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AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA

Autor: Alice Bassan Felber1

Orientador: Cássia Regina Dias Pereira2

Resumo

No espaço escolar há uma diversidade étnica, religiosa, cultural e social marcante e neste contexto faz-se necessário o comprometimento dos profissionais da educação em superar as barreiras e as diferenças de vivências, trabalhando suas consequências no coletivo, refletindo e dialogando sobre as questões que se referem à conduta humana. As atitudes indisciplinares não é mais eventos esporádicos e pontuais, desta forma tornam-se obstáculos para que o processo ensino-aprendizagem se desenvolva com qualidade. O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, da etapa de Implementação e da Produção Didático-Pedagógica realizados para o Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE, pretendeu ressaltar a reflexão sobre os valores universais que podem minimizar os conflitos de relacionamento no cotidiano da escola, a provocação do pensamento e investigação de conceitos referentes à indisciplina que se apresenta como dificuldade na relação professor-aluno e aluno-aluno. Utilizando o estudo teórico para fundamentação das questões apresentadas e a análise fílmica para discussão sobre os valores morais e as relações interpessoais no ambiente escolar, o projeto promoveu as reflexões inerentes ao tema por meio do Curso de Extensão que objetivou capacitar professores, pedagogos e demais profissionais da educação que atuam na Educação Básica, no Colégio Estadual Leonel Franca EFM do Núcleo Regional de Educação do município de Paranavaí – PR, resultando em maior compreensão por parte dos envolvidos no processo para desenvolver um trabalho coletivo e intencional que sensibilize efetivamente o estudante sobre a necessidade de uma convivência pautada nos princípios éticos e nos valores morais. Assim, o estudo privilegiou a discussão sobre as formas de relacionamento entre os agentes que constituem a instituição escolar, favorecendo a convivência no ambiente de aprendizagem, as relações interpessoais, o êxito do processo de desenvolvimento das atividades acadêmicas e das expectativas dos objetivos educacionais propostos pelos educadores.

Palavras chave: Relações interpessoais. Valores. Indisciplina.

1Pós-graduada em Supervisão, Orientação e Administração Escolar, graduação em Pedagogia, atuante no

Colégio Estadual Leonel Franca EFM de Paranavaí. 2Pedagoga, Mestre em Educação pela UEL. Professora do Departamento de Educação – Curso de Pedagogia da

UNESPAR – Campus Paranavaí. Professora PDE titulada.

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1 Introdução

A escola é uma instituição que contribui para a construção da consciência

sobre a condição humana, a capacidade de aprimorar as relações interpessoais

fundamentadas nos valores universais do ser humano. No contexto da sociedade

contemporânea, impulsionada pela concorrência e competição, as contradições

disciplinares na instituição escolar se tornaram mais evidentes. Segundo afirma

Nidelcoff (1984, p.22), o educador “é aquele que está junto à criança ou o jovem

para ajudá-lo a ser de determinada maneira, para ajudá-lo a descobrir e viver

determinados valores”.

Através da análise do cotidiano é preciso compreender o sentido real da

escola, perceber a necessidade de definir valores e princípios essenciais para as

relações que nela se estabelecem recorrendo à ajuda de referenciais teóricos para

auxiliar esta reflexão, porque o trabalho coletivo, quando é bem direcionado, tem a

capacidade de atingir objetivos em benefício da comunidade escolar.

De acordo com Pedro-Silva (2010, p.15), “seria muito proveitoso que as

escolas refletissem sobre os princípios que inspiram as regras de convívio e que

deixassem claros tais princípios para toda a comunidade” e sugere que se estes

princípios ficassem esclarecidos para os alunos, não haveria necessidade de se

formular tantas regras.

É preciso perceber que na contemporaneidade, há de existir a preocupação

com o outro e principalmente com o que esteja além de si mesmo, contrapondo-se

ao individualismo e a forma de pensar egoísta e imediatista, refletindo as questões

suscitadas por essa realidade. Podemos compreender, com base em Durkheim

(2002) que:

A reflexão, possibilitando ao homem compreender o quanto o ser social é mais rico, mais complexo e mais duradouro do que o ser individual não pode revelar senão razões inteligíveis da subordinação que dele se exige, assim como dos sentimentos de dedicação e de respeito que o hábito fixou em seu coração (p.107).

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A convivência é um desafio a ser refletido devido principalmente ao impasse

gerado pelo crescente processo do individualismo em detrimento de valores éticos e

morais necessários para sustentar e fortalecer as relações coletivas.

A escola, como um espaço por excelência das relações humanas, tem a

função de promover a mudança social formando pessoas conscientes de suas

atribuições enquanto seres sociais, abordando as questões das relações éticas

individuais e coletivas baseadas nos valores de solidariedade, respeito, união e

responsabilidade, aceitos e já consagrados pela sociedade, que devem ser coletivas

baseadas nos valores de solidariedade, respeito, união e responsabilidade, aceitos e

já consagrados pela sociedade, que devem ser observados por todos,

imprescindíveis para a construção de uma disciplina adequada que fortaleça o

processo ensino-aprendizagem, necessário na formação do ser humano.

Segundo a teoria pedagógica histórico-crítica, o conhecimento precisa ser

ensinado de uma geração a outra, é historicamente determinado sob a realidade da

perspectiva das necessidades e objetivos de cada momento, sendo fundamental o

conhecimento do real em suas múltiplas relações para transformar, não havendo

natureza pré-definida do homem, ele é produto das relações sociais.

[…] não se está defendendo a volta a um tipo de sociedade e de educação centrada na figura do adulto, mas a superação de ambos pelo dialógico. Em outros termos, trata-se de construir e adotar uma fórmula que tenha a interação como ponto central. Para a ocorrência do processo de ensino e de aprendizagem, o segredo está, pois, no entendimento de que educador e educando são inseparáveis; portanto, são condições essenciais à disciplina e ao respeito mútuo. Caso contrário, como eles conseguirão interagir? (PEDRO-SILVA, 2010, p.78).

Assim, é preciso construir práticas pedagógicas que levem em conta o

equilíbrio entre os interesses dos alunos e as exigências da instituição, que não

excluam a possibilidade de dissidências e nem o debate sobre estas questões, que

possam dar início ao despontar de uma solidariedade interna, um empenho pelo

coletivo e acolhimento das diferenças, que substitua o isolamento das pessoas, sem

contudo, eliminar a autonomia das mesmas.

Os integrantes da instituição escolar devem promover ações em benefício da

disciplina discente, abordando a ética ou a filosofia moral, considerando fundamental

estabelecer o exercício de analisar, refletir, resgatar valores morais aparentemente

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desvalorizados pela sociedade, orientando o caminho percorrido pelos professores e

estudantes, em um processo de acompanhamento e ampliação dos conhecimentos

para o exercício prático da cidadania através de atitudes pertinentes aos princípios

morais relacionados à ética. A discussão sobre os fundamentos da ética e da moral

é uma condição necessária para contextualizar a reflexão sobre os valores

humanos, buscando diferentes maneiras de ver o problema, confrontando com as

ações já desenvolvidas nesta área.

Partindo destes pressupostos, o desenvolvimento do projeto teve como

principais objetivos, estudar os fundamentos teóricos sobre a conceituação de “ética”

e “moral”, dos valores e sua relação com a educação, incluindo a discussão

filosófico-reflexiva à qual os autores nos conduzem por meio de textos relacionados

às questões da (in)disciplina e seus reflexos no processo de ensino e de

aprendizagem, discutir as determinações contidas na legislação oficial que visam o

processo de construção ideológico da ética e da cidadania e identificar instrumentos

e recursos de aprendizagem que auxiliem na promoção de maior interação nas

relações interpessoais em sala de aula com relevância dos princípios éticos e

valores morais,humanizando as relações, principalmente a relação professor-aluno e

aluno-aluno.

Os estudos foram realizados através de curso de extensão priorizando a

leitura, a discussão de textos e a análise de filmes que enfatizam as questões

pertinentes às relações interpessoais, a construção ideológica da ética e da

cidadania na vida cotidiana dos estudantes.

