Banheiro Seco - Saneamento Com Principio Ecologico - Cepagro

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1 Cooperação Cepagro / CEDAPP: 126 Banheiros Secos construídos no semiárido brasileiro Sensibilização comunitária para implementação do método Métodos de construção e gestão de um Banheiro Seco Saneamento como princípio agroecológico e resposta à crise de água Banheir o Seco COLEÇÃO Saber na Prática vol. 1

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Neste volume, abordamos nossa experiência adquirida com aconstrução de Banheiros Secos. Trata-se de um método eco-logicamente correto para o tratamento dos dejetos humanos,que são convertidos em adubo, dispensando o uso de água.

Transcript of Banheiro Seco - Saneamento Com Principio Ecologico - Cepagro

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    Saneamento como princpio agroecolgico e resposta crise de gua

    Banheiro Seco

    C O L E O

    Saber naPrtica

    vol. 1

  • 2

  • 1S a n e a m e n t o c o m o p r i n c p i o a g r o e c o l g i c o e r e s p o s t a

    c r i s e d e g u a

    F l o r i a n p o l i s , 2 0 1 3

    Banheiro Seco

  • 2C E P A G R OCentro de Estudos e Promoo da Agricultura de [email protected]+55 (48) 3334-3176 Florianpolis, SC - Brasil

    Coordenao geral Charles Onassis Peres Lamb Coordenao do eixo urbanoMarcos Jos de Abreu

    Coordenao do eixo ruralMarcelo Farias

    C o l e o S a b e r n a P r t i c a

    Conselho Editorial (Volume 1 Banheiro Seco)Charles Onassis Peres Lamb, Erika Sagae, Luciano Tommasi, Marcos Jos de Abreu,

    Coordenao EditorialFernando Angeoletto

    Redao e edioAna Carolina Dionsio e Fernando Angeoletto

    Design grficoJonatha Jnge

    FotografiaFernando Angeoletto e acervo Cepagro

    IlustraesHatsi Rio Apa

    ProduoFlorimage Servios Grficos

    ApoioInteramerican Foundation (IAF)

    ISBN 978-85-67297-01-9

    Este trabalho est licenciado sob a Licena Atribuio-NoComercial 3.0 Brasil da Creative Commons. Para ver uma cpia desta licena, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/br/

  • 3SANTA CATARINA

    Jaragudo Sul

    JoinvilleAraquari

    ItajaItapemaVidal Ramos

    ImbuiaLeoberto Leal

    Nova TrentoMajor Gercino

    PalhoaFlorianpolis

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    Alfredo WagnerRancho Queimado

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    rea de atuao do Cepago

    Saber na PrticaV I V N C I A S E M A G R O E C O L O G I A

    C O L E O

    Esta coleo apresenta a sistematizao de metodologias ado-tadas pelo Cepagro em seu trabalho de organizao popular, dirigido a famlias em comunidades rurais e urbanas do Lito-ral Catarinense, Grande Florianpolis e Alto Vale do Itaja. A coleo focada nas aes a partir de 2006, quando foram firmados os convnios com a IAF (Fundao Interamericana) e outros parceiros de cooperaes internacionais e entes pblicos.

    O fortalecimento do Cepagro foi notvel neste perodo, sobretudo como articulador do Ncleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia. Somos um importante n desta Rede, que representa mais de 3.000 famlias agricultoras em todo o Sul do Brasil. Alm disto, e com igual destaque, foi neste intervalo de 7 anos que os trabalhos com Agricultura

    Urbana tornaram-se um reconhecido eixo de atuao da entidade.

    Dividida em 4 volumes, a coleo Saber na Prtica: Vivncias em Agroeocologia um registro histrico e metodolgico que visa auxiliar outras organizaes a replicarem as aes apresentadas - levando em conta o que h de afinidades e diferenas entre as realidades, sempre no sentido de adotar tcnicas sustentveis de Agricultura e Gesto de Resduos Orgnicos.

  • 4Banheiro Seco

    Neste volume, abordamos nossa experincia adquirida com a construo de Banheiros Secos. Trata-se de um mtodo eco-logicamente correto para o tratamento dos dejetos humanos, que so convertidos em adubo, dispensando o uso de gua.

    Seguindo princpios da permacultura, alguns tcnicos do Cepagro j utilizavam Banheiros Secos em suas residncias. O trabalho da organizao com esta tecnologia iniciou-se junto a agricultores da Rede Ecovida de Agroecologia, que deman-davam sanitrios prximos aos locais de cultivo visando a ecologizao completa das propriedades. Do litoral de Santa Catarina a experincia disseminou-se para o semirido nor-destino, onde a escassez de gua um drama para milhes de pessoas. A construo de mais de uma centena de Banheiros Secos na regio de Pesqueira, em Pernambuco, surgiu de uma articulao entre organizaes mediada pela IAF.

    Nas prximas pginas, o leitor vai conhecer de perto esta histria. So apresentados tambm as ferramentas de sen-sibilizao e educao comunitrias para a implementao dos Banheiros Secos, alm de suas tcnicas de construo e a correta gesto dos resduos.

    S a n e a m e n t o c o m o p r i n c p i o a g r o e c o l g i c o e r e s p o s t a

    c r i s e d e g u a

  • 5SumrioTransformando Resduos em Recursos

    A experincia do Cepagro

    Do sul ao nordeste: a ideia de conviver com a seca

    Articulando Saberes

    Passo-a-passo de implantao de Banheiros Secos no programa Cepagro/Cedapp

    Avaliando resultados, conhecendo novas demandas

    Como funciona um Banheiro Seco

    Uso dirio Cuidados com o Banheiro Seco

    E quando a bombona estiver cheia?

    COMPOSTAGEM Como montar a pilha de compostagem?

    Quanto tempo dura a compostagem? Cuidando da composteira

    Como manter adequadamente a pilha de compostagem?

    DESIDRATAO & ALCALINIZAO Como fazer a desidratao?

    Fechando o ciclo natural

    Referncias Bibliogrficas

    7

    8

    9

    11 15

    17

    22

    24 25 26

    27 28 30 31 32

    33 34

    35

    36

  • 6

  • 7No atual cenrio de desperdcio de gua, contaminao do meio ambiente e perda de fertilidade do solo, o Banheiro Seco uma alternativa ecolgica e sustentvel. Isso porque no usa gua para dar descarga, mas uma mistura de materiais secos visando a Compostagem ou Desidratao/Alcalinizao, transformando os dejetos em adubo. O Banheiro Seco rene, ento, trs vantagens: economiza gua, menos impactante ao meio ambiente e ainda transforma o que seria um poluente em um fertilizante natural.

