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Revista Árvore, Viçosa-MG, v.37, n.4, p.599-609, 2013 USO DE ESPÉCIES NATIVAS E EXÓTICAS NA RESTAURAÇÃO DE MATAS CILIARES NO ESTADO DE SÃO PAULO (1957 - 2008) 1 Geissianny Bessão de Assis 2 , Marcio Seiji Suganuma 3 , Antônio Carlos Galvão de Melo 4 e Giselda Durigan 4 RESUMO – A restauração ecológica no Brasil se intensificou nas últimas décadas, passando por uma série de transformações conceituais e de paradigmas. No princípio, a restauração era conduzida para restabelecer serviços ecossistêmicos e a riqueza e a origem das espécies utilizadas não era questionada. Atualmente, plantios em alta diversidade e somente com o uso de espécies nativas são recomendados. Com o objetivo de verificar se o número de espécies nativas e exóticas utilizadas na restauração de matas ciliares tem se modificado ao longo do tempo, analisamos 44 projetos implantados de 1957 a 2008, localizados no estado de São Paulo, em região anteriormente ocupada por Floresta Estacional Semidecidual (FES). Em cada local efetuamos o levantamento das árvores plantadas em área total de 1.000 m 2 , subdividida em parcelas aleatoriamente distribuídas. Classificamos como exóticas todas as espécies que não ocorrem naturalmente em região de FES. O número total de espécies amostradas por local variou de 12 a 58 e registramos espécies exóticas em todos os plantios estudados. Verificamos que a riqueza de espécies plantadas aumentou, passando de 25 espécies, em média, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, para 33 espécies entre 2000 e 2008. Porém, o aumento no número de espécies nativas foi acompanhado pelo aumento no número de espécies exóticas, que vinha decrescendo até a década de 1990. Normas voltadas à restauração parecem ter sido bem sucedidas em aumentar a diversidade dos plantios, porém espécies exóticas ainda continuam sendo utilizadas nos projetos de restauração. Para promover plantios mais adequados aos objetivos da restauração ecológica, que primem por espécies nativas, ações como a maior fiscalização na produção das mudas fornecidas pelos viveiros e treinamento adequado dos profissionais ligados à restauração ecológica se tornam necessárias. Palavras-chave: Restauração ecológica; Área de preservação permanente (APP); Legislação ambiental. NATIVE AND EXOTIC TREE SPECIES PLANTED IN RIPARIAN FOREST RESTORATION IN THE STATE OF SÃO PAULO (1957 - 2008) ABSTRACT Ecological restoration in Brazil has intensified in recent decades, and its concepts and paradigms have progressively changed. In the first decades, the richness of species and their origin were not questionable, since the restoration was intended to restore only ecosystem services. Currently, however, high diversity is required and only native species are accepted by environmental laws. In order to verify if the numbers of native and exotic species used in ecological restoration have changed over time, we assessed 44 riparian forests undergoing restoration in the state of São Paulo. All study areas were restored from 1957 to 2008, in sites where the former vegetation was seasonal forest (FES). At each site we sampled all trees planted in a total area of 1000 m 2 , divided in plots randomly distributed. We classified as exotics all species whose native range is not the Seasonal Atlantic Forest. The total number of species sampled per site ranged from 12 to 58 and exotic species were recorded in all sites. The number of species recorded increased from an average of 25 species in the 1970s, 1980s and 1990s, to 33 species from 2000 to 2008. However, the number of alien species has also increased in the same period. Rules aiming at high diversity in ecological restoration may have been successful, but the use of exotic species in restoration projects have increased in recent years. Improving inspection in forest nurseries and adequate training of professionals involved in ecological restoration are recommended actions in order to avoid the use of exotic species in restoration projects. Keywords: Ecological restoration; Permanently protected areas; Environmental legislation. 1 Recebido em 21.04.2012 aceito para publicação em 06.08.2013. 2 Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, IP/JBRJ, Brasil. E-mail: <[email protected]>. 3 Universidade de São Paulo, Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada, São Carlos, SP. Email: <[email protected]>. 4 Floresta Estadual de Assis, Instituto Florestal, Assis, SP. E-mail: <[email protected]> e <[email protected]>.

