Artigos Escritos Sobre Luciferianismo e Satanismo

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Saudações Fraternas, Após o pequeno artigo sobre o declínio dos templos e organizações satânicas no Brasil, estou aqui novamente vos escrevendo só que agora é sobre o Luciferianismo, iremos abordar os fundamentos básicos dessa religião/filosofia de vida extraordinária. 1 - Quem é lucifer ? Lúcifer (em hebraico, heilel ben-shachar, רררר רר ררר; em grego na Septuaginta,heosphoros) representa a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva, o planeta Vênus, mas também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins (ligados a adoração de Deus). Nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo (caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai'tan,Adversário).Atualmente discute-se a probabilidade de Lucifer ter sido um Rei Assírio da Babilonia. expressão hebraica é traduzida como "astro brilhante", nas versões NM, MC, So. A tradução "Lúcifer" (portador de luz), (Fi, BMD) deriva da Vulgata latina deJerônimo e isso explica a ocorrência desse termo em diversas versões da Bíblia. Mas alguns argumentam que Lúcifer seja satanás e por isso, também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins (ligados a adoração de Deus ). Assim, muitos nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo . O nome Lúcifer ocorre uma vez nasEscrituras Sagradas e apenas em algumas Traduções da Bíblia em língua portuguesa . Por exemplo, a tradução de Figueiredo verteIsaías 14:12:"Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?"

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Saudações Fraternas,

 

Após o pequeno artigo sobre o declínio dos templos e organizações satânicas no Brasil, estou aqui novamente vos escrevendo só que agora é sobre o Luciferianismo, iremos abordar os fundamentos básicos dessa religião/filosofia de vida extraordinária.

 

1 - Quem é lucifer ?

 

Lúcifer (em hebraico, heilel ben-shachar, הילל בן שחר; em grego na Septuaginta,heosphoros) representa a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva, o planeta Vênus, mas também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins (ligados a adoração de Deus). Nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo (caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai'tan,Adversário).Atualmente discute-se a probabilidade de Lucifer ter sido um Rei Assírio da Babilonia. expressão hebraica é traduzida como "astro brilhante", nas versões NM, MC, So. A tradução "Lúcifer" (portador de luz), (Fi, BMD) deriva da Vulgata latina deJerônimo e isso explica a ocorrência desse termo em diversas versões da Bíblia. Mas alguns argumentam que Lúcifer seja satanás e por isso, também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins (ligados a adoração de Deus). Assim, muitos nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo.    

 

O nome Lúcifer ocorre uma vez nasEscrituras Sagradas e apenas em algumas Traduções da Bíblia em língua portuguesa. Por exemplo, a tradução de Figueiredo verteIsaías 14:12:"Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?"

 

 

Muitos exegetas afirmam que não existe fundamentação bíblica para identificar Lúcifer como o Satã tentador.Esta confusão com Satã foi ocasionada por uma má interpretação de Isaías 14:12-15:"Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao (Seol) inferno, ao mais profundo do abismo." .

 

Esta interpretação é geralmente atribuida a São Jerônimo, que ao traduzir a Vulgata atribuiu Lúcifer ao anjo caído, a serpente tentadora das religiões antigas, embora antes

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dele esta interpretação não existisse. Oficialmente a Igreja não atribui a Lúcifer o papel de Diabo, mas apenas o estado de "caído" (Petavius, De Angelis, III, iii, 4).

 

Que o termo "brilhante" é usado para descrever um homem e não uma criatura espiritual é notado adicionalmente na declaração:"No Seol serás precipitado." Seol é a sepultura comum da humanidade — não um lugar ocupado por Satanás, o Diabo. Além disso, os que vêem Lúcifer levado a essa condição perguntam: "É este o homem que agitava a terra?" É evidente que "Lúcifer" se refere a um humano, não a uma criatura espiritual. — Isaías 14:4, 15, 16."

Por que se dá tal ilustre descrição à dinastia babilônica? Temos de dar-nos conta de que o rei de Babilônia seria chamado de brilhante apenas depois da sua queda e de forma escarnecedora. (Isaías 14:3)

O orgulho egoísta induziu os reis de Babilônia a se elevarem acima dos em sua volta. A arrogância da dinastia era tão grande, que ela é retratada fazendo a seguinte declaração jactanciosa:"Subirei aos céus. Enaltecerei o meu trono acima das estrelas de Deus e assentar-me-ei no monte de reunião, nas partes mais remotas do norte. . . . Assemelhar-me-ei ao Altíssimo." — Isaías 14:13, 14.

 

As "estrelas de Deus" são os reis da linhagem real de Davi. (Números 24:17) A partir de Davi, essas "estrelas" governavam desde o Monte Sião, e com o tempo, o nome Sião passou a ser aplicado a toda a cidade. Por decidir subjugar os reis judeus e depois removê-los daquele monte, Jerusalém, Nabucodonosor declara sua intenção de se colocar acima dessas "estrelas". Em vez de atribuir a Deus o mérito dessa vitória sobre eles, coloca-se arrogantemente no lugar Dele. Portanto, é depois da sua queda que a dinastia babilônica é chamada zombeteiramente de "brilhante".

 

"Satanás também anseia ter poder e deseja colocar-se acima de Deus. Mas a Bíblia não atribui claramente o nome Lúcifer a Satanás" .- it-1 379.

 

2 - A visão das outras religiões sobre Lucifer ?

 

Os Romanos e Gregos

 

Lúcifer vêm do latim ( lux + ferre ) e é denominado muitas vezes como sendo a Estrela da Manhã. Sua primeira representação adotando este nome pode ser encontrada na Roma Antiga, onde originalmente era utilizado para denominar o planeta Vênus quando

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este anunciava o nascimento do Sol. Porém esta idéia de um Deus da Luz associado com a Estrela da Manhã ao invés da Aurora data de uma época muito mais remota, sendo utilizada por Sócrates e Platão. Segundo a Edith Hamilton'sMythology, encontramos nesta idéia um Deus da Luz que estava justaposto com Hélios (o Sol) e Hermes.

 

Como um arquétipo, Lúcifer era considerado na Mitologia Romana como sendo o filho de Astraeus e Aurora,  ou de Cephalus e Aurora. Para os gregos o planeta é simbolizado por dois irmãos: Eósforo e Héspero. Ele é o pai de Ceyx, Daedalion e das Hésperides. Ceyx era um rei justo cuja beleza dizia-se ser quase equivalente a de seu próprio pai. As Hésperides eram as guardiãs das maçãs-de-ouro que Juno ganhou de presente de casamento, sendo auxiliadas pelo Dragão. Lúcifer é "o belo gênio dos cachos dourados, cantado e glorificado em todo antigo epitalâmio;é ele que, ao cair da noite, conduz o cortège nupcial e entrega a noiva nos braços do noivo" (Carmen Nuptiale;ver Mythol. de 1a Grèce Antique,Decharme) como citado na primeira edição da revistaLucifer. Os epitalâmios são antigos cantos nupciais, utilizados originalmente não apenas pelos gregos pagãos, mas também pelos primeiros cristãos, mais um fato que comprova que originalmente Lúcifer não era considerado o inimigo do deus do cristianismo e dos homens.

 

Eósforo (ou Phosphoros) é a brilhante Estrela da Manhã, enquanto Héspero (ou Vesper, Nocturnus, Noctifer) é o nome dado a Vênus quando este surge lançando sua luz no anoitecer. Na Ilíada encontramos passagens se referindo a estes dois irmãos, nas quais Phosphoros, quando surge das águas do Oceano, anuncia a aproximação da luz divina, enquanto Héspero é considerado durante o anoitecer a mais esplêndida de todas as estrelas que brilham no céu.

 

A visão sobre Lúcifer ser o libertador da humanidade, um rebelde corajoso que traz aos homens a sabedoria dos Deuses, e por isso sofre os tormentos provocados pela ira de Deus (preferindo agüentá-los a se submeter a  uma regra despótica) possui muitas influências do mito grego de Prometeu. 

 

Prometeu era um dos Titãs. Ele e seu irmão Epimeteu se tornaram os responsáveis pela criação do homem não apenas em sua forma física, mas também em suas habilidades. Tendo Epimeteu gasto todos seus recursos nos outros animais, ao chegar no homem não sabia o que lhe dar de especial, pois o homem deveria ser superior a todos os outros animais. Ao recorrer a Prometeu este com a ajuda de Minerva, por quem era protegido,  subiu aos céus de onde trouxe aos homens o fogo em uma tocha acesa no carro do sol. Júpiter se irou por Prometeu ter furtado o fogo do céu, e como castigo, mandou acorrentá-lo em um rochedo do Cáucaso, sendo seu fígado todo dia devorado por um abutre. Thomas Bulfinch escreve em "O Livro de Ouro da Mitologia" :" Esta tortura poderia terminar a qualquer momento, se Prometeu se resignasse, a submeter-se ao seu

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opressor, pois era senhor de um segredo do qual dependia a estabilidade do trono de Jove e, se o tivesse revelado, imediatamente teria obtido a graça. Não se rebaixou a fazê-lo, porém. Tornou-se, assim, símbolo da abnegada resistência a um sofrimento imerecido e da força de vontade de resistir à opressão." O fogo roubado por Prometeu não é o fogo físico; muito mais que isso, creio que o mito se refere ao "fogo da mente", que permitiu ao homem se libertar e conduzir sua vida por si mesmo; o "fogo dos deuses" que possuímos para tornar-nos o próprio deus.      

     

 Pode-se traçar também uma semelhança com Apolo, o Deus-Sol. Esta teoria se baseia em seu título de Portador da Luz, tradução literal de seu nome, o que pode associá-lo na cabala a Tiphareth, a Sephirah do Sol, enquanto que sendo a Estrela da Manhã ele é associado a Netzach, a Sephirah de Vênus. Em Tiphareth ocorre a primeira das grandes iniciações ao significado do Ser superior. Tiphareth se localiza no centro da Árvore da Vida, e em sua direção fluem os poderes das demais Sephiroth. Outro ponto que o relaciona a Tiphareth é o vício desta Sephirah, o orgulho. Como será discutido mais adiante, este é o pecado de Lúcifer na visão de algumas religiões, o que teria afastado-o da graça de Deus.

Outro ponto que a vêm reforçar é o mito de Aradia. Aradia é considerada filha de Diana e Lúcifer, gerada através de um ato de incesto. Na mitologia grega, o irmão de Diana é Apolo, que dentre outros atributos, possui como característica marcante sua beleza, assim como Vênus, deixando bem clara a associação entre ambos.

Cristianismo e Judaismo

 

Os cristãos corromperam a imagem do Lúcifer romano, tornando-o líder dos anjos caídos. O nome Lúcifer não é encontrado em nenhum livro da bíblia cristã. Esta relação surgiu mais tarde, vindo com a invasão de povos europeus e miscigenação de raças. Mais que uma tradução errada, é uma invenção dizer-se que ele encontra-se na bíblia original. A própria menção a um ser que pode até se transformar em um "anjo de luz" (2 Corintios 11:14), ou de um leão que ruge e devora (1 Pedro 5:8) é apresentada apenas a partir do novo testamento. Como será visto, na Torah (bíblia hebraica que nada mais é do que os cinco primeiros livros de qualquer bíblia cristã) não há o conceito de Lúcifer como mal personificado, e sim de acusador.

 

 

Não há como não se lembrar o que dois respeitáveis ocultistas comentam sobre esta corrupção. Segundo Blavatsky: "De fato, todo o mundo sideral, os planetas e seus regentes -- os deuses antigos do paganismo poético -- o sol, a lua, os elementos e toda a hoste de mundos incalculáveis -- pelo menos os que eram conhecidos pelos Pais da Igreja -- compartilharam a mesma sorte. Todos foram difamados e endemoniados pelo insaciável desejo de provar um insignificante sistema teológico -- construído a partir de antigos materiais pagãos -- como sendo o único correto e sagrado, estando todos os

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que o precederam ou seguiram completamente errados. Nos pedem para acreditar que o sol, as estrelas e o próprio ar tornaram-se puros e "redimidos" do pecado original e do elemento satânico do paganismo somente após o ano I d.C."[Lucifer, Vol. I, No 1, Setembro, 1887] .  Kenneth Grant complementa esta visão:"O enlameamento e a destruição literais dos símbolos antigos nas Catacumbas em nada é comparado com o iconoclasmo sistemático que esteve operante durante séculos nos santuários  secretos do Judaísmo e da Cristandade, onde documentos eram destruídos, textos mutilados e deliberadamente distorcidos para abrir caminho para o Culto desta suprema anomalia na história das religiões - um "Salvador" histórico que morreu e ressuscitou na carne" [The revival of Magick, 1969].