    Os resduos no vo para o esgoto. Podem ir para uma composteira, onde, misturados a folhas secas, palha e restos de comida, tornam-se adubo depois de alguns meses. Este processo chama-se compostagem e elimina bactrias e microorganismos causadores de doenas presentes nas fezes. J no caso de regies mais secas, e portanto com menos disponibilidade de material para compostagem, a recomendao que os dejetos passem por um processo de desidratao/alcalinizao.

    A urina e as guas cinzas (que saem da pia e do chuveiro) tambm no vo para o esgoto. So usadas para irrigar um crculo de bananeiras, que absorvem os nutrientes destes lquidos.

    Transformando resduos em recursos

  • 8Geralmente, os agricultores no dispem de sanitrios prximos dos cultivos onde passam praticamente o dia todo. Como alternativa a esta realidade, e dentro de uma proposta de ecologizao completa das propriedades, foram construdos Banheiros Secos em stios de 3 famlias do Ncleo Litoral Cata-rinense da Rede Ecovida de Agroecologia, entre os anos de 2006 e 2008.

    Os banheiros foram feitos com madeira de demolio e outros materiais reutilizados, com assessoria do Cepagro, que possua tcnicos e metodo-logia para este fim. A compostagem j era uma tcnica conhecida pelos agricultores. A ideia de produzir mais adubo com os resduos do banheiro foi bem aceita. Por princpios dos agricultores, o adubo era usado apenas em rvores frutferas, descartando-se o uso nos cultivos de hortalias (embora defenda-se que isso seja possvel, se todas as recomendaes tcnicas para o tratamento dos dejetos forem regularmente aplicadas). Na mesma poca, o Cepagro tambm assessorou a construo de Banheiros Secos em hortas comunitrias no municpio de Itaja.

    A experincia do Cepagro

    Tcnico do Cepagro (dir.) apresenta uma das peas do Banheiro Seco, em oficina prtica durante o Encontro do Ncleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida (2008)

  • 9Grande parte do Nordeste brasileiro, alm do norte do estado de Minas Gerais, tem um clima chamado semirido, em que faz muito calor e chove pouco durante o ano. Em 2013, o serto nordestino sofria com uma seca que j se estendia por 2 anos, sendo considerada uma das piores das ltimas 5 dcadas. A falta de gua, alm de dificultar a agricultura, tambm causa dos altos ndices de mortalidade infantil da regio. A maioria destas crian-as morre por doenas que poderiam ser evitadas se elas tivessem acesso a, simplesmente, gua limpa.

    A seca, ento, vem sendo combatida h muitos anos. Existe at um Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Projetos de grande escala, como a transposio do Rio So Francisco, so historicamente prometidos s comunidades. No entanto, questes de ordem poltica e da prpria geografia da regio tornam este horizonte cada vez mais distante.

    Por isso, algumas organizaes comearam a trabalhar com a ideia de convivncia com o semirido, ao invs de continuar tentando lutar contra as condi-es climticas da regio onde vivem.

    Isso significa compreender o meio ambiente (inclusive o clima) como ele , desenvolvendo tecnologias adaptadas a esta condio, sempre respeitando os saberes e a cultura das comunidades. neste contexto que o Banheiro Seco entra, na perspectiva do Gerenciamento de Recursos Hdricos, como uma alternativa sanitria sustentvel para a convivncia com o semirido.

    Do sul ao nordeste: a ideia de conviver com a seca

    Por falta de pasto devido seca, gado abandonado na regio de Buque (PE) e alimenta-se do lixo urbano

    SemiridoPernambuco

    Santa Catarina

  • 10

    BANHEIROECOLG

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    -

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    ex-

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    m

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    banheiroseco fica

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    nzas, para adubo

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    cidades

    Jornal do Commercio, um dos mais maiores do Estado de Pernambuco, noticiou a construo dos Banheiros Secos no ano de 2010

    PARABA

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    36

    5

    1

    5

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    42633

    16

    Distribuio dos Banheiros Secos pela rea de atuao do Cedapp

  • 11

    Belo Horizonte, maro de 2008. De um bate-papo durante um encontro de donatrios da Inter-American Foundation (IAF), surgiu uma ideia que continua dando frutos: a construo de Banheiros Secos no semirido nordestino. A conversa foi entre tcnicos do Cepagro e do Centro Dioce-sano de Apoio ao Pequeno Produtor (Cedapp), entidade baseada na cidade de Pesqueira, a 180km de Recife, nas portas do serto. Aps um perodo de testes, com financiamento da IAF, assessoria tcnica do Cepagro e o trabalho do Cedapp com a populao local, 126 Banheiros Secos foram construdos em 17 comunidades do semirido pernambucano entre 2009 e 2010.

    De acordo com pesquisas do Cedapp, na zona rural de Pesqueira s 10% das casas tinham sanitrios. Era comum, e ainda , as pessoas defecarem em locais abertos, gerando grande risco de contaminao das poucas reservas de gua disponveis. Projetos anteriores com banheiros convencio-nais foram realizados, mas esbarraram no mesmo obstculo de sempre: a escassez de gua. Foi por isso que, a partir daquele bate-papo informal que aconteceu em Belo Horizonte, a possibilidade de construir Banheiros Secos rapidamente tornou-se uma meta providencial para o pessoal do Cedapp.

    O intercmbio entre o Cepagro e o Cedapp comeou a dar resultados em agosto de 2009. Atravs de um apoio emergencial da IAF, dois tcnicos de Santa Catarina foram a Pesqueira (PE) apresentar a tecnologia e coordenar a construo de dois modelos de Banheiro Seco, que depois foram avaliados pelos usurios e pelo Cedapp, contando com adaptaes que o tornaram mais adequado s realidades locais.

    Antes de comear as obras, os tcnicos do Cepagro realizaram encontros de formao com comunidades da regio de Pesqueira e profissionais do Cedapp. Apresentaram um vdeo sobre a experincia com Banheiros Secos no litoral de Santa Catarina e fizeram uma capacitao com pedreiros das comunidades para a construo dos primeiros sanitrios. Alm disso, deram palestras de sensibilizao para a populao, mostrando como possvel ter um banheiro que funciona sem gua. As oficinas com a equipe do Cedapp tambm foram importantes no processo de construo dos banheiros: a partir dessa capacitao, os profissionais poderiam repassar os conhecimentos sobre como fazer e usar o Banheiro Seco para mais pessoas.

    Articulando SaberesBANHEIROECOLG

    ICO

    DISPENSA

    GUA

    SUSTENTA

    BILIDADE NO

    SEMIRIDO

    Veronica Alme

    ida

    [email protected].

