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Avaliação Ergonômica de um Studio de Personal Trainer Situado na cidade de João Pessoa-PB Aprovada pelo Colegiado do CESERG em Rio de Janeiro-RJ Agosto/ 2013

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Avaliação Ergonômica de um

Studio de Personal Trainer

Situado na cidade de João Pessoa-PB

Aprovada pelo Colegiado do CESERG em

Rio de Janeiro-RJ

Agosto/ 2013

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AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE UM STUDIO DE PERSONAL TRAINER SITUADO

NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

Suenia Farias

MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO CERTIFICADO DE ESPECIALIZAÇÃO SUPERIOR EM

ERGONOMIA.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Mário César Rodríguez Vidal, Dr. Ing.

________________________________________________

Prof. Renato Bonfatti, D.Sc.

________________________________________________

Prof Luiz Ricardo Moreira, Esp

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL

Agosto de 2013

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FARIAS, SUENIA

Avaliação ergonômica de um studio de Personal Trainer

situado na cidade de João Pessoa-PB [João Pessoa]

2012

VIII, 50p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,

Engenharia de Produção, 1989)

Monografia - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Ergonomia 2. Personal Trainer

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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Dedicatória

Dedico esse trabalho à memória do meu irmão querido, Milton Farias Segundo

(Miltinho) que partiu desse mundo tão precocemente, deixando saudades, mas

também, boas lembranças.

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Agradecimentos

Agradeço ao meu orientador, Prof Mário, pela oportunidade de crescer na área

de ergonomia através dos seus ensinamentos e sua generosidade;

Aos meus pais, Milton e Clizelda, que sempre foram meus maiores

incentivadores em qualquer caminho que eu escolha trilhar;

Ao meu noivo, Rafael, pelo apoio e compreensão nas dificuldades e também

por comemorar as minhas conquistas;

Aos meus irmãos, Suelen, Simone e Miltinho, por sempre acreditarem no meu

potencial de maneira incondicional;

Aos meus colegas e amigos que contribuíram direta e indiretamente para o

desenvolvimento dessa pesquisa;

A todos os profissionais e estudantes que fazeram parte do Ceserg, pela troca

produtiva de idéias e conhecimentos;

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AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE UMA STUDIO DE PERSONAL TRAINER SITUADO

NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

SUENIA FARIAS

Agosto/2013

Orientador: Mario Cesar Rodriguez Vidal

Unidade: Curso de Especialização Superior em Ergonomia (CESERG- COPPE/ UFRJ)

Este trabalho avaliou a situação de trabalho de um studio de personal trainer

situado na cidade de João Pessoa/PB realizado sob a luz da fisioterapia aliado com os

recursos projetuais do design de interiores. Utilizou-se da metodologia SPM para

Análise Ergonômica do Trabalho através das ferramentas GUT, diagrama para áreas

dolorosas criado por Corlett e Manenica (1980), além de observações in loco,

conversação e registros de fotos e vídeos ergonômicas. Ao final da avaliação foi

apresentada uma lista de melhorias no layout bem como modificações corretivas no

ambiente de trabalho do personal trainer baseada no que preconiza as normas

regulamentadoras.

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ERGONOMIC EVALUATION OF A PERSONAL TRAINER`S STUDIO LOCATED IN

THE CITY OF JOÃO PESSOA- PARAÍBA

SUENIA FARIAS

August/2013

Advisor : Mário Cesar Rodríguez Vidal

Department: Production Engineering

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Sumário

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................9 1.1 Apresentação da empresa.................................................................10 2.CONSTRUÇÃO DA DEMANDA GERENCIAL....................................12 2.1 Visitas e explitação da Demanda Gerencial......................................12 2.2 Demanda Gerencial ..........................................................................12 3. ANÁLISE GLOBAL.............................................................................14 3.1Estudo da população de trabalho.......................................................14 3.2 Matriz GUT de Priorização.................................................................16 3.3 Manuseio de materias........................................................................19 3.4 Diagrama de áreas dolorosas............................................................20 3.5 Análise do fluxo de produção.............................................................24 3.6 Caracterização da tarefa....................................................................26 4. RECONSTRUÇÃO DA DEMANDA.....................................................27 4.1 Estabelecimento da demanda ergonômica........................................27 4.2 Construção social...............................................................................27 5. FOCALIZAÇÃO E PRÉ-DIAGNÓSTICO.............................................28 5.1 Descrição do processo de trabalho e da atividade............................28 5.2 Metodologia SPM...............................................................................31 5.3 Impactos da tarefa.............................................................................27 6 ANÁLISE SISTEMÁTICA......................................................................35 6.1 Planejamento da coleta......................................................................35 7. VALIDAÇÃO E RESTITUIÇÃO............................................................36 7.1 Oportunidade de Melhoria:.................................................................37 7.2 Oportunidade de Aprofundamento.....................................................44 7.3 Justificativa.........................................................................................45 7.4 Enquadramento normativo.................................................................48 8.CONCLUSÃO ........................................................................................50 9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................51 10. ANEXOS..............................................................................................53

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1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho destina-se a obtenção do título de especialista em Ergonomia

pelo Curso de Especialização Superior em Ergonomia realizado na Universidade

Federal do Rio de janeiro (CESERG- COPPE/ UFRJ). Trata-se de uma avaliação

global de um Studio de Personal situado na cidade de João Pessoa, Nordeste-

Paraíba, envolvendo situações reais de trabalho realizado sob a luz da fisioterapia

aliado com os recursos projetuais do design de interiores. O profissional de Educação

Física, o Personal, foi o objeto principal de estudo dessa análise.

Embora o conceito de academia/studio de personal trainer não seja uma

inovação no mercado atual, o studio em estudo foi o pioneiro em sua área de atuação

na Paraíba. Portanto, a formulação do processo, bem como a organização do sistema

de trabalho foram projetadas de maneira empírica. Com o aumento da demanda, os

sócios entenderam a importância da ergonomia, principalmente nos aspectos físicos e

organizacionais como a potencializadora do conforto, eficiência e segurança do

trabalho.

Nesse sentido, realizou-se uma avaliação ergonômica do trabalho dessa

empresa, utilizando-se da metodologia SPM, ferramentas de análise quali-quantitativa

como a Matriz GUT, Indicação de pontos dolorosos do autor Corllet e Manenica, além

de observações in loco, conversação com os trabalhadores e captação de imagens e

vídeos. É notório a necessidade da inclusão dos princípios da Ergonomia nessa

empresa, a fim de acompanhar as limitações humanas e necessidades de seus

trabalhadores, os profissionais de Educação Física e de fato, aplicar a Ergonomia na

reestruturação desse projeto de trabalho.

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1.1 Apresentação da empresa

Conforme Guedes (2003), a organização do trabalho corresponde às atividades

e responsabilidades das pessoas que participam de uma empresa e que dependem da

gestão e tecnologia utilizada pela empresa no processo produtivo. A partir disso, a

organização baseia-se em três elementos: pessoas, os equipamentos e os materiais

em transformação.

A empresa em estudo foi inaugurada em novembro de 2007, na cidade de João

Pessoa, na Paraíba, sendo a pioneira em sua área de atuação no estado. Inicialmente

a sociedade era composta por três sócios, mas atualmente com dois, que além de

gerenciar, atuam como personal trainer. A empresa oferece serviços personalizados

em musculação, onde cada aluno é acompanhado exclusivamente por um professor,

onde os treinos apresentam uma média de 45 minutos de duração, com hora marcada.