As ações foram sistematizadas para o trabalho de formação dos professores

com o fim de fortalecê-los no processo de enfrentamento ao desafio de contribuir

para a formação moral e ética dos alunos minimizando os problemas disciplinares

em sala de aula incluindo as relações professor-aluno e aluno-aluno.

A partir dos estudos realizados foram construídos novos conceitos

exercitando a argumentação filosófica, a reelaboração do conhecimento e

consequentemente a proposição de novas possibilidades de superação para os

conflitos nas relações em sala de aula, favorecendo a reflexão sobre a compreensão

e interpretação do cotidiano escolar por parte dos participantes do curso.

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1.1 Breve referência das Bases Legais e históricas

Para analisar as relações interpessoais no ambiente escolar através da ética

e dos valores morais objetivando a construção de uma escola democrática é

fundamental investigar as leis que regem as ações da sociedade brasileira.

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988,

exprime em muitos trechos os princípios éticos e as questões morais que orientam a

sociedade como, por exemplo, no seu primeiro artigo quando fundamenta a

dignidade da pessoa humana, que traduz a ideia de que todos, indistintamente,

merecem tratamento digno remetendo a um valor moral de como agir perante os

outros: sem preconceitos, humilhações e distinções de qualquer espécie.

No artigo 3º quando se refere aos objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil, identificam-se também valores morais de justiça, igualdade e

solidariedade, necessários ao convívio entre as pessoas:

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III– erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1989, p.3).

Trata-se de um desafio que se apresenta à sociedade e principalmente à

escola, espaço de criação de conhecimentos e valores, da socialização de maneira

responsável e comprometida, proporcionando a convivência democrática, não

permitindo ações preconceituosas que provoquem a inferioridade, desigualdade e

humilhação de alguns, em razão de etnia, sexo, cor, religião ou sob qualquer outro

pretexto.

Os princípios éticos também estão explícitos na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDBEN) – Lei 9394/96, constando no Art. 3º, inciso IV o

“respeito à liberdade e apreço à tolerância” e no Art. 32, do Ensino Fundamental que

trata entre outros objetivos, no inciso II – “a compreensão do ambiente natural e

social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade;” e no inciso IV – “o fortalecimento dos vínculos da família,

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dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a

vida social”.

No final da década de 90, os Parâmetros Curriculares Nacionais, através dos

Temas Transversais, mostrou preocupação em procurar recursos para as questões

da desumanização salientando a importância da ética nas escolas:

A ética interroga sobre a legitimidade de práticas e valores consagrados pela tradição e pelo costume. Abrange tanto a crítica das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições e perante elas, quanto a dimensão das ações pessoais. Trata-se, portanto de discutir o sentido ético da convivência humana nas suas relações com várias dimensões da vida social […] (BRASIL,1998, p.25).

Neste sentido, a Constituição Brasileira e a LDBEN foram inspiradas na

Declaração Universal dos Direitos do Homem, documento votado pela Assembleia

Geral das Nações Unidas, a 10 de dezembro de 1948, em Paris, que considera em

seu preâmbulo, entre outros conceitos “[...] que o reconhecimento da dignidade

inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e

inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”,

assegurando também no Artigo I que “todos os homens nascem livres e iguais em

dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação

uns aos outros, com espírito de fraternidade”.

A Declaração dos Direitos Humanos proclama que todos os povos se

esforcem para que através do ensino e da educação sejam promovidos tais

princípios, respeitando os direitos e as liberdades, mas que o homem também tem

deveres para com a comunidade em que vive como está expresso no Artigo XXIX:

1- Todo homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade é possível. 2- No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem estará sujeito às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer suas justas exigências da moral, da ordem pública e do bem estar de uma sociedade democrática (COTRIM, 2008, p.40).

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Filosofia do Estado do

Paraná (2008a, p.14) propõem que “[...] os conhecimentos contribuam para a crítica

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às contradições sociais, políticas e econômicas, presentes nas estruturas da

sociedade contemporânea e propicie compreender a produção científica, a reflexão

filosófica, nos contextos em que elas se constituem”.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Filosofia (2008a), a ética

possibilita análise crítica para a formação do ser humano e promove a reflexão

contínua sobre os valores essenciais às relações interpessoais. Pode ser ao mesmo

tempo especulativa e normativa, crítica da heteronomia e da anomia e propositiva na

busca da autonomia. Por isso, a ética defende a existência de valores morais e do

sujeito que age a partir de valores, com consciência, responsabilidade e liberdade,

no sentido da luta contra toda e qualquer forma de violência, mas pode ser também

o espaço de transgressão, quando valores impostos pela sociedade se configuram

como instrumento de repressão, violência e injustiça. Mais que ensinar valores

específicos trata-se de mostrar que o agir fundamentado propicia consequências

melhores e mais racionais que o agir sem razão ou justificativas.

A ética é um dos fundamentos da ação humana. Um dos grandes problemas do campo da ética é o da relação entre o sujeito e a norma. Essa relação é eminentemente tensa e conflituosa, uma vez que todo o estabelecimento de norma implica cerceamento da liberdade. Assim, “compete à tessitura das forças sociais convencionar entre ambos alguma forma de equilíbrio; ou então, por vezes, reconhecer que o equilíbrio se faz difícil e mesmo impossível” (BORNHEIM,1997, p.247).

A ética, enquanto a ciência do comportamento moral trata dos problemas

que surgem continuamente nas relações cotidianas dos seres humanos, problemas

práticos compartilhados por um grupo de pessoas, em um determinado momento. O

homem é um ser moral que avalia sua conduta a partir de valores morais. A ação

humana tenta identificar os princípios práticos que contribuem para uma sociedade

mais justa e íntegra, o respeito aos valores básicos da convivência e das relações

interpessoais.

Frequentemente surgem situações nas quais as decisões dependem daquilo

que se considera justo ou moralmente correto. Como afirmou Aristóteles (2008): “A

característica específica do homem em comparação com outros animais é que

somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras

qualidades morais” (p.73).

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Entendendo a ética como saber viver ou a arte de viver, pode-se dizer que

os homens para viver bem devem participar, envolver-se, conhecer as regras e as

leis levando em conta a moral e a responsabilidade.

Para Aristóteles (1979), a excelência, também entendida como virtude se

apresenta em duas espécies: a intelectual e a moral. A excelência intelectual nasce

e se desenvolve com a instrução, com o processo educativo e formativo, com o

tempo e a experiência, na medida em que nos dedicamos aos estudos.

Já a excelência moral é produto do hábito, é tudo aquilo que podemos

alterar pelo hábito. É adquirida através da prática, leva o homem a ser bom e a

desempenhar bem a sua função.

[...] se realmente assim é [ e afirmamos ser a função do homem uma certa espécie de vida, e esta vida uma atividade ou ações da alma que implicam um princípio racional; e acrescentamos que a função de um bom homem é uma boa e nobre realização das mesmas; e se qualquer ação é bem realizada quando está de acordo com a excelência que lhe é própria; se realmente assim é ], o bem do homem nos aparece como uma atividade da alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais completa. Mas é preciso ajuntar “numa vida completa”. Porquanto uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco; e da mesma forma um dia, ou um breve espaço de tempo, não faz um homem feliz e venturoso (ARISTÓTELES, 1979, p.56).

O desenvolvimento da excelência moral é importante para nós, ela está

relacionada com as ações e emoções que por sua vez se relacionam com o prazer e

o sofrimento. O fato de a excelência estar relacionada ao domínio que fará o prazer

e sofrimento implica em que a excelência é o que garantirá atingir o meio termo, ou

seja, o equilíbrio entre o excesso e a falta, o desafio e o enfrentamento diante de

cada ação e emoção, a reflexão e escolha. Assim, o homem só pode viver e buscar

sua felicidade na comunidade social.