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    USO DE ESPCIES NATIVAS E EXTICAS NA RESTAURAO DE MATASCILIARES NO ESTADO DE SO PAULO (1957 - 2008)1

    Geissianny Besso de Assis2, Marcio Seiji Suganuma3, Antnio Carlos Galvo de Melo4 e GiseldaDurigan4

    RESUMO A restaurao ecolgica no Brasil se intensificou nas ltimas dcadas, passando por uma sriede transformaes conceituais e de paradigmas. No princpio, a restaurao era conduzida para restabelecerservios ecossistmicos e a riqueza e a origem das espcies utilizadas no era questionada. Atualmente, plantiosem alta diversidade e somente com o uso de espcies nativas so recomendados. Com o objetivo de verificarse o nmero de espcies nativas e exticas utilizadas na restaurao de matas ciliares tem se modificado aolongo do tempo, analisamos 44 projetos implantados de 1957 a 2008, localizados no estado de So Paulo,em regio anteriormente ocupada por Floresta Estacional Semidecidual (FES). Em cada local efetuamos olevantamento das rvores plantadas em rea total de 1.000 m2, subdividida em parcelas aleatoriamente distribudas.Classificamos como exticas todas as espcies que no ocorrem naturalmente em regio de FES. O nmerototal de espcies amostradas por local variou de 12 a 58 e registramos espcies exticas em todos os plantiosestudados. Verificamos que a riqueza de espcies plantadas aumentou, passando de 25 espcies, em mdia, nasdcadas de 1970, 1980 e 1990, para 33 espcies entre 2000 e 2008. Porm, o aumento no nmero de espciesnativas foi acompanhado pelo aumento no nmero de espcies exticas, que vinha decrescendo at a dcadade 1990. Normas voltadas restaurao parecem ter sido bem sucedidas em aumentar a diversidade dos plantios,porm espcies exticas ainda continuam sendo utilizadas nos projetos de restaurao. Para promover plantiosmais adequados aos objetivos da restaurao ecolgica, que primem por espcies nativas, aes como a maiorfiscalizao na produo das mudas fornecidas pelos viveiros e treinamento adequado dos profissionais ligados restaurao ecolgica se tornam necessrias.

    Palavras-chave: Restaurao ecolgica; rea de preservao permanente (APP); Legislao ambiental.

    NATIVE AND EXOTIC TREE SPECIES PLANTED IN RIPARIAN FORESTRESTORATION IN THE STATE OF SO PAULO (1957 - 2008)

    ABSTRACT Ecological restoration in Brazil has intensified in recent decades, and its concepts and paradigmshave progressively changed. In the first decades, the richness of species and their origin were not questionable,since the restoration was intended to restore only ecosystem services. Currently, however, high diversity isrequired and only native species are accepted by environmental laws. In order to verify if the numbers ofnative and exotic species used in ecological restoration have changed over time, we assessed 44 riparianforests undergoing restoration in the state of So Paulo. All study areas were restored from 1957 to 2008,in sites where the former vegetation was seasonal forest (FES). At each site we sampled all trees plantedin a total area of 1000 m2, divided in plots randomly distributed. We classified as exotics all species whosenative range is not the Seasonal Atlantic Forest. The total number of species sampled per site ranged from12 to 58 and exotic species were recorded in all sites. The number of species recorded increased from anaverage of 25 species in the 1970s, 1980s and 1990s, to 33 species from 2000 to 2008. However, the numberof alien species has also increased in the same period. Rules aiming at high diversity in ecological restorationmay have been successful, but the use of exotic species in restoration projects have increased in recent years.Improving inspection in forest nurseries and adequate training of professionals involved in ecological restorationare recommended actions in order to avoid the use of exotic species in restoration projects.

    Keywords: Ecological restoration; Permanently protected areas; Environmental legislation.

    1 Recebido em 21.04.2012 aceito para publicao em 06.08.2013.2 Instituto de Pesquisa Jardim Botnico do Rio de Janeiro, IP/JBRJ, Brasil. E-mail: .3 Universidade de So Paulo, Centro de Recursos Hdricos e Ecologia Aplicada, So Carlos, SP. Email: .4 Floresta Estadual de Assis, Instituto Florestal, Assis, SP. E-mail: e .

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    1. INTRODUO

    A restaurao ecolgica objetiva auxiliar orestabelecimento da integridade de um ecossistemaque foi degradado ou destrudo, buscando areconstituio do seu funcionamento, da estrutura dacomunidade e da composio de espcies nativaslocalmente (PALMER et al., 1997; SER, 2004).

    No Brasil, a consolidao da ecologia da restauraocomo cincia ocorreu, sobretudo, a partir das duasltimas dcadas (RODRIGUES et al. 2009; OLIVEIRA;ENGEL, 2011). Nesse perodo muito se avanou noconhecimento das teorias ecolgicas e na sua aplicaona construo de mtodos aplicados restaurao,com alguns exemplos de projetos que obtiveram sucesso(NOGUEIRA, 1977; DURIGAN; DIAS, 1990) e tambmde outros que foram comparativamente mal sucedidos(BARBOSA et al. 2003; SOUZA; BATISTA, 2004) ematingir os objetivos da restaurao.