A estratégia de desempenho dessa empresa consiste em locar o seu espaço

físico para outros profissionais da área (personal, avaliador físico). Dessa forma, o

pagemento da mensalidade referente ao uso do studio é separado do serviço do

personal. O profissional, por sua vez, contribui com uma taxa mensal definida pelos

sócios por cada aluno que possui.

A empresa funciona no horarário das 5h da manhã às 22h da noite de segunda

à sexta-feira e aos sábado até 12h. Na gestão, é composta por três sócios graduados

em educação física que atuam como os gestores da empresa e também na função de

personal trainer. Possui ambiente físico com 144 m² área útil, localizada em um

empresarial com estabelecimentos diversificados, ocupando a área do primeiro (e

único) andar desta construção. Caracteriza-se por ambiente climatizado, com

recepção com espera, mesa com notebook para uso internet, uma sala de avaliação

física, wc feminino e masculino (ver figura abaixo).

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Figura 01: A: Vista do studio de personal; B: Área das esteiras ergométricas. Fonte: Dados da pesquisa.

A equipe é composta por um total de 10 personal trainer, sendo 7 profissionais

que locam o espaço e 3 sócios nesse cargo. Além destes, a empresa contratou um

profissional encarregado dos serviços gerais (limpeza) e conta com um avaliador

físico, graduado em educação física, e um nutricionista, ambos tercerizados, os quais

utilizam a sala de avaliação física quando solicitado (ver figura 02).

Figura 02: Área da recepção Fonte: Dados da pesquisa.

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2. CONSTRUÇÃO DA DEMANDA GERENCIAL

2.1 Visitas e explitação da Demanda Gerencial

O princípio dessa pesquisa se deu a partir do contato de um dos sócios e foi

firmada após uma palestra intitulada de introdução à ergonomia. Nesta foi abordado

conceitos referente ao tema, etapas da avaliação, recursos para coleta de dados,

resultados de intervenções ergonômicas bem sucedidas e por fim, os possíveis danos

que a ausência da ergonomia pode causar à empresa.

A coleta de dados ocorreu por meio de observações in loco nos períodos

alternados entre manhâ, tarde e noite. Inicialmente utilizou-se do recurso de

conversação com perguntas que serveriam de indicativo de idade, sexo, tempo de

exercício da profissão e dentro da empresa e número de alunos para traçar um perfil

dos profissionais da empresa.

Como ferramentas qualitativa, o índice GUT (gravidade, urgência, tendência)

foi utilizado para avaliar a empresa de forma global. Para análise dos dados obtidos, a

metodologia SPM (situaçãp, problema, melhoria) foi a aplicada. Os registros das

situações de trabalho foram feitas através de fotografia digital e vídeos durante as

atividades laborais.

2.2 Demanda Gerencial

A primeira reunião formal com os três sócios aconteceu após a apresentação

utilizando o recurso do programa Power Point, que foi intitulada de Introdução a

Ergonomia. Os gestores da empresa afirmaram que não possuiam quaisquer

experiências pessoal ou profissional que envolvessem a ergonomia. Portanto, a

prática ergonômica na empresa não havia sido aplicada a realidade de trabalho, sendo

essa análise o primeiro avanço nesse sentido.

As falhas apontadas pelos os gestores envolvem problemas os quais interferem

direta ou indiretamente em suas atividades de trabalho. A demanda gerencial foi

diversificada, no entanto a necessidade de rearranjo de layout, bem como a ampliação

do espaço físico foi a unânime entre eles. Abaixo estão todos os problemas apontados

pelos sócios e a explicação, sob o ponto de vista dos mesmos:

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Capacidade de alunos/hora: No início do funcionamento da empresa, a

capacidade máxima/ hora baseou-se em seu espaço físico atual e número de

máquinas, então estabeleceu-se a proporção de 7 profissionais para 7 alunos.

No entanto, com o crescimento constante da demanda, esta capacidade foi

ampliada para 10 profissionais para 10 alunos no ambiente ocasionando um

dessarranjo no ritmo de trabalho desses profissionais.

Espaço Físico: De acordo com o aumento da demanda de alunos, os sócios

não se mostram convictos da melhor distribuição de horários/número de

usuários, e sinalizam para uma ampliação física, mas não sabem precisar de

quanto espaço a mais seria realmente necessário.

Recepção: A área da recepção também foi apontada como um problema a ser

discutido, já que é considerada desorganizada e que sua localização interfere

no fluxo de trabalho dos profissionais.

Sobrecarga física: Foi identificado aspectos potencializadores da sobrecarga

física como a distribuição de alguns pesos e ausência de suporte (ex.:halteres).

Por se tratar de deslocamento e manipulação de cargas, os profissionais

indicam que o risco de acidente é inerente a atividade desnvolvida e, portanto,

deve ser analisado para que a prevenção se torne efetiva.

Controle de informações: Após três anos no mercado de trabalho, a empresa

adquiriu um software para o controle de dados como o número de alunos,

recita e despesas. No entanto, segundo os empresários, não houve um

treinamento adequado para a utilização da ferramenta, ocasionando o pouco e

mau uso desta. Por isso, as variáveis acima citadas vem sendo computadas

manualmente.

A partir dos problemas acima citados será realizada, no próximo capítulo, a análise

global de todas as demandas gerenciais, as quais servirão de subsídios para a

reconstrução da demanda ergonômica a ser tratada. Embora, as situações referidas

pelos empresários sejam passíveis de análise e melhorias, para o presente trabalho, a

demanda ergonômica será focalizada dentro da realidade da natureza dessa pesquisa

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3. ANÁLISE GLOBAL

3.1 Estudo da população de trabalho

Os profissionais que atuam na empresa são professores de educação física

graduados. Na época da coleta de dados o número de total de profissionais era de

onze pessoas. Sendo nove profissionais (personal) que locam o espaço para sua

atividades laborais, podendo ser considerados autônomos; Três são os próprios

gestores e um, o responsável por serviços gerais.

Para esta avaliação ergonômica, foi realizada entrevistas (conversação) semi-

estruturada para procurar conhecer o perfil da população da empresa. Foram

entrevistados todos os profissionais que atuavam na empresa, na época da pesquisa.

O envolvimento dos trabalhadores do estudo ergonômico, através de um processo

participativo, aumenta a possibilidade de sucesso nas futuras melhorias e modificação,

já que conheça melhor conhecedor do trabalho é o próprio trabalhador (IIDA, 1990;

HENDRICK, 1997).

Em anexo estão as perguntas previamente elaboradas pela autora da pesquisa

como meio de conhecer os trabalhadores de forma global (ver anexo I). Abaixo

observa-se os gráficos desenvolvidos a partir da conversação realizada durante a

coleta de dados.

Gráfico 01: Análise da população(sexo). Fonte: Dados da pesquisa.

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De acordo com o gráfico acima, constatou-se a predominância de homens

adulto jovens, ou seja, em idades entre 25 a 30 anos como pode ser visto no gráfico

abaixo. A hipótese para essa constatação indica que, devido à alta exigência física

que essa atividade impõe ao trabalhador, os homens são mais favorecidos pelo porte

físico.

