Artigo - Jesus Histórico

7/25/2019 Artigo - Jesus Histórico

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1

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM

SANTARÉM – IETADES

LUCINELSON FIGUEIRA MELO

MARLENE FIGUEIRA MELO

MARIA JOSENILDA LIMA FONTENELLE

SOLIANE SOUSA REIS

O JESUS HISTÓRICO E SUAS IMPLICAÇÕES NA TEOLOGIA MODERNA

Santarém-Pa

2015



2

LUCINELSON FIGUEIRA



SOLIANE SOUSA REIS


Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Instituto de EducaçãoTeol!ica da "ssembleia de #eus emSantarém - IET"#ES$ como parte dase%i!&ncias para a obtenção de nota don'(el a(ançado em teolo!ia)

*rientador+Pro,) *toniel Pereira da Sil(a

Santarém-Pa

2015



3

AGRADECIMENTOS

" #eus por ter nos dado sade e ,orça para superar as di,iculdades)

E a todos .ue direta ou indiretamente ,i/eram parte da nossa ,ormação$ o meu

muito obri!ado)



4

DEDICATORIA

#edicamos este trabalho primeiramente #eus$ pr ser essencial m nossas

(idas$ autor d nosso destino$ nosso !uia$ socorro presente n hora d

an!stia$ e os nossos pro,essores .3 nos au%iliaram n conclusão deste

arti!o)



5

EPÍGRAFE

4Sem o processo da cr'tica e da contracr'ticanão se conse!ue reconhecer a (erdadehistrica eis .ue tal processo nos ensina ae%aminar com mais a!ude/a$ a encontrar melhores pro(as$ a não persistir s na tradição$embora também não se de(a sucumbir a umacr'tica desen,reada4)

67) 8orn9amm:



6

LUCINELSON FIGUEIRA MELO



SOLIANE SOUSA REIS


Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Instituto de EducaçãoTeol!ica da "ssembleia de #eus emSantarém - IET"#ES$ como parte dase%i!&ncias para a obtenção de nota don'(el a(ançado em teolo!ia)

8";C" E<"=I;"#*>"

???????????????????????????????????????? Pro,) 6;ome do orientador:

???????????????????????????????????????? Pro,) 6;ome do pro,essor a(aliador:



7

RESUMO

* estudo da (ida$ ministério e pessoa de @esus Cristo tem estado no centro do pensamento daI!reAa desde os seus primrdios$ mas nos ltimos du/entos anos temos (isto uma mudançasi!ni,icati(a na ,orma como ele tem sido reconstruido pelos acad&micos) * Iluminismo trou%euma mudança radical para o mundo$ e os estudos reli!iosos não ,oram uma e%ceção) Tudo$ atémesmo o prprio @esus$ ,oi al(o da hermen&utica histrico-cr'tica$ e o estado atual dasaborda!ens sobre o panorama scio-cultural de @esus e a cristolo!ia tem mudado a maneira deentendermos .uem realmente ,oi esse persona!em) Este arti!o utili/a-se de uma pes.uisa deordem biblio!rB,ica atra(és de di(ersos tericos .ue discutem a pessoa de Aesus nas principaisacademias teol!icas e procura dar uma (isão !eral$ não uma anBlise detalhada$ dos pontosde (ista dos historiadores e estudiosos a,ins desde o inicio do chamado século das lu/es4 ecaminhando até a contemporaneidade$ estabelecendo uma ponte entre o @esus histrico e o

seu conte%to social) Iremos mostrar as principais tend&ncias e%aradas pelos tericos$procurando e%plicar e di(ul!ar uma tentati(a de reconstrução da sua (ida humana e sobre suasperspecti(as con,orme são apresentadas pela (asta maioria dos seminBrios teol!icos$ ou seAa$@esus$ um pro,eta apocal'ptico em .ue o cerne de seu 9erD!ma ,oi a destruição do atualsistema e a instauração do >eino de #eus$ em .ue nao ha(erB mais morte$ nem opressão$nem so,rimento e a plena pa/ em toda a terra) Tal perspecti(a seria e%ecutada por um Aui/ deori!em transcendental .ue ani.uilaria as ,orças do mal e estabeleceria um !o(erno teocrBtico)

Palavra!"#av$% @esus histrico$ cristolo!ia$ pro,eta apocal'ptico)

SUM&RIO



8

INTRODUÇÃO'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''()

(' *ISÃO GERAL DOS ESTUDOS HISTÓRICOS SOBRE JESUS'''''''''''''''''((

1)1 " busca anti!a 61F-1G0H:)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))11

1)2 m per'odo transitrio 61G0H-1G5J:)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))1J

1)J " no(a busca 61G5J até o presente:))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))1K

1)K " busca terceira 6in'cio dos anos 1GF0 até aos nossos

dias:)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))15

+' FONTES REFERENCIAIS NÃO CRISTÃS SOBRE JESUS''''''''''''''''''''''''(,

2)1)1 * .ue não temos)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))1H

2)1)2 Lontes não cristãs do século IM)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))1H

2)1)J Testemunhas oculares e o @esus histrico)))))))))))))))))))))))))))))))))))))1

2)2 * .ue temos como re,er&ncias histricas não cristãs sobre

@esus))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))20

2)2)1 >e,er&ncias romanas)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))202)2)2 Lonte Audaica))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))2J

2)2)J Lontes rab'nicas))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))2K

-' O NO*O TESTAMENTO COMO FONTE DO JESUS HISTÓRICO'''''''''''+,

J)1 *s e(an!elhos canNnicos)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))2H

J)2 Lontes canNnicas e%ternas aos e(an!elhos e Paulo))))))))))))))))))))))))2

J)J " tradição de @esus nos atos)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))2

J)K "s ep'stolas não paulinas))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))2F

J)5 * testemunho de Paulo))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))J0

.' JESUS/ UM PROFETA APOCALÍPTICO'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''--

K)1 E(id&ncias de @esus como apocalipticista))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))JJ

K)1)1 Lontes independentes anti!as))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))JJ



9

K)1)2 a mensa!em apocal'ptica de @esus))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))J5

K)2 * Au'/o ,uturo)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))$)))))))))))))JH

K)J " imin&ncia do ,im))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))J

K)K " reputação de @esus como reali/ador de mila!res)))))))))))))))))))))))))))JF

K)5 " morte de @esus))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))JG

CONSIDERAÇÕES FINAIS'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''.(

REFER0NCIAS BIBLIOGR&FICAS'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''.+

INTRODUÇÃO



10

*s estudiosos modernos do ;o(o Testamento são ,amosos$ ou

in,ames$ por ,a/erem ale!açOes sobre @esus .ue contradi/em a.uilo em .ue a

maioria das pessoas$ especialmente os cristãos$ acreditam) "l!uns a,irmam

.ue @esus ,oi um pol'tico re(olucionBrio .ue .ueria insti!ar as massas em

Israel a se rebelarem (iolentamente contra seus dominadores romanos) *utros

ale!am .ue ele era uma espécie de ,ilso,o c'nico anti!o sem nenhum

interesse real na 8'blia ebraica 6as escrituras Audaicas: ou em Israel

entendido como o po(o de #eus$ mas .ue se ocupa(a de ensinar o po(o a

(i(er de maneira simples$ despoAado dos bens materiais dessa (ida) *utros

insistem .ue @esus se preocupa(a basicamente com a mB situação econNmica

de seu po(o oprimido e clama(a por re,ormas socioeconNmicas$ como uma

espécie de protomar%ista) *utros ainda declaram .ue sua preocupação

principal era a opressão das mulheres e .ue era um proto,eminista) "l!uns

di/em .ue ele se interessa(a principalmente por .uestOes reli!iosas$ mas era

,ariseu) *utros$ .ue ele era membro da comunidade dos manuscritos do mar

=orto$ um ess&nio) "l!uns di/em .ue ele pre!a(a uma ética totalmente

bur!uesa$ era casado e tinha ,ilhos) *utros ainda su!erem .ue ele era

homosse%ual$ pelo ,ato de ter escolhido apenas homens para serem apstolos

e nunca ter casado) E essas são apenas al!umas das teorias mais sérias)

"pesar dessa (ariedade de opiniOes$ hB (Brios pontos de consenso

entre praticamente todos os estudiosos em anti!uidade+ @esus ,oi um homem

Audeu$ reconhecido como pre!ador e mestre$ .ue ,oi cruci,icado 6uma ,orma

romana de e%ecução: em @erusalém durante o reinado do imperador Tibério$

.uando PNncio Pilatos era !o(ernador da @udeia)

Partindo desses pressupostos$ entende-se .ue @esus é uma ,i!urahistoricamente compro(ada .ue apre!oa(a princ'pios baseados em sua

interpretação da Qei como re.uisitos para ,a/er parte de um ,uturo reino em

.ue Ele seria Aui/ e !o(ernante)



11

(' *ISÃO GERAL DOS ESTUDOS HISTÓRICOS SOBRE JESUS

ma boa de,inição sobre o .ue é o @esus istrico4 ,oi dada por

@ohn =eier+

@esus histrico é a.uele .ue podemos res!atar$ retomar

ou reconstruir$ utili/ando os instrumentos cient',icos da

moderna pes.uisa histrica) Considerando-se o estado

,ra!mentBrio de nossas ,ontes e a nature/a muitas (e/es

indireta dos ar!umentos .ue de(emos usar$ este @esus

histrico serB sempre um construto cient',ico4 R))))

6=EIE>$ @) P) m @udeu =ar!inal+ repensando o @esus

histrico) p) 11:

"s principais di(isOes para o estudo sobre o @esus histrico são+ "

busca anti!a - 1F-1G0H um per'odo intermediBrio - 1G0H-1G5J " ;o(a

8usca$ de 1G5J até os dias atuais e a Terceira 8usca$ a partir do in'cio dos

anos 1GF0 até os dias atuais)

('( A 12"a a3456a 7(889!(:),;

" primeira busca pelo @esus histrico$ a!ora de,inida !eralmente

como a 8usca "nti!a$ recebeu o seu nome do t'tulo dado tradução In!lesa do

li(ro de "lbert SchUeit/er$ Von >eimarus /u Wrede+ eine 7eschichte der Qeben-

@esu-Lorschun!$ publicado em 1G0H$ a tradução do alemão é+ 4" 8usca do

@esus istrico+ de >eimarus Wrede4$ .ue (eio a ser utili/ado para o padrão

de estudo) B$ tal(e/$ uma postura .ue pre(aleceu durante este per'odo+ uma

(erdadeira compreensão cr'tica da histria da (ida de @esus .ue nos le(a paralon!e da ,é .ue tinha sido recebida pela i!reAa contemporXnea$ isso sobre a

in,lu&ncia do Iluminismo$ em .ue o do!ma e re(elação não ,oram aceitos como

,ontes precisas de in,ormaçOes) " histria cr'tica$ dedicou-se a ,ontes e

YobAeti(idadeY$ tendo prima/ia na apuração da (erdade) Estudiosos trabalhando

durante este tempo (iram .ue o trabalho histrico apenas cr'tico poderia

realmente descobrir .uem era @esus) Eles acredita(am .ue poderiam despir

camadas imprecisas de interpretação colocados em cima dele por se!uidores

posteriores .ue não ,oram histrico$ em nenhum sentido) Este método de



12

in(esti!ação tinha sido utili/ado em outros campos$ e a!ora era hora de aplicB-

la 8'blia) " aplicação deste método de histria sobre os materiais do

E(an!elho e da sua persona!em central produ/iram al!o muito di,erente do

.ue era normalmente entendido para ser (erdade) " conclusão essencial era

.ue o @esus da histria não era i!ual ao Cristo da ,é) ;a (erdade$ o @esus da

histria tinha sido trans,ormado no Cristo da ,é pelas primeiras comunidades

cristãs) @unto com essa recuperação do (erdadeiro @esus da histria$ a (elha

busca trou%e consi!o a suposição impl'cita de .ue a teolo!ia da i!reAa de(e

mudar para corri!ir a si mesma lu/ desta no(a re(elação) " crença em Cristo

transmitida ao lon!o dos séculos tinha sido constru'da sobre um entendimento

histrico imprprio)