 

 

Realmente não há como negar que a igreja para combater as antigas religiões pagãs, distorceu os deuses antigos, convertendo-os em inimigos, em demônios que atentavam contra a felicidade humana. Que maneira seria mais simples para a solidificação de uma idéia do que a imposição pelo medo? Que maneira mais fácil de se acabar com as festividades pagãs do que torná-las pecaminosas? Todos que iam contra as idéias da Igreja eram considerados hereges. As pessoas começaram a temer pensar, questionar idéias, e por incrível que pareça, centenas de anos depois, ainda por medo, só que agora do inferno ou por pura acomodação, fecham seus olhos para sua realidade, descartando sua auto-realização neste plano. Alguns demônios cristãos foram criados nada mais sendo do que reflexos do nosso lado animal, que muitos tentam ocultar, lutar contra ele, sem perceberem e aceitarem que este faz parte de todos nós. A ira, a luxúria, a ambição entre tantos sentimentos que pertencem a este lado, são tão necessários aos homens quanto o amor e a compreensão. Somos senhores de nossa própria Vontade, e por isso, aqui e agora, somos nós quem devemos nos utilizar dela para atingir nossos objetivos. Como?  Através do desenvolvimento de nosso potencial interior, que apenas se encontra adormecido.  

 

O diabo foi uma invenção cristã construída a partir de antigos mitos pagãos, em especial Babilônicos e Caanitas já distorcidos anteriormente pelos judeus. A palavra gregadiabolos, usada como nome e adjetivo, veio do gregodiaballeinque significa "caluniador", e é usada como tradução do termo hebraicohassatan (o acusador ou adversário) no Antigo Testamento. No Novo Testamento a mesma palavra grega é utilizada como sinônimo do termo menos freqüente satanousatanas. Não podemos nos esquecer que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico e o Novo Testamento em grego, por isso o uso destas duas palavras equivalentes. Citarei apenas alguns destes deuses utilizados para construir o diabo cristão entre tantos outros existentes:

 

Abaddon, ou o Destruidor era governador do Sheol, um local destinado a ser a morada dos mortos. Ao contrário do inferno cristão, porém, este não era um local onde eram aplicadas penas aos mortos pelo que fizeram de errado em vida, e muito menos um local de tortura e sofrimento.

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Ashtart,deidade Fenícia, equivalente a Ishtar babilônica, deusa da guerra e do amor, e das colheitas. Associada também a Estrela da Manhã. Tornou-se um demônio cristão, Astaroth, sendo também citado pelos judeus com o sentido de legião em seus escritos.

 

Belzebu (Mateus 12:24) ou o Senhor das Moscas é a corrupção de Baal-Zebul, originalmente uma deidade fenícia, que significa "Príncipe Baal". Os Baals, que significa Mestres ou Senhores, eram adorados pelos Caanitas e por isso foram transformados em demônios.

 

Mais tarde, com a influência de novas culturas, os demônios foram aumentando em número, e a representação de sua imagem também. A clássica imagem do diabo como um ser que possui chifres e pés de bode é nitidamente uma referência ao deus Pã, cujo culto era amplamente disseminado e deveria por isso ser exterminado para a aceitação do novo dogma a ser imposto. O mesmo aconteceu com outros deuses pagãos, mas nenhum nome foi tão difamado como o de Lúcifer e Shaitan. Uma citação importante sobre a formação da concepção do diabo cristão pode ser encontrado no "The Devil's Biography":"O Novo Testamento clama que Deus é a origem de tudo que é bom, e que o Céu é a recompensa por seguir as suas leis. Mas aquilo não era suficiente para trazer as pessoas para a igreja e fazê-las retornar. Os primeiros cristãos procuravam uma força opositora, um demônio que poderia ser a origem do pecado que resultaria em condenação eterna nos tormentos do inferno e de onde apenas eles (os cristãos) poderiam nos salvar. O problema era, não existia nenhum para que eles pudessem proclamar sua autenticidade bíblica. Se eles quisessem um demônio assustador, dotado de grande poder, real, que poderia governar o inferno eternamente punindo aqueles que desafiaram Deus e seus sacerdotes, eles teriam que criá-lo e fazê-lo de uma forma que ele poderia finalmente parecer ter algum tipo de validade bíblica. E isto era um problema, pois os judeus do Antigo Testamento não acreditavam em eterna vingança ou punição depois da morte."

 

Os cristãos alegam que Lúcifer é citado em Isaías 14:12-14:      

Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como fostes lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias em teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."    

 

Lúcifer é uma palavra latina, e jamais poderia aparecer em um escrito hebraico datado de uma época em que o Latim não existia ainda como linguagem. No original hebraico desta passagem encontramos "heleyl, ben shahar", que quer dizer "brilhante, filho da

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manhã", e se referia ao rei da Babilônia Nabucodonosor, embora alguns autores afirmem que também poderia se referir ao rei Tiglath-pilneser. Este termo, ao ser traduzido para o latim vulgar foi traduzido como Lúcifer, a antiga representação romana da Estrela da Manhã. O fato é que o contexto da passagem completa deste texto deixa bem claro que ele não se refere a nenhum demônio, ou anjo caído da graça de Deus, mas sim a um rei humano como pode ser visto em  Isaías 14:4-5 e 14: 16-20:

 

"...então proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como terminou a tirania! Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos dominadores". "Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir para casa? Todos os reis das nações, sim, todos eles jazem com honra, cada um no seu túmulo. Mas tu és lançado fora de tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de mortos transpassados à espada, cujo cadáver desce a cova e é pisado de pedras."

    

Esta passagem mostra claramente a queda deste rei, ou seja, sua morte, e o desprezo com que ele seria recebido pelos mortos no Sheol. Como dito anteriormente não encontramos em nenhum livro do antigo testamento a idéia de demônios como sendo seres que governam sobre o inferno ou que eram dotados da função de punir os infiéis após a morte. Eles são vistos no misticismo hebraico como sendo descendentes de Lilith, primeira mulher de Adão, e como capazes de causar doenças e possuir corpos, mas nunca como seres capazes de fazer com que o homem seja tentado a cometer o mal. Podemos encontrar a idéia de anjos se rebelando contra Deus e sendo precipitados no apócrifo judeu "O livro de Enoch", utilizado mais tarde pelos sacerdotes para sua concepção de demônio. Outra evidência de que o nome Lúcifer não era originalmente associado ao demônio é a existência de um bispo cristão de Cagliari no século IV ou V que se chamava Lúcifer. A partir apenas do século XIII os hereges foram chamados de Luciferianos.

 

As caracteristicas biblicas de Lucifer:

 

Segundo os cristãos, as representações bíblicas do diabo são três: a de uma serpente (Apocalipse 12:9), a de um Dragão (Apocalipse 12:3) e a de um Anjo de Luz (2 Coríntios 11:14). Curiosamente as duas primeiras, que são equivalentes, são a representação da sabedoria e da vida eterna, presente e adorada inicialmente em todas as regiões do mundo, como será melhor comentado na seção "Influências Luciferianas". Lúcifer antes de sua queda pertencia à ordem angelical dos querubins (Ezequiel 28:14) e era a mais exaltada das criaturas angelicais (Ezequiel 28:12). Porém, ao deixar sua grandeza e beleza tomarem conta de seu coração, quis se igualar a Deus, o que foi seu grande pecado. Seus privilégios anteriores à queda podem ser encontrados em Ezequiel

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28:11-15 e "dados" sobre sua suposta queda em Ezequiel 28:16-18 e Isaias 14:12-20 (já citado anteriormente).

 

Para aqueles que desconhecem a Angelologia, convém esclarecer que os anjos se dividem em três grandes classes, ou ordens, que são subdivididas novamente em três partes cada. Os querubins pertencem à Primeira Ordem e ao segundo coro desta.   A primeira ordem é aquela que estaria mais próxima de Deus, e é se utilizando desta afirmação que os cristãos justificam a condenação eterna à qual Lúcifer foi submetido. Segundo eles, por Lúcifer viver anteriormente na presença de Deus, Ele o conhecia o suficiente para jamais poder ter se rebelado contra seu criador, ao contrário dos homens, que por isso tiveram a oportunidade de novamente voltarem à comunhão com Deus após o pecado original, através de sua submissão total à vontade de Deus e através do sacrifício de Cristo.

 

 Estranho fato este do livre arbítrio, no qual há apenas dois caminhos: o da submissão e conseqüente salvação, e o da independência e livre Vontade, e conseqüente danação. Seria realmente um livre arbítrio? Qual homem em sua sanidade escolheria o pior para si, se realmente acreditasse nisso? Parece mais que o "Deus" da cristandade não conseguiu mais controlar sua própria criação, quando esta descobriu através dos ensinamentos da serpente que podia alcançá-lo, e até mesmo, transcendê-lo. Esta não é uma idéia difícil de ser ilustrada se consultarmos a cabala. Na cabala podemos encontrar o demiurgo na Sephirah Chesed, a quarta esfera da Árvore da Vida. Sendo assim, ao se passar por Chesed, ainda há outra Sephiroth para se alcançar: Binah, Chockmah e Kether, ou seja, é possível de transcendê-lo, e em larga escala. A própria serpente, considerada derrotada, encontra-se acima do Demiurgo, em Chockmah. Como pôde ser visto, é um mito que guarda oculto em si mesmo a chave de sua própria contradição e destruição, conseqüência de uma invenção sórdida e sem nenhum fundamento. Está mais claro do que nunca nos dias de hoje a verdadeira função e propósito da crença cristã, não sendo necessário comentá-lo mais aqui: quem possui olhos para enxergar, que veja por si mesmo. Um dado interessante que encontramos na Bíblia e que também nos remete ao simbolismo de Lúcifer no ocultismo se encontra em Efésios 2:2. Neste versículo encontramos Lúcifer sendo considerado como o Príncipe da potestade do ar. Quem conhece as associações dos quatro príncipes no satanismo não sentirá dificuldade de lembrar-se que Lúcifer correspondendo ao Leste é associado ao elemento ar.

 

 

 

 

Islamismo e Yezidismo

 

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Segundo oQur'na, base da fé islâmica, Iblis ou Shaitan não é um anjo caído (como aceito no cristianismo), nem um agente de Deus (como aceito no judaísmo). No islamismo Iblis é um dosJinni, o qual através de seu livre arbítrio preferiu desobedecer à ordem de Allah (Deus) do que se prostar diante de Adão (os homens), um ser inferior criado do barro enquanto ele fora criado do fogo. Mais uma vez o pecado aqui retratado é o orgulho de Iblis, como pode ser confirmado nos seguintes versos:

 

Surah Araf (7: 11-18)

"Fomos nós quem criamos você. E te demos forma: Então nós ordenamos aos anjos, Prostem-se diante de Adão e eles se prostaram, com exceção de Iblis; Ele se recusou a pertencer àqueles   que se prostaram".

(Allah) disse: "O  que te impediu de se prostar quando eu te ordenei?". Ele disse: "Eu sou melhor do que ele: Tu me criaste do fogo, e ele do barro."

(Allah) disse: "Que você se rebaixe  por isto: não é para você ser arrogante aqui: saia".

Ele (Iblis) disse: "Me dê o tempo até que eles sejam elevados".

(Allah) disse: "Esteja você entre aqueles que tem este tempo".

Ele (Iblis) disse: "Porque tu me tiraste (do caminho), Oh! Eu irei esperar por eles em Teu estreito caminho":

"Então Eu  irei abordá-los por frente e por trás, à sua direita e à sua esquerda: Tu não irás achar, na maioria deles, reconhecimento (por Tua

piedade)."

 

Iblis, ao se rebelar contra a vontade de Allah, se tornou merecedor do nome Al-Shaitaan e foi expulso da corte de Deus. Ele teria recebido uma punição imediatamente, mas pediu um adiamento até o Dia do Juízo. Embora Iblis jure vingança ao homem (por este ter sido o responsável pela sua expulsão), se tornado seu inimigo e prometido dividir seu destino com eles, ele não possui nenhuma autoridade sobre os homens, ao contrário do demônio cristão, dotado de extremo poder sobre a humanidade, com exceção dos cristãos (Mateus 4:24).

Sendo um Jinn Iblis tem o poder de criar ilusões para desviar os homens do caminho do sucesso eterno. Allah adverte a Iblis que isso irá causar sua precipitação ao inferno, junto com todos aqueles que forem desviados. Para proteger seus fiéis, porém, Allah manda anjos guardarem-nos. Sendo assim, Iblis apenas pode sugerir o mal aos homens, mas sendo estes dotados da escolha entre o bem e o mal, são os únicos responsáveis pelo caminho que seguirão. Nenhum ser pode forçá-los a fazer a escolha errada. Shaitan e Iblis também são nomes utilizados por outra cultura: a dos Yezidi.

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Os Yezidi (Yazidi, Yasdâni, Izadi) atualmente habitam regiões no norte do Iraque, nos arredores da cidade de Mosul, e pequenas comunidades localizadas na Síria, no sudeste da Turquia e no Irã. A origem da palavra "Yezidi" ainda é muito discutida. Algumas hipóteses seriam que a palavra Yezidi se originou da palavra persa " îzed" que significa "anjo", ou que é derivada de "yezad", um termo da antiga linguagem iraniana que possui o mesmo significado, demonstrando a grande importância que a figura dos anjos ocupa na religião Yezidi, em especial Malak Ta'us.