Vázquez (2003) explícita a questão sobre como atingir o meio termo de

acordo com a doutrina ética de Aristóteles:

Porém esta vida não se realiza acidental e esporadicamente, mas mediante a aquisição de certos modos constantes de agir (os hábitos) que são as virtudes. Estas não são atitudes inatas, mas modos de ser que se adquirem ou conquistam pelo exercício e, já que o homem é ao mesmo tempo racional e irracional, é preciso distinguir duas classes de virtudes: intelectuais ou dianoéticas (que operam na parte racional do homem, isto é, na razão) e práticas ou éticas ( que operam naquilo que há nele de irracional, ou seja, ou seja, nas suas paixões e apetites, canalizando-as

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racionalmente). Por sua vez a virtude consiste no termo médio entre dois extremos (um excesso e um defeito). Assim, o valor está entre a temeridade e a covardia; a liberalidade, entre a prodigalidade e a avareza; a justiça, entre o egoísmo e o esquecimento de si. Por conseguinte, a virtude é um equilíbrio entre dois extremos instáveis e igualmente prejudiciais (p.272-273).

Na mesma obra o autor ressalta que “a virtude supõe uma disposição

estável ou uniforme de comportar-se moralmente de maneira positiva; isto é, de

querer o bem” (p.214). A virtude depende de decisão e força de vontade para

superar os obstáculos que se interponham à sua realização e que apesar do termo

ter caído em desuso com o tempo, o conceito de virtude como hábito de fazer o bem

não mudou muito. Por outro lado:

[…] num mundo social em transformação e luta, continua-se falando de 'virtudes' – como a humildade, a resignação ou a caridade – que não têm qualquer atrativo para aqueles que precisam afirmar-se diante da humilhação, da exploração ou da opressão. São outras qualidades morais – ou virtudes – que podem inspirá-los: a solidariedade, a ajuda mútua, o companheirismo, a cooperação, a disciplina consciente, etc (VÁZQUEZ, 2003, p.215-216).

É preciso ter claro que na contemporaneidade, há de existir a preocupação

com o outro e principalmente com o que esteja além de si mesmo, contrapondo-se

ao individualismo e a forma de pensar egoísta e imediatista, refletindo as questões

suscitadas por essa realidade.

1.2 A convivência ética no interior da escola

Ao analisar a convivência no interior da escola é preciso considerar uma

concordância quase unânime sobre a necessidade de se reverter os sinais do

individualismo crescente que promove comportamentos inadequados e alteram

drasticamente as relações a qualidade das relações interpessoais no ambiente

escolar.

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Transformar o mundo exterior, as relações gerais, significa fortalecer a si mesmo, desenvolver a si mesmo. É uma ilusão, e um erro, supor que o 'melhoramento' ético seja puramente individual: a síntese dos elementos constitutivos da individualidade é 'individual', mas ela não se realiza e desenvolve sem uma atividade para o exterior, atividade transformadora das relações externas, desde com a natureza e com os outros homens – em vários níveis, nos diversos ciclos em que se vive – até à relação máxima, que abraça todo o gênero humano (GRAMSCI, 1987, p.47-48).

O complexo cenário de relações estabelecidas no ambiente escolar deve ser

elemento de reflexão, caracterizado por uma atitude problematizadora e investigativa

a todo sujeito da escola pública, onde as contradições se tornaram mais agudas,

salientando que para superar esses entraves não podemos esperar respostas

prontas.

São tantas as mudanças e os desafios, para os professores, que se torna

necessário um espaço onde possam estar refletindo juntos, estudando, analisando a

própria prática e trocando experiências.

Neste contexto, a abordagem sobre as relações éticas e os valores de

respeito, tolerância, solidariedade, responsabilidade e união podem contribuir para a

melhoria das relações interpessoais, amenizando os conflitos da convivência no

ambiente escolar, fortalecendo o espírito de grupo, valorizando o “nosso” em

detrimento do “meu”.

[...] a sociedade não é uma simples soma de indivíduos, mas o sistema formado pela associação deles representa uma realidade específica que tem seus caracteres próprios. Certamente, nada de coletivo pode se produzir se consciências particulares não são dadas; mas essa condição necessária não é suficiente. É preciso também que essas consciências estejam associadas, combinadas, e combinadas de certa maneira; dessa combinação que resulta a vida social e, por conseguinte, é essa combinação que a explica. Ao se agregarem, ao se penetrarem, ao se fundirem, as almas individuais dão origem a um ser, psíquico se quiserem, mas que constitui uma individualidade psíquica de um gênero novo. Portanto, é na natureza dessa individualidade, não na das unidades componentes, que se devem buscar as causas próximas e determinantes dos fatos que nela se reproduzem. O grupo pensa, sente e age de maneira bem diferente do que o fariam seus membros, se estivessem isolados. Assim, se partimos desses últimos, nada poderemos compreender do que se passa no grupo (DURKHEIM, 2002, p.81).

Quem não tem preocupação com o outro, acaba se trancafiando em seus

interesses e fazendo o mal a si e ao semelhante porque também não foi educado

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para viver eticamente. Segundo Chalita (2001), a educação para a ética prepara o

ser humano para o equilíbrio de aceitar que não devem prevalecer as vontades

individuais e que o bom senso determinará o ponto consensual. Isso é a ética – um

código, uma opção comum, um interesse de todos para que o que é de todos seja

preservado, que o bem seja buscado e cada um entenda que acima de seus

caprichos há uma humanidade. É preciso respeitar os espaços e as pessoas. Nem

tudo o que é agradável pode ser feito. A cidadania não é um direito solitário, é a arte

da convivência social.

O sujeito precisa adaptar-se a uma série de valores, costumes e práticas

sociais no processo de construção da auto-regulação do grupo, que se dá na

interação social. Através desta perspectiva a escritora Marilena Chaui (2004) coloca

que a pessoa, como sujeito ético ou moral, deve desempenhar as seguintes

condições:

ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si;

ser dotado de vontade, isto é, 1) de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, paixões, sentimentos para que estejam em conformidade com as normas e os valores ou as virtudes reconhecidas pela consciência moral; e 2) de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;

ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e as conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas conseqüências , respondendo por elas;

ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta (CHAUI, 2004, p.309).

De acordo com o educador Julliatto, citado no caderno temático

Enfrentamento à Violência na Escola, quando aponta para a questão “[...] pode uma

educação ser realmente neutra e consegue uma escola passar a seus alunos

somente conteúdos e não valores da vida?” Para ele, não há como separar a

instrução da educação: “[...] formação para os valores não se realiza separada das

atividades acadêmicas [...]” (PARANÁ, 2008b, p.50).

Hoje, o espaço de trabalho coletivo sistematizado é uma exigência

fundamental no contexto escolar. O agir fundamentado propicia resultados melhores

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e mais racionais que o agir sem razões ou justificativas, portanto é imprescindível

investigar e avaliar as relações que acontecem nas interações sociais do ambiente

escolar.

A educação é uma prática eminentemente social que amplia a inserção do indivíduo no mundo dos processos e dos produtos culturais da civilização. A escola é um espaço privilegiado, onde se dá um conjunto de interações sociais que se pretendem educativas. Logo, a qualidade das interações sociais presentes na educação escolar constitui um componente importante na consecução de seus objetivos e no aperfeiçoamento do processo educacional. [...] O desenvolvimento socioemocional não pode ser excluído desse conjunto, especialmente quando de observa, nos dias atuais, uma escalada de violência atingindo crianças e jovens e manifestando-se, inclusive, no contexto escolar. Há, portanto, uma concordância quase unânime sobre a necessidade de aprimoramento das competências sociais de alunos, professores e demais segmentos da escola (DEL PRETTE, 2007, p.54).

Humanizar a educação, resgatar o ser humano com seus reais valores,

agregando informações que possam nortear suas atitudes em relação ao outro,

elaborando metodologias na busca de desenvolver a sensibilidade para que saiba

fazer a diferença entre o certo e o errado, ter consciência das regras e do limite para

o bem viver na sociedade, assumindo as consequências de suas atitudes na busca

da felicidade, entendida como concretização da vida humana e compreender que do

ponto de vista da ética, é impossível ser feliz sozinho.

Se a disciplina tornou-se um sintoma do comportamento individual, um desvio foi em razão desta retirada do homem para o mundo privado. Cativo de sua existência individual, o homem coloca sua própria vida em risco e todas as suas realizações sob o jugo da necessidade (AQUINO, 1996, p.142).

