo na escola,

no hospital, no tribunal, na fábrica, na universidade, no clube desportivo, num

centro de design de objectos e brinquedos, num departamento de uma

câmara municipal, no staff de um grupo político, num departamento de um

meio de comunicação social, num consultório, etc.

Iremos analisar sucintamente algumas destas áreas de aplicação e intervenção da

Psicologia:

Psicologia educacional e da orientação escolar e profissional; Psicologia do

trabalho e das organizações;

Psicologia desport iva;

Psicologia clínica;

Psicologia forense.

PSICOLOGIA EDUCACIONAL E DA ORIENTAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

A Psicologia educacional é aplicada, essencialmente, em três tipos de situações

envolvendo:

Alunos – o psicólogo procura promover o seu desenvolvimento e maturação psicológicos e

intervir nas dificuldades de natureza intelectual e emocional que perturbam a sua

aprendizagem e a integração escolar.

Professores – O psicólogo da educação apoia os educadores em questões

psicopedagógicas como, por exemplo, a escolha dos métodos de ensino, a elaboração de

programas e materiais adequados ao perfil dos alunos, questões de indisciplina, etc.

Outros intervenientes na acção educativa – o psicólogo procura ajudar todos os

intervenientes na educação melhorando a comunicação, facilitando as relações pessoais,

melhorando a comunicação família/escola, encontrando as funções educativas mais

adequadas às características dos funcionários, etc.

Para além destas actividades de apoio aos educadores e alunos, o psicólogo escolar

também desenvolve e realiza a orientação escolar e profissional dos alunos,

identificando as características de personalidade e competências que tornam os alunos

mais aptos a frequentar uma certa área de estudos e para optar por uma determinada

carreira profissional.

Os locais de intervenção do psicólogo educacional são os jardins-de-infância, escolas e

outras instituições de ensino e, ainda, as instituições de educação especial, o Ministério

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da Educação e as autarquias.

Os psicólogos escolares também participam em parcerias entre instituições, como: os

territórios educativos (áreas pedagógicas de intervenção prioritária devido a problemas

socioeconómicos), as equipas de educação especial, o SOS Criança, etc. Também

podem exercer as suas funções em

consultórios de orientação escolar e profissional. 3.

4.

Psicologia do trabalho e das organizações

Como melhorar a relação de cada indivíduo com o seu trabalho e com a organização onde exerce a sua profissão? Como optimizar as relações de trabalho, resolvendo conflitos existentes entre os recursos humanos? Como adaptar as pessoas às novas tecnologias e às novas necessidades que o mundo do trabalho actualmente exige? Como melhorar a produtividade de uma empresa, aumentando a satisfação individual? O psicólogo organizacional trata destas e de muitas outras questões que se prendem com a vida das organizações, com o trabalho que nelas se produz e com as relações humanas que se estabelecem entre as pessoas que nelas trabalham. As suas funções são exercidas em organizações estatais, privadas ou militares, sejam empresas, autarquias, escolas, hospitais, estabelecimentos prisionais ou outros. A sua intervenção procura aumentar a produtividade

Podemos, então, dizer que o psicólogo organizacional actua, fundamentalmente, em três áreas:

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Área do trabalho - organização do trabalho, segurança, saúde, interacção indivíduo/máquina;

Área da organização - relações interpessoais, gestão de conflitos, motivação, negociação;

Área do pessoal - selecção de pessoal, formação, desenvolvimento de carreiras, promoções.

Psicologia Clínica

O psicólogo clínico aplica os seus conhecimentos para diagnosticar

Perturbações, dificuldades e problemas, realizando uma interacção psicólogo/

paciente num esforço de análise e compreensão dos comportamentos. Desenvolve

psicoterapias individuais e de grupo de modo a facilitar os processos de mudança

necessários para ultrapassar as perturbações, dificuldades e problemas que

impedem uma integração social adequada.

10º CPAF

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