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  • Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 2005 ISSN 1675-8265

    ANNA PAULA SAVOLDI

    AVALIAO DA PROPRIOCEPO NO EQUILBRIO DE INDIVDUOS

    SUBMETIDOS RECONSTRUO DE LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

    ATRAVS DO MTODO DE POSTUROGRAFIA DINMICA

    CASCAVEL

    2005

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    ANNA PAULA SAVOLDI

    AVALIAO DA PROPRIOCEPO NO EQUILBRIO DE INDIVDUOS

    SUBMETIDOS RECONSTRUO DE LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

    ATRAVS DO MTODO DE POSTUROGRAFIA DINMICA

    Trabalho de Concluso de Curso do curso de Fisioterapia do Centro de Cincias Biolgicas e da Sade da Universidade Estadual do Oeste do Paran campus Cascavel.

    Orientador: Prof. Ms. Gladson Ricardo Flor Bertolini

    CASCAVEL, 2005

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    TERMO DE APROVAO

    ANNA PAULA SAVOLDI

    AVALIAO DA PROPRIOCEPO NO EQUILBRIO DE INDIVDUOS

    SUBMETIDOS RECONSTRUO DE LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

    ATRAVS DO MTODO DE POSTUROGRAFIA DINMICA

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado como requisito parcial para obteno do

    ttulo graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paran.

    _____________________________________________

    Orientador: Prof. Ms. Gladson Ricardo Flor Bertolini

    _____________________________________________

    Prof. Carlos Eduardo de Albuquerque

    _____________________________________________

    Prof. Alberito Rodrigo de Carvalho

    Cascavel, novembro de 2005

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    DEDICATRIA:

    Dedico este trabalho minha famlia!

    Meu pai Sergio, minha me Izabel, meus

    avs Enore e Lurdes e minha irm

    Simone.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, acima de tudo, por permitir que eu chegasse at aqui, e por ter me

    dado fora para enfrentar todos os obstculos que surgiram nesses quatro anos.

    A minha famlia, em especial aos meus pais que estiverem sempre presentes,

    e que renunciaram de seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus.

    Ao meu namorado, pelo amor, carinho, pacincia, por estar sempre ao meu

    lado e pela compreenso nos dias de estresse, desespero e mau humor.

    A minha amiga Juliana Montijo, que esteve sempre presente em todas as

    etapas desta minha caminhada, pelo companheirismo, dedicao e pela sinceridade

    de sua amizade, valeu amiga.

    Ao meu orientador, prof. Gladson, exemplo de competncia profissional, pela

    sua pacincia e dedicao a este trabalho.

    s pessoas que participaram das atividades envolvidas neste trabalho de

    concluso de curso, pela disponibilidade, confiana, e por permitirem que eu

    pudesse contar com sua ajuda.

    Ao corpo docente pela disponibilidade e apoio quando necessrio, em

    especial ao prof. Carlos Eduardo de Albuquerque.

    MUITO OBRIGADA!

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    RESUMO

    Este estudo teve como objetivos: encontrar um mtodo de avaliao de equilbrio em indivduos que sofreram leso de LCA, buscando encontrar alteraes proprioceptivas nos mesmos, avaliando esses indivduos atravs do mtodo de posturografia dinmica; e ainda avaliar a influncia da dor na propriocepo e no equilbrio. Para tal utilizou-se uma amostra de 13 indivduos do sexo masculino, sendo esses divididos em 3 grupos de 5 indivduos cada: grupo 1 (pr-operatrio), grupo 2 (ps operatrio) e grupo 3 (controle), sendo que 2 indivduos participaram da amostra tanto do grupo pr como do grupo ps-operatrio. Resultados: apesar de no ter sido encontrado significncia estatstica, o seguinte estudo apresentou resultados interessantes visto que observou-se um dficit proprioceptivo no grupo pr-operatrio, ou seja, nos indivduos que apresentavam leso de LCA e no foram submetidos a reconstruo cirrgica, bem como encontrou-se maior sensao de dor nesses indivduos, visto que o grupo 2 apresentou menores relatos de dor. Concluso: a posturografia dinmica mostrou-se eficaz como mtodo para avaliar a propriocepo atravs de alteraes no equilbrio, e a dor presente nos indivduos com leso de LCA pode ter interferido nos resultados.

    Palavras-Chaves: propriocepo, equilbrio, posturografia Dinmica

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    ABSTRACT

    This research has the goal of finding an evaluation method of equilibrium in people suffering from anterior cruciate ligament (ACL) lesion, trying to find proprioceptives alteration in these patients, assessing them through the dynamic posturography method; and also, evaluating the pain influence on proprioceptive and on equilibrium. For this research, 13 male individuals were observed, divided into three groups of 5 members each: group 1 (pre-operation), group 2 (post-operation) and group 3 (control), and 2 of these individuals participated in the study either in the pre or post operation. Results: despite not finding statistical significance, the following study has presented interesting results, since a proprioceptive deficit on pre operation group was observed, that is, in individuals that presented ACL lesion and did not undergo to surgery reconstruction, as well a bigger pain feeling was noticed in this group, since the group 2 presented fewer ache reports. Conclusion: the dynamic posturography has been an efficient method to evaluate the proprioceptive through equilibrium alterations, and the pain in individuals with ACL lesion may have influenced the results.

    Key words: proprioceptive, equilibrium, dynamic posturography

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    SUMRIO

    LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................7

    LISTA DE FIGURAS....................................................................................................8

    LISTA DE TABELAS...................................................................................................9

    1 INTRODUO........................................................................................................10

    1.1 Justificativa.........................................................................................................12

    1.2 Objetivos.............................................................................................................13

    1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................13

    1.2.2 Objetivos Especficos........................................................................................13

    2 REVISO LITERRIA............................................................................................14

    2.1 Equilbrio.............................................................................................................14

    2.1.1 Equilbrio Esttico..............................................................................................18

    2.1.2 Equilbrio Dinmico............................................................................................19

    2.1.3 Equilbrio Estvel...............................................................................................20

    2.1.4 Equilbrio Instvel..............................................................................................21

    2.1.5 Mecanismos de postura e equilbrio..................................................................22

    2.2 Propriocepo....................................................................................................23

    2.2.1 Receptores Proprioceptivos ..............................................................................23

    2.2.2 Propriocepo no equilbrio...............................................................................25

    2.2.3 Proprioceptores do joelho..................................................................................26

    2.2.4 Proprioceptores do ligamento cruzado anterior.................................................29

    2.2.5 Alterao da propriocepo com a leso de LCA.............................................29

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    2.3 Anatomia dos ligamentos.....................................................................................31

    2.3.1 Anatomia do ligamento cruzado anterior...........................................................31

    2.3.2 Leses no LCA..................................................................................................33

    2.3.3 Cirurgia de ligamento cruzado anterior.............................................................34

    2.3.3.1 Seleo do enxerto........................................................................................35

    2.3.3.2 Principais tcnicas cirrgicas.........................................................................36

    2.4 Neovascularizao e neoligamentizao.........................................................36

    2.4.1 Fases da remodelao tecidual cicatricial.........................................................38

    2.4.2 Fase inflamatria aguda....................................................................................38

    2.5 Tratamento fisioteraputico para ganho de propriocepo...........................39

    3 MATERIAS E MTODOS.......................................................................................41

    3.1 Posturografia Dinmica........................................................................................42

    3.2 Escala Visual Analgica de Dor...........................................................................46

    3.3 Anlise Estatstica................................................................................................47

    4 RESULTADOS........................................................................................................48

    5 DISCUSSO...........................................................................................................54

    6 CONCLUSO.........................................................................................................64

    REFNCIAS BIBLIGRFICAS..................................................................................65

    APNDICE A FICHA DE AVALIAO PR-OPERATRIA................................73

    APNDICE B FICHA DE AVALIAO PS-OPERATRIA................................75

    ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................77

    ANEXO B PARECER DO COMIT DE TICA......................................................79

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ADM -Amplitude de movimento

    AVD - Atividade de vida diria

    CG - Centro de gravidade

    CP - Centro de presso

    EVA - Escala visual analgica de dor

    IEP - Instante do ponto de equilbrio

    LCA - Ligamento cruzado anteior

    SNC - Sistema Nervoso Central

    SOT -Teste de organizao sensorial

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Representao do trajeto da linha de gravidade......................................16

    Figura 2 Cabine da posturografia............................................................................43

    Figura 3 Caneta laser acoplada na cinta.................................................................43

    Figura 4 Papel milimetrado......................................................................................43

    Figura 5 Posicionamento junto ao equipamento.....................................................44

    Figura 6 Representao esquemtica de cada teste executado............................46

    Figura 7 - Comparao entre a utilizao do Sistema Somatossensorial dos grupos pr-operatrio, ps-operatrio e grupo controle para a manuteno do equilbrio durante avaliao atravs da Posturografia Dinmica...............................................50

    Figura 8 - Comparao dos valores de oscilao ntero-posterior no equilbrio de cada SOT para todos os grupos avaliados................................................................51

    Figura 9 - Representao do decrscimo da dor comparando o grupo pr em relao ao grupo ps-operatrio.............................................................................................53

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Anlise sensorial atravs da Posturografia Dinmica Capacidade de utilizao dos sistemas SOM, VIS e VEST, para a manuteno do equilbrio ortosttico...................................................................................................................49

    Tabela 2 - Valores de oscilao ntero-posterior do equilbrio nos SOTs I. II, III, IV, V e VI..........................................................................................................................50

    Tabela 3 - Valores da variao e valor de p para cada SOT avaliado.......................52

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    1 INTRODUO

    O equilbrio corporal fundamental no relacionamento espacial do homem

    com o ambiente. uma complexa interao entre o sensorial e o motor que previne

    quedas e fornece o equilbrio. Porm, quando ocorre uma alterao em um de seus

    componentes, como o proprioceptivo surgem alteraes que caracterizam o

    desequilbrio e que podem, inclusive afetar a qualidade de vida do indivduo.

