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REQUISITOS PARA IMPLANTAÇÃO DE
INCUBADORAS DE EMPRESAS NO
BRASIL: UM ESTUDO DE CASO DA
INCUBADORA ALFA
Anna Thais Costa Lopes (UFAM)
Clinton Hudson Moreira Pessoa (UFAM)
Anne Vitoria Rodrigues de Souza (UFAM)
Fabiane Aparecida Santos Clemente (UFAM)
RAFAELLA LIRA FERNANDES (UFAM)
No Brasil, as micro e pequenas empresas possuem papel fundamental
no desenvolvimento do país. Nessa perspectiva, existem ações que
estimulam o desenvolvimento de negócios de base tecnológica e que
tenham como foco a inovação (Startups). Uma dessas ações de apoio
para o desenvolvimento são as incubadoras de empresas. A partir disso,
o objetivo geral desse artigo busca analisar os requisitos de implantação
de incubadoras de empresas vinculadas às universidades brasileiras. O
caminho metodológico permeou em uma pesquisa exploratória,
qualitativa, de campo, com entrevista e pesquisa documental.
Identificou-se que, dos 30 principais requisitos identificados a
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
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universidade pesquisada atende a 40% destes, além de possuir 50%
deste total atendido parcialmente e 10% não são atendidos.
Palavras-chave: Startup, Incubadora, Inovação, Requisitos.
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1. Introdução
Nos últimos anos, muito se tem falado sobre o empreendedorismo em decorrência da sua
valorização através dos meios de comunicação e incentivo por parte das instituições de ensino
superior (DOMINGUES, 2010). Aliado a isso, percebe-se ações que estimulam o
desenvolvimento de novos empreendimentos no Brasil, como as incubadoras de empresas que
possuem fundamental importância nesse cenário de empreendimentos de sucesso.
No Brasil, muitas incubadoras possuem vínculo com as universidades, promovendo
transferências das tecnologias geradas pelas universidades para utilização em produtos,
processos ou serviços, proporcionando espaço físico e serviços de profissionais de apoio aos
novos empreendimentos (DOMINGUES, 2010). Esses ambientes são propícios à boas ideias,
estimulando o desenvolvimento de negócios nas áreas de inovações tecnológicas, estando
diretamente integradas aos traços empresarias ligados às estratégias de ação das incubadoras
(SANTOS, 2016).
Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é analisar os requisitos para implantação de
incubadoras para empresas de base tecnológica no ambiente universitário brasileiro. Os
objetivos específicos deste estudo foram: a) identificar os requisitos necessários para a
implantação de incubadoras de empresas no Brasil; b) verificar se a unidade pesquisada possui
os requisitos para instalação de uma incubadora de empresas. Para atender tais objetivos, se fez
necessário a utilização métodos de pesquisa, como o levantamento bibliográfico; a pesquisa
exploratória e a pesquisa de campo, para auxiliar nas análises interpretativas do objeto estudado.
2. Referencial teórico
A incubadora de empresas surgiu na década de 1950 no Estado de Nova York, EUA, em
decorrência do fechamento de uma fábrica, cujo prédio o dono optou por alugar para empresas
que estavam em processo de criação e que compartilhavam espaço, serviços e equipamentos
(ANPROTEC, 2016). Nesta mesma década no Vale do Silício, Califórnia, a Universidade de
Stanford, cria um mecanismo muito parecido para a transferência da tecnologia, gerada na
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Universidade, às organizações e a criação de novas empresas para a produção de novas
tecnologias (MCT, 2000).
No Brasil, o incentivo para implantação de incubadoras de empresas, ocorreu a partir da
iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na
década de 1980 (ANPROTEC, 2012), com o intuito de instalar fundações tecnológicas, cuja
finalidade era a transmissão de tecnologias produzidas nas universidades para a área produtiva.
A partir da instalação da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, em 1984 começou
a funcionar a primeira incubadora de empresas do país (DORNELAS, 2002), movimentado
assim o setor econômico e financeiro da região.
O Ministério de Ciência e Tecnologia (2000) define incubadoras de empresas como, uma
composição de espaço físico e recursos humanos especializados, estimulando a criação e/ou
desenvolvimento de micro e pequenas empresas prestação de serviços, de base tecnológica ou
de setores tradicionais. Os tipos de incubadoras de empresas são três: de base tecnológica, de
setores tradicionais e mistas (MCT, 2000).
