Avaliação das alterações na qualidade de vida provocadas ... · 9,7%). Estima-se que para o ano...

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Fundação José Bonifácio Lafayette de Andrada Faculdade de Medicina de Barbacena Projeto de Pesquisa Clínica Avaliação das alterações na qualidade de vida provocadas pelo tratamento em pacientes oncológicos Pesquisador Responsável: Prof. Dra. Priscilla Brunelli Pujatti Pesquisador Colaborador: Prof. Dr. Antônio José F. de Paula Barbacena, abril de 2014

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Fundação José Bonifácio Lafayette de Andrada Faculdade de Medicina de Barbacena

Projeto de Pesquisa Clínica

Avaliação das alterações na qualidade de vida provocadas pelo tratamento em pacientes

oncológicos

Pesquisador Responsável: Prof. Dra. Priscilla Brunelli Pujatti Pesquisador Colaborador: Prof. Dr. Antônio José F. de Paula

Barbacena, abril de 2014

Sumário

1 Introdução .................................................................................................................. 1

2 Objetivo Geral ........................................................................................................... 2

3 Objetivos específicos ................................................................................................. 2

4 Justificativa ................................................................................................................ 3

5 Revisão da literatura ................................................................................................... 3

6 Metodologia ............................................................................................................... 7

6.1 Seleção da amostra .............................................................................................. 7

6.2 Coleta dos dados ................................................................................................. 7

6.3 Riscos e Benefícios ............................................................................................. 8

6.4 Análise dos resultados ......................................................................................... 9

6.5 Análise Estatística ............................................................................................. 10

7 Cronograma de atividades e planejamento financeiro ............................................... 10

8 Referências Bibliográficas........................................................................................ 11

1

1 Introdução

O câncer é uma doença crônica degenerativa que se caracteriza por uma série

de modificações nos genes que controlam o crescimento e comportamento celular

resultando em uma proliferação anormal e descontrolada, ocasionando a invasão de

tecidos e órgãos. Essas alterações, ocorridas no DNA da célula, podem ser causadas

por vários fatores, podendo ser hereditárias ou por fenômenos químicos, físicos e

biológicos. Porém uma só alteração no DNA não causa câncer. São necessárias várias

alterações em sequência para que essa célula torne-se cancerosa (ROMANZOTI, 2013).

O câncer está entre as doenças não transmissíveis responsáveis pela mudança

do perfil de adoecimento da população mundial. A Organização Mundial da Saúde

(OMS) mostra que a maioria dos 12,7 milhões de novos casos de câncer e 7,6 milhões

de mortes pela doença em todo o mundo ocorreu em países em desenvolvimento. Os

tumores mais comumente diagnosticados em todo o mundo são pulmão (1,61 milhão

de casos ou 12,7% do total), mama (1,38 milhão ou 10,9%) e colorretal (1,23 milhão ou

9,7%). Estima-se que para o ano de 2020, o número de novos casos anuais seja da

ordem de 15 milhões em todo o mundo (INCA, 2013a).

No Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano

de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer,

incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do

câncer no país. Sem os casos de câncer da pele não melanoma, estima-se um total de

385 mil novos casos. Os tipos mais incidentes serão os cânceres de pele não

melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino; e os

cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e glândula tireóide

para o sexo feminino (INCA, 2013b).

Os métodos terapêuticos disponíveis para o tratamento do câncer incluem as

ressecções cirúrgicas, a radioterapia, a quimioterapia e hormonioterapia. Embora

essas intervenções apresentem, na maioria dos casos, boa eficácia na remoção e/ou

ataque a células malignas, acabam por afetar células saudáveis, desencadeando uma

série de efeitos adversos que podem levar a debilitações agudas e crônicas, afetando a

qualidade de vida dos pacientes (SEIXAS, KESSLER e FRISON, 2010).