* ponto de partida para esta Aornada histrica ,oi ermann Samuel

>eimarus) ;ascido em 1HGK$ ele era um pro,essor de l'n!uas orientais em

ambur!o até sua morte em 1HF) Suas obras ,oram publicadas

postumamente por 7otthold Qessin! Ephram em ,ra!mentos$ tornando suas

opiniOes pri(adas em pblicas) * ,ra!mento mais importante ,oi * obAeti(o de

@esus e seus disc'pulos)Y Este ,oi realmente o ,ra!mento .ue começou a busca

para o @esus histrico) >eimarus postulou uma di,erença intensa entre .uem@esus realmente era e o .ue seus disc'pulos proclamaram ser ele) Para

>eimarus @esus ,oi um re,ormador Audeu .ue se tornou cada (e/ mais ,anBtico

e politi/ado e ele ,alhou) Seu !rito de abandono na cru/ sinali/ou o ,im de sua

e%pectati(a de .ue seu deus a!iria para apoiB-lo) *s disc'pulos a,astaram-se

por ser ele um modelo di,erente de =essias$ anunciando .ue tinha

ressuscitado$ e esperaram-no para tra/er o ,im do mundo) =as ,icaram

desapontados$ e em (e/ de chorar de desespero$ eles ,undaram a I!reAa no

in'cio) @esus era um re(olucionBrio .ue tentou e não conse!uiu os disc'pulos

eram en!anadores .ue propa!aram uma (isão de @esus .ue sabiam ser ,alsa)

>eimarus em sua mente tinha desenterrado um @esus histrico .ue era uma

ant'tese do Cristo da ,é)

ma (e/ iniciada$ a busca do @esus histrico continuou bastante

séria) #a(id Lriedrich Strauss é tal(e/ o mais conhecido estudioso deste

per'odo) ;ascido em 1F0F$ ele ocupou (Brios car!os de ensino) Ele ,oichamado para Zuri.ue como pro,essor de Teolo!ia em 1FJG$ mas por causa da



13

oposição a ele por cristãos conser(adores ele nunca ,oi autori/ado a ocupar o

seu posto) Vi(eu como um escritor até sua morte em 1FK)

Strauss claramente reAeitou o supernaturalismo e descre(eu Cristo

como um mito) Ele aceitou um .uadro histrico incluindo a (ida de @esus$ comoseu batismo por @oão 8atista$ seu ensino e ,ormação de disc'pulos$ bem como

a sua morte de(ido hostilidade dos ,ariseus$ mas a i!reAa primiti(a

trans,ormou o @esus histrico em al!o .ue ele não esta(a por um processo

duplo) Primeiro$ a i!reAa interpretou os acontecimentos da (ida de @esus como

cumprimento da pro,ecia do "nti!o Testamento$ estabelecendo-o assim como o

=essias) Em se!undo lu!ar$ a i!reAa criou mitos e lendas sobre ele atra(és das

crenças locais) * @esus histrico ,oi assim trans,ormado no =essias di(ino pelade(oção piedosa$ mas errNnea da i!reAa) "ssim$ de acordo com Strauss o

@esus histrico ,oi enterrado camadas abai%o em pro,undos mito$ tanto .ue

uma bio!ra,ia de sua (ida era .uase imposs'(el escre(er)

*utro importante teol!o ,oi "lbert SchUeit/er) Publicou a obra "

8usca do @esus istrico+ de >eimarus Wrede4$ em 1G0H com a idade de J1)

Ele não s pro(ou a si mesmo como um estudioso b'blico in,luente$ como

também se destacou no campo da msica e medicina) [ re!istrado .ue os

ltimos cin.\enta anos de sua (ida ,oram passados como médico missionBrio

na ",rica) SchUeit/er sentiu .ue a cha(e para a compreensão de @esus era sua

escatolo!ia) @esus não pode ser di(orciado do conte%to escatol!ico .ue ele

compartilhou com o Auda'smo de seu dia) * problema com essa (isão é a ,orma

e%trema de apocalipticismo .ue ele acredita(a .ue @esus reali/ou)

SchUeit/er$ assim$ interrompeu a (elha busca preparando o palco

para a Terceira 8usca$ .ue não começa até 5 anos aps sua escrita e .uin/e

anos aps sua morte$ em 1GH5)

('+ U< =$r>?@? 4ra354r5? 7(:),!(:-;

* per'odo imediatamente aps a publicação da obra decisi(a de

SchUeit/er era um hiato no estudo do @esus histrico) Loi mesmo o chamado

per'odo da nao busca4 Y) SchUeit/er criticou a (elha 8usca sobre as suas



14

tend&ncias uni(ersali/antes e ,alta de (isão apocal'ptica na busca do @esus

histrico) Ceticismo ,oi a principal caracter'stica deste per'odo e a sua ep'tome

é encontrado em >udol, 8ultmann) ma descrição dele e de seus pontos de

(ista é su,iciente para a compreensão deste per'odo) 8ultmann (i(eu desde

1FFK até 1GH) "o lon!o de sua (ida$ ele ocupou (Brios car!os de ensino em

di,erentes escolas na "lemanha) Ele é mais ,amoso por suas contribuiçOes

para a cr'tica das ,ormas .ue marcaram esse per'odo de transição$

concentrando a atenção da histria sobre a i!reAa primiti(a$ não sobre (ida de

@esus) >essalta o conceito de demitolo!i/ação das escrituras con,orme é

atestado nesa citação+

demitolo!i/ar não si!ni,ica rechaçar em sua totalidade aEscritura ou a mensa!em cristã$ mas sim a cosmo(isão

b'blica$ .ue é a cosmo(isão de uma época passada$ com

demasiada ,re.u&ncia mantida ainda na do!mBtica cristã

e na pre!ação da I!reAa) #emitolo!i/ar si!ni,ica ne!ar

.ue a mensa!em da Escritura e da I!reAa esteAa

(inculada a uma cosmo(isão anti!a e obsoleta)4

68QT=";;$ #emitolo!i/ação+coletXnea de ensaios$ p)

HJ:

* material nos E(an!elhos não ilumina a (ida de @esus$ apenas o

Sit/ im Qeben da i!reAa) "s pala(ras de @esus eram de ,ato de pre!adores

cristãos .ue ,alam em seu nome$ e o Cristo .ue ,oi pre!ado era o Cristo da ,é$

e não o @esus da histria) #e(ido a estas caracter'sticas dos documentos do

;o(o Testamento$ pouco pode ser dito sobre a (ida de @esus)

('- A 3?va 12"a 7(:- a4 ? =r$$34$;

" ,orça do pensamento e teolo!ia de 8ultmann ,oi di,'cil de superar$

mas não imposs'(el) " pr%ima etapa da in(esti!ação séria do @esus histrico

sua(i/ou o ceticismo de 8ultmann um pouco$ mas isso não alterou em .ual.uer

n'(el ,undamental o desdém de !rande alcance para o re!istro histrico contido

nos materiais do ;o(o Testamento)

" no(a busca começou em 2J de outubro de 1G5J$ .uando Ernst

]semann apresentou sua palestra sobre Y* Problema do @esus histricoY para



15

uma reunião de estudantes de 8ultmann) *s ideais e métodos adotados pela

no(a missão di,eriram um pouco do pensamento de 8ultmann) ]semann

criticou a total descone%ão de 8ultmann da histria e da ,é) " ;o(a 8usca

sustenta uma (isão apocal'ptica e reAeita o ponto de (ista de SchUeit/er) Essa

;o(a 8usca (& as Escrituras de uma maneira semelhante de Wilhelm Wrede

em .ue a maioria do contedo pode ser atribuido apenas i!reAa primiti(a e é

intil no estabelecimento de .ual.uer tipo de (erdade histrica) Esse tipo de

postura é bem conhecida atra(és do SeminBrio @esus$ che,iado por >obert

Lun9$ com a parceria de outros estudiosos$ e .ue propOe a reali/ar uma anBlise

séria e acad&mica do material no ;o(o Testamento com o obAeti(o de

determinar .uem @esus realmente era e libertar4 a I!reAa a partir da

interpretação das in,ormaçOes .ue che!aram até ns)

('. A 12"a 4$r"$5ra 753>"5? @? a3? (:9) a4 a? 3?? @5a;

*s estudiosos dentro da Terceira 8usca colocam @esus dentro de

seu conte%to escatol!ico Audaico) Essa busca reAeita o ceticismo histrico da

no(a busca e abraça o tema central de SchUeit/er sobre a (ida de @esus e$ ao

mesmo tempo re,inando-o e tornando mais e%atas e representati(as do

Auda'smo do seu tempo)



16

+' FONTES REFERENCIAIS NÃO CRISTÃS SOBRE JESUS

+'('( O 2$ 3? 4$<?

