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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS ASSOCIAÇÃO ENTRE NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA E INFECTIVIDADE DE Anopheles spp. EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2010 A DEZEMBRO DE 2013 IZABELA CHAVES DE ARAÚJO Belém-Pará 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE

AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

ASSOCIAÇÃO ENTRE NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA E INFECTIVIDADE DE Anopheles spp. EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2010 A DEZEMBRO DE

2013

IZABELA CHAVES DE ARAÚJO

Belém-Pará 2015

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IZABELA CHAVES DE ARAÚJO

ASSOCIAÇÃO ENTRE NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA E

INFECTIVIDADE DE Anopheles spp. EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2010 A DEZEMBRO DE

2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito final para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientadora: Profa. Dra. Marinete Marins Póvoa

Belém-Pará

2015

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IZABELA CHAVES DE ARAÚJO

ASSOCIAÇÃO ENTRE NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA E INFECTIVIDADE DE

Anopheles spp. EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE

JANEIRO DE 2010 A DEZEMBRO DE 2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Pará como requisito final para a obtenção do grau de Mestre em Biologia

de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientadora: Profª Dra. Marinete Marins Póvoa

Instituto Evandro Chagas/SVS/MS-PA

Membros Titulares: Prof° Dra. Mônica Cristina de Moraes Silva Bonfim

Instituto Evandro Chagas/SVS/MS-PA

Profª Dra. Jeannie Nascimento dos Santos

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Prof° Dr. Ediclei Lima do Carmo

Instituto Evandro Chagas/SVS/MS-PA

Suplentes: Profª Dra. Maristela Gomes da Cunha

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Belém, 1 de julho de 2015

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“O papel dos infinitamente pequenos na natureza é infinitamente grande.”

(Louis Pasteur)

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À DEUS, pelo dom da vida, da inteligência e da capacidade de correr atrás dos

meus objetivos. Por ter sido um refúgio para mim em muitos momentos de dúvida e

por ter iluminado meu caminho até aqui.

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AO MEU NAMORADO, Antonio Carlos por todos os conselhos, por ter lutado comigo

lado a lado nesta etapa tão importante de minha vida, por ser um espelho, meu

maior exemplo de ser humano honesto e batalhador.

À FAMÍLIA, pai Edgard, mãe Iolanda e irmã Luiza por me apoiarem sempre em

minhas escolhas, acreditarem em meu potencial, por terem orgulho de mim e me

fazer enxergar o futuro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Universidade Federal do Pará, juntamente com o

Instituto de Ciências Biológicas, por terem sido nestes dois anos de mestrado os

lugares onde obtive inestimáveis conhecimentos que levarei por toda a minha vida

profissional.

Ao Programa de Pós Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários e toda a sua equipe de professores, coordenadores e funcionários.

Obrigada por todos os ensinamentos e ajuda que me foram dados em todo o

período do mestrado.

Ao CNPq, por todo o suporte financeiro que me foi concedido durante dois

anos de bolsa. Sem isso, o caminho até aqui teria sido muito mais difícil.

Ao Instituto Evandro Chagas, por mais uma vez me receber e permitir que ali

eu desenvolvesse minha pesquisa.

À Seção de Parasitologia do IEC, especialmente a todos os colegas de

trabalho do Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária. Obrigada por toda a

ajuda com as fichas entomológicas e por todas as dúvidas que me ajudaram a

sanar.

À minha orientadora Dra. Marinete, por toda a paciência, por todas as dicas e

ensinamentos e pela oportunidade de poder desenvolver meu projeto e fazer parte

da sua equipe.

À toda a equipe do Laboratório de Geoprocessamento, por toda a atenção e

ajuda na confecção dos mapas utilizados no meu trabalho;

À minha família (pai, mãe e irmã) por todo o apoio incondicional, motivação e

puxões de orelha.

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Ao meu namorado Antonio Carlos, por ter sido durante todo esse tempo a

minha força motriz, o meu principal ombro amigo e incentivador.

Aos amigos do mestrado, com os quais convivo até hoje. Obrigada por todos

os momentos em que aprendemos juntos, pelos momentos de descontração e por

toda a torcida.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................. 08

ABSTRACT......................................................................................................... 09

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 10

1.1. ASPECTOS GERAIS DA MALÁRIA............................................................ 10

1.2. EPIDEMIOLOGIA DA MALÁRIA.................................................................. 11

1.3. VETORES.................................................................................................... 14

1.4. ASPECTOS GERAIS DA TRANSMISSÃO DA MALÁRIA........................... 16

1.5. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DA MALÁRIA E CONTROLE VETORIAL 17

1.6. TAXA DE INFECTIVIDADE.......................................................................... 17

1.7. JUSTIFICATIVA............................................................................................ 20

1.8. OBJETIVOS.................................................................................................. 21

1.8.1. Objetivo Geral............................................................................................ 21

1.8.2. Objetivos Específicos............................................................................... 21

2. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 23

2.1. TIPO DE ESTUDO......................................................................................... 23

2.2. ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................... 23

2.3. ÁREA DE ESTUDO........................................................................................ 23

2.4. COLETA DO NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA........................................ 24

2.5. COLETA DE DADOS DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE

MOSQUITOS ANOFELINOS..........................................................................

2.6. COLETA DOS DADOS DE INFECTIVIDADE DAS ESPÉCIES DE

MOSQUITOS ANOFELINOS..........................................................................

24 24

2.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 24

3. RESULTADOS................................................................................................... 26

3.1. NÚMERO DE CASOS REGISTRADOS DE MALÁRIA NO PERÍODO DE

ESTUDO.........................................................................................................

26

3.2. IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE Anopheles........................................... 28

3.3. DETERMINAÇÃO DA TAXA DE INFECITIVDADE........................................ 32

3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA.............................................................................. 33

4. DISCUSSÃO...................................................................................................... 34

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5. CONCLUSÕES.................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 41

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RESUMO

A malária é uma doença endêmica da Região Amazônica, onde o Estado do Pará

prevalece como um dos estados da região onde mais são registrados casos da

doença. O objetivo do presente estudo foi buscar uma associação entre o número

de casos de malária registrados no Pará no período de Janeiro de 2010 a

Dezembro de 2013 e a taxa de infectividade de mosquitos do gênero Anopheles

coletados durante esse período. As áreas de estudo escolhidas foram os

municípios de Anapu, Altamira, Canaã dos Carajás, Goianésia do Pará, Itaituba,

Pacajá, Parauapebas, Peixe-Boi, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. No

período de estudo, foram registrados ao todo pelo SIVEP-Malária um total de

92.330 casos de malária nos municípios alvo neste estudo. Foram coletados e

identificados ao todo 3.060 mosquitos, dos quais 1602 foram Anopheles darlingi,

447 Anopheles albitarsis s.l., 235 Anopheles triannulatus, 356 Anopheles

nuneztovari, 86 Anopheles oswaldoi, 83 Anopheles galvaoi, 187 Anopheles

strodei, 37 Anopheles braziliensis, 21 Anopheles peryassui, 2 Anopheles

mediopunctatus, 2 Anopheles evansae, 1 Anopheles mattogrossensis e 1

Anopheles intermedius. Dos 3.060 mosquitos testados, 19 foram positivos para o

teste de ELISA, totalizando taxa de infectividade igual a 0,62%. Ao todo, 17

exemplares de Anopheles darlingi estavam infectados por Plasmodium falciparum

ou Plasmodium vivax VK210 e VK247 e 2 Anopheles nuneztovari infectados por

P. vivax VK210 ou VK247. O teste estatístico Correlação Linear de Pearson não

encontrou qualquer associação entre as variáveis ‘casos de malária registrados’ e

‘taxa de infectividade dos mosquitos capturados’. Este estudo concluiu que o An.

darlingi é o principal vetor da malária no Pará e que An. nuneztovari desempenha

papel secundário na transmissão da doença. Os casos de malária causados por

P.vivax continuam a ser maioria em relação aos casos de malária por P.

falciparum.

Palavras-chave: Anopheles, infectividade, Pará.

