Aula 001 finanças

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www.novosolhos.com.br Curso: Ensino à Distância em Finanças Aula: 09 Assunto: Alavancagem Financeira e Ponto de Equilíbrio Professor: Antônio Salvador Morante E-mail: [email protected] Alavancagem Financeira, segundo Gitman, é “definida como a capacidade da empresa em usar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos de variações no lucro antes dos juros e imposto de renda sobre o lucro por ação”. Segundo outros autores, em resumo e interpretando-os, a alavancagem financeira acontece, positiva, quando os capitais de terceiros de longo prazo produzem efeitos positivos sobre o patrimônio líquido. Dessa forma, podemos concluir que só é vantajoso para uma empresa, os capitais de terceiros de longo prazo, quando o retorno sobre o ativo for superior ao retorno sobre o patrimônio líquido. De nada adiantaria a uma empresa captar recursos a longo prazo, se estes fizessem com que o retorno sobre o patrimônio líquido recuasse em sua posição anterior à da captação. Alavancagem financeira é isso. É a “alavanca” que esta captação produz ou não no retorno aos acionistas. O resultado da alavancagem financeira pode ser melhor interpretado pela fórmula, e seu coeficiente ao qual denominamos de grau: GAF = RsPL (Retorno sobre Patrimônio Líquido RsA (Retorno sobre o Ativo) Se o GAF for igual a 1,0 = a alavancagem financeira será considerada nula Se o GAF for maior que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada favorável Se o GAF for menor que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada desfavorável Tomando-se por exemplo, uma indústria com os seguintes dados: Em 2000 Em 2001 Ativo 43.070 64.550 P.Líquido 13.551 27.443 Exig.L.Prazo 13.519 17.404 Lucro Líquido 2.519 4.842

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Curso: Ensino à Distância em Finanças Aula: 09 Assunto: Alavancagem Financeira e Ponto de Equilíbrio

Professor: Antônio Salvador Morante E-mail: [email protected]

Alavancagem Financeira, segundo Gitman, é “definida como a capacidade da empresa em usar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos de variações no lucro antes dos juros e imposto de renda sobre o lucro por ação”. Segundo outros autores, em resumo e interpretando-os, a alavancagem financeira acontece, positiva, quando os capitais de terceiros de longo prazo produzem efeitos positivos sobre o patrimônio líquido. Dessa forma, podemos concluir que só é vantajoso para uma empresa, os capitais de terceiros de longo prazo, quando o retorno sobre o ativo for superior ao retorno sobre o patrimônio líquido. De nada adiantaria a uma empresa captar recursos a longo prazo, se estes fizessem com que o retorno sobre o patrimônio líquido recuasse em sua posição anterior à da captação. Alavancagem financeira é isso. É a “alavanca” que esta captação produz ou não no retorno aos acionistas. O resultado da alavancagem financeira pode ser melhor interpretado pela fórmula, e seu coeficiente ao qual denominamos de grau: GAF = RsPL (Retorno sobre Patrimônio Líquido RsA (Retorno sobre o Ativo) Se o GAF for igual a 1,0 = a alavancagem financeira será considerada nula Se o GAF for maior que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada favorável Se o GAF for menor que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada desfavorável Tomando-se por exemplo, uma indústria com os seguintes dados: Em 2000 Em 2001 Ativo 43.070 64.550 P.Líquido 13.551 27.443 Exig.L.Prazo 13.519 17.404 Lucro Líquido 2.519 4.842

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GAF em 2000 RsPL = 2.519 = 18,58% 13.551 RsA = 2.519 = 5,84% 43.070 GAF = RsPL = 18,58% = 3,18 RsA 5,84% GAF EM 2001 RsPL = 4.842 = 17,64% 27.443 RsA = 4.842 = 7,50% 64.550 GAF = RsPL = 17,64% = 2,35 RsA 7,50% A conclusão extraída é a de que, em 2000 o grau de alavancagem embora positivo, tinha um resultado de 3,18. No ano de 2001 a empresa fez crescer seu ativo incorporando mais recursos, e o grau de alavancagem embora positivo diminuiu para 2,35. Os resultados de 3,18 e 2,35 têm o seguinte significado:

a) em 2000 – a alavancagem financeira é favorável em 218%, ou seja, os capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de 218% sobre o patrimônio líquido

b) em 2001 – a alavancagem financeira é favorável em 135%, ou seja, os capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de 135% sobre o patrimônio líquido

O estudo da alavancagem tem mostrado, pelos diversos autores, diversas fórmulas dando-nos uma série de interpretações até diferentes entre si. Uma delas, que nos pareceu também interessante conclui pela seguinte fórmula:

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GAF = Variação % do Lucro Líquido Variação % do Lajir Utilizando-se do exemplo da mesma indústria, precisamos expor os dados da demonstração de resultado nos anos de 2000 e 2001, com as adaptações que se fazem necessárias: INFORMAÇÕES 2001 2000 Receita Líquida de Vendas 91.211 71.270 Custo das Vendas 39.779 30.812 Lucro Bruto 51.432 40.458 Despesas Operacionais 43.540 31.422 LAJIR 7.892 9.036 Despesas Financeiras 1.354 6.019 Lucro Antes do IR 6.538 3.017 Imposto de Renda 1.696 498 Lucro Líquido 4.842 2.519 Assim, em 2001, teríamos a seguinte interpretação do grau de alavancagem financeira por esta fórmula: GAF = Variação % do LL = 192% = 2,20 Variação % do Lajir 87% A diferença, nesta maneira diferente de abordar a alavancagem financeira, foi bastante pequena, de 2,35 para 2,20. Entretanto, foi observado que os dados são coletados na demonstração do resultado do exercício, através da segregação das despesas financeiras (ou mesmo receitas financeiras) das despesas operacionais. Em dado momento, temos o LAJIR – cujo significado é: lucro antes dos juros e imposto de renda. A alavancagem financeira é demonstrada justamente pelo reflexo dos capitais de terceiros nas vendas líquidas, em relação ao lucro líquido após a diminuição do reflexo das despesas financeiras provocadas por estes mesmos capitais de terceiros.

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Ponto de Equilíbrio faz parte do estudo da relação: custo x volume x lucro, e mostra a quantidade de produtos que deve ser produzida (e vendida) para propiciar o resultado desejado pelos investidores. O equilíbrio, demonstrado pela quantidade de produtos, se faz através do lucro zero, ou do lucro desejado. Ou seja, preciso produzir 1.000 unidades de produto para pagar todos os meus custos e despesas fixas e nada ganhar. Neste caso estamos diante do lucro zero. A partir da 1.001ª. unidade inicia-se o processo de obtenção de resultado positivo aos investidores. O ponto de equilíbrio se faz, então, na 1000ª. unidade.

Para chegarmos ao ponto de equilíbrio, temos de passar pela Margem de Contribuição, que é uma medida indicativa de resultado, proveniente da seguinte informação:

Margem de Contribuição = Vendas Líquidas (-) Custos e Despesas Variáveis Observamos pela fórmula da margem de contribuição que esta preocupa-se apenas com os gastos variáveis da empresa. Assim, é uma interpretação de resultado diferente daquelas que observamos na demonstração do resultado, mas é uma forma importante de se interpretar a “contribuição” de cada produto ao resultado final. Assim, para chegarmos ao ponto de equilíbrio, temos de segregar todos os gastos (custos ou despesas) em fixos e variáveis. Vamos utilizar o mesmo exemplo de DRE de 2001 citado na alavancagem financeira, e por hipótese distribuirmos todos os valores a dois produtos, da seguinte forma: INFORMAÇÕES PRODUTO A PRODUTO B TOTAL Receita Bruta de Vendas 61.475 54.516 115.991 Deduções da Receita Bruta 12.909 11.871 24.780 Receita Líquida de Vendas 48.566 42.645 91.211 Custo das Vendas 19.672 20.107 39.779 Lucro Bruto 28.894 22.538 51.432 Despesas Operacionais 25.332 19.562 44.894 Lucro Antes do IR 3.562 2.976 6.538 Imposto de Renda 926 770 1.696 Lucro Líquido 2.636 2.206 4.842

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A distribuição dos gastos (entendendo-se como tais, a soma dos custos e despesas operacionais), em fixos e variáveis, seria a seguinte: PRODUTOS GASTOS FIXOS GASTOS VARIÁVEIS A 22.925 22.079 B 14.225 25.444 A produção estaria distribuída da seguinte forma: Produto A - 1.200 unidades Produto B - 1.400 unidades Para chegar-se ao ponto de equilíbrio, necessitamos antes calcular-se a margem de contribuição unitária: PRODUTO A PRODUTO B Vendas Líquidas Unitárias 48.566 = 40,47 42.645 = 30,46 1.200 1.400 Gastos Fixos Unitários 22.925 = 19,10 14.225 = 10,16

1.200 1.400 Gastos Variáveis Unitários 22.079 = 18,40 25.444 = 18,17

1.200 1.400

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PRODUTO A PRODUTO B Vendas Líquidas (-) Gastos Variáveis 40,47 – 18,40 30,46 – 18,17 Resultado da MC unitária 22,07 12,29 Podemos concluir que, o produto que mais margem de contribuição traz para a empresa é o produto A. Para chegarmos ao ponto de equilíbrio, temos duas hipóteses: o ponto de equilíbrio contábil que representa o lucro zero, e o ponto de equilíbrio econômico que representa o lucro possível, o apresentado na realidade ou o desejado pelos investidores. De qualquer forma, o ponto de equilíbrio econômico é a quantidade necessária com lucro.

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A fórmula para a obtenção do ponto de equilíbrio contábil é: PEC = Custos Fixos + Despesas Fixas Margem de Contribuição Unit. PRODUTO A PEC = 22.925 = 1.038 unidades 22,07 PRODUTO B PEC = 14.225 = 1.157 unidades 12,29 A fórmula para a obtenção do ponto de equilíbrio econômico (com o lucro ocorrido na DRE estudada) é: PEE = Custos Fixos + Despesas Fixas + Lucro Margem de Contribuição Unitária PRODUTO A PEE = 22.925 + 3.562 = 1.200 unidades 22,07 PRODUTO B PEE = 14.225 + 2.976 = 1.400 unidades 12,29 No caso deste exercício, observa-se que a quantidade necessária ao ponto de equilíbrio contábil (sem lucro) é bem menor que a quantidade necessária ao ponto de equilíbrio econômico (lucro desejado ou obtido na DRE estudada)