As incubadoras de empresas de base tecnológica são caracterizadas por seus produtos,
processos ou serviços utilizarem resultados de pesquisas, cuja tecnologia tem grande valor
agregado. As incubadoras de empresas dos setores tradicionais, são as que tem sua tecnologia
amplamente difundida e a empresa procura aprimorar seus produtos, processos ou serviços,
sempre buscando o desenvolvimento de novas tecnologias e, as incubadoras de empresas
mistas, abrigam os dois tipos anteriormente citados.
Nesse século, vivencia-se um crescimento de novos empreendimentos e muitos deles voltados
à ideias inovadoras e de base tecnológica, especificamente as startups. No Brasil, segundo Alves
(2013) as startups tiveram seu ponto de ignição em meados dos anos de 1999 a 2000, porém,
somente nos anos de 2010 e 2011 que ela realmente ganhou força, ficando conhecida
principalmente por causa do seu ritmo acelerado no que diz respeito às inovações tecnológicas.
Startups são microempresas de início recente buscando um lugar no meio do cenário econômico
e tecnológico atual. Para Ries (2012) são empresas das mais variadas áreas, que surgem em um
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rol de incertezas e estão intimamente envolvidas na criação dos mais diversos produtos ou
serviços, logo, são associadas ao meio empresarial, pois a mesma se caracteriza pela
criatividade e inovação de recursos que auxiliem ou facilitem o modo de vida contemporâneo.
Ferrão (2013) afirma que as startups se diferenciam pelo seu modo dinâmico e seu alto grau de
crescimento, consequentemente, muitas vezes resulta na sua ligação com universidades e polos
de conhecimento. Dessa forma é constatada a necessidade da existência de centros de startups
alocadas nas instituições de ensino superior, principalmente as de tecnologia, para um maior
suporte aos futuros profissionais ou empreendedores em formação.
Essas empresas pelo fato de estarem no início de suas vidas empreendedoras, têm a necessidade
de um suporte financeiro e estrutural para se manterem, pois, quando a startup está inserida em
uma incubadora, a chance de decadência da mesma é 3,45 vezes menor que uma startup
instalada em ambiente próprio (ARRUDA, NOGUEIRA, et al., 2014).
3. Metodologia
A pesquisa, portanto, foi do tipo qualitativa, exploratória, a partir de um estudo de caso. O
estudo de caso, mostrou-se apropriado pelo fato de admitir o estudo aprofundado sobre um ou
poucos objetos, permitindo o seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2002), apropriando-
se de um estudo em uma universidade pública no norte do Brasil, aqui denominada ALFA. A
escolha da universidade se deu pela mesma estar em um processo de implantação de uma
incubadora de empresas.
Adotou-se a pesquisa documental e entrevistas, além do levantamento bibliográfico. O
levantamento bibliográfico se fez necessária pelo fato da pesquisa ter sido embasada no
levantamento de dados secundários, com a identificação de categorias e requisitos das
incubadoras do tipo mistas e de base tecnológica.
A pesquisa documental, cuja característica é o uso de materiais que não passaram por um
tratamento analítico (GIL, 2002) também foi adotada com uma busca em editais de ingresso
para incubadoras em quatro universidades brasileiras. Os documentos básicos utilizados foram:
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Mackenzie (2010), CASULO (2015), UNIJUI (2016) e CIETEC (2016), por se tratarem de
incubadoras de base tecnológica e mista, assim como o Manual de implantação de incubadora
de empresas no Brasil, do Ministério da Ciência e Tecnologia (2000). O período de busca da
pesquisa compreendeu-se entre 08/2016 e 09/2016. Priorizou-se publicações realizadas nos
últimos 05 anos.
Também foi adotado um roteiro de entrevista semiestruturada e um formulário, utilizado para
entrevistar a pessoa responsável pela implantação da incubadora na instituição. A coleta de
dados foi realizada em agosto de 2016, buscando identificar se a universidade ALFA atende os
requisitos para a implantação de incubadoras. A entrevista se deu com a Coordenadora do
Projeto de Implantação de Incubadas da instituição pesquisada, aqui denominada Entrevistada
A. A escolha do sujeito se deu pela mesma estar envolvida no processo de implantação de
incubadora nesse campus desde sua origem.
A escolha dos requisitos propostos neste artigo tivera como base uma estrutura de incubadora
que apresentasse os critérios exigidos pelos principais autores utilizados como alicerce para a
pesquisa, apontando os requisitos que se mostravam presentes na maioria dos documentos
(62,5% do total).