Os Yezidi possuem duas escrituras sagradas, oMes'haf i Resh (Livro Negro) e oKitab el-Jelwa(Livro das Revelações). Em ambas Malak Ta'us (também chamado Shaitan, Melek Tawus, Azazil, Iblis e Ta'usi-Melek) se revela como um ser divino que rege sobre todos os outros seres divinos e sobre todas as criaturas do mundo, inclusive os seres humanos, o que pode ser constatado nos seguintes trechos: " No início Deus criou a Pérola Branca de sua mais preciosa essência; e Ele criou um pássaro chamado Anfar. E Ele colocou a pérola em suas costas, e lá habitou  quatrocentos mil anos. No primeiro dia (da Criação), Domingo, Ele criou um anjo chamado Azâzil, que é Malak Tâwus (anjo pavão), o chefe de tudo..." ;"Eu (Malak Tâwus) era, e sou agora, e continuarei a ser pela eternidade, governando sobre todas as criaturas...".

Na crença Yezidi, Malak Ta'us foi o primeiro dos sete anjos emanados de Yazdan (o Deus Supremo), sendo os nomes dos outros seis: Dardâ´îl, Ishrâfâ´îl, Mikail, 'Izrâ´îl, Samnâ´îl e Nûrâ´îl. Os Yezidi adoram Malak Ta'us ao invés do Ser Supremo por acreditarem que este não é mais uma força ativa: ele é o Senhor do Céu, o criador, que após criar a Terra não se importou mais com ela, deixando-a para Malak Ta'us governar. Sendo assim, Malak Ta'us é a representação da força ativa que age na Terra, é o Senhor do Mundo, e é a ele que devem se dirigir orações.Por esta adoração ao anjo pavão, que também é chamado de Shaitan, os Yezidi são considerados por muitos como "Adoradores do Demônio". Esta associação foi ajudada pelo fato de Malak Ta'us ter sido um anjo que caiu da graça de Deus por se recusar a se rebaixar perante Adão, como Deus havia pedido, mas ao contrário da mitologia cristã de Lúcifer e da mitologia islâmica de Iblis, ele foi perdoado através de seu arrependimento e recobrou sua posição original. Por isso os Yezidi afirmam que deve haver uma restauração assim como uma queda.

O Yezidismo não acredita em inferno. Em sua visão Malak Ta'us encheu sete jarros de lágrimas durante sua queda, que durou sete mil anos, e estas lágrimas extinguiram o fogo do inferno, ou serão usadas para extinguí-lo no final dos tempos. Malak Ta'us é um representante de Deus e não um Deus perverso. Malak Ta'us possui características duais dentro de si. Ele pode ser tanto o fogo que aquece como o que incendeia. Simultaneamente, todos nós humanos temos uma mistura destas duas forças: o bem e o mal. Todos possuímos Malak Ta'us dentro de nós.

Malak Ta'us é adorado na forma de uma escultura de bronze de pavão, denominado Anzal, "O Antigo". Esta escultura é trazida para os adoradores na celebração anual   mais importante da religião, que tem duração de sete dias, celebrada de 6 a 13 de outubro em Lâlish, ao norte de Mosul. Ela coincide com a antiga festa de Mithrâkân, que comemorava a criação do mundo por Mithra, o deus-sol.A segunda festa mais importante é a comemoração do nascimento de Yezid, o suposto fundador do Yezidismo, podendo ser até mesmo o segundo maior Avatar do Deus Supremo, logo após Malak Ta'us. É uma festa de três dias, comemorada perto do solstício de verão

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(hemisfério sul)/inverno (hemisfério norte). Curiosamente esta data também pode ser comparada com o nascimento mítico de Mithra, celebrada no dia 25 de dezembro.

Egípcios 

 

Livro dos Mortos encontramos o seguinte capítulo: "E Osiris Ani, do qual a palavra é a verdade, disse: Eu sou a serpente Sata cujos anos são infinitos. Eu descanso morto. Eu estou renascendo todos os dias. Eu sou a serpente Sa-en-ta, a habitante das extremas partes da Terra. Eu descanso na morte. Eu sou nascido, eu me torno novo, eu rejuvenesço todos os dias".

 

 Não vai ser difícil para o atento leitor perceber o porque da correspondência entre a serpente egípcia Sata com Lúcifer. Pudemos analisar na mitologia greco-romana um equivalente perfeito com a menção acima: Vênus em seu percurso, "renascendo" a cada anoitecer, e "morrendo" a cada amanhecer. Sata é o deus egípcio consorte de Sati (também chamada Setet). Barbara G. Walker possui em sua obra, The Women's Encyclopedia of Myths and Secrets, uma passagem muito interessante a este respeito: "Os primeiros egípcios chamavam-no de a Grande Serpente Sata, Filho da Terra, imortal porque se regenerava todos os dias no útero da deusa. Um homem poderia se tornar imortal, como Sata, repetindo orações que o identificassem com o deus...". Podemos encontrar aqui a nítida idéia de que para o homem se tornar um deus, deve contemplá-lo em si mesmo. 

 

Sata também é considerado por alguns autores como um outro nome para o deus Set. Um ponto de equivalência entre ambos está no seguinte tópico: devemos lembrar que o correspondente de Set na Terra é o Falo, e a própria serpente, imagem de Sata, é um símbolo nitidamente fálico. Set é considerado como o arquétipo da consciência de si isolada, e talvez justamente por este motivo os períodos de maior popularidade do deus Set coincidiram com as épocas de maior desenvolvimento do Egito em todas as áreas. Set, porém, é representado celestialmente por Sírius ou Sóthis, a Estrela-Cão, ao contrário de Sata, representado por Vênus.

 

 

 Set, por sua vez, foi transformado em Shaitan por seus adoradores que o levaram até a Suméria. Como citado por Grant, a invocação a Shaitan é realizada direcionada para o norte geográfico, pois embora ele seja considerado o Deus do Sul, no equinócio de inverno o Sol se volta em direção ao norte ao entrar na Constelação de Capricórnio, o que coincidentemente ocorre na religião Yezidi, sendo Shaitan adorado ao norte. Este fato nos mostra a influência da fonte original nesta filosofia, apesar de aparentemente ambas serem muito diferentes. 

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Mais uma vez, como todos os chamados demônios, os judeus e cristãos mudaram seu nome para Satã, e foi através destes que Shaitan se tornou um ser existente rival dos humanos. Porém, as origens e os propósitos deste nome nos é suficiente para entender o seu verdadeiro significado.

 

Espiritas

 

A filosofia espírita está baseada na idéia da evolução como necessária para o alcance da sublimação. Esta evolução apenas pode ser alcançada através da conquista pessoal de cada um, e para isso existe um ciclo de reencarnações sucessivas que permitem aos espíritos se aprimorarem, corrigindo erros passados e conquistando novos méritos para serem somados à sua trajetória. Sendo assim, existem diversos graus de evolução nos quais os espíritos se encontram, sendo que mesmo o mais evoluído alguma vez já teve que passar por diversos níveis inferiores, os quais superou por suas ações.

     

Sob esta ótica é impossível pensar na existência de demônios como seres eternamente condenados à maldade e à perdição. Os espíritas acreditam na existência de espíritos "demoníacos", cujas características são conseqüências de seu livre arbítrio e atual grau evolutivo,  que porém não é eterno. A evolução pode demorar mais para alguns do que para outros (justamente pela existência do livre-arbítrio), mas é inevitável para todos. Tudo que vivemos e aprendemos não pode ser perdido. Desde a criação então até alcançarmos o grau máximo de evolução, sempre voltamos com alguma característica mais aprimorada adquirida durante nossa experiência anterior, o que nos auxilia na conquista de novas.

 

Qual seria então a visão sobre Lúcifer desta filosofia? Os espíritas não aceitam a visão cristã de Lúcifer por vários motivos, todos diretamente envolvidos com o que já foi dito acima. Milled Assed, em seu livro"Ovo de Colombo" , nos explica com maiores detalhes: "Pelo exposto acima, dá para sentir que a luz com que Lúcifer fora dotado graciosamente pelo Senhor de nada valera. Certamente porque não se tratava de uma conquista pessoal.  Sem o resguardo do esforço próprio em obediência a Lei dos méritos conferidos pela Evolução somos obrigados , sem outra alternativa admitir que a luz concedida por Deus a Lúcifer era falsa . Sendo falsa a luz de Lúcifer e seus asseclas (anjos) , daí perguntarmos se os anjos, arcanjos, querubins e serafins, teriam sido agraciados, também, com o mesmo tipo de luz que o Senhor dotara Lúcifer . Se assim for, é bem provável que o "Reino dos Céus" esteja sujeito a uma nova debandada ou revolta . Admitindo a hipótese que Deus houvera dotado de Luz a qualquer entidade, esta Luz , jamais permitiria ao seu portador qualquer espécie de sentimento inferior e

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muito menos apagar-se-ia como o acionar de um interruptor qualquer. O agraciamento de Deus , jamais seria provisório." 

    

  A permissão da existência de um reinado oposto ao de deus, segundo o mesmo autor, só foi possível através da criação da mente humana, ainda imperfeita e muitas vezes infantil e maldosa. Realmente podemos ver nesta idéia a criação de um deus mais a semelhança do homem do que um homem criado a semelhança de deus, talvez para que a humanidade pudesse se sentir mais próxima e íntima dele. O fato é que, como comentado anteriormente, não haveria problema algum nesta idéia de deuses com características humanas, utilizada em larga escala pelas antigas religiões pagãs, se não fosse o mau uso dado a ela pelas grandes religiões monoteístas. 

 

Demonologia de Lucifer

 

Na demonologia podemos encontrar Lúcifer ocupando diversas posições, variando de autor para autor. Alguns o associam com Satã, porém geralmente há uma distinção entre ambos, cada um possuindo seu respectivo cargo na hierarquia infernal. Quando visto desta maneira, geralmente Lúcifer é colocado em uma posição superior à de Satã.

 

Segundo oDictionaire Infernale de Collin De Plancy, escrito em 1863, Lúcifer recebe o título de Rei do Inferno, responsável por assegurar a justiça, sendo que Satã não figura entre os sessenta e quatro demônios apresentados nesta obra. Ele governa o leste e rege sobre a Europa e a Ásia. Sua descrição é de uma bela criança, que porém muda drasticamente sua fisionomia para a de um monstro quando nervoso.

 

NoGrimorium Verum(a versão mais antiga encontrada data de 1517), encontramos Lúcifer, Belzebuth e Astaroth como sendo os três poderes. Lúcifer possui a aparência de um belo rapaz. Porém, quando nervoso, muda sua cor para vermelho. Assim como no Dictionaire Infernale,Lúcifer rege a Europa e a Ásia através da ação de seus subalternos: Satanackia e Agalierap. A conjuração deve ser realizada também em um círculo específico, contendo os três sinais de Lúcifer desenhados ao seu redor. Como curiosidade, citarei a conjuração encontrada neste grimório: "Lúcifer, Ouyar, Chameron, Aliseon, Mandousin, Premy, Oriet, Nayadrus, Esmony, Eparinesont, Estiot, Dumosson, Danochar, Casmiel, Hayras, Fabelleronthou, Sodirno, Peatham, Venite, Lúcifer. Amém.".

 

O Grimório de Papa Honório, o Grande, foi escrito no século 16, embora muitos considerem esta data fraudulenta, devido a sua primeira versão impressa ser datada do

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século 17. Neste grimório, Lúcifer é apresentado como um dos principais espíritos infernais, sendo considerado o Imperador Infernal. Novamente nesta obra Satã não é mencionado. Aqui também Lúcifer deve ser conjurado na segunda-feira, entre a terceira e quarta hora, ou entre as onze e doze horas. O sacrifício de um rato é necessário, segundo este grimório, para que a conjuração tenha sucesso.

 

Na Magia Sagrada de Abramelin, ele é um dos Espíritos Chefes juntamente com Leviathan, Satã e Belial. Embora o termo Lucifuge seja empregado às vezes para designar Lúcifer, isto deve ser evitado, pois em outras hierarquias, como por exemplo a do Grimório do Papa Honório (já citado anteriormente), Lucifuge Rofocale é o nome atribuído ao Primeiro ministro do Inferno.

 

Muitas outras obras poderiam estar aqui, mas creio ter mencionado as mais significativas. As descrições foram feitas brevemente, sendo recomendado ao leitor interessado que consulte diretamente as respectivas obras para obter mais informações. Não as coloquei aqui pois ficaria muito extenso e sairia do meu propósito inicial.

 

É importante conhecer estas informações para se conhecer a origem de muitas associações utilizadas por nós mais recentemente. Um exemplo é a associação de Lúcifer com o Leste, que pudemos ver acima, e que também está presente na concepção da Hierarquia dos Reinos de Fausto. Uma análise mais minuciosa destes escritos e da simbologia utilizada no Satanismo será de grande valia ao estudioso do ocultismo, e é por isso aqui muito recomendado. 

 

 

 

O Livro de Urantia

 

Este livro possui seu escrito 53 dedicado totalmente à rebelião de Lúcifer. Lúcifer é considerado um ser da categoria Lanonandek que se distinguia dos demais pela sua pronunciada sabedoria, sagacidade e eficiência. Mas após sua transgressão, conseqüência de sua auto-contemplação, ele foi expulso de Nebadon para se tornar o Soberano de Satania

 

Em  53:1.3  o autor volta a cometer o mesmo erro de interpretação dos cristãos, mencionando as palavras encontradas em Isaías como referentes à queda de Lúcifer.

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Este ponto já foi discutido anteriormente e creio não haver necessidade de discuti-lo novamente. 