    Inicialmente as atividades de restaurao eramrealizadas buscando-se apenas a reconstruo de umafisionomia florestal, sendo pouco considerados aspectosecolgicos, sucessionais ou a escolha das espciesque deveriam ser utilizadas para recuperar osecossistemas e seu funcionamento. Assim, as primeirastentativas de restaurao resultaram em plantios deespcies arbreas incluindo nativas e exticas(BELLOTTO et al., 2009). A utilizao de espciesexticas na prtica da restaurao de ecossistemasocorre deste o incio dessas atividades no Brasil, umavez que no existia nenhuma restrio tcnica ou jurdicaquanto origem das espcies a serem plantadas. Ouso de exticas pode ser facilmente constatado emlistas de espcies apresentadas em dissertaes eteses, anais de eventos e em artigos cientficospublicados no pas sobre restaurao florestal(PULITANO et al., 2004; MELO; DURIGAN, 2007;RODRIGUES et al., 2010).

    Algumas das espcies exticas utilizadas em plantiosde restaurao se tornaram espcies-problema ou mesmoinvasoras, como o caso das jaqueiras na Florestada Tijuca (ABREU; RODRIGUES, 2010). Diante desteproblema, a utilizao de espcies que ocorriamnaturalmente em territrio brasileiro passou a serprivilegiada em detrimento de espcies oriundas deoutros pases. A escolha das espcies nativasbrasileiras, no entanto, no considerava a formaovegetacional e nem mesmo o bioma ou domnio

    fitogeogrfico em que a espcie ocorria (BRANCALIONet al. 2009). Do ponto de vista ecolgico, no apenasespcies de outros pases so consideradas exticas,mas tambm qualquer espcie que esteja fora de suaregio de ocorrncia natural, ainda mais em se tratandode um pas com dimenses continentais como o Brasil.

    No estado de So Paulo, a restaurao ecolgica regulamentada por normas e diretrizes legais detalhadassobre as espcies a utilizar desde o ano de 2001 (ResoluoSMA 21/2001), impondo o uso exclusivo de espciesnativas, entre outros dispositivos. A elaborao destanorma baseou-se em extenso levantamento que constatouo declnio de muitos reflorestamentos, e o insucessofoi atribudo baixa diversidade de espcies plantadas(BARBOSA et al. 2003). Visando seu aprimoramento,a norma foi reeditada duas vezes nos anos seguintes(Resoluo SMA 47/2003 e Resoluo SMA 08/2008),com aumento do nmero mnimo de espcies exigidopara a restaurao e indicao de propores entregrupos funcionais. Atualmente, plantios exclusivamentede espcies nativas de cada formao florestal, comalta diversidade, podem ser considerados dentro dalei (SO PAULO, 2008).

    Esta legislao e sua eficcia ainda geram debatesentre os legisladores, proprietrios rurais e cientistas(ARONSON, 2010; BRANCALION et al. 2010; DURIGANet al. 2010; CALMON et al. 2011; ARONSON et al. 2011).Entre outros aspectos ainda discutidos, as dificuldadesna obteno das mudas adequadas para algumas regiese na identificao correta das espcies que seroplantadas e de sua origem fitogeogrfica so apontadasentre os principais problemas de execuo e fiscalizaodos plantios. De fato, em muitas reas restauradas aindatm sido observadas espcies exticas (DURIGAN etal., 2010) ou mesmo espcies pouco adaptadas aosambientes em que esto sendo introduzidas, verificando-sealta mortalidade das rvores plantadas.

    A introduo de espcies em ambientes onde noocorrem naturalmente representa uma ameaa potencial integridade dos ecossistemas, devido ao risco deque essas espcies se tornem invasoras (MACK etal., 2000; REJMNEK et al., 2005). Em ecossistemasnaturais, espcies exticas invasoras comumente podemcompetir com espcies nativas e at substitu-las (DAVIS,2009). Assim, pelo princpio da precauo, espciesno-nativas no deveriam ser utilizadas em plantiosvisando restaurao de ecossistemas.

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    Espcies exticas so utilizadas com maiorfreqncia na recuperao ou reabilitao de reasdegradadas, uma vez que podem ser a opo maisvivel para plantios em locais com alteraes ambientaisseveras ao ponto de serem limitantes para oestabelecimento e crescimento de vegetao nativa,como o caso de reas mineradas (PARROTA;KNOWLES, 1999; PRACH et al., 2007). Para aconservao da biodiversidade, no entanto, o usode espcies nativas geralmente prefervel, visando conservao das espcies (BROCKERHOFF et al.2008). Ainda que exista muita polmica em torno douso de espcies no-nativas para fins de restaurao(DANTONIO; MEYERSON, 2002), so raros oupraticamente ausentes os registros na literatura sobrea frequncia com que essas espcies so utilizadas.