    Portanto, se a propriocepo est alterada ou diminuda, o equilbrio tambm ficar

    alterado (GANANA, 1998).

    O joelho a articulao mais acometida por leso do corpo humano,

    considerada uma das maiores e mais complexas estruturas da anatomia humana,

    sendo uma articulao fcil de ser lesionada pelo tipo de articulao e movimentos

    restritos, o que contribui para a alta incidncia de leses do ligamento cruzado

    anterior (LCA)(ELLENBECKER, 2002).

    A articulao do joelho depende de um equilbrio timo entre os

    estabilizadores dinmicos e estticos de tecidos moles e os componentes sseos e

    cartilaginosos. Diante da complexidade dessa articulao e de sua propenso para

    sofrer leses, observa-se uma alta incidncia de cirurgia de reconstruo do LCA

    (ELLENBECKER, 2002). Identificou-se a incidncia de 0,24 leso do LCA a cada

    1000 indivduos saudveis ao ano, sendo o LCA responsvel por 50% dos danos

    nos ligamentos do joelho (BONFIM et al., 2003).

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    O sistema proprioceptivo recebe informaes de receptores musculares,

    cutneos e articulares e utiliza esses estmulos sensoriais para determinar onde os

    membros se encontram no espao, a amplitude e a velocidade de seus movimentos

    (COHEN, 2001).

    A propriocepo consiste em uma percepo esttica da posio da

    articulao, em uma percepo cinestsica e em uma resposta reflexa eferente

    necessria para a regulao do tnus e das atividades musculares. Qualquer

    alterao na biomecnica de uma articulao pode influenciar no equilbrio do

    indivduo, bem como alterar a sua propriocepo, a qual se altera aps a cirurgia de

    reconstruo de LCA, sendo verificado que apresenta-se melhor que a do paciente

    com deficincia de LCA, mas ainda significativamente pior que a propriocepo no

    joelho normal (ELLENBECKER, 2002).

    A importncia da incorporao de um elemento proprioceptivo em qualquer

    programa de reabilitao justifica-se pelo fato de restaurar a sensibilidade

    proprioceptiva e melhorar o funcionamento da articulao, diminuindo o risco de

    ocorrncias de novas leses. O objetivo da fisioterapia no processo de reabilitao

    de enfatizar o retorno s atividades de vida dirias (AVDs) normais, com integral

    amplitude de movimento (ADM) e fora adequada promovendo ao paciente

    estabilidade e funcionalidade na articulao lesada (ELLENBECKER, 2002).

    Segundo Ellenbecker, (2002), depois de uma leso ao joelho ocorre algum

    nvel de desaferncia parcial para as estruturas capsuloligamentares. Uma

    interrupo na via proprioceptiva resultar numa alterao do sentido de posio e

    da cinestesia. Ocorre a diminuio da propriocepo em seguida ruptura do LCA,

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    porm verificou-se que tanto a percepo cinestsica como o sentido de reposio,

    podem ser pelo menos parcialmente restaurados com cirurgia e reabilitao.

    A posturografia dinmica baseia-se no conhecimento de que o equilbrio

    resulta da integrao das aferncias visuais, vestibulares e proprioceptivas e testa o

    equilbrio expondo o indivduo em diferentes situaes. A posturografia foi escolhida

    como mtodo de avaliao procurando encontrar dficits proprioceptivos no

    equilbrio dos indivduos na postura em p.

    1.1 Justificativa

    Atualmente, desconhece-se exatamente como leses no joelho afetam o

    desempenho em testes estticos e dinmicos do controle de equilbrio. Diante disso

    percebeu-se a necessidade em buscar um mtodo para avaliar a alterao do

    equilbrio, bem como a propriocepo, em pacientes submetidos a reconstruo de

    LCA.

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    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo Geral

    O presente estudo tem como objetivo geral encontrar um mtodo de

    avaliao de equilbrio em pacientes submetidos a cirurgia de reconstruo de LCA,

    buscando verificar alteraes proprioceptivas dos mesmos.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    verificar se a propriocepo dinmica possvel de ser avaliada

    atravs do mtodo de posturografia dinmica;

    avaliar a influncia da dor na propriocepo, e conseqentemente no

    equilbrio;

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    2 REVISO LITERRIA

    2.1 Equilbrio

    O homem possui um sentido que o permite conhecer a inclinao de seu

    corpo, assim como tambm possui a capacidade de reajust-lo e de corrigir todo

    desvio em relao vertical (GAGEY e WEBER, 2000). A habilidade para manter o

    centro de gravidade sobre a base de apoio, geralmente quando se est em p

    denominada equilbrio. Esse um fenmeno dinmico que envolve uma combinao

    de estabilidade e mobilidade. O equilbrio necessrio para manter uma posio no

    espao ou movimentar-se de modo controlado e coordenado (KISNER e COLBY,

    1998).

    Ellenbecker (2002) define equilbrio de trs formas: a capacidade de manter

    uma posio, a capacidade de movimentar-se voluntariamente e a capacidade de

    reagir a uma perturbao. Carr (2003) coloca o equilbrio como sendo a capacidade

    de neutralizar foras que poderiam perturbar seu estado, o que requer coordenao

    e controle. Hall (2000) acredita que a estabilidade corporal tem a ver com o estado

    de equilbrio do corpo, a resistncia acelerao angular ou linear e a capacidade

    do indivduo em assumir e manter uma determinada posio refere-se ao equilbrio

    corporal do sujeito.

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    O equilbrio um problema dinmico e est relacionado capacidade de

    manter a linha que passa pelo centro de gravidade, perpendicular ao solo e dentro

    de uma base de apoio (BARCELLOS e IMBIRIBA, 2002). Duarte (2001) concorda

    que a tarefa do sistema de controle postural manter a projeo horizontal do centro

    de gravidade (CG) do indivduo dentro da base de suporte definida pela rea da

    base dos ps durante a postura ereta esttica.

    A linha da gravidade constitui-se num traado imaginrio interligando pontos

    especficos observados no paciente posicionado em p e lateralmente ao

    examinador. Para que um corpo fique estvel, ou em equilbrio, a linha da gravidade

    de sua massa precisa passar exatamente no eixo de rotao. As alteraes

    observadas atravs da linha da gravidade compem a abordagem especfica e

    fundamental no estudo da caracterizao postural (LIANZA, 2001) (Figura1).

    A postura ereta, esttica e dinmica resulta do equilbrio entre as foras que

    agem no centro de gravidade, e as foras dos grupos musculares antigravitacionais

    que se contraem e atuam em sentido contrrio (LIANZA, 2001). A questo do

    equilbrio, bem como toda a complexidade envolvida na obteno e manuteno

    deste, notada quando assume-se a posio ereta. O fato de manter o equilbrio

    torna-se extremamente difcil quando a capacidade de manter a postura ereta se

    deteriora (DUARTE, 2000).

    Fig. 1 Representao do trajeto da linha da gravidade

    Fonte: RODRIGUES, 2002. (www.cdof.com.br)

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    A complexa funo do equilbrio s possvel atravs da integrao de

    vrias estruturas como: o sistema motor (fora muscular, tnus muscular, reflexos

    tnicos de postura); as sensibilidades proprioceptivas (que informam ao sistema

    nervoso central a posio dos segmentos corpreos e dos movimentos do corpo); o

    aparelho vestibular (cujos receptores informam a posio e os movimentos da

    cabea); o sentido da viso (encarregado da percepo das relaes espaciais)

    (SANVITO, 2002). Essas estruturas atuam de forma complexa, integrada,

    redundante e de maneira diferenciada para cada perturbao sobre o corpo

    humano. As propriedades passivas do sistema msculo-esqueltico, principalmente

    a rigidez das estruturas biolgicas, tambm desempenham um importante papel na

    manuteno do equilbrio (DUARTE, 2001).

    Fatores como peso corporal, base de sustentao, organizao do

    esqueleto sseo, resistncia viscoelstica dos elementos musculares e

    ligamentares, e reflexos posturais tambm esto envolvidos na manuteno do

    equilbrio postural (BARCELLOS e IMBIRIBA, 2002).

    Se uma pessoa relatar instabilidade e sensaes vertiginosas, apesar de

    todos seus rgos perifricos funcionarem perfeitamente, ento a integrao

    sensorial de todas as aferncias que participam do controle da postura que se

    encontra deficiente. Existe um bloqueio da integrao sensorial nos indivduos

    instveis como defeito de integrao das informaes no caso de alteraes

    posturais (GAGEY e WEBER, 2000).

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    O estado de equilbrio investigado com o paciente em posio ereta

    (equilbrio esttico) e durante a marcha (equilbrio dinmico) (SANVITO, 2002),

    podendo ser classificado como estvel e instvel.

    2.1.1 Equilbrio Esttico

    O equilbrio esttico refere-se capacidade do indivduo em manter uma

    posio antigravitacional estvel quando em repouso, por manter o centro de massa

    dentro da base de apoio disponvel (ELLENBECKER, 2002). A estabilidade

    alcanada gerando-se momentos de fora sobre as articulaes do corpo para

    neutralizar o efeito da gravidade ou qualquer outra perturbao em um processo

    contnuo e dinmico durante a permanncia em determinada postura (DUARTE,

    2001).

    O equilbrio esttico garantido quando o somatrio de todas as foras

    atuantes no corpo, verticais e horizontais, igual a zero (FRONTEIRA, DAWSON e

    SLOVIK, 2001).

