AUTOMAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS FERMENTATIVOS E PURIFICAÇÃO DE PRODUTOS BIOTECNOLÓGICOS
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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO
GABRIELA BRASIL ROMÃO
AUTOMAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS
FERMENTATIVOS E PURIFICAÇÃO DE PRODUTOS
BIOTECNOLÓGICOS
BAURU2012
AUTOMAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS FERMENTATIVOS
1. Introdução
Devido aos avanços dos recursos computacionais e a sua grande utilização nas
indústrias, houve a possibilidade de baratear esses componentes, ter maior
interfaceamento, acompanhamento e gerenciamento de dados, e aumentar as funções
lógicas e programáveis dos controladores. Os recursos computacionais podem ampliar
as opções de algoritmos de controle, bem como realizar tarefas mais complexas, como a
estimativa de variáveis não medidas, implementação de técnicas de otimização
identificação de processos.
Em processos fermentativos o desenvolvimento da aplicação do controle
automático é lento devido às características específicas dos processos biotecnológicos
que dificultam o trabalho automático.
Essa aplicação em processos fermentativos permite uma maior reprodutibilidade
da produção, garantindo a melhor qualidade do produto, maior segurança e otimização
da produção, para maior economia do processo.
2. Desenvolvimento
2.1. Principais instrumentos para monitoração em linha de processos
fermentativos
Para o entendimento e controle do processo fermentativo é necessário obter os
dados que caracterizam a evolução no tempo das reações biológicas e para isso foram
se desenvolvendo sensores para fornecer os sinais adequados, mesmo sob condições
ambientais complexas e que indiquem a evolução do processo. Algumas técnicas
recentes vêm sendo incorporadas aos processos fermentativos que aumentam a
capacidade de observá-los e controlá-los como Turbedimetria utilizando Fibras Ópticas,
Cromatografia Líquida de Alto Desempenho (HPLC) e Análise por Injeção em Fluxo
(FIA), etc.
Abaixo está representada uma breve explicação das principais determinações em
linha aplicadas a processos fermentativos.
2.2. Medidas baseadas em princípios físicos
2.2.1. Temperatura
A temperatura é a variável mais frequentemente medida e controlada devido à
sua dependência para com o crescimento microbiano e pela facilidade de sua
determinação. Nos processos fermentativos o intervalo de medida situa-se entre 0ºC e
130ºC e essa medida é feita, principalmente, por termômetros baseados na variação da
resistência de sensores metálicos como os de cobre, níquel, platina ou liga ródio/ferro.
Esses termômetros contêm um fio metálico, dentro de um cilindro metálico para
proteção, por onde se faz passar uma corrente elétrica constante. Devido à variação da
resistência com a temperatura, ocorre variação de tensão no fio, que pode ser
relacionado com a temperatura.
2.2.2. Pressão
A pressão afeta indiretamente o metabolismo dos microrganismos pela sua
influência na solubilidade dos gases dissolvidos. Devido à necessidade de
interfaceamento elétrico, os medidores de pressão, manômetros, contêm elementos que
convertem a deformação elástica do elemento sensor em sinal elétrico (transdutores de
pressão). Como o deslocamento produzido é proporcional à pressão, pode-se
estabelecer uma relação entre a deformação mecânica e o sinal elétrico. Os
transdutores podem ser os capacitivos, que consistem em duas placas capacitivas,
separadas por uma membrana ou elemento sensor de capacitância e a pressão a ser
medida é transmitida através da membrana isoladora para o elemento sensor imerso no
óleo, ocorrendo a deformação do elemento sensor e a alteração da capacitância entre
as duas placas gerando um sinal elétrico, na forma de corrente ou tensão, proporcional à
pressão exercida; os piezoelétricos que se baseiam na propriedade do elemento sensor,
um cristal, que submetido a uma tensão mecânica gera uma carga elétrica diretamente
proporcional à força aplicada; e os extensômeros elétricos (strain-gages) que são
compostos por um cilindro oco, em cuja superfície são colocadas quatro tiras de
medição extensométrica de forma transversal em relação ao eixo do cilindro. Essas tiras
são fios metálicos ou outro condutor elétrico. Quando se aplica uma pressão, a parede
do cilindro se expande as tiras aumentam sua resistência elétrica. Essas tiras são
ligadas eletricamente, formando uma ponte de Wheatstone. Nesse circuito estabelece-
se uma tensão fixa e qualquer diferença das resistências gera um sinal elétrico (corrente
ou tensão), que pode ser correlacionado com a pressão.
