Barreira hematoencefálica

5
Barreira hematoencefálica A barreira é formada por células endoteliais estreitamente unidas com o apoio de uma membrana basal, pés de astrócitos e pericitos. A Barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura de permeabilidade altamente seletiva que protege o Sistema Nervoso Central (SNC) de substâncias potencialmenteneurotóxicas presentes no sangue e sendo essencial para função metabólica normal docérebro . É composta de células endoteliais estreitamente unidas, astrócitos , pericitos e diversas proteínas. Cerca de 98% dos medicamentos em potencial não ultrapassam essa barreira, sendo esse um dos principais desafios na terapêutica de sistema nervoso central.[1] Substâncias importantes para o cérebro, como glicose , cetoácidos ou alguns hormônios úteis devem ser transportados por proteínas específicas nas células da barreira.[2] Índice História Informações Fisiologia Propriedades gerais Doenças relacionadas à barreira hematoencefálica o Meningite o Esclerose múltipla o Doença de Alzheimer o Outras condições Referências HistóriaEditar

description

farmaceutica

Transcript of Barreira hematoencefálica

Page 1: Barreira hematoencefálica

Barreira hematoencefálica

A barreira é formada por células endoteliais estreitamente unidas com o apoio de uma membrana basal, pés de astrócitos e pericitos.

A Barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura de permeabilidade altamente seletiva que protege o Sistema Nervoso Central (SNC) de substâncias potencialmenteneurotóxicas presentes no sangue e sendo essencial para função metabólica normal docérebro. É composta de células endoteliais estreitamente unidas, astrócitos, pericitos e diversas proteínas. Cerca de 98% dos medicamentos em potencial não ultrapassam essa barreira, sendo esse um dos principais desafios na terapêutica de sistema nervoso central.[1]

Substâncias importantes para o cérebro, como glicose, cetoácidos ou alguns hormôniosúteis devem ser transportados por proteínas específicas nas células da barreira.[2]

Índice História Informações Fisiologia Propriedades gerais Doenças relacionadas à barreira hematoencefálica o Meningite o Esclerose múltipla o Doença de Alzheimer o Outras condições

Referências

HistóriaEditar

Page 2: Barreira hematoencefálica

Lina Stern

Há mais de 100 anos, foi descoberto que se uma tinta azul fosse injetada na corrente sanguínea de um animal, todos os tecidos do corpo, exceto o SNC, se tornavam azuis. Para explicar este fenômeno, pesquisadores imaginaram que existia uma barreira que foi chamada de Hemato-Encefálica, que evita a entrada de algumas substâncias no cérebro. Recentemente cientistas descobriram muitas informações adicionais sobre a estrutura e função da BHE. A russa Lina Stern foi pioneira na pesquisas sobre a barreira hematoencefálica. Seus conhecimentos foram utilizados na Segunda Guerra Mundial, salvando milhares de vidas nas batalhas.

InformaçõesEditar

A BHE é semi-permeável, ou seja, ela permite que algumas substâncias atravessem e outras não. Os capilares (vasos sanguíneos muito finos), ficam alinhados às células endoteliais. O tecido endotelial tem pequenos espaços entre cada célula para que substâncias possam se mover de uma lado para o outro, entrando e saindo dos capilares. Porém, no cérebro, as células endoteliais são posicionadas de uma maneira que apenas as menores substâncias possam entrar no Sistema Nervoso Central. Moléculas maiores como a glicose só podem entrar através de mecanismos especiais, específicos para cada molécula.A glândula pineal é uma das poucas áreas do cérebro não protegidas pela barreira, secretando melatonina diretamente nacorrente sanguínea sistêmica.[3]

FisiologiaEditar

Proteger o cérebro de "substâncias estranhas" que possam estar presentes no sangue e danificar o cérebro.

Proteger o cérebro contra bactérias, fungos, parasitas animais, vírus r reações auto-imunes.

Page 3: Barreira hematoencefálica

Manter um ambiente químico protegido e constante para o bom funcionamento do cérebro.

Propriedades geraisEditar

Moléculas grandes não passam pela BHE facilmente.

Moléculas que têm uma carga elétrica muito grande associada a elas têm a sua passagem dificultada.

A BHE permite passagem de corpos cetónicos, ácido láctico, pirúvico, propiônico e butírico.

