Az! #19

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#19 Mai/Jun 2014 http://facebook.com/AZBauru REVISTA Informação de A a Z MODA Veja como se vestir no outono caliente ADOÇÃO Amor incondicional que forma lindas famílias CIDADÃO DE PAPEL Os Direitos Humanos existem, mas são violados diariamente. A Az! traz exemplos de violência às necessidades mais básicas que acontecem bem embaixo de nossos narizes

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O termo “Cidadão de Papel” usado para ilustrar a belíssima matéria da repórter Tatiana Santos sobre os Direitos Humanos parece forte, mas não é. Muito se fala nos tais direitos que todos temos direito, com o perdão da redundância, mas a discussão é rasa. Não passa de cinco centímetros de conhecimento. Só se fala em Direitos Humanos quando um ou outro caso grave aparece nas ondas do tubo mágico, a televisão. Mas esses tais direitos não devem ser lembrados e discutidos apenas em casos como direitos de quem comete crime, ou se alguma pessoa vítima de violência deve usar as próprias mãos para se defender, no melhor estilo “olho por olho”. Continuação no editorial, página 4.

Transcript of Az! #19

#19Mai/Jun 2014

http://facebook.com/AZBauru

R E V I S T A

Informação de A a Z

MODAVeja como se vestir no outono caliente

ADOÇÃOAmor incondicional que forma lindas famílias

CIDADÃO DE PAPELOs Direitos Humanos existem, mas são violados diariamente. A Az! traz exemplos de violência às necessidades mais básicas que acontecem bem embaixo de nossos narizes

ENCONTRAMOS UM NOVO JEITO DE INTERAGIR COM VOCÊ

interação & cultura

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ÍNDICE

ESTILO

MODA - Outono caliente

GIRO AZ!

PERSONAZ -Academico do Samba

ADOÇÃO - Amor Incondicional

SAÚDE -Dossiê da gordura

ALTERNATIVA -É para todos

JUSTIÇA -Marco Civil da Internet

DIREITOS HUMANOS -Cidadão de papel

Sinta-se incrível, iluminada e mais linda do que nunca!

Claudio Goya empregou os conceitos do design para dar vida ao desfile da escola de samba Coroa Imperial da Grande Cidade

Bauru tem 10 crianças na fila para adoção. No país todo, são 5,4 mil jovens aguardando uma família

Por que o mundo ainda sofre com tantas desigualdades?

Já pensou em se tornar dono de uma instituição financeira?

PERSONAZ

COMPORTAMENTO

NEGÓCIOS

SOCIAL

06

34

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10

18

32

22

26

4EDITORIAL

EXPEDIENTE

Diretor Geral: Rodrigo Chiquito

Logística/Finanças: C&D Soluções

Jornalista responsável: Bruno Mestrinelli

Equipe comercial: Sueli Sanches, Amélia Silva

e Patrícia Marques

Conselho Editorial: Bruno Mestrinelli

e Rodrigo Chiquito

Edição de Arte: Publici On & Off

Fotografia: Barbara Cavallieri

e Gabriel Woelke

Jornalistas: Fernanda Villas Bôas, Marisa Sei,

Tatiana Santos, Laís Rodrigues

e Bruno Mestrinelli

AzTV por muvfilms.com.br

Impressa na GRAFILAR

15.000 exemplares

Revista Az! | ano 04 / número 19

AZ! é uma publicação da Publici On&Off ComunicaçãoRua Bartolomeu de Gusmão, 10-72 - Jd. América Bauru/SP - F.: 14 3879 0348

14 3879 [email protected]

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O termo “Cidadão de Papel” usado para ilustrar a belíssima ma-téria da repórter Tatiana Santos sobre os Direitos Humanos parece forte, mas não é. Muito se fala nos tais direitos que

todos temos direito, com o perdão da redundância, mas a discussão é rasa. Não passa de cinco centímetros de conhecimento. Só se fala em Direitos Humanos quando um ou outro caso grave aparece nas ondas do tubo mágico, a televisão. Mas esses tais direitos não devem ser lem-brados e discutidos apenas em casos como direitos de quem comete crime, ou se alguma pessoa vítima de violência deve usar as próprias mãos para se defender, no melhor estilo “olho por olho”.

As violações aos Direitos Humanos estão todos os dias bem em frente à nossa casa, ao nosso trabalho, ao nosso dia de diversão no cinema, shopping, bar... Todos os dias, levamos tapas na cara ao ver pessoas es-perando por DOIS anos por uma consulta especializada, um exame, ou até mesmo uma cirurgia. Levamos tapas na cara quando vemos pessoas MORRENDO à espera de cirurgia. Levamos tapas na cara quando uma criança espera por seis, sete horas para ser atendida na urgência e emer-gência do município. Levamos tapa na cara quando vemos moradores de rua sem direito, enfim. Poderíamos preencher toda a revista com esses tapas, doídos, diários.

É importante que os Direitos Humanos tenham início dentro de nossa própria casa, com ensinamentos àqueles que precisam ainda aprender sobre a vida, sobre o que é ser um humano e qual é a importância de dar importância a assuntos como a política.

Estamos em ano de Copa do Mundo e de eleições. Tomamos tapas na cara com o descaso na construção dos estádios, com as obras que não acabam nunca (a Copa está para começar, mas enquanto esse texto está sendo escrito, ainda há operários trabalhando). Mas é importante não ignorarmos assuntos, irmos a fundo, estudarmos o que está acontecen-do. É fundamental que nós, bauruenses, brasileiros, prestemos atenção a tudo. Com conhecimento (algo já dito na edição anterior da Revista Az!) tudo pode mudar.

E, claro, é importante que não nos tornemos insensíveis a esses tapas na cara. A dor, nesse caso, é importante para discutirmos os Direitos Humanos com a importância que esse caso merece.

TAPANACARA

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6ESTILO

Por Odil Zepper (Juba) consultor de estilo e

diretor da Unika

OUTONOCALIENTESINTA-SE INCRÍVEL, ILUMINADA E MAIS LINDA DO QUE NUNCA! É COM ESSA ENERGIA DE POSITIVIDADE QUE CURTIMOS A ENTRADA DA NOVA ESTAÇÃO COM JEITINHO DE VERÃO. AFINAL, BONITA POR FORA TAMBÉM DEVE SER LINDA POR DENTRO!

J á parou para pensar sobre a sua beleza? Você conhece seus

pontos fortes? Muitas pessoas passam a vida inteira acredi-

tando que o batom da vizinha é mais provocante, mas esque-

cem de que uma boca nude ou natural pode atrair muito mais olhares.

Tudo depende da forma como você veste sua alma e de como a projeta

para a sociedade. Grifes, joias, status são incríveis, mas seus donos

devem se portar como tal, ou seja: Chic. Ser chic é amar, respeitar,

compreender e a peça mais valiosa de todas: resiliência (joia rara).

3RUWDQWR��SURSRPRV�OHYH]D�H�HQHUJL]DomR�SDUD�FRUWDUPRV�D�¿WD�e rumarmos ao sucesso. E, para quem pensa que a força do “calor”

DFDERX���DLQGD�Gi�WHPSR�GH�FXUWLU�HVVD�PDJLD��D¿QDO�QRVVR�RXWRQR�p�totalmente caliente.

Nossa proposta é vesti-la por dentro e por fora com dicas para

tornar a vida mais fácil e divertida. Descomplique! Pense “eu mereço,

eu posso, eu realizo” e transforme o encanto de vestir uma roupa

ou acessório em âncoras interpretadas como minutos de felicidade.

Nossa modelo da edição é a linda estudante de moda Thainara

Oliveira, que encantou a todos esbanjando sensualidade e elegância

diante das câmeras da nossa expert Michelle Svicero. A fantasy make-

-up elaborada pela maquiladora Mayra Ferraz e o olhar atento da

produtora de moda Carol Papassoni completaram mais uma deliciosa

maratona de moda para a Az!Fashion. Um beijo especial para Tainara

Jerônimo, nossa assistente junior que contribuir para a edição.

Permita-se, solte suas fantasias e cores, viva com o Viva em estado de Dancin Days!

7

Top pink de malha (R$ 32,00),

calça em cetim de seda floral

(R$ 174,50 ) da Zorah Boutique.

Colar pedras e pérolas R$ 79,00

+ colar chatons e strass R$53,50

da Oficina das Joias.

Top blue em crepe com pedrarias

(R$ 112,00) + calça flare (R$ 146,00)

da Zorah Boutique. Clutch Piton

Fake (R$ 85,50) + pulseira folheada

pedra natural sodalita (R$ 170,90) +

brinco botão com cristal azul (R$

41,00) da Oficina das Joias.

GUIA DE ESTILO E ATITUDE

MOMENTOS ÚNICOS

Você Chic de A a Z!

Itens que marcaram o verão e que são promessas para próximas temporadas. Siga nossas dicas e tenha um

guarda-roupa esperto 4Ever!

CROPPEDMANIACurtos e adesivados, looks que chamam a atenção e propagam a sensualidade latina com força e atitude.

,PSRUWDQWH��D�HVFROKD�GR�WHFLGR�p�IDWRU�IXQGDPHQWDO�SDUD�R�FDLPHQWR�SHUIHLWR��3DUD�¿QDOL]DU��IDoD�FRPR�5LKDQQD��aposte em looks overcoloridos e complemente com peças super pesadas por cima.

Conjunto (top + saia) com motivos étnicos e recortes

esportivos (R$ 210,00) da Zorah Boutique. Braceletes

dourados (R4 44,90 cada) + bolsa metalizada com

inspiração Shourouk (R$ 169,00) da Oficina das Joias.

Chemise em crepe com mix de animal

print e renda nas costas (R$ 207,00)

da Zorah Boutique. Maxi brincos

folheados com pedras naturais (R$

134,90) da Oficina das Joias.

Vestido modelo grego com

motivos étnicos (R$ 112,00 –

acompanha cinto) da Zorah

Boutique. Bracelete com

pedraria aplicada (R$ 112,90) +

pulseiras tecido/fibra com fecho

em prata (R$ 39,50 cada) + colar

(R$ 165,00 acompanha brincos).

LINHA AA cara dessa e da próxima temporada, as apostas em linha A são mais do que certeiras, são necessárias no outono,

no inverno ou no verão. Que tal iluminar casacos cinzas e pretos com cores vivas?

ESTILO8

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10ESTILO

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AMORINCONDICIONAL

ADOTAR É UM GESTO DE AMOR E TRAZ ALEGRIA PARA TODOS. BAURU TEM 10 CRIANÇAS NA FILA PARA ADOÇÃO. NO PAÍS TODO, SÃO 5,4 MIL JOVENS AGUARDANDO UMA FAMÍLIA

A mor incondicional. Essa é a

definição da médica veteriná-

ria Denise Moretti, 43 anos, e

do jornalista e professor João Moretti

Jr, 50, sobre a relação com o filho, o

pequeno João Miguel, de três meses.