    A postura esttica descrita como sendo o equilbrio do organismo do

    homem na posio parada (em p, sentado ou parado) em situao que no cause

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    nenhum dano das estruturas anatmicas responsveis por tal, e no produza dor

    quando essa posio for mantida durante muito tempo (FILHO, 2001).

    difcil encontrar exemplos nos esportes ou tarefas motoras dirias em que

    o equilbrio esttico esteja presente. Ao assumir a posio ereta bpede, o corpo

    humano ainda permanece em equilbrio dinmico (DUARTE, 2000). A postura ereta

    no um evento esttico, sendo caracterizada por oscilaes, mantendo o corpo em

    contnuo movimento. Essas oscilaes so de ordem involuntria e dependem de

    mecanismos neuromusculares, visando preservar o equilbrio postural (BARCELLOS

    e IMBIRIBA, 2002).

    2.1.2 Equilbrio Dinmico

    O conceito de equilbrio dinmico aplicado a corpos em movimento, a uma

    velocidade constante seja angular ou linear; ele est entre as foras que esto

    sendo aplicadas no corpo (HALL, 2000). A existncia do equilbrio dinmico humano

    depende do controle motor, o qual auxiliado pelos sistemas sensoriais presentes

    no organismo (FERREIRA, 2003).

    O equilbrio dinmico envolve respostas posturais automticas ao

    deslocamento da posio do centro de massa. Respostas posturais reativas so

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    ativadas para recapturar a estabilidade quando uma fora inesperada desloca o

    centro de massa (DUARTE, 2000).

    A postura dinmica participa na realizao de todos os movimentos de

    deslocamento do corpo, sendo ento descrita como o equilbrio adequado na

    realizao dos movimentos que devem ser executados sem dor. Na posio

    adequada de equilbrio, as vrtebras, os discos, as articulaes e os msculos

    executam essa funo com o mnimo de desgaste (FILHO, 2001).

    2.1.3 Equilbrio Estvel

    O equilbrio estvel dito como sendo a volta posio original do objeto

    que sofre a ao mecnica de uma fora quando este se encontra em equilbrio

    esttico (HAMILL e KNUTZEN, 1999), ou seja, o corpo possui estabilidade quando,

    aps uma perturbao, retorna sua posio de equilbrio (ENOKA, 2000).

    Considera-se uma condio naturalmente estvel, no caso de movimentos

    humanos, o puxar, enquanto que empurrar uma condio naturalmente instvel. O

    importante a ressaltar que, ao empurrar um objeto, pode-se estabilizar a ao

    atravs de esforo muscular adicional pela contrao dos msculos agonistas e

    antagonistas (FERREIRA, 2003).

    A estabilidade alcanada gerando-se momentos de fora sobre as

    articulaes do corpo para neutralizar o efeito da gravidade ou qualquer outra

    perturbao em um processo contnuo e dinmico durante a permanncia em

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    determinada postura. Para a regulao do equilbrio, o sistema necessita de

    informaes sobre as posies relativas dos segmentos do corpo e da magnitude

    das foras atuando sobre o corpo (DUARTE, 2001).

    2.1.4 Equilbrio Instvel

    Um corpo que tende a se mover, partindo de uma posio de equilbrio, sem

    que consiga voltar a sua posio de origem, dito estando em equilbrio instvel

    (HAY, 1993).

    Ferreira (2003) comenta que um exemplo de equilbrio naturalmente instvel

    a postura assumida na bipedestao. Neste tipo de equilbrio, o corpo (ou partes

    dele) oscila sobre uma referncia de equilbrio, esta pequena oscilao chamada

    de tremor. Acrescenta ainda que a oscilao do corpo provoca uma migrao do CP

    (foras verticais exercidas na superfcie de suporte). A posio do CP num instante

    em que a componente horizontal da fora de reao do solo igual a zero

    chamado instante do ponto de equilbrio (IEP). Nesse instante, o CP coincide, com o

    ponto de equilbrio do corpo, alm da fora de reao no ser gerada.

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    A oscilao do corpo durante a postura ereta usualmente investigada

    utilizando-se uma plataforma de fora, um instrumento de medida sobre o qual os

    sujeitos permanecem em p durante os experimentos. A varivel mais comum para

    analisar esta oscilao a posio do CP, o ponto de aplicao da resultante das

    foras agindo na superfcie de suporte. O deslocamento do CP representa uma

    somatria das aes do sistema de controle postural e da fora de gravidade.

    Devido oscilao do corpo e s foras inerciais, a posio do CP diferente da

    projeo do CG sobre a superfcie de suporte, o CG indica a posio global do corpo

    (DUARTE, 2001).

    2.1.5 Mecanismos de postura e equilbrio

    Essas funes se fazem basicamente pelo arquicerebelo e pela zona

    medial, que promovem a contrao adequada dos msculos axiais e proximais dos

    membros, de modo a manter o equilbrio e a postura normal, mesmo nas condies

    em que o corpo se desloca. A influncia do cerebelo transmitida aos neurnios

    motores pelos tractos vestbulo-espinhal e retculo-espinhal. A aferncia articular

    transmitida para a medula e centros do tronco cerebral pelas vias ascendentes de

    fibras da raiz dorsal (fascculos grcil e cuneiforme). O fascculo grcil conduz

    impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco; o

    fascculo cuneiforme conduz impulsos originados nos membros superiores e na

    metade superior do tronco (MACHADO, 2005).

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    A atividade da fibra aferente articular tambm ajuda as fibras aferentes do

    fuso muscular na inibio da atividade muscular antagonista sob condies de

    perturbao posturais no esperadas. Quando um impulso surge dos receptores

    cutneos, articulares, musculares e vestibulares simultaneamente, gerado uma

    aferncia, e ajustes posturais involuntrios agem para estabilizar e levar o centro de

    gravidade do corpo para um estado de equilbrio (GOULD, 1993).

    2.2 Propriocepo

    A propriocepo um termo utilizado para descrever todas as informaes

    neurais originadas nos proprioceptores das articulaes, msculos, tendes,

    cpsulas e ligamentos, que so enviadas atravs de vias aferentes ao sistema

    nervoso central (SNC), de modo consciente ou inconsciente, sobre as relaes

    biomecnicas dos tecidos articulares, as quais podem influenciar o tnus muscular,

    programas de execuo motora e coordenao, cinestesia, reflexos musculares,

    equilbrio postural e estabilidade articular (BACARIN et al., 2004).

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    2.2.1 Receptores Proprioceptivos

    Os proprioceptores so receptores mecnicos, tambm chamados de

    mecanorreceptores, que so sensibilizados durante a deformao articular, levando

    informaes sobre a angulao e velocidade do movimento (BACARIN et al., 2004).

    Os impulsos nervosos originados nesses receptores podem ser conscientes

    ou inconscientes. Os inconscientes no despertam sensao, sendo utilizados pelo

    SNC para regular a atividade muscular atravs do reflexo miottico ou dos vrios

    centros envolvidos na atividade motora, em especial o cerebelo. Os impulsos

    proprioceptivos conscientes atingem o crtex cerebral e permitem a um indivduo ter

    percepo corporal (noo espacial, atividade muscular e movimento articular),

    sendo responsveis pelo sentido de posio e de cinestesia (MACHADO, 2005).

    Os estmulos mecnicos so convertidos pelos proprioceptores em atividade

    eltrica, direcionando-os aos elementos neurais das vias aferentes no SNC, o qual

    ir processar e modular respostas motoras em seus centros de forma consciente ou

    inconsciente (BACARIN et al., 2004).

    Os principais proprioceptores so:

    a) Receptores articulares:

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    mecanorreceptores tipo I: situam-se na camada externa da cpsula

    fibrosa. Responsveis pela disposio ordenada dos msculos tnicos

    de adaptao lenta;

    mecanorreceptores tipo II: situam-se na camada inferior da cpsula

    fibrosa. Responsveis pelo sentido do movimento ordenado aos

    msculos fsicos de adaptao lenta;

    mecanorreceptores tipo III: situam-se prximos aos ligamentos da

    articulao. Responsveis pelo efeito inibidor dos reflexos sobre os

    neurnios motores (SILVESTRE e LIMA, 2003).

    2.2.2 Propriocepo no equilbrio

    A palavra propriocepo refere-se aos processos sensoriais envolvidos na

    conscincia da postura e do movimento. O sistema proprioceptivo tem seu foco em

    trs variveis: a percepo da posio, do movimento e da fora do membro

    (COHEN, 2001). A propriocepo descreve ainda as mudanas no equilbrio, assim

    como o conhecimento da posio, do peso e da resistncia dos objetos em relao

    ao corpo (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000). O sistema visual, vestibular, a

    sensibilidade dos membros inferiores e o sentido muscular (propriocepo) so

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    sentidos do equilbrio. A integrao dessas informaes sensoriais participa do

    controle do equilbrio (GAGEY e WEBER, 2000).

    Informaes de origem somatossensorial, atravs de proprioceptores

    musculares, cutneos e articulares, conjuntamente com informaes do sistema

    visual e do sistema vestibular, oferecem conhecimento da estruturao do corpo no

    espao ao sistema nervoso central, proporcionando aes motoras para a

    manuteno do equilbrio postural, pela contrao dos msculos antigravitacionais

    (BARCELLOS e IMBIRIBA, 2002).

    Coordenao, equilbrio e habilidades motoras funcionais so

    interdependentes e so afetados pelos sistemas sensoriais, particularmente os

    sistemas somatossensorial e proprioceptivo. A coordenao e o equilbrio precisam

    estar presentes para que se aprenda e desempenhe habilidades funcionais. Quando

    h alguma leso msculo-esqueltica ou neuromuscular e desenvolve-se

    comprometimentos subseqentes como perda de fora, imobilidade dos tecidos

    moles ou perda da resistncia fsica, a coordenao, equilbrio e habilidades

    funcionais podero ser tambm afetados, levando a incapacidades e deficincias

    (KISNER e COLBY, 1998). A coordenao neuromuscular desempenha importante

    papel na manuteno do equilbrio na posio ereta (ELLENBECKER, 2002).