    Neste estudo, analisamos a riqueza e a origem dasespcies que tm sido utilizadas na restaurao dematas ciliares ao longo dos ltimos 50 anos, para verificar:i) a frequncia e a proporo com que espcies arbreasexticas so utilizadas nos plantios; ii) se a riquezados plantios tem aumentado e se o uso de espciesexticas tem diminudo em anos mais recentes, emresposta aos avanos do conhecimento e como resultadodas restries impostas pela legislao ambiental doEstado de So Paulo.

    2. MATERIAL E MTODOS

    2.1. reas de estudo

    Selecionamos 44 reas de mata ciliar, com idadevariando de dois a 53 anos, restauradas por meio de plantioheterogneo de mudas de espcies arbreas. Todas asreas situam-se em regio de domnio da Floresta EstacionalSemidecidual (VELOSO et al., 1991), nas regies leste,centro, noroeste e sudoeste do estado de So Paulo,mais especificamente nas bacias dos rios Paranapanema,Tiet, Paran e Paraba do Sul (Tabela 1). A maioria dosplantios encontra-se sob clima do tipo Cwa (mais quentee com estao seca definida), ou Cfa (mais fresco, semestao seca), segundo a classificao de Kppen. Atemperatura mdia anual na regio de estudo varia de21oC a 24oC, com temperatura mdia mensal mnima de10oC em alguns locais e mdia das mximas de at 30oC.A precipitao anual mdia gira em torno de 1.400 mm,podendo ser inferior a 40 mm nos meses mais secos, queocorrem durante o inverno (abril a agosto).

    2.2. Amostragem da vegetao

    Os levantamentos foram realizados nos anos de 2010e 2011. A amostragem da comunidade vegetal em cadaum dos locais estudados incluiu somente as espciesarbreas plantadas e foi efetuada em rea total de 1.000 m2,subdividida em parcelas aleatoriamente distribudas (cincoparcelas de 200 m2 no Vale do Paraba e dez de 100 m2no restante do estado). Espcies oriundas da regeneraonatural no foram includas nas anlises deste estudo.A distino entre os indivduos que foram plantados eos que eram provenientes de regenerao natural foi feitapelo reconhecimento das linhas de plantio, evidente mesmoem plantios mais antigos. Em casos excepcionais de plantiosem alinhamento (dois locais), contamos com o auxliodos responsveis pela execuo dos projetos para identificaras rvores plantadas. As espcies observadas nas reasde estudo foram identificadas em campo ou coletadaspara identificao posterior com auxlio de literaturaespecializada ou mediante consulta a especialistas.

    2.3. Classificao das espcies pela origem geogrfica

    Com o objetivo de verificar quais espcies forammais utilizadas nos projetos de restaurao, classificamostodas as espcies amostradas nos 44 plantios segundoa sua origem geogrfica, em trs categorias: a) nativasda Floresta Estacional Semidecidual (FES), regio emque se encontram os plantios estudados; b) nativasde outras formaes vegetacionais brasileiras, diferentesde FES; c) espcies oriundas de outros pases. Essaclassificao foi realizada com base na literatura, tendosido consultados os volumes j publicados da FloraFanerogmica do Estado de So Paulo (WANDERLEYet al., 2001, 2002, 2003, 2005, 2007, 2009), outraspublicaes que trazem a regio de origem das espcies(CORRA, 1984; LORENZI, 1992; RODRIGUES; NAVE,2000; CARVALHO, 2003; DURIGAN, et al., 2004; RAMOSet al., 2008), a lista de espcies que acompanha aResoluo SMA 08/2008, bancos de dados on line,como o Species Link (disponvel em ) e a Lista de Espcies da Flora doBrasil ().

    2.4. Anlise dos Dados

    Para as anlises dos dados, reunimos em um nicoconjunto as espcies de outras regies vegetacionaisdo Brasil e as espcies oriundas de outros pases,considerando todas como exticas, por no ocorrerem

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    Plantio Idade (anos) Municpio Localizao (lat./long.)

    P 1 2 So Jos dos Campos 230649"S/454544"WP 2 3 So Jos dos Campos 230847"S/455159"WP 3 3 Jacare 231549"S/455908"WP 4 4 Pindamonhangaba 225219"S/4522'03"WP 5 4 Trememb 225755"S/453511"WP 6 4 Caapava 230645"S/454627"WP 7 5 Taubat 230129"S/453928"WP 8 6 Trememb 22S59'14"/453703"WP 9 6 Trememb 225845"S/453548"W