2

Segundo a OMS, qualidade de vida (QV), de maneira geral, é a percepção do

indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos

quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

O elevado número de casos de câncer, associado com uma taxa de cura insatisfatória,

sugere intervenção de uma equipe multidisciplinar com redobrados esforços para

mensurar a qualidade de vida nos portadores da neoplasia (FLECK et al, 1999). A

importância de avaliar a qualidade de vida em pacientes oncológicos reflete na

angústia que eles enfrentam em todos os estágios da doença como o medo do

diagnóstico e da cirurgia, a incerteza do prognóstico, os efeitos dos tratamentos e o

enfrentamento da possibilidade da reincidência e da morte (FRANZI e SILVA, 2003).

Os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida abrangem todos os

processos da doença, desde a descoberta até a resolução final. A análise de QV

considera o impacto da doença em parâmetros como o estado físico, funcional,

psicológico, social, espiritual, bem estar e sexualidade (ZANDONAI et al., 2010).

Instrumentos para avaliação da QV em pacientes com câncer já foram

utilizados para relacioná-la com a qualidade do atendimento paliativo (KAMAL et al.,

2013); com a capacidade de prática de exercícios em pacientes com câncer de pulmão

não pequenas células (YILMAZ et al., 2013); com tratamento radioterápico em

pacientes com câncer de cabeça e pescoço (LOFDAHL et al., 2012); com anemia

ocasionada pelo tratamento (WASADA et al., 2013); com sobrevida livre de doença

(MANTEGNA et al., 2013); dentre outros. O grande número de estudos publicados

recentemente reforça que a qualidade de vida é um item fundamental na abordagem

atual do câncer e deve ser levada em conta para avaliação das funções eventualmente

alteradas pela doença e/ou durante o tratamento.

2 Objetivo Geral

Avaliar as alterações na qualidade de vida de pacientes oncológicos provocadas

pelo tratamento e relacioná-las a fatores associados à doença.

3 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

3

Comparar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos antes, durante e após o

tratamento;

Relacionar o tipo e estádio do tumor à qualidade de vida observada antes, durante

e após o tratamento;

Relacionar o tipo do tratamento às mudanças na qualidade de vida observadas

durante e após o tratamento para um mesmo tipo e estádio de tumor.

4 Justificativa

Pacientes diagnosticados com câncer apresentam uma redução da qualidade

de vida durante e após o tratamento em maior ou menor grau, dependendo do seu

estado físico, social, econômico e psicológico (HENDREN et al., 2012). A detecção

nessas alterações da qualidade de vida provocadas pelo tratamento é fundamental

para levantar os domínios afetados e planejar as intervenções da equipe de saúde

juntamente com os familiares para reabilitação desses indivíduos, controle de

sintomas, efeitos adversos e diminuição da mortalidade.

5 Revisão da literatura

Em 1980, um grupo de estudo em qualidade de vida foi criado na Organização

Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer (European Organization for Research

and Treatment of Cancer (EORTC). Seu objetivo era desenvolver um instrumento para

acessar a qualidade de vida em experimentos internacionais envolvendo pacientes

com câncer de pulmão, esôfago e mama (MICHELS et al., 2013). O questionário geral

de qualidade de vida é conhecido como EORTC-C30 e consiste em um questionário

multidimensional e auto-administrável de 30 questões (AARONSON et al., 1993). Já foi

traduzido e validado para diversas línguas, inclusive para o português. De forma

complementar ao EORTC-C30, outros módulos foram desenvolvidos para serem

aplicados a pacientes com tipos específicos de câncer. Esses módulos também foram

traduzidos e validados para outras línguas. Em língua portuguesa dispõe-se dos

módulos específicos para câncer de cabeça e pescoço (H&N35), câncer gástrico

(STO22), mieloma múltiplo (MY20), câncer colorretal (CR29), câncer de pulmão (LC13),

câncer cervical (CX24), metástases ósseas (BM22), carcinoma hepatocelular (HCC18),

4

câncer de mama (BR23), câncer de próstata (PR25), câncer oroesofágico (OES18),

câncer gastrointestinal neuroendócrino (GI.NET21) e câncer de cérebro (BN20). O

EORTC-C30, bem como os módulos específicos e as instruções para pontuação são

disponibilizados gratuitamente na página eletrônica da EORTC, mediante cadastro do

projeto e do pesquisador por ele responsável.