2.2.3. Medidas de vazão gasosa
As medidas de vazão gasosa são necessárias para quantificar o ar fornecido ao
fermentador e para o controla de oxigênio dissolvido no meio ou para quantificar o
consumo de oxigênio e a produção de gás carbônico, na fermentação, e a correlação
dessas medidas com o crescimento celular. Os principais instrumentos utilizados para a
determinação de vazão gasosa são:
Medidores de vazão de área variável (Rotâmetros): nesses medidores, o fluido
escoa em tubo cônico, vertical, de baixo para cima, no qual há um flutuador.
Como o peso do flutuador é constante, o aumento da vazão acarreta um aumento
da área livre de escoamento, uma vez que a perda de carga permanece
constante. A posição do flutuador pode ser convertida em sinal elétrico gerando
medidas de linha de vazão;
Medidor térmico de vazão mássica: é mais utilizado em fermentadores pequenos
e no medidor, uma fração dos gases passa através de um duto, que apresenta
uma fonte de calor e dois sensores (termistores) mantidos antes de depois da
fonte de calor. O princípio da medida baseia-se no fato de que a quantidade de
energia necessária para manter um perfil de temperatura constante em um fluido
é função da vazão mássica. Assim, medindo-se o calor fornecido e a diferença de
temperaturas, é possível estimar a vazão mássica. Dependendo das faixas de
temperaturas utilizadas, da variação das propriedades do fluido (calor específico)
e do fio (elemento sensor), é possível estabelecer uma relação linear entre a
vazão e a relação calor gerado/diferença de temperaturas. A vazão gasosa é
calculada por circuito eletrônico e pré-ajustada com um gás de calibração.
Quando se utiliza um gás diferente, o fabricante fornece fatores de correção que
levam em conta as especificidades do gás utilizado. Como as medidas
necessárias (calor fornecido e temperatura) são facilmente convertidas em sinais
elétricos, pode-se dispor de uma medida em linha de vazão. A principal vantagem
dessa medida é a sua interdependência da pressão do gás. Dessa forma, uma
manutenção exige cuidados para evitar a entrada e o acúmulo de impurezas no
sensor. Em geral, o medidor vem junto com uma unidade para controle de vazão
(válvula de controle e controlador).
2.2.4. Medidas de vazão líquidas
Nos processos fermentativos, os medidores de vazão líquida são equipamentos
comuns aos processos químicos, porém devem atender a algumas características
específicas, especialmente a necessidade de esterilidade do processo e a manipulação
de meios naturais (presença de sólidos em suspensão). Os mais utilizados são:
Medidos de pressão diferencial: vários medidores são disponíveis para
correlacionar medidas de diferença de pressão, geradas por dispositivos
mecânicos, com vazões (placas de orifício, tubos de Venturi). A forma mais
comum é a utilização de placas de orifício. Nesses dispositivos o diferencial de
pressão é proporcional ao quadrado do fluxo. Assim, utilizando-se transdutores de
pressão, é possível obter-se uma medida em linha de vazão;
Medidores magnéticos: consistem em um tubo não magnético coberto com
material isolante, com dois eletrodos em lados opostos, que produzem um campo
magnético perpendicular ao fluxo do fluido. A passagem de líquidos eletricamente
condutores por esse dispositivo permite o surgimento de uma força eletromotriz
entre os dois eletrodos. Essa força é amplificada em um conversor e fornece um
sinal de corrente linear com a vazão. Esse tipo de medidor é muito apropriado
para medições de líquidos contendo lamas, polpas e líquidos condutores em
geral. Não oferece nenhuma restrição à passagem dos fluidos, tendo uma perda
de carga equivalente a de um duto com o mesmo comprimento ocupado pelo
medidor;
Balanças: reservatórios de alimentação, colocados sobre balanças conectadas a
microcomputadores, são extremamente úteis para a determinação da massa
(volume) adicionada ao fermentador a qualquer instante. Sua principal vantagem
é a precisão da medida. Contudo, a diminuição significativa do peso do
reservatório, dependendo das vazões empregadas, pode tardar frações de horas
e pode levar a erros quando de realizam determinações diferenciais em intervalos
de tempo curtos.