Ao ver a relação de cumplicida-

de entre mãe e filho, e o amor do pai

ao relatar os momentos ao lado do

herdeiro fica difícil não imaginar os

passos do casal durante a gestação:

as fotos da gravidez, o passo a passo

de todo o processo nos nove meses

que o processo natural demora. Mas a

gestação de João Miguel foi um pouco

diferente. Durou cerca de três anos.

“E o parto durou três dias”, brinca

Denise sobre a chegada de seu filho.

João Miguel foi adotado recen-

temente pelo casal, que passou esse

tempo esperando para que seu filho

fosse trazido pela “cegonha” do Ca-

dastro Nacional de Adoção, a lista de

espera para quem quer adotar uma

criança ou um adolescente no Brasil.

Depois de avisados da possível ado-

ção, em três dias Miguel já estava

em sua nova casa. Daí, a “demora”

no parto.

O processo total é demorado e tem

explicação: os candidatos a pais pas-

sam por uma criteriosa seleção, para

YHUL¿FDU�DV�FRQGLo}HV�SDUD�¿FDU�FRP�XPD�FULDQoD��6mR�DQDOLVDGDV�FRQGLo}HV�socioeconômicas de forma minuciosa.

Apesar desse tempo todo, o Casal

Moretti ressalta que a demora é ne-

cessária. “São criteriosos e acredito:

Por Bruno MestrinelliFotos Barbara Cavallieri e Arquivo Pessoal

estão certos, estamos tratando de

vida e não de mercadoria, a avaliação

é rigorosa e correta”, afirma Denise.

Outra explicação também para a

demora na maioria dos casos de adoção

é que as famílias preferem adotar re-

cém-nascidos ou crianças menores de

dois anos. Em Bauru, segundo dados

do Cadastro Nacional de Adoção, são

10 crianças disponíveis para adoção.

Dessas, nenhuma é menor de cinco

anos. E quatro são maiores de 15 anos.

No Brasil todo, crianças mais ve-

lhas também dominam a lista. São

5,4 mil disponíveis em todo o país

(a lista é única). Segundo os dados,

80% desse número são formados por

crianças acima de nove anos.

A lista de pessoas que querem adotar

também é enorme no país. São, segundo

os números do Cadastro Nacional, mais

de 30 mil pessoas interessadas.

DUAS VEZESO casal Claudio Petenusse, 44, e

1LO]HWH�3HWHQXVVH������WHP�GRLV�¿OKRV�do coração. Isabela, 14, e Pedro, 10,

foram adotados ainda bebês. Eles já ti-

nham combinado, logo quando come-

çaram o relacionamento, que teriam

XP�¿OKR�ELROyJLFR�H�XP�¿OKR�DGRWLYR��

³1yV�WHQWDPRV�R�SURFHVVR�GH�IHUWL-lização e não deu certo. Ele é desgas-

tante e partimos logo para a adoção”,

conta Nilzete, ao explicar a opção pela

adoção dupla. Pedro e Isabela não são

LUPmRV�ELROyJLFRV��YLHUDP�HP�SURFHV-sos diferentes, mas ambos ressalta-

ram à reportagem da Revista AZ! a

relação que têm com Claudio e Nilzete.

“Nada muda no amor que sentimos

SHORV�PHXV�SDLV �́�D¿UPDP��Nilzete também ressalta o amor

que sente pelos filhos. “Não tem

explicação. Amor é amor. Não há

diferença. Agora uma coisa é certa:

amamos muito, pois eles foram mui-

to, mais muito desejados. Apenas ‘pu-

lamos’ a gestação. É filho do mesmo

jeito”, lembra Nilzete.

DIA DAS MÃES “DUPLO”No segundo domingo de maio,

sempre é comemorado o dia das

mães. No dia 25 de maio, é comemo-

rado o Dia Nacional da Adoção. E os

pais adotivos que participam dessa

matéria passam aos leitores um re-

cado simples, para que todos façam

SDUWH�GHVVDV�FRPHPRUDo}HV�FRQMXQ-

tas: adotar é sim um gesto de amor

que compensa bastante, principal-

Denise Moretti com seu filho, João Miguel: amor de mãe, sem diferenças

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eles seriam nossos filhos” .

NÃO TERMINAUma importante dica de Claudio

e Nilzete é lembrar que os pedidos

SDUD�DGRomR�Vy�FHVVDP�DSyV�R�FDVDO�fazer formal solicitação à Justiça.

(OHV�UHVVDOWDP�TXH�¿]HUDP�R�FDGDVWUR�em várias cidades do país e que foram

chamados para adotar crianças mesmo

DSyV�WHUHP�DGRWDGR�VXD�SULPHLUD�¿OKD��

mente por proporcionar o sonho de

uma família para todos os lados: para

os pais que muitas vezes não podem

WHU�ILOKRV�ELROyJLFRV�H�SDUD�DV�FULDQ-

ças, que precisam de novos pais por

diversas circunstâncias.

“O recado é simples, se tem amor,

sentimento, responsabilidade e ab-

negação, não tenham obstáculos em

VHXV� FRUDo}HV�� &DVR� WHQKDP� G~YL-das, conversem com a gente, quem

sabe nossa experiência possa mos-

trar como a felicidade existe e a vida

acontece conforme os desígnios de

Deus”, afirma Denise Moretti, que é

complementada por Nilzete: “Acha-

mos que nossos filhos estão como se-

mentinhas esperando para nascer, e

Deus acaba dando um jeitinho deles

FKHJDUHP�DWp�QyV��GH�TXDOTXHU�IRUPD�

SAIBA MAIS

Com esses depoimentos, tem como duvidar do amor maior que essas mães e esses pais sentem pelos filhos “do coração”? Veja o passo a passo da adoção e, se quiser mais dicas sobre esse processo para a formação de uma família, entre em contato com o repórter: [email protected]

Família Petenusse: Pedrinho, Claudio, o cachorro Quick, Nilzete e Isa. Família unida

a Isabela. “Decidimos esperar um pou-

FR´��OHPEUD�1LO]HWH��$SyV�DOJXQV�DQRV��UHVROYHUDP�DGRWDU�XP�LUPmR�SDUD�D�¿-

lha, o Pedro. A irmã coruja foi junto

com os pais para a maternidade. “Foi

ela, inclusive, que escolheu o nome”,

comemora a mãe.

Em Bauru, o contato para a adoção

tem que ser realizado diretamente no

)yUXP��QR�VHWRU�GH�DVVLVWrQFLD�VRFLDO��O número é o (14) 3232-1855.

1 3VEJA O PASSO A PASSO PARA ADOÇÃO

1. Procure a Vara de Infância e Juventude do seu município e saiba quais documen-tos deve começar a juntar. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida

2. Será preciso fazer uma petição – prepa-rada por um defensor público ou advogado particular – para dar início ao processo de inscrição para adoção (no cartório da Vara de Infância)

3. O curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção é obrigatório. Na 1ª Vara de Infância do DF, o curso tem dura-ção de 2 meses, com aulas semanais. Após comprovada a participação no curso, o candidato é submetido à avaliação psicos-social com entrevistas e visita domiciliar feitas pela equipe técnica interprofissional. Algumas comarcas avaliam a situação socioeconômica e psicoemocional dos futuros pais adotivos apenas com as entre-vistas e visitas. O resultado dessa avaliação será encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara de Infância

4. Pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união estável também podem adotar; a adoção por casais homoafetivos ainda não está estabelecida em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis

5. Durante a entrevista técnica, o preten-dente descreverá o perfil da criança deseja-da. É possível escolher o sexo, a faixa etária, o estado de saúde, os irmãos etc. Quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado

6. A partir do laudo da equipe técnica da Vara e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz dará sua sentença. Com seu pedido acolhido, seu nome será inserido nos cadastros, válidos por dois anos em território nacional

7. A partir daí, você estará na lista de adoção. Vale lembrar que estilo de vida incompatível ou motivos equivocados podem fazer você voltar para fazer todo o processo novamente

8. Em seguida, caso haja uma criança compatível com suas preferências, a Vara da Infância vai avisa-lo e, se houver com-patibilidade (no caso de crianças maiores), o processo vai para sua fase final. Vale lem-brar que uma criança adotada tem todos os direitos de um filho biológico

Fonte: Conselho Nacional de Justiça

1 4PERSONAZ

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O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO CLAUDIO GOYA EMPREGOU OS CONCEITOS DO DESIGN PARA DAR VIDA AO DESFILE DA ESCOLA DE SAMBA COROA IMPERIAL DA GRANDE CIDADE, QUE FATUROU O TERCEIRO LUGAR E MOSTROU NO SAMBÓDROMO COMO PRODUZIR UM CARNAVAL SUSTENTÁVEL

ACADÊMICODO SAMBA

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desvinculado da lógica capitalista. No capitalismo, o trabalho é apropriado por alguém. No caso do Carnaval, esse trabalho é feito pelo prazer”, destaca.

Nesta entrevista, concedida nos GLDV�TXH�DQWHFHGHUDP�DR�GHV¿OH��*R\D�fala sobre festa popular, arte, política, VRFLHGDGH�H�¿OKRV��(� WDPEpP�UHYHOD�que já enxerga seu futuro em 2018: que morar no Amapá para desenvolver os conceitos da economia solidária e eco-design junto aos artesãos do Norte. “A gente pode colaborar para esse Brasil se desenvolver mais e ver mais gente feliz”, promete..

Revista Az! – Qual foi sua motivação para criar o Labsol? (Laboratório de Design Solidário: projeto de exten-são coordenado por ele e formado por alunos da Unesp, cujo objetivo é esti-mular a economia solidária e o design sustentável junto a comunidades que trabalham com artesanato).Claudio Goya – O curso de design é um curso muito estilista. Quando se pensa em design, pensa-se em auto-PyYHO��DOWD�FRVWXUD��(�LVVR�HVWi�PXLWR�distante da população. O Labsol foi criado para levar design para aquelas pessoas que estão excluídas do design, com o intuito de gerar trabalho e renda em comunidades que trabalham com artesanato, de modo que seja possível injetar design nesses produtos para que eles tenham maior qualidade.