Doenças relacionadas à barreira hematoencefálicaEditar

MeningiteEditarMeningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (estas membranas são conhecidas como meninges). Meningite é causada principalmente por infecções com vários agentes patogênicos, como por exemplo a Streptococcus pneumoniae e a Haemophilus influenzae. Quando as meninges estão inflamadas, a barreira hematoencifálica pode ser rompida. Este rompimento pode aumentar a penetração de várias substâncias (incluindo toxinas e antibióticos) dentro do cérebro. Antibióticos usados para tratar meningite podem agravar a resposta inflamatória do sistema nervoso central liberando neurotoxinas das paredes celulares de bactérias - como lipopolissacarídeo (LPS).[4]

Esclerose múltiplaEditarEsclerose múltipla (EM) é considerada uma doença auto-imune e neurodegenerativa na qual o sistema imunológico ataca amielina que protege e isola eletricamente os neurônios do sistema nervoso central e periférico. Normalmente, o sistema nervoso de uma pessoa seria inacessível aos glóbulos brancos devido à barreira hematoencefálica. No entanto, imagens de ressonância magnética mostraram que quando uma pessoa está passando por um "ataque" de esclerose múltipla, a barreira hematoencefálica é quebrada em uma seção do cérebro ou da medula espinhal, permitindo que os glóbulos brancos chamados linfócitos T atravessem e ataquem a mielina. É por vezes sugerido que, em vez de ser uma doença do sistema imunológico, a EM é uma doença da barreira hematoencefálica. [5] Um estudo recente sugere que o enfraquecimento da barreira hematoencefálica é o resultado de uma perturbação nas células endoteliais no interior do vaso sanguíneo, devido à falha na produção da proteína P-glicoproteína. Existem investigações ativas atualmente para tratamentos relacionados à barreira hematoencefálica. Acredita-se que o estresse oxidativo desempenha um papel importante na ruptura da barreira. Anti-

Page 4: Barreira hematoencefálica

oxidantes tais como o ácido lipóico podem ser capazes de estabilizar um enfraquecimento da barreira hematoencefálica.[6]

Doença de AlzheimerEditarAlgumas evidências indicam [7] que a ruptura da barreira hematoencefálica em pacientes com doença de Alzheimer permite que plasma sanguíneo contendo beta-amilóide (Aß) entre no cérebro, onde o Aß adere preferencialmente à superfície de astrócitos.Outras condiçõesEditar

Hipertensão : Uma grande pressão arterial pode quebrar a BHE Desenvolvimento: a BHE não está totalmente formada em recém-

nascidos

Hiperosmolaridade: Se uma substância estiver presente em grandes concentrações no sangue, ela pode conseguir entrar "à força" pela BHE

Microondas: Exposição à microondas pode quebrar a BHE

Radiação: Exposição à radiação pode quebrar a BHE

Infecção : Agentes infecciosos podem abrir a BHE Trauma, isquemia, inflamação e principalmente lesões cerebrais

como as causadas pela esclerose múltipla.

ReferênciasEditar

1. ↑  Ballabh, P; Braun, A; Nedergaard, M (June 2004). "The blood–brain barrier: an overview: structure, regulation, and clinical implications". Neurobiology of disease 16 (1): 1–13. doi:10.1016/j.nbd.2003.12.016. PMID 15207256.

2. ↑  http://neuroscience.uth.tmc.edu/s4/chapter11.html3. ↑  Pritchard, Thomas C.; Alloway, Kevin Douglas (1999). Medical

Neuroscience (Google books preview). Hayes Barton Press. pp. 76–77. ISBN 1-889325-29-5. Retrieved 2009-02-08.

4. ↑  BEAM, TR Jr.; Allen, JC. (December 1977). "Blood, Brain, and Cerebrospinal Fluid Concentrations of Several Antibiotics in Rabbits with Intact and Inflamed Meninges". Antimicrobial agents and chemotherapy 12 (6): 710–6. PMID 931369.

5. ↑  Waubant E. (2006). "Biomarkers indicative of blood–brain barrier disruption in multiple sclerosis". Disease Markers 22(4): 235–44. PMID 17124345.

6. ↑  Schreibelt G, Musters RJ, Reijerkerk A, et al.. (August 2006). "Lipoic acid affects cellular migration into the central nervous system and stabilizes blood–brain barrier integrity". J. Immunol. 177 (4): 2630–7. PMID 16888025.

7. ↑  Microvascular injury and blood–brain barrier leakage in Alzheimer's disease, Zipser et al. 2006