O EORTC-C30 e seus módulos já foram aplicados a diversos estudos para

avaliação da qualidade de vida de pacientes com câncer sob várias condições. Jordan e

colaboradores publicaram um estudo transversal, bi-nacional, multicêntrico com 154

pacientes com mieloma múltiplo do Reino Unido e da Alemanha. Os pacientes eram

maiores de 18 anos com diagnóstico e eram representantes de um dos quatro

subgrupos pré-definidos: assintomáticos, oligossintomáticos, moderadamente

sintomático, ou severamente sintomático. A qualidade de vida dos pacientes foi

avaliada por meio do questionário geral EORTC-C30 e de seu módulo específico para

mieloma múltiplo (MY20). Pacientes dos grupos de sintomas graves mostraram uma

tendência para um maior número de comorbidades e foram mais propensos a estar

num regime de mielose múltipla. Os autores concluíram que, em adição a sintomas e

eventos desfavoráveis específicos, o nível geral de gravidade também é um importante

preditor de qualidade de vida dos pacientes. Novas estratégias de tratamento devem,

portanto, incidir não só sobre a melhoria do controle da doença e prolongar a

sobrevivência, mas também contribuir para manter a qualidade de vida do paciente

(JORDAN et al., 2014).

Wintner e colaboradores (2013) relataram a qualidade de vida dos pacientes

em tratamento paliativo para câncer de pulmão para conhecer mais sobre a QV

durante as múltiplas linhas de quimioterapia. O estudo envolveu 187 pacientes com

câncer de pulmão que receberam quimioterapia, sendo utilizados como método de

pesquisa o EORTC-C30. Independentemente da linha quimioterápica a qual o paciente

foi submetido, a QV se manteve estável durante o tratamento uma vez que nenhuma

das taxas de variações mensais atingiu significância clínica. Os que fizeram três ou mais

quimioterapias paliativas apresentaram os piores índices de qualidade de vida, ao

passo que pacientes recém submetidos ou que estão na primeira quimioterapia

paliativa apresentaram QV bastante comparáveis.

5

Acar e colaboradores (2014) avaliaram a qualidade de vida em 144 pacientes

portadores de câncer de próstata de baixo risco, após serem submetidos a diferentes

modalidades de tratamento incluindo braquiterapia, prostatectomia laparoscópica

assistida por robô e vigilância ativa. Na coleta de dados foramutilizados os

instrumentos EORTC-C30, e seu módulo para câncer de próstata (PR25), além do

International Index of Erectile Function (IIEF)-15 e do International Consultation on

Incontinence Questionnaire Short Form (ICIQ-SF). A partir dos resultados obtidos, foi

verificado que pacientes com câncer de próstata de baixo risco que são tratados com

braquiterapia ou prostatectomia laparoscópica assistida por robô apresentaram

declínio da qualidade de vida de domínios específicos como micção, incontinência e

funcionamento sexual em comparação com os pacientes submetidos à vigilância ativa.

A diminuição da função erétil também foi observada durante a vigilância ativa. A

qualidade de vida geral foi semelhante para as três opções de tratamento.

Um outro estudo investigou se as mudanças na QV poderiam prever a

sobrevida em pacientes com câncer de próstata. Foram avaliados 250 pacientes com

câncer de próstata entre janeiro de 2001 e dezembro de 2009 e a QV foi avaliada com

o EORTC-C30 no início e após três meses do início do tratamento. A sobrevida média

foi de 89,1 meses. A dispnéia e o funcionamento cognitivo foram os parâmetros

observados na análise multivariada ao se comparar mudanças na qualidade de vida e

sobrevivência. Cada aumento de 10 pontos (agravamento) da dispnéia foi associado

com um risco 16% maior de óbito, e cada aumento de 10 pontos (melhora) no

funcionamento cognitivo foi associado com uma diminuição de 24% do risco de morte

(GUPTA, BRAUN e STAREN, 2013).

