ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS DO BRASIL · Tecnologia” definido pela OCDE, a possuir...

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ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS DO BRASIL DO BRASIL SEMINÁRIO ESTRATÉGIA DE DEFESA NACIONAL E A INDÚSTRIA DE DEFESA Painel: A Estratégia de Defesa Nacional e os desafios da absorção e desenvolvimento de novas tecnologias A Questão da Tecnologia Aeronáutica no Brasil ENG. WALTER BARTELS BRASÍLIA, 7 DE ABRIL DE 2009

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ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS AEROESPACIAIS DO BRASILDO BRASIL

SEMINÁRIO ESTRATÉGIA DE DEFESA NACIONAL E A INDÚSTRIA DE DEFESAPainel: A Estratégia de Defesa Nacional e os desafios da absorção e

desenvolvimento de novas tecnologiasA Questão da Tecnologia Aeronáutica no Brasil

ENG. WALTER BARTELSBRASÍLIA, 7 DE ABRIL DE 2009

AIABAIAB

APR 005/2009 Pág.: 3

A Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil é a entidade de

classe nacional, que congrega as empresas nacionais do setor

aeroespacial brasileiro (aeronáutica, espaço e defesa). Fundada em

18 de março de 1993, com sede em São José dos Campos – SP

opera de forma similar às organizações congêneres de outros países.

É membro do International Coordinating Council of Aerospace

Industries Associations – ICCAIA, juntamente com suas congeneres

do Canadá, Estados Unidos, Europa e Japão.

AIABAIAB

– SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

– INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

– PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

– CONCLUSÃO

TÓPICOSTÓPICOS

SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

CONSTITUIÇÃO FEDERALArt. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:I – a soberania...

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:II – garantir o desenvolvimento nacional;III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais;...Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I – independência nacional;

SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

CONSTITUIÇÃO FEDERALArt. 218 - O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas;

§2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacionale regional;

Art. 219 - O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos da lei federal.

SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

LEI COMPLEMENTAR No 97, DE 09/06/99

Artigo 14, Inciso IIProcura da autonomia nacional crescente, mediante contínua nacionalização de seus meios, nela incluídas pesquisa e desenvolvimento e o fortalecimento da indústria nacional;

SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA– “Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia

nacional de desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento”;

– “Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento”;

– “Independência nacional, alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Não pe independente que mão tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desenvolvimento”.

SOBERANIA, INDEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

MODELO BRASILEIRO SOB LIDERANÇA DE CASIMIRO MONTENEGROParadigmas:

- Ensino: Massachusetts Institute of Technology (MIT);- Institutos de Pesquisa: Wright Field.

Criação do CTA:- Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA: formação de

engenheiros no modelo do MIT, professores de renome, brasileiros e estrangeiros, laboratórios de alto nível. Trabalhos de Graduação: projeto e construção de aeronaves

- Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IPD: Departamentos de materiais, de eletrônica aplicada, de motores e de aeronaves;

- Contribuição Alemã – Prof. Heinrich Focke e outros, nas áreas:• Convertiplano;• Helicóptero;• Pulso-Jato e “Ram Jet”.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

PLATAFORMA TECNOLÓGICA INICIAL

1950 1960 1970 1980 1990

Desenvolvimento

EMB-110

EMB-326

Prod. Licenciada

IPD 65/04

Desenvolv.Tecnológico

Beija FlorHeliconair

Desenvolv.Tecnológico

- CTA / IPD - - INDÚSTRIA -

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

HELICONAIR HC-1

RESULTADOS DO CTA (50’s)

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

BEIJA-FLOR

RESULTADOS DO CTA (50’s)

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

CTA/IPD/PAR - IPD 6504 – BANDEIRANTE PROTOTIPO

BRASILRESULTADOS DO CTA (60’s)

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

TRANSIÇÃO CTA/IPD PARA A INDÚSTRIA

O IPD demonstrou sua capacitação tecnológica para projetar, desenvolver e ensaiar uma aeronave, através da validação do Projeto IPD-6504 – Bandeirante, bem como criou a competência de certificação de aeronaves. Foi decidido tornar o Bandeirante um produto, o que exigiu a criação de uma indústria – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. – Embraer.A transferência de tecnologia incorporada pelo CTA, para a Embraer, deu-se de uma forma simples e eficaz: a equipe do Departamento de Aeronaves foi assumida pela Embraer, exceto as atividades de certificação aeronáutica e ensaios em vôo.Em decorrência, a indústria brasileira da época, face ao “Modelo Casimiro Montenegro”, nasceu já com o DNA de conceber, desenvolver, certificar e fabricar produtos aeroespaciais.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

EMBRAER EMB-110 - BANDEIRANTE

RESULTADO INDUSTRIAL (70’s)

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADOS DA PLATAFORMA TECNOLÓGICA INICIALCONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA

– EMB-110 Bandeirante – 500 exemplares, > 50% exportados;– EMB-200 Ipanema – mais de 1000 exemplares;– EMB-312 Tucano – mais de 650 exemplares >500 exportados,

ou fabricados sob licença (Inglaterra e Egito), Brasil transferindo tecnologia;

– EMB-121 Xingu – mais de 100 exemplares, aproximadamente 50% exportados;

– EMB-120 Brasília – 350 exemplares, a maioria exportada.

CONTEXTO− “Capitalização” da Embraer, então estatal, geralmente

embutida dentro de compras governamentais;− Capacidade da certificação aeronáutica brasileira reconhecida

através de acordo bilateral entre Estados Unidos e Brasil.Nota: A Embraer criou no mundo o nicho de mercado do avião treinador militar turbo-hélice: EMB-312.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

SEGUNDA PLATAFORMA TECNOLÓGICA

1970 1980 1990

- INDÚSTRIA -

2000

AMX

Desenvolvimento

PROGRAMA AMX Desenvolvimento e produção conjunta entre Brasil e Itália de um avião de combate a reação – requisitos operacionais do teatro NATO (1980-1990): sistema de navegação e ataque no estado da arte, domínio tecnológico completo por ambos os países.Nota: considerado então na Europa como o maior programa de cooperação Norte-Sul, em termos de tecnologia e dimensão.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

AM-X

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADOS DA SEGUNDA PLATAFORMA TECNOLÓGICATecnologias incorporadas através do programa AM-X

– Aerodinâmica transônica;– Sistemas aviônicos de navegação e ataque integrado,

inclusive digitalmente;– Sistema de comando de vôo “fly-by-wire”;– Usinagem mecânica de peças complexas (CNC 5 e 6 eixos);– Ampliação do uso de sistemas CAD-CAM, e da produção de

peças em material composto.Contribuição econômica decorrente das tecnologias do AMX

– Dois mil aviões comerciais, entregues, ou pedidos firmes > US$ 55 bilhões, em geral exportados.

Contexto– Transição da Embraer de empresa estatal para privada e

consequente capitalização real;– Certificação aeronáutica brasileira reconhecida mundialmente;– Apoio brasileiro para financiamento de vendas de aeronaves

(caso da família ERJ).

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADO DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – PROGRAMA AM-X− Família de Jatos Regionais

EMBRAER - ERJ-145/135/140

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADO DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – PROGRAMA AM-X− Família de Jatos Comerciais

EMBRAER – EMB - 170 / 175/ 190 /195

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADO DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – PROGRAMA AM-X − Jatos Executivos

PHENOM 100

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESULTADO DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – PROGRAMA AM-X− Aviões SIVAM

Avião EMB 145 AEW&C

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

RESUMO

Uma indústria aeroespacial é forte quando domina suas tecnologias, incorporadas através da execução do desenvolvimento completo de produtos.Tecnologias de ponta ou sensíveis (ex.: acordo MTCR) não são passíveis de transferência, exemplos: Israel F-16 (USA); Brasil – propulsão líquida (França). O cerceamento tecnológico enfrentado pelo Brasil, foi objeto de um seminário em Brasília em 25/03/2009 com destaque para a Base Industrial de Defesa.Produtos de defesa são passíveis de exportação somente quando existe domínio tecnológico e o seu próprio Governo os adquire.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA – INDÚSTRIA AERONÁUTICA

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

STATUS DO SETORAções governamentais continuadas e coerentes do então Ministério da Aeronáutica, bem como o processo de privatização, conduziram a:

– Maior indústria aeronáutica do Hemisfério Sul;– Tecnologia, produtos e marcas próprias;– Elevada maturação – exporta tecnologia e licencia fabricações; – Preparada para atuar numa economia globalizada. Em 2007, 3,4%

da pauta brasileira de exportações;– Fortemente confrontada, comercial e estrategicamente, por

nações desenvolvidas, face a sua reconhecida competitividade;– Entidade Governamental de Certificação reconhecida

internacionalmente. (Ex. Acordo Brasil – USA, desde 1976);– Curso de Ensaios em Vôo reconhecido internacionalmente.

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIROTECNOLOGIA– Projeto de aeronave “paperless” e sem uso de “mock-ups

físicos;– Sistemas de navegação e ataque de aeronaves militares

controlados digitalmente;– Sistema de comando de vôo “fly-by-wire”;– Aeronave alerta-radar (“AWACS”);– Radares de bordo dopller e de abertura sintética;– Mísseis ar-ar, ar-solo e solo-solo;– Fusão de dados em sistemas complexos;– Laboratório de Integração de Satélites;– Gerenciamento de programas internacionais de cooperação;– VANTs – domínio na classe de pequenos veículos;– Radares de solo de alta sensibilidade.

CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA DO SETOR PARA O BRASIL

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

2004 2005 2006 2007Receitas (US$ bilhões) 4.2 4.3 4.3 6.2Particip. no PIB Indl (%) 1,9 1,5 1,5 1,9Exportações (US$ bilhões) 3.5 3.7 3.9 5.6Empregos Diretos (AIAB) 18.000 19.800 22.000 25.200

SEGMENTAÇÃO 2007Aeronáutica: 91,3%Defesa: 6,6%Espacial: 0,4%Outros: 1,7%Exportação: 90,8% (3,4% da pauta brasileira)

SEGMENTAÇÃO 2006-Aeronáutica: 91,01%-Defesa: 5,91%-Espacial: 0,39%-Exportação: 88%(3,06% da pauta brasileira)

SEGMENTAÇÃO 2005-Aeronáutica: 87,3%-Defesa: 9,29%-Espacial: 0,24%-Exportação: 90%(3,1 % da pauta brasileira)

SEGMENTAÇÃO 2004-Aeronáutica: 89,6%-Defesa: 9,23%-Espacial: 0,14%-Exportação: 82,72% (3,3 % da pauta brasileira)

Nota: Estimativa para 2008: Receita de produtos de defesa: US$ 570 milhões, aproximadamente 7% do total.

Balança Comercial (US$ Milhões FOB)

Indústria de Transformação: Faixa Alta Tecnologia (OCDE)

Somente a Indústria Aeronáutico tem apresentado saldo exportador positivo. Os demais são altamente importadores

Nota: O passado é positivo, mas sem apoio do Governo, o futuro é preocupante.

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

RESULTADO DO DOMÍNIO TECNOLÓGICO

O domínio tecnológico de seus produtos, determina que a indústria aeroespacial nacional, seja o único setor no campo de “Alta Tecnologia” definido pela OCDE, a possuir marcas brasileiras reconhecidas mundialmente.

Setor

Marca Brasileira Mundial

Aeroespacial Tecnologia de Informação Eletro – Eletrônica Farmacêutica

Embraer, Avibras e Atech

─ ─ ─

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

INTERRUPÇÃO DAS PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS

1950 1960 1970 1980 1990 2000

Beija Flor Heliconair

Desenvolv. Tecnológico

- CTA / IPD - - INDÚSTRIA -

IPD 65/04

Desenvolv. Tecnológico EMB-110

EMB-326

Prod. Licenciada

AMX

Desenvolvimento

Desenvolvimento

?

PANORAMA DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO

CONCLUSÃO

Os Setores Aeroespacial e Defesa apresentam, nesta era de globalização, grandes oportunidades, face a elevada agregação de valor dos seus produtos e serviços, contribuindo para o aumento do PIB brasileiro direta e indiretamente, além de seu elevado potencial de exportação gerando superávit comercial, empregos, impostos, etc.

A existência de uma indústria aeroespacial e de defesa forte em um país, é um dos principais fatores de demonstração de seu Poder, face a importância da tecnologia envolvida e sua dualidade de aplicação.

É obrigatória a colocação de programas governamentais na indústria brasileira que incluam o seu desenvolvimento, em especial quando o produto é considerado estratégico ou sensível, inclusive espacial.

A visão percebida da futura Estratégia Nacional de Defesa, lançada em dezembro de 2008, é totalmente codividida pela indústria aeroespacial brasileira.

CONCLUSÃO