Backups B - backstage.com.br · método Guitarra - Harmonia, Técnica e Improvisação, e professor...

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40 www.backstage.com.br PRODUÇÃO Ricardo Mendes é produtor musical, formado pelo Guitar Institute of Technology, autor do método Guitarra - Harmonia, Técnica e Improvisação, e professor da EM&T. B Backups Quem nunca se viu com problemas de backup? E aquela session que não quer abrir ou não encontra os arquivos de áudio. E quando você tenta transportar uma session de Cubase gravada em um PC para uma session de Pro Tools em um Mac? ackups não são somente algo para armazenar a informação. Eles também são um meio de transpor- te entre sistemas. O backup tem que ser feito de forma criteriosa, caso contrário, podemos correr o risco de incompatibili- dade entre sistemas ou então, no caso de ter que abrir a sessão um ano depois, de ver aquela desagradável janelinha per- guntando “where´s Audio_file_01.02?” Hoje em dia, com a velocidade dos upgrades de sistemas operacionais e de softwares, é perturbadoramente comum o risco de não conseguirmos abrir um pro- jeto gravado relativamente recente, como do tipo um ano atrás. Isso é assusta- dor. Sistemas mudam, softwares mudam e a gente não sabe exatamente em que ponto dessas mudanças a nossa session passa a se tornar incompatível. Um exemplo clássico: os plug-ins que roda- vam no Mac OS-09 não rodam no Mac OS-X. Se uma session foi gravada em um sistema e se tentar abrir no outro sistema, de cara todos os plug-ins foram perdidos. Como os plug-ins fazem parte do proces- so de mixagem, já deu para ver que se perdeu a mixagem... Mas a tecnologia é uma coisa fantásti- ca. Ela oferece várias ferramentas para corrigir os problemas que ela mesma cria. A maioria das DAWs (digital audio workstations) oferecem vários canais. Normalmente, mais do que utilizamos em nossos projetos. Bem, vamos tirar proveito disso. A melhor maneira de transformar uma mixagem de uma sessão absoluta- mente compatível com qualquer sistema ou qualquer software é transformar abso- lutamente tudo em áudio. Plug-ins não são áudio, eles são processamentos aplica- dos em cima do áudio. Mesmo se você ti- ver processadores externos, como reverbs, delays, compressores, etc., transforme-os também em áudio. Pode ser que daqui a um ano você tenha vendido um deles e tenha que abrir uma session onde você te- nha utilizado justamente o periférico que você vendeu. Enderece o output de cada track para o input de cada track novo e grave (ou renderize, ou faça um bounce) o som já com o processamento do início até o final da música. Desta maneira, este novo ca- nal terá o som já com o efeito, todo o movimento de automação, e estará con- solidado desde o início da sessão, evitan- do assim também problemas de sincro- nismo. Desta maneira, se você tiver que abrir esta sessão em outro sistema e não con- seguir abrir a session, basta abrir uma session nova, seja em qualquer software, colocar todos os tracks em 0 db, importar todos os tracks e colocá-los alinhados no começo da música... e play! Como mágica, a sua mix toca em qualquer sistema com compatibili- dade total com qualquer software. Dá um trabalho para renderizar todos os tracks, mas o ganho é a eternidade... Bem, mas não delete os tracks origi- nais, pois você pode mudar de idéia, des- cobrir um erro e ter que voltar atrás. Co- loque-os inativos, ou então salve uma outra session sem eles. Você pode, depois de ter mixado, chegar à conclusão de que comprimiu o baixo demais. Bem, volte ao track original, alivie o compres- sor e renderize de novo. Mas se você não tiver mais espaço no seu HD, sugiro que faça um backup da session original antes de limpá-la do HD. Se você decidir jogar a session original fora e ficar só com a renderizada, só resta desejar boa sorte. O risco é seu...

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PRODUÇÃO

Ricardo Mendes é produtor musical, formado

pelo Guitar Institute of Technology, autor do

método Guitarra - Harmonia, Técnica e

Improvisação, e professor da EM&T.

B

BackupsQuem nunca se viucom problemas debackup? E aquelasession que não querabrir ou não encontraos arquivos de áudio.E quando você tentatransportar umasession de Cubasegravada em um PCpara uma session dePro Tools em um Mac?

ackups não são somente algo paraarmazenar a informação. Elestambém são um meio de transpor-

te entre sistemas. O backup tem que serfeito de forma criteriosa, caso contrário,podemos correr o risco de incompatibili-dade entre sistemas ou então, no caso deter que abrir a sessão um ano depois, dever aquela desagradável janelinha per-guntando “where´s Audio_file_01.02?”

Hoje em dia, com a velocidade dosupgrades de sistemas operacionais e desoftwares, é perturbadoramente comumo risco de não conseguirmos abrir um pro-jeto gravado relativamente recente,como do tipo um ano atrás. Isso é assusta-dor. Sistemas mudam, softwares mudame a gente não sabe exatamente em queponto dessas mudanças a nossa session

passa a se tornar incompatível. Umexemplo clássico: os plug-ins que roda-vam no Mac OS-09 não rodam no MacOS-X. Se uma session foi gravada em umsistema e se tentar abrir no outro sistema,de cara todos os plug-ins foram perdidos.Como os plug-ins fazem parte do proces-so de mixagem, já deu para ver que seperdeu a mixagem...