Gráfico 02: Análise da população (Idade). Fonte: Dados da pesquisa.

A empresa em estudo pode ser considerada nova, uma vez que se encontra há

três anos no mercado de trabalho no período da pesquisa. Ao analisar os dados

obtidos, observa-se que um pouco menos da metade dos professores trabalham no

local desde sua inauguração. Esse dados indica que a empresa ainda se encontra em

uma fase de ajustes e renovação em sua equipe de trabalho.

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Gráfico 03: Análise da população do tempo de serviço (Empresa X Profissão). Fonte: Dados da pesquisa.

3.2 Matriz GUT de Priorização

A matriz GUT se refere aos fatores de Gravidade, Urgência e Tendência,

quantificando os processos de forma sistemática utilizando-se de um escala contendo

que varia entre 1 (um) a 5 (cinco), construída para ordenar uma lista de itens que

serão priorizados com base em critérios definidos por pesos. Para a avaliação é

preciso preencher um formulário que corresponde uma tabela onde são registrados os

processos, problemas e os valores atribuídos por ela, que classificará os processos

prioritários como pode ser visto na próxima tabela (MATTOS,2009).

Total: 11 Trabalhadores

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GRAU

GRAVIDADE

URGÊNCIA

TENDÊNCIA

1 Não tem gravidade

Não há pressa

Não piora

2 Pouco grave

Pode esperar um

pouco

Piora em longo prazo

se nada for feito

3 Grave

Necessita uma ação o

mais cedo possível

Piora em médio prazo

se nada for feito

4 Muito Grave

Necessita ação com

alguma urgência

Piora em pouco tempo

se nada for feito

5 Extremamente grave

Necessita de ação

imediata

Piora rapidamente se

nada for feito

Tabela 01: Matriz GUT Fonte: MATTOS, 2009.

O resultado final da escala da matriz Gut é o resultado da multiplicação dos

três critérios de gravidade, urgência e tendência. Dessa forma, o resultado de pior

prognósticon seria equivalente a 125 (cento e vinte e cinco), onde todos os critérios

apresentariam GUT 5; e o de melhor prognóstico seria 8 (oito), com os critérios GUT

com 2 de escala, já que o 1 significa ausência de problemas.

Para a avaliação do studio de personal utilizou-se dessa ferramenta quali-

quantitativa, onde a opinião e expertise do especialista é a base para a definição do

escore final. O formulário foi dividido em quatro aspectos para facilitar o detalhamento

dos problemas a serem apontados e melhorados. Abaixo observa-se a tabela com a

avaliação baseado na matriz Gut seguindo sete critérios: espaço; postura; posição em

pé; segurança; organização; movimentação de cargas; carga cognitiva. Cada um dos

itens supracitados apresentam um detalhamento para melhor definição dos problemas

identifucados (ver figura abaixo).

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Observador* Gravidade Urgencia Tendencia Escore

1- Espaço

1.1 - Circulação S 4 4 4 64

1.2 - Área total S 3 3 4 36

1.3 - Janelas N 1 1 1 1

1.4 - Iluminação N 1 1 1 1

1.5 - Comunicação N 1 1 1 1

1.6 - Área de trabalho entre ombro e pelve S 3 3 4 36

2 - Postura

2.1 - Pescoço estendido/fletido S 2 2 2 8

2.2 - Abdução/flexão dos braços S 4 4 5 80

2.3 - Desvio das mãos S 2 2 2 8

2.4 -Tempo de asa aberta S 4 4 4 64

2.5 - Outros tipos de trabalho estático N 1 1 1 1

3 - Posição em pé

3.1-Tronco flexionado ou girado S 3 3 4 36

3.2 - Joelho flexionado N 1 1 1 1

3.3 - Só numa perna N 1 1 1 1

3.4 - Agachado eventual S 3 3 4 36

3.5 - Esforços longe do corpo S 3 3 4 36

4 - Segurança

4.1 - Risco de quedas S 3 3 3 27

4.2 - Quinas vivas expostas S 4 4 5 80

4.3 - Piso anti- derrapante S 2 3 4 24

4.4 - Iluminação N 1 1 1 1

4.5 - Necessidade de EPI N 1 1 1 1

5 - Organização

5.1 - Repetitividade** S 3 3 3 27

5.2 - Ritmo/controle de produtividade N 1 1 1 1

5.3 - Pausas/tempo morto S 2 3 4 24

6 - Movimentação de cargas

6.1 - Niosh/valor até 23 quilos, S 2 3 4 24

6.2 -Mais de 23 kg indicação de inadequação N 1 1 1 1

7 - Carga cognitiva*** S 2 2 2 8

* informe de desconforto pelo trabalhador

*** nível de cognição e de tensão neuromuscular

**menor que 30'' ou 50% do ciclo no mesmo movimento tempo total 3 horas por dia

Tabela 02: Matriz GUT (studio de personal). Fonte: Dados da pesquisa

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3.3 Manuseio de materias

A atividade de trabalho a qual envolve o manuseio de materiais é caracterizada

pelo manuseio de objetos de um local ao outro através de solicitações motoras como o

ato de levantar, abaixar, carregar, empurrar ou puxar. Os fatores de risco identificados

pelos autores Atwood et all (2004) envolvem variáveis como objeto, ambiente,

atividade e a pessoa (trabalhador), como pode ser visualizado na figura abaixo.

Figura 03: Fatores de risco da atividade de manuseio de materiais.

Fonte: Attwood, Deeb e Danz- Reece, 2004.

As condições relativas ao tamanho, estabilidade e o conteúdo do objeto

influenciam na quantidade do peso, mas o tranporte pode ser executado de maneira

segura. No entanto, quando determinadas situações desviam as características do

cenário de capacidade do trabalhador, este poderá estar sujeito a riscos (ATTWOOD,

DEEB E DANZ- REECE, 2004).

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3.4 Diagrama para áreas dolorosas (Corllet e Manenica, 1980)

Segundo Maciel (1995), os principais fatores de riscos relacionados ao

aparecimento das LER/DORT são as posturas, o tipo de movimentos e forças

aplicadas durante as atividades, envolvendo as seqüências das ações e os

dispositivos utilizados. Após o uso do diagrama para identificação das áreas

dolorosas, desenvolvido pelos autores Corllet e Manencia (1980), foi possível

constatar que as queixas de dores musculo-esqueléticas, por parte dos trabalhadores,

apresentam coerência com as regiões de solicitação para as posturas desenvolvidas

durante a tarefa.

Essa ferramenta se mostra um indicador importante na identificação dos

primeiros sintomas de desconforto corporal, pois esta permita que o trabalhador

aponte a(s) áerea(s) dolorosa(s) ao mesmo tempo em que indica a sua intensidade. A

dor, por sua vez, é considerado um indício forte da presença e/ou início de processos

inflamatórios que podem ou não ser decorrente de LER/ DORT.

Figura 04: Diagrama de áreas dolorosas. Fonte: Adaptado de CORLETT e MANENICA (1980).

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Observa-se abaixo o diagrama da percepção de dor de todos os profissionais

analisados, que no total foram dez professores. Sendo a maioria masculina, com o

número de oito, e duas mulheres, compondo a equipe total da empresa (ver figuras

abaixo). Os profissionais foram questionados se sentiam algum tipo de dor e/ou

desconforto corporal que pudessem ser relacionados à biomecânica da atividade

laboral que desenvolviam. Em seguida solicitado que o trabalhador, além de indicar a

área que apresentava algum incômodo, também descrevesse o grau de intensidade

(como pode ser comparado na tabela apresentada acima) .