4. Resultados e discussões
4.1. Análise dos requisitos para implantação de incubadoras de empresas no Brasil
Fazendo uma análise comparativa de um manual de implantação de incubadoras de empresas,
de quatro editais publicados e três estudos de autores, identificou-se os requisitos que uma
incubadora deve dispor, os quais foram extraídos das bibliografias usadas como referência:
Medeiros e Atas (1995), MCT (2000), Dornelas (2002), Mackenzie (2010), CASULO (2015),
CIETEC (2016), ANPROTEC (2016) e UNIJUI (2016), denominadas como: A, B, C, D, E, F,
G e H, respectivamente, estando listados na Figura 1 a seguir, na qual foram preenchidos com
X as lacunas correspondentes aos requisitos presentes em cada documento.
Figura 1 – Quadro de requisitos para implantação de incubadoras de empresas no Brasil
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Fonte: Dados da pesquisa, 2016
Por meio destes dados, entende-se que, ter escritórios individuais (1) e oferecer cursos e
treinamentos (30) é essencial que uma incubadora possua, na perspectiva de todos os
documentos analisados, ou seja, conter espaço individual reservado para cada empresa e
Nº Requisito A B C D E F G H
1 Escritórios individuais X X X X X X X X
2 Laboratórios individualizados X X
3 Auditório X X X
4 Sala de reuniões X X X X X X X
5 Sanitários e copa X X X X
6 Equipamentos de uso comum X X X X
7 Secretaria X X X X X X
8 Internet X X X X X
9 Telefone X X X X X
10 Servidor especializado na hospedagem de sites X
11 Biblioteca X X X
12 Laboratórios X X X X
13 Segurança X X X X X
14 Limpeza X X X X X X
15 Informações mercadológicas X X X X
16 Apoio e orientação na área empresarial X X X X X X
17 Apoio e orientação jurídica X X X X X X
18 Apoio e orientação na elaboração de projetos junto a agências
de fomento e fundos de investimento X X X
19 Apoio e orientação na área de tecnológica X X X X X X
20 Apoio e orientação nos processos de licenciamento e
certificação X X X X X X
21 Apoio e orientação na gestão financeira X X X
22 Apoio e orientação no registro de propriedade
industrial/intelectual X X X X
23 Apoio e orientação na área de marketing X X X X X
24 Apoio e orientação na área de comercialização de produtos e
serviços X X X X
25 Apoio na participação de eventos, feiras e exposições X X
26 Apoio e orientação na área contábil X X X
27 Orientação na elaboração e atualização do Plano de negócios X
28 Elaboração de documentos técnicos e empréstimos X
29 Registro de marcas e patentes X X X
30 Cursos e treinamentos X X X X X X X X
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capacitar os empreendedores para saírem das incubadoras hábeis a manter seus negócios,
evitando entrarem para os índices de mortalidade de empresas.
A partir da Figura 1, foram retirados e alinhados os requisitos que convergiram, dessa forma,
os requisitos finais são treze, sendo os que tiveram incidência em no mínimo 62,5% dos
documentos analisados, ou seja, dezessete requisitos foram considerados como divergentes.
Diante dos requisitos convergentes, tem-se uma base dos principais itens que uma incubadora
de empresa necessita para ser implantada de forma segura, e compromissada a atender a
demanda do mercado de empreendimentos que almejam esse suporte. Na Figura 2 abaixo, estão
alocados em categorias os tais requisitos, visando organizá-los de forma mais simples e de fácil
entendimento.
Figura 2 – Quadro de requisitos convergentes
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Fonte: Dados da pesquisa, 2016
Para o MCT (2000), uma incubadora conta com espaço físico especialmente constituído para
abrigar temporariamente micro e pequenas empresas e dispõe ainda de uma série de serviços e
facilidades, que são as categorias descritas na Figura 2, que estavam presentes no manual para
a implantação de incubadoras de empresas (2000) e no livro planejando incubadoras de
empresas de Dornelas (2002), com seus respectivos requisitos, sendo apenas excluídos do
quadro os requisitos com menos de 62,5% de incidência nos documentos analisados.
Com base em todos esses dados, tornou-se possível analisar de forma ampla e detalhada os
fatores importantes dos componentes fundamentais para implantação de incubadoras de
empresas. A partir desses resultados serão discutidos os itens necessários para as startups se
manterem dentro de uma incubadora.