    A informao aferente de mecanorreceptores analisada no sistema nervoso

    central para posio e movimento da articulao, de modo que possam ser

    avaliados os estados estticos em comparao com os estados dinmicos, equilbrio

    em comparao com desequilbrio. Aps processada e avaliada, essa informao

    proprioceptiva capaz de influenciar o tnus muscular, controle motor e percepes

    cognitivas ou conscincia cinestsica (ELLENBECKER, 2002).

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    O risco de quedas tambm relaciona-se com a propriocepo, j que a

    presena de instabilidade deve-se a oscilao postural (DELISA e GANS, 2002).

    2.2.3 Proprioceptores do joelho

    O sistema proprioceptivo recebe informaes de receptores musculares,

    cutneos e articulares e utiliza estes estmulos sensoriais para determinar onde os

    membros se encontram no espao, a amplitude e a velocidade de seus movimentos.

    Os receptores musculares so a fonte predominante das informaes

    proprioceptivas, mas os receptores cutneos e articulares tambm contribuem para

    os processos que envolvem a percepo (COHEN, 2001).

    Os proprioceptores so inervados nas articulaes por ramos articulares

    com origem nos nervos destinados aos msculos, tendes e tecidos profundos

    associados de cada articulao. As sensaes articulares do joelho so o nico

    componente de um sistema de estabilizao dinmica, visto que h alterao na

    propriocepo aps uma leso no joelho (HARRELSON et al., 2000). A maioria dos

    receptores articulares descarregam prximo dos extremos do movimento.

    Geralmente, durante a flexo e a extenso mximas, assim, no produzem um sinal

    inteligvel relacionado posio da articulao (COHEN, 2001).

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    A informao proprioceptiva protege a articulao contra leses causadas

    pelo movimento que excede a amplitude de movimento fisiolgica e normal, e ajuda

    a determinar o apropriado equilbrio entre foras sinergistas e antagnicas

    (ELLENBECKER, 2002).

    Os receptores so classificados por localizao em: articulares (presente

    nas articulaes), profundos (msculos, tendes e ligamentos) e superficiais

    (cutneos). Os receptores articulares esto localizados dentro da cpsula articular,

    ligamentos e em todas as estruturas intra-articulares existentes no corpo. A cpsula

    articular contm quatro tipos de receptores distintos de terminaes nervosas:

    Corpsculos de Ruffini, receptores de Golgi, corpsculos de Paccini e terminaes

    nervosas livres (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000).

    Os corpsculos de Ruffini so sensveis ao alongamento da cpsula

    articular, alterao da presso do fluido intracapsular, amplitude e velocidade de

    alterao da posio articular. Os receptores de Golgi so intraligamentares e

    apresentam-se ativos quando os ligamentos so solicitados nos extremos do

    movimento articular. Os corpsculos de Paccini so sensveis vibrao de alta

    freqncia, e as terminaes nervosas livres so sensveis ao estresse mecnico

    (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000).

    No joelho saudvel e normal, estabilizadores tanto estticos quanto

    dinmicos, proporcionam sustentao. Os estabilizadores estticos so ligamentos,

    meniscos e cpsula articular. Essas estruturas proporcionam estabilizao

    articulao dos tecidos capsuloligamentares e desempenham importante papel

    sensitivo, pois detectam a posio e movimento da articulao (ELLENBECKER,

    2002).

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    Sinais de receptores articulares e cutneos contribuem para a propriocepo

    e so os mais importantes para a mo e menos crticos para as articulaes mais

    proximais, como a do joelho (COHEN, 2001).

    A inervao extrnseca das estruturas articulares realizada por intermdio

    da estimulao aferente dos receptores periarticulares. Essa estimulao resulta no

    desencadeamento de reflexos protetores destinados a se oporem ao movimento

    lesivo (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000).

    2.2.4 Proprioceptores do ligamento cruzado anterior (LCA)

    No LCA, encontram-se mecanorreceptores tanto de adaptao lenta quanto

    de adaptao rpida e tem como objetivo informar a mudana na posio articular

    (BENEDITO e REIS, 2004). A maioria das estruturas nervosas est localizada no

    tecido sinovial ou nas estruturas endoteliais e constitui 1% do total da superfcie

    ligamentar (KERKOUR e SALGADO, 2003).

    Assim, o LCA exerce um papel importante na funo sensitiva, enviando

    impulsos aferentes ao sistema nervoso central e, portanto, promovendo reflexos que

    inibem movimentos potencialmente lesivos ao joelho (MACNICOL, 2002).

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    2.2.5 Alterao da propriocepo com a leso de LCA

    Visto que a sensibilidade da posio e movimento de uma articulao

    provm da informao originada nos msculos, cpsulas articulares, ligamentos e

    pele, leses dessas estruturas podem afetar a propriocepo (DELISA e GANS,

    2002). Quando h leso ligamentar, os receptores proprioceptivos ficam danificados

    o que compromete a aferncia sensitiva que baseia a realizao dos movimentos

    (LIANZA, 2001).

    A leso s estruturas capsuloligamentares no apenas reduz a estabilidade

    mecnica da articulao, mas tambm diminui a capacidade do sistema de limitao

    neuromuscular dinmica. (ELLENBECKER, 2002).

    Em seguida a uma leso no joelho, o comprometimento do equilbrio na

    posio ereta pode ser decorrente da perda da coordenao muscular que, por sua

    vez, poderia ter resultado da perda do feedback proprioceptivo normal

    (ELLENBECKER, 2002).

    A sensibilidade proprioceptiva na reabilitao, aps leses, extremamente

    relevante. A importncia de melhorar a propriocepo pela reabilitao

    demonstrada pelo risco significativamente maior de sofrer uma leso indivduos com

    alteraes proprioceptivas quando comparados com indivduos com ndices

    proprioceptivos normais. O retorno bem-sucedido s AVDs aps uma leso

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    ligamentar parece ser at mesmo mais dependente da propriocepo que da tenso

    ligamentar da articulao (DELISA e GANS, 2002).

    Aps a reconstruo cirrgica e recuperao da ADM e fora muscular, o

    tratamento fisioteraputico tem por finalidade restabelecer o equilbrio dinmico e

    esttico da articulao do joelho (BENEDITO e REIS, 2004).

    2.3 Anatomia dos ligamentos

    Os ligamentos so constitudos por feixes de fibras colgenas e fibras

    elsticas. Tem a funo de unir ossos a outros ossos nas regies articulares. Os

    ligamentos so mais resistentes em sua poro medial. A cpsula fibrosa das

    articulaes composta principalmente de fibras colgenas e formam verdadeiros

    ligamentos articulares intrnsecos (LIANZA, 2001).

    Os ligamentos e cpsula articulares apresentam suprimento sanguneo

    deficiente, e quando lesados, tm recuperao lenta. Porm, possuem um

    suprimento nervoso abundante e assim, so fontes importantes de dor (LIANZA,

    2001).

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    2.3.1 Anatomia do ligamento cruzado anterior (LCA)

    Os ligamentos cruzados situam-se no interior da cpsula articular sendo o

    LCA o mais fraco. Tal caracterstica deve-se ao nmero reduzido de vasos

    sanguneos e colgenos tipo IV. Estas estruturas so diretamente responsveis pela

    funo de resistncia a uma determinada fora de estiramento. O LCA um dos

    ligamentos intracapsulares e extrasinoviais do joelho. Fixa-se medialmente na rea

    intercondiliana anterior da tbia e na face pstero-medial do cndilo femoral lateral

    (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000).

    Sua origem funde-se na insero anterior do menisco lateral. O ligamento

    passa posteriormente e lateralmente para se inserir na face no articular posterior da

    superfcie medial do cndilo femoral lateral. Esse ligamento cruza-se ao ligamento

    cruzado posterior entre suas inseres femoral e tibial e apresenta um comprimento

    mdio de 3,8 cm (GOULD, 1993).

    Exceto pela poro medial anterior, a maioria das fibras do cruzado anterior

    apresentam-se frouxas em flexo. No entanto, em extenso as fibras esto sob

    tenso. O principal suprimento sanguneo dos ligamentos cruzados proveniente de

    ramificaes da artria genicular medial (GOULD, 1993). Chatrenet e Kerkour (2002)

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    citam que o LCA irrigado pelos colaterais da artria mdia, derivada da artria

    popltea.

    A funo biomecnica do ligamento a restrio para o estresse anterior na

    articulao do joelho. O ligamento prov 85% a 87% do total de restrio aos 90 e

    30 graus de flexo, respectivamente (WEBER et al.,2000).

    O LCA desempenha funes que incluem o controle do estress em varo e em

    valgo, em hiperextenso e funo de guia durante a flexo e extenso tibiofemoral.

    O feixe pstero-lateral do LCA ajuda a limitar a hiperextenso do joelho (ANDREWS,

    HARRELSON e WILK, 2000).

    2.3.2 Leses no LCA

    Segundo Maxey e Magnusson (2003), o grupo de idade mais comumente

    associado com rupturas do LCA est entre 15 e 25 anos de idade, porm esta leso

    tambm tem sido vista em indivduos ativos com at 50 anos.

    O LCA tambm o ligamento mais acometido durante a prtica esportiva,

    sendo que 50% de todas as leses ligamentares ocorridas no esporte, tem como

    conseqncia o comprometimento estrutural deste ligamento. A maioria destas

    leses ocorre atravs de desacelerao, rotao e saltos (BENEDITO e REIS,

    2004). E os principais mecanismos de leso so: rotao externa, abduo e foras

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    anteriores aplicadas na tbia; rotao interna do fmur sobre a tbia e hiperextenso

    do joelho (GOULD, 1993).