Na relação com o outro, na partilha de deveres e direitos é que alcançamos

a superação do individualismo, possibilitando a definição de regras e normas que

favorecem o viver coletivo e a afirmação da dignidade humana, relações sustentadas

por atitudes de solidariedade, justiça, respeito mutuo e diálogo.

O comportamento moral é próprio do homem como ser histórico, social e prático, isto é, como um ser que transforma conscientemente o mundo que

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o rodeia; que faz da natureza externa um mundo à sua medida humana, e que, desta maneira, transforma a sua própria natureza. Por conseguinte, o comportamento moral não é a manifestação de uma natureza humana eterna e imutável, dada de uma vez para sempre, mas de uma natureza que está sempre sujeita ao processo de transformação que constitui precisamente a história da humanidade (VÁZQUEZ, 2003, p.28).

Para superar o clima de insatisfação que ocorre atualmente no ambiente

escolar provocado pelas dificuldades de relacionamento entre professor-aluno e

aluno-aluno é indispensável que ocorra a reflexão sistemática sobre o compromisso

com o coletivo da escola, reconhecendo a necessidade de estudos que favoreçam

um alicerce comum sobre o qual se construa mudanças benéficas para as

interações humanas no espaço educacional.

Quando se fala da necessidade de superação, logo vem o argumento da falta de condições para a mudança. Ora, ser agente de transformação implica, com efeito, nisto: a capacidade de criar condições – objetivas e subjetivas – para a mudança da realidade. É justamente neste momento tão difícil que o professor tem a possibilidade de recuperar sua dignidade e assumir seu papel transformador (VASCONCELOS, 1996, p.11).

Nesta perspectiva Libâneo (2004), ressalta que hoje enfrentamos mudanças

profundas em todos os setores da sociedade. É necessário reconhecer que esta

situação faz parte da nossa vida e das instituições e que a mudança não é uma

ameaça, mas uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

A educação desenvolvida num processo de co-participação e consciência

crítica também oportuniza ao estudante a busca dessa atitude crítica. No momento

em que os valores se tornam mais claros, criam-se condições para que o outro se

eduque e se comprometa de forma libertadora e responsável.

Na verdade, em toda nossa vida passamos por mudanças, elas sempre estão acontecendo ao nosso redor – nossa própria vida muda a cada dia mudam nossos filhos, nossos amigos, muda a sociedade, mudam os costumes... As escolas precisam organizar-se para promover a mudança, mas respeitando os significados, os valores, as atitudes e as práticas das pessoas (LIBÂNEO, 2004, p.38).

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A revolução tecnológica, neste momento da história, requer a capacidade

crítica principalmente dos jovens para avaliar a avalanche de informações recebidas,

o que nem sempre acontece, gerando a distorção dos valores e dos direitos

humanos influenciados pela hipervalorização da cultura do consumo, trazendo

consequências relacionadas a questões éticas de convivência em grupo,

repercutindo na crise de valores que encontramos no cotidiano da escola.

Dentro dessa nova realidade Libâneo (2004), coloca que no campo da ética,

o mundo contemporâneo convive com uma crise de valores, predominando um

relativismo moral baseado no interesse pessoal, na vantagem, na eficácia, sem

referência a valores humanos como a dignidade, a solidariedade, a justiça, a

democracia, o respeito á vida.

É preciso ter a colaboração da escola para a revitalização da formação ética,

atingindo tanto as ações cotidianas quanto as formas de relações entre povos,

etnias, grupos sociais, no sentido do reconhecimento das diferenças e das

identidades culturais. Além disso, ao lado do conhecimento científico e da

preparação para o mundo tecnológico e comunicacional é necessário a difusão de

saberes socialmente úteis, entre outros, o desenvolvimento e a defesa do meio

ambiente, a luta contra a violência, o racismo e a segregação social, os direitos

humanos.

O autor destaca ainda que a questão é: uma formação que ajude o aluno a

transformar-se num sujeito pensante, de modo que aprenda a utilizar seu potencial

de pensamento na construção e reconstrução de conceitos, habilidades, atitudes e

valores, desenvolvendo a formação para valores éticos, isto é, formação de

qualidades morais, traços de caráter, atitudes, convicções humanistas e

humanitárias.

A grande responsabilidade para construção da ética nas relações

interpessoais visando uma educação cidadã está nas mãos do professor. Por mais

que a direção ou equipe pedagógica tenha boa intenção, nenhum projeto terá

eficiência se não for aceito e conduzido pelos professores, porque, é com eles, que

o aluno tem maior contato.

É importante ressaltar a comparação feita por Saviani (1984), sobre

educação e política, quando coloca que o fenômeno educativo é diferente da prática

política, “[…] a educação configura uma relação que se trava entre não-antagônicos”

sendo que, na prática educativa, o educador desempenha o seu trabalho em função

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dos interesses do educando, porém o inverso ocorre quando se trata da política,

cuja relação se trata entre antagônicos, o […] objetivo é vencer e não convencer”.

Inversamente, em educação o objetivo é convencer e não vencer. O educador, seja na família, na escola ou em qualquer outro lugar ou circunstância, acredita sempre estar agindo para o bem dos educandos. Os educandos, por sua vez, também não vêem o educador como adversário. Acreditam, antes, que o educador está aí para ajudá-los, para possibilitar o seu desenvolvimento, para abrir-lhes perspectivas, iniciá-los em domínios desconhecidos. Ainda quando tais características são negadas pelos fatos em nível de superfície, elas permanecem como suporte, como a estrutura, como o substrato que permite à relação manter-se como educativa. Assim, a rebeldia dos educandos tende a ser encarada pelo educador como um desafio que lhe cumpre superar, conduzindo-os à percepção de que eles próprios são os maiores prejudicados com tal comportamento. Já no plano político a rebeldia da classe dominada tende a ser interpretada pela classe dominante como rebelião e, como tal, reprimida pela força (SAVIANI, 1984, p.86–87).

A formação ética é um dos pontos fortes para constituir valores e atitudes

que possibilitem diálogo e consenso baseados em uma prática comunicativa,

investindo na capacidade do ser humano de situar-se em relação aos outros. A

educação deve trabalhar no sentido de que os estudantes sejam capazes de

reconhecer as regras e normas sociais como consequência do acordo mutuo, do

respeito ao outro e da capacidade de dialogar.

Existe uma persistente polêmica sobre a relação entre moralidade e

educação. Atualmente, há a expectativa dos pais de que a educação escolar, além

dos conhecimentos básicos, favoreça a formação moral no comportamento dos

estudantes, propiciando um ambiente de apoio e respeito, familiarizando-os com as

atitudes éticas que a sociedade espera deles.

Mas há controvérsias, de que a escola deve apenas responsabilizar-se pela

aprendizagem dos conteúdos, que a formação moral é de responsabilidade da

família.

Alguns alegam que toda educação tem uma dimensão moral. Outros insistem que em nenhuma circunstância os educadores devem tentar introduzir assuntos morais na sala de aula porque, no final, não será mais que uma doutrinação. Em terceiro existem aqueles que afirmam que uma educação sólida pode e deve incluir um componente de educação moral. Quando os problemas da moralidade e da educação são formulados dessa maneira, não somos capazes de escolher uma ou outra posição. Cada um

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desses grupos pressupõe que a moralidade consiste de princípios morais e regras; a maioria de seus desacordos são sobre quais as regras que devem ser ensinadas, ou mesmo se devem ser ensinadas. No nosso ponto de vista, uma abordagem filosófica da ética é aquela que enfatiza o método da investigação ética mais que determinadas regras morais de grupos específicos de adultos (LIPMAN, 2001, p.96-97).

O autor argumenta que instigar a dúvida, levantar e problematizar questões,

discutir em grupo, familiarizar o homem com a prática da investigação moral e da

consciência da natureza dos juízos morais, tem sentido educativo, ressaltando (p.97)

que “ além disso, o indivíduo moral não é apenas aquele que está apto a fazer juízos

„corretos„, mas é igualmente aquele que sabe quando não é necessário emitir juízos

e evita fazê-los nessas situações.”