;ão hB e(id&ncias materiais ou ,'sicas da e%ist&ncia de @esus 6F00

anos antes da in(enção da ,oto!ra,ia:$ e isso inclui .ual.uer tipo de e(id&ncia

ar.ueol!ica)

;ão .ue isso seAa um ar!umento ,orte contra sua e%ist&ncia$ AB .ue

não hB e(id&ncia ar.ueol!ica de nenhum habitante da Palestina da época de

@esus além de aristocratas da mais alta elite$ ocasionalmente mencionados em

inscriçOes 6e até mesmo eles não t&m nenhum outro tipo de e(id&ncia

ar.ueol!ica:) ;a (erdade$ não temos (est'!ios ar.ueol!icos de nenhum

Audeu não aristocrata da década de 20 do século I EC$ .uando @esus teria sido

adulto) E não hB nin!uém .ue acredite .ue @esus ,osse aristocrata)

Também não temos nenhum te%to escrito por @esus) =uitos podem

considerar isso estranho$ mas na (erdade não tem nada de incomum) " (asta

maioria das pessoas do mundo anti!o não sabia escre(er) =uitos discutem se

@esus sabia ler ou escre(er)

Portanto$ não hB nada estranho no ,ato de não ha(er escritos dele)

#e(o en,ati/ar .ue não temos escritos de GG$GG^ das pessoas .ue (i(eram na

anti!uidade) Claro .ue isso não pro(a .ue elas não e%istiram) Isso apenas

si!ni,ica .ue$ se .uisermos demonstrar .ue al!uma delas (i(eu$ temos de

procurar por outros tipos de e(id&ncia)

+'('+ F?34$ 3? "r54 @? "2l? 5

[ (erdade$ como os cr'ticos não dei%am de destacar$ .ue nenhumautor !re!o ou romano do século I menciona @esus) Seria bastante

con(eniente para ns se mencionassem$ mas in,eli/mente não é o caso) "o

mesmo tempo$ isso também é um ,ato um tanto irrele(ante$ AB .ue essas

mesmas ,ontes não mencionam milhOes de pessoas .ue e,eti(amente (i(eram)

;esse ponto$ @esus é i!ual (asta maioria dos seres humanos de épocas

anti!as)

"lém disso$ é um erro ar!umentar$ como s (e/es ,a/em os cr'ticos.ue al!uém supostamente tão espetacular .uanto @esus$ .ue reali/ou tantos



17

mila!res e ,eitos ,antBsticos$ decerto seria discutido ou pelo menos

mencionado em ,ontes pa!ãs caso ti(esse realmente e%istido) "l!uém capa/

de curar en,ermos$ e%orci/ar demNnios$ andar sobre a B!ua$ alimentar

multidOes com apenas al!uns pães e ressuscitar os mortos certamente seria

al(o de comentBrios) ;o entanto$ temos .ue entender .ue o @esus histrico

antes de ser um operador de mila!res ,oi um ser humano) E não de(emos ,icar

surpreendidos por.ue as ,ontes romanas não o mencionem$ assim como não

surpreende .ue essas mesmas ,ontes não mencionem nenhum de seus tios$

primos ou sobrinhos$ ou praticamente nenhum outro Audeu de sua época)

#e(o reiterar .ue é totalmente m'tica4 a ideia de .ue os romanos

mantinham re!istros detalhados de tudo e .ue$ por conse.u&ncia$ somos

e%traordinariamente bem in,ormados sobre o mundo da Palestina romana)

Podemos acrescentar .ue nossa principal ,onte de conhecimento

sobre a Palestina Audaica no per'odo de @esus é o historiador @ose,o$ um

destacado aristocrata Audeu .ue tinha !rande in,lu&ncia nos assuntos sociais e

pol'ticos de sua época) E @ose,o não é mencionado em ,ontes !re!as e

romanas de sua época)

+'('- T$4$<23#a ?"2lar$ $ ? $2 #54r5"?

"inda em relação .uestão das e(id&ncias .ue não temos$

en,ati/amos .ue não hB um nico re!istro escrito por uma testemunha ocular$

seAa pa!ã$ Audia ou cristã$ do .ue @esus disse ou ,e/) =as e os E(an!elhos do

;o(o TestamentoM Seus autores não são testemunhas ocularesM Embora os

E(an!elhos de =ateus e @oão ,ossem assim considerados no passado$

atualmente não é o .ue pensa a maioria dos historiadores cr'ticos1)Se!undo a tradição da i!reAa primiti(a$ os .uatro E(an!elhos do

;o(o Testamento ,oram escritos por =ateus$ =arcos$ Qucas e @oão) =esmo

nessa tradição$ =arcos e Qucas não ,oram testemunhas oculares da (ida de

@esus) =arcos ,oi o companheiro de Pedro$ .ue o ou(iu pre!ar sobre @esus e

reor!ani/ou seus ensinamentos em uma narrati(a .ue (eio a ser o E(an!elho

.ue le(a seu nome) =esmo se aceitarmos a tradição de .ue ,oi realmente

1 Sobre a autoria dos evangelhos, ver: TENNEY, Merril. O Novo Testamento: Sua origem e análise. SãoPaulo, Shedd, 2!)



18

=arcos .uem escre(eu o E(an!elho$ ele não dei%a de ter obtido suas

in,ormaçOes em se!unda mão) Qucas era de um per'odo ainda mais tardio+ era

considerado um dos companheiros do apstolo Paulo$ .ue não ,oi um dos

se!uidores de @esus em (ida) Qucas ,oi supostamente um médico !entio 2 .ue

pes.uisou a (ida de @esus e depois escre(eu sua narrati(a) Se a tradição

sobre Qucas esti(er correta$ estamos lidando com um autor .ue ,oi disc'pulo de

al!uém .ue não ,oi disc'pulo) =ateus$ por outro lado$ teria sido um dos do/e

disc'pulos$ o cobrador de impostos .ue @esus chamou para ser um de seus

se!uidores 6=ateus G+G-1J:) E acredita(a-se .ue @oão ,osse o misterioso

disc'pulo amado4 do _uarto E(an!elho 6por e%emplo$ @oão 1G+2H-2:$

identi,icado como um dos disc'pulos mais pr%imos de @esus$ @oão$ ,ilho de

Zebedeu)

oAe em dia$ com e%ceção dos c'rculos ,undamentalistas e

e(an!élicos conser(adores$ os estudiosos são praticamente unXnimes em

a,irmar .ue pro(a(elmente todas essas atribuiçOes de autoria estão erradas)

m aspecto importante a obser(ar é .ue nenhum dos autores dos E(an!elhos

se identi,ica pelo nome ou narra suas histrias sobre @esus em primeira

pessoa) *s E(an!elhos são todos escritos anonimamente$ e os autores

descre(em os disc'pulos$ inclusi(e =ateus e @oão$ em terceira pessoa$ ,alando

sobre o .ue eles4 ,i/eram 6não eu4 ou ns4:) *s cr'ticos ar!umentam .ue os

se!uidores diretos de @esus eram$ como ele$ camponeses de classe bai%a em

Breas rurais da 7aliléia$ ,alantes de aramaico e não seriam capa/es de

escre(er e(an!elhos .ue ,oram compostos em !re!o)

VBrias pes.uisas importantes sobre al,abetismo sur!iram em anos

recentes mostrando .uanto seus n'(eis eram bai%os na anti!uidade) * estudo

mais citado é o do pro,essor da ni(ersidade de Columbia William arris$ noli(ro "ncient QiteracD R"l,abetismo no mundo anti!o) "nalisando

minuciosamente todas as e(id&ncias e%istentes$ arris che!a con(incente$

porém surpreendente$ conclusão de .ue$ nos per'odos mais al,abeti/ados do

2 "ários estudiosos #omo $adbur% &'(2), t*m mostrado +ue uma grande arte da linguagem m-di#a deu#as tamb-m - en#ontrada na setuaginta / 00 &versão grega do 1T), ose3o, Plutar#o, e outros,demonstrando +ue não havia ne#essidade de ser um m-di#o ara usar tal terminologia. u4e: 1 5andboo4 on the gree4 te6t. &Mi4eal $. Parsons, Martin M. $ul%, oshua . Stigall)



19

mundo anti!o$ apenas 10^ da população sabia ler al!uma coisa ou

possi(elmente copiar te%tos) m nmero bem menor do .ue isso$ ob(iamente$

era capa/ de redi!ir uma ,rase$ e era ainda mais raro ha(er .uem pudesse

compor uma narrati(a ou ainda um li(ro inteiro) E esses 10^ eram a elite$ .ue

tinha tempo$ dinheiro e la/er para obter uma educação)

;a Palestina romana$ a situação era ainda pior) * estudo de

al,abetismo na Palestina mais apro,undado é o da pro,essora de estudos

Audaicos da ni(ersidade de Qondres Catherine e/ser$ mostrando .ue$ na

época de @esus$ é pro(B(el .ue apenas J^ dos Audeus palestinos ,ossem

al,abeti/ados) ;o(amente$ estes seriam as pessoas .ue saberiam ler e tal(e/

escre(er seus nomes e copiar pala(ras) m nmero menor ainda saberia

redi!ir ,rases$ parB!ra,os$ cap'tulos e li(ros+ mais uma (e/$ as elites urbanas)

" .uestão ,ica ainda mais n'tida a partir de outra consideração) "

l'n!ua nati(a de @esus$ de seus disc'pulos e da maioria do po(o na Palestina

era o aramaico) *s E(an!elhos$ porém$ não ,oram escritos em aramaico$ mas

em !re!o) E !re!o de bom n'(el$ altamente pro,iciente) *s autores dos

E(an!elhos eram ,alantes e escritores de !re!o e%cepcionalmente cultos)

#e(iam ser de classes relati(amente altas$ .uase certamente de Breas urbanas

,ora da Palestina) Em !eral$ os estudiosos concordam .ue esses te%tos datam

do ,inal do século I+ o E(an!elho de =arcos seria o mais anti!o$ pro(a(elmente

escrito por (olta de 0 EC os E(an!elhos de =ateus e Qucas teriam sido

elaborados pouco depois$ possi(elmente entre F0 e F5 EC e o de @oão seria o

ltimo$ no per'odo de G0-G5 EC) *s autores desses li(ros pro(a(elmente eram

cristãos de épocas posteriores .ue ou(iram as histrias sobre @esus$

disseminadas oralmente ano aps ano$ década aps década$ e ,inalmente

decidiram escre(&-las)J

[ poss'(el .ue os autores dos E(an!elhos tenham se baseado em

,ontes escritas também$ além de tradiçOes orais) Qucas a,irma e%plicitamente

.ue tem conhecimento de relatos anteriores sobre a (ida de @esus 61+1-K:$ e hB

boas ra/Oes para achar .ue tanto ele como =ateus tinham acesso a uma

(ersão do E(an!elho de =arcos$ do .ual tiraram muitas de suas histrias)

3 Sobre a transmissão oral ver: METZGE! "r#$e% T&e te't o( t&e )e* Testament% +ts transmission! $orr#,tion an- restoration% 2. E-% /'(or-%



20

"mbos pro(a(elmente também ti(eram contato com um documento

.ue os estudiosos rotularam como Q 6de Quelle$ .ue si!ni,ica ,onte4 em

alemão:) Esse material não che!ou aos nossos dias$ mas aparentemente

e%istiu no passado$ em !re!o$ e consistia de (Brios ensinamentos e al!uns

,eitos de @esus) "o lado desses dois documentos$ =ateus e Qucas podem ter

utili/ado ainda outras ,ontes para seus relatos .uanto a =arcos$ não sabemos

a .uais ,ontes recorreu para suas narrati(as) @oão é um caso totalmente

di,erente$ AB .ue as histrias .ue ele narra sobre @esus são bastante distintas

das encontradas nos E(an!elhos sinticos de =ateus$ =arcos e Qucas)

#e .ual.uer modo$ o .ue os historiadores cr'ticos en,ati/am é .ue

os E(an!elhos do ;o(o Testamento não ,oram escritos por testemunhas

oculares da (ida de @esus)

+'+ O 2$ 4$<? "?<? r$$r3"5a #54r5"a 3? "r54 ?1r$ $2

"!ora .ue AB analisamos boa parte das ,ontes .ue não temos

dispon'(eis para determinar a pessoa do @esus histrico$ podemos começar a

e%aminar as ,ontes a .ue temos acesso) Começaremos com um bre(e resumo

das ,ontes normalmente denominadas como re,er&ncias não cristãs a @esus)