    De acordo com a magnitude da leso ocorre distenso leve, na qual ocorrer

    rotura mnima de fibras colgenas e a diminuio da capacidade funcional ocorre

    devido irritao local e a contratura muscular reflexa perilesional na leso

    moderada, haver rotura parcial de fibras ligamentares, existindo perda parcial da

    fora tnsil do ligamento, comprometendo a estabilizao articular; ou na grave,

    ocorre rotura total do ligamento e perda da capacidade tensional do mesmo, sendo

    total a incapacidade funcional e a necessidade de interveno cirrgica local

    (LIANZA, 2001).

    As funes do LCA so basicamente duas (BENEDITO e REIS, 2004):

    Mecnica: evita que o fmur se mova posteriormente durante a sustentao

    de peso, estabiliza o joelho na extenso total e evita a hiperextenso.

    Tambm estabiliza a tbia contra a rotao interna excessiva e serve como

    limitador secundrio para estresse em valgo/varo quando o ligamento

    colateral estiver lesado.

    Proprioceptiva: por conter mecanorreceptores, o ligamento informa ao SNC

    sobre mudanas de posio e stress articular que ocorrem no membro. Com

    a ruptura do LCA o joelho fica desprovido tanto de informaes

    proprioceptivas originadas do ligamento quanto de sua funo mecnica.

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    2.3.3 Cirurgia de ligamento cruzado anterior

    Segundo Kisner e Colby (1998), a interveno cirrgica indicada quando a

    instabilidade articular causa incapacidade e limitaes funcionais ou pode

    eventualmente levar deteriorao das superfcies articulares.

    Os principais objetivos da reconstruo do LCA e de sua reabilitao so a

    restaurao da estabilidade do joelho, preservao dos meniscos e das superfcies

    articulares, retorno seguro e rpido s atividades normais e identificao precoce de

    possveis complicaes (ELLENBECKER, 2002).

    As seqncias articulares do tratamento cirrgico pela ligamentoplastia so

    dependentes do tipo de cirurgia praticada, da natureza e da localizao da retirada

    do neoligamento (CHATRENET e KERKOUR, 2002).

    2.3.3.1 Seleo do enxerto

    A seleo do enxerto apropriado para substituir o LCA decisivo para o

    sucesso final da reconstruo. As preocupaes na seleo de um enxerto autgeno

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    incluem propriedades biomecnicas do enxerto, facilidade para a coleta e fixao do

    enxerto, morbidade para o local doador e preocupaes individuais dos pacientes.

    Atualmente, a escolha do enxerto incluem o auto-enxerto e o aloenxerto; auto-

    enxerto de semitendneo, simples, duplo e qudruplo; e enxertos compostos

    utilizando auto-enxertos de semitendneo-grcil (MAXEY e MAGNUSSON, 2003).

    O tendo patelar como substituto apresenta uma vantagem ao ser utilizado,

    pois ele revasculariza e realiza resistncia suficiente ao estiramento e o substituto

    biolgico mais forte proposto at o momento (GOULD, 1993). Weber et al. (2000)

    mostraram que um enxerto de complexo osso-patela tendo-osso, de 14mm, tem

    168% da fora de um LCA intacto e um enxerto simples de semitendneo

    demonstrou apenas 70% da fora normal de um LCA.

    2.3.3.2 Principais tcnicas cirrgicas

    Existem dois tipos de reconstruo ligamentar: as intra-articulares e as extra-

    articulares. As primeiras so aquelas que introduzem dentro da articulao

    elementos artificiais como implantes sintticos e ou autgenos, com a finalidade de

    substituir os ligamentos cruzados anatomicamente. As extra-articulares so aquelas

    que exerceriam funes de um ligamento cruzado anterior, reforando a

    estabilizao do joelho (HEBERT et al., 2003).

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    2.4 Neovascularizao e neoligamentizao

    O processo de maturao do enxerto comea no implante e progride nos

    prximos um a dois anos. O enxerto implantado sofre um processo de adaptao

    funcional (ligamentizao), associado a uma transformao biolgica gradual. O

    enxerto do tendo sofre diferentes estgios de maturao: necrose,

    revascularizao, proliferao celular, formao de colgeno, remodelagem e

    maturao (MAXEY e MAGNUSSON, 2003).

    A necrose ocorre nas clulas intrnsecas do enxerto dentro das trs primeiras

    semanas aps o implante. O enxerto consiste em uma rede de colgeno que conta

    com um suprimento sanguneo. Conforme este suprimento interrompido, o enxerto

    sofre um processo de necrose. A necrose comea imediatamente e geralmente dura

    duas semanas. As clulas do enxerto diminuem, e a substituio pode iniciar-se

    precocemente na primeira semana. A substituio celular ocorre antes da

    revascularizao (MAXEY e MAGNUSSON, 2003).

    A necrose do enxerto permite a transformao do enxerto do tendo ao

    processo ligamentar e destacada pela formao do tecido de granulao e

    inflamao. A revascularizao ocorre dentro das primeiras seis a oito semanas

    aps o implante e progride de perifrico para central (MAXEY e MAGNUSSON,

    2003). A neoformao vascular ocorre com o estabelecimento de novos capilares

    permeveis a passagem sangunea e drenagem de exsudato inflamatrio, nesse

    estgio os macrfagos esto atuando intensificadamente (LIANZA, 2001).

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    A recuperao do tendo-osso inicia-se de acordo com o desenvolvimento

    da interface fibrovascular entre o osso e o tendo. Ocorre um restabelecimento

    gradual de continuidade da fibra de colgeno entre o osso e o tendo, e a fora

    aumenta medida que a continuidade do colgeno aumenta. A proliferao celular e

    a formao de colgeno se estabelecem conforme o processo de maturao

    progride (MAXEY e MAGNUSSON, 2003).

    2.4.1 Fase de remodelao tecidual cicatricial

    A rea lesionada est cicatrizada basicamente por fibras colgenas, e os

    sinais e sintomas clnicos, bastante diminudos. Porm, o tecido neoformado est

    desalinhado e estruturalmente desorganizado. A capacidade de resistncia tecidual

    aumentar proporcionalmente ao realinhamento das fibras colgenas. Esta fase

    dura alguns meses, mas em casos de leses ligamentares pode chegar at um ano

    e meio (LIANZA, 2001).

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    2.4.2 Fase inflamatria aguda

    A leso de fibras colgenas e de vasos sanguneos leva a hemorragia e a

    uma resposta inflamatria. H formao de edema como resultado do processo

    hemorrgico, associado a vasodilatao, e de aumento da permeabilidade local. Os

    sinais inflamatrios dessa fase so calor local, vermelhido, edema, dor e

    incapacidade funcional (LIANZA, 2001). Em uma reconstruo do LCA, na qual o

    enxerto fixado seguramente e o dano de uma imobilizao leve no provvel que

    ocorra, pois h uma grande vantagem na mobilizao do tecido no primeiro dia aps

    a cirurgia (MAXEY e MAGNUSSON, 2003).

    2.5 Tratamento fisioteraputico para ganho de propriocepo

    O treinamento proprioceptivo tem papel importante no tratamento das leses

    ligamentares. Nessas leses parece haver uma interrupo no mecanismo de

    feedback mecnico, o que aparentemente se restabelecem parcialmente com a

    reabilitao, tanto no tratamento conservador como no tratamento cirrgico

    (PAPLER et al., 1999).

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    A reeducao proprioceptiva tem por finalidade arquivar uma srie de novos

    esquemas de coordenao neuromuscular, assegurando assim a base da

    segurana fisiolgica (SILVESTRE e LIMA, 2003).

    Segundo Kerkour e Salgado (2003), a reprogramao neuromotora tem como

    objetivo final colocar o paciente nas condies de informaes sensoriais prprias

    para a execuo dos programas motores. Pela estimulao de receptores

    (articulares, musculares e cutneos), o indivduo passa pela etapa de aprendizagem,

    em seguida de adaptao antes de automatizar o gesto.

    A melhora da propriocepo do joelho com a reabilitao pode ser obtida

    atravs da utilizao de uma bandagem elstica, vibraes tendneas e tcnicas de

    visualizao de imagens mentais do movimento. Isso deve ser realizado associado

    reprogramao neuromotora sobre planos instveis e para um programa de

    fortalecimento especfico para obter uma reprogramao neuroproprioceptiva

    (KERKOUR e SALGADO, 2003).

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    3 MATERIAS E MTODOS

    O presente estudo foi realizado na Clnica de Fisioterapia da UNIOESTE.

    Caracteriza-se como um ensaio clnico. A amostra foi composta por 13 indivduos do

    sexo masculino, com idade entre 20 e 46 anos (mdia de 33 anos), sendo que 8

    destes apresentavam diagnstico clnico de leso de LCA com indicao de

    reconstruo cirrgica. Desses, 5 indivduos realizaram as cirurgias no Hospital

    Universitrio de Cascavel (HU).

    Os indivduos foram divididos em trs grupos:

    Grupo 1 (Pr-operatrio) formado por cinco sujeitos, com diagnstico clnico

    confirmado de leso isolada de LCA e com indicao cirrgica;

    Grupo 2 (ps-operatrio) este grupo tambm foi composto por 5 indivduos

    que realizaram ligamentoplastia de LCA e se enquadraram dentro dos

    critrios de incluso e no nos de excluso; destes indivduos 2 tambm

    compuseram a amostra do grupo 1;

    Grupo 3 (controle) tambm composto por cinco indivduos sem histria de

    leso em LCA e que no se enquadravam nos critrios de excluso,

    apresentando mdia de idade prxima dos grupos experimentais (32,6 anos).

    Para participar do estudo os indivduos deveriam se enquadrar nos

    seguintes critrios de incluso:

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    apresentar diagnstico de leso de LCA com indicao cirrgica;

    ruptura isolada de LCA, com ausncia de dano dos ligamentos colaterais,

    ligamento cruzado posterior e meniscos;

    estar de acordo com o procedimento metodolgico a ser executado.