Figura 05: Diagrama de áreas dolorosas- Trabalhadoras mulheres. Fonte: Adaptado de CORLETT e MANENICA (1980).

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Figura 06: Diagrama de áreas dolorosas- Trabalhadores homens. Fonte: Adaptado de CORLETT e MANENICA (1980).

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Ao analisar os diagramas das áreas dolorosas, constatou-se que nessa

situação de trabalho, as regiões que apresentaram maior incidência de acometimento

foram as regiões cervical e lombar, além de queixas de outras partes como ombros,

membros inferiores e punho. O número total de entrevistados foram dez, no entanto,

dois destes afirmaram não sentir qualquer dor, desconforto, porém relataram que

ocasionalmente, sentem cansaço geral no final de uma semana de trabalho.

Figura 07: Diagrama de áreas dolorosas- Trabalhadores homens. Fonte: Adaptado de CORLETT e MANENICA (1980).

O local e incidências de dores e desconfortos corporais podem são

consideradas compatíveis com a atividade laboral desenvolvida pelo personal trainer,

então através dessa constatação torna-se possível a mitigação desses sintomas a

partir de uma intervenção ergonômica e ajustes no processo de trabalho dessa

empresa.

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3.5 Análise do fluxo de produção

Após a análise da tarefa do personal trainer foi possível constatar que o mesmo

apresenta como objetivo principal realizar acompanhamento do aluno durante toda a

execução dos treinos de musculação, onde a demanda não restringe idade, sexo ou

patologia do mesmo. O studio possui, atualmente, dez personal trainer atuando em

todos os turnos (manhã/ tarde/ noite), gerando uma média entre 10 a 15 alunos/dia por

profissional. Vale salientar que cada professor recebe seus honorários por cliente onde

os valores são fixados por regulação da própria empresa.

Ao analisar o fluxo da tarefa, pode-se observar na figura abaixo, que o

layout é composto por máquinas que necessitam possuem carga própria, ou seja, não

é necessário que o profissional adicione as anilhas (pesos). Enquanto outras

dependem do uso dessas cargas, as anilhas as quais estão localizadas no suporte

central. Dessa forma, é possível observar que o deslocamento dos trabalhadores,com

aplicação de pesos, sofre muita influência da disposição do suporte em relação ao

maquinário. l

Figura 08: Análise do fluxo.

Fonte: Dados da pesquisa

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Os recursos físicos utilizados durante a tarefa são: dispositivos eletrônicos

(palmtops e/ou computadores) para visualizar o esquema de treinamento. A figura

abaixo representa o fluxograma, resultado de observações sistemáticas dos

processos (ações- círculo), tomada de decisões (losângulo) e deslocamentos (setas)

de um profissional durante um treino com um aluno, podendo haver variações.

Figura 09: Fluxograma da atividade do personal trainer na empresa em estudo. Fonte: Dados da pesquisa

Os constrangimentos da tarefa e as posturas assumidas dependem de cada

equipamento, quando o profissional precisa inserir cargas nas barras ou mesmo

entregá-las manualmente aos alunos. Os constrangimentos são menores em relação

aos exercícios de equipamentos que possuem cargas, uma vez que o esforço físico é

menor, pois possibilita uma micro-pausa na tarefa manual do profissional, ficando para

ele o acompanhamento visual do processo.

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3.6 Caracterização da tarefa

Para melhor compreender o desenvolvimento da tarefa do profissional em

estudo, utilizou-se do recurso gráfico denominado de caracterização e posição serial

de um sistema. Nesse esquema, é possível estabelecer uma visão global e portanto,

mais abrangente do sistema em relação a entradas, saídas, meta, requisitos,

restrições, resultados desproposirados, além dos sub-sistemas alimentador e ulterior,

apresentados na figura.

Figura 10 : Caracterização da tarefa do personal trainer da empresa estudada. Fonte: Adaptado de MONT’ ALVÃO; FIGUEREDO; RIBEIRO (2003).

Sistema

Alimentador

Informações

(avaliações,

treinos,

horários)

Entradas

Alunos a

serem

atendidos

Sistema-alvo

Homem-

Máquina-Tarefa

(equip./aluno)

Saídas

Treinos

realizados

Sistema

Ulterior

Atualização

das

informações

(sist. Aliment.)

Requisitos

Equipamentos;

Dispositivos

eletrônicos;

Suporte de pesos;

Informação (aluno)

Resultados

Despropositados

Sobrecarga física;

Atraso no treino;

Tempo de espera;

Acidentes (quinas)

Meta

Oferecer

acompanhament

o individualizado

Restrições

Circulação restrita;

Ausência de suporte

de peso;

Remarcação de horário

(via celular)

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4. RECONSTRUÇÃO DA DEMANDA

4.1 Estabelecimento da demanda ergonômica

Segundo Swann (1977), as modificações das atividades para o alcance da

melhoria do desempenho humano visando eliminar o tempo improdutivo, devem

basear-se nos aspectos de compreensão de métodos e movimentos desenvolvidos

pelo trabalhador e preconiza que através de analise detalhada do trabalho, os

objetivos principais sejam:

Estabelecer, os métodos mais econômicos de realização de uma tarefa,

dentro das restrições existentes;

Padronizar esses métodos e os equipamentos a serem utilizados;

Determinar, se possível, um tempo necessário para um trabalhador

qualificado e treinado execute uma tarefa em nível de desempenho

preestabelecido;

Garantir que os métodos e padrões sejam aceitos e mantidos;

4.2 Construção social

Para a realização da avaliação ergonômica, buscou-se contactar os sócios da

empresa. Esse primeiro contato foi viabilizado através da explicação informal a

respeito do conteúdo, os recursos utlizados e da finaliadade da pesquisa. A partir

desse esclarecimento, foi agendada com os três sócios, uma palestra intitulada de

introdução a ergonomia para que estes fossem capaz de compreender o alcançe e

resultados que o estudo pretende alcançar, ao mesmo tempo em que facilitaria a

construção da demanda gerencial.

Após o esclarecimento das etapas da pesquisa, um dos sócios se

responsabilizou a apresentar, aos demais funcionários, a ergonomista responsável

pela pesquisa, a medida em que a coleta de dados acontecia. Com essa

apresentação, foi possível consolidar a construção social com a empresa, facilitando o

acesso e disponibilidade dos dez profissionais entrevistados.

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5. FOCALIZAÇÃO E PRÉ-DIAGNÓSTICO

5.1 Descrição do processo de trabalho e da atividade

A caracterização é representada em forma de uma descrição ampla e

circunstanciada da área de trabalho a ser analisada, estabelecendo-se suas funções

no contexto da empresa, permitindo uma melhor compreenção das tarefas. Com uma

boa caracterização os macroprocessos se tornam bem entendidos produzindo um

laudo ergonômico melhor compreensível (MATTOS, 2009).