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    n-

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    olo-

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    a agricultura.

    Dependemos m

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    de-

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    guardamos na ci

    s-

    terna para fazer

    comidae tomar

    ba-

    nho, conta o pr

    ofessor Antnio J

    osi-

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    anos, casado e p

    ai de

    gmeasde 10 m

    eses. A famlia u

    ma

    das cinco do St

    io Salambaia, a

    oito

    quilmetros do C

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    a,

    que tiveram dir

    eito aobanheiro

    h

    trs meses. ex

    celente,alm da

    eco-

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    le est sempre lim

    pi-

    nho, testemunh

    a Rosilma Melo,

    es-

    posa deAntnio.

    Salambaia e outr

    as 14 comunida-

    des rurais da me

    sma regio, situ

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    entre Alagoinha

    , Poo, Pesqu

    eira,

    Sertniae Tupan

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    de

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    o do Centro Dioc

    esa-

    no de Apoio ao P

    equeno Produtor (

    Ce-

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    essora h19 anos

    fa-

    mlias de 13 mu

    nicpiosde Perna

    m-

    buco, para fortal

    ecimentoda organ

    i-

    zao comunitr

    ia, gerao de re

    nda

    e gerenciamento

    de recursos hdri

    cos.

    Maria Elizabeth

    Pires, integrante

    do

    centro, conta que

    a inteno ins

    ta-

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    , cada um ao cu

    sto

    de R$ 1.600. O p

    rojeto tem finan

    cia-

    mento de entidad

    es internacionais

    e

    executado com a

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    fa-

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    .

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    sendo utilizada

    em Florianpoli

    s (SantaCatarina

    ),

    pelo Centro de E

    studos ePromo

    o

    da Agricultura d

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    ei-

    ros de doenas pe

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    ao, observa M

    a-

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    anheiroseco, ent

    o,

    tem dado dignid

    ade s pessoas, red

    u-

    zindo doenas in

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    TEMORES

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    o princpio, gerou

    receios.As pess

    oas temiam o m

    au

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    u mostrei a ela

    s a

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    p, todo mundo pen

    -

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    um banheiro se

    m

    gua?,conta a

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    As-

    sociaode Pequ

    enos Produtores R

    u-

    rais de Salambai

    a e Barrinhos, S

    uely

    Rodrigues. Agora

    at quemj tem b

    a-

    nheiro tradicion

    al (o projeto prio

    riza

    quem no tem sa

    nitrio em casa e

    fa-

    mlias com muito

    s filhos)quer exp

    e-

    rimentara novida

    de. Eumesma g

    os-

    taria deter o me

    u, diz.

    O stio enfrenta

    muita dificuldad

    e

    em razo do clim

    a e das poucas fo

    n-

    tes hdricas. As

    pessoasprecisam

    ca-

    minharat seis h

    oras a ppara con

    se-

    guir uma lata d

    gua. L, a gu

    a se

    evaporarpido.

    Tanto que guar

    da-

    chuva protege me

    smo dosol.

    O banheiro seco

    construdo junto

    da casa.Tem chu

    veiro, pia e mic

    t-

    rio, almdo vaso

    que recebe as fez

    es.

    A guausada n

    o banhoe na lav

    a-

    gem dasmos se

    junta aoxixi e co

    r-

    re direto, num c

    ano, para irrigar

    ba-

    naneirase mamo

    eiros, que necess

    i-

    tam de ureia.

    O vaso que receb

    e fezes compost

    o

    por tambor de d

    imetromaior q

    ue o

    da baciasanitria

    . A partesuperior

    de alumnio e a

    mais funda de pl

    sti-

    co. A borda receb

    e tampade loua

    tra-

    dicional, que po

    de ser lavada com

    sa-

    bo e desinfetant

    e. Produtos qum

    icos

    no podem ser jo

    gados novaso. A c

    a-

    da uso,coloca-s

    e um balde pequ

    eno

    com cinzas, p

    de serragem ou

    cal,

    que resseca as f

    ezes. No fica m

    au

    cheiro porque el

    e sai por espcie

    de

    exaustor: um ca

    no finoe alto, c

    omo

    os usados nas

    fossas domstica

    s.

    Quandoo tambo

    r est cheio, deje

    tos

    so removidos pa

    ra compostagem

    .

    Muito calor no

    semirido

    Alternativa evita

    contaminao

    de mananciais

    SOMBRINHA

    O Sol forte faz p

    arte dapaisage

    m do Stio Sala

    mbaia,distante

    230 quilmetro

    s do Recife, on

    de a gua evapo

    ra facilmente

    QUENTE Tem

    peratura no Ce

    ntro dePesquei

    ra subiudemais

    este ano

    www.jc.com.b

    r/cidades

    cincia /meio

    ambiente

    A novidade est s

    endo implantada

    no Agreste por

    uma ONG que ap

    oia agricultores. A

    limpezado

    vaso sanitrio f

    eita comcal, serra

    gem oucinza

    Em Pesqueira, on

    de o banheiro se-

    co tambm vem

    sendo instalado,

    a

    temperatura este

    ve elevada ao p

    onto

    de o termmetro

    da PraaDom Jos

    Lopes, no Centro

    , marcar45 graus

    s

    15h do ltimo di

    a 2.

    Insuportvel. Q

    uando saio de c

    a-

    sa preciso voltar

    antes das 10h,

    co-

    menta adona de

    casa Ftima Med

    ei-

    ros. A vendedora

    Lucieneda Hora

    conta que a loja

    onde trabalha ve

    nde

    20 sombrinhas p

    or dia. As sorvete

    rias

    tambmcalculam

    aumentode 70%

    no consumo. A

    cidade,de quas

    e 65

    mil habitantes, e

    nfrenta racionam

    en-

    to dgua. O gov

    erno doEstado d

    e-

    senvolveprojeto

    para melhorar

    o

    abastecimento.

    No semirido, a

    evaporao su-

    perior s precip

    itaespluviom

    tri-

    cas. Evapora m

    ais doque cho

    ve,

    analisa Maria Eliz

    abeth Pires, do C

    en-

    tro de Apoio ao

    PequenoProdutor

    .

    Por isso,a organi

    zao atua na ed

    u-

    cao das comu

    nidadespara o

    uso

    responsvel da g

    ua. Banheiro seco

    uma dasalternati

    vas de baixo cus

    to.