Az! – Você é formado em arquitetura pela FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo). Como a arquitetura entrou na sua vida?Goya –�(X�WHUPLQHL�R�FROpJLR�PXLWR�cedo e entrei na faculdade com 17 anos. Fui fazer engenharia. Naquela época, o natural era ser médico, engenheiro ou advogado. Mas vi que não era aquilo que eu queria fazer o resto da minha vida. Larguei o curso, larguei o está-gio, quase matei minha mãe do cora-ção (risos), mas dei sorte, porque, no primeiro vestibular, sem estudar nada, entrei na USP para fazer arquitetura. A YLGD�OHYD�D�JHQWH��(VWDYD�WUDEDOKDQGR�

com um professor meu, tinha dois anos de formado, e percebi que as coisas es-tavam saindo de mim e eu não estava conseguindo repor. Por isso, resolvi fazer mestrado. Um dia, surgiu a opor-tunidade de vir para Bauru. Pensei em fazer mestrado e doutorado em arqui-tetura aqui e voltar para São Paulo. Daí, o custo de vida no Interior é muito mais baixo, fui me envolvendo cada vez mais com a vida universitária, o salário da Unesp era igual ao da USP, então, não valeria a pena voltar para São Paulo. Bauru é uma cidade boa, recebe muito bem quem vem de fora. Adoro Bauru? Não adoro, mas gosto. Só voltaria para São Paulo aposentado. Mas agora apa-receu a oportunidade de ir para o Ama-pá quando eu me aposentar...

Az! –�(�VXD�DSRVHQWDGRULD�HVWi�SUy-xima?Goya –�6LP��*UDoDV�D�'HXV��IDOWDP�XQV�WUrV�DQRV��(�SRU�TXH�R�$PDSi"�3RUTXH�lá tem muito o que fazer dentro do de-sign, da economia solidária. O Amapá é mais ou menos Bauru quando eu che-guei aqui há 20 anos.

Por Fernanda Villas Bôas Fotos Arquivo Pessoal

E le é professor universitário e coordenador do curso de de-sign da Unesp de Bauru, mas

recentemente ficou conhecido como o carnavalesco da Coroa Imperial da *UDQGH�&LGDGH��D�HVFROD�GH�VDPED�GR�1~FOHR�*HLVHO��EDLUUR�YL]LQKR�GD�XQL-versidade. Foram conjunções astrais favoráveis que uniram esses destinos: &ODXGLR� 5REHUWR� <� *R\D�� DTXDULDQR�de idade não revelada, coordena um projeto de extensão universitária que dialoga com artesãos, o Labsol. Por sua YH]��D�HVFROD�GH�VDPED�GR�1~FOHR�*HLVHO��também aquariana de 22 de janeiro de 1992, só precisava de uma injeção cria-tiva que a levasse a desfilar, a despeito do dinheiro curto.

2�HQFRQWUR�ÀRUHVFHX�H�RV�XQLYHU-sitários, sob a batuta do professor, se jogaram na reciclagem de fantasias antigas esquecidas num depósito da agremiação. “Vamos introduzir um novo Carnaval a partir dessas fanta-VLDV �́� VHQWHQFLRX�*R\D��TXH�UHDSUR-veitou plumas e pedras para recriar a festa no Sambódromo. Conclusão: a Coroa, com o suporte do Labsol, falou VREUH�R�VRQKR�GH�YRDU�QR�GHV¿OH�GH�UXD�deste ano, conquistou o terceiro lugar e – de quebra – saboreou o gostinho de dever cumprido.

3DUD� *R\D�� TXH� p� GRXWRU� HP� DU-quitetura e especialista em economia SRSXODU�H�JHRJUD¿D��D�SDUFHULD�YDOHX�D�SHQD��1D�SUHSDUDomR�SDUD�R�GHV¿OH��ele chegou a ser chamado de Claudinho Trinta pelos amigos (uma referência ao carnavalesco carioca Joãosinho Trin-ta, falecido em 2011), mas sua visão do Carnaval é ainda mais libertária: “É uma das poucas coisas na nossa socie-GDGH�IHLWDV�SHOR�SUD]HU��(VWi�WRWDOPHQWH�

ACADÊMICODO SAMBA

“COMPARADO A OUTROS GOVERNOS, ESSE (GOVERNO DILMA) ESTÁ FAZENDO MUITO MAIS PELOS MAIS CARENTES (...). NÃO É O MELHOR GOVERNO, NÃO É O GOVERNO QUE EU QUERIA, EU QUERIA UM GOVERNO MENOS CORRUPTO. MAS A MISÉRIA DIMINUIU MUITO”Goya

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ra, assim como andar numa cidade esburacada. Agora, uma criança feliz e bem alimentada é a coisa mais linda do mundo.

Az! – Você aplica a sustentabilidade na sua vida? Recicla sentimentos, pesso-as? O conceito de renovação está pre-sente na sua vida?Goya – Sustentabilidade tem três “R”. A primeira coisa é repensar. A gente está sempre repensando as nossas ati-tudes, isso tem que ser uma constante. Reutilizar é o segundo “R”: tanta coisa que a gente joga fora, desde coisas até SHVVRDV��(�GHSRLV�D�JHQWH�WHP�R�UHFLFODU��que é a última etapa da sustentabilida-de. A vida é um eterno reciclar, mas o mais importante da vida é o repensar. Aquilo está de acordo com o que penso, FRP�RV�PHXV�YDORUHV"�,VVR�p�EiVLFR��(X�acho que o Carnaval é uma das poucas coisas na nossa sociedade feitas pelo SUD]HU��(VWi�WRWDOPHQWH�GHVYLQFXODGR�da lógica capitalista. No capitalismo, o trabalho é apropriado por alguém. No caso do Carnaval, esse trabalho é feito SHOR�SUD]HU��(�WDPEpP�QmR�WHP�SROtWLFR�envolvido nem contraventor. As pessoas estão fazendo esse trabalho, e isso não está sendo apropriado por ninguém. As pessoas estão fazendo pelo prazer de fazer algo, pelo prazer do trabalho. Tem várias senhoras que estão trabalhando aqui com a gente e já estão aposentadas.

A aposentadoria dá, às vezes, um vazio, e eu vejo essas senhoras trabalhando com uma alegria! Alegria de estar fa-]HQGR�XP�WUDEDOKR�SHOR�SUD]HU��(ODV�QmR�estão vendendo mais a força do traba-lho, estão doando pela alegria. Isso que é o mais bonito neste Carnaval. Meus alunos estão vindo aqui para trabalhar até de madrugada e todo mundo quer construir algo que vai durar, o que, 40 minutos, uma hora? A sociedade capi-talista perdeu essa coisa de construir pelo prazer, pelo bem-comum.

Az! – Você está falando de um modelo de Carnaval que se aplica ao Interior. Não dá para se pensar em trabalhar pelo prazer no Carnaval, por exemplo, do Rio de Janeiro, que é uma indústria...Goya – Sim, tem um lado do Car-naval que ainda é comercial, mas a grande força do Carnaval ainda é o prazer. Mesmo no Rio, as pessoas pagam R$ 2 mil ou R$ 3 mil numa fantasia, e não é para ganhar algu-PD�FRLVD��(ODV�HVWmR�SDJDQGR�DTXLOR�para ter prazer. A grande loucura do Carnaval é essa: a sociedade permitir que as pessoas façam as coisas pelo prazer, pela alegria.

Az! –� &RPR� YRFr� DYDOLD� R� *RYHUQR�Dilma?Goya –�(X�DFDEHL�GH�YROWDU�GR�1RUGHV-te. Fui conhecer comunidades produ-WRUDV�GH�DUWHVDQDWR�Oi�QR�&DULUL��&(���(�eu já tinha estado lá como turista anos atrás. Não digo que o governo petista seja o melhor dos governos, nem sou petista. Mas que o governo está fazendo muito pela população mais carente do país, isso está. Isso a gente não pode negar de maneira alguma. Comparado a outros governos, esse está fazendo mui-to mais pelos mais carentes. A própria 6HFUHWDULD�1DFLRQDO�GH�(FRQRPLD�6ROL-dária, que é coordenada pelo professor Paul Singer, é uma atitude do PT. O pró-prio desenvolvimento da Secretaria de (FRQRPLD�&ULDWLYD�p�XPD�DWLWXGH�PXLWR�positiva. Não é o melhor governo, não é o governo que eu queria, eu queria um governo menos corrupto. Tem gente en-

Jantar com amigos

Az! – Você trabalha há muito tempo com design. O olhar de um designer é diferente do olhar de uma pessoa co-mum? O que é belo e feio para você?Goya – O olhar de um designer é um olhar treinado de uma maneira di-ferente do olhar do homem comum. Assim como o olhar do fotógrafo é treinado de uma maneira diferente, assim como alguém que está atrás de uma câmera, que vai se preocupar em como vai funcionar a diagonal, o fun-do... O designer acaba desenvolvendo habilidades diferentes em relação a uma pessoa comum. Agora, o que é beleza e o que é feiura para mim? Belo é tudo aquilo que faz bem pra gente. (�IHLXUD�p�WXGR�DTXLOR�TXH�ID]�PDO��$�realidade social do Brasil é uma feiu-

“A VIDA É UM ETERNO RECICLAR, MAS O MAIS IMPORTANTE DA VIDA É O REPENSAR. AQUILO ESTÁ DE ACORDO COM O QUE PENSO, COM OS MEUS VALORES? ISSO É BÁSICO”Goya

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riquecendo a custa do povo de maneira ilícita, é só abrir o jornal e ver. Mas a PLVpULD�GLPLQXLX�PXLWR��(�D�HGXFDomR��embora não tenha grande qualidade, é democrática. As escolas poderiam ser melhores? Poderiam e devem ser me-lhores. Mas, na minha geração, quem frequentava escola pública era a elite. Chegar a uma universidade era con-quista de uma elite. O acesso ao co-nhecimento, à universidade, melhorou bastante. Mas tem muito a melhorar.

Az! – Votaria na Dilma?Goya – Não sei, eu tenho que analisar as propostas de governo. Na última elei-ção, votei na Marina (Silva, PSB).

Az! – Um de seus artistas favoritos é o búlgaro naturalizado americano Java-FKHII�&KULVWR��(�XPD�GDV�SURH]DV�GHOH�foi ter embrulhado a Ponte Nova em Paris para que as pessoas reaprendes-sem a olhar. O que você embrulharia em Bauru? O viaduto inacabado? A ré-SOLFD�GD�(VWiWXD�GD�/LEHUGDGH"Goya –�([LVWH�XP�FRQFHLWR�PXLWR�IRUWH�no trabalho do Christo: retirar do olhar das pessoas aquilo que elas estão acos-tumadas a ver e não enxergam mais. No caso da Ponte Nova de Paris, que é uma ponte belíssima, as pessoas passavam por ela e não a percebiam mais. O que ele fez foi embrulhar a ponte para tirar a ponte da vista para as pessoas voltarem D�Yr�OD��(P�%DXUX��HX�HPEUXOKDULD�R�Hospital de Base. A saúde tem sérios SUREOHPDV��(�HX�WDPEpP�HPEUXOKDULD�os buracos de Bauru.