    Dentre os critrios de excluso:

    total de viso;

    doenas ou cirurgias no joelho contralateral

    qualquer doena ou cirurgia em pernas, tornozelos ou ps;

    ter realizado cirurgia no joelho contralateral em menos de trs meses;

    ter participado de algum programa de reabilitao;

    distrbios vestibulares;

    diabetes melittus;

    patologias reumticas.

    3.1 Posturografia Dinmica

    Para a coleta dos dados, foi utilizado o mtodo de avaliao de equilbrio

    denominado Posturografia Dinmica (Foam-Laser Dynamic Posturography). Esse

    equipamento anlogo ao aparelho Equitest (Posturografia Dinmica

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    computadorizada), sendo um novo mtodo para a realizao do Teste de

    Organizao Sensorial (SOT) desenvolvido por Castagno (1994) devido ao altssimo

    custo do Equitest. Esse aparelho encontra-se disponvel na clnica de Fisioterapia da

    UNIOESTE.

    A posturografia testa o equilbrio dinmico do indivduo e consiste em

    (Figuras 2, 3 e 4):

    Uma cabine de 1m2

    Altura de 2m

    Imagem de conflito visual

    Esponja de densidade mdia

    Caneta laser

    Papel milimetrado

    Fig. 2 Cabine da posturografiaFonte: da autora

    Fig. 3 Caneta laser acoplada na cinta Fig. 4 Papel milimetrado Fonte: da autora Fonte: da autora

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    O indivduo posicionado em frente a cabine, com a cinta na qual fixada a

    caneta laser acoplada em sua cintura, para ento serem executados os testes. A

    figura 5 mostra o posicionamento do indivduo junto ao equipamento.

    Fig. 5 Posicionamento do paciente junto ao equipamentoFonte: da autora

    Os indivduos foram submetidos a diferentes situaes para a avaliao do

    equilbrio, com a realizao do teste de organizao sensorial (SOT), efetuado em 6

    condies (Figura 6):

    SOT I - Olhos abertos, cabine visual e plataforma fixa (avalia os sistemas visual,

    proprioceptivo e vestibular);

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    SOT II - Olhos fechados e plataforma estvel (avalia os sistemas proprioceptivo e

    vestibular);

    SOT III - Olhos abertos, plataforma estvel e cabine visual mvel (avalia os

    sistemas proprioceptivo, vestibular e, sobretudo, visual);

    SOT IV Olhos abertos, cabine visual estvel e plataforma mvel (avalia

    principalmente o sistema proprioceptivo);

    SOT V Olhos fechados e plataforma mvel (avalia os sistemas proprioceptivo e

    vestibular, devido a eliminao da aferncia visual e movimentao da plataforma);

    SOT VI Olhos abertos, cabine visual e plataforma mveis (avalia os sistemas

    proprioceptivo, vestibular e visual).

    SOT I SOT II SOT III SOT IV SOT V SOT VI

    Fig. 6 Representao esquemtica de cada teste executado

    Fonte: ROSSI et al., 2003

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    Todos os testes foram realizados colocando-se o paciente em p, descalo,

    com base alargada. Cada situao perdurou por 20 s, sendo o teste SOT III e VI

    onde h o movimento da cabina realizado 10 s movimentando para frente e 10 s

    para trs. O teste completo foi realizado trs vezes consecutivas com um intervalo

    de dois minutos entre cada teste completo. O teste foi aplicado por dois

    examinadores, sendo que um cronometrava o tempo de cada teste e realizava o

    movimento da cabina nos testes necessrios, e o outro atuava como observador

    registrando o deslocamento do eixo ntero-posterior que o indivduo realizava,

    atravs da incidncia do laser no papel milimetrado.

    3.2 Escala Visual Analgica de Dor (EVA)

    Entre os diversos instrumentos existentes para a avaliao de estados

    subjetivos encontram-se as denominadas escalas analgicas. So escalas de auto-

    avaliao na qual a pessoa deve assinalar seu estado subjetivo em uma linha reta

    contnua que supostamente representa aquela situao (GUIMARES et al., 1987).

    As escalas analgicas visuais tm sido empregadas para avaliar, diferentes

    aspectos subjetivos como a dor (CAMPBELL e LEWIS, 1990).

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    Ao trmino de nossa avaliao os indivduos responderam ao teste de

    acordo com a Escala Visual Analgica de Dor (EVA) a qual consiste em uma linha,

    de 10 cm de comprimento na qual os extremos so tomados para representar os

    limites da experincia dolorosa, onde uma extremidade definida como nenhuma

    dor e a outra como dor extrema. usada na avaliao da dor aguda e crnica

    associada a leses e enfermidades. (PRENTICE, 2002).

    3.3 Anlise Estatstica

    Os dados foram agrupados e apresentados na forma de estatstica descritiva

    utilizando mdia e desvio-padro e analisados atravs da estatstica inferencial com

    o uso do teste t de Student no pareado.

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    4 RESULTADOS

    Dentre os indivduos da amostra, seis sofreram a leso atravs de prtica

    esportiva (futebol) e dois atravs de acidentes de trabalho. Seis realizaram a leso

    no joelho direito e dois no joelho esquerdo. O tempo de leso at a avaliao variou

    de 28 dias a um ano e seis meses. Seis indivduos relataram ser a primeira leso,

    um indivduo disse ser a segunda leso e um indivduo relatou ser a terceira leso.

    Esses dados foram obtidos atravs de um questionrio dirigido aos pacientes

    (Apndices 1 e 2).

    Dentre os indivduos da amostra avaliados no perodo ps-operatrio, quatro

    realizaram a reconstruo ligamentar a partir de enxerto de tendo patelar e um

    atravs do tendo do semitendinoso, sendo que dois indivduos realizaram cirurgia a

    cu aberto e trs realizaram artroscopia. Os indivduos que realizaram reconstruo

    cirrgica foram avaliados entre sete a vinte dias de ps-operatrio.

    Uma maneira de realizar a anlise sensorial atravs da posturografia

    dinmica mostra a capacidade de utilizar os sistemas somatossensorial (SOM),

    visual (VIS) e vestibular (VEST), para a manuteno do equilbrio ortosttico,

    considerando valores normais aqueles maiores que 92% para SOM, 88% para VIS e

    67% para VEST (ROSSI et al, 2003). A tabela 1 mostra os valores mdios obtidos

    pelos grupos avaliados no pr-operatrio, ps-operatrio e grupo controle. E a figura

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    7 demonstra a comparao da capacidade de utilizao do sistema

    somatossensorial para cada grupo.

    Tabela 1 -Anlise sensorial atravs da Posturografia Dinmica Capacidade de utilizao dos sistemas SOM, VIS e VEST, para a manuteno do

    equilbrio ortosttico.

    SOM VIS VEST

    Pr-operatrio 82,03% 101,21% 76,10%

    Ps-operatrio 93,57% 99,33% 83,59%

    Controle 99,46% 99,29% 81,82%Referncia > 92% > 88% > 68%

    Fonte: da autora

    Pode-se observar de acordo com a anlise sensorial, que a capacidade de

    utilizar o sistema somatossenorial encontra-se diminuda nos indivduos do grupo

    pr-operatrio, visto que este apresentou um valor de 82,03%, ou seja, valor menor

    que o considerado normal para esta varivel.

    A tabela 2 mostra as mdias de oscilao de cada teste SOT da avaliao

    da Posturografia Dinmica no pr-operatrio, ps-operatrio e grupo controle.

    Atravs dessa pode-se observar que a maior variao alcanada foi no teste V e VI

    onde os indivduos permaneciam com os olhos fechados e com plataforma instvel e

    com os olhos abertos, plataforma instvel e cabine mvel, respectivamente. Porm,

    no houve significncia estatstica entre os testes dos indivduos com leso de LCA,

    tanto naqueles avaliados no pr como no ps-cirrgico.

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    Figura 7 Comparao entre a utilizao do Sistema Somatossensorial dos grupos pr-operatrio, ps-operatrio e grupo controle para a manuteno

    do equilbrio durante avaliao atravs da Posturografia Dinmica.

    0,00%

    20,00%

    40,00%

    60,00%

    80,00%

    100,00%

    SOM

    Sistema Somatossensorial

    PrPsControle

    Fonte: da autora

    Tabela 2 Valores de oscilao ntero-posterior do equilbrio nos SOTs I. II, III, IV, V e VI

    SOT Pr-operatrio Ps-operatrio Controle

    I 4,93 4,33 4,13

    II 7,66 5,47 4,2

    III 7 5,07 5,2

    IV 5,6 4,47 4,27

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    V 9,07 7,07 6,93

    VI 9,73 7,47 7,07

    Fonte: da autora

    A figura 8 demonstra a variao antero-posterior realizada pelos indivduos

    nos grupos pr-operatrio, ps-operatrio e grupo controle e nota-se que os valores

    de oscilao so decrescentes em relao a cada grupo respectivamente.

    Figura 8 Comparao dos valores de oscilao ntero-posterior no equilbrio de cada SOT para todos os grupos avaliados

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    I II III IV V VI

    SOT

    Pr

    Ps

    Controle

    Fonte: da autora

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    Comparando-se os grupos pr e ps-operatrio verificou-se que a variao

    diminuiu no grupo pr-operatrio em relao ao grupo ps-operatrio, sendo que a

    maior diminuio foi encontrada nos SOT II. Em relao ao grupo pr-operatrio e

    grupo controle quando comparados os valores de cada SOT, observou-se tambm

    diminuio da variao entre os testes do grupo pr-operatrio em relao aos

    valores do grupo controle. E por fim, a comparao entre o grupo ps-operatrio e

    controle, com exceo do SOT III que apresentou um aumento da variao nesse

    teste, observou-se tambm diminuio da variao nos outros SOTs. Os valores das

    diferenas entre cada SOT referentes aos trs grupos avaliados so mostrados em

    porcentagem na tabela III. Apesar de apresentarem diferenas entre cada SOT nos

    grupos pr, ps-operatrio e controle, os resultados no foram estatisticamente

    significantes.