Oitenta quatro pacientes com câncer de reto localmente avançado que

receberam a cirurgia, quimioterapia e radioterapia neoadjuvante completaram o

questionário EORTC-C30 pelo menos uma vez, um ano após a conclusão do seu

tratamento. Apesar de limitações moderadas frequência urinária, flatulência e

impotência sexual, a pontuação para a avaliação funcional foi adequada. Pacientes

com ressecção anterior baixa apresentaram maior frequência de evacuações do que

aqueles com ressecção abdominoperineal. E pacientes com ressecção anterior baixa

com anastomose inferior apresentou maior incontinência fecal. Com base nesses

resultados, os autores concluíram que os pacientes tinham se adaptado à sua doença e

6

tratamento. As poucas diferenças na qualidade de vida encontradas entre

modalidades de cirurgia estão de acordo com outros estudos recentes e em contraste

com os anteriores que sugeriam uma qualidade de vida mais baixa (ARRARAS et al.,

2013).

Andrade, Sawada e Barrichello (2013) associaram aspectos sócio-demográficos

e clínicos aos domínios de qualidade de vida relacionada à saúde em 32 pacientes

onco-hematológicos submetidos à quimioterapia entre dezembro de 2009 e dezembro

de 2010, utilizando o EORTC-C30. O EORTC-C30 mostrou média das funções física,

cognitiva, emocional, social e desempenho de papel de 41,18 a 54,81, demonstrando

um nível de QV pouco satisfatório. Nas escalas de sintomas, houve predomínio de

fadiga média, seguida de insônia e perda de apetite. Esses sintomas interferiram nas

funções físicas, emocionais e cognitivas demonstrando que efeitos colaterais do

tratamento influenciam negativamente na QV dos pacientes.

Um estudo clínico de coorte com 364 mulheres com câncer de mama

descreveu a evolução da qualidade de vida das pacientes que foram submetidas há

cirurgia há mais de um ano utilizando o EORTC-C30 e seu módulo para câncer de

mama. As variáveis sócio-demográficas levantadas pelo estudo foram idade, estado

civil, nível de escolaridade e situação ocupacional. As variáveis clínicas foram estádio

da doença, a quimioterapia de indução, biópsia de linfonodos sentinela (BLS),

dissecção axilar, tipo de cirurgia, radioterapia e quimioterapia adjuvante. A maioria das

escalas de sintomas mostrou pouca incapacidade do paciente de realizar suas

atividades diárias. A dimensão de prazer sexual apresentou escores intermediários,

sem alterações significativas ao longo do tempo. Não houve queixas significativas de

efeitos colaterais após á cirurgia, entretanto as pacientes se queixaram insatisfeitas e

chateadas pela queda do cabelo. Em relação às perspectivas futuras das pacientes,

percebeu-se que, embora os sintomas melhorem, algumas alterações físicas e

psicológicas podem persistir, tais como estresse e ansiedade (MORO-VALDEZATE et al.,

2013).

7

6 Metodologia

6.1 Seleção da amostra

Será conduzido um estudo clínico prospectivo, de coorte, por meio da aplicação

de questionários, com os pacientes diagnosticados com câncer no Setor de Oncologia

do Hospital Ibiapaba, em Barbacena, Minas Gerais. O município tem população

aproximada de 135000 habitantes e é referência regional para atendimento de

algumas doenças, abrangendo mais 14 municípios: Alfredo Vasconcelos, Antônio

Carlos, Alto Rio Doce, Capela Nova, Carandaí, Cipotânea, Desterro do Melo, Iber oga,

Paiva, Ressaquinha, Santa Bárbara do Tugúrio, Santana do Garambéu, Santa Rita do

Ibitipoca e Senhora dos Remédios.