Abaixo segue a caracterização da atividade ocupacional do personal trainer em

estudo. Em seguida, está a descrição um ciclo de trabalho ilustrado por fotografias

ergonômicas, facilitando assim a compreensão dos aspectos dessa atividade:

Caracterização: A tarefa do personal trainer é realizada predominantemente

de pé com alta solicitação dos membros superiores (MMSS). O trabalhador

realiza diversos deslocamentos dentro do ambiente de trabalho e

eventualmente faz agachamentos para manipulação de carga (ver figuras

abaixo).

Descrição da ação: Com os MMSS o trabalhador retira o peso (ex.:halteres)

do suporte, transporta e insere no equipamento em uso. Acompanha o aluno

durante a execução do exercício, ora oferecendo apoio para corpo do aluno,

ora apoiando os pesos. Em seguida, retira a carga com as duas mãos,

transporta e armazena no suporte.

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Foto Ergonômica Ciclo da Tarefa

1) Desloca-se até o centro da área

de musculação, retira a carga (5kg

cada) do suporte com ambas as

mãos realizando flexão de tronco.

2) Segura as duas cargas (5kg

cada) com a mão esquerda e com a

direita, retira outra carga realizando

uma flexão lateral do tranco para a

direita.

3) Desloca-se até o equipamento

com duas cargas em cada membro

superior numa distância de cerca

de 3 metros.

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4) Com o braço esquerdo, posiciona a

carga uma de cada vez na barra do

equipamento (supino plano) em

seguida, coloca a carga do mão direita

no outro lado da barra.

5) Posiciiona-se no equipamento para

realizar o acompanhamento na

execução do exercício, com apoio na

barra

6) Ao final de cada série de exercício,

o personal apoia a barra no suporte do

equipamento, para descanso que varia

entre 1 a 3 minutos. (Média de 3 séries

com 12 repetições para cada aluno)

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7) Retira as cargas de ambos os lados

da barras e reinicia o ciclo.

Quadro 01: A: Ciclo da tarefa do personal. Fonte: Dados da pesquisa.

4.2 Metodologia SPM

A metodologia SPM (situação, problema, melhoria), utilizada na pesquisa é

uma ferramenta que possibilita uma ação ergonômica em curto espaço de tempo,

através do conjunto de atitudes e de realizações que ampliem o conhecimento a

respeito da ergonomia, corrijam eventuais distorções e possibilitem a ampliação do

campo de atuação do profissional com o claro propósito de promover a transformação

positiva da realidade do trabalho (MATTOS, 2009). No decorrer da pesquisa, estão a

descrição das etapas dessa metodologia.

4.3 Impactos da tarefa

São considerados impactos quaisquer modificações adversas ou benéficas, que

produzam resultados, sendo estes positivos ou negativos no conjunto todo ou em

parte das atividades de trabalho, produtos ou serviços de uma organização (VIDAL,

2007). Segundo Mattos (2009) o estabelecimento destes impactos podem ser

apontados pelo analista (pesquisador/consultor em Ergonomia), pelo próprio

trabalhador ou ainda pela verificação dos dados de campo levantados em uma

situação de trabalho. Nesse sentido, abaixo estão as descrições dos impactos

identificados a partir da aplicação dos princípios dessa metodologia.

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Impacto 1: Potencial aparecimento de patologia músculo-esquelética, mais

precisamente nos membros superiores (ombros, cotovelos, punhos e mãos)

devido a contração estática de membros superiores acima da linha da cintura

escapular e freqüência do período de transporte de carga, embora o peso seja

variável.

A B C

Figura 11: A: Retira halter do suporte B: Apoia no chão. C: Acompanha o aluno durante exercício. Fonte: Dados da pesquisa.

Impacto 2: Possibilidade de aparecimento de algias (dores) da coluna

vertebral, uma vez que o trabalhador realiza contração da musculatura

paravertebral para retirar as cargas provocando flexão anterior e eventuais

lateralização do tronco potencializando o desgaste e possíveis danos a essas

estruturas corporais.

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Figura 12: A: Retira o halter; B: Retira o peso do suporte. Fonte: Dados da pesquisa.

Impacto 3: O trabalho realizado predominantemente de pé, aumenta os riscos

de desenvolvimento de patologias vasculares (varizes, flebites, entre outras),

pois dificulta o retorno venoso e em casos extremos, provoca estase venosa.

.

Figura 04: Deslocamento com carga em membros superiores . Fonte: Dados da pesquisa.

Piso

Anti-derrapante

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34

Figura 13: Risco de acidente (quinas das barras) Fonte: Dados da pesquisa.

Os aspectos e seus respectivos impactos apresentam uma forte correlação aos

temas que se propõe na Norma Regulamentadora de Ergonomia (NR 17). Estes foram

classificados por Mattos (2009) de forma descritiva e também como tabela de maneira

resumida como pode ser observado abaixo:

Aspectos/ impactos ambientais referem-se ao meio-ambiente de trabalho e

podem ser compreendidos como a repercussão da atividade sobre as variáveis

do ambiente imediato.

Aspectos/ impactos físico-posturais são apontados na apreciação física da

atividade e têm sua gênese mais fortemente ligada ao mobiliário.

Aspectos cognitivos e organizacionais podem vir a impactar no plano físico-

postural. Os aspectos e impactos cognitivos estão situados na dimensão

mental da atividade de trabalho, e referem-se as peuqneas ou grandes

dificuldades dos trabalhadores em captar informações, raciocinar e tomar

decisões, especialmente as de cunho operacional.

Impacto 4 : Repetitividade da

tarefa. Possibilidade de

desenvolvimento de LER/DORT

devido à força exercida para

manipular as cargas (pesos,

halteres etc) agravada pela

repetição.

Impacto 5: Risco de acidentes

durante devido a exposição das

quinas das barras de exercício na

circulação do ambiente.

Piso

Anti-derrapante

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Aspectos/ impactos organizacionais estão relacionados às questões de

infraestrutura (condições) oferecida para a execução da atividade de trabalho

especialmente no estabelecimento das regras gerais de funcionamento,

compartilhamento de recursos, funções e responsabilidades.

Aspectos/ Impactos Temas da NR 17

Físicos- posturais *Manuseio de materiais/ *Mobiliário/ *Equipamentos

Cognitivos *Organização do trabalho/ *Tomada de decisão/ *Sinalização/ *Sistema informático

Organizacionais *Layout/ *Organização do trabalho

Ambientais *Condições ambientais de trabalho

Quadro 02: Aspectos e impactos considerados em uma avaliação ergonômica.

Fonte: MATTOS, 2009.

6. ANÁLISE SISTEMÁTICA

6.1 Planejamento da coleta

A coleta de dados foi realizada a partir do que preconiza a metodologia SPM,

além da utilização de recursos de ferramentas ergonômicas qualitativas como GUT e o

questionário para identificação de áreas dolorosas elaborada pelos autores Corlett e

Manenica (1089), além do registo fotográfico, ação conversacional, análise

documental, referências bibliográficas e normativas, check list.

A observação in loco permitiu a realização da ação conversacional em forma

de entrevista aberta direta semi-estruturada. Posteriormente foi utilizada a fotografia

ergonômica, vídeos do desenvolvimento de um ciclo completo da tarefa para análise

detalhada, além de pesquisas bibliográficas referentes à área.

A seguir o quadro apresenta o detalhamento dos recursos metodológicos

empregados durante as etapas dessa avaliação ergonômica baseado em Mattos,

2009.

