Aula 02. Introdução a Sociologia

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  • Introduo a Sociologia

    Cdrick Cunha

    [email protected]

  • Introduo

    A sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditrio.

    Para alguns ela representa uma poderosa arma a servio dos interesses dominantes, para outros ela a expresso terica dos movimentos revolucionrios.

    Sociologia o resultado de uma tentativa de compreenso de situaes sociais radicalmente novas, criadas pela ento nascente sociedade capitalista.

  • Suas explicaes sempre

    contiveram intenes prticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilizao.

  • Caracteriza-se, ento, por uma busca para alterar a balana de

    poder da sociedade.

  • Sculo XVIII como marco

    Revoluo Industrial e Revoluo Francesa

    A dupla revoluo constituiu dois lados do mesmo processo, ou seja, a instalao definitiva da sociedade capitalista A desapario dos pequenos proprietrios rurais, dos artesos independentes, a imposio de prolongadas horas de trabalho, tiveram um efeito traumtico sobre milhes de seres humanos

  • Transformaes das urbes

    As consequncias da rpida industrializao e urbanizao levadas a cabo pelo sistema capitalista foram to visveis quanto trgicas: aumento assustador da prostituio, do suicdio, do alcoolismo, do infanticdio, da criminalidade, da violncia, de surtos de epidemia de tifo e clera que dizimaram parte da populao etc.

  • Transformaes das urbes

    Os ludistas enquanto resistncia ao desenvolvimento tecnolgico ou industrial. (Inglaterra, 1811)

  • A sociedade como problema e objeto de investigao

    No se objetivava simplesmente compreender aquela realidade, mas extrair orientaes para a ao, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade.

    Os precursores da sociologia foram recrutados entre militantes polticos, entre indivduos que participavam e se envolviam profundamente com os problemas de suas sociedades.

  • Primeiros pensadores

    Robert Owen (1771-1858), assim como, Saint-Simon (1760-1825) era considerado socialistas utpicos pelos marxistas, pelo fato de exporem os princpios de uma sociedade ideal sem indicar os meios para alcan-la.

    Jeremy Bentham (1748-1832)

  • Por que no antes?

    Antes da sociedade capitalistas as mudanas aconteciam em ritmo lento e no colocavam em questo os pressupostos da sociedade.

    A sociedade no era colocada como

  • Transformaes tambm no pensamento

    A aplicao da observao e da experimentao, ou seja, do mtodo cientfico para a explicao da natureza, conhecia uma fase de grandes progressos. Num espao de 150 anos, ou seja, de Coprnico a Newton, a cincia passou por um notvel progresso, mudando at mesmo a localizao do planeta Terra no cosmo. O estabelecimento de relaes entre estes fatos seguia possibilitando aos homens dessa poca um conhecimento da natureza que lhes abria possibilidade de a controlar e dominar.

  • Para Francis Bacon, o novo mtodo de conhecimento, baseado na observao e na experimentao, ampliaria

    infinitamente o poder do homem e deveria ser estendido e aplicado ao estudo da sociedade.

  • Esse no foi um perodo apenas de pensamento dos filsofos e cientistas.

    O "homem comum" dessa poca tambm deixava, cada vez mais, de encarar as instituies sociais, as normas, como fenmenos sagrados e imutveis, submetidos a foras sobrenaturais, passando a perceb-las como produtos da atividade humana, portanto passveis de serem conhecidas e transformadas.

  • Tocqueville e a Revoluo Francesa

    "A Revoluo segue seu curso: medida que vai aparecendo a cabea do monstro, descobre-se que, aps ter destrudo as instituies polticas ela suprime as instituies civis e muda, em seguida, as leis, os usos, os costumes e at a lngua; aps ter arruinado a estrutura do governo, mexe nos fundamentos da sociedade e parece querer agredir at Deus; quando esta mesma Revoluo expande-se rapidamente por toda a parte com procedimentos desconhecidos, novas tticas, mximas mortferas, poder espantoso que derruba as barreiras dos imprios, quebra coroas, esmaga povos e - coisa estranha - chega ao mesmo tempo a ganh-los para a sua causa; medida que todas estas coisas explodem, o ponto de vista muda. O que primeira vista parecia aos prncipes da Europa e aos estadistas um acidente comum na vida dos povos, tornou-se um fato novo, to contrrio a tudo que aconteceu antes no mundo e no entanto to geral, to monstruoso, to incompreensvel que, ao aperceb-lo, o esprito fica como que perdido".

  • Auguste Comte e a Sociologia Positivista

  • Vrias das ideias de Saint-Simon foram retomadas por Auguste Comte (1798-1857). A motivao da obra de Comte repousa no estado de "anarquia" e de "desordem" de sua poca histrica. Segundo ele, as sociedades europeias se encontravam em um profundo estado de caos social.