Os critérios de inclusão serão: pacientes maiores de 18 anos que tenham

conhecimento prévio do seu diagnóstico e tratamento ao qual será submetido;

orientados; alfabetizados (ou seja, que saibam ler e escrever) ou semi-alfabetizados

(que saibam assinar o nome); diagnosticados com câncer pela primeira vez (ou seja,

que não apresentem recidiva da doença) e admitidos para início do tratamento entre

1° de julho de 2014 e 30 de junho de 2017; em quaisquer estádios da doença; que

apresentem um tipo de câncer para o qual há um questionário específico da EORTC

validado para a língua portuguesa; e que concordem em participar da pesquisa por

meio da assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (Apêndice 1).

Todos os pacientes que atenderem a esses critérios serão incluídos no estudo.

6.2 Coleta dos dados

Os pacientes passarão por uma triagem em uma reunião com equipe

multidisciplinar do Hospital Ibiapaba, a qual os avaliará e informará aos pesquisadores

os pacientes elegíveis para o presente estudo. Após a reunião, esses pacientes

receberão uma breve explicação sobre a pesquisa e serão convidados a dela participar.

Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, um formulário

contendo dados pessoais, características sócio-demográficas e clínicas do paciente

será preenchido pelo pesquisador que fará a entrevista (Apêndice 2). De forma

subseqüente, o paciente será entrevistado pelo pesquisador, utilizando o questionário

geral EORTC-C30 Versão 3.0 (Anexo 1), validado para a língua portuguesa, e o módulo

8

correspondente à doença do paciente. Esse instrumento consiste em 30 questões e

avalia os sintomas dos pacientes nas duas semanas que antecedem à sua aplicação,

por meio da seguinte escala: 1 – não; 2 – pouco; 3 – moderadamente; 4 – muito,

exceto para a escala de saúde geral e qualidade de vida na semana anterior à aplicação

do questionário, a qual vai de 1 a 7, em que 1 significa péssima e 7, ótima. Os

questionários são divididos em três escalas: escala de saúde geral / qualidade de vida,

escala funcional e escala de sintomas. De acordo com tipo de tumor, e de forma

complementar, será aplicado também o questionário suplementar. Além de ser

aplicado antes do ínicio do tratamento, na reunião dos pacientes com a equipe

multidisciplinar, os questionários serão aplicados durante (aproximadamente na

metade do tempo estimado para duração do tratamento) e após o tratamento (um

mês após a cirurgia ou a última sessão de quimioterapia e/ou radioterapia ou após o

início da terapia de manutenção) dos pacientes.

Os formulários contendo os dados pessoais, sócio-demográficos e clínicos dos

pacientes serão arquivados e os dados pessoais dos pacientes serão mantidos em

sigilo, sob responsabilidade do pesquisador, e serão utilizados apenas para contato

com o paciente para agendamento das entrevistas posteriores ou em outras situações

nas quais o contato se faça necessário.

6.3 Riscos e Benefícios

O estudo permitirá o levantamento das alterações provocadas pelo tratamento

na qualidade de vida dos pacientes e planejamento das intervenções da equipe de

saúde, individual e coletivamente, dentro do ambulatório de oncologia, bem como

individualmente juntamente com os familiares do paciente para reabilitação, controle

de sintomas, redução dos efeitos adversos e da mortalidade.

Não há risco associado à realização do presente estudo, já que a aplicação do

questionário não altera o tratamento estabelecido aos pacientes e/ou a forma como

serão atendidos e não coloca em risco sua saúde.

9

6.4 Análise dos resultados

A análise dos resultados será realizada conforme recomendado por Fayers e

colaboradores (2001). O EORTC-C30 é composto de escalas multi-item e medidas de

item único. Isso inclui cinco escalas funcionais, três escalas de sintomas, uma escala de

saúde global / escala de qualidade de vida e seis itens únicos. Cada uma das escalas

multi-item inclui um grupo diferente de itens e nenhum item se repete em outra

escala.

A cada escala e medida de item único atribui-se uma pontuação de 0 a 100.