 Nesta versão da rebelião, porém, Lúcifer e Satã são considerados seres distintos. Satã é seu primeiro assistente, também um membro dos Lanonandeks, que se envolveu diretamente na  insurreição iniciada por Lúcifer. Junto a eles se encontrava Caligastia, o príncipe planetário deposto de Urantia; Abaddon, chefe executivo dos rebelados de Urantia  e Beelzebub, líder das criaturas que se uniram à Caligastia. 

 Mais uma vez aqui o objetivo da rebelião é a obtenção da liberdade e vontade própria. Não era mais desejado por Lúcifer seguir as ordens e executar a vontade de outrem, no caso Miguel, aquele que representava os planos do Pai Universal. Embora movido pelo orgulho, Lúcifer não planejou a rebelião apenas para si mesmo, mas acreditava ser sua causa um bem ao universo.

 Lúcifer defendia a idéia de que o Pai Universal era uma invenção dos Filhos do Paraíso destinada a controlar todo o universo. Interessante notar o quanto este fato esteve presente na realidade humana, e ainda está. Tanto na Idade Média quanto hoje a intolerância e a manipulação das massas ainda impera,  em nome de Deus, mesmo que de maneiras diferentes. Se antigamente pessoas eram queimadas em nome de Deus para purificar suas almas, hoje basta apenas que paguem uma quantia mensal à igreja e adorem à Deus. É encontrado neste livro a seguinte frase: "Ele tratava a reverência como ignorância". Em uma análise Luciferiana, não haveria frase mais correta. Se nós somos uma emanação divina, e por isso possuímos sua essência, qual a razão para se adorar e obedecer cegamente outro Deus além de si mesmo?

 

 

 

 

 

Outra questão levantada por Lúcifer contra o sistema vigente era o governo universal por Miguel. Lúcifer clamava que Miguel embora pudesse ser seu Pai criador, não era seu Deus e muito menos seu governador por direito. Um filho deve amar os pais por amor e vontade própria, jamais através do medo ou imposição. O mesmo se aplica à criatura em relação ao seu criador. Nenhum criador preocupa-se com o fato de se suas criaturas irão amá-lo, aceitá-lo ou obedecê-lo, a não ser que as tenha criado com o propósito de torná-las escrava ao invés de simples amor pela criação. O livre arbítrio foi a condição dada para que pudéssemos acelerar nossa evolução, e nos tornar dignos de nossas conquistas. Por isso que qualquer intervenção nos é tão prejudicial. Ninguém pode viver experiências por nós, ninguém pode saber o que é bom ou não; apenas a nossa experiência pode falar por si mesma, já que todos somos seres únicos.

 A terceira e última questão abordada no"Manifesto de Lúcifer à Liberdade"era o plano universal de treinar os mortais para a ascensão. Muito tempo era destinado a este

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treinamento que levaria os mortais à algum local ainda desconhecido. Lúcifer considera os mortais traidores de sua própria sociedade, a partir do momento que começaram a escravizar toda a criação pela idéia de um destino eterno. A liberdade e a auto-determinação eram para ele a chave pela qual aqueles que pretendiam a ascensão iriam conseguí-la. Esta passagem é muito interessante se novamente analisarmos pela ótica Luciferiana. Não há um único caminho, muito menos um pré-moldado, para se alcançar a perfeição e à plenitude. Sendo assim, como poderia haver um treinamento através de regras para atingí-la? Cada um trilha seu próprio caminho, e durante seu percurso encontrará atalhos, abismos, perigos, dores e prazeres. Avançar ou retroceder dependerá unicamente de sua auto-determinação. É neste momento, pela sua liberdade de escolha e vontade, que os fracos serão separados dos fortes. 

 Analisando estes três pontos fica difícil de se entender como tais questionamentos levantados por Lúcifer podem ser interpretados como errôneos. O único erro talvez poderia fazer morada aos olhos de um Deus egoísta e escravizador, que não queria perder os prestígios de seus súditos, conseguidos através do medo, para alguém que começava a conseguí-los pelo uso da razão. Creio que a sempre citada beleza de Lúcifer se refere principalmente à de sua sabedoria e essência.

 Ao contrário da versão cristã, encontramos neste livro o dado de que o perdão foi oferecido tanto à Lúcifer como àqueles que o apoiaram, porém este perdão foi apenas aceito por poucos. Lúcifer continuou firme em seus propósitos, como é próprio do mais nobre sonhador que jamais abandona seu ideal, seja qual for o preço a ser pago por ele.

 

 

Wicca

 

Até agora conhecemos a visão sobre Lúcifer que possuem as filosofias em que sua idéia ou nome aparece de forma mais proeminente. Outras no entanto, possuem apenas algumas de suas ramificações que o aceitam. Por isso nesta seção será tratada de forma resumida o equivalente que pode ser traçado para a religião Wicca. É importante ressaltar que não trato-a aqui de forma superficial por ser menos importante do que as anteriores, mas apenas  por não centralizar sua atenção no assunto.

 

Este é um tópico que com certeza causará certa polêmica entre muitos que denominam-se como "wiccans". Isso porque atualmente muito vêm sendo distorcida a "velha arte", a ponto de alguns segmentos parecerem um cristianismo que apenas substitui um deus masculino por uma deusa. O paganismo se resume a utilização de alguns deuses e deusas, cujas essências não são realmente conhecidas, e acabam sendo modificadas, tornando-os seres absolutamente bondosos. Mas apesar de todo marketing criado, ainda há segmentos dignos de crédito e atenção.

 

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 Alguns wiccans, principalmente os que aceitam como verdadeiro o escrito de Charles Leland "Aradia the Gospel of the Witches", acreditam em Lúcifer como sendo o deus do Sol e da Lua, o irmão de Diana, por quem a deusa se apaixonou. Esta idéia está contida na frase abaixo, retirada do trabalho já mencionado:

 

"Diana amou tão intensamente seu irmão Lúcifer, o deus do Sol e da Lua, o deus da Luz ..."

 É deste ato de incesto que nasce Aradia, bruxa italiana que traz então à Terra os ensinamentos da bruxaria de sua mãe. Muitos contestam esta versão do autor, alegando ser Lúcifer uma influência do cristianismo, embora os defensores afirmem que o Lúcifer mencionado aqui não é o cristão, mas novamente o deus romano já discutido anteriormente. Na versão Aridiana, Lúcifer não está presente e nem Diana é considerada como sendo a mãe de Aradia. São duas versões que envolvem a mesma personagem lendária italiana, cabendo a cada interessado aceitar a que mais lhe parecer verdadeira.

 

Teosofia

 

Helena P. Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, é uma árdua defensora do nome de Lúcifer em seu sentido original. Entre os muitos escritos seus que abordam o tema, podemos destacar dois que são explicitamente dedicados a esta questão: "O que há em um nome?" e"A história de uma planeta". Ambos são encontrados na primeira edição da revista" Lucifer ", datada de setembro de 1887, o que demonstra mais uma vez sua admiração pela idéia oculta neste nome.

 

O título da revista"Lucifer" é defendido pela alegação de ser este nome o que mais verdadeiramente representaria o ideal procurado, ou seja,"combater o preconceito, a hipocrisia e a impostura em todas as nações...". 

 

Blavatsky critica duramente a interpretação errônea e proposital que os cristãos aplicaram à Vênus, transformando-o em seu demônio e pilar central da Igreja Cristã, escrevendo em um de seus textos:"Este epíteto de "rebelde" é uma calúnia teológica, a par de outra difamação de Deus feita pelos que acreditam na predestinação, qual seja a que torna a deidade um demônio "Todo Poderoso" pior do que o próprio Espírito rebelde; "um Diabo onipotente que deseja ser 'louvado' como piedoso quando ele exerce a mais diabólica crueldade", como afirmou James A. Cotter Morrison. O Deus maligno da pré-ordenação e da predestinação e seus agentes subordinados são invenções humanas; são dois dos dogmas teológicos mais moralmente repulsivos e horrendos que os pesadelos de monges pouco iluminados jamais poderiam conceber em suas impuras fantasias."

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Para ela, Lúcifer e Satã não são duas deidades distintas, mas apenas dois aspectos de uma idéia, os irmãos gêmeos que se completam. Diretamente ou indiretamente, Blavatsky jamais deveria deixar de ser citada como uma das grandes responsáveis pelo resgate da identidade original de Lúcifer. Muito poderia ser dito aqui, mas creio que ninguém melhor do que seus próprios textos para falar por si. Recomendo a leitura dos textos citados em sua íntegra, que podem ser encontrados em português no site http://www.blavatsky.net , de onde foram retiradas as passagens utilizadas neste texto.             

           

E após mais de um século que Blavatsky perguntou-se" por que pessoas educadas ainda são ignorantes o bastante no final de nosso século para associar um radiante planeta -- ou qualquer outra coisa na natureza -- ao DIABO!", nós ainda não conseguimos achar uma explicação. E o que é pior, seu número aumenta a cada dia, mostrando que ao invés de procurarem pela luz da evolução, muitos estão retornando às trevas da ignorância.

 

3 - O que é Luciferianismo

OLuciferianismo é um conjunto de crenças cuja base encontra-se fixada na figura de Lúcifer. Divide-se emLuciferianismo Tradicional (crença em Lúcifer como um ser espiritual) eLuciferianismo Simbólico (crença em Lúcifer como um símbolo de luz, conhecimento, crescimento individual e auto-aperfeiçoamento).

Este tipo de crença existe também no Paganismo da Feitiçaria Tradicional Ibérica, apesar de não corresponder diretamente a ela e de não possuir, no mais das vezes, ligação definitiva com nenhum tipo claro de misticismo.

O Luciferianismo é um antigo culto de mistérios que tem origem nos cultos de adoração às serpentes. Apesar de muito posterior aos Mistérios Clássicos, como os de Elêusis, Delos e Delfos, contém traços que deitam suas origens nas práticas pagãs primitivas da Grécia e principalmente na Religião Órfica. O Luciferianista presta reverência à entidade romana conhecida como Lúcifer, o Andrógeno, o Portador de Luz, o espírito do Ar, a personificação do esclarecimento. Lúcifer era o nome dado à estrela matutina (a estrela conhecida por outro nome romano, Vênus) e posteriormente descontextualizado e corrompido pelo Cristianismo. A estrela matutina aparece nos céus logo antes amanhecer, anunciando o Sol ascendente. O nome deriva do lucem ferre do termo latino, o que traz, ou o que porta a luz. Lúcifer vem do latim,lux +ferre e é denominado muitas vezes, como sendo aEstrela da Manhã.

 

De entre todas as entidades da angelologia e demonologia tradicionais, Lúcifer foi aquela a manter a relação mais notável com a Humanidade. Encontrar a faceta Lúcifer da divindade dentro de nós é fator importante no caminho da Verdade para um

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Luciferianista. Ela nos trará consciência, conhecimento e sobretudo, o livre-arbítrio. Lúcifer, para os homens, seria o caminho para o encontro com o Eu-Divindade, a manifestação da Vontade profunda integrada aos ritmos do mundo real. Na angelologia hebraica, corresponde diretamente a Heylel, citado no Livro de Isaías como a "Estrela Brilhante" e mito muitíssimo anterior à elaboração romana de Lúcifer. Os hebreus herdaram este anjo dos babilônios entre 600 a.C. e 300 a.C., enquanto que os romanos só formularam seu "deus" após o surgimento do Cristianismo na Península Itálica. Vale ressaltar que existem diferenças importantes de cunho mítico, ritualístico e filosófico entre o Luciferianismo, mormente o Simbólico, e o Satanismo. O último posiciona-se, principalmente, como reação contrária ao Cristianismo, enquanto que o primeiro possui caráter distinto e identidade semelhante aos cultos pagãos, apesar de totalmente desligado do Paganismo para grande parte de seus praticantes

O Luciferianismo, não possuindo uma divulgação tão grande quanto o Satanismo, ainda é muito desconhecido, e até mesmo mal interpretado pela maioria das pessoas. Enquanto muitos o julgam como sendo uma religião das trevas, na verdade não há título mais injusto do que este para ser-lhe atribuído; isto porque esta filosofia é centrada na procura da Iluminação (Divindade) pessoal através do caminho do conhecimento e da sabedoria. Que religião obscura teria um propósito tão nobre?

O Luciferiano, adotando Lúcifer como seu referencial, almeja alcançar as qualidades que este Ser representa, a saber:  sabedoria, conhecimento, orgulho, liberdade, vontade, desafio, independência e iluminação. Ele está sempre procurando por seus limites para poder alcançá-los, e então transcendê-los, sabendo que este é o único caminho para sua evolução. Nossa essência divina não é algo pronto: ela está dentro de nós, mas precisamos desenvolvê-la para que ela possa despertar. Devemos nos lembrar que somos os únicos responsáveis por nossa própria evolução, e por isso outra característica fundamental dos Luciferianos é a capacidade de discernimento. Afinal, embora no Luciferianismo nada seja proibido, sabemos que nem tudo nos convém. Ao realizarmos um ato, devemos estar preparados para suas conseqüências. 

Uma questão que surge freqüentemente é o por que da utilização de um nome que nos remete ao cristianismo, ao demônio cristão, já que é defendido por todos os Satanistas, e conseqüentemente Luciferianos, uma independência em relação a este conceito.