As transformações no plano individual e coletivo que professores e alunos

estão vivenciando, podem ser amenizadas pela intervenção planejada do corpo

docente, assumindo responsabilidades em sala de aula através de ações e

metodologias voltadas para o ensino de conteúdos significativos, metodologia

participativa e para a construção do relacionamento humano.

Enfim, abrindo possibilidades para uma proposta de trabalho em que o

fundamento essencial seja o conhecimento, reinventando continuamente os

conteúdos, as metodologias e o agir dos sujeitos no cotidiano da sala de aula.

Dar ênfase ao ensino, à práticas sociais e comportamentos que lhe são

próprios no sentido de superar os velhos paradigmas disciplinares, privilegiam a

relação aluno-aluno, a relação professor-aluno e os vínculos cotidianos. Como

ressalta Vasconcelos (1994, p.81, grifo do autor): “Não podemos perder de vista que

a construção do conhecimento em sala de aula necessita da construção da

pessoa e esta depende da construção do coletivo, base de toda construção”.

A questão fundamental a ser considerada é a função da escola como

transmissora do saber historicamente acumulado e para tanto é preciso investir no

exercício constante de reflexão sobre a prática pedagógica e sobre a formação de

valores que se constroem na interação entre os envolvidos no processo ensino-

aprendizagem, no exercício cotidiano de valorização das relações interpessoais a

partir da compreensão e do respeito pelo outro.

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1.3 A indisciplina e seus reflexos no processo de ensino e aprendizagem

O conflito da indisciplina no dia-a-dia da sala de aula relaciona-se com a

suposta inversão de valores éticos e morais, pelo rompimento com os valores

estabelecidos, pelas questões da indiferença e do individualismo, que podem ser

rebatidos com o resgate do respeito ao outro, ao espaço público e a si mesmo,

valorizando as relações interpessoais em contrapartida ao aumento dos interesses

puramente individuais. Na luta para estabelecer a paz e a disciplina, a escola

trabalha no sentido da regulamentação de normas e sanções, dentro do Regimento

Escolar. Porém, parece que esta atuação não tem contribuído efetivamente para

uma realidade de superação das dificuldades nas relações em sala de aula, seja na

relação professor-aluno ou aluno-aluno.

Os avanços tecnológicos que demonstram o desenvolvimento intelectual do

ser humano são inúmeros, entretanto, no campo do crescimento das relações

humanas, percebe-se um desaprender, na medida em que um acentuado

desrespeito humano, que gera situações de violência, principalmente urbanas, tem

aumentado assustadoramente, dando a impressão que o homem não sabe mais

conviver em grupo e respeitar o outro, como se o processo educacional estivesse

perdendo força nesses novos tempos.

Neste sentido, os problemas relacionados à estrutura social se manifestam

em várias dimensões:

a) Meios de Comunicação Social: seduzem pelas cores, movimento. Veículos de ideologia dominante, desvalorizam a educação (ex.: propagandas), condicionam a percepção dos alunos, difundem a violência, o preconceito. É o instrumento, por excelência, de colocação dos produtos no mercado, propiciando a geração de necessidades alienadas ou de soluções falsas para necessidades reais. Ausência de questionamento (cheios de respostas e não de perguntas). b) Crise ética; inversão de valores; individualismo, 'levar vantagem em tudo', consumismo, preconceito, corrupção. c) Sociedade seletiva, baseada na competição, exploração e alienação; concentração de rendas, desemprego; imediatismo; violência, agressividade; urbanização acelerada e desordenada (VASCONCELOS, 1996, p.19).

E ainda em relação à família:

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a) Distância da escola: falta de conhecimento ou de entendimento do projeto educativo; transferência de responsabilidades; falta de participação; omissão. b) Falta de apoio: não acompanhamento da vida escolar (hábito de estudo, material); falta de valorização da escola, dos professores, do trabalho intelectual. c) Desorientação da família no mundo atual; dificuldade de educar as crianças hoje e em colocar limites: oscilação entre o espontaneísmo e o autoritarismo. d) Visão de educação como investimento, aspiração fixa pela ascensão social. Horizonte estreito: acha que o filho tem que ser o melhor ou será um 'Zé-Ninguém'. e) Desagregação: convivência qualitativamente insuficiente, falta de diálogo; carga excessiva de trabalho. f) falta de condições dignas de emprego, salário, habitação. saúde, educação, lazer, etc (VASCONCELOS, 1996, p.20).

A pesquisadora e mestre em Educação, Tania Zagury (2009), realizou um

projeto, com início no ano 2002, que se tornou um amplo estudo com o objetivo de

se colher dados concretos sobre o pensamento do professor brasileiro que atua em

sala de aula, abordando temas polêmicos da prática docente. Em relação à questão

das maiores dificuldades do professor em sala de aula, o resultado com a maior

porcentagem (22%), foi a de manter a disciplina na sala de aula, seguido de motivar

os alunos (21%).

[...] a disciplina em sala de aula é hoje o maior problema, seguido de muito perto pela falta de motivação. Não se pode dissociar um do outro – aliás, é quase impossível afirmar quem é a causa e quem é a consequência. Em geral, o aluno se torna indisciplinado quando para de aprender. Ou está desmotivado e por isso se torna indisciplinado. Portanto, podemos considerar que, se ambos forem solucionados, quase metade dos problemas do professor estariam resolvidos (ZAGURY, 2009, p.84).

Ainda na mesma pesquisa constam dados relativos às causas da dificuldade

em manter a disciplina em sala de aula e os resultados mais relevantes são: alunos

que não têm limite, rebeldes, agressivos e faltam com o respeito ao professor (44%);

falta de educação e excesso de liberdade (19%); falta de compromisso, interesse e

apoio da família (11%), seguido de outros aspectos com porcentagem menos

relevantes.

A escola pode intervir na questão da indisciplina, vista pelos professores

como um dos principais entraves para o êxito do processo ensino-aprendizagem

estabelecendo o exercício de analisar, refletir, resgatar valores morais

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aparentemente perdidos, orientando o caminho percorrido pelos professores e

estudantes, num processo de acompanhamento e ampliação dos conhecimentos

para o exercício prático da cidadania através da formação moral de atitudes como:

responsabilidade, solidariedade, respeito ao outro, união e disciplina consciente.

A problemática sobre as questões disciplinares em sala de aula não deve

ser entendida de modo unilateral, como comportamento impróprio exclusivo do

aluno. A atuação docente inadequada também é causa de indisciplina. Utilizar

metodologias diferenciadas e eficientes, dominar o saber e o conteúdo da disciplina

que leciona, faz com que a autoridade do professor seja conquistada perante os

estudantes.

A intolerância, a falta de questionamento e da autorreflexão por parte de

alguns educadores, levam a um constante conflito entre aluno-professor, portanto o

trabalho educacional exige formação e esforço de equipe. O professor deve

repensar sua postura na sala de aula para transformar o ambiente, sendo que, o

trabalho de intervenção sobre as questões ligadas à indisciplina tem de ser

constante e exemplificado por ações de respeito por parte de todos envolvidos no

processo ensino-aprendizagem.

E para isto, somente resta à escola uma solução: lembrar e fazer lembrar em alto e bom tom, a seus alunos e à sociedade como um todo, que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania. E, para ser cidadão, são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais, e diálogo franco entre olhares éticos. Não há democracia se houver completo desprezo pela opinião pública (LA TAILLE, 1996, p.23).

É de suma importância que a educação seja realizada de forma salutar de

modo que proporcione condições de igualdade e parceria nas relações

interpessoais, estabelecendo um elo de colaboração entre todo o grupo.

2 O Desenvolvimento da proposta na escola

A implementação do projeto na escola foi realizada através de Curso de

Extensão da UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UEPR – CAMPUS DE

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PARANAVAÍ, com certificado de 32 horas para todos os participantes do curso

conforme emissão em Relatório Final.