Uma pontuação alta representa um alto nível de resposta, da seguinte maneira:

Alta pontuação para a escala funcional representa um alto nível de saúde funcional;

alta pontuação para o estado geral de saúde / qualidade de vida representa uma

alta qualidade de vida, mas

alta pontuação para a escala de sintomas representa um alto nível de sintomas e/ou

problemas.

O princípio para atribuir os pontos a cada escala é o mesmo para todas elas:

1) Estima-se a média dos itens que contribuem para a escala, obtendo-se a pontuação

bruta (PB), por meio da equação:

푃퐵 =(퐼 + 퐼 + 퐼 + ⋯ 퐼 )

2) Aplica-se uma transformação linear para padronizar a pontuação bruta, de forma

que a pontuação final (PF) varie de 0 a 100, da seguinte maneira:

Para a escala funcional: 푃퐹 = 1 − 푃퐵 − 1푅푎푛푔푒 푥 100

Para a escala de sintomas: 푃퐹 = 푃퐵 − 1푅푎푛푔푒

푥 100

Para a escala de saúde global: 푃퐹 = 푃퐵 − 1푅푎푛푔푒 푥 100

Sendo que o Range é a variação entre o valor máximo e mínimo de pontuação bruta

(PB) em cada escala. Como os itens na mesma escala têm a mesma faixa de pontuação

10

possível, o range das escalas funcional e de sintomas é 3 e da escala geral de saúde /

qualidade de vida é 6.

6.5 Análise Estatística

Os dados dos questionários serão transcritos para planilha digital e processados em

software estatístico STATA v.9.2. Serão produzidas tabelas de frequência do tipo linhas por

colunas com frequências absolutas e relativas das variáveis estudadas, além do cálculo de

prevalências, médias, desvios padrão e medianas. A existência de relação entre variáveis

qualitativas estudadas será determinada por teste de Quiquadrado e Exato de Fisher e a

comparação das variáveis quantitativas através de análise de variância, teste T de Student,

Teste U de Man-Whitney e Kruskal-Wallis conforme indicação. O nível de significância

utilizado será de 0,05.

7 Cronograma de atividades e planejamento financeiro

O cronograma de atividades previsto para o presente projeto é apresentado na

TAB. 1.

TABELA 1 – Cronograma de atividades previsto para o presente projeto.

Ano 2014 2015 2016 2017

Semestre 1° 2° 1° 2° 1° 2° 1° 2°

Atividade

Submissão e análise pelo CEP X

Coleta e análise dos dados X X X X X X

Análise estatística dos dados X X X X

Apresentação dos resultados em congressos X X X

Preparação e submissão de manuscrito para

publicação X X

Elaboração do relatório final da pesquisa X

O planejamento financeiro previsto para o presente projeto é apresentado na

TAB. 2.

11

TABELA 2 – Despesas previstas para o presente projeto de pesquisa.

Descrição da Despesa Valor (R$)

Material de papelaria 150,00

Fotocópias dos questionários 250,00

Transporte 100,00

TOTAL 500,00

As despesas serão custeadas pelo pesquisador responsável e pela Faculdade de

Medicina de Barbacena (FAME/FUNJOB), por meio de recursos atribuídos a projetos de

pesquisa selecionados. Não haverá investimento de recursos por parte dos sujeitos da

pesquisa, bem como da instituição na qual o projeto será desenvolvido (Hospital

Ibiapaba de Barbacena).

8 Referências Bibliográficas

1. AARONSON, N. K.; AHMEDZAI, S.; BERGMAN, B.; BULLINGER, M.; CULL, A.; DUEZ, N.

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12

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SAITO, Y.; USHIOROZAWA, N.; SETO, T.; SHIMOZUMA, K.; MORITA, S.; SAITO, M.;

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21. WINTNER, L.M.; GIESINGER, J. M.; ZABERNIGG, A.; SZTANKAY, M.; MERANER,

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novembro de 2013.