Vamos nos restrin!ir ao .ue ,oi produ/ido até apro%imadamente cem anos

depois da data tradicionalmente atribu'da morte de @esus$ AB .ue é

praticamente imposs'(el considerar os escritos posteriores a isso como

testemunhos imparciais e con,iB(eis) Isso por.ue tais te%tos ,oram sem d(ida

baseados no .ue os autores simplesmente ou(iram sobre @esus$

pro(a(elmente de seus se!uidores)

+'+'( R$$r3"5a r?<a3a

;o per'odo de um século aps a data tradicional da morte de @esus$

ele é mencionado por autores romanos) ;enhum deles escre(eu durante a (ida

de @esus ou mesmo no primeiro século cristão) Todos escre(eram (Brias

décadas depois da data tradicional de sua morte)



21

Pl>35?/ ? J?v$<

" primeira re,er&ncia a @esus em uma ,onte não cristã e não Audaica$

aparece nos escritos de Pl'nio$ o @o(em$ !o(ernador da pro('ncia romana de

8it'nia e Ponto$ na `sia =enor 6atual Tur.uia:) Ele é mais conhecido entre os

estudiosos do cristianismo primiti(o em ra/ão de uma série de cartas .ue

escre(eu mais tarde ao imperador romano TraAano$ pedindo conselhos para

!o(ernar sua pro('ncia) " carta nmero 10 de 112 EC é particularmente

importante$ AB .ue é o nico momento em .ue Pl'nio parece mencionar a

e%ist&ncia de @esus) * assunto principal da carta não é @esus$ mas um

problema pol'tico) ma lei ,oi promul!ada na pro('ncia de Pl'nio tornando ile!al

a reunião de pessoas em !rupos sociais)

S2$435?

8i!ra,o romano$ citada com ,re.u&ncia em discussOes sobre a

e%ist&ncia de @esus) SuetNnio é mais ,amoso por ter escrito do/e bio!ra,ias de

imperadores romanos) Sua obra "s (idas dos do/e Césares$ escrita em 115

EC$ é uma leitura interessante até hoAe)

Em uma das bio!ra,ias .ue SuetNnio escre(eu sobre ClBudio$

imperador romano de K1 a 5K EC$ aparentemente ocorre uma se!unda

re,er&ncia a @esus) * autor indica .ue$ em certo momento de seu reinado$

ClBudio deportou todos os Audeus de >oma em ra/ão dos distrbios por terem

sido insti!ados por Chrestus4) Ele não di/ mais nada sobre o homem) "inda

assim$ (Brios estudiosos ao lon!o dos anos t&m considerado a situação em

>oma rele(ante para a compreensão da histria do cristianismo primiti(o)

Se!undo essa teoria$ os Audeus romanos .ue esta(am con(encidos de .ue

@esus era o messias$ ou Cristo 6Chrestus:$ pro(ocaram a ira dos Audeus .uenão acredita(am nisso) "s reaçOes (iolentas ,u!iram do controle$ e são esses

os distrbios mencionados por SuetNnio) Então ClBudio e%pulsou todos)

Essa interpretação dos e(entos parece encontrar al!uma

sustentação no li(ro dos "tos do ;o(o Testamento$ .ue também se re,ere ao

incidente 61F+2:) m problema com essa reconstrução é .ue$ se SuetNnio

realmente se re,eria a uma situação desse tipo$ ele errou a !ra,ia da alcunha

de @esus$ AB .ue Cristo em latim seria Christus, e não Chrestus 6embora essetipo de erro orto!rB,ico ,osse comum:) Como Chrestus também era um nome$



22

simplesmente pode ser .ue ha(ia um Audeu chamado Chrestus .ue pro(ocou

um tumulto$ resultando em distrbios na comunidade Audaica)

TK"54?

TBcito escre(eu a ,amosa obra Anais em 115 EC como uma histria

do Império >omano de 1K a HF EC) Pro(a(elmente$ o trecho mais ,amoso

dessa obra de 1H (olumes de(e ser o .ue discute o inc&ndio .ue consumiu boa

parte de >oma durante o reinado do imperador ;ero$ em HK EC) Se!undo

TBcito$ ,oi o imperador em pessoa .uem contratou os incendiBrios por.ue

.ueria implementar seus prprios planos ar.uitetNnicos e não podia ,a/&-lo

en.uanto as partes mais anti!as da cidade ainda esti(essem em pé) ;ero

precisa(a trans,erir a culpa para al!uém e$ assim$ ainda de acordo com TBcito$

ale!ou .ue os cristãos ha(iam pro(ocado o inc&ndio) " maioria da população

esta(a disposta a acreditar na acusação$ por.ue os cristãos eram amplamente

di,amados por seu dio raça humana4)

Então ;ero mandou .ue os cristãos ,ossem presos e publicamente

e%ecutados de maneiras e%tremamente dolorosas e humilhantes) "l!uns deles

,oram cobertos de piche e incendiados ainda (i(os para iluminar os Aardins de

;ero outros ,oram enrolados em peles ,rescas de animais e atirados aos cães

sel(a!ens$ .ue os destroçaram)

;o conte%to desse relato san!rento$ TBcito ar!umenta .ue+

;ero acusou ,alsamente a.ueles .ue R a população

chama(a de cristãos) * autor do crime com esse nome$Cristo$ ,ora e%ecutado por ordens do procurador$ PNncio

Pilatos$ en.uanto Tibério era imperador$ mas a peri!osa

superstição$ embora momentaneamente reprimida$

ressur!iu não s na @udeia$ a ori!em desse mal$ mas até

mesmo na cidade Rde >oma4) 6"nais:

=ais uma (e/ o nome de @esus não é mencionado$ mas é ob(io .ue

TBcito se re,ere a ele e sabe al!uns dados bBsicos a seu respeito) Ele se

chama(a Cristo e ,oi e%ecutado por ordens de PNncio Pilatos durante o reinado



23

de Tibério) "demais$ isso presumi(elmente se deu na @udeia$ onde Pilatos era

!o(ernador e onde os se!uidores de @esus sur!iram)

+'+'+ F?34$ 2@a5"a

#a Palestina$ o nico autor da época .ue che!ou até ns é @ose,o)

J?$?

LlB(io @ose,o é uma das ,i!uras mais importantes do Auda'smo

anti!o) Seus relatos histricos copiosos são nossa principal ,onte de

in,ormação sobre a (ida e a histria da Palestina no século I) Ele este(e

pessoalmente en(ol(ido em al!uns dos e(entos mais importantes .ue narra$

especialmente em sua obra de oito (olumes 7uerra dos Audeus)

Em seus escritos ele ,ala sobre di(ersas pessoas chamadas @esus e

também alude bre(emente a @oão 8atista) Em duas ocasiOes$ ao menos na

(ersão de sua obra .ue che!ou até ns$ ele se re,ere a @esus de ;a/aré)

Con,orme (emos na citação se!uinte+

;esse mesmo tempo apareceu @esus$ .ue era um

homem sBbio$ se toda(ia de(emos considera-lo

simplesmente como um homem$ tanto suas obras eram

admirB(eis) Ele ensina(a os .ue tinham pra/er em ser

instru'dos na (erdade e ,oi se!uido não somente por

muitos Audeus$ mas mesmo por muitos !entios) Ele era o

Cristo) *s mais ilustres da nossa nação acusaram-no

perante Pilatos e ele ,&-lo cruci,icar) *s .ue o ha(iam

amado durante a (ida não o abandonaram depois da

morte) Ele lhes apareceu ressuscitado e (i(o no terceiro

dia$ como os santos pro,etas o tinham predito e .ue ele

,aria muitos outros mila!res) [ dele .ue os cristãos$ .ue

(emos ainda hoAe$ tiraram seu nome4

(Antiguidades Judaicas 18:63)

+'+'- F?34$ ra1>35"a



24

* Talmude é uma coleção de materiais do Auda'smo primiti(o

independentes entre si+ são disputas Aur'dicas$ relatos$ ,olclore$ costumes e

ditados) " maior parte desse material tem relação direta com os ensinamentos

e a histria dos primeiros rabinos$ isto é$ pro,essores Audeus) " coleção ,oi

reunida bem depois da época em .ue @esus teria (i(ido)

* cerne do Talmude é o =ishnah$ uma coleção de ensinamentos

rab'nicos sobre a lei Audaica$ baseados em tradiçOes orais .ue circula(am hB

muito tempo e ,oram escritas no in'cio do século III$ cerca de du/entos anos

depois da morte de @esus) " maior parte do Talmude$ porém$ consiste em uma

série chamada 7emara$ composta de comentBrios tardios ,eitos por rabinos

sobre a =ishnah) B dois conAuntos desses comentBrios+ um produ/ido no

século IV por estudiosos Audeus .ue (i(iam na Palestina e outro produ/ido no

século V por estudiosos da 8abilNnia) Considera-se .ue este ltimo tem maior

autoridade)

Por muito tempo os estudiosos (aleram-se do Talmude como se ele

ti(esse in,ormaçOes histricas e%atas sobre a (ida$ as leis e os costumes dos

Audeus de um per'odo bem anterior$ a partir do século I) Poucos cr'ticos

mant&m essa postura atualmente) #e uma ,orma ou de outra$ o material não

dei%a de ser um produto de seu prprio tempo$ embora baseado em relatos

orais anteriores)

@esus não é mencionado na seção mais anti!a do Talmude$ o

=ishnah$ mas aparece nos comentBrios posteriores do 7emara) m dos

problemas com essas re,er&ncias bem tardias é .ue @esus não é chamado

pelo nome) B certas passa!ens$ por e%emplo$ .ue se re,erem a uma pessoa

chamada 8en R,ilho de Panthera4) Panthera era o nome tradicionalmente dado

ao soldado romano .ue$ supunha-se$ teria sedu/ido =aria) Seu ,ilho$ portanto$teria nascido ,ora do casamento) @B hB muito tempo os estudiosos reconhecem

.ue essa (ersão parece um ata.ue sutil tradição cristã do nascimento de

@esus como ,ilho de uma (ir!em4) Em !re!o$ a pala(ra para (ir!em é

parthenos$ cuAa !ra,ia se apro%ima de Panthera)

*utras mençOes ,eitas pelo Talmude tra/em @esus como um

,eiticeiro .ue ad.uiriu seus poderes de ma!ia ne!ra no E!ito) Comparam-no

aos relatos dos E(an!elhos sobre como @esus ,u!iu para o E!ito com sua,am'lia lo!o aps seu nascimento e sobre suas habilidades de reali/ar mila!res



25

demonstradas ao lon!o da (ida) * Talmude di/ .ue ele reuniu cinco disc'pulos

e ,oi en,orcado na (éspera da PBscoa$ aps um arauto anunciar durante

.uarenta dias as acusaçOes de ,eitiçaria contra ele) [ poss'(el .ue esteAamos

no(amente diante de uma interpretação tendenciosa dos relatos dos

E(an!elhos$ nos .uais @esus é morto durante a PBscoa$ mas em um processo

precipitado$ com um Aul!amento e%tremamente rBpido$ .ue resultou em

e%ecução apro%imadamente do/e horas depois da prisão)

Essas re,er&ncias do Talmude a @esus se ori!inaram centenas de

anos depois da época em .ue ele teria (i(ido$ portanto são de pouca (alia para

nossa in(esti!ação) _uando ,oram escritas$ o cristianismo era uma ,orça

considerB(el no Império >omano$ e todo cristão .ue conta(a histrias sobre

@esus naturalmente presumia .ue ele ti(esse e%istido como uma pessoa real)

-' O NO*O TESTAMENTO COMO FONTE DO JESUS HISTÓRICO



26

-'( O $va36$l#? "a335"?