    FrancisLacerda,

    coordenadora do

    Laboratrio de M

    eteorologia de Pe

    r-

    nambuco, confir

    ma queo semi

    rido

    registraeste ms

    cinco graus a m

    ais

    que emfevereiro

    . O Lamepe cons

    ta-

    tou quinta-feira,

    em Arcoverde, te

    m-

    peraturado ar, n

    a sombra, de a

    t

    35,5 graus. Fran

    cis explica que o

    ter-

    mmetroda praa

    de Pesqueira (viz

    i-

    nha de Arcoverde

    ) pode registrar te

    m-

    po maisquente p

    orque recebe rad

    ia-

    o direta do so

    l e influncias, c

    omo

    o calor do asfalto

    e de edificaes e

    m

    volta. Aalta tem

    peratura, que no

    Ser-

    to chega a 38,5

    graus na sombr

    a,

    deve-se afatores n

    aturais,como o

    el

    nio, e ao d

    o homem, que de

    s-

    mata e imperme

    abiliza osolo.

    APROVAO

    Suely, da Assoc

    iao de Peque

    nos Produtores

    , diz quebanheir

    o seco diminui b

    usca por

    gua emfontes d

    istantesde casa

    . Antnio usa ci

    nzas docarvo

    para limpar o va

    so e poupa sua

    cisterna

    Cada descarga a

    menos significa

    sete ou15 litros

    de guapoupado

    s,

    calcula oengenhe

    iro agrnomo Ma

    r-

    cos Josde Abreu

    , do Centro de E

    stu-

    dos e Promoo

    da Agricultura d

    e

    Grupo (Cepagro

    ), de Santa Cata

    rina.

    Ele orienta a ONG

    pernambucana n

    a

    implantao dos

    banheiros secos.

    Na

    semanapassada,

    esteve nosemirid

    o,

    capacitando agri

    cultorespara o p

    repa-

    ro do adubo org

    nico comfezes hu

    -

    manas.Alm de

    preservar as pou

    cas fontes

    de abastecimento

    existentes, a alter

    na-

    tiva temmais ele

    mentosecolgic

    os e

    de preservao d

    a sade. Evita,

    por

    exemplo, a prod

    uo deesgoto, e

    a

    consequente con

    taminao de m

    a-

    nanciaise do len

    ol fretico. Por co

    n-

    sequncia, proteg

    e o homem de do

    en-

    as porveicula

    o hdrica, j qu

    e as

    fezes tmmicro-or

    ganismos. A cad

    a

    ano, noBrasil, c

    erca de160 mil

    hes

    de toneladas de

    dejetos humanos

    po-

    luem rios ou so

    misturados ao lix

    o

    urbano, compl

    eta Maria Eliza

    beth,

    do Cedapp.

    No Sul dos Pas,

    a experincia com

    banheiros secos

    desenvolvida

    na

    GrandeFlorian

    polis hcinco an

    os,

    em comunidade

    s ruraise urban

    as,

    com apoio intern

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    dade Federal de S

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    As fezeshumana

    s so considerada

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    is,

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    o terreno, a no m

    ni-

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    uma camada d

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    lhas e capim seco

    . Por ltimo, cob

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    ndido agora, o ba

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    nheiro seco in

    iciativaantiga.

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    relatos de que n

    dios brasileiros,

    da

    Amaznia, no p

    assado,adotavam

    a

    prtica,fertilizan

    do a regio, l

    em-

    bra Marcos. Na

    atualidade brasil

    eira,

    teria seincorpor

    ado na dcada de

    60

    e 70, naagricultu

    ra alternativa. An

    -

    tes, China, ndia

    e Oceania aplic

    a-

    vam atcnica,

    misturando fezes

    a

    cascas, folhas e ci

    nzas, para adubo

    or-

    gnico.

    cidades

  • 12

    A construo aconteceu em mutires organizados pelo Cedapp com as comunidades, com assessoria tcnica do Cepagro. Foram construdos banheiros de dois modelos diferentes para armazenamento das fezes: um que utiliza uma bombona plstica, em Serra da Cruz, e outro com uma rampa e duas cmaras de alvenaria, em Horizonte Alegre. As duas comu-nidades ficam na regio de Pesqueira. Pelo baixo custo e maior facilidade na edificao e manuteno, os mora-dores escolheram fazer os prximos sanitrios com bombonas.

    A partir do topo, sentido horrio: Mutiro de construo; Equipe tcnica e moradores; Oficina de compostagem; Modelo de rampa; Modelo com reservatrio plstico (bombona)

  • 13

    Achei chique o meu Banheiro Seco. Quem disser que no presta, vou dizer que foi uma bno. No tem mau-cheiro. Eu no tenho fogo a gs, s o fogo de lenha ali. Vou juntando as cinzas e depois boto no vaso. Quando a bombona encher, vou despejar ali pra plantar bananeira..

    Dona Quitria Comunidade de Stio Cafund Buque, PE

    O conhecimento prtico da compostagem e da desidratao faz parte do mtodo educativo proposto pelo Cepagro, tambm empregado em Pesqueira, com oficinas que abordam desde a montagem das leiras ao manejo cotidiano dos resduos.

    Uma das principais vantagens do Banheiro Seco que os usurios no dependem de uma rede de coleta e tratamento de esgotos. Isso porque a higienizao dos resduos slidos pode ser feita localmente, por compostagem ou desidratao. J a urina e os lquidos que saem da pia e do chuveiro so direcionados para um crculo de bananeiras. Estas da foto foram plantadas em agosto de 2009, quando foi construdo o primeiro Banheiro Seco em Serra da Cruz (municpio de Pesqueira). Em maro de 2010 j estavam dando cachos.

    PRESTE MUITA ATENO!Se no manejado corretamente, um Banheiro Seco pode tornar-se um problema ainda maior do que ele se prope a solucionar. Torna-se, portanto, fundamental compreender a fundo o mtodo que converte os resduos em adubo, eliminando possveis agentes causadores de doenas.

    Pela sua elevada capacidade de evapotranspi-rao, bananeiras so indicadas aos tratamento das chamadas guas cinzas. Outras plantas similares tambm podem ser usadas

  • 14

    A construo dos dois banheiros em Pesqueira, em agosto de 2009, foi um teste para saber qual seria o modelo mais adequado realidade das comunidades atendidas. Nos meses seguintes, outras unidades foram construdas. Mas o intercmbio entre o Cepagro e o Cedapp no parou por a: em maro de 2010, tcnicos de Santa Catarina voltaram a Pesqueira, dessa vez para trabalhar o cuidado e o manejo dos Banheiros Secos e o tratamento dos resduos.

    Entre a primeira e a segunda visita a Pesqueira, a equipe do CEPAGRO desenvolveu uma cartilha sobre Banheiros Secos. Este material foi usado durante encontros de formao com tcnicos do CEDAPP, quando foram discutidas as boas prticas para utilizao dos mesmos.