APÊNDICES

Apêndice 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: “Avaliação das alterações na qualidade de vida provocadas pelo tratamento

em pacientes oncológicos”

Pesquisador responsável: Prof. Dra. Priscilla Brunelli Pujatti

Eu, _____________________________________, inscrito sob CPF n°

____________-___, identidade n° _______________, ________, estou sendo

convidado a participar desse estudo, cujo objetivo é avaliar as alterações na minha

qualidade de vida provocadas pelo tratamento e relacioná-las a fatores relacionados

a minha doença. A detecção nessas alterações na minha qualidade de vida é

fundamental para o auxílio da equipe de saúde, com o intuito de melhorá-la.

A minha participação no referido estudo será no sentido de responder a um

questionário sobre minha qualidade de vida em geral e sintomas que tenho, em três

momentos: antes do início do meu tratamento, mais ou menos na metade do meu

tratamento e após o período de tratamento.

Fui alertado de que, dessa pesquisa, posso esperar alguns benefícios, tais como

levantamento das alterações provocadas pelo tratamento na minha qualidade de

vida e planejamento das intervenções da equipe de saúde juntamente com os meus

familiares para reabilitação, controle dos meus sintomas e efeitos colaterais que eu

tiver. Também recebi o esclarecimento de que essa pesquisa não me causará

desconfortos e não há risco a minha saúde, já que não haverá alterações no meu

tratamento ou na forma como serei atendido.

Durante todo o período de realização da pesquisa serei acompanhado pelos

pesquisadores envolvidos no referido projeto, além da equipe de saúde envolvida em

meu tratamento, tendo direito a saber os resultados obtidos em relação à minha

qualidade de vida. Após o término da pesquisa, poderei ter acesso aos meus

resultados a qualquer momento por até 5 anos de sua realização, sendo necessário

apenas entrar em contato com o pesquisador responsável.

Apêndice 1

Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou

qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será

mantido em segredo.

Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou

desistir de participar em qualquer momento da pesquisa, sem precisar justificar, e de

que, por desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que

venho recebendo.

É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido o

livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas

conseqüências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha

participação. Fui informado de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a

pagar, por minha participação. Além disso, me é garantido a devolução de qualquer

despesa e o recebimento de indenização por quaisquer danos que eu tenha por

causa dessa pesquisa.

A pesquisadora responsável é a Dra. Priscilla Brunelli Pujatti, e com ela poderei

manter contato antes, durante e após o término da pesquisa pelos telefones

(32)33311895, (32)33392950 e (21)980369876. A pesquisadora pertence à Faculdade

de Medicina de Barbacena (FAME/FUNJOB).

Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e

compreendido a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu livre consentimento

em participar, assinando termo em duas vias, sendo que uma delas ficará em meu

poder.

Barbacena, ________ de ___________ de 20___

_________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa

_________________________________________ Assinatura e carimbo do pesquisador responsável

Apêndice 2

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA PROVOCADAS

PELO TRATAMENTO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Pesquisador(a) Responsável: Prof. Dra. Priscilla Brunelli Pujatti

FORMULÁRIO DE CADASTRO DE PACIENTE

DADOS PESSOAIS Nome do Paciente:

Sexo: ( ) M ( ) F

Idade: ( ) 18 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos ( ) 61 a 65 anos ( ) > 65 anos

Estado civil:

( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) 1° Grau Incompleto ( ) 1° Grau Completo ( ) 2° Grau Incompleto ( ) 2° Grau Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Filhos: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

Renda Familiar: ( ) Até R$ 725,00 ( ) R$ 726 a 1550 ( ) R$ 1551 a 2275 ( ) R$ 2276 a 3000 ( ) > R$ 3000

Endereço: Telefones de Contato:

DADOS DA DOENÇA

Tipo do tumor: Grau: ( ) I ( ) II ( ) III ( ) IV

Localização: TNM: Tratamento: ( ) Cirurgia

( ) Quimioterapia ( ) Radioterapia ( ) Outro: ____________________

Barbacena, ______ de _______________ de 20____ Próxima entrevista prevista para: ________________ (Mês/Ano) Responsável pela coleta: __________________________________________________

ANEXO

Anexo 1

Anexo 1