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ABSTRACT

Malaria is an endemic disease in the Amazon region, where the state of Pará

prevails as one of the states in the region where more are recorded cases of the

disease. The aim of this study was to seek an association between the number of

malaria cases reported in Pará from January 2010 to December 2013 and infectivity

rate of Anopheles mosquitoes collected during that period. The chosen areas of

study were the municipalities of Anapu, Altamira, Canaã dos Carajás, Goianésia do

Pará, Itaituba, Pacajá, Parauapebas, Peixe-Boi, Senador Jose Porfirio and Vitória do

Xingu. During the study period were recorded at all by SIVEP-Malaria a total of

92,330 cases of malaria in the municipalities targeted in this study. Were collected

and identified a total of 3,060 mosquitoes, of which 1602 were Anopheles darlingi,

447 Anopheles albitarsis s.l., 235 Anopheles triannulatus, 356 Anopheles

nuneztovari, 86 Anopheles oswaldoi, 83 Anopheles galvaoi, 187 Anopheles strodei,

37 Anopheles braziliensis, 21 Anopheles peryassui, 2 Anopheles mediopunctatus, 2

Anopheles evansae, 1 Anopheles mattogrossensis and 1 Anopheles intermedius. Of

the 3,060 mosquitoes tested, 19 were positive for ELISA, totaling infectivity rate of

0.62%. In all, 17 specimens of Anopheles darlingi were infected by Plasmodium

falciparum or Plasmodium vivax VK210 and VK247 and 2 Anopheles nuneztovari

infected with P. vivax VK210 or VK247. The statistical test of Pearson Linear

correlation found no association between the variables 'malaria cases reported' and

'infectivity rate of mosquitoes captured'. This study concluded that An. darlingi is the

principal malaria vector in Pará and An. nuneztovari plays a secondary role in

disease transmission. Cases of malaria caused by P. vivax are even more common

than in the cases of P. falciparum malaria.

Key-words: Anopheles, infectivity, Pará

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1. INTRODUÇÃO

1.1. ASPECTOS GERAIS DA MALÁRIA

A malária, conhecida também como febre palustre, impaludismo, sezão,

maleita ou febre intermitente, é uma doença febril aguda não contagiosa causada

por protozoários intracelulares do gênero Plasmodium. Em humanos, a doença é

causada por cinco espécies diferentes de Plasmodium: Plasmodium falciparum,

Plasmodium vivax (com suas variantes três variantes, baseadas em análise das

unidades repetidas da proteína de superfície Circunsporozoíta: VK247, VK210 e

P.vivax-like), Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium knowlesi, este

último considerado como agente de malária humana a partir de 2008 (White, 2008).

Historicamente, o termo “malária” vem do italiano “mal’aria” que significa

“mau ar” por se acreditar antigamente que a doença era originária dos pântanos.

Entretanto, em meados do século XIX, o francês Alphonse Laveran descobriu

parasitos no sangue de pessoas doentes. Subsequentemente, o médico britânico Dr.

Ronald Ross descobriu que a malária era transmitida por artrópodes hematófagos,

mas só anos mais tarde o professor italiano Giovanni Battista Grassi pôde

comprovar que a transmissão ocorre unicamente pela picada de mosquitos do

gênero Anopheles (Tuteja, 2007).

O Plasmodium possui um ciclo evolutivo complexo e heteroxênico,

envolvendo um hospedeiro invertebrado (mosquito) e um vertebrado (homem),

sendo transmitida ao homem pela picada da fêmea de mosquitos do gênero

Anopheles infectada que, ao exercer hematofagia, injeta na corrente sanguínea do

hospedeiro o esporozoíto, forma infectante presente em suas glândulas salivares

(Cox, F. E. G. 2010).

Uma vez no organismo do hospedeiro, o Plasmodium invade primeiramente

os hepatócitos, onde dá início ao desenvolvimento assexuado do parasito. Nesta

fase, a infecção pelo plasmódio é assintomática e tem duração de aproximadamente

10 a 12 dias até que os hepatócitos sejam rompidos, liberando milhares de

merozoítos na corrente sanguínea (Vasquez & Tobón, 2013). Na fase eritrocítica da

malária, os merozoítos invadem rapidamente os glóbulos vermelhos do sangue,

causando profundas mudanças na superfície destas células (knobs) à medida que

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crescem e se reproduzem, resultando por fim na ruptura dos eritrócitos e

aparecimento dos sintomas clínicos (Cowman et al., 2012).

Em P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos podem permanecer latentes no

fígado em forma de hipnozoítos, formas responsáveis pelas recaídas da doença

características destas duas espécies (Krotosky, 1989).

Dando continuidade ao ciclo, uma pequena parte dos merozoítos se

diferencia em gametócitos (masculinos e femininos), infectantes para o hospedeiro

invertebrado, que serão ingeridos pela fêmea do mosquito no momento do repasto

sanguíneo, sofrendo gametogênese no lúmen intesinal do vetor (Mueller et al.,

2010). Após a diferenciação em esporozoíto, estágio infectante para o homem, o

parasita migra para as glândulas salivares do vetor, onde estará pronto para ser

transmitido a novos hospedeiros (Aly et al., 2009).

1.2. EPIDEMIOLOGIA DA MALÁRIA

Dados do ano de 2013 da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam

que haja noventa e sete países no mundo nos quais a transmissão da malária está

ocorrendo, além de outros sete em fase de prevenção para que a reintrodução da

doença não aconteça, totalizando assim centro e quatro países considerados como

áreas endêmicas da enfermidade. A OMS estima ainda um número total de 3.4

bilhões de pessoas vivendo sob o risco de contrair malária (WHO, 2013) (Figura 1).

Figura 1. Distribuição geográfica da malária humana no mundo (Fonte: OMS, 2014).

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A incidência da malária no ano de 2012 foi de cerca de 207 milhões de

casos, sendo que destes 627 mil resultaram em morte. A maior parte dos casos da

doença aconteceu na África (80%). A faixa etária mais acometida foi a de crianças

com menos de cinco anos de idade, resultando em 77% das mortes do mundo

inteiro. De um total de quarenta e três países africanos, oito (Botsuana, Cabo Verde,

Eritreia, Namíbia, Ruanda, São Tomé e Príncipe, África do Sul e Suazilândia) estão

em processo de diminuição da incidência da doença em 75% ou mais (WHO, 2013).

Além do continente africano, países do Sudeste asiático e da América do Sul

figuram entre as regiões mais atingidas pela doença (Cruz et al., 2013).

Países sul americanos, sendo que os da região amazônica (Suriname,

Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru e Brasil)

são responsáveis por 89,3% dos casos da doença, existindo a possibilidade de

subnotificação devido a limitações de diagnóstico e registro de casos em

determinadas áreas, não existindo, portanto, um consenso sobre qual a melhor

estratégia de controle a ser utilizada (da Silva-Nunes et al., 2011). Segundo dados

de 2013 da Organização Mundial da Saúde, houve uma redução de cerca de 75%

da incidência da malária em 13 dos 21 países (Argentina, Belize, Bolívia, Costa

Rica, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Honduras, México,

Nicarágua, Paraguai e Suriname) onde a transmissão está em curso. A OMS estima

ainda que até 2015, três países alcançarão taxas de redução de até 75% (Brasil,

Colômbia e Peru).

No Brasil, as espécies mais frequentes que causam infecção em humanos

são: no ano de 2014 P. vivax foi responsável por 83,3% dos casos registrados, P.

falciparum por 15,5,3%; infecções mistas (P. falciparum + P. vivax) por 0,7 % e P.

malariae foi raramente detectado (www.saude.gov.br/sivep_malaria, acessado em

10/02/2015).

Entre 1970 e final dos anos 1990, o numero de casos de malária multiplicou-

se exponencialmente, terminando este período com cerca 500 mil novos casos

anuais. Este fato é atribuído ao intenso fluxo migratório que se dirigiu à Amazônia

em razão de atividades mineradoras e agrícolas, aliado à falta de estrutura

adequada de saúde pública destas áreas (Marques, 1984). Já em 2010, foram

notificados 334 mil casos de malária. Destes, 99,6% aconteceram na Amazônia,

local onde está concentrada a transmissão de malária no Brasil (Braz et al., 2013).

Segundo dados de 2013 do SIVEP-MALÁRIA do Ministério da Saúde, o número total

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de casos positivos da doença naquele ano foi de 169.120. Destes, 99% estavam

concentrados nos estados que compõem a Amazônia (167.429 casos).