Participaram professores, pedagogos e funcionários da rede pública

estadual mediante inscrição prévia, sendo que 11 cursistas se inscreveram e

finalizaram o curso, com carga horária total de 32 horas das quais 20 horas foram

presenciais, distribuídas em 5 encontros de 4 horas cada, realizados toda quarta-

feira, no período de 14 de setembro a 19 de outubro de 2011, no recinto do Colégio

Estadual Leonel Franca. As demais horas (12h) foram ofertadas à distância quando

se potencializou a leitura dos textos, a pesquisa pertinente às questões propostas

para discussão e do material para a elaboração de projeto voltado para a temática

abordada, momento em que os participantes do curso planejaram ações para serem

desenvolvidas em sala de aula, direcionadas especificamente para melhorar o

processo de ensino-aprendizagem, através de um relacionamento fundamentado

nos direitos humanos e direitos interpessoais que conscientizam valores como:

solidariedade, tolerância, respeito, responsabilidade, direito e deveres do ser social,

cooperação e disciplina consciente.

Assim, os principais objetivos da implementação do projeto se constituíram

em construir um espaço real de experiência filosófica, da provocação do

pensamento, da investigação e criação de conceitos sobre a ética, moral e disciplina

nas relações em sala de aula a fim de melhorar o cotidiano escolar, facilitando a

relação ensino-aprendizagem, incluindo a discussão filosófico-reflexiva à qual os

autores nos conduzem por meio de textos relacionados às questões da (in)disciplina

e seus reflexos no processo de ensino e de aprendizagem e identificar instrumentos

e recursos de aprendizagem que auxiliem na promoção de maior interação nas

relações interpessoais em sala de aula com relevância dos princípios éticos e

valores morais, humanizando as relações, principalmente a relação professor-aluno

e aluno-aluno.

O material didático-pedagógico da proposta foi subdividido em três etapas

de desenvolvimento, permitindo a ampliação de conceitos relacionados à temática e

a reflexão sobre os desafios do cotidiano do professor. A princípio, foi realizado

estudo de textos com os professores favorecendo a formação do pensamento

reflexivo, através da fundamentação teórica das questões filosóficas sobre ética,

moral, ação do professor e disciplina, como processo de motivação, diante do

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pensar sobre as questões inerentes ao relacionamento professor-aluno e aluno-

aluno, estabelecendo suas relações com a disciplina em sala de aula.

O estudo teve início com a análise do texto Objetivo da Ética, de Vázquez

(2002, p.15-34), que trata sobre os problemas morais e problemas éticos, definindo a

ética, seu objeto e sua relação com a filosofia. As informações contidas no texto

possibilitaram aos leitores a construção de asserções sobre os problemas morais e

éticos.

Nessa perspectiva, após o debate sobre o conteúdo do texto, os cursistas

concluíram que a leitura contribuiu principalmente para o embasamento teórico e a

construção do entendimento do grupo em relação aos aspectos estudados,

pontuando a diferença entre ética e moral, norteando a base científica para a

construção do entendimento do grupo em relação a um bom trabalho pedagógico

pautado por valores socialmente construídos em nossa sociedade e principalmente

dentro do ambiente escolar e da comunidade que nos cerca.

Foi ressaltada a importância de retomar constantemente a teoria sobre ética,

suas relações com o grupo no qual estamos inseridos e, a partir daí, elaborarmos o

plano de ação, já que, apesar da teoria ser do conhecimento da maioria dos

educadores, há necessidade do amadurecimento das reflexões e é nesse ponto que

o educador deve pontuar seu pensamento porque geralmente o trabalho

desenvolvido hoje só terá os resultados esperados muito tempo depois, quando a

criança e o jovem tiverem maturidade para colocar em prática os ensinamentos

sobre a ética e a moral aprendidos na escola.

Os educadores que participaram do curso consideraram que este trabalho

deve ser realizado constantemente para que as relações interpessoais sejam

valorizadas com atitudes de respeito, tolerância e integração do grupo, que é preciso

haver a aceitação do “outro”, com suas diferenças de pensamento, de

comportamento, de limitações físicas e intelectuais.

O grupo concluiu também que, a escola é um centro de relações, que pode

ser instrumento positivo ou negativo, de acordo com a intenção e o propósito de

cada profissional, sendo que o educador deve ter como propósito a valorização da

educação e o desenvolvimento integral das habilidades de seus alunos, apesar das

dificuldades que a educação enfrenta no Brasil e do enfraquecimento das relações

familiares que refletem negativamente nas atitudes dos alunos na escola.

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O respeito, a valorização da escola e dos educadores, precisa ser resgatado

porque os mesmos se deparam frequentemente com situações que muitas vezes os

assustam e os levam a ter a certeza de que é preciso refletir com os educandos

sobre as questões éticas, a moral e os valores, essenciais na vida das pessoas e na

sociedade e com urgência, desenvolver projetos que estejam relacionados a estas

questões, que sejam aplicados em todas as áreas do ensino.

É fundamental, a inclusão deste trabalho no Projeto Político Pedagógico da

escola, pois as decisões tomadas coletivamente são resultados do comportamento

moral e dos princípios relacionados à educação da comunidade local, na busca por

uma transformação da sociedade atual através da educação.

Para discutir a problemática relacionada à indisciplina existe uma extensa

bibliografia, porém, dentre tantas outras opções, foi selecionado o texto A desordem

na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento, de autoria de

Aquino (1996, p.39-55) que está articulado ao enfoque dado por este trabalho para a

reflexão sobre a relação professor-aluno, sendo apoio para as discussões do

aspecto psicológico e sócio-histórico das atitudes de indisciplina no ambiente

escolar.

No texto, os aspectos da relação professor-aluno se desenvolvem pelo

questionamento sobre a prática pedagógica e a conduta dialógica por parte do

educador para a compreensão, o manejo da disciplina e a flexibilidade das formas

relacionais. A leitura possibilitou aos cursistas a sistematização de ideias sobre a

indisciplina na escola como sendo um inconformismo da juventude ás regras

impostas pelas convenções sociais tornando cada vez mais difícil a relação

professor-aluno.

Atualmente as relações interpessoais em sala de aula estão mais

complicadas, oriundas de vários fatores como: famílias desestruturadas falta de

limites dentro da sala de aula, dificuldades de atenção, concentração, interesse e

esforço nos estudos, postura menos respeitosa de alunos em relação aos

professores e aos colegas, tornando o trabalho do professor muito mais difícil.

Esta situação de conflito e de agressividade dos alunos motiva muitos

problemas de saúde para o professor, que tem dificuldade em conseguir o equilíbrio

necessário para o desenvolvimento adequado de suas funções em sala de aula que

é principalmente ensinar, transmitir conhecimentos, preparar o aluno para a vida

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propiciando-lhe mecanismos que o façam pensar, fazer considerações e, de forma

inteligente, escolher o melhor caminho a ser seguido.

Os cursistas consideraram ainda, que a educação é um dos aspectos mais

importante para o desenvolvimento de uma nação porque é através dela que o país

se desenvolve, aumenta sua renda e a qualidade de vida de seus habitantes e que

embora o Brasil tenha avançado neste campo nas últimas décadas, ainda há muito

que ser feito. Com a crescente democratização política do país, a escola, que

outrora tinha um caráter elitista e conservador e priorizava o atendimento a uma

determinada classe social, se transformou na atualidade uma escola para todos,

porém, a exclusão ainda continua existindo devido aos problemas na estrutura

familiar, aos problemas econômicos, psicológicos, sociais e pelo desinteresse do

aluno em relação aos objetivos da instituição escolar.

Segundo o parecer dos professores, a família e a escola são os principais

alicerces para a formação da criança e do jovem. A família deve se conscientizar de

sua responsabilidade de desenvolver na criança e no jovem a capacidade de saber

relacionar-se consigo mesmo e com o coletivo. Estas atitudes tornam o ser humano

capaz de construir, com qualidade, as relações sociais, politicas, econômicas e

culturais. Assim, as interações sociais que têm início na família, se estendem para

as demais instâncias de participação social.

O processo educativo do indivíduo deve ser permeado pelas normas de

convivência aprendidas no seio familiar e pelas normas de convivência reforçadas e

aprendidas na escola. O papel da escola consiste em incentivar os alunos a pensar,

descobrir, criar novas possibilidades de realizar os trabalhos, discutir as novas

formas propostas, exercendo o seu papel e mobilizando os alunos na construção de

uma sociedade democrática.