4.2. Analisar se a instituição ALFA possui os requisitos para instalação de uma
incubadora de empresas
Foi verificado se a instituição objeto de estudo, atende ou não atende os requisitos necessários
para que haja sucesso na implantação de uma incubadora de empresas no campus. Na entrevista
foram feitas perguntas discursivas seguidas do preenchimento de um formulário, que
constavam perguntas objetivas com respaldo de algumas observações adicionais avaliadas
durante a entrevista. Seguindo o critério dos requisitos identificados foram feitas comparações
referentes à resposta da entrevistada e os requisitos avaliados como importantes dentro da
literatura base, tendo como foco principal os requisitos convergentes da Figura 2.
Primeiramente ao questionar a Entrevistada A para saber se ela acredita que o ALFA possui
todos os requisitos para ter uma incubadora de empresas, a mesma alegou:
Nós temos os requisitos mínimos, a gente vai começar com essa estrutura que tem aí
[...], nós podemos iniciar, mas não é ainda a estrutura ideal, nós sabemos que falta
muita coisa, mas alguém tem que começar.
Para que sejam iniciadas as avaliações dos requisitos no campus, deve-se ater a que tipo de
incubadora está sendo tratada. Com base nas informações recolhidas da entrevista, a
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Entrevistada A disse que, a incubadora estudada é do tipo mista, abrangendo tanto setores
tecnológicos, quantos setores tradicionais. “Eu acredito que é mais para base mista, embora a
gente provavelmente vá ter um número maior de base tecnológica, mas a gente não vai impedir
a tradicional...” (ENTREVISTADA A, 2016).
Segundo a Entrevistada A, a estrutura inicial da incubadora do ALFA, limitará os setores das
empresas, priorizando empresas da área computacional.
A princípio nós deixamos bem aberto elas podem ser, por exemplo, empresas de
informática, biotecnologia, agroindustriais [...] provavelmente as empresas que nós
vamos ter vão ser da área de informática, na área de software.
Foram destacados os treze requisitos da Figura 2 e, verificado dentro das informações
fornecidas pela Entrevistada A, se a organização ALFA atende ou não atende aos requisitos
básicos de uma incubadora. O primeiro requisito é em relação aos escritórios individualizados
(1). Segundo a entrevistada, o campus dispõe desse critério, porém, como é uma incubadora em
desenvolvimento, a estrutura ainda é pequena, com apenas uma sala subdividida com quatro
gabinetes individualizados, permitindo atender inicialmente 4 empresas no máximo, “na
verdade, nós possuímos uma sala, onde foram feitos quatro gabinetes. Então é um espaço
realmente pequeno [..], mas cada empresa vai ficar no seu lugar, separadamente”
(ENTREVISTADA A, 2016).
A sala de reuniões (4) de uso compartilhado, segundo a Entrevistada A, também é atendido pelo
instituto, pois “dentro da própria sala onde estarão instaladas as empresas, há um espaço
reservado para as reuniões” (ENTREVISTADA A, 2016), porém, o espaço para secretaria (7),
é um dos requisitos que a instituição não possui.
Analisando o requisito internet (8), da categoria acesso, para esse critério analisou-se
inicialmente se a universidade possui tal requisito e se possui, de que forma será disponibilizada
para as empresas, ou seja, uso privado ou a internet usada no campus por seus discentes,
docentes e técnicos. Segundo a Entrevistada A, a universidade dispõe de rede de internet e as
empresas utilizarão a rede de uso compartilhado do campus, não tendo uma banda larga
específica para a incubadora.
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Ao questioná-la sobre a disponibilização da rede de telefonia (9), a Entrevistada A, afirmou que
esse requisito não será oferecido pela incubadora da instituição ALFA. Na categoria serviço,
questionada se a instituição ALFA possui os requisitos ou não, constatou-se que o campus
dispõe dos serviços de segurança (13) e limpeza (14), e que será o próprio serviço utilizado pelo
instituto. “Sim, eles também vão ter serviços de limpeza e segurança. É o próprio serviço do
campus que vai está disponível para eles” (ENTREVISTADA A, 2016).
Quanto a categoria recursos humanos, iniciando com a análise do requisito apoio e orientação
tecnológica (19), segundo a entrevistada, o instituto dará esses suportes, assim como no apoio
e orientação empresarial (16), que cuidará da parte do estudo de gestão e mercado e serão
auxiliados por dois profissionais, estando integrado também, o apoio e orientação na área de
marketing (23), que foi listada como um requisito disponível no campus. A área de apoio e
orientação jurídica (17), foi avaliada pela entrevistada como um item que não é de
responsabilidade do campus dispor para as empresas e ao questioná-la sobre uma futura
aquisição de um profissional para a orientação jurídica, a mesma disse não haver essa intenção.