A região amazônica registra um número elevado de casos de malária onde o

risco de transmissão da malária é determinado pela Incidência Parasitária Anual

(IPA) que apresenta a seguinte equação e classificação:

a) Município de alto risco: se o IPA obtiver valor maior que 49,9 casos de malária por

mil habitantes.

b) Município de médio risco: se o IPA obtiver valor maior que 9,9 a 49,9 casos de

malária por mil habitantes.

c) Município de baixo risco: se o IPA obtiver valor maior que 0,9 a 9,9 casos de

malária por mil habitantes.

Segundo Tauil (2011), a Região Amazônica possui diversas condições

ambientais que propiciam a transmissão da doença, dentre elas: a abundância do

principal vetor, Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi; temperatura acima de 16°C,

baixas altitudes, alta umidade e frequência de chuvas, fatores estes favoráveis à

sobrevivência do mosquito vetor. Somado a isso, condições ambientais, tais como

desmatamento, abertura de estradas, colonização recente de áreas desmatadas e

de exploração mineral também estão envolvidos na receptividade da região

Amazônica para a disseminação da malária.

Dentre os estados que constitui a região Norte do Brasil, o Pará sempre foi

considerado área endêmica da malária, em particular as áreas mais pobres do

estado. Contudo, do ano de 2010 ao ano de 2013, houve um decréscimo

significativo no número de casos da doença. Os números passaram de 136.466

casos em 2010 para 25.407 em 2013, segundo dados obtidos no site do Sistema de

Informação e Vigilância Epidemiológica, o SIVEP-Malária

(www.saude.gov.br/sivep_malaria, acessado em 14/10/2014).

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1.3. VETORES

Os vetores da malária pertencem ao reino Animal, filo Arthropoda, classe

Insecta, subclasse Pterygota, ordem Diptera, subordem Nematocera, família

Culicidae, subfamília Anophelinae, gênero Anopheles (Consoli & Oliveira, 2004). O

gênero Anopheles compreende cerca de 400 espécies reconhecidas, sendo apenas

10% consideradas importantes como vetoras da doença (Rios-Velasquéz et al.,

2013).

Na África, continente em que ocorre a maior parte dos casos de malária, os

principais vetores envolvidos na transmissão são An. gambiae, An. arabiensis e An.

funestus devido a alta preferência por ambientes humanos, sendo assim altamente

antropofílicos e adaptados às diversas transformações ambientais induzidas pelas

atividades destas populações (Collins & Besansky, 1994).

O gênero Anopheles está amplamente distribuído também em território

sulamericano, em países como Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai,

Guianas e Brasil. (Consoli & Oliveira, 1994) (Figura 2).

No Brasil, 54 espécies de mosquitos do gênero Anopheles são conhecidas.

Dentre elas, 33 espécies ocorrem na Amazônia, onde espécies do subgênero

Nyssorhynchus são responsáveis pela manutenção da malária. Anopheles darlingi é

tido como principal transmissor da doença não só na Amazônia como também nas

Américas (Figura 2), devido ao fato de ser altamente antropofílico e susceptível à

infecção pelo Plasmodium, além de apresentar taxas de sobrevivência maiores que

de outros vetores. (Tadei, W.P. & Dutary-Thatcher, B., 2000). Outras espécies, tais

como An. albitarsis, An. oswaldoi, An. triannulatus, An. deaneorum e An.

mediopunctatus são consideradas vetores regionais em potencial (Tadei et al.

1988). An. aquasalis aparece como vetor predominante em áreas costeiras que

abrangem o nordeste do Brasil até São Paulo (Deane, 1986).

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Figura 2. Mapa de distribuição das espécies de mosquitos transmissores de malária

nos países onde há registro de casos de malária humana. Fonte: Kiszewksi et al.,

2004

Dentro do subgênero Kerteszia, têm-se An. cruzii e An. bellator como

principais responsáveis pela transmissão da malária humana na região extra-

amazônica, como por exemplo áreas recobertas pela Mata Atlântica. (Lorenz et al.,

2012).

A abundância de anofelinos em áreas endêmicas pode ser regulada por

fatores ambientais tais como chuvas e nível dos rios. No estudo de Klein & Lima

(1990) realizado na área de Costa Marques, Rondônia, a abundância de An. darlingi

estava diretamente relacionada com o nível do Rio Guaporé. Em estudo realizado

por Wyse et al. em 2006, o modelo matemático utilizado demonstra que a relação

humano-vetor apresenta causas sazonais das estações do ano. Segundo estes

mesmos autores, a estiagem diminui de maneira sensível a proliferação de

mosquitos, possivelmente por escassez de criadouros, fato que resulta diretamente

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na diminuição de casos da doença. Por outro lado, o aumento das chuvas provoca

um aumento da população de vetores e consequente elevação das ondas

epidêmicas.

1.4. ASPECTOS GERAIS DA TRANSMISSÃO DA MALÁRIA

Para que o gametócito se torne infectante para um novo hospedeiro

definitivo, é necessário que, ao ingressar no hospedeiro invertebrado, ele vença as

defesas inatas deste, tais como enzimas digestivas, e penetre na superfície basal do

intestino (James, 2013). Após a maturação dos gametas no lúmem intestinal, ocorre

a formação do oocineto, que se aloja entre o epitélio e a lâmina basal intestinal para

que o contato com os diversos nutrientes da hemolinfa ocorra, transformando

oocineto em oocisto, que contém em seu interior diversos esporozoítos em

desenvolvimento. Posteriormente, os esporozoítos migram através da hemolinfa até

as glândulas salivares do mosquito, onde ficarão aderidos, tornando-se assim

infectantes para o hospedeiro definitivo (Aly et al., 2009).

O mosquito transmissor da malária possui hábitos crepusculares e noturnos e,

normalmente ao entardecer, a fêmea sai de seus criadouros a procura de fontes

alimentares que incluem aves, mamíferos e o próprio homem para que possa

realizar a hematofagia para posterior maturação de seus ovos. Essa hematofagia,

geralmente, obedece a intervalos de 24 horas entre uma e outra, havendo horários

de atividade elevada influenciada diretamente por fatores ambientais como clima,

umidade, temperatura e ventos (Forattini, 2002).

Outros fatores importantes são o horário e local onde a hematofagia

acontece. Sendo assim, mosquitos que costumam picar em locais extradomicílio são

considerados exofágicos e mosquitos que picam dentro das habitações são

considerados endofágicos (Forattini, 2002). Torna-se, portanto, importante o

conhecimento destas informações de cunho epidemiológico, uma vez que fazem

parte do entendimento acerca do comportamento alimentar do vetor, tornando

possível a tomada de medidas de controle da doença em áreas onde a transmissão

está ocorrendo.

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17

1.5. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DA MALÁRIA E CONTROLE VETORIAL

O Programa Nacional do Controle de Malária do Ministério da Saúde

possui diversas diretrizes que visam o controle da doença no país, dentre elas:

Diagnóstico rápido da enfermidade e tratamento de qualidade da mesma:

exames de gota espessa e esfregaço delgado, além do teste de detecção de

antígenos do plasmódio no sangue do paciente; tratamento gratuito visando

interromper a multiplicação do patógeno no sangue, eliminar as formas hepáticas

latentes e outras formas infectantes para o mosquito;

Promoção da educação em saúde: melhor compreensão sobre a doença;

motivar busca pelo diagnóstico precoce; incentivar adesão ao tratamento; orientar

uso adequado de cortinados e mosquiteiros;

Prevenção, detecção e contenção de surtos;

Controle integrado e seletivo de vetores: mosquiteiros impregnados com

inseticidas, borrifação residual intradomiciliar, termonebulização, biolarvicida

(Ministério da Saúde, 2005);

Estes métodos de controle vetorial têm como objetivos principais, por sua

vez: reduzir o contato do homem com o vetor reduzindo assim as possibilidades de

se contrair a doença; diminuir a intensidade da transmissão da malária pela redução

da expectativa de vida da população de mosquitos local (WHO, 2013). No Brasil o

controle vetorial é um suporte às estratégias de controle (diagnóstico rápido e

tratamento imediato e eficaz) utilizadas.

1.6. TAXA DE INFECTIVIDADE

Um dos principais parâmetros utilizados para o monitoramento da malária

em áreas endêmicas é a análise da taxa de infectividade dos vetores capazes de

transmitir a doença aos humanos. Em áreas onde a malária é endêmica ou já foi

erradicada, os testes de infectividade natural são úteis para medir o nível de

endemicidade, verificar a presença ou ausência de transmissão, investigar a

reintrodução de novos casos e avaliar os programas antimaláricos. Esses testes

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possuem boa sensibilidade e especificidade, além de auxiliarem na identificação do

plasmódio infectante (Ferreira & Sanchez, 1988).