Az! – Como você é como pai? É um pai liberal, presente?Goya – Sou pai do Pedro e da Júlia. O Pedro é de 1989, vai fazer 25 anos em dezembro, e a Júlia vai fazer 23 em se-tembro. O Pedro fez biologia e está indo para o mestrado, e a Júlia faz design DTXL�QD�8QHVS��(X�QmR�VRX�XP�ERP�SDL��QmR��(X�PH�VHSDUHL�Ki����DQRV��DV�crianças eram pequenas e a separação é uma coisa sempre muito complexa, HQYROYH�XP�PRQWH�GH�FRLVDV��(X�JRVWR�GRV�PHXV�¿OKRV��OyJLFR��GRX�WRGR�R�VX-

porte material, deixei a casa para eles, pago uma belíssima pensão e tudo, mas também tem a coisa da empatia. 'D�PLQKD�¿OKD��VRX�PDLV�SUy[LPR��'R�PHX�¿OKR��QHP�WDQWR��$�-~OLD�p�XPD�IRID��(X�JRVWDULD�GHOD�PHVPR�VH�HOD�QmR�IRVVH�PLQKD�¿OKD��(OD�p�FKDWD�TXH�QHP�eu, é impertinente... (risos).

Az! –�9RFr�IRL�FDVDGR��WHYH�¿OKRV�H�KRMH�tem um namorado. É mais difícil se re-lacionar com mulheres ou com homens?Goya – Ser humano é ser humano, não importa que sexo tenha. Tem comple-xidades... Ser humano é um bicho es-tranho, independentemente do gênero. Tem caras ótimos para se conviver, mu-lheres ótimas para se conviver. Não tem muita diferença, a não ser a TPM (risos).

Az! – Sua atitude pode ser conside-rada corajosa. Você foi vítima de dis-criminação ao fazer essa guinada na orientação sexual?Goya – Não. Primeiro tem a questão da posição social. Pobre é discriminado sempre. Negro é rico? Não tem proble-ma. Viado é rico? Não tem problema. O grande preconceito mesmo afeta as pessoas pobres. Uma outra coisa é que HX�VHPSUH�DEUL�PXLWR�R�MRJR��(X�QXQFD�escondi nada de ninguém. Quando você abre o jogo, é mais difícil as pessoas fu-xicarem sobre a sua vida.

Az! – Onde você se vê daqui a cinco anos?Goya – Me vejo no Amapá trabalhan-do com design. Lá tem muito para ser IHLWR��7RGR�PXQGR�¿FD�SHQVDQGR�QR�centro-sul e eu tenho ido muito para o Norte, para o Amazonas, Pará. Lá, há uma cultura incrível, materiais incríveis, um outro Brasil. As pes-soas acham que o Norte se resume a Parintins, Fafá de Belém e Teatro Amazonas. Lá, tem um povo incrível, uma culinária absurda, muita matéria--prima, muita gente talentosa e muita habilidade manual. A gente, com essa visão de design, pode colaborar para esse Brasil se desenvolver mais e ver mais gente feliz.

EM FOCO

Nome: Claudio Roberto Y Goya

Idade: Não revela

Natural de: Regente Feijó (SP)

Formação: doutor em arquitetura com especialização em economia popular e geografia

Atividade Profissional: professor e coordenador do curso de design da Unesp de Bauru e do Labsol (Laboratório de Design Solidário)

Hobbie: ler e cozinhar para os amigos. Sua nova obsessão é a culinária francesa

Curiosidades: Goya é descendente de espanhóis, japoneses, filipinos e judeus. Ele não vê TV há anos, e só liga o aparelho para assistir a filmes

Novidade: embora não admita formalmente, Goya já está articulando o enredo da Coroa Imperial em 2015. Sua ideia é falar da simbologia do número sete: sete dias da semana, sete pecados capitais, sete notas musicais, sete cores do arco-íris, etc

“BELO É TUDO AQUILO QUE FAZ BEM PRA GENTE. E FEIURA É TUDO AQUILO QUE FAZ MAL. A REALIDADE SOCIAL DO BRASIL É UMA FEIURA, ASSIM COMO ANDAR NUMA CIDADE ESBURACADA. AGORA, UMA CRIANÇA FELIZ E BEM ALIMENTADA É A COISA MAIS LINDA DO MUNDO”Goya

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1 8COMPORTAMENTO

O EXCESSO DE PESO É UMA REALIDADE PARA CADA VEZ MAIS BRASILEIROS. CONHEÇA A CIÊNCIA POR TRÁS DA GORDURA E APRENDA OS SEGREDOS PARA QUEIMÁ-LA

Texto Laís RodriguesFotos: Gabriel Woelke, divulgação e Banco de imagens

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DOSSIÊ DA GORDURA

1 9

C om o aumento do sedentaris-

mo e da obesidade, crescem

também as propostas para so-

lucionar o problema. Dieta da proteína,

do jejum, detox, sem glúten, exercícios

FRP�¿WD�VXVSHQVD��FURVV¿W������+RMH�HP�dia, todo mundo conhece uma receita

para emagrecer.

Porém, noções incorretas sobre

a gordura corporal e mitos sobre sua

queima que já fazem parte do senso co-

PXP�DFDEDP�GL¿FXOWDQGR�R�SURFHVVR�de emagrecimento e, muitas vezes, até

colocando nossa saúde em risco.

ENTENDENDO O METABOLISMOConsidere as calorias que consumimos

diariamente como “energia potencial”.

Depois de digeridas, elas caem em

nossa corrente sanguínea e servem de

combustível para o nosso metabolismo.

Este processo consiste basicamente

em reações químicas que acontecem

no corpo humano e nos mantêm vivos.

É a comida transformada em energia,

que por sua vez é queimada para que

possamos respirar, pensar e realizar

atividade muscular, por exemplo.

Mas, algumas vezes, ingerimos mais

calorias do que podemos queimar. No

organismo, estas calorias restantes são

armazenadas no tecido adiposo, forma-

do por células de gordura. “Temos um

número limitado de células adiposas.

Mesmo com alta ingestão de gordura, o

que aumenta é o volume de cada célula”,

D¿UPD�R�QXWULFLRQLVWD�H�HGXFDGRU�ItVLFR�Andrew Taicir. Ou seja, quando perde-

mos peso, não perdemos estas células,

elas apenas “perdem volume” e continu-

am prontas para receber mais gordura.

A GORDURA DO MALUm ser humano possui, em média, de 10

a 30 bilhões de células adiposas. Gran-

GH�SDUWH�GHODV�¿FD�DUPD]HQDGD�SUy[L-ma à camada de pele e possui função

de isolamento térmico. Mas a gordura

em excesso mais perigosa é a chamada

visceral. Ela se acumula em torno dos

yUJmRV� LQWHUQRV�H�H[SHOH�VXEVWkQFLDV�que elevam o risco de hipertensão, dia-

EHWHV��LQVX¿FLrQFLD�KHSiWLFD��GHUUDPH�e ataque cardíaco.

Andrew avisa que uma maneira de

saber se a gordura abdominal está com-

prometendo sua saúde é medir a cintura

FRP�XPD�¿WD�PpWULFD��3DUD�DV�PXOKHUHV��o ideal é que não ultrapasse os 88cm.

Para os homens, 102cm.

EM AGOSTO DE 2013, O MINISTÉRIO DA SAÚDE DIVULGOU UMA PESQUISA COM RESULTADOS ALARMANTES: 51% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA COM MAIS DE 18 ANOS ESTÁ ACIMA DO PESO. É A PRIMEIRA VEZ QUE O EXCESSO DE PESO ATINGE MAIS DA METADE DOS ENTREVISTADOS DESDE 2006, ANO EM QUE O ESTUDO COMEÇOU A SER REALIZADO

Andrew Taicir, nutricionista e educador físico

É HORA DE QUEIMAR!Nosso corpo já está programado para

ser uma verdadeira máquina de queima

de gordura. De 60% a 70% das calorias

que consumimos já são gastas com as

funções básicas. Outros 10% a 15%, na

digestão dos alimentos. O restante é

queimado com a atividade física.

Por isso, não tem jeito – quem quer

perder peso precisa gastar mais ener-

gia do que consome, aliando uma rotina

alimentar com treinos predominante-

PHQWH�DHUyELFRV��FRPR�FDPLQKDGD��FRU-rida e natação. “Os efeitos termogênicos

do alimento e do exercício são a chave

para que nosso corpo se mantenha em

XP�JDVWR�FDOyULFR�FRQVWDQWH�GXUDQWH�R�dia inteiro”, explica Andrew.

2 0

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NÃO TEM SEGREDO: QUER EMAGRECER E PERDER GORDURA LOCALIZADA? GASTE MAIS DO QUE VOCÊ COME! OU COM UMA DIETA SUPER RESTRITIVA OU COM UMA DIETA MAIS AMENA ASSOCIADA A ATIVIDADE FÍSICA AERÓBIA

Bibiana Borges, médica cirurgiã-geral, pós-graduada em medicina estética

MITO OU VERDADE?$�PpGLFD�FLUXUJLm�JHUDO�%LELDQH�%RUJHV�GHVPLVWL¿FD�DOJXPDV�LQIRUPDo}HV�TXH�

estão na boca do povo e que podem ser aliadas – ou não – de quem quer perder

os quilinhos extras.

EXERCÍCIOS ABDOMINAIS DIMINUEM A GORDURA DA BARRIGA?“MITO. Os abdominais fortalecem a musculatura abdominal. Ponto. De

forma alguma diminuirão a gordura abdominal, por um motivo simples: o que

GLPLQXLX�JRUGXUD�FRUSRUDO�H�ORFDOL]DGD�p�DWLYLGDGH�DHUyELD��6H�YRFr�JDVWRX�PDLV�energia do que consumiu, seu corpo precisará retirar essa energia de algum

lugar - da gordura! Os abdominais fortalecerão a parede abdominal e com isso a

deixará mais chapada e não seca.”

FAZER LONGOS PERÍODOS DE JEJUM AJUDA A EMAGRECER E PERDER GOR-DURA ABDOMINAL?