Nossa intenção é uma consultoria de mercado, é uma incubação em relação ao
mercado, a gente só vai aceitar empresas que já estejam formalizadas. Vai ficar bem
claro para empresa que ela não vai estar aqui para receber uma assistência nem jurídica
nem contábil, se ela necessitar, fica por conta dela, o nosso auxilio é realmente na
questão gerencial, na questão administrativa, na questão de estudo de mercado, é
voltado à questão de direcionamento da empresa, mas não de abrir empresas, apesar
de realmente algumas incubadoras fazerem isso (ENTREVISTADA A, 2016).
Ainda dentro da categoria serviço, ao questionar a Entrevistada A, sobre o apoio e orientação
nos processos de licenciamento e certificação (20), a mesma afirmou que este não será atendido
pela incubadora.
Como requisito final, tem-se os cursos e treinamentos (30), dispostos na categoria capacitação,
que deverão ser planejados e organizados pela própria incubadora, e que segundo a Entrevistada
A é um dos pontos essenciais a serem trabalhados.
Buscou-se também entender os ganhos esperados com a implantação de uma incubadora na
organização ALFA. A Entrevistada A, alegou:
Bem, os ganhos seriam a questão das oportunidades que poderiam ser criadas, para os
alunos, para os professores também se desenvolverem e também os ganhos para
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sociedade por que a incubadora ela reduz o número de falência, ela aumenta a
longevidade da empresa, a criação de postos de trabalhos e financeiramente não é um
ganho[...] é mais em questão de experiência, de aprendizado, de trazer oportunidades.
Visando informações sobre o apoio que será oferecido caso haja intenção dos discentes da
instituição, em criar uma empresa e participar da seleção para a incubação, visto que o ALFA
dispõe de dois cursos da área de computação e a incubadora é de base mista. Segundo a
Entrevistada “A” os alunos vão ter um tempo para se regularizarem enquanto pessoa jurídica,
podendo ser feito um acompanhamento nesse processo de abertura e depois se houver
regularização, esses discentes entrarão com suas empresas no processo de incubação, onde será
feito o contrato da universidade com a pessoa jurídica.
É assim, se você chegar aqui e dizer “eu quero participar do processo de incubação”,
e você tem uma ideia genial, nós vamos ver se realmente aquilo pode dar certo, porem
você diz que não tem empresa. O que nós podemos fazer por você? Nós fazemos um
período de pré-incubação, essa pré-incubação pode durar de três a seis meses, nesse
período você ainda não tem contrato firmado com a universidade, você ficará sendo
assessorado e nós podemos te acompanhar nesse processo de abertura, mas nós não
vamos abrir a empresa para você, nós podemos te mostrar alguns caminhos, te mostrar
por exemplo o NAE, o Núcleo de Apoio ao Empreendedor, então você entra com a
documentação e você mesmo abre a sua empresa [...] Você não pode estar com
nenhuma irregularidade, para poder você firmar um contrato com o estado
(ENTREVISTADA A, 2016).
No entanto, para Dornelas (2002), Medeiros e Atas (1995) e MCT (2000), esse tipo de suporte
deve ser oferecido pela própria incubadora, já que o apoio jurídico, também é um dos requisitos
relevante dentro da categoria recursos humanos especializados, portanto, não menos essencial
que os demais. Cabendo também à incubadora tornar viável a aproximação entre os incubados
e o mercado, institutos de pesquisa, clientes e fornecedores, de forma a possibilitar uma relação
de ganho à ambas as partes envolvidas (DIAS, 2007).
Para uma análise mais exata quanto aos requisitos atendidos ou não pelo ALFA, identificou-se
que 40% dos requisitos são atendidos, 50% atende parcialmente e 10% não atende, referentes
as respostas da Entrevistada A direcionadas aos dados do formulário com os requisitos da
Figura 1.
