Atletismo

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PATAIAS Ano Lectivo 2010/2011 A A t t l l e e t t i i s s m m o o Prof. Ana Maçãs

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PATAIAS

Ano Lectivo 2010/2011

AAttlleettiissmmoo

Prof. Ana Maçãs

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ANÁLISE DO ATLETISMO E DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRUTURA DE CONHECIMENTOS

Recepção

Habilidades Motoras

CORRIDAS Saltos

Velocidade Fundo

Partida de pé

Lançamentos

Postura

Coordenação

Posição de

partida

Membros superiores e inferiores

Estafetas

Técnica de

transmissão

Técnica de corrida

Fase de apoio

Fase de Suspensão

Técnica Francesa Vozes de comando

Partida de blocos

Posição inicial

Fase de

aceleração

Vozes de

comando

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Habilidades Motoras

LANÇAMENTOS SALTOS

Dardo Peso

Corridas

Pega Fases

Preparação Deslizamento Arremesso Recuperação

Dardo Martelo Horizontais Verticais

Comprimento Altura

Corrida preparatória

Chamada

Técnica de voo / Transposição

Queda

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ATLETISMO

Velocidade Fundo Meio-fundo

Barreiras 3000 m 3000 m obstáculos

800 m 1500 m

5000 m 10 000 m

Meia-Maratona Marcha

Velocidade Pura

100 m F

110 m M

400 m F/M

100 m M/F

200 m M/F

20 km F 50 km M

400 m M/F

Fisiologia do Treino

Condição Física

Cultura

Desportiva

Conceitos

Psicossociais

Habilidades

Motoras

História Regras Caracterização da modalidade

Maratona

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CULTURA DESPORTIVA

BREVE REVISÃO HISTÓRICA

O Atletismo é a modalidade desportiva mais antiga que se conhece. A história do

Atletismo e o seu aparecimento, confunde-se com o da própria humanidade. Correr,

saltar e lançar são gestos naturais praticados por todos os seres humanos desde os mais

longínquos tempos e constituem, por isso, os padrões motores básicos que utilizamos no

nosso dia-a-dia. Antes de existir oficialmente como modalidade já o homem corria atrás

dos animais, saltava para ultrapassar os obstáculos e lançava pedras para se defender ou

para caçar, com o objectivo de sobreviver. O atletismo, para o Homem, não é, portanto,

mais que a utilização natural do seu património motor.

As suas origens remontam à Grécia antiga e aos primeiros Jogos Olímpicos, realizados

no ano de 776 a.C.. Por isso, pode-se dizer que o Atletismo se apresenta como a forma

mais antiga de organização desportiva.

O primeiro campeonato oficial de atletismo a nível mundial só viria a ser

institucionalizado em 1983. Na era moderna dos Jogos Olímpicos (iniciada em 1896), o

atletismo marcou a sua presença, evoluindo consideravelmente a todos os níveis,

tornando-se deste modo um dos desportos fundamentais da realização deste evento.

Entre 1880 e 1920 formaram-se associações de atletismo um pouco por todo o mundo.

A Federação Internacional de Atletismo Amador foi fundada em 1912 e é ainda hoje a

entidade responsável pelas competições internacionais.

A Federação Portuguesa de Atletismo foi criada em 1921, então com o nome de

Federação Portuguesa de Sports Atléticos (FPSA), contando somente com a inscrição

de seis clubes.

Considerado como o “Desporto universal”, o atletismo foi a disciplina de base de todos

os outros desportos.

O Atletismo em Portugal

Fazendo a referência à história do Atletismo em Portugal, pode-se dizer que a primeira

prova oficial da modalidade foi organizada pela Sociedade Promotora de Educação

Física Nacional, a 26 de Junho de 1910, com o título “Jogos Olímpicos Nacionais”.

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Estes torneios prosseguiram até cerca de 1914, ano em que uma dissidência levou

alguns clubes a fundarem a Federação Portuguesa de Sports, cuja actividade durou até

1916. Desde essa data até à fundação da Federação Portuguesa de Atletismo, em 5 de

Novembro de 1921, o Atletismo manifestou-se apenas em organizações particulares à

custa do esforço de alguns clubes.

Actualmente as competições oficiais estendem-se praticamente ao longo do ano inteiro,

organizadas pelas Associações Regionais e pela Federação, sendo os Campeonatos

Nacionais Masculinos (individuais e por equipas) os mais importantes conjuntos de

provas que se efectuam em Portugal.

Embora lento, o progresso do Atletismo Nacional não deixou de se verificar. Para tal,

tem contribuído de certa forma, a participação de atletas e equipas nacionais em

competições internacionais, e a conquista de alguns títulos. De todos os títulos

conquistados, importa referir os alcançados por Carlos Lopes e Rosa Mota. Esta última

foi a vencedora da primeira maratona feminina, realizada num campeonato da Europa

em 1982 em Atenas e medalha de ouro na maratona Olímpica de Seul em 1988. Carlos

Lopes foi também medalha de ouro na maratona Olímpica mas nos Jogos de 1984 em

Los Angeles. Mais recentes foram os resultados alcançados por Fernanda Ribeiro, com

a medalha de ouro alcançada nos 10.000m dos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e

por Paulo Guerra, com o título de Campeão Europeu de Corta-mato. Mais recentes

ainda foram as medalhas de Francis Obikwelu e Rui Silva nos Jogos de Atenas 2004

(prata nos 100 e bronze nos 1500m, respectivamente).

Todos estes resultados mostram como o Atletismo se apresentou sempre como a

modalidade com melhores resultados internacionais do nosso país bem como a

modalidade com mais participações Olímpicas.