* E(an!elho mais anti!o sobre a (ida de @esus é pro(a(elmente o

de =arcos$ escrito por (olta de 0 EC$ datação !eralmente aceita tanto pelos

estudiosos conser(adores do ;o(o Testamento como pelos liberais) Cerca de

.uarenta anos aps a (ida de @esus$ temos uma narrati(a relati(amente

completa sobre o .ue ele disse e ,e/ e também sobre sua morte por

cruci,icação)

B um consenso .uase uni(ersal entre os estudiosos do ;o(o

Testamento de .ue tanto =ateus como Qucas ti(eram acesso ao E(an!elho de

=arcos e usaram-no como base para muitas de suas histrias sobre @esus)

=ateus e Qucas de ,ato usaram o E(an!elho de =arcos$ mas

também hB trechos si!ni,icati(os em ambos os E(an!elhos sem relação

al!uma com =arcos) E$ nessas passa!ens$ =ateus e Qucas re!istraram

tradiçOes detalhadas e independentes sobre a (ida$ os ensinamentos e a morte

de @esus) Esses te%tos pro(a(elmente ,oram escritos de de/ a .uin/e anos

depois do E(an!elho de =arcos$ de modo .ue por (olta do ano F0 ou F5 temos

pelo menos tr&s relatos autNnomos da (ida de @esus$ todos escritos no per'odo

de pouco mais de uma !eração depois da época em .ue @esus teria (i(ido)

=as isso não é tudo) B ainda outros E(an!elhos independentes) *

E(an!elho de @oão é ocasionalmente descrito como o E(an!elho dissidente4

por.ue é bem di,erente dos relatos sinticos de =ateus$ =arcos e Qucas) "ntes

da narrati(a .ue condu/ morte de @esus$ a maioria das histrias de @oão s é

encontrada no seu E(an!elho$ ao mesmo tempo .ue não é inclu'da a maioria

dos episdios comuns aos tr&s outros E(an!elhos) _uando hB histrias em

@oão .ue também constam de outros E(an!elhos$ ele as conta de maneira tãodi,erente .ue não parece ter recebido seus relatos de nenhum dos outros) Isso

é ainda mais ine(itB(el de concluir$ ao pensarmos nas histrias de @oão .ue

não coincidem com as histrias dos sinticos) Vale também para o relato de

@oão da morte de @esus) @oão é !eralmente considerado o ltimo dos

E(an!elhos canNnicos na ordem em .ue ,oram escritos$ datado de por (olta de

G0 a G5 EC) "ssim$ ainda no século I temos .uatro narrati(as independentes da

(ida e morte de @esus 6=ateus e Qucas são independentes em (Brias de suashistrias corroborati(as @oão é possi(elmente independente em todas:)



27

-'+ F?34$ "a335"a $4$r3a a? Eva36$l#? $ Pa2l?

Todos os autores do ;o(o Testamento tinham conhecimento do

@esus histrico) "té mesmo o autor da carta de Tia!o$ .ue menciona @esus

apenas duas (e/es$ de passa!em 61+1 e 2+1:$ sem nada di/er sobre sua (ida

terrena) =as$ mesmo em uma carta tão curta .uanto a de @udas$ os apstolos

de @esus são mencionados 6(ers'culo 1:) * li(ro .ue ,ala com mais delon!a

sobre os apstolos é o dos "tos$ .ue ,oi escrito pelo autor do E(an!elho de

Qucas$ e .ue preser(a in,ormaçOes sobre a (ida de @esus .ue são

independentes de tudo .ue estB no E(an!elho e .ue$ na opinião da maioria

dos historiadores cr'ticos$ são baseadas em tradiçOes .ue circula(am antes da

produção dos E(an!elhos)

-'- A 4ra@5? @$ J$2 3? a4?

*s "tos dos "pstolos ,ornece uma narrati(a da di,usão do

cristianismo pelo Império >omano nos anos posteriores morte de @esus) Se

@esus é a ,i!ura principal do E(an!elho de Qucas$ nesse outro (olume do autor

são os se!uidores .ue ocupam o centro da atenção) * autor mostra um

interesse particular nas ati(idades missionBrias de Pedro 6nos cap'tulos 1-12$

basicamente: e Paulo 6cap'tulos 1J-2F:) Em seu relato$ ele mostra como o

mo(imento cristão cresceu a partir de um pe.ueno !rupo de se!uidores de

@esus nos anos imediatamente posteriores sua morte até se tornar um

,enNmeno mundial$ uma reli!ião aberta não s a Audeus$ como o prprio @esus

e seus disc'pulos$ mas também a !entios$ pois #eus 6se!undo a narrati(a:conta(a com os apstolos para espalhar as boas no(as de @esus até os

e%tremos da terra4 61+F:)

* primeiro ponto importante para nossa tentati(a de estabelecer a

historicidade de @esus é .ue o autor de "tos tem acesso a tradiçOes .ue não

são indicadas em seu E(an!elho$ portanto estamos diante de mais um

testemunho independente) Para o autor de "tos$ @esus era realmente um

homem .ue (i(eu e morreu na @udéia$ como compro(am os relatos daressurreição de @esus no cap'tulo 1 e os discursos abundantes .ue ocorrem



28

por toda a narrati(a) * primeiro cap'tulo retrata o encontro dos disc'pulos com

@esus aps a ressurreição) Eles recebem suas ltimas instruçOes em

@erusalém$ onde @esus acabara de ser morto)

"lém disso$ Qucas tem acesso a ensinamentos do @esus histrico

não re!istrados em outras ,ontes$ nem mesmo em seu prprio E(an!elho$ e

isso ,ica claro em passa!ens como "tos 20+J5$ em .ue estB re!istrado .ue o

apstolo Paulo di/+ Em tudo mostrei a (oc&s .ue é trabalhando assim .ue

de(emos aAudar os ,racos$ recordando as pala(ras do prprio Senhor @esus$

.ue disse+ B mais ,elicidade em dar do .ue em receber4)

"ssim$ o li(ro dos "tos ,ornece e(id&ncia adicional e%terna aos

E(an!elhos na .ual os cristãos primiti(os acredita(am .ue @esus realmente

ha(ia e%istido$ era Audeu$ pre!a(a ensinamentos morais e morrera em

@erusalém depois de ser tra'do por um de seus se!uidores$ @udas)

-'. A $=>4?la 3? =a2l53a

"s ep'stolas do ;o(o Testamento estão repletas de re,er&ncias ao

ser humano @esus$ .ue de ,ato e%istiu e morreu cruci,icado)

m delas é a carta de I Timteo$ .ue re!istra a tradição conhecida

por meio de tantas outras ,ontes+ #iante de #eus$ .ue dB a (ida a todas as

coisas$ e de @esus Cristo$ .ue deu testemunho diante de PNncio Pilatos numa

bela pro,issão de ,é$ eu ordeno a (oc& R4 6H+1J:)

"té mesmo o li(ro do "pocalipse$ com todas as suas ima!ens e

(isOes apocal'pticas ,antBsticas$ entende .ue @esus ,oi uma ,i!ura histrica

real) Para seu autor$ ele ,oi al!uém .ue (i(eu4 e .ue morreu4 61+1F:$ o

cordeiro .ue ,oi imolado4 para a sal(ação 65+H:) #ei%ando de lado o (iésteol!ico$ o .ue importa nesse conte%to é .ue também ele ,ornece um

testemunho independente da tradição cristã de um @esus real)

Para um ltimo e%emplo$ temos a carta aos ebreus$ um li(ro de

autoria anNnima .ue acabou aceito no cXnone do ;o(o Testamento por

telo!os da i!reAa .ue acharam .ue o te%to ,osse de Paulo) Esse li(ro contém

di(ersas re,er&ncias (ida do @esus histrico) Estas são apenas al!umas das

passa!ens essenciais a serem consideradas+ @esus apareceu no per'odo ,inal em .ue estamos ultimamente4 61+2:)



29

#eus ,alou por meio dele$ ou seAa$ em sua proclamação 61+2:)

Ele reali/ou a puri,icação dos pecados4$ ou seAa$ te(e uma morte san!renta

61+J:)

#eus disse a ele+ Voc& é meu Lilho$ eu hoAe o !erei4 e o chamou de Lilho

de #eus4 61+5:)

Ele ,oi o primeiro a anunciar a sal(ação 62+J:)

#eus apoiou o testemunho dele eou de seus se!uidores por meio de sinais$

prod'!ios$ mila!res de todos os tipos e dons do Esp'rito Santo 62+K:)

Ele e%perimentou a morte pela !raça de #eus4$ ou seAa$ #eus não inter,eriu

em sua morte 62+G:)

Ele ,oi ele(ado per,eição pelo so,rimento 62+10:)

Ele assumiu a ,orma de carne e san!ue 62+1K:)

Ele ,oi ,iel a #eus 6J+2:)

Ele ,e/ oraçOes e splicas em (o/ alta e com lB!rimas para ser sal(o da

morte f presumi(elmente antes da cruci,icação 65+:)

Ele ,oi cruci,icado 6H+H 12+2:)

Ele era descendente da tribo de @udB 6+1K:)

Ele ensinou em re,er&ncia a #eus+ ;ão .ueres e não te a!radam sacri,'cios e

o,ertas$ holocaustos e sacri,'cios pelo pecado4 610+F:)

Ele disse+ Eis-me a.ui para ,a/er a tua (ontade4 610+G:)

Ele so,reu ,ora de @erusalém 61J+12:)

Ele suportou humilhação 61J+1J:)

Em suma$ de acordo com esse autor desconhecido$ .ue se baseou

nas tradiçOes orais .ue ele ou(ira$ @esus ,oi um homem de (erdade .ue (i(eu

no passado$ um ser humano de carne e osso$ um Audeu da linha!em de @udB

.ue sentia as mesmas tentaçOes .ue .ual.uer um$ so,reu em obedi&ncia a#eus e ,oi cruci,icado) Trata-se de mais um testemunho independente da (ida e

morte de @esus) "ssim$ não temos apenas os sete testemunhos e(an!élicos

independentes sobre a e%ist&ncia de @esus temos também os discursos de

"tos 6al!uns dos .uais são ,undados em tradiçOes palestinas primiti(as:$ a

narrati(a de "tos$ as ep'stolas do ;o(o Testamento)

-' O 4$4$<23#? @$ Pa2l?