“PARCIALMENTE VERDADE��6H�¿FDU�HP�MHMXP�SRU�XP�ORQJR�SHUtRGR�irá emagrecer e perder gordura abdominal, porém menos do que se tivesse co-

mendo de 3 em 3 horas. Com o jejum prolongado, você terá outros 3 problemas:

1. Perderá também massa muscular. E isso é um grande problema, pois um corpo

ERQLWR��GH¿QLGR��SRVVXL�SRXFD�JRUGXUD�H�PXLWR�P~VFXOR��HQWmR�YRFr�HPDJUHFHUi��PDV�¿FDUi�FRP�ÀDFLGH]�SRU�WRGR�R�ODGR�����$�SHUGD�GH�PDVVD�PXVFXODU�IDUi�FRP�que seu corpo gaste menos energia: os músculos são uma das partes do corpo

que mais consome calorias. Ou seja, quanto mais massa muscular, mais rápido

você emagrecerá ou poderá comer uma quantidade maior de calorias por dia e

PDQWHU�VHX�SHVR�����4XDQGR�¿FDPRV�HP�MHMXP�SRU�PDLV�GH�WUrV�KRUDV��R�RUJD-

nismo entende que está ‘faltando comida’, então desacelera o metabolismo para

HFRQRPL]DU�HQHUJLD��RX�VHMD��JRUGXUD�D�PHQRV�TXHLPDGD��$OpP�GLVVR��QD�SUy[LPD�UHIHLomR�TXH�YRFr�¿]HU��VHX�PHWDEROLVPR�HVWDUi�OHQWR�H�SUHFLVDQGR�GH�SRXFDV�calorias. As calorias a mais que você ingerir nessa refeição serão convertidas em

gordura localizada.”

EXERCÍCIOS AERÓBIOS SÃO MELHORES PARA QUEIMAR A GORDURA DO QUE OS EXERCÍCIOS ANAERÓBIOS, COMO A MUSCULAÇÃO?

“VERDADE. Infelizmente, não tem segredo: quer emagrecer e perder gordu-

ra localizada? Gaste mais do que você come! Ou com uma dieta super restritiva

RX�FRP�XPD�GLHWD�PDLV�DPHQD�DVVRFLDGD�D�DWLYLGDGH�ItVLFD�DHUyELD��3RU�LVVR�p�interessante a avaliação de um nutricionista: ele avaliará seu metabolismo basal,

que é a quantidade mínima de energia necessária para manter as funções vitais

do organismo em repouso. Para emagrecer, será necessário comer menos calorias

que o valor do seu metabolismo basal, ou ajudar na queima com a atividade física!

(�SDUD�TXHLPDU�JRUGXUD�ORFDOL]DGD��DVVRFLH�D�GLHWD�j�DWLYLGDGH�ItVLFD�DHUyELD�H�WUDWDPHQWRV�HVWpWLFRV��SRLV�Vy�D�GLHWD�QmR�VHUi�VX¿FLHQWH�́

A obesidade em números! 17% da população brasileira é obesa.

A parcela de brasileiros adultos com sobrepeso cresceu de 43% em 2006 para 51% em 2013.

O excesso de peso atinge 54,5% dos homens e 48% das mulheres.

A classificação entre excesso de peso e obesidade é determinada pelo IMC (Índice de Massa Corporal), calculado dividindo o peso, em quilos, pela altura, em metros, ao quadrado. Para o sobrepeso, o IMC deve ser de 25 ou mais. Para a obesidade, 30 ou mais

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O MARCO CIVIL DA INTERNET VEM REGULARIZAR O USO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES, TRAZENDO BENEFÍCIOS AO USUÁRIO, MAS TAMBÉM CRIANDO OPINIÕES DIVERGENTES

2 2COMPORTAMENTO

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DIREITOS E DEVERES NO VIRTUAL

Por Marisa SeiFotos Barbara Cavallieri e Banco de imagens

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S ão 2,7 bilhões de internautas no mundo e 102,3 milhões só no Brasil usando, no compu-

tador, inúmeros serviços, como pa-gamento de contas, armazenagem de documentos, compras, etc. Apesar da importância da internet – que tam-bém é um meio de comunicação e in-formação – na vida dos cidadãos, até há pouco tempo não existia legislação que regulamentasse o que é feito no espaço virtual. E é por ser pioneiro que o projeto PLC 21/2014, que agora YLURX�OHL��¿FRX�FRQKHFLGR�FRPR�0DUFR�Civil da Internet: “É a primeira legis-lação no mundo que estabelece direi-tos e deveres na internet. O projeto estava para consulta pública desde 2009 mas só neste ano foi aprovado pela Câmara dos Deputados e seguiu SDUD�DSURYDomR�QR�6HQDGR´��D¿UPD�R�advogado especialista em tecnologia -RVp�0LODJUH�

No dia 22 de abril, o Senado apro-YRX�R�WH[WR�VHP�PRGL¿FDo}HV�H��ORJR�QR�dia seguinte, a presidente Dilma Rous-VHII�VDQFLRQRX�R�0DUFR�&LYLO�GD�,QWHU-net, durante a abertura do Encontro *OREDO� 0XOWLVVHWRULDO� VREUH� R� )XWXUR�GD�*RYHUQDQoD�GD�,QWHUQHW��1(7�0XQ-dial), em São Paulo. A aprovação do projeto foi agilizada justamente para ser apresentada como lei no evento, que reúne representantes de governos, sociedade civil, técnicos e usuários da rede de diversos países. O projeto foi considerado, pelo Idec (Instituto Bra-sileiro de Defesa do Consumidor), um marco histórico para a garantia dos di-reitos dos internautas brasileiros.

ACESSO GARANTIDO8P� GRV� SLODUHV� GR� 0DUFR� &LYLO� p� D�neutralidade da rede, que garante o tráfego não discriminatório de paco-tes de dados na internet. O provedor ¿FD�LPSHGLGR�GH�EORTXHDU�RX�EDL[DU�D�velocidade da conexão para determi-

nados serviços, por exemplo, o acesso a vídeos – os serviços devem ser trata-dos de forma igual. “Grandes empre-sas queriam fazer da internet um tipo de TV por assinatura: por exemplo, você assina a TV, mas não tem acesso a uma série de canais. Para conseguir assisti-los, precisa assinar um pacote maior, mais caro. Na internet também é assim, paga-se certo valor para o provedor, mas se quiser usar o servi-ço de voz, como VoIP, precisa pagar um valor maior ou a velocidade cai”, H[HPSOL¿FD�0LODJUH�

Com o princípio da neutralidade, o usuário passa a ter a garantia de po-der acessar qualquer serviço na inter-net, com a velocidade que contratou. Quem é contra a neutralidade defen-de que ela restringe a liberdade dos provedores de oferecer conexões de DFRUGR� FRP� DV� GHPDQGDV� HVSHFt¿FDV�de clientes e que o princípio pode en-carecer o serviço, já que todos deverão assinar o mesmo pacote, sem poder escolher tarifas mais simples e limi-tadas. Entretanto, a proposta não im-pedia que os provedores oferecessem pacotes com velocidades diferentes (e YDORUHV�HVSHFt¿FRV�SDUD�FDGD�XPD��

PRIVACIDADEDO USUÁRIOImagine a cena: você acessa um site de uma empresa de calçados e clica em um dos modelos de que mais gos-tou. Não compra nada e fecha a janela. Logo depois, abre outro site e ali está o modelo de sapato, em forma de anún-cio. A situação é bastante comum e tra-ta-se do marketing dirigido de empre-sas que utilizam os dados dos usuários para enviar propagandas personaliza-das, de acordo com suas buscas e, in-clusive, de acordo com os comentários em redes sociais.

Hoje, os provedores vendem li-vremente esses dados para empresas,

“O MARCO CIVIL É O PRIMEIRO PASSO PARA UMA INTERNET MAIS JUSTA. É UM PROJETO QUE COMEÇA A ESTABELECER PRINCÍPIOS E DIRETRIZES QUE ASSEGURAM OS DIREITOS DO INTERNAUTA BRASILEIRO”Daniel Freire e Almeida, advogado

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O advogado especialista em tecnologia José Milagre defende o Marco Civil da Internet como uma proteção à liberdade de expressão

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Por ser um projeto brasileiro, o Marco Civil da Internet só regulamentará o que está dentro do território do país. “É uma lei nacional que trata de um assunto mundial, assim, naturalmente ela tem limites territoriais. O Brasil não pode legislar sobre o que está fora do território, criando um paradoxo, já que a internet é mundial”, diz Daniel. Portanto, a legislação pode esbarrar em alguns problemas, como o fato de que muitos servidores de arma-zenamento de dados estão locali-zados em outros países (a maioria dos servidores de e-mails e redes sociais). Contudo, o projeto pode ser uma referência em termos de legislação da internet, incentivan-do outros projetos semelhantes no mundo todo.

LIMITEDE TERRITÓRIO

PDV�FRP�R�0DUFR�&LYLO�LVVR�VHUi�SURL-bido. “Os registros de acesso só po-derão ser comercializados mediante consentimento do usuário”, destaca R� DGYRJDGR� 'DQLHO� )UHLUH� H� $OPHLGD��coordenador da Comissão de Relações Internacionais e Direito na Internet da OAB-Bauru. Além disso, os provedo-res deverão apagar os dados se o usuá-rio solicitar ao cancelar uma conta, por exemplo, em redes sociais. Apesar da proibição da comer-cialização, os provedores serão obriga-dos a armazenar os dados de conexão por um ano e os registros de acesso (a websites, por exemplo) por seis meses, de forma sigilosa e em ambiente segu-ro. “O objetivo desse armazenamento é favorecer uma investigação no caso de uma infração na internet, servindo como provas e tentando facilitar o co-nhecimento da autoria do infrator, que KRMH�p�R�JUDQGH�GHVD¿R�QR�PXQGR�YLUWX-al. O provedor será obrigado a fornecer esses dados quando houver uma ação judicial”, explica Daniel.Após esse tempo determinado, os pro-vedores deverão apagar os registros. “E é por isso que, se a pessoa foi vítima de crime cibernético, deve ser rápida para buscar a perícia e as medidas jurí-dicas para apuração da autoria, pois se a vítima procura um advogado para es-clarecer um crime que foi cometido há sete meses, por exemplo, o provedor já não será mais obrigado a fornecer as SURYDV´��H[SOLFD�0LODJUH��

ACESSO GARANTIDOGarantir a liberdade de expressão do usuário é o terceiro principal objetivo GR�0DUFR�&LYLO��³$�LGHLD�GR�p�ID]HU�FRP�que as pessoas possam se expressar li-vremente na internet. No entanto, isso não quer dizer que elas não respondam

em tecnologia. A única ressalva são os conteúdos que envolvem sexo ou nudez, em que o próprio usuário pode solicitar a remoção para o website, sem necessi-dade de ordem judicial.

pelos excessos cometidos, como em qualquer outro meio”, ressalta Daniel. 2V�SURYHGRUHV�¿FDP�OLYUHV�GH�UHVSRQVD-bilização de conteúdos publicados pelos usuários, mas são obrigados a removê--los caso haja uma ordem judicial espe-Ft¿FD�PRYLGD�SHOR�LQWHUHVVDGR��QR�FDVR�da publicação ser infringente, como um comentário extremamente ofensivo, ou um vídeo ilegal), e passa a ser respon-sável se não tomar as providências para tornar indisponível tal conteúdo dentro do prazo estipulado.