Na Amazônia, o primeiro estudo feito sobre a introdução da técnica de

ELISA para a incriminação de vetores foi liderado por Arruda et al. em 1986, onde

encontraram An. darlingi infectado pelo P. falciparum e An. albitarsis s.l. pelo P.

vivax. Estudos determinantes acerca do grau de infectividade do Anopheles já foram

realizados na Amazônia e são importantes para ajudar a entender a dinâmica de

transmissão da doença em áreas específicas, uma vez que o comportamento da

espécie vetora tem influência direta no padrão epidemiológico local (Santos et al.,

2009).

Nas áreas onde predomina a floresta amazônica, diversos espécimes

capturados foram encontrados naturalmente infectados pelo Plasmodium. No estudo

de Tadei & Tatcher (2000) conduzido em diversos municípios do estado do

Amazonas as espécies An. triannulatus, An. mattogrossensis, An. nuneztovari, An.

braziliensis, An. darlingi, An. mediopunctatus e An. albitarsis foram encontradas

infectadas pelo P. vivax. O P. falciparum foi encontrado infectando as espécies An.

triannulatus, An. albitarsis, An. nuneztovari, An. mattogrossensis e An. darlingi, esta

ultima sendo considerada como vetor altamente eficiente para transmitir ambas as

espécies de Plasmodium. Segundo Klein et al. (1986), a eficiência de um vetor e a

susceptibilidade dele ao parasita pode ser medida através da taxa de esporozoítos

encontrados nas glândulas salivares de cada espécie e, em seu levantamento, An.

darlingi foi considerado o mais importante vetor por apresentar alta taxa de

susceptibilidade ao parasito e grande quantidade de esporozoítos em suas glânduas

salivares.

Em estudo conduzido por Póvoa et al. (2001) no município de Serra do

Navio, Amapá, foram realizadas coletas nas quais 15 espécies de anofelinos foram

identificadas: An. albitarsis s.l. (a mais frequente), An. braziliensis, An. nuneztovari,

An. triannulatus e outras menos frequentes como An. oswaldoi, An. darlingi, An.

peryassui, An. minor, An. neiva, An. intermedius, An. mediopunctatus s.l., An.

rangeli, An. evansae e An. argyritarsis. A taxa total de infectividade encontrada foi de

0,8% (23/2876) e pertenceu às seguintes espécies: quatro An. nuneztovari

(infectadas por P. vivax VK210 e VK247), um para An. braziliensis, An. triannulatus,

An. oswaldoi (infectado por P. falciparum) e An. rangeli e quinze An. albitarsis s.l.

(infectadas por P. falciparum e P. vivax VK210 e VK247), este último apresentando

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alta densidade em todas as localidades alvo do estudo e infectado pelas principais

espécies de plasmódio humano causadoras de malária no Brasil, sendo considerado

importante vetor da malária nestas localidades.

Em outro estudo realizado no estado do Amapá, cinco espécies de

anofelinos foram encontradas positivas: An. darlingi, An. marajoara, An. triannulatus,

An. intermedius e An. nuneztovari, sendo as duas primeiras mais frequentemente

encontradas infectadas com todas as espécies plasmódio humano causadoras de

malária no Brasil em todas as localidades estudadas (Galardo et al., 2007).

A importância de An. albitarsis como vetor da doença foi demonstrada

também no estudo de Póvoa e colaboradores, realizado em 2006 no município de

Boa Vista, Roraima. Comparações de dados de atração humana e taxa de picada

feitas entre An. albitarsis e An. darlingi colocam a primeira espécie como importante

e mais abundante vetor da malária em diversas localidades do município. Além do

mais, An. albitarsis foi a espécie que apresentou maior taxa de infecção por P. vivax

com relação a An. darlingi. Dados semelhantes foram obtidos em estudo realizado

por da Silva-Vasconcelos e colaboradores (2002) no mesmo município. Os

resultados obtidos no estudo de Barbosa & Souto (2013) realizado em Macapá,

Amapá, complementam esta hipótese, uma vez que An. albitarsis foi a espécie mais

frequentemente identificada, infectada com todas as espécies de Plasmodium.

No município de Marabá, estado do Pará, o An. darlingi também foi

considerado como principal vetor, estando naturalmente infectado por P. vivax

VK247, P. falciparum e P. malariae, atingindo taxas de infecção de 22,4%. An.

albitaris s.l., um dos principais vetores no leste do Pará, foi encontrado infectado por

duas variantes de P. vivax, VK 210 e VK247 (taxa de infecção de 5,2%). An. rondoni

estava infectado por P. falciparum e P. vivax VK2010, sendo este relato pioneiro.

Mesmo assim, An. rondoni foi considerado como vetor regional em potencial por ter

sido o terceiro mosquito mais frequentemente capturado em áreas endêmicas de

malária, além de ter apresentado taxa de infecção de 3,6% e atingido o número

máximo de espécimes capturados num período de alta taxa de transmissão naquela

área (Rocha et al., 2008).

Em duas aldeias indígenas do estado do Pará (Nhamundá-Mapuera e

Cuminapanema) foram realizadas coletas nas quais foram capturados anofelinos

das espécies An. nuneztovari (não considerado vetor de malária humana embora

frequentemente seja encontrado infectado), An. mattogrossensis, An. triannulatus,

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An. intermedius, An. oswaldoi, An. mediopunctatus, An. albitarsis, An. braziliensis,

An. minor, An. peryassui, An. squamifemur e An. darlingi, sendo esta última

encontrada naturalmente infectada por todas as espécies de plasmódios (P.

falciparum, P. vivax VK 210 e VK 247 e P. malariae) (Santos et al., 2009).

No estudo conduzido em Belém, estado do Pará, por Silva e colaboradores,

no ano de 2006, foi realizado um levantamento da fauna anofélica do município. De

1996 até 2006, um total de 14 espécies de anofelinos foram capturados em

diferentes bairros da cidade: An. albitarsis s.l, An. aquasalis, An. braziliensis , An.

darlingi An. evansae, An. mediopunctatus An. intermedius, An. nuneztovari, An.

oswaldoi, An. peryassui, An. shannoni, An. strodei, An. triannulatus s.l. e Anopheles

(Nyssorhynchus) sp. As espécies consideradas vetoras primárias em Belém no

período de estudo foram: An. aquasalis, considerado provável transmissor no Distrito

de Mosqueiro (DAMOS) devido à correlação feita a partir destes dados com dados

de epidemiologia da malária da SESMA; An. darlingi como principal transmissor no

Distrito do Entroncamento (DAENT), área de matas preservadas onde estão

localizados dois lagos de abastecimento de água da cidade. Segundo Póvoa e

colaboradores (2003), ambas as espécies de anofelinos foram encontradas

parasitadas naturalmente por P. falciparum, P. vivax e P. malariae. Quanto às outras

espécies encontradas, não houve registros de importância na transmissão de

malária em Belém.

1.7. JUSTIFICATIVA

Segundo Valle e Lima (2014), a Amazônia brasileira desempenha um papel

crítico nas Américas no que diz respeito ao número de casos de malária e fatalidade

destes.

A região é responsável por 99,8% de todos os casos de malária relatados

no Brasil. No primeiro semestre de 2010, o estado do Pará registrou um número total

de 51.697 casos de malária, tornando-se assim o estado mais acometido pela

doença no país (Brasil et al., 2012). Embora esses índices tenham se tornado mais

favoráveis para a redução do número de casos nos anos seguintes, o Pará continua

sendo uma importante área endêmica da malária devido o fato de possuir inúmeras

condições ambientais e socioeconômicas favoráveis para a proliferação da doença.

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Por essa razão é evidente a necessidade de estudos como este que

desenvolvemos para que façam o levantamento dos casos de malária e análise dos

mesmos frente a variáveis entomológicas, tornando assim possível o entendimento

da dinâmica de transmissão, e então subsidiar a tomada de decisão das autoridades

de saúde municipais, estaduais ou federais quanto as estratégias de controle e

vigilância da malária a serem implantadas.

1.8. OBJETIVOS

1.8.1 Objetivo Geral

Avaliar a associação entre o número de casos de malária e a infectividade

natural de espécies de mosquitos anofelinos em diferentes municípios do estado do

Pará no período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013.