30

* apstolo Paulo é o autor cristão mais anti!o a .ue temos acesso)

=uitos leitores da 8'blia supOem .ue os E(an!elhos ,oram os primeiros li(ros

do ;o(o Testamento a serem escritos$ pois aparecem primeiro no conAunto)

=as Paulo esta(a escre(endo al!uns anos antes da produção dos E(an!elhos)

Sua primeira carta 6I Tessalonicenses: é normalmente datada de KG EC$ e a

ltima 6>omanos: de apro%imadamente 12 a 1J anos mais tarde)

"nalisaremos as e(id&ncias de .ue Paulo compreendia @esus como

uma ,i!ura histrica$ um Audeu .ue (i(eu$ pre!ou e ,oi cruci,icado por

incitamento de ad(ersBrios Audeus)

" (erdade é .ue Paulo ,ala sobre @esus$ .ue era um pre!ador Audeu

e .ue morreu por cruci,icação) Ele indica de maneira ine.u'(oca .ue @esus

realmente nasceu humano e ,oi Audeu em sua e%ist&ncia humana) ",irma isso

em 7Blatas K+K+ _uando$ porém$ che!ou a plenitude do tempo$ #eus en(iou o

seu Lilho) Ele nasceu de uma mulher$ submetido Qei$ para res!atar a.ueles

.ue esta(am submetidos Qei R4) Essa a,irmação também indica .ue a

missão de @esus era direcionada a Audeus$ o .ue é con,irmado em outra carta

de Paulo$ em >omanos 15+F+ #i!o a (oc&s .ue Cristo se tornou ser(idor dos

Audeus em (ista da ,idelidade de #eus$ a ,im de cumprir as promessas ,eitas

aos patriarcas4) Essa ale!ação de .ue o ministério de @esus era direcionado

aos Audeus$ para cumprir o .ue esta(a prometido nas escrituras$ su!ere uma

das a,irmaçOes mais importantes .ue Paulo ,a/ sobre @esus$ a de .ue ele era

de ,ato o messias Audeu) " crença de .ue @esus é o =essias estB tão enrai/ada

em Paulo .ue a e%pressão @esus Cristo4$ .ue si!ni,ica @esus$ o =essias4 6AB

.ue a pala(ra !re!a Cristo é a tradução literal da pala(ra hebraica messias:$ é

e%tremamente comum em seu te%to$ assim como a se.u&ncia in(ersa Cristo

@esus4 e a pala(ra isolada Cristo4$ usada como t'tulo) Em outras pala(ras$Paulo tinha tanta con(icção de .ue @esus era de ,ato o messias Audeu .ue

usa(a o termo Cristo4 6messias: como se ,osse um dos nomes de @esus)

Isso e%plica em parte por .ue Paulo insistia .ue @esus descendia

,isicamente de #a(i) =uitos acredita(am .ue o ,ilho de #a(i4 seria o ,uturo

!o(ernante dos Audeus para Paulo$ era @esus) Em >omanos 1+J-K$ Paulo ,ala

do E(an!elho .ue se re,ere ao Lilho de #eus .ue$ como homem$ ,oi

descendente de #a(i4)



31

@esus ,oi$ portanto$ um ser real$ um descendente ,'sico de #a(i$

mesmo sendo o ,ilho de #eus) ;aturalmente$ @esus nasceu em uma ,am'lia) @B

(imos .ue Paulo menciona indiretamente a mãe de @esus ao indicar .ue ele

nasceu de uma mulher4) Em outro momento ele menciona os irmãos de @esus

ao lado de suas esposas) Paulo ,a/ essa a,irmação em I Cor'ntios G+5$ .uando

obser(a .ue também ele de(eria ter o direito da companhia de uma esposa em

suas (ia!ens missionBrias$ mas opta(a por (iaAar s+ *u não temos direito de

le(ar conosco nas (ia!ens uma mulher cristã$ como ,a/em os outros apstolos

e os irmãos do Senhor$ e PedroM4) ;ão se de(e achar .ue Paulo estB se

re,erindo aos irmãos do Senhor4 no sentido espiritual$ de .ue todos os homens

são irmãos em Cristo) Se .uisesse isso$ o resto da passa!em não seria

compreens'(el$ pois si!ni,icaria .ue os prprios apstolos e até mesmo Pedro

não eram irmãos espirituais4 do Senhor$ AB .ue são di,erenciados da.ueles

.ue são irmãos) "ssim$ hB um consenso praticamente uni(ersal entre os

intérpretes da 8'blia de .ue Paulo se re,ere aos irmãos de ,ato de @esus)

* E(an!elho de =arcos identi,ica al!uns dos irmãos de @esus como

Tia!o$ @osé$ @udas e Simão 6H+J:) Também indica .ue @esus tinha irmãs$

embora não mencione seus nomes) Em outro momento$ Paulo também

reconhece um dos irmãos de @esus$ nin!uém menos .ue Tia!o$ também

re,erido por =arcos) * comentBrio aparece em 7Blatas 1+1F-1G$ um dos raros

depoimentos autobio!rB,icos de Paulo$ em .ue ele re,lete sobre seu passado e

conta o .ue ,e/ depois de sua con(ersão+

Tr&s anos mais tarde$ ,ui a @erusalém para conhecer

Pedro$ e ,i.uei com ele .uin/e dias) Entretanto$ não (i

nenhum outro apstolo$ a não ser Tia!o$ o irmão do

Senhor) #eus é testemunha+ o .ue estou escre(endo a

(oc&s não é mentira4)

#urante a.ueles .uin/e dias$ ele (iu Pedro e Tia!o e nin!uém mais)

;o(amente$ Tia!o não pode ser apenas um irmão4 de @esus no sentindo de

irmandade cristã$ pois ser o irmão de @esus é o .ue o di,erencia de Pedro) *

importante é entendermos .ue Paulo sabia .ue @esus tinha irmãos e .ue um

deles era Tia!o$ .ue ele conhecia pessoalmente)



32

Paulo também parece saber .ue @esus tinha do/e disc'pulos$ ou

tal(e/ seAa melhor di/er .ue Paulo sabia de um !rupo ,echado de disc'pulos de

@esus .ue eram chamados de os do/e4) "l!uns estudiosos acham .ue o mais

importante não era o nmero e%ato de disc'pulos$ mas o nmero simblico

relacionado a eles) Paulo mostra ter conhecimento deles em sua a,irmação

sobre as apariçOes de @esus depois de sua ressurreição$ .uando indica .ue$

depois de ser er!uido dos mortos no terceiro dia$ @esus apareceu a Pedro e

depois aos #o/e4 6I Cor'ntios 15+5:) * ,ato de Paulo mencionar .ue os do/e4

(iram @esus aps a ressurreição$ al!uns supOem .ue ele não conhecia as

histrias sobre @udas ou .ue o !rupo era identi,icado como os do/e4 mesmo

aps o abandono de um de seus membros)

Paulo sabe .ue @esus era um rabi 6mestre: por.ue cita di(ersos

ensinamentos dele) Por ora (ale notar .ue dois dos ensinamentos de @esus

citados por Paulo ,oram pro,eridos$ se!undo ele$ na gltima Ceia$ na noite em

.ue @esus ,oi entre!ue s autoridades para en,rentar sua sentença)

#e ,ato$ eu recebi pessoalmente do Senhor a.uilo .ue

transmiti para (oc&s+ na noite em .ue ,oi entre!ue$ o

Senhor @esus tomou o pão e$ depois de dar !raças$ opartiu e disse+ Isto é o meu corpo .ue é para (oc&s

,açam isto em memria de mim4) #o mesmo modo$ aps

a Ceia$ tomou também o cBlice$ di/endo+ Este cBlice é a

;o(a "liança no meu san!ue todas as (e/es .ue (oc&s

beberem dele$ ,açam isso em memria de mim4

6I Cor'ntios 11+2J-25:)

_uando Paulo a,irma .ue recebeu4 essa tradição pessoalmente do

Senhor4$ parece .uerer di/er .ue$ de al!uma maneira por uma re(elação a

(erdade do relato ,oi con,irmada a ele por #eus ou por @esus) ;o entanto$ os

termos receber4 e transmitir4$ con,orme al!uns estudiosos$ são usados

re!ularmente em c'rculos Audaicos para se re,erir a tradiçOes .ue são passadas

de um mestre a outro) ;esse caso$ é uma tradição sobre a gltima Ceia de

@esus$ .ue Paulo ob(iamente conhece)

.' JESUS/ UM PROFETA APOCALÍPTICO



33

.'( Ev5@3"5a @$ J$2 "?<? a=?"al5=45"54a

" (isão de @esus como apocalipticista é claramente aceitB(el em

termos conte%tuais$ pois temos e(id&ncias de .ue o pensamento apocal'ptico

era amplamente disseminado em sua época+ Entre os ,ariseus$ os autores dos

manuscritos do mar =orto$ os autores dos (Brios apocalipses Audaicos da

época e l'deres pro,éticos como @oão 8atista)

.'('( F?34$ 53@$=$3@$34$ a3456a

Eva36$l#? @$ Mar"?

Eu !aranto a (oc&s+ al!uns dos .ue estão a.ui não morrerão sem

ter (isto o >eino de #eus che!ar com poder 6=arcos G+1:)

;esses dias$ depois da tribulação$ o sol (ai ,icar escuro$ a lua não

brilharB mais$ as estrelas começarão a cair do céu$ e os poderes do espaço

,icarão abalados) Então$ eles (erão o Lilho do omem (indo sobre as nu(ens

com !rande poder e !lria) Ele en(iarB os anAos dos .uatros cantos da terra$ e

reunirB as pessoas .ue #eus escolheu$ do e%tremo da terra ao e%tremo do céu)

R Eu !aranto a (oc&s+ tudo isso (ai acontecer antes .ue morra esta !eração

.ue a!ora (i(e 6=arcos 1J+2K-2$ J0:)

D?"2<$34?