No entanto, há quem considere que, ao invés de defender a liberdade GR�XVXiULR��R�0DUFR�&LYLO�IDFLOLWD�D�FHQ-sura, pois o projeto possui brechas que servem para o governo controlar o am-ELHQWH�GD� LQWHUQHW��TXH� Mi�p� OLYUH��0DV��SDUD�R�DGYRJDGR�-RVp�0LODJUH��Vy�FRQVL-dera o projeto um tipo de censura quem não conhece o texto profundamente. Hoje, como não há regulamentação, empresas privadas podem determinar o que permanece ou não na rede, além de pessoas comuns poderem solicitar a exclusão de qualquer tipo de conteúdo que considerarem ofensivo – e o prove-dor, por receio de ser responsabilizado, WRUQD�YLiYHO�HVVD�UHPRomR��³0DV��FRPR�o provedor só será considerado respon-sável caso não obedeça a uma ordem judicial, o conteúdo pode permanecer disponível, prevalecendo a liberdade de expressão”, complementa o especialista

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2 6COMPORTAMENTO

MUITOS DIREITOS SÃO GARANTIDOS, HÁ MAIS DE 60 ANOS, PELA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. MAS, SE ELES EXISTEM, POR QUE O MUNDO AINDA SOFRE COM TANTA DESIGUALDADE?

CIDADÃO DE PAPEL

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D epois de seis respostas hesi-tantes, a sétima vem não tão firme, mas ainda assim, mais

clara. “São direitos que todo mundo, tem né? Comer, morar bem. Acho que é isso”. Sim, quase isso.

Aluna do ensino médio na rede pú-blica de Bauru, Letícia Simão arriscou XP�SDOSLWH� VLPSOL¿FDGR�GDTXLOR�TXH�muita gente sabe que existe, mas en-FRQWUD�GL¿FXOGDGHV�QDV�SDODYUDV�SDUD�GH¿QLU�±�D¿QDO��FRPR�TXDVH�WXGR��GLIt-cil é assimilar algo quando este objeto de assimilação está em desuso, impra-ticável, mas essa já é outra conversa...

A verdade é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem uma raiz antiga que consta, inclusive, na Bíblia. A versão cristã conta que o imperador Ciro II da Pérsia viveu no ano 539 a. C.,comandando um exército poderoso, que conquistou a Babilônia, mas não foi responsável pela fama de Ciro até os dias de hoje. Uma mensa-gem divina teria guiado o imperador para que libertasse os escravos judeus e os enviassem de volta à Palestina e, naquele mesmo ano, Ciro declarava o ¿P�GR�FDWLYHLUR�EDELO{QLFR��$LQGD�VH-gundo as escrituras, o próprio desviava as águas do rio Eufrates para que os Judeus pudessem atravessá-lo.

Independentemente de crer ou não no livro mais antigo do mundo, a verda-de é que a ação de Ciro reverbera até os dias atuais, ao menos no papel.

Falando em papel, antes mesmo de ser a matéria que conhecemos hoje, o que havia eram as escrituras em pe-dra e cerâmica, onde Ciro registrou seu

Por Tatiana SantosFotos Gabriel Woelke e Banco de imagens

parecer: toda mulher e todo homem teriam direito a escolher sua religião, igualando-os perante a lei vigente, independentemente de credo ou cor. Para aqueles que precisam ver para FUHU��D�OHJLVODomR�¿FRX�UHJLVWUDGD�HP�um vaso cilíndrico de cerâmica, que é de posse do British Museum, o mu-seu britânico localizado em Londres: o Cilindro de Ciro.

Embora sua origem esteja há mais de 500 anos antes de Cristo, o docu-mento demorou para ser aperfeiçoado e legitimado como conhecemos hoje. Da Babilônia, a ideia de liberdade e igualdade rumou para a Índia, Grécia e Roma, onde acabou se transformando. “Além destes conceitos herdados por Ciro, passou-se a perceber que outras leis já eram naturalmente seguidas. Isso é o que chamamos de lei natural”, explica Sara Cardoso, ativista, formada HP�)LORVR¿D�SHOD�8QLYHUVLGDGH�GR�6D-grado Coração (USC) e mestranda em História pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp).

Depois de parte de sua história ter sido construída nas antigas civilizações, era chegada a hora de grandes potências europeias participarem da formulação GD�GHFODUDomR�¿QDO�� ³$�&DUWD�0DJQD�IRL��UHDOPHQWH��XPD�GDV�PDLV�VLJQL¿-FDWLYDV�LQÀXrQFLDV�QR�SURFHVVR��XPD�vez que o Rei João da Inglaterra havia violado os direitos vigentes. Foi aí que RV�LQJOHVHV�¿]HUDP�SUHVVmR�H�H[LJLUDP�que a legislação fosse registrada, não devendo estar sujeita às vontades dos monarcas. Assim surgiu o documento em que constava, entre outros pontos,

o direito a um estado laico e proteção contra os impostos abusivos”, detalha.

Preste atenção na próxima frase: plenitude de direitos incomoda mui-ta gente. O Rei João poderia, como GHVFRQ¿D�VH� TXH� UHDOPHQWH� SHQVRX�em fazê-lo, coibir a ação massiva e continuar em vantagem. Contudo, an-tes que se desse conta, já havia criado homens livres, que resolveram declarar independência da Grã-Bretanha: era o início dos Estados Unidos da América.

RESQUÍCIOS DA GUERRAAssim como está lá, registrado, que todo homem livre tem direito de ir e vir, e repatriar-se desde que não seja réu em seu próprio país, a Declaração de In-dependência dos Estados Unidos teve seu destaque ao levantar questões até então não discutidas. Se antes, os direi-tos eram concedidos ao coletivo, agora, surgia a noção de direitos individuais e, inclusive, de revolução. O povo francês seguiu à risca, acendeu seus ânimos e foi requerer liberdade, igualdade e fraterni-dade: três substantivos emblemáticos, o lema da Revolução Francesa. Com a Re-pública da França em construção, nasce a Déclaration des Droits de l’Homme et du Citoyen, ou Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Lembra-se do incômodo do monar-ca inglês durante o estabelecimento de direitos iguais na Inglaterra? O incomo-dado da vez era Napoleão Bonaparte, que pode até ter posado de mocinho, mas percebeu o poder subindo à cabeça e, como Hitler desejaria anos mais tarde, GHFLGLX�TXH�GRPLQDULD�R�PXQGR�±�XPD�

o Cilindro de Ciro

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verdadeira ameaça aos direitos recém--garantidos. O desfecho é famoso: os de-mais países europeus se juntaram para GDU�XP�¿P�j�VDJD�QDSROH{QLFD��PDV�R�pior ainda estava se aproximando.&RP�D�6HJXQGD�*XHUUD�±�LVVR�VHP�HQWUDU�na questão paralela, bem antes de 1939, que envolve a invasão dos países coloni-zados, sem a mínima noção de direitos ±�IRPH��PRUWH��GHVHPSUHJR�FRPRYHUDP�(ou ao menos provocaram suposta co-moção) os chefes de estado, que decidi-UDP�¿UPDU�DFRUGR�SDUD�TXH�DV�DWURFLGD-des da guerra não se repetissem mais. O documento apresentado na primeira Assembleia Geral da ONU em 1946, um DQR�DSyV�R�¿P�GDV�EDWDOKDV��IRL�UHSDV-sado à Comissão de Direitos Humanos para que fosse usado na preparação de uma declaração internacional de direi-tos. Membros de oito países receberam a declaração em 1947 para discutir o que seria um esboço. E o primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos nascia um ano depois, con-tando com a participação de mais de 50 países na redação...

RETICÊNCIASVoltando à mesma tecla, apesar de se saber que os direitos existem, poucos sabem enumerá-los e, até mesmo, pa-UDP�SDUD�UHÀHWLU�VREUH�D�DWXDO�LPSUD-ticabilidade dos 30 termos garantidos pela ONU. Embora as imagens que mais ilustram este tipo de desrespeito VHMDP�GH�XPD�UHDOLGDGH�GLVWDQWH�±�D�exemplo de campanhas que apostam no apelo visual para angariar fundos ao combate da desnutrição, nos países do FRQWLQHQWH�DIULFDQR�±�Gr�XPD�YROWD�GH�apenas dez minutos nas ruas bauruen-ses e responda: a Declaração Universal dos Direitos Humanos saiu do papel? Provavelmente, a resposta é “não”.

A região da antiga estação ferrovi-ária é o cenário “perfeito” para a ar-gumentação. Lá, todas as manhãs, um grupo de cerca de dez pessoas se aglu-tina entre cobertores surrados e restos de alimentos, provavelmente provindos de doações. Racionalmente, parece ser impraticável que o município consiga abraçar cada cidadão que encontra-se em situação de rua em Bauru. Não há dados sobre o números de pessoas que

se enquadram nesta condição, entre-tanto, o censo do IBGE de 2010 reve-lou que 5% da população bauruense se encontrava abaixo da linha da pobreza. Considerando um número 350 mil ha-bitantes, seriam mais de 17 mil “mo-radores” sem ter onde morar, comer, quem dirá diversão e arte.

TODA PESSOA TEM O DIREITO DE SER, EM TODOS OS LUGARES, RECONHECIDA COMO PESSOA PERANTE A LEI

Darlene Tendolo, secretária da pasta de Bem-Estar Social da cidade, comenta que há esforços por parte das autorida-des municipais para respaldar o cidadão bauruense em situação de risco. A rede de proteção social da prefeitura tem como objetivo garantir os direitos dos cidadãos por meio de acompanhamento constante, oferecido pelas unidades do &UDV�±�&HQWUR�GH�5HIHUrQFLD�GD�$VVLVWrQ-cia Social. As famílias ali atendidas são encaminhadas a serviços de saúde, edu-FDomR�H�GH�DVVLVWrQFLD�DR�WUDEDOKR�±�DOLiV��uma experiência recentemente acom-panhada pela equipe de reportagem PRVWURX�D�SUR¿VVLRQDOL]DomR�GH�GRQDV�de casa que rumaram para o mercado de trabalho depois de receberem cursos oferecidos pela prefeitura.