Caracterização da modalidade

O Atletismo é uma modalidade composta por 4 grandes grupos de disciplinas que,

por sua vez, englobam outras várias disciplinas:

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Corridas

- Velocidade

- Meio-fundo

- Fundo

- Barreiras

- Estafetas

- Obstáculos

- Maratona

- Marcha

Saltos

- Altura

- Comprimento

- Triplo

- Vara

Lançamentos

- Peso

- Dardo

- Disco

- Martelo

Provas Combinadas

- Triatlo

- Pentatlo

- Heptatlo

- Decatlo

As provas de corrida e de marcha podem ser realizadas em estrada, em corta-mato ou

em pista (Figura 1). Todas as outras apenas são passíveis de ser realizadas em pista. No

entanto nestes últimos Jogos Olímpicos assistimos à realização do lançamento do peso

num local lendário, que não numa pista convencional, onde tinham sido realizados os

primeiros Jogos Olímpicos.

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Figura 1. Pista de Atletismo de uma vista vertical

Apesar do Atletismo ser a modalidade que com mais impacto dos Jogos, nem todas as

suas disciplinas são disciplinas Olímpicas. As corridas disputadas no âmbito dos Jogos

Olímpicos dividem-se em três grupos: (i) provas de velocidade, das quais fazem parte as

distâncias de 100, 200 e 400 m, e estafetas; (ii) as provas de meio-fundo e fundo,

compreendendo os 800, os 1500, os 5000 e os 10 000 m, os 3000 m obstáculos e a

meia-maratona; e (iii) a maratona, uma longa corrida realizada em estádio e estrada. As

corridas com barreiras, incluídas nas provas de velocidade, efectuam-se em 110, 200 e

400 m para homens, e 100 e 400 m para senhoras.

As provas de saltos incluem o salto em altura, o salto em comprimento, o triplo salto e o

salto à vara. Os lançamentos fazem todos parte do calendário de provas Olímpicas.

Existem ainda as provas combinadas, especialidades que abarcam um conjunto de

modalidades atléticas, compreendendo provas de corrida, lançamento e salto.

Apesar de, como já vimos, o Atletismo ser considerado a base de todos os desportos,

este é por vezes visto como um “parente pobre” das modalidades desportivas, sendo que

é, não raras vezes, a desmotivação dos próprios professores que induz reacções

negativas por parte dos alunos quando confrontados com actividades nesta área. Aliás é

frequente que quando o professor transmite aos alunos que a modalidade a abordar é

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Atletismo, se ouça das suas bocas aquela angustiada exclamação: “Correr?!...” (Rolim,

2003).

Urge pois restituir ao Atletismo o importante carácter formativo que indiscutivelmente

possui, ainda que isso exija uma reformulação ou apenas uma reorientação das

estratégias e meios comummente usados na abordagem da modalidade, com vista a

torná-la mais apelativa e estimulante aos alunos (Rolim, 2003).

REGRAS

Antes de abordar as regras das diversas disciplinas do atletismo deve-se ter em mente

que estas, excepto as básicas para a prática, devem ser transmitidas em função das

necessidades que vão surgindo (Rolim, 2003).

Existem grupos de disciplinas com regras algo complexas e outros com regras bastante

simples. As regras das disciplinas pertencentes ao grupo das corridas não são

complexas. Na verdade são muito simples e em número reduzido tendo em conta as

outras disciplinas.

Corridas

As regras para o grupo das corridas são bastante simples. Para o a disciplina de corrida

de resistência a única regra que é mesmo necessária abordar é o cumprimento do

percurso pré-definido.

Corrida de Velocidade

Na disciplina das corridas de velocidade as regras já são em maior número. Poderíamos

mencionar um maior número de regras, mas não é pertinente que assim seja. As regras

básicas das corridas de velocidade são as seguintes:

Nas provas oficiais é obrigatória a partida com blocos;

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É falsa partida sempre que um concorrente sai do seu lugar antes de ser

dado o sinal de partida ou simultaneamente com este. Quando ocorre

uma falsa partida, o atleta é desclassificado;

As corridas disputam-se em corredores individuais, delimitados por

linhas;

O atletas que sair do corredor que lhe foi destinado, e deste facto tirar

vantagem ou prejudicar outros concorrentes, é desqualificado.

Corrida de Estafetas

As regras das corridas de estafetas são em tudo semelhantes às das corridas de

velocidade acrescentando as regras referentes à passagem do testemunho e zona de

transmissão. Estas últimas são as seguintes:

Apenas o primeiro corredor realiza partida dos blocos;

O testemunho tem ser entregue em mão e dentro da zona de transmissão;

Além da zona de transmissão existe ainda uma zona de balanço de onde

parte o atleta que vai receber o testemunho;

Se o testemunho cair o atleta poderá voltar a apanha-lo desde que daí não

resulte o prejuízo de nenhum dos adversários.

Corrida de Barreiras

A corrida de barreiras é também uma corrida de velocidade em que o corredor tem de

ultrapassar um conjunto de obstáculos em sucessão.

Nas provas de 100m (senhoras) e 110m (homens) existem 10 barreiras, espaçadas entre

si 8,5 metros e 9,14 metros, respectivamente. A altura das barreiras para os homens é de

1,07m e para as senhoras de 0,84cm.

As barreiras podem ser derrubadas desde que não o sejam com intencionalidade. Se tal

acontecer, o corredor é desclassificado.

As corridas são realizadas em pistas individuais e os atletas devem permanecer na sua

pista até ao final da prova.

A passagem das barreiras deve ser iniciada sempre com a mesma perna.

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A transposição das barreiras deve ser feita o mais rasante possível (junto à barreira), de

forma a não perder velocidade.

Deve-se manter o ritmo das passadas entre as barreiras (o mesmo número de passadas

entre as barreiras, três passadas ou quatro apoios).

A impulsão não se deve fazer muito perto das barreiras, para evitar derrubá-las.

Saltos

Salto em altura

As regras de salto em altura são já um pouco mais complexas que as da corrida e

difíceis de avaliar. Uma das razões é a maior possibilidade de ocorrência de situações de

batota. Refiro-me mais especificamente ao momento de transposição da fasquia onde

por vezes poderá ser difícil julgar se o atleta segurou a fasquia ou não e às regras de

subida da fasquia e renúncia de alturas. Na Escola estas não serão problema, pois

novamente apenas nos seguiremos pelas mais básicas:

O salto é válido desde que se transponha a fasquia sem a derrubar e se

execute a chamada a um só pé;

O salto é considerado nulo e, portanto, tentativa falhada, se o concorrente

derrubar a fasquia ou se tocar o terreno para além do plano dos postes;

Cada concorrente dispõe de um máximo de 3 tentativas para ultrapassar a

fasquia.