    TABELA 3 Valores da variao e valor de p para cada SOT avaliado

    Pr X Ps Pr X Controle Ps X Controle

    SOT VariaoValor de p Variao

    Valor de p Variao

    Valor de p

    I -12.17% 0,6152 -16.93% 0,5079 -8.48% 0,725

    II -28.59% 0,2499 -45.17% 0,0606 -23.22% 0,2497

    III -27.57% 0,1962 -25.71% 0,154 2.56% 0,8853

    IV -20.18% 0,3388 -23.75% 0,192 -4.47% 0,8009

    V -22.05% 0,2389 -23.59% 0,23 -1.98% 0,9265

    VI -23.23% 0,2348 -27.34% 0,0883 -5.35% 0,8263

    Fonte: da autora

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    No grupo pr-operatrio observou-se maior diminuio da variao entre os

    testes, que neste caso foi do SOT II, sendo que o valor de p ficou prximo do valor

    de significncia, = 0,05 e o valor encontrado para este teste foi de p = 0,0606.

    A figura 9 apresenta as mdias dos valores da quantificao da dor

    realizada nos dois grupos, pr-operatrio e ps-operatrio. Segundo o grfico

    possvel avaliar o grau da dor referida pelos pacientes, onde observou-se uma

    diferena entre o grupo pr-operatrio de 4,3 ao ps-operatrio de 3,6. Sendo

    encontrado valor de p = 0.7141 e variao de 16, 28%.

    Figura 9 Representao do decrscimo da dor comparando o grupo pr em relao ao grupo ps-operatrio.

    3,2

    3,4

    3,6

    3,8

    4

    4,2

    4,4

    Pr Ps

    EVA

    Fonte: da autora

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    5 DISCUSSO

    De acordo com Rossi (2003), a disfuno proprioceptiva diagnosticada

    pelo aumento da oscilao corporal com os olhos fechados em comparao com os

    olhos abertos nas condies I e II dos SOTs avaliados.

    No grupo pr-operatrio observou-se maior variao no SOT II, sendo que o

    valor de p para este teste foi de p = 0,0606 e ficou prximo do valor de significncia,

    = 0,05. Esse fato pode ter como explicao o baixo nmero de elementos que

    compuseram a amostra, visto que, nos dados no apresentados, o nmero ideal

    para compor a amostra seria 20 indivduos em cada grupo.

    Como a maior variao da oscilao foi encontrada no teste em que

    retirava-se a parte visual do indivduo, ento o sujeito solicitava totalmente do

    sistema de posio articular (propriocepo) para manter-se em equilbrio, sendo

    que os indivduos avaliados no momento pr-operatrio apresentaram maior

    variao que aqueles avaliados no ps-operatrio, e ainda valores maiores de

    oscilao quando comparados ao grupo controle.

    O fato do grupo ps-operatrio ter apresentado valores menores de

    oscilao e ter apresentado valores normais na capacidade de utilizar os sistemas

    vestibular, visual e principalmente o proprioceptivo em relao ao grupo pr-

    operatrio, pode ser explicado pelo fato de que com a reconstruo cirrgica existe a

    presena de um fator restritivo que o enxerto utilizado.

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    Para Hopper et al. (2003) existe a restituio da propriocepo articular do

    joelho aps a restaurao, e esta atribuda recuperao dos receptores

    ligamentares e capsulares. Ochi et al. (1999), com base em seus exames de

    potencial evocado por estimulao eltrica de LCAs lesionados, reconstrudos e

    normais durante a artroscopia, sugerem que a reinervao sensorial ocorre no LCA

    reconstrudo, isto se correlaciona com uma melhora do senso de posio do joelho

    em seu estudo, em 14 de 17 indivduos aps a reconstruo, comparado com o

    estado pr-operatrio.

    No presente estudo verificou-se que o grupo controle apresentou melhores

    resultados em relao ao grupo ps-operatrio e este em relao ao grupo pr-

    operatrio. Tal fato pode ser explicado porque nos indivduos saudveis os

    proprioceptores esto normais, diminuindo assim a oscilao do indivduo nos

    testes.

    Mansur e Parcias (2004) vm confirmar ainda mais a existncia de um

    dficit proprioceptivo em indivduos com leso de LCA reconstrudo. Eles avaliaram

    a propriocepo no ps-operatrio de LCA comparando o senso de posio articular

    entre os joelhos sadios e lesados, utilizando dinammetro isocintico. Como

    resultado verificaram que os joelhos normais mostraram maior acurcia na

    propriocepo em relao aos joelhos com LCA reconstrudo, reiterando a existncia

    de diminuio sensorial conseqente reconstruo do LCA.

    Diversos estudos vo procurando demonstrar se os mecanorreceptores

    encontrados nos ligamentos so os principais responsveis pela propriocepo da

    articulao do joelho atravs de comparaes feitas em joelhos com leso de LCA

    tratados conservadamente, tratados cirurgicamente e joelhos sadios. O joelho que

    possui o LCA lesionado, mesmo passando por um tratamento conservador, ir

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    apresentar uma deficincia no senso posicional da articulao durante os testes. Um

    experimento com pacientes tratados cirurgicamente e depois submetidos ao

    processo de reabilitao fisioteraputica revelou que os joelhos normais

    contralaterais apresentavam maior exatido no senso de posio articular que os

    joelhos operados, concluindo assim que a propriocepo aps o reparo cirrgico

    melhor quando comparado com os joelhos tratados de forma conservadora, mas

    quando comparada com os joelhos sadios ele torna-se bastante inferior (BENEDITO

    e REIS, 2004).

    possvel que, aps a recuperao em um longo perodo, o enxerto usado

    na reconstruo do LCA possa ser reinervado. Segundo Bonfim et al. (2003), esta

    hiptese tem sido demonstrada em estudos com animais, onde o potencial do

    enxerto pode fornecer a entrada atravs da reinervao e a presena de

    mecanorreceptores. Em contrapartida, Jerosch et al. (1998) demonstraram que as

    capacidades proprioceptivas de um joelho operado esto significativamente

    reduzidas, 6 a 42 semanas aps reconstruo do LCA.

    Fremerey et al. (2001) comparam a propriocepo pr-operatria com o 3 e

    6 meses e com 3,9 anos, aps cirurgia de reconstruo de LCA, e verificaram que

    existe uma diferena significativa da propriocepo nos indivduos tanto no pr como

    no ps-operatrio comparando o joelho lesado e o contralateral, observaram ainda

    que a reeducao isolada no restaurou a propriocepo, mas influenciou o grau de

    satisfao do paciente.

    O SOT VI tambm apresentou grande oscilao em seus resultados,

    salientando-se a importncia dos sistemas vestibular, visual e proprioceptivo

    estarem ntegros, pois neste teste a trade do equilbrio avaliada realizando-se

    perturbaes externas para seu funcionamento.

  • Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 2005 ISSN 1675-8265

    Bonfim e Barela (2001) sugeriram uma maneira de quantificar o equilbrio

    neuromuscular de joelhos reconstrudos. O paciente era instrudo a realizar trs

    condies experimentais em apoio bipodal, apoio unipodal direito e apoio unipodal

    esquerdo, mantendo uma posio padronizada para cada condio, com os olhos

    fechados. Os resultados obtidos revelaram uma maior oscilao corporal em apoio

    unipodal sobre o membro submetido reconstruo do que em todas as outras

    posies. Para o grupo controle, no foi verificada diferena entre a oscilao

    corporal quando em apoio unipodal direito ou esquerdo. Esses dados sugerem uma

    interao entre o efeito da reconstruo do LCA e a realizao de diferentes tarefas,

    pois em algumas posies o efeito da reconstruo pde ser percebido, enquanto

    em outras no. Mesmo que os indivduos realizassem maior descarga de peso no

    membro sadio (contralateral), o equilbrio ainda seria melhor do que no membro

    lesionado. Em contrapartida, segundo Bienfait (1995), os apoios dos ps no cho

    condicionam toda a esttica. No h boa esttica sem bons apoios.

    Dentre os grupos que apresentaram maior variao, o SOT V e VI do grupo

    pr-operatrio, teste que era retirado o sistema visual do indivduo e alterado sua

    plataforma de apoio e teste que ocorria alterao da plataforma de apoio e gerado

    uma imagem de conflito visual respectivamente, merecem destaque. No SOT V o

    sujeito solicitava totalmente do sistema de posio articular para manter-se em

    equilbrio, e de acordo com os dados salienta-se ainda mais a hiptese de existncia

    de dficit proprioceptivo em indivduos com leso de LCA e no submetidos

    reconstruo cirrgica, j que observou-se valores elevados de oscilao em relao

    aos outros testes e comparado com o grupo controle. No SOT VI o indivduo tinha

    uma perturbao na sua plataforma de apoio e ainda uma imagem de conflito visual

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    que necessitava ainda mais de uma integrao dos sistemas proprioceptivo e visual

    para o controle do equilbrio.

    O tipo de enxerto utilizado na reconstruo cirrgica pode ter influenciado

    nos resultados. No presente estudo, no foram avaliados isoladamente se existe

    alguma diferena entre os tipos de enxertos utilizados na reconstruo ligamentar.

    Benedito e Reis (2004) afirmam que com a ruptura do LCA o joelho fica desprovido

    tanto de informaes proprioceptivas originadas do ligamento quanto de sua funo

    mecnica. Mesmo aps a reconstruo ligamentar utilizando o tero mdio do

    tendo patelar ou enxerto de semitendneo e grcil, o novo ligamento no readquire

    histologicamente a funo proprioceptiva presente anteriormente leso. No

    entanto, outras estruturas intactas como os demais ligamentos, cpsulas e msculos

    que compe a articulao do joelho, continuaro a enviar informaes

    proprioceptivas desta articulao ao SNC.