    Por fim, para verificar o manejo que a populao estava fazendo dos Banhei-ros Secos, as equipes do Cepagro e do Cedapp visitaram 13 comunidades da regio. Realizaram capacitaes e deixaram recomendaes tcnicas sobre a manuteno do banheiro e a compostagem dos resduos.

    Avaliar a percepo que os usurios desenvolveram sobre os Banheiros Secos foi uma das primeiras atividades nas capacitaes. Os moradores foram estimulados a desenharem os sanitrios e explicaram o seu funcionamento. A partir da seguia-se uma discusso sobre os acertos e problemas, com objetivo de socializar as maneiras de superar as adversidades. A etapa era concluda com visita a alguns banheiros da comunidade para verificao.

    Equipe de pedreiros, capacitada pelo Cepagro, constri o pri-meiro modelo de Banheiro Seco da regio de Pesqueira (PE)

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    1 passo (maro de 2008)

    2 passo (agosto de 2008)

    6 passo

    3 passo

    4 passo (janeiro de 2009)

    5 passo (maro de 2010)

    Construodapropostaentreostcnicosefinanciadores

    CapacitaoesensibilizaodaequipetcnicadoCedapp;

    SensibilizaodeduascomunidadesatravsdepalestraseapresentaodeumvdeoelaboradopeloCepagro;

    Construodedoismodeloscomacapacitaodepedreirosesensibili-zao dos usurios.

    Avaliao final do trabalho e recomendaes finais: Adesidrataoomodelomaisadaptadoparatratarasfezesnaquela

    regio;

    Necessidadedeacompanhamentomaisfrequentesfamliasbeneficia-daspeloBanheiroSeco;

    Importnciadeanlisesdoresduotratadoparagarantirahigienicidade.

    Em15comunidadesruraisdosemiridopernambucano,tcnicosdoCedapp apresentam a proposta do Banheiro Seco para sensibilizar as famlias e identificar as mais necessitadas.

    Inciodaconstruodosprimeiros95BanheirosSecos.Ocustounitriofoi de aproximadamente R$ 1.400, com uso de alvenaria e incluso de chuveiro, j que muitas famlias tambm no dispunham de local para banho. Cada obra teve a presena de um ajudante da famlia e acompa-nhamento tcnico do Cedapp.

    IAFfinanciamaisumintercmbioentreCedappeCepagroparaacapacitao de boas prticas de utilizao do Banheiro Seco, atravs de oficinas realizadas em 15 comunidades. Foi elaborada uma cartilha especfica para este fim.

    Passo-a-passo de implantao de Banheiros Secos no programa Cepagro/Cedapp

  • 16

    Cisterna (esq.) e Banheiro Seco so complementares no convvio com o semirido

    Em muitos casos, a gua de um barreiro a nica disponvel, compartilhada com animais e suscetvel a contaminaes

  • 17

    No contexto da cooperao entre organizaes para a construo de Banhei-ros Secos, estivemos enquanto equipe tcnica do Cepagro no semirido nordestino pela terceira vez, em abril de 2013.

    Os objetivos foram aprofundar a avaliao das unidades construdas na regio de atuao do Cedapp e visitar novas comunidades demandantes, desta vez em Teixeira, municpio no interior da Paraba, rea onde atua o CEPFS (Centro de Educao Popular e Formao Social, tambm donat-rio da IAF).

    Na semana da visita, jornais de circulao nacional narravam a crnica de um fato bem marcante, que pudemos testemunhar ao vivo: o semirido amargava uma seca que j somava 2 anos de durao, considerada uma das piores dos ltimos 50 anos.

    Foi observado, durante esta visita, que o projeto de Banheiros Secos tornou--se uma importante ferramenta do eixo de Gerenciamento de Recursos Hdricos (GRH) posto em prtica pelas organizaes locais. Reforando o conceito de convivncia com o semirido que comea pela construo de cisternas a tecnologia social do Banheiro Seco a alternativa de sanea-mento mais adequada.

    Em comunidades do municpio de Buque (PE), que j teve uma das pio-res taxas de mortalidade infantil do pas, a simples adoo de cisternas e Banheiros Secos tem contribudo para a melhoria nos indicadores scio--ambientais. Alm disto, falamos de algo que afeta diretamente a dignidade dos moradores, que sequer dispunham de chuveiros para banho. Em muitos casos, defecavam prximo aos barreiros, que so pequenos lagos escavados para acumular a preciosa gua da chuva, compartilhada com os animais da propriedade. Ainda hoje, em residncias que no dispem de cisternas, a gua do barreiro a nica disponvel para todos os usos, incluindo cozinhar e beber.

    Avaliando resultados, conhecendo novas demandas

  • 18

    H duas perspectivas importantes, do ponto de vista das famlias que o adotaram, sobre o uso dos Banhei-ros Secos. Uma delas a constante adaptao dos modelos, desde o primeiro que foi construdo em 2008. A primeira melhoria obser-vada foi a incluso de chuveiros. Outra mudana importante foi quanto ao vaso que, considerada a incluso da bombona para armaze-namento das fezes, alcanava uma altura de 2 degraus. Observamos duas solues j adotadas para este obstculo: uma delas foi elevar a fundao de alvenaria do Banheiro, e a outra foi acondicionar a bom-bona em um buraco escavado por baixo do vaso. Em ambos os casos, facilitou-se o acesso por idosos, crianas e portadores de necessida-des especiais.

    No modelo construdo em 2008, 2 degraus eram necessrios para acessar o vaso; no havia chuvei-ro, e o mictrio masculino ficava debaixo da pia

    A primeira adaptao realizada pelas comunidades foi a incluso de chuveiro

    Com escavao para embutir a bom-bona, os degraus foram eliminados

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    Detalhe do segrega-dor de urina no vaso.

    Um modelo considerado ideal para as prximas inter-venes: Banheiro Seco com cmara e segregador de urina para homens e mulheres no prprio vaso. As guas so conduzidas a um crculo de bananeiras ou outras plantas com elevada capacidade de evapotrans-pirao, como a taioba

    Outra perspectiva em relao ao tabu a respeito do manejo das fezes humanas, algo compreensvel na cultura ocidental. A necessidade de transportar a bombona para compostagem ou desidratao foi identificada como uma sria restrio ao uso mais continuado do Banheiro Seco. Para contornar esta situao, acreditamos na neces-sidade de um processo educativo mais aprofundado na implemen-tao de futuros projetos, alm da adoo de sanitrios com cmaras de alvenaria, onde o material reti-rado com ps e transportado mais comodamente em um carrinho de mo, por exemplo.