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Tema Aspectos Métodos & Técnicas

Observação e registro de aspectos e seus impactos

1) Posturas adotadas; 2) Movimentos repetitivos; 3) Layout.

Fotografia Ergonômica

Fatores ocultos

4) Turnos de trabalho; 5) Produtividade (nº de alunos); 6) Tensões.

Ação conversacional

Análise quantitativa

7) Dimensionamento do ambiente

de trabalho;

Análise documental (arquitetônica)

Enquadramento Normativo

8) Verificação das NR´s; 9) Checagem de outras referências

normativas; 10) Referencias empíricas.

Busca bibliográfica NR- Ministério do Trabalho

Verificação final

11) Verificação da ausência de apreciação de algum item específico

Lista de verificação (Checklist GENTE)

Tabela 03: Detalhamento dos procedimentos metodológicos da avaliação ergonômica. Fonte: Adaptado de MATTOS, 2009.

7. VALIDAÇÃO E RESTITUIÇÃO

Para etapa foi realizada uma reunião com os três sócios da empresa, que

participaram diretamente da construção social. Utilizou-se de recursos do software

PowerPoint, para explanação dos resultados das análises e apresentação dos vídeos

coletados durante o desenvolvimento da tarefa.

O objetivo dessa discussão está em alinhar as informações e ponto de vista

dos sócios e os trabalhadores envolvidos na pesquisa com os dados da pesquisa a fim

de alcançar um consenso e facilitar a aplicação das melhorias.

Nessa ocasião, foi comprovado que o layout atual da empresa, ou seja, a

disposição dos maquinários não foi idealizado de forma a facilitar o deslocamento dos

profissionais. O critério utilizado para esta tal, foi a dimensão dos equipamentos em

função do espaço físico, e que não houve orientação profissional nesse sentido,

segundo a voz dos proprietários da empresa.

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Após essa abordagem de exposição de resultados, fotos ergonômicas, vídeos

da tarefa e conversa-açâo, foi acordado entre a pesquisadora e os

sócios/trabalhadores, que a maior falha na organização do trabalho dessa empresa

está concentrada no layout, distribuição e manuseio das cargas (anilhas).

Desta forma, as etapas a seguir expõem as oportunidades de melhorias que

podem der aplicadas, uma vez que foi consideradas e aceitas pelos profissionais como

uma forma de otimizar sua atividade.

7.1 Oportunidade de Melhoria:

As sugestôes de melhoria representam a indicação de controle ou atenuação

de fatores causais. Ainda segundo Mattos (2009) existem casos, onde poderá ser

sugerido um conceito de solução existente no mercado. No entanto, esse

complemento dependenderá de condições contratuais estabelecidas, no caso de

consultorias profissionais.

As oportunidades de melhorias indicadas a partir da problematização de uma

situação de trabalho, devem basear-se na busca da eliminação e/ou minimização dos

aspectos deletérios assim como, proteger os trabalhadores dos impactos negativos. O

principal objetivo dessa abordagem consiste em reorganizar o ambiente e o processo

de trabalho baseado nesses dois princípios (MATTOS, 2009 e VIDAL, 2007).

Aspecto físico- posturais:

As especificações da Ergonomia física se orientam para as modificações do

contexto físico do trabalho a fim de evitar os esforços excessivos ou inadequados

como movimentos repetitivos. O desajuste nas dimensões do posto de trabalho produz

o desequilíbrio postural estático, fator causal das lesões por esforço repetitivo e

distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho LER/DORT, mas igualmente a de

lombalgias, ciáticas entre outros problemas fisiatricos. Visando cessar os problemas

dessa natureza, os temas mais frequentemente estudados pela Ergonomia física são

as posturas desfavoráveis, força excessiva, movimentos repetitivos e transporte de

cargas (VIDAL, 2002). Nesse sentido o estudo propõe:

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Disponibilizar suporte adequado para a armazenagem dos halteres que

atualmente não possuem, forçando a postura do profissional para a sua

manipulação;

Figura 14: Banco semi-sentado Fonte: Google imagens

Reposicionamento dos pesos no suporte central, nivelando as cargas na área

entre o ombro e a pelve que reduza a inclinação e/ou lateralização do tronco;

A hérnia de disco pode surgir como uma conseqüência de manuseio de cargas

excessivas, ou ainda como uma protusão de parte do núcleo pulposo através do anel

fibroso. Uma sobrecarga por fadiga pode ser causada por sobrecargas repetidas na

coluna com inclinação anterior, levantamento de peso e sobrecarga torsionais. As

traumáticas podem acontecer em decorrência de um único evento ou no caso de

micro-rompimentos do anel fibroso (KISNER E COLBY, 1998).

Na “área de exercícios”, disponibilizar um banco semi-sentado (que permita

ajustes) para alternância de postura, já que nesse espaço o acompanhamento

do personal é realizado em forma de inspeção, possibilitando sua execução na

posição sentada. Custo médio do produto é de R$ 300,00 (ver figura ao lado);

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O ambiente e as atividades que proporcionam a alternância de posturas que

aliviam as pressões sobre os discos vertebrais e as tensões dos músculos dorsais de

sustentação, reduzem a fadiga. O melhor projeto de posto é aquele que prevê o

trabalho sendo realizado tanto de pé quanto sentado (IIDA, 1990).

Figura 15: Banco semi-sentado Fonte: Google imagens

Aplicar o piso anti-derrapante em toda a extensão do studio, ao invéz de

espaços restritos como observou-se durante a pesquisa, para prevenir

acidentes nesse sentido, pois os trabalhadores circulam com carga em todo o

espaço físico;

Figura 16: Pisos anti-derrapante Fonte: Google imagens

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De acordo com Abrahão e Pinho (1999) a Ergonomia preconiza sobretudo, a

segurança dos homens e dos equipamentos, a eficiência do processo produtivo; bem

estar dos trabalhadores nas situações de trabalho.

Dispor de suporte para o armazenamento das barras de alumínio evitando seu

posicionamento na área de circulação, evitando acidentes nas quinas vivas;

Figura 17: Suporte de barras Fonte: Google imagens

Para alcançar uma maior produtividade, Swann (1977) sugere investimentos em

melhores condições de trabalho, melhores projetos de espaço físico e equipamentos,

redução da fadiga, redução de tarefas improdutivas e melhor utilização de recursos. O

autor acrescenta que a eliminação de uma atividade desnecessária para a efetividade

do processo é o resultado do maior beneficio que pode ser alcançado, pois segue o

princípio de economia dos movimentos no uso do corpo humano.

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Aspecto Cognitivo:

De acordo com Vidal (2002), a Ergonomia cognitiva aborda processos mentais,

tais como, percepção, memória, raciocínio e resposta motora. Essa abordagem tem

como objetivo a adequação do trabalho tornando-o eficiente do ponto de vista do

desempenho dos trabalhadores, da produção e do aspecto do meio-ambiente

examinando a partir da percepção dos funcionários. Abaixo estão as sugestões de

implementação de uma ferramenta para facilitar o processo cognitivo ao mesmo tempo

em que facilita a comunicação e interação dos trabalhadores na empresa.

Desenvolver um software para visualização global da programação diária

(escala) incluindo horários, nome de cada trabalhador e seu cliente facilitando

a organização e as regulações das tarefas. Como pode ser visto na sugestão

abaixo:

Prof. 1 Prof. 2 Prof. 3 Prof. 4 Prof. 5

5:00- 6:00

6:00- 7:00

7:00- 8:00

8:00- 9:00

Tabela 04: Sugestão de distribuição da escala de trabalho.