    P10 6 Trememb 225804"S/453354"WP11 7 Tarum 2244'56,8"S/5031'1,1"WP12 8 Trememb 225930"S/453652"WP13 8 Trememb 225832"S/453547"WP14 8 Flornea 2248'40,7"S/5040'10,8"WP15 8 Caapava 230557"S/454331"WP16 8 Caapava 230545"S/454319"WP17 8 Trememb 225909"S/453613"WP18 9 Tarum 2243'57,4"S/5033'4,1"WP19 9 Pindamonhangaba 225220"S/452133"WP20 9 Trememb 225802"S/453507"WP21 9 Taubat 230154"S/453911"WP22 10 Trememb 225818"S/453421"WP23 10 Cndido Mota 2243'1,9"S/5019'8,7"WP24 11 Caapava 230422"S/454121"WP25 11 Jacare 231606"S/45W 5915"WP26 12 Trememb 225844"S/453552"WP27 12 Cndido Mota 2242'18,9"S/5021'59,8"WP28 13 Castilho 2045'36,9"S/5135'21,5"WP29 13 Caapava 230616"S/454632"WP30 14 Tarum 2245'58,9"S/5032'2,1"WP31 14 Jacare 231528"S/455908"WP32 15 Trememb 225834"S/453553"WP33 15 Taubat 225950"S/453735"WP34 16 Sandovalina 2232'7,3"S/5159'41,4"WP35 17 Sandovalina 2233'3,7"S/5200'3,9"WP36 17 Flornea 2250'31,4"S/5036'20,1"WP37 18 Tarum 2245'15,1"S/5031'36,3"WP38 21 Tarum 2250'11,9"S/5037'34,1"WP39 22 Iracempolis 2234'38,5"S/4730'31,8"WP40 23 Rosana 2235'14,3"S/5250'52,4"WP41 27 Promisso 2119'42,3"S/4947'1,7"WP42 28 Cndido Mota 2246'56,7"S/5027'44,4"WP43 38 Cndido Mota 2247'23,9"S/5028'4,1"WP44 53 Cosmpolis 2240'19,9"S/4712'27,6"W

    Tabela 1 Localizao geogrfica dos 44 plantios de restaurao de mata ciliar estudados por municpio e idade/anos apso plantio.

    Table 1 Geographical location of 44 riparian forests undergoing restoration, municipality and age/years after planting.

    naturalmente em regies de FES. Assim, calculamoso nmero e a proporo de espcies plantadas nativase exticas da FES e a mdia do nmero dessas espciesnas reas de estudo. Estes dados so descritivos dostipos de espcies que foram introduzidas nas reas

    em restaurao e que sobreviveram at o momento daamostragem, j que, para a maioria das reas, no foipossvel resgatar a informao precisa de todas asespcies que foram plantadas, muitas das quais nose estabeleceram nas florestas restauradas.

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    Mdia Mnimo Mximo Total

    Espcies Nativas 21 (76%) 5 (46%) 44 (96%) 201 (68%)Espcies Exticas 7 (24%) 1 (4%) 16 (54%) 93 (32%)Total (espcies) 28 6 58 294 Indivduos Nativos 91 (72%) 13 (21%) 203 (99%) 4025 (75%)Indivduos Exticos 31 (28%) 1 (1%) 90 (79%) 1368 (25%)Total (indivduos) 122 44 246 5397

    Tabela 2 Valores absolutos e percentuais do nmero mdio, mximo e mnimo de espcies e de indivduos nativos, exticose total, plantados em 44 reas de restaurao de mata ciliar no estado de SP, amostrados em 1000 m2 por local.A coluna Total corresponde aos registros dos 44.000 m2 amostrados nas 44 reas.

    Table 2 Absolute values and percentages of average, maximum and minimum number of species and of native, exoticand total individuals planted in 44 areas of riparian forest restoration in the state of So Paulo, sampled in1000 m2 per site. The "Total" column corresponds to the records of 44,000 m2 sampled in 44 areas.

    Para avaliar se a freqncia de uso de espciesno-nativas na restaurao se modificou nos ltimos50 anos, construmos grficos de disperso baseadosno ano de implantao dos projetos, uma vez que osplantios selecionados para estudo datam de 1957 ato ano de 2008. Calculamos o nmero mdio de espciesnativas, exticas e o nmero total de espcies plantadasnas reas de amostragem, agrupadas por dcada deplantio. Os grficos e as anlises foram construdosutilizando os software OriginPro 8 (OriginLabCorporation, MA).

    3. RESULTADOS

    Nas 44 reas de estudo amostramos 5.394 rvoresplantadas, pertencentes a 294 espcies, das quais 201eram nativas e 93 exticas da Floresta EstacionalSemidecidual. Analisando a origem geogrfica dasespcies plantadas nas reas em restaurao comoum todo, as espcies nativas da FES representaram68% do total amostrado. Entre as exticas, 51 espcies(17% do total de espcies plantadas) eram de outrasformaes vegetacionais do Brasil e 42 espcies(15 % do total) eram oriundas de outros pases. Dessaforma, 32% das espcies utilizadas nos projetos derestaurao no eram nativas da regio em que foramplantadas.