Há duas respostas possíveis, e ambas são verdadeiras.

A primeira, e primordial, é que apesar do cristianismo utilizar-se do nome Lúcifer e Satã, como já foi visto anteriormente estes nomes existiam independentes da citada religião, e por isso mesmo referem-se a seres diferentes do demônio cristão. São arquétipos antigos, que carregam consigo, apesar das distorções das quais foram vítimas posteriormente, toda a energia da egrégora à qual pertenciam e o conjunto de idéias construídas e representadas pelo seu nome originalmente.

 Por este motivo Lúcifer e Satã têm que obrigatoriamente serem tratados como entidades diferentes para que possamos entender a diferença entre o Luciferianismo e o Satanismo. A  diferença principal entre as duas escolas de pensamento está diretamente relacionada à esta idéia particular que cada nome possui embutido em si.

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A segunda, utilizada por alguns satanistas, é o impacto que este nome causa nos dias atuais. É um jeito de chamar a atenção no meio de tantas informações, para então poder mostrar ao que verdadeiramente ele se refere.

A principal diferença do Luciferianismo para o Satanismo é justamente o enfoque na procura pela sabedoria, ao invés da oposição. Isso pode ser facilmente percebido na análise dos nomes Lúcifer e Satã. Lúcifer vem do latim Lux, Lucis = luz  Ferre= portador, ou seja,  o Portador da Luz, enquanto Satan, de uma corrupção do nome do deus egípcio Set (Set-hen), em hebraico significa Adversário. O Luciferianismo é exatamente um aprimoramento do Satanismo, já que este é limitado em sua visão da evolução humana como necessária ao alcance desta divindade.

Sendo o Luciferianismo uma religião profundamente subjetiva, construída baseada nas experiências de cada um, e sendo ela mesma o fruto de diversas influências, é comum aqueles que compartilham os princípios Luciferianos incorporar a eles outras culturas, podendo estas tanto ser pagãs ou não.

  Isso refletiria em uma infinidade de denominações se o aspecto utilizado para designá-las fosse as egrégoras e filosofias incorporadas por cada um. Por este motivo o aspecto utilizado para classificar o Luciferianismo é o modo como o praticante aceita a existência de Lúcifer. Existem duas designações que embora sejam contrárias no referente a este aspecto, compartilham das mesmas bases comuns ao Luciferianismo.

 Eu adoto os termos Deísta e Agnóstico para designa-las do que os termos Tradicional e Moderno, comumente utilizados  no satanismo. Esta escolha não implica apenas na intenção de uma diferenciação para ambas filosofias, mas principalmente pelo sentido de cada um deles.  Os primeiros trazem em seu significado diretamente a idéia utilizada para distinguir uma denominação da outra, o que não acontece com os segundos.

  Além disso o termo tradicional e moderno nos leva a pensar de maneira errônea a respeito da filosofia, se fosse aplicada a esta. O Luciferianismo é ao mesmo tempo uma religião tradicional e moderna: tradicional por ser construída em cima de filosofias passadas de geração a geração durante séculos, e moderna por estar sempre em construção, não sendo algo pronto e imutável.

O Luciferianismo Deísta  

Os Luciferianos Deístas são aqueles que acreditam em Lúcifer como um Ser, geralmente este identificado como sendo o próprio Cosmos, ou seja, um Ser que está em tudo e que sendo pleno, de nada necessita.

 É o "Deus dos inumeráveis números, que cria os próprios membros, que são os deuses". A busca predominante do Luciferianismo está no progresso do espírito humano, sendo que na denominação Deísta o final desta jornada resultará no alcance da unidade indivisível de homem e Deus, condição anterior e eterna. A filosofia de Plotino pode ser bem colocada aqui, já que segundo ela o mundo emana de um deus primal (Lúcifer), através de graus e a Ele se eleva e retorna.

Ao contrário do que se poderia pensar, então, não há um culto a Lúcifer como a maioria das religiões cultua seus respectivos deuses. Lúcifer não é apenas aceito como um deus

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acima dos homens, e por isso inalcançável a estes, mas como um deus do qual carregamos a essência dentro de nós. Lúcifer antes de tudo é cultuado no próprio adorador, pois ele acredita que sendo uma emanação de Lúcifer, se torna UM com Ele.

 Os rituais são de grande importância para os deístas. É através deles que o praticante experimenta de forma mais profunda este contato entre ele e o divino, vislumbrando o que ele mesmo um dia será através de suas buscas

O Luciferianismo Agnóstico

Para os Luciferianos agnósticos Lúcifer é aceito como um arquétipo. Não há uma crença em um deus primal, sendo o homem visto como seu único deus, seu próprio princípio e fim. Esta visão Luciferiana é claramente influenciada pelo Satanismo Moderno iniciado por Anton LaVey, com a publicação da Bíblia Satânica. É uma procura pelo verdadeiro "self" sem se utilizar a idéia de alguma divindade por detrás dele, contendo aspectos extremamente humanistas. A procura pela sabedoria neste caso também é com o intuito de se tornar um deus no sentido de se tornar algo além do comum, seu próprio Senhor através do conhecimento de si mesmo. A idéia de continuação de uma vida após a morte não se encontra em uma suposta outra dimensão, e sim na imortalidade de suas obras. 

 Não havendo a crença em algo além do aqui e agora, os rituais realizados pelos agnósticos tendem a se concentrar  apenas no princípio do poder da mente para mudar fatos de acordo com sua vontade. Os próprios rituais são colocados em segundo plano por serem utilizados apenas para este propósito, em situações especiais que poderiam requerê-los. 

 No Luciferianismo Lúcifer jamais é interpretado como sendo a personificação absoluta do mal. A aceitação de tal visão cairia necessariamente na aceitação e validação do dogma cristão com suas alegorias sobre a existência de um salvador externo ao próprio indivíduo, tão contrária da posição Luciferiana sobre o assunto.

 Tanto para os Agnósticos como para os Deístas, ele sempre é visto como Aquele que possui em si todos os opostos, ambos se encontrando em equilíbrio. O que são os opostos senão complementos de si mesmos? Por que repudiar um e adorar a outro?

 Talvez os opostos mais polêmicos sejam o bem e o mal, devido à grande ênfase dada a estas forças por vários sistemas religiosos. O dualismo é a maior prova da ignorância dos sistemas monoteístas, onde há conflito entre a Luz e as Trevas, entre a carne e o espírito, onde o triunfo do deus do Bem só ocorrerá após a eliminação do mal. Esqueçamos o conflito entre estas duas forças, tão amplamente pregado por diversas filosofias. Pensemos ao invés deste conflito em uma harmonia, que traga o equilíbrio ... estas forças existem e podem exercer influência sobre nós apenas até serem confrontadas e conseguirmos transcendê-las. O bem e o mal são dois aspectos de um só ato; estão presentes dentro de cada um de nós e em toda a natureza. As polaridades antes de se chocar, se atraem, acabando por se completar e levar ao equilíbrio, e é aí que está sua importância. O homem não pode evoluir praticando apenas o bem, assim como praticando apenas o mal. Isto porque o bem e o mal são relativos, conceitos que mudam no tempo, em diferentes ocasiões e até mesmo de filosofia para filosofia. Só conseguiremos reconhecê-los ao vivenciá-los. Nunca devemos nos esquecer que todos somos seres únicos nesta esfera causal, assim como nas próximas até atingirmos a esfera

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do equilíbrio e plenitude, e por isso possuímos experiências, pensamentos, percepções e concepções únicas também. Afinal "todo homem e toda mulher é uma estrela", e todas as estrelas juntas formam apenas um ser maior, o Cosmos, ou o próprio princípio criativo. 

O Luciferianismo não é uma religião fácil de ser vivida, ao contrário do que muitos julgam. Esta é uma grande ilusão de quem se arrisca a opinar sem ao menos tentar vivenciá-lo, já que o primeiro passo é romper com as idéias e regras impostas durante séculos a nós. É preciso além de muita determinação e força para se livrar destas amarras, se auto-conhecer e ter coragem de tornar-se seu próprio Deus. Não é uma religião para os covardes que se escondem atrás de uma mentira, preferindo sufocar seus ideais e até mesmo sua realização neste plano para obter a "segurança" de uma falsa promessa.

 Realmente é assustador assumir a responsabilidade da construção de sua própria vida, saber que somos os únicos responsáveis por nossos erros e acertos, por nossa tristeza ou felicidade, por nossa liberdade ou escravidão. Talvez seja este o motivo que leva muitos a nos temerem e muitos a nos respeitarem: o ser humano se acostumou de tal modo a viver na escuridão, que quando presencia uma luz ou a teme ou a admira ao longe, sendo poucos os que se arriscam a serem iluminados por ela. 

O Luciferianismo é em geral transmitido oralmente e na maioria das vezes praticado solitariamente. Poucos são os Luciferianos que o praticam em grupo, devido ao subjetivismo inerente a esta filosofia. Apesar de os princípios serem comuns a todos, o Luciferianismo só adquire realmente valor quando o praticante deposita nele as verdades que pôde contemplar dentro de si, sendo primordial descartar qualquer ponto que seja discordante com elas. Não é uma religião que se preocupa em ser aceita pela maioria; ao contrário, prefere se ocultar desta para que não ocorra nenhuma distorção de sua essência. Damos mais valor a um pequeno grupo de praticantes do que um grande número de "seguidores". Em nossa crença não há lugar para seguidores, e sim para mestres, já que o único mestre de cada um é si mesmo.

 Baseando-se neste pensamento é que toda ordem Luciferiana se propõe apenas a mostrar ao iniciado o início do caminho... conhecê-lo realmente e percorrê-lo, vai depender unicamente da determinação de quem é corajoso o suficiente para conhecer a si mesmo, e tornar-se o seu próprio Deus.

4 - As Influências Luciferianas

Manifestações da essência Luciferiana podem ser encontradas facilmente na maioria das antigas culturas pagãs, sob diversas formas e nomes. O Luciferianismo praticado hoje é justamente a síntese destas antigas visões combinadas com algumas influências atuais, além das próprias experiências de cada um. Como o Luciferianismo é uma ramificação do Satanismo, parte das influências tratada aqui é comum a ambos, sendo ele mesmo uma delas. É justamente sobre estas supostas origens e influências que trataremos neste subtítulo.  Para não se tornar repetitivo, porém, citaremos de modo sucinto o que foi retirado de cada filosofia, sendo que estas já se encontram aprofundadas na seção "Uma visão geral sobreLúcifer". 

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Muitos acreditam que o Luciferianismo teve sua origem com os cultos de adoração às serpentes ou dragões (lembrando que a representação antiga dos dragões é de uma serpente). As serpentes sempre foram associadas com a sabedoria e a vida eterna. Segundo Blavatsky, em seu livro " Doutrina Secreta" houve uma época em que as tradições do Dragão e do Sol eram universais; os templos sagrados dedicados a estes cobriam as quatro partes do mundo. Podemos citar a Babilônia, o Egito, a Pérsia, na América os Incas, entre outros povos, que possuíam em sua cultura estes ritos. Realmente a sabedoria é a procura pela qual o Luciferianista dedica sua vida, já que sabe que a partir dela todas as demais coisas podem ser alcançadas. É uma procura tão antiga quanto o homem, assim como a idéia de que através dela podemos alcançar a divindade e sermos eternos. Até mesmo na mitologia judaico-cristã encontramos a serpente como aquela que permite o homem ser deus, através do conhecimento do bem e do mal: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" [Gênesis 3:5]. Independente da visão cristã sobre este versículo, aí se encontra claramente a simbologia da serpente como portadora da chave que nos permite nos tornarmos deuses. 

No Antigo Egito encontramos a adoração ao deus Seth, o arquétipo da consciência de si isolada. É exatamente esta consciência de nós mesmos que nos permite alcançar a nossa verdadeira Vontade, nos permite sermos nós mesmos, nos tornando Deuses por nossas próprias ações e por nosso próprio direito, já que todos somos deuses potenciais. Por este motivo o Luciferianismo trabalha com o arquétipo "sombra" de cada indivíduo, entendo-se por sombra "o eu que ele reprime", que é um lado poderoso e potencialmente ameaçador. Dos obstáculos para a manifestação desse nosso lado inconsciente e reprimido, talvez os maiores sejam o medo e o costume. Porém, é justamente este o ponto que divide os homens entre criadores e criaturas: enquanto os primeiros desenvolvem seu mundo por si mesmos, os outros preferem conservar a "mentalidade de escravo", e desta maneira acabam por se tornar alienados e escravos de uma sociedade que impõe suas regras desde que nascemos. Crescemos sendo ensinados a agir segundo o padrão vigente, a entender o mundo como ele é para aceitá-lo, ao invés de sermos ensinados a pensar por nós mesmos sobre tudo que está ao nosso redor, a nos valorizar e transcender nossas forças para assim modelar o mundo conforme nossas aspirações. Algumas religiões tiveram este papel social de pacificar e distrair os oprimidos de sua realidade, perpetuando o conformismo. Por isso toda religião que não valorize e treine o indivíduo a conhecer a si mesmo, é um tipo de morte: ela acaba nos distanciando de nossa própria natureza, da vida e da verdade. Assim, ao invés de vivermos plenamente, acabamos por viver apenas para atender as expectativas externas, esperando a recompensa em um mundo sobrenatural.