  • Desafios para o sculo XX

    Segundo Comte, os sculos XVIII e XIX foram revolucionrios. Os pensadores do sculo seguinte seriam responsveis por pensar a reorganizao da sociedade. Nesse movimento desenvolve-se a Sociologia Positiva (Esttica = Teoria da Ordem; e, Dinmica = Teoria do Progresso)

  • Em sua viso, as ideias religiosas haviam h muito perdido sua fora na conduta dos homens e no seria a partir delas que se daria a reorganizao da nova sociedade. Para haver coeso e equilbrio na sociedade seria necessrio restabelecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenas comuns a todos os Homens. sociologia e positivismo aparecem intimamente ligados, uma vez que a criao desta cincia marcaria o triunfo final do positivismo no pensamento humano. A matemtica, a astronomia, a fsica, a qumica e a biologia eram cincias que j se encontravam formadas, faltando, no entanto, fundar uma "fsica social", ou seja, a sociologia

  • Comte e a Sociologia Positiva

    "Entendo por fsica social a cincia que tem por objeto prprio o estudo dos fenmenos sociais, segundo o mesmo esprito com que so considerados os fenmenos astronmicos, fsicos, qumicos e fisiolgicos, isto , submetidos a leis invariveis, cuja descoberta o objetivo de suas pesquisas...

  • ... Os resultados de suas pesquisas tornam-se o ponto de partida positivo dos trabalhos do homem de Estado, que s tem, por assim dizer, como objetivo real descobrir e instituir as formas prticas correspondentes a esses dados fundamentais, a fim de evitar ou pelo menos mitigar, quanto possvel, as crises mais ou menos graves que um movimento espontneo determina, quando no foi previsto. Numa palavra, a cincia conduz previdncia, e a previdncia permite regular a ao.

  • Papel da Sociologia para Comte

    Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliao entre a "ordem" e o "progresso", pregando a necessidade mtua destes dois elementos para a nova sociedade.

    Para ele, o equvoco dos conservadores ao desejarem a restaurao do velho regime feudal era postular a ordem em detrimento do progresso. Inversamente, argumentava, os revolucionrios preocupavam-se to somente com o "progresso", menosprezando a necessidade de ordem na sociedade.

  • Durkheim

    Tambm para Durkheim (1858-1917) a questo da ordem social seria uma preocupao constante. atravs dele que a sociologia penetrou a Universidade, conferindo a esta disciplina o reconhecimento acadmico. Sua obra foi elaborada num perodo de constantes crises econmicas, que causavam desemprego e misria entre os trabalhadores, ocasionando o aguamento das lutas de classes, com os operrios passando a utilizar a greve como instrumento de luta e fundando os seus sindicatos.

  • Incio do sculo XX com Durkheim

    No obstante esta situao de conflito, o incio do sculo XX tambm marcado por grandes progressos no campo tecnolgico, como a utilizao do petrleo e da eletricidade como fontes de energia, o que criava um certo clima de euforia e de esperana em torno do progresso econmico.

  • Os problemas de seu tempo

    Procurava destacar que os programas de mudana esboados pelos socialistas, que implicavam modificaes na propriedade e na redistribuio da riqueza, ou seja, medidas acentuadamente econmicas, no contribuam para solucionar os problemas da poca.

    Durkheim acreditava que a raiz dos problemas de seu tempo no era de natureza econmica, mas sim uma certa fragilidade da moral da poca em orientar adequadamente o comportamento dos indivduos.

  • Papel da Sociologia para Durkheim

    Seria de fundamental importncia encontrar novas ideias morais capazes de guiar a conduta dos indivduos. Considerava que a cincia poderia, atravs de suas investigaes, encontrar solues nesse sentido. Compartilhava com Saint-Simon a crena de que os valores morais constituam um dos elementos eficazes para neutralizar as crises econmicas e polticas de sua poca histrica. Acreditava tambm que era a partir deles que se poderia criar relaes estveis e duradouras entre os homens.

  • Problemas com a diviso do trabalho

    Segundo Durkheim, a diviso do trabalho deveria em geral provocar uma relao de cooperao e de solidariedade entre os homens.

    No entanto, como as transformaes socioeconmicas ocorriam velozmente nas sociedades europeias, inexistia ainda, de acordo com ele, um novo e eficiente conjunto de ideias morais que pudesse guiar o comportamento dos indivduos.

  • Para alm da sociologia positivista

  • No foi esta sociologia, criada e moldada pelo esprito positivista, que colocou em questo os fundamentos da sociedade capitalista, j ento plenamente configurada. Tambm no foi nela que o proletariado encontrou a sua expresso terica e a orientao para suas lutas prticas.

    no pensamento socialista, em suas diferentes fontes, que o proletariado, esse rebento da revoluo industrial, buscar seu referencial terico para levar adiante suas lutas na sociedade de classes

  • Positivismo x Pensamento Socialista

    Se a preocupao bsica do positivismo foi com a manuteno e a preservao da ordem capitalista, o pensamento socialista que procurar realizar uma crtica radical a esse tipo histrico de sociedade, colocando em evidncia os seus antagonismos e contradies.

    a partir de sua perspectiva terica que a sociedade capitalista passa a ser analisada como um acontecimento transitrio.