O concorrente que execute 3 tentativas falhadas consecutivas é

eliminado.

Salto em comprimento

As regras do salto em comprimento para a sua abordagem na Escola são também

bastante simples:

Cada saltador tem um determinado número de tentativas;

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O melhor resultado de todas as tentativas é considerado o resultado final;

O último apoio da corrida de balanço não poderá tocar a linha de

validade;

Depois do salto, o saltador terá de sair para a frente da marca que

realizou;

O Resultado é medido desde a tábua de chamada e o contacto com a areia

mais próximo desta.

Lançamentos

Lançamento do peso

O peso tem que se manter encostado ao pescoço até ao acto de

lançamento;

Após lançamento a saída do círculo de tem de ser feita pela metade de

trás do mesmo;

O lançador pode tocar a antepara na sua face anterior mas não a pode

calcar superiormente;

Não pode sair do círculo de lançamento sem que o engenho toque o solo.

HABILIDADES MOTORAS

Corridas

Técnica de corrida

A técnica de corrida foi escolhida para a primeira abordagem por considerarmos que

constitui, ao nível das aprendizagens e adaptações no âmbito do Atletismo, um meio de

aquisição de determinadas sensações motoras fundamentais à aprendizagem de todos os

outros gestos técnicos da modalidade.

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Com o intuito de proporcionar aos alunos um ensino de qualidade, os exercícios

técnicos desempenham naturalmente uma importante decisão pedagógica.

A técnica de corrida é o único conteúdo que percorre longitudinalmente toda a unidade

temática.

A corrida é considerada uma tarefa motora de carácter cíclico e de estrutura rítmica

variável ou invariável, em que fases de apoio são alternadas com fases de suspensão.

Isolando num ciclo de movimento a acção de uma perna, podemos distinguir dois

momentos na fase de apoio como na fase de suspensão.

Após o contacto do pé com o solo devem observar-se duas acções distintas:

Uma anterior, dirigida da frente para trás, com o objectivo de provocar uma

passagem, tão rápida quanto possível, do corpo pelo apoio;

Uma posterior, dirigida de trás para a frente por extensão da perna, que provoca

a projecção do corpo para a frente.

A estas duas acções segue-se a fase de suspensão até se iniciar idêntico movimento da

outra perna (Figura 2).

Após a perda de contacto com o solo, a perna realiza uma acção circular, que é

habitualmente decomposta em balanço atrás e balanço à frente (Figura 3).

O contacto do pé com o solo deve realizar-se no eixo da corrida, variando a superfície

de apoio de acordo com a intensidade de corrida. Assim, para uma intensidade máxima

o pé toma contacto pelo terço anterior do seu bordo externo, enquanto que para

intensidades média e fraca o apoio tende a ser realizado sobre a região externa do

metatarso e do tarso (Figura 4).

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Figura 2. Cada passada de corrida compreende quatro fases: Apoio à frente, impulsão, recuperação e

balanço.

Figura 3. A perna está flectida durante a fase de recuperação; O joelho eleva-se para a frente e para cima

durante a fase de balanço à frente.

Figura 4. Fase de apoio: apoiar o terço anterior do pé na fase de apoio à frente; Extensão total das

articulações do tornozelo, joelho e coxa durante a fase de impulsão.

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Os exercícios descritos para o desenvolvimento da técnica de corrida são inúmeros:

Skipping tíbio-társico;

Skipping baixo, médio e alto;

Skipping MI estendidos à frente;

Skipping nadegueiro ou atrás;

Movimento dos MS a 90º parado;

Saltitar simples;

Corrida saltada;

Step’s;

Hop’s;

Movimento dos MS para o skipping baixo;

Skipping baixo para skipping alto;

Skipping assimétrico (baixo ou médio + médio ou alto);

Skipping assimétrico (atrás + baixo);

Step + hop;

Skipping progressivo de baixo até à corrida;

Corrida em velocidade progressiva;

In–out’s.

VELOCIDADE

Entende-se por velocidade a capacidade de executar tarefas motoras no mínimo lapso de

tempo, com uma intensidade máxima e com uma duração não superior a 6/8”. Nesta

capacidade consideramos distintamente a velocidade de reacção e a velocidade cíclica.

No desenvolvimento da velocidade de reacção pretendemos que os alunos reajam de

forma veloz e explosiva a um determinado estímulo, seja ele de natureza visual ou

auditiva. A orientação da estimulação aponta no sentido das partidas de pé, outro dos

conteúdos previstos nesta unidade temática. Quanto à velocidade cíclica, ela será

desenvolvida no decurso das aulas, sempre inserida em situações de carácter lúdico e

visando sempre que as distâncias a percorrer não sejam vistas como um fim mas sim

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como um meio. No final da abordagem desta capacidade será feita a sua avaliação

através da repetição do teste de velocidade contemplado nos testes de condição física, os

60 metros planos.

A corrida é a capacidade natural que o Homem possui de se deslocar rapidamente,

alternando o apoio de um pé com a suspensão, mas é um movimento natural que só se

optimiza mediante um rigoroso e específico processo de ensino-aprendizagem. A

corrida de velocidade, cuja distância a percorrer é curta, é efectuada o mais rapidamente

possível.

Na corrida de velocidade existem quatro fases:

1. Partida

2. Aceleração

3. Velocidade máxima

4. Perda de velocidade ou aceleração negativa

Partidas

Partida de pé

A abordagem deste conteúdo insere-se no desenvolvimento da velocidade de

reacção, sendo que passam a estar presentes neste conteúdo considerações de ordem

regulamentar. A partida de pé pode ser dividida em 2 fases:

1. A primeira corresponde à voz “aos seus lugares”;

2. A segunda corresponde ao sinal de partida.

Posicionamento inicial:

• Pés no eixo da corrida;

• Pernas flectidas;

• Tronco inclinado à frente;

• Peso corporal na perna da frente;

• Cabeça no prolongamento do tronco;

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• Olhar para 1-2m à frente da linha de partida;

• Calcanhares elevados;

• Braços em oposição às pernas.