Mas a tecnologia é uma coisa fantásti-ca. Ela oferece várias ferramentas paracorrigir os problemas que ela mesma cria.A maioria das DAWs (digital audioworkstations) oferecem vários canais.Normalmente, mais do que utilizamos emnossos projetos. Bem, vamos tirar proveitodisso. A melhor maneira de transformaruma mixagem de uma sessão absoluta-mente compatível com qualquer sistemaou qualquer software é transformar abso-lutamente tudo em áudio. Plug-ins nãosão áudio, eles são processamentos aplica-dos em cima do áudio. Mesmo se você ti-

ver processadores externos, como reverbs,delays, compressores, etc., transforme-ostambém em áudio. Pode ser que daqui aum ano você tenha vendido um deles etenha que abrir uma session onde você te-nha utilizado justamente o periférico quevocê vendeu.

Enderece o output de cada track parao input de cada track novo e grave (ourenderize, ou faça um bounce) o som jácom o processamento do início até o finalda música. Desta maneira, este novo ca-nal terá o som já com o efeito, todo omovimento de automação, e estará con-solidado desde o início da sessão, evitan-do assim também problemas de sincro-nismo. Desta maneira, se você tiver queabrir esta sessão em outro sistema e não con-seguir abrir a session, basta abrir uma session

nova, seja em qualquer software, colocartodos os tracks em 0 db, importar todos ostracks e colocá-los alinhados no começo damúsica... e play! Como mágica, a sua mixtoca em qualquer sistema com compatibili-dade total com qualquer software. Dá umtrabalho para renderizar todos os tracks, maso ganho é a eternidade...

Bem, mas não delete os tracks origi-nais, pois você pode mudar de idéia, des-cobrir um erro e ter que voltar atrás. Co-loque-os inativos, ou então salve umaoutra session sem eles. Você pode, depoisde ter mixado, chegar à conclusão deque comprimiu o baixo demais. Bem,volte ao track original, alivie o compres-sor e renderize de novo. Mas se você nãotiver mais espaço no seu HD, sugiro quefaça um backup da session original antesde limpá-la do HD. Se você decidir jogara session original fora e ficar só com arenderizada, só resta desejar boa sorte. Orisco é seu...

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Eis o processo

Mantenha os tracks editados com seuscrossfades e fades, é claro, enquanto nãoestiver pesando na sua máquina. Ficasempre mais fácil fazer um ajuste rápido.

Renderize os tracks editados para umtrack novo. Desta maneira, você nãoterá o track preservado na sua integrida-de e não correrá o risco de ter algum pro-blema de sincronismo.

Renderize os tracks que tiverem algumtipo de processamento, tanto de plug-ins ouexterno. Da mesma maneira que os siste-mas operacionais e softwares mudam e al-guns plug-ins são inevitavelmente deixa-dos para trás. Nem importa muito discutir oporquê da questão. Pode ser até porque ofabricante faliu. O fato é que existe a pos-sibilidade de você ter que voltar a umasession antiga para mexer em algo, mas oseu sistema já é novo e aquele plug-in nãoexiste mais. A mesma coisa para umprocessador externo. Pode ser que nestemeio tempo ele tenha pifado de vez. Poressas razões, renderize todos os canais complug-ins como compressores, gates, limiters,equalizadores, etc. para tracks novos, é ób-vio, incluindo o processamento do plug-in.Se você fizer isso com o plug-in desligadoestará trocando seis por meia dúzia. Faça amesma coisa com o processador externo,se você tiver um. Isso inclui gravar oreverb e o delay. Freqüentemente, façoisso não só por backup, mas também paraliberar o processador, pois plug-ins dereverb normalmente exigem muito doprocessador da máquina.

Renderize tudo o que for MIDI. Damesma maneira que um processador exter-no pode não estar disponível daqui a umano, os teclados, samples ou baterias eletrô-nicas podem também não estar. Não fazdiferença se eles são de hardware ou virtu-ais, transforme tudo em áudio. Tecladospifam também. O meu caiu no chão e que-brou. Além disso, alguns sistemas podemter uma latência de MIDI diferente de um

para o outro. Aquela percussão MIDI podeficar com um “suingue diferente” se o ou-tro sistema que você tentar abrir tiver umalatência diferente do sistema no qual elefoi originalmente programado. Nem penseem não renderizar os tracks de MIDI paraeconomizar HD. Esse, com certeza, será umbarato que sairá caro. Mas, é claro, deixe ostracks de MIDI guardados, pois você podejustamente decidir mudar o som. Lembre-seque a maioria dos sons de sintetizadores éestéreo. Isso quer dizer que neste caso vocêterá que renderizar cada sintetizador paraum canal estéreo ou dois canais mono.

Criar uma session “à prova de futuro” re-quer um esforço considerável. É um traba-lho técnico, chato e consome um monte deespaço no seu HD. Pode ser que você jamaistenha que mexer neste projeto novamentena sua vida e todo este cuidado terá sido emvão, mas se por um acaso você tiver quemexer nele de novo, especialmente se forum tempo depois e algumas coisas tiveremmudado em seu sistema, ou então trans-portá-lo para outro sistema, você ficará dejoelhos e agradecerá aos céus por Deus terlhe dado forças para enfrentar uma tortu-rante sessão de backups. O ideal é ter duassessions: uma original e outra renderizada. Aoriginal lhe dará a possibilidade de ter os sonscomo foram gravados, para quem sabe co-meçar uma mixagem nova do zero. A ver-são renderizada irá lhe permitir ter exata-mente como era a mixagem e fazer ajustesnecessários sem que se tenha que fazer todaa mixagem novamente.

Não podemos nos planejar para umfuturo que não conhecemos, então te-mos que ter um backup à prova de in-compatibilidades. Quem sabe um diamandam uma session sua em uma navepara fora do nosso sistema solar? Talvezeles não tenham Pro Tools por lá...

Abraços.

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