Shaitan, outro nome associado a Seth, também pode ser encontrado no Yezidismo, uma religião centralizada no culto do anjo Malak Taus (Shaitan).  Do Yezidismo foi retirada a idéia de que somos possuidores de forças duais dentro de nós, e também de que a queda é necessária para que haja a restauração. Ou seja, valorizamos a tentativa, arriscamos a experimentar tudo por nós mesmos, ao invés de contentar-se com o que os outros nos dizem. Sendo única a percepção que cada um possui, como se basear na experiência alheia para presumir a sua? Não nos importa errar: esta "queda" apenas nos auxiliará caso aconteça, nos mostrando nossos limites para podermos então transcendê-los, e o porque de nosso erro, nos acrescentando conhecimento e fazendo-nos retornar ainda mais fortes. Os Yezidi foram tratados de forma abrangente no capítulo "Uma visão geral sobre Lúcifer". Recomendo para maiores detalhes que esta seja consultada.

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Em 1223 E.V surgem boatos por toda Europa a respeito de um suposto grupo que dedicava seus ritos mais secretos a Lúcifer, e por isso, foi denominado os Luciferianos. Na realidade este grupo nada mais era do que um povo que se recusava a pagar tributos para os arcebispos de Bremen, e que por isso foram entregues como "adoradores do demônio" por  Konrad von Marburg ao Papa Gregório IX, para poder justificar sua futura aniquilação . Muito era dito a respeito desta seita, como o que está citado no livro European Witchcraft:

"… blasfemam contra o Senhor do Céu, e em suas loucuras dizem que o Senhor fez mal em castigar Lúcifer no abismo... Estas... pessoas acreditam em Lúcifer e clamam que ele... irá no final retornar para a glória quando o Senhor diminuir seu poder. Através dele e com ele eles esperam alcançar a eterna felicidade."

Esta "seita" acreditaria que Lúcifer seria o verdadeiro criador do mundo e o Cosmos; e que foi injustiçado e preso no abismo por um deus vingativo e injusto, seu inimigo. Lúcifer porém, estaria destinado a vencê-lo. Embora esta estória criada na Idade Média não fosse real, os Luciferianos atuais a utilizam como uma metáfora para as filosofias de morte (sendo representadas por Deus) e a sabedoria do homem (Lúcifer), estando as primeiras fadadas a cair quando a segunda ressurgir com toda sua força. Os Luciferianos foram extintos no final do século XIII através de torturas e assassinatos praticados em nome do cristianismo.

Das influências atuais, com certeza a mais marcante é a de Aleister Crowley. A figura polêmica de Eduard Alexander Crowley não influenciou apenas o ocultismo, mas sim o mundo e as gerações posteriores a ele. Nascido em Leamington, Inglaterra , na data de 12 de outubro de 1875, Aleister Crowley é um dos maiores nomes do ocultismo. Entre muitas experiências de sua vida mági"k"ca, uma em especial marcou a Vida deste inglês. Em 1904, numa viagem ao Cairo (Egito) Crowley recebe uma inesperada mensagem através de sua esposa Rose Kelly, de uma entidade chamada AIWAZZ. Crowley passou os dias 8,9,10 de Abril recebendo o Livro que viria o influenciar para o resto da vida, o Livro da Lei ( Liber Al Vel Legis). Este livro trazia ensinamentos mágicos importantíssimos, além da Lei do Novo Aeon: "Faz o que tu queres há de ser o todo da Lei".

Crowley  funda em 1907 a  ordemAstrum Argentum(Estrela de Prata), ou AA, nome que obviamente nos remete à Lúcifer. Esta Ordem tem por objetivo o auto-conhecimento e o estudo da Lei de Thelema ( palavra que em grego significa Vontade) . A  filosofia de Crowley é relacionada com a idéia da liberdade implicando um grande conhecimento: "O tolo bebe, e se embebeda: o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre, bebe, e dá glórias ao Mais Alto Deus". Podemos observar isso na própria palavra Thelema, que apesar de aparentemente ter haver apenas com a liberdade, outros postulados como "Todo homem e toda Mulher é uma estrela" nos remete a acreditar que, tendo cada homem e cada mulher uma órbita própria, estas não se esbarram. Então "Faz o que tu queres " não é "Faz o que tu gostas" mas sim "Faça sua verdadeira vontade". Descubra-a e realize-a.

Em 1912 Crowley é iniciado  por Theodor Reuss na Ordo Templi Orientis ( O.T.O). Em 1925 Aleister  Crowley chega ao posto de O.H.O ( Outer Head of the Order ) o posto mais alto da Ordem, ele então "thelemiza" a Ordem, tornando-a divulgadora do Livro da Lei  para o mundo e portentora do segredo da Gnose. 

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 No dia 1 de dezembro de 1947 morre Aleister Crowley aos 72 anos de idade, deixando para o mundo uma série de documentos e influências mágic"k"as, as quais são seguidas até os dias de hoje em todas as partes do mundo.

5 - Magia(k) Luciferiana

O Luciferianismo possui uma ampla diversidade de rituais, sendo que cada denominação possui características próprias no modo de trabalhar sua parte ritualística. Devido às diferentes e numerosas influências as quais o Luciferianismo foi submetido, como pôde ser visto anteriormente, arriscaria dizer que a Magia(k) Luciferiana é uma das mais ricas que podemos encontrar dentro do Left Hand Path. Este capítulo será dedicado ao estudo da ritualística do Luciferianismo Deísta, e algumas vezes será comentada também a visão Satânica sobre o assunto, para mostrar sua diferença.

A Magia(k) Luciferiana é essencialmente magia(k) interna, embora também seja utilizada a magia(k) externa em suas duas variações, aHerméticae aCerimonial. O ritual hermético é aquele que é realizado solitariamente pelo praticante, enquanto que o ritual cerimonial é realizado em grupo, dentro de um Templo ou em um local dedicado às cerimônias. É um ritual mais complexo para ser realizado, pois envolve a utilização de armas mágicas, vestimentas e demais itens determinados em uma cerimônia já formulada para um certo fim, e que deve ser executada geralmente em dias, horários ou períodos determinados. Além disso, é necessário que o praticante esteja em contato com algum Templo ou grupo Luciferiano/Satânico para realizá-lo, pois é necessário mais de um indivíduo para sua execução.

O porque da ênfase na magia(k) interna vai ser mais facilmente entendido depois da explicação da diferença entre magia(k) externa e interna. A magia(k) interna é aquela que como o próprio nome diz, envolve mudanças no indivíduo, não apenas em seu estado de consciência, através da utilização de certas "técnicas" mágicas, mas principalmente no indivíduo como um todo. Ora, sendo o Luciferianismo uma filosofia que gira em torno do desenvolvimento do indivíduo até que este alcance a perfeição, nada mais lógico que o tipo de magia(k) preferencialmente utilizada seja a que envolva mudanças no próprio indivíduo. Afinal, quem não consegue mudar a si mesmo, menos ainda conseguirá mudar eventos a seu favor. Isto deve ser um pensamento constante na vida de um Luciferiano.

A magia(k) externa é aquela que envolve mudanças externas de acordo com a vontade do magista. A magia(k) externa tende a causar extremo fascínio nos praticantes, porém temos que lembrar que ela está subordinada à magia(k) interna, podendo apenas ser bem executada quando o praticante já possuir algum conhecimento e controle sobre si mesmo e assim, sobre o "mundo" que o cerca. A seguir comentarei algumas idéias polêmicas que giram em torno de um ritual satânico segundo a crença popular, além de passagens, simbologias e instrumentos utilizados.

6 - A utilização de Magia Negra

É costume observarmos em livros a divisão da magia em branca e negra. O referencial utilizado para esta classificação é o fim ao qual é destinada a utilização desta magia.

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A idéia divulgada amplamente é a de que a magia branca é aquela utilizada para fazer o bem, ou seja, possui um fim nobre. A magia negra, ao contrário, seria sempre utilizada para fins escusos. A utilização de forças demoníacas está sempre presente, e muitas vezes um pacto é necessário para que os desejos do magista sejam realizados.

Não há conceito mais equivocado do que o exposto acima. Para discuti-lo se faz necessário que primeiramente saibamos o que é magia.

"Magia é todo ato de vontade capaz de mudar mudanças". Partindo deste postulado enunciado por Crowley, não são necessários sempre rituais complexos para se realizar magia. Muitas vezes praticamos um ato mágico sem nos darmos conta disso, no nosso dia-a-dia. Os rituais seriam apenas um ponto de apoio, que criaria um ambiente adequado para a afirmação desta vontade. Os elementos utilizados em um ritual, sua preparação e execução mexem com nosso subconsciente e aumenta as chances de se obter sucesso na prática. É aí que está sua importância.

Podemos concluir então que todos somos magistas naturais. Esta nossa capacidade natural, porém, pode ser bloqueada pelos hábitos e idéias que absorvemos e que interferem na realização de nossa vontade. São como vírus que se inserem em nosso ser e se propagam de forma rápida, nos destruindo.

Novamente citando Crowley (e como poderíamos deixar de cita-lo), poderíamos utilizar uma definição mais correta para magia negra como sendo aquela que não é destinada ao alcance do conhecimento e conversação com o santo anjo Guardião. Em outras palavras, qualquer magia que não seja destinada ao alcance do Eu superior, à evolução do indivíduo e conseqüente conhecimento de si mesmo, é magia negra.

Não importa se a intenção poderia ser julgada como boa ou ruim (i.e: curar uma pessoa ou destruí-la), ambas estariam interferindo em acontecimentos exteriores ao indivíduo, ambas não estariam servindo ao mais nobre dos ideais, que é a busca pela excelência, sabedoria e perfeição.

Neste contexto, o Luciferiano não é hipócrita para negar que se utiliza tanto da magia branca quanto da negra (n.a: particularmente acho que estes termos não deveriam ser utilizados já que a magia é uma, apenas o que muda é nosso propósito. Porém, para facilitar a compreensão do leitor a respeito do tópico abordado, continuarei no decorrer do livro utilizando estas classificações). Ele coloca a "branca" como seu grande ideal a ser perseguido, mas utiliza-se da "negra" para satisfazer a seus desejos e necessidades, utiliza-a para suas experiências e aprendizagem.

Como todos os opostos, ambas são necessárias para o indivíduo em seu caminho, e não se deve criar nenhuma barreira em relação a seu uso, principalmente barreiras criadas devido ao preconceito e falta de informação, que andam de mãos dadas.

7 - O Sacrifício sob a ótica Luciferiana e Satânica

Neste tópico trataremos sucintamente a respeito de um tema muito polêmico que é a realização do sacrifício nos rituais Luciferianos e Satânicos. Não há como deixar de tratar deste assunto aqui, já que muitas vezes a mídia, pouco interessada em conhecer o assunto, vincula como sendo sacrifícios satânicos os rituais de outras crenças, como por

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exemplo, a quimbanda e o candomblé, ou mesmo o ato praticado por pessoas pouco saudáveis mentalmente, comprometendo toda uma filosofia. Este não é um tópico para defender o satanismo, classificando-o de "a boa filosofia". É apenas um tópico que relatará os fatos como estes realmente são.

A visão Luciferiana a respeito do sacrifício não está relacionada à do sacrifício físico, mas sim do sacrifício simbólico. Um Luciferiano sabe que o sacrifício físico é totalmente desprovido de sentido, não cooperando em nada para sua evolução. Sob a ótica Luciferiana, o sacrifício tem que vir de si mesmo, simbolicamente: o sacrifício de medos, costumes, idéias, sentimentos ou qualquer fator que interfira negativamente na descoberta ou realização de nossa verdadeira Vontade. 

Sendo assim, o sacrifício não é apenas realizado pelo Luciferiano como parte de seus rituais, mas sim em todos os momentos de sua vida, por sua escolha. Quase todos os grupos satânicos tratam desta questão. Apresentarei aqui a visão dos maiores expoentes de suas respectivas denominações, embora nada deva ser generalizado. Esta é uma importante advertência, ainda mais quando tratarmos do Satanismo Tradicional.

O Satanismo moderno apresenta em sua obra básica,"The Satanic Bible" de Anton Szandor LaVey, um subtítulo dedicado exclusivamente a este assunto:"Sobre a escolha do sacrifício humano". Neste texto LaVey critica o sacrifício tanto humano como animal alegando que um magista verdadeiro deve ser capaz de retirar toda a força necessária para um ritual de si mesmo, de seu próprio corpo, ao invés de através do sacrifício de uma vítima que não está ali por sua própria vontade. A visão sobre o sacrifício humano fica bem clara nesta passagem: "O uso do sacrifício humano em um ritual satânico não implica em ser o sacrifício utilizado para "apaziguar os deuses". Simbolicamente a vítima é destruída através de trabalhos de feitiçaria ou maldição, que levam a uma destruição mental ou emocional do "sacrificado" de maneira que não seja atribuída ao magista." Este enfoque em o ritual não ser utilizado para apaziguar os deuses têm sua explicação já mencionada anteriormente, quando tratamos das denominações Luciferianas. O Satanista moderno, não acreditando em um deus além dele mesmo, não atribui sentindo em um sacrifício realizado a alguém.