  • 20

    Membros da Associao dos Moradores do Stio Cafund, que administra um Fundo Rotativo Solidrio composto, entre outras, pelas contribuies dos benefici-rios de Banheiros Secos

    A construo dos Banheiros Secos tambm um ente de dinamizao das economias e movimentos associativos locais. Cada beneficirio esti-mulado a contribuir com uma pequena quantia, bem menor que o custo real de construo, para um Fundo Rotativo Solidrio administrado pelas prprias comunidades. Os fundos pressupem um engajamento na busca de solues comuns, tornando as associaes mais autnomas.

    Com sua experincia consolidada, embora ainda demande alguns pequenos ajustes, o Cedapp recebeu recentemente a visita de comunidades atendidas pelo CEPFS. Em Teixeira (PB), pudemos avaliar as impresses dos morado-res que participaram da visita, durante um encontro no Centro de Tecno-logias Experimentais de Convivncia com a Seca, onde variados mtodos, como aproveitamento de guas drenadas de rodovias, reuso de efluentes e pequenas barragens em lajedos de pedras, so testados e avaliados.

  • 21

    Em reunio com comunidades demandan-tes de Teixeira, a abordagem ldica abre espao para futuras intervenes didticas

    De maneira geral, as famlias de Teixeira (PB) apresentam grande expectativa em receber os Banheiros Secos, com uma compreenso bem aprofundada a respeito da importncia de realizar saneamento e economizar gua. O fato de espelharem-se numa experincia j realizada os coloca em um patamar de superao de problemas, mostrando um horizonte de Banheiros Secos ainda mais adaptados realidade local.

    Certamente que o manejo das fezes humanas ainda um tabu, que foi abordado de maneira ldica durante o encontro. Um dos presentes brin-cou:seino,usaradubodefezesnomeucoqueiro;comovaificarminhagua de cco? Ao que foi respondido tambm em tom de brincadeira por Marcos de Abreu, agrnomo do Cepagro: o senhor come tapioca, no come? E por acaso o seu brao vira uma tapioca? Pois ento, na natureza, a transformao a regra. Eis a um inestimvel espao de interveno didtica que deve ser explorado nos prximos projetos.

    Enquanto estratgia para atender esta demanda presente, e outras que certamente surgiro, vislumbra-se a incluso do tema entre as entidades componentes da ASA (Articulao do Semirido), com destaque impor-tncia dos Banheiros Secos e a proposio de parcerias na busca por novos projetos que possam dissemin-los em dezenas, qui centenas, ou ainda milhares de comunidades espalhadas pelo imenso serto brasileiro.

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    Como Funciona um Banheiro Seco?

    Este modelo de Banheiro Seco um dos mais baratos e fceis de construir. A ideia bsica recolher as fezes em bombonas plsticas de 50 ou 60 litros que, quando cheias, so trocadas e levadas para compostagem ou desidrata-o e alcalinizao. O banheiro tambm possui um chuveiro, uma pia para lavar as mos e um mictrio masculino (mas que no futuro pode ser para homens e mulheres). Todos os lquidos do banheiro so direcionados a um crculo de bananeiras.

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    Tampo superior - em geral feito em madeira, onde fixamos o assento sanitrio e o conector da chamin e da bombona.

    Assento com tampa - assento sanitrio plstico comum, com tampa e sem frestas.

    Bombona - recipiente plstico de no mximo 60 litros, para no ficar muito pesado e difcil de manusear quando estiver cheio.

    Balde com mistura de descarga adicionamos essa mistura de materiais secos na bombona cada vez que usamos o banheiro, garantindo seu bom funciona-mento. Para cobrir bem as fezes, precisamos de no mnimo duas canecas da mistura de descarga para cada uso.

    Conector - chapa de alumnio fina de 40 cm de largura que enrolada para formar um cilindro, com um buraco para conectar a chamin. fixada no tampo superior e unida bombona por meio de uma lona ou saco plstico.

    Chamin - tubo de PVC ou metal com tela nas extremidades para evitar a entrada de insetos. Tambm pintada de preto para que se esquente ao sol, ventilando a bombona. Assim diminuem a umidade e o cheiro ruim.

    Pia - Para ser usada sempre aps o uso do Banheiro Seco ou do mictrio. A gua sai da pia, passa pelo mictrio e conduzida para um crculo de bananeiras.

    Mictrio - usado pelos homens, para evitar o excesso de umidade na bombona e tambm aproveitar a urina, que rica em nutrientes, no crculo de bananeiras. Em modelo mais recente, foi substituda pelo segregador no prprio vaso (ver pg. 19).

    Chuveiro - fica ao lado do Banheiro Seco. Sua gua tambm direcionada para o crculo de bananeiras.

    Circulo de bananeiras - buraco com 1 a 2 metros de dimetro e 0,5 a 1 metro de profundidade onde so colocados materiais orgnicos como troncos, galhos, restos de podas e folhas. A gua cinza do chuveiro e da pia (sem contaminao

    de fezes) canalizada para esse crculo. Ao redor dele so plantadas bananeiras, que consomem os nutrientes da gua cinza e da decomposio da matria umedecida dentro do buraco.

    VOC SABIA?Cada bananeira adulta pode absorver at 15 litros de gua por dia. Plantando de 4 a 6 mudas, aps 2 anos teremos uma famlia de at 10 ps adultos, que podero absorver cerca de 150 litros de lquido diariamente.

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    Existem algumas tcnicas para manejarmos um Banheiro Seco e assim diminuirmos o risco de doenas transmitidas pelas bactrias e micro--organismos presentes nas nossas fezes. Seguindo estes trs passos, diminu-mos a praticamente zero as chances de contaminao. O grande segredo do bom funcionamento do Banheiro Seco que, aps us-lo, damos uma descarga para cobrir bem as fezes com duas ou mais canecas de mistura de materiais secos.

    Uso dirio

    Usar o Banheiro Seco: fezes e papel higinico vo para a bombona, a urina vai para um sepa-rador e direcionada para o crculo de bananeiras.

    Dar a descarga, colocando duas ou

    mais canecas de MISTURA 1 ou

    MISTURA 2 (ver box abaixo)

    Lavar bem as mos aps o uso do banheiro.

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    MISTURA 1 para compostagemComposta de material orgnico limpo, seco e rico em carbono P de serra (serragem) Palhadas de culturas como feijo, arroz, milho

    ou capins Folhas secas Papel picado Com esta mistura, o processo de compostagem j comea dentro da bombona. Seu contedo depois tratado em uma composteira.