2.3. Medidas baseadas em princípios físico-químicos
2.3.1. Acidez (pH)
Como a temperatura, o pH é frequentemente controlado nos processos
biotecnológicos, devido à sua influência na atividade enzimática e no metabolismo
microbiano. O pH é medido potenciometricamente com sondas esterilizáveis, que
consistem numa combinação de eletrodo de vidro com eletrodo de referência. A metade
correspondente ao eletrodo de vidro é composta de membrana de vidro, fio de prata
recoberto com cloreto de prata imerso em solução de AgCl, saturado com KCl sólido. A
metade correspondente ao eletrodo de referência é feita do mesmo material (fio de prata
e dolução de AgCl saturada). Variações do pH do meio de cultura alteram a diferença de
potencial elétrico nas faces da membrana de vidro. Essa diferença de potencial, medida
em relação ao eletrodo de referência, é proporcional à concentração de íons entre as
faces. Como a concentração de íons H+ é mantida constante dentro do eletrodo de vidro
por solução tampão, é possível correlacionar o potencial elétrico e a concentração de
íons H+ no meio de cultivo. O principal problema na operação prolongada do eletrodo é a
deterioração do eletrólito devido a esterilizações sucessivas da sonda.
PURIFICAÇÃO DE PRODUTOS BIOTECNOLÓGICOS
1. Introdução
A recuperação e a purificação dos produtos presentes nos biorreatores fazem
parte dos chamados tratamentos finais em processos biotecnológicos. Em geral, essa é
a etapa mais complexa e onerosa de um processo fermentativo.
Na recuperação e purificação de produtos são usadas muitas técnicas comuns
nos processos químicos, dependendo das características de cada produto e do meio em
que ele está contido. É preciso, primeiramente, separar as células e outros materiais
sólidos do meio, através de métodos físicos como a sedimentação, a filtração e a
centrifugação. Em seguida, dependendo se o produto é intracelular ou extracelular, são
usados, para o primeiro caso, métodos de ruptura de células, para liberação do produto,
e feito o enriquecimento, usando diferentes técnicas como, por exemplo, no caso da
fermentação alcoólica, a destilação, entre outras técnicas.
2. Desenvolvimento
2.1. Principais técnicas de purificação de produtos biotecnológicos
Abaixo está representado um resumo sobre os principais métodos de purificação
em processos fermentativos.
2.1.1. Destilação
A separação de componentes de baixo peso molecular pode realizada por
destilação ligada diretamente ao biorreator. A utilização de vácuo no fermentador
permite, por exemplo, a remoção de etanol diretamente do meio de fermentação. O
processo não apresenta riscos para os microrganismos (levedura ou bactéria). O método
é vantajoso para bactérias termofílicas, embora os custos para manutenção de vácuo
sejam altos. É uma operação que permite a separação de misturas de líquidos em
componentes puros na qual se realiza a vaporização e condensação sucessivas devido
à diferença de volatilidade entre os componentes do líquido.