1.8.2 Objetivos Específicos

Verificar em sites oficiais do Ministério da Saúde o número de casos positivos

de malária notificados em dez diferentes municípios do Estado do Pará, no

período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013;

Realizar levantamento das espécies de mosquitos capturados nos municípios

alvo do estudo registradas em fichas de campo do Laboratório de Pesquisas

Básicas em Malária;

Realizar levantamento da taxa de infectividade natural dos anofelinos

capturados nos municípios alvo do estudo registrada nos livros de resultados

do teste de ELISA do Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária;

Identificar as espécies de mosquitos anofelinos possíveis vetoras de malária

em cada município alvo do estudo.

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Analisar a associação do número de casos de malária com dados de

infectividade natural para cada município alvo do estudo;

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1. TIPO DE ESTUDO

O estudo é do tipo retrospectivo e descritivo.

2.2. ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo não necessitou de aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa com Humanos do Instituto Evandro Chagas, uma vez que os dados nele

utilizados são de fichas de trabalho de campo já disponíveis nos arquivos do

Laboratório de Pesquisas Básica em Malária da instituição ou do portal do SIVEP-

Malária, ambos de domínio público.

2.3. ÁREA DE ESTUDO

Os municípios alvo do estudo foram: Anapu, Altamira, Canaã dos Carajás,

Goianésia do Pará, Itaituba, Pacajá, Parauapebas, Peixe-boi, Senador José Porfírio

e Vitória do Xingu (Figura 3).

Figura 3. Mapa do Estado do Pará destacando os municípios em estudo. (Fonte:

LABGEO/IEC/SVS/MS)

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2.4. COLETA DO NÚMERO DE CASOS DE MALÁRIA

A pesquisa do número total de casos de malária por município deste estudo

foi feita por meio de consultas online de dados públicos disponíveis no portal do

Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica, o SIVEP

(www.saude.gov.br/sivep_malaria) do Ministério da Saúde. Foram levados em

consideração os casos da doença que foram registrados no site no período de

janeiro de 2010 a dezembro de 2013 no estado do Pará. Os dados obtidos foram

organizados em forma de tabelas feitas no software Microsoft Word 2010.

2.5. COLETA DE DADOS DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE MOSQUITOS

ANOFELINOS

Foram extraídas das fichas de trabalho de campo dados quanto às espécies

de mosquitos anofelinos coletados por município alvo do estudo, e que estão

arquivadas no Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária da Seção de

Parasitologia do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS. Os dados obtidos foram

organizados em forma de tabelas feitas no software Microsoft Excel 2010.

2.6. COLETA DOS DADOS DE INFECTIVIDADE DAS ESPÉCIES DE

MOSQUITOS ANOFELINOS

Foram retiradas dos livros de registro dos resultados do teste de ELISA para

determinação da infecção natural dos mosquitos coletados nos municípios alvo

deste estudo, as informações quanto a infeção (número de mosquitos infectados,

espécie infectante e período). Estes livros pertencem ao acervo do Laboratório de

Pesquisas Básicas em Malária da Seção de Parasitologia do Instituto Evandro

Chagas/SVS/MS. Os dados obtidos foram organizados em forma de tabelas feitas

no software Microsoft Excel 2010.

2.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para verificar se há correlação entre o número de casos de malária

notificados e a taxa de infectividade dos mosquitos capturados nos municípios alvo

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deste estudo foi utilizado o teste estatístico paramétrico Correlação Linear de

Pearson. As análises foram feitas no software SSPS Statistics 20 onde as diferenças

foram consideradas significativas quando o p ≤ 0.05.

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3. RESULTADOS

3.1. NÚMERO DE CASOS REGISTRADOS DE MALÁRIA NO PERÍODO DE

ESTUDO

As informações acerca do número de casos positivos de malária registrados

no período de estudo (www.saude.gov.br/sivep_malaria), estão detalhadas na tabela

abaixo:

Tabela 1. Número de casos registrados de malária em dez diferentes municípios do

Estado do Pará, no período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013. Fonte: SIVEP-

Malária.

Município/

Ano

Altamira Anapu C. dos

Carajás*

G. do

Pará*

Itaituba Pacajá Paraua

Pebas

Peixe-

Boi

S. J.

Porfírio*

V. do

Xingu*

2010 1849 1668 2 7787 12006 6407 93 1 827 202

2011 1403 3310 2 3776 11740 4563 41 - 1295 180

2012 1831 1506 2 1647 14155 2397 13 - 732 143

2013 306 235 2 250 10873 839 9 - 195 43

TOTAL 5389 6719 8 13460 48774 14206 156 1 3049 568

Legenda - *Canaã dos Carajás; *Goianésia do Pará; *Senador José Porfírio; *Vitória do Xingu

No município de Altamira, em janeiro de 2010 a Dezembro de 2013, houve

uma redução significativa no número de casos de malária notificados. Em 2010,

1849 casos de malária foram registrados. O número caiu para 1403 casos em 2011

mas voltou a aumentar para 1831 em 2012. Por fim, Altamira terminou o período

registrando em 2013 306 casos de malária.

Em Anapu, o número de casos de malária registrados variou durante os

quatro anos de estudo. Em 2010, foram 1668 casos. No ano 2011, este número

praticamente dobrou e fechou o ano em 3310 casos. A partir de 2012, houve uma

significativa redução do número de casos, sendo registrados 1506 naquele ano. Em

2013, a redução continuou acontecendo até terminar o ano com 235 casos de

malária notificados.

Em Canaã dos Carajás, o número de casos permaneceu constante durante

todo o período que vai de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013. Foram notificados

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apenas dois casos em cada ano, totalizando oito casos em um período de quatro

anos.

Em Goianésia do Pará, o número de casos notificados de malária sofreu uma

redução expressiva ao longo dos quatro anos de estudo. Passou de 7787 em 2010,

3776 em 2011, 1647 em 2012 até alcançar seus menores números em 2013, com

250 casos notificados.

Em Itaituba, município em que o número de casos de malária foi maior, os

índices apresentaram certa redução, embora continuem bastante altos. Em 2010

foram 12006 casos notificados. Em 2011 o número de casos caiu, totalizando 11740

naquele ano. Em 2012, este número voltou a aumentar, atingindo 14155 casos. Já

em 2013, o índice atingiu os 10873 casos de malária. No geral, a situação pouco

mudou no município de Itaituba; o número de casos continua alto e não houve

redução expressiva destes no período de estudo. Esse fato se deve, provavelmente,

à existência de diversos garimpos na região, o que acaba se tornando um agravante

na transmissão da doença e um obstáculo ao controle da mesma.

Outro município que sofreu significativa redução no número de casos de

malária foi Pacajá. Em 2010 foram 6407 casos de malária. Em 2011 esse número

caiu para 4563 casos. A redução continuou em 2012 e 2013, anos em que o número

de casos de malária foi de 2397 e 839, respectivamente.

Em Parauapebas os números são discretos. Foram 93 casos em 2010, 41

casos em 2011, 13 casos em 2012 e 9 casos em 2013. De qualquer maneira, o

município seguiu a mesma tendência dos demais (exceto Itaituba), apresentando

sucessivas reduções no número de casos de malária ao longo dos anos.

No município de Peixe-Boi houve apenas o registro de um único caso no ano

de 2010, caso este provavelmente importado pois não há registros de transmissão

de malária na região. O município de Peixe-Boi não registrou nenhum outro caso de

malária desde então.

Em Senador José Porfírio, os casos de malária notificados também sofreram

redução, embora deva ser considerado o aumento do número destes que aconteceu

entre os anos de 2010 e 2011, contabilizando 827 casos e 1295 casos,

respectivamente. Após isso, este número atingiu os 732 casos em 2012 e 195 casos

em 2013.

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O município de Vitória do Xingu seguiu a tendência da maioria dos municípios

acima citados, apresentando reduções sucessivas do número de casos de malária

ao longo dos anos. Em 2010 foram 202 casos da doença. Em 2011, 180 casos. Em

2012, 143 casos e por fim, 43 casos em 2013. Estes resultados podem também ser

visualizados através da figura abaixo:

Figura 4. Mapa do Estado do Pará, mostrando o número de casos de malária nos

municípios estudados no período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013. (Fonte:

LABGEO/IEC/SVS/MS)

3.2. IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE Anopheles

No período do estudo e nos dez municípios selecionados para o mesmo,

foram capturadas e identificadas 3.060 fêmeas de mosquitos pertencentes ao

gênero Anopheles e às seguintes espécies: An. triannulatus, An. strodei, An.

braziliensis, An. galvaoi, An. mediopunctatus, An. evansae, An. mattogrossenssis,

An. intermedius, An. nuneztovari, An. oswaldoi, An. peryassui, An. darlingi e An.