TODA PESSOA QUE TRABALHE TEM DIREITO A UMA REMUNERAÇÃO JUSTA E SATISFATÓRIA, QUE LHE ASSEGURE, ASSIM COMO À SUA FAMÍLIA, UMA EXISTÊNCIA COMPATÍVEL COM A DIGNIDADE HUMANA, E A QUE SE ACRESCENTARÃO, SE NECESSÁRIO, OUTROS MEIOS DE PROTEÇÃO SOCIAL

Contudo, a conta não fecha. Apesar dos esforços, ainda há queixas de mo-radores que não têm suas necessidades atendidas devido à grande demanda e falta de cooperação entre os demais ór-gãos públicos das esferas estadual e fe-deral. “Eu acabei juntando R$ 200 para OHYDU�PLQKD�¿OKD�QR�PpGLFR�SDUWLFXODU��Eu sei que tinha que ser de graça, não é? Mas a gente pega um encaminhamento com a assistente social e demora mais uma eternidade para conseguir vaga com o especialista”, reclama a balco-nista Miriam Lopes.

SEM TETO, SEM NADAOutro ponto crítico no que diz respeito às necessidades mais básicas, ou seja, teto e alimento, localiza-se nas pro-ximidades do terminal rodoviário. É na rodoviária que muitos chegam, vão HPERUD�H�XPD�PLQRULD�VH�¿[D��DSUR-veitando-se da estrutura coberta para encontrar proteção nos dias mais frios. Marco Aurélio é um deles: calado, olho baixos, não quer dizer a idade (aproxi-madamente 30) nem o porquê de ter chegado em Bauru. “Vim de Lins, arru-mei um dinheiro pedindo e vim. Agora preciso ver aí alguém para me ajudar, para eu ir para o albergue”. Questiona-do a respeito de sua atual condição, é

TODA PESSOA TEM DIREITO A UM PADRÃO DE VIDA CAPAZ DE ASSEGURAR A SI E A SUA FAMÍLIA SAÚDE E BEM ESTAR, INCLUSIVE ALIMENTAÇÃO, VESTUÁRIO, HABITAÇÃO, CUIDADOS MÉDICOS E OS SERVIÇOS SOCIAIS INDISPENSÁVEIS, E DIREITO À SEGURANÇA EM CASO DE DESEMPREGO, DOENÇA, INVALIDEZ, VIUVEZ, VELHICE OU OUTROS CASOS DE PERDA DOS MEIOS DE SUBSISTÊNCIA FORA DE SEU CONTROLE

2 9AMOR PARA RECOMEÇAR Por volta das seis da tarde já é possível ver a movimentação na rua Inconfidência, ainda na região do terminal rodoviário de Bauru. Muitos, estão de passagem, em busca de emprego e com perspectiva de dias melhores. Outros, são da cidade e tiveram a sorte de conseguir garantia de mais um dia no albergue noturno. Depois de contrato firmado com a Prefeitura Municipal, em 2008, o Centro Espírita Amor e Caridade continua realizando seu projeto de acolhimento a pessoas em situação de rua. Algumas, depois de uma triagem com a equipe do Serviço Social municipal, permanecem na casa, como moradores, por tempo determinado. Outros, aproveitam o banho, a cama e a refeição oferecidos por uma noite – estes, geralmente, também passaram por encaminhamento do Serviço Social, uma vez que houve a necessidade de passar a agendar, controlar e restringir o acesso ao albergue, devido ao número de camas disponíveis. Depois de servir os internos, é hora de organizar as refeições em recipientes de alumínio descartáveis, para que sejam oferecidas àqueles que ficaram de fora e se acumulam no portão, à espera da marmita. Apesar de o local não ter capacidade suficiente para todos os moradores de rua, a equipe de voluntários e funcionários parece não perder sua missão de vista: “reduzir a população de rua, a mendicância, proporcionar melhor qualidade de vida aos assistidos”, o que fica claro desde o cuidado com o alimento servido até o desejo de boa noite, por volta das dez, onde homens e mulheres aproveitam o direito de dormir sobre um colchão por poucas vezes ao ano.

incitado a opinar sobre a responsabili-dade dos governos. “Eu não sei direito, não, moça. A gente não tem dinheiro, não tem nada, como é que vai pagar aluguel, essas coisas? Se o prefeito for ajudar todo mundo que está na rua...”, responde, denunciando que tem pouca ou nenhuma noção de que uma casa é direito universal.

TODA PESSOA TEM DIREITO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO E RESIDÊNCIA DENTRO DAS FRONTEIRAS DE CADA ESTADO

FRATERNITÉLiberdade, Igualdade e Fraternidade são, além de título de trilogia cinema-WRJUi¿FD�� RV� LGHDLV� OHYDQWDGRV� MXQWR�à bandeira da Revolução Francesa. Enquanto os dois primeiros parecem menos, digamos, palpáveis, de modo que são (ou não) exercidos de maneira mais espontânea, a fraternidade parece requerer mais esforço. O próprio Marco Antônio observa que poucos são aque-les que se movimentam em sua direção FRP�R�LQWXLWR�GH�DX[LOLDU��³$t�¿FD�GLItFLO�mudar... Só o prefeito, a presidente, não dá conta. As pessoas teriam que se aju-dar também. Tem gente que pensa que estou aqui por querer, você acha que é LVVR"�(X�Mi�VRIUL�PXLWR��QLQJXpP�¿FD�QD�

rua porque é gostoso”, lamenta. Neste sentido, Sara completa o

raciocínio. “Há a plenitude dos direi-tos, claro. Mas não se pode esquecer de que a responsabilidade mora em cada um. Se há estes direitos, mas eles contemplam uma minoria, o óbvio se-ria concluir que, como cidadão que se EHQH¿FLD�GRV�GLUHLWRV��HX�WHULD�R�GHYHU�de promover a igualdade e possibilitar R�EHQHItFLR�DR�RXWUR��,VVR�GL¿FLOPHQWH�acontece. Como falamos antes, quando há igualdade, há progresso para quem vem de baixo, mas aqueles que estão em cima consideram decadência estar no mesmo nível de quem está emergin-do”, explica a especialista. Ela também H[HPSOL¿FD�SRU�PHLR�GD�UHFHQWH�GLVFXV-são sobre a PEC das domésticas, já que diz ter observado e estudado muitos comportamentos durante a deliberação da decisão que garante direitos à clas-se: “Agora não estamos mais no campo dos direitos universais, mas é curioso observar como a situação parece se re-petir em menor escala. Muitos patrões e muitas patroas se mostraram contrá-rios à decisão de obrigatoriedade do re-gistro para as atividades domésticas, uma vez que isso desestruturaria uma URWLQD�¿QDQFHLUD��YDPRV�GL]HU�DVVLP��‘É a tomada de posse dos direitos (an-tes detidos apenas por mim) que estou sendo obrigado(a) a estender aos meus funcionários, até então sem férias re-muneradas, sem plano de saúde, e sem gasto no meu bolso’, muitos pensaram”.

TODAS AS PESSOAS NASCEM LIVRES E IGUAIS EM DIGNIDADE E DIREITOS. SÃO DOTADAS DE RAZÃO E CONSCIÊNCIA E DEVEM AGIR EM RELAÇÃO UMAS ÀS OUTRAS COM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE

Um dia qualquer na rodoviária de Bauru

3 0

R E V I S T A A Z ! / M A I / J U N 2 0 1 4

DIREITOS UNIVERSAIS,EXERCÍCIO LOCAL“Justamente por parecer algo tão im-praticável e esquecido, pode ter certeza que todos os dias cometemos pequenas e grandes violações totalmente contrá-ULDV�DR�TXH�IRL�R¿FLDOPHQWH�GHFODUDGR�em 1948. Quando a opção sexual de uma colega é diferente da minha e eu a hostilizo por isso, estou reforçando a ideia de que os direitos humanos nun-ca vão sair do papel mesmo. Quantos casos de racismo vemos hoje? Quantos desabrigados vemos hoje? É preciso ter a consciência de que o fato de existir a proteção documentada não faz com que os direitos, surpreendentemente, passem a ser válidos para todos”, es-clarece Sara.

Em português claro, ela reforça que o ativismo de sofá, naturalmente insti-

Um dia qualquer na rodoviária de Bauru

tuído pela sociedade tecnológica, deve YLU�DFRPSDQKDGR�GH�Do}HV�SUiWLFDV�±�H�LVWR�QmR�VLJQL¿FD�SDUWLU�SDUD�R�+DLWL�em missão. Associações de moradores, núcleos universitários, instituições religiosas costumam se organizar em ações de impacto local em diversas áre-as, como cultura, bem-estar, nutrição e emprego. Já organização internacional Unidos Pelos Direitos Humanos, cujo o slogan é “Fazer dos Direitos Humanos uma re-alidade”, acredita que a simples disse-minação da declaração de 1948 é capaz de criar um movimento a favor da mu-dança. No site br.humanrights.com há a disponibilização de ferramentas para educadores, textos, vídeos e material em DVD distribuído gratuitamente,

inclusive para o Brasil. Para a ativista e educadora, não exis-te lugar para atitude pessimista, nem otimista; pé no chão é a sua postura quando o assunto é mudar o mundo. Contudo, faz questão de “alavancar um movimento por dia. A máxima deste trabalho deve ser aquela que diz assim: quem deseja fazer, dá um jeito. Quem não deseja, arruma só uma desculpa”.

AO LONGO DA REPORTAGEM,VOCÊ ACOMPANHOU ALGUNS DOS 30 ARTIGOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

3 2NEGÓCIOS

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O ano de 2014 começou em alta

para os bancos no Brasil. Em

janeiro, quem não acompa-

nhou o noticiário, pôde atestar no bolso

a alta de juros para empréstimo pessoal,

que chegou a atingir os 5%, e para cheque

especial, que teve média de 8%.

'LDQWH�GRV�GDGRV��¿FD�D�SHUJXQWD��quem não gostaria de ter taxas reduzi-

das, acessíveis e ainda ter direito à parti-

cipação nos lucros da instituição bancá-

ria? A resposta para esta questão está em

um termo ainda pouco conhecido pelo

EUDVLOHLUR�GH�PRGR�JHUDO��FRRSHUDWLYD�de crédito.

“No Brasil, atravessamos um perío-

do de expansão, as pessoas estão conhe-

cendo, mas na Europa já é instituciona-

lizado. Percebemos que no sul do país a

cultura de cooperativas é mais difundida

e garante plenos resultados”, garante Ri-

cardo Viegas Berriel, presidente da Si-

credi Centro Paulista, que conta com três

mil associados só na cidade de Bauru.