Destilação descontínua ou simples: realizadas em bateladas. A carga líquida é
introduzida em um vaso provido de aquecimento, entrando em ebulição. Os
vapores são retirados no topo através do condensador, onde são liquefeitos e
coletados em outros recipientes. A primeira porção do destilado será a mais rica
em componentes mais voláteis. A medida que prossegue a vaporização, o
produto vaporizado torna-se mais volátil e o líquido residual torna-se menos
volátil, pois o percentual de componentes leves no líquido residual vai sendo
esgotado. O destilado, que é o vapor condensado, poderá ser coletado em
frações separadas, denominadas de cortes;
Destilação fracionada: é o tipo de destilação mais utilizada em indústrias de
grande porte. Na destilação em batelada e por expansão brusca, a separação das
substâncias é realizada de forma imperfeita e incompleta. Na destilação
fracionada é possível obter a separação em várias frações, pois pode-se ter
temperaturas, vazões e composições constantes em dado ponto da coluna. A
destilação fracionada ocorre por meio de vaporização e condensações sucessivas
por meio das diferentes volatilidades das substâncias. A alimentação é
introduzida no meio da coluna descendo até atingir o trocador de calor aquecido
por vapor, onde entrará em ebulição. Este vapor ascenderá a coluna em contra
corrente com a alimentação atingindo o condensador onde será liquefeito.
2.1.2. Cristalização
O processo de cristalização é principalmente utilizado para purificação de
produtos de baixo peso molecular. Os exemplos conhecidos são a precipitação de
penicilina G (adição de álcool + acetato de potássio) e na produção de ácido cítrico. Os
bioprodutos podem ser removidos do meio fermentado por cristalização. Este processo
pode ser realizado na produção enzimática de certos aminoácidos e peptídeos como o
aspartame. A cristalização pode ocorrer também pela remoção de solventes voláteis.
A cristalização é uma operação de separação onde, partindo de uma mistura
líquida (solução ou sólido fundido-magma) se obtêm cristais de um dos componentes da
mistura, com 100% de pureza. Na cristalização criam-se as condições termodinâmicas
que levam as moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se em estruturas altamente
organizadas, os cristais. Por vezes, as condições operatórias não permitem obter cristais
100% puros verificando-se a existência, nos cristais, de inclusões (impurezas) de
moléculas que também têm grande afinidade para o soluto.
2.1.3. Extração por solvente
O uso de solventes para extrair continuamente produtos a partir do meio
fermentado, sob condições adequadas, especialmente o pH, é uma tecnologia
empregada com sucesso na indústria de antibióticos. São obtidos rendimentos de 95%
em 1 a 4 estágios de contato.
Uma forma elegante de integrar a separação de células com a separação primária
de proteínas é a aplicação de técnicas de extração aquosa em duas fases. O meio
fermentado ou o homogenato pode ser separado em duas fases pela adição de dois
polímeros ou de um sal de polímero em solução aquosa. Os pares usualmente
empregados incluem: polietileno glicol/dextrana ou polietileno glicol/sais de sulfato ou
fosfato.
As vantagens e desvantagens são:
A possibilidade de separar e purificar simultaneamente as células;
A separação pode ser realizada continuamente;
A desvantagem é o alto custo dos polímeros, embora exista a possibilidade de
recuperá-los no processo.
A separação de células neste tipo de processo pode ser atrativa para produção
de proteínas ou enzimas de alto valor, particularmente de origem intracelular.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MÜLLER, J. M. Recuperação de Bioprodutos. UFSC, 2012. Disponível em: <http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=18&cad=rja&ved=0CE4QFjAHOAo&url=http%3A%2F%2Fmoodle.ufsc.br%2Fmod%2Fresource%2Fview.php%3Fid%3D293019&ei=b86mULuAB-2M0QHJ8YGoDg&usg=AFQjCNHNGsvEv8t0Pk8SfP_oqRiKr42lrw>. Acesso em: 16 nov. 2012.
SCHMIDELL, W. et al. Biotecnologia industrial. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2001. v. 2. http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_grad2004/queijos/processo.htm Disponível em: <www.esalq.usp.br>. Acesso em: 6 mar. 2012.