  • 25

    Cuidados com o Banheiro Seco

    MISTURA 2 para desidrataoUsada quando materiais orgnicos secos e ricos em carbono no estiverem disponveis. O contedo da bombona passa por um processo de desidratao e alcalinizao. Para a descarga, utilizamos: 3 partes de terra fina e seca e 1 parte de cal

    IMPORTANTE!Neste caso o papel higinico tambm deve ser separado, podendo ser queimado. Evitar ao mximo possvel a presena de urina.

    Os homens devem urinar no mictrio, para evitar o excesso de umidade na bombona.

    Para que as mulheres no urinem dentro da bombona, pode ser instalado um separador dentro do vaso.

    Deixar sempre dentro do banheiro um balde com mistura seca para descarga, que evita o mau cheiro e o contato de insetos com as fezes.

    Quando no estiver em uso, a tampa do assento deve ser mantida fechada para barrar a entrada de insetos.

    Limpar o banheiro regularmente, sem jogar gua ou produtos de limpeza na bombona.

    No depositar plsticos como fraldas, absorventes e embalagens.

    Manter a bombona fora do alcance de animais.

    A bombona deve ser trocada por uma nova se estiver com:

    mau cheiro (causado pela falta de material seco de descarga)

    encharcamento (excesso de urina ou outros lquidos)

    insetos (tampa do assento aberta, pouca descarga para cobertura)

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    E quando a bombona estiver cheia?Apesar de a bombona ter 50 ou 60 litros, se esperarmos ela encher completamente para troc-la, sero necessrias duas pessoas para realizar o trabalho. Portanto, troque ou esvazie a bombona de acordo com a sua capacidade para transport-la.

    Posicione a bombona vazia embaixo do conec-tor e prenda o plstico por fora dele. Verifique se o plstico est bem fechado e sem frestas, para que no entrem insetos.

    Coloque uma camada de mistura seca (no mnimo 10cm) no fundo da bom-bona vazia para absorver o lquido em excesso e evitar que os resduos fiquem grudados ali.

    Abra a cinta de segurana, desprenda o plstico que envolve o conector e retire a bombona cheia. Leve o contedo para COMPOSTAGEM ou DESIDRATAO.

    CUIDADOS PARA MANUSEAR A BOMBONA No colocar as mos diretamente no material dentro da bombona.

    Utilizar luvas.

    No armazenar outras substncias dentro da bombona vazia.

    Lavar bem as mos aps a troca da bombona.

  • 27

    Compostagem termoflica o processo de decomposio da matria orgnica feita por vrios micro-organismos. Quando passa por todas suas etapas, a Compostagem gera um material rico em nutrientes e sem perigos para nossa sade. O que elimina as doenas a temperatura que a pilha de compostagem alcana por um determinado perodo, que pode variar entre 45 C e 70 C, se sua montagem foi bem feita. Assim, em apenas uma semana possvel eliminar todas as bactrias, protozorios, vrus ou vermes transmissores de doenas. Aps 1 ano de repouso, a competio entre os micro-organismos e a estabilizao da matria orgnica geraro um material que no contamina o meio ambiente, no traz riscos para a sade e ainda serve como adubo.

    Para que a Compostagem acontea adequadamente, preciso manter:

    Boa mistura de materiais, alternando camadas secas e midas e cobrindo a pilha sempre com matria seca.

    50 a 60% de umidade que obtemos com um pouco de urina que pode estarpresentenasbombonasoumolhandoapilhadecompostagem;

    Oxignio (pilha arejada), que obtemos com a montagem da pilha de compostagem em camadas, pois o ar fica preso nas camadas de matria seca, que volumosa. Esse oxignio essencial para o aumento de temperatura da pilha.

    M t o d o d e t r a t a m e n t o d e r e s d u o s p a r a q u e m u t i l i z a a M I S T U R A 1 n o B A N H E I R O S E C O

    COMPOSTAGEM

  • 28

    Como montar a pilha de compostagem?

    Escolher o local adequado e colocar uma primeira camada de material seco em uma rea de 1,5m x1,5m, para absorver o excesso de lquidos.

    Cada vez que o contedo de uma bombona ou resduo orgnico verde (restos de cozi-nha) for colocado na pilha, devemos abrir um buraco ( com p, enxada ou garfo) no centro da pilha, descarregar e cobrir este material com uma camada seca.

    Quando abrimos a pilha para colocar material novo, devemos verificar se ela est aquecendo. Se no estiver, fazer a correo (ver p.34). A altura da pilha vai aumentando aos poucos, e o limite de altura no deve ultrapassar 1,30m, para facilitar o manejo.

    O material gerado pela pilha de composta-gem aps 1 ano de repouso o composto orgnico. Fica parecido com terra escura, rico em nutrientes, livre de micro-organis-mos nocivos, excelente para adubao de roas, pomares, rvores e outras plantas

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  • 29

    A pilha de composto fica assimA palhada ajuda a evitar a perda de calor e umidade da pilha de Compostagem.

    A atividade decompositora dos micro--organismos produz calor de at 50C, des-truindo seres nocivos e seus esporos e ovos.

    Macro-organismos como as minhocas esto presentes na pilha, ajudando a decompor os materiais orgnicos e arej-la.

    MATERIAIS MIDOS Restos de alimentos Folhas verdes de podas

    Estercos e material do Banheiro Seco

    MATERIAIS SECOS P de serra

    Folhas e outros materiais orgnicos Palhadas, cascas de culturas (feijo,

    milho, capim)

  • 30

    Quanto tempo dura a compostagem?

    Quando estendemos o tempo de repouso da pilha de compostagem para 1 ano, garantimos a completa limpeza deste composto. Isto ocorre naturalmente, pela competio entre os micro e macro-organismos e a estabilizao da matria orgnica.

    IMPORTANTE: o tempo de repouso contado a partir do momento em que a pilha deixa de receber matria orgnica (6 meses depois do incio).

    Nova Pilha sendo iniciada. Adicionamos todos os resduos orgnicos, inclu-sive do Banheiro Seco, durante 6 meses.

    Pilha com 6 meses, em processo de compostagem. A partir da, esta Pilha entra em repouso de 1 ano, e iniciamos uma nova.

    Pilha com 1 ano. A diminuio do volume resultado da compostagem, mas o composto dever ficar parado por mais 6 meses, totalizando 1 ano de repouso

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    Cuidando da composteira

    Em perodos muitos chuvo-sos, recomenda-se usar uma cobertura extra de palha sobre a pilha para evitar o encharcamento e paralisao do processo.

    Pode ser necessrio molhar a pilha periodicamente para que no resseque.

    Caso haja animais ao redor, este espao deve ser cercado para evitar o contato.

    importante revirar a pilha para arej-la.

    Sempre lavar as mos aps manipular a pilha de composto.