O assunto também é tratado no subtítulo"As onze regras satânicas da Terra". Entre estas regras, as três últimas reafirmam o que foi dito acima.

No Satanismo Tradicional este é um tópico que requer certo cuidado para ser tratado, para evitar como dito acima, que ocorra generalização. Isto porque é aqui que se encontra a única exceção dentro do Satanismo que defende o sacrifício, a Order of Nine Angles (ONA). Embora ela seja o maior expoente do Satanismo Tradicional, não conheço nenhum outro grupo sério desta denominação que compartilhe da mesma visão. Eu mesma tenho a ONA como uma de minhas principais influências, embora não concorde apenas com sua visão sobre o sacrifício (minha visão é a Luciferiana), mas com outros pontos também. Muitos devem se perguntar: mas se não concorda com tantas coisas, como pode tê-la como influência?  E é nesta resposta que se encontra o exemplo da aplicação de muito que já foi discutido acima: eu não aceito uma visão por inteiro, sem questionar, mas antes filtro o que ela traz de útil em si para ser utilizado. Lembre-se que o que é útil para mim, nem sempre é para os outros, por isso apenas podemos julgar sob nosso ponto de vista, mas não como sendo a única verdade. É por

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isso que colocarei esta visão aqui, para que cada um julgue conforme a sua verdade, sendo que a minha já foi exposta acima.

A ONA trata do sacrifício em vários de seus manuscritos, tanto o animal como o humano, como por exemplo, em"A Gift for the Prince - A Guide to Human Sacrifice", "Sacrifice", "Culling - A Guide to Sacrifice I & II", "Guidelines for the Testing of Opfers", "Victims - A Sinister Exposé", "A Complete Guide to the Seven-Fold Way", entre outros.  

O sacrifício de um animal é visto como algo necessário para que o neófito realize antes de sua iniciação. Este animal, contudo, deve ser selvagem, e ser caçado com armas primitivas, sendo proibido o uso da arma de fogo. O mesmo animal deve ser consumido após sua caça. Com isso espera-se que o neófito sinta as adversidades, exercite seu pensamento e lógica, tenha uma variada quantidade de sentimentos, e consiga lidar com eles, desenvolvendo seu lado "negro" para sair do que é comumente experimentado no ordinário.  

Quanto ao sacrifício humano, eles o classificam em três tipos: os voluntários, os involuntários e aqueles que ocorrem, por exemplo, durante uma guerra. O sacrifício voluntário envolve uma vítima que se submete por sua própria vontade ao ritual, dedicado a Lúcifer ou à sua noiva na tradição satânica, Baphomet. Este tipo de sacrifício ocorreria a cada dezessete anos, em um ritual denominado de " Ceremony of Recalling". O membro do grupo se ofereceria por acreditar que esta vida é apenas um portal para o acausal, que não apenas é importante saber como viver, mas também como e a hora de morrer, e que aquela seria este momento. O escolhido atingiria então o grau de Immortal, vivendo no acausal onde teria a função de atingir a mente dos não-iniciados. 

Tratando-se de um sacrifício involuntário, as vítimas então seriam escolhidas não pelo desejo de algum dos participantes, mas principalmente através de testes que revelassem sua verdadeira natureza. As pessoas envolvidas não saberiam (logicamente) que estariam sendo testadas, e aquela que não correspondesse ao esperado seria a escolhida. Estes testes seriam como que incidentes que ocorrem no dia-a-dia, nos quais as qualidades pessoais deveriam se sobressair. Um dado importante encontra-se no manuscrito "Satanism, Sacrifice and Crime - The Satanic Truth": a vítima nunca será uma criança. A explicação deste fato está em que é necessário que a pessoa tenha pelo menos o mínimo de idade para ser capaz de fazer suas próprias escolhas, e analisar suas conseqüências. Na ONA, a idade mínima para uma pessoa se tornar neófita é a de dezesseis anos, quando então ela já poderá começar a trilhar seu próprio caminho. Antes disso, embora haja cerimônias de batismo, por exemplo, será apenas uma simbologia utilizada pelos pais, mas a crença nunca deverá ser imposta no futuro, ela deve ser de única escolha do indivíduo. 

Muitas histórias já ocorreram de problemas envolvendo as práticas de tais atos em diferentes países, principalmente nos Estados Unidos, alguns deles tendo ligação supostamente com a ONA. Digo supostamente, pois não posso afirmar a veracidade destes fatos, embora eles tenham vindo até o meu conhecimento. O fato é que entre os meios utilizados para este tipo de sacrifício estão as utilizações de três métodos: o primeiro através de magia, o segundo diretamente através do sacrifício da vítima em um ritual, e o terceiro através de assassinato ou "acidente". 

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 O argumento utilizado pela ordem para justificar tais atos são vários, entre eles o de estarem eliminando os fracos e a "doença" do mundo, e que o que fazem não é criminal, já que o crime deveria ser julgado pela intenção da realização do ato, e não o ato em si.  

A intenção final seria a de conduzir esta energia que é liberada durante o sacrifício para um determinado fim, armazená-la em alguma peça, como por exemplo, um cristal, ou ainda deixá-la se perder pela natureza. O único manuscrito que diz que este sacrifício poderia também apenas ser simbólico é o "Sacrifice", talvez já um escrito que responda de certa forma as conseqüências que um ato deste pode ter.     

 

8 - A realização de Pactos

Entre tantos mitos associados ao satanismo há um que é a chave fundamental para todos os outros: o pacto com o demônio. Na concepção vulgar tudo o que discutimos anteriormente, ou seja, missas hereges, sacrifícios, magia negra e afins seriam destinados apenas ao propósito de agradar a este ser para obter dele favores. Toda esta idéia de dinheiro, fama e poder em troca de sua alma é pura bobagem utilizada por mentes infantis, corrompidas ou desprovidas de informação.

A idéia do pacto não pode existir no satanismo ou Luciferianismo, não neste seu contexto popular e errôneo, justamente por ir contra a própria filosofia. Mesmo para os adeptos da escola Tradicional isso é inaceitável: todo Luciferiano tem consciência que está em suas mãos a responsabilidade de conseguir tudo o que deseja, que sem esforço e vontade nada simplesmente virá de graça. 

Para os Modernistas isto é verdadeiro devido ao fato de serem seu único deus, e não existir nenhuma deidade para quem possam ou desejem recorrer. Para os Tradicionais isto é verdadeiro por acreditarem inicialmente que toda ação deve vir de si mesmo, e que através dessa sua Vontade inabalável conseguirão fazer com que toda a natureza responda a seu favor, assim como qualquer entidade, seja ela superior ou inferior. Esta é basicamente a diferença entre as duas visões, mas o princípio aceito é o mesmo: cada um é responsável pelas suas próprias conquistas ou derrotas, pela sua força ou fraqueza, por ser um senhor ou um escravo.

Qualquer subordinação à uma Vontade alheia a sua é um tipo de servidão, e por isso mesmo o Luciferiano não permite nem deseja ser controlado por outros seres, como é a idéia inicial do pacto com uma entidade qualquer. Para alcançar sua evolução ele precisa experimentar e transpassar todas as barreiras por si mesmo. Se ele recebesse tudo facilmente, qual seria o sentido nisso? Apenas desfrutar temporariamente destes prodígios? Para que, já que ele sabe que pode desfrutar de tudo ao mesmo tempo que ao conseguí-lo estará dando mais um passo rumo ao encontro com sua divindade interior? 

Outra barreira preocupante à evolução individual, e mais perigosa do que qualquer outra é a auto-ilusão. Alguns tornam-se cegos por ela, enlouquecendo e nem percebendo isso. Começam a ver seres em tudo, e a acreditar que estão no fim da jornada quando mal começaram a dar os primeiros passos. Para estes que se perderam nada resta e por isso não merecem nada além de nosso desprezo. Não devemos perder nossas energias com eles. O caminho da evolução é também o da separação entre os Deuses e os Servidores. 

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Mas a simbologia do pacto também pode ser aplicada de uma maneira mais sensata ao Luciferianismo. Não o pacto com o demônio pelos motivos já explicados, mas um compromisso consigo mesmo, com sua própria Vontade para lutar por tudo aquilo que deseja, e principalmente pelo grande ideal Universal, que é o encontro com sua própria divindade. Este é o único tipo de pacto aceitável dentro da filosofia Luciferiana, e qualquer outro sai totalmente do propósito desta.   

10 - Até que enfim o Neo-Luciferianismo

 O Neoluciferianismo é o que é dito de Luciferianismo hoje, pois na época da Inquisição todo e qualquer grupo ou pessoa que pertencia ao Luciferianismo estava sujeito a penas da tortura cristã. O movimento não desapareceu por completo e sim se desenvolveu e teve relações com outras religiões ao longo do tempo, como a Wicca através da Identificação com a lua e o sol ao Lúcifer, Paganismo sendo que alguns grupos Pagãos o reconhece como sendo parte do panteão pagão. Luciferianismo Moderno que empresta aguns rituais e simblogias literarias com o Satanismo. Hoje em dia o Luciferianismo prega uma visão centrada em Lúcifer mas de forma eclética e aberta ao desenovlvimento como se pode ver em vários artigos expostos na Internet Abraços  Atom

Caros Amigos,

Estou enviando uma pequena sintese sobre os fatores que levaram as organizações/Templos satanistas a entrar em declinio no Brasil, infelizmente não tive tempo para formatar o texto pois estou enviando daqui do serviço:

O Porquê as sociedades, comunidades, templos satânicas não deram certo no Brasil.

Introdução

Esse pequeno estudo tem o objetivo de mostrar aos membros e colaboradores da ODN o porquê esses grupos não deram certo aqui no Brasil, expondo suas falhas e problemas para que os membros e colaboradores da ODN aprendam com essas falhas. Iremos dar uma pequena introdução ao satanismo, depois passaremos a ver o Satanismo no Brasil e por fim o porquê esses grupos não deram certo.

1 – Satanismo

Quando se fala em satanismo, logo nos vem à mente homens vestidos de compridas roupas negras com um punhal na mão rodeado por velas pretas, sacrificando alguma vítima. Esta talvez, é a concepção de milhares de pessoas que conhece o termo "satanismo" apenas pela lembrança herdada de filmes de terror ou de alguns livros cujo conteúdo pertence a idade média (no Brasil em anos recentes, entre as

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igrejas evangélicas, este tipo de satanismo ficou bastante conhecido devido a propaganda do livro de Rebecca Brown, "Ele Veio para Libertar os Cativos"). No entanto o satanismo moderno não tem nada que ver com essa imagem grotesca, é mais um tipo de religião humanista. É verdade que existem este tipo de ritual que incluem sacrifícios de vítimas humanas (ao contrário de algumas opiniões cépticas no assunto, há bastante evidencias para apoiar estes acontecimentos) , mas são realizados normalmente por pessoas desequilibradas psicologicamente. Entretanto o satanismo mais conhecido hoje em dia foge radicalmente dessa concepção.

A religião satânica moderna é caracterizada pela busca do hedonismo e pela rejeição a toda forma de cristianismo, é uma rebelião ao sistema de governo atual. Que tende a oferecer ao ser humano uma liberdade irrestrita no que tange as normas de comportamento e moral estabelecidas, chocando-se claramente com a filosofia cristã de vida. Devido a mudança de paradigmas em nossa geração o satanismo ganhou bastante campo e está conquistando um grande número de adeptos vindos das mais variadas classes sociais. Os jovens são talvez o grupo mais vulnerável a embrenhar no submundo desta religião. Haja vista as bandas de rock pauleira serem só alguns, dentre os muitos divulgadores do satanismo. Existem quatro significados básicos que são usados para descrever alguns grupos de Satanismo, a saber: Satanismo Religioso, Satanismo gótico, Satanismo filosófico, e outros.

Satanismo gótico: A palavra "Satanismo" às vezes é usado como um nome moderno para lendas Cristã introduzidas durante a idade média. A Igreja ensinou que algumas " Bruxas", principalmente as mulheres, adoravam Satanás. Diziam que elas faziam juramento para entregarem suas vidas ao príncipe das trevas; seqüestravam e matavam bebês; dedicaram suas vidas a prejudicarem outros pelo uso de maldições e magia negra e voavam pelo ar em cabos de vassoura; Este tipo de " Satanismo " não existia então e não existe hoje tão pouco. Um dos casos mais conhecidos que popularizou o satanismo foi o caso das "Bruxas de Salém" em 1692. Porém, um " Pânico " sobre assassinatos Satânicos foi desencadeado em 1980, em grande parte por uma minoria de feministas e cristãos conservadores. Todavia as convicções deles sobre abusos nos rituais Satânicos evaporaram em grande parte devido à falta completa de evidências de que estes crimes na verdade aconteceram.

Satanismo religioso: Alguns destes são adultos que adoram uma deidade pré-cristã,por exemplo "Set", o deus egípcio. Há até uma igreja com esse nome chamada de, "Templo de Set", esta é uma ramificação da "igreja de Satanás" fundada em 1975. Outros são Ateus ou Agnósticos que não vêem Satanás como uma entidade viva; eles o vêem como um símbolo de poder, vitalidade e prazer.