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albitarsis, com destaque para as duas últimas, capturadas em maior número em

comparação às outras (Figura 5).

Figura 5. Distribuição do número de exemplares capturados por espécie.

Em Altamira, as coletas aconteceram nos anos de 2012 e 2013 em diversos

pontos do município. Ao todo, foram capturadas e identificadas 187 fêmeas de

mosquito do gênero Anopheles, pertencentes às seguintes espécies: An. darlingi,

An. albitarsis An. triannulatus, An. strodei, An. braziliensis, An. galvaoi, An.

nuneztovari, An. oswaldoi, An. peryassui e An. aquasalis. Neste contexto, pode-se

observar que An. darlingi foi uma das espécies mais frequentemente capturadas no

município. Além desta espécie, destacam-se também An. triannulatus e An.

nuneztovari. O ponto alto das coletas coincidiu com a estação chuvosa no Estado,

fevereiro dos anos de 2012 e 2013 (Tabela 2).

Em Anapu, as coletas ocorreram apenas nos meses de Fevereiro e Junho do

ano de 2013. Neste município apenas uma fêmea de An. darlingi foi capturada

durante o período de estudo (Tabela 2).

Em Canaã dos Carajás, as coletas foram realizadas apenas nos meses de

Outubro e Dezembro do ano de 2010. No primeiro mês de coleta, nenhum espécime

foi capturado. Contudo, no mês de Dezembro, período este que coincide com a

estação chuvosa no Estado, um total de 69 fêmeas de Anopheles foram capturadas.

Estas fêmeas pertencem às seguintes espécies: An. albitarsis (em maior número),

An. triannulatus, An. oswaldoi, An. nuneztovari e An. galvaoi (Tabela 2).

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Em Goianésia do Pará, as coletas ocorreram nos meses de Agosto de 2010,

Fevereiro, Junho, Novembro e Dezembro de 2011 e Fevereiro, Março e Maio de

2012. No período de estudo, foram capturadas 419 fêmeas de mosquitos do gênero

Anopheles, pertencentes às seguintes espécies: An. darlingi, An. albitarsis, An.

nuneztovari, An. oswaldoi, An. triannulatus, An. braziliensis, An. strodei, An.

peryassui e An. galvaoi. (Tabela 2)

No município de Itaituba, as coletas foram realizadas ao longo dos anos de

2011 e 2012, nos meses de Setembro, Março e Julho. No período de estudo, foram

capturadas fêmeas das seguintes espécies: An. darlingi, An. triannulatus, An.

oswaldoi e An. galvaoi. (Tabela 2)

Em Pacajá, as coletas ocorreram apenas nos meses de Junho e Outubro de

2013. O número de mosquitos capturados foi pequeno, totalizando onze espécimes,

sete An. darlingi e quatro An. triannulatus. (Tabela 2)

Em Paraupebas, a captura de mosquitos também foi muito pequena: apenas

um exemplar de An. albitarsis capturado em Dezembro de 2010. (Tabela 2)

No município de Peixe-boi, as coletas foram realizadas em Outubro de 2012 e

Julho e Dezembro de 2013. A quantidade de exemplares capturados durante o

período de estudo totalizou 445 mosquitos distribuídos nas seguintes espécies: An.

darlingi, An. nuneztovari, An. triannulatus, An. peryassui, An. oswaldoi, An.

braziliensis e principalmente An. albitarsis. Contudo, vale ressaltar que estes

exemplares foram coletados em áreas de estábulo, sugerindo, portanto, um

comportamento preferencialmente zoofágico. (Tabela 2)

Em Senador José Porfírio, as coletas ocorreram em 2012 e 2013, nos meses

de fevereiro/março, junho/julho e outubro em diversas localidades do município. No

caso específico deste município, o ponto alto das coletas foi no mês de fevereiro de

2012, período do ano que coincidiu com a estação chuvosa no estado. As espécies

capturadas foram: An. darlingi (em maior número), An. albitarsis, An. triannulatus,

An. nuneztovari, An. braziliensis, An. oswaldoi e An. aquasalis. (Tabela 2)

No município de Vitória do Xingu, as coletas foram realizadas nos anos de

2012 e 2013, nos meses de fevereiro/março, junho/julho e outubro em diversos

pontos da cidade. O número de exemplares capturados neste período passou dos

880, sendo que estes foram identificados nas seguintes espécies: An. darlingi, An.

albitarsis, An. triannulatus, An. oswaldoi, An. braziliensis, An. nuneztovari, An.

strodei e An. peryassui. O ponto alto das coletas coincidiu com os meses de

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fevereiro e março dos dois anos citados, período em que as chuvas no Estado se

tornam abundantes. (Tabela 2)

Tabela 2. Distribuição das espécies de mosquitos anofelinos coletadas no período

de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013, por município.

Total de Anopheles capturados

Espécie/Cidade

DAR ALB TRI NUN OSW GAL MED EVA INT MAT STR PER BRA

Altamira 51 5 17 24 1 79 - - - - 5 2 3

Anapu 1 - - - - - - - - - - - -

C. dos Carajás*

- 55 5 3 4 2 - - - - - - -

G. do Pará*

114 101 13 18 2 1 - - - - 163 2 5

Itaituba 100 - 4 25 9 1 - - - - - - -

Pacajá - 7 4 - - - - - - - - -

Parauapebas

- 1 - - - - - - - - - - -

Peixe-boi

34 260 76 8 62 - - - 1 - - 2 2

S. José Porfírio*

633 1 27 125 - - - 2 - 1 - - 9

V. do Xingu*

669 17 89 153 8 - 2 - - - 19 15 18

TOTAL 1602 447 235 356 86 83 2 2 1 1 187 21 37

Legenda - DAR: An. darlingi; ALB: An. albitarsis; TRI: An. triannulatus; OSW: An. oswaldoi; GAL: An. galvaoi; MED: An. mediopunctatus; EVA: An. evansae; INT: An. intermedius; MAT: An. mattogrossensis; STR: An. strodei; PER: An. peryassui; BRA: An. braziliensis. *Canaã dos Carajás; *Goianésia do Pará; *Senador José Porfírio; *Vitória do Xingu.

3.3. DETERMINAÇÃO DA TAXA DE INFECTIVIDADE

De um total de 3.060 mosquitos testados, 19 estavam infectados por

plasmódios humanos, resultando numa taxa de infectividade igual a 0,62%. Dos dez

municípios estudados, cinco não apresentaram nenhum registro de infecção durante

o período de estudo: Anapu, Canaã dos Carajás, Pacajá, Parauapebas e Peixe-boi.

Nos outros cinco municípios, as taxas de infecção natural dos mosquitos coletados

foram as seguintes: Altamira 1%, Goianésia do Pará 1 %, Itaituba 1%, Senador José

Porfírio 1,3% e Vitória do Xingu 0,1% (Figura 6; Tabela 3).

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Figura 6. Mapa do Estado do Pará, destacando os municípios nos quais foram

encontrados mosquitos infectados por plasmódios e nos quais não houve registro de

infecções.

Através do mapa, pode-se observar que os municípios nos quais houve

registro de mosquitos infectados ficam na área do Sudoeste e Sudeste paraense,

principalmente em municípios que sofrem influência direta das obras da Usina de

Belo Monte (Senador José Porfírio, Altamira e Vitória do Xingu). Embora Anapu e

Pacajá também façam parte da área de influência da usina, não foram observados

mosquitos naturalmente infectados por plasmódios no período de estudo.

Município Nº coletados Infecções

PF VK 210 VK 247 Mista

Altamira 186 0 1 NUN 1 DAR 0

G. do Pará* 366 2 DAR 1 NUN 1 DAR 0

Itaituba 105 0 1 DAR 0 0

S. José Porfírio* 804 3 DAR 4 DAR 4 DAR 0

Vitória do Xingu 989 0 0 1 DAR 0

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Tabela 3. Número e espécie de mosquitos infectados por plasmódio humano no

período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013, por município.