Movimentação:

• Deve desequilibrar-se o corpo à frente;

• A perna mais avançada deve empurrar energicamente o corpo para a frente e a mais

atrasada deve avançar de uma forma dinâmica;

• Os braços devem movimentar-se de uma forma enérgica;

• O tronco deve levantar-se progressivamente;

• Os apoios inicialmente não são colocados debaixo do Centro de Gravidade mas sim

atrás dele, deslocando-se progressivamente para o alinhamento vertical (ao

mesmo tempo que o tronco).

Partida de blocos

A partida de pé pode ser dividida em 3 fases:

1. A primeira corresponde à voz “aos seus lugares” que tem como critério

uma posição equilibrada estando o peso equitativamente distribuído pelos 2 membros

inferiores, numa atitude descontraída, com um pé ligeiramente à frente do outro e o

tronco numa posição vertical.

2. A segunda corresponde à voz, “pronto”, há um tensionamento de todo o

corpo, tipo mola, onde o seu peso assenta fundamentalmente no membro inferior

adiantado. A posição dos membros superiores deve ser simétrica em relação aos

membros inferiores. A linha de ombros avança relativamente à linha de partida,

criando-se assim um equilíbrio instável a aproveitar no momento da partida.

3. A terceira corresponde ao sinal de partida. Nesta pretende-se um

sincronismo entre os membros superiores e inferiores. É necessário criar situações a

fim que o aluno não “se levante” logo após o sinal de partida, uma vez que a primeira

parte da corrida é realizada em desequilíbrio.

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Distância standard dos blocos relativamente à linha:

_ 1,5pés o bloco da frente;

_ 2,5 pés pé o bloco de trás.

Posicionamento inicial:

• Mãos no solo mais afastadas que os ombros;

• Polegar e indicador afastados e paralelos à linha de partida;

• O peso do corpo distribui-se pelos 5 apoios (dois pés, um joelho e duas mãos);

• O joelho da perna de trás apoia no solo.

Posição de “prontos”

• Peso do corpo distribui-se pelos 4 apoios, com predominância dos braços;

• Ombros avançam ligeiramente para além da vertical;

• Bacia sobe até que o joelho da frente atinja sensivelmente os 90 graus;

• Bacia sobe um pouco mais alto que o nível dos ombros;

• Não se deve olhar em frente, mas sim para baixo, eventualmente para a linha da partida;

• O pé que fica mais atrás deve estar totalmente encostado ao bloco em pré tensão.

Partida

• Avanço do corpo através da extensão enérgica da perna da frente;

• Os braços saem simultaneamente do solo e movimentam-se alternada e vigorosamente;

• A amplitude da passada aumenta progressivamente;

• O tronco atinge a vertical progressivamente;

• Os Apoios passam para baixo do centro de gravidade progressivamente.

ESTAFETAS

A corrida de estafetas possui um grande potencial formativo, por um lado pelo trabalho

de domínio sobre si mesmo, de cálculo de velocidades e de domínio de uma técnica – a

de transmissão – e por outro por ser uma actividade em equipa em que todos realizam a

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mesma tarefa, todos são importantes e onde é fundamental o espírito de grupo. Esta

pode ser definida como o levar de um testemunho o mais rapidamente possível da linha

de partida à linha de chegada, e por isso, evitar uma perda sensível da velocidade nas

passagens do testemunho. A passagem do testemunho de um corredor a outro deve

obrigatoriamente efectuar-se de mão em mão e em zonas regulamentares de 20 metros

(zona de transmissão). Para as estafetas de 4x60m a 4x200m, uma zona de balanço de

10 metros precede a zona de transmissão (Figura 5).

Figura 5. Zona de transmissão e de balanço regulamentares.

A técnica específica a ensinar será a ascendente (Figura 6), executada sem qualquer

referência visual excepto para o início de corrida do receptor do testemunho (Figura 7).

Começaremos pelo ensino da pega do testemunho, realizada pela parte posterior do

mesmo, passaremos para a transmissão sem referências visuais, apenas sonoras,

realizada em corrida lenta ou mesmo a passo, e terminaremos com situações

semelhantes mas em velocidade crescente e nas marcas respectivas. Acresce-se que a

formação das equipas em situações

Figura 6. Técnica de transmissão do testemunho ascendente.

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Figura 7. Referência visual de início de corrida para a transmissão do testemunho.

Descrição Técnica/Critérios de êxito

Partida

Do que inicia a corrida:

Idêntica à partida para uma corrida de velocidade;

Testemunho seguro entre o polegar e o indicador e envolvido pelos outros dedos.

Dos receptores:

De pé:

O receptor coloca-se em pé, ocupando a parte interna ou externa do corredor,

conforme vá receber o testemunho com a mão direita ou a esquerda;

Linha de ombros paralela ao eixo da pista;

Pés orientados no sentido da corrida, um à frente do outro.

1º passos:

Impulsões completas;

Tronco vai-se endireitando progressivamente;

Cabeça mantém-se descontraída;

Passar rapidamente para o interior do corredor.

Velocidade máxima

Manutenção de elevada frequência;

Aumento da amplitude dos passos;

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Corrida alta e bem circulada;

Extensão completa dos membros inferiores na impulsão;

Tronco próximo da vertical;

Oscilação controlada dos membros superiores;

Braço e antebraço formam um ângulo de 90º;

Corrida de transmissão

De quem transmite:

Deve ser reduzida o menos possível a velocidade;

Continuar no seu corredor, até que todas as transmissões tenham terminado.

Começar a correr 10 metros antes da zona de transmissão;

Concentrar a atenção na marca de partida e no companheiro que dele se aproxima;

Cabeça virada para trás, a fim de reduzir ao mínimo a torção do tronco;

Manter-se junto à linha exterior ou interior da sua pista, conforme o método que

utilizar.