Pois como o relXmpa!o brilha de um lado a outro do céu$ assim também serB o

Lilho do omem) R Como aconteceu nos dias de ;oé$ assim também

acontecerB nos dias do Lilho do omem) Eles comiam$ bebiam$ se casa(am e

se da(am em casamento$ até o dia em .ue ;oé entrou na arca) Então che!ou

o dil(io$ e ,e/ com .ue todos morressem) R))) * mesmo acontecerB no dia em

.ue o Lilho do omem ,or re(elado 6Qucas 1+2K 2H-2$ J0 c,) =ateus 2K+2$J-JG:)

Eva36$l#? @$ Ma4$2

"ssim com o Aoio é recolhido e .ueimado no ,o!o$ o mesmo

acontecerB no ,im dos tempos+ o Lilho do omem en(iarB os seus anAos$ e eles

recolherão todos os .ue le(am os outros a pecar e os .ue praticam o mal$ e

depois os lançarão na ,ornalha de ,o!o) "' eles (ão chorar e ran!er os dentes)Então os Austos brilharão como o sol no >eino de seu Pai 6=ateus 1J+K0-KJ:)



34

Eva36$l#? @$ L2"a

Tomem cuidado para .ue os coraçOes de (oc&s não ,i.uem

insens'(eis por causa da !ula$ da embria!ue/ e das preocupaçOes da (ida$ e

.ue esse dia não caia de repente sobre (oc&s) Pois esse dia cairB$ como

armadilha$ sobre todos a.ueles .ue habitam a ,ace de toda a terra) Li.uem

atentos e re/em o tempo todo$ a ,im de terem ,orça para escapar de tudo o .ue

de(e acontecer e para ,icarem de pé diante do Lilho do omem) 6Qucas 21+JK-

JH:)

Poder'amos citar (Brios outros (ersos$ mas .uero apenas en,ati/ar

uma .uestão bem simples+ as ,ontes mais anti!as dispon'(eis$ todas

independentes entre si$ cont&m ensinamentos apocal'pticos claros de @esus)

B uma ra/ão ainda mais con(incente para achar .ue o @esus histrico era um

apocalipticista Audeu) ;s sabemos de .ue maneira ele iniciou seu ministério e

.uais ,oram as conse.u&ncias de seus ensinamentos depois de sua morte

* seu ministério começou sendo bati/ado por @oão 8atista$ e isso é

importante para entender a (isão de @esus como apocalipticista) *s

e(an!elhos relacionam @esus a @oão de ,orma independente$ por.ue a relação

era aut&ntica) @oão 8atista é conhecido por ter pre!ado uma mensa!em

apocal'ptica de destruição e sal(ação (indouras) =arcos o retrata como um

pro,eta no deserto$ anunciando a reali/ação da pro,ecia de Isa'as de .ue #eus

condu/iria seu po(o do deserto de (olta Terra Prometida 6=arcos 1+2-F:)

Qucas nos ,ornece in,ormação adicional$ @oão pre!a uma mensa!em clara de

Aul!amento apocal'ptico s multidOes .ue (inham ou(i-lo+

.uem lhes ensinou a ,u!ir da ira .ue (ai che!arM Laçamcoisas para pro(ar .ue (oc&s se con(erteram R) *

machado AB estB posto na rai/ das Br(ores) E toda Br(ore

.ue não der bom ,ruto serB cortada e Ao!ada no ,o!o4

6Qucas J+-G:)

Essa é uma mensa!em apocal'ptica) " derrubada de Br(ores é uma

ima!em de Au'/o ,inal+ as pessoas .ue não (i(iam de acordo com os



35

mandamentos de #eus seriam Ao!adas no ,o!o4) E esse dia (iria muito em

bre(e)

[ e(idente .ue @esus poderia ter se associado a .ual.uer l'der

reli!ioso de sua época) Poderia ter se tornado um ,ariseu$ praticado o culto no

Templo ou se Auntado comunidade de ess&nios ou ao bando de

re(olucionBrios) Entre todas essas opçOes$ ele escolheu @oão 8atista) Isso

de(e si!ni,icar .ue ele concorda(a com a mensa!em em particular .ue @oão

anuncia(a) " mensa!em de @oão era de Aul!amento apocal'ptico iminente)

@esus iniciou seu ministério apoiando essa (isão)

Sabemos como @esus começou e sabemos com certe/a ainda maior

o .ue aconteceu entre seus se!uidores depois .ue ele morreu) Começaram a

estabelecer comunidades de ,iéis ao redor do =editerrXneo) Vislumbramos

essas comunidades pela primeira (e/ nos escritos de nosso autor cristão mais

anti!o$ Paulo) Em outras pala(ras$ o cristianismo começou como um

mo(imento apocal'ptico aps a morte de @esus)

.'('+ A <$3a6$< a=?"al>=45"a @$ J$2

* ,oco da mensa!em apocal'ptica de @esus era o reino ,uturo de

#eus) "s primeiras pala(ras atribu'das a ele dão o tom de !rande parte de seus

ensinamentos pblicos+ * tempo AB se cumpriu$ e o >eino de #eus estB

pr%imo) Con(ertam-se e acreditem na 8oa ;ot'cia4 6=arcos 1+15:) Esta é uma

mensa!em apocal'ptica) m determinado per'odo de tempo ,oi reser(ado para

a era atual$ e esse tempo e%pirou) " no(a era estB prestes a che!ar$ o reino de

#eus) Como preparação para esse reino ,uturo$ os ou(intes de @esus de(em se

arrepender de seus pecados)Para @esus$ o reino era um lu!ar real$ onde #eus reinaria supremo)

"ssim$ por e%emplo$ @esus comenta .ue seus do/e apstolos estarão sentados

em do/e tronos como re!entes no reino ,uturo 6=ateus 1G+2F: ele ,ala em

comer e beber e de pessoas sendo e%pulsas desse reino 6 Qucas 1J+2J-2G:) *

reino era um lu!ar real$ tan!'(el$ onde pre(aleceriam o amor$ a pa/ e a Austiça)

.'+ O 2>? 242r?



36

@esus ,e/ pre(isOes terr'(eis sobre as conse.\&ncias da (inda do

Lilho do omem nos e(an!elhos 6=ateus 1J+K0-KJ =arcos 1J+2K-2 Qucas

1+2K 21+JK-JH:) "ssim$ por e%emplo$ na passa!em em =ateus 1J+K-50$

lemos o se!uinte+

* >eino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar)

Ela apanha pei%es de todo o tipo) _uando estB cheia$ os

pescadores pu%am a rede para a praia$ sentam-se e

escolhem+ os pei%es bons (ão para os cestos$ os .ue

não prestam são Ao!ados ,ora) "ssim acontecerB no ,im

dos tempos+ os anAos (irão para separar os homens

maus dos .ue são bons) E lançarão os maus na ,ornalha

de ,o!o) "' eles (ão chorar e ran!er os dentes)

Portanto$ ha(erB um dia de prestação de contas para todas as

pessoas no ,im dos tempos4) m dos ensinamentos caracter'sticos de @esus é

.ue ha(erB uma in(ersão total de destinos .uando o ,im che!ar) *s ricos e

poderosos de hoAe serão humilhados os ,racos e oprimidos de hoAe serão

e%altados) " l!ica apocal'ptica dessa (isão é clara+ as pessoas poderosas s

subiram na (ida por.ue se associaram s ,orças do mal e as pessoas .ue se

associaram a #eus ,oram perse!uidas e subAu!adas) =as$ com a che!ada doLilho do omem$ tudo isso serB in(ertido$ de modo .ue .uem abriu mão de

tudo em ,unção do reino ,uturo serB recompensado+ os primeiros serão os

ltimos e os ltimos serão os primeiros)

Esse Au'/o ,uturo não en(ol(erB apenas humanos+ terB uma

dimensão csmica) * mundo inteiro se tornou corrupto e$ portanto$ serB

destru'do para dar lu!ar che!ada do reino)

;esses dias$ depois da tribulação$ o sol (ai ,icar escuro$

a lua não brilharB mais$ as estrelas começarão a cair do

céu$ e os poderes do espaço ,icarão abalados) Então$

eles (erão o Lilho do omem (indo sobre as nu(ens com

!rande poder e !lria) Ele en(iarB os anAos dos .uatros

cantos da terra e reunirB as pessoas .ue #eus escolheu$

do e%tremo da terra ao e%tremo do céu 6=arcos 1J+2K-

2:)



37

@esus a,irmou .ue seus se!uidores de(eriam se con(erter4 diante

da che!ada do no(o reino) Isso si!ni,ica(a em particular .ue de(eriam mudar

seu comportamento e começar a ,a/er a (ontade de #eus) Como um bom

ensinador Audeu$ @esus não tinha nenhuma d(ida sobre como saber .ual era a

(ontade de #eus) EstB determinado na TorB 6a Qei de =oisés:$ ela era o

componente central dos ensinamentos de @esus)

.'- A 5<533"5a @? 5<

"l!uns telo!os atuais a,irmam .ue @esus pre!ou o ,im dos tempos$

com o sur!imento do Lilho do omem$ e .ue ocorreria em bre(e$ en.uanto sua

!eração ainda (i(esse) Pois ele declara e%plicitamente em nossos E(an!elhos

mais anti!os .ue seus disc'pulos não morrerão4 antes da che!ada do reino

6=ateus 1H)2F:K) Em outras ocasiOes$ ele indica .ue os !randes e(entos

catacl'smicos do ,im dos tempos ocorrerão antes .ue morra esta !eração .ue

a!ora (i(e4 6=arcos 1J+J0:) [ por isso .ue$ em todas as nossas tradiçOes

anti!as$ @esus e%orta constantemente seus ou(intes a estarem atentos4 e

preparados4) Tais e%ortaçOes su!erem .ue nin!uém podia saber e%atamente

.uando (iria o ,im$ mas .ue seria muito em bre(e e .ue todos de(eriam estar

alertas$ con,orme descre(e o e(an!elho+

R))) Prestem atenção ;ão ,i.uem dormindo$ por.ue

(oc&s não sabem .uando (ai ser o momento) Vai

acontecer como a um homem .ue partiu para o

estran!eiro) Ele dei%ou a casa$ distribuiu a tare,a a cada

um dos empre!ados e mandou o porteiro ,icar (i!iando)

Vi!iem$ portanto$ por.ue (oc&s não sabem .uando o

dono da casa (ai (oltar pode ser tarde$ meia-noite$

de madru!ada ou pelo amanhecer) Se ele (ier de

4 Esse vers7#ulo tem sido interretado de várias maneiras. 8oi ali#ado: ') 9 trans3iguraão,+ue o#orre a seguir. Entretanto, todos os estudiosos atuais are#em #on#ordar +ue essa não -uma interretaão #orreta. 2) 9 +ueda de erusal-m no ano ; d.$. O rin#ial argumento araessa segunda interretaão - +ue ela está de a#ordo #om a *n3ase do <ulgamento do vers7#ulo 2;.Mas are#e +ue está se re3erindo a um =ia do u7>o, um evento osterior, +ue o#orrerá logo

a?s a segunda vinda de $risto. @...A B) se re3erindo ao =ia de Pente#ostes e C ráida roagaãodo evangelho des#rita no livro de 1tos. (Comentário Beacon. Vol. 6. p. 121)



38

repente$ não de(e encontrB-los dormindo) * .ue eu di!o

a (oc&s$ di!o a todos+ Li.uem (i!iando)4 6=arcos 1J+JJ-

J:)

* ,im esta(a pr%imo$ e as pessoas precisa(am estar preparadas) "o mesmo tempo$ @esus insistia .ue o reino de #eus AB se ,a/ia presente a.ui

e a!ora) ".ueles .ue se!uiam @esus e seus princ'pios AB esta(am (i(enciando

um pouco da (ida tal .ual seria no reino) ;o reino não ha(eria mais !uerra$

portanto os se!uidores de @esus de(eriam ser paci,istas a!ora) ;o reino não

ha(eria mais dio$ portanto seus se!uidores de(eriam amar a todos a!ora) ;o

reino não ha(eria inAustiça nem opressão$ portanto seus se!uidores de(eriam

lutar pelos direitos dos oprimidos a!ora) ;o reino não ha(eria ,ome$ sede oupobre/a$ portanto seus se!uidores de(eriam atender s necessidades dos

pobres e desabri!ados a!ora) ;o reino não ha(eria doença$ portanto$ os

se!uidores de @esus de(eriam tratar dos doentes a!ora)