Fonte: Dados da pesquisa.

DIA

Cielo Nadal

Neymar

Marta

Serena LIVRE

Barco

s

Ronaldo

Daiane

Pelé

Anderson S. Maurre

n

LIVRE

PAUSA

LIVRE

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Aspecto Organizacional:

A Ergonomia organizacional tem como finalidade otimizar os sistemas

sociotécnicos, incluindo a estrutura organizacional, políticas corporativas e processos

de produção e de negócios. Nesse campo, a pesquisa procura entender as atividades

desenvolvidas para produzir resultados que combinados são o produto daquela

organização (VIDAL, 2002). Para resolver problemas de ordem organizacional da

empresa em estudo sugere-se:

Promover um rearranjo no layout criando setores, como pode ser visto na figura

abaixo, com o objetivo de ao mesmo evitar os cruzamentos de fluxo entre os

profissionais e reduzir o número de deslocamentos;

Figura 18: Rearranjo do layout Fonte: Dados da pesquisa

A adequação do ambiente de trabalho com o rearranjo do layout, adequação do

piso, reposicionamento das barras, aquisição de suportes é importante na diminuição

do estresse físico sobre a coluna vertebral; O arranjo físico do local de trabalho deve

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encorajar o desenvolvimento de movimentos rítmicos e habituais facilitando a tarefa e

reduzindo a fadiga.

Os equipamentos e materiais devem ter posições fixas ou mais estáveis

possíveis e em locais de fácil acesso e manuseio; as mesmas devem estar dispostas

para permitir uma melhor seqüência de movimentos; a iluminação de atender a

necessidade do trabalho a ser executado; o local de trabalho e os assentos devem

permitir trabalhar de pé ou sentado e esse assento deve propiciar uma boa postura

permitindo acesso a toda área de trabalho (SWANN, 1977; MORAES, 2003).

Estabelecer um ritmo de trabalho o qual o profissional disponha de pausas

entre um aluno e outro evitando a sobrecarga física;

A carga de trabalho pode ser compreendida como uma atividade a ser

desenvolvida pelo profissional, em um dado espaço de tempo, com objetivo de atingir

os objetivos estipulados pela empresa, sem que o processo cause dano a sua saúde.

A carga de trabalho moderada corresponde a uma situação na qual, para atingir os

objetivos estabelecidos, o trabalhador desenvolve novos modos operatórios para que

sejam viáveis.

No aumento abusivo da carga de trabalho, o trabalhador não encontra meios para

desenvolver as atividades propostas, tornado-a improdutiva e causando danos a

saúde (GUERIN et al, 2001). De acordo com Laville e colaboradores (1977) a carga de

trabalho corresponde à relação entre os constrangimentos impostos pela tarefa, pelos

materiais e instrumentos e o ambiente físico em conjunto com as atividades

desempenhadas e a capacidade de trabalho do profissional. Essas condições não

somente determinam à carga de trabalho como também influenciam no seu

desempenho, rendimento, produtividade e qualidade. A carga de trabalho se traduz

em sintomas físicos e psíquicos, acidentes, doenças profissionais específicas que se

caracterizam por lesões permanentes ou temporárias.

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7.2 Oportunidade de Aprofundamento

Para a presente pesquisa, a oportunidade de aprofundamento está relacionada

com uma sugestão de melhoria que possa ser desenvolvida a medida em que os

problemas dos impactos acima descritos sejam sancionados e assimilados pelos

trabalhadores. Abaixo segue as oportunidades de aprofundamento:

Promover um treinamento básico em ergonomia com os trabalhadores para

que estes estejam habilitados a identificar os riscos, promover ajustes na

biomecânica da sua atividade e conscientizar a cerca da importância desta

ação para prevenir e minimizar danos à saúde. Moraes (2001) acrescenta que

o desenvolvimento da Ergonomia depende, em qualquer lugar, da difusão da

informação e do treinamento apropriados as diferentes categorias de

trabalhadores considerados.

Desenvolver um equipamento de proteção individual (EPI) com uma espécie

de cinta lombar, direcionado para a atividade do personal trainer que reduza o

esforço corporal durante o transporte manual das cargas;

Realizar um protocolo próprio da empresa com normas e regulamentações

baseados no que preconiza as NR´s com o intuito de sistematizar o processo

de trabalho;

Guérin et al (2001) descrevem que a transformação do trabalho é o fator decisivo

para uma intervenção ergonômica, devendo contribuir diretamente na saúde do

trabalhador, criando situações que possibilitem o mesmo de exercer a suas

competências, valorizando suas capacidades profissionais sem que os objetivos

econômicos e investimentos da empresa sejam negligenciados.

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7.3 Justificativa

De acordo com Mattos (2009) as justificativas apresentadas são a explicação

argumentativa acerca da razão de ser da oportunidade de melhoria, da pertinência de

soluções apontadas. O encaminhamento de uma indicação de das mesmas, seja ela

acompanhada ou não de um conceito ou uma especificação, deve ser acompanhada

de uma justificativa para reforçar a argumentação em prol da transformação positiva

sugerida.

As sugestãoes de intervenção ergonômica apresentam embasamento teórico

nas citações dos autores. A maior preocupação desse estudo está em priorizar a

saúde do trabalhador e a alternância de postura apresenta benefícios em relação à

algias da coluna, ao mesmo tempo que previne os riscos vasculares da postura em pé.

Desta forma, ao invés da imposição de uma única postura de trabalho, seja por meio

dos condicionantes do posto, seja por controle da empresa, a alternância de postura

vem sendo implantada em postos de diferentes setores e seus benefícios vêm sendo

comprovados na redução da percepção de desconforto/dor bem como no aumento da

produtividade e satisfação dos trabalhadores (SILVA e GUIMARÃES, 2005).

Os discos encontram-se submetido a uma pressão devido à posição adotada

entre dois corpos vertebrais. Segundo Braccialli (2000) apud Nachemson (1975) o

nível e os efeitos dessa pressão é de maior ou menor intensidade dependendo da

postura adotada pelo indivíduo e da sobrecarga a que a coluna está exposta no

quadro a seguir

Atividades Carga (Kg)

Supino 30

Em pé 70

Sentado ereto sem suporte 100

Deambulando 85

Inclinação lateral 95

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Levantar 20 Kg, coluna ereta e joelhos

flexionados

210

Levantar 20 Kg, coluna flexionada e

joelhos estendidos

340

Hiperextensão ativa da coluna em prono 150

Inclinação anterior de 20 graus 120

Quadro 03: Adaptado de Nachemson, 1975 de carga aproximada no disco L3 em

um individuo normal em diversas posturas e movimentação.

Fonte: BRACCIALLI e VILARTA, 2000.

Na posição em pé, o peso do corpo exerce uma pressão importante no eixo da

coluna vertebral, fazendo com que a água contida na substância gelatinosa do núcleo

exteriorize através dos orifícios do platô vertebral em direção ao centro dos corpos

vertebrais. Mantendo-se esta postura por tempo prolongado, no final do dia, o núcleo

estará menos hidratado e espesso. No entanto, durante o repouso, a pressão exercida

sobre o disco diminui consideravelmente, revertendo o quadro onde o núcleo atrai

água acarretando o retorno de sua espessura inicial (BRACCIALLI e VILARTA, 2000).