    Ochi (1999) detectou potenciais evocados somato-sensoriais em todos os

    ligamentos reconstrudos pelo enxerto de semitendinoso em comparao com os

    indivduos sos. Indicando que parece haver uma reinervao sensorial durante a

    reconstruo de um LCA humano com enxerto semimembranoso duplo.

    Embora os mecanismos que controlam o senso de posio estejam

    perturbados aps a ruptura do LCA, permanece obscura se a reconstruo cirrgica

    deste ligamento pode restaurar ou melhorar a perda proprioceptiva. At o momento,

    os poucos estudos que examinaram este problema tiveram resultados largamente

    equivocados (Hopper et al., 2003). Kerkour e Salgado (2003) colocam que

    nenhuma reconstruo ligamentar do LCA pode recriar e restaurar os

    proprioceptores do joelho.

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    Apesar da existncia de mecanorreceptores em outras estruturas em torno

    do joelho, parece que no h informaes suficientes e o dficit sensorial ainda

    permanece mesmo aps a reconstruo do LCA (BONFIM et al., 2003).

    No presente estudo, procurou-se avaliar o dficit proprioceptivo atravs do

    equilbrio do indivduo na posio em p, ou seja, com sustentao de peso em

    ambos os joelhos, inclusive no joelho reconstrudo. A maioria dos estudos tem

    favorecido a testagem da propriocepo do joelho com sujeitos em uma posio

    sem sustentao de peso. A avaliao descrita na literatura do senso de posio

    usando um protocolo funcional com sustentao de peso limitada, por isso a

    avaliao atravs da posturografia dinmica mostra-se interessante por avaliar

    dinamicamente a propriocepo e no apenas o senso de posicionamento esttico.

    Marks et al. (1993) investigaram as diferenas na reprodutibilidade dos

    ngulos da articulao do joelho durante a performance em tarefas mantidas durante

    sustentao de peso e sem a sustentao de peso, por ambos sujeitos saudveis e

    com osteoartrite. A reproduo mais acurada dos ngulos articulares do joelho foi

    notada durante o protocolo com sustentao de peso. Kiefer et al. (1998)

    contrastando com o relato anterior verificaram maiores erros de posicionamento

    durante a tarefa de sustentao de peso mantida, comparado com uma tarefa

    sentada. Good et al. (1999) examinaram o senso de posio do joelho em indivduos

    com a posio mantida depois do rompimento do LCA, neste estudo, sujeitos foram

    requisitados para reproduzir ativamente ngulos da articulao do joelho depois do

    posicionamento passivo e ativo, no entanto, as tarefas no foram feitas durante a

    sustentao de peso, no sendo encontradas diferenas entre os membros afetados

    e no afetados.

  • Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 2005 ISSN 1675-8265

    Na populao com LCA deficiente ou reconstrudo, a avaliao da

    propriocepo na posio de sustentao de peso pode ser potencialmente

    vantajosa em comparao com a testagem sem sustentao de peso, isso porque a

    co-contrao dos flexores do joelho e do grupo muscular do quadrceps reduzem o

    estresse no LCA (SAMPAIO e SOUZA, 1994). Alm disso, tarefas com sustentao

    de peso so mais representativas das atividades funcionais realizadas em p.

    Os testes sem sustentao de peso podem tambm promover um indicador

    mais sensvel do senso de posio, por causa da contribuio do input do sistema

    vestibular e visual e de outros sinais aferentes que no podem ser diferenciados nas

    tarefas com sustentao de peso (MARKS et al., 1993).

    Outra provvel razo para a falta de diferena significativa entre o equilbrio

    dos indivduos em pr-operatrio e ps-operatrio pode ser o tempo decorrido aps

    a cirurgia e a ausncia do extravasamento articular. Os efeitos do extravasamento

    articular so conhecidos pela diminuio do input do fuso muscular, o que deveria

    reduzir o senso de posio durante a tarefa com suporte de peso (HOPPER et al.,

    2003). Alm disso, o input sensorial das articulaes do quadril e do tornozelo pode

    ter contribudo para um posicionamento mais apurado do membro.

    Neste estudo esforou-se para descrever o status do joelho em funo das

    inmeras estruturas responsveis pela sua propriocepo. A performance nas

    tarefas requer informao dos sistemas visual e vestibular, e sinas aferentes

    combinados dos msculos, articulaes e pele. Portanto, a avaliao do senso de

    posio do joelho descrita, durante a qual a poro distal do membro carregada,

    representa uma forma clinicamente mais relevante para avaliar o estado

    proprioceptivo do joelho reconstrudo. Isso tem implicaes importantes para a

    administrao da reabilitao do paciente aps cirurgia de reconstruo do LCA.

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    Programas de reabilitao podem ser idealmente estruturados para nomear

    deficincias identificadas na propriocepo, enfatizando os aspectos funcionais e

    neuromusculares da performance do membro. Treinar a propriocepo um fator

    integral que influencia os resultados funcionais aps a reconstruo do LCA, sendo

    que o mtodo descrito pode ser implementado como um critrio de mensurao para

    o retorno s atividades da vida diria.

    Outra hiptese para a falta de significncia estatstica entre os grupos pr e

    ps-operatrio o fato dos indivduos no terem sido submetidos ao tratamento

    fisioteraputico em nenhum momento aps a leso do LCA, bem como aps a

    reconstruo cirrgica. A dor e a atrofia muscular podem tambm ter influenciado

    nos resultados obtidos.

    Bonfim, Paccola e Barela (2003) sugerem que a diminuio da percepo

    de posio, a latncia dos msculos isquiotibiais e seu desempenho diminudo

    alteram o controle postural de pacientes com LCA lesionado.

    Para Silvestre e Lima (2003), o treinamento proprioceptivo tem papel

    importante no tratamento das leses ligamentares. Nessas leses, parece haver

    uma interrupo no mecanismo de feedback mecnico, o que aparentemente se

    restabelece parcialmente com a reabilitao. Contrariamente, Carter (1997) assinala

    que se a estabilidade aumenta com os exerccios de reprogramao neuromotora,

    mas a propriocepo no melhora. Para Bouet (2000), os exerccios de

    fortalecimento muscular aumentam a propriocepo assim como a reeducao

    precocemente executada.

    Bonfim et al. (2003) em seu estudo mostra que depois da reconstruo do

    LCA, a latncia dos msculos isquiotibiais pode causar distrbio no lado

    contralateral. Essa latncia mais longa pode ser pela ausncia de

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    mecanorreceptores que se apresenta no LCA, que parece ter um papel importante

    iniciando nos reflexos de contrao em torno do joelho. A longa latncia observada

    neste caso indica que parece existir um arco reflexo entre os receptores do LCA e os

    msculos isquiotibiais. Depois da leso de LCA e sua reconstruo, este arco reflexo

    no funciona corretamente. Esse arco fornece proteo e papel estabilizador em

    atividades dirias, onde a estabilidade continuamente necessria.

    A dor pode diminuir o limiar do motoneurnio- e aumentar a sensibilidade

    reflexa dos msculos. A dor interfere nos resultados j que o estmulo doloroso

    mascara o sinal proprioceptivo aferente dos receptores articulares. Ela pode estar

    relacionda s estratgias de transferncia de peso, podendo aumentar a

    instabilidade postural dos pacientes (BACARIN et al., 2004). O local da retirada do

    enxerto pode apresentar dores, uma fragilidade que pode agravar a perturbao da

    propriocepo (KERKOUR e SALGADO, 2003).

    O tempo de ps-operatrio em que o indivduo foi avaliado, pode tambm

    ter sido um fator determinante para os resultados apresentados, visto que as

    avaliaes foram realizadas entre 7 a 20 dias de ps-operatrio. Nesse caso, o

    dficit proprioceptivo ainda no foi restaurado, e a dor pode ter interferido no

    equilbrio, pois os indivduos poderiam ter evitado descarga de peso total no membro

    reconstrudo, apoiando-se mais no membro contralateral, aumentando a

    instabilidade antero-posterior.

    Tjon et al. (2000) investigaram o uso do controle da ateno e da viso

    como estratgias compensatrias para permanecer em apoio bipodal, em 18

    pacientes com artrite reumatide. Os autores utilizaram uma plataforma de fora

    para registrar a variao do CP, com olhos abertos, com ateno para teste

    matemtico e com olhos fechados. Aps os testes, os pacientes relatavam sua dor

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    de acordo com a escala visual de 100 mm (dor ausente intolervel). Concluram

    que os pacientes com artrite reumatide tm uma instabilidade postural

    especialmente ligada ao estmulo doloroso, j que durante o teste matemtico, a

    ateno, antes voltada para o estmulo da dor, dirigiu-se para a nova tarefa,

    diminuindo a variao para o centro de presso.

    Janurio e Barros Jnior (2003) estudaram as complicaes ps-cirrgicas

    da reconstruo do LCA em 10 indivduos, e verificaram que a principal queixa

    relatada pelos pacientes foi a dor, que esteve presente em 70% dos casos

    avaliados. De acordo com Camargo et al. (2001), a dor patelofemoral pode incidir

    em at 30% dos casos de reconstruo com a tcnica do tero mdio do ligamento

    patelar.

    Carneiro Filho et al. (1999) avaliaram a reconstruo do LCA anterior

    analisando a tcnica com auto-enxerto de tendo patelar por via artroscpica, e

    verificaram a presena de dor patelofemoral em 17,5% dos pacientes, valor similar

    ao da literatura quando utilizada a tcnica artroscpica e inferior freqncia

    observada nas reconstrues abertas.

    Spicer (2000) demonstrou a presena de dores anteriores do joelho, ps-

    reconstruo, com enxerto semitendinoso: 50% dos pacientes apresentaram

    perturbaes de sensibilidade na parte anterior do joelho e 86% destes

    apresentaram uma mudana na