_uando os se!uidores de @esus ,a/iam o .ue ele pedia$ baseados

em sua interpretação do si!ni,icado da lei mosaica$ começa(am a colocar em

prBtica no presente os ideais do reino ,uturo) [ por isso .ue o reino$ para

@esus$ se assemelha(a a uma pe.uena semente de mostarda) =esmo sendo a

menor de todas as sementes$ .uando plantada se torna uma planta enorme

6=arcos K+J0-J2:) * reino era assim+ um começo pe.ueno no ministério de

@esus e na (ida de seus se!uidores .ue ,loresceria de maneira ,antBstica

.uando o Lilho do omem che!asse$ tra/endo o (erdadeiro reino no ,im dos

tempos)

.'. A r$=24a? @$ J$2 "?<? r$al5a@?r @$ <5la6r$

*s E(an!elhos estão repletos de re!istros de e(entos mila!rosos

nos .uais @esus desa,ia a nature/a$ cura os en,ermos$ e%pulsa demNnios e

ressuscita os mortos) * .ue um historiador pode concluir a partir de todos

esses mila!resM

" resposta simples é .ue ele não pode concluir nada) 8asta di/er

.ue$ se os historiadores .uerem saber o .ue @esus pro(a(elmente ,e/$ de(em



39

descartar os mila!res$ AB .ue são$ por nature/a e de,inição$ os e(entos mais

impro(B(eis poss'(eis)

;ão hB necessidade de entrar nessa discussão a.ui$ mas

simplesmente constatar .ue$ embora a maioria dos relatos e(an!élicos sobre

@esus en(ol(a elementos miraculosos$ essas histrias não ,ornecem muitos

dados para os historiadores) =as a .uestão importante para esta parte de

nossa discussão é .ue @esus era (isto por muita !ente como um operador de

mila!res e .ue e%pulsa(a demNnios$ uma reputação .ue ,a/ muito sentido num

conte%to apocal'ptico)

"ssim como outros apocalipticistas$ @esus acredita(a .ue ha(ia

neste mundo ,orças do mal .ue !era(am dor e so,rimento) Isso se mani,esta(a

particularmente na (ida de pessoas aleiAadas$ com doenças incurB(eis ou

possu'das por demNnios) @esus se contrapNs s ,orças do mal com sua

mensa!em de uma era ,utura na .ual não ha(eria mais dor$ des!raça ou

so,rimento$ nem o #iabo e os demNnios para arruinar a (ida das pessoas) "lém

disso$ ele ale!a(a .ue seus se!uidores AB (i(encia(am al!umas (anta!ens do

reino ,uturo) "ssim$ não surpreende .ue ,osse associado a prBticas de mila!res

num conte%to apocal'ptico) Ele AB esta(a antecipando o reino na terra durante

seu ministério$ e isso de(e ser compreendido apocalipticamente$ como um

re,le%o da prpria mensa!em de @esus sobre o ,uturo reino de #eus)

.' A <?r4$ @$ J$2

*s ltimos dias e horas de @esus recebem muito mais atenção nos

e(an!elhos) =arcos$ dedica de/ cap'tulos ao ministério de @esus na 7aliléia$ e

os seis cap'tulos ,inais são dedicados apenas a sua ltima semana) ;ossoltimo relato canNnico$ @oão$ dedica on/e cap'tulos a um ministério de tr&s

anos e de/ ltima semana) * .ue podemos di/er é .ue @esus ,oi tra'do por

um de seus se!uidores e denunciado s autoridades Audaicas essas

autoridades o entre!aram ao !o(ernador romano$ Pilatos) "ps o Aul!amento$

Pilatos ordenou .ue ele ,osse cruci,icado) Todos esses dados ,a/em sentido no

conte%to da proclamação apocal'ptica de @esus)

*s relatos de =ateus$ =arcos e Qucas concordam .ue @esus (eio a@erusalém uma semana antes da PBscoa) Isso ,a/ sentido$ AB .ue era um



40

costume+ era necessBrio passar por certos rituais de puri,icação antes de

celebrar a ,esti(idade$ e isso e%i!ia ,re.uentar o Templo com uma semana de

anteced&ncia) Se!undo os relatos$ @esus passou a maior parte da semana

,a/endo sua proclamação apocal'ptica s multidOes e ,oi durante esses dias

.ue pre!ou uma mensa!em particularmente direta sobre o ,uturo 6=arcos 1J:)

" prisão de @esus pelas autoridades Audaicas ,a/ sentido$ AB .ue elas

controla(am todos os assuntos ci(is) *s E(an!elhos tra/em relatos do

Aul!amento de @esus diante do Sinédrio) * .ue é claro é .ue as autoridades

Audaicas não Aul!aram @esus se!undo a lei Audaica+ em (e/ disso$ o entre!aram

a Pilatos) Também não sabemos e%atamente o .ue aconteceu no Aul!amento

diante de Pilatos) * .ue sabemos$ é .ue @esus ,oi acusado de ter se

autoproclamado rei dos Audeus) Era uma acusação pol'tica$ e Pilatos

e(identemente s se interessaria por .uestOes pol'ticas$ Aamais por disputas

entre Audeus sobre suas prprias tradiçOes reli!iosas) Como essa é a acusação

.ue resultou na e%ecução de @esus$ não é di,'cil ima!inar o .ue pode ter

acontecido no Aul!amento)

Pilatos ,ora in,ormado de .ue @esus se considera(a um rei) Isso era

considerado traição) Somente os romanos podiam nomear reis$ e @esus

certamente não ,ora escolhido por eles para !o(ernar Israel) Ele esta(a

rei(indicando uma posição .ual não tinha direito$ e para assumir a condição

de rei teria primeiro de derrotar os prprios romanos)

[ e(idente .ue não era assim .ue @esus entendia sua reale/a) Ele

era um apocalipticista .ue acredita(a .ue em bre(e #eus inter(iria no curso da

histria humana para destruir os romanos e todos .ue se opunham a ele$ antes

de estabelecer seu reino) =esmo assim$ é poss'(el .ue Pilatos tenha o

interro!ado rapidamente para saber como ele respondia acusação) @esusdi,icilmente poderia ne!ar .ue era o rei dos Audeus$ AB .ue esta(a con(encido

disso) "ssim$ ou se recusou a responder acusação ou então con,irmou a

histria)

Como !o(ernador$ ele tinha poder de (ida e morte$ e a melhor

maneira de lidar com a!itadores era simplesmente se li(rar deles$ e assim o

,e/) *rdenou .ue @esus ,osse cruci,icado) @esus ,oi açoitado pelos soldados e

condu/ido para a sua e%ecução$ presumi(elmente ,ora das muralhas dacidade) E pendurado em uma cru/$ morrendo em um espaço de seis horas)



41

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Con,orme se dedu/ das conclusOes dos historiadores da reli!ião$

@esus ,oi um Audeu do século I$ e .uando tentamos trans,ormB-lo em um

ocidental do século <<I distorcemos tudo o .ue ele era e tudo a.uilo .ue

representa(a) Portanto$ para a pes.uisa histrica torna-se imposs'(el remo(er

@esus de sua época$ e con,orme é de,inido pelas principais academias$ ele ,oi

um pro,eta apocal'ptico .ue espera(a uma ruptura catacl'smica ainda no tempo

de sua !eração$ com #eus destruindo as ,orças do mal$ e estabelecendo seu

reino) Esse é o @esus histrico)

=as$ a,astando-se dessa (isão academicista$ particularmente

acreditamos .ue @esus ,oi muito mais .ue um pro,eta ou rabi$ mas é o

>edentor da humanidade .ue deu sua (ida em res!ate de muitos)

Entretanto$ a tend&ncia em muitos c'rculos e(an!élico é tentar limitar

ou mesmo eliminar a busca do @esus histrico do trabalho acad&mico) Sempre

ou(imos sermOes contra os Ytelo!os liberaisY .ue atacam a Cristo$ e essa

atitude é !enerali/ada) Entretanto$ como e(an!élicos .ue amamos o Senhor

de(emos nos es,orçar para trabalhar positi(amente nesta Brea) [ claro .ue não

aceitaremos .ual.uer método ou suposição$ mas podemos dar um contribuição

positi(a e mudar esse .uadro) E é importante ressaltarmos .ue ns precisamos

de pessoas .ue amem realmente o Senhor e as Escritura$ e .ue ao mesmo

tempo tenham ,ormação acad&mica para ,a/er a pes.uisa b'blica) ;ão é bom

esperar de pessoas .ue não t&m esse amor em seus coraçOes escre(erem

coisas ,antasiosas sobre a 8'blia$ e em se!uida$ colocar estudiosos cristãos

para tentar re,utB-las) * .ue precisamos é de pessoas ,a/endo contribuiçOes e

tendo um comprometimento pr-ati(o em nosso estudo sobre @esus) ;ão(amos ter medo de (islumbrar no(os caminhos e conhecer @esus de maneiras

no(as e di,erentes) ;ossas buscas não são para nosso en!randecimento e

soberba mas são ,eitas e%clusi(amente para !lria de #eus)



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REFER0NCIAS BIBLIOGR&FICAS

" lista abai%o é muito seleti(a) Inclu' nela apenas al!uns dos li(ros .ue$ em

nossa opinião$ ,i!uram entre os mais importantes e interessantes estudos dos

ltimos trinta ou .uarenta anos)

"SQ";$ >e/a) Zelota+ a (ida e a época de @esus de ;a/aré) Tradução =arlene

Suano) 1)ed) >io de @aneiro+ Zahar$ 201J)

8>*W;$ >aDmond E)$ @oseph ") Lit/mDer$ >oland E) =urphD) ;o(o

ComentBrio 8'blico São @erNnimo f ;o(o Testamento e "rti!os SistemBticos)

"cademia Cristã) 1 ed) Santo "ndré f SP$ 2012)

8QT=";;$ >udol,) #emitolo!i/ação+ coletXnea de ensaios$ São Qeopoldo+

Sinodal$ 1GGG)

EZSE>$ Catherine) Jewish Literacy in Roman Palestine.T\bin!en+ =ohr

Siebec9$ 2001)

C>*SS";$ @ohn #ominic) * @esus istrico) >io de @aneiro+ Ima!o$ 1GGK)

E>=";$ 8art #) Jesus: Apocalyptic Prophet of the New Millennium ) ;eU

jor9+ *%,ord ni(ersitD Press$ 1GGG)

">>IS$ William) "ncient QiteracD) Cambrid!e+ ar(ard ni(ersitD Press$ 1GFG)

=EIE>$ @) P) m Audeu mar!inal+ repensando o @esus histrico) >io de @aneiro+

Ima!o$ 1GG2)

SCWEITZE>$ ") " 8usca do @esus istrico+ de >eimarus Wrede$ São

Paulo+ Editora Cristã ;o(o Século$ 200J)

#;;$ @ames #) 7) @esus em no(a perspecti(a+ o .ue os estudos sobre o@esus histrico dei%aram para trBs) São Paulo+ Paulus$ 201J)



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Artigo - Jesus Histórico

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