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Dabblers satânicos: Estes são adolescentes tipicamente rebeldes que criaram sua própria forma de magia negra. Alguns alegam que é o satanismo religioso junto com outras religiões do neopaganismo que são tipicamente responsáveis pela pichação satânica que é visto ocasionalmente nos lados de edifícios. Alguns "Dabblers" podem sacrificar um gato ou cachorro pequeno em seus rituais; mas isto é bastante raro. 2 - Outros significados:

1. Às vezes, o termo "Satanismo" é usado como artigos ou em sermões de ódio religioso. 2. Satanismo pode ser usado ao se referir a um seguidor de uma religião minoritária pequena como Wicca, Vodu, etc. 3. Às vezes se referirá ao seguidor de uma religião mundial principalmente como Budismo, Hinduísmo, etc. 4. Ocasionalmente um assassino com assassinatos em série reivindicará ter estado debaixo da influência de Satanás quando cometeu os crimes. Porém, investigações geralmente revelam que tais pessoas na verdade sabiam pouco ou nada sobre Satanismo, mas simplesmente estava se defendendo atrás do jargão: "Satanás me fez fazer isto ou aquilo". Alguns pedófilos que abusam sexualmente de crianças também alegam estar envolvidos com satanismo quando na verdade não estão.

Mui freqüentemente, um escritor ou leigo misturará todos os quatro tipos de Satanismo em um único artigo, sem fazer diferença entre eles.

3 - Church of Satan

O maior e o mais tradicional grupo de satanistas dentro do "Satanismo Religioso" é a Igreja de Satanás, a qual muitas pessoas acreditam que foi fundada em Walpurgisnacht, 1966-ABRIL-30, (ano de Satã) por Anton Szandor LaVey (1930-1997) . As convicções, práticas e rituais da Igreja de Satanás tem muito pouco que ver com o conceito Cristão de Satanás. O conceito predominante na igreja de Satanás é pré-cristão, e derivou da imagem pagã de poder, virilidade, sexualidade e sensualidade. Satanás é visto como uma força da natureza, não uma deidade viva. O conceito deles a respeito de Satanás não tem nada que ver com Inferno, demônios, tortura sádica, e o mal. Para atrair publicidade, eles clonaram o mesmo ritual católico de missa, sendo chamado inversamente de missa negra, para ridicularizar a Igreja Católica.

4 - CONVICÇÕES E PRÁTICAS DA IGREJA DE SATANÁS

• Eles não adoram uma deidade viva. • A ênfase principal recai sobre e no poder e autoridade do Satanista individualmente, em lugar de um deus ou deusa.

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• Eles acreditam que não existe nenhum redentor que deu sua vida pela humanidade - que cada pessoa é a própria redentora dela mesma, completamente responsável pela direção de sua própria vida. • O Satanismo alega respeitar e exaltar a vida. Dizem que as crianças e animais são as mais puras expressões dessa força de vida, e como tal é sagrado e precioso.

Há provavelmente menos que 10,000 Satanistas religiosos na América do Norte sem serem incluídos as gangues adolescentes e indivíduos que pratica isoladamente esta forma de religião. A organização Satânica mais bem conhecida como já dissemos é a Igreja de Satanás. Associado com muitos outros grupos independentes.

5 - O FUNDADOR DA IGREJA DE SATANÁS Foi levantado muitos rumores sobre a vida de Anton Szandor LaVey (1930-1997) antes dele fundar a Igreja de Satanás: Dizem que ele era um domador de leão, , fotógrafo policial, estudante de criminologia, organista oficial de igreja, etc. Mas parece que tudo isso ainda é duvidoso. A persistência destes rumores é devido em parte ao extenso talento de publicidade de Anton. Os grupos satanistas religiosos existiram durante os anos de 1950, ambos nos Estados Unidos e no Reino Unido. Mas eles eram pouco conhecidos. O satanismo moderno estourou na consciência das massas em Walpurgisnacht, 30 de abril de 1966, quando LaVey anunciou a criação da Igreja de Satanás. Publicistas profissionais como Edward Webber, sugeriu que ele " nunca ganharia qualquer dinheiro dissertando pelas noites de sexta feira... seria melhor formar algum tipo de igreja e obter uma escritura do Estado da Califórnia... Eu contei na ocasião para Anton que a imprensa ia sacudir em cima de tudo isso e que nós adquiriríamos muita notoriedade ".A Formação da Igreja de Satanás aconteceu muito tempo depois em 1966; foi publicado em um artigo de jornal que recorreu a LaVey como o " padre da igreja " do Diabo . É crido amplamente que LaVey tenha sido o conselheiro técnico para o filme "O Bebê de Rose Mary" de 1968. Ele reivindicou ter feito o papel do Diabo naquele filme! LaVey escreveu a "Bíblia Satânica" em 1969 que foi seguido pelo livro "A Bruxa Completa" (1970) que depois mudou para o nome de "A Bruxa Satânica". "Os Rituais Satânicos", foram publicados em 1972.. Estes são essencialmente os únicos livros prontamente disponíveis ao público no Satanismo. Muitas publicações adicionais foram escritas através de outros grupos Satânicos. Porém, elas não estão disponíveis ao público, tendo que recorrer a sites satânicos para poder obtê-los. Anton LaVey morreu em 1997. 6 - DECLARAÇÕES SATANICAS As nove declarações Satânicas formam o cerne das convicções da Igreja de Satanás. Eles foram escritos por Anton LaVey. Em forma abreviada, declaram que Satanás representa: • Indulgência, não abstinência • Existência vital, não sonhos espirituais vazios.

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• Bondade merecida não amor desperdiçado • Vingança, ao invés de virar a outra face. • O Homem como nenhum outro animal é o mais vicioso de todos. • Satisfação de todos os desejos da carne etc.

7 - OS NOVE PECADOS SATÂNICOS SÃO: • Estupidez, • pretensão, • solidão, • decepção, • conformidade, • falta de perspectiva, • esquecimento de ortodoxias passadas, • orgulho e • falta de estética.

8 - TEOLOGIA SATÂNICA • Pessoas criaram Deuses em muitas formas; escolha um que poderá lhe ser útil. • Céu e inferno não existem. • Satanás não é relacionado com o conceito moderno do diabo Cristão.Os satanistas vêem Satanás como um princípio de vida pré-cristão que representa os aspectos carnais, terrestres, e mundanos de vida. • Satanás não é um ser, uma entidade viva; ele é uma força de natureza. • A vida humana é celebrada e considerada sagrada. • O mais importante feriado Satânico é o aniversário de Satanás (30 de Abril). O de menos importância é: "O dia das Bruxas" (noite de 31 de outubro), mas ambos são igualmente comemorados. • Missas negras (parodia com o ritual Católico Romano) normalmente não é executado por Satanistas regularmente (exceto em ocasiões raras).

9 - RITUAIS E CERIMÔNIAS • Nomes usados incluem o de Satanás, Lúcifer, Belial e Leviatã. • Os rituais de magia consistem em três tipos: 1. Magia de sexo 2. Ritual de felicidade3. Ritual de destruição (pode incluir os seguintes atos: espetar alfinetes em uma boneca; desenhar um quadro ou escrever uma descrição da morte da vítima).Os rituais de destruição são melhores executados por um grupo. Satanistas do sexo masculino usam roupões compridos e pretos, com ou sem um capuz. Mulheres jovens usam roupa sexualmente sugestiva; as mulheres mais velhas usam só preto.

10 - FERRAMENTAS DO RITUAL Um ritual simples pode incluir uma única vela com mais algumas

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ferramentas, no entanto rituais mais elaborados podem incluir o seguinte: • Um sino que é tocado nove vezes no princípio e no fim do ritual; • Um cálice, idealmente feito de prata; pode não ser formado de ouro porque isso é um metal que Satanistas associam com o Cristianismo e religiões Neopagãs. • Outras ferramentas do ritual incluem um gongo, espada, elixir (normalmente vinho), falo, e pergaminho. São colocados juntamente com o cálice e o sino em uma mesa pequena perto do altar.

11 - REGRAS DE COMPORTAMENTO A Oração é inútil pois distrai as pessoas. Matança no ritual (de humanos ou animais) viola os princípios Satânicos. O Sangue tirado de uma vítima é inútil. As vítimas são mortas simbolicamente não de fato. Os membros desfrutam de indulgência em vez de abstinência. Eles praticam com alegria todos os sete pecados cristãos mortais (ganância, orgulho, inveja, ódio, glutonaria, luxúria e indolência) Se um homem bater em sua face, bate na outra dele também. Façam aos outros como eles fazem a você. Se ocupe livremente de atividades sexuais, conforme suas necessidades exigem (que podem ser com um só parceiro ou tendo sexo com muitos outros; pode ser do tipo heterossexual, homossexual ou bissexual, usando fetiches sexuais como você desejar, mas o ideal é uma relação monógama baseado em compatibilidade e compromisso). O suicídio é praticamente proibido. O Satanistas não precisam de nenhuma lista elaborada e detalhada de regras de comportamento. Para fazer parte e ser associado ao grupo é necessário ser de idade adulta, a menos que um adolescente obtenha a permissão escrita do pai ou responsável.

12 - PROGRAMA DE TRABALHO POLÍTICO Terminação do mito de igualdade para tudo. Taxa para todas as igrejas. Remover qualquer convicção religiosa que esteve incorporada à legislação. Ter liberdade para tudo a fim de viver dentro de um ambiente de escolha própria. A Igreja de Satanás é altamente descentralizada. Acreditam que uma organização central forte não é muito importante. É esperado que cada Satanista siga seu próprio caminho. O local onde os satanistas se reúnem geralmente é chamado de grottos. Muitos satanistas usam mágicas e outros rituais para beneficiar a si próprio e a seus amigos, mas nada impede de usa-los também para prejudicar seus inimigos - pessoas que os feriram. Alguns são acusados de administrar rituais que atacam especificamente convicções e práticas cristãs. Muitos autores, quase todos cristãos

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conservadores, descreveram rituais Satânicos nos quais os satanistas religiosos recitam a "Oração do Pai Nosso" de trás para frente, ou profana e usa o pão e o vinho que supostamente roubaram de uma catedral. Isto, segundo alguns, é pura ficção que poderá ser verificado em livros escritos durante a idade média. Os satanistas são freqüentemente e altamente críticos em relação a todas as outras fés. Eles são particularmente contrários ao Cristianismo por causa de sua suprema posição na sociedade Ocidental e também por causa das históricas de perseguições levadas a cabo por cristãos contra Satanistas.

13 - Livros Sagrados do Satanismo Eis alguns:

1. A Bíblia Satânica. 2. Os Rituais Satânicos 3. A Bruxa Satânica. 4. O Caderno do Diabo.

O Satanismo no Brasil

Após essa pequena abordagem inicial do que é satanismo, vamos falar um pouco do Satanismo no Brasil: Em abril de 1997, após vários contatos com o Rev. Frederick Nagash, Lord Ahriman fundou The Church of Lucifer Brazilian Headquarters (COLBH), vindo a ser, o representante oficial de The Church of Lúcifer no Brasil, tornando-se conhecido como Deacon Paulo.No início de 1998, o Rev. Nagash cessou totalmente o contato com os quartéis-generais espalhados pelo mundo, sem dar qualquer explicação aos seus diáconos. Deacon Paulo soube que The Church of Lúcifer deixou a web através de três diáconos estrangeiros.Como o COLBH tinha vários irmãos participantes, Deacon Paulo passou a usar o moto de Lord Ahriman, aportuguesando, o nome do grotto para Igreja de Lúcifer, pois assim era conhecido. Passou, então, a ser um grupo totalmente autônomo e independente, sem ter que prestar contas a ninguém..A IDL existia hierarquia, alguma. A presença de Lord Ahriman como líder é apenas organizacional, pois foi quem iniciou o grupo no Brasil. As decisões relevantes para o grupo são tomadas em conjunto, todos os irmãos são ouvidos. A regra de ouro é "quando quiser e puder", sem imposição de espécie alguma. Apenas eramos contra a passividade absoluta, que não contribui para nada.Lord Ahriman foi um dos percussores do satanismo no Brasil, motivos maiores, levaram a IDL fechou seus portões.

Templo de Satã

O templo de satã começou no final de 2004, com muita empolgação e

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muitas promessas, com sistema de fórum, alguns membros da ODN participaram do Templo. Teve inicio com o Óbito e com o Morbitus, com o tempo foram criados desde atas até rituais em grupo. Porém devido aos próprios membros o templo entrou em ruínas, pois não conseguimos manter o site por muito tempo (problemas financeiros), alguns membros não aceitaram ter uma contribuição mensal, e os membros não se organizavam, acumulando muita carga de trabalho em cima dos sacerdotes. O templo estava ruído.

Quais os problemas enfrentados pelos Templos/organizações satanistas

1 – Falta de organização

2 – Entrada de muitos Dabblers, que não leva as organizações a sério;

3 – Problemas financeiros e de Ordens Jurídicas, pois ninguém contribui mensalmente e falta de vontade dos membros para tornar-se uma organização legal no País;

4 – O ego, é complicado mensurar, mas muitos membros entram em desacordo com as regras e trabalhos que a organização oferece, por vaidade.

5 – Falta de interesse, sei que muitos são atarefados, mas podem doar-se algumas horas por semana para trabalhos na Ordem/Templo/Organização

Abraços

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