    A freqncia do uso de espcies no-nativas narestaurao de matas ciliares foi elevada, sendoconstatada em todos os plantios estudados (Figura 1).Porm, tanto o nmero total de espcies plantadasamostradas quanto o nmero de espcies nativas ouexticas, foram variveis entre as reas (Tabela 2). Apesardo elevado nmero de espcies amostradas nas reasem restaurao, se consideradas espcies nativas ouno (294 espcies), a riqueza de espcies por local foibaixa, sendo registrado em mdia, 28 espcies plantadasem cada rea, das quais sete (25% das espcies plantadas,em mdia) eram exticas da FES. A proporo de espciesexticas em cada plantio variou de 4% no local P35(Sandovalina, plantio com 17 anos) a 54% no local P3(Cndido Mota, 38 anos). A proporo de rvores deespcies exticas foi, em geral, inferior proporode espcies, variando de 1% dos indivduos plantados,tambm no local P35, at 79% dos indivduos plantadosna rea P16 (Caapava), com oito anos.

    Figura 1 Nmero de espcies arbreas nativas e exticasutilizadas nos plantios de restaurao de matasciliares no estado de SP de 1957 a 2008. R2:coeficiente de determinao da reta.

    Figure 1 Number of native and exotic tree species plantedfor restoration of riparian forests in the state ofSo Paulo from 1957 to 2008. R2: determinationcoefficient.

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    Nenhuma espcie foi amostrada em todos os locais.No entanto, algumas espcies foram utilizadas commais freqncia nos projetos de restaurao, entre asquais se incluem as espcies nativas Citharexylummyrianthum (31 plantios), Cecropia pachystachya (30plantios), Peltophorum dubium (29 plantios), Ingauruguensis (26 plantios), Schinus terebinthifolius (26plantios), Ceiba speciosa (25 plantios) e Anadenantheramacrocarpa (23 plantios). Considerando-se o nmerode indivduos plantados por espcie em todos os locais,as no-nativas Syzygium cumini (espcie do sul asitico)e Inga laurina (nativa da Floresta Ombrfila Densa),destacaram-se entre as dez espcies mais plantadas.Outras espcies oriundas de outros pases tambmforam comumente encontradas nos plantios, comoPsidium guajava (presente em 13 plantios), Jacarandamimosifolia (13 plantios), Cordia myxa (12 plantios)e Leucaena leucocephala (nove plantios). Entre asespcies de outras formaes vegetacionais brasileirasdestaca-se o uso de Schizolobium parahyba (14 plantios)e Guazuma crinita (nove plantios), ambas nativas daFloresta Ombrfila Densa.

    Por meio da anlise da relao entre o uso deespcies nativas e exticas com a idade dos plantios,observamos que, embora o tempo de implantao das

    reas seja responsvel por uma pequena parte davariao no nmero de espcies nativas utilizadas(R2 = 0,13; p < 0,05; Figura 1), o nmero de espciesexticas no explicado pela idade dos plantios(R2 = 0,01; p = 0,43, n.s).

    Ao longo dos ltimos 50 anos de restaurao florestalno Estado de So Paulo, observamos que o nmerode espcies nativas utilizadas nos projetos aumentou,se analisados os plantios pela dcada em que foramimplantados (Figura 2). O nmero total de espciesplantadas tambm aumentou nos anos mais recentes,passando de 25 espcies em mdia nas dcadas de1970, 1980 e 1990, para 33 espcies entre 2000 e 2008.Porm, o aumento no nmero mdio de espcies nativasfoi acompanhado pelo aumento no nmero de espciesexticas, que vinha decrescendo at 1999 (1957-1979= 11 espcies exticas; 1980-1989 = 7; 1990-1999 = 5;2000-2008 = 9; Figura 2).

    Por outro lado, a anlise da freqncia de usode espcies exticas nos plantios evidencia que quantomaior o nmero de espcies plantadas, tambm tendea ser maior o nmero de espcies exticas utilizadaspara a restaurao das matas ciliares (Figura 3). O nmerototal de espcies plantadas explica 53% da variaono nmero de espcies exticas utilizadas.

    Figura 3 Relao entre o nmero total de espcies arbreasplantadas e o nmero de espcies exticas utilizadasem plantios de restaurao de matas ciliares. R2:coeficiente de determinao.

    Figure 3 Relationship between the total number of speciesplanted and number of exotic species used forriparian forests restoration. R2: determinationcoefficient.

    Figura 2 Mdia do nmero total de espcies arbreas plantadas(amostradas em 1.000 m2), e porcentagem de espciesnativas e exticas utilizadas em plantios de restauraode matas ciliares no Estado de So Paulo, agrupadossegundo a dcada de implantao dos projetos.