Embora, o professor, no desenvolvimento de suas atividades no contexto

escolar, não seja responsável pelas situações de injustiças sociais, de diversidades

culturais existentes, em suas mãos encontram-se significativos meios para defender

os alunos e transformá-los de vítimas em agentes de mudanças.

A segunda etapa do Projeto de Intervenção foi baseada na análise fílmica.

Foram utilizados filmes que enfatizam a convivência do ser humano inspirados no

cotidiano escolar, nas relações interpessoais entre aluno-aluno e professor-aluno, à

ética, aos valores morais e à disciplina em sala de aula, representações que atuam

na afetividade e na sensibilidade do telespectador, oferecendo informações de

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existências reais ou imaginárias, mas com o poder de transformação social, com o

objetivo de provocar nova interpretação da realidade escolar desenvolvendo a

capacidade de enxergar e criticar as regras não eficazes de controle da disciplina no

ambiente escolar.

O primeiro filme analisado “Entre os muros da escola”, teve como finalidade

retratar as vivências do cotidiano escolar, das relações interpessoais entre aluno-

aluno e professor-aluno, tornando possível a análise dos aspectos relevantes

provocadores de novos comportamentos envolvendo o trabalho pedagógico e as

relações humanas na escola.

O enredo deste filme trata sobre a problemática das relações interpessoais

durante o ano letivo em uma escola da periferia de Paris, focando principalmente, o

ambiente de uma sala de aula que pode ser incorporado ao cenário contemporâneo

da escola e ao drama para ensinar os alunos.

Um professor e seus colegas de trabalho procuram incentivar os estudantes

através do apoio mútuo, mas encontram dificuldades relacionadas a falta de respeito

e desestímulo dos alunos em aprender.

As múltiplas relações entre as pessoas que ali convivem, professor-aluno,

aluno-aluno e professor-professor, são retratadas de forma realista, proporcionando

ao telespectador, a identificação com situações vividas, pois o filme lembra a forma

de um documentário.

Os diálogos entre professores e alunos evidenciam a difícil tarefa de

participar da formação ética, moral e educacional dos adolescentes, na luta a favor

de um bem comum e não apenas do individual. As desigualdades sociais, culturais,

a insolência, o descaso e desrespeito dos alunos são complicadores para a ação do

professor em transmitir conteúdos de maneira clara e didática proporcionando a

aprendizagem com qualidade.

A análise do filme proporcionou a possibilidade de discussão entre os

cursistas sobre questões relacionadas ao exercício da resolução de problemas e

conflitos em sala de aula e a postura adotada diante dos valores éticos e morais;

sobre as consequências das desigualdades sociais e culturais como desafios postos

ao professor no desenvolvimento de sua ação na escola e a importância da

compreensão crítica dos profissionais da educação em relação à indisciplina no

ambiente escolar.

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O segundo filme analisado “Escritores da liberdade”, baseado em história

real, retrata de forma interessante o desafio de uma jovem educadora e suas

dificuldades para administrar aulas devido aos conflitos disciplinares e a resistência

dos alunos ao ensino convencional.

A falta de respeito mútuo, as brigas, o envolvimento com gangues e outros

dramas vividos pelos adolescentes evidenciam, no filme, a intolerância ao modelo

pedagógico imposto pela escola. A insatisfação dos alunos é identificada pelos

questionamentos ofensivos dirigidos à professora, que supera esses obstáculos

adotando propostas de trabalho com uma ação pedagógica inovadora, com estilo

humanista, sem perder de vista a responsabilidade do processo educativo.

A ação da professora se concentra em uma metodologia de ensino que

motiva o aluno a ler, escrever, pensar e reconhecer-se como sujeito ético,

exercitando o pensamento crítico, o comprometimento nas decisões e a

responsabilidade social de cada um.

Sob esta perspectiva, os participantes do curso, refletiram sobre ações que

possam contribuir para um relacionamento mais harmônico entre professor-aluno e

aluno-aluno, analisaram a proposta pedagógica ocorrida no filme, adaptando-a a

uma condição real de ensino de sua disciplina e apresentaram para o grupo,

reconhecendo que a superação dos entraves para uma educação de mais qualidade

perpassa pela valorização do ser humano, favorecendo situações em sala de aula

em que o aluno se sinta à vontade para expressar seus sentimentos.

O objetivo da apresentação deste filme foi levar aos cursistas à

compreensão de que ensinar e educar implica em responsabilidade coletiva,

pedagógica, política, moral e ética do professor.

A escola existe para formar a humanidade e a metodologia utilizada pelo

professor revela a responsabilidade do mesmo em relação à ação educativa que

contribua para a transformação social.

As considerações dos cursistas em relação aos filmes propostos ressaltaram

que a escola trabalha essencialmente com a alfabetização em toda sua

abrangência, portanto trabalhar com filme em sala de aula implica em desenvolver a

leitura da linguagem fílmica, ou seja, propiciar ao aluno o aprimoramento do senso

crítico, da análise de fatos do cotidiano, da comparação e da síntese relacionada a

temática discutida no enredo. Assim, ao escolher um filme ou um documentário para

incluir nas suas atividades o professor deve levar em conta o conteúdo que ele quer

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abordar, o enredo do filme, sua duração e sua adequação ao objetivo geral e

objetivos específicos do planejamento da aula.

No cotidiano da relação ensino aprendizagem, é importante o professor

lançar mãos de recursos didáticos diferenciados para desenvolver seu trabalho e

que entre os vários recursos didáticos, o uso de filmes em sala de aula é uma

metodologia de trabalho interessante para o processo educativo, porém é preciso

que o professor saiba planejar e dinamizar o uso do recurso midiático.

Ou seja, ao selecionar o filme ou o documentário, ele deve verificar toda a

articulação do enredo com o conteúdo que se deseja iniciar, desenvolver, aprofundar

ou avaliar. A partir das interlocuções durante o curso, os educadores ressaltaram

que a utilização de metodologias diferenciadas e a contribuição da linguagem

audiovisual são recursos importantes para a construção do conhecimento histórico e

constituem-se como referenciais para a prática pedagógica. A utilização de filme em

sala de aula é importante para o desenvolvimento do saber crítico e consciente por

parte do educando.

Assim, a análise fílmica proporcionou um amplo debate sobre as questões

relacionadas à ética e os valores morais, sua relação com a indisciplina em sala de

aula, a reflexão coletiva sobre as relações professor-aluno, aluno-aluno, professor-

professor e sobre o desafio do educador em motivar os jovens para a discussão

sobre as relações interpessoais partindo de situações que confundem com a sua

realidade e principalmente no convívio diário dentro da instituição.

Para finalizar os trabalhos do Curso de Extensão, foram elaborados projetos

referentes à temática abordada, no qual os participantes do curso planejaram ações

para aplicação em sala de aula, direcionadas especificamente para melhorar o

processo de ensino-aprendizagem, através de um relacionamento fundamentado

nos direitos humanos e na conscientização dos valores necessários para a melhoria

da qualidade das relações interpessoais, relatados a seguir:

Aprenda bem, aprenda com valores.

Este projeto tem como objetivo resgatar valores éticos e morais como a

solidariedade, a tolerância, o respeito mutuo, a responsabilidade, os direitos e os

deveres do ser social e a cooperação entre os estudantes, através de música,

poesia e reflexão coletiva de textos pertinentes ao tema, com a perspectiva de

atenuar aos conflitos existentes no ambiente escolar que provocam atitudes de

indisciplina e falta de interesse nos estudos.

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A indisciplina em sala de aula

A expectativa deste projeto é reduzir os conflitos disciplinares e a violência

na escola através de um trabalho com os professores e os responsáveis pelos

alunos sobre questões relacionadas à ausência de limites no lar, falta de

acompanhamento familiar na vida escolar dos filhos e liberdade sem disciplina.

Outro aspecto abordado neste projeto é a reflexão sobre a postura do professor e

sua prática na busca de possíveis mudanças na sua forma de pensar e atuar,

possibilitando assim, elementos favoráveis a transformação do cotidiano da sala de

aula e na escola como um todo.

Quem sou eu?