Transmissão

Membro superior receptor em extensão atrás, alto e ao lado do corpo;

Membro superior transmissor em extensão à frente;

Palma da mão receptora virada para trás, com dedos a apontar o solo;

Transmissão de baixo para cima;

Testemunho entregue com firmeza e segurança na mão do atleta que recebe;

Dar sinal para o colega que vai receber, para ele estender o braço para trás;

Testemunho colocado activamente na mão do colega, entre o polegar estendido e os

outros 4 dedos unidos.

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Métodos de transmissão

Método de transmissão exterior:

O atleta que transmite, traz o testemunho na mão esquerda e passa o testemunho para a

mão direita do receptor. Após a recepção, o atleta que recebeu faz a mudança do

testemunho para a outra mão.

Método de transmissão interior:

O atleta que transmite, traz o testemunho na mão direita, aproxima-se do atleta que

recebe pelo lado de dentro e passa-lhe o testemunho para a mão esquerda. Após a

recepção o atleta que recebeu faz a mudança para a outra mão

Método de transmissão misto ou de “Frankfurt”:

É uma combinação dos outros dois métodos, em que as 1ª e 3ª transmissões são

executadas pelo lado de dentro, e a 2ª pelo lado de fora. Os atletas que transportam o

testemunho, seguram-no nas curvas com a mão direita e nas rectas com a mão esquerda,

não sendo necessário haver mudança do testemunho para a outra mão, do atleta que

recebe o testemunho.

Erros Mais Comuns

Partida

o Dos receptores:

o Inicia-se com muita antecedência.

o Inicia-se tardiamente.

Corrida de transmissão

o Demasiado lenta (do receptor);

o Estar parado no momento da transmissão;

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Transmissão

o O aluno que recebe o testemunho vira-se par trás;

o O aluno que transmite o testemunho estende-o demasiado cedo;

o O aluno que recebe o testemunho, estende o braço atrás

prematuramente;

o Receber o testemunho com a mão errada;

o O testemunho cai no chão, por precipitação na transmissão.

CORRIDA DE RESISTÊNCIA

Para o desenvolvimento da corrida de resistência, Rolim (2003) sugere como principais

objectivos a ser definidos para esta etapa etária os seguintes:

Desenvolvimento da resistência aeróbia;

Aprender a gerir e a dosear o esforço;

Conhecer o seu corpo, potencialidades e limites.

Em função destes objectivos são princípios fundamentais a transmitir aos alunos:

A continuidade do esforço;

A descoberta do potencial;

Uniformidade do ritmo;

Escolha da velocidade ideal de corrida.

No que diz respeito à duração do esforço, tempos de 12 a 20 minutos é considerado

bastante satisfatório. De acordo com o mesmo autor, no âmbito da escola não se

justificam tempos superiores.

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CORRIDA DE BARREIRAS

A corrida de barreiras é constituída por 5 fases distintas:

1 - Partida e Aproximação à 1ª Barreira

Componentes Criticas:

- Até à primeira barreira o atleta tem de adquirir uma velocidade em que o comprimento

da passada aumenta progressivamente até ao último passo, o qual será mais curto que o

anterior.

2 - Impulsão

Componentes Criticas:

- Pé da perna de impulsão deve apoiar-se no eixo da corrida, ao mesmo tempo, a outra

perna efectua o ataque à barreira

- Perna de ataque para a frente e para cima, flectida;

- Tronco inclina-se para ficar no prolongamento da perna de impulsão, a cintura e os

ombros devem estar no sentido da corrida;

- A perna de impulsão só deixa o contacto com o solo depois da sua extensão.

3 - Transposição

Componentes Criticas:

- Flexão do tronco sobre a perna de ataque, com a ajuda do braço do lado oposto desta;

- A perna de ataque deve passar a barreira semiflectida, para a frente e para baixo;

- A perna de impulsão, na passagem da barreira, deve flectir lateralmente (abdução) e o

braço do mesmo lado deve ser levado um pouco à frente do tronco, flectido;

- Na fase final, a perna de ataque alonga-se para a frente e para baixo, naturalmente,

facilitando a acção do corpo para o movimento da perna de passagem.

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4 - Corrida entre Barreiras

Componentes Criticas:

O ritmo intermédio é de importância capital. O número de apoios deve permitir a

passagem das barreiras sem modificar o ritmo e com uma regularidade precisa.

5 - Corrida Terminal

Componentes Criticas:

Na fase final da corrida (após a última barreira) o atleta acelera em direcção à meta com

passadas vigorosas.

Saltos

Os saltos dividem-se em horizontais e verticais, conforme o seu componente espacial

mais marcante. As fases dos mesmos são comuns, a saber:

- corrida preparatória;

- chamada ou impulsão;

- voo;

- queda.

A primeira fase, corrida preparatória, é de todas a mais importante e convém relembrar

a sua estrutura, principalmente as três últimas passadas, onde, por haver um

alongamento na penúltima em relação à passada anterior, há um abaixamento do Centro

de Massa (CM), sendo depois o último passo mais curto e a consequente trajectória

particular de cada salto.

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A chamada, como é sabido, é a forma de transformar a velocidade linear adquirida ao

longo da corrida preparatória numa velocidade mais ou menos ascensional dependendo

do salto em questão (Motensen & Cooper, 1984).

À corrida preparatória liga-se a velocidade, mormente a componente de aceleração e o

sentido rítmico em especial na fase terminal da mesma.

Entre a corrida preparatória e a chamada, há uma fase (ligação corrida-impulsão) que se

mostra cada vez mais importante à medida que os alunos se tornam cada vez mais

rápidos e procuram obter melhores registos nos seus saltos (mais longe ou mais alto).

Nesse sentido deverá ser objecto de tratamento particular, exigindo que se crie situações

para a sua aprendizagem e consolidação.

A chamada, isto é, a transformação de uma velocidade horizontal em duas componentes

distintas, depende muito da potência muscular, para além, obviamente, da técnica, que é

de importância vital para as fases seguintes.

A corrida preparatória

É a fase mais importante para o salto. Só se transforma, ainda que parcialmente, em

salto a velocidade adquirida até a chamada. O aumento de velocidade, a aceleração, é

conseguido por dois meios:

1º - pelo aumento da coordenação do movimento (idades pré-púberes);

2º - pelo aumento da potência muscular (idades púberes e pós-púberes).

Não devemos esquecer que o desenvolvimento da força acontece, sobretudo, durante o

período pubertário.

Número par ou ímpar de passos?

Desde há muito que optámos por colocar, no momento da partida, o pé de impulsão à

frente, implicando esta decisão um número par de passos (2:4:6:…passos). Por ser de

mais fácil assimilação, para além de ajudar a consolidar o pé de impulsão, proporciona

uma melhor estruturação e assimilação por parte dos jovens, ajudando a estabelecer e a

estabilizar a amplitude da passada.

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Número de passos da corrida preparatória?

Nas idades pré-púberes, sugere-se entre 12 e 14 passos. Nas idades púberes e pós-

púberes, sugere-se entre 14 e 18 passos (15 a 20 m se tivermos condições para tal).

Naturalmente que, para possibilitar uma maior exercitação, nomeadamente da ligação

corrida-impulsão, parte dos exercícios são realizados com corridas preparatórias mais

curtas, excepto nos momentos, cujo objectivo é o ajustamento da corrida preparatória

completa.

Salto em altura

O Salto em Altura pode ser definido como a tentativa de passar por cima de uma barra

horizontal (fasquia) colocada a determinada altura, após uma corrida de balanço. Este é

uma disciplina do agrado da maioria dos alunos, embora possua características que

tornam a sua abordagem, por vezes, inexequível na escola, já que o material que requer

– colchões em quantidade e qualidade razoáveis - é caro e não pode facilmente ser

improvisado. Quanto à fasquia, a sua ausência é perfeitamente ultrapassável com um

elástico, sendo que numa fase de iniciação este poderá mesmo ser o mais aconselhável.

A técnica que abordaremos neste ano lectivo é a Fosbury Flop, por ser a mais usada no

Atletismo actual, por ser aquela que possibilita maior e mais rápida progressão de

rendimento e porque o salto de tesoura já deverá ter sido abordado nos anos lectivos

anteriores. A principal característica desta técnica, para além da transposição ser feita de

costas para a fasquia, é a fase final da corrida preparatória ter trajectória curvilínea,

possibilitando a criação de uma força centrífuga responsável pela transposição da

fasquia. Mas a salto em altura é muito mais que uma corrida, é uma elevação após a

mesma- importância da impulsão. Outro aspecto a ter em linha de conta é a criação de

uma rotação do corpo no espaço. A dissociação da acção dos membros inferiores no

momento da impulsão é outro objectivo a ter em conta. Se um dos membros é

impulsionador o outro deve, em flexão do joelho, elevar-se o mais possível. Quanto à

queda, há que ter essencialmente preocupações de segurança, de modo a que os alunos

não percam confiança com uma queda mais dolorosa e que os iniba continuar a sua

evolução.

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Técnica de “Fosbury – Flop”

É um tipo de salto que consiste na realização de uma corrida rápida, uma chamada

activa, transpondo de costas, um obstáculo (fasquia), colocado a determinada altura do

solo, apoiado em dois postes, que vai sendo sucessivamente elevado.

As fases para a realização do salto em altura são:

1- Corrida de aproximação

2- Chamada

3- Fase aérea; transposição da fasquia

4- Queda

Corrida de Aproximação

A aproximação caracteriza-se por ser feita em curva durante os últimos passos, pelo

menos nos três ou quatro últimos. Aqui, a preparação imediata para a chamada leva o

atleta à melhor posição possível. Assim, a corrida de aproximação deverá apresentar os

seguintes critérios:

A aproximação faz-se de 9 a 13 passos. O ponto de partida está de 15 a

20m da fasquia e numa perpendicular a ela que passa uns 3 a 5 m por fora

do poste mais próximo. Estas diferenças dependem de o atleta começar a

aproximação quase em linha recta (com o ponto de partida deslocado para

um lado) ou de realizar toda a curva.

O raio da curva é função da velocidade de aproximação. É tanto maior

quanto a velocidade aumenta, e vale uns 6 a 8m para rapazes, raparigas e

principiantes; para os melhores praticantes, é de 8 a 10m.

A distância do ponto de chamada à fasquia, em regra, é de

aproximadamente 1 m para saltos de 2m ou mais.

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Chamada

A chamada inicia-se com a perna mais afastada da fasquia, sendo um movimento

especialmente explosivo. Enquanto a perna impulsionadora se estende, o tronco ergue-

se até uma posição quase vertical, a preparar a transposição da fasquia. Estes

movimentos são auxiliados pelo balanço dos braços e pelos ombros; a fim de favorecer

a inclinação da linha dos ombros em relação à fasquia, os braços não podem subir ao

mesmo tempo. O braço direito (impulsão esquerda) sobe energicamente, o esquerdo fica

em baixo para impedir que o respectivo ombro execute um largo movimento

compensatório para o lado de trás e ajuda assim a criar a rotação do corpo em volta do

seu eixo longitudinal. A rotação em volta do eixo longitudinal do corpo deve ser

produzida principalmente à custa da inflexão da perna do balanço, flectida para dentro,

uns 15 a 20º com a direcção da corrida do último passo. A cabeça vira-se para a fasquia,

em movimento compensatório, permitindo ao atleta manter o olhar fixo nela enquanto

executa estes movimentos. Imediatamente antes de o pé de impulsão abandonar o solo,

o tronco encontra-se em posição quase vertical, sobre ele.

Transposição da Fasquia e Queda

A 1ª fase do voo, a seguir à chamada, caracteriza-se por uma notória descontracção de

todo o corpo. Os braços são mantidos junto ao corpo. Esta posição de extensão do

corpo, facilita a rotação em torno do eixo longitudinal.

A 2ª fase da transposição é iniciada com uma vigorosa pressão das ancas para a frente,

visto que os ombros e as pernas do atleta se encontram neste momento em lados opostos

da fasquia (faz a ponte). Ao passar a bacia pela fasquia o atleta tem que realizar o

movimento compensatório de flexão das ancas. Este movimento é provocado pela

cabeça ao inclinar-se para diante (queixo ao peito).

Na 3ª fase, o corpo do atleta ganha a forma de um “L” mantida pela contracção

muscular, a fim de realizar o contacto com o solo. Os braços afastados, tocam a

superfície de contacto em primeiro lugar, iniciando a absorção do choque e preparando

a correcta posição do resto do corpo.

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Descrição Técnica/Critérios de êxito

Corrida de balanço

em curva na parte final (3 ou 4 últimos passos);aproximação executa-se entre

9 a 13 passos;

ponto de partida deve estar entre 15 a 20 metros da fasquia e numa linha

perpendicular a esta, que passa 3 a 5 metros por fora do poste mais próximo;

o raio da curva é função da velocidade de aproximação, sendo maior quando

esta aumenta;

na primeira parte da corrida a velocidade aumenta rapidamente, sendo

preferível fazê-la quase em linha recta;

ponto de apoio do membro inferior impulsor está entre a projecção vertical

da fasquia e a do centro de gravidade do atleta;

na transição para o último passo há um abaixamento do centro de gravidade;

ao começar o último passo, o tronco do saltador começa a “endireitar-se”;

corpo não deve tomar inclinação em direcção à fasquia, pelo contrário, deve

conservar-se inclinado para o centro da trajectória de modo a realizar na

chamada uma subida quase vertical.

Chamada

é realizada pelo membro inferior mais afastada da fasquia, sendo um movimento

explosivo;

colocação do pé impulsor, faz-se um pouco fora da trajectória da curva;

enquanto o membro impulsor se estende, o tronco ergue-se até uma posição

quase vertical, preparando a transposição da fasquia;

parte da impulsão aplica-se fora do centro de gravidade e produz o binário

exigido pela rotação do corpo para a posição horizontal, de costas para a fasquia;

estes movimentos são auxiliados pelo balanço dos membros superiores e dos

ombros;

os membros superiores não podem subir ao mesmo tempo, para poderem

favorecer a inclinação da linha dos ombros em relação à fasquia;

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o membro superior do lado do membro impulsor, sobe energicamente, ficando o

outro em baixo para impedir que o respectivo ombro execute um largo movimento

compensatório para o lado de trás (ajuda a criar a rotação do tronco em volta do seu

eixo longitudinal);

a rotação em volta do eixo longitudinal, deve ser produzida principalmente à

custa da inflexão do membro inferior de balanço (flectida);

a cabeça vira-se para a fasquia num movimento compensatório, permitindo

manter o olhar fixo nela enquanto executa o movimento;

antes do pé do atleta abandonar o solo, o tronco encontra-se numa posição

vertical sobre este;

o arqueamento do tronco permite que, neste momento, o prolongamento do

membro impulsor se afaste do centro de gravidade para criar o binário exigido pela

rotação.

Transposição

1ª fase do voo

notória descontracção de todo o corpo;

membro inferior de balanço descai para trás, reunindo-se ao membro impulsor, que

se encontra descontraído e pendente;

os membros superiores são mantidos junto ao corpo;

a posição de extensão do corpo facilita a rotação em volta do eixo longitudinal;

no momento em que os ombros fazem a transposição, a sua linha está quase paralela à fasquia.

2ª fase do voo

no momento da transposição da fasquia por parte dos ombros, começa a 2ª fase do

voo, iniciada com uma vigorosa pressão das ancas para a frente.

visto que os ombros e os membros inferiores se encontram de lados opostos da

fasquia, o corpo forma uma espécie de ponte, tendo o atleta neste momento que

fazer a transposição da bacia.

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transposta a fasquia, tem de se realizar rapidamente o movimento compensatório de

flexão das ancas, sendo este movimento provocado claramente pela cabeça, que se

inclina para diante (a querer tocar o peito com o queixo).

bacia desce por detrás da fasquia e os membros inferiores compensam levantando-

se.

o tronco procura travar este movimento de queda para trás.

logo que os membros inferiores estiverem perto da fasquia dá-se uma brusca

extensão das articulações dos joelhos, levantando estes à posição vertical.

o corpo toma a posição em “L”, mantida através de uma contracção muscular, a fim

de realizar o contacto com o colchão.

Contacto com o colchão

membros superiores afastados tocam em 1º lugar a superfície de contacto,

absorvendo o choque e preparando a correcta posição do resto do corpo.

de seguida o contacto é feito sobre as costas.

transversal ao plano da fasquia.

Erros Mais Comuns

Corrida de balanço

corrida com fraca aceleração e pouco circular;

desaceleração na fase final;

passadas irregulares;

corrida feita do lado do membro inferior de chamada;

salto com reduzida amplitude por exagerado abaixamento do centro de gravidade

durante a penúltima passada;

Chamada

a parte superior do corpo inclina-se na direcção da fasquia antes da chamada;

extensão incompleta do membro inferior de chamada;

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utilização insuficiente dos membros superiores e do membro inferior livre;

perda de velocidade no momento de chamada;

Transposição

transposição da fasquia na posição lateral, por rotação insuficiente do membro

inferior livre;

não há rotação do tronco;

curvatura das costas insuficiente ou inexistente;

não eleva a bacia;

cabeça em extensão;

posição em “L” ocorre demasiado cedo, antecipando a preparação para a recepção.

Contacto com o colchão

recepção feita com a cabeça ou pescoço, por demasiada rotação após a transposição

da fasquia;

rotação sobre o eixo transversal durante a recepção.

Salto em comprimento

O salto em comprimento define-se como uma sucessão de movimentos coordenados,

para conseguir fazer o salto com chamada a um pé (na tábua) e o mais longe possível.

Por isso é importante nesta actividade desportiva ter velocidade e grande capacidade de

impulsão, coordenar a corrida de balanço com as restantes fases do salto.

Este salto divide-se em 2 fases principais:

1. Aproximação em corrida de balanço, com mudança de ritmo e cadência nos

últimos 3 passos, que finalizam com chamada rápida, devendo ser efectuada

com força e óptima coordenação com a fase seguinte;

2. Aérea, voo ou suspensão, que termina com a queda ou recepção na caixa de

saltos.

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Técnicas aéreas ou de voo

Existem várias técnicas de voo no salto em comprimento, sendo as mais utilizadas:

Técnica de voo em extensão;

Técnica de voo de tesoura.

Na técnica em extensão deve-se:

elevar a perna livre para cima e para a frente, flectida;

impelir a perna de impulsão para a frente, flectida;

projectar as pernas para a frente ao mesmo tempo, com o tronco

flectido e com os braços em oscilação em círculo, para a frente e para

trás;

realizar a recepção ou queda, na caixa de areia, com a flexão dos

joelhos, para facilitar o avanço do corpo para a frente, e

simultaneamente com projecção dos braços à frente.

Técnicas de queda

A queda também é uma técnica que poderá ser ensinada aos jovens. Contudo, pela sua

complexidade, não é esse ensino um atarefa prioritária.

Podemos transmitir ao aluno a ideia da harmónica no momento de recepção ao solo.

Quando se tocar com os calcanhares na areia ocorre uma flexão continuada dos joelhos,

bacia e tronco num verdadeiro movimento de harmónica.

Outra técnica, talvez menos natural, é, após tocar com os calcanhares no solo, executar

um movimento do corpo não para diante mas para o lado, projectando-se lateralmente.

Lançamentos

A abordagem dos lançamentos da na escola nem sempre é fácil. Podemo-nos deparar

com alguns obstáculos que, no entanto, não são difíceis de ultrapassar, tais como

(Rolim, 2003):

Dificuldade de mobilizar toda a turma em simultâneo;

O tempo que cada aluno demora a estruturar o acto motor lançar;

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As questões dos espaços adequados, principalmente quando se

utilizam engenhos próximos dos institucionais;

Necessidade de se reunir óptimas condições de segurança.

O principio básico da aprendizagem de desenvolvimento das técnicas dos diversos

lançamentos é a realização de uma acção do corpo do tipo mola-chicote que se

desenrola de uma forma ascendente e progressiva, partindo dos apoios e prolongando-se

até à pega, fazendo uso das forças dinâmicas entretanto criadas (Rolim, 2003). Este

movimento é gerado a partir dos apoios no solo e termina na projecção final.

Ou seja, será preciso fixar uma das extremidades (linha dos ombros) e torcer a outra

extremidade (os apoios no solo) de forma a criar uma tensão que ao se soltar irá

chicotear o engenho.

Outro aspecto comum a todos os lançamentos tem a ver com a colocação e actuação da

parte esquerda do corpo (para quem é destro claro), ou seja, o principio da colocação

rígida de pontos de suporte.

Uma boa referência para a aplicação deste princípio é o da travagem brusca de um

comboio com pessoas dentro. Quando isto acontece, as pessoas são projectadas na

direcção de deslocamento do comboio. Deste modo, as pernas e corpo funcionarão

como o comboio e o engenho como o passageiro (Rolim, 2003).

A abordagem dos lançamentos deve ser realizada através de diversos jogos de precisão

e outros que impliquem por si só o acto de lançar. No entanto, quando o objectivo é já a

aproximação ao modelo competitivo, a primeira preocupação é a abordagem da pega.

Este princípio vem-nos da desmontagem da técnica global. As fases comuns a todos os

lançamentos são:

1. pega do engenho;

2. posição inicial;

3. avanço dos apoios;

4. posição de força;

5. projecção final.

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Contudo, não devemos recorrer somente a métodos analíticos para a exercitação destas

5 fases. O ideal é o uso de métodos analíticos juntamente com métodos de exercitação

da técnica global (Rolim, 2003).

Peso

Actualmente podemos identificar 2 técnicas de lançamento do peso usadas no Atletismo

de alto rendimento, técnica rotacional ou Barishnikov e a técnica em translação ou

O’Brien.

A técnica O’Brien, apesar de não tão rentável, apresenta-se como sendo a técnica de

aprendizagem mais fácil de abordar e acessível (Figura 8).

Figura 8. Técnica O’Brien completa.

Figura 9. Pega e colocação do engenho no pescoço.

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Critérios de êxito:

A pega do engenho apoiando os três dedos internos na mandíbula com o

cotovelo afastado do tronco;

A posição inicial sustentando o peso do corpo na perna da frente estando esta

flectida;

A posição inicial semi-flectindo a perna livre, mantendo contacto com o solo na

ponta do pé.

A posição inicial com o tronco inclinado á frente mantendo um ligeiro

desequilíbrio

Deslizamento através de um movimento rasante da perna livre para trás,

tentando ganhar velocidade.

Deslizamento com os ombros voltados para o ponto de partida antes de efectuar

a rotação.

Posição de força sustentando o peso do corpo na perna da frente com a bacia

voltada para o lado.

Ombros na direcção oposta à zona de queda antes de efectuar a rotação.

Rotação e elevação da bacia para a frente.

Cotovelo elevado no acto de lançamento.

Troca de apoios após o lançamento para manter o equilíbrio.

No final do lançamento não ultrapassar o limite anterior do circulo.

Lançamento em duplo apoio.

Extensão total do corpo para cima e para dentro no momento do lançamento.

Estas duas últimas variáveis mostram-se, já desde a abordagem aos lançamentos nas

idades pré-púberes, como os princípios básicos dos lançamentos.

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MEC Atletismo 9º A

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Bibliografia

Carr, G. (1991). Fundamentals of Track and Field. Champaign IL, Human Kinetics.

Ministério da Educação e Investigação Científica (s.d.). Iniciação ao atletismo.

Colecção Cultura e Desporto. Lisboa. Portugal.

Motensen J. & Cooper J. (1984). Técnicas del atletismo. Edições hispano europeia, 6ª

edição. Barcelona. Espanha.

Rolim, R. (2003). Atletismo. Apontamentos fornecidos pelo autor no âmbito da cadeira

de Didáctica de atletismo. FDCEF-UP. Porto.

Vickers, J. (1990). Instructional Design for Teaching Physical Activities. Human

Kinetics Books, Champaign, IL.