    Figure 2 Mean of the total number of tree species (sampledin 1000 m2), and percentage of native and exoticspecies used in riparian forest restoration in theState of So Paulo, grouped according to decadeof projects implementation.

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    4. DISCUSSO

    Ao longo dos ltimos 50 anos de prtica darestaurao de matas ciliares no estado de So Paulo,espcies nativas vm sendo cada vez mais priorizadasnos projetos, aumentando em nmero a cada dcada.No entanto, espcies exticas foram e continuam aser amplamente utilizadas na restaurao. Com asmudanas ocorridas devido ao avano do conhecimentoe s restries impostas pela legislao quanto ao usoexclusivo de espcies nativas, esperava-se que,especialmente nos ltimos dez anos, espcies exticasfossem ausentes ou ao menos ocasionais, o que nofoi observado. Espcies exticas estiveram presentesem 100% dos plantios estudados e em proporeselevadas, uma vez que uma em cada quatro espciesplantadas em matas ciliares na ltima dcada no eranativa da regio de plantio.

    Com relao riqueza, o nmero de espcies plantadasregistrado foi em geral baixo (28 espcies em cada rea,em mdia). possvel que um nmero maior de espciestenha sido plantado (inclusive de exticas) e que muitasdelas no tenham se adaptado ao ambiente restaurado,resultando resultando em menor riqueza amostrada doque no momento do plantio. Cabe ainda a ressalva deque nmero de espcies amostradas corresponde reade apenas 1000 m2 em cada local. Mesmo com essasconsideraes, a riqueza amostrada est aqum doesperado para a restaurao de florestas tropicais, quebusca a mxima diversidade possvel.

    O aumento significativo do nmero de espciesutilizadas na restaurao de matas ciliares na ltima dcada,em comparao com perodos anteriores, deve estardiretamente relacionado presso das exigncias legaisque passaram a vigorar a partir de 2001. Porm, esseaumento foi acompanhado por aumento tambm no nmerode espcies exticas, que vinha diminuindo nas quatrodcadas anteriores (at 1999). Se espcies exticas soencontradas mesmo em plantios recentes, porque mudasdessas espcies ainda so produzidas nos viveiros edestinadas aos projetos de restaurao. De fato,verificamos que quanto maior o nmero de espciesusadas nos plantios, maior a probabilidade de se introduzirtambm uma espcie extica, aumentando o risco deinvases biolgicas a partir das reas restauradas.

    A introduo de espcies exticas em todo o mundoest diretamente relacionada, na maioria dos casos, comos interesses humanos, seja pelo potencial ornamental,

    de horticultura, para fins comerciais ou mesmo culturais(RICHARDSON; REJMNEK, 2011). No caso darestaurao florestal, a utilizao de espcies exticastem ligao histrica com o desenvolvimento dessa prticano Brasil, a comear pela restaurao da Floresta daTijuca (ABREU; RODRIGUES, 2010). A utilizao deespcies exticas tem ocasionado problemas para algumasregies, com essas espcies escapando das reasrestauradas e invadindo reas naturais remanescentesnas proximidades (ex. Leucena leucocephala, Tecomastans, Schizolobium parahyba), de modo que algunsdos projetos de restaurao florestal podem se configurarcomo uma das formas de disseminao dessas espciesem diferentes regies de ocorrncia da Mata Atlntica(BRANCALION et al., 2009).

    Rodrigues et al. (2009) avaliaram que, durante osperodos iniciais da restaurao, a produo e o usode mudas de outras formaes vegetacionais do Brasilera comum, sendo todas consideradas nativas. Athoje, essa percepo faz com que espcies de outrasregies sejam utilizadas sem restries na maioria dosplantios de restaurao. Mesmo que exista a conscinciadas peculiaridades fitogeogrficas, em muitos casos,espcies de outras formaes vegetacionais brasileirasso utilizadas nos plantios de restaurao por faltade conhecimento sobre suas regies de ocorrncianatural. O erro tambm decorre, muitas vezes, dasemelhana entre determinadas espcies exticas eas nativas do mesmo grupo taxonmico. Uma espcieque ilustra bem essa situao Acacia tenuifolia. Nativada Floresta Estacional Decidual, essa espcie foiamostrada em trs plantios efetuados pela CompanhiaEnergtica de So Paulo (CESP), tendo sido introduzidaacidentalmente nos viveiros e nos plantios da empresaporque suas mudas so muito semelhantes s do angico(Anadenanthera macrocarpa) (Celso Machado, CESP,comunicao pessoal). A espcie s foi identificadacorretamente quando da realizao do presente estudoe, sem identificao correta, foi amplamente utilizadae agora se dissemina rapidamente entre as plantas emregenerao em vrios locais. Tambm pela semelhanamorfolgica, a espcie da famlia Meliaceae Clausenaexcavata foi introduzida em Iracempolis, confundidacom Cabralea canjerana (Pedro H.S. Brancalion,comunicao pessoal), e hoje exerce forte dominnciasobre espcies nativas no estrato regenerante.