No entanto, Knoplich (1986) ressalta que uma pressão repetitiva e freqüente

sobre os discos, mesmo que não apresente um alto nível de intensidade, pode

ocasionar a aceleração da degeneração discal, levando à perda da propriedade de

amortecimento. Na figura abaixo observa-se o processo de degeneração discal.

Segundo Deliberato apud Coury e Rodgher (1997), as doenças e lesões

ocupacionais são, em principio, previsíveis e plenamente sujeitas a prevenção. No

entanto, a eficiência de qualquer medida preventiva depende indiretamente da sua

capacidade de atingir, extinguir ou reduzir os fatores causadores do distúrbio.

Page 47: Avaliação Ergonômica de um Studio de Personal Trainer€¦ · Física, o Personal, foi o objeto principal de estudo dessa análise. Embora o conceito de academia/studio de personal

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F

i

g

u

r

a

Figura 19: A compressão discal; B:Aumento da intensidade da pressão no eixo

da coluna; C: A água da substância gelatinosa do núcleo pulposo exterioriza-se.

Fonte: ENOKA, 2000.

Algumas patologias relacionadas com o trabalho demandam, necessariamente,

propostas de intervenção que vão além dos tratamentos clínico e cirúrgico tradicionais

tendo em vista as significativas alterações impostas na vida cotidiana de seus

portadores (MERLO; JACQUES; HOEFEL, 2000).

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7.4 Enquadramento Legal e Normativo

Os relatórios ergonômicos são elaborados de forma a classificar as anotações

realizadas em categorias gerais de problemas que possibilitem a formação de um

conjunto de melhorias possíveis nas áreas apreciadas. A partir do enquadramento

legal e normativo é estabelecida a correlação entre os impactos, seus aspectos e a

conformidade legal e normativa a que se referem (MATTOS, 2009).

A seguir estão as normas regulamentadoras relacionadas com o conjunto de

melhorias apresentada na pesquisa, as quais servem de argumentação legal para a

resolução e adequação dos problemas identificados na atividade de trabalho em

estudo.

NR17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da

carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o

levantamento e a deposição da carga.

NR17.2.1.2 Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de

maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de

cargas.

NR17.2.2 Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um

trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.

NR17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem

ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por

todos os trabalhadores durante as pausas (caso o estudo da engenharia aponte para

esta vertente).

NR17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em

consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a

exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho;

f) o conteúdo das tarefas;

NR 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do

pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise

ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: para efeito de remuneração e

vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a

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saúde dos trabalhadores; b) devem ser incluídas pausas para descanso; c) quando do

retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze)

dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de

produção vigentes na época anterior ao afastamento.

NR12.1.1. Os pisos dos locais de trabalho onde se instalam máquinas e equipamentos

devem ser vistoriados e limpos, sempre que apresentarem riscos provenientes de

graxas, óleos e outras substâncias que os tornem escorregadios.

NR12.1.2 As áreas de circulação e os espaços em torno de máquinas e equipamentos

devem ser dimensionados de forma que o material, os trabalhadores e os

transportadores mecanizados possam movimentar-se com segurança.

NR12.1.3. Entre partes móveis de máquinas e/ou equipamentos deve haver uma faixa

livre variável de 0,70m (setenta centímetros) a 1,30m (um metro e trinta centímetros),

a critério da autoridade competente em segurança e medicina do trabalho.

NR17.12.1.4. A distância mínima entre máquinas e equipamentos deve ser de 0,60m

(sessenta centímetros) a 0,80m (oitenta centímetros), a critério da autoridade

competente em segurança e medicina do trabalho.

NR12.1.6. Cada área de trabalho, situada em torno da máquina ou do equipamento,

deve ser adequada ao tipo de operação e à classe da máquina ou do equipamento a

que atende.

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8. CONCLUSÃO

A avaliação ergonômica do trabalho do personal trainer, utilizando a

metodologia SPM propiciou a análise e detalhamento dos três domínios da ergonomia,

ou seja, aspectos físicos /posturais, organização do trabalho e cognição gerando

sugestões e recomendações respaldadas no que preconiza as normas

regulamentadoras (NR´s) do Ministério do Trabalho.

Nesta pesquisa foram encontradas algumas condições adversas de trabalho

para o personal trainer, no que diz respeito ao ambiente físico/postural, e ainda

organizacional e cognitiva. Entre os problemas apontados no aspecto físico/postural

estão a sobrecarga na coluna vertebral proveniente da ausência de suporte em

algumas áreas, além do fluxo decorrente da circulação restrita entre os equipamentos.

No tocante a organização, o relayout foi identificado como oportunidade de melhoria a

fim de adequar-se as NR´s ao mesmo tempo em que resolveria problemas de

cruzamento de fluxo e risco de acidentes. Para facilitar a cognição dessa atividade,

relativa a obtenção e/ou produção de informações sobre as avaliações físicas e

horários de aulas, recomenda-se o aprimoramento da ferramenta tecnológica (site

oficial) que está em funcionamento, porém sem sua devida aplicabilidade.

Através da avaliação e entrevistas com os profissionais e gestores foi possível

constatar que existe a preocupação com o conforto e segurança de todos os seus

usuários, especialmente de seus clientes, os alunos. No entanto, o acréscimo

considerável da demanda gerou modificações no âmbito da prestação deste serviço,

gerando necessidade de reformulações nas características iniciais projetadas, a partir

de uma intervenção ergonômica.

A efeciência dos resultados positivos na atividade de trabalho, e ganho na

produtiviade propostos através das sugestões e recomendações ergonômicas,

dependem diretamente do compromisso dos gestores em dar continuidade ao

processo de intervenção ergonômica. Essa etapa é imprescindível para ciriar um clima

organizacional onde os trabalhadores compreendem e utilizam-se dos princípios da

ergonomia, reformulando práticas e comportamentos que não funcionam, e repetindo

os que apresentem ganhos, seja em saúde e qualidade de vida no trabalho,

produtividade ou financeiro. Dessa forma, a empresa desenvolve suas boas práticas,

aumenta a maturidade ergonômica e cresce em competividade do mercado de

trabalho

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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10. ANEXOS

Anexo I

Questionário semi-estruturado (estudo da população)

1) Dados Pessoais

*Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

*Idade: Entre 20 e 25 anos ( )

Entre 25 a 30 anos ( )

Entre 30 a 35 anos ( )

2) Tempo de serviço:

Na profissão: Na empresa:

Entre 0 e 1 ano ( ) Entre 0 e 1 ano ( )

Entre 1 a 2 anos ( ) Entre 1 a 2 anos ( )

Entre 2 a 3 anos ( ) Entre 2 a 3 anos ( )

Entre 3 a 4 anos ( ) Entre 3 a 4 anos ( )

Mais de 5 anos ( ) Mais de 5 anos ( )

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3) Indique no DIAGRAMA DE ÁREAS DOLOROSAS o local que você sente algum

tipo de dor ou desconforto. Inque a intensidade de acordo com a tabela baseada em

Corlett e Manenica (1980).

Figura 20: Diagrama adaptado de áreas dolorosas.

Fonte: Adaptado de CORLETT e MANENICA,1980