Constatou-se que dos requisitos apontados na entrevista, o instituto atende a 40%, os quais são:
escritórios individuais (1), internet (8), laboratórios (12), segurança (13), limpeza (14),
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informações mercadológicas (15), apoio e orientação empresarial (16), apoio e orientação nas
áreas tecnológicas (19), apoio e orientação de gestão financeira (21), apoio e orientação na
comercialização de produtos e serviços (24), orientação na elaboração e atualização do plano
de negócios (27) e cursos e treinamentos (30). Sendo 50% atendidos parcialmente, laboratórios
individualizados (2), auditório (3), sala de reunião (4), sanitários e copa (5), equipamentos de
uso comum (6), servidor especializado na hospedagem de sites (10), biblioteca (11), apoio e
orientação jurídica (17), apoio e orientação na elaboração de projetos junto a agências de
fomento e fundos de investimento (18), apoio e orientação nos processos de licenciamento e
certificação (20), apoio e orientação na área de marketing (23), apoio e orientação na área de
comercialização de produtos e serviços (24), apoio na participação de eventos, feiras e
exposições (25), elaboração de documentos técnicos e empréstimos (28) e registros de marcas
e patentes (29) e, 10% dos requisitos não são atendidos, estes são: secretaria (7), telefone (9) e
apoio na área contábil (26). De forma ainda um pouco superficial pode-se dizer que a instituição
ALFA atende aos requisitos necessários para implantação de uma incubadora de empresas.
Superficial no sentido que, consta-se que 50% dos requisitos foram listados como atendidos
parcialmente, o que faz-se refletir a que ponto de parcialidade ele será capaz de atender a
demanda das empresas incubadas.
5. Considerações
Considera-se que este estudo é de suma importância para análise da temática Incubadora de
Empresas no Brasil, dada a necessidade de se solidificar a literatura nesse aspecto e contribuir
com análise empíricas sobre esse cenário. Com o objetivo de analisar os requisitos que regem
a formação de uma incubadora de sucesso, foram listados e comparados os requisitos que dentro
da literatura mais se destacaram por estarem presentes na maior parte dos documentos. Esses
requisitos serviram de base para avaliar o grau de eficiência da instituição que planeja a
implantação de uma incubadora dentro do campus universitário, a mesma sendo considerada
capaz de atender tais requisitos, a universidade estaria capaz de dar suporte à criação de startups
e fomentar o empreendedorismo na região.
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Quanto ao primeiro objetivo específico, referente a identificação dos requisitos necessários para
a implantação de incubadoras de empresas no Brasil, obteve-se como resultados um total de 30
requisitos e, verificou-se, a partir da incidência em no mínimo 62,5% dos documentos, 13
requisitos convergentes, que foram considerados mais importantes por estarem presentes na
maioria dos documentos citados.
Quanto ao segundo objetivo, se a organização ALFA atende aos requisitos identificados, pode-
se concluir, que atende de forma concreta a apenas 40% dos requisitos, presentes nesta pesquisa,
para o seu funcionamento enquanto incubadora, pois do restante dos requisitos, 50% é atendido
parcialmente e 10% não é atendido, sendo necessário um olhar cuidadoso para o
desenvolvimento dessa incubadora para que ela realmente atenda as expectativas das empresas
e tenha sucesso dado o suporte necessário para que as empresas incubadas saiam para o mercado
com o know-how e expertise suficientes pra sobreviverem no mercado.
Segundo Bergek e Norrman (2008), tem-se que infraestrutura e a capacitação são pontos fortes
no que diz respeito a uma incubadora que atenda a demanda das empresas incubadas, dando o
suporte necessário pra que esses empreendimentos possam crescer e se fortalecerem no ramo
dos negócios, reduzindo dessa forma, a alta taxa de mortalidade das mesmas, pois, segundo
Arruda Nogueira, et al. (2014) são poucas as empresas que suportam o forte impacto do setor
mercadológico, entrando em colapso nos primeiros meses de atuação.
Como sugestões para pesquisas futuras, sugere-se estudar o impacto do não atendimento aos
requisitos que foram identificados como não atendidos, ou ainda, a parcialidade do atendimento
de grande parte dos requisitos, bem como entender o grau de significância de cada um dos
requisitos para as empresas, ou seja, avaliar o peso de cada um desses requisitos, tanto para as
incubadoras quanto para as empresas incubadas.
REFERÊNCIAS
ALVES, F. S. Um Estudo das Startups no Brasil. UFBA, Faculdade de Economia. Salvador. 2013.
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ANPROTEC. Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil. Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Brasília. 2012.
______. Estudo de Impacto Econômico: segmento de incubadoras de empresas do Brasil. Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Brasília. 2016.
ARRUDA, C. et al. Causas de mortalidade de startups brasileiras: o que fazer para aumentar as chances de
sobrevivência no mercado? Núcleo de Inovação e Empreendedorismo: Fundação Dom Cabral, 2014.
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