    A composio de espcies constitui aspectofundamental de qualquer ecossistema, por serdeterminante de sua estrutura e funo (CLEWELL;

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    ARONSON, 2007). Por isso, buscar a composio deespcies mais apropriada a cada ambiente que se pretendarestaurar de grande importncia. No entanto, aresponsabilidade pela escolha das espcies geralmentecabe aos profissionais que elaboram projetos ou queatuam diretamente na restaurao e que, muitas vezes,no possuem conhecimento adequado para a tarefa.A falta de fiscalizao nos viveiros, aliada dificuldadede identificao correta das espcies por parte dosviveiristas, coletores de sementes, agentes de rgoslicenciadores e demais profissionais que atuam narestaurao esto entre os fatores responsveis pelapresena dessas espcies nos plantios. Dessa forma,a falta de treinamento e fiscalizao, visando evitaro uso de espcies exticas potencialmente invasoras,pode comprometer o sucesso de projetos de restaurao.O risco de invaso deve ser sempre levado emconsiderao quando se trata de espcies no-nativas,as quais podem exibir comportamentos populacionaisdiferentes de acordo com os ambientes em que estosendo introduzidas (COLAUTTI; MCISAAC, 2004; VANKLEUNEN, et al. 2010).

    A restaurao ecolgica de ecossistemas naturaisbusca, dentro de limites razoveis, a maior semelhanapossvel entre a rea restaurada e os ecossistemasnaturais que foram destrudos. Partindo-se dessapremissa, a diminuio ou a supresso do uso deespcies exticas nos projetos de restaurao algodesejvel (HOBBS; RICHARDSON, 2011). Todavia,a destinao de recursos e esforos visando erradicao generalizada de espcies j plantadas,simplesmente pelo fato de no serem nativas, no recomendada (SIMBERLOFF et al., 2005; GARDENERet al., 2011). Iniciativas de manejo visando erradicarespcies exticas devem ser sempre acompanhadasde estudos ecolgicos especficos que demonstremque a permanncia dessas espcies pode colocar emrisco o ecossistema em restaurao ou at mesmoecossistemas naturais vizinhos.

    Poucos estudos sobre a restaurao deecossistemas tm enfocado espcies invasoras,exticas ou indesejveis, como analisado por Oliveirae Engel (2011). Assim, o papel ecolgico que essasespcies tm desempenhado nas comunidades e nosecossistemas ainda no foi devidamente elucidado(DANTONIO; MEYERSON, 2002). As espcies exticasque tm sido utilizadas podem no ser ou no vira se tornar invasoras nas reas em que foram

    introduzidas (WILLIAMSON, 1996; DAWSON et al.,2009). Alm disso, sabe-se que algumas espciesexticas podem desempenhar papis positivos nosecossistemas, como, por exemplo, o de facilitadorasno estabelecimento de outras espcies ou naestruturao das comunidades (DANTONIO;MEYERSON, 2002; EWEL; PUTZ, 2004; MARTNEZ,2010; SCHLAEPFER et al., 2011).

    O avano do conhecimento gerado pela comunidadecientfica e as polticas pblicas ambientais no Estadode So Paulo que se destinaram a estabelecer normasrigorosas quanto s espcies a utilizar ainda no foramefetivas em restringir o uso de espcies exticas emplantios de restaurao. Para promover plantios maisadequados aos objetivos da restaurao ecolgica eque primem por espcies nativas, necessrio intensificara fiscalizao na produo das mudas fornecidas pelosviveiros e oferecer treinamento adequado aosprofissionais ligados restaurao ecolgica em todasas suas etapas. Alm disso, preciso intensificar aspesquisas. Estudos de longo prazo sobre odesenvolvimento das florestas em restaurao e a maneiracomo as espcies exticas se comportam nessascomunidades so necessrios, como ferramentas desuporte s decises de manejo relativas s espciesexticas que j existam ou que venham a ser utilizadasna restaurao ecolgica ou na reabilitao deecossistemas degradados.

    5. AGRADECIMENTOS

    Secretaria do Meio Ambiente do Estado de SoPaulo, pelo financiamento do projeto de pesquisaTrajetrias Sucessionais de Plantios de Restauraode Matas Ciliares, no mbito do Projeto Mata Ciliar, Fundao de Amparo Pesquisa no Estado de SoPaulo FAPESP, pela bolsa concedida a G.B.A. (Processo2009/11752-8), ao Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientfico e Tecnolgico CNPq, pela bolsa de doutoradoa M.S.S. (Processo 143423/2009-6) e de produtividadeem pesquisa a G.D. (Processo 303402/2012-1).

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