O desenvolvimento deste projeto visa oportunizar aos estudantes momentos

de reflexão, discussão e análise sobre si mesmo e de conhecimento dos demais

membros do grupo com os quais se convive diariamente, ressaltando a importância

das relações interpessoais no processo de valorização da auto-estima. Permite

também, encorajar a confiança dos alunos para que se reconheçam e aceitem-se

como são e identifiquem o que se pode mudar para viver melhor.

Violência e bullying na escola

Este projeto propõe um trabalho relacionado ao senso de respeito e

tolerância entre os alunos, cultivando o sentimento de indignação diante das

injustiças sociais, da violência e da indiferença ao outro, ressaltando o bom

relacionamento entre os membros da escola. Ações práticas em sala como leitura de

textos, história em quadrinhos, teatros e análise de filmes que enfatizem as questões

relacionadas às relações interpessoais pode contribuir com os professores para a

construção da ética e da cidadania na vida cotidiana dos educandos. Embora o

professor, no desenvolvimento de suas atividades no contexto escolar, não seja

responsável pelas situações de injustiças sociais, de diversidades culturais

existentes, em suas mãos encontram-se as armas poderosas para defender os

alunos e transformá-los de vítimas em agentes de mudanças.

Conscientização do valor dos profissionais da educação

Em decorrência dos constantes atos de desrespeito por parte dos alunos

aos educadores, principalmente em relação aos Agentes Educacionais I, este

projeto apresenta a necessidade de conscientização sobre a importância do trabalho

realizado por todos os profissionais no ambiente escolar através da valorização e do

fortalecimento das relações interpessoais.

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Outra importante contribuição para este trabalho foi a discussão da proposta

realizada com a participação dos professores do grupo de rede (GTR) que

apontaram para a possibilidade da implementação na sala de aula e também

indicando os ajustes necessários.

A partir das interlocuções durante o processo, os educadores ressaltaram a

formação moral como componente indispensável na formação do ser humano e

também a importância de participar e comprometer-se com a prática de valores que

incentivem a promoção dos princípios educativos no ambiente escolar, o que exige a

consciência da verdadeira função que cada profissional da educação tem, como

constitutivo de um todo, em permear suas ações e seus diálogos para uma

convivência harmoniosa.

Os educadores participantes das discussões evidenciaram ainda que a

função primordial do professor é ensinar, transmitir conhecimentos, preparar o aluno

para a vida propiciando-lhe mecanismos que o façam pensar, fazer considerações e,

de forma inteligente, escolher o melhor caminho a ser seguido. As regras de conduta

são essenciais não só na vida escolar do aluno, mas em sua vida em sociedade.

Elas existem para assegurar o respeito, a ordem e a integridade das pessoas. Por

isso, devem ser seguidas e cobradas e o educador deve ser o exemplo vivo e

atuante dentro de uma instituição de ensino.

3 Conclusão

O conflito da indisciplina no dia-a-dia da sala de aula e a carência de tempo

disponível dos professores para pesquisa e estudos das tendências

contemporâneas sobre a problemática de como lidar com os distúrbios disciplinares,

são alguns problemas que nos levaram a requerer a busca por alternativas que nos

encorajem a trabalhar no sentido de amenizar os obstáculos ao processo ensino-

aprendizagem e oportunizar o debate em relação à temática abordada. O curso de

extensão foi uma oportunidade para enriquecer e fortificar a interação entre os

professores.

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A organização de debates e sistematizações deste trabalho caracterizaram a

busca de possíveis soluções por meio da investigação e produção de material

didático-pedagógico específico contendo atividades práticas que contribuam para

desenvolver um relacionamento fundamentado em valores como: solidariedade,

tolerância, união, respeito ao outro e disciplina consciente.

É necessário que o professor tenha consciência da importância do trabalho

coletivo, afastando a ideia que ele faz tudo sozinho. O educador de sucesso passa

longe dessas colocações e reconhece que também é responsável pelos erros que

possam acontecer valorizando o trabalho de todos.

Também, é essencial na função do pedagogo, mediar teoria pedagógica e

práxis educativa, viabilizar articulações no processo de ensino e de aprendizagem

promovendo abertura no interior da escola para que os professores, alunos e

comunidade, possam estudar; discutir e avaliar a qualidade dos conteúdos

trabalhados, bem como, o material didático, procedimentos de ensino, avaliação e

programas, enfatizando sempre que o projeto maior de todo pedagogo é o processo

de produção do conhecimento, tendo como principal objetivo a melhoria da

qualidade da educação.

O papel do coletivo escolar consiste em incentivar os alunos a pensar,

descobrir, criar novas possibilidades de realizar os trabalhos, discutir as novas

formas propostas, exercendo o seu papel e mobilizando os alunos na construção de

uma sociedade democrática.

Além de se discutir as questões de relacionamento, há que se mostrar aos

professores, pedagogos e funcionários, a necessidade de se buscar conhecimentos

teóricos sobre as etapas de vida em que se encontram os nossos aprendizes, para

compreendê-los melhor e assim, realizar efetivamente a função formativa.

Desta forma, a preparação do professor é fundamental. Conhecer o que está

explícito no Projeto Político-Pedagógico da escola é imprescindível, para que se

desenvolva um trabalho coletivo e a perspectiva de se estabelecer discussões sobre

as relações interpessoais, a ética e os valores morais exigem um entendimento

comum e uma estruturação de trabalho contínuo com o envolvimento da coletividade

escolar.

Assim, espera-se que o profissional da educação tenha o necessário

preparo teórico para organizar sua ação pedagógica e que a experiência de vida

possa lhe proporcionar um equilíbrio no trato diário com as situações adversas que

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se manifestam no interior da escola. Não estamos afirmando que o professor deve

ser um mestre em relações humanas, fato esse improvável, pois ele é um ser

humano e como tal está sujeito aos altos e baixos da essência humana.

É importante salientar que as situações adversas que ocorrem no interior da

escola, na maioria das vezes, não são próprias da escola e nem surgem dentro dela.

Essas situações frequentemente são geradas fora dos muros da escola, mas, como

a confusão e a mistura são marcas da modernidade, elas acabam se manisfestando

no ambiente escolar. Porém, espera-se que existência de um trabalho coletivo

dentro da escola favoreça ao professor uma ação mais efetiva e adequada às

situações que se apresentam.

Mediante estas questões, os profissionais da educação precisam ter um

referencial teórico e metodológico para aprimorar sua competência, tornando o seu

trabalho mais eficaz, oferecendo aos alunos os instrumentos necessários para

mudar a sua prática social.

A fundamentação teórica consistente conduz o educador a melhores

condições de utilizar metodologias que viabilizem uma prática diferenciada que além

da construção do conhecimento elaborado possa formar um cidadão ético e

humano. Portanto, se faz necessária uma constante reflexão que problematize,

discuta e reavalie as relações interpessoais existentes no espaço escolar e na vida

em sociedade como o respeito mútuo, a responsabilidade, a solidariedade, a união e

a disciplina consciente – base de todo o convívio e suprimido hoje pela

individualidade, relacionado à inversão de valores.

Dessa forma efetivou-se esse projeto que objetivou contribuir com a

formação continuada de professores preocupados com as questões de ensino,

aprendizagem e superação das dificuldades nas relações em sala de aula através

do exercício cotidiano de valorização das relações interpessoais a partir da

compreensão e respeito pelo outro, desafios que se apresentam na Educação

Básica, integrando o dia a dia do ambiente escolar, com a expectativa de

desenvolver as ações propostas pelos participantes do Curso de Extensão,

contemplando um trabalho coletivo em busca do fortalecimento das relações

interpessoais sustentadas pelos valores que norteiam uma ética comunitária,

independentemente dos interesses individuais.

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Duração: 128 min.

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Título original: Entre les Murs

Disponível em: <http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/entre-os-muros-da-escola/id/15264>. Acesso em 22 mai. 2012.

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Filme: Escritores da Liberdade

Direção: Richard LaGravenese

Ano: 2007

País: Alemanha-EUA

Gênero: drama

Duração: 123 min.

Classificação etária: livre

Título original: Freedom Writers

Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=991>. Acesso em 22 mai. 2012.

Disponível em: <http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=562>. Acesso em 22 de mai. 2012.