Legenda – PF: Plasmodium falciparum; VK 210: Plasmodium vivax VK210; VK 247: Plasmodium

vivax VK 247.

*Goianésia do Pará; *Senador José Porfírio;

* DAR: An. darlingi; NUN: An. nuneztovari

De todas as treze espécies de Anopheles identificadas, apenas An. darlingi e

An. nuneztovari foram encontradas infectadas por plasmódio humano. Os

plasmódios infectantes foram identificados como P. falciparum, P. vivax VK 247 e P.

vivax VK2010. Não houve registro de mosquitos infectados por P. malariae bem

como de infecções mistas no período de estudo.

3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Embora tenham sido registrados casos de malária em todos os dez

municípios no período em estudo, nem todos apresentaram ocorrência de mosquitos

naturalmente infectados por plasmódios humanos. Por essa razão, o teste de

correlação não demonstrou associação direta significativa entre as duas variáveis

(taxa de infectividade de Anopheles e casos de malária notificados). O valor da

Correlação de Pearson foi r = 0,414 e o p valor foi p = 0,235 (maior que 0,05,

portanto, não significativo).

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4. DISCUSSÃO

A malária constitui um grave problema de saúde pública nas áreas onde está

mais presente, pois suas consequências afetam diretamente o desenvolvimento de

países, regiões e estados acometidos. No Brasil, a doença está mais presente nos

estados que compõe a Amazônia (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato

Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), especialmente nas áreas onde as

populações vivem em condições precárias de moradia e trabalho. A incidência da

malária na Amazônia está diretamente relacionada à ocupação desordenada de

terras, exploração mineral, projetos de assentamento relacionados à produção

extrativista e à migração intensa de pessoas de áreas rurais para as periferias das

grandes cidades (Silveira & Rezende, 2001).

O Estado do Pará era considerado pelo Sistema de Informação e Vigilância

Epidemiológica (SIVEP) um estado que possui médio risco de transmissão da

malária, pois apresenta uma forte variação sazonal da doença, onde os períodos

com maiores números de casos se concentram nos meses de transição entre os

mais chuvosos e os mais secos (SIVEP-Malária, 2012).

Hoje o Pará apresenta um quadro de intensa redução no número de casos de

malária notificados. Segundo o SIVEP-Malária, em 2013 foram notificados 25.497

casos de malária e, fazendo a comparação com os dados de 2012, o número de

casos da doença caiu 69%. Isto se deve, principalmente, ao conjunto de medidas

que vêm sendo tomadas pelos órgãos de saúde responsáveis no âmbito da

prevenção e vigilância epidemiológica da malária, dentre elas o rápido diagnóstico

da doença e tratamento adequado dos pacientes (Ministério da Saúde, 2014).

No presente estudo, a maioria dos municípios pesquisados apresentou

redução significativa no número de casos de malária registrados no período de

Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013 (Tabela 1), exceto Canaã dos Carajás que

manteve o mesmo número de casos durante os quatro anos, ainda que sejam

números muito baixos.

Canaã dos Carajás, juntamente com Parauapebas, município que também

apresentou redução de 90% dos casos de malária (Tabela 1), compõem a Região de

Integração Carajás, cuja dinâmica socioeconômica e espacial é condicionada a

processos de extração de minérios (Pará, 2013). Devido a isso, a região recebe

intenso fluxo migratório de pessoas, o que por si só pode ocasionar ocupação

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desordenada das periferias dessas cidades, acarretando graves problemas sociais e

facilitando assim a disseminação da malária. Por isso, é importante que a vigilância

seja constante a fim de evitar que o número de casos da doença nesses municípios

volte a crescer.

Nos municípios que estão sob influência direta da implantação da Usina de

Belo Monte (Anapu, Altamira, Pacajá, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu) as

reduções no número de casos de malária foram evidentes (Tabela 1). Estes

municípios integram o Plano de Ação para o Controle da Malária (PACM) da

empresa Norte Energia, responsável pela instalação da Usina de Belo Monte.

Segundo o PACM, as reduções nos casos de malária chegaram a 80% nesta área

no ano de 2013, mostrando que as ações de vigilância e controle da malária que

vem sendo feitas na área estão sendo eficazes no sentido de reduzir drasticamente

o número de casos. (http://blogbelomonte.com.br/2013/10/10/malaria-tem-reducao-

de-80-no-entorno-de-belo-monte, acessado em 19/02/2015). Esses dados

complementam os dados obtidos no SIVEP-Malária, mostrando que a diminuição

dos índices de malária nos municípios em questão já é uma realidade. O município

de Altamira teve em 2013, comparado com o ano de 2010, redução de 83% no

número de casos de malária. Anapu sofreu redução de 85% no número de casos de

malária em 2013 em relação ao ano de 2010. Em Pacajá, a redução foi de 86%. Em

Senador José Porfírio, a redução dos casos de malária atingiu os 84% no final de

2013. Por fim, em Vitória do Xingu, essa redução chegou a 78%.

Nos últimos anos, o município de Goianésia do Pará passou por uma

preocupante epidemia de malária que cessou no final do ano de 2010, totalizando

assim 46 meses epidêmicos (Braz et al., 2013). Ao final deste ano, segundo o

SIVEP-Malária, o município apresentou 7787 casos da doença (Tabela 1). Deve-se

considerar ainda que a taxa de Incidência Parasitária Anual registrada em Goianésia

no ano de 2010 foi de 288,5, fazendo com que o município fosse considerado de alto

risco para a transmissão de malária. Desde então, a cidade de Goianésia vem

passando por uma forte redução nos índices de malária, terminando o ano de 2013

com 250 casos registrados e Incidência Parasitária Anual de 7,1. Essa redução

representa 96% em comparação ao ano de 2010. (www.saude.gov.br/sivep_malaria,

acessado em 14/10/14).

Em Itaituba, segundo o SIVEP-Malária, foram registrados 48.777 casos no

período que compreende Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013. O município

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apresentou um padrão de distribuição do número de casos irregular ao longo dos

anos, não havendo reduções significativas nesses índices (Tabela 1). Dentre os dez

municípios relacionados para o presente estudo, Itaituba apresentou a maior

positividade para a malária, mostrando assim a importância que esse município tem

no cenário atual da doença na Região Norte. O estudo de Pina-Costa e

colaboradores publicado em 2014 mostra que o município de Itaituba contribuiu com

uma porcentagem de 21% dos casos totais de malária na Amazônia brasileira,

estando acompanhado de municípios como Porto Velho (RO) e Cruzeiro do Sul

(AC). Um dos principais fatores que contribuem para a alta positividade da malária

em Itaituba é a existência de inúmeros garimpos clandestinos na região. Estima-se

que sejam mais de dois mil locais de extração de ouro localizados em áreas de difícil

acesso, o que dificulta a ação dos órgãos de saúde competentes. Segundo

Silbergeld e colaboradores (2002), as atividades artesanais de extração de ouro

criam nichos propícios para a reprodução do Anopheles, pois ocasionam

desmatamento, destruição dos sistemas aquáticos com a formação de “piscinas”

artificiais no lugar de cursos fluviais normais. Além disso, a prática da extração do

ouro acaba por atrair fluxos migratórios intensos de diversas partes do Brasil,

fazendo com que os assentamentos se tornem mais dispersos.

Em Peixe-Boi, Região Nordeste do Pará, houve apenas o registro de um

único caso de malária no período de estudo. Trata-se de um caso de malária

causada por Plasmodium vivax que foi notificado no ano de 2010, mas por se tratar

de uma área em que a transmissão de malária é inexistente, pode-se supor que este

caso específico é importado. Nesse mesmo ano, a IPA de Peixe-Boi foi de 0,1.

Consultas realizadas ao site do SIVEP-Malária mostram que nos anos de 2011,

2012 e 2013 não houve casos de malária notificados no município. Neste estudo,

observou-se que a quantidade de exemplares de Anopheles capturados em Peixe-

Boi é bastante significativa, embora essas coletas tenham sido realizadas em sua

maioria em áreas de estábulo. Esse fato sugere que esses espécimes em especial

apresentam um comportamento preferencialmente zoofílico, o que pode contribuir

diretamente para a ausência de transmissão de malária para humanos no município.