    O local para iniciar uma pilha de compostagem no deve ser baixo ou sofrer alagamento. Deve estar afastado pelo menos 30 metros de crregos, barreiros ou outras fontes de gua. E prximo do banheiro, se possvel, para facilitar o transporte da bombona.

  • 32

    Como manter adequadamente a pilha de compostagem?

    Problema Causa provvel Soluo

    Cheiro de amnia

    Pragas e animais

    Baixa temperatura (no chega a aquecer)

    Cheiro a podre e/ou presena

    de larvas

    Muita matria secaAdicionar material verde, adicionar gua e revirar a

    pilha

    Materiais muito grandes

    Cortar os materiais em pedaos pequenos e revirar

    a pilha

    Umidade excessiva e/ou compactao

    Adicionar materiais secos (folhas, palhada ou p de

    serra) e revirar a pilha

    Adicionar matria seca e revirar a pilha

    Aumentar o tamanho adicionando mais verdes e

    matria seca

    Adicionar gua

    Revirar a pilha

    Adicionar verdes (restos de comida)

    Muito material verde

    Pilha muito pequena

    Umidade insuficiente

    Arejamento insuficiente

    Falta de material verde

    Restos de carnes, peixes, laticnios ou gorduras

    descobertos

    Retirar os restos ou cobri-los bem com terra, folhas e

    material seco.

    Processo lento

  • 33

    Em regies muito secas pode ser complicado conseguir os mate-riais ricos em carbono e o teor de umidade necessrios para que a pilha funcione bem. Nestes casos, optamos por outra maneira de tratamento dos dejetos coletados: a desidratao associada com a alcalinizao. Estes processos comeam dentro da bombona, quando usamos em nossa mistura de descarga o cal, cinzas ou terra seca.

    M t o d o p a r a q u e m u s a a M I S T U R A 2 n o B A N H E I R O S E C O

    DESIDRATAO & ALCALINIZAO

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    Como local de armazenamento cavamos um buraco de 1 metro de profundidade e com uma rea de 70cm x 70cm, ou com um dimetro de 80cm. O buraco raso justamente para evitar a contaminao de lenis freticos.

    A terra retirada do buraco deve ser reser-vada ao lado. Quando descarregamos nele uma bombona, devemos tapar bem o material com esta terra.

    Devemos abrir um novo buraco para cada vez que vamos descarregar uma bombona.

    Uma vez fechado o buraco, pode-se plantar uma arvore frutfera ou qualquer outra planta arbrea, pois este local vai estar bem adubado.

    Como fazer a desidratao?

    ATENO!O local para cavar o buraco em que sero depositados os resduos no deve ser baixo ou sofrer alagamento. Deve estar a pelo menos 30 metros de crregos, barreiros ou outras fontes de gua. Quanto mais prximo do banheiro, facilitando o transporte da bombona, melhor.

  • 35

    A possibilidade de retornar nossas fezes ao solo sem contaminar a gua um dos prin-cipais fatores que tornam o Banheiro Seco sustentvel. Mas os dejetos nunca devem ficar sem tratamento ao ar livre nem desco-bertos sobre o solo, seno podem contaminar pessoas ou animais. Para reduzir o risco de transmisso de doenas recomenda-se utilizar o material tratado para adubao de rvores frutferas ou das plantas para rao dos ani-mais, mas no para legumes e verduras que sero consumidos crus.

    LEMBRE-SE!O Banheiro Seco s funciona apropriadamente e sem riscos para a nossa sade se for utilizado e cuidado corretamente. fundamental evitar ao mximo que caiam lquidos dentro da bombona, usar sempre a descarga de materiais secos e fazer a compostagem dos resduos adequadamente. CONSULTE SEMPRE AS INFORMAES TC-NICAS DISPONVEIS NESTA CARTILHA.

    Fechando o ciclo natural

  • 36

    Referncias bibliogrficas SITIOS DE INTERNETCEPAGRO - www.cepagro.org.br

    Blog do Banheiro Seco - banheirosecoecologico.blogspot.com.br

    Banco de Tecnologias Sociais da Fundao Banco do Brasil - www.fbb.org.br

    ALMEIDA, Vernica. Banheiro Ecolgico dispensa gua. Jornal do Commercio, disponvel em http://cepagroagroecologia.files.wordpress.com/2013/04/pg-12.pdf, acesso em 30 jul. 2013

    ABREU,MarcosJos;TOMMASI,Luciano.Banheiro Seco: economia de gua e transformao de dejetos em vida. Florianpolis: Cepagro, IAF, 2009.

    CASTILLO, Lourdes Castillo, 2002. Sanitario Ecolgico Seco- Manual de diseo, construccin, uso y mantenimiento, www.zoomZAP.com/SES.php Guadalajara, Jal., Mxico

    ESREY, S., et al., 1998. Saneamiento Ecolgico, Asdi, Estocolmo

    JENKINS, Joseph, 1999. The humanure handbook, Jenkins, EUA

    JNSSON, Hkan, et al., 2004. Orientaes de Uso de Urina e Fezes na Produo Agrcola, Relatorio 2004-2, Serie de Publicaes de EcoSan-Res. Estocolmo, Suecia

    LEMOS, Sofia Silva. Estudo de Banheiro Seco e desenvolvimento de materiais de capacitao para sua implantao e aproveitamento dos subprodutos gerados. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao). Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnolgico, Curso de Engenharia Ambiental. Florianpolis, 2010.

    Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico. IBGE, 2008.

    SCHNNING, C. e STENSTRM, T.A. 2004. Lineamientos para el Uso Seguro de la Orina y de las Heces en Sistemas de Saneamiento Ecol-gico. Reporte 2004-1, Series de Publicaciones de EcoSanRes. Estocolmo, Suecia

    WHO (1992), A Guide to the Development of on-site Sanitation. World Health Organization, Geneva, Switzerland.

  • 3

  • 4A Tecnologia Social do Banheiro Seco, aliada da preservao do solo e das guas, foi levada de Santa Catarina, onde este mtodo de saneamento foi implementado junto a produtores agroecolgicos da Rede Ecovida, ao semirido nordestino, onde tornou-se uma importante ferramenta no Gerenciamento de Recursos Hdricos. Sua disseminao s foi possvel graas cooperao entre organizaes, em que o Cepagro exerceu um papel fundamental na sistematizao de experincias, produo de material didtico e compartilhamento da metodologia.

    Saber na PrticaV I V N C I A S E M A G R O E C O L O G I A

    C O L E O

    ISBN 978-85-67297-01-9

    CARTILHA 01capa Banheiro SecoCARTILHA 01 Banheiro SecoCARTILHA 01capa Banheiro Seco2