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    PONTO DOS CONCURSOSDISCURSIVA BACEN - ANALISTA

    PROFESSORA: LUCIANA FERREIRA

    AULA 1

    Ol! Seja muito bem-vindo ao curso de discursiva para o BACEN.

    Como comentei na aula demonstrativa, teremos dois encontros para apresentao dos

    aspectos tericos relativos redao de textos de questes discursiva e de estudos de caso, depois

    disso ser apresentada a anlise de um exemplo de Questo Discursiva e de um exemplo de

    Estudo de Caso, de acordo com os critrios utilizados pelo CESPE.

    Nesta aula, discutiremos como feita a avaliao da prova discursiva pela banca do

    CESPE dividida em uma anlise da macro e da microestrutura e detalharemos comocostumam ser os comandos de provas discursivas que cobram questes e estudos de casos.

    Para comear, transcrevo os contedos, conforme a programao da aula demonstrativa:

    1) Qual o modelo de avaliao do CESPE? Macro e Microestrutura?

    2) Como se faz a organizao de um texto de Questo Discursiva?

    3) Como se faz a organizao de um texto de Estudo de Caso?

    3) Como costumam ser os comandos da prova discursiva do CESPE? textos motivadores; tpicosobrigatrios; situaes-problema; perguntas;

    4) O planejamento do texto: leitura do comando; identificao de tema/problema e seleo deargumentos;

    5) Cuidados especiais: fuga ao tema; tangenciamento do tema.

    Comecemos o trabalho!

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    1 QUAL O MODELO DE AVALIAO DO CESPE? MACRO E MICROESTRUTURA

    Entre os conhecimentos e habilidades requeridos para o ingresso na maioria das

    carreiras pblicas, est a competncia discursiva, ou seja, a capacidade de redigir textos com

    qualidade e correo.

    Na rotina de atividades dos rgos pblicos, tramitam documentos de diversas espcies

    relatrios, ofcios e memorandos, atas, pareceres, votos , s para citar alguns. E o servidor

    (Voc!) se deparar em seu dia a dia na Administrao com esses textos e ser solicitado a

    elabor-los.

    Os concursos pblicos buscam avaliar essa capacidade de redigir por meio da prova

    discursiva, e cada instituio organizadora tem seu estilo de cobrana.

    Em outras palavras, no basta que voc tenha conhecimento dos contedos

    especficos cobrados nas provas objetivas, preciso que demonstre a habilidade de

    redigir bem um texto sobre esses contedos, porque essa ser uma das tarefas cotidianas do

    ocupante do cargo a que se destina o concurso.

    Se voc j participou de selees do CESPE, sabe que a instituio organiza o contedo

    a ser cobrado em habilidadese conhecimentos, isso porque, nas questes que elabora, busca avaliar,

    alm dos conhecimentos tericos propriamente ditos, habilidades, como capacidade de

    interpretao, de sntese, de inferncia, de raciocnio dedutivo, entre outras. Distancia-

    se da cobrana de mera memorizao de contedos.

    Assim consta dos editais:

    Os itens das provas podero avaliar habilidades que vo alm do mero conhecimento memorizado,

    abrangendo compreenso, aplicao, anlise, sntese e avaliao, com o intuito de valorizar a capacidade de

    raciocnio.

    Nesse contexto, a prova discursiva atualmente busca avaliar a habilidade

    redacional do candidato e tambm seu conhecimento terico sobre os tpicos doscontedos especficos de cada cargo, normalmente por meio de situaes-problema que

    tentam refletir a realidade da prtica do futuro servidor. Da ento que surgiram os estudos de

    casos, pareceres, relatrios, questes prticas textos de natureza mais tcnica. Claro que isso

    depende de cada concurso e das habilidades que sero requeridas do futuro servidor.

    Mas, ento, que conhecimentos e habilidades voc precisa ter para obter um bom

    desempenho na avaliao de sua competncia redacional? Que critrios o CESPE utiliza como

    parmetros para avaliar essa habilidade?

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    O CESPE costuma apresentar propostas de avaliao discursiva que valorizam a

    habilidade de escrever como uma atividade de encontrar e ordenar ideias e de organiz-las num

    texto de maneira clara. O domnio das normas gramaticais, apesar de importante, apenas

    subsidirio a esse trabalho, como veremos mais adiante.

    Em sntese, escrever bem significa compor um texto, atentando-se para a forma e ocontedo; requer que se coordenem as ideias de maneira lgica e clara e que elas sejam

    expressas por meio de um bom estilo.

    A correo gramatical, portanto no tudo, ou seja, para ser aprovado em uma

    avaliao como esta do Bacen, no suficiente ter bom domnio das normas de gramtica. As

    virtudes primordiais que sero requeridas de seu texto so a clareza e a preciso das ideias,

    coerncia, coeso e, principalmente, a abordagem consistente do contedo proposto, que

    no ser mais um tema genrico, da atualidade brasileira, mas temas da sua rea deatuao. Para tanto, pressuposto bsico o domnio dos conhecimentos especficos que

    podero ser objeto de cobrana na discursiva.

    Nessa perspectiva, o CESPE divide a avaliao das provas discursivas em macro e

    microestrutura, critrio que tambm adotado por outras bancas. No caso do CESPE, como

    veremos detalhadamente, o grande peso da avaliao recai sobre a macroestrutura(o que

    no acontece, por exemplo, com a FGV ou a Esaf), e a microestrutura tem uma importncia

    subsidiria.

    Portanto, para obter um bom desempenho numa prova como esta do Bacen,

    preciso conhecer bem o contedo especfico do tema a ser desenvolvido; dominar as tcnicas

    de redao; fazer um bom uso da lngua escrita formal; e ainda ter familiaridade com a forma de

    cobrana e de avaliao utilizada pela banca do CESPE.

    Sendo assim, primeiramente voc deve ter claros os conceitos de macroestrutura e de

    microestrutura textual e, ainda, conhecer de que forma o CESPE pontua cada uma delas.

    Nesta aula falaremos sobre os dois conceitos, mas detalharemos apenas os aspectos

    relativos macroestrutura. As questes de microestrutura sero detalhadas na prxima aula.

    Passemos, ento, ao estudo desses dois conceitos.

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    O que macroestrutura?_______________________________________________

    Como o prprio nome diz, macroestrutura refere-se aos elementos que definem a

    estrutura global de um texto. Dessa forma, quando falamos em macroestrutura, podemos

    pensar nas seguintes questes:

    Que tipo de informao o texto veicula? Que partes deve apresentar? Que linguagem lhe ser pertinente?Em sntese, a macroestrutura refere-se a aspectos textuais de organizao e estruturao

    do texto, de clareza e objetividade e, principalmente, de abordagem do tema. Esses so

    exatamente os aspectos que o CESPE avalia com maior rigor na prova discursiva.

    A macroestrutura diferencia-se de acordo com a finalidade e a tipologia dos textos.

    Assim, um texto narrativo, por exemplo, ter uma macroestrutura diferente de uma dissertao;

    da mesma forma, um estudo de caso se distinguir de um parecer, de uma nota tcnica ou de

    um resumo, ou seja, cada modalidade textual possui um tipo de organizao, uma lgica

    prpria, elementos especficos e, tambm, uma linguagem adequada a ela.

    No caso do seu concurso, o CESPE estabeleceu que devem ser redigidos dois textos

    para responder a questes que trataro de temas do contedo especfico de cada rea e um

    estudo de caso. Na prtica, esses textos muito se assemelham a uma dissertao, com veremos

    mais adiante.

    Voltando s perguntas apresentadas acima, vejamos as caractersticas da macroestrutura

    de um texto de questo discursiva.

    Que tipo de informao os textos das questes discursivas veiculam?Os textos das questes discursivas veicularo informao tcnica, relativa rea a que

    est concorrendo. No sero, portanto, textos narrativos e no trataro de temas da atualidade.

    Assim, na prova, voc ser chamado a expor e defender ideias a respeito de um tema, no

    caso, de um tema referente aos conhecimentos especficos de seu cargo/rea.

    Trata-se, portanto, de um texto de natureza reflexiva, no qual se busca apresentar, de

    forma clara e objetiva, uma linha de raciocnio sobre um assunto especfico, por meio de

    argumentos e opinies.

    Nessa perspectiva, podemos dizer que o tipo de informao que o texto da questo

    veicula tem carter denotativo, cientfico e informativo. Logo, no haver espao para

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    impresses emocionais e subjetivas ou dogmticas, sendo necessrio apresentar razes e dados

    objetivos, diretos e consistentes para justificar as ideias apresentadas.

    Na prtica, esse tipo de texto pode apresentar duas formas: a expositiva e a

    argumentativa. Conhec-las importante para voc.

    Vejamos, ento, o que diferencia a exposio da argumentao.

    Exposio_________________________________________________________________

    Na exposio, as ideias e fatos so apresentados, explicados e discutidos sem a inteno

    de convencer, sem argumentao contra ou a favor da ideia principal.

    Exemplos:

    Somos um pas com excesso de peso. Quase obeso. Esse foi o resultado da pesquisa realizadapelo Ministrio da Sade. Alm disso, a populao est mais longeva e deseja mais qualidade de vida.E h muitos jovens sedentrios.

    (Folha de So Paulo)

    Observe que aqui h apenas a exposio de um problema: o excesso de peso da populao

    brasileira. No h uma tomada de posio ou a apresentao de um ponto de vista (contrrio ou

    favorvel) em relao ao tema da obesidade.

    Vejamos mais um texto expositivo:

    Diante do agravamento da crise externa, da desacelerao da expanso do crdito interno e deum crescente vis anti-investimento privado, a economia brasileira est claramente rateando. Assim, as

    projees de crescimento do PIB, para este e o prximo ano, vm caindo seguidamente.

    (Estado)

    Da mesma forma, aqui h apenas a exposio de um problema: as dificuldades de crescimento

    da economia brasileira. No h uma tomada de posio ou a apresentao de um ponto de vista

    (contrrio ou favorvel) em relao ao tema.

    Vejamos agora o que caracteriza um texto argumentativo.

    Argumentao_____________________________________________________________

    A argumentao consiste na tarefa de julgar e assumir posio diante de problemas que

    nos so postulados; convencer, persuadir ou influenciar o leitor.

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    Exemplo:

    Queremos ou no queremos resolver nossos problemas? Eis a questo. O Brasil como ele , ascidades como elas so, contrapem-se ao que desejamos. um paradoxo brasileiro. Algo est errado e

    precisamos mudar. Enquanto enxergarmos no poder pblico o nico responsvel pelas mudanas,avanaremos lentamente. Alterar essas incoerncias que nos pegam de frente uma questo de atitude.

    Se a maioria da sociedade exercer uma determinada atitude, no haver poder pblico qualquer queresista e no se enquadre.