E quem são esses associados? O

início da Sicredi na cidade é marcado

pela associação de médicos vinculados

JÁ PENSOU EM SE TORNAR DONO DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA? A COOPERATIVA DE CRÉDITO É UMA ALTERNATIVA CONFIÁVEL E INTELIGENTE PARA FUGIR DOS ALTOS JUROS DOS BANCOS CONVENCIONAIS

É PARA TODOS

Por Tatiana SantosFotos Gabriel Woelke

O Sicredi oferece cartão de crédito para a utilização de seus associados

3 3

à Unimed, que passaram a se banca rizar

com foco em todos os benefícios que uma

cooperativa oferece. De olho no suces-

so da iniciativa, empresários seguiram

o exemplo, mas é importante ressaltar

que, o Sicredi é para todos e para o cres-

cimento de todos, pois é como diz seu

slogan “Gente que coopera cresce”. Isto

VLJQL¿FD�TXH��D�SDUWLU�GH�5�����PHQVDLV��pessoas de diversos ramos de atuação,

FRPR�SUR¿VVLRQDLV�DXW{QRPRV��YHQGH�dores, professores, micro e pequenos

empresários, podem formalizar seu ca-

pital de integralização e fazer parte desta

grande rede de vantagens e, o melhor,

sem burocracias.

GENTE COMO A GENTEAo entrar na unidade de atendimento

Sicredi, o diferencial já salta à vista.

&RQIRUWR�� QDGD� GH� ¿ODV�� SUR¿VVLRQDLV�TXDOL¿FDGRV�TXH�RULHQWDP�R�DVVRFLDGR�a realizar o melhor negócio. Isso porque

sabem que estão lidando com uma rede

horizontal, em que não há hierarquias.

“Estamos organizados como qualquer

outra instituição, temos um conselho

que acompanha tudo o que acontece

na cooperativa. Mas é uma questão de

organização, e não de grau de importân-

cia dentro da Sicredi. Nossa prioridade é

dar total apoio para os associados, pois

quando lidamos com ele, sabemos que

estamos lidando com o dono da insti-

tuição”, reforça Ricardo.

Mas, na prática, como funciona este

PRGHOR�¿QDQFHLUR"�$OpP�GH�R�XVXiULR�ser também o dono do negócio, ele pode

con tar com todos os produtos de um

banco convencional. Não abre mão do

cartão de crédito? Sem problemas, a Si-

credi conta com a tecnologia do chip para

oferecer o produto a quem mais precisa.

6H�R�SHU¿O�GR�DVVRFLDGR�YDL�GH�HQFRQWUR�com o ta lão de cheques, a cooperativa

também fornece, bem como demais

produtos de linhas de crédito, investi-

mentos, seguros, consórcios, poupan ça,

mo bile (para quem prefere realizar todas

as transações pela internet e celular) en-

tre outros.

A grande diferença, vale a pena re-

IRUoDU�QR�YDPHQWH��R�DVVRFLDGR�UHFHEHUi�sua parte (chamada de “sobra”), propor-

FLRQDO�j�VXD�PRYLPHQWDomR�¿QDQFHLUD�ou seja, ao valor que investiu durante o

ano. “Como todos somos proprietários,

a ideia é de que um possa ajudar o outro

pois, se é rentável para um, é rentável

para todos”, comenta.

É SEGURO?Essa é a parte mais importante da con-

versa. Por desconhecimento, é natural

TXH�KDMD�FHUWR�UHFHLR��D¿QDO��R�GLQKHLUR�conquistado com muito trabalho deve ir

para mãos seguras, não é? Para acabar

com qualquer dúvida, Ricardo reforça

que a Sicredi é auditada e monitorada

pelo Banco Central. “Somos monitora-

dos 24 horas por dia”, comenta.

O próprio Banco Central esclarece,

em seu site, que as cooperativas têm

caráter 100% legal, e ainda reforçam as

vantagens já explicadas pelo presiden-

WH�GD�XQLGDGH�ORFDO��D�FRRSHUDWLYD�SRGH�ser dirigida e controlada pelos próprios

associados; a assembleia de associados é

quem decide sobre o planejamento ope-

racional da cooperativa; a aplicação dos

recursos de poupança é direcionada aos

cooperados, contribuindo para o desen-

volvimento do grupo e, também, para

o desenvolvimento social do ambiente

onde vivem; o atendimento é persona-

lizado; o crédito pode ser concedido em

prazos e condições mais adequados às

características dos associados; os asso-

FLDGRV�SRGHP�VH�EHQH¿FLDU�FRP�R�UHWRU�no de eventuais sobras.

Falando nisso, quando o assunto é

atendimento personalizado, o associado

SRGH�¿FDU�PDLV�WUDQTXLOR�DLQGD��$¿QDO��costuma ser um pouco incômodo quan-

GR�R�FOLHQWH�YDL�DWp�XPD�LQVWLWXLomR�¿�

SOBRE A SICREDI

Presente em onze estados brasileiros, o Sicredi possui um Banco Cooperativo que foi autorizado pelo Conselho Monetário Nacional em 1995, por meio da Resolução 2.193/1995, a atuar como o primeiro banco cooperativo privado do Brasil. Na região, a cooperativa de crédito Sicredi Centro Oeste SP conta com unidades em Jaú, Pederneiras e Bauru que, inclusive, é sede da Superintendência Regional, que abrange 23 cidades. Para conhecer mais sobre os benefícios, visite a Sicredi Bauru, localizada na Rua Agenor Meira, 12-81.

Telefone: (14) 3312-3232.

nanceira e é bombardeado por produtos pe-

los quais não está buscando e, muitas vezes,

sofre com a falta de informação – não é raro

ouvir relatos de clientes nada satisfeitos,

que acabam levando “gato por lebre”.

“Na Sicredi, o atendimento é huma-

QL]DGR��TXHUHPRV�SURPRYHU�D�¿GHOLGDGH�do associado e fornecer não só produtos,

EHP�FRPR�XPD�FRQVXOWRULD�¿�QDQFHLUD��'H�repente, o associado quer fazer um em-

préstimo em determinada linha de crédi-

to, quando poderia optar por outro tipo de

¿QDQFLDPHQWR�SDJDQGR�EHP�PHQRV��3DUD�um banco convencio nal, é vantajoso que o

cliente pague mais. Para nós, é importan-

te possibilitar que nosso associado faça o

melhor negócio, cooperamos para crescer

MXQWRV�VHPSUH �́�¿QDOL]D�

Ricardo Viegas Berriel, presidente da Sicredi Centro Paulista

Mas para quem é adepto do cheque, a instituição também fornece

3 4G I R O A Z !

R E V I S T A A Z ! / M A I / J U N 2 0 1 4

MAIO, O MÊS DAS NOIVAS!

Fotos Barbara Cavallieri e Gabriel WoelkeColaboração André Timex e Daniela Falasca

Co

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dret

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foto

grafi

as.c

om

.br

Carlos Henrique Placca e Marcela Xavier Tribug

M aio é o tradicional mês das noi-vas e também do lançamento da edição de número 19 da Revista

Az!. Por isso, começamos o nosso tradi-cional Giro AZ! com uma homenagem às noivas, em lindos cliques de André Timex e Dani Falasca. Se você vai se casar em maio, esse mês tradicional das noivas, parabéns! Temos também a cobertura dos mais im-portantes eventos de nossa cidade, trazen-do lançamentos, inaugurações e presenças mais do que Vips nos eventos de Bauru. Divirta-se!

3 5

Maria Paula Almeida e Caio Ariede

Maysa Pinheiro Chagas Moço, Patricia Mello Fornazari, Lilian Pinheiro e Miriany Cristina Valerio Chagas

TRASH THE DRESS BY DANI FALASCA

Marianne Torres Jorge Miriany Cristina Valerio e Roberta Fornazari

Juliana Moura Moreira, Patricia Mello Fornazari e Miriany Cristina Valerio

LANÇAMENTO DA COLEÇÃO LA BALLERINA NA ATELIER MIX

3 6G I R O A Z !

R E V I S T A A Z ! / M A I / J U N 2 0 1 4

INAUGURAÇÃO DA AUSTIN

Andrea Garcia, Gustavo Tavano, Tiago Nunes, Rosangela Sarto, Tiago Carvalho e Thalita Carvalho

Mirian Izabel da Silva e Flavia Sandri

Valentina Tavano Carvalho, Liliam D’Aquino Tavanoe Antonella Tavano Carvalho

Valentina Tavano Carvalho, Liliam D’Aquino Tavanoe Antonella Tavano Carvalho

Claúdia Leal e Rafael Tavano

Rose Araujo, Luíza Peres e Larissa Ramos

REINAUGURAÇÃO DA MANIA DE PUFF

3 7

REINAUGURAÇÃO DA SANTA LOLLA

Cristina Vidotto , Maria Elisa Galicia e Lisandra Mansano

Estela Lourenço, Cristina Garmese Idalina Barbosa

Fernando Ribas, Cristina Vidotto , Maria Elena Vieira e Laiandra Ribas 6R¿D�$OHQFDU�'DEUX]R Karina Ribas e Maria Elisa Galicia

Melina Dalmas, Maria Elisa e Adalberto Galicia e Víctor Costa Melina Dalmas e Bárbara Galícia

Maria Elisa Galicia, Sabrina Ucella, Patrícia Alencar, Gabriela Carvalho, Dandara Serena e Fernanda Armani

Maria Laura Galicia, Nicole de Paula, Laura Vieira e Luize de Paula

3 8G I R O A Z !

R E V I S T A A Z ! / M A I / J U N 2 0 1 4

Dr. Agostinho Donizeti, dr. Roberson Antequera Moron, dr. Orlando Costa Dias e dr. Enidélcio de Jesus Sartori

LANÇAMENTO DA NOVA CAMPANHA DA UNIMED

Mariana Cestari, Vanessa Colim, Fernando Jabur, José Siquieri e Pedro Caversan

Coral Astropontes Marcos Pontes

Fabio Delboni, Alessandra Simeão, Kamila Mayumi, Guilherme Marcelino, Marcia Palhacci, Victor Leonardo, Felipe Cavaca, Alessandra Cerigatto, Erika Dios, João Perussi, Israel Denadai e Kaue Ferreira Moraes

Dr. Enidélcio de Jesus Sartori, dr. Agostinho Donizeti, dr. Ajax Rabelo Machado e dr. Roberson Antequera Moron

COMEMORAÇÃO DA “MISSÃO CENTENÁRIO”

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R E V I S TA A Z ! / MAI/JUN 2014