Com relação à diversidade de espécies do gênero Anopheles coletadas entre

Janeiro de 2010 e Dezembro de 2013, neste estudo constam treze espécies

identificadas pertencentes aos subgêneros Nyssorhynchus e Anopheles. Dentro do

subgênero Anopheles, foram identificadas exemplares de An. intermedius e An.

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mattogrossensis. São espécies que possuem ampla distribuição geográfica nos

países da América Central e América do Sul, dentre eles o Brasil. An. intermedius é

encontrado em todo o território brasileiro, sendo mais abundante na região

Amazônica. An. mattogrossensis foi identificado em estados da Região Norte como

Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia e Pará. Apesar de ter distribuição

variada em território brasileiro, não existem registros que apontem estas duas

espécies como vetoras da malária (Moroni et al., 2010).

Outras onze espécies do subgênero Nyssorhynchus foram coletadas e

identificadas durante o período do estudo, sendo esse o subgênero mais

frequentemente documentado. Estudos como o conduzido por Dos Santos e

colaboradores em 2003 apontam as espécies pertencentes ao subgênero

Nyssorhynchus como principais vetoras da malária na Bacia Amazônica. Esses

mesmos autores também destacam An. darlingi como o principal vetor da malária no

Brasil, especialmente na Amazônia. Outros pesquisadores como Deane (1986) e

TADEI & TATCHER (2000) também apontam An. darlingi como o vetor mais

importante no Brasil devido à sua alta antropofilia, longevidade e capacidade de

adaptação a diversos ambientes modificados pelo homem, dentre outras importantes

características de sua biologia. No presente estudo, An. darlingi foi a espécie mais

capturada no período de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013, correspondendo a

34% do total de exemplares coletados (1602 espécimes capturados).

An. darlingi foi também a espécie que apresentou maiores as taxas de

infecção por Plasmodium. Dos dezenove exemplares naturalmente infectados

dezessete são da espécie An. darlingi, que apresentaram-se infectados por P.

falciparum, P. vivax VK247 e VK210. Em um estudo de revisão de literatura, Hiwat &

Bretas (2011) conseguiram demonstrar a grande importância deste vetor em

diversos países da América, explicando que apesar das taxas de infecção natural

deste mosquito tenderem a ser baixas, essa espécie apresenta excelente

capacidade vetorial. Portanto, pode-se considerar que em decorrência de sua alta

densidade, ampla distribuição geográfica e susceptibilidade à infecção pelo

Plasmodium, o An. darlingi é apontado como um dos principais vetores da malária

no Estado do Pará.

Contudo, espécies do complexo An. albitarsis merece destaque devido à sua

alta densidade nas capturas. Essa espécie foi a segunda mais capturada no atual

estudo, correspondendo a 14% do total de exemplares (447 espécimes). A

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importância de An. marajoara, espécie deste complexo, já foi demonstrada

anteriormente no estudo conduzido por Conn e colaboradores em 2002 no Estado

do Amapá. Nesse estudo, An. marajoara foi considerado mais abundante e

antropofílico do que An. darlingi, além de ter tido taxas maiores de infecção natural

por plasmódios. Em Serra do Navio, Estado do Amapá, An. albitarsis s.l. também foi

a espécie mais frequente, sendo neste estudo considerada a principal vetora da

malária na área, pois também apresentou altas taxas de infecção natural por

Plasmodium (Póvoa et al., 2001). Póvoa e colaboradores (2006) também atestaram

que An. albitarsis s.l. é o vetor mais importante e abundante na capital do Estado de

Roraima, Boa Vista. Os resultados referentes à taxa de infectividade nos estudos

anteriores diferem dos resultados obtidos no estudo atual, pois no período de

Janeiro de 2010 a Dezembro de 2013 nenhum An. albitarsis foi encontrado infectado

nas áreas pesquisadas. De qualquer maneira é importante que as atividades de

coleta e vigilância desta espécie continuem acontecendo. Em 2008, Rocha e

colaboradores constataram que An. albitarsis s.l. é um importante vetor da malária

em Marabá (PA) e região em decorrência de sua abundância e susceptibilidade ao

plasmódio.

Outras duas espécies capturadas em altas densidades no período de estudo

foram An. nuneztovari e An. triannulatus. Apesar do An. nuneztovari já ter sido

relatado como importante vetor da malária em países da América do Sul como

Venezuela, Colombia e Suriname, na Amazônia essa espécie não desempenha um

papel vetorial tão importante assim, apesar de ser frequentemente encontrado

infectado (Faran & Linthicum, 1981). No presente estudo, dois exemplares de An.

nuneztovari estavam infectados por P. vivax VK210. Anteriormente, a importância de

An. nuneztovari como vetor de P. vivax VK210 na Amazônia já havia sido

demonstrada em estudos de Tadei et al. (1988), Arruda et al. (1986) e Galardo et al.

(2007). Em outro artigo, publicado por Tadei & Tatcher (2000), o estudo realizado

em diversas áreas da Amazônia mostrou que An. nuneztovari também foi

encontrado naturalmente infectado pelo P. falciparum, P. vivax e P. malariae,

embora esse mosquito tenha sido considerado como um vetor de papel secundário

na manutenção da transmissão da malária.

Em relação à An. triannulatus, seu papel no contexto da transmissão da

malária se assemelha ao de An. nuneztovari. No atual estudo, An. triannulatus não

foi encontrado infectado, mas existem relatos na literatura que mostram que essa

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espécie pode ser ocasionalmente um albergador do Plasmodium (Tadei & Tatcher,

2000; Galardo, et al., 2007; Póvoa et al., 2001). Embora relatos de infecção dessa

espécie existam, An. triannulatus não é considerado como um vetor habitual de

malária (Deane et al., 1948; Faran & Linthicun, 1981).

Espécies como An. oswaldoi, An. galvaoi, An. peryassui, An. braziliensis e An.

strodei também foram identificadas nas coletas, embora nenhuma tenha se

apresentado naturalmente infectada. Entretanto, a literatura mostra que

eventualmente An. oswaldoi pode aparecer infectado por plasmódios humanos e ser

um potencial vetor da malária na Amazônia (Arruda et al., 1986; Oliveira-Ferreira et

al., 1990; Rosa-Freitas et al., 1998, Branquinho et al.). Embora An. peryassui e An.

braziliensis também já tenham sido encontrados infectados em outros relatos,

observa-se que essas duas espécies tem apenas um papel secundário na

transmissão da malária (Tadei & Tatcher, 2000; Póvoa et al., 2001). An. strodei já foi

encontrado naturalmente infectado por Plasmodium vivax no estudo de Oliveira-

Ferreira e colaboradores (1990).

Outras duas espécies coletadas em menores proporções foram An.

mediopunctatus e An. evansae. Neste estudo, nenhuma das duas espécies foi

encontrada infectada. Entretanto, isso não significa que alguma dessas espécies

não sejam albergadores do Plasmodium e possíveis transmissores da malária.

Segundo a literatura, An. mediopunctatus pode ocasionalmente atuar como vetor da

doença (Tadei & Tatcher, 2000). Por outro lado, An. evansae não tem sido

relacionado à transmissão de malária (Marrelli et al., 2005).

Os dados referentes à taxa de infectividade obtidos nas fichas do Laboratório

de Pesquisas Básicas em Malária mostram que o parasito infectante mais

encontrado pertence à espécie Plasmodium vivax. Dos dezenove mosquitos

encontrados infectados, quatorze albergavam o Plasmodium vivax, dando

sustentação a afirmação de que essa espécie de plasmódio é a principal causadora

da malária não só no Pará, mas também no Brasil (Souza-Neiras et al., 2007; Da

Silva-Nunes et al., 2012). Dados do SIVEP-Malária também complementam essa

evidência. Em 2013, os casos de malária causados por P. vivax foram 17.920; por P.

falciparum, foram 5.046 casos (www.saude.gov.br/sivep_malaria, acessado em

14/10/14).

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5. CONCLUSÕES

O Estado do Pará vivencia uma intensa redução no número de casos da

malária desde 2010;

O An. darlingi é o principal vetor da malária no Pará, por ser mais abundante

e suscetível à infecção pelo plasmódio;

Apesar de ter sido encontrado infectado por Plasmodium neste estudo,

sugere-se que An. nuneztovari possui papel secundário na transmissão da malária

no Pará;

Os casos de malária causados por P. vivax continuam a ser maioria em

comparação aos casos de malária causados por P. falciparum;

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