    (Folha de So Paulo)

    Veja a diferena aqui: o autor faz um julgamento sobre o tema e apresenta claramente

    seu posicionamento diante dele, ou seja, afirma que o Brasil, como est, no contempla nossos

    anseios, e precisa mudar. Diante dessa constatao, o autor ainda apresenta claramente o seu

    posicionamento sobre a questo, no sentido de que, para haver mudanas, no devemos

    aguardar simplesmente a ao do poder pblico, mas agir (esse posicionamento diante do tema

    denomina-se tese, conceito que estudaremos logo adiante).

    Em comum, as duas formas (expositiva e argumentativa) tm a caracterstica de se

    ocupar em prestar informaes de modo objetivo e preciso, sem margem para ambiguidades,

    constituindo, pois, espcies de texto de cunho no literrio, como, por exemplo, os textos

    jornalsticos e os artigos acadmicos e cientficos.

    Assim, a depender do comando da sua prova, o enfoque do seu texto ser mais

    informativo e reflexivo, sem necessidade de tomada de posio ou defesa de um ponto de vista

    sobre o tema de forma direta, ou dever apresentar um ponto de vista (tese) sobre o tema e os

    argumentos para defend-lo.

    Como sero 2 questes, possvel que a banca solicite a exposio e a argumentao.

    Vejamos a seguir a segunda caracterstica da macroestrutura de um texto de questo.

    Que partes o texto de uma questo deve apresentar?A primeira ideia que voc deve ter clara sobre a redao de texto tcnico numa prova de

    concurso que sempre haver um tema e um problema (ou problemas).

    Pensemos em um tema atual para a realidade brasileira, a fim de exemplificar esses

    conceitos. Imaginemos que voc deva escrever sobrefinanas pblicas.

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    A respeito desse tema, diversos problemas podem ser apresentados. Vejamos algumas

    possibilidades:

    - transparncia, controle e fiscalizao das finanas pblicas;- a responsabilidade do administrador pblico na gesto fiscal;- os limites da execuo oramentria;- o papel da Lei de Responsabilidade Fiscal no saneamento da dvida pblica;- finanas pblicas e investimento.Portanto, os problemas nada mais so que os diversos aspectos envolvidos na

    discusso de determinado tema.No contexto de provas do CESPE, o que ocorre normalmente que o comando da

    questo fornece o tema e j estabelece os problemas (ou aspectos) que o candidato dever

    abordar sobre ele em seu texto.

    Para ficar claro, veja este exemplo de questo aplicada no concurso do TCU:

    As fundaes pblicas, como as demais entidades da administrao pblica indireta, estosujeitas aos controles a elas aplicveis, devendo prestar contas dos recursos que lhes so destinados. E,se includas nos oramentos fiscal ou da seguridade social, todas as suas receitas se submetero programao governamental.

    Considerando que o texto acima tem carter unicamente motivador, identifique osvrios tipos de controles internos e externos a que esto sujeitas as fundaes pblicas, discorraacerca de cada um deles e sobre como eles se articulam com os sistemas convencionais daadministrao pblica. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    diferenas entre os controles internos e externos;

    principais tipos de controles internos e externos, sua configurao e respectivas subordinaes e

    vinculaes;articulaes entre os diversos tipos de controle e estruturas administrativas.

    TCU -2011

    Observe que, nesse caso, o tema Controle nas Fundaes Pblicas e a banca j

    estabeleceu trs aspectos (problemas) que devem ser necessariamente analisados pelo

    candidato em sua redao. Veja, ainda, que essa questo no estabelece a necessidade de tomada

    de posio (contra ou a favor) diante do tema; ela solicita ao candidato que ele discorra acerca

    do tema. O texto, portanto, ser expositivo.

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    No mesmo concurso, outra questo foi cobrada, dessa vez, com natureza argumentativa.

    Veja:

    TCU/2011 (adaptada)

    Em decorrncia da remoo, de ofcio, de seu cnjuge, empregado de empresa pblica federal, para outracidade, determinada servidora pblica federal solicitou ao rgo pblico a que estava vinculada sua remoo paraa cidade onde o seu cnjuge passaria a trabalhar. O pedido, contudo, foi indeferido pelo rgo pblico, sob ofundamento de no haver interesse da administrao na remoo da servidora.

    Diante da situao hipottica acima apresentada, disserte sobre o instituto da remoo, no qualresponda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos:

    < O que o instituto da remoo?

    < A Lei n. 8.112/1990 confere servidora o direito remoo para a nova localidade independentemente dointeresse da administrao?

    < O fato de o cnjuge da servidora ser empregado vinculado a empresa pblica federal constitui obstculo aodeferimento do pedido feito?

    Da mesma forma, aqui a banca delimita o tema (instituto da remoo) e trs problemas

    (aspectos) a serem desenvolvidos no texto. A diferena que o candidato dever se posicionar

    diante dos problemas apresentados, ou seja, dever defender uma tese, contrria ou favorvel,

    possibilidade de remoo da servidora na situao hipottica descrita. O texto neste caso ser

    argumentativoe o candidato necessariamente dever dizer se possvel ou no a remoo no

    caso concreto, apresentando as justificativas (argumentos) para sustentar sua posio.

    Mais frente, discutiremos detidamente a questo do padro de comando utilizado pelo

    CESPE. Por enquanto, o importante que voc tenha claro que necessrio identificar

    com clareza o tema e o(s) problema(s) sobre os quais ir discorrer na sua prova e se h

    necessidade de defender uma tese ou se apenas dever fazer uma exposio do tema.

    Alm disso, deve lembrar-se de que o comando da prova pode ou no delimitar os

    problemas (aspectos) a serem abordados no texto; caso no os delimite, voc que deverestabelec-los, como vimos no exemplo sobrefinanas pblicas. (Mais frente h outro exemplo

    sobre isso)

    Enfim, tendo o tema e o problema (ou problemas) definidos, e sabendo que pode ser

    necessrio apresentar uma tese (um ponto de vista) a esse respeito, a outra parte da

    macroestrutura do texto da questo so os argumentos.

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    Argumentos

    Os argumentos so raciocnios e justificativas que procuram sustentar uma ideia.

    Existem alguns recursos discursivos utilizados para que cada argumento se mostre forte

    e plausvel dados, exemplos, citaes, fatos histricos, vantagens e desvantagens,contrastes, anlises, legislao, os quais devem ser utilizados para compor a argumentao

    em favor da posio defendida.

    Em outras palavras, os argumentos tm por objetivo explanar, explicar e, mais ainda,

    convencer e influenciar, demonstrando a convenincia ou no de determinada ao e, at

    mesmo, as vantagens de determinada posio em detrimento de outras medidas.

    Como j comentei, o comando da questo j pode determinar alguns aspectos a serem

    tratados no texto, o que facilita a organizao das ideias. Neste caso, voc dever estabelecer

    argumentos para cada aspecto a ser abordado.

    Estratgias de Argumentao_____________________________________________

    Como vimos, argumentar , em sntese, convencer ou tentar convencer mediante

    apresentao de razes, justificativas e evidncias, luz de um raciocnio coerente e consistente.

    Por meio da argumentao, procura-se formar uma opinio sobre o tema em anlise,

    mas importante ressaltar novamente que esta opinio ter carter terico-tcnico, e no

    pessoal, subjetivo ou emocional, e dever estar fundamentada de forma clara e precisa.

    De uma forma ou de outra, para escrever uma boa argumentao essencial colocar em

    prtica a tcnica do pargrafo-padro. Passemos a ela.

    PARGRAFO-PADRO

    importante ter em mente que o pargrafo no apenas uma diviso visual do texto,

    ele uma unidade de sentido. Isso significa dizer que, ao mudarmos de pargrafo no texto,

    estamos, na verdade, iniciando um novo raciocnio, o desenvolvimento de uma nova ideia. Por

    isso, a marcao dos pargrafos no deve ser feita pelo nmero de linhas simplesmente, mas

    pela mudana do tpico abordado.

    Assim, a principal estratgia para se escrever uma argumentao clara e consistente

    tratar cada ideia em um pargrafo especfico.

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    Dessa forma, se voc listou 4 argumentos, dever escrever, pelo menos, um pargrafo

    para cada. Digo pelo menos, porque acontece de uma afirmativa necessitar de vrias razes para

    sustent-las, as quais devero, portanto, ser desenvolvidas em pargrafos distintos.

    Nesse sentido, apenas tenha cuidado com a extenso dos pargrafos, pois na sua prova

    ser permitido escrever apenas 30 linhas. Tenho dito que pargrafos entre 3 e 6 linhas numa

    redao de concurso como esta esto de bom tamanho, mas no preciso estabelecer esse

    parmetro como regra, ok? apenas uma referncia para voc. Pode acontecer de um tpico

    necessitar de um pargrafo maior (8 a 10 linhas) e de outro requerer menos espao (2 a 3

    linhas).

    Toda argumentao consiste, em essncia, numa declarao seguida de prova (fatos,

    razes, evidncias, legislao, norma, justificativas etc.). Assim, cada declarao deve ser exposta

    em um pargrafo prprio, seguida das razes e justificativas que a sustentam. Essas partes do

    pargrafo so denominadas, respectivamente, de tpico-frasal e fundamentao.

    Assim, podemos dizer que o pargrafo-padro compreende duas partes: o tpico frasal

    que informa a ideia central e as razes, os dados, as justificativas, os exemplos que

    sustentam (fundamentam) a ideia declarada no tpico-frasal.

    Em outras palavras, o tpico-frasal a frase que contm a sntese da ideia central que

    ser desenvolvida no pargrafo a ideia-ncleo , e ela pode se apresentar de diversas formas:

    declarao, pergunta, definio, enumerao etc. (Veremos exemplos mais frente). A

    fundamentao ser a explanao dessa ideia-ncleo, que tambm pode se feita por meio de

    vrias estratgias: exemplificao, conceituao, trajetria histrica, entre tantas outras.

    Mais adiante veremos algumas estratgias de redigir os pargrafos, para dar consistncia

    sua argumentao. Isso valer tanto para os textos das questes quanto para o texto do estudo

    de caso.Agora falaremos da terceira caracterstica da macroestrutura de um texto de questo que

    voc dever observar na sua prova: a linguagem.

    Que linguagem pertinente ao texto de questes?A terceira caracterstica da macroestrutura de um texto de questo corresponde

    linguagem impessoal, objetiva e clara que dever ser empregada no desenvolvimento das ideias.

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    2)COMO SE FAZ A ORGANIZAO DE UM TEXTO DE UMA QUESTO DISCURSIVA?

    Como j comentamos diversas vezes, o edital de abertura do concurso do Bacen prev

    que a prova discursiva constar de uma questo de 30 linhas acerca de temas especficos de cadarea.

    Mas o que so exatamente essas questes?

    Na verdade, trata-se de questes em que costumam ser apresentados temas ou situaes

    aplicados ao exerccio do cargo/rea a que se concorre.

    Em outras palavras, nada mais so do que uma redao referente a conhecimentos relativos

    prtica da funo que ser exercida pelo futuro servidor.

    Vejamos alguns casos.

    TCE/ES -2012

    Considere que o poder pblico municipal, aps a realizao de procedimento licitatrio, tenhacelebrado, com determinada empresa, contrato para a prestao de servio de transporte e que leiespecfica posterior tenha aumentado a carga tributria que seria suportada pela empresa. Em facedessa situao hipottica, responda, de forma fundamentada, se o particular contratado pelo

    Poder Pblico tem direito reviso dos valores do contrato para suprir a despesa decorrente docorrespondente recolhimento.

    Repare que essa questo nada mais do que uma situao-problema (hipottica), sobre a

    qual o candidato deve apresentar um posicionamento tcnico, ou seja, uma resposta positiva ou

    negativa pergunta. O texto ento ser argumentativo.

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    Mais um exemplo.

    TCE/ES 2010

    A atividade de auditoria governamental exercida pelo Tribunal de Contas reveste-se de um acentuadocarter social, portanto, as normas que a regulam tm uma importncia inegvel e a sua observao interessa no sa essa corte, mas tambm aos auditores e a todos os destinatrios dos resultados de seus trabalhos. Tais normas

    representam os requisitos bsicos para assegurar que os auditores sejam independentes, ntegros, imparciais,objetivos e competentes no desenvolvimento dos trabalhos de auditoria, de modo a garantir a credibilidade e aimparcialidade das informaes e dos resultados dos trabalhos produzidos.

    Com esse propsito, o Tribunal de Contas do Estado do Esprito Santo, por meio da Resoluo n.225/2010, instituiu seu prprio Cdigo de tica, cujos objetivos esto assim definidos:

    Art. 3. (...)

    I - tornar transparentes as regras ticas de conduta dos membros do Tribunal de Contas, para que asociedade possa aferir sua integridade e a lisura do processo de apreciao das contas pblicas;

    II - contribuir para o aperfeioamento dos padres ticos dos integrantes do Tribunal de Contas;III - assegurar aos membros do Tribunal de Contas a preservao de sua imagem e reputao, quando seu

    comportamento se pautar pelas normas ticas estabelecidas neste Cdigo;

    IV - propiciar, no campo tico, regras especficas sobre o conflito de interesses pblicos e privados elimitar a utilizao de informao privilegiada aps o exerccio do cargo;

    V - estimular, no campo tico, o intercmbio de experincias, conhecimentos entre os setores pblico eprivado.

    Considerando que o texto acima tem carter unicamente motivador, discorra sobre osprincpios e regras gerais que devem ser observados pelo auditor, tanto em seu trabalhoindividual quanto no desenvolvimento de trabalho em equipe. Ao elaborar seu texto, aborde,necessariamente, os seguintes aspectos:

    < cautela, zelo e julgamento profissional; [valor: 2,00 pontos]

    < competncia e desenvolvimento profissional; [valor: 2,00 pontos]< comportamento profissional e cortesia; [valor: 2,00 pontos]< conflitos de interesse; [valor: 2,00 pontos]< sigilo profissional. [valor: 1,50 ponto]

    Observe que, em vez de solicitar que o candidato escreva um texto dissertativo, o comando

    apenas utiliza o verbo Discorra, que significa expor ideias, dissertar, discutir.

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    Outra questo cobrada em prova do CESPE.

    Arquiteto (ABIN/2012)

    No processo de elaborao de um projeto de arquitetura e de escolha das ferramentas para sua execuo,at se chegar ao projeto executivo, cumprem-se diversas etapas, que, conforme o objetivo a ser alcanado,demandam diferentes tcnicas e linguagens, como o desenho tcnico. Se, em seus primrdios, esse processo era

    inteiramente artesanal, hoje, a maioria dos profissionais recorre a softwarepara a obteno do produto adequado.Considerando que o fragmento de texto acima tem carter unicamente motivador, descreva o

    processo de elaborao de projeto de arquitetura e suas ferramentas, abordando, necessariamente,os seguintes aspectos:

    - etapas compreendidas entre a concepo e o anteprojeto, e utilizao de maquete fsica e(ou) de maquete

    eletrnica;

    - elaborao do projeto executivo e indicao das escalas apropriadas para cada fase desse projeto;

    - designao das ferramentas, tais como croquis, desenho a lpis e papel, programas 3D e programas 2D;

    - aplicao do desenho tcnico e seus cdigos, bem como da hierarquia dos traos.

    Nessa questo, o comando solicita uma descrio; o candidato, portanto, deverapresentar uma descrio tcnica das etapas de elaborao de um projeto.

    Para terminar, mostrarei mais dois exemplos.

    Engenharia Mecnica (CESPE -MPU-2010)

    No projeto de alguns edifcios modernos, considera-se, alm dos aspectos arquitetnicos e deconforto, a interao destes com o meio ambiente, tanto a partir da fase de construo quanto ao longoda vida til do edifcio.

    Apesar de consumir energia, uma edificao pode ser pensada e projetada de modo que os

    impactos prejudiciais ao meio ambiente sejam minimizados.Um edifcio classificado como ecologicamente correto (green building) deve funcionar com

    aproveitamento otimizado de recursos naturais bsicos, devendo as solues propostas serem integradase embasadas em tecnologias que permitam o uso racional da energia.

    Considerando que o fragmento de texto acima tem carter unicamente motivador, discorrasobre um projeto de construo de um edifcio ecologicamente correto (green building).

    Ao elaborar seu texto, considere que uma linha de gs natural esteja disponvel para uso, sedesejvel, no local em que a edificao ser erguida e aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    fornecimento de gua quente (at 90 C); garantia de conforto trmico; produo de eletricidade (pelo menos 500 kW durante horrio de pico); iluminao emergencial; transporte vertical (escadas rolantes); interao dos aspectos energticos.

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    dissertativa. A seguir, um exemplo de comando de questo em que a banca solicitou

    explicitamente a redao de uma dissertao.

    A Constituio Federal de 1988 estabelece, em seu art. 165, pargrafo 9., que cabe lei complementar:

    I - dispor sobre o exerccio financeiro, a vigncia, os prazos, a elaborao e a organizao do plano

    plurianual, da lei de diretrizes oramentrias e da lei oramentria anual;II - estabelecer normas de gesto financeira e patrimonial da administrao direta e indireta, bem comocondies para a instituio e funcionamento de fundos.

    Considerando que o fragmento de texto acima tem carter unicamente motivador, redija umtexto dissertativo acerca do seguinte tema.

    ESTADO ATUAL DA LEGISLAO CONCORRENTE EM MATRIA FINANCEIRA EORAMENTRIA NO BRASIL

    Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    < necessidade econmica da legislao federal a respeito de normas gerais de oramento;

    < abrangncia e limites da competncia da Unio em matria oramentria;

    < possibilidade de exerccio pleno da competncia legislativa pelos estados e municpios.

    Bom, a pergunta, ento, : como estruturar o texto das questes?

    Em termos de composio estrutural do texto, as questes discursivas seguem a mesma

    organizao de uma dissertao, com a diferena de que a sua preocupao maiorser com

    os argumentos; a introduo e a concluso, se necessrias, devero ter uma extenso bem

    reduzida, apenas para dar encadeamento s ideias; no ser imprescindvel fazer ambientao ouenquadramento detalhado do tema ou uma retomada ao final; v direto ao ponto.

    Nesse sentido, vale retomar a observao sobre a necessidade de que voc fique atento

    aos tpicos obrigatrios, que tambm podem ser solicitados nas questes discursivas, como se

    v nos exemplos.

    Para voc visualizar essas orientaes, apresento uma possibilidade de estruturao do

    texto da questo prtica para o cargo de arquitetura, que acabamos de ver.

    (...) descreva o processo de elaborao de projeto de arquitetura e suas ferramentas,abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

    - etapas compreendidas entre a concepo e o anteprojeto, e utilizao de maquete fsica e(ou) demaquete eletrnica;

    - elaborao do projeto executivo e indicao das escalas apropriadas para cada fase desse projeto;- designao das ferramentas, tais como croquis, desenho a lpis e papel, programas 3D e

    programas 2D;

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    Observe que no haver necessidade de fazer uma introduo detalhada sobre o que

    consiste o projeto de arquitetura para fazer a ambientao do tema. O candidato pode ir direto

    ao ponto:

    O projeto de arquitetura compreende diversas etapas, que apresentam caractersticas prprias e

    esto voltadas para um determinado objetivo.Inicia-se com uma reunio de briefing, em que o clienteexplica suas necessidades para o projeto a ser desenvolvido. Com base nesse briefing, faz-se umoramento...

    Ou, ainda, de forma ainda mais concisa:

    O projeto de arquitetura compreende diversas etapas. Primeiramente, faz-se um briefing, emque o cliente expe suas necessidades para o projeto a ser desenvolvido...

    Outra possibilidade:

    A primeira etapa de elaborao de um projeto de arquitetura consiste na concepo, em que sefaz um levantamento das necessidades e expectativas do cliente. A partir da, elabora-se...

    Em seguida, o texto dever apresentar a descrio dessas etapas, observando os aspectos

    estabelecidos como obrigatrios no comando, que inclui a descrio de algumas ferramentas de

    arquitetura.

    No caso dessa questo, no h um ponto de vista a ser defendido; o que se avalia o

    conhecimento tcnico do candidato sobre a elaborao de um projeto arquitetnico assunto

    diretamente ligado atuao prtica do cargo a que concorre.

    Pensemos, ainda, sobre a estruturao do texto da questo prtica para o cargo de

    engenharia eltrica, que tambm vimos acima:

    (...) Em face dessa situao hipottica, discorrasobre a importncia do oramento e daexecuo do desembolso fsico-financeiro para uma obra de construo.

    Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    possveis causas da insuficincia de recursos financeiros destinados instalao eltrica; soluo tcnica e legalmente vivel para a continuidade e concluso da instalao eltrica

    na obra.

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    Nesse caso, como o comando traz um tema mais genrico a importncia do

    oramento e da execuo do desembolso fsico-financeiro para uma obra de construo ,

    podemos pensar em um pequeno pargrafo de introduo, antes de comear a falar sobre os

    tpicos obrigatrios.

    Assim, podemos usar as tcnicas que aprendemos para redigir os pargrafos, semprelembrando da necessidade de ser conciso e sucinto, em razo do limite de linhas. Nada de

    escrever Introduo muito extensa, ok?

    Uma possibilidade de introduo, com a tcnica da enumerao:

    Numa obra de construo, dois aspectos so muito importantes: o oramento e a execuo dodesembolso fsico-financeiro. O oramento.... A execuo, por sua vez, ....

    Outra possibilidade seria a introduo por declarao:

    O oramento e a execuo do desembolso fsico-financeiro so de fundamental importncianuma obra de construo.

    Nos dois exemplos acima, podemos pensar em um pargrafo para cada tpico

    obrigatrio; se sobrar espao, pode-se fazer uma pequena frase de concluso, lembrando que ela

    no ser imprescindvel.

    Como voc viu, no h segredos para se responder questo. O importante que voc

    conhea o tema especfico abordado no comando e que observe direitinho as solicitaes do

    comando, buscando abordar todos os aspectos estabelecidos como obrigatrios, se houver.

    O maior desafio em provas com questes a conciso! Conseguir redigir um texto

    claro, objetivo e com argumentos consistentes em apenas 30 linhas. Isso significa que no h

    espao para floreios. No possvel enrolar ou encher linguia. Voc precisa ir direto ao

    ponto!

    Na prxima aula, falaremos estratgias de articulao das partes do texto, o que ajudar

    voc a dar encadeamento lgico s suas ideias.

    E mais frente veremos as estratgias de argumentao, as quais serviro tanto para o

    texto das questes quanto para o texto do estudo de caso. Antes vejamos as formas mais

    comuns de cobrana utilizada pelo CESPE nas questes discursivas.

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    3) COMO COSTUMAM SER OS COMANDOS DAS QUESTES DISCURSIVAS?

    Como o CESPE faz a cobrana de um texto de questo?

    Agora que voc j sabe como o CESPE organiza a avaliao das redaes de concurso

    em macro e microestrutura , importante conhecer bem a forma como a instituio costuma

    elaborar os comandos das questes discursivas. Para tanto, analisaremos os tipos de comando

    que tm sido utilizados.

    3.1 - Textos Motivadores_____________________________________________________

    Ao propor um tema de redao, bastante comum que o CESPE apresente textos

    motivadores, que nada mais so do que fragmentos de textos sobre o tema a ser desenvolvido

    pelo candidato na sua prova.

    importante saber que os textos motivadores podem ser apresentados em linguagem

    verbal ou em linguagem no verbal (imagens, charges, ilustraes) e que sempre se remetem ao

    tema proposto, com a finalidade de orientar a sua reflexo sobre o tema da questo. Isso no

    significa, todavia, que voc deva ficar preso s ideias dos textos motivadores; muito pelo

    contrrio, eles so apresentados to somente para despertar em voc uma reflexo sobre o tema

    e no para limitar o desenvolvimento da sua argumentao.

    Nesse sentido, essencial que tenha o cuidado de no copiar trechos dos textos

    motivadores em sua redao.

    Ao ler o texto voc pode ir marcando as palavras-chave e os fragmentos que indicam o

    posicionamento dos autores (a tese), se houver.

    Uma pergunta frequente em relao aos textos motivadores apresentados nas provas do

    CESPE se realmente necessrio l-los para responder questo, uma vez que so apenas

    referncias e o candidato poderia ganhar tempo se no fizesse a leitura. Alguns professorescostumam orientar a simplesmente descart-los.

    A esse respeito a minha orientao a seguinte:

    Na maioria das vezes, no imprescindvel l-los, entretanto considero uma boa base

    para a organizao das ideias.

    No gosto muito de estabelecer regras fechadas para prova, porque, volta e meia, as

    bancas inovam e trazem uma proposta diferente, se voc tem uma conduta muito rgida (nunca

    ler os textos, por exemplo), pode se prejudicar. Alm disso, h diferenas pessoais. Tem gente

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    que vai direto ao ponto, tem raciocnio rpido e bom nvel de leitura e organizao das ideias,

    facilidade para escrever etc. Tem gente que o contrrio. Para escrever, precisa de tempo e

    referncia, organiza as ideias no papel, no tem hbito de leitura e por a vai.

    Uma estratgia que eu utilizo ao realizar provas discursivas juntamente com provas

    objetivas ler o comando da redao logo que abro o caderno de provas, porque a j tomoconhecimento do tema e comeo a pensar sobre ele. No caso do CESPE, muitas vezes as

    provas objetivas tambm trazem textos sobre temas relacionados redao solicitada. Pode ser

    um tema familiar para mim e, nesse caso, posso dispensar a leitura dos textos de base; mas pode

    ser que no conhea muito sobre o tema e, ento, os textos podem me dar uma orientao para

    a organizao dos argumentos, utilizando-me, por exemplo, da tcnica de parfrase (Lembre-se:

    sem copiar!)

    Enfim, minha orientao que leia o comando da questo primeiro, antes de ler ostextos, e avalie a sua necessidade de l-los ou no; se conseguir redigir a redao ou responder

    s questes diretamente, timo, ganhar tempo. Mas se sentir dificuldades, pode lanar mo dos

    textos como uma fonte de informao sobre o tema.

    Vejamos, ento, um exemplo de questo com texto motivador.

    O Estado e a sociedadeesto vinculados a um projeto de Estado social, constituindo-se em umnovo patamar de compreenso dos enfrentamentos da questo social, incorporando-se s conquistasdos direitos civis e polticos.

    A introduo dos direitos sociais como enunciadores da relao entre Estado e sociedade estvinculada a um projeto de Estado social e constitui um novo patamar de compreenso dosenfrentamentos da questo social, incorporando-se s conquistas dos direitos civis e polticos.

    Berenice Rojas Couto. O direito social e a assistncia social na sociedade brasileira: uma equao possvel? So Paulo: Cortez, 2004, p. 33 (com adaptaes).

    Considerando o fragmento de texto acima, que tem carter unicamente motivador,redija um texto dissertativo acerca do tema proposto a seguir.

    OS DIREITOS CIVIS, POLTICOS E SOCIAIS E SUA RELAO COM O ESTADO

    Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    < os direitos civis e os direitos polticos; [valor: 3,50 pontos]

    < os direitos sociais; [valor: 3,00 pontos]

    < a relao dos direitos com o Estado. [valor: 3,00 pontos]

    Veja que o texto motivador apenas uma pequena referncia para contextualizar o

    tema. No imprescindvel para o desenvolvimento da redao.

    Por outro lado, muito importante sua ateno aos tpicos obrigatrios, que esto

    apresentados no comando. Falemos sobre isso agora.

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    3.2 -Tpicos Obrigatrios____________________________________________________

    Como j comentamos, ao estabelecer o tema e o problema da redao, o CESPE

    tambm costuma apresentar aspectos a serem obrigatoriamente abordados no texto,

    fornecendo ao candidato um roteiro para sua redao. Dessa forma, procura dar objetividade avaliao discursiva, pois estabelece claramente que pontos devem ser desenvolvidos pelo

    candidato.

    Aqui algumas observaes importantes sobre a forma de avaliao do CESPE em

    relao aos aspectos obrigatrios:

    Voc deve contemplar em seu texto todos aspectos apresentados no comando

    da questo, caso contrrio ser apenado. Por exemplo, se, no tema apresentado

    acima, voc deixar de discorrer sobre o terceiro tpico a relao dos direitos com o

    Estado , no contemplar de forma suficiente o que foi solicitado na prova e, por

    isso, perder pontos importantes em sua redao, mesmo que ela esteja bem escrita.

    melhor falar superficialmente sobre um tpico/aspecto que deixar de falar sobre ele!

    Voc at pode acrescentar outros aspectos, desde que de forma coerente, e apenaspara enriquecer a argumentao, mas deve ter cuidado para no fugir ao tema,com

    apresentao de aspectos que se afastam muito dos solicitados no comando. No caso

    da prova apresentada acima, seria fuga ao tema, por exemplo, um texto que abordasse

    a dificuldade de implantao de direitos no Brasil. Observe que no esse o enfoque

    solicitado, ele mais especfico. O erro mais comum nesse sentido partir das ideias

    do texto motivador, que no necessariamente so destacadas no comando. Portanto,

    fique ligado aos detalhes do comando!

    Os tpicos obrigatrios so os itens que comporo a planilha de avaliao do contedo.

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    No exemplo acima, a planilha seria assim:

    ASPECTOS MACROESTRUTURAIS

    Quesito Avaliado Faixa de valor Nota

    1. Apresentao textual (legibilidade, respeito s margens e indicao depargrafos)

    0,00 a 0,50

    2. Conhecimento do tema

    2.1. - os direitos civis e os direitos polticos; 0,00 a 3,50

    2.2. - os direitos sociais; 0,00 a 3,00

    2.3. - a relao dos direitos com o Estado. 0,00 a 3,00

    Nota na Redao

    As faixas de valores so apenas hipotticas. Em cada concurso a banca estabelece

    valores especficos. Mas repare que, se deixar de abordar um dos tpicos obrigatrios, perdermuitos pontos. E se acrescentar tpicos no solicitados, eles no sero pontuados.

    A respeito dos tpicos obrigatrios, fao ainda uma ltima observao. O comando da

    questo pode solicitar expressamente que o candidato:

    - apresente exemplos de determinado aspecto;

    - faa uma comparao entre dois ou mais tpicos;

    - apresente propostas de projetos/solues;

    - faa uma descrio;- apresente determinado conceito.

    Pode ainda direcionar o posicionamento a ser apresentado contrrio ou favorvel

    questo posta, entre outras possibilidades de direcionamento.

    Sendo assim, voc dever observar essas orientaes com cuidado.

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    Vejamos um exemplo nesse sentido:

    PM/ES 2010

    Estudo divulgado em 30 de maro de 2010 aponta que os ndices de homicdios estagnaram ou caram nascapitais e regies metropolitanas no perodo de 1997 a 2007 e passaram a crescer nas cidades do interior dosestados, em um fenmeno conhecido como interiorizao da violncia. De acordo com o levantamento, a taxa dehomicdios no interior passou de 13,5 por 100 mil habitantes, em 1997, para 18,5 por 100 mil, em 2007, enquanto

    se mantiveram razoavelmente estveis nas capitais dos estados. Internet: (com adaptaes).

    Considerando que o fragmento de texto acima tem carter unicamente motivador, redija um textodissertativo acerca do seguinte tema.

    INTERIORIZAO DA VIOLNCIA

    Ao elaborar seu texto, atenda, necessariamente, as seguintes determinaes:

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    Veja um exemplo de questo-problema:

    PREVIC /2011 (adaptada)Determinado agente pblico, ocupante de cargo em comisso e ordenador de despesas em

    autarquia federal, deixou de prestar contas a que estava obrigado, por fora de lei, no ano de 2005. Em

    apurao interna da entidade, promovida no ano de 2012, restou comprovado que essa omissoocasionou prejuzo ao Errio, no tendo sido verificado enriquecimento ilcito do agente. Em 2013, oMinistrio Pblico Federal ingressou com ao de improbidade administrativa contra o referido agentepblico.

    A partir dessa situao hipottica, e considerando que o agente pblico tenha sido exoneradodo cargo que ocupava em janeiro de 2006, disserte acerca de improbidade administrativa, respondendonecessariamente, aos seguintes questionamentos.

    Mero ocupante de cargo em comisso pode ser responsabilizado por ato de improbidadeadministrativa quando no h enriquecimento ilcito? [valor: 1,50]

    Houve, no caso em comento, prescrio para a ao de improbidade e para o ressarcimento doprejuzo apurado ao Errio? [valor: 0,75]

    Nesse caso, observe que no h a frase considerando que o texto acima tem carter apenas

    motivador...; ao contrrio, o comando especifica que o candidato deve redigir o texto

    considerando a situao hipottica apresentada, observando os detalhes e peculiaridades

    apresentados. Se deixar de considerar a situao hipottica, fugir ao tema.

    Nesse modelo de cobrana, importante ressaltar que voc no precisar recontar a

    histria apresentada. Deve apenas fazer referncias a ela, com expresses do tipo na situao

    apresentada, na situao descrita, no caso hipottico em tela etc.

    A situao-problema apresentada no comando apenas um pano de fundo para a

    reflexo sobre aspectos tericos e tcnicos, que esto delimitados nos tpicos obrigatrios.

    3.4 - Perguntas_____________________________________________________________

    O terceiro tipo de comando mais utilizado pelo CESPE nas provas discursivas o

    modelo de perguntas.

    Neste modelo, pode acontecer de haver um texto motivador ou no, e tambm h casos

    em que h uma situao-problema e os tpicos obrigatrios so apresentados em forma de

    perguntas.

    De uma forma ou de outra, a sua preocupao neste caso ser a de responder

    diretamente a todas as perguntas, de maneira clara, objetiva e fundamentada.

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    Assim, por exemplo, se um dos tpicos obrigatrios consiste em perguntar se

    determinada conduta legal, voc deve, em sua redao, dizer claramente se legal ou no e

    justificar sua resposta.

    Veja um exemplo de comando em forma de perguntas.

    H bastante tempo, vem-se discutindo a viabilidade e a convenincia da adoo do chamadooramento impositivo na administrao pblica, em contraposio ao sistema hoje em vigor no pas,caracterizado como meramente autorizativo. Nos moldes atuais, o Poder Legislativo, no obstantetodas as prerrogativas asseguradas pela Constituio de 1988, transforma-se em uma espcie defigurante no processo oramentrio, praticamente controlado pelo Poder Executivo.

    Na semana passada, a Cmara dos Deputados aprovou, por 378 votos a favor, 48 contra e 13abstenes, a PEC do oramento impositivo, que torna obrigatrio o pagamento de emendasparlamentares individuais. A proposta, que desagrada o governo, ainda precisa passar por mais umavotao na Cmara para depois seguir para o Senado.

    (Adaptado do Jornal Folha de So Paulo, agosto 2013).

    Considerando que o texto acima tem carter unicamente motivador, redija um texto

    dissertativo acerca do seguinte tema:

    O ORAMENTO PBLICO IMPOSITIVO NO BRASIL

    Ao elaborar seu texto, responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos:

    Como est estabelecido o atual modelo oramentrio brasileiro? [Valor: 4,00]

    Quais as mudanas so propostas pelo oramento impositivo?[Valor: 8,00]

    Quais os impactos que a adoo do oramento impositivo poder causar s relaes entre os Poderes

    da Repblica? [Valor: 6,00]

    At aqui, vimos os pontos mais relevantes sobre a cobrana de um texto de questo nas

    provas do CESPE.

    Agora passaremos a estudar o Estudo de Caso.

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    4) COMO SE FAZ A ORGANIZAO DO TEXTO DE ESTUDO DE CASO?

    O outro texto que voc dever redigir na sua prova discursiva ser apresentado em

    forma de Estudo de Caso. Algumas pessoas ficaram assustadas com essa cobrana que,

    primeira vista, parece se tratar de algo muito diferente ou complexo.

    Na verdade, em contexto de prova de concurso, o Estudo de Caso nada mais do que a

    apresentao de um caso concreto (situao hipottica) acerca de determinado tema de

    conhecimento especfico, sobre o qual a Banca espera que voc disserte, buscando aliar teoria

    prtica.

    Portanto, aqui tambm estamos falando de um texto de natureza dissertativa, pois

    dever elaborar uma anlise sobre determinado tema, apresentando argumentos tcnicos para

    isso: dados, normas, conceitos, exemplos, solues etc.

    A peculiaridade do texto do Estudo de Caso que necessariamente voc dever

    considerar a situao apresentada, aplicando os conceitos tericos a ela.

    Vejamos um exemplo de cobrana de estudo de caso em prova do CESPE.

    Sebrae 2010 / Economia, Engenharia ou Administrao

    ESTUDO DE CASO

    Embora tenha apurado crescimentos anuais de dois dgitos tanto no lucro quanto na receita

    lquida no segundo trimestre de 2011, a Hypermarcas traou um cenrio de cautela a ser experimentadoat o final do referido ano. A companhia preparou-se, ainda, para um cenrio de acomodao do ritmode vendas at o final deste ano, em razo da atual situao econmica mundial.

    A volatilidade nas vendas mensais poder continuar at o final do ano, conforme as decisesdo governo sobre a poltica econmica, afirmou o porta-voz da empresa, referindo-se a aumento dejuros para conter inflao, aumento do nvel de endividamento das famlias e queda do poder decompra, que criaram sentimento de preocupao e averso ao risco. Alm da piora material nasperspectivas macroeconmicas, o porta-voz da empresa citou como responsveis pela reviso otempo maior que o inicialmente previsto para a reestruturao das foras de vendas e maior tempo queo previsto inicialmente para o ajuste dos nveis de estoque na cadeia. O porta-voz acrescentou, ainda,que, sendo as prioridades da empresa a consolidao e a estabilizao dos negcios adquiridos at ocomeo de 2011, no h previso para novas aquisies.

    Internet: (com adaptaes).

    Com base no caso acima, que trata de anlise macroeconmica de cenrios, redija um texto

    dissertativo que aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    < variveis que afetam a oferta e a demanda do mercado da Hypermarcas;

    < influncia do setor externo na formao de expectativas de vendas da Hypermarcas.

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    Observe que a cobrana no estudo de caso segue o mesmo modelo que acabamos da

    questo no formato de situao-problema que acabamos de ver. E, ainda, veja que o comando

    solicita que escreva um texto dissertativo.

    Portanto, h a descrio de uma situao concreta, sobre a qual voc dever apresentar

    uma anlise terica, considerando as peculiaridades do caso.

    O texto, ento, seguir a mesma estruturao de uma dissertao, com introduo,

    desenvolvimento e concluso.

    Aqui tambm ressalto que no haver necessidade de recontar o caso apresentado, mas

    to somente fazer referncias a ele durante o texto, com expresses do tipo: no caso em

    questo, na situao apresentada, na hiptese descrita, etc.

    Veja mais um exemplo de cobrana de Estudo de Caso, agora tambm com textosmotivadores.

    Durante dcadas, quase nada mudou na receita de hambrguer uma massa de carne moda e grelhada,servida com po e s vezes acompanhada de molho, queijo, alface e tomate. No incio de 2009, o norte-americanoAdam Fleischman decidiu trazer alguma inovao a esse sanduche. Ele abriu, em Los Angeles, na Califrnia, oprimeiro restaurante especializado em hambrguer com sabor umami, que como os especialistas em gastronomiadefinem o que no doce, amargo, azedo nem salgado.

    A primeira loja da rede Umami Burger foi aberta em janeiro de 2009. No final daquele ano, Fleischmanhavia faturado dois milhes de dlares, o que o levou a abrir outras trs unidades na Califrnia. O sabor umami derivado do aminocido glutamato monossdico, e a palavra, de origem japonesa, significa delicioso. "J existiamrestaurantes especializados em alimentos com esse sabor, mas nenhum preparava hambrgueres e, como eu

    achava os outros lanches horrveis, decidi abrir um restaurante para fazer do jeito que eu gosto", disse Fleischman.Nos dias mais movimentados, os clientes chegam a esperar at uma hora na fila para saborear umhambrguer umami em uma das quatro lojas de Fleischman. Empolgado com o desempenho da rede, ele templanos de expanso: "quero abrir restaurantes Umami Burger em outros estados norte-americanos e at em outrospases", diz o proprietrio.

    Antes de fundar o Umami Burger, Fleischman j tinha experincia como empreendedor.Jornalista e crtico de vinhos, foi dono de duas enotecas em Los Angeles, vendidas antes da abertura das

    lanchonetes. A capacidade de perceber sabores diferentes, aprimorada pela experincia com os vinhos, levou-o apesquisar o universo umami depois de provar pratos com esse sabor em restaurantes europeus. O cardpio temdez opes de hambrguer carne de porco, cordeiro, moluscos e vegetais, todos acompanhados de cogumelose outros ingredientes para realar o sabor umami. Os sanduches so servidos com batatas fritas cortadas mo,cebolas empanadas no estilo tempura, berinjela frita ou ketchup e picles feitos no local. O refrigerante importado do Mxico, onde produzido com acar de cana nos Estados Unidos da Amrica, os refrigerantesso adoados com frutose, cujo sabor, segundo os entendidos, no casa bem com o umami.

    Claudia Maximino. O caso da rede Umami Burger. In:Revista Exame PME, n. 28, set./2010 (com adaptaes).

    Criatividade sempre foi a pedra de toque da evoluo da humanidade, ingrediente fundamental nasobrevivncia quer das pessoas nas empresas, quer destas no mundo da concorrncia.

    Antnio Freitas e Maria Jos P. Faria. Crnicas da vidagerencial. So Paulo: Atlas, 2009, p.75 (com adaptaes).

    A essncia da formulao de uma estratgia competitiva relacionar uma empresa ao seu ambiente.Assim, o grau de sucesso de um negcio relaciona-se com a habilidade de determinada organizao para lidar comas foras competitivas externas. A anlise de mercado uma ferramenta amplamente utilizada na construo deestratgias competitivas.

    Michael E. Porter. Estratgia competitiva: tcnicas para anlise de indstrias e da concorrncia.Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 (com adaptaes).

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    Com base nO Caso da Rede Umami Burger, apresentado acima, e considerando que osfragmentos de texto a ele subsequentes tm carter unicamente motivador, analise, a partir daperspectiva dos fatores de competitividade, o ambiente externo e interno da rede Umami Burger,identificando suas oportunidades, foras, fraquezas e ameaas, e apresente sugestesque contribuampara o sucesso dessa rede.

    Essa forma de cobrana, em vez de apresentar tpicos obrigatrios de forma destacada

    como normalmente o CESPE faz , o comando j estabelece para o candidato as tarefas que

    ele dever atender em seu texto:

    analise(a partir da perspectiva dos fatores de competitividade, o ambiente externo e interno da rede Umami

    Burger

    identifique (oportunidades, foras, fraquezas e ameaas)

    apresente sugestes (que contribuam para o sucesso dessa rede)

    muito importante que voc identifique essas tarefas que o comando da questo est

    solicitando, pois elas correspondero aos aspectos que a banca considerar como obrigatrios e

    avaliar se voc os contemplou ou no no seu texto.

    Assim, se voc em sua redao, por exemplo, deixar de apresentar solues, perder

    pontos na nota de contedo. Da mesma forma, ao fazer a anlise do caso, se no adotar aperspectiva solicitada, tambm perder pontos, mesmo que apresente uma boa anlise a partir

    de outra perspectiva.

    Em resumo, em provas do CESPE sempre importante observar os chamados tpicos

    obrigatrios, mesmo que eles no venham destacados.

    Bom, agora que j sabe que tanto o texto das questes discursivas quanto o texto do

    estudo de caso sero, na prtica, dissertaes, vamos discutir de que tcnicas voc poder disporpara redigi-los.

    Primeiramente, vale destacar que a macroestrutura de um texto dissertativo organizada

    em trs partes, cada uma com caractersticas e funes prprias: Introduo,

    Desenvolvimento (argumentao)e Concluso (fechamento).

    Atualmente, a cobrana dessa estrutura est mais flexibilizada nos concursos pblicos,

    contudo ressalto que essa organizao uma ferramenta para ajudar a voc a organizar as suas

    ideias e evitar escrever frases ou trechos desconexos.

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    Nesse sentido, para que seus textos apresentem uma macroestrutura articulada,

    importante redigir uma introduo clara e objetiva e tambm fazer um fechamento (ou

    concluso) das ideias apresentadas.

    A introduo de um texto dissertativo tem a funode apresentar o tema proposto

    e tambm o posicionamento que voc tomar diante do problema em tela.

    O fechamento, por sua vez, faz uma sntese do raciocniodesenvolvido ao longo do

    texto.

    Existem vrias formas de se redigir a introduo de um texto dissertativo; falaremos

    sobre algumas delas, a fim de que voc tenha parmetros para comear a redigir.

    - FORMAS DE REDIGIR A INTRODUO

    Ao enfrentarmos a tarefa de redigir um texto, em contexto de prova ou no, comum

    termos certa dificuldade em dar o passo inicial. Como comear a escrever? De que ponto partir?

    E, muitas vezes, com a ansiedade, deixamos de fazer um planejamento do texto e comeamos a

    colocar as ideias no papel de forma aleatria.

    Para evitar essa sensao e, principalmente, a apresentao de ideias de forma catica,

    bem importante conhecer as tcnicas de redao da introduo de um texto. Com isso, vocpoder fazer uma escolha consciente da forma de estruturao do seu texto.

    Podemos falar de tipos de introduo. Primeiramente, podemos fazer uma classificao

    mais ampla, em dois tipos: introdues-enquadramento e introdues para chamar a

    ateno.

    Dentro desses tipos, existem outros subtipos.

    Introdues-enquadramentoComo o prprio nome diz, esse tipo de introduo enquadra o problema proposto e

    reala sua importncia na atualidade; pode ainda apresentar uma sntese das ideias, antecipando

    a tese que ser desenvolvida no corpo do texto:

    o tipo de introduo mais comum e, portanto, mais bsico. O cuidado que voc deve

    ter aqui de no cair em lugares-comuns e muito bvios ou em um tipo de texto que se

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    aproxima demais das redaes de vestibular, que costumam ser previsveis. (Falaremos mais

    sobre isso na prxima aula)

    Vejamos alguns exemplos de introdues-enquadramento adequadas:

    Tema: treinamento e desenvolvimento

    Alguns rgos ainda entendem o treinamento como um custo para a organizao, mas a verdade que afalta de pessoas qualificadas e preparadas para gerir qualquer processo resulta em perdas financeiras e/ouqualitativas. O treinamento, portanto, influi diretamente nos resultados esperados para a organizao.

    Tema: Democracia representativa e justia social

    A democracia representativa vem enfrentando verdadeira crise em face da corrupo, da omisso e daineficcia da Administrao Pblica, da excluso social e da falta de melhor perspectiva com relao aodesenvolvimento econmico e social do Brasil. Diante disso, a sociedade passa a buscar formas de organizaodemocrtica que tragam mais justia social ao pas. O oramento participativo representa uma dessas novas

    formas de organizao, na medida em traz o cidado para dentro da Administrao Pblica, fazendo-oparticipar das decises polticas oramentrias do seu municpio. De uma democracia representativa, evolui-separa a ideia de uma democracia participativa.

    Veja que, nesses exemplos, h um enquadramento do tema e a apresentao do

    posicionamento do autor, de forma clara e objetiva. Ao longo do texto, devero serapresentados argumentos que o sustentem: no primeiro caso a ideia de que o treinamento

    impacta os resultados de uma organizao; no segundo caso a de que o oramento participativo um

    instrumento que pode trazer mais justia social ao pas.

    Passemos agora outra forma de redigir a introduo.

    Introdues para chamar a atenoEste um tipo de introduo para atrair a ateno e o interesse do leitor, com o

    emprego de frases de efeito que o envolvam. Costuma ser mais elaborada e pode se valer de

    diversas formas.

    Vejamos algumas tcnicas de introduo para chamar a ateno.

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    CITAO:

    DiretaTema:A corrupo no Brasil

    O Cdigo Penal Brasileiro estabelece, em seu artigo 317, que crime de corrupo passivasolicitar oureceber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, masem razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

    (Folha de So Paulo)

    IndiretaTema: Os desafios do desenvolvimento sustentvel

    Marx afirmava que, assim como a expanso do comrcio e a acumulao do capital em mos doscapitalistas destruram o feudalismo, o surgimento da classe trabalhadora e a luta de classes destruiriam ocapitalismo. Ele acertou o diagnstico fatal, mas no diagnosticou o germe, o vrus, a doena. A disseminao domodelo de consumo ocidental, a escassez de recursos naturais e a degradao ambiental so o germe que corrinosso sistema.

    (Folha de So Paulo)

    QUESTIONAMENTO/PERGUNTA

    Tema:Treinamento e desenvolvimento

    Para que serve o processo de treinamento e desenvolvimento? uma forma de aointencional com objetivo de fornecer meios para possibilitar a aprendizagem, ade ser definida como o processo peloqual adquirimos experincia que nos levam a aumentar a capacidade, que nos levam a alterar disposies deaes em relao ao ambiente que nos levam a mudana de comportamento.

    Tema:A responsabilidade do Estado e da sociedade na preservao da ordem pblica

    A Constituio de 1988 estabeleceu que o Estado responsvel pela preservao da integridade fsica epatrimonial das pessoas. Todos os brasileiros e estrangeiros residentes no pas e mesmo aqueles que estejam depassagem pelo territrio nacional possuem o direito a esta proteo. Mas ser que somente o Estado oresponsvel pela preservao da ordem pblica?

    (Recanto das Letras PTR)

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    Tema:Crescimento econmico do BrasilAps a divulgao do fraco crescimento no primeiro trimestre, vrias anlises apontaram para a

    insuficincia do investimento, especialmente do governo federal, como causa desse resultado. Ser que a sadapara a recuperao econmica est no investimento?

    A introduo em forma de pergunta tambm pode ser uma estratgia para quando vocquiser redigir um pargrafo introdutrio pequeno. Assim, deixa a resposta pergunta para os

    pargrafos de desenvolvimento.

    DECLARAO

    Tema: Administrao Pblica eficiente

    Aparelhamento, loteamento de governo e irregularidades no uso de recursos pblicos prejudicam tanto amoralidade quanto a eficincia da administrao pblica. So tambm problemas econmicos, porque se refletemna produtividade geral do Pas e comprometem o poder de competio dos produtores nacionais.

    Tema: A formao de professores como fator de melhoria da educao

    Espera-se que a educao no Brasil resolva, sozinha, os problemas sociais do pas. No entanto, precisoprimeiro melhorar a formao dos docentes, visto que o desenvolvimento dos professores implica o desenvolvimentodos alunos e da escola, o que poderia resultar em dados positivos para a sociedade.

    (Revista Nova Escola)

    Tema: Desenvolvimento econmico e sade pblica

    Mesmo tendo mudado o seu perfil econmico, o Brasil ainda est longe de ter status de desenvolvimentono setor da sade. Os atuais gastos com a sade pblica no pas esto muito abaixo do que investido por naesque tambm oferecem sade gratuita, como Reino Unido, Alemanha, Canad e Espanha.

    (R7)

    A declarao a forma mais comum de se fazer a introduo.

    Enfim, voc pode se valer de qualquer uma dessas modalidades de introduo de texto e

    tambm pode mesclar formas. Existem outras, claro, mas essas so as principais. Conhec-las

    ajuda a no ficar perdido diante da folha em branco, sem saber como comear o texto.

    Costumo falar que um comeo claro, conciso e objetivo do texto muito importante,

    pois convida o leitor, no caso a Banca, a prosseguir na leitura, e demonstra organizao e

    clareza, aspectos avaliados na planilha. Um comeo confuso, prolixo ou incompleto revela

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    inabilidade de organizao de ideias. A verdade que os critrios de objetividade e clareza

    comeam a ser avaliados j na introduo do seu texto.

    Agora, vejamos como fazer o desenvolvimento da redao.

    ESTRATGIAS DE ARGUMENTAO

    O desenvolvimento do texto dissertativo nada mais que a apresentao dos

    argumentos selecionados para fundamentar as ideias.

    Aqui est, portanto, a alma do texto dissertativoe, com certeza, sobre este aspecto

    do seu texto recair o maior valor da avaliao.

    Como vimos, argumentar , em sntese, convencer ou tentar convencer medianteapresentao de razes, justificativas e evidncias, luz de um raciocnio coerente e consistente.

    Por meio da argumentao, procura-se formar uma opinio sobre o tema em anlise,

    mas importante dizer que esta opinio ter carter terico-tcnico, e no pessoal, subjetivo ou

    emocional, e dever estar fundamentada de forma clara e precisa.

    De uma forma ou de outra, para escrever uma boa argumentao essencial colocar em

    prtica a tcnica do pargrafo-padro. Passemos a ela.

    Toda argumentao consiste, em essncia, numa declarao seguida de prova (fatos,

    razes, evidncias, legislao, norma, justificativas etc.). Assim, cada declarao deve ser exposta

    em um pargrafo prprio, seguida das razes e justificativas que a sustentam. Essas partes do

    pargrafo so denominadas, respectivamente, de tpico-frasal e fundamentao.

    Assim, como j dissemos, o pargrafo-padro compreende duas partes: o tpico frasal

    que informa a ideia central e as razes, os dados, as justificativas, os exemplos quesustentam (fundamentam) a ideia declarada no tpico-frasal.

    Em outras palavras, o tpico-frasal a frase que contm a sntese da ideia central que

    ser desenvolvida no pargrafo a ideia-ncleo , e ela pode se apresentar de diversas formas:

    declarao, pergunta, definio, enumerao etc. (Veremos exemplos mais adiante). A

    fundamentao ser a explanao dessa ideia-ncleo, que tambm pode se feita por meio de

    vrias estratgias: exemplificao, conceituao, trajetria histrica, entre tantas outras, que

    estudaremos em seguida.

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    Portanto, at aqui, vimos que o desenvolvimento consistir a parte central do seu texto,

    na qual voc dever apresentar argumentos para sustentar o entendimento que est defendendo,

    por meio de dados, analogias, justificativas, razes histricas etc. Cada um desses argumentos

    dever ser desenvolvido em um pargrafo especfico, constitudo de um tpico-frasal que a

    ideia central e da fundamentao desse tpico.

    A seguir, ento, veremos algumas estratgias de redigir os pargrafos de

    desenvolvimento, para dar consistncia sua argumentao.

    EXEMPLIFICAO: como o prprio nome diz, trata-se da utilizao de exemplos concretos

    para sustentar uma afirmativa.

    Veja alguns casos em que se utilizou a exemplificao para fundamentar uma afirmativa.

    Tema: Distribuio de renda

    A diferenciao de renda que existe na sociedade pode ter origem em diversas situaes (tpico-frasal). Pode,por exemplo, advir das prprias diferenas de remuneraes do fator trabalho, pois essas dependem diretamente daqualificao e da produtividade, logo so pertinentes a cada indivduo, mesmo que venha a existir a interferncia do mercadona determinao dessas remuneraes.(fundamentao do pargrafo em forma de exemplificao)

    Vale observar que, ao utilizar uma exemplificao para sustentar sua argumentao, no

    necessariamente voc precisar utilizar a palavra exemplo ou a expresso por exemplo. Veja

    um pargrafo em que o autor enumera vrios exemplos para justificar a sua afirmativa, mas no

    usa a palavra explicitamente:

    Tema:Polticas pblicas - infraestrurura

    Mesmo com o crescimento econmico, as grandes cidades brasileiras, com raras excees, apresentam sriosproblemas de infraestrutura (tpico frasal):faltam escolas e creches; hospitais municipais; o sistema de transporte urbano deficiente; o abastecimento de energia no abrange toda a populao. (fundamentao do pargrafo em forma deexemplificao, SEM usar a expresso por exemplo)

    CONTRASTE DE IDEIAS: trata-se da estratgia de contrapor dois (ou mais) pontos de vistas,

    conceitos, perspectivas, modalidades, tipos etc.Alguns exemplos de argumentao por contraste

    de ideias:

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    Contraste entre dois conceitos:

    Tema: tica no servio pblico

    Primeiramente, preciso distinguir tica e moral. Embora se confundam, essas palavras tm significados distintos(tpico frasal).A moral constituda pelos juzos de valor, costumes e crenas de um povo, enquanto a tica oestudo da ao humana e de suas consequncias. (fundamentao do pargrafo em forma contraste)

    Contraste entre duas perspectivas

    Tema:oramento pblico

    O oramento pblico pode ser analisado de diversas perspectivas (tpico frasal). Sob a tica dapoltica, o oramento a adoo de decises de grande transcendncia no andamento do Estado. Economicamente, o plano da atividade financeira e da ordenao das necessidades pblicas segundo suas prioridades (fundamentao dopargrafo em forma contraste).

    Tema:Interveno do Estado na economia

    O contexto de implantao do Plano Real demonstra a interveno do Estado na economia a partir de sua funoestabilizadora e das dificuldades que existem para que o seu sucesso seja completo (tpico frasal). Por um lado, tem-seuma razovel estabilidade de preos, mas por outro, uma reduzida taxa de crescimento e um crescimento na taxa dedesemprego e no dficit da balana de pagamentos. (fundamentao do pargrafo em forma contraste)

    Contraste de modalidades/tipos

    Tema:Agrotxicos

    Os agrotxicos podem ser divididos, quanto ao modo de ao, entre sistmicos e de contato(tpico frasal). Os sistmicosso aqueles que, quando aplicados nas plantas, circulam atravs da seivapor todos os tecidos vegetais, de forma a se distribuir uniformemente e ampliar o seu tempo de ao. Osde contato so aqueles que agem externamente no vegetal, tendo necessariamente que entrar emcontato com o alvo biolgico. E mesmo estes so tambm, em boa parte, absorvidos pela planta,penetrando em seu interior atravs de suas porosidades. (fundamentao do pargrafo em forma decontraste)

    APRESENTAO DE DADOS E FATOS: estratgia que consiste em lanar mo de fatos e

    de dados para justificar e provar a veracidade de uma afirmativa.

    Tema: Investimento em educao no Brasil

    Em nvel nacional, a elevao do montante de valores aplicados no Ensino Fundamental, refletida na majoraodo Custo-Aluno-Ano, no foi suficiente para reduzir a Taxa de Repetncia (tpico frasal), que permaneceu na casa de20% (fundamentao do pargrafo em forma de apresentao de dados . Da mesma forma, observou-se que ocrescimento da quantidade de professores com formao superior no foi capaz de reduzir a mencionada repetncia escolar(tpico frasal), que se manteve em torno de 25%.(fundamentao do pargrafo em forma de apresentao dedados)

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    CITAO: consiste na utilizao de uma referncia (legal, terica, documental etc.) de outro

    texto ou documento. Pode ser feita de maneira direta, caso em que o texto dever vir entre

    aspas, ou indireta.

    TEMA: amamentao no ambiente de trabalho

    Citao indireta:

    No h obrigatoriedade nem legislao sanitria especfica para as salas de apoio amamentao em empresas(Tpico Frasal), embora o artigo 9 do Estatuto da Criana e do Adolescente preveja que o poder pblico, as instituiese os empregadores devam propiciar condies adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mes submetidas medida privativa de liberdade.(Fundamentao por citao indireta do texto do ECA)

    Citao direta:

    O direito de a mulher amamentar seus filhos no ambiente de trabalho garantido pela legislao brasileira(Tpico Frasal). O art. 396 da CLT prev: Para amamentar o prprio filho, at que este complete 6 meses de idade, amulher ter direito, durante a jorna da de trabalho, a 2 descansos especiais, de meia hora cada um, que no se confundirocom os intervalos normais para seu repouso e alimentao.(Fundamentao por citao direta do texto da CLT)

    CONCEITUAO: estratgia de argumentao em que se utiliza um conceito tcnico/tericopara sustentar uma ideia.

    Tema: Auditoria

    Conceitualmente, a atividade de Auditoria Externa pode ser entendida como um servio destinado aque um profissional tcnico avalie uma determinada matria ou informao (tpico frasal), que responsabilidade de outra parte, mediante o uso de critrios adequados e identificveis, com o fim de expressaruma concluso que transmita a um terceiro destinatrio um certo nvel de confiana compatvel com os dadosdisponveis, com a tcnica das Cincias Econmicas e com as circunstncias do encargo.(fundamentao dopargrafo em forma de conceituao)

    Tema:Gesto de pessoas

    Gesto de Pessoas um conceito amplo (tpico frasal), que trata de como os indivduos se estruturam

    para orientar e gerenciar o comportamento humano no ambiente organizacional, e pode ser o diferencial deempresas que sabem selecionar pessoas certas para o trabalho a ser realizado, ou seja, pessoas com ascompetncias necessrias, a conscincia do valor da sua colaborao e comprometidas com seu trabalho.(fundamentao do pargrafo em forma de conceituao)

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    ENUMERAO: como o prprio nome diz, esse tipo de argumentao consiste em listar

    (enumerar) tpicos ou pontos relativos ao tema, os quais sero desenvolvidos ao longo do

    texto.

    Existem necessariamente nos servios de auditoria externa: (tpico frasal) a) umarelao tripartite entre um auditor profissional; b) uma parte responsvel pela informaoauditada; e c) um destinatrio da mesma informao. (fundamentao do pargrafo em formade enumerao)

    Tema:Auditoria

    Entre algumas das modalidades de auditoria, podem-se destacar a auditoria de gesto e auditoria de programas.

    (tpico frasal)

    Tema: Globalizao

    H diversos aspectos negativos na globalizao: desemprego, crises mundiais, especulao financeira,problemas cambiais.(tpico frasal)

    Obviamente que, nesses dois ltimos casos, o autor dever desenvolver cada um dos

    itens enumerados, a fim de dar sustentao s suas ideias, como ocorre no exemplo a seguir.

    Tema: Oramento Pblico

    No Brasil, a evoluo do oramento-programa contemplou duas etapas (tpico frasal): a oramentao e oplanejamento-oramento. A etapa da oramentao compreendia a insero no oramento do valor necessrio para aexecuo dos planos ou programas de Governo; a etapa do planejamento-oramento, por sua vez, consistia numa tcnica deplanejamento em que, a partir do custo de execuo de cada programa, que se determinava o recurso oramentrionecessrio.(fundamentao do pargrafo em forma de enumerao)

    Bom, essas so as principais estratgias de elaborao da argumentao, isso no querdizer, entretanto, que no existam outras ou que voc no possa usar mais de uma delas num

    mesmo pargrafo, ok? A diviso apenas didtica, para que possa visualizar as tcnicas.

    Seguem dois exemplos de pargrafos em que so aplicadas duas formas de

    argumentao.

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    Para ficar mais claro, pensemos num exemplo simples de descrio de um objeto:

    OBJETIVA:

    Luiz loiro, magro e tem olhos azuis; tem 1,90 m de altura e pesa 90kg.

    SUBJETIVA:

    O sujeito, que parecia um carro de boi cruzando com trem de ferro, j entrou soltando fogo pela folgado dente de ouro.

    (Jos Cndido de Carvalho)

    Na descrio objetiva, os elementos so concretos e reais.

    J na descrio subjetiva, o que se observa uma linguagem figurada, para se referir ao

    sujeito e a forma como entrou no ambiente.

    Assim, como a dissertao, a descrio est presente em vrias situaes da nossa vida

    cotidiana. Nas propagandas, por exemplo, comum a descrio dos produtos:

    Exemplo: Monitor de presso arterial digital automtico de pulso com memria para

    99 medies.

    Outro exemplo de uso da descrio em situaes dirias o diagnstico mdico:

    paciente, 75 anos, sexo masculino, casado, portador insuficincia renal crnica.

    Neste ponto, fazemos uma outra classificao do texto descritivo: a descrio literria

    e a descrio tcnica.

    Na descrio literria predomina o aspecto subjetivo, com nfase no conjunto de

    associaes conotativas que podem ser exploradas a partir de descries de pessoas; cenrios,

    paisagens, espao; ambientes; situaes e coisas. Nos textos literrios, a descrio tem o intuito

    de impressionar e agradar o leitor, com um efeito esttico (texto conotativo).

    Nos textos de natureza tcnica, por sua vez, a descrio ter como objetivo

    esclarecer, informar e convencer(texto denotativo). Esse, portanto, ser o objetivo de uma

    descrio que eventualmente seja solicitada no texto da sua prova.

    Seguem exemplos dos dois tipos de descrio:

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    Descrio Literria

    Em prosa:

    Mnica uma pessoa to extraordinria que consegue simultaneamente: ser boa me de famlia, serchiqussima, ser dirigente da "Liga Internacional das Mulheres Inteis", ajudar o marido nos negcios, fazer

    ginstica todas as manhs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, no fumar,

    no envelhecer, gostar de toda gente, toda gente gostar dela, colecionar colheres do sculo XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstrata, ser scia de todas as sociedadesmusicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito sria. Tenhoconhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mnica. Mas so s a sua caricatura. Esquecem-se sempre daioga ou da pintura abstrata. Por trs de tudo isto h um trabalho severo e sem trguas e uma disciplina rigorosae contente. Pode-se dizer que Mnica trabalha de sol a sol. De fato, para conquistar todo o sucesso e todos os

    gloriosos bens que possui, Mnica teve de renunciar a trs coisas: poesia, ao amor e santidade.(Sophia de Mello Breyner Andresen Contos Exemplares)

    Em verso:

    Eu no tinha esse rosto de hoje,assim calmo, assim triste, assim magro,

    nem estes olhos to vazios,nem o lbio amargo.

    Eu no tinha estas mos sem fora,to paradas e frias e mortas;

    eu no tinha este coraoque nem se mostra.

    Eu no dei por esta mudana,to simples, to certa, to fcil:- Em que espelho ficou perdida

    a minha face?(Ceclia Meireles)

    Observe a predominncia de uma linguagem conotativa e da descrio subjetiva, a partir

    de impresses pessoais.

    E agora veja a diferena de uma descrio tcnica a seguir.

    Descrio tcnica

    Os biorreatores so equipamentos capazes de multiplicar mudas de plantas com muito mais higiene,

    segurana e economia. So constitudos de frascos de cultivo, cujo tamanho varia entre 1 e 20 litro; motor eltrico

    conectado a uma eixo que se estende at o interior do frasco; bomba compressora de ar; sensores de temperatura,

    pH e oxignio.

    Aqui, diferentemente dos textos literrios, h uma preocupao em se fazer uma

    descrio detalhada e real do objeto. O intuito informar e convencer o leitor de que os

    biorreatores so uma boa alternativa.

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    E nas provas de concursos como o CESPE costuma cobrar a descrio?

    Como ver nos exemplos que apresento em seguida, o CESPE costuma solicitar a

    redao de textos descritivos dentro de uma dissertao, ou seja, como um texto tcnico.

    Dessa forma, ao escrever seus textos na prova, se houver necessidade de fazer uma

    descrio, voc deve observar as mesmas caractersticas que discutimos para a dissertao:

    objetividade, clareza e consistncia.

    Veja um exemplo de prova do CESPE em que houve cobrana de descrio.

    TCU 2008

    Considerando que o papel dos lderes significativo na busca da nova dinmicado servio pblico, a qual demanda uma atuao assertiva dos gestores, redija um textoem que, necessariamente, sejam apresentados:

    o conceito de liderana; uma descrio dos trs estilos clssicos de liderana, com destaque no processo

    de tomada de deciso, na forma de programao e diviso do trabalho e naparticipao do lder, em cada um dos trs estilos.

    O que podemos observar no exemplo acima que o texto tem natureza tcnica e,

    portanto, dissertativa, assim a descrio far parte da argumentao a ser desenvolvida pelo

    candidato.

    Dessa forma, ao escrever seus textos na prova, se houver necessidade de fazer uma

    descrio, voc deve observar as mesmas caractersticas que discutimos para a dissertao:

    objetividade, clareza e consistncia.

    Vejamos, ento, alguns exemplos de descrio tcnica:

    OBJETOS: a descrio de um objeto apresenta informaes sobre forma, dimenses, peso,textura, material componentes e utilidade.

    A descrio de objetos comum, por exemplo, em editais de licitao.

    Exemplo:

    Otoscpio construdo em metal cromado e com fibra lux, dotado de 6 espculos permanentes e de 10 descartveis,1 lmpada sobressalente e 1 cabo porta pilhas rosquevel. O produto dever ser confeccionado com material de primeiraqualidade, isento de rebarbas e sinais de oxidao, rosca perfeitamente delimitada, facilitando o ajuste perfeito das pilhas eda mola.

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    PROCEDIMENTOS: a descrio de um procedimento ou de um processo um roteiro que

    apresenta o propsito, as etapas e as operaes necessrias para a realizao de uma

    determinada atividade e, ainda, normas que a disciplinam.

    Processos

    Prego a modalidade de licitao que tem por objetivo adquirir bens e servios comuns, por meio de sessopblica, em que so apresentados lances e propostas, sem levar-se em considerao o valor estimado da contratao.Diferentemente das outras modalidades, para as quais formada uma Comisso de Licitao, a modalidade prego conduzida por um servidor do rgo ou da entidade promotora do certame, denominado pregoeiro, o qual auxiliadopor uma equipe de apoio, tambm composta por servidores. H dois tipos de prego: o presencial e o eletrnico.

    O processo de compras de materiais envolve as seguintes etapas: planejamento; preparao das aquisies;obteno das propostas; criao de parcerias com fornecedores; gerenciamento do contrato e encerramento. Na etapa deplanejamento, sero considerados aspectos sobre quando, como, o que, quanto e onde se dar a aquisio de cadamaterial especificado...

    Procedimentos

    O procedimento para ligar uma fonte AT simples, mas podem ocorrer problemas ao se conectar o cabo tomada, pois essas fontes apresentam um plug de 3 vias, sendo dois pinos retangulares correspondentes ao fase e neutroda alimentao CA e um pino redondo destinado ao aterramento da fonte. Caso no haja uma tomada compatvel, ouseja, a rede eltrica no possua aterramento, pode-se simplesmente desconsiderar o pino redondo, encaixando o plugatravs de um T ou benjamim que possibilite que este fique para fora ou pode-se serr-lo.

    Procedimentos

    O usurio solicita a pgina da Web referente ao sistema e seleciona a opo de cadastrar regies. O sistemaverifica se o usurio foi autenticado. Aps a autenticao, o sistema solicita a operao desejada:

    insero: o sistema apresenta o formulrio apropriado, contendo os campos: idRegio, id Instituio (campo implcito),nome, estado e descrio.

    alterao: o sistema apresenta uma lista de regies cadastradas para o usurio escolher quem dever ter seus dadosalterados. O usurio escolhe o registro, o sistema mostra os campos para edio e as alteraes so realizadas.

    remoo: o sistema apresenta uma lista de regies cadastrados para o usurio escolher quem dever ser removido. Apsa escolha do registro, o sistema solicita confirmao da operao.

    Insero de estao: associar uma estao a uma regio.

    Remoo de estao: desassociar uma estao de uma regio.Ao final do processo, o sistema retorna uma mensagem de que a operao foi realizada com sucesso.

    Essas so as informaes que acredito sejam mais relevantes para voc escrever um

    texto descritivo na sua prova.

    Vistas as tcnicas de que voc pode dispor para introduzir e desenvolver o seu texto,

    estudemos, agora, como redigir o fechamento.

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    FORMAS DE REDIGIR O FECHAMENTO DO TEXTO

    Assim como a introduo, a concluso da dissertao uma parte da macroestrutura

    textual que auxilia o leitor a entender o texto.

    Em outras palavras, enquanto na introduo voc far uma ambientao do leitor em

    relao ao tema que ser tratado e ao ponto de vista que adotar sobre ele, na concluso dever

    amarrar todos os fios do discurso, ou seja, nela reafirmar o seu ponto de vista e resumir

    os argumentos apresentados, de forma a apresentar ao leitor uma sntese das ideias

    desenvolvidas.

    O tipo mais comum de finalizao de um texto dissertativo a denominada concluso-

    resumo.

    Este o modo mais simples de concluir um texto, resumindo brevemente todos os

    principais pontos apresentados, na mesma ordem seguida na redao, destacando a tese

    defendida.

    Assim como a introduo-enquadramento, a concluso-resumo a mais utilizada e,

    portanto, a mais previsvel. Logo, voc tambm deve ter cuidado para no escrever um texto

    repetitivo e parecido com os modelos escolares.

    bom evitar escrever no incio e no final do texto o mesmo tipo de pargrafo e

    tambm o emprego de frases emocionais, que expressam esperana, ensinamentos ou uma

    forma idealizada de avaliar um problema.

    Veja alguns exemplos a serem evitados:

    Como vimos, o quadro da educao brasileira deplorvel. Precisamos mudar essasituao.Governo e cidados juntos,precisam se unir, para enfrentar essas dificuldades, em prol da melhoria

    do pas.

    Concluindo, a liberao do jogo no Brasil no traria benefcios s famlias de pessoastrabalhadoras e honestas, boa parte do povo brasileiro, pois transformaria o pas num grandecassino.

    Pelas ideias apresentadas, conclui-se quea proposta de legalizao do jogo vergonhosa,pois estimularia a populao a uma prtica moralmente condenvel, que nada traz de benefcios aoscidados de boa-f deste pas.

    Conclumos, ento, que a violncia no Brasil est cada vez maior. Como cidados devemos

    cobrardos nossos governantes aes mais efetivas de combate aos crimes.

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    Observe que esses tipos de frase tendem a transmitir impresses subjetivas e emocionais

    dos problemas em tela, o que no condiz com a natureza cientfica e objetiva do texto

    dissertativo; acabam por enfraquecer a argumentao do texto.

    Nesse sentido, importante que evite utilizar algumas expresses:

    Concluindo...

    Diante do exposto...

    Pelas razes expostas....

    Diante dos fatos apresentados, conclui-se que....

    Pelo que foi discutido, fica claro...

    Essas frases so tpicas de textos tcnicos, como pareceres, relatrios e notas tcnicas.

    Em textos dissertativos, devem ser evitadas e podem ser substitudas por formas mais simples e

    diretas, como as seguintes:

    Enfim...Por fim...

    Dessa forma... Desse modo...

    Assim...

    Portanto...

    Nesse sentido...

    Nessa perspectiva...

    Nesse contexto....

    Sendo assim...

    Ento...

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    A seguir exemplos de concluso-resumo apropriados.

    Portanto, estabelecer metas de crescimento juntamente com medidas